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REQUISITOS FUNDAMENTAIS PARA O ECOSSISTEMA DE PAGAMENTOS

INSTANTÂNEOS BRASILEIRO

O Banco Central do Brasil (BCB) irá definir os requisitos fundamentais para o ecossistema de pagamentos
instantâneos brasileiro. Requisitos fundamentais podem ser entendidos como as características básicas que
todos os agentes que comporão o ecossistema, bem como o inter-relacionamento entre eles, devem possuir.
O objetivo do BCB é construir um ecossistema competitivo, eficiente, seguro e inclusivo.

Para essa ação, o BCB está dando a oportunidade a todos os participantes do Grupo de Trabalho sobre
Pagamentos Instantâneos para opinar, criticar e sugerir alterações nesta versão intermediária dos requisitos
fundamentais. Esta versão, portanto, ainda é preliminar e deve ser entendida como um trabalho em
progresso, que poderá ser aperfeiçoado com as contribuições recebidas.

Algumas definições foram feitas em relação à versão preliminar deste documento. O BCB está direcionando o
desenho do modelo de negócio do ecossistema de pagamentos instantâneos brasileiro. Esse ecossistema terá
as seguintes características, que serão detalhadas ao longo deste documento:

 o BCB irá definir normativamente as regras gerais do ecossistema de pagamentos instantâneos


brasileiro;
 o ecossistema funcionará em um modelo de liquidação bruta em tempo real;
 o BCB irá prover serviço de transmissão de instrução de pagamento entre os diversos prestadores
de serviços de pagamento (PSP) participantes do ecossistema;
 o BCB irá prover a infraestrutura de liquidação;
 será constituído um comitê central consultivo para ajudar o BCB a definir as regras gerais do
ecossistema e um comitê de governança para definir regras específicas do ecossistema, com o
objetivo de formar convenções sobre temas diversos; e
 serão previstas pelo menos três modalidades de participação no ecossistema: participante direto,
participante indireto e provedor de serviço de iniciação de pagamentos.
A figura abaixo sintetiza a forma geral de funcionamento do ecossistema:

Caso o BCB seja o único agente a ofertar serviço de transmissão de instrução de pagamento entre os PSPs
participantes (serviço de switch), o ecossistema funcionará simplificadamente da seguinte forma:

Nesse modelo, a única atividade básica na camada de compensação é a de prover serviço de switch, ou seja,
retransmitir as instruções de pagamento entre os PSPs e a infraestrutura de liquidação. A existência de outros
agentes provendo esse serviço, além do BCB, poderia se justificar pela possibilidade de oferta de outros
serviços para os PSPs e de estrutura de comunicação específica para os PSPs, incluindo a possibilidade de uso
de qualquer tipo de tecnologia.

As atividades do GT estão organizadas em cinco subgrupos. Os dois primeiros subgrupos se referem à camada
de negócios. O subgrupo 1 está discutindo questões relacionadas à velocidade, conveniência, usabilidade,
casos de uso e incentivos a modelos inovadores. O subgrupo 2 está tratando das regras gerais sobre o
ecossistema, da governança e da base legal. O subgrupo 3 e o subgrupo 4 estão focando em discussões
relacionadas, respectivamente, à camada de compensação e à camada de liquidação. O subgrupo 5 discute os
requisitos técnicos de segurança e de padronização. Os requisitos fundamentais estão organizados com base
nesses cinco subgrupos.

SUBGRUPO 1

Camada de negócios: velocidade, conveniência, usabilidade, casos de uso e modelos inovadores

1.1 Velocidade

A) Transação concluída com sucesso

1.1.1 Tempo para aprovação

Requisito: O tempo máximo para a aprovação do pagamento pelo PSP do pagador deve ser de 2 segundos.

Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que o PSP do pagador recebe a instrução
de pagamento até o momento de sua autorização. Esse tempo engloba a verificação da legitimidade da
transação (autenticação, prevenção de fraude, etc.) e da existência de saldo na conta do pagador (corrente,
de pagamento pré-paga, poupança ou salário).

1.1.2 Tempo para retransmissão da instrução de pagamento pelo agente que proveja serviço de switch

Requisito: O tempo máximo para a retransmissão da instrução de pagamento deve ser de 2 segundos.

Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que o agente que provê o serviço de switch
para o PSP do pagador recebe a instrução de pagamento até o momento em que ele retransmite a instrução
para a infraestrutura de liquidação; e ao tempo que leva do momento em que o agente que provê o serviço
de switch para o PSP do recebedor recebe a instrução de pagamento da infraestrutura de liquidação até o
momento em que ele retransmite a instrução.

1.1.3 Tempo para liquidação

Requisito: O tempo máximo para a verificação da legitimidade da transação e da existência de saldo na conta
do PSP do pagador, para a troca de recursos entre o PSP do pagador e o PSP do recebedor e para o envio da
instrução para o PSP do recebedor (ou para o agente que proveja serviço de switch para o PSP do recebedor,
se for o caso) com a informação de que houve troca de recursos entre os PSPs envolvidos na transação deve
ser de 3 segundos.

Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que a infraestrutura responsável pela
liquidação das transações recebe a instrução de pagamento do PSP do pagador (ou do agente que proveja o
serviço de switch) até o momento em que a infraestrutura de liquidação envia a instrução para o PSP do
recebedor (ou para o agente que proveja o serviço de switch) informando que houve o crédito em sua conta.
1.1.4 Tempo para disponibilização dos fundos e notificação para o recebedor

Requisito: O tempo máximo para a disponibilização dos fundos e para a notificação do recebedor deve ser de
3 segundos.

Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que o PSP do recebedor recebe a
confirmação do pagamento da infraestrutura da liquidação (ou do agente que proveja o serviço de switch) até
o momento em que ele envia notificação para o recebedor com informações sobre a disponibilização dos
recursos. Esse tempo inclui o tempo necessário para que o PSP do recebedor verifique se as informações do
pagamento referentes ao recebedor estão corretas, o tempo necessário para a disponibilização dos fundos na
conta do recebedor (corrente, de pagamento pré-paga, poupança ou salário) e o tempo necessário para enviar
uma instrução ao PSP do pagador (ou ao agente que proveja o serviço de switch) informando que os recursos
foram disponibilizados para o recebedor.

1.1.5 Tempo para notificação de conclusão da transação para os pagadores

Requisito: O tempo máximo para que o pagador seja notificado da conclusão da transação pelo seu PSP deve
ser de 2 segundos.

Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que o PSP do pagador recebe a instrução
do agente que proveja o serviço de switch confirmando a disponibilização dos fundos até o momento em que
ele envia uma notificação para o pagador confirmando a conclusão da transação.

O fluxo abaixo mostra os tempos máximos de cada etapa de uma transação concluída com sucesso, no caso
geral em que os agentes que provêm o serviço de switch para os PSPs envolvidos na transação são diferentes:

O fluxo abaixo mostra os tempos máximos de cada etapa de uma transação concluída com sucesso, no caso
específico em que o único agente de switch é o próprio BCB, também responsável pela infraestrutura de
liquidação:
B) Transação concluída sem sucesso

1.1.6 Tempo para rejeição pelo PSP do pagador

Requisito: O tempo máximo para a rejeição do pagamento pelo PSP do pagador e para a notificação do
pagador deve ser de 3 segundos.

Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que o PSP do pagador recebe a instrução
de pagamento até o momento de sua rejeição. Esse tempo engloba a verificação da legitimidade da transação
(autenticação, prevenção de fraude, etc.) e da existência de saldo na conta do pagador (corrente, de
pagamento, poupança ou salário) e o envio da notificação para o pagador, explicitando o motivo para a
rejeição do pagamento.
1.1.7 Tempo para rejeição pela infraestrutura de liquidação

Requisito: O tempo máximo para a rejeição do pagamento pela infraestrutura de liquidação deve ser de 3
segundos. O tempo máximo para a notificação da rejeição da transação pelo PSP do pagador para o pagador
deve ser de 2 segundos. Caso exista um agente provendo serviço de switch, o tempo máximo para que esse
agente faça a retransmissão da instrução deve ser de 2 segundos.

Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que a infraestrutura responsável pela
liquidação das transações recebe a instrução de pagamento do PSP do pagador até o momento em que a
infraestrutura de liquidação envia a instrução para o PSP do pagador (ou para o agente que proveja serviço de
switch) informando que a transação foi rejeitada. Ao receber a instrução da infraestrutura de liquidação (ou
do agente que proveja serviço de switch), o PSP do pagador tem, no máximo, 2 segundos para enviar a
notificação para o pagador, explicitando o motivo para a rejeição do pagamento. Caso esteja presente no
fluxo, o agente que proveja serviço de switch tem, no máximo, 2 segundos para retransmitir a instrução para
o PSP do pagador, contados a partir do momento em que ele recebe a instrução da infraestrutura de
liquidação.
1.1.8 Tempo para rejeição pelo PSP do recebedor

Requisito: O tempo máximo para a rejeição do pagamento pelo PSP do recebedor deve ser de 3 segundos. O
tempo máximo para a troca de recursos nas contas dos PSPs pela infraestrutura de liquidação e o envio da
instrução para o PSP do pagador (ou para o agente que proveja serviço de switch) deve ser de 3 segundos. O
tempo máximo para a notificação da rejeição da transação pelo PSP do pagador para o pagador deve ser de 2
segundos. Caso existam agentes provendo serviço de switch, o tempo máximo para que o agente que proveja
serviço de switch para o PSP do recebedor faça a retransmissão da instrução para a infraestrutura de
liquidação deve ser de 2 segundos e o tempo máximo para que o agente que proveja serviço de switch para o
PSP do pagador faça a retransmissão da instrução para o PSP do pagador deve ser de 2 segundos.
Nota: Este requisito se refere ao tempo que leva do momento em que o PSP do recebedor recebe a
confirmação do pagamento da infraestrutura de liquidação (ou do agente que proveja serviço de switch) até
o momento em que ele envia instrução para a infraestrutura de liquidação (ou para o agente que proveja
serviço de switch) informando a rejeição da transação. Ao receber a instrução do PSP do recebedor (ou do
agente que proveja serviço de switch), a infraestrutura de liquidação tem, no máximo, 3 segundos para trocar
os recursos nas contas dos PSPs e enviar instrução para o PSP do pagador (ou para o agente que proveja
serviço de switch) informando que a transação foi rejeitada. Ao receber a instrução da infraestrutura de
liquidação (ou do agente que proveja serviço de switch), o PSP do pagador tem, no máximo, 2 segundos para
enviar a notificação para o pagador, explicitando o motivo para a rejeição do pagamento.

1.2 Conveniência e usabilidade


1.2.1 Disponibilidade

Requisito: O ecossistema de pagamentos instantâneos deve estar disponível para a efetivação de transação
de pagamentos durante 24 horas por dia, 7 dias por semana e em todos os dias do ano.

Nota: A disponibilidade deve ser plena, incluindo a iniciação de pagamento, o processamento pelo agente que
proveja o serviço de switch, a liquidação, a disponibilização dos fundos e as devidas notificações aos usuários
finais.

1.2.2 Canais de acesso

Requisito: O ecossistema de pagamentos instantâneos deve ser acessível por uma ampla gama de canais de
acesso.

Nota: A iniciação do pagamento deve ser possível, no mínimo, por meio de aplicativos acessados por meio da
internet via dispositivos móveis ou fixos. A iniciação do pagamento por outros canais, inovadores ou
tradicionais, pode ser ofertada a critério de cada PSP.

1.2.3 Facilidade de uso dos canais de acesso

Requisito: A iniciação do pagamento deve ser uma ação simples e que demande poucos comandos pelo
pagador, respeitados os devidos mecanismos de segurança.

Nota: São desejáveis soluções que utilizem alguma forma de comunicação que permita o envio de informações
sem a necessidade de qualquer contato ou comando entre os dispositivos.

1.2.4 Facilidade de endereçamento do pagamento

Requisito: O pagador deve ser capaz de endereçar um pagamento por meio do fornecimento de um número
mínimo de informações sobre o recebedor, como o número do telefone celular, o e-mail, ou o CPF, por
exemplo; e por meio da leitura eletrônica de um código identificador único, como um QR Code, por exemplo,
que contenha as informações da conta do recebedor.

Nota: O código identificador único utilizado para endereçar pagamentos será padronizado dentro do
ecossistema de pagamentos instantâneos brasileiro.

1.2.5 Notificação de conclusão da transação

Requisito: Pagadores e recebedores devem ser notificados sobre a conclusão da transação.

Nota: A notificação deve ser feita tanto nos casos em que a transação foi autorizada quanto nos casos em que
foi negada. A notificação deve permitir ao pagador identificar facilmente o recebedor, bem como permitir que
o recebedor identifique facilmente o pagador. Além disso, caso a transação seja rejeitada, o pagador deve ser
devidamente informado sobre o motivo para essa rejeição.

1.2.6 Apreçamento do serviço de pagamento para os usuários finais

Requisito: O preço cobrado dos usuários finais pela utilização do serviço de pagamento deve ser livremente
estabelecido por cada PSP. O preço deve ser estabelecido de forma a viabilizar o uso amplo dos pagamentos
instantâneos. A cobrança da tarifa deve ser transparente, de forma que tanto o pagador quanto o recebedor
saibam o montante de recursos pagos sob a forma de tarifa em cada transação de pagamento.

Nota: A estrutura de preços do ecossistema será definida pelo comitê central consultivo do arcabouço de
governança que será criado (ver requisito 2.2).

1.3 Casos de uso

Requisito: O ecossistema de pagamentos instantâneos brasileiro deve ser capaz de endereçar qualquer tipo
de pagamento.

Nota: Os pagamentos suportados pelo ecossistema incluem pagamentos de pequenos, médios e altos valores
para os seguintes casos (mas não limitados a eles):

 P2P (person to person): pagamentos entre indivíduos; pagamentos para relacionamentos de troca entre
pessoas físicas, incluindo vendas e prestação de serviços;
 P2B (person to business): comércio e serviços em geral no ponto de venda ou no comércio eletrônico;
pagamento de contas;
 B2B (business to business): pagamentos entre pessoas jurídicas, em geral;
 B2P (business to person): pagamento de salários; seguros;
 P2G (person to government): pagamento de impostos e taxas, em geral;
 G2P (government to person): pagamento de salários; benefícios sociais;
 B2G (business to government): recolhimento de impostos pelas empresas; e
 G2B (government to business): pagamento de convênios e serviços dos entes governamentais para
empresas.

Apesar da existência de soluções que tenham como objetivo aproveitar oportunidades em nichos ser possível,
todos os casos de uso devem estar abrangidos no ecossistema de pagamentos instantâneos.

1.4 Modelos inovadores

1.4.1 Transferências entre contas

Requisito: O ecossistema de pagamentos instantâneos brasileiro deve ser geral e o mais simples possível.

Nota: A generalidade e a simplicidade do ecossistema são necessárias para minimizar a presença de


intermediários e para criar um ambiente favorável à inovação. No ecossistema de pagamentos instantâneos
brasileiro, a competição deve ocorrer entre os diferentes PSPs que compõem o ecossistema. Nesse modelo,
abre-se espaço para a oferta de outros tipos de serviços que agreguem valor ao serviço de pagamento
propriamente dito, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de soluções inovadoras.

Além disso, a simplicidade do ecossistema deve permitir que uma pessoa física ou jurídica não precise ter mais
de uma conta (corrente, de pagamento pré-paga, poupança ou salário) em uma instituição financeira ou
instituição de pagamento de sua escolha para iniciar ou receber um pagamento instantâneo,
independentemente da instituição financeira ou instituição de pagamento em que a contraparte na transação
possua sua conta.

1.4.2 Iniciação do pagamento pelo recebedor


Requisito: Quando for o caso, o recebedor deve enviar uma solicitação de pagamento para o dispositivo de
acesso utilizado pelo pagador.

Nota: O pagador deve receber uma notificação no seu dispositivo de acesso com o detalhamento das
informações do recebedor e do valor a ser transferido. Ele deve confirmar a transação para que ela possa ser
iniciada e efetivada.

1.4.3 Iniciação do pagamento por um provedor de serviço de iniciação de pagamento

Requisito: Um provedor de serviço de iniciação de pagamento deve ser capaz de iniciar um pagamento em
nome do usuário final, caso haja uma relação contratual entre as duas partes autorizando esse tipo de
operação.

Nota: Provedor de serviço de iniciação de pagamento é um PSP contratado por um usuário para iniciar
pagamentos em seu nome a partir de uma determinada conta mantida em outro PSP. O PSP detentor da conta
deverá ter autorização específica do usuário final para aceitar transações iniciadas por determinado provedor
de serviço de iniciação de pagamento. Os direitos e as obrigações dos usuários e de todos os PSPs envolvidos
nesse tipo de relação devem estar previstos em normativo específico do BCB1.

SUBGRUPO 2

Camada de negócios: regras gerais do BCB sobre o ecossistema, governança e base legal

2.1 Regras gerais do BCB sobre o ecossistema e base legal

Requisito: O BCB definirá as regras gerais do ecossistema de pagamentos instantâneos no Brasil.

Nota: O BCB entende que sua atuação na definição das regras do ecossistema é necessária para coordenar a
atuação dos diversos agentes e para criar um ambiente competitivo e eficiente para a oferta dessa modalidade
de serviço de pagamento no país. A definição das regras gerais do ecossistema pelo BCB está associada aos
seguintes benefícios:

 acelera a oferta dessa modalidade de serviço de pagamento:


o facilita a harmonização e a padronização:
 cria um ambiente menos complexo para os diferentes PSPs; e
 facilita o entendimento do serviço pelos usuários finais, estimulando a sua disseminação;
e
o facilita o desenvolvimento de soluções para diferentes casos de uso, inclusive para aqueles com
menor apelo comercial, estimulando a concorrência com outras modalidades já estabelecidas de
arranjos de pagamento;
 facilita a governança do ecossistema:
o facilita a incorporação das opiniões e dos posicionamentos dos diversos agentes na definição das
regras do ecossistema;

1
A figura do provedor de serviço de iniciação de pagamento será tratada no âmbito do projeto Open Banking, também
sob coordenação do BCB.
o garante o acesso aberto e não discriminatório a todas as instituições que desejarem participar do
ecossistema, promovendo ampla interoperabilidade entre todos os agentes do mercado;
o incentiva a entrada de participantes não bancários com modelos de negócio inovadores e que
estimulam a competição nos serviços agregados;
o diminui o custo de coordenação entre os diversos agentes do mercado; e
o garante a coordenação, por uma instituição neutra, dos diversos agentes do mercado.

O BCB entende que a competição no ecossistema brasileiro de pagamentos instantâneos não deve se dar no
nível de infraestrutura, mas sim nos aspectos relativos ao negócio. Assim, a competição deve se dar entre
diferentes PSPs na prestação de serviços para os usuários finais. Por isso, as regras do ecossistema devem
garantir que diferentes tipos de PSPs, como bancos, cooperativas, instituições de pagamento, incluindo
provedores de serviço de iniciação de pagamento, possam ser participantes. Nesse modelo, os PSPs competem
por meio de preços, da qualidade dos serviços de pagamento prestados e dos serviços agregados que podem
ser disponibilizados aos usuários finais. Por outro lado, a cooperação pelo uso compartilhado da infraestrutura
necessária para a prestação do serviço de pagamentos instantâneos possibilita maximizar os ganhos de escala
e os ganhos advindos da internalização das externalidades de rede típicos dessa indústria. Isso cria um
ambiente propício ao desenvolvimento de modelos inovadores e que estimulam a competição naqueles
pontos capazes de maximizar os ganhos sociais e, em especial, os ganhos dos usuários desse ecossistema.

As regras e os procedimentos mínimos que disciplinam o ecossistema serão definidos por meio de normativo
do BCB, ouvidos os diferentes agentes interessados. Ressalte-se que o BCB entende que já existe uma base
legal sólida para sustentar a criação do ecossistema brasileiro de pagamentos instantâneos, sendo, todavia,
necessária a edição de normativos específicos para a definição das regras e dos procedimentos gerais para o
funcionamento do ecossistema, assim como para disciplinar os provedores de serviço de iniciação de
pagamento.

2.2 Arcabouço de governança

Requisito: Será instituído um comitê central consultivo para ajudar o BCB na definição das regras gerais do
ecossistema de pagamentos instantâneos. Também será instituído um comitê de governança, coordenado
pelo BCB e com representantes de todos os tipos de participantes do ecossistema, para definir regras
específicas do ecossistema, como, por exemplo, os critérios de padronização necessários para seu bom
funcionamento.

Nota: O comitê central consultivo se reunirá periodicamente para acompanhar a evolução do ecossistema e
das soluções tecnológicas na área de pagamentos a fim de garantir progresso adequado. O comitê de
governança irá definir as regras específicas do ecossistema, incluindo os requisitos mínimos de padronização,
de segurança e de gerenciamento de riscos, com o objetivo de formar convenções sobre os variados temas.

SUBGRUPO 3

Camada de compensação: interoperabilidade

A atividade básica dos agentes que provejam serviços na camada de compensação no ecossistema de
pagamentos instantâneos brasileiro é receber e transmitir as instruções de pagamento entre os participantes
do ecossistema. Ou seja, sua atividade básica é a provisão de serviço de switch. Além dessa atividade básica,
outros serviços podem ser ofertados aos participantes a critério de cada agente.

3.1 Interoperabilidade

Requisito: No âmbito do ecossistema de pagamentos instantâneos, caso existam agentes, além do BCB,
ofertando serviço de switch, deve existir interoperabilidade ampla, multilateral e irrestrita entre eles, de forma
a possibilitar que um determinado participante necessite estar conectado com apenas um agente para que
ele seja capaz de efetivar uma transação com outro participante que esteja conectado com outro agente.

Nota: Dentro do ecossistema, um participante deve ser capaz de realizar transações com todos os demais
participantes estando conectado com apenas um agente. Esse modelo implica que é possível a existência
concomitante de diversos agentes que ofertem serviço de switch. Todas as transações deverão transitar pela
infraestrutura de liquidação ofertada pelo BCB para garantir que os agentes se comuniquem entre si,
assegurando, dessa forma, o requisito de interoperabilidade. Como consequência desse desenho, o
ecossistema de pagamentos instantâneos funcionará exclusivamente por meio de um modelo de liquidação
bruta em tempo real (ver requisitos do subgrupo 4).

SUBGRUPO 4

Camada de liquidação: infraestrutura de liquidação para o ecossistema

4.1 Papel do BCB na provisão de serviço de liquidação

Requisito: O BCB deve ofertar serviço de liquidação bruta em tempo real para todos os participantes do
ecossistema.

Nota: O BCB entende ser necessária sua atuação como provedor de serviço de liquidação bruta em tempo
real para a prestação do serviço de pagamentos instantâneos. A oferta exclusiva do serviço de liquidação pelo
BCB traz os seguintes benefícios:

 o BCB, por sua natureza, é o ente que oferece menor risco financeiro a seus participantes, por prover
liquidação em moeda de banco central;
 a infraestrutura única de liquidação:
o maximiza ganhos de escala e de rede, diminuindo o custo da sociedade com a realização de
pagamentos;
o elimina o custo de coordenação com os agentes privados necessário para a criação de uma nova
infraestrutura; e
o o BCB não tem objetivo de lucro: tarifa por transação tem por finalidade apenas recuperar os
custos de implantação, operacionalização e evolução da infraestrutura;
 a liquidação bruta em tempo real:
o elimina o risco de liquidação associado a modelos de liquidação diferida; e
o reduz o custo de vigilância dos mitigadores de risco de modelos de liquidação diferida;
 a neutralidade do regulador evita problemas de governança que podem impactar em restrições de acesso
e em outras formas de discriminação de participantes:
o todas as instituições que possuem ou que são elegíveis a ser titulares de conta Reservas Bancárias
ou de Conta de Liquidação terão acesso direto à movimentação de recursos por meio do
ecossistema de pagamentos instantâneos; e
o serão ofertadas outras formas de participação no ecossistema para aquelas instituições que
atualmente não são elegíveis para serem titulares de conta Reservas Bancárias ou de Conta de
Liquidação, ou que optaram por não ser titular de conta, como forma de incentivar a entrada de
PSPs inovadores e de estimular a competição: possibilidade de participação indireta, por meio de
participantes diretos (liquidantes), e de atuação de prestadores de serviço de iniciação de
pagamento deverão estar previstos.

A ideia preliminar do modelo de negócio da liquidação é criar um módulo instantâneo em que existirá uma
conta específica para cada participante para servir de funding para os pagamentos instantâneos e que poderá
ser livremente movimentada no horário normal de funcionamento do STR. Quando o STR estiver fechado, o
montante alocado previamente na conta deverá ser suficiente para viabilizar a efetivação dos pagamentos. O
acesso a essas contas funcionaria por meio de um novo sistema independente do STR. A transferência de
recursos entre os PSPs mobilizaria exclusivamente o saldo dessas contas. O BCB poderá incentivar a alocação
de recursos nessa conta por meio do cumprimento de recolhimentos compulsórios, por exemplo.

SUBGRUPO 5

Requisitos técnicos gerais de segurança e de padronização

5.1 Padronização

Requisito: Deve existir no ecossistema de pagamentos instantâneos brasileiro padronização dos elementos de
comunicação, das soluções de endereçamento, das informações contidas em cada transação de pagamento,
da estrutura de tarifação, inclusive para os usuários finais, e dos critérios de interoperabilidade dentro do
ecossistema.

Nota: O comitê de governança irá especificar os requisitos mínimos de padronização.

5.2 Arcabouço de gerenciamento de risco

Requisito: Os participantes do ecossistema deverão cumprir procedimentos adequados para gerenciar os


riscos associados à atividade de prestação de serviços de pagamento instantâneo.

Nota: O arcabouço de gerenciamento de risco se refere a regras, políticas e procedimentos para identificar,
medir, monitorar e minimizar o risco legal, de liquidez, operacional e outros riscos associados ao processo de
pagamento. O comitê de governança irá especificar os requisitos mínimos que deverão estar contidos no
arcabouço de gerenciamento de risco de cada PSP participante do ecossistema.

5.3 Segurança

Requisito: Os participantes do ecossistema deverão cumprir requisitos mínimos de segurança para minimizar
a ocorrência de fraudes e para proteger os dados dos usuários finais.
Nota: O comitê de governança irá especificar os requisitos mínimos de segurança que deverão ser adotados
por todos os PSPs participantes do ecossistema.

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