1. O QUE É TEOLOGIA
2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA
4. TEOLOGIA PENTECOSTAL
6. FONTES DA TEOLOGIA
7. O TEÓLOGO
8. DOUTRINA E RELIGIÃO
9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ
1. O QUE É TEOLOGIA
1 PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910.
2 SOARES, Esequias et. al. Teologia Sistemática, Rio de Janeiro: CPAD, 2011. p.51.
3 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
4 RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. p.15.
5 GEISLER, N. Teologia Sistemática: Introdução à teologia. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
p.11.
6 BERKHOF, Louis.
7 RAHNER, apud RAUSCH, T. P. Introdução à Teologia. São Paulo: Paulus, 2004. p.15.
8 MEDRADO, Eudaldo Freitas. Introdução à Teologia. Disponível em http://www.famedrado.kit.net/
QUESTÕES PROPOSTAS
12OLSON, Roger E. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo:
Editora Vida, 2001. p. 668.
2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA
14 BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Editora Vida, 2007.
15 FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
16 Ibidem.
A Teologia positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação, que
tenta determinar e traçar toda a história documental do objeto crido em sua
revelação, sua transmissão e sua proposição. Deseja conhecer o corpo ou a forma
externa do dado revelado, com o estilo metódico e exaustivo que é próprio das
ciências positivas. Faz isso para chegar a uma inteligência mais profunda da
Palavra de Deus.
Trata de responder à seguinte pergunta, qual é exatamente a verdade
revelada por Deus? Procura determinar e estabelecer o que Deus revelou e como
o revelou, se o fez diretamente o indiretamente, de modo explícito o implícito, com
expressões obscuras ou claras. E porque as doutrinas reveladas não se
encontram sempre com a mesma nitidez, costuma ser necessário um trabalho de
interpretação de termos e expressões.
Teologia especulativa: aprofunda nas verdades reveladas, mostra sua
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda
das ciências humanas. Leva a uma compreensão mais funda do dado revelado.
Mas não deve ser confundida com uma simples especulação; não é a aplicação
de uma filosofia técnica à compreensão da doutrina revelada mas a Teologia
especulativa cai sob o controle e ob a luz do mistério de salvação. Não é uma
super-estructura da Teologia positiva, senão o pensamento especulativo se
encontra englobado na Teologia positiva. O dado de fé não é unicamente o ponto
de partida; é o princípio vital que a anima ao longo de todo seu recorrido de
reflexão crente.
A possibilidade da Teologia especulativa se fundamenta numa
epistemologia realista: a doutrina revelada pressupõe que a mente humana se
ordena à verdade e é capaz de conhecer a Deus de maneira limitada e certa. Para
isso, tem grande importância o tema da analogia. Permite-nos falar de Deus de
modo que nosso linguagem tenha sentido. Algo podemos dizer de Deus ainda que
Ele não pode ser explicado univocamente.
A Teologia especulativa possui duas grandes tarefas: compreender e
organizar o dado revelado. 1. Compreende o melhor possível o dado revelado.
Não quer dizer que os mistérios possam ser demonstrados o assimilados como si
fossem dados totalmente evidentes. Mas que é a busca do sentido preciso que se
encerra na fé e a relação dos mistérios entre si. 2. Trabalho sistemático: a
Teologia procura expor com rigor os preâmbulos da fé (mostrar que a fé, ainda
que não seja evidente, não é absurda). Apresentar una síntese dos mistérios da fé
(de modo que se mostre o melhor possível a unidade e a coerência da doutrina
revelada). E relacionar seus dados e conclusões com o mundo da ciência e da
cultura. 17
QUESTÕES PROPOSTAS
[1] A teologia exegética (exegética vem da palavra grega que significa "sacar"ou
"extrair" a verdade) procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras. Um
conhecimento das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras pertence
a este departamento da teologia. [2] A teologia histórica traça a história do
desenvolvimento da interpretação doutrinária, e envolve o estudo da história da
igreja. [3] A teologia dogmática é o estudo das verdades fundamentais da fé como
se nos apresentam nos credos da igreja. [4] A teologia bíblica traça o progresso da
verdade através dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira de cada
escritor apresentar as doutrinas importantes. Por exemplo: segundo este método
18 RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. p.15-
16.
ao estudar a doutrina da expiação estudar-se-ia a maneira como determinado
assunto foi tratado nas diversas seções da Bíblia — no livro de Atos, nas Epístolas,
e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que Cristo, Paulo, Pedro ou João disseram
acerca do assunto. Ou descobrir-se-ia o que cada livro ou seção das Escrituras
ensinou concernente às doutrinas de Deus, de Cristo, da expiação, da salvação e
de outras. [5] A teologia sistemática. Neste ramo de estudo os ensinos bíblicos
concernentes a Deus e ao homem são agrupados em tópicos, de acordo com um
sistema definido; por exemplo, as Escrituras relacionadas à natureza e à obra de
Cristo são classificadas sob o título: "Doutrina de Cristo". 19
19 Ibidem. p.10-11.
20 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.617.
21 Ibidem.
educado na justiça. Contudo, existem certas partes que não são de tão fácil
compreensão, sendo de suma importância que o intérprete-leitor, tenha algumas
qualificações.” 22
Milton S. Terry afirmou que as qualificações de um intérprete competente
podem ser ditas como: Intelectual, educacional e espiritual. Para ele o intelecto
entra justamente na percepção clara do significado do texto. A argumentação
lógica do autor sacro pode ser percebida por alguém que esteja atento
intelectualmente. Um exemplo é a clara divisão que o apóstolo Paulo faz da carta
aos Efésios, colocando nos capítulos 1-3 um bloco eminentemente doutrinário e
de 4-6 outro bloco eminentemente prático. Uma mente analítica, que saiba
discernir o que um texto está ensinando é muito importante para o intérprete.
A imaginação, segundo Terry precisa ser controlada. Algumas pessoas têm
uma mente fértil demais e isto pode prejudicar a boa interpretação do texto. O
intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a Escritura. A
razão deve ser aplicada em cada parte da Escritura. A Bíblia foi escrita em
linguagem humana, apela a nossa razão, convida a investigação e pesquisa,
condena a crença cega. A maior tarefa de um intérprete é ensinar o que aprendeu,
e ensinar outros extraírem o aprendizado da Escritura. Sem isso em mente a
interpretação não terá tanto valor. O apóstolo recomenda a Timóteo: “Ora, é
necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24) 23
Para Terry a qualificação educacional compreende os fatos acerca dos
quais o intérprete deve estar inteirado, fatos que são aprendidos com estudo e
pesquisa. A geografia da Palestina e regiões vizinhas que influenciaram nos
escritos bíblicos. As histórias gerais e bíblicas são também importantes no que
tange a confirmação e complementação da revelação que nos é trazida na
Escritura – complementação histórica. A cronologia, o discernimento de tempos e
épocas é também de especial valor na interpretação. Os sistemas políticos que
envolveram a revelação bíblica esclarecem também a compreensão do que foi
24 Ibidem.
25 Ibidem.
tratam do passado cristão. É o estudo da caminhada e do desenvolvimento da
Igreja através dos séculos, em muitas áreas diferentes: missões e expansão
geográfica; culto, liturgia e sacramentos; espiritualidade e vida cristã prática;
organização, estrutura e forma de governo; pregação, arquitetura e arte sacra;
relacionamento com a sociedade, a cultura e o Estado. Enfim, pode-se afirmar que
a história da Igreja ou do cristianismo inclui tudo o que a Igreja faz no mundo,
sendo essencialmente um estudo e uma narrativa de eventos, personagens e
movimentos. Inclui o que hoje se denomina história institucional e história social.
Todavia, a história da Igreja, além de analisar a prática da Igreja, também aborda
seu pensamento, aquilo que ela ensina. Isto se relaciona mais concretamente com
a teologia histórica. Os tópicos acima podem ser considerados com base em duas
perspectivas. Por exemplo: a prática da Igreja na área de missões (história da
Igreja) e a reflexão que ela faz sobre sua missão (história da teologia), ou a
evolução de suas práticas litúrgicas (história da Igreja) e a reflexão sobre o
significado do culto e da liturgia (teologia histórica). Esse estudo do pensamento e
do ensino da Igreja pode ter várias abordagens. A história do dogma é a análise de
certos temas doutrinários particulares que receberam uma definição oficial e
normativa da Igreja. Alguns historiadores entendem que apenas três áreas de
doutrina se inserem na história do dogma: a doutrina da Trindade (definida nos
Concílios de Nicéia e de Constantinopla), a doutrina da pessoa divino-humana de
Cristo (Concílio de Calcedônia) e a doutrina da graça ou, mais especificamente, a
relação entre a graça divina e a vontade humana no que se refere à salvação. No
outro extremo está a história do pensamento cristão, que identifica um vasto
campo de investigação, incluindo tópicos que estão além dos limites da teologia
clássica, como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os estudiosos
também empregam os termos “história das ideias” e “história intelectual” para se
referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a teologia histórica. A
história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do dogma, nem
tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas as áreas em
sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas existente na vida
da Igreja em cada período da história. 26
26 MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.
p.15-16.
história da teologia documenta as respostas às grandes questões do pensamento
cristão e ao mesmo tempo procura explicar os fatores que contribuíram para a
elaboração dessas respostas. 27 A história da teologia é uma ferramenta
pedagógica tendo em vista que oferece informações sobre o desenvolvimento dos
grandes temas teológicos, os pontos fortes e fracos das diferentes abordagens e
os marcos mais notáveis do pensamento cristão, em termos de autores e
documentos. É também uma ferramenta crítica, pois permite ver as falhas, as
limitações e os condicionamentos de certas formulações doutrinárias, o que
possibilita seu contínuo aperfeiçoamento. 28
27 McGRATH, Alister apud MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São
Paulo: Mundo Cristão, 2007. p.17.
28 Ibidem. p.18.
29 SOARES, Esequias. Credos e Confissões de Fé – Breve guia histórico do cristianismo. Recife:
A Dogmática pode ser definida como um discurso da Igreja acerca da sua fé. É
uma reflexão teológica feita a partir da Igreja sobre questões às quais ela crê e que
precisa fundamentar de forma inteligível e ordenada para que expresse o ponto de
vista da igreja como uma entidade orgânica da sociedade, mas também da
comunidade cristã como um todo diante do mundo, dos incrédulos aos grupos
participantes de outros credos ou religiões. É, em suma, um discurso racional
sobre a fé que a comunidade vivencia na prática litúrgica e nas doutrinas que ela
crê e pratica. No meio fundamentalista, especialmente no norte-americano, é
comum confundir dogmática com teologia sistemática, confusão essa ainda mais
acentuada por obras como as de Stanley Horton que se apresentam como teologia
sistemática, mas que na verdade são tratados dogmáticos no seu sentido formal.
Das diversas diferenças entre ambas talvez a que soi mais importante é o fato de
que a teologia sistemática é feita a partir da reflexão teológica em diálogo com
outros ramos do conhecimento, especialmente a filosofia, buscando reler a fé a
partir das realidades sociais, culturais e econômicas de cada tempo e de que
modo, nesse contexto, pode ser pregada a palavra de Cristo, enquanto a
dogmática estuda as doutrinas da igreja, seu desenvolvimento e sua pregação no
mundo moderno, pormenor esse que até pode proporcionar alguma discussão de
natureza filosófica ou sociológica, mas que aí já não se insere no terreno da
dogmática, embora o dogmático, pelo seu próprio papel na formulação do
pensamento da igreja, termine por trazer o pensamento cristão para o mundo
moderno, como lembra Brunner: a dogmática não é a palavra de Deus. Deus pode
fazer sua Palavra triunfar sem a tologia. Mas numa época quando o pensamento
humano está muitas vezes tão confuso e pervertido pelas idéias e teorias
extraordinárias, entretecidas pela própria mente dos homens, é evidente que é
quase impossível preservar a Palavra divina sem o esforço intelectual apaixonado
para repensar seu sentido e seu conteúdo (BRUNNER Emil. Dogmática, I, p.7). 30
[a] Uma atividade cuja finalidade é esclarecer os temas e as ideias da Bíblia sem
os pressupostos que inevitavelmente dão um certo colorido às interpretações
particulares. Em outras palavras, trata-se da tentativa de determinar o que a Bíblia
realmente ensina, mesmo que os resultados sejam embaraçosos para o estudioso
e sua denominação. Essa atividade, na verdade, embaraça a todas as
denominações, cuja própria existência depende da distorção de certos ensinos da
Bíblia. [b] A tentativa para articular a significação teológica da Bíblia como um
todo. Isso é uma tarefa quase impossível, porque a Bíblia não é um livro
homogêneo, conforme as pessoas gostam de acreditar. Não obstante, a tentativa
resulta em pontos positivos, a despeito de seu inevitável fracasso. [c] A tentativa de
construir um completo sistema teológico, mediante o uso da Bíblia como única
fonte informativa. Isso tem sido tentado por muitos evangélicos fundamentalistas e
conservadores. Também foi tentado por Karl Barth e sua neo-ortodoxia, ou pelos
grupos protestantes que aprovam a rejeição das tradições eclesiásticas, dos pais
da Igreja e dos concilias, como autoridade, conforme fez Lutero. [d] O pressuposto
é que todos os autores da Bíblia concordam em seus pontos de vista
fundamentais, e juntamente com exposições de ideias pretendem descobrir
exatamente quais eram os pontos de vista daqueles autores sagrados. 31
31 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.361-362.
32 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.840.
padrões de expressão discerníveis na própria Bíblia. Além disso, afirma Tenney,
é feito um esforço para apresentar não somente uma declaração ordenada, mas
espera-se também uma descrição unificada da fé da Bíblia. 33
Para Tenney é importante também observar que a teologia bíblica
estrutura-se numa metodologia:
33 Ibidem.
entrada do povo em Canaâ, o estabelecimento e a conduta dos reinos, o exílio, o
retomo à Palestina, a vida de Cristo e o estabelecimento da igreja. Estes eventos
não são ocorrências acidentais na história; são atos do Deus vivo, o qual possui
um interesse redentor em seu povo. Assim, esta história é Die heilsgeschichte,
"história da salvação”, e nela Deus mostra sua natureza redentora e a traz à
existência e sustenta seu povo redimido. Von Hofinann. von Rad, G. E. Wright, O.
Cullmann, J. Danielou, E. Rust e muitos outros teólogos do Antigo e do Novo
Testamentos têm enfatizado a centralidade da história na fé judaica-cristã. Sendo
isto verdade, para ser válida em sua metodologia, a Teologia Bíblica deve mostrar
essa história da salvação, porque a revelação de Deus de si mesmo na história é
um dos pontos fundamentais do pensamento bíblico. [c] Cristo, a chave das
Escrituras. Para os cristãos, como Rust destaca, Cristo é o “Senhor das
Escrituras, assim como é Senhor da história e da vida”. Sem o NT, o AT apresenta
um quadro inacabado da redenção de Deus. É uma promessa sem cumprimento.
Significativamente, a igreja primitiva não repudiou as antigas Escrituras, não
somente porque o Mestre não repudiou, mas também porque o AT proporcionava
a única base para o entendimento e a comprovação da sua existência na história
sagrada de Israel. A chave para essa interpretação necessária era o advento de
Cristo. Três eventos em especial, registrados na história de Lucas-Atos,
intensificam este fato. (1) O caminho de Emaús (Lc 24.13-35). Concernente à
conversa do Mestre, Lucas registra: “Começando por Moisés, discorrendo por
todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras” (Lc 24.27). (2) A defesa de Estêvão (At 7). Obviamente, se Estêvão
tivesse a chance de tenninar seu discurso, teria demonstrado o papel de Cristo na
história. De fato, Cristo era não somente a chave, mas também o clímax redentor.
(3) Filipe e o eunuco etíope (At 8.26-39). Surpreendentemente, o eunuco estava
lendo Isaías 53. Quando admitiu que não compreendia o que estava lendo, “Filipe
explicou; e, começando por esta passagem da Escritura anunciou-lhe a Jesus” (v.
35). Cristo é o cumprimento das promessas feitas ao povo de Israel e este fato
governa o NT. É fácil afirmar que Cristo é a chave das Escrituras; entretanto, ao
se comprovar isso, levanta-se a questão hermenêutica: como Cristo se relaciona
ao AT? Devemos procurar figuras? Existe uma tipologia histórica que reconheça
legitimamente a unicidade da fé dos santos do AT, mantendo ao mesmo tempo a
equação promessa-cumprimen- to? A tarefa da Teologia Bíblica é muito exata
neste ponto. [d] Confessional e Kerigmático. A Bíblia tem uma dimensão de
testemunho. Não se trata apenas do registro de tantos eventos e fatos
relacionados a um antigo povo, mas é também uma profunda declaração de sua
fé num Deus que agiu em prol de sua salvação. Judeus e cristãos “confessam”
Deus como Salvador e pregam, por meio das Escrituras, que ele é o Salvador da
humanidade e, em particular, por meio de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento.
Para a Teologia Bíblica, em termos de metodologia, isso significa que: (1)
algumas declarações bíblicas não devem ser tomadas primariamente como
declarações teológicas, com um apoio lógico e racional por trás delas. Elas de fato
têm significado teológico, mas em primeiro lugar são declarações de fé. Em certos
casos, isso as coloca acima da análise plena e explícita. (2) Até onde é possível,
os elementos confessionais e kerigmáticos devem ser evidentes na
sistematização do pensamento da Bíblia. Alguém pode não ir tão longe quanto G.
E. Wright, dizendo que a “Teologia Bíblica é o ensaio confessional da história,
com suas inferências”. Entretanto, a natureza confessional do material bíblico
deve ser demonstrada para que a Teologia Bíblica seja realmente bíblica. Basear-
se em abstrações filosóficas e teológicas é apresentar uma concepção truncada
da fé, e de fato perder de vista sua natureza vibrante. (3) Ao se praticar a Teologia
Bíblica é importante também “ler nas entrelinhas”. Por exemplo, enquanto a
maioria das cartas de Paulo foi escrita para tratar de problemas locais de um tipo
ou de outro e não possui o caráter altamente racional dos tratados teológicos,
implícita e, às vezes, até explicitamente, expressa uma posição teológica geral de
sua parte. Portanto, o teólogo do NT terá de extrair algumas inferências das
declarações de Paulo e então relacioná-las ao conjunto do material paulino e ao
NT como um todo. Reiterando, a Teologia Bíblica é um estudo definitivo da Bíblia,
auxiliado por todas as outras disciplinas bíblicas, na qual é feita uma tentativa de
demonstrar, por meio de alguns sistemas sugeridos biblicamente, a revelação de
Deus por meio de Cristo, expressando seu propósito de redimir a humanidade
pecadora. 34
34 Ibidem. p.845-847.
35 ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992. p.16.
aplicação à vida pessoal do teólogo e outros”. 36 De acordo com Alln Myatt e Frank
Ferreira, ao menos três aspectos são importantes na verificação do conceito da
teologia sistemática:
[a] A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia
Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da
Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a
comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra como
as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. Então, a partir de dados da
Bíblia uma cosmovisão é construída. Esta cosmovisão abrange todas as áreas da
vida que são tocadas pela própria Bíblia. Neste sentido, Teologia Sistemática é
uma teologia compreensiva. [b] Baseada nas Escrituras: A Teologia Sistemática
tenta ser compreensiva mas não vai além do que está dito na Bíblia. A Teologia
Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita que ele
está fazendo especulação. O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas
próprias especulações a autoridade da Bíblia. [c] A Teologia Sistemática sempre
tem um alvo prático: É preciso tratar com questões abstratas e complicadas, mas o
teólogo deve sempre mostrar a diferença que as suas conclusões fazem na vida
cotidiana. Uma vez alguém perguntou a Francis Schaefer o que ele faria se, de
repente, surgisse evidência conclusiva que a fé cristã é falsa. Ele respondeu que
ele ainda seria teólogo, porque é o melhor jogo que há. Muitas pessoas tratam a
teologia como esta fosse um jogo, mas essa atitude é uma perversão do propósito
de teologia. Teologia não é jogo. Ela existe para que possamos melhor conhecer,
obedecer, e amor a Deus. Aquele que acha que pode ser um teólogo teórico,
fazendo um “teologia pura” se engana. Quem não faz a teologia com as
necessidades do povo nos bancos da igreja em mente não é teólogo de verdade. É
um fato que quase todos os teólogos de maior influência através dos séculos eram
pastores também. 37
36 HAMMETT, John apud MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro:
Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 2002. p.13.
37 MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica
QUESTÕES PROPOSTAS
38ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p.557.
39 ABARCA, Rodrigo. A parte da história da igreja que não foi devidamente contada. Os Valdenses
- O Israel dos Alpes. Revista Águas Vivas. Ano 8, no. 45, maio-junho de 2007.
escreveu: "Entre todas estas seitas... a dos leonistas (leia-se Valdenses).. foi a que
por mais tempo tem existido, porque alguns dizem que tem perdurado desde os
tempos de Silvestre (Papa em 314-335 DC), outros, do tempo dos apóstolos".
Marco Aurelio Rorenco, pároco de São Roque em Turin, em seu reconto e história
dos mesmos, escreveu que os Valdenses são tão antigos que não se pode
precisar o tempo de origem. Além disso, os próprios Valdenses se consideravam
muito antigos e originavam a sua fé dos tempos apostólicos. Na verdade, embora
seja impossível precisar o seu início, é provável que fossem em seu núcleo
essencial um remanescente que se separou da cristandade oficial rejeitando a
união da igreja e o estado, depois da ascensão de Constantino em 311 DC (por ex:
os novacianos). Alguns deles puderam ter emigrado para os remotos e isolados
vales alpinos, onde conservaram intactas por muitos séculos a sua fé e pureza
evangélicas, alheios a todas as controvérsias e lutas posteriores. Embora mais
adiante tivesse estreita comunhão com outros grupos de irmãos perseguidos.
Os Valdenses reconheciam na Escritura a única autoridade final e definitiva para
sua fé e práticas. Criam na justificação pela fé e rejeitavam as obras meritórias
como fonte de salvação. Além da Escritura não sustentavam nenhum credo ou
confissão de fé particular. Apesar disso, conseguiram conservar quase intactas a
sua fé e as suas práticas ao longo de vários séculos; o qual prova de passagem
que o melhor remédio contra a heresia e o engano é a espiritualidade apoiada em
uma profunda fidelidade e apego à Escritura. 40
40 Ibidem.
Scriptura: Somente a Escritura é nossa regra de fé e prática; [b] Sola Fide: a
salvação é pela Fé Somente; [c] Sola Gratia: a salvação se dá
pela Graça Somente; [d] Solus Christus: Cristo Somente é suficiente para nos
salvar; e [e] Soli Deo Gloria: Somente a Deus devemos dar a Glória.
43 Ibidem.
44 Ibidem.
45 Disponível em http://www.portalbrasil.net/religiao_pentecostalismo.htm. Acesso: 23.12.2015.
São legitimamente pentecostais os que, em primeiro lugar: [a] Aceitam a
soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de Deus,
elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer
manifestação espiritual (2Tm 3.16); [b] Mantém a pureza da sã doutrina,
conforme a encontramos na Bíblia Sagrada (At 2.42; 1Tm 4.16); [c]
Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons
espirituais (At 2.39); [d] Cumprem integralmente as demandas da Grande
Comissão que nos deixou o Senhor Jesus (Mc 16.15-20); [e] Têm
compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã
através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na
consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1Ts 5.17-23; 1Tm 4.8). 46
QUESTÕES PROPOSTAS
Como podemos conhecer a Deus sem estudar a revelação que Ele faz de Si
mesmo? Como saber quem Ele é e o que Ele tem feito e faz, quem somos nós em
relação a Ele, o que Ele requer de nós,etc., se não investigarmos o que Ele deixou
revelado para nosso conhecimento? Pois esse é o trabalho da Teologia. Esse
trabalho parte de três pressupostos: O primeiro é o de que Deus existe; o segundo,
de que Ele pode ser conhecido, embora não de modo exaustivo e completo; e o
terceiro, de que Ele tem Se revelado tanto por meio de Suas obras (criação e
providência - Revelação Geral - Sl19.1,2; At 14.17), como, principalmente, nas
Santas Escrituras (Revelação Especial - Hb1.1,2; 1 Pd 1.20,21). É porque Deus Se
revelou que podemos conhece-Lo. Nosso conhecimento de Deus não é intuitivo,
nem natural, mas comunicado por Ele mesmo através dos meios que
soberanamente escolheu. “Fazer teologia”, portanto, não é inventar teorias a
respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo “descobrir” a Deus, mas conhecer
e compreender a revelação que Ele próprio deu de Si. Por isso, qualquer estudo de
Deus que não tiver a Sua revelação como base, meio e princípio regulador não é
“teologia”, devidamente entendida. 52
Com frequência, alguém diz assim: “Por que preocupar-se com assuntos de
teologia? Os teólogos passam o tempo inutilmente discutindo questões sem
qualquer importância ...” Passemos a um exame dessa maneira de pensar. Por
que será que os problemas citados são considerados sem importância? É claro
Geraldo Campos citou algumas razões para se “fazer” teologia, sendo elas:
A teologia deve ser “feita” por todos. É um equívoco pensar que a teologia
deve ser feita apenas por pessoas que aspiram o ministério formal de uma
determinada denominação religiosa, ou por um grupo selecionado de pessoas. De
acordo com Solano Portela, “estudar (fazer) teologia não é uma área segregada à
academia teológica; não pertence à esfera de intelectuais maçantes que se
preocupam em descobrir e firmar termos técnicos incompreensíveis aos demais
mortais; não é monopólio daqueles que escrevem livros meramente para adquirir a
respeitabilidade e admiração de seus colegas docentes; nem pertence a mosteiros
anacrônicos, que procuram se aproximar de Deus distanciando-se do mundo que
Ele criou. Mas é tarefa de todas as pessoas”. 55
Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e compartilhar
seus ensinamentos, é “fazer” teologia. Em Mt 22.29 Jesus adveritu os homens
sobre a necessidade de conhecer as Escrituras: “Jesus, porém, respondendo,
disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”. Em Mc
12.24 Jesus chama à atenção sobre o cuidado do conhecimento das Sagradas
Escrituras: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não errais vós em razão
de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?”
Vincent Cheung afirma que uma das maiores razões para se estudar
teologia é o valor intrínseco do conhecimento sobre Deus. Cada outra categoria de
conhecimento é um meio para um fim, mas o conhecimento de Deus é um fim
digno em si mesmo. E, visto que Deus Se revelou através da Escritura, conhecer a
Acesso: 29.12.2015.
57 Ibidem.
5.17; lJo 3.9). Os cristãos participam de Cristo (Hb 3.14) e do Espírito Santo (6.4).
A verdadeira comunhão resulta em um amor mútuo (Jo 13.34). Uma “salvação
comum” (Jd 3) e uma “fé comum” (Tt 1.4) caracterizam os verdadeiros cristãos. A
tradução significativa “fazer participante” toca a essência do espírito cristão (G1
6.6). Aquele que é ensinado na Palavra é advertido a “comunicar”. Comunhão
existe quando há “associação”. Essa era a força essencial dos cristãos primitivos.
Embora um movimento minoritário, eles compartilhavam a força de pertencer um
ao outro e a Deus. 58
58 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 3. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.838-839.
59
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.3. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.699.
60 BEHS, Edelberto. Ação diaconal é uma exigência num mundo excludente, globalizado e violento.
61 Ibidem.
profeta (Is 8.16,20). [7] Em Apocalipse 1.2,9; 12.17 et al., o uso de marturia é o do
evangelho. Em 12.17a palavra é usada para o Evangelho no sentido de um
testemunho de Cristo. [8] Toda a revelação de Deus ao homem é, às vezes,
mencionad quando “testemunhos” é usado (SI 119.22) contendo vários
exemplos. 62
QUESTÕES PROPOSTAS
62 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.899-900.
6. FONTES DA TEOLOGIA
A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, biblia, que é o plural de blblion, “livro”.
Portanto, significa “Iivros”. Essa palavra deriva-se originalmente da cidade fenícia
de Biblos (no Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e importantes
centros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse vocábulo
terminou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A palavra grega
biblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo servido para indicar o
livro da vida, como se vê em Ap 3.5, isto é, um livro sagrado. Estritamente falando,
biblos era um livro, e biblion era um livrinho. A palavra Bíblia, mediante um
desenvolvimento histórico divinamente dirigido, segundo cremos, veio a designar o
Livro dos livros, as Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e do Novo
Testamento, a principal fonte de ensinamentos religiosos e éticos de nossa
civilização. Por volta do século II d.C., os cristãos gregos já chamavam suas
Escrituras Sagradas de Bíblia, ou seja, “os livros”. Quando esse título foi então
transferido para a versão latina, foi traduzido no singular, dando a entender que “o
Livro” é a Bíblia. [...] No Novo Testamento encontramos o vocábulo “Escrituras”,
empregado para indicar o Antigo Testamento (Mt. 21.42; Mc 14.49; Rm 15.4), ou
Sagradas Escrituras (Rm 1.2), ou, a “lei e os profetas” (Mt 5.17), ou “lei” (Jo 10.34),
ou “os oráculos de Deus” (Rm 3.2). 63
63 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
[b] Tradição – “A leitura das Escrituras nunca é neutra; sempre está filiada a
alguma tradição interpretativa, e mesmo sem perceber, geralmente lemos a Bíblia
com a ótica da tradição a qual pertencemos”. 66
E indiscutível que todas as denominações cristãs têm suas próprias tradições, que
lhes servem de autoridade, em complemento ou acréscimo às Escrituras, embora
algumas dessas denominações prefiram não reconhecer esse fato. A tradição faz
parte integrante da Autoridade. [1] As próprias Escrituras Sagradas preservam
várias tradições judaicas, sem falarmos em algumas tradições próprias da filosofia
helênica, como é o caso da doutrina do Logos, ou do mundo platônico em dois
67 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.466-467.
68 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
[d] Razão - O teólogo não pode evitar o uso da razão em seu labor
teológico. Por exemplo, somente o fato de ler as Sagradas Escrituras, interpretá-
las, já envolve o uso da razão, seja para ser alfabetizado, ou conhecer os idiomas
originais das Escrituras, utilizar os meios básicos de interpretação de um texto,
etc. 70
De acordo com Paul Tillich, teólogo alemão, a razão é uma condição
necessária para a fé, eliminando assim a ideia de uma irracionalidade no exercício
da fé. Para Tillich “somente um ser dotado de razão pode ser possuído por algo
incondicional e distinguir preocupações últimas das provisórias [...] Assim a razão
é uma condição necessária para a fé, e fé é o ato em que a razão irrompe
extaticamente para além de si [...] entre a natureza verdadeira da fé e a natureza
verdadeira da razão não há contradição”71. Champlin observa que a razão entra
perfeitamente em harmonia com a fé religiosa, além de servir para expressá-la. “A
razão exibe logicamente aquilo que a religião sente e põe em prática. A razão é
compatível com a fé religiosa, tendo a função de expressá-la e defendê-la. Mas a
fé cristã, com base na revelação bíblica transcende à razão, conferindo-nos
algumas doutrinas que são inatingíveis para a razão”. 72
QUESTÕES PROPOSTAS
Acesso: 29.12.2015.
deu seu único Filho por uma só razão: para que ninguém fosse condenado, mas
tivesse, pela fé em Jesus, plena e eterna salvação! 77
QUESTÕES PROPOSTAS
Essa palavra significa “ensino”... Vem do latim, doctrina, cuja forma verbal ~
docere, "ensinar", O termo tem um sentido geral, podendo referir-se a qualquer tipo
de ensino, como também pode indicar algum ensino especifico, como a doutrina da
salvaçiio. Também pode envolver as ideias de crença, dogma, conceito ou
princípio fundamental ou normativo por detrás de certos atos. Esse vocábulo traz
imediatamente às nossas mentes ideias e ensinamentos religiosos, porque
usualmente é assim que o ouvimos ser dito. A expressão “a doutrina” pode aludir
aos ensinamentos de Cristo, ou ao sistema de ensinos cristãos. Porém, o propósito
da doutrina cristã é a mudança da vida dos cristãos, pelo que o termo não deve
subentender meros conceitos intelectuais e religiosos, que compõem algum
sistema. Essa palavra dá a entender aqueles ensinos usados pelo Espirito a fim de
transformar almas humanas, tornando-as semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas
formalizadas na forma de credos tendem a estagnar a viva energia dos
ensinamentos de Cristo. Seus ensinos apontam para categorias do ser que não
podem ser expressas distintamente como conceitos verbais. Quando Jesus
convidou: “...aprendei de mim...” (Mt 11.29), certamente ele não estava pensando
em alguma sistematização de ideias a seu respeito, e, sim, na capacidade
transformadora de sua doutrina e Espírito, capaz de transformar seus discípulos
(aprendizes). 78
78 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
[1] A palavra doutrina vem do hebraico “legach” que significa “ensino, instrução”. É
traduzida por ensino em outras versões bíblicas (TB, NTLH,NVI). [2] Do grego é “didaché”
significa” ensinamento”, aquilo que é ensinado. (Mt 7.28; Tt 1.9; Ap 2.14,15,24), o ato de
ensino, instrução (Mc. 4-2; Rm. 16-17). “Didaskalia” significa “aquilo que é ensinado”,
“doutrina, ensino, instrução”(Mt 15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; Cl 2.22; 1Tm 1.10; 4.1,6; 6.1,3; Tt
1.9; 2.1,10; Rm 12.7; 15.4; 1Tm 4.13,16; 5.17; 2Tm 3.10,16; Tt 2.7). O termo didaché é
usado apenas duas vezes nas epistolas pastorais (2Tm 4.2; Tt 1.9), enquanto o termo
didaskalia é empregado 15 vezes. Os dois termos são usados nos sentidos ativos e
passivos, ou seja, o ato de ensinar e o que é ensinado. A voz passiva é predominante em
didaché, e a voz ativa, em didaskalia. O primeiro coloca em relevo a autoridade, o ultimo, o
ato. A parte do apostolo Paulo, os outros escritores só usam o termo didaché, exceto em
Mt 15.9 e Mc 7.7, que usa didaskalia. [3] Do latim é “doctrina”, do verbo “docio”, que
significa “ensinar, instruir, educar”. Portanto a palavra doutrina é o “conjunto coerente de
idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. Ressalto que doutrina do latim
doctrina, significa “ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência, doutrina, teoria,
método.” [4] Quando falamos de doutrina bíblica estamos falando do ensino das Sagradas
Escrituras. A Bíblia Sagrada é a palavra de Deus e, portanto, o ensino das Sagradas
Letras, nada mais é que o puro ensino da Bíblia, o ensino da palavra de Deus, o ensino de
Deus ao homem, acerca da salvação do homem, de Jesus Cristo, o Senhor e Salvador, do
Espírito Santo, o consolador, da Criação dos céus e da terra, do pecado, da origem, queda,
restauração e destino final do homem, missão e destino da Igreja e do porvir. Portanto,
doutrina é o ensino que Deus concede ao homem a partir da sua poderosíssima palavra da
QUESTÕES PROPOSTAS
82 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.5.
9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ
83 COUTO, Geremias. E agora, como viveremos? A Igreja ante os desafios dos últimos dias.
84 GRENZ, Stanley J. et al. Dicionário de Teologia. São Paulo: Vida, 1999. p.57.
85 Ibidem.
86 ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. p.156.
talvez 2Ts 3.2]); (d) à base para a “fé”, a garantia, a certeza (At 17.31); e a um
penhor de fidelidade, fé empenhada (1Tm5.12). 87
87 VINE, W.E. et. al. Dicionário Vine - Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo
Testamento e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p.648.
88 Ibidem.
89 BUCKLAND, A.R. “Fé”. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 2007. p.874.
viver a vida que Ele aprovaria. Não é uma aceitação cega e desarrazoada, mas um
sentimento baseado nos fatos da Sua vida, da Sua obra, do Seu Poder e da Sua
Palavra. A revelação é necessariamente uma antecipação da fé. A fé é descrita
como "uma simples mas profunda confiança Naquele que de tal modo falou e viveu
na luz, que instintivamente os Seus verdadeiros adoradores obedecem à Sua
vontade, estando mesmo às escuras". A mais simples definição de fé é uma
confiança que nasce do coração. 90
90 Ibidem.
91 TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
p. 776-777.
eles que é digno de sua confiança, é o que dá à fé bíblica seu caráter distinto. Fé
como é demonstrado no AT é uma necessidade, mas preliminarmente incompleta
para sua plena possibilidade através de Cristo no NT. 92
Fé tem a ver com sentido último, com valores sobre os quais se funda a existência
humana. Este sentido e estes valores, necessariamente, se expressarão
concretamente numa “ideologia”, que para Segundo é todo o sistema de meios
racionais para concretizar e expressar estes valores. Enquanto a fé tem a ver com
sentido, a ideologia tem a ver com eficácia. Importante é que se trata de
“dimensões humanas diferentes e complementares” (Segundo, p.33). Nesta
perspectiva, Segundo resguarda a dimensão da fé como insubstituível e ao mesmo
tempo libera o ser humano para, com sua racionalidade, lutar por justiça e
libertação, dentro de suas coordenadas sociopolíticas concretas. 93
92Ibidem.
93SEGUNDO, Juan Luis apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-
444.
O termo ‘fundamentalismo’ é visto, de forma geral, como “a atitude de um
grupo de pessoas dentro de uma religião ou de um movimento político que dizem
basear-se num conjunto próprio de diretrizes tradicionais (fundamentos),
defendendo-as de forma absoluta” 94. Neste aspecto é importante definir a
intensidade e influência em que a defesa é exercida. Lieth destaca que “um
fundamento radical e totalitário, por exemplo, terá consequências
correspondentes” 95. Ser considerado fundamentalista na atualidade significa ser
um indivíduo intransigente, exclusivista e incapaz de viver na plenitude da vida
com a sociedade, em contraste com a história antiga, que considerava o
fundamentalista alguém digno de louvor pela bravura da defesa de seus ideais.
Todas as formas de conservadorismo passaram a ser caracterizadas de
fundamentalismo, afirma Lieth: “A pessoa que defende sua posição com
entusiasmo e veemência é ‘fundamentalista’. A conjuntura, na qual, o tema
fundamentalismo aparece, está ligada aos contornos nada precisos do conceito e
da questão fundamentalismo. Quanto mais imprecisos são os contornos, tanto
mais facilmente se pode caracterizar algo ou alguém de fundamentalismo ou de
fundamentalista” 96. Do ponto de vista histórico, o conceito de “fundamentalismo”
teve sua origem no mundo ocidental cristão, sobretudo para manifestar oposição
aos valores defendidos pelo liberalismo no século XIX:
QUESTÕES PROPOSTAS
100
Ibidem.
101CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.829.
REFERÊNCIAS
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__________. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São Paulo: Hagnos, 2013.
__________. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.3. 11.ed. São Paulo: Hagnos, 2013.
__________. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São Paulo: Hagnos, 2013.
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