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Legislação Trabalhista e Previdenciária
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Legislação Trabalhista e Previdenciária
Objetivos
• Apresentar alguns institutos do Direito do Trabalho e do Direito Previdenciário;
• Expor as principais controvérsias envolvendo mudanças na legislação trabalhista e na
prestação de informações sobre a SST ao poder público (eSocial).
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Legislação Trabalhista e Previdenciária
Contextualização
A lei máxima do país determina expressamente que homens e mulheres são iguais
perante a lei, em direitos e obrigações (art. 5º, I da CRFB). Contudo, há especificida-
des no trabalho da mulher que conferem afastamentos remunerados, pausas e outros
direitos. Em outro tema, há uma legislação rígida que proíbe e pune quem emprega
adolescentes antes da idade mínima. Contudo, há campanhas estimulando empresas
a contratarem aprendizes, que também são adolescentes. E o que pensar das crianças
artistas, tão comuns em programas televisivos e em produções do cinema e teatro?!
É sabido que a lei jurídica não funciona como a lei natural: o mero fato de haver uma
legislação sobre o assunto não transforma a realidade. No Brasil se costuma até dizer
que há leis que pegam e as que não pegam. Mas as aparentes contradições apontadas
acima seriam ilegalidades, leis inconstitucionais, ou, na verdade, você deve articular sis-
tematicamente a aplicação desses conceitos para entender o sentido da aplicação da lei?
O estudo desta unidade vai te ajudar a entender porque a última opção é a verdadeira.
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Tópicos do Direito do Trabalho
A proibição do trabalho infantil
A exploração do trabalho infantil foi proibida porque se constatou que o trabalho
precoce põe em risco a educação e compromete todo o desenvolvimento físico e psi-
cológico de uma criança. Isso ocorre devido à competição que se estabelece entre as
atividades de trabalho e as atividades escolares, de esporte e lazer, essenciais para uma
saudável formação do indivíduo (USA-NIOSH, 1997; GALLI,2001; FISCHER et al.,
2003; KASSOUF, 2007; FISHER et al. 2008; TEIXEIRA et al. 2010).
A Convenção nº 138 (OIT, 1973), sobre a idade mínima para admissão ao empre-
go, consolidou todas as disposições contidas nas convenções anteriores, que estabe-
leciam idades mínimas para determinados setores econômicos, e passou a adotar um
instrumento geral sobre a matéria, com a finalidade de abolir totalmente o trabalho
infantil. Para tanto, a norma internacional “flexibiliza” na fixação de várias idades
mínimas, dependendo do estágio de desenvolvimento do país. Estabelece que a idade
mínima não deve ser inferior à idade de conclusão da escolaridade compulsória ou,
em qualquer hipótese, não inferior a quinze anos (art. 2º, item 3). O Brasil confirmou
a idade mínima de 16 anos quando promulgou esta convenção internacional em 2002
(Decreto 4134/2002).
Outra norma internacional, que trata do trabalho infantil nas piores formas e que
também foi ratificada pelo Brasil, é a Convenção 182 da OIT. Ela estabelece que as
piores formas de trabalho infantil compreendem as atividades desempenhadas por
crianças até 18 anos de idade, com as seguintes características:
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Legislação Trabalhista e Previdenciária
Toda pessoa com menos de 18 anos está incluída no termo “criança” para efeitos
da Convenção 182. É necessária uma leitura cuidadosa das normas, pois o termo “tra-
balho infantil” deverá ser entendido, na maior parte das vezes, como trabalho infanto-
juvenil, ou seja, inclui além das crianças (0 a 12 incompletos), os adolescentes de 12 a
18 anos. Para diferenciar o trabalho infantil proibido daquele permitido, realizado por
adolescentes entre 16 e 18 anos, ou a partir dos 14 como aprendiz, tem sido usada
no Brasil a expressão “trabalho adolescente”.
Para a sua validade é necessário que haja a anotação na Carteira de Trabalho e Previ-
dência Social, a matrícula e frequência do aprendiz na escola (quando não tenha conclu-
ído o ensino obrigatório que, no Brasil, estende-se até o fim do Ensino Médio), além da
inscrição em programa de aprendizagem sob a orientação de entidade qualificada, que
tem o dever de garantir a formação técnico-profissional adequada (art. 428, §1º, CLT).
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A Lei da Aprendizagem alterou a CLT para estabelecer cotas mínimas de contrata-
ção de aprendizes, que variam de 5% (mínimo obrigatório) a 15% (máximo permitido)
dos trabalhadores do estabelecimento com função que demande formação profissio-
nal, desde que a empresa possua mais de sete empregados (art. 429, CLT). Importante
ressaltar que a legislação dispensou da obrigação de contratação de jovens aprendizes
as micro e pequenas empresas, assim como as instituições sem fins lucrativos que
tenham por objetivo a educação profissional (art. 14- Decreto nº 5.598/2005); tal
dispensa, no entanto, não se configura como uma proibição, possibilitando a essas
empresas contratar jovens aprendizes, desde que tal contratação não intente nenhuma
fraude às leis trabalhistas no sentido de diminuição de custos de produção.
O estagiário, algumas vezes confundido com o aprendiz, segue outra lei (11.788/09),
não possui vínculo de emprego, não há limite máximo de idade, mas deve ter pelo
menos 16 anos. O contrato de estágio tem duração máxima de 2 anos e deve ser assi-
nado por educando, instituição de ensino e empresa. Se o estágio não for obrigatório,
há necessidade de a empresa fornecer bolsa ou outra forma de contraprestação, além
de auxílio transporte; diferente do caso do estágio obrigatório, quando não é devida
qualquer contraprestação por parte de quem contrata o estagiário, exceto um seguro
de vida que pode ser ajustado para ser pago pela instituição de ensino (art. 9º da Lei
11.788/09). Isso ocorre em razão dos relevantes objetivos sociais e educacionais do
estágio, que são o aperfeiçoamento e a complementação da formação acadêmica e
profissional do estudante com uma experiência prática.
Têm sido frequentes, na Justiça do Trabalho, processos envolvendo empresas que utilizam
a força de trabalho de verdadeiros empregados, como se estagiários fossem, de forma
fraudulenta. Nesses casos, a relação de emprego é reconhecida, o juiz determina que seja
feito o registro do empregado, assim como o pagamento das diferenças salariais e rescisó-
rias, se for o caso.
Outra exceção para a proibição do trabalho antes dos 16 anos é o trabalho despor-
tivo ou esportivo, regulado pela Lei 9.615/1998 conhecida por Lei Pelé. Ela permite
que o adolescente seja submetido a um programa de formação desportiva a partir dos
14 anos de idade, quando são chamados de “atletas aprendizes” e proíbe o contrato de
trabalho profissional antes dos 16 anos. Apesar de estar classificado como modalidade
de aprendizagem, o contrato de formação desportiva apresenta muitas diferenças em
relação à figura da aprendizagem profissional, como a ausência de vínculo de emprego
e término até os 20 anos de idade (que no caso do aprendiz não atleta é de 24 anos).
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o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evi-
tem sejam exigidos do empregado serviços superiores às suas forças.”
Tais disposições estão de acordo com a Convenção nº 127 da OIT, que estabeleceu
no art. VII:
1. A designação de mulheres e de trabalhadores jovens para o trans-
porte manual de cargas outras que as leves, deverá ser limitada.
A estabilidade da gestante é assegurada pelo art. 10, II, “b”, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT) e art. 391-A da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT):
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere
o art. 7º, I, da Constituição:
[…]
Porém, a proteção dada à mãe nem sempre é suficiente para amparar a criança
recém-nascida, pois há casos em que a genitora, em decorrência ou não do parto ou da
gestação, vem a falecer quando o bebê ainda é muito pequeno, ou até mesmo durante
o período de estabilidade da gestante. Por isso a LC nº 146/2014 estendeu o direito da
estabilidade da gestante àquele que ficar com a guarda do recém-nascido, que pode ser
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o pai, avó ou outro parente que detiver a guarda: “Art. 1º. O direito prescrito na alínea
“b” do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, nos casos
em que ocorrer o falecimento da genitora, será assegurado a quem detiver a guarda do
seu filho”.
Veja a notícia no site do TST e conheça mais detalhes sobre este caso de aplicação do direito
conferido à mulher adotante: https://goo.gl/hA5Rra
[...]
Este período mínimo de quatro meses pode ser estendido para seis meses, a de-
pender de o empregador ter aderido à Lei 11.770/2008 (Programa Empresa Cidadã).
A maior parte das servidoras públicas já possuem 180 dias de licença maternidade, su-
jeitas ao que determinam os estatutos e leis de cada município e estado. Em tais casos,
a licença paternidade de cinco dias costuma também ser estendida em mais quinze dias.
Para o caso de filhos adotivos, é reconhecido o direito de afastamento por 120 dias a
partir do momento da guarda da criança, independentemente de sua idade. No caso da
ampliação da licença para seis meses, os mesmos direitos serão devidos aos filhos adotivos.
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Quanto ao salário maternidade, trata-se de benefício previdenciário concedido a toda
mulher segurada do Regime Geral da Previdência Social, em razão do nascimento do
filho ou adoção. Como a ideia é não onerar o empregador durante o período de afasta-
mento da funcionária, este benefício é pago durante os 120 dias da licença maternidade
(na verdade, atualmente, é o empregador quem faz o pagamento direto à gestante e
depois desconta dos valores a recolher mensalmente ao INSS). Mulheres que trabalham
como autônomas ou como donas de casa, e que contribuem com a Previdência, também
podem se utilizar do benefício do salário-maternidade, desde que tenham cumprido o
prazo mínimo de 10 meses de contribuição.
Sobre o intervalo de 15 minutos antes das horas extras: A Reforma Trabalhista revogou
o art. 384 da CLT, que na prática já não costumava ser cumprido. Por esse motivo, a partir
da entrada em vigor da Lei 13.467/17, as mulheres não têm mais direito a esta pausa de
15 minutos antes de iniciar horas extras.
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Legislação Trabalhista e Previdenciária
Nos termos da Lei nº 8.213/91 (art. 20, incisos I e II), as doenças ocupacionais são
as que estão diretamente relacionadas à atividade desempenhada pelo trabalhador ou às
condições de trabalho às quais ele está submetido. Elas se dividem em doenças profissio-
nais e doenças do trabalho. As primeiras são aquelas peculiares à determinada atividade
ou profissão, também conhecidas como doenças profissionais típicas ou tecnopatias
(por exemplo, a silicose no empregado de mineradora). Nessa hipótese, o nexo causal
entre doença e a atividade é presumido, bastando a comprovação do adoecimento e da
prestação de serviço na atividade. Quanto às doenças do trabalho (doenças profissionais
atípicas ou mesopatias), elas também têm origem na atividade do trabalhador. Entretan-
to, não estão necessariamente vinculadas a uma profissão em especial, mas decorrem
da forma como o trabalho é prestado ou das condições específicas do ambiente de
trabalho. A bronquite asmática desenvolvida em local com poeira ou mofo, assim como
o grupo atual das LER/DORT são exemplos de doenças do trabalho, já que podem ser
desencadeadas em qualquer atividade, sem vinculação direta a determinada profissão.
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de moléstias como relacionadas ao trabalho, pois “praticamente instituiu o nexo causal
presumido” (OLIVEIRA, 2014, p.69). Trata-se da tabela construída com informações
estatísticas da Previdência Social, a partir do cruzamento das informações acerca dos
principais códigos de doenças (Código Internacional de Doenças-CID) que se manifes-
tam em determinados setores da atividade econômica (CNAE - Classificação Nacional
da Atividade Econômica). Em outras palavras, o NTEP é a matriz construída a partir da
identificação das fortes associações entre agravo e atividade laboral, com pares de códi-
gos da CNAE e da CID-10, com o objetivo de fazer uma associação entre atividades pro-
fissionais realizadas no Brasil e as doenças ou acidentes mais comuns a cada uma delas.
A lei prevê, por sua vez, que a perícia pode refutar o nexo, mesmo se a relação
doença e agravo estiver em uma dessas tabelas, desde que justificado (§6º do art. 336
do Regulamento), bem como a empresa poderá requerer ao INSS a não aplicação do
NTEP ao caso concreto mediante demonstração de inexistência de nexo entre trabalho
e agravo (§7º do art. 336 do Regulamento).
2 O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é a autarquia federal responsável pela arrecadação das contribuições e
pagamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social brasileiro.
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Entre as muitas situações que exemplificam esta figura, Sebastião Geraldo de Oliveira
cita o trabalhador diabético que teve o pé amputado, após complicações iniciadas com le-
são causada pela não utilização de calçado adequado para as atividades laborais, bem como
o erro cirúrgico no atendimento hospitalar após doença ou lesão adquirida no trabalho.
A ausência de pausas adequadas para recuperação da fadiga muscular, como o desrespeito
ao tempo de fruição da pausa mínima legal para descanso e alimentação, também é citada
na doutrina trabalhista como exemplo de concausa em acidente que venha a ocorrer (SILVA,
2014; DALLEGRAVE NETO, 2010).
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4. Acidentes por equiparação legal
Acidentes por equiparação legal estão nos incisos II, III e IV do artigo 21 da Lei
8.213/913, e têm no trabalho uma causalidade apenas indireta. Eles podem ocorrer
dentro ou fora do local e horário de trabalho, e o de maior relevância estatística, devido
à grande incidência, é o acidente de trajeto ou acidente in itinere. O acidente de trajeto
é aquele sofrido no percurso da residência para o local de trabalho ou vice-versa, qual-
quer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. São
aceitáveis pequenos desvios e toleradas algumas variações quanto ao tempo de desloca-
mento, desde que compatíveis com o percurso do referido trajeto, mas a “Previdência
Social não considera acidente do trabalho quando o segurado, por interesse pessoal,
interrompe ou altera o percurso habitual” (OLIVEIRA, 2014).
Benefícios previdenciários
A Previdência Social é uma instituição pública de seguro social. Sua função é garantir
renda para os trabalhadores associados a ela que perdem a capacidade para traba-
lhar por motivos como doença, invalidez, velhice, morte e desemprego involuntário.
3 Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor
capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade
do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção,
inclusive veículo de propriedade do segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas,
no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
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Legislação Trabalhista e Previdenciária
Aposentadoria especial
Esta modalidade de aposentadoria é concedida a segurados que trabalharam em con-
dições insalubres ou perigosas, em outras palavras, que ameaçavam sua saúde ou inte-
gridade física. O tempo mínimo de contribuição, nestes casos, pode cair para 15, 20 e
25 anos, dependendo da atividade desenvolvida.
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Pensão por morte acidentária
A pensão por morte (espécie 93) é devida ao(s) dependente(s) do segurado que falece
em consequência de acidente do trabalho.
Auxílio-doença acidentário
O benefício auxílio-doença (espécie 91) é devido ao segurado que fica incapacitado
por motivo de doença decorrente de acidente do trabalho. Fique atento para o fato
de existir outro tipo de auxílio-doença, o comum (identificado pela Previdência com o
código B31), concedido ao segurado que ficou incapacitado por motivos alheios à sua
atividade laborativa, por exemplo, uma pneumonia ou uma fratura adquirida na pelada
disputada com os amigos no final de semana. Já o auxílio-doença acidentário é o be-
nefício concedido ao segurado que ficou mais de 15 (quinze) dias incapacitado para o
trabalho em decorrência de acidente de trabalho ou de doença ocupacional.
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Há muita polêmica sobre esse tópico, a começar pelo parágrafo único que desclas-
sifica duração da jornada como tema de SST, principalmente quando se sabe estar
pacificado o entendimento de que a taxa de acidentes tem relação direta com jornadas
longas e cansaço no trabalho. Diante da flexibilização da jornada, outra questão que se
coloca é se o EST terá voz na negociação coletiva envolvendo a prorrogação de jornada
em ambientes insalubres.
Outra novidade trazida pela Lei 13467/2017 foi a fixação da parte vencida em de-
manda trabalhista ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, destinados
ao advogado da parte vencedora, mesmo em casos de beneficiários da justiça gratuita.
Art. 791-A Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
4 <https://goo.gl/TWgGkb>.
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Legislação Trabalhista e Previdenciária
Quanto ao trabalho intermitente, ele foi mais uma novidade autorizada pela reforma
trabalhista. Consiste no “contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com
subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de
serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente
do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos
por legislação própria” (parágrafo 3º do artigo 443 da CLT).
Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado
por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho,
que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele
devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a
mesma função em contrato intermitente ou não.
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§ 4o Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que
descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta
dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria
devida, permitida a compensação em igual prazo.
I - remuneração;
V - adicionais legais.
Uma lacuna ainda indefinida neste tópico diz respeito aos programas de SST: devem
entrar os empregados intermitentes no PPRA e PCMSO da empresa? Diante da indefi-
nição legal, por precaução, seria prudente criar procedimentos também para este tipo
de contratado.
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Figura 1
Fonte: portal.esocial.gov.br
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O “Manual de orientação do eSocial”, disponível em https://goo.gl/R136XW fornece in-
formações detalhadas e vale a consulta.
Destacamos as seguintes:
• As informações são estruturadas por meio de eventos. Os eventos de SST, segundo o item
18 do manual, são:
» S-1060 (Tabela de Ambientes de Trabalho);
» S-2210 (Comunicação de Acidente de Trabalho);
» S-2220 (Monitoramento da Saúde do Trabalhador);
» S-2221 (Exame Toxicológico do Motorista Profissional);
» S-2240 (Condições Ambientais do Trabalho – Fatores de Risco);
» S-2245 (Treinamentos, Capacitações, Exercícios Simulados e Outras Anotações).
• Tais eventos estão diretamente relacionados à SST, porém existem dados em outros
eventos que serão utilizados para compor as informações exigidas pelos formulários
substituídos, tais como o PPP e a CAT. Desta forma, o fluxo das informações de SST no
eSocial é estruturado da seguinte maneira:
Figura 2
Fonte: portal.esocial.gov.br
Observe que o lançamento das informações na plataforma digital do eSocial não dis-
pensa o empregador de fazer e manter arquivados seus relatórios de SST. Documentos
como PPRA, PCMSO e PCMAT continuam sendo obrigatórios, a serem arquivados
pela empresa e com via extra que precisa ser entregue ao trabalhador (ASO) ou a ter-
ceirizadas (PPRA), por exemplo. Contudo, servirão de fonte de dados para alimentar o
sistema, por exemplo: em S-1060 (Tabela de Ambientes de Trabalho) – dados do PPRA
e LTCAT; S-2210 (Comunicação de Acidente de Trabalho) – dados da CAT, que tam-
bém alimentarão evento S-2230 se houver afastamento; S-2220 (Monitoramento da
Saúde do Trabalhador) – exames médicos, ASO e exames complementares do PCMSO
previstos na NR7.
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Legislação Trabalhista e Previdenciária
Vale destacar também que, o LTCAT, documento exigido pela lei previdenciária, e
que apresenta os riscos do ambiente de trabalho para requerimento de aposentadoria es-
pecial (tempo reduzido de contribuição), pode ser substituído pelo PPRA, PCMSO, PGR
(Mineração) ou PCMAT (Indústria da construção). Todavia, atente que, caso pretenda
substituir com um destes programas o laudo LTCAT, além de ser assinado por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, o PPRA, ou outro, precisará conter
as informações quantitativas (medição) acerca dos riscos detectados no meio ambiente
do trabalho.
A implantação da plataforma do eSocial gerou elogios e críticas, que vão muito além
das dificuldades iniciais para ajuste dos sistemas informatizados. O aumento da arreca-
dação aliada à facilitação da fiscalização são efeitos aguardados com esta medida. Entre
as vantagens apontadas5 está a simplificação dos processos com ganho de produtividade
e diminuição de erros em cálculos com a ajuda na elaboração de guias de recolhimentos
do FGTS e demais tributos. Também se destaca a garantia de maior segurança jurídica e
ambiente de negócio para beneficiar principalmente empresas que trabalham em confor-
midade com a legislação. Para o trabalhador, a vantagem estaria na maior garantia em
relação à efetivação de seus direitos trabalhistas e previdenciários e à maior transparência
referente às informações de seus contratos de trabalho, segundo o mesmo descritivo no
site do eSocial.
5 <https://goo.gl/MKQNwe>
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Assim, observe que a parte do eSocial relativa à SST é mais crítica porque possui
controle mais difícil. Por outro lado, a modernização da fiscalização no Brasil aumenta
a relevância do profissional de engenharia de segurança do trabalho para o mercado.
Além dos empregadores serem alertados para ficarem atentos e se cercarem de bons
profissionais para não incidirem em altas multas e autuações pelo INSS, Receita Federal
e Ministério do Trabalho, pela primeira vez o governo solicita dados detalhados sobre
riscos do ambiente do trabalho, qual tipo de EPI/EPC, se há treinamento obrigatório
previsto nas NRs, informações sobre exames médicos periódicos e obrigatórios. Até
o microempreendedor individual já está obrigado a fazer PPRA para identificar riscos.
Além disso, a partir do eSocial, profissionais de diferentes áreas manipularão os docu-
mentos de SST preparados pelos EST, como contadores e equipes do departamento de
Recursos Humanos e do Departamento Pessoal.
No início desta disciplina foi dito que o Direito é um canteiro de obras, em constante
construção e confronto. E que é preciso conhecer o ordenamento jurídico e a estrutura
institucional que orbita a SST para entender e se situar dentro deste processo contínuo de
articulação que é um processo cíclico de conquista e perda de direitos, que tendem hora
para um lado, hora para outro. Tenha em mente que vivemos momentos de transição,
assim, alguma mudança pode ter ocorrido entre eu preparar e você ler este material. Por
isso todas as referências foram passadas no decorrer desta disciplina, para você ter como
checar se há resoluções alterando o status quo. E não se esqueça: legislação nacional
atualizada você encontra no site do Planalto.
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Legislação Trabalhista e Previdenciária
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Programa Trabalho Seguro
Lista de vídeos com entrevistas e explicações detalhadas sobre os tópicos do nosso curso.
https://goo.gl/a7guC6
Saiba os direitos trabalhistas de quem se ausenta do trabalho por motivo de doença
https://youtu.be/fyu67R6-BbQ
Leitura
Especialista comenta reforma trabalhista um ano após validação
Avaliação de 1 ano da reforma trabalhista – com o economista Hélio Zylberstajn, profes-
sor da Faculdade de Economia e Administração da USP.
https://goo.gl/SyfrtK
Terceirização pode gerar quebra de identidade de trabalhadores
Terceirização pode gerar quebra de identidade de trabalhadores – com o advogado Antô-
nio Rodrigues, professor da Faculdade de Direito da USP.
https://goo.gl/ZNk8sN
Reforma Trabalhista ainda causa insegurança
Reforma trabalhista ainda causa insegurança – com o professor Jair Aparecido Cardoso,
da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP.
https://goo.gl/SYtkdX
Fundacentro
A Fundacentro disponibiliza gratuitamente importante acervo sobre SST, inclusive biblio-
teca digital contendo de teses a relatórios técnicos.
A legislação atualizada contendo as Normas de Higiene Ocupacional, Recomendações
Técnicas de Procedimentos e Normas Regulamentadoras você também encontra na aba
“leis & normas”
https://goo.gl/H4MsXz
Saúde e segurança do trabalho na construção civil brasileira
FILGUEIRAS, Vitor Araújo [org]. Saúde e segurança do trabalho na construção civil
brasileira. Aracaju: J Andrade, 2015. A obra, de download gratuito, traz importantes
análises sobre a terceirização e acidentes de trabalho, responsabilidade do dono da obra
em acidentes de trabalho e outros tópicos envolvendo a Saúde e Segurança do Trabalha-
dor na construção civil brasileira.
https://goo.gl/tkqPZU
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Referências
BRANDÃO, Cláudio. Acidente do Trabalho e Responsabilidade Civil do Empre-
gador. São Paulo: LTR, 2006.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. Anuário Estatístico da Previ-
dência Social 2014. [internet] mar 2016 [acesso em 20 mar 2016]. Disponível em:
<http://www.mtps.gov.br/dados-abertos/dados-da-previdencia/previdencia-social-e-
-inss/anuario-estatistico-da-previdencia-social-aeps>.
CAVALCANTE, Sandra Regina. A infância nos bastidores: repercussões, riscos e de-
safios do trabalho infantil artístico. In: Nocchi, Andréa Saint Pastous et al. Criança e
Trabalho: da exploração à educação. São Paulo: LTR, 2015, p.126-139.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11 ed. São Paulo:
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CORRÊA FILHO, Heleno R. Percepção de riscos na ocupação precedendo lesões
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DALLEGRAVE NETO, José Afonso. A indenização do dano acidentário na Justiça do
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