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Improbidade Administrativa (Lei 8429/92)

Improbidade significa desonestidade, corrupção, ato violador de preceitos éticos na administração.


- Prejuízo ao erário
- Enriquecimento ilícito do servidor público
- Art. 10 da Lei, violação dos princípios da Adm. Pública
A Lei de Improbidade pune esse agente público.
Improbidade = Imoralidade
- Se corresponde à imoralidade da Adm. Pública?
- Improbidade só viola imoralidade?
Existem 3 posicionamentos:
1º - Sustenta que a moralidade (art. 37, caput, CF) é mais ampla que a probidade administrativa (art. 37, § 4º, CF,
sanções), pois seria princípio que fundamenta defesa da probidade na administração (Juarez Freitas).
2º - Sustenta que a probidade administrativa é mais ampla que o princípio da moralidade, pois a violação à moralidade é
apenas uma das hipóteses de improbidade administrativa (Daniel Assumpção, Jeferson Garcia).
3º - Diz que a moralidade seria um princípio (art. 37, caput, CF), já a improbidade decorre da violação a esse princípio (Mª
S. Z. de Pietro, José S. Carvalho Filho).
Competência para legislar sobre improbidade: a lei de improbidade tem previsão no artigo 37, § 4º da C.F.
Sujeito passivo: entes da adm. pública direta e indireta, pessoas judiciárias, empresas incorporadas ao patrimônio público,
empresas que o Estado tenha mais de 50%.
§ único, ex.: artigo 9º, Lei 11079/2004 – sociedade dos propósitos específicos.
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Piracicaba, 22 de fevereiro de 2019 (faltei)
Digressão Histórico Normativo:
D. L. nº 3240/41
Lei nº 3164/57
Lei n° 3502/58
AI nº 5/68
- Lei 3164/57 atribui ao MP e a qualquer cidadão a competência de pedir sequestro de bens da adm. pública (agente
causador do dano)
- Lei pitombo Godoi Ilha
- Lei 3502/58 – Lei Bilac Pinto
- Ato Constitucional nº. 5/68: suspende direitos e garantias fundamentais de agente que desviou recurso público
- EC n° 11/78
Sujeito ativo: os agentes públicos (agentes políticos / servidores políticos /
particulares em colaboração com o poder público)
Ocupa pólo passivo: Réu - Artigos 1º, 2° e 3°
 Em regra, a responsabilidade do agente público ocorre nas esperas civil, penal e administrativa. Atualmente a
doutrina identifica mais 3 espécies de responsabilidade:
1-) Por ato de improbidade administrativa
2-) Processo de tomada de contas
3-) Responsabilidade por crimes (Crime de responsabilidade artigos 521, I / 85, V / 102, I, c, todos da CF – Lei
1079/50 e D.R.200/67)
 Em relação as espécies de responsabilidade, vigora o princípio da independência entre as instâncias, em regra,
pois se admite a comunicação entre instâncias quando no processo crime restar comprovada a inexistência de
autoria ou fato apurado.
Os agentes políticos respondem por ato de improbidade ou devem responder apenas por crime de responsabilidade?
Sobre o tema há 3 correntes doutrinárias:
1ª – O agente político responde apenas por crime de responsabilidade, sob pena de “leis in iden” (Gilmar Mendes) –
Reclamação 2138 – Posicionamento não adotado
2ª – O agente político responde por crime de responsabilidade e por ato de improbidade – são diferentes – Posicionamento
não adotado
3ª – O agente político responde por improbidade administrativa, mas não fica submetido às sanções aplicadas para os
crimes de responsabilidade (perda do cargo e suspensão do direito político – julgados conforme lei 1079/50)
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Piracicaba, 26 de fevereiro de 2019

Improbidade Administrativa (continuação)


Os agentes políticos também respondem por crime de improbidade, com previsão na CF.
Crime do Presidente da República: Atentar contra a probidade na Administração Art. 102, I, “c” / São julgados e
processados nos termos da lei 1079/50.
Art. 52, I.
Respondem por crime de responsabilidade e crime de improbidade administrativa (conflito de normas).
3 posicionamentos (encaminhado)
1º posicionamento (minoritário) – Não aplica a LIA aos agentes políticos (PR, Ministro de Estado, Ministro do STF,
Procurador Geral da República), pois a CF estabelece um procedimento específico, ora julgado pelo STF, ora pelo Senado
Federal.
Um juiz de 1ª instância não pode processar o PR por ato de improbidade.
Ou seja, não aplico LIA, aplico crime de responsabilidade (Lei específica)
2º posicionamento – Aplico as duas, tanto a LIA quanto lei específica.
3º posicionamento (prevalece no âmbito doutrinário) – Aplico a LIA e Crime de Responsabilidade, agente público vai
responder pelo crime de responsabilidade no órgão próprio e LIA. Porém as sanções aplicadas para crime de
responsabilidade, que não é crime, é infração política adm., as sanções são 2: perda do cargo e inabilitação de exercício de
função voltada para o órgão público. Não podem ser aplicadas na Ação de Improbidade Adm.
Ou seja, as duas leis se aplicam, só que a ação por ato de improbidade não pode determinar a perda do cargo ou função
pública, o Judiciário não pode tirar o PR do seu cargo, embora possa determinar que promova o ressarcimento ao erário,
as demais sanções a LIA aplica.
O STF no julgamento da emblemática reclamação 2138 decidiu que, os agentes políticos enumerados no artigo 52, I e 102,
I, ”c” da CF, não respondem por improbidade administrativa, apenas por crime de responsabilidade. A votação foi por 6 a 5
e o STF já foi substancialmente alterado.
O STF considera que a Lei de Improbidade Administrativa se aplica aos parlamentares federais e também, a ex-
governadores. (Art. 55 da CF)
O STJ tem posicionamento pacífico no sentido de que, a Lei de Improbidade Adm. se aplica integralmente aos prefeitos.
Em todas as hipóteses não haverá foro por prerrogativa de função.
Ex.: É a única hipótese que o desembargador pode ser julgado por juiz de 1ª instância. Prefeito também.
Pessoa jurídica, particular e terceiros podem responder por ato de improbidade administrativa?
Aquele que paga uma propina para não ser multado, comete ato de improbidade? Uma empresa que falta no processo de
licitação para fraudar o processo, responde por improbidade?
Por força do artigo 3º, a LIA (Lei de Improbidade Administrativa) se aplica ao 3º que induzir ou concorrer para o ato de
improbidade, bem como, se beneficiar de qualquer forma.
O 3º responde por ato de improbidade.
O particular que pratica um ato sozinho, gerando prejuízo ao erário, não responde por improbidade administrativa. (Direito
Penal e ressarcimento)
O STJ tem posicionamento pacífico no sentido de que PJ responde por ato de improbidade. Exemplo de penalidade: multa
civil.
O STJ entende que o particular não responde sozinho por ato de improbidade, só se estiver em conluio com um agente
público.
O sucessor responde até os limites do valor da herança.
O ressarcimento é imprescritível.
Espécies de Improbidade Administrativa
A redação originária da lei 8.429/92 estabelece 3 espécies de improbidade adm.
1ª – Atos que impliquem enriquecimento ilícito do agente, independente de causar prejuízo ao erário (cofres públicos)
art. 9º - exige dolo
Essa modalidade exige a presença do dolo, não se admite a forma culposa.
Ex.: Agente da prefeitura exige pagamento de propina para liberar uma licença de construção. Não está causando prejuízo
ao erário, mas está enriquecendo ilicitamente.
2ª – Atos que gerem prejuízo ao erário (art. 10)
Admite a modalidade dolosa ou culposa.
Ex.: Adjudicação de bens, quando não há avaliação do bem / O bem custa R$ 1.000.000,00 e o erário para R$
3.000.000,00 por falta de avaliação.
3ª – Atos que atentem contra os princípios da Adm. Pública (art. 11)
Admite apenas a modalidade dolosa.
Ninguém atenta contra a modalidade administrativa sem querer.
Obs.: Em 2016, foi criada uma nova modalidade de improbidade no artigo 10 A, referente à concessão ou aplicação
indevida de benefício referente ao ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza).
O rol de condutas estabelecido na Lei 8429 é meramente exemplificativo, basta existir enriquecimento ilícito, prejuízo ao
erário ou violação à princípio da administração para que ocorra ato de improbidade administrativa.
Ler artigo 9, 10 e 11.
O STJ é extremamente controverso à existência de dano moral coletivo, ação de improbidade.

Teoria da Cegueira Deliberada ou das Instruções de Avestruz


Alguns precedentes e autores tem aplicado esta doutrina, que tem origem no Tribunal Constitucional Americano, aplicando
a Lei de Improbidade nas hipóteses em que o agente público propositadamente deixa de agir quando detinha a obrigação
legal para tanto.
Tem origem no Brasil, no processo criminal (ex.: Nordeste).
Se aplica por omissão do agente público que tinha o dever de agir.
O TJ de São Paulo tem alguns precedentes aplicando a teoria da cegueira deliberada.
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Piracicaba, 01 de março de 2019 (faltei)
Artigo 14 – requisitos formais para a representação à autoridade administrativa
Artigo 15 – Comunicação ao MP e TC
Artigo 16 – Representação da comissão ao MP ou procuradoria para requerer sequestro de bens, para garantir o sucesso
da ação.
Ação judicial de improbidade administrativa
Natureza jurídica: Ação Civil Pública (STJ) – Interesse difuso, gerações presentes e futuras – Lei nº 7347/85 / Artigo 81 do
CDC
A doutrina majoritária e o STJ entendem que a ação de improbidade tem natureza jurídica de ação civil pública. Por essa
razão, entende o STJ que se aplicam subsidiariamente a Lei 7347/85 (Lei da Ação Civil Pública e Lei 8078/90 e artigos 81 e
seguintes do CDC).
Há, portanto, um microssistema normativo para os processos de improbidade. Trabalha-se nos dizeres de “Claudia Lima
Marques” com um diálogo das fontes. A Lei estabelece algumas medidas cautelares.
Obs.: possibilidade de indisponibilidade de bens (artigo 7º); sequestro (artigo 16 e 300 a 302 do CPC); investigação,
exame e bloqueio de bens, contas e aplicações no exterior (artigo 16, § 2º), afastamento do cargo durante apuração
(artigo 20, § único)
Legitimação: MP e PJ interessada (artigo 17 / a União não tem competência)
É vedada a transação, acordo ou conciliação (§ 1º)
MP como custus legis, zelando pelo andamento do processo (§ 4º)
Intervenção da pessoa jurídica interessada atuando em litisconsórcio ativo facultativo (§ 3º)
A efetivação da perda da função pública e suspensão dos direitos políticos (artigo 20) – trânsito em julgado, podendo ser
afastado
Prescrição – Art. 23, I – em regra, 5 anos após o término do exercício do mandato, cargo em comissão ou função de
confiança;
II – Prazo prescricional previsto em lei específica (ente federativo lesado)
III – 05 anos, apresentação da prestação de contas, entidades do artigo 1º, § único desta lei.
Artigo 142, I da Lei 8112/90.
Se o ato praticado também for crime, o prazo prescricional utilizado será o do CP.
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Piracicaba, 08 de março de 2019 (faltei)
Contratos administrativos
Não há liberdade contratual (a lei estabelece os requisitos)
Pacta sun servanda – não há obrigatoriedade / o interesse é de todos, mas não há resistividade dos contratos
Contratos administrativos correspondem ao ajuste de vontades entre a adm. pública e um 3º, sob o regime de direito
público que tem por objeto a consecução de alguma atividade de interesse público. (há quem diga que o 3º precisa ser o
particular)
Os contratos adm. são espécies do gênero contratos da adm., pois o Estado também pode afirmar contratos regidos
predominantemente pelo direito privado (locação de imóvel e seguro de carro oficial).
Por força do artigo 62, § 3º, I da Lei 8666/93, mesmo os contratos de direito privado são parcialmente regidos por normas
de direito público (Ex.: a impossibilidade de alegar a exceção do contrato não cumprido no prazo de 60 dias).
- Competência concorrente sobre contratos administrativos
- Há exigência de licitação
Obs.: Por força da Lei 13303/16, os contratos firmados pelas empresas públicas ou sociedades de economia mista, os
contratos são regidos integralmente pelas suas disposições e por normas de direito privado (não se aplica a Lei 8666/93)
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Piracicaba, 12 de março de 2019
Artigo 22 – Competência Privativa da União
Inciso II – Competência Concorrente
Características do Contrato administrativo
(a) Formalismo
Os contratos administrativos em regra, são formalizados. Contratos de pequeno valor não necessitam ser de
forma escrita (até R$ 4.000,00)
(b) Comutatividade (equilíbrio)
Significa que deve haver um equilíbrio entre a prestação e a contraprestação
(c) Confiança recíproca / pessoalidade
Significa que o contrato é “intuitu personae” firmado em relação de confiança com o particular, não se admite
subcontratação, salvo se previsto no edital de licitação e respectivo contrato.
(d) Bilateralidade
Significa que o contrato pressupõe a manifestação de 2 vontades para o seu aperfeiçoamento.
(e) Contrato de Adesão
As cláusulas são elaboradas unilateralmente pela Administração.
O C.C. não define contrato de adesão.
O CDC aborda no artigo 54: “Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”
(f) Posição Preponderante da Administração
Significa que a Administração terá uma posição de preponderância na execução do contrato, sujeitando-se a
avença às normas de Direito Administrativo.
Essa posição de preferência tem destaque por meio das chamadas cláusulas exorbitantes ou de privilégio, que
são cláusulas que estabelecem regras que privilegiam a Adm. Pública.

Cláusulas Exorbitantes (característica principal – exorbita do direito comum)

Sujeito administrativo / Característica do contrato – objeto / Tem que ter incidência do Direito Público

1 – Alteração unilateral do contrato

Qualitativa – quando se referir à alteração de projeto ou especificação para melhor adequação


técnica

Quantitativa – em relação à alteração do valor contratual decorrente de modificação da


quantidade
 A Lei 8.666/93 prevê a alteração de até 25% do valor do contrato no caso de acréscimo ou
supressão.

 Permite também o acréscimo de 50% no caso de reforma de prédio ou equipamento. Art. 65, § 1º.

Interpretação do art. 65, § 1º - doutrina


Di Pietro defende que a limitação da alteração se aplica apenas na alteração quantitativa.
J. S. Carvalho Filho sustenta que a limitação se aplica na alteração qualitativa ou quantitativa
O TCU adota esse 2º posicionamento, mas permite a alteração qualitativa acima do limite quando justificada
por razões de interesse público.
2 – Rescisão Unilateral do Contrato
A Administração pode rescindir unilateralmente o contrato em 4 hipóteses:
1ª – Inadimplemento com culpa
Ex.: o terceirizado não cumpre com o contrato, não paga FGTS, deixa de pagar salários, a empreiteira recebe
$ para construir o prédio e não usa o material determinado em contrato, apenas material inferior.
O particular não é indenizado.
2ª – Inadimplemento sem culpa
Ex.: Insolvência civil, falência.
3ª – Razões de interesse público
Ex.: Bondinho, não em verba para realização de obra.
O prejuízo é indenizado, Lei 8.666/93.
4ª – Caso fortuito ou força maior
Ex.: O terreno que a obra será construída é arenoso.
3 – Fiscalização
A Adm. deve fiscalizar a execução do contrato, por meio da designação de um fiscal.
4 – Aplicação direta de penalidade
Aplica diretamente as penalidades, sempre resguardando o direito contraditório e ampla defesa.
São 4 sanções / penalidades:
1ª - Advertência
2ª - Multa
3ª – Impedimento de licitar ou contratar com a Adm. pelo prazo de 2 anos (suspensão temporária)
4ª – Declaração de inidoneidade, até reabilitação da empresa.
Obs.: A Lei 8.666/93 diz que só o Ministro de Estado ou Sec. Municipal ou Estadual podem declarar para contratar com
essa empresa.
A declaração de inidoneidade somente vai ser realizada/declarada depois do prazo de 3 anos da suspensão temporária.
Piracicaba, 15 de março de 2015
5 – Anulação
A administração pode anular o contrato quando existir vício de legalidade.
Súmula 473: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
dêles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. ”
6 – Retomada do objeto (art. 80)
A anulação é vinculada com objeto, que significa que a administração, em caso de inadimplemento, pode retomar o objeto
do contrato, inclusive ocupando os bens necessários à execução da atividade, decorrência do princípio da continuidade dos
serviços públicos.
A execução de determinada atividade, não pode ficar sem a prestação de serviço público, em caso de inadimplemento, a
administração pode substituir a vontade do contratado e devolver a execução do serviço público, com fundamento
também, na retomada do objeto.
07 – Exigência de garantia (art.56 – Lei 8.666)
Os contratos devem ser garantidos por uma das 3 espécies de garantias previstas no artigo 56. São 3 garantias:
A escolha da garantia cabe ao contratado / particular (direito subjetivo)
1ª Caução em dinheiro ou título da dívida pública
2º Seguro-garantia
3º Fiança bancária
07 – Exceção do contrato não cumprido
Significa que o particular não pode alegar a exceção do contrato não cumprido pelo prazo de 90 dias, ainda que
inadimplente a administração.
Empresa que contrata com o poder público, tem que ter capital de giro, para não quebrar.
A adm. pode notificar o particular e suspender a execução de um serviço pelo prazo de 120 dias.
Mutabilidade dos Contratos Administrativos
A principal característica dos contratos administrativos é a existência de um regime de direito público, que tem a adm.
pública na posição de superioridade quando contratada com o particular.
A Lei 8.666 estabelece algumas cláusulas chamadas “cláusulas exorbitantes”, que exorbitam do direito comum, que
caracterizam o contrato administrativo.
Quando falamos em mutabilidade, falamos em equilíbrio. Ou seja, estamos trabalhando com a relativização do “pacto sunt
servanda”, do princípio da obrigatoriedade dos contratos.
O contrato quando é estabelecido como contrato, seja no direito civil, seja no direito privado, o que se busca é a marca de
“sinalagma” (Aristóteles), que significa que deve existir um equilíbrio entre prestação e contraprestação. Sem esse
equilíbrio, o contrato tem que ser revisado.
O direito civil trabalha com a possibilidade da teoria da imprevisão (ela é uma relativização à força obrigatória dos
contratos), em seu artigo 478 do CC:
“Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa,
com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor
pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. ”
(1) Álea ordinária ou empresarial
É aquela que decorre da atividade empresarial. Não gera direito ao reequilíbrio econômico-financeiro do
contrato.
Ex.: dono de transporte intermunicipal de ônibus percebe que o movimento passa a ser extremamente
reduzido em comparação a antes, não pode alegar isso para obter um reequilíbrio econômico financeiro,
pois isso faz parte da álea ordinária ou empresarial.

(2) Álea administrativa


1.1 – Alteração unilateral do contrato – Já vimos. Se a administração for comprar cadeiras, ela
pode aumentar ou reduzir 25%. Agora, se for reforma de prédio ou equipamento, ela pode
aumentar 50%. Alteração unilateral quebra o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato,
portanto aqui há a obrigação da revisão.
1.2 – Fato do príncipe – Medidas gerais implementadas pelo Estado, que, indiretamente reflete no
contrato administrativo, com prejuízo ao particular. Ex.: aumento de imposto que torne mais
oneroso o exercício da atividade; restrições à importação de uma matéria-prima necessária
para execução. São medidas que farão o contrato ficar mais caro. É obrigatório o reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato.
E se o contrato é entre o município de Piracicaba e o tributo aumentado é federal, posso
alegar o fato do príncipe?
Somente se admite a alegação do fato do príncipe em relação ao próprio ente que
adotou/implementou a medida geral.
1.3 – Fato da Administração – Autoriza o reequilíbrio do contrato em virtude de ações adotadas
pela adm. na execução do contrato que prejudique o particular.
Ex.: o Estado não desapropria uma área que tinha sido prometida para a execução de uma
obra, ele está sendo inadimplente, portanto autoriza a eventual prejuízo à execução do
contrato.

Qual a diferença entre o fato do príncipe e fato da administração? O fato do príncipe não tem
relação nenhuma com contrato, na medida geral, ele repercute de maneira indireta, gerando
um desequilíbrio econômico. O fato da administração não, ela é a execução do próprio
contrato, a inadimplência do estado gera esse desequilíbrio.
(3) Álea econômica: teoria da imprevisão – É a mesma do artigo 478 do CC. Autoriza o reequilíbrio
econômico do contrato em virtude de prejuízos ao particular decorrentes de fatos imprevistos e
inevitáveis, estando à vontade das partes o reequilíbrio econômico financeiro do contrato.
Piracicaba, 19 de março de 2019
A morte natural dos contratos é a execução voluntária de seu objeto. Existem 3 formas de rescisão do contrato
administrativo sem que se tenha essa execução natural. A Lei 8666 aponta 3 espécies:
Rescisão dos contratos administrativos
(1) Unilateral
Ocorre por ato exclusivo da administração pública. Só a adm. pode colocar fim ao contrato de forma
unilateral. Não há necessidade de ação judicial em virtude da autoexecutoriedade dos atos
administrativos.
A administração tem que ajuizar no judiciário para colocar fim ao contrato administrativo? Não, ela faz
por ato próprio.
É uma cláusula de privilégio.
(2) Amigável
Ocorre quando a administração e o particular contratado rescindem o contrato de modo consensual,
desde que devidamente fundamentado pela administração.
O objeto do contrato é sempre o interesse público, ainda que haja uma rescisão amigável, a adm. precisa
justificar o motivo do fim do contrato. Nesse caso, não há indenização.
(3) Judicial
Ocorre por iniciativa exclusiva do particular contratado, nas hipóteses de inadimplemento da
administração.
Se a adm. não paga o particular em 60 dias, o mesmo não pode ajuizar uma ação por rescisão, devido
aos 90 dias determinados pela lei. Em caso de inadimplemento de desocupação de uma obra, o particular
pode ingressar com a ação de rescisão.
Obs.: rescisão quando há culpa ao contratado e quando não há culpa imputada ao contratado.
Espécies de contrato administrativo (05)
A Lei 13.303 afastou da incidência dos contratos que são formalizados pelas estatais, a aplicação da Lei 8666, ela
estabelece agora o regime de direito privado. O objetivo do legislador foi principalmente reduzir o custo do contrato e
aumentar a eficiência da contratação das estatais (seja estatal que presta algum serviço público, ou estatal que presta
alguma atividade econômica, a lei 8666 não terá aplicação com relação aos contratos das estatais).
01 – Contratos de obras são aqueles que tem por objeto a reforma ou construção pelo bem público. O regime de execução
se dá por empreitada ou tarefa. A empreitada pode ser global, quando relativa à execução integral da obra.
Contrato de preço unitário, quando se contrata unidades de execução da obra.
Exemplo: construção de uma estrada, o contrato traz a previsão por quilômetro construído em determinado estado,
pagamento por quilômetro construído; no hospital a construção é por leitos; a empreitada integral envolve a execução da
obra concomitante à execução de serviços necessários ao funcionamento da repartição.
A execução global envolve a entrega do prédio com serviços funcionando (ex.: água); a execução integral envolverá a
prestação de serviços (ex.: no contrato há a previsão do prédio, do servidor, de redes de apoio, internet funcionando,
serviços de telefonia internos e outros, necessários ao funcionamento do que se pretende.
Por tarefa: diz respeito às pequenas reformas ou construções. Ex.: abriu uma nova vara na JT, é necessário fazer uma
reforma pequena.
A Lei 8666 exige a apresentação de um projeto básico / memorial descritivo.
02- Contratos de serviços tem por objeto a execução de serviços para a adm., prevalece o fazer.
Esses serviços podes ser comuns ou técnico-profissionais (art. 13); terceirização de atividades; (Lei 12.232/2010 –
publicidade).
03- Contratos de fornecimento ou compras tem por objeto a aquisição de bens pela adm. Cuida de produtos.
Ex.: aquisição de carteira, gás, computador, água. Pode ser integral, parcelado, contínuo.
04- Contratos de concessão
Concessão de serviços públicos – pode ser uma concessão comum, prevista na Lei 8987/95 e remunerada mediante tarifa.
Concessão administrativa – é aquela que é remunerada exclusivamente pela administração, que utiliza por serviços do
contratado. É espécie de PPP (parceria público-privada, Lei 11079/2004)
Patrocinada – é aquela remunerada mediante tarifa, mais contraprestação do poder público. Também é espécie de PPP.
05- Alienações e locações – o Estado também é parte do contrato de alienações e locações.
O Estado pode ser locatário ou locador.
Piracicaba, 22 de março de 2019
Licitação
Licitação pode ser conceituado como o procedimento adm. vinculado por meio do qual a adm. pública, resguardado o
princípio da igualdade escolhe a melhor proposta para firmar um contrato administrativo.
Procedimento adm. vinculado Administração Pública Princípio da Igualdade
Melhor Proposta Contrato
Concessionária de serviço público precisa licitar para contratar a execução de algum serviço?
Não. A adm. só vai interferir, se a concessionária não cumprir com o estabelecido em contrato, quando a execução do
serviço público é de má qualidade
Fundamento: O art. 37, XXI CF estabelece como regra o princípio da obrigatoriedade da licitação.
A competência é concorrente, cabendo à União editar normas gerais (art. 22 – competência privativa). Estado e município
editam normas específicas.
Ex.: No âmbito federal, o pregão é modalidade obrigatória. O município pode estabelecer a concorrência, como única
modalidade licitatória. O que o município não pode é inovar, ou seja, estabelecer um novo procedimento licitatório, que
não seja previsto em norma geral, mas dentro de sua competência, pode editar normas específicas para o município.
Estatal não é mais submetida à Lei 8.666/93, a lei foi alterada para que as mesmas consigam atuar no mercado de forma
mais flexível. Estatal precisa de licitação, mas o procedimento é diferenciado. Estatal se aproxima do modelo jurídico das
empresas privadas.
Ex.: Na adm. Publica, não é necessário realizar licitação até R$ 8.000,00. Nas estatais, o limite é de R$ 50.000,00. Se é
serviço de engenharia, a inexigibilidade é de R$ 100.000,00. O regime das estatais é de direito privado.
Indicação do professor: conjur.com.br
Princípios (Art. 3º da Lei 8.666/93)
Princípio da Igualdade ou indistinção
Determina que a licitação não estabeleça diferenciações impertinentes ou irrelevantes à execução do contrato, como modo
de assegurar uma igualdade de oportunidade a todos que pretendem contratar com a administração pública.
Admite-se apenas as diferenciações expressamente consignadas em lei.
Não pode a licitação estabelecer diferenciação entre empresa nacional ou estrangeira / a licitação não pode levar em
consideração o local, domicílio da empresa que se pretende contratar / nos slides: as 4 exceções
Em algumas hipóteses há preferência das nacionais / se há empate, dá-se preferência a empresa nacional
Princípio da Legalidade (formalismo procedimental)
Significa que a administração deve seguir rigorosamente a lei e as regras do edital.
Em qualquer negócio jurídico vigora a forma e a exceção, na licitação, a forma é a regra.
Princípio da Impessoalidade (competitividade)
Decorre da igualdade e tem por objetivo assegurar a competitividade.
Princípio da Moralidade e Probidade
Significa que o gestor deve agir com probidade em todas as fases do procedimento licitatório.
Princípio da Publicidade
Significa que a licitação deve viabilizar a publicidade dos seus atos, sobretudo da publicação do edital. Quanto maior o
valor da contratação, maior a exigência legal para a publicidade dos atos.
Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório (inalterabilidade do edital)
Segundo A. L. M., o “edital é a lei da licitação”, ou seja, vincula o administrador e o particular interessado.
Desde que motivada por razões de interesse público, é permitida a alteração do edital, cabendo à administração, contudo,
divulgar a alteração pelo mesmo meio de divulgação do edital, inclusive com o restabelecimento dos prazos.
A adm. pode rescindir o contrato por razões de interesse público. Quem ganha a licitação, não tem direito subjetivo de
contratar com a administração, tem mera expectativa de contratar com o interesse público. A adm. pode revogar o edital,
desde que dê publicidade ao edital e devolva o prazo.
Princípio do Julgamento Objetivo (vedação à oferta de vantagens)
Significa que, na medida do possível, deve ser afastado qualquer critério subjetivo para escolha da proposta.
Normalmente o critério utilizado é o de menor preço. Tem também, melhor técnica e preço, melhor técnica e maior lance
ou oferta (em caso de leilão).
É proibida a chamada oferta de vantagens, como a vinculação de uma proposta à melhor proposta.
Ex.: A minha proposta é 5% menor do que a melhor proposta que foi apresentada.
Princípio da Adjudicação Compulsória
Significa que o vencedor do certame terá no caso de efetiva contratação, direito à execução do objeto contratado.
Não há direito adquirido, no entanto à efetiva contratação.
Ou seja, ganhou a licitação, a mesma foi homologada, a homologação não gera direito subjetivo à contratação, há uma
mera expectativa de direito. Uma vez resolvido contratar, a adjudicação é compulsória/obrigatória.
Dentre outros, Di Pietro insere mais 2 princípios basilares da licitação:
1º Da ampla defesa, assegurando ao particular o direito de participar e de recorrer dos atos praticados no curso da
licitação
2º Da licitação sustentável, pois a licitação deve levar em consideração a preservação de valores ambientais, incluindo a
proteção ao patrimônio histórico cultural.

Piracicaba, 26 de março de 2019

Licitação (continuação)
Administração é quem mais contrata, estima-se que 16% dos contratos firmados no Brasil é pela Administração Pública,
pois estado, municípios e a união precisam contratar para que as suas atividades sejam realizadas / Procedimento exigido
para que a Administração contrate. Lei 8666/93, artigo mais importante é 3º / Tem 2 objetivos principais: assegurar a
proposta mais vantajosa para a adm., buscar o princípio da isonomia àqueles que pretendem contratar com a adm. pública
/ Também tem por atribuição a preservação pelo MA e desenvolvimento sustentável.
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
+ 3 Específicos da Adm.
Inexigibilidade e Dispensa da Licitação
Ambas são exceções ao Princípio da Obrigatoriedade da Licitação.

INEXIGIBILIDADE DISPENSA
Há de haver a impossibilidade de licitar. Na dispensa, a licitação é possível, mas não se apresenta
como o melhor caminho.
Para a doutrina, a inviabilidade da licitação é lógica, não é Ex.: Calamidade Pública - a cidade ficou inundada e a
possível realizar o certame (concurso) prefeitura precisa comprar alimento, remédio, colchões.
Ex.: só tenho 1 fornecedor: SEM PARAR / escolher o melhor Como é urgente, a licitação é possível devido ao interesse
cantor para um show, pois cada qual tem seu gosto público, mas não se apresenta como melhor caminho, pois
musical, ou seja, o objeto da licitação não permite. demoraria cerca de um mês. A compra é realizada por
meio da dispensa.
O rol do artigo 25 é meramente exemplificativo. O rol do artigo 24 é exaustivo / taxativo / numerus clausus
/ apertus
Em todas as hipóteses há dever de fundamentar. Há dever de fundamentar, salvo quando o valor for
fundamento da dispensa.

O artigo 25 da Lei 8666/93, traz 3 hipóteses:


1ª - Fornecedor ou objeto exclusivo (impossibilidade de licitar). Ex: Sem Parar / A arma que o Getúlio Vargas utilizou para
se matar.
2ª – Contratação de serviço técnico por profissional de notória especialização. Ex.: Imagine que administração pública
queira o parecer de um jurista famoso para analisar a constitucionalidade do Projeto de Emenda à Constituição que traz a
Reforma da Previdência.
3ª – Contratação de profissional do setor artístico. Ex.: Contratação do melhor show / Muitas prefeituras contratam teatro.

Orientação do professor: ler artigo 24 e identificar as 4 hipóteses – artigo 24 está salvo no fim da matéria.

Hipóteses de dispensa de licitação:


 Em razão do pequeno valor – é dispensável a licitação nas contratações de até R$ 17.600,00, que é 10% do
convite. Para obra e serviço de engenharia, o valor sobe para R$ 33.000,00. Situações excepcionais: guerra e
calamidade pública / Outra situação excepcional: perturbação da ordem, estado de sítio.
Há índice inflacionário para acompanhar o índice inflacionário do período.
Esse valor é baixo, pois até R$ 20.000,00 a Fazenda sequer entra com execução. Dívida ativa que não foi paga é
considerada dívida morta e irrecuperável (foi feito esse estudo).
 Em razão do objeto – Nesse caso, deve haver justificativa, tem a possibilidade de não licitar. Ex.: merenda
escolar / Obra de arte ou de valor histórico, uma roupa que pertenceu a D. Pedro II / Hortifrúti pode ser
suscitado, desde que justificado.
Obs.: Licitação deserta é aquela em que não aparecem interessados em licitar. Desde que justificada, admite-se
a dispensa de licitação. Ex.: manutenção de ar-condicionado, se não aparecem interessados, contrato
diretamente.
A licitação fracassada, que é aquela em que os interessados são desclassificados, não é causa de dispensa.
Na deserta, não há nenhum interessado, na fracassada, apareceram 3 interessados, mas os 3 deviam para a
Receita. Ou seja, houveram interessados, mas nenhum era habilitado; nessa hipótese não se admite a
dispensa. Se não houver interessados, admite-se a contratação direta, ou seja, permite-se, mas sem a licitação.
Desde que haja justificativa, 1 vez basta, desde que seja fundamentada.

 Em razão da pessoa - A contratação de outro ente da administração para a execução de um serviço, como o
serviço de imprensa oficial. Ex.: o Estado quando vai contratar a impressa oficial para publicar o Diário Oficial
do Estado, há uma dispensa, ou seja, não precisa de licitação para executar uma atividade que é do próprio
Estado.

Licitação dispensada – É aquela prevista no artigo 17 e que desautoriza a realização de licitação (por força de lei).

Aqui é proibida a licitação / Não é inexigibilidade, pois era possível fazer e não se faz / não é causa de
dispensa, ou seja, a licitação poderia ser realizada, mas por causa de interesse público não será realizada / O
ato é vinculado.

O inciso I trata de casos de alienação de imóveis e o artigo 12 de aquisição de imóveis


Ex.: Se a União vai vender um imóvel para Limeira, não precisa de licitação pois é venda para outro ente
federativo.
Ex.: A União tem um bem invadido há 15/20 anos, e atualmente já tem serviço público de água/luz. Para que
as famílias que ocuparam as terras regularizem a posse, precisam de um instrumento. Nesse caso, é autorizado
que não seja possível a licitação.
Ex.: Venda de equipamento ou imóvel para outro ente da adm., você não precisa de licitação, ou seja, você vai
se desfazer de computadores, outro ente tem interesse, não é necessária licitação. Na verdade, é proibida a
licitação.
Tipos de Licitação
Atenção: Não confundir tipos de licitação com modalidade licitatória.
(Modalidade de concorrência, pregão, tomada de preços, convite, estudaremos depois)

O tipo de licitação diz respeito ao critério utilizado para a escolha da melhor proposta.
 Menor preço – Aquele que oferece o menor preço para a adm. ganha. Ex.: compram uma caneta ruim, só por
conta do menor preço. Você utiliza 2 vezes e ela para de funcionar.
 Melhor técnica – Ex.: trabalho predominantemente intelectual, não apenas intelectual, se envolver
funcionamento tecnológico, você pode empregar.
 Técnica e preço – Ex.: a comissão de licitação escolhe as melhores técnicas e depois verifica valores, mesclando
assim, as duas.
 Maior lance ou oferta – Ex.: Ocorre no leilão (espécie de licitação).
Obs. 1 - Bens e serviços de informática, em regra, deverão utilizar técnica e preço.
Obs. 2 - Na modalidade concurso, o critério será sempre de melhor trabalho técnico, científico ou artístico. Ex. Concurso
para escolha da melhor redação do Ensino Médio tratando de “x” assunto / O projeto arquitetônico de uma área
considerada histórica no município, melhor projeto ganha.
O pregão utilizará sempre o critério de menor lance / preço.

Modalidades Licitatórias (art. 22)


Existem 07 modalidades / deve ser estudado as 3 primeiras, depois, as 4 últimas

Obras / Serviços Obras / Serviços de Engenharia


Concorrência Acima de R$ 1.430.000,00 Acima de R$ 3.300.000,00

Tomada de preços Até R$ 1.430.000,00 Até R$ 3.300.000,00

Convite Até R$ 176.000,00 Até R$ 300.000,00

Observações:
Obs. 1 – Nas contratações em que ocorre fracionamento do objeto, deve ser utilizada a modalidade referente ao valor total
da obra ou serviço.
Ex.: Obra de engenharia no valor de R$ 4.000.000,00 fracionadas em 4 etapas de R$ 1.000.000,00. A Lei diz que não
posso usar 4 tomadas de preço, devo levar em conta 4 ocorrências, considerando o valor total para licitação, não o valor
fracionado.
Obs. 2 – É sempre permitida a utilização da modalidade mais rigorosa.
Ex.: Contratação de uma obra de R$ 150.000,00, posso utilizar a concorrência? Sim, pois é sempre permitida a modalidade
mais rigorosa.
O convite e a tomada de preço, não.
O município pode utilizar como única modalidade licitatória a concorrência.
Está violando a Lei 866/93? Não viola a lei 8.666, está violando a eficiência.
Obs. 3 – Dispensa pelo valor. (Lembrar as hipóteses de dispensa de valor – 10% da modalidade convite)
Para obra e serviços, R$ 17.600,00, para serviços de engenharia, R$ 33.000,00.

Piracicaba, 29 de março de 2019

Concorrência
Concorrência é a modalidade licitatória utilizada para a contratação de objetos de grande vulto econômico. Aplicam-se os
princípios da ampla publicidade e da universalidade.
Objeto de grande vulto tem que ter uma ampla publicidade, também universalidade. Quando o objeto for superior a R$
176.000.000,00 é exigida audiência pública para debater a contratação do objeto.
Na concorrência, você pode chamar qualquer um. A Lei 8666/93 fala que tem que ser publicado no Diário Oficial da União
e do Estado, vai depender de quem contrata, mesmo que seja município, tem que publicar no Diário Oficial do Estado e no
jornal da imprensa local (chamada da licitação).
Aqui é público, ainda que o particular nunca tenha contratado com a adm. ele pode participar do procedimento licitatório,
pois é amplo, universal.

Quanto maior o número de interessados, presume-se que é melhor, pois a adm. terá uma possibilidade mais eficaz de
escolher a proposta.

Há intervalo mínimo em relação aos prazos, publicação do edital e apresentação da proposta, convocando todos a
participarem da licitação e a entrega da documentação relativa à licitação com a proposta e os documentos necessários,
pois o prazo irá variar bastante.

No caso da concorrência, o prazo é de 45 dias quando é melhor técnica ou técnica e preço.

Se o critério for apenas de menor preço, o prazo é de 30 dias.


Tomada de preços
Modalidade de licitação para contratação de objetos de médio vulto econômico, direcionada a interessados previamente
cadastrados ou que atendam aos requisitos para cadastramento no prazo de até 3 dias antes do recebimento das
propostas.
Na tomada de preços, o objeto é de médio vulto, então, não será tão universal assim, não terá ampla publicidade. A
preocupação do legislador, é tornar um processo público, e ao mesmo tempo, um processo mais restrito.
Pode participar quem já está cadastrado (artigo 34, Lei 8666/93). Esse cadastro é anual.
No Poder Executivo Federal há o SICAF – Sistema Nacional de Cadastro dos Fornecedores.
Quando uma empresa é condenada por ato de improbidade adm., a sentença transitada em julgado, traz também como
providência, que a condenação conste no SICAF.
No Senado Federal há o sistema próprio de cadastro fornecedores.
Não é todo município que tem esse cadastro, mas acaba utilizando o SICAF também.
Há esse cadastro, e, na tomada de preço, é direcionada para os fornecedores previamente cadastrados. No entanto, a Lei
8666/93, permite que ainda que o fornecedor não esteja previamente cadastrado, se houver interesse, deve se cadastrar
com antecedência de 3 dias da apresentação das propostas.
Sou uma empresa fornecedora e quero apresentar o pedido de cadastramento, deve ser apresentado junto à comissão de
licitação ou junto à comissão responsável pelo registro?
Ex.: Abriu uma licitação no ministério da economia, apresento o requerimento no mistério da economia ou no SICAF?
O que tem sido feito na prática e é o que a doutrina adota, é que o fornecedor faça o requerimento no SICAF e junte o
requerimento na comissão de licitação. Se o cadastro é indeferido, a empresa é excluída do processo licitatório.

Convite
Modalidade de licitação para objetos de menor vulto econômico por meio da qual a Adm. convida o nº mínimo de 3
fornecedores, cadastrados ou não com instrumento convocatório afixado em local próprio. (Ex. local próprio: mural e site
da prefeitura)
Somente podem aderir à licitação na modalidade convite os fornecedores cadastrados; devem apresentar a proposta com
antecedência de 24 horas da apresentação das propostas.
Ex.: contratação para manutenção de ar condicionado no Fórum; pode ser contratado pela modalidade convite, abrindo
mão da licitação.
A partir do momento que envia a carta convite, deve fixar tal informação em mural/ site. Quem não tem um cadastro no
SICAF não pode participar.
Valor é até R$ 176.000,00 / É fechada essa licitação / Não tem a publicação de edital, é por meio da carta convite.
O convite é direcionado à 3 empresas, cadastradas ou não. Quem não tem o cadastro na esfera federal (SICAF) não pode
aderir a essa modalidade de licitação. Aqui, pode participar quem estiver cadastrado. Professor deu uma explicação
confusa, pois ele está sendo contraditório ao que disse. Site que explica bem a matéria:
https://triunfolegis.jusbrasil.com.br/artigos/402375533/modalidades-de-licitacao-convite
A proposta deve ser apresentada no prazo de 24h antes da apresentação das propostas, diferente da tomada de preço que
apresenta o requerimento de registro, no convite é apresentada a proposta.
Intervalo de expedição é de 5 dias úteis.
No caso de não comparecerem os 3 convidados, a lei determina que, em regra, a adm. convide outros fornecedores. No
entanto, o TCU e a própria lei 8666/93 admitem a contratação nesses casos quando demonstrado que não terão novos
interessados no local de contratação.
O convite pode ser feito tanto para quem está cadastrado, quanto para quem não está cadastrado. Os “não cadastrados”
são localizados por meio de pesquisa.

Concurso
É a modalidade utilizada para a escolha do melhor trabalho técnico, científico ou artístico. Ex.: projeto arquitetônico para
determinada cidade.
Institui prêmio ou remuneração ao vencedor.

Leilão
É a modalidade utilizada para a venda de bens móveis inservíveis; móveis de valor módico; produtos legalmente
apreendidos ou penhorados ou imóveis oriundos de procedimentos judiciais ou dação.
Exemplo de dação: modalidade de pagamento. Ex.: você vai na padaria e não tem troco, eles dão bala. Dação em
pagamento: você fala para a Fazenda que não tem um milhão para pagamento da dívida, mas tem um imóvel nesse valor.
Exemplo de produto legalmente apreendido ou penhorado: como a receita precisa promover a alienação para reverter ao
erário, fazendo por meio de leilão.
Exemplo de imóvel oriundo por meio de procedimento judicial – numa execução fiscal a fazenda vai e penhora o imóvel, a
dívida não é paga. O imóvel é vendido por meio de leilão para que o valor seja revertido.
O critério é sempre maior preço ou oferta.

Consulta
É a modalidade utilizada exclusivamente no âmbito das agências reguladoras para a contratação de bens e serviços não
comuns. É regulada por ato normativo da própria agência. Para quem quiser ler: art. 37 e seguintes da lei 9986/2000.
Por que a consulta foi instituída?
Porque a Lei 8666 não atendia a realidade de agência reguladora. Ex.: ANATEL está relacionada diretamente à questão da
tecnologia, então, se ela precisa contratar algum serviço que não seja comum, e sim específico da agência reguladora, ela
pode se valer da consulta.
Uma agência reguladora (ANVISA) pode contratar para a área de vigilância?
Não pode, deve contratar vinculado, ou seja, apenas para sua área de atuação.

Pregão
Modalidade amplamente utilizada para a contratação de bens e serviços comuns. É a modalidade obrigatória no âmbito
federal, preferencialmente por meio eletrônico.
O pregão eletrônico é aberto, fixa-se o prazo para participação e no dia da abertura tem um horário agendado para
apresentação das propostas. Se escolhe as 3 melhores propostas
Há a possibilidade de lances sucessivos, onde acaba virando um leilão. Há a possibilidade do leiloeiro negociar.
Sem dúvidas, é a modalidade mais utilizada. É utilizada para todos os valores.
Não há limite de valor no pregão.
_______________________________________________________________
Piracicaba, 02 de abril de 2019

Modalidades Licitatórias (continuação)

As 3 primeiras modalidades dizem respeito o valor.


Quanto maior o preço, maior a publicidade e maior a formalidade exigida.
(a) Concorrência;
(b) Tomada de preços; (é direcionada para quem está cadastrada e quem promove depois o cadastramento
para participar da licitação)
(c) Convite; (a adm. formula a carta convite e se admite apenas a presença de quem está cadastrado
anteriormente)
(d) Concurso; (melhor trabalho técnico, artístico ou científico)
(e) Leilão; (alienação de imóveis aprendidos; decorrência de processos judiciais)
(f) Consulta; (fato de ter previsão no estatuto interno da agência reguladora, que estabelece os
procedimentos de contratação para bens e serviços não comuns)
(g) Pregão (bens e serviços comuns)
Bens e serviços comuns são aqueles que seguem uma determinada padronização.
A modalidade pregão não pode ser utilizada em licitação vinculada à melhor técnica ou técnica e preço; pois o pregão tem
por característica, seleção de um bem que tem um certo padrão de mercado e portanto, deve ser levado em consideração
o menor preço. Ex.: serviços de limpeza, de vigilância, etc.

No pregão, se verifica a inversão das fases da licitação, pois a fase de julgamento ou classificação precede a fase de
habilitação.
Na concorrência, caso determinada empresa seja desabilitada, não atenda a documentação exigida, é desclassificada.
Dessa decisão, cabe recurso. Assim, se a mesma for recorrer, fica suspensa a apreciação das propostas. Acaba atrasando o
procedimento licitatório. Por essa fase de habilitação ser antes da apresentação das propostas, acaba atrasando o
procedimento licitatório.
No pregão não acontece isso. Publicado o edital e apresentados os envelopes relativos à habilitação e as propostas, a
primeira fase é de julgamento das propostas, só depois que adm. vai verificar se a empresa vencedora preenche os
requisitos da habilitação.
O pregão é muito utilizado, estima-se que em aproximadamente 90% dos serviços da adm.
A fase de julgamento no pregão, é dividida em 2 etapas, na primeira, o pregoeiro verifica a melhor proposta e aquelas de
até 10% do seu valor, que corresponde ao menor preço (critério do pregão).
Obs.: Caso não tenham pelo menos 3 propostas com diferença de 10%, o pregoeiro selecionará as 3 melhores propostas.
Na segunda etapa, será oportunizada aos escolhidos a possibilidade de apresentarem lances sucessivos.
Obs.: uma vez selecionada a melhor proposta, ainda assim o pregoeiro deverá reunir esforços para que a proposta seja
melhorada.
Somente depois da escolha da proposta vencedora, é que se dará início à fase de habilitação.
Fases da concorrência
A primeira fase de uma licitação é a chamada fase interna, por meio da qual a adm. formaliza o procedimento licitatório,
identificando seu objeto, elaborando o edital, identificando os recursos que serão utilizados, dentre outras medidas.
Nessa primeira fase (interna), não é conferida a publicidade que é própria ao procedimento licitatório. O procedimento é
instaurado, ganha um número no âmbito da administração, atualmente esse procedimento é eletrônico, segue para uma
consultoria que irá elaborar o edital, é feita uma pesquisa no mercado relativa ao valor do objeto que se pretende contratar
e é necessária a identificação do orçamento que será utilizado.
Hoje, pela lei orçamentária, todos os órgãos públicos têm uma delimitação do valor que podem gastar em determinado
exercício financeiro, ou seja, a conta tem que fechar.
1ª fase: interna (supra explicado) / 2ª fase: externa (abaixo explicado)
A fase externa se divide em 5 etapas:
1ª) instrumento convocatório (art. 40) - Se formaliza por meio da publicação do edital, que é considerado a Lei da
Concorrência e da Tomada de preços, já que, no Convite, inexiste edital.
A Lei 8666/93 diz que deve ser publicado no edital. Se a contratação é por órgão federal, Diário Oficial da União. Se a
contratação é realizada pelo estado ou município, Diário Oficial do Estado. O edital tem que ter publicação na imprensa e
no jornal local.
Professor pesquisou essa questão, se a ausência de publicação gera nulidade no procedimento licitatório. Alguns
precedentes no STJ disseram que a falta de publicação em jornal local gera mera irregularidade, a anulação só se dá se
alguém for prejudicado (comprovado), deixando de participar por esse motivo.
2ª) Habilitação (art. 27) - A adm. analisa toda a documentação prevista no edital para viabilizar a execução do objeto
contratado. As empresas poderão ser desabilitadas, cabendo recurso da decisão no prazo de 5 dias úteis.
A empresa interessada apresenta 2 envelopes para a comissão de licitação, o primeiro envelope diz respeito à
documentação (demonstram que a empresa reúne condição técnica e jurídica para execução do objeto). O segundo
envelope diz respeito às propostas/objeto da licitação.
Documentação para habilitação jurídica: contrato social, inscrição JUCESP e demais que comprovam a existência da
empresa.
Documentos da regularidade fiscal trabalhista: certidão negativa de débitos, certidão positiva com efeito de negativa, por
alteração da lei 8666 começou a se exigir a certidão negativa de débitos trabalhista.
Qualificação técnica (ex.: se é engenheiro, inscrição junto ao CREA)
Qualificação econômico financeira (garantia do contrato de até 1%), pode exigir que a empresa contratada tenha em
patrimônio líquido até 10% do objeto contratado. Ou seja, tem que demonstrar qualificação econômico-financeira.
Outro documento muito exigido é a certidão de inexistência de falência e concordata.
3ª) Classificação ou Julgamento – Nessa fase, é escolhida a melhor proposta conforme o tipo de licitação. São
desclassificadas as propostas consideradas inexequíveis e aquelas contrárias às cláusulas do edital.
O princípio aplicado é do julgamento objetivo, inclusive para assegurar oportunidade igual a todos.
Inexequível – valor muito reduzido, inferior à 70% do valor de mercado encontrado pela adm. pública na fase interna.
Proposta indireta ou vinculada – é proibida.
4ª) Homologação – Nessa fase, a autoridade superior atesta a regularidade do procedimento licitatório.
Ou seja, quem foi classificado, fica com mera expectativa de direito.
Homologação é uma entre 4 hipóteses que se apresentam para o gestor. O concurso público também tem a fase de
homologação.
Hipóteses:
1ª - Identificando mera irregularidade, pedir para comissão de licitação praticar algum ato para suprir a irregularidade.
2ª - Identificando uma irregularidade insanável, anular o procedimento licitatório.
3ª - Revogar por razões de interesse público por razões supervenientes.
4ª - Homologação.
5ª) Adjudicação – Nessa fase, a adm. atribui ao vencedor do certame (concurso) o objeto da licitação. Não confundir
adjudicação com assinatura do contrato.
A doutrina não é pacífica, parte diz que a adjudicação não traz o direito do vencedor do certame a realizar o contrato, e a
outra parte, que prevalece, diz que o vencedor tem mera expectativa de contrato.
Curiosidade: no pregão, primeiro vem a adjudicação, depois o ato de homologação.

Regras licitatórias especiais


- Existe a Lei 12.232/2010 relacionada à publicidade, que não permite a realização de licitação na área de publicidade
utilizando o menor preço, o tipo de licitação empregado é de melhor técnica ou técnica e preço.
- Existe a formação de 2 comissões: uma que é responsável pela habilitação e andamento e uma comissão técnica, dizendo
que tem que participar 3 profissionais da área de publicidade.
- Registro cadastral – art. 34 / Lei 8666 – SICAF
Registro de preços – a adm. pode utilizar o registro de preços para a contratação de bens, obras ou serviços rotineiros.
Nesse caso será elaborada uma ata de registro de preços, com validade de 1 ano, com a divulgação da melhor proposta.
O vencedor do registro de preços não tem direito subjetivo à efetiva contratação, a administração inclusive pode realizar
outra licitação com o mesmo objeto. Admite-se a chamada “carona” em registro de preços, que consiste na possibilidade
de outro órgão da adm. utilizar a ata de registro elaborada por outro órgão.
Quando se trata de registro de preço, só se admite a modalidade concorrência ou pregão.
Ex.: de registro de preço: a adm. pretende contratar alguém para um serviço rotineiro, mas não tem noção de quanto vai
precisar para determinado período, como água mineral. A adm. vai contratar por um ano, não sabe o quanto vai gastar e
coloca um limite: quero 200 galões no prazo de um ano.
Abre a licitação na modalidade concorrência ou pregão, quem tiver a melhor proposta, apresenta a ata de registro de
preços. A adm. pública sempre que precisar, paga o preço para o vencedor do certame e compra água mineral de acordo
com o preço que foi apresentado.
A ata de registro dura um ano e não cria direito subjetivo de um particular em uma licitação.
Imagine que vai ter um grande evento na adm. e ela contratou 200 galões. Nesse evento, serão necessários 150 galões,
ela não é obrigada a seguir a ata de registro, ela pode fazer uma outra licitação para adquirir 150 galões para uma
eventualidade.
Esfera federal - Uma vez realizada a ata de registro de preços: o INSS fez uma ata de registro de preços para contratar
200 galões para o estado de São Paulo. Outro órgão, IBAMA, pode utilizar a ata de registro e contratar com essa mesma
empresa seus galões, não precisa promover nova licitação. O que a lei determina, é que, quando o IBAMA contrata o
mesmo objeto, ele só tem que observar até 100% o limite que foi contratado pelo outro órgão e o valor total contratado
(no caso, 200 galões) não podem exceder o quíntuplo do valor contratado (IBAMA + demais órgãos). Ou seja o fornecedor
não pode fornecer mais que 1000 galões.

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