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PARTE 1:

- CONSTITUCIONAL

- ADMINISTRATIVO

- TRIBUTÁRIO

- PENAL

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DIREITO CONSTITUCIONAL1

1. Constitucionalismo. História das Constituições: origens, documentos históricos constitucionais.


1.1. Constitucionalismo Latino-americano e descolonização. Plurinacionalidade e Pluralismo Jurídico.

Conceito de Constitucionalismo

É uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos (Canotilho).

3 ideias principais:

Separação de poderes – Garantia de direitos - governo limitado

André Ramos Tavares identifica quatro sentidos para o constitucionalismo:

• Movimento político-social com origens históricas bastante remotas que pretende, em especial, limitar
o poder arbitrário;

• Imposição de que haja cartas constitucionais escritas;

• Propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades;

• Evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.

Evolução histórica do constitucionalismo

Ensina Alexandre de Moraes: “A origem formal do constitucionalismo está ligada às Constituições


escritas e rígidas dos Estados Unidos da América, em 1787, após a Independência das 13 Colônias, e da
França, em 1791, a partir da Revolução Francesa, apresentando dois traços marcantes: organização do
Estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais”.

MOMENTO HISTÓRICO

Karl Loewenstein identificou entre os Hebreus o surgimento do


constitucionalismo. No Estado Teocrático, a limitação do poder político
era feita pela fiscalização dos profetas dos atos governamentais que
ANTIGUIDADE extrapolassem os limites bíblicos.
O mesmo autor também aponta as Cidades-Estados gregas como
exemplo de democracia constitucional, democracia direta, na qual o
poder político estava distribuído entre todos os cidadãos.

1 Por Emanuella Melo.

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Magna Carta de 1215: estabeleceu, formalmente, a proteção de direitos


IDADE MÉDIA
individuais.

Documentos marcantes:
O Petition of Rights, de 1628
O Habeas Corpus Act, de 1679
IDADE MODERNA O Bill of Rights, de 1689
O Act of Settlement, de 1701
Pactos, forais ou cartas de franquia (buscavam resguardar direitos
individuais).

Predominam as constituições escritas como instrumento para conter


o arbítrio do poder.
CONSTITUCIONALISMO
Marcos históricos: Constituição Norte-Americana de 1787 e a
MODERNO francesa de 1791.
O povo era o titular legítimo do poder.

Ideia de “totalitarismo constitucional”; importante conteúdo social


e normas programáticas (constituição dirigente/compromissória). A
concepção de dirigismo estatal tende a evoluir para um dirigismo
CONSTITUCIONALISMO
comunitário, que busca difundir a perspectiva de proteção aos
CONTEMPORÂNEO direitos humanos e de programação para todas as nações. Há também
a preocupação com a proteção aos direitos de fraternidade ou
solidariedade (3ª dimensão).

Constitucionalismo Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo

Se funda no paradigma jurídico do pós-positivismo, em se busca não mais apenas atrelar o


constitucionalismo à ideia de limitação de poder político, mas, acima de tudo, buscar a eficiência da
Constituição. Seu modelo normativo é AXIOLÓGICO2, porque enquanto o caráter ideológico do
constitucionalismo moderno era apenas limitar o poder, o caráter ideológico do neoconstitucionalismo
é o de concretizar direitos fundamentais.

CONSTITUCIONALISMO MODERNO NEOCONSTITUCIONALISMO

Hierarquia entre normas baseada em valor


Hierarquia formal entre normas constitucionais e
(axiológica)
infra
Finalidade: Concretização dos direitos
Finalidade: Limitação de poder
fundamentais

2 No constitucionalismo moderno a diferença entre normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau, no
neoconstitucionalismo a diferença é também axiológica.

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Marcos Fundamentais para se chegar ao Neoconstitucionalismo

»» Marco Histórico: documentos a partir da Segunda Guerra Mundial, como as Constituições da Itália
(1947), da Alemanha (1949), de Portugal (1976), da Espanha (1978) e Brasil (1988). Redemocratização

»» Marco Filosófico: pós-positivismo - filosofia que busca ir além da legalidade estrita, mas não
despreza o direito posto; procura empreender uma leitura moral do Direito, mas sem recorrer a
categorias metafísicas.

»» Marco Jurídico-Teórico: Força Normativa da Constituição (Konrad Hesse). A Constituição deixou


de ser vista como mera carta de intenções e passou a ser concebida com norma jurídica dotada de
imperatividade. Expansão da jurisdição constitucional ( judicialização da política e das relações
sociais). Nova dogmática da interpretação constitucional.

Características do Neoconstitucionalismo

Positivação e concretização de um catálogo de direitos fundamentais


Onipresença dos princípios e das regras
Inovações hermenêuticas
Densificação da força normativa do Estado
Desenvolvimento da justiça distributiva (eficácia de direitos sociais)

Destacamos a síntese de Daniel Sarmento3:

#SELIGUE “O neoconstitucionalismo está associado a diversos fenômenos reciprocamente


implicados, seja no campo empírico, seja no plano da dogmática jurídica, que podem ser assim
sintetizados: a) reconhecimento da força normativa dos princípios jurídicos e valorização da
sua importância no processo de aplicação do Direito; b) rejeição ao formalismo e recurso mais
frequente a métodos ou “estilos” mais abertos de raciocínio jurídico: ponderação, tópica, teorias da
argumentação etc.; c) constitucionalização do Direito, com a irradiação das normas e valores
constitucionais, sobretudo os relacionados aos direitos fundamentais, para todos os ramos do
ordenamento; d) reaproximação entre o Direito e a Moral; e) judicialização da política e das
relações sociais, com um significativo deslocamento de poder da esfera do Legislativo e do
Executivo para o Poder Judiciário.”

3 SARMENTO, Daniel. Direito Constitucional. Teoria, história e métodos de trabalho. Editora fórum: 2012, pág. 153.

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#OLHAOGANCHO Filtragem constitucional: Determina que todo o ordenamento jurídico deve


ser lido a partir do filtro axiológico das normas constitucionais, servido como instrumental para a
orientação e decisão de casos concretos. É a ideia de interpretar as leis conforme à CF.

Breve histórico das Constituições brasileiras

• Constituição de 1824: foi outorgada. Marcada pelo centralismo administrativo e político, tendo em
vista a figura do Poder Moderador, e também unitarismo e absolutismo. Por influência das Revoluções
Americana (1776) e Francesa (1789), pautado na ideia de constitucionalismo liberal, a constituição de
1824continha um importante rol de Direitos civis e políticos.

• Constituição de 1891:foi promulgada, foi a primeira da República e teve por relator Rui Barbosa. Sistema
presidencialista e a forma federativa de estado. Foi adotada a tripartição do poder, de Montesquieu.
Pela primeira vez houve a previsão do habeas corpus.

• Constituição de 1934:foi promulgada. Evidenciou os direitos fundamentais de 2ª dimensão e a


perspectiva de um Estado Social de Direito. Constituição rígida. Previstos pela primeira vez do mandado
de segurança e a ação popular.

• Constituição de 1937: foi outorgada. Influenciada por ideais autoritários e fascistas, tendo sido instalada
a ditadura. Foi apelidada de “Carta Polaca”. Houve o enfraquecimento dos direitos fundamentais.
Buscando atrair o apoio popular, sua política foi intitulada de “populista”, tendo sido elaborada a CLT
e importantes direitos sociais como o salário mínimo. Não houve previsão do mandado de segurança,
nem da ação popular. O direito de manifestação do pensamento foi restrito. A greve e o lock-out foram
proibidos.

• Constituição de 1946: foi promulgada e restabeleceu a democracia. O mandado de segurança e a


ação popular foram contemplados no texto da constituição. Foi reconhecido o direito de greve.

• Constituição de 1967: foi outorgada, com a concentração do poder no âmbito federal, esvaziando
os Estados e Municípios.

• Constituição de 1988: foi promulgada. Constituição rígida. Houve a consagração dos direitos
fundamentais. Os direitos dos trabalhadores foram ampliados. Pela primeira vez se estabeleceu o
controle de constitucionalidade por omissão (mandado de injunção e ADO). Foi introduzida a ADPF.
Pela primeira vez foi previsto do mandado de segurança coletivo e o habeas data. Foi previsto de
forma específica, pela primeira vez, um capítulo sobre o meio ambiente. Importante previsão da
Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional do Estado.

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Constitucionalismo Latino-americano e descolonização. Plurinacionalidade e Pluralismo


Jurídico.

#APOSTACICLOS #SELIGUE #CONCEITO “O Estado Plurinacional é considerado com um modelo


de organização política para descolonizar nações e povos indígenas originários, recuperar sua
autonomia territorial, garantir o exercício pleno de todos os seus direitos como povos e exercer
suas próprias formas de autogoverno. Um dos elementos fundamentais para a concretização do
Estado Plurinacional é o direito à terra, ao território e aos recursos naturais. Do mesmo modo,
para as organizações do Pacto, o Estado Plurinacional implica que os poderes públicos tenham
representação direta dos povos e nações indígenas, originários e camponeses de acordo
com suas normas e procedimentos próprios” 4

#APOSTACICLOS #SELIGUE #CONCEITO “Nas últimas décadas ganhou força o protagonismo


popular nos países latino-americanos por meio do movimento denominado novo constitucionalismo
latino-americano, o qual desencadeou uma proposta de ruptura social e institucional a partir das
novas Constituições da Venezuela (1999), do Equador (2008) e da Bolívia (2009). A proposta dessas
constituições é diametralmente oposta ao Constitucionalismo tradicional, caracterizado pelo
formalismo de matriz eurocêntrica e excludente. O novo constitucionalismo surge dos movimentos
e reivindicações sociais, das revoltas e protestos, propondo a inversão do modelo eurocêntrico
de poder, centrado fortemente nas camadas dominantes.

A mobilização e as diversas manifestações sociais expressam o abandono do Estado em relação


ao povo latino-americano, contrapondo-se ao sistema político liberal e elitista, que desvia
a principal função do Estado Social, Plural, Multiétnico e Democrático. O modelo estatal
contemporâneo, nesse sentido, mostra-se insuficiente e incapaz de suprir as necessidades sociais e
jurídicas existentes.

O novo constitucionalismo trilha um caminho na tentativa da materialização do pluralismo jurídico


comunitário-participativo, que visa emancipar os diferentes grupos historicamente marginalizados,
permitindo identificar as experiências vivenciadas na complexa realidade social latinoamericana.
Assim, a contribuição de constitucionalistas e juristas críticos nacionais e internacionais propõe
o avanço da pesquisa científica no âmbito constitucional latino-americano, relacionada com a
realidade social concreta, transformadora e provocadora de uma refundação do Estado (Estado

4 Disponivel em: https://constitucionalismodemocratico.direito.ufg.br/up/332/o/novo-constitucionalismo2.pdf Temas atuais


sobre o constitucionalismo latino-americano. [ebook] / Orgs. Antonio Carlos Wolkmer, Maria Aparecida Lucca Caovilla. São
Leopoldo: Karywa, 2015

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plurinacional)”.5

#APOSTACICLOS #SELIGUE #CONCEITO “A Constituição Boliviana, promulgada em 2009, cria o


Estado plurinacional e intercultural e afirma direitos específicos à população de origem indígena e
campesina, as quais passam a ter um maior domínio sobre uma determinada jurisdição. Foi criada
uma justiça comunitária, em que autoridades escolhidas pelos próprios movimentos decidem
de forma definitiva e soberana, sem interferência da jurisdição ordinária, os conflitos oriundos
das comunidades indígenas, assumindo uma proposta de diversidade cultural e étnica. (...)

A inclusão de ideias como educação para descolonização, Interculturalidade, formas de


democracia comunitária, autonomias indígenas, pluralismo jurídico, Estado plurinacional,
a presença dos idiomas indígenas e cosmovisões como suma qamanã (viver bem), teko kavi (vida
boa), a simplificação linguística das terminologias de origem romana, como exemplo da ação e
liberdade (ao invés de habeas corpus), são representativas de novas formas de organização
do Estado com a exigibilidade e prestígio dos valores, costumes e modo de ser autênticos da
heterogeneidade que conforma o país ” 6

2. Aportes teóricos do Direito Constitucional: conceito, origem, objeto, conteúdo, fontes e


Constitucionalização do Direito. 2.1. Direito Constitucional Transnacional. Supraconstitucionalidade.
Constitucionalismo multinível.

4. Constituição: conceito, sentidos sociológico, político e jurídico, concepções, classificação e


elementos.

Conceitos de Constituição: clássicos e contemporâneos

Conceito sociológico (Ferdinand Lassalle, 1863 – A Essência da Constituição)

• Escrita ou jurídica É a Constituição feita por um Poder Constituinte

• Real ou efetiva  É a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação. O
poder era o que eles determinavam, e não o que estava no texto constitucional (ex: aristocracia, os

5 Disponivel em: https://constitucionalismodemocratico.direito.ufg.br/up/332/o/novo-constitucionalismo2.pdf Temas atuais


sobre o constitucionalismo latino-americano. [ebook] / Orgs. Antonio Carlos Wolkmer, Maria Aparecida Lucca Caovilla. São
Leopoldo: Karywa, 2015

6 Disponivel em: https://constitucionalismodemocratico.direito.ufg.br/up/332/o/novo-constitucionalismo2.pdf Temas atuais


sobre o constitucionalismo latino-americano. [ebook] / Orgs. Antonio Carlos Wolkmer, Maria Aparecida Lucca Caovilla. São
Leopoldo: Karywa, 2015

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banqueiros, a burguesia).

A Constituição real andaria ao lado da Constituição jurídica (que todos os Estados possuem), sendo
que, na concepção de Lassale, havendo um conflito entre a Constituição escrita e a real, a constituição
escrita sempre irá sucumbir face à realidade7. Prevalece a concepção sociológica, real.

Justamente porque defendia a prevalência da Constituição real sobre a escrita, Lassalle a denominava
de constituição de “folha de papel”. A Constituição não era vista como um documento jurídico, mas
como uma tentativa que necessariamente fracassava diante dos fatores reais de poder, por ser incapaz
de alterar a realidade vigente.

Conceito político (Carl Schmitt, 1928 – Teoria da Constituição)

Distingue Constituição X lei constitucional. A Constituição só se refere à decisão política


fundamental. Os demais dispositivos seriam meras leis constitucionais. A Constituição é a decisão política
do titular do poder constituinte.

• SENTIDO MATERIAL: está relacionada ao conteúdo (trata-se do que Schimitt chamou de Constituição).
Por esse critério é possível encontrarmos normas constitucionais fora do texto constitucional. Exemplo:
art. 5, § 3º, da CF/88.

• SENTIDO FORMAL: é o que Schimitt chamou de lei constitucional. o que interessa para definir se uma
norma é constituição é a forma como ela foi introduzida no ordenamento jurídico. É necessário
um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene. Assim, qualquer norma
introduzida por meio de um procedimento mais dificultoso do que o utilizado para a feitura das leis
infraconstitucionais, terá natureza constitucional, não importando seu conteúdo.

Conceito jurídico (Hans Kelsen, 1934 – Teoria Pura do Direito)

Para essa concepção, o fundamento da Constituição não está na sociologia, na política ou na história,
mas sim no próprio direito. A Constituição está no mundo do “dever ser’ É fruto da vontade racional do
homem, sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. O jurista de Viena
aponta dois planos distintos no direito: a) jurídico-positivo – normas positivadas; b) lógico-jurídico
– situado no nível do suposto/hipotético. Há no direito um escalonamento normativo, sendo que
uma norma constitui fundamento de validade de outra, de forma a criar um verdadeiro escalonamento
normativo. A Constituição, porém, tem fundamento de validade na norma hipotética fundamental, situada
no plano lógico.

7 “Se constituição escrita não corresponde à realidade, ela não passa de uma folha de papel” (Lassale), pois ela não teria
capacidade de alterar a realidade.

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Sentido lógico-jurídico Sentido jurídico-positivo

• Norma fundamental hipotética,


• Constituição enquanto 0, positivada suprema;
fundamento de validade de todo o sistema;
• Conjunto de normas que regula a criação de
• Situada no plano do suposto (norma
outras normas (norma positivada)
hipotética).

Conceito Culturalista

Não foi Meireles Teixeira quem criou essa teoria, mas como ele trata dessa concepção em seu
livro, é mencionado em concursos. José Afonso da Silva também defende essa concepção.

A Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e nela podendo influir.
Trata-se de uma formação objetiva da cultura e leva em consideração elementos históricos, sociais e
racionais (fatores reais), bem como espirituais (sentimentos, ideais morais, religião e valores) e elementos
voluntarias (vontade humana). Esse conceito conduz à ideia de Constituição total.

Constituição Total

A concepção culturalista afirma que a Constituição tem elementos sociológicos, político/filosóficos,


jurídicos e econômicos, reunindo todas as concepções anteriores em uma só, ao fundamento de
que existe uma relação de complementaridade entre elas (não são antagônicas). Assim, a concepção
culturalista acerca da Constituição é que ela é Total8.

Constituição Simbólica (Marcelo Neves)

Refere-se à discrepância entre a função hipertroficamente simbólica e a insuficiente concretização


jurídica de diplomas constitucionais.

A Constitucionalização e a legislação simbólica são realidades marcantes nos países periféricos da


modernidade (em razão da grande desigualdade social e econômica), onde percebe-se o predomínio
ou hipertrofia da função político-simbólica da atividade legiferante e do Poder Constituinte e de seu
produto (a Constituição ou lei), sobretudo em detrimento da função jurídico-instrumental.

Há um bloqueio no sistema jurídico, havendo uma falta de concretização normativo-jurídica do

8 As diversas concepções são, na verdade, diferentes formas de se enxergar a Constituição, que possuiria todas as dimensões,
já que a formação objetiva de CULTURA encerra fatores reais (natureza humana, necessidades, tradições, economia),
espirituais (ideais morais, éticos, religiosos e políticos), racionais (técnicas jurídicas, conceitos) e voluntaristas (vontade de
adesão humana).

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texto constitucional, que é utilizado de acordo com os interesses políticos.

Constituição para Teoria dos Sistemas (Niklas Luhman)

Entre 2 sistemas sociais há um acoplamento estrutural: a constituição é o resultado do acoplamento


entre direito e política.

Constituição na Teoria Discursiva do Direito (Jürgen Habermans)

Centralidade do Direito, como um pano de fundo para todos os atores sociais, responsável pela
sensação de segurança e previsibilidade.

A Constituição, como cerne do Direito, é condição recíproca para o exercício da soberania popular e
dos direitos fundamentais, no momento em que passa a institucionalizar o Sistema de Direitos (conjunto
de D. Fundamentais que os membros de uma comunidade se atribuem reciprocamente quando decidem
regulamentar legitimamente sua convivência por meio do Direito Positivo).

Classificações das Constituições

Quanto ao MATERIAL: aborda normas fundamentais e estruturais do Estado.


conteúdo FORMAL: é definida pelo processo de formação e não pelo conteúdo.

IMUTÁVEL: não admite reformas


RÍGIDA: para a sua alteração é preciso um processo legislativo mais árduo,
mais solene e mais dificultoso do que o procedimento de alteração das normas
infraconstitucionais.
FLEXÍVEL: a alteração da Constituição é feita da mesma forma que uma
lei não constitucional. Aqui, não existe hierarquia entre Constituição e
lei infraconstitucional, ou seja, uma lei infraconstitucional pode alterar a
Quanto à constituição!
alterabilidade ou
estabilidade SEMIRRÍGIDAS ou SEMIFLEXÍVEIS: constituições que possuem parte rígida
e parte flexível. A constituição Imperial de 1824 foi semirrígida!
FIXAS: somente podem ser alteradas por um poder de competência igual
àquele que as criou, ou seja, pelo poder constituinte originário. São chamadas
de constituições silenciosas.
SUPER-RÍGIDA: Alexandre de Moraes afirma que, como a Constituição
brasileira, admite reformas, mas estabelece pontos imutáveis - cláusulas
pétreas, é SUPER-RÍGIDA.

ESCRITA OU INSTRUMENTAL: regras sistematizadas e organizadas em um


Quanto à forma único documento.
COSTUMEIRA OU NÃO ESCRITA: formada por textos esparsos.

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OUTORGADAS: confeccionadas sem participação popular, por imposição do


governante. As Constituições outorgadas são chamadas de “Cartas”. Ex: Brasil
1824, 1937, 1967.
PROMULGADA (popular ou democrática): originada de órgão constituinte
composto de representantes do povo e previamente instituído com a finalidade
de elaborar uma constituição (Assembleia Constituinte). Ex: Brasil 1891, 1934,
1946, 1988.
CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS: pode ser um modo de constituição
outorgada por pessoa interposta. Ocorre quando a Constituição é formada por
Quanto à origem plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador (plebiscito
napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet).
PACTUADAS (convencionada ou dualista): quando o poder constituinte
se encontra nas mãos de mais de um titular. Pouco comum na modernidade.
Geralmente ocorre quando determinadas classes (ex: burguesia) disputam ao
rei certo grau de participação política. Ex: Carta Magna de 1215 .
HETEROCONSTITUIÇÕES: são Constituições elaboradas ou impostas por
outros Estados . Ex: Austrália (1901).
ASSITIDA (guiada): decorrente de procedimentos que contam com a
intervenção ou assistência

SINTÉTICA: enxutas, trazem apenas os princípios fundamentais e estruturais


do estado.
Quanto à extensão ANALÍTICAS: traz todos os assuntos que os representantes do povo entender
constitucionais. Estabelecem regras que poderiam ser tratadas em leis
infraconstitucionais.

DOGMÁTICA: elaborada por órgão ou assembleia constituinte por intermédio


do qual são sistematizados e documentados (escritos) os dogmas e ideias
Quanto ao modo fundamentais da política no momento.
de elaboração
HISTÓRICAS: feitas por meio de um lento e contínuo processo de evolução
das tradições.

NORMATIVA: o processo de poder está disciplinado e as relações políticas e


Quanto à os agentes políticos subordinam-se às determinações do conteúdo e controle
correspondência exercido pela Constituição. A constituição é efetivamente aplicada. Segundo
com a realidade Uadi Bulos, o Brasil nunca teve uma constituição normativa.
(Classificação NOMINAL: carente de realidade existencial. Não é aplicada efetivamente.
ontológica de
Lowenstein) SEMÂNTICA: em vez de servir de limitação do poder estatal, visa à estabilização
e à conservação da estrutura de dominação do poder político.

Quanto à ORTODOXA: uma só ideologia


dogmática ECLÉTICA: ideologias conciliatórias

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Constituição Constitucionalização de termos excessivos e o alcançamento de detalhes e


subconstitucional interesses momentâneos ao patamar constitucional.

Constituição Para Uadi Bulos, é a Constituição que apresenta mobilidade que lhe permite
plástica projetar sua força normativa nos vários setores da realidade estatal.

Define finalidade e programas com o intuito de ordenar as ações futuras da


Constituição
política estatal. Ideia defendida por Canotilho, em sua tese de doutoramento,
dirigente mas que depois foi tida como morta pelo autor português.

É o produto da interpretação constitucional, feita por todos os grupos sociais


Constituição aberta para os quais a constituição se dirige, dado o alargamento dos verdadeiros
intérpretes das normas constitucionais (Peter Häberle).

Para Zagrebelsky, as constituições atuais pode ser consideradas tanto


pluralistas quanto dúcteis. Pluralistas, porque não representam uma única
Constituição dúctil
ideologia. Dúcteis, porque veiculam conteúdos potencialmente contraditórios
entre si, mas sem hierarquia rigorosa.

Classificação da CF/88: PROMULGADA, ESCRITA, ANALÍTICA, FORMAL, DOGMÁTICA, RÍGIDA,


ECLÉTICA, NOMINAL.

Constitucionalização do Direito

#SELIGUE #CONCEITO

Constitucionalismo transnacional é possibilidade de se elaborar uma só constituição para vários


países.

Já o transconstitucionalismo, explicado por Marcelo Neves, é a relação entre o direito interno


e o direito internacional, para melhor tutela dos direitos fundamentais.

O transconstitucionalismo também é chamado pela doutrina como constitucionalismo global,


interconstitucionalidade e constitucionalismo transnacional. Nesse sentido, diferencia o
constitucionalista Dirley da Cunha Jr:

#SELIGUE #CONCEITO “Os problemas centrais do constitucionalismo moderno sempre foram o


reconhecimento e a proteção dos direitos humanos, de um lado; e o controle e a limitação do
poder, de outro.

Sucede, porém, que na contemporaneidade, em razão da maior integração da sociedade mundial,

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estes problemas deixam de ser tratados apenas no âmbito dos respectivos Estados e passam
a ser discutidos entre diversas ordens jurídicas, inclusive não estatais, que muitas vezes são
chamadas a oferecer respostas para a sua solução.

Isso implica, como propõe, com muita propriedade, Marcelo Neves, uma “relação transversal
permanente” entre as distintas ordens jurídicas em torno de problemas constitucionais comuns.

O Direito Constitucional, portanto, afasta-se de sua base originária, que sempre foi o Estado, para se
dedicar às questões transconstitucionais, que são aquelas, segundo Neves, que perpassam os
diversos tipos de ordens jurídicas e que podem envolver tribunais estatais e internacionais
na busca de sua solução.

Neves explica que o conceito de transconstitucionalismo não tem nada a ver com o conceito de
constitucionalismo internacional ou transnacional. O conceito está relacionado à existência
de problemas jurídico-constitucionais que perpassam às distintas ordens jurídicas, sendo
comuns a todas elas, como, por exemplo, os problemas associados aos direitos humanos.

Neste caso, impõe-se um diálogo entre estas distintas ordens jurídicas a fim de que os problemas
que lhes são comuns tenham um tratamento harmonioso e reciprocamente adequado. Essa
interlocução pode ocorrer das mais variadas formas.

É possível que ela decorra da vinculação das ordens jurídicas estatais às decisões das ordens jurídicas
internacionais, como, por exemplo, a sujeição do Brasil às decisões emanadas da Corte Interamericana
de Direitos Humanos (CIDH), em razão da adesão do Estado brasileiro às disposições da Convenção
Americana de Direitos Humanos (CADH); é possível, outrossim, que essa conversação se desenvolva
a partir do respeito e consideração espontânea e mútua entre as diversas ordens jurídicas (estatais
e internacionais), como pode se verificar, por exemplo, quando um Tribunal estatal considera, sem
estar obrigado a tanto, a decisão de outro Tribunal estatal ou internacional, e vice versa.” 9

#APOSTACICLOS #SELIGUE Segundo Bernardo Gonçalves, o julgamento da ADPF n.º 153 pelo
STF sobre a constitucionalidade da Lei de Anistia, em contraposição à decisão da CIDH no caso
Gomes Lund, “é um caso de transconstitucionalismo, nos moldes defendidos por Marcelo
Neves”10. Propõe a solução do conflito por meio de um “diálogo constitucional”, estabelecendo-
se entre as diversas ordens jurídicas a construção de “pontes de transição” e “conversações

9 Disponível em: https://dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/199235257/transconstitucionalismo-e-as-questoes-


constitucionais-transnacionais.

10 Fernandes, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. Ed. Salvador: JusPodivm, 2017. p. 97.

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constitucionais”.

#SELIGUE #CONCEITO A ideia de supraconstitucionalidade é trabalhada por Celso de Albuquerque


Mello. Para esse autor, os tratados e normas internacionais com status supraconstitucionais são
os que regulam situações ou relações que fogem dos limites da jurisdição doméstica ou regional,
ou seja, são os que se regem as relações dos Estados com os órgãos da justiça global, como por
exemplo, o Tribunal Penal Internacional (TPI) e a Corte Internacional de Justiça (CIJ).

#SELIGUE #CONCEITO Por fim, segundo o professor Robério Nunes, o Constitucionalismo


multinível diz respeito à existência de diversos níveis ou âmbitos de incidência das normas em
geral (inclusive de proteção aos direitos humanos e fundamentais), especialmente no contexto da
realidade europeia, na qual temos ao menos dois níveis: 1) Supranacional (formado pelo Direito da
União Europeia e pelo Direito Internacional); e 2) Nacional (formado pela Constituição e pelas diversas
leis de cada Estado). Há ainda, espaço para as relações entre as constituições (interconstitucionalidade,
transconstitucionalismo, relações entre constituição federal e constituições dos Estados-membros) e
entre as diversas culturas existentes nos Estados e no mundo (interculturalidade).

Interconstitucionalismo /Rede de constituições (Canotilho)

Relação entre diversas constituições em um mesmo espaço político, havendo a concorrência,


convergência, justaposição e conflitos de várias constituições e poderes constituintes. Ex: CF = CE; União
europeia + constituições nacionais.

3. Formação da Constituição e Poder Constituinte: espécies, atuação, limitações.

7. Modificação formal da Constituição: poder reformador e suas limitações.

8. Modificação informal da Constituição: mutações constitucionais.

Instaura uma nova ordem constitucional. Cria um Estado novo.


Pode ser subdividido em: histórico ou fundamental (é o primeiro ocorrido na
PODER história) e revolucionário (todos os posteriores ao histórico).
CONSTITUINTE Características: inicial, autônomo, ilimitado juridicamente (o Brasil adotou a
ORIGINÁRIO corrente positivista – e não a naturalista – o PCO é totalmente ilimitado do
(PCO) ponto de vista jurídico), incondicionado e soberano, poder de fato e político,
natureza pré-jurídica e permanente (não se exaure com a edição da nova
constituição).

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PCO formal: complexo normativo.


PCO material: é substancial. Será o orientador da atividade do PCO formal. O
material diz o que é constitucional; o formal materializa.
Formas de expressão: outorga ou Assembleia Nacional Constituinte.

É criado e instituído pelo originário. Possui natureza jurídica.


Características: condicionado, natureza jurídica. Possuem limitações expressas
e implícitas (ex: impossibilidade de alteração do titular do PCO – povo),
derivado e vinculado ao PCO.
PCD RFORMADOR: competência reformadora. Modifica a Constituição. A
PODER manifestação ocorre por meio das Emendas Constitucionais (art. 60 da CF/88).
CONSTITUINTE PCD DECORRENTE: estrutura e modifica as Constituições Estaduais. Pode ser
DERIVADO (PCD) inicial (elaboração das CE) ou de revisão estadual (modificar o texto das CE).
PCD REVISOR: ART. 3º do ADCT. A revisão constitucional deveria ocorrer
após 5 anos da promulgação, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral. O PCD revisor elaborou meras 6
emendas de revisão, publicadas no DOU em 1994. O art. 3º do ADCT possui
eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada.

PODER É um poder de fato e serve de fundamento para as MUTAÇÕES


CONSTITUINTE CONSTITUCIONAIS (processo informal de mudança do sentido interpretativo
DIFUSO da Constituição Federal, não há mudança no texto).

PODER Tem o escopo de estabelecer uma constituição supranacional legítima. Decorre


CONSTITUINTE da tendência de globalização do direito constitucional e busca sua fonte de
SUPRANACIONAL validade na cidadania universal.

• Princípios constitucionais sensíveis: forma republicana, sistema representativo e regime democrático;


direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas; aplicação do mínimo exigido
da receita resultante de impostos estaduais em saúde e educação (Art.34, inciso VII, da CF/88).

• Princípios constitucionais estabelecidos: conjunto de normas que limitam a autonomia estadual,


tais como, repartição de competências, capacidade tributária, organização dos poderes etc.

• Princípios constitucionais extensíveis: são aqueles que integram a estrutura da federação brasileira.
Ex.: forma de investidura em cargos eletivos, processo legislativo, preceitos ligados à Administração
Pública. Destaque para o princípio da simetria11.

Limitações ao poder constituinte derivado reformador

11 Princípio da simetria: impõe que as constituições estaduais observem determinados modelos estabelecidos pela
Constituição Federal. Essas normas são chamadas de normas de observância obrigatória.

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Limitações Temporais: impedem a alteração da CF num determinado período de tempo. A CF


atual não tem limitações temporais.

Limitações Circunstanciais: impede a alteração da CF em situações excepcionais, nos quais a livre


manifestação do poder constituinte esteja ameaçada. Art. 60, §1. Estado de Defesa (art. 137), Estado de
Sítio (art. 139), Intervenção Federal.

Limitações Formais: impõe a observância de determinadas formalidades durante o processo de


elaboração das emendas.

»» Formais Subjetivas: iniciativa da PEC (art. 60, I a III).

»» Formais objetivas: processo de discussão e aprovação (quórum de 3/5, dois turnos de votação, não
existe sanção ou veto do Presidente, promulgação e publicação pelas mesas da CD e do SF). Outra
limitação formal objetiva diz respeito à promulgação. No caso de emendas, não existe sanção ou
veto pelo Presidente da República. Também não é ele quem promulga ou manda publicar. Quem
promulga a EC são as mesas da Câmara dos Deputados E do Senado Federal. Além dessas, há
outra limitação formal objetiva: a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (#OLHAOGANCHO:
Sessão legislativa: de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro).

#ATENÇÃO para o estudo das normas constitucionais no tempo: o STF não admite a teoria da
inconstitucionalidade superveniente. Nesse caso, há recepção ou não recepção. Nesse sentido, há
recente julgado do STF:

#SELIGUENAJURIS A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em


curso, não prejudica o conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma lei que nasceu
claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).

#SELIGUE Como regra, o Brasil adotou a impossibilidade do fenômeno da repristinação, salvo se a


nova ordem jurídica expressamente se pronunciar, ou seja, não há repristinação automática.

#SELIGUE #CONCEITO DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO: haveria a possibilidade de algumas


normas constitucionais anteriores compatíveis com a nova Constituição poderiam ser recepcionadas,
apesar de rebaixadas à categoria de leis infraconstitucionais. Como regra, o Brasil não adotou! Mas,
cabe salientar que uma nova constituição poderia expressamente estabelecer (o PCO é ilimitado
juridicamente).

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5. Normas constitucionais: conceito, conteúdo, finalidade, estrutura lógica, interpretação,


integração, aplicação no tempo e espaço, eficácia e aplicabilidade. 5.1. Interpretação constitucional.
Métodos, classificações e conceitos aplicados à interpretação. Princípios de interpretação
constitucional. Ativismo judicial e concretização da constituição.

Princípios da interpretação constitucional

PRINCÍPIOS CARACTERÍSTICAS

A interpretação deve evitar a contradição entre normas


constitucionais, que devem ser vistas em sua totalidade e
não como normas isoladas. Não há hierarquia formal entre
UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO
normas constitucionais, podendo haver hierarquia material
(ex: direito à vida). Isso explica a impossibilidade de haver
norma constitucional originária declarada inconstitucional.

Deve-se optar pela interpretação que dê maior efetividade


e concretude à norma, evitando a sua não aplicabilidade.
MÁXIMA EFETIVIDADE
Visa, portanto, a maximizar a norma, a fim de extrair dela
todas as suas potencialidades.

A Constituição, assim como as demais normas do


ordenamento, possui eficácia e aplicabilidade, devendo
FORÇA NORMATIVA DA
ser interpretada da forma que melhor assegure a sua
CONSTITUIÇÃO aplicação concreta. É uma autêntica norma jurídica e não
uma mera proclamação política.

É corolário do princípio da separação de poderes. Traduz a


CORREÇÃO FUNCIONAL, JUSTEZA ideia de que a interpretação das normas constitucionais não
OU CONFORMIDADE pode subverter o esquema de organização funcional
estabelecido na Constituição.

Esse princípio busca que na interpretação da Constituição


PRINCÍPIO DO EFEITO seja dada preferência às determinações que favoreçam
INTEGRADOR a integração política e social e o reforço da unidade
política.

Deve-se evitar o sacrifício total de uma das normas


HARMONIZAÇÃO OU diante de um conflito, buscando-se a coexistência delas,
CONCORDÂNCIA PRÁTICA através de uma ponderação de interesses no caso concreto.
É consequência do princípio da unidade da Constituição.

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Trata-se de técnica interpretativa cujo objetivo é preservar


a validade das normas, evitando que sejam declaradas
inconstitucionais. Ao invés de se declarar a norma
inconstitucional, o Tribunal busca dar-lhe uma interpretação
que a conduza à constitucionalidade. A interpretação
conforme pode ser de dois tipos: com ou sem redução do
INTERPRETAÇÃO CONFORME A texto.
CONSTITUIÇÃO a) Interpretação conforme com redução do texto: Nesse
caso, a parte viciada é considerada inconstitucional, tendo
sua eficácia suspensa.
b) Interpretação conforme sem redução do texto:
Nesse caso, exclui-se ou se atribui à norma um sentido, de
modo a torná-la compatível com a Constituição.

#SELIGUE #CONCEITO Princípios x regras x postulados normativos (Humberto Ávila):

• Princípios: São normas que estabelecem determinados fins a serem buscados (ex. art. 3º da CF).

• Regras: Normas imediatamente descritivas de comportamentos devidos ou atributivas de poder.

• Postulados normativos: São normas de segundo grau (ou metanormas) que impõem um dever
consistente em estabelecer a estrutura de aplicação e prescrever modos de raciocínio ou argumentação
em relação a outras normas. Não são aplicadas ao caso concreto.

#SELIGUE #CONCEITO Princípios x regras (Robert Alexy):

• Princípios: são mandamentos de otimização, ou seja, são normas que devem ser cumpridas na maior
medida possível de acordo com as possibilidades fáticas (circunstâncias do caso concreto) e jurídicas
existentes (deve levar em consideração as normas que atuam em sentido contrário). De acordo com
esse conceito os princípios não são aplicados de maneira exata, mas sim pela lógica do “mais ou
menos”. Os princípios impõem deveres prima facie, ou seja, provisório, o que significa dizer que você
não sabe com antecedência se o dever irá prevalecer no caso concreto, quando comparado com os
demais princípios. Essa teoria diz que os princípios são aplicados através da ponderação.

• Regras: são mandamentos definitivos, ou seja, normas que devem ser cumpridas na exata medida de
suas prescrições. As regras seguem o sistema do “tudo ou nada” ou da subsunção.

#OLHAOGANCHO Ronald Dworkin: A distinção é de natureza lógico-argumentativa, pois somente

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pode ser percebida por meio dos usos dos argumentos e razões no âmbito de cada caso concreto.
a) Regras: Lógica do Tudo ou Nada b) Princípios: são dimensões de peso. Utiliza-se da lógica da
Ponderação.

MÉTODOS CARACTERÍSTICAS

MÉTODO JURÍDICO Considera que a Constituição é uma lei como qualquer outra,
devendo ser interpretada usando as regras da Hermenêutica tradicional,
(HERMENÊUTICO
ou seja, os elementos literais (textual), lógico (sistemático), histórico,
CLÁSSICO) teleológico e genético.

Há prevalência do problema sobre a norma, ou seja, busca-se


MÉTODO TÓPICO-
solucionar determinado problema por meio da interpretação de norma
PROBLEMÁTICO constitucional.

Criado por Konrad Hesse, segundo o qual a leitura da Constituição


MÉTODO inicia-se pela pré-compreensão do seu sentido pelo intérprete.
O método hermenêutico-concretizador diferencia-se do método
HERMENÊUTICO-
tópico-problemático porque, enquanto este pressupõe a primazia
CONCRETIZADOR do problema sobre a norma, aquele se baseia na prevalência do
texto constitucional sobre o problema.

A interpretação da Constituição deve considerar a ordem ou o sistema


MÉTODO INTEGRATIVO de valores subjacentes ao texto constitucional. A Constituição deve
ser interpretada como um todo, dentro da realidade do Estado. Tanto
OU CIENTÍFICO-
a Constituição, como o Estado, são entendidos como fenômenos
ESPIRITUAL culturais ligados a valores, funcionando como elementos integradores
da comunidade.

MÉTODO NORMATIVO-
A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto.
ESTRUTURANTE

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Classificação das normas quanto à sua aplicabilidade (José Afonso da Silva)

São aquelas normas da Constituição que, no momento em que está entre em


NORMAS DE
vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de
EFICÁCIA PLENA norma integrativa infraconstitucional

Embora tenham condições de, quando da promulgação da nova Constituição,


NORMAS DE produzir todos os seus efeitos, poderá a norma infraconstitucional reduzir a
EFICÁCIA CONTIDA sua abrangência. Michel Temer as chama de normas constitucionais de eficácia
redutível ou restringível.

São aquelas normas que, de imediato, não têm o condão de produzir todos
os seus efeitos, precisando de lei integrativa infraconstitucional. São, portanto,
de aplicabilidade mediata, ou, segundo alguns autores, aplicabilidade diferida.
José Afonso observa que tais normas têm, ao menos, eficácia jurídica imediata,
direta e vinculante, já que: a) estabelecem um dever para o legislador
NORMAS DE ordinário; b) condicionam a legislação futura, com a consequência de serem
EFICÁCIA LIMITADA inconstitucionais as leis ou atos que a ferirem; c) informam a concepção do
Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação jurídica; d) constituem sentido
teleológico para a interpretação, integração e aplicação das normas jurídicas;
e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do Judiciário; f )
criam situações jurídicas subjetivas, de vantagem ou desvantagem; g) possuem
eficácia ab-rogativa da legislação precedente incompatível.

#SELIGUE #CONCEITO Judicialização: significa que algumas questões de larga repercussão


política ou social estão sendo decididas por órgãos do Poder Judiciário, e não pelas instâncias
políticas tradicionais (Poder Executivo e Congresso Nacional). Ex.: o STF foi instado a se manifestar
sobre a regulamentação do direito de greve dos servidores públicos em Mandados de Injunção
como os de n. 670, 708 e 712, diante da mora do Legislador.

#SELIGUE #CONCEITO Ativismo Judicial: o Min. Luís Roberto Barroso afirma que, enquanto a
judicialização é um fato (uma questão com repercussão política/social que chega no STF para ser
julgada), o ativismo é uma atitude. É a escolha de um modo específico e proativo de interpretar
a Constituição, expandindo o seu sentido e alcance. A postura ativista se manifesta por meio de
diferentes condutas, que incluem:

-a aplicação direta da Constituição a situações não expressamente contempladas em seu texto e


independentemente de manifestação do legislador ordinário;

-a declaração de inconstitucionalidade de atos normativos emanados do legislador, com base em


critérios menos rígidos que os de patente e ostensiva violação da Constituição;

-a imposição de condutas ou de abstenções ao Poder Público, notadamente em matéria de políticas


públicas.

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Na lição do professor e Ministro do STF Luís Roberto Barroso, o ativismo judicial deriva do
alargamento do escopo jurisdicional para causas relacionadas a políticas públicas e cidadania.
Nessas lides, não raro envolvendo discussões acerca do alcance e das restrições a direitos sociais, o
judiciário toma papel ativo, determinando medidas concretas a serem observadas pelos agentes públicos
e pela sociedade, em um juízo substancialmente político, mas juridicamente fundamentado.

Dentre os famosos casos paradigma de ativismo judicial no Brasil, pode-se citar o exemplo
da descriminalização do aborto de fetos anencéfalos e a declaração de constitucionalidade das
uniões homoafetivas. #TESESDADEFENSORIA

6. Controle de constitucionalidade. Supremacia da Constituição Federal. Teoria da


inconstitucionalidade. Teoria da recepção. O controle difuso da constitucionalidade. O controle
concentrado da constitucionalidade (ADI, ADC, ADPF). Técnicas de decisões nos tribunais
constitucionais. Controle de constitucionalidade do direito estadual e do direito municipal.

CONTROLE CONCENTRADO

(a) Processo objetivo: não há partes;


(b) Causa de pedir aberta: o STF pode reconhecer a inconstitucionalidade
em face de artigo diverso do apontado pelo autor da ação. Apesar da causa
Noções gerais de pedir ser aberta, o pedido deve ser fechado.
(c) Competência: STF ou TJ (controle estadual)
(d) Legitimados: art. 10312, CF.

ADI

Cabe contra Lei ou ato normativo geral e abstrato

12 Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
• NÃO POSSUEM CAPACIDADE POSTULATÓRIA (PRECISAM DE ADVOGADO): VIII e IX
• PRECISAM COMPROVAR PERTINÊNCIA TEMÁTICA: IV, V e IX.

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(i) Atos regulamentares; (ii) Normas constitucionais originárias; (iii) normas


Não cabe contra anteriores à CF/88 (nesse caso, a análise será da RECEPÇÃO da norma); (iv)
leis revogadas; (v) súmulas; (vi) projeto de lei ainda não promulgado.

Limite espacial Lei ou ato normativo FEDERAL ou ESTADUAL.

Cautelar Erga omnes, EX NUNC, vinculante

Efeitos da decisão Vinculante, EX TUNC, ERGA OMNES, repristinatório tácito.

ADC

Objeto Lei ou ato normativo FEDERAL

Requisito adicional Controvérsia judicial relevante

Cautelar Suspensão dos processos nos quais se discute o tema pelo prazo de 180 dias.

ADPF

Legitimados Mesmo da ADI.

Objeto Qualquer ato do poder público que viole preceito fundamental.

Caráter subsidiário Só cabe se não for possível ADI nem ADC.

Objeto Qualquer ato do poder público.

Aspecto temporal Pode ser até mesmo anterior à CF/88.

Aspecto espacial Pode ser federal, estadual ou MUNICIPAL.

ADO

O objetivo é conferir efetividade às normas constitucionais de eficácia


Objeto
LIMITADA.

Legitimidade Autoridade ou órgão responsável pela medida para tornar efetiva a norma
passiva constitucional.

(a) Poder competente: será dada ciência ao poder competente.


Efeitos da decisão (b) Órgão administrativo: deverá editar a norma em 30 dias, sob pena de
responsabilidade. A lei permite que o STF fixe outro prazo, se entender mais
conveniente.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL

Art. 125. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de


inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais
LEGITIMIDADE
em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação
para agir a um único órgão.13

OBJETO Leis ou atos normativos estaduais ou municipais.

COMPETÊNCIA TJ

PARÂMETRO Constituição Estadual

EFEITOS DA DECISÃO EX TUNC, vinculante, ERGA OMNES.

Se a norma da CE for se reprodução obrigatória da CF, caberá RE ao


RE STF. Nesse caso, esse RE produzirá os mesmos efeitos de uma ADI
(vinculante, ERGA OMNES...)

Cláusula de reserva de plenário

Também chamada de “full bench”, é condição de eficácia jurídica da própria declaração de


inconstitucionalidade prevista constitucionalmente. Vejam a redação do art. 97 da CF.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os TRIBUNAIS declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público.

#SELIGUE Somente se aplica a cláusula de reserva de plenário se a decisão for pela inconstitucionalidade.
Assim, NÃO é preciso respeita-la em caso de:

(i) decisão pela constitucionalidade;

13 Art. 134 da CE da Bahia- São partes legítimas para propor ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
Estadual ou Municipal em face desta Constituição:
I - o Governador;
II - a Mesa da Assembleia Legislativa;
III - o Procurador Geral da Justiça;
IV - o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil;
V - partido político com representação na Assembleia Legislativa;
VI - federação sindical e entidade de classe de âmbito estadual;
VII - Prefeito ou Mesa de Câmara Municipal;
§ 1º - O Procurador Geral de Justiça será sempre ouvido nas ações diretas de inconstitucionalidade.

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(ii) juízo de recepção;

(iii) declaração de nulidade sem redução de texto ou interpretação conforme.

Também NÃO se aplica para (i) Juiz de 1ª instância; (ii) Juizados ou Turma Recursal.

#ATENÇÃO: Além dessas duas exceções, há julgados do STF no sentido de que seus órgãos
fracionários não se submeteriam à reserva de plenário, em caso de julgamento de recursos
extraordinários. (STF, RE 361829 - 2010).

• Deve ser aplicada tanto em controle difuso quanto em controle concentrado.

• Somente se aplica aos Tribunais.

• Se desrespeitada, haverá nulidade absoluta, por violar norma de repartição de competência funcional.

• A decisão do plenário VINCULA todos os órgãos fracionários daquele Tribunal, e não apenas aquele
que suscitou o incidente. No entanto, NÃO vincula o Juiz de 1º grau. EXCEÇÕES: (a) Se o Tribunal já
tiver decidido o tema; (b) Se o STF já tiver reconhecido a inconstitucionalidade, ainda que em controle
difuso;

#SÚMULASALVA

SV 10-STF: VIOLA a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de
Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

Súmula 513-STF: A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário NÃO é
a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmara, grupos ou
turmas) que completa o julgado.

#DEOLHONAJURIS

STF (929) Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo,
mesmo que seja para interposição de recurso extraordinário em processo de fiscalização normativa
abstrata.

STF (927) Coexistindo duas ADIs, uma ajuizada perante o tribunal de justiça local e outra perante
o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segunda – do STF – se

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preenchidas duas condições cumulativas:

1) se a decisão do Tribunal de Justiça for pela procedência da ação e

2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado sem


correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade
tenha correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle
abstrato de constitucionalidade.

STF (926) NÃO VIOLA a SV 10 a decisão de Turma do TRT que determina nomeação dos aprovados
no concurso em razão de preterição e diz que não se aplica, ao caso, o art. 25, § 1º, da Lei 8.987/95

STF (919 – tese de Repercussão Geral) É nula a decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar
o art. 94, II, da Lei nº 9.472/97, sem observar a cláusula de reserva de plenário (art. 97, da CF/88),
observado o art. 949 do CPC/2015.

STF (927) A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em curso, não
prejudica o conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma lei que nasceu claramente
inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos.

STF (930) Entre as competências constitucionalmente atribuídas ao CNJ, insere-se a


possibilidade de afastar, por inconstitucionalidade, a aplicação de lei aproveitada como base
de ato administrativo objeto de controle.

STF (918) Possibilidade de decretação, de ofício, da modulação dos efeitos da decisão proferida em
ADI

STF (915) CNJ não pode fazer controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo de forma a
substituir a competência do STF. Contudo, o CNJ pode determinar a correção de ato do Tribunal
local que, embora respaldado por legislação estadual, se distancie do entendimento do STF.

STF (905) Não cabe ADI contra decreto regulamentar de lei estadual

STF (899) Cabe ADI contra Resolução do CNMP

A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e abstrato, editado pelo Conselho
no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual constitui ato normativo primário,
sujeito a controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo Tribunal Federal.

STF (892) É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento

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de preceito fundamental (ADPF)

STF (887) O STF não admite a teoria da transcendência dos motivos determinantes

STF (886) Efeito vinculante de declaração incidental de inconstitucionalidade.

Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, essa decisão,
assim como acontece no controle abstrato, também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes.

Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte:
quando o STF declara uma lei inconstitucional, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e o
STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade
daquilo que foi decidido.

STF (857) É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental
de constitucionalidade.

STF (852): Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de
normas de reprodução obrigatória pelos estados.

STF (872) Não se admite ADI contra lei que teria violado tratado internacional não incorporado
ao ordenamento brasileiro na forma do art. 5º, § 3º da CF/88

O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI seja revogado
antes do julgamento da ação?

Regra: haverá perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI
1203).

Exceção 1: não haverá perda do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso fique demonstrado
que houve “fraude processual”, ou seja, que a norma foi revogada de forma proposital a fim de
evitar que o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos (STF ADI
3306).

Exceção 2: não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato impugnado
foi repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como não houve
desatualização significativa no conteúdo do instituto, não há obstáculo para o conhecimento da
ação.

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(STF, ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016. Info 824).

Exceção 3: caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente
que houve a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer, após o
julgamento, a prejudicialidade da ADI já apreciada.

STF. Plenário. ADI 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/10/2016. Info 845

STF (848): NÃO VIOLA a SV 10, nem a regra do art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracionário do
Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos
fatos.

STF (844): NÃO VIOLA o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a decisão de órgão fracionário do Tribunal
que declara inconstitucional decreto legislativo que se refira a uma situação individual e concreta.
Isso porque o que se sujeita ao princípio da reserva de plenário é a lei ou o ato normativo. Se o DL
tinha um destinatário específico e referia-se a uma dada situação individual e concreta, exaurindo-
se no momento de sua promulgação, ele não pode ser considerado como ato normativo, mas sim
como ato de efeitos concretos.

STJ (546): NÃO há ofensa à cláusula da reserva de plenário quando o órgão fracionário do Tribunal
reconhece a nulidade de um ato administrativo fundado em lei estadual, ainda que esse órgão
julgador tenha feito menção, mas apenas como reforço de argumentação, à inconstitucionalidade
da lei estadual.

9. Princípios constitucionais: conceitos, natureza jurídica e função. Interpretação: razoabilidade


e proporcionalidade. 9.1. Princípios constitucionais fundamentais: preâmbulo da Constituição,
soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa,
pluralismo político, república, federação, estado democrático de direito e separação de poderes. 9.2.
Princípio da igualdade: igualdade formal, proibição de discriminação, direito à diferença, políticas de
distribuição e reconhecimento, igualdade material, discriminação positiva e ações afirmativas, justiça,
solidariedade e desenvolvimento sustentável. 9.3. Objetivos e fundamentos do Estado Brasileiro.
9.4.Princípios reitores das relações internacionais do País.

#SELIGUE Preâmbulo e seu caráter não normativo, mas interpretativo: O STF já abordou o
tema e concluiu que o preâmbulo NÃO se situa no âmbito do direito, mas somente no âmbito da
política, transparecendo a ideologia do constituinte. Foi adotada, portanto, a Teoria da Irrelevância

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Jurídica e inadmitindo o ajuizamento de ações de controle de constitucionalidade cujo parâmetro


seja o texto preambular da CF, já que não é considerado norma constitucional.

E não esqueçam: existem mais 2 teorias sobre a natureza jurídica do preâmbulo:

-Teoria da Plena Eficácia (tem a mesma eficácia das demais normas constitucionais)

-Teoria da Relevância Jurídica Indireta (tem natureza jurídica, mas difere das demais normas
constitucionais), não adotadas, no entanto, pelo STF.

Objetivos fundamentais (art.


Fundamentos (art. 1º) Princípios (art. 4º)
3º)

I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos
I - construir uma sociedade humanos;
livre, justa e solidária; III - autodeterminação dos
II - garantir o desenvolvimento povos;
I - a soberania;
nacional; IV - não-intervenção;
II - a cidadania
III - erradicar a pobreza e V - igualdade entre os Estados;
III - a dignidade da pessoa a marginalização e reduzir
humana; VI - defesa da paz;
as desigualdades sociais e
IV - os valores sociais do regionais; VII - solução pacífica dos
trabalho e da livre iniciativa; conflitos;
IV - promover o bem de
V - o pluralismo político. todos, sem preconceitos de VIII - repúdio ao terrorismo e
origem, raça, sexo, cor, idade ao racismo;
e quaisquer outras formas de IX - cooperação entre os
discriminação. povos para o progresso da
humanidade;
X - concessão de asilo político.

Princípio da Igualdade

#CONCEITO Ações afirmativas (ou discriminações positivas) consistem em programas públicos ou


privados, em geral de caráter temporário desenvolvidos com a finalidade de reduzir desigualdades
decorrentes de discriminações, ou de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio de uma
concessão de alguma vantagem. Ações afirmativas são medidas especiais e concretas para assegurar
o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos, com o fito de garantir-lhes, em condições de
igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberdades fundamentais. (Art. 2°, II, da
Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da Organização das

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Nações Unidas, ratificada pelo Brasil em 1968). O conceito é trazido também pelo art. 1º, VI, do
Estatuto da Igualdade Racial (Lei n.º 12.288/2010).

#APOSTACICLOS #DEOLHONAJURIS Como o STF já se manifestou sobre as ações afirmativas? É


também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas. STF. Plenário.
RE 597285/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/5/2012 (repercussão geral) (Info 665).

Ações afirmativas e discriminação inversa (ou reversa)

As políticas de ações afirmativas acabam por discriminar, direta ou indiretamente, os grupos que
não foram por elas protegidos. Em outros termos, se são estabelecidas cotas para cargos públicos,
consequentemente, pela ótica inversa, haverá discriminação aos candidatos da ampla concorrência. Para
que não haja distorções, é preciso balizar as ações afirmativas pelo viés do princípio da proporcionalidade.

Assim, só serão constitucionais as ações afirmativas que se pautarem em fatores discriminantes


condizentes com as dificuldades dos beneficiários que a atuação estatal busca sanar. Por outro lado, com
a implantação das ações afirmativas busca-se a diminuição da assimetria existente, razão pela qual devem
ser marcadas também pela temporariedade.

#APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO O julgamento da ADI por omissão 26, sobre a criminalização


da homofobia, ainda não foi concluído, mas, já que temos 4 votos pela procedência e dada a
importância do tema para sua prova, você, aluno/a Ciclos, já fica atualizado/a:

“(...) o mandado de injunção dar interpretação conforme à Constituição, em face dos mandados
constitucionais de incriminação inscritos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da CF, para enquadrar
a homofobia e a transfobia, qualquer que seja a forma de sua manifestação, nos diversos
tipos penais da Lei 7.716/1989, até que sobrevenha legislação autônoma editada pelo Congresso,
seja por considerar-se, nos termos de seu voto, que as práticas homotransfóbicas se qualificam
como espécies do gênero racismo, na dimensão de racismo social consagrada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) no julgamento do HC 82.424/RS (caso Ellwanger), na medida em
que tais condutas importam em atos de segregação que inferiorizam os integrantes do grupo
LGBT, em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero, seja, ainda, porque tais
comportamentos de homotransfobia ajustam-se ao conceito de atos de discriminação e de
ofensa aos seus direitos e suas liberdades fundamentais.”

STF, Plenário, ADO 26/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 20 e 21.2.2019. (ADO-26) MI

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4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 20 e 21.2.2019. (MI-4733) (Info 931)

#DIFERENCIE O posicionamento do STF até hoje é pela aticipidade:

Proferir manifestação de natureza discriminatória em relação aos homossexuais NÃO configura o


crime do art. 20 da Lei nº 7.716/89, sendo conduta atípica.

STF. 1ª Turma. Inq 3590/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/8/2014 (Info 754).

Palestra proferida por Bolsonaro com críticas aos quilombolas e estrangeiros não configurou
racismo

O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no auditório de determinado clube e
ali fez críticas e comentários negativos a respeito dos quilombolas e também de povos estrangeiros. No
trecho mais questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado Paulista.
Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para
procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica
e mais material em implementos agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado,
você compra enxada, pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que?
Porque eles revendem tudo baratinho lá. Não querem nada com nada.” O STF entendeu que a conduta
de Bolsonaro não configurou o crime de  racismo  (art. 20 da Lei nº 7.716/89). As palavras por
ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de
também estarem cobertas pela imunidade parlamentar (art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso
não foi o de repressão, dominação, supressão ou eliminação dos quilombolas ou dos estrangeiros. O
pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de demarcação e proveito econômico das
terras e configuram manifestação política que não extrapola os limites da liberdade de expressão. Além
disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a sua função de parlamentar. Inclusive,
o convite para a palestra se deu em razão do exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a
sua visão geopolítica e econômica do País. Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas
na palestra com os pronunciamentos do parlamentar na Câmara dos Deputados, de sorte que incide a
imunidade parlamentar.

STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).

A incitação de ódio público feita por líder religioso contra outras religiões pode configurar
o crime de racismo

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A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. Assim, é possível, a
depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime de racismo (art. 20, §2º,
da Lei nº 7.716/89) por ter proferido discursos de ódio público contra outras denominações religiosas e
seus seguidores.

STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
6/3/2018 (Info 893).

#DIFERENCIE Caso Jonas Habib Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da
Igreja Católica, no qual ele faz críticas ao espiritismo e a religiões de matriz africana, como a umbanda
e o candomblé. O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela prática do art. 20, §
2º da Lei nº 7.716/89 (Lei do racismo). No caso concreto, o STF entendeu que não houve o crime.
A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos aspectos da liberdade religiosa é o direito que
o indivíduo possui de não apenas escolher qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo
religioso.  Proselitismo religioso significa empreender esforços para convencer outras pessoas a
também se converterem à sua religião. Desse modo, a prática do proselitismo, ainda que feita por
meio de comparações entre as religiões (dizendo que uma é melhor que a outra) não configura,
por si só, crime de racismo. Só haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for
de dominação, opressão, restrição de direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes
dos demais grupos. Por outro lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever de
ajudar os “inferiores” para que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual
e, neste caso não haverá conduta criminosa. Na situação concreta, o STF entendeu que o réu apenas fez
comparações entre as religiões, procurando demonstrar que a sua deveria prevalecer e que não houve
tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo. Pregar um discurso de que as religiões são desiguais e
de que uma é inferior à outra não configura, por si, o elemento típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para
haver o crime, seria indispensável que tivesse ficado demonstrado o especial fim de supressão ou redução
da dignidade do diferente, elemento que confere sentido à discriminação que atua como verbo núcleo do
tipo. STF. 1ª Turma. RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).14

É inconstitucional dispositivo que proíbe, no âmbito da programação das emissoras de


radiodifusão comunitária, a prática de proselitismo, ou seja, a transmissão de conteúdo tendente a
converter pessoas a uma doutrina, sistema, religião, seita ou ideologia (§ 1º do art. 4º da Lei nº 9.612/98).
O STF entendeu que essa proibição afronta os arts. 5º, IV, VI e IX, e 220, da Constituição Federal.
A liberdade de pensamento inclui o discurso persuasivo, o uso de argumentos críticos, o consenso e o

14 Fonte: Dizer o Direito: https://www.dizerodireito.com.br/2016/12/criticas-de-um-lider-religioso-outras.html

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debate público informado e pressupõe a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações.

STF. Plenário. ADI 2566/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
julgado em 16/5/2018 (Info 902).

A CF/88 prevê que “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental.” (art. 210, § 1º). O PGR ajuizou ADI pedindo que fosse
conferida interpretação conforme a Constituição ao art. 33, §§ 1º e 2º da LDB e ao art. 11, § 1º do acordo
Brasil-Santa Sé. O STF julgou improcedente a ADI e decidiu que o ensino religioso nas escolas públicas
brasileiras pode ter natureza confessional, ou seja, pode sim ser vinculado a religiões específicas.
A partir da conjugação do binômio Laicidade do Estado (art. 19, I) e Liberdade religiosa (art. 5º, VI), o
Estado deverá assegurar o cumprimento do art. 210, § 1º da CF/88, autorizando na rede pública, em
igualdade de condições o oferecimento de ensino confessional das diversas crenças, mediante requisitos
formais previamente fixados pelo Ministério da Educação. Assim, deve ser permitido aos alunos, que
expressa e voluntariamente se matricularem, o pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso
como disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, ministrada de acordo
com os princípios de sua confissão religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados a
partir de chamamento público e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público. Dessa
forma, o STF entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam oferecidas aulas de uma religião específica, que
ensine os dogmas ou valores daquela religião. Não há qualquer problema nisso, desde que se garanta
oportunidade a todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário. ADI 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso,
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017 (Info 879).

Constitucionalidade do sistema de cotas com critério étnico-racial

O sistema de cotas em universidades públicas, com base em critério étnico-racial, é CONSTITUCIONAL.


No entanto, as políticas de ação afirmativa baseadas no critério racial possuem natureza transitória.

STF. Plenário. ADPF 186/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 25 e 26/4/2012 (Info 663).

É também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas. STF. Plenário.
RE 597285/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/5/2012 (repercussão geral) (Info 665).

É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento
de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. É possível
também que a Administração Pública adote um controle heterônomo, sobretudo quando existirem
fundadas razões para acreditar que houve abuso na auto declaração. Assim, é legítima a utilização de
critérios subsidiários de heteroidentificação dos candidatos que se declararam pretos ou pardos.

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STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868).

Vale ressaltar as Forças Armadas integram a Administração Pública Federal, de modo que a vagas
oferecidas nos concursos por elas promovidos sujeitam-se à política de cotas prevista na Lei 12.990/2014.
STF.

Plenário. ADC 41 ED, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/04/2018.

Idosos que gozam de gratuidade no transporte coletivo, além de não pagarem a passagem,
também são isentos das tarifas de pedágio e de utilização dos terminais

A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2
(dois) salários-mínimos, prevista no art. 40, I, do Estatuto do Idoso, não se limita ao valor das passagens,
abrangendo eventuais custos relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas
de pedágio e de utilização dos terminais.

STJ. 1ª Turma. REsp 1.543.465-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/12/2018 (Info
641).

10. Direitos e garantias fundamentais: teoria geral dos direitos fundamentais, conceito, evolução,
características, classificações, titularidade e destinatários, eficácia, restrições, conflitos, colisões e
interpretação. 10.1.Direitos e deveres individuais e coletivos em espécie. 10.2. Proteção judicial dos
direitos fundamentais: as ações constitucionais. 10.3. Proteção não judicial dos direitos fundamentais:
direito de resistência, desobediência civil e direito de petição a quaisquer órgãos públicos. 10.4.
Direitos sociais. 10.5.Direito de nacionalidade. Condição jurídica do estrangeiro no Brasil. Condição
jurídica dos migrantes no Brasil. 10.6. Direitos políticos. Democracia: democracia antiga e moderna,
democracia direta, indireta ou representativa e democracia participativa. Mecanismos constitucionais
de participação popular: plebiscito, referendo e iniciativa popular e demais formas de participação
popular nos demais Poderes. 10.7. Partidos políticos.

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

São direitos ou posições jurídicas que investem os seres humanos, individual


ou coletivamente considerados, em um conjunto de prerrogativas,
Conceito
faculdades e instituições imprescindíveis para assegurar uma existência
digna, livre, igual e fraterna entre todas as pessoas.

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1ª Dimensão Direitos civis e políticos.


2ª Dimensão Direitos sociais, econômicos e culturais.
Dimensões
3ª Dimensão Direitos de solidariedade e fraternidade.
4ª Dimensão Globalização (não é pacífico).

Passivo: o sujeito está subordinado aos poderes estatais.


Teoria dos 4 Status Ativo: sujeito pode participar da formação da vontade do Estado.
(JELLINEK) Negativo: ao sujeito é assegurada uma esfera indevassável ao Estado.
Positivo: sujeito tem direito de pedir certas prestações ao Estado.

Cabe ao aplicador apenas explicitar os limites


que já estão contidos na própria estrutura do
TEORIA INTERNA direito. Assim, interpretando-se corretamente
os direitos, não haverá efetiva colisão entre
eles.

É possível efetiva colisão entre direitos


TEORIA EXTERNA fundamentais, tornando-se necessária a
restrição de um deles.
Restrições
Embora se admita a restrição de direitos
fundamentais, há um conteúdo mínimo que
não pode ser atacado. Assim, há limite para
LIMITE DOS LIMITES a limitação de direitos, que não podem ser
(LIMITES descaracterizados. Requisitos para restringir
IMANENTES) um direito fundamental: a) respeitar o
núcleo essencial; b) previsão em texto
infraconstitucional; c) restrição de caráter
geral e abstrato; d) proporcional.

(a) Relatividade; (b) Universalidade; (c) Aplicabilidade imediata; (d)


Características
Atipicidade; (e) Indisponibilidade; (f ) Imprescritibilidade.

Vertical incidem na relação entre sujeito e Estado;


Horizontal incidem na relação entre sujeitos privados;
Eficácia
Diagonal incidem na relação entre privados em posição de desigualdade.
Ex.: consumidor e fornecedor.

PRINCIPAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE (art. 5º, CF/88)

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos


Igualdade
desta Constituição;

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II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão


Legalidade
em virtude de lei;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
Liberdade de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
expressão
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo
da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


Direito de resposta
indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o


livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa
Liberdade religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa
ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-
se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


Privacidade pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

Liberdade XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas


profissional as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de


caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;
Liberdade de XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter
associação suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro
caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

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Direito adquirido, ato


XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e
jurídico perfeito e
a coisa julgada;
coisa julgada

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça


a direito;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Direitos
fundamentais LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
processuais competente;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;

DIMENSÃO OBJETIVA DIMENSÃO SUBJETIVA

Direito fundamental como norma cogente e Direito fundamental dentro de uma relação
irradiante, como norte e limite considerando-se jurídica, considerando-se um titular e um
o direito de forma abstrata. destinatário, de forma concreta.

EFICÁCIA VERTICAL EFICÁCIA HORIZONTAL EFICÁCIA DIAGONAL

Se refere à aplicação dos direitos


fundamentais na relação entre
Se refere à aplicação dos direitos Se refere à aplicação dos direitos
os particulares, sendo que, tais
fundamentais na relação entre fundamentais na relação entre
particulares estão em nível de
o Estado e os particulares. os particulares.
desigualdade, havendo uma
parte mais vulnerável.

Limites dos direitos fundamentais: teorias interna e externa

TEORIA INTERNA TEORIA EXTERNA

Não há conflito entre direitos fundamentais, os


É o conflito entre os direitos fundamentais que
limites já existem nos próprios direitos em sei
os limitam no caso concreto, os limites surgem,
mesmo. E tais limites são encontrados em uma
portanto, de uma operação externa, devendo o
operação interna, que delimita o conteúdo dos
conflito ser solucionado por proporcionalidade.
direitos.

Conteúdo e limites para o exercício do direito se Não há confusão entre o conteúdo do direito e
confundem. os limites para seu exercício.

E o limite dos limites (limites imanentes)? Embora se admita a restrição de direitos fundamentais, há

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um conteúdo mínimo que não pode ser atacado. Assim, há limite para a limitação de direitos, que não
podem ser descaracterizados. Requisitos para restringir um direito fundamental: a) respeitar o núcleo
essencial; b) previsão em texto infraconstitucional; c) restrição de caráter geral e abstrato; d) proporcional.

Núcleo essencial dos direitos fundamentais: teoria absoluta x relativa

TEORIA ABSOLUTA TEORIA RELATIVA

O conteúdo essencial dos direitos fundamentais


O conteúdo essencial dos direitos fundamentais é
é estático e definido a priori. Considera que cada
variável, sendo definido no conflito entre direitos.
direito fundamental tem uma zona intocável
Não há definição a priori, mas concreta.
pré-determinada.

Inviolabilidade domiciliar

O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito,
para que seja válido, necessita que haja fundadas razões ( justa causa) que sinalizem a ocorrência
de crime no interior da residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo
agente, embora pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não
configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento
e sem determinação judicial.

STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).

A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que dentro
da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados.

STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral)
(Info 806).

Sigilo de dados e direito à privacidade

Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser
mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os dados
obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI).

STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 899).

Liberdade de expressão

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Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo
biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares.

STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

Cabe reclamação contra decisão judicial que determina retirada de matéria jornalística de
site

O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de expressão,
em razão da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive por via judicial. No
julgamento da ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações jornalísticas, bem como
tornou excepcional qualquer tipo de intervenção estatal na divulgação de notícias e de opiniões. A
liberdade de expressão desfruta de uma posição preferencial no Estado democrático brasileiro, por ser
uma pré-condição para o exercício esclarecido dos demais direitos e liberdades. A retirada de matéria
de circulação configura censura em qualquer hipótese, o que se admite apenas em situações
extremas. Assim, em regra, a colisão da liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve
ser resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. Diante disso, se uma decisão
judicial determina que se retire do site de uma revista determinada matéria jornalística, esta decisão viola
a orientação do STF, cabendo reclamação.

STF. 1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893).

Ações constitucionais

Habeas corpus

- Motivo: violência ou coação da liberdade de locomoção;

- Quem pode usar: qualquer pessoa; o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa,
em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público (ART. 654 DO CPP).

- Quem pode sofrer a ação: qualquer um que use de ilegalidade ou abuso de poder.

- Modos de HC: Preventivo: Caso haja ameaça de sofrer a coação; Repressivo: Caso esteja sofrendo
a coação.

- Custas: (LXXVII) São gratuitas as ações de “habeas-corpus”;

#SELIGANASSÚMULAS

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STF – Súmula nº 693: Não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em que a pena pecuniária seja a única cominada. (Isso porque Habeas Corpus é para
discutir a liberdade de alguém. Não serve para discutir multa e penas em dinheiro).

STF – Súmula nº 695: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
(Se a pena que privava a pessoa da liberdade já foi extinta. Para que se quer um habeas corpus?).

STF - Súmula nº 606: Não cabe impetração de “habeas corpus” para o plenário contra decisão
colegiada de qualquer das Turmas (ou do próprio Pleno) do STF, ainda que resultante do julgamento
de outros processos de “habeas corpus” ou proferida em sede de recursos em geral, inclusive
aqueles de natureza penal.

- CF, Art. 142 § 2º: Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Embora
a CF expresse que não cabe HC contra punições disciplinares, o STF tem flexibilizado a situação
quando a punição privativa de liberdade foi imposta de forma ilegal.

- É cabível habeas corpus inclusive quando a liberdade de locomoção puder ser afetada indiretamente,
por exemplo, contra a quebra de sigilo bancário, caso dela possa resultar processo penal que leve
à sentença de prisão.

- Diferentemente do Mandado de Segurança que só pode ser impetrado quando alguém estiver
se valendo de sua prerrogativa de “direito público”, o habeas corpus pode ser impetrado contra
qualquer pessoa que estiver coagindo alguém de sua liberdade de locomoção.

Mandado de segurança

- Motivo: proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD.

- Quem pode usar: qualquer pessoa (PF, PJ ou até mesmo órgão público – independente ou
autônomo) seja na forma preventiva ou repressiva.

- Quem pode sofrer a ação: autoridade pública ou agente de PJ no exercício de atribuições do


poder público que use de ilegalidade ou abuso de poder. Segundo a Lei 12.016/09, equiparam-se
às autoridades: os representantes ou órgãos de partidos políticos; os administradores de entidades
autárquicas; os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do
poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

- Modos de MS: Individual: impetrado em nome de uma única pessoa; Coletivo: impetrado por:
a) partido político com representação no CN; b) organização sindical; c) entidade de classe; ou d)
associação, desde que esta esteja legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um

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ano.

- Prazo: O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 dias (prazo
decadencial) contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Obs.: Este prazo de 120 dias
não se aplica, obviamente, ao MS preventivo, pois a lesão ainda nem ocorreu.

- Segundo a Lei 12.016/09, não cabe mandado de segurança contra:

- Os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de


sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

- Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

- Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

- Decisão judicial transitada em julgado.

#SELIGANASSÚMULAS

STF – Súmula nº 625: Controvérsia sobre matéria de direito não impede a concessão de mandado
de segurança (veja que a matéria de fato alegada deve ser incontroversa, líquida e certa. Porém,
nada impede que o direito em que este fato esteja se baseando seja controverso, complexo, por
exemplo, uma lei que esteja sendo objeto de impugnação).

STF – Súmula nº 429: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o
uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.

STF – Súmula nº 266: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. (Não se pode usar o MS
para impugnar diretamente uma lei, pois isto é privativo da ação direta de inconstitucionalidade).

STF – Súmula nº 267: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recursos ou
correição.

STF - Súmula nº 268: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado.

STF - Súmula nº 629: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor dos associados independe da autorização destes (veja que diferentemente do que
ocorre na representação processual, em se tratando de MS coletivo - substituição processual - basta
autorização genérica, o que se dá com o simples ato de filiação, prescindindo-se que a entidade

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esteja expressamente autorizada para tal).

STF - Súmula nº 630: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

STF – Súmula nº 430: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para
o mandado de segurança.

STF – Súmula nº 623: É constitucional a lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
mandado de segurança (120 dias).

- Competências: STF – Súmula nº 624: Não compete ao STF conhecer originariamente o mandado
de segurança contra atos de outros tribunais (a competência para apreciar o mandado de segurança
contra atos e omissões de tribunais é do próprio tribunal).

O STF deferiu mandado de segurança impetrado por pesquisador que queria ter acesso aos áudios
das sessões de julgamento do STM ocorridas na década de 1970, época do regime militar. A recusa do
STM está em descompasso com a ordem constitucional vigente, que garante o acesso à informação
como direito fundamental. (Info 857).

É possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de constitucionalidade
de projeto que tramita no Congresso Nacional e o declare inconstitucional, determinando seu
arquivamento? Em regra, não. Existem, contudo, duas exceções nas quais o STF pode determinar
o arquivamento da propositura: a) proposta de emenda constitucional que viole cláusula pétrea; b)
proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja ocorrendo com violação
às regras constitucionais sobre o processo legislativo. (Info 711).

É possível a intervenção de amicus curiae em um processo de mandado de segurança? NÃO. (Info


755)

Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do Conselho Nacional de
Justiça, por não se tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por outro
órgão do Judiciário. (Info 840)

O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao
pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à
arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais. (Info 790).

A intimação pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de habeas corpus só é


necessária se houver pedido expresso para a realização de sustentação oral. STF. 2ª Turma. HC

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134.904/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/9/2016 (Info 839). #VAICAIR

Não é cabível ação de exibição de documentos que tenha por objeto a obtenção de informações
detidas pela Administração Pública que não foram materializadas em documentos (eletrônicos ou
não), ainda que se alegue demora na prestação dessas informações pela via administrativa. (Info
575).

Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do
trânsito em julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão criminal.
A nulidade não suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através de habeas
corpus, no afã de superar a preclusão, sob pena de transformar o writ em sucedâneo da revisão
criminal. (Info 837).

Em outubro/2004, a parte impetrou mandado de segurança no STF. O writ foi proposto depois que
já havia se passado mais de 120 dias da publicação do ato impugnado. Dessa forma, o Ministro
Relator deveria ter extinguido o mandado de segurança sem resolução do mérito pela decadência.
Ocorre que o Ministro não se atentou para esse fato e concedeu a liminar pleiteada. Em março/2017,
a 1ª Turma do STF apreciou o mandado de segurança. O que fez o Colegiado? Extinguiu o MS sem
resolução do mérito em virtude da decadência? NÃO. A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS
foi impetrado fora do prazo, no entanto, como foi concedida liminar que perdurou por mais de 12
anos, os Ministros entenderam que deveria ser apreciado o mérito da ação, em nome da segurança
jurídica. (Info 859).

Não é cabível a interposição de recurso ordinário contra decisão monocrática do relator no Tribunal
que denegou o MS.

MANDADO DE INJUNÇÃO

- Serve para tutelar a falta, total ou parcial, de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício
de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e
cidadania.

- Regramento muito similar à Lei de Mandado de Segurança;

- Lei falou expressamente em MP e Defensoria Pública como legitimados.

- Procedimento: segue a mesma lógica do mandado de segurança.

- Embora o STF estivesse adotando a TEORIA CONCRETISTA DIRETA E GERAL, a lei do mandado
de injunção adotou a TEORIA CONCRETISTA INTERMEDIÁRIA INDIVIDUAL, exceto quando se
comprova que o impetrado deixou de atender, em MI anterior, ao prazo estabelecido (nesse caso,

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adota-se a decisão concretista direta). Além disso, poderá ser conferida eficácia ULTRA PARTES
ou ERGA OMNES quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, liberdade ou
prerrogativa objeto do mandado de injunção.

- Na hipótese de superveniência da norma regulamentadora, o MI será prejudicado. Se a


superveniência for posterior ao trânsito em julgado, aplica-se a nova lei, sem modificar os efeitos já
produzidos pela decisão do MI, salvo se a norma superveniente for mais favorável.

MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO

Natureza e finalidade
Natureza e finalidade
A finalidade é declarar que há uma omissão, já
Trata-se de processo no qual é discutido um
que não existe determinada medida necessária
direito subjetivo. A finalidade é viabilizar o
para tornar efetiva uma norma constitucional.
exercício de um direito. Há, portanto, controle
Temos, portanto, processo objetivo, em que há
concreto de constitucionalidade.
controle abstrato de constitucionalidade.

Cabimento
Cabimento
Cabível quando faltar norma regulamentadora
Cabível quando faltar norma regulamentadora
de direitos e liberdades constitucionais e das
relacionada com qualquer norma constitucional
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
de eficácia limitada.
soberania e à cidadania.

Legitimados ativos
MI individual: pessoas naturais ou jurídicas que Legitimados ativos
se afirmam titulares dos direitos, das liberdades Os legitimados da ADI por omissão estão
ou das prerrogativas. descritos no art. 103 da CF/88.
MI coletivo: art. 12 da Lei nº 13.300/16.

Competência Competência
A competência para julgar a ação dependerá da Se relacionada com norma da CF/88: STF.
autoridade que figura no polo passivo e que
possui atribuição para editar a norma. Se relacionada com norma da CE: TJ.

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Efeitos da decisão
Reconhecido o estado de mora legislativa, será
deferida a injunção para:
I - Determinar prazo razoável para que o
impetrado promova a edição da norma
regulamentadora; Efeitos da decisão
II - Estabelecer as condições em que se dará o Declarada a inconstitucionalidade por omissão, o
exercício dos direitos, das liberdades ou das Judiciário dará ciência ao Poder competente para
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, que este adote as providências necessárias.
as condições em que poderá o interessado Se for órgão administrativo, este terá um prazo
promover ação própria visando a exercê-los, de 30 dias para adotar a medida necessária.
caso não seja suprida a mora legislativa no prazo
determinado. Se for o Poder Legislativo, não há prazo.
Obs.: será dispensada a determinação a que
se refere o inciso I quando comprovado que o
impetrado deixou de atender, em mandado de
injunção anterior, ao prazo estabelecido para a
edição da norma.

#DEOLHONASSÚMULAS

Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada
de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.

Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar
a pena-base.

Súmula 654-STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5°, XXXVI, da Constituição da
República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.

Súmula 280-STJ: O art. 35 do Decreto-Lei nº 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa,
foi revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5º da Constituição Federal de 1988.

Súmula vinculante 25-STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
do depósito.

Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5°, LXXII, letra “a”) se não houve recusa de
informações por parte da autoridade administrativa.

Desobediência Civil

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#CONCEITO Desobediência civil é um conceito voltado aos movimentos sociais que Paulo
Bonavides chama de grupos de pressão, que é um dos elementos da democracia. Assim, é
um conceito da democracia. Não é um conceito antidemocrático e não é um conceito de revolução.
Segundo John Rawls, é um ato político, público, não violento e consciente contra a lei
realizado com o fim de provocar mudanças nas leis ou nas políticas do governo. Percebe-se
que é uma forma de constatação que fica no limite da fidelidade a lei.

Rawls classifica duas formas de desobediência civil: a) direta e b) indireta.

A desobediência civil direta se relaciona com o próprio ato contra o qual se insurge, exemplo:
no referente aos protestos de junho de 2013 percebeu-se que tudo começou em São Paulo, local
onde houve movimento dos estudantes contrário ao aumento da passagem dos ônibus. É possível
considerar esse momento como exemplo de desobediência civil direta, ou seja, relacionada àquele fato,
àquela obrigação; desobedecia-se ao dever de pagar a passagem, pois se era contra aquela gestão do
aumento das passagens.

Já a desobediência indireta seria o que o movimento se transformou, ou seja, a ocupação


de prédios, a ida as ruas, a paralisação de serviços. Visando inúmeros objetivos, que vão desde a
representação política até educação e saúde.

#SÚMULASALVA #SELIGANASÚMULA

Súmula 280 STJ: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa,
foi revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.

Súmula 419 STJ: Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.

Súmula vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do
depósito.

Súmula 654 STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da
República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.

Condição jurídica dos estrangeiros no Brasil

#CONCEITO Refugiado: pessoa que sofre ou teme sofrer, em seu Estado de origem, perseguição
por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas e que, por esses
motivos, deixa esse Estado e procura proteção em outro, não podendo ou não devendo voltar ao

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Estado de onde veio, onde sua integridade se encontra em risco.

#IMPORTANTE: Princípio do non-refoulement (proibição de expulsão ou de rechaço): não se


admite que o refugiado seja enviado de volta ao Estado de onde proveio e em que corre risco de
perseguição ou de vida.

#SELIGUENAJURIS O STF (RE 587.970, com repercussão geral) fixou a tese de que os estrangeiros
residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da
Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.

Ministro da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização. (STF. Info 694).

Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o greencard decidir adquirir a nacionalidade
norte-americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira e poderá ser extraditado pelo Brasil. (STF.
Info 822 e 859)

CONARE

No Brasil, a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados foi aprovada pelo Decreto Legislativo n.
11 de 1960, com exclusão de seus arts. 15 (direito de associação) e 17 (exercício de atividade profissional
assalariada). Pelo Decreto n. 99.757, de 1990, o Governo Brasileiro retirou as reservas aos arts. 15 e 17 da
Convenção.

A decisão que concede o refúgio, apesar de competir a órgão vinculado ao Poder Executivo
(CONARE), está sujeita a controle jurisdicional (info. 558 do STF).

No mesmo sentido, o STJ reafirmou a possibilidade de controle judicial dos atos do CONARE que
concederam refúgio no Brasil. Entretanto, o STJ destaca que o Poder Judiciário deve limitar-se a analisar
as questões de legalidade do procedimento de concessão do refúgio, sem apreciar o acerto ou desacerto
da decisão do CONARE, incumbido legalmente de tal mister, sob pena de invadir o mérito da decisão
administrativa.

Lei de Migração nº 13.445/2017

Com a nova Lei de Migrações, o estrangeiro passa a ter garantido expressamente o direito de
reunião para fins

pacíficos (art. 4º, VI) e direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos (art. 4º, VII)

Art. 30. A residência poderá ser autorizada, mediante registro, ao imigrante, ao residente fronteiriço

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ou ao visitante que se enquadre em uma das seguintes hipóteses: (...) § 3 o Nos procedimentos
conducentes ao cancelamento de autorização de residência e no recurso contra a negativa de
concessão de autorização de residência devem ser respeitados o contraditório e a ampla defesa.

Art. 33. Regulamento disporá sobre a perda e o cancelamento da autorização de residência em


razão de fraude ou de ocultação de condição impeditiva de concessão de visto, de ingresso ou de
permanência no País, observado procedimento administrativo que garanta o contraditório e a ampla
defesa.

Art. 48. Nos casos de deportação ou expulsão, o chefe da unidade da Polícia Federal poderá representar
perante o juízo federal, respeitados, nos procedimentos judiciais, os direitos à ampla defesa e ao
devido processo legal.

Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem respeitar o contraditório e a ampla


defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo.

Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa

11. Organização política do Estado: a) formação, desenvolvimento, evolução, soberania,


globalização, comunidades internacionais); b) Estado Federal: conceito, surgimento, evolução e
características; c) Federação brasileira: componentes, repartição de competências e intervenção.
11.1. União: natureza jurídica, competências e bens. 11.2. Estados federados: natureza jurídica,
competências, autonomia, capacidade de auto-organização e seus limites, Constituição Estadual
e seus elementos e organização política do Estado de São Paulo: constituição do estado de São
Paulo. 11.3. Municípios: natureza jurídica, criação, competências, autonomia, capacidade de auto-
organização e seus limites, lei orgânica e seus elementos, regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões. 11.4. Distrito Federal e Territórios.

• FEDERALISMO DUAL – a separação de atribuições entre os entres federativos é extremamente rígida,


não se falando em cooperação X FEDERALISMO COOPERATIVO – as atribuições são exercidas de
modo comum e concorrente. O modelo brasileiro pode ser classificado como federalismo cooperativo.

• CARACTERÍSTICAS DO ESTADO FEDERADO: descentralização política, repartição de competência,


constituição rígida, inexistência do direito de secessão, soberania do Estado federal, intervenção em
tempos de crise, auto-organização dos Estados-membros, órgão representativo dos Estados-membros
(Senado federal), guardião da Constituição federal (STF) e repartição de receitas.

Federação Brasileira

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• Forma de governo  República

• Forma de Estado  Federação

• Sistema de governo presidencialista

• Característica  Estado democrático de Direito

• Entes componentes da federação  União, Estados, DF e Municípios.

Nosso federalismo surge através de uma origem denominada de centrífuga (ou federalismo por
segregação). Inicialmente, o Brasil era um Estado unitário que se segregou criando unidades
menores.

Sobre a intervenção federal e estadual é suficiente o conhecimento do texto da Constituição.

Repartição de competência:

• HORIZONTAL - É a técnica na qual há uma distribuição estanque (fechada) de competência entre os


entes, ou seja, cada ente terá suas competências definidas de forma enumerada e específica, não as
dividindo com nenhum outro ente. Esta técnica advém do federalismo dual ou clássico.

• VERTICAL– Técnica na qual dois ou mais entes vão atuar conjuntamente ou concorrentemente para
uma mesma matéria. A repartição vertical surge na Constituição Alemã de Weimar de 1919. No Brasil,
aparece pela primeira vez na Constituição de 1934. Atualmente, ela existe na Constituição de 1988.
Essa técnica advém do modelo de federalismo cooperativo ou de integração. A repartição vertical,
é bom que se diga, pode ser desenvolvida de duas formas ou espécies. São elas, a repartição vertical
cumulativa e repartição vertical não cumulativa.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas as demais, SEM


EXCLUSIVAS
possibilidade de delegação.

Da União (artigo 22 e parágrafo único). Pode ser delegada aos Estados para
PRIVATIVAS
legislarem sobre determinada matéria, por meio de Lei Complementar.

Atribuída a mais de um ente federado com atuação em níveis distintos.


CONCORRENTES Os municípios estão excluídos, cabe somente a União, Estados e Distrito
(artigo 24) Federal, que poderão legislar concorrentemente sobre os assuntos constantes
no artigo 24, mas, NÃO há superposição.

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§§ 1º a 4º - À União competem às normas gerais; os Estados têm competência


suplementar; se a União não emitir as normas gerais, os Estados poderão exercer
a competência plena sobre o assunto; se após o exercício da competência
plena dos Estados, surgir, supervenientemente, regulamentação sobre normas
gerais da União, a norma dos Estados terá a eficácia suspensa (não revoga
nem torna inválida no que contradiz a União, pois não há hierarquia entre
elas. Não há repristinação).

Conferida a determinado ente para complementar as normas gerais dispostas


por outro ou para suprir a ausência dessas normas gerais. Artigo 24, § 2º trata
SUPLEMENTARES
da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS ESTADOS e o art. 30, II fala
da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS

#SELIGANASSÚMULAS Súmula Vinculante 2: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual


ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

Súmula Vinculante 38: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de


estabelecimento comercial.

Súmula Vinculante 39: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros
das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.

Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das


respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

Súmula 19: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da


União.

Súmula 637 do STF: não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que
defere pedido de intervenção estadual em município.

#DEOLHONAJURIS

É concorrente a competência para lei que obriga as empresas prestadoras de serviços de televisão
a cabo, por satélite ou digital, a fornecerem previamente ao consumidor informações sobre
a identificação dos profissionais que prestarão serviços na sua residência. Trata-se de matéria
de segurança do consumidor e não de telecomunicações, por isso a lei é constitucional

STF. Plenário, ADI 5745/RJ, (Info 929).

Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em presídio invade a

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competência da União para legislar sobre telecomunicações.

STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, ADI 5356/MS, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio,

ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI 4861/SC, Rel. Min. Gilmar
Mendes,

julgados em 3/8/2016 (Info 833).

Viola a competência privativa da União lei estadual que exija nova certidão negativa não
prevista na Lei 8.666/93

É inconstitucional lei estadual que exija Certidão negativa de Violação aos Direitos do Consumidor
dos interessados em participar de licitações e em celebrar contratos com órgãos e entidades
estaduais. Esta lei é inconstitucional porque compete privativamente à União legislar sobre normas
gerais de licitação e contratos (art. 22, XXVII, da CF/88).

STF. Plenário. ADI 3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838)

Lei estadual pode fixar número máximo de alunos por sala de aula

A competência para legislar sobre educação e ensino é concorrente (art. 24, IX, da CF/88). No
âmbito da legislação concorrente, a União tem competência apenas para estabelecer as normas
gerais (§ 1º) e os Estados podem suplementar (complementar, detalhar) a legislação federal (§ 2º).
As normas gerais sobre educação foram editadas pela União na Lei 9.394/96 (LDB).

Determinado Estado-membro editou uma lei prevendo o número máximo de alunos que poderiam
estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes. O STF entendeu que
essa lei é constitucional e que não usurpa a competência da União para legislar sobre normas gerais
de educação.

STF. Plenário. ADI 4060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/2/2015 (Info 775).

Os Municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local, ainda que,
de modo reflexo, tratem de direito comercial ou do consumidor.

É constitucional lei municipal que proíbe a conferência de mercadorias realizada na saída de


estabelecimentos comerciais localizados na cidade.

A Lei prevê que, após o cliente efetuar o pagamento nas caixas registradoras da empresa instaladas,
não é possível nova conferência na saída. Os Municípios detêm competência para legislar sobre
assuntos de interesse local (art. 30, I, da CF/88), ainda que, de modo reflexo, tratem de direito

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comercial ou do consumidor.

STF. 2ª Turma. RE 1.052.719 AgR/PB, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 25/9/2018 (Info 917).

Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles
motorizados ou não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana
do Município.

Essa lei municipal invade a competência da União.

O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de expansão urbana de


seu território, transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à exaustão, diretrizes para a
política agropecuária, o que inclui o transporte de animais vivos e sua fiscalização.

Além disso, sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção aos animais, o legislador
municipal impôs restrição desproporcional.

Esta desproporcionalidade fica evidente quando se verifica que a legislação federal já prevê uma
série de instrumentos para garantir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao consumo
pela população e, de outro, a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no
transporte quanto no seu abate.

STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 11/10/2018 (Info
919)

União é ré em ação proposta por Policial Civil do DF buscando gratificação. (Info 748)

Deve ser deferido pedido de intervenção federal quando verificado o descumprimento pelo Estado,
sem justificativa plausível e por prazo desarrazoado, de ordem judicial que tenha requisitado força
policial para promover reintegração de posse em imóvel rural ocupado pelo MST, mesmo que, no
caso, tenha se consolidado a invasão por um grande número de famílias e exista, sem previsão de
conclusão, procedimento administrativo de aquisição da referida propriedade pelo INCRA para fins
de reforma agrária. (Info 550 STJ)

Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-membro que tenha deixado de pagar
precatórios é necessário que fique comprovado que esse descumprimento é voluntário e intencional.
Se ficar demonstrado que o ente não pagou por dificuldades financeiras não há intervenção. STF.
Plenário.

É necessária a edição de LC federal para que possam ser criados novos municípios. (Info 758).

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Intervenção

12. Organização administrativa do Estado: a) Administração Pública: noção, princípios, normas e


organização; b) servidores públicos civis e militares: regime jurídico constitucional.

Ponto abordado na matéria de Direito Administrativo.

13. Organização funcional do Estado: a) princípio da separação dos poderes: essência, evolução,
significado e atualidade; b) controles interorgânicos e funções típicas e atípicas de cada poder.
13.1. Poder Legislativo: a) funções, organização e funcionamento; b) atos parlamentares; c) espécies
normativas; d) processo legislativo; e) estatuto dos congressistas; f ) regimentos parlamentares; g)
Tribunal de Contas. 13.2. Poder Executivo: a) sistemas de governo: presidencialismo e parlamentarismo
e suas características; b) Presidente da República, Governadores e Prefeitos: eleição, reeleição, perda
do mandato, impedimento, substituição, sucessão, vacância, responsabilidade e atribuições; c)
Ministros de Estado, Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional. d) Edição de medidas
provisórias e poder regulamentar. 13.3. Poder Judiciário: a) funções, organização, competências e
funcionamento; b) estatuto da magistratura e seus princípios informativos; c) garantias institucionais
da função judicial; d) jurisdição constitucional do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo; d) súmula vinculante; e) repercussão geral e f ) Conselho Nacional de
Justiça.

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Estatuto dos Parlamentares

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos. IMUNIDADE MATERIAL.

§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento


perante o STF.

§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional NÃO poderão ser presos,
SALVO em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas
à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o
STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do
seu recebimento pela Mesa Diretora.

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas


ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações.

§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em


tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser


suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados
fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

CPI PODE CPI NÃO PODE

Notificar testemunhas, investigados e


Impor sanção
convidados

Determinar a condução coercitiva de


Cassar mandato
testemunha

Realizar perícia, exames e vistorias Não tem poder geral de cautela

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Prender em flagrante Determinar interceptação telefônica

Afastar sigilo bancário, fiscal e de REGISTRO


Determinar busca e apreensão domiciliar.
telefônico

Art. 58, § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação


próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas,
serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

#SELIGANASÚMULA Súmula 245-STF: A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem


essa prerrogativa.

Súmula 397-STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de
crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante
do acusado e a realização do inquérito.

Súmula 653-STF: No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem
ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo
a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro à
sua livre escolha.

Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se
o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Súmula 6-STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qual- quer
outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele
tribunal, ressalvada a competência revisora do judiciário.

#DEOLHONAJURIS: O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares, por
autoridade própria, as medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de
prisão em flagrante delito por crime inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas
menos gravosas; seja autonomamente, em circunstâncias de excepcional gravidade. Obs.: no caso

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de Deputados Federais e Senadores, a competência para impor tais medidas cautelares é do STF
(art. 102, I, “b”, da CF/88). Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a medida cautelar imposta
pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado Federal ou Senador exerça o seu
mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão, no prazo de 24 horas,
à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva Casa delibere se a medida
cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impor a Deputado
Federal ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se
a medida imposta impedir, direta ou indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu
mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar
que havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da
CF/88 também para as medidas cautelares diversas da prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig.
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info 881).

Poder Executivo

Sucessão em sentido estrito = DEFINITIVA

(Há vacância do cargo: morte, renúncia, Substituição = TEMPORÁRIA


condenação por crime de responsabilidade);

VICE  PRESIDENTE CÂMARA  PRESIDENTE


Apenas o VICE pode!
SENADO  PRESIDENTE STF.

Réu em processo criminal NÃO pode assumir, como substituto, o cargo de Presidente da República,
embora possa continuar na chefia do Poder por eles titularizados. STF (2016 – 850

Mandato-Tampão

VACÂNCIA DOS CARGOS DE VACÂNCIA DOS CARGOS DE


PR E VICE PR E VICE
2 PRIMEIROS ANOS DO 2 ÚLTIMOS ANOS DO
MANDATO MANDATO

INDIRETA
DIRETA
ELEIÇÃO (votam apenas os Deputados e
(feita pelo povo)
Senadores)

dias a contar da última 30 dias a contar da última


PRAZO
vacância vacância

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- Vale ressaltar que o STF tem entendimento sedimentado de que o art. 81, §1º, da CF (regramento da
sucessão presidencial no caso de dupla vacância) NÃO é uma norma de reprodução obrigatória
pelos Estados e Municípios em suas respectivas Constituições/Leis Orgânicas.

- Para a Corte, compete aos entes federados, como decorrência do princípio federativo, o exercício
da autonomia política administrativa para estabelecerem as regras da sucessão na hipótese da
dupla vacância na chefia do Poder Executivo.

- Sabe-se que é da competência privativa da União a legislação sobre direito eleitoral, todavia, o STF
diz que o procedimento de sucessão NÃO é materialmente eleitoral.

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Poder Judiciário

PODER JUDICIÁRIO

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III-A – O Tribunal Superior do Trabalho
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
COMPOSIÇÃO IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais
Superiores têm sede na Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo
o território nacional.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no 1° grau, só será adquirida após 2 ANOS de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que
o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em
julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93,
VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
GARANTIAS Parágrafo único. Aos juízes é VEDADO:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos
TRÊS ANOS DO AFASTAMENTO do cargo por aposentadoria ou exoneração.

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Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 membros com


MANDATO DE 2 ANOS, admitida 1 recondução, sendo:
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal
Federal;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
CNJ
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do
Trabalho;
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral
da República;
XI - um membro do MPE, escolhido pelo PGR dentre os nomes indicados pelo
órgão competente de cada instituição estadual;
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil;
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

Art. 103-A. O STF poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de


2/3 dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá EFEITO
VINCULANTE em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou
SÚMULA entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
VINCULANTE relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a
ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou
que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso

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14. Funções essenciais à Justiça: a) Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia: regime
jurídico; b) Defensoria Pública: enquadramento constitucional, autonomia, princípios, garantias
institucionais e funcionais.

Ponto abordado em na matéria de princípios institucionais.

15. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: a) estado de defesa; b) estado de sítio; c)
forças armadas; d) segurança pública.

ESTADO DE DEFESA ESTADO DE SÍTIO ESTADO DE SÍTIO

PREVISÃO LEGAL Art. 136, caput Art. 137, I Art. 137, II


1. Ordem pública ou
paz social ameaçada 1. Declaração de
1. Comoção nacional
guerra
HIPÓTESES 2. I n s t a b i l i d a d e 2. Ineficácia do Estado
institucional 2. Resposta à agressão
de Defesa
armada estrangeira
3. Calamidade natural
ATRIBUIÇÃO PARA Presidente da República Presidente da República Presidente da República
DECRETAÇÃO (art. 84, IX, CR/88) (art. 84, IX, CR/88) (art. 84, IX, CR/88)
Presidente verifica
a hipótese legal,
solicita pareceres
dos Conselhos da
República (art. 89) e de
Defesa Nacional (art.
91). Com os pareceres,
Presidente verifica
solicita ao Congresso
a hipótese legal,
Nacional autorização
solicita pareceres
para decretação IDEM AO
dos Conselhos da
do Estado de Sítio, PROCEDIMENTO DE
República (art. 89) e de
PROCEDIMENTO expondo os motivos DECRETAÇÃO DO
Defesa Nacional (art.
determinantes do ESTADO DE SÍTIO
91). Com os pareceres
pedido. O Congresso ANTERIOR.
decidirá se decreta
Nacional somente
ou não o Estado de
poderá autorizar por
Defesa
maioria absoluta da
Câmara dos Deputados
e do Senado Federal.
Com a autorização,
o Presidente poderá
decretar o Estado de
Sítio.

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O tempo necessário da
Máximo de 30 dias, Máximo de 30 dias,
guerra ou para repelir
PRAZO prorrogável por mais prorrogado por mais
a agressão armada
30 dias uma única vez. 30 dias, de cada vez.
estrangeira.
Âmbito nacional. Após
IDEM AO
o Decreto, o Presidente
Âmbito regional. PROCEDIMENTO DE
especificará as medidas
ÁREAS ABRANGIDAS Locais restritos e DECRETAÇÃO DE
específicas e as áreas
determinados (art. 136). ESTADO DE SÍTIO
abrangidas (art. 138,
ANTERIOR.
caput)
Poderão ser Poderão ser
restringidos do art. atingidos, em tese,
5º, XI (inviolabilidade todas as garantias
domiciliar), XII (sigilo constitucionais,
Poderão ser de correspondência desde que presentes
restringidos os direitos e de comunicações três requisitos
do art. 5º, XII (sigilo telegráficas e constitucionais:
de correspondência telefônicas), XVI
e de comunicações (direito de reunião), 1- Necessidade de
RESTRIÇÕES efetivação da medida;
telegráficas e XXV (direito de
A DIREITOS E
telefônicas), XVI (direito propriedade) LXI 2- Tenham sido objeto
GARANTIAS de reunião) e LXI (exigibilidade de prisão de deliberação por
INDIVIDUAIS (exigibilidade de prisão somente em flagrante parte do Congresso
somente em flagrante delito ou por ordem Nacional no momento
delito ou por ordem da autoridade judicial de autorização da
da autoridade judicial competente) e também medida;
competente) o art. 220 (liberdade
de manifestação 3- Devem estar
do pensamento, a expressamente
criação, a expressão e a previstos no Decreto
informação) presidencial.

Posterior. Decretado
o Estado de Defesa
ou sua prorrogação,
o Presidente da
República, dentro de
24 horas, submeterá o Prévio. O controle do
CONTROLE ato com a respectiva Congresso Nacional
justificativa ao é prévio, vez que IDEM AO ESTADO DE
POLÍTICO SOBRE A
Congresso Nacional, há necessidade de SÍTIO ANTERIOR.
DECRETAÇÃO que somente aprovará autorização para que o
a decretação por Presidente o decrete.
maioria absoluta
de ambas as Casas
Legislativas editando
o respectivo Decreto
Legislativo.

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A mesa do Congresso
Nacional, ouvidos os
líderes partidários,
designará Comissão
FISCALIZAÇÃO composta de cinco
POLÍTICA SOBRE AS de seus membros IDEM IDEM
MEDIDAS para acompanhar e
fiscalizar a execução
das medidas referentes
ao Estado de Defesa e
ao Estado de Sítio.
IDEM. Além disso,
O Congresso Nacional
no Estado de Sítio
permanecerá em
não se incluirá a
funcionamento até o
possibilidade de
término das medidas
restrição à liberdade de
coercitivas. Em hipótese
ATIVIDADE informação, a difusão IDEM AO ESTADO DE
alguma permite-se
PARLAMENTAR de pronunciamentos SÍTO ANTERIOR.
o constrangimento
de parlamentares
do Poder Legislativo,
efetuados em suas
sob pena de crime de
Casas Legislativas,
responsabilidade (art.
desde que liberada
85, III)
pela respectiva mesa.
Cessado o Estado de
Defesa ou o Estado
de Sítio, cessarão
também seus efeitos,
RESPONSABILIDADE sem prejuízo da IDEM IDEM
responsabilidade pelos
ilícitos cometidos por
seus executores ou
agentes.
Cessada a situação
excepcional, as
medidas aplicadas
em sua vigência
serão relatadas
pelo Presidente
da República, em
PRESTAÇÃO DE mensagem ao
IDEM IDEM
CONTAS Congresso Nacional,
com especificação
e justificação das
providências adotadas,
com relação nominal
dos atingidos, bem
como a indicação das
restrições aplicadas.

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DESRESPEITO OS
REQUISITOS E Crime de
PRESSUPOSTOS responsabilidade
CONSITUCIONAIS sem prejuízo das IDEM IDEM
POR PARTE DO responsabilidades civis
PRESIDENTE DA e criminais.
REPÚBLICA

INTERVENÇÃO:

ESTADOS > MUNICÍPIOS FORMA

UNIÃO > MUNICÍPIOS (dos Territórios)

Nestes casos o ESTADO, após a expedição do


1. Deixar de ser paga, sem motivo de força decreto do governador, simplesmente intervém,
maior, por 2 anos consecutivos, a dívida fundada; sem pedir autorização para ninguém.
O decreto do governador especificará a
amplitude, o prazo e as condições de execução da
intervenção e, se for o caso, nomeará desde logo
o interventor. O controle é feito a posteriori (em
2. Não forem prestadas contas devidas, na 24h da expedição do decreto do governador e é
forma da lei; realizado pela Assembleia ou Câmara Legislativa
que, se estiver de recesso, será convocado
extraordinariamente no mesmo prazo de 24 h).

Neste caso NÃO HÁ controle legislativo da


3. Não tiver sido aplicado o mínimo exigido
intervenção. O decreto do governador limitar-
da receita municipal na manutenção e
se-á a suspender a execução do ato impugnado,
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
se essa medida bastar ao restabelecimento da
públicos de saúde.
normalidade.

O TJ deve dar provimento à representação


(embora a CF não diga expressamente a quem
caberia realizar a representação, entende-se que
4. Para assegurar a observância de princípios
a atribuição cabe ao PGJ).
indicados na Constituição Estadual.
Neste caso NÃO HÁ controle legislativo da
(PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS)
intervenção.
(AÇÃO INTERVENTIVA ESTADUAL).
O decreto do governador limitar-se-á a suspender
a execução do ato impugnado, se essa medida
bastar ao restabelecimento da normalidade.

Súmula 637 STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere
pedido de intervenção estadual em Município.

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18. Ordem econômica e financeira: a) princípios gerais da atividade econômica; b) atuação do


Estado no domínio econômico; c) política urbana: bases constitucionais do direito urbanístico e
do direito das cidades; d) política agrícola e fundiária e da reforma agrária; e) sistema financeiro
nacional.

ESPÉCIES DE
REQUISITOS
USUCAPIÃO

(i) Posse ininterrupta;


(ii) Posse mansa e pacífica;
1. Extraordinária
(iii) ANIMUS DOMINI;
(iv) Prazo de 15 anos (pode ser 10 anos);

(i) Posse ininterrupta;


(ii) Posse mansa e pacífica;
(iii) ANIMUS DOMINI;
2. Ordinária
(iv) Prazo de 10 anos (pode ser 5 anos);
(v) Justo título
(vi) Boa-fé

(i) Prazo de 05 anos;


(ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano
3. Especial rural/
ou rural;
PRO LABORE
(iii) A área de terra, que deve ser produtiva, não pode ser superior a 50
hectares.

(i) Prazo de 05 anos;


(ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano
4. Especial urbana ou rural;
(iii) A área, que deve servir de moraria, não pode ser superior a 250 metros
quadrados.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem


oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até
250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade dívida
com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o
5. Pró-família para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º  O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor
mais de uma vez.

65 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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a) sem oposição
b) há mais de cinco anos
c) área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e
cinquenta metros quadrados
d) desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
6. Coletiva urbano ou rural.
#ATENÇÃO! Não se aplicam mais os requisitos: ocupado por POPULAÇÃO
DE BAIXA RENDA para sua moradia e onde NÃO for possível identificar os
terrenos ocupados por possuidor. Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017.
#NOVIDADELEGISLATIVA
#ATENÇÃO! Nota-se, assim, que esta espécie de usucapião dispensa
inclusive o JUSTO TÍTULO e a BOA-FÉ do possuidor.

19. Ordem social: a) fundamento e objetivos; b) seguridade social; c) saúde; d) previdência e


assistência social; e) educação, cultura e desporto; f ) da ciência e tecnologia; g) comunicação social;
h) meio ambiente; i) família, criança, adolescente e idoso; j) índios.

DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas


de ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira,
com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

66 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos
de lei federal.

(...)

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão


financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão.

§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da


lei.

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e tecnológica.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: #FICALIGADO

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria; #COLANARETINA

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente


na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade
de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. #ATENÇÃO

§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada


e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.

Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

67 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar
formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das
escolas públicas de ensino fundamental.

§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades


indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração
seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições


de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva,
de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do
ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.

§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.

§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

(...)

§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208,


VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos
orçamentários.

(...)

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:

68 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;

II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional,


ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.

§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino
fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando
houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando,
ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.

§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por


universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber
apoio financeiro do Poder Público.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
#ATENÇÃO

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo
de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos,
metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino
em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das
diferentes esferas federativas que conduzam a:

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.

VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do


produto interno bruto.

Seção II

DA CULTURA

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes
da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das


de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

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3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao


desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:

I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;

II produção, promoção e difusão de bens culturais;

III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;

IV democratização do acesso aos bens de cultura;

V valorização da diversidade étnica e regional.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-


culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,


ecológico e científico.

§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio


cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e


as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.

§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas


dos antigos quilombos.

§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à


cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de

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programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:

I - despesas com pessoal e encargos sociais;

II - serviço da dívida;

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.

Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma


descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas
públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade,
tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos
direitos culturais.

§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e nas suas diretrizes,
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios:

I - diversidade das expressões culturais;

II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;

III - fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;

IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área cultural

V - integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas;

VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;

VII - transversalidade das políticas culturais;

VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;

IX - transparência e compartilhamento das informações;

X - democratização dos processos decisórios com participação e controle social;

XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;

XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura.

(...)

§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão seus respectivos sistemas de cultura


em leis próprias.

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Princípios de direito ambiental mais cobrados em provas

É o modelo que procura coadunar os aspectos ambiental, econômico


Princípio do desenvolvimento
e social, buscando um ponto de equilíbrio entre a utilização dos
sustentável recursos naturais, o crescimento econômico e a equidade social.

Estabelece a proteção ao meio ambiente como Direito Humano


Princípio do Direito Humano
Fundamental indispensável à manutenção da dignidade humana,
Fundamental vida, e progresso da sociedade.

Assegura ao cidadão o direito à informação e a participação na


Princípio da Participação
elaboração das políticas públicas ambientais

É aplicado nos casos em que os impactos ambientais já são


Princípio da Prevenção
conhecidos. Trabalha com a certeza da ocorrência do dano.

Diz respeito à ausência de certezas científicas. É aplicado nos casos


em que o conhecimento científico não pode oferecer respostas
Princípio da Precaução conclusivas sobre a inocuidade de determinados procedimentos.
Neste, há risco incerto ou duvidoso.

Deve o poluidor responder pelos custos sociais da poluição causada


Princípio do poluidor- por sua atividade impactante, devendo-se agregar esse valor ao
pagador custo produtivo da sua atividade, para evitar que se privatizem o
lucro e se socializem os prejuízos.

Estabelece que todos aqueles que se utilizarem de recursos naturais


Princípio do usuário-pagador
devem pagar por sua utilização, mesmo que não haja poluição.

Assegura ao cidadão o direito à informação e a participação na


elaboração das políticas públicas ambientais, de modo que devem
Princípio da participação ou
ser assegurados os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos
da Gestão comunitária que efetivam o princípio. Dessa forma, a população deve ser inserida
em questões ambientais.

20. Das disposições constitucionais gerais. 21. Ato das disposições constitucionais transitórias.

Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva
demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 80, de 2014)

§1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores

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públicos em todas as unidades jurisdicionais, observado o disposto no caput deste artigo.

§2º Durante o decurso do prazo previsto no §1º deste artigo, a lotação dos defensores públicos
ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento
populacional

E não se esqueça da natureza do ADCT de norma constitucional, tal como as demais do texto da CF.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Direito administrativo. Conceito. Objeto. Fontes. 2. Administração pública. Conceito, organização


e modelos. Regime jurídico administrativo. Princípios expressos e reconhecidos. Poderes da
Administração Pública. Poderes e deveres dos administradores públicos. Uso e abuso do poder.
Controle da Administração Pública no Brasil. Transparência e acesso à informação no Poder Público.
Órgãos públicos.

»» FONTES

- A doutrina costuma apontar a existência de cinco fontes principais deste ramo do Direito, quais
sejam: a lei, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais e os costumes.

a) Lei: qualquer espécie normativa. Sentido amplo.

b) Doutrina.

c) Jurisprudência: julgamentos reiterados no mesmo sentido. Súmula é a consolidação da


Jurisprudência. Súmula não vinculante – sinalizar o posicionamento.

d) Costumes: prática habitual, acreditando ser ela obrigatória. O costume não cria nem exime
obrigação.

COSTUME SOCIAL COSTUME ADMINISTRATIVO

De acordo com Matheus Carvalho, “os costumes Na dicção de Matheus Carvalho: “o costume
sociais se apresentam como um conjunto de administrativo é caracterizado como prática
regras não escritas, que são, todavia, observadas reiteradamente observada pelos agentes
de modo uniforme por determinada sociedade, administrativos diante de determinada situação
que as considera obrigatórias. Ainda considera-se concreta. A prática comum na Administração
fonte relevante do Direito Administrativo, tendo Pública é admitida em casos de lacuna normativa
em vista a deficiência legislativa na matéria”. e funciona como fonte secundária de Direito

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Administrativo, podendo gerar direitos para


os administrados, em razão dos princípios da
lealdade, boa-fé, moralidade administrativa,
entre outros”.

e) Princípios Gerais do Direito: estão na base da disciplina/alicerce. Ex.: Ninguém pode causar
dano a outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.

Administração Pública corresponde a todo o aparelhamento do Estado. A máquina estatal. Ela pode
ser analisada sob dois enfoques diferentes:

»» Sentido formal/orgânico/subjetivo: máquina administrativa, órgãos, agentes e bens. A própria


estrutura estatal, independentemente do Poder.

»» Sentido material/objetivo: são as atividades administrativas executadas pelo Estado.

Sistema contencioso administrativo (francês) - Sistema de dualidade de jurisdição.

A Administração tem o controle pela Administração. Excepcionalmente, o Judiciário poderá interferir


através dos seguintes mecanismos: poder geral de cautela, repressão penal, intervenção na propriedade
privada (rol exemplificativo). É formado por tribunais de natureza administrativa.

»» Sistema de jurisdição única (inglês)

Aqui há possibilidade de controle pelo Poder Judiciário. De acordo com Matheus Carvalho, “a
adoção do sistema de jurisdição única não implica a vedação à existência de solução de litígios na esfera
administrativa. Ao contrário, a Administração Pública tem poder para efetivar a revisão acerca dos seus
atos, independentemente de provocação de qualquer interessado. Ocorre que a decisão administrativa
não impede que a matéria seja levada à apreciação do Poder Judiciário”.

O Brasil acolheu o sistema de jurisdição única. Nós tivemos um momento em que se tentou
introduzir o sistema do contencioso administrativo, mas isso não saiu do papel. Desde sempre, o
Brasil adota a jurisdição única. Mas fiquem atentos à pegadinha: os dois sistemas, em verdade, são
mistos, já que os dois incluem o controle pela Administração e pelo Judiciário. O que os diferencia
é a predominância de controle.

#OLHAOGANCHO: Como regra, não há necessidade do acesso às vias administrativas para se


provocar a esfera jurisdicional, mas vale lembrar as seguintes exceções: (i) o art. 217, § 1º da CF/88
( justiça desportiva); (ii) a Súmula nº 02 do STJ (habeas data), (iii) no ato administrativo ou omissão que

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contrarie SÚMULA VINCULANTE só pode ser alvo de reclamação constitucional quando esgotada a
via administrativa (art. 7º, § 1º da Lei 11.417/06); e, (iv) concessão de benefícios previdenciários (isso
não se confunde com o exaurimento das vias administrativa).

»» REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

- É o conjunto de normas que norteiam a atuação da Administração Pública. A lista de princípios não
está totalmente definida, mas todos guardam com os demais uma relação lógica de coerência (sistema
unidade). Por essa razão, compõe-se como conjunto harmônico de princípios e regras.

- Não existe um princípio que se sobreponha aos outros ou que seja absoluto. Assim, deve-se
utilizar o critério de ponderação dos interesses na situação concreta (não há nulidade nem exclusão na
hipótese de conflito).

#SELIGA: PEDRAS DE TOQUE DO DIREITO ADMINISTRATIVO: SUPREMACIA DO INTERESSE


PÚBLICO E INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

»» Supremacia do interesse público: Visa satisfazer o interesse público propriamente dito, concedendo
à Administração Pública algumas prerrogativas. Não está expresso na CF. Exemplos de aplicação:
atributos dos atos administrativos (presunção de legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade),
poderes da Administração (poder de polícia), contratos administrativos (cláusulas exorbitantes, art. 58
da Lei nº 8.666/93), intervenção na propriedade (requisição, art. 5º, XXV, CF, desapropriação, art. 5º,
XXIV, CF).

»» Indisponibilidade do interesse público: É consequência da própria supremacia do interesse público.


O interesse público não está à livre disposição do administrador, não há liberalidade. O administrador
exerce função pública e não é titular do interesse público, significando que a atividade é exercida
em nome e no interesse do povo. O administrador exerce um encargo, uma obrigação, um múnus
público e tem o dever de bem servir, não pode comprometer o futuro da nação e criar entraves.
Exemplos de aplicação: é violação à indisponibilidade ao interesse público a fraude à licitação, a
fraude ao concurso público. O administrador não pode criar entraves, obstáculos ao sucessor.

#ISSOÉUMPLUS: segundo Rafael Oliveira, “o fenômeno da constitucionalização do ordenamento


jurídico abalou alguns dos mais tradicionais dogmas do Direito Administrativo, a saber: a) a
redefinição da ideia de supremacia do interesse público sobre o privado e a ascensão do princípio
da ponderação de direitos fundamentais; b) a superação da concepção do princípio da legalidade

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como vinculação positiva do administrador à lei e a consagração da vinculação direta à Constituição;


c) a possibilidade de controle judicial da discricionariedade a partir dos princípios constitucionais,
deixando-se de lado o paradigma da insindicabilidade do mérito administrativo; d) a releitura da
legitimidade democrática da Administração, com a previsão de instrumentos de participação dos
cidadãos na tomada de decisões administrativas (consensualidade na Administração).”

»» PODERES DA ADMINISTRAÇÃO

- Os poderes da Administração representam instrumentos, prerrogativas pertencentes ao Estado


para satisfazer o interesse público. Não se confundem com Poderes do Estado (elementos estruturais –
Executivo, Legislativo e Judiciário). Relaciona-se com o estudo dos atos administrativos, pois no exercício
de um poder administrativo, o administrador pratica atos administrativos.

#SELIGANADIFERENÇA: Excesso x Desvio.

- O excesso de poder ocorre em casos nos quais a autoridade pública atua fora dos limites de sua
competência, ou seja, exorbita ou extrapola a competência que lhe foi atribuída, praticando atos que não
estão previamente estipulados por lei.

- O desvio de poder estará presente sempre que o agente do Estado praticar o ato, até mesmo
dentro dos limites da competência a ele conferida, mas visando a alcançar outra finalidade que não
aquela prevista em lei.

»» PODER VINCULADO

- O administrador não tem liberdade, juízo de valor, conveniência e oportunidade. Preenchidos os


requisitos a autoridade tem que praticar o ato. Ex.: licença para construir, licença para dirigir, concessão de
aposentadoria. - Não seria necessariamente um poder, como o discricionário, pois não confere qualquer
prerrogativa ao agente administrativo.

»» PODER DISCRICIONÁRIO

- Há a conveniência e oportunidade do administrador. Essa discricionariedade tem de estar dentro


dos limites da lei, sob pena de se tratar de conduta arbitrária, sendo considerada ilegal. Conveniência:
modo de atuação, oportunidade, momento.

#SELIGANESSAINFORMAÇÃO: Controle da atividade discricionária.

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De acordo com Matheus Carvalho, o Poder Judiciário não pode e não deve substituir a decisão
do administrador, não pode fazer análise de interesse público, não pode, enfim, julgar o mérito de um
ato administrativo discricionário. Isso porque, o mérito é a área que coincide com o campo opinativo do
administrador público, extrapolando aquela de atuação do Poder Judiciário.

Contudo, ainda que o ato administrativo seja discricionário, ele fica sujeito a controle jurisdicional no
que diz respeito à sua adequação com a lei, mas nunca na análise meritória.

Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade surgem como instrumento de controle, evitando


excesso de poder e condutas desarrazoadas pelo administrador. Logo, se, a pretexto de interpretar a lei,
o agente pratica ato desproporcional, compete ao judiciário, se provocado, anular esta atuação.

PODER HIERÁRQUICO

Relação de coordenação e subordinação que se estabelece nas organizações administrativas.


O poder hierárquico não depende de lei.
Permite ao superior hierárquico dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e avocar
competências.
Só abrange sanções disciplinares a servidores, e não sanções a particulares.
Delegação e avocação são atos discricionários.
• Delegação pode ocorrer fora da estrutura hierárquica; já a avocação, não pode.
• Não podem ser delegados: atos políticos e funções típicas de cada Poder.
Não há hierarquia: entre diferentes pessoas jurídicas; entre Adm. Direta e Indireta; no exercício
de funções típicas (ex.: tribunais do Judiciário); entre os Poderes da República; entre Administração e
administrados.

PODER DISCIPLINAR

Prerrogativa para aplicar sanções àqueles que, submetidos à disciplina interna da Administração,
cometem infrações (servidores e particulares com vínculo contratual).
Não se confunde com o poder punitivo do Estado (exercido pelo Poder Judiciário para punir infrações
de natureza civil e penal. Ex.: atos de improbidade).
Admite discricionariedade (gradação e escolha da penalidade).

PODER NORMATIVO

PODER REGULAMENTAR: Poder inerente ao Chefe do Executivo para editar decretos.


Atos normativos são editados por outras autoridades e órgãos com base no poder normativo.
Decreto de execução: dar fiel execução às leis administrativas; não pode ser delegado; atos de
caráter geral e abstrato.

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Atos normativos secundários: não podem inovar o ordenamento jurídico.


Decreto autônomo: apenas para (i) organizar a Adm. Pública, sem aumento de despesa ou criação/
extinção de órgãos ou (ii) extinção de cargos públicos vagos; não precisa de lei prévia; pode ser
delegado.
O Congresso Nacional pode sustar atos normativos do Executivo que exorbitem do poder
regulamentar.
Controle judicial: em caso de conflito com a lei que regulamenta, não cabe ADI (esta, apenas para
atos normativos autônomos que ofendem diretamente a Constituição).

#APOSTACICLOS: PODER DE POLÍCIA

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

- O poder de polícia administrativa pode ser exercido preventiva ou repressivamente. Segundo


Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Direito Administrativo Descomplicado, 2017, dentre as inúmeras
sanções cabíveis mencionamos: (a) imposição de multas administrativas; (b) interdição de estabelecimentos
comerciais; (c) suspensão do exercício de direitos; (d) demolição de construções irregulares; (e) embargo
administrativo de obra; (f ) destruição de gêneros alimentícios impróprios para o consumo; (g) apreensão
de mercadorias irregularmente entradas no território nacional.

-Atributos do poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.

#VAICAIR: CICLOS DE POLÍCIA:

a) norma de polícia (legislação): estabelece os limites do exercício dos direitos individuais. Pode ser
constitucional, legal ou regulamentar;

b) permissão (consentimento) de polícia: possibilita ao particular o exercício de atividade controlada


pelo Poder Público;

c) fiscalização: verificação do cumprimento das normas e das condições estabelecidas na permissão


de polícia;

d) sanção de polícia: aplicação de penalidades àqueles que descumprirem as normas e as condições


da permissão de polícia. Também pode ser utilizada a medida de polícia, com o objetivo de impedir a
ocorrência de dano.

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#NÃOCONFUNDA:

- Polícia administrativa: caráter preventivo; exercida por diversos órgãos administrativos;


incide sobre atividades, bens e direitos.

- Polícia judiciária: caráter repressivo; exercida por corporações especializadas (polícias civil,
federal e militar); prepara a função jurisdicional; incide sobre pessoas.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO: A autoexecutoriedade não retira da


Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe assegure a providência
fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas pelo Poder Público no exercício do poder
de polícia são suficientes. STJ. 2ª Turma. REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
28/03/2017.

Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental,
o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa, porque não se pode confundir
competência para licenciar com competência para fiscalizar. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp
1484933/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 21/03/2017.

A legislação de cada ente deverá prever o prazo prescricional da sanção de polícia. No âmbito
federal o prazo é de 5 anos, com fundamento na Lei n.º 9.873/99. Caso não haja lei estadual ou
municipal sobre o assunto, deverá ser aplicado o prazo prescricional de 5 anos por força, não da Lei
n. 9.873/99, mas sim do art. 1º do Decreto 20.910/32. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1409267/PR, Rel.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 16/03/2017.

A atividade fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente concede ao IBAMA interesse
jurídico suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado
em área cuja competência para o licenciamento seja do Município ou do Estado. Nos termos da
legislação federal de regência, a competência concorrente não inibe a atuação do IBAMA, ainda
mais não tendo havido a interferência de órgão ambiental local. STJ. 2ª Turma. REsp 1560916/AL, Rel.
Min. Francisco Falcão, julgado em 06/10/2016.

O PROCON detém poder de polícia para impor multas (art. 57 do CDC) decorrentes de
transgressão às regras ditadas pela Lei n.º 8.078/90. Assim, a sanção administrativa aplicada pelo
PROCON reveste-se de legitimidade, em virtude de seu poder de polícia (atividade administrativa
de ordenação) para cominar multas relacionadas à transgressão do CDC. STJ. 1ª Turma. AgInt no
REsp 1594667/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 04/08/2016.

Se a ANVISA classificou determinado produto importado como “cosmético”, a autoridade aduaneira


não poderá alterar essa classificação para defini-lo como “medicamento”. Incumbe à ANVISA

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regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública (art.
8º da Lei nº 9.782/99). Assim, é da Agência a atribuição de definir o que é medicamento e o que
é cosmético. STJ. 1ª Turma. REsp 1.555.004-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
16/2/2016 (Info 577).

As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência para fiscalizar
o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. O STF definiu a tese de que
é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do poder de polícia de trânsito,
inclusive para a imposição de sanções administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito).
STF. Plenário. RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 6/8/2015 (repercussão geral) (Info 793).

A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais não pode ser incluída entre
as competências estabelecidas no art. 114 da Constituição Federal, uma vez que não há relação
de trabalho entre o Conselho de Fiscalização Profissional e os profissionais perante ele registrados.
O que há entre eles é uma relação de natureza estatutária (isto é, regrada por atos normativos, e
não por contrato), pertencente ao domínio do Direito Administrativo. Desse modo, se o profissional
(ex: médico) não concorda com uma determinação do respectivo Conselho (ex: CRM) e decide
ingressar com ação judicial questionando a medida, tal demanda não é de competência da Justiça
do Trabalho, mas sim da Justiça Federal comum. STJ. 1ª Seção. CC 127.761/DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 28/08/2013.

#DEOLHONASÚMULA

Súmula 467 STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.

»» PRINCÍPIOS

- Princípios implícitos: supremacia do interesse público, indisponibilidade do interesse público,


presunção de legitimidade ou de veracidade, motivação, razoabilidade e proporcionalidade, contraditório
e ampla defesa, autotutela, segurança jurídica e continuidade do serviço público.

#ATENÇÃO: Hoje em dia, a doutrina mais moderna entende que o princípio da legalidade foi
substituído pelo PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE, segundo o qual a Administração se vincula não
apenas à lei, mas também a todo o ordenamento jurídico, especialmente à Constituição Federal.

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»» ISONOMIA

Súmula 683 STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do
art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.

»» RAZOABILIDADE/PROPORCIONALIDADE

»» AUTOTUTELA

Súmula 346 STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

»» SEGURANÇA JURÍDICA

Possui dois sentidos:

OBJETIVO: refere-se à irretroatividade das normas e à proteção dos atos perfeitamente realizados,
em relação a modificações legislativas posteriores.

SUBJETIVO: trata justamente da preservação das expectativas legítimas da sociedade com a


produção de harmonia das relações jurídicas (princípio da proteção da confiança).

»» CONTRADITÓRIO/AMPLA DEFESA

Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-


se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma e pensão.

#DEOLHONAJURIS: É necessária a observância da garantia do devido processo legal, em especial,


do contraditório e da ampla defesa, relativamente à inscrição de entes públicos em cadastros
federais de inadimplência. Assim, a União, antes de incluir Estados-membros ou Municípios nos
cadastros federais de inadimplência (exs: CAUC, SIAF) deverá assegurar o devido processo legal,
o contraditório e a ampla defesa. STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
10/5/2016 (Info 825). STF. Plenário. ACO 1995/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/3/2015
(Info 779).

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Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do órgão, os terceiros
indiretamente afetados pelas determinações do Tribunal (ex: pensionistas) não possuem direito de
serem ouvidos no processo fiscalizatório. Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal.
Nessa espécie de atuação administrativa, a relação processual envolve apenas o órgão fiscalizador
e o fiscalizado, sendo dispensável a participação dos interessados. O contraditório pressupõe a
existência de litigantes ou acusados, o que não ocorre quando o Tribunal de Contas atua no campo
da fiscalização de órgãos e entes administrativos. O contraditório deve ser garantido pelo órgão de
origem, a quem cabe o cumprimento da determinação do Tribunal de Contas. Não aplicação do
art. 54 da Lei nº 9.784/99 para as fiscalizações realizadas pelo TC na forma do art. 71, IV, da CF/88.
Em casos de “fiscalização linear exercida pelo Tribunal de Contas”, nos termos do art. 71, IV, da
CF/88, não se aplica o prazo de decadência previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99. Isso porque em
processos de “controle abstrato”, o Tribunal de Contas não faz o exame de ato específico do qual
decorre efeito favorável ao administrado. A Corte está examinando a regularidade das contas do
órgão e a repercussão sobre eventual direito individual é apenas indireta. STF. 1ª Turma. MS 34224/
DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/8/2017 (Info 873).

#ISSOÉUMPLUS: Princípio da reserva da Administração.

A “reserva de administração” é um instituto do direito constitucional e administrativo, que envolve


temas ligados à reserva de lei, à organização da Administração, à separação de poderes, ao princípio
da legalidade, às funções típicas e atípicas dos poderes, ao poder regulamentar, etc. Canotilho
conceitua “reserva de administração” como “um núcleo funcional de administração ‘resistente’ à lei,
ou seja, um domínio reservado à administração contra as ingerências do parlamento”. A “reserva de
administração” possui duas espécies: a reserva de administração em sentido estrito e a reserva de
regulamento.

Reserva de administração em sentido estrito está associada à ideia de separação de poderes,


baseia-se na proibição de ingerência de um Poder nas funções típicas de outro. Objetivamente,
a reserva em sentido estrito se revela na proibição voltada ao Legislativo e ao Judiciário para
que esses Poderes não adentrem no campo da função administrativa, especificamente no mérito
administrativo.

Já a reserva de regulamento verifica-se quando o ordenamento jurídico, especialmente a


Constituição, tira determinada matéria do âmbito do Poder Legislativo, atribuindo exclusivamente
ao Poder Executivo a competência para normatizá-la, que a exerce por meio dos regulamentos
autônomos. Neste caso, há uma vedação à edição de leis formais nesses campos, sob pena de
inconstitucionalidade formal. No Brasil é admitido a edição de regulamentos de execução

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independentes. Entretanto, devem ser atendidos alguns requisitos como: não incidir em
um campo de reserva legal; buscar atender aos objetivos do Estado, ao interesse público ou
tutelar direitos; ser editado de acordo com os princípios de direito administrativo, etc.

Tal princípio pode, ainda, ser dividido em duas categorias:

a) GERAL, que se fundamenta no princípio da separação dos poderes e significa que a atuação
de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear o núcleo essencial da competência dos outros
órgãos; e

b) ESPECÍFICA, que surge quando a CF destaca determinadas matérias, submetendo-as à


competência exclusiva do Executivo.

No Brasil, o STF já reconheceu a existência de um verdadeiro PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL


DA RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO, com fulcro no princípio da Separação dos Poderes,
cujo conteúdo impediria a ingerência normativa do Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva
competência administrativa do Executivo. Ex: É inconstitucional declaração pelo Legislativo da
nulidade de concurso público realizado pelo Executivo por suposta violação às normas legais, pois
uma declaração dessa natureza revelaria o exercício de autotutela que só poderia ser exercida com
exclusividade por quem realizou o certame. (ADInMC 2.364/AL).

#OLHAOGANCHO: Nepotismo e moralidade.

Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral
ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

3. Administração Direta e Indireta. Aspectos gerais da Administração Direta. Autarquias. Empresas


públicas e sociedades de economia mista. Fundações públicas. Pessoas jurídicas vinculadas ao
Estado. 4. Ato administrativo. Conceito, características e atributos. Elementos e requisitos de validade.
Classificação e espécies. Formação e efeitos. Extinção, revogação, invalidação e convalidação.
Procedimento administrativo.

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»» ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- O exercício das atividades administrativas pode se dar tanto de forma centralizada quanto de
forma descentralizada:

»» Centralizada: prestada pela Administração direta, composta pelos entes políticos e seus respectivos
órgãos. É o núcleo da Administração.

»» Descentralizada: transfere para uma nova pessoa.

Desconcentração: é a diluição de competência no âmbito de uma mesma pessoa jurídica que


decorre da criação de órgãos públicos. A desconcentração origina uma espécie de controle, denominado
hierárquico.

#IMPORTANTE: O controle hierárquico ou por subordinação ou autotutela abrange todos os atos


praticados pelo órgão subordinado. A autoridade que ocupa o órgão controlador tem legitimidade
para controlar sob a ótica da legalidade e do mérito administrativo todos os atos praticados pelo
órgão subordinado. Trata-se de um controle permanente, automático e independe de autorização
legal específica.

- Descentralização: ocorre quando acontece uma transferência de competências a uma pessoa


jurídica distinta daquela originalmente competente. Pode ser:

»» Política: é aquela que existe numa Federação, onde há uma repartição originária de competências.

»» Administrativa ou derivada: se divide em três espécies:

• Territorial: é a transferência de competência a um território. (Território federal tem natureza autárquica).

• Por serviços ou outorga (ou funcional ou técnica): é a transferência da titularidade e da execução


de um serviço público que se concretiza por meio de uma lei. Maioria da doutrina aponta que somente
se dá às entidades da própria AP.

• Por colaboração ou delegação: é a transferência somente da execução de um serviço público a uma


outra pessoa que se concretiza por meio de um negócio jurídico (contrato de concessão ou permissão)
ou também por lei. Pode ser dada para AP (via lei) ou para particulares (via NJ).

#ATENÇÃO: Art. 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,

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neste último caso, definir as áreas de sua atuação.

- Para a criação de subsidiárias, também há a exigência de lei, mas esta não precisa ser específica.
A própria lei que institui a entidade pode autorizar a criação de suas subsidiárias. Em razão do princípio
da especialidade, essa lei deve ser minuciosa, trazendo todas as áreas de atuação da entidade de forma
específica. Por outro lado, a organização interna da entidade pode ficar a cargo da edição de atos
administrativos.

»» Paralelismo das formas: se lei cria, lei extingue. Se lei autoriza a criação, autoriza a extinção da
entidade.

Dentre as entidades criadas pela Administração Pública, reputamos mais importante saber os temas
gerais sobre as Autarquias:

São pessoas jurídicas de direito público que desenvolvem atividades típicas, próprias do
Estado. Possui regime muito semelhante aos dos entes da Administração Direta (exemplos: INSS, INCRA,
conselhos de classe, IBAMA).

• Os atos que praticam são considerados atos administrativos.

• Seus contratos também são contratos administrativos, de forma que também devem observar as
regras de licitação e podem se valer das cláusulas exorbitantes.

• Possuem responsabilidade civil objetiva.

• São fiscalizadas pelo Tribunal de Contas e devem observar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

• Seus bens são considerados bens públicos:

»» Em regra, inalienáveis de forma relativa ou alienáveis de forma condicionada.

»» Impenhoráveis.

»» Impossibilidade de oneração: incidência de algum direito real de garantia.

»» Imprescritíveis.

• São beneficiadas pelo regime dos precatórios.

• São beneficiadas pelas imunidades tributárias.

• São beneficiadas com os privilégios processuais da Fazenda Pública.

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#ATENÇÃO: os Conselhos Profissionais (ou de Classe) também são considerados autarquias. A


distinção aqui vai ficar com a OAB!

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: “Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos


ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 3. A OAB não é uma entidade da
Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria
ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não
está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como “autarquias especiais”
para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. 5. Por não
consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da
Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e
materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem
função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da
Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção
de advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público.
7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência,
não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB
não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. 8. Embora
decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é
compatível com a entidade, que é autônoma e independente. 9. Improcede o pedido do requerente
no sentido de que se dê interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao
caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos servidores
da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime
trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e moralidade. Confinamento
do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob
pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade.” (STF, ADI 3026).

- Empresa Pública: pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Indireta, criada
por autorização legal, sob qualquer forma societária admitida em direito, cujo capital é formado por bens
e valores oriundos de pessoas administrativas, que prestam serviços públicos ou executam atividades
econômicas. De acordo com o art. 3º, parágrafo único, da Lei 13.303/2016, ainda que as pessoas de direito
público ou de direito privado da Administração Indireta possam ser acionistas das empresas públicas, o
controle societário deve permanecer com o Ente federado (União, Estado, DF ou Município). Apenas
pessoas administrativas participam do capital.

- Sociedade de economia mista: pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração

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Indireta, criada por autorização legal, sob a forma societária de sociedade anônima, cujo capital é formado
por bens e valores oriundos de pessoas administrativas e de particulares, com controle acionário do
Estado, que prestam serviços públicos ou executam atividades econômicas. Ainda que seja possível a
participação societária de pessoas da iniciativa privada, o controle societário deve permanecer com os
Entes federados ou com entidades da Administração Pública Indireta. Formada por capital público e
privado.

#SELIGA: As empresas públicas e as sociedades de economia mista podem desempenhar dois tipos
de atividades: atividades econômicas e serviços públicos. A distinção relativa ao objeto da estatal
influencia, decisivamente, no respectivo regime jurídico: enquanto a atividade econômica encontra-
se submetida ao princípio da livre-iniciativa, a prestação do serviço público é de titularidade estatal.
Isso porque o desempenho de atividades econômicas por estatais não pode significar prejuízo para
os particulares que atuam no setor econômico e que são os seus verdadeiros protagonistas. Por
essa razão, o art. 173, § 1º, II, da CF, estabelece a sujeição das estatais “ao regime jurídico próprio
das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e
tributários”

- Os empregados das empresas estatais submetem-se ao regime celetista (CLT), próprio


das pessoas jurídicas de direito privado, integrantes ou não da Administração Pública. Entretanto, os
empregados públicos das empresas estatais, por se enquadrarem na categoria dos agentes públicos,
encontram-se submetidos às normas constitucionais que tratam dos agentes públicos em geral, tais
como:

a) concurso público (art. 37, II, da CRFB);

b) impossibilidade de acumulação de empregos públicos com outros empregos, cargos


ou funções públicas (art. 37, XVII, da CRFB, salvo as exceções admitidas pelo próprio texto
constitucional);

c) submissão ao teto remuneratório, salvo os empregados das empresas estatais não


dependentes do orçamento (art. 37, § 9º, da CRFB);

d) considerados agentes públicos para fins penais (art. 327, caput e § 1º, do CP) e submissão à Lei de
Improbidade Administrativa (art. 2º da Lei 8.429/1992).

- Seu patrimônio é constituído por bens privados, na forma do art. 98 do CC, mas seu regime
jurídico sofre modulações de direito público, especialmente no tocante à sua alienação, que depende do

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cumprimento das exigências legais (arts. 49 e 50 da Lei 13.303/2016), e, no caso das estatais prestadoras
de serviços públicos, à vedação de penhora de bens necessários à continuidade dos serviços. Não estando
utilizado em finalidade pública, poderá ser usucapido.

- Os atos praticados por estatais no desempenho de funções administrativas serão considerados


atos materialmente administrativos, passíveis do respectivo controle (súmula 333 do STJ: cabe mandado
de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa
pública).

- As estatais econômicas somente celebram contratos privados da Administração, despidos, em


regra, das cláusulas exorbitantes e regidos, predominantemente, por normas de direito privado (art. 62,
§ 3º, I, da Lei 8.666/1993), tendo em vista a submissão ao mesmo regime jurídico das empresas privadas
(art. 173, § 1º, II da CRFB). Por outro lado, as estatais que prestam serviços públicos, além dos contratos
privados, podem celebrar contratos administrativos vinculados à prestação do serviço público. Todavia,
a referida distinção não aparece expressamente na Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais) que, em seu art.
68, dispõe que os contratos celebrados por todas as empresas estatais regulam-se pelas suas cláusulas,
pelo disposto na própria Lei em referência e pelos preceitos de direito privado. A licitação é exigida para
celebração dos contratos celebrados pelas estatais, ressalvada as hipóteses de contratação direta prevista
na Lei 13.303/2016.

- A natureza da responsabilidade civil varia de acordo com a atividade desenvolvida por essas
empresas. Em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços
públicos, a responsabilidade civil será objetiva, com fundamento no art. 37, § 6º, da CRFB. Por outro lado,
as empresas públicas e sociedades de economia mista econômicas respondem, em regra, de maneira
subjetiva, como as demais pessoas privadas, ressalvada previsão de responsabilidade objetiva na forma
da legislação infraconstitucional especial (ex.: relação de consumo).

#DENOVO: Na hipótese de inexistir patrimônio suficiente para adimplementos das obrigações


das estatais, o respectivo Ente federado responderá subsidiariamente perante os credores.

- O STF tem reconhecido a imunidade tributária do art. 150, VI, “a”, da CRFB às estatais de serviços
públicos e às estatais que exercem atividades monopolizadas, uma vez que não se aplica, nessas hipóteses,
o art. 173 da CRFB. Todavia, a referida imunidade não se aplica às estatais econômicas que atuam no
mercado concorrencial, nem aos serviços públicos remunerados por preços ou tarifas pelo usuário, tendo
em vista o art. 150, § 3º, da CRFB.

#FOCANATABELA

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EMPRESA PÚBLICA SOCIEDADE DE ECONOMISTA MISTA

Capital exclusivamente público (porém, pode ser Capital misto. Contudo, a maioria votante deve
de mais de um ente). estar nas mãos do poder público.

Constituída apenas na forma de sociedade


Constituída por qualquer modalidade empresarial.
anônima.

Se for sociedade de economia mista federal a


Se for empresa pública federal a competência competência é da justiça estadual.
para julgamento é da justiça federal (art. 109, CF). Obs.: Se a União tiver interesse na causa, a
competência é atraída para a justiça federal.

#SELIGANASÚMULA

Súmula 517, STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a
união intervém como assistente ou opoente.

Súmula 556, STF: É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte
sociedade de economia mista.

#ISSOÉUMPLUS: Empresas semiestatais são aquelas cuja MINORIA do capital votante pertence ao
Poder Público. Não chegam a ser empresas públicas (o capital pertence totalmente ao Poder Público)
nem sociedades de economia mista (a maioria do capital votante pertence ao Poder Público), nos
termos da Lei 13.303/16. Nesse sentido, não integram a Administração Pública, mas o seu controle
(necessidade ou não de licitação, fiscalização pelos Tribunais de Contas etc.) é discutido na doutrina.

- Fundações: as fundações estatais podem ser de direito público ou de direito privado, a depender
da opção legislativa e da presença (ou não) das prerrogativas públicas (poder de império). No primeiro
caso, será submetida às regras das autarquias, e no segundo, das empresas estatais.

- Consórcios públicos: são ajustes celebrados entre os entes federados para gestão associada
de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Os arts. 1º, §1º, e 6º da Lei 11.107/2005 exigem a
instituição de pessoa jurídica de direito público (associação pública) ou de direito privado para execução
do contrato de consórcio.

#OLHAOGANCHO: No âmbito da Administração Pública consensual, as parcerias são de duas


espécies: (a) parceria público-pública: associação entre entes estatais (ex.: consórcios entre Municípios,

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regiões metropolitanas); e (b) parceria público-privada: formalizadas entre o Poder Público e a


iniciativa privada (ex.: concessões, PPPs, contratos de gestão, termos de parceria).

- A associação pública possui natureza jurídica de autarquia interfederativa e integra a Administração


Indireta de todos os entes consorciados (art. 6º, §1º, da Lei 11.107). Por sua vez, a pessoa jurídica de direito
privado pode ser enquadrada como espécie de empresa pública, prestadora de serviço público, ou de
fundação estatal de direito privado interfederativa.

#OLHAMAISUMGANCHO: O contrato de rateio é o instrumento adequado para que os entes


consorciados repassem recursos financeiros ao consórcio público (art. 8º da Lei 11.107/2005). Já o
contrato de programa tem por objetivo constituir e regulamentar as obrigações que um ente da
Federação constituir para com outro ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito
de gestão associada de serviços públicos (art. 13 da Lei 11.107/2005). O objeto do contrato de
programa envolve “a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos” (art. 13 da Lei
11.107/2005).

»» ÓRGÃOS PÚBLICOS

ÓRGÃOS PÚBLICOS

Quanto à relação entre a. Teoria do mandato.


o Estado e os agentes b. Teoria da representação.
públicos: c. Teoria do órgão (é a que prevalece).

TEORIA DOS a. Subjetiva: identifica os órgãos com os agentes


públicos;
ÓRGÃOS
PÚBLICOS b. Objetiva: órgãos seriam apenas um conjunto de
Quanto à natureza dos atribuições ou unidades funcionais da organização
órgãos administrativa;
c. Eclética: os órgãos seriam formados pela soma
dos elementos objetivos e subjetivos, ou seja, pelo
plexo de atribuições e pelo agente público.

a. Órgãos independentes;
Quanto à posição
que ocupa na escala b. Órgãos autônomos;
CLASSIFICAÇÃO
governamental ou c. Órgãos superiores;
administrativa
d. Órgãos subalternos.

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a. Órgãos federais;
Em relação ao b. Órgãos estaduais;
enquadramento
federativo c. Órgãos distritais;
d. Órgãos municipais.

Quanto à composição / a. Órgãos singulares ou unipessoais;


atuação funcional b. Órgãos coletivos ou pluripessoais.

Em relação às a. Órgãos ativos;


atividades que,
b. Órgãos consultivos;
preponderantemente,
são exercidas c. Órgãos de controle;

• Não possuem personalidade jurídica (alguns possuem personalidade


judiciária, mas apenas para a defesa de suas prerrogativas institucionais);
• Embora não possuam personalidade, podem celebrar contrato de gestão
INFORMAÇÕES
(interno ou endógeno).
GERAIS
Súmula 525-STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade
jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar
em juízo para defender os seus direitos institucionais.

»» ATO ADMINISTRATIVO

- Diferença entre atos da administração e atos administrativos

- Atos administrativos são manifestações de vontade por parte da Administração Pública, ou de


quem lhe faça as vezes, sob o regime jurídico de direito público e com a finalidade de atender aos
interesses públicos.

- Atos da Administração, por seu turno, são todos os atos praticados pela Administração Pública.
Desse modo, não se pode afirmar que todo ato administrativo é ato da Administração, eis que atos
administrativos podem ser praticados por particulares, como concessionárias e permissionárias.

- São espécies de atos da Administração:

• Atos políticos ou de governo: são os atos praticados no exercício de funções tipicamente políticas.
Exemplo: sanção ou veto presidencial.

• Atos de gestão: são atos que, embora praticados pela Administração, regem-se pelo Direito Privado.
A Administração, nesse caso, atua em condições de igualdade com o particular. Exemplo: doação sem
encargos legais.

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• Atos materiais ou fatos administrativos: são realizações materiais que não expressam uma
manifestação de vontade, mas que podem produzir efeitos jurídicos. Exemplo: morte de um servidor
público; silêncio administrativo.

• Atos administrativos.

#TABELASALVANDOVIDAS:

ATO ADMINISTRATIVO

É a manifestação unilateral de vontade da Administração Pública ou de


seus delegatários, no exercício da função delegada, que, sob o regime
CONCEITO
de direito público, pretende produzir efeitos jurídicos com o objetivo de
implementar o interesse público.

FORMA, FINALIDADE, COMPETÊNCIA, OBJETO e MOTIVO (os dois


ELEMENTOS
últimos são discricionários).

Presunção de legalidade, veracidade e legitimidade.


Imperatividade
ATRIBUTOS
Tipicidade
Autoexecutoriedade

O ato é vinculado quando TODOS os elementos já estão previamente


VINCULAÇÃO E definidos em lei. Por outro lado, é discricionário quando o administrador
DISCRICIONARIEDADE puder, em juízo de conveniência e oportunidade, escolher os elementos
OBJETO e MOTIVO (formam o MÉRITO administrativo).

Simples: formado pela vontade de um único órgão;


Composto: há duas vontades, no mesmo órgão, uma que define o
conteúdo e outra que atesta a validade. Ex. atos dependentes de visto,
PRINCIPAIS ESPÉCIES homologação.
Complexo: há duas vontades igualmente importantes, em órgãos
diferentes, que produzem um único ato. Ex. nomeação de dirigente de
agência reguladora, concessão de aposentadoria.

Delegação: é a transferência, total ou parcial, do exercício de


determinadas atribuições para outro agente público. De acordo com a
lei 9.784/99, NÃO SE ADMITE DELEGAÇÃO: (a) edição atos normativos;
DELEGAÇÃO E (b) recursos administrativos e (c) competência exclusiva. Admite-se fora
AVOCAÇÃO da estrutura hierárquica.
Avocação: é o chamamento, pela autoridade superior, das atribuições
inicialmente outorgadas pela lei ao agente subordinado. Tem sempre
PRAZO DETERMINADO. Não se admite fora da estrutura hierárquica.

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Efeitos típicos: são aqueles desejados pelo ato administrativo praticado.


Efeitos atípicos: a doutrina divide em:
Reflexos - atinge terceiros sem a vontade do Estado (ex.: o ato de
desapropriação alcança reflexamente o contrato de locação do imóvel).
EFEITOS
Prodrômico - a prática de um ato gera, como efeito, a necessidade
de que seja praticado outro ato. Ex.: quando a Administração defere
a aposentadoria de um servidor, esse ato produz, como efeito, a
necessidade de que o Tribunal de Contas produza outro ato avaliando a
adequação, ou não, da concessão daquela aposentadoria.

Normal = o ato produziu todos os efeitos desejados;


Subjetiva = o beneficiário desaparece;
Objetiva = o objeto desaparece;
Vontade do particular
Vontade da Administração:
EXTINÇÃO Caducidade: lei superveniente torna o ato ilegal.
Cassação: o particular descumpre as condições do ato.
Contraposição: incompatibilidade material com ato administrativo
posterior. Ex: nomeação e exoneração.
Anulação: o ato era ilegal.
Revogação: em juízo de conveniência e oportunidade, a Administração
decide retirar do mundo jurídico um determinado ato DISCRICIONÁRIO.

(a) Convalidação voluntária: a Administração quer salvar o ato


que tem vício de FORMA ou COMPETÊNCIA (são os vícios passíveis
de convalidação). Parte da doutrina diz que, na hipótese de OBJETO
PLÚRIMO, também é possível a convalidação voluntária.
(b) Convalidação involuntária: ocorre a decadência de anular os atos
CONVALIDAÇÃO
viciados. Veja a redação do art. 54 da lei nº 9784/99:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai
em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.

(a) Anulação: o ato ilegal, vinculado ou discricionário, deve ser anulado


ANULAÇÃO E pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciário.
REVOGAÇÃO (c) Revogação: atos DISCRICIONÁRIOS podem ser extintos pela
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, em juízo de conveniência e oportunidade,

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LICENÇA PERMISSÃO

Permite exercício de Permite exercício de


Reconhece direito do particular
determinada atividade pelo determinada atividade pelo
para exercício de determinada
particular ou uso de bem particular ou uso de bem
atividade
público público

Ato vinculado Ato precário e discricionário Ato precário e discricionário

Natureza declaratória Natureza constitutiva Natureza constitutiva

Interesse público e privado


Prepondera interesse do
satisfeitos com igual
particular
intensidade.

»» Espécies de atos administrativos

• Normativos: manifestações de vontade abstratas para destinatários determináveis. Exemplos: decretos,


regulamentos, resoluções e instruções normativas.

• Ordinatórios: expedidos pela autoridade administrativa de hierarquia superior para seus subordinados.
Exemplos: ordens de serviço e circulares.

• Negociais: coincidem com a pretensão de particulares. Exemplos: licença, permissão e autorização.

• Enunciativos: a Administração se limita a certificar ou atestar fato constante de registros, processos


e arquivos públicos ou emitir opinião sobre determinado assunto. Exemplos: certidões, atestados e
pareceres.

• Punitivos: aplicação de sanção a servidores ou administrados. Exemplos: multa, interdição de atividades


e demolição.

5. Licitação. Conceito, natureza jurídica, objeto e finalidade. Princípios básicos e correlatos.


Modalidades. Obrigatoriedade, dispensa e inexigibilidade. Procedimento licitatório. Procedimentos
voltados à aquisição de bens e à contratação de obras ou serviços, no âmbito da Defensoria Pública
do Estado de São Paulo. Normas para os processos de locação de imóveis pela Defensoria Pública
do Estado de São Paulo. Anulação, revogação e recursos administrativos. Procedimentos voltados
ao processo administrativo sancionatório previsto na Lei Federal 8.666/93 e na Lei Estadual 10.177,
de 30.12.98, no âmbito da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. 6. Contrato administrativo.
Conceito, principais características e espécies. Formalização, execução e inexecução. Duração,
prorrogação, renovação e extinção. Revisão e rescisão. Convênios e consórcios. Prestação de

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assistência judiciária complementar no Estado de São Paulo, conforme o Termo de Convênio vigente
firmado entre a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e a seção paulista da Ordem dos
Advogados do Brasil (https:// www.defensoria.sp.def.br/dpesp/Default.aspx?idPagina=5859?).

»» PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO

Art. 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a


seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

• Isonomia: princípio que garante a igualdade material de participação entre os licitantes, sem
preferências, salvo aquelas estabelecidas pela própria lei.

• Seleção da proposta mais vantajosa para a Administração: isso não significa que deve sempre ser
escolhida a proposta que apresente o menor preço (um tipo de licitação), mas sua incidência requer a
análise d diversos outros fatores que, em conjunto, apontem para a melhor escolha pelo Poder Público,
a luz dos critérios da economicidade, eficiência, técnica, custo-benefício para o erário, e outros.

• Promoção do desenvolvimento nacional sustentável: alinhamento entre os impactos, reflexos e


aspectos ambientais, econômicos e sociais de determinada decisão/projeto.

• Vinculação ao instrumento convocatório: as regras da licitação são estabelecidas, concretamente,


no edital de convocação, o que permite amplo conhecimento do procedimento, previamente,
pelos participantes. Favorece a impessoalidade e a probidade administrativa, uma vez que o prévio
estabelecimento das regras impede, ou, ao menos, dificulta, a alteração do procedimento durante o
seu curo.

- Não confundir tipo de licitação, que representa o critério de julgamento das propostas (ex.:
preço, técnica, técnica + preço, dentre outras previstas na legislação especial) com modalidade de

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licitação, que representa o rito a ser seguido (concorrência, tomada de preços, etc.).

»» - Competência: União competência privativa para normas gerais (nacionais). Todos os entes
competência autônoma para normas específicas, com o objetivo de atenderem às peculiaridades
socioeconômicas, respeitadas as normas gerais.

#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDA: Licitação deserta: ausência de interessados. Licitação fracassada:


existem licitantes presentes no certame, mas todos são inabilitados ou desclassificados.

- A anulação da licitação deve ser promovida pela autoridade responsável pelo certame, de ofício,
ou por provocação, ou ainda, pode ser determinada pelo Poder Judiciário, se proposta a ação judicial
pertinente, sempre que for constatada ilegalidade no procedimento, e somente acarreta o dever de
indenizar o contratado por aquilo que tiver executado até a data da anulação, ou outro dano havido e
devidamente comprovado, por força da vedação ao enriquecimento ilícito.

- A revogação – que somente pode ser levada a efeito pela Administração – não constitui dever
da autoridade, mas decorre do poder discricionário e pode se dar na hipótese de um fato novo, de
uma circunstância inexistente quando da edição do certame, superveniente, devidamente comprovada,
e diretamente relacionada à licitação, ocasionar alteração no interesse público, sem que haja vício na
licitação. nesse caso, cabe indenizar todo e qualquer dano havido do qual existir prova e nexo causal.
Pode acontecer a qualquer tempo, ainda que o certame já tenha se encerrado e o objeto já esteja
adjudicado ao vencedor (Marçal Justen Filho).

Art. 49.  A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar


a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado,
pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por
provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

§ 1º  A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de
indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

§ 2º  A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo


único do art. 59 desta Lei.

§  3º   No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla


defesa.

§ 4º  O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do procedimento de dispensa e de

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inexigibilidade de licitação.

Nova hipótese de dispensa de licitação (novo inciso XXXV do art. 24)

• No art. 24 da Lei nº 8.666/93 existem diversos incisos que espelham situações nas quais o administrador
pode ou não realizar a licitação.

• Esse rol de situações do art. 24 é taxativo (exaustivo), ou seja, somente são dispensáveis as hipóteses
expressamente previstas ali.

• A Lei nº 13.500/2017 acrescentou mais um inciso ao art. 24, criando uma nova hipótese de licitação
dispensável. Veja:

Art. 24.  É dispensável a licitação:

(...)

XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de estabelecimentos


penais, desde que configurada situação de grave e iminente risco à segurança pública.

Alteração no art. 26, parágrafo único

Como foi acrescentada uma nova hipótese de licitação dispensável, a Lei nº 13.500/2017 também
precisou alterar a redação do inciso I do parágrafo único do art. 26 da Lei nº 8.666/93 exigindo que
o processo formal de dispensa demonstre qual é o “grave e iminente risco à segurança pública” que
autoriza a contratação direta.

Mão-de-obra oriunda do sistema prisional

A fim de estimular a contratação de ex-detentos, a Lei nº 13.500/2017 acrescentou um novo dispositivo


à Lei nº 8.666/93 prevendo que a Administração Pública poderá exigir que as empresas contratadas pelo
Poder Público tenham um mínimo de funcionários que sejam oriundos do sistema prisional. Veja:

Art. 40.  (...)

§ 5º A Administração Pública poderá, nos editais de licitação para a contratação de serviços,


exigir da contratada que um percentual mínimo de sua mão de obra seja oriundo ou egresso do
sistema prisional, com a finalidade de ressocialização do reeducando, na forma estabelecida em
regulamento.

#VEMDETABELINHA:

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CONTRATAÇÃO DIRETA

ESPÉCIES CARACTERÍSTICAS ALGUMAS HIPÓTESES

a. Dação em pagamento;
b. Doação;
c. Permuta;
1. Rol taxativo d. Investidura;
2. Objeto do contrato e. Venda para outros órgãos ou entidades
é restrito = alienação de administrativas;
bens f. Programas habitacionais;
LICITAÇÃO 3. Ausência de g. Venda de ações, que poderão ser
DISPENSADA comercializadas em bolsa;
discricionariedade do
administrador, pois h. Venda de bens quando a entidade
o próprio legislador administrativa possui essa finalidade;
dispensou previamente a i. Procedimentos de legitimação de posse de
licitação. que trata o art. 29 da Lei 6.383;
j. Alienação gratuita ou onerosa, aforamento,
concessão de direito real de uso, locação ou
permissão de uso de bens imóveis de uso
comercial de âmbito local com área até 250m².

a. Valor reduzido;
b. Situações emergenciais;
c. Licitação deserta;
d. Intervenção no domínio econômico;
e. Licitação frustrada;
f. Contratação de entidades administrativas;
g. Segurança nacional;
1. Rol taxativo; h. Compra e locação de imóveis;
LICITAÇÃO
2. Discricionariedade do i. Complementação do objeto contratual;
DISPENSÁVEL
administrador; j. Gêneros perecíveis;
k. Entidades sem fins lucrativos;
l. Negócios internacionais;
m. Obras de arte;
n. Necessidade de manutenção de garantias;
o. Forças armadas;
p. Bens destinados à pesquisa;
q. Serviços públicos concedidos;

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r. Transferência de tecnologia e incentivos à


inovação e à pesquisa científica e tecnológica;
s. Contratos de programa;
t. Catadores de materiais recicláveis;
u. Alta complexidade tecnológica;
v. Assistência técnica e extensão rural.

Exemplos:
1. Rol exemplificativo;
INEXIGIBILIDADE - fornecedor exclusivo;
DE LICITAÇÃO 2. Vinculação do
- serviços técnicos especializados;
administrador.
- artistas consagrados.

#ATUALIZAOVADE #NOVIDADELEGISLATIVA #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO15

O Presidente da República editou um decreto atualizando os valores do art. 23 da Lei nº 8.666/93.

Trata-se do Decreto nº 9.412/2018. Veja o que diz o art. 1º do Decreto:

Art. 1º Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput do art. 23 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
de 1993, ficam atualizados nos seguintes termos:

I - para obras e serviços de engenharia:

a) na modalidade convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);

b) na modalidade tomada de preços - até R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); e

c) na modalidade concorrência - acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); e

II - para compras e serviços não incluídos no inciso I:

a) na modalidade convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais);

b) na modalidade tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil
reais); e

c) na modalidade concorrência - acima de R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil


reais).

15 Leia os comentários na íntegra: https://www.dizerodireito.com.br/2018/06/breves-comentarios-ao-decreto-94122018.html

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ATUALIZAÇÃO DO DECRETO 9.412/2018

Compras e serviços que


Modalidade Obras e serviços de engenharia
não sejam de engenharia

Antes: até 150 mil Antes: até 80 mil


CONVITE
Agora: até 330 mil Agora: até 176 mil

Antes: até 650 mil


Antes: até 1 milhão e 500 mil
TOMADA DE PREÇOS Agora: até 1 milhão e 430
Agora: até 3 milhões e 300 mil
mil

Antes: acima de 650 mil


Antes: acima de 1 milhão e 500 mil
CONCORRÊNCIA Agora: acima de 1 milhão e
Agora: acima de 3 milhões e 300 mil
430 mil

#ÉPRECISOIRALÉM: Licitação carona. Sempre que a Administração Pública costuma contratar, com
frequência considerável, determinados bens ou serviços, surge o interesse em manter registros de
possíveis fornecedores e respectivos preços. Nesse caso, é possível a realização de licitação apenas
para o registro de preços, no intuito de facilitar eventual contratação futura, conforme prevê o
artigo 15, da Lei n. 8.666/93 e o art. 3º do Decreto 7.892/2010. Conforme Marçal Justen Filho: “A
licitação carona consiste na contratação fundada num sistema de registro de preços em vigor, mas
envolvendo uma entidade estatal dele não participante originalmente...”

»» CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Características dos contratos administrativos:

»» Formalismo moderado

»» Bilateralidade

»» Comutatividade

»» Personalíssimo (intuitu personae)

»» Desequilíbrio

»» Instabilidade

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»» Onerosidade

CONTRATOS CONVÊNIOS

Interesses antagônicos Mesmos objetivos

Destinação dos recursos não interessa ao Poder


Deve haver prestação de contas.
Público.

Precisa de licitação Não precisa de licitação.

Cláusulas exorbitantes:

»» Alteração unilateral

»» Rescisão unilateral

»» Fiscalização

»» Aplicação de sanções

»» Ocupação provisória

Duração dos contratos administrativos:

- Em regra, duram 01 ano (correspondendo à previsão orçamentária). No entanto, a lei nº 8.666/93


traz algumas exceções: (A) Projetos previstos no PPA; (B) Serviços contínuos (até 60 meses + 12
meses); (C) Aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática (D) As contratações
previstas no art. 24, IX, XIX, XXVIII e XXXI.

- Prorrogação dos contratos: justificado por escrito; autorização da autoridade competente;


manutenção das cláusulas e do equilíbrio contratual; previsão legal.

Hipóteses de inexecução:

1. INEXECUÇÃO CULPOSA:

(a) Culpa do contratado: Deve a Administração aplicar sanções, respeitados o contraditório e a


ampla defesa, sendo possível também a rescisão unilateral do contrato.

(b) Culpa da Administração (“Fato da Administração”): Consiste na inexecução das cláusulas


contratuais por parte da Adm. Nesse caso, a Administração deve rever as cláusulas do contrato para não
prejudicar o contratado (prorrogação do contrato, revisão dos valores devidos, etc.). O particular pode

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tentar o distrato ou proceder à rescisão judicial do contrato.

2. INEXECUÇÃO SEM CULPA: fatos não imputáveis às partes.

A. TEORIA DA IMPREVISÃO: É aplicada aos eventos imprevisíveis, supervenientes e extracontratuais


de natureza econômica (álea extraordinária econômica), não imputáveis às partes, que desequilibram
desproporcionalmente o contrato.

B. FATO DO PRÍNCIPE: É fato extracontratual praticado pela Administração que repercute no


contrato administrativo (ex.: aumento de alíquota do tributo que incide sobre o contrato). É fato GENÉRICO
(álea extraordinária administrativa).

C. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: Os artigos 78, XVII, e 79, §2º, impõe à Administração o
dever de indenizar o contratado em virtude da ocorrência de caso fortuito ou força maior.

Extinção dos contratos administrativos:

1. Motivos imputáveis ao contratado: a Administração poderá rescindir unilateralmente o contrato


(incisos I a XI e XIII).

2. Motivos imputáveis à Administração: incisos XII a XVI.

3. Motivos não imputáveis às partes: inciso XVII (fortuito ou força maior).

#NÃOCONFUNDA: resilição (extinção pela vontade das partes) x resolução (extinção sem culpa
das partes) x rescisão (extinção pelo inadimplemento de uma das partes. Pode ser unilateral, amigável
ou judicial).

Sanções aplicáveis:

(i) Advertência (infrações leves)

(ii) Multa (infrações médias)

(iii) Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a


Administração por até dois anos (infrações graves).

(iv) Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto
perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a
própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a
Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de 02 anos (infrações gravíssimas).

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- Atenção para uma #NOVIDADELEGISLATIVA do ano de 2017, a Lei 13.448/2017 (instituto da


relicitação).16

7. Serviços públicos. Conceito, características e classificação. Competência, regulamentação e


controle. Princípios. Direitos e deveres dos usuários. Atendimento Especializado ao Público no âmbito
da Defensoria Pública de São Paulo. Formas de prestação e remuneração. Concessão, permissão,
autorização e parceria público-privada. 8. Bens públicos. Conceito, elementos e classificação.
Aquisição e espécies. Utilização e regime jurídico. Afetação e desafetação. Gestão e alienação.

»» Concepções sobre serviço público:

- Amplíssima: toda e qualquer atividade exercida pelo Estado.

- Ampla: toda atividade prestacional voltada ao cidadão, não importando se é de titularidade


exclusiva do Estado e qual a forma de remuneração.

- Restrita: atividade prestada pelo Estado, de forma individualizada e com fruição qualificada.

- Restritíssima: atividade de titularidade do Estado remunerada por taxa ou tarifa.

- Prevalece a concepção ampla, de modo que o serviço público é conceituado como a “atividade
prestacional, titularizada, com ou sem exclusividade, pelo Estado, criada por lei, com o objetivo de atender
as necessidades coletivas, submetida ao regime predominantemente público”.

»» ELEMENTOS

- Elemento subjetivo: prestado pelo Estado ou por delegatários.

- Elemento material: atividade que satisfaz os interesses da coletividade.

- Elemento formal: submetida ao regime de direito público.

- NÃO são serviços públicos: atividades judiciais, legislativas e de governo (políticas); fomento;
poder de polícia; intervenção na propriedade privada; obras públicas.

- Ordem social (saúde e educação): podem ser prestados pelos particulares independentemente
de delegação. São atividades privadas, sujeitas ao poder de polícia do Estado. Apenas quando

16 #AJUDAMARCINHO Para maiores esclarecimentos consultar o sitehttp://www.dizerodireito.com.br/2017/06/a-lei-


134482017-e-o-instituto-da.html

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desempenhadas pelo Estado é que se sujeitam ao regime de direito público.

»» FORMAS DE PRESTAÇÃO:

- Direta: o serviço é prestado pela Administração Pública, direta ou indireta.

- Indireta: o serviço é prestado por particulares, aos quais, mediante delegação do Poder Público,
é atribuída a sua mera execução.

»» REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE: atividade típica do Poder Público, indelegável a particulares.

»» CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

- Originário: só pode ser prestado pelo Estado; poder de império; indelegável. Ex.: segurança
nacional.

- Derivado: pode ser prestado por particulares; delegável. Ex.: energia, telefonia.

- Exclusivo: titularidade do Estado, prestados direta ou indiretamente. Ex.: energia.

- Não exclusivo: Estado não é titular; podem ser prestados por particulares sem delegação. Ex.:
saúde, educação.

- Próprio: prestado pelo Estado, direta ou indiretamente. Ex.: energia, escola pública.

- Impróprio: prestado por particular, sem delegação. Ex.: saúde, educação.

- Geral, uti universi: Usuários indeterminados. Ex.: iluminação pública, saneamento.

- Individual, uti singuli: Usuários determinados, mensuráveis. Ex.: água, energia.

- Obrigatório: colocado à disposição dos cidadãos, obrigatoriamente; remunerado por tributos.

- Facultativo: usuário pode optar por recebê-lo ou não; remunerado por tarifas.

»» QUANDO O SERVIÇO PODE SER PARALISADO:

I) Em situação de emergência (ex.: queda de raio na central elétrica); ou

II) Após prévio aviso, quando:

• Motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações (ex.: manutenção periódica
e reparos preventivos); e

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• Por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade;

»» PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO

A. Continuidade: Impõe a prestação ininterrupta do serviço público, tendo em vista o dever do


Estado de satisfazer e promover direitos fundamentais.

B. Igualdade / uniformidade: Dever de prestar o serviço de maneira igualitária a todos os


particulares.

C. Mutabilidade /atualidade: Os serviços públicos devem se adaptar a evolução social e


tecnológica.

D. Generalidade / universalidade: Exige que a prestação do serviço público beneficie o maior


número possível de beneficiários.

E. Modicidade: O valor cobrado do usuário deve ser proporcional ao custo do respectivo serviço.

#COLANARETINA #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ (INFO 598): Em regra, o serviço público


deverá ser prestado de forma contínua, ou seja, sem interrupções (princípio da continuidade do
serviço público). Excepcionalmente, será possível a interrupção do serviço público nas seguintes
hipóteses previstas no art. 6º, § 3º da Lei n.º 8.987/95:

(a) Em caso de emergência (mesmo sem aviso prévio);

(b) Por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que o usuário seja
previamente avisado;

(c) Por causa de inadimplemento do usuário, desde que ele seja previamente avisado.

CONCESSÃO PERMISSÃO AUTORIZAÇÃO

Delegação (transferência Delegação (transferência


Delegação
apenas da execução) apenas da execução)

Apenas PJ ou consórcio de
PF ou PJ PF ou PJ
empresas

Ato unilateral, discricionário,


Formalizada por contrato Formalizada por contrato
precário (sem necessidade de
administrativo administrativo
indenização).

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Mediante licitação
Qualquer modalidade
na modalidade Não precisa licitar
licitatória
CONCORRÊNCIA

»» BENS PÚBLICOS

AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO CONCESSÃO

Interesse do particular e do
Interesse do particular Interesse público
poder público em igualdade

Eventos ocasionais e
Situação mais permanente Situação permanente
temporários

Sem licitação Licitação obrigatória

Ato administrativo Unilateral Precário Discricionário Contrato administrativo

AFETAÇÃO DESAFETAÇÃO

Transformação do bem de dominical em uso Transformação do bem de uso comum /


comum ou especial especial em bem dominical

Não é desafetado pelo simples não uso. Tem


que ser lei ou ato administrativo autorizado por
Pode ser feita de qualquer maneira: lei, ato ou
lei. Obs. pode ser também desafetado por um
simples uso.
evento da natureza. Ex. chuva que derruba a
escola.

9. Agentes públicos. Conceito e classificação. Organização e regime jurídico funcional. Atribuições


administrativas das Defensorias Públicas Regionais da Capital, da Região Metropolitana e do Interior,
atividade de gestão pública de incumbência do Defensor Público do Estado Coordenador. Regime
previdenciário. Responsabilidade administrativa, civil e criminal. Estatuto dos Funcionários Públicos
Civis do Estado de São Paulo. Processo Administrativo. Do Procedimento Administrativo Disciplinar,
das Transgressões Disciplinares, das Penalidades e da Extinção de Punibilidade no âmbito da Lei
Complementar estadual 207, de 05-01-1979. Da Violação dos Valores, dos Deveres e da Disciplina,
das Sanções Administrativas Disciplinares, do Recolhimento Disciplinar e do Procedimento Disciplinar,
Competência, do Julgamento, da Aplicação e do Cumprimento das Sanções Disciplinares e dos
Recursos Disciplinares no âmbito da Lei Complementar estadual 893, de 09-03-2001.

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»» AGENTES PÚBLICOS

- Dois são os requisitos para a caracterização do agente público: um, de ordem objetiva, isto é,
a natureza estatal da atividade desempenhada; outro, de ordem subjetiva: a investidura nela. AGENTE
PÚBLICO é aquele que exerce função pública, seja de forma temporária ou permanente, com ou sem
remuneração, independentemente do tipo de vínculo.

- Na classificação dos agentes públicos temos:

»» Agentes políticos: representam a vontade do Estado, comandam cada um dos Poderes. Estão
sujeitos a regime legal (regime jurídico-administrativo), exemplo: chefe do Poder Executivo (Presidente,
Governador e Prefeito), auxiliar imediato do Poder Executivo (Ministros, Secretários), membros do
Poder Legislativo, magistrados, membros do Ministério Público, Conselheiros dos Tribunais de Contas.
Não se submetem à Lei nº 8.112/90.

»» Servidor estatal: é todo aquele que atua na Administração Direta ou Indireta. Subdivide-se em
servidor público (atua em pessoa jurídica de direito público. pode ser estatutário ou celetista) e
servidor de ente governamental de direito privado (atua em pessoa jurídica de direito privado – são
titulares de emprego, com regime trabalhista, CLT). O empregado público está excluído da incidência
da Lei nº 8.112/90.

»» Servidores Públicos: O servidor público trabalha na pessoa jurídica de direito público, especificamente,
na Administração Direta, autarquias e fundações públicas de direito público. Compreendem as
seguintes espécies:

»» Servidores titulares de cargos públicos na Administração Direta (anteriormente denominados


funcionários públicos), nas autarquias e fundações de Direito Público da União, dos Estados, do DF e
dos Municípios, assim como no Poder Judiciário e na esfera administrativa do Legislativo;

»» Servidores empregados das pessoas supra referidas.

»» Temporários.

Servidores das pessoas governamentais de Direito Privado são os empregados de empresas


públicas, sociedades de economia mista e fundações de Direito Privado instituídas pelo Poder Público, os
quais estarão todos, obrigatoriamente, sob regime trabalhista: É O EMPREGADO PÚBLICO.

Servidores públicos comuns são aqueles a quem incumbe o exercício das funções administrativas
em geral e o desempenho das atividades de apoio aos objetivos básicos do Estado. Formam a grande

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massa dos servidores, podendo ser estatutários ou trabalhistas. Os estatutários podem ser divididos em
duas subcategorias: (1) servidores de regime geral, aqueles que se submetem ao regime geral contido
no estatuto funcional básico; (2) servidores de regime especial, aqueles em que o estatuto funcional
disciplinador se encontra em lei específica.

Servidores públicos especiais são aqueles que executam certas funções de especial relevância
no contexto geral das funções do Estado, sendo, por isso mesmo, sujeitos a regime jurídico funcional
diferenciado, sempre estatutário e instituído por diploma normativo específico, organizador de seu
estatuto. Pela inegável importância de que se reveste sua atuação, a Constituição contempla regras
específicas que compõem seu regime jurídico supralegal. Nessa categoria é que nos parece coerente
incluir Magistrados, os membros do Ministério Público, os Defensores Públicos, os membros dos Tribunais
de Contas e os membros da Advocacia Pública (Procuradores da União e dos Estados-Membros).

Particular em colaboração: exerce função pública (exemplo: mesários, jurados, particulares


voluntários, concessionário, delegados de função, etc). Esta terceira categoria de agentes é composta por
sujeitos que, sem perderem sua qualidade de particulares – portanto, de pessoas alheias à intimidade do
aparelho estatal (com exceção única dos recrutados para o serviço militar) – exercem função pública, ainda
que às vezes em caráter episódico. Clássico exemplo desses agentes são os jurados, as pessoas convidadas
para serviços eleitorais, como os mesários e os integrantes de juntas apuradoras e os comissários de
menores voluntários. São também considerados agentes particulares colaboradores os titulares de ofícios
de notas e de registro não oficializados (art. 236, CF) e os concessionários e permissionários de serviços
públicos.

Funcionário de fato é aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de
legalidade. Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e
do princípio da presunção de legalidade dos atos administrativos reputam-se válidos os atos por ele
praticados, se por outra razão não forem viciados.

Os agentes de fato podem ser agrupados em duas categorias:

»» Agentes necessários são aqueles que praticam atos e executam atividades em situações excepcionais,
como, por exemplo, as de emergência, em colaboração com o Poder Público e como se fossem
agentes de direito.

»» Agentes putativos são que desempenham uma atividade pública na presunção de que há legitimidade,
embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido. “Tem ele direito
à percepção da remuneração, mesmo se ilegítima a investidura, não estando obrigado a devolver os
respectivos valores”.

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- FORMAS DE PROVIMENTO:

»» Nomeação: atribuição de um cargo a um servidor. Com a posse, há aceitação do cargo com o


compromisso de bem servir. É nesse momento que a relação jurídica é constituída (investidura -
POSSE). O servidor tem 30 dias para tomar posse, que se não for feita no prazo legal, ficará sem
efeito. Em seguida, o servidor tem 15 dias para entrar em exercício (com o exercício passa a ter direito
à remuneração). Se não o fizer, o servidor será exonerado. O candidato nomeado tem direito à posse.
Há nomeação para cargo efetivo e há nomeação para cargo em comissão.

»» Promoção: sai de uma classe para outra no âmbito da sua carreira. Ascensão – servidor vai da maior
classe de sua carreia para a menor de carreira diversa. Transferência – servidor vai para classe de
mesmo nível em carreira diversa. NÃO é mais possível ocorrer a transferência nem a ascensão.

»» Reintegração: acontece quando comprovada a ilegalidade da desinvestidura do servidor (exemplo:


ilegalidade da demissão). O retorno pode ocorrer por processo judicial ou administrativo para cargo
de origem. Se o cargo for transformado, o servidor vai retornar para o resultado da transformação.
Vai receber todas as vantagens do período em que esteve afastado (art. 28, da Lei nº 8.112/90).

»» Recondução: acontece quando ocorrer a reintegração do antigo ocupante do cargo ou quando for
inabilitado no estágio probatório de outro cargo. O servidor retornará ao cargo anterior (de origem)
se estiver vago, caso esteja ocupado retornará para cargo equivalente vago. Não havendo cargo
equivalente vago, ele ficará em disponibilidade e será remunerado proporcionalmente ao tempo de
serviço (art. 29, da Lei nº 8.112/90); a reintegração e a recondução são garantias do servidor estável,
OU SEJA, não sendo estável ele pode ser exonerado caso o servidor volte por meio da reintegração

»» Aproveitamento: é o retorno do servidor em disponibilidade. O servidor fica em disponibilidade


quando o seu cargo é extinto por ser considerado desnecessário. É disponibilidade remunerada. (art.
30 a 32, da Lei nº 8.112/90).

»» Reversão: acontece quando insubsistentes os motivos da aposentadoria por invalidez, declarado por
junta médica. A última forma de provimento por reingresso é a reversão. Esse tipo de reingresso é
específico para o servidor inativo e se consuma mediante a ocorrência de duas situações funcionais:

1. o restabelecimento, por laudo médico, de servidor aposentado por invalidez; ou

2. vício de legalidade no ato que concedeu a aposentadoria.

»» Readaptação: servidor ocupa cargo diverso que se compatibiliza com a limitação ocorrida em sua
capacidade física ou psíquica.

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#ÉPRECISOIRALÉM: Desenquadramento no Direito Administrativo. Em tempos de crise financeira


e orçamentária em alguns Estados da Federação, faz-se necessário falar em desenquadramento,
que nada mais é do que a exoneração de servidores públicos, com o espoco de adequar as despesas
com pessoal ao limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ressalta-se que se trata de medida dura
e que, portanto, a CF veda a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou
assemelhadas pelo prazo de quatro anos, bem como prevê uma indenização para os servidores
estáveis à época da exoneração.

#APOSTACICLOS: DIREITO DE GREVE

- Previsto no art. 37, VII, da CF/88. Ocorre que até hoje não foi editada lei específica que regulamente
esse direito. Por essa razão, o STF decidiu que, mesmo sem ter sido ainda editada a lei de que trata
o art. 37, VII, da CF/88, os servidores públicos podem fazer greve, devendo ser aplicadas as leis que
regulamentam a greve para os trabalhadores da iniciativa privada (Lei nº 7.701/88 e Lei nº 7.783/89).
Nesse sentido: MI 708 e 712 do STF.

- São requisitos para a deflagração de uma greve no serviço público:

a) tentativa de negociação prévia, direta e pacífica;

b) frustração ou impossibilidade de negociação ou de se estabelecer uma agenda comum;

c) deflagração após decisão assemblear;

d) comunicação aos interessados, no caso, ao ente da Administração Pública a que a categoria se


encontre vinculada e à população, com antecedência mínima de 72 horas (uma vez que todo serviço
público é atividade essencial);

e) adesão ao movimento por meios pacíficos; e

f ) a garantia de que continuarão sendo prestados os serviços indispensáveis ao atendimento das


necessidades dos administrados (usuários ou destinatários dos serviços) e à sociedade.

#AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO:

Caso os servidores públicos realizem greve, a Administração Pública deverá descontar da


remuneração os dias em que eles ficaram sem trabalhar?

- Regra: SIM. Em regra, a Administração Pública deve fazer o desconto dos dias de paralisação
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos.

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- Exceção: não poderá ser feito o desconto se ficar demonstrado que a greve foi provocada por
conduta ilícita do Poder Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016
(repercussão geral) (Info 845).

Entretanto, existem determinadas categorias para quem a greve é proibida. É o caso dos Policiais
Militares, Bombeiros Militares e militares das Forças Armadas façam greve (art. 142, 3º, IV c/c art. 42, § 1º).
Nesse sentido, o Supremo foi além e afirmou que nenhum servidor público que trabalhe diretamente na
área da segurança pública pode fazer greve:

O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e
a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. STF. Plenário.
ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

Segundo o STF, não é possível compatibilizar que o braço armado do Estado faça greve porque isso colocaria
em risco a segurança pública, a ordem e a paz social. Não há possibilidade de nenhum outro órgão da iniciativa
privada suprir a atividade policial, de forma que, se esta entra em greve, não há como sua função ser substituída.
Além disso, a greve não é um direito absoluto e, neste caso, deverá ser feito um balanceamento entre o
direito de greve e o direito de toda a sociedade à segurança pública e à manutenção da ordem pública
e paz social. Neste caso, há a prevalência do interesse público e do interesse social sobre o interesse
individual de uma categoria. Por essa razão, em nome da segurança pública, os policiais não podem fazer
greve.

Importante destacar que a ponderação de interesses aqui não envolve direito de greve X continuidade
do serviço público. A greve dos policiais é proibida não por causa do princípio da continuidade do serviço
público (o que seria muito pouco), mas sim por conta do direito de toda a sociedade à garantia da
segurança pública, à garantia da ordem pública e da paz social. Acrescente-se que não se trata de aplicar
por analogia o art. 142, § 3º, IV: a greve é proibida por força dos princípios constitucionais que regem os
órgãos de segurança pública.

Apesar de os policiais não poderem exercer o direito de greve, é indispensável que essa categoria
possa vocalizar (expressar) as suas reivindicações de alguma forma. Pensando nisso, o STF afirmou, como
alternativa, que o sindicato dos policiais possa acionar o Poder Judiciário para que seja feita mediação com
o Poder Público, nos termos do art. 165 do CPC: Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução
consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e
pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.

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#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A decisão judicial que concede a servidor público a gratificação


de 13,23% prevista na Lei nº 10.698/2003 afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgador
fundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6º da Lei nº 13.317/2016. STF. 1ª Turma.
Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884). STF. 1ª Turma. Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/11/2017 (Info 886).

A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve


de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações
públicas. STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

O servidor público tem direito de continuar recebendo o auxílio-alimentação mesmo durante o


período em que estiver de férias? 1a corrente: SIM. Isso porque as férias são consideradas como
período de efetivo exercício. STJ. 2a Turma. AgRg no REsp 1528084/RS, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 06/08/2015. 2a corrente: NÃO. Em virtude de seu caráter indenizatório, o auxílio-
alimentação é devido apenas aos servidores que estejam no efetivo exercício do cargo. STJ. 1a
Turma. RMS 47.664/SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 06/06/2017. Penso que a 1ª
corrente é majoritária.

Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a


incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos
formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do
agente público. STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em
26 e 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).

#APOSTACICLOS: o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado


aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos
órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização
dos interesses da categoria. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa genérica para
contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações
temporárias. STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017 (Info 858).

Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de serventias
judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam

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remuneração proveniente dos cofres públicos. STF. Plenário. RE 647827/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 15/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).

Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra


da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os
ocupantes de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins
de nomeação a cargo em comissão. Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não
há óbice constitucional a que o servidor efetivo, aposentado compulsoriamente, permaneça no
cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação
e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a
Administração. STF. Plenário. RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2016 (repercussão
geral) (Info 851).

A “teoria do fato consumado” não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público
destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita,
ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada
por ocasião do julgamento de mérito. Em outras palavras, se a pessoa consegue uma decisão
provisória garantindo a ela a remoção e, posteriormente, esta decisão é revogada, esta remoção
terá que ser desfeita mesmo que já tenha se passado muitos anos. Não se aplica a “Teoria do Fato
Consumado” em relação a atos praticados sob contestação das pessoas envolvidas, que o reputam
irregular e manifestam a existência da irregularidade nas vias adequadas, ainda que, pela demora
no transcurso do procedimento destinado à apuração da legalidade do ato, este gere efeitos no
mundo concreto. Verificada ou confirmada a ilegalidade, o ato deve ser desfeito, preservando-se
apenas aquilo que, pela consolidação fática irreversível, não puder ser restituído ao status quo ante.
Se a Administração Pública, mesmo após a decisão liminar, continuou questionando no processo a
legalidade da remoção do servidor/autor, não se pode aplicar a teoria do fato consumado, devendo
o ato ser desfeito, salvo se tivesse havido uma consolidação fática irreversível (ou seja, se não fosse
mais possível voltar ao “status quo ante”). STJ. Corte Especial. EREsp 1157628-RJ, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 7/12/2016 (Info 598).

#APOSTACICLOS: A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão
do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O desconto
será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder
Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016 (repercussão geral)
(Info 845).

Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do

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servidor público dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de
greve. STJ. 2ª Turma. RMS 49339-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 (Info 592).

Servidor que recebeu auxílio-moradia apresentando declaração falsa de que havia se mudado para
outra cidade terá que ressarcir o erário e devolver os valores recebidos mesmo que já se tenha
passado mais de 5 anos desde a data em que o pagamento foi autorizado. STF. 1ª Turma. MS 32569/
DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 13/09/2016 (Info 839).

A 1ª Seção do STJ, no julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia 1.244.182/


PB, firmou o entendimento de que não é devida a restituição de valores pagos a servidor público
de boa-fé, por força de interpretação errônea ou má aplicação da lei por parte da Administração.
O mesmo entendimento tem sido aplicado pelo STJ nos casos de mero equívoco operacional da
Administração Pública. Assim, para o STJ, não é devida a devolução de verba paga indevidamente
a servidor em decorrência de erro operacional da Administração Pública, quando se constata que o
recebimento pelo beneficiado se deu de boa-fé. STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1447354/PE, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/09/2014. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016.

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:

Súmula vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se


o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Súmula vinculante 33: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral
de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III,
da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica.

Súmula 378 STJ: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais
decorrentes.

Súmula 36 STF: Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade.

Súmula 39 STF: À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judicialmente, o seu
aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência da administração.

Súmula vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar

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vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Súmula vinculante 55: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.

Súmula vinculante 42: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores


estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.

#ATENÇÃO:

- A Lei 9.784/1999 é aplicável à Administração FEDERAL direta e indireta; aos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas, quanto exerçam funções
administrativas (atípicas).

- A Lei 9.784/1999 tem aplicação SUBSIDIÁRIA aos Estados, Distrito Federal e Municípios, segundo
o STJ, que não possuem leis próprias sobre processo administrativo.

#SELIGA

INDEPENDÊNCIA / COMUNICAÇÃO ENTRE AS INSTÂNCIAS (EXEMPLOS)

INDEPENDÊNCIA COMUNICAÇÃO

Absolvição penal por falta de provas – não


Negativa da existência do fato – comunica-se com
repercute na esfera administrativa, pois pode
a esfera administrativa, posto que se evidencia
ser que na esfera administrativa existem provas
que o fato em questão sequer existiu.
suficientes para condenação naquela esfera.

Prescrição penal – não repercute na esfera Negativa de autoria – comunica-se com a


administrativa, pois apenas reconhece a perda esfera administrativa. O fato existe, mas ficou
do direito de punir do Estado. comprovado que a parte não o realizou.

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

A Administração Pública pode atuar, de ofício, na condução de todas


IMPULSO OFICIAL
as fases do processo, inclusive com iniciativa de investigação dos fatos
(OFICIOSIDADE) e da produção de provas.

DEVIDO PROCESSO Garantia de transparência na condução do processo, com a finalidade


LEGAL de se evitar o cometimento de abusos e arbitrariedades.

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Direito conferido ao administrado de influenciar na decisão


administrativa de seu interesse, manifestando-se na relação processual,
requerendo a produção de provas e provocando sua tramitação. Aqui,
temos algumas súmulas vinculantes de destaque:
Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito
ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de
recurso administrativo.
CONTRADITÓRIO E
AMPLA DEFESA Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas
da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
A ressalva quanto à apreciação do ato de concessão da aposentadoria
se dá porque não se trata de anulação ou revogação, mas sim
formação de um ato complexo, em que a defesa se deu nos
momentos iniciais. Ademais, não haveria anulação ou revogação por
que o ato ainda não se aperfeiçoou.

INSTRUMENTALIDADE O vício de forma é sanável quando não ensejar em prejuízo, desde


DAS FORMAS que mantido o interesse público diante da aplicação do princípio.

INFORMALISMO
OU FORMALISMO São obrigatórias as formalidades indispensáveis à segurança jurídica
do cidadão que devem ser observadas pela Administração Pública
NECESSÁRIO OU
na condução do feito, mas, em contrapartida, não se exigem tantas
FORMALISMO formalidades ao particular interessado no procedimento.
MODERADO

Em virtude desse princípio, é admissível, em sede de recursos


administrativos, a chamada reformatio in pejus. #CUIDADO: não
VERDADE REAL se admite reformatio in pejus em processo de REVISÃO, posto que se
trataria de processo distinto, mas no âmbito do RECURSO admite-se
a reformatio in pejus.

Os processos administrativos são gratuitos, de modo que não há


GRATUIDADE cobrança de custas, emolumentos ou ônus sucumbenciais aos
particulares envolvidos.

A Administração deve atuar de acordo com as balizas da lei, tanto


LEGALIDADE
para se resguardar quanto para resguardar o administrado.

Dever do administrador de indicar os pressupostos de fato e de direito


MOTIVAÇÃO
que determinaram a prática dos atos administrativos.

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»» Princípios do Processo Administrativo Disciplinar:

• Princípio do devido processo legal (due processo of law): trata-se de uma garantia do servidor
público, prevista expressamente no art. 5º, LIV, CF: “Ninguém será privado de sua liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal”. Significa dizer que o Estado, quando da apuração de eventuais
infrações na esfera administrativa, deverá observar rigorosamente as regras legais que ele mesmo
criou;

• Princípio da Oficialidade: trata-se de um princípio expressamente previsto no art. 2º, parágrafo


único, da Lei 9.784/99 (que trata do processo administrativo federal). Diferentemente do que ocorre
no processo judicial (cuja tutela jurisdicional, como regra, depende de iniciativa do interessado), no
processo administrativo disciplinar a iniciativa de instauração e desenvolvimento do procedimento é de
competência da própria Administração Pública, em razão do princípio da autotutela. Em assim sendo,
o impulso da marcha procedimental no PAD não demanda da vontade do interessado, podendo a
administração agir de ofício.

• Princípio do contraditório e da ampla defesa: trata-se de previsão constitucional no art. 5º, LV:
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Tal garantia se aplica tanto
aos processos judiciais como os processos administrativos. No PAD, o servidor poderá atuar por si
mesmo, elaborando sua própria defesa, mas também poderá se fazer representar por um advogado
(devidamente habilitado). A defesa por um advogado é mera faculdade.

• Princípio da publicidade: trata-se do dever de transparência das atividades administrativas e está


previsto como um dos princípios básicos da Administração Pública (art. 37, “caput”, da CF). Ademais, o
art. 5º, XXXIII, da Carta Magna também prevê o direito à informação. Isso significa dizer que qualquer
interessado, demonstrando interesse público, por óbvio, poderá solicitar acesso aos autos do processo
administrativo. Registre-se que tal direito não é ilimitado, de maneira que em havendo abuso é possível
sua negativa por parte da Administração Pública.

• Princípio da presunção de inocência: trata-se do postulado constitucional de que “ninguém será


considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, conforme art. 5º, LVII,
CF, também aplicável ao processo administrativo;

• Princípio da proporcionalidade (ou da adequação punitiva): vige contra eventuais abusos de


autoridade. Significa que a aplicação desproporcional de penalidade mais grave do que a exigida
pela infração funcional constitui ato ilegal, suscetível de anulação na via administrativa ou judicial, sem
prejuízo da aplicação adequada à conduta ilícita.

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#SELIGA:

ATRIBUIÇÕES ADMINISTRATIVAS DAS DEFENSORIAS PÚBLICAS REGIONAIS DA CAPITAL, DA


REGIÃO METROPOLITANA E DO INTERIOR

Programar, implementar, controlar, coordenar e gerenciar administrativamente a estrutura material


necessária ao desempenho ininterrupto das atribuições institucionais da Defensoria Pública no âmbito
da Regional, sob a orientação dos órgãos da administração superior, acautelando-se para a ampla
eficiência, eficácia, economicidade e legalidade das medidas adotadas;

Pleitear à Coordenadoria Geral de Administração a contratação de serviços de apoio ao funcionamento


da Regional, ou, quando autorizado, contratá-los diretamente;

Atestar o efetivo fornecimento dos serviços e entrega dos produtos contratados, nas formas e prazos
estabelecidos pela Coordenadoria Geral de Administração;

Manifestar-se fundamentadamente sobre o interesse na renovação ou na rescisão dos contratos e


convênios, cujos efeitos afetam a Defensoria Pública Regional, nos moldes e prazos estipulados pelo
respectivo instrumento, observando diretrizes fixadas pela Coordenadoria Geral de Administração;

Fiscalizar o pleno cumprimento dos contratos e convênios em vigor na circunscrição de atuação, e


impedir a responsabilização solidária ou supletiva tributária, trabalhista, previdenciária e comercial da
Defensoria Pública do Estado derivada do inadimplemento da avença;

Efetuar a vigilância, orientação de utilização e o controle do patrimônio e materiais de consumo


disponibilizados para a execução dos serviços, mantendo arquivos atualizados de inventário patrimonial
e dispêndio de insumos;

Gerenciar a aplicação da verba de adiantamento e conformar autos de prestação de contas de


adiantamento, com as cautelas previstas na lei e observância das orientações da Coordenadoria Geral
de Administração;

Solicitar à Coordenadoria Geral de Administração apoio logístico, fornecimento de produtos


disponíveis no almoxarifado, aquisições de materiais permanentes e disponibilização de recursos
financeiros para gerir a unidade de atendimento, atentando para os procedimentos e prazos fixados
pela Coordenadoria Geral de Administração;

Elaborar escala de férias, licenças e plantões, e agenda de audiências e triagens para serem efetivados
pelos recursos humanos, nos moldes estabelecidos no plano de atuação da Regional e normas de
atendimento implementadas pelos órgãos superiores;

Implementar, coordenar e gerenciar a adequação e harmonia do sistema produtivo, a capacitação


constante e a célere e eficiente prestação de serviços de qualidade;

Gerenciar e controlar as atividades dos recursos humanos e utilização dos recursos materiais necessários
para o funcionamento da unidade de atendimento a que está vinculado, atentando para o plano de
atuação aprovado pelo Subdefensor Público-Geral do Estado;

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Atestar, manifestar e encaminhar requerimentos relativos a recursos humanos, nos moldes e prazos
estabelecidos por portaria da Coordenadoria Geral de Administração;

Solicitar à Coordenadoria de Tecnologia da Informação assistência e orientação para a gestão de


recursos de informática, como computadores, impressoras, programas de computadores, redes física
e lógica, servidores, zelando pela boa utilização dos recursos;

Decidir de acordo com as diretrizes dos órgãos da administração superior sobre a nomeação de
advogados e peritos pelos sistemas de informática, cuidando para que todos os procedimentos sejam
observados, e procedendo às indicações quando devidas;

Coordenar os serviços prestados pela Defensoria Pública Regional, organizando os recursos materiais
e humanos, fazendo cumprir os programas de padronização, o planejamento estratégico da instituição
e as orientações dos órgãos da administração superior;

Representar a Defensoria Pública Regional em solenidades e em atos públicos locais;

Cumprir e fazer cumprir as deliberações do Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado, os


atos normativos da Defensora Pública-Geral do Estado, do Defensor Público do Estado Corregedor-
Geral e dos Subdefensores Públicos-Gerais do Estado, e portarias da Coordenadoria Geral de
Administração, da Coordenadoria de Tecnologia de Informática e da Coordenadoria de Comunicação
Social e Assessoria de Imprensa;

Auxiliar o Conselho Superior da Defensoria Pública na organização das conferências para elaboração
do plano anual de atuação da Defensoria Pública do Estado;

Providenciar a ampla instrução probatória em procedimento de representação contra atuação de


advogado credenciado ao Convênio Defensoria/OAB, nos moldes estabelecidos no respectivo
instrumento, encaminhando os documentos à Comissão Paritária.

ATIVIDADE DE GESTÃO PÚBLICA DE INCUMBÊNCIA DO DEFENSOR PÚBLICO DO ESTADO


COORDENADOR

Elaborar plano regional de atuação, a ser submetido ao Subdefensor Público-Geral do Estado, no


tempo e na forma definidos em instrução complementar.

Elaborar relatórios periódicos para comprovar o eficiente e eficaz desenvolvimento das atividades
administrativas, nos moldes das orientações do Subdefensor Público-Geral do Estado ao qual estão
vinculados.

#ATENÇÃO: cabe aos Defensores Públicos do Estado Coordenadores-auxiliares vinculados às


unidades de atendimento em Regionais da Capital, da Região Metropolitana e do Interior
auxiliar o Defensor Público do Estado Coordenador e substitui-lo em caso de ausência.

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10. Responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado. Noções gerais sobre a responsabilidade


extracontratual do Estado. Teorias sobre a responsabilidade e a irresponsabilidade do Estado.
Responsabilidade por atos administrativos, legislativos e judiciais. Reparação do dano e direito
de regresso. 11. Intervenção do Estado na propriedade. Fundamentos, competência e controle
judicial. Desapropriação. Servidão administrativa. Requisição. Ocupação temporária. Limitações
administrativas. Tombamento.

»» RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO

Art. 37, § 6º CF. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

- A regra da ordem jurídica é que aquele que causa dano indeniza. A ordem jurídica é una, de forma
que com o Estado não será diferente. A ideia da responsabilidade do Estado é uma consequência lógica
inevitável da noção de Estado de Direito. Porém, nem sempre foi assim.

a) Teoria da irresponsabilidade do Estado:

- O Monarca não errava. ‘The king can not be wrong’. Esse pensamento se repetiu com o Estado
Liberal – Estado não intervia em nada. Não se responsabilizava. A responsabilidade do Estado vai nascer
quando ele passa de Estado Liberal para Estado de Direito.

- Essas assertivas, contudo, não representavam completa desproteção dos administrados perante
comportamentos unilaterais do Estado. Isto porque, de um lado, admitia-se responsabilização quando
leis específicas a previssem explicitamente. De outro lado, também se admitia responsabilidade por danos
resultantes da gestão do domínio privado do Estado, bem como os causados pelas coletividades públicas
locais.

b) Estado como sujeito responsável em situações pontuais

- A evolução foi gradativa. Incialmente o Estado respondia apenas quando a lei previsse a
responsabilidade. Eram situações pontuais. O reconhecimento da responsabilidade do Estado, à margem
de qualquer texto legislativo e segundo princípios de Direito Público, como se sabe, teve por marco
relevante o famoso aresto Blanc17, do Tribunal de Conflitos, proferido em 1º. de fevereiro de 1873. Ainda

17 A menina Agnès Blanco, ao atravessar uma rua em Bordeaux, foi colhida por uma vagonete da Cia. Nacional
de Manufatura do Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização, com base no princípio de que o Estado
é civilmente responsável por prejuízos causados a terceiros, em decorrência de ação danosa de seus agentes.
Suscitado conflito de atribuições entre a jurisdição comum e o contencioso administrativo, o Tribunal de Conflitos decidiu

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que nele se fixasse que a responsabilidade do Estado ‘não é nem geral nem absoluta’ e que se regula
por regras específicas, desempenhou a importante função de reconhecê-la como um princípio aplicável
mesmo à falta de lei.

c) Teoria civilista da culpa – teoria da responsabilidade com culpa

- Procurava distinguir dois tipos de atitude estatal: os atos de império e os atos de gestão.
Aqueles seriam coercitivos porque decorrem do poder soberano do Estado, ao passo que estes mais
se aproximariam com os atos de Direito Privado. Se o Estado produzisse um ato de gestão, poderia ser
civilmente responsabilizado, mas se fosse a hipótese de ato de império não haveria responsabilização,
pois que o fato seria regido pelas normas tradicionais de direito público, sempre protetivas da figura
estatal.

Crítica: Critério confuso. Difícil distinguir os atos de império e gestão na prática. Difícil dissociar as
faltas do agente relacionadas à função pública daquelas não ligadas com as suas atividades.

d) Responsabilidade subjetiva na culpa do serviço – Teoria da culpa administrativa– culpa


anônima – faute du service.

- Basta que a vítima prove que o serviço não foi prestado, não foi prestado de forma eficiente ou foi
prestado de forma atrasada. Essa responsabilidade surgiu entre os franceses e foi denominada “faute du
service”. Não preciso mais achar a pessoa culpada. Foi chamada também de culpa anônima.

e) Responsabilidade objetiva

- Ampliando a proteção do administrado, a jurisprudência administrativa da França veio a admitir


também hipóteses de responsabilidade estritamente objetiva, isto é, independentemente de qualquer
falta ou culpa do serviço, a dizer, responsabilidade pelo RISCO ADMINISTRATIVO ou, de todo modo,
independente de comportamento censurável juridicamente.

- Além do risco decorrente das atividades estatais em geral [risco administrativo], também constituiu
fundamento da responsabilidade objetiva do Estado o princípio da repartição dos encargos sociais.

O particular pode cobrar diretamente do causador do dano (agente público)?

STF: NÃO

que a controvérsia deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se tratava de apreciar a responsabilidade
decorrente de funcionamento do serviço público. Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se
pelos princípios do Código Civil, porque se sujeita a regras especiais que variam conforme as necessidades do serviço
e a imposição de conciliar os direitos do Estado com os diretos privados.

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O STF defende a Teoria da Dupla Garantia:


- da vítima (não precisar provar culpa, já que a responsabilidade do Estado é objetiva);
- do agente público (de só ser demandado regressivamente).

STJ já admitiu que o particular demandasse o agente público.

#ATENÇÃO: Lei 13.286, que alterou a disciplina da responsabilidade civil dos notários e registradores.

ANTES DA LEI 13.286/2016 DEPOIS DA LEI 13.286/2016

A responsabilidade civil dos notários e A responsabilidade civil dos notários e


registradores era OBJETIVA (vítima não precisava registradores passou a ser SUBJETIVA (vítima
provar dolo ou culpa). terá que provar dolo ou culpa).

O prazo prescricional para a vítima ingressar com


O prazo prescricional foi reduzido para 3
a ação judicial contra o notário/registrador era
anos.
de 5 anos.

»» INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

- Em regra, o Estado não intervirá na propriedade privada. A intervenção acontece em caráter


excepcional. Por ser exceção deve ser sempre bem fundamentada. Quais são os fundamentos? (1)
Supremacia do interesse público (2) Prática de uma ilegalidade (exploração de trabalho escravo, plantio
de drogas).

»» Formas de intervenção do Estado na propriedade privada: servidão administrativa, requisição


administrativa, ocupação temporária, limitação administrativa, tombamento e desapropriação (a mais
cobrada de todas).

»» Formas que exigem procedimento (não são autoexecutórios): servidão administrativa,


tombamento e desapropriação.

- A tredestinação é o desvio de finalidade na destinação do bem objeto da expropriação. O


administrador não dá a destinação prevista no ato declaratório. O administrador público, quando diante
de situação de necessidade pública, utilidade pública, ou interesse social, poderá realizar a desapropriação.
Entretanto, se o Estado desapropria o bem e não o utiliza no interesse público, à luz do ordenamento,
dando destinação diversa (no interesse privado ou no interesse econômico, por exemplo), tem lugar a
tredestinação.

»» Tredestinação lícita ocorre quando o administrador destina o bem desapropriado em finalidade

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diversa daquela declarada no decreto expropriatório, mas dentro do interesse público (exemplo,
desapropria para construção de uma escola pública e constrói um hospital público). Não há, aqui, um
desvio de finalidade que mereça uma sanção, não ensejando retrocessão.

»» De outro lado, acaso o desvio de finalidade consista no não atendimento do interesse público,
atendendo, em verdade, a um interesse particular, estaremos diante da tredestinação ilícita,
ensejando a retrocessão.

#ÉPRECISOIRALÉM: Na desdestinação, o bem desapropriado chega a ser utilizado naquela


finalidade pública inicialmente declarada. Entretanto, após essa destinação pública, o bem deixa
de ser utilizado naquela finalidade para a qual foi desapropriado, havendo uma desafetação do
bem desapropriado, que é despojado do caráter público. Ex.: desapropriação de um bem para
construção de escola pública. A escola é construída e, um ano após, a escola é desativada, virando
um bem dominical. A desdestinação é possível, desde que respeitado o devido processo legal de
desafetação do bem público, não havendo que se falar em retrocessão nessas hipóteses.

A adestinação é a ausência de destinação. O bem é expropriado do particular e o poder expropriante


não dá nenhuma destinação àquele bem – não faz nada! Simplesmente, se omite! Não utiliza
para o interesse público declarado, nem desvia da finalidade. Nesses casos, indaga-se acerca da
possibilidade de retrocessão. O tema é divergente!

#TABELASALVANDOVIDAS:

- Conheçam, também, as demais formas de intervenção e saibam a diferença entre elas.

#MAISTABELASALVANDOVIDAS:

LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA

DI PIETRO: medidas de caráter geral, previstas em lei, com fundamento no PODER


DE POLÍCIA do Estado, gerando para os proprietários obrigações positivas e
CONCEITO
negativas, com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao
bem-estar social. Pode ser exigência de obrigação positiva, negativa ou permissiva.

OBJETO Atinge bens móveis, imóveis e serviços.

Por ser unilateral, DEVE DECORRER DE LEI (Ex.: PDU – plano diretor urbano). José
INSTITUIÇÃO
dos Santos Carvalho Filho fala também em atos administrativos normativos.

Será devida se houver comprovação do dano pelo particular, se reduzir o valor


INDENIZAÇÃO
econômico do bem.

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OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA

Caracteriza-se pela utilização TRANSITÓRIA, gratuita ou remunerada, de IMÓVEL de


propriedade particular, para fins de interesse público. Ex.: uso de escola para eleição;
Conceito uso de imóveis para o Poder Público colocar máquinas e operários. O Pressuposto é
a necessidade de realização de OBRAS ou SERVIÇOS públicos normais (ao contrário
da requisição, em que há situação de perigo).

Recai sobre o bem imóvel, embora haja discussão sobre a possibilidade de atingir
Objeto
bens móveis e serviços.

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

Direito real público que permite a


É a intervenção autoexecutória na qual
utilização da propriedade alheia pelo
o Estado utiliza-se de bens imóveis,
CONCEITO Estado ou por seus delegatários com
móveis e de serviços particulares no
o objetivo de atender o interesse
caso de iminente perigo público.
público.

Incidem apenas sobre bens imóveis,


os quais devem ser vizinhos, mas
não precisam ser contíguos (prédio Incidem sobre bens imóveis, móveis e
OBJETO
dominante e prédio serviente). NÃO serviços particulares.
há servidão sobre bens móveis ou
direitos.

Podem ser instituídas por meio das


seguintes formas:
Acordo;
A emergência da situação justifica a
INSTITUIÇÃO Sentença judicial;
autoexecutoriedade da medida.
Usucapião.
Obs.: há discussão sobre a possibilidade
de instituição por lei.

Em regra, é perpétua.
Porém, é possível apontar algumas
hipóteses de extinção: Enquanto perdurar o perigo iminente,
Desaparecimento do bem gravado; a requisição permanecerá válida.
EXTINÇÃO Incorporação do bem serviente ao Considera-se, portanto, extinta a
patrimônio público; requisição quando desaparecer a
situação de perigo.
Desafetação do bem dominante
(ex.: desafetação do imóvel que era
utilizado como hospital público).

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É assegurada ao proprietário do bem


Será devida se houver comprovação
INDENIZAÇÃO requisitado indenização ulterior, se
do dano pelo particular.
houver dano.

DESAPROPRIAÇÃO
POR UTILIDADE
Desapropriação Indenização PRÉVIA, Todos os entes
OU NECESSIDADE
ordinária. JUSTA e em dinheiro. federados.
PÚBLICA OU
INTERESSE SOCIAL

Refere-se ao imóvel
localizado na área Indenização em títulos
urbana que não da dívida pública,
DESAPROPRIAÇÃO atende a respectiva resgatáveis em até 10 Municípios e DF.
URBANÍSTICA função social. anos – autorização do
Possui caráter Senado.
subsidiário.

Indenização em títulos
Imóvel rural que União (objetivo único
DESAPROPRIAÇÃO da dívida agrária,
não atende a função de implementar a
RURAL resgatáveis em até 20
social. reforma agrária).
anos.

Expropriação das
glebas onde forem
localizadas culturas
ilegais de plantas
psicotrópicas.
EXPROPRIAÇÃO
(Serão destinadas ao NÃO há indenização. União
CONFISCATÓRIA
assento de colonos,
para o cultivo de
produtos alimentícios
e medicamentos).
TODA A ÁREA.

LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA

Ação de direito pessoal. Ação de direito real.

Há apenas restrição ao uso da propriedade


imposta genericamente a todos os proprietários, Há transferência da propriedade individual.
sem qualquer indenização.

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Prazo prescricional: 05 anos. Prazo prescricional: 10 anos.

LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA SERVIDÃO ADMINISTRATIVA

Geral e abstrato Específico bem determinado

Não é ônus real Ônus real

Afeta caráter absoluto Afeta caráter exclusivo

Não tem relação de dominação Há relação de dominação

Sem indenização Indenização possível

Obrigação de não fazer Obrigação de suportar

#ISSOÉUMPLUS: O que é o período suspeito nas desapropriações?

Como sabemos, as desapropriações dependem de um Decreto Expropriatório. Esse ato normativo,


todavia, pode caducar e perder sua força de imperatividade jurídica. A caducidade do decreto, nos
casos de desapropriações por necessidade ou utilidade, nos termos do Art. 10 do Decreto-lei 3365,
ocorre se a desapropriação não for efetivada mediante acordo ou se não for proposta a devida
ação judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto. Já,
na desapropriação por interesse social, o prazo de caducidade do Decreto Expropriatório é de dois
anos.  Nesses termos, na prática, a Administração Pública possui o prazo de 5 ou 2 anos para, a contar
do Decreto, efetivamente desapropriar ou propor a ação de desapropriação e conseguir a citação
válida (OBS.: para evitar a caducidade a Administração necessita conseguir a CITAÇÃO VÁLIDA – não
basta a propositura da ação – antes de se completarem os 5 ou 2 anos da publicação do decreto).
Pois bem, esse período de 5 ou 2 anos é o que se chama de período suspeito, isto é, o espaço de
tempo entre a expedição do decreto desapropriatório e a propositura da ação respectiva ou da
efetiva realização da desapropriação. O nome é evidente, visto que com o decreto a Administração
demonstra o interesse de intervir na propriedade do cidadão, mas isso ainda não significa que, de
fato, irá efetivar plenamente tal desiderato, visto, p. ex., a possibilidade de caducidade do decreto.
Assim, esse período compreendido entre a declaração de utilidade e a efetiva transmissão do bem
ao expropriante é denominado de “período suspeito”. Em nossas pesquisas, o termo remonta ao
célebre Seabra Fagundes, apontando tal momento como fase intermediária entre a livre propriedade
anterior do indivíduo e a propriedade ulterior da Fazenda Pública, na qual o indivíduo ainda é dono,
mas não dispõe integralmente da coisa.

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#ATENÇÃO #JULGADOIMPORTANTE:18

O DL 3.365/41 dispõe sobre desapropriações por utilidade pública. Veja o que diz o art. 15-A, que foi
incluído pela MP 2.183-56/2001: “Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por
necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em
termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença
eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos. § 1º
Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente
sofrida pelo proprietário. § 2º Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir
graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero. § 3º O disposto no caput
deste artigo aplica-se também às ações ordinárias de indenização por apossamento administrativo
ou desapropriação indireta, bem assim às ações que visem a indenização por restrições decorrentes
de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados à proteção ambiental, incidindo os juros
sobre o valor fixado na sentença. § 4º Nas ações referidas no § 3º, não será o Poder Público onerado
por juros compensatórios relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada
pelo autor da ação.” O STF analisou a constitucionalidade do art. 15-A do DL 3.365/41 e chegou
às seguintes conclusões: 1) em relação ao “caput” do art. 15-A do DL 3.365/41: 1.a) reconheceu a
constitucionalidade do percentual de juros compensatórios no patamar fixo de 6% ao ano para
remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na posse de seu bem; 1.b)
declarou a inconstitucionalidade do vocábulo “até”; 1.c) deu interpretação conforme a Constituição
ao “caput” do art. 15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a diferença entre 80%
do preço ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença; 2) declarou a
constitucionalidade do § 1º do art. 15-A, que condiciona o pagamento dos juros compensatórios
à comprovação da “perda da renda comprovadamente sofrida pelo proprietário”; 3) declarou
a constitucionalidade do § 2º do art. 15-A, afastando o pagamento de juros compensatórios
quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência iguais a zero; 4) declarou a
constitucionalidade do § 3º do art. 15-A, estendendo as regras e restrições de pagamento dos juros
compensatórios à desapropriação indireta. 5) declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 15-A;
6) declarou a constitucionalidade da estipulação de parâmetros mínimo (0,5%) e máximo (5%) para
a concessão de honorários advocatícios e a inconstitucionalidade da expressão “não podendo os
honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)” prevista no § 1º do art. 27.
STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902).

18 Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Análise da constitucionalidade da MP 2.183-56/2001, que alterou o DL


3.365/41. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/
detalhes/31f81674a348511b990af268ca3a8391>.

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12. Atuação do Estado no domínio econômico. Liberalismo econômico e o intervencionismo.


Fundamentos da ordem econômica. Formas de atuação do Estado. Estado regulador e executor.
Monopólio estatal. 13. Controle da Administração Pública. Controle político e administrativo.
Conceito, fundamentos, natureza jurídica, objetivo e classificação. Serviço de Informações ao
Cidadão, na forma da Lei 12.527, de 18-11-2011, no âmbito da Defensoria Pública do Estado de
São Paulo Controle e processo administrativo. Controle legislativo e Tribunal de Contas. Súmulas
vinculantes e demais instrumentos de controle judicial. Improbidade Administrativa.

»» ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO

- Estado e ordem econômica: evolução19

a) Estado Liberal de Direito (Estado Abstencionista)

b) Estado Social de Direito (Estado prestador ou intervencionista)

c) Estado Democrático de Direito (Estado Regulador): “a ineficiência do Estado Social justificou


a adoção do denominado Estado Regulador (Estado Subsidiário ou Neoliberal), com a diminuição do
aparato estatal, especialmente com a devolução de atividades econômicas e delegação de serviços públicos
aos particulares, que passariam a ser fomentados e regulados por órgãos ou entidades regulatórias (ex.:
agências reguladoras), transformando a intervenção estatal direta (prestação) em indireta (regulação).”
(Rafael Carvalho Rezende Oliveira).

- Fundamentos da ordem econômica: valorização do trabalho humano + livre-iniciativa.

- Espécies de intervenção do Estado na ordem econômica:

a) Direta

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.

b) Indireta

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma
da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado.

19 Fonte: Curso de Direito Administrativo, Rafael Carvalho Rezende Oliveira.

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- Meios de intervenção:

• Planejamento e disciplina;

• Regulação;

• Fomentos;

• Repressão ao abuso do poder econômico (Direito da Concorrência);

• Exploração direta da atividade econômica (“Os monopólios estatais são aqueles elencados taxativamente
na Constituição – art. 176, 177, I a IV e outros –, sendo admissível a instituição de novos monopólios
apenas por emenda constitucional, mas não por lei, tendo em vista os princípios constitucionais da
livre-iniciativa e da livre concorrência, bem como a ausência de delegação constitucional ao legislador
ordinário para eventual criação de novos monopólios” (como o permitia a EC 1/69, em seu art. 163;
Rafael Carvalho Rezende Oliveira).

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

#SENTAQUELÁVEMDOUTRINA: segundo José dos Santos Carvalho Filho, “o controle


administrativo da Administração Pública tem dois pilares de sustentação. O primeiro deles
é o princípio da legalidade, reconhecidamente o mais importante em termos de função
administrativa. Partindo-se da premissa de que esta função se desenvolve de forma subjacente
à lei e que os agentes não têm aquela vontade livre que caracteriza os particulares em
geral,4perceber que tudo quanto se processe no âmbito da Administração Pública há de
estar adstrito ao que a lei determina. Bem anota SEABRA FAGUNDES que administrar é aplicar a lei
ex officio, com muito maior razão, será necessário que se possa ter à mão instrumentos eficientes
para controlar a legalidade das condutas administrativas. O outro princípio de relevo é o das políticas
administrativas, ou seja, o poder que tem a Administração de estabelecer suas diretrizes, suas metas,
suas prioridades e seu planejamento para que a atividade administrativa seja desempenhada da
forma mais eficiente e rápida possível. Neste ponto, não se pode perder de vista que o único alvo
da atividade administrativa tem que ser o interesse público, e, sendo assim, é este mesmo interesse
que estará a exigir o controle da Administração, não somente em sede de legalidade, mas também
no que diz respeito aos objetivos a serem alcançados através da função de gerir os negócios da
coletividade.”

Esse controle consiste no poder de verificação e correção dos atos da Administração Pública exercido
pelos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, visando aferir a observância das regras e princípios que

129 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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disciplinam o regime jurídico administrativo. É importante observar que não só o Poder Executivo, mas
também o Legislativo e Judiciário exercem atividade administrativa em caráter atípico, sendo certo que,
quando o fazem, também se submetem ao controle em estudo.

#ÉPRECISOIRALÉM: Limites do controle jurisdicional. De acordo com Rafael Carvalho, “O


controle jurisdicional sobre os atos oriundos dos demais Poderes (Executivo e Legislativo) restringe
aos aspectos de legalidade ( juridicidade), sendo vedado ao Poder Judiciário substituir-se ao
administrador e ao legislador para definir, dentro da moldura normativa, qual a decisão mais
conveniente ou oportuna para o atendimento do interesse público, sob pena de afronta ao princípio
constitucional da separação de poderes.”

O autor ainda aponta algumas tendências para o controle judicial da atividade administrativa:

a. Relativização do formalismo e ênfase no resultado: supressão de controles meramente


formais;

b. Predomínio do controle a posteriori em detrimento do controle preventivo: com o intuito


de evitar que os órgãos de controle se transformem em administradores ou gestores, usurpando as
competências administrativas.

c. Controle judicial primordialmente ablativo e não substitutivo: ablativo no sentido de correção


dos atos, e não de substituição da vontade da Administração;

d. Reforço da legitimidade das decisões judiciais: um exemplo é a presença do amicus curiae e


o diálogo com a sociedade.

e. Novos mecanismos de controle social e deferência judicial: audiências públicas, formas de


participação do cidadão na tomada de decisão da Administração (participação popular).

No desempenho de sua função, a Administração Pública deve se guiar pelos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, etc., submetendo-se à sua fiscalização interna e à
fiscalização dos Poderes Legislativo e Judiciário.

»» Formas de controle:

• Controle hierárquico: É aquele que resulta naturalmente do escalonamento vertical dos órgãos e
agentes públicos integrantes da Administração, em que os inferiores estão subordinados aos superiores.
Essa subordinação ocorre de forma ampla, envolvendo tanto um controle de legalidade quanto o
controle relacionado à conveniência e oportunidade do ato sujeito ao controle hierárquico.

130 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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Cumpre esclarecer que do controle hierárquico decorre o poder de dar ordens, fiscalizar e rever a
atuação dos subordinados, além de delegar e avocar competências.

• Controle finalístico, tutela ou supervisão ministerial: Trata-se do controle exercido pela administração
direta sobre as pessoas integrantes da administração indireta. Enquanto o controle hierárquico envolve
uma relação de subordinação, dentro de uma mesma pessoa, o controle finalístico implica no controle
exercido por uma pessoa sobre outra (Ex. a União realiza controle de legalidade sobre um ato de uma
autarquia federal).

Outra diferença importante a ser mencionada é que no controle finalístico há apenas o controle
de legalidade, e jamais controle sobre conveniência e oportunidade do ato ( juízo discricionário).
Diferentemente, no controle hierárquico admite-se tanto o controle de legalidade quanto sobre a
conveniência e oportunidade do ato em exame.

• O controle externo exercido pelo Poder Legislativo pode ser direto, quando realizado pelo próprio
Parlamento através de seus representantes (ex. quando há sustação, pelo Congresso Nacional, dos
atos normativos do Executivo que exorbitam o seu poder regulamentar); pode ser também indireto,
quando exercido pelo Tribunal de Contas, que é órgão auxiliar do Poder Legislativo (p.ex. apreciação
das contas do Executivo, Judiciário a até mesmo do próprio Poder Legislativo pelo Tribunal de Contas).

#ISSOÉUMPLUS: Coisa julgada administrativa. Segundo José dos Santos Carvalho Filho,
“essa figura ocorre comumente em processos administrativos onde de um lado está o Estado e
de outro o administrado, ambos com interesses contrapostos. Suponha--se que o administrado,
inconformado com certo ato administrativo, interponha recurso para uma autoridade superior. Esta
confirma o ato, e o interessado utiliza novo recurso, agora para a autoridade mais elevada, que
também nega provimento ao recurso e confirma o ato. Essa decisão faz coisa julgada administrativa,
porque dentro da Administração será ela irretratável, já que nenhum outro caminho existe para o
administrado insistir na sua pretensão. Mas a definitividade do decisório administrativo é relativa,
porque o administrado, ainda inconformado, poderá oferecer sua pretensão ao Judiciário, e este
poderá amanhã decidir em sentido contrário ao que foi decidido pela Administração. Essa decisão
judicial, sim, terá definitividade absoluta ao momento em que o interessado não mais tiver qualquer
mecanismo jurídico que possa ensejar sua modificação.”

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 346 STF: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

131 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.

»» IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA #APOSTACICLOS #VAICAIR

- A Lei 8.429/1992 trata sobre as sanções aplicáveis ao agente público, servidor ou não, em razão
de atos de improbidade praticados contra a Administração Pública, e decorre de norma constitucional
que prevê a punição desses atos:

Art. 37. §4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

- Usualmente associa-se o conceito de improbidade ao de moralidade. No entanto, para os fins de


aplicação da lei, o conceito de improbidade é mais amplo, pois abrange não só atos imorais praticados
com ofensa aos princípios da Administração Pública, como os atos ilegais em sentido estrito, ou seja,
praticados com ofensa às regras positivadas no ordenamento jurídico.

- Nem toda conduta ilegal configura ato de improbidade administrativa. O STJ já se deparou com
essa questão, e o Ministro Napoleão Nunes Maia Filho teve a oportunidade de traçar as distinções entre
esses conceitos.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A improbidade é uma ilegalidade qualificada pelo intuito


malsão (nocivo) do agente, atuando com desonestidade, malícia, dolo ou culpa grave. Desse
modo, nem todas as vezes que o agente praticar um ato ilegal, ele terá cometido um ato ímprobo.
Para que o ato ilegal seja considerado ímprobo, exige-se um plus, que é o intuito de atuar com
desonestidade, malícia, dolo ou culpa grave. A confusão entre os dois conceitos existe porque
o art. 11 da Lei nº 8.429/92, prevê como ato de improbidade qualquer conduta que ofenda os
princípios da Administração Pública, entre os quais se inscreve o da legalidade (art. 37 da CF).
Mas isso não significa, repito, que toda ilegalidade é ímproba. A conduta do agente não pode ser
considerada ímproba analisando-se a questão apenas do ponto de vista objetivo, o que iria gerar a
responsabilidade objetiva. Quando não se faz distinção conceitual entre ilegalidade e improbidade,
corre-se o risco de adotar-se a responsabilidade objetiva. STJ. 1ª Turma. REsp 1193248-MG, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 24/4/2014 (Info 540).

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#ATENÇÃO: A Lei nº 8.429/92 pode ser aplicada a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor?
NÃO. É pacífico o entendimento do STJ no sentido de que a Lei nº 8.429/92 não pode ser aplicada
retroativamente para alcançar fatos anteriores a sua vigência, ainda que ocorridos após a
edição da Constituição Federal de 1988. STJ. REsp 1129121/GO, Rel. p/ Acórdão Min. Castro Meira,
julgado em 03/05/2012.

#OLHAOGANCHO: nem todas as medidas estabelecidas pela Lei 8.429/1992 são penalidades. Por
exemplo, a indisponibilidade de bens é uma medida de natureza cautelar cuja finalidade não
é punir alguém, e sim evitar que a pessoa se desfaça de seus bens a fim de frustrar uma
eventual execução judicial. Embora o ato de improbidade seja considerado um ilícito de ordem
civil (e não de ordem penal), as sanções previstas na Lei 8.429/92 para penalizar a sua prática são
de natureza administrativa, civil e política.

Perda da função pública


SANÇÃO
Proibição de contratar com o Poder Público
ADMINISTRATIVA
Proibição de receber benefícios fiscais ou creditícios

Perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio


SANÇÃO CIVIL
Ressarcimento ao erário

SANÇÃO POLÍTICA Suspensão dos direitos políticos

#SELIGA: A Lei de Improbidade não institui sanções penais. O ato de improbidade, em si, não
constitui crime. Contudo, pode corresponder também, mas não necessariamente, a um crime definido
em lei. Nesse caso, além das penalidades previstas na Lei 8.429/92, o agente também responderá na esfera
penal, estando sujeito às penas nela cominadas. Além disso, um ato de improbidade pode corresponder,
igualmente, a uma infração disciplinar administrativa, hipótese na qual os respectivos processos (o de
improbidade, o disciplinar e o penal, se for o caso), correrão independentemente uns dos outros.

#OLHAAEXCEÇÃO:

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou
terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Pena: detenção de seis a dez meses e multa.

Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado
pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

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- A Lei 8.429/1992 alcança a Administração direta e indireta de qualquer dos Poderes, em todos os
entes da Federação (União, Estados, Municípios). Por isso, fala-se que é uma lei de caráter nacional.

- E quem são os sujeitos ativos e passivos previstos nessa lei? Primeiro, sujeito ativo é o agente
público que pratica os atos de improbidade. A própria lei traz a definição de agente público:

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior.

- Para os fins da Lei de Improbidade, “agente público” é gênero no qual se encontram as seguintes
espécies:

• Agentes políticos: são os titulares de cargos estruturais organização política do país; o vínculo
que mantém com o Estado é de natureza política; submetem-se ao regime estatutário definido
primordialmente pela própria Constituição. São exemplos: Chefes do Executivo, Ministros e Secretários,
Senadores, Deputados e Vereadores.

• Agentes estatais: são tanto os servidores públicos quanto os empregados públicos.

• Particulares em colaboração com o Poder Público: são todos os que firmam com o Estado um
vínculo jurídico, seja por breve tempo ou em situação de estabilidade. São exemplos os requisitados a
exercerem alguma atividade pública, tal como os mesários e os convocados ao serviço militar, além de
notários, tabeliães e registradores.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O estagiário que atua no serviço público, ainda que


transitoriamente, remunerado ou não, está sujeito a responsabilização por ato de improbidade
administrativa. Isso porque o conceito de agente público para fins de improbidade abrange não
apenas os servidores públicos, mas todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública. Além
disso, é possível aplicar a lei de improbidade mesmo para quem não é agente público, mas induza
ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma, direta
ou indireta. É o caso do chamado “terceiro”, definido pelo art. 3º da Lei nº 8.429/92. STJ. 2ª Turma.
REsp 1352035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015 (Info 568).

Não comete ato de improbidade administrativa o médico que cobra honorários por

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procedimento realizado em hospital privado que também seja conveniado à rede pública de
saúde, desde que o atendimento não seja custeado pelo próprio sistema público de saúde.
STJ. 1ª Turma. REsp 1414669-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/2/2014 (Info
537).

#SELIGA: Os notários e registradores podem ser considerados agentes públicos para fins de
improbidade administrativa. STJ. 1ª Turma. REsp 1186787/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
24/04/2014.

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta.

- O terceiro não precisa necessariamente obter vantagem pessoal para estar sujeito à Lei: basta que
induza ou concorra para a prática de ato de improbidade.

#ATENÇÃO: o terceiro apenas se submete à Lei de Improbidade se algum agente público também
estiver envolvido no ato, vale dizer, a pessoa sem vínculo com o Poder Público jamais pode praticar
um ato de improbidade isoladamente (STJ, Info 535). Se o terceiro prejudicar o patrimônio público
isoladamente, estará sujeito às sanções civis e penais cabíveis, mas não poderá ser penalizado com
base na Lei de Improbidade Administrativa.

#RESUMEAÍ

SUJEITOS ATIVOS DOS ATOS DE IMPROBIDADE

Terceiro que induza ou concorra para a prática


Agente público, anda que transitoriamente ou
de ato de improbidade (deve haver participação
sem remuneração.
de agente público)

#SELIGA: Informativo 901 do STF. JULGADO MUITO IMPORTANTE!!!!!!

Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a


duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos
atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa
por crimes de responsabilidade. O foro especial por prerrogativa de função previsto na
Constituição Federal (CF) em relação às infrações penais comuns não é extensível às ações
de improbidade administrativa.

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Em relação ao duplo regime sancionatório, a Corte concluiu que não há qualquer impedimento à
concorrência de esferas de responsabilização distintas. Assim, carece de fundamento constitucional a
tentativa de imunizar os agentes políticos das sanções relativas à ação de improbidade administrativa
a pretexto de que essas seriam absorvidas pelo crime de responsabilidade. Em realidade, a única
exceção ao referido regime sancionatório em matéria de improbidade se refere aos atos praticados
pelo Presidente da República, conforme previsão expressa do art. 85, V (1), da CF.

Já no concernente à extensão do foro especial, o Tribunal afirmou que o foro privilegiado é destinado
a abarcar apenas as ações penais. A suposta gravidade das sanções previstas no art. 37, § 4º (2), da
CF, não reveste a ação de improbidade administrativa de natureza penal.

O foro especial por prerrogativa de função submete-se a regime de direito estrito, já que representa
exceção aos princípios estruturantes da igualdade e da República. Não comporta, portanto, ampliação
a hipóteses não expressamente previstas no texto constitucional. Isso especialmente porque, na
hipótese, não há lacuna constitucional, mas legítima opção do poder constituinte originário em não
instituir foro privilegiado para o processo e o julgamento de agentes políticos pela prática de atos
de improbidade na esfera civil.

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados
contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão
público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos
de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

#SELIGA

Administração Direta e Indireta de todos os Poderes e entes da Federação


SUJEITO PASSIVO
DOS ATOS DE Empresa incorporada ao patrimônio público
IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA Entidade privada da qual o erário participe com mais de 50% do patrimônio
ou da receita anual

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Entidade privada da qual o erário participe com menos de 50% do patrimônio


ou da receita anual (sanção limita-se à contribuição do Poder Público)

Entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou


creditício de órgão público (sanção limita-se à contribuição do Poder
Público)

#NOVIDADELEGISLATIVA #ATUALIZAOVADE: A Lei Complementar 157/2016 acrescentou à Lei


8.429/1992 o art. 10-A, introduzindo uma quarta categoria de atos de improbidade administrativa.

Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de


Benefício Financeiro ou Tributário

Art. 10-A.  Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder,
aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A
da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.  (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

- Assim, atualmente, existem QUATRO MODALIDADES DE ATOS DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA:

a) Atos de improbidade administrativa que importam em enriquecimento ilícito (art. 9.º);

b) Atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário (art. 10);

c) Atos de improbidade administrativa decorrentes de concessão ou aplicação indevida de


benefício financeiro ou tributário (art. 10-A); e

d) Atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da Administração


Pública (art. 11).

#ATENÇÃO: o rol de condutas é EXEMPLIFICATIVO! O mesmo ato pode, inclusive, ser enquadrado
em mais de uma das hipóteses apresentadas. Nesse caso, aplicam-se as sanções previstas
para a infração mais grave. Observem que as sanções utilizadas para punir atos que importam
enriquecimento ilícito são mais rígidas que as aplicáveis aos atos que causam prejuízo ao erário,
as quais, por sua vez, são mais rígidas que as aplicáveis aos atos que atentam contra os princípios
da Administração Pública. Assim, a Lei estabelece uma hierarquia entre os atos de improbidade,
punindo com mais rigor aqueles que considera mais graves.

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#OLHAMAISUMGANCHO: Ordem urbanística (art. 52 do Estatuto da Cidade).

Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e da aplicação de
outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em improbidade administrativa, nos termos da Lei
no 8.429, de 2 de junho de 1992, quando:

I – (VETADO)

II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado aproveitamento do imóvel


incorporado ao patrimônio público, conforme o disposto no § 4º do art. 8º desta Lei;

III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em desacordo com o disposto no
art. 26 desta Lei;

IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do direito de construir e de alteração


de uso em desacordo com o previsto no art. 31 desta Lei;

V – aplicar os recursos auferidos com operações consorciadas em desacordo com o previsto


no § 1º do art. 33 desta Lei;

VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos incisos I a III do § 4º do art. 40
desta Lei;

VII – deixar de tomar as providências necessárias para garantir a observância do disposto no


§ 3º do art. 40 e no art. 50 desta Lei;

VIII – adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos termos dos arts. 25 a 27 desta Lei,
pelo valor da proposta apresentada, se este for, comprovadamente, superior ao de mercado.

A Lei 10.257/2001 pretendeu tutelar a ordem urbanística, direito difuso também protegido pela
ação civil pública (Lei 7.347/1985). Segundo a doutrina, o art. 52 do Estatuto da Cidade enumera
condutas que são classificadas como ímprobas, mas não define as respectivas sanções. Por essa
razão, defende-se que a aplicação dessa norma depende da interpretação conjugada com a Lei
8.429/1992. Nesse caso, é preciso analisar se a ação ou omissão do Prefeito acarretou enriquecimento
ilícito, lesão ao erário ou violação aos princípios da Administração Pública para aplicar as respectivas
sanções.

Seção I
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego

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ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem
tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço
superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer


natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta
lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas
entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer
outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração
falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade,
peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública,
bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do
agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa
física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de


qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de
ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

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XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos
ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer


das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço
inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de
mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar
garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

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X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados
por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos
por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária,
ou sem observar as formalidades previstas na lei.

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de
parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias
firmadas pela administração pública com entidades privadas;

XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem
a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
irregular.

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem
a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
irregular.

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Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da
Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer
em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação
oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias


firmadas pela administração pública com entidades privadas.

IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

X - transferir recurso a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de saúde


sem a prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do
parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. (Incluído pela Lei nº
13.650, de 2018)

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: No caso de condenação pela prática de ato de improbidade


administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, as penalidades de
suspensão dos direitos políticos e de proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios não podem ser fixadas abaixo de 3 anos,
considerando que este é o mínimo previsto no art. 12, III, da Lei nº 8.429/92. Não existe
autorização na lei para estipular sanções abaixo desse patamar. STJ. 2ª Turma. REsp 1582014-CE, Rel.

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Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581).

#APOSTACICLOS: A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui


ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
STJ. 1ª Seção. REsp 1177910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015 (Info 577).

A conduta de contratar diretamente serviços técnicos sem demonstrar a singularidade do


objeto contratado e a notória especialização, e com cláusula de remuneração abusiva,
fere o dever do administrador de agir na estrita legalidade e moralidade que norteiam a
Administração Pública, amoldando-se ao ato de improbidade administrativa tipificado no
art. 11 da Lei de Improbidade. É desnecessário perquirir acerca da comprovação de enriquecimento
ilícito do administrador público ou da caracterização de prejuízo ao Erário. O dolo está configurado
pela manifesta vontade de realizar conduta contrária ao dever de legalidade, corroborada pelos
sucessivos aditamentos contratuais, pois é inequívoca a obrigatoriedade de formalização de
processo para justificar a contratação de serviços pela Administração Pública sem o procedimento
licitatório (hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação). STJ. 2ª Turma. REsp 1377703/GO,
Rel. p/ Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 03/12/2013. STJ. 2ª Turma. REsp 1444874/MG,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/02/2015.

Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios
da administração pública (art. 11 da Lei 8.429/1992), é DISPENSÁVEL a comprovação de efetivo
prejuízo aos cofres públicos. STJ. 1ª Turma. REsp 1192758-MG, Rel. originário Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em 4/9/2014 (Info 547).

O assédio moral, mais do que provocações no local de trabalho — sarcasmo, crítica, zombaria e
trote —, é campanha de terror psicológico pela rejeição. A prática de assédio moral enquadra-se na
conduta prevista no art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92, em razão do evidente abuso de poder,
desvio de finalidade e malferimento à impessoalidade, ao agir deliberadamente em prejuízo
de alguém. STJ. 2ª Turma. REsp 1286466/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 03/09/2013.

#SELIGA: Apesar da lei mencionar expressamente apenas os citados princípios, constitui ato de
improbidade a violação a qualquer princípio da Administração Pública, como eficiência, motivação,
publicidade, interesse público, razoabilidade etc.

#NOVIDADELEGISLATIVA: Lei 13.425/2017. Pratica ato de improbidade administrativa (art. 11 da Lei


nº 8.429/92) o Prefeito que, no prazo máximo de 2 anos a contar da vigência da Lei nº 13.425/2017,
deixar de editar normas especiais de prevenção e combate a incêndio e a desastres para locais de
grande concentração e circulação de pessoas.

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- O enquadramento na Lei de Improbidade Administrativa exige a análise do elemento subjetivo da


conduta do agente, isto é, se ele agiu com dolo ou culpa.

#ATENÇÃO

DOLO DOLO ou CULPA

Enriquecimento ilícito (art. 9º) Dano ao erário (art. 10).

Violação dos princípios da Administração


-
Pública (art. 11)

- As sanções aplicáveis são:

(a) Perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.


(b) Ressarcimento integral do dano, quando houver.
(c) Perda da função pública.
ENRIQUECIMENTO (d) Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos.
ILÍCITO
(e) Pagamento de multa civil de até 3 vezes o valor acrescido ilicitamente
(f ) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
PJ da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 ANOS.

(a) Ressarcimento integral do dano


(b) Perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer essa circunstância.
(c) Perda da função pública.
DANO AO ERÁRIO (d) Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos.
(e) Pagamento de multa civil de até 2 vezes o valor do dano.
(f ) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
PJ da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 05 ANOS.

CONCESSÃO/
(a) perda da função pública;
APLICAÇÃO
INDEVIDA DE (b) suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos;
BENEFÍCIO
(c) multa civil de até 3 vezes o valor do benefício financeiro ou tributário
FINANCEIRO/
concedido.
TRIBUTÁRIO

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(a) Ressarcimento integral do dano, se houver.


(b) Perda da função pública
VIOLAÇÃO A (c) Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos.
PRINCÍPIOS DA (d) Pagamento de multa civil de até 100 vezes a remuneração recebida
ADMINISTRAÇÃO
pelo agente.
PÚBLICA
(e) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
PJ da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 03 ANOS.

- A aplicação das sanções, em qualquer hipótese, independe:

• Da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento


ao erário;

• Da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal de Contas.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não configura bis in idem a coexistência de título executivo


extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença condenatória em ação civil pública de improbidade
administrativa que determinam o ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde
que seja observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente foi executada
no momento da execução do título remanescente. STJ. 1ª Turma. REsp 1413674-SE, Rel. Min.
Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Rel. para o acórdão Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 17/5/2016 (Info 584).

A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às disposições


contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das sanções
previstas na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), inclusive da multa civil, pelo
ato de improbidade decorrente da mesma conduta. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 606352-SP,
Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 15/12/2015 (Info 576).

As penalidades aplicadas em decorrência da prática de ato de improbidade administrativa


podem ser revistas em recurso especial desde que esteja patente a violação aos princípios
da proporcionalidade e da razoabilidade. O STJ entende que isso não configura reexame de
prova, não encontrando óbice na Súmula 7 da Corte (A pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial). STJ. 1ª Seção. EREsp 1215121-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 14/8/2014 (Info 549).

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#OLHAOGANCHO: o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer


ilicitamente também está sujeito às cominações de natureza patrimonial da Lei de Improbidade (ex:
ressarcimento ao erário), até o limite do valor da herança (art. 8º).

#MUITAATENÇÃO: A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam


com o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 20). Todavia, a autoridade judicial ou
administrativa competente poderá determinar o afastamento temporário do agente público do
exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
necessária à instrução processual (art. 20, parágrafo único). O afastamento temporário não é uma
sanção (o agente continua recebendo sua remuneração), mas sim uma medida cautelar (por isso,
não é necessário o contraditório e a ampla defesa de forma prévia).

- A Lei 8.429/92 permite que qualquer pessoa represente à autoridade administrativa competente
para que seja instaurado procedimento destinado a apurar prática de ato de improbidade. Caso a
autoridade administrativa competente rejeite a representação, não há impedimento para que a pessoa
represente diretamente ao Ministério Público.

- Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos


fatos mediante procedimento administrativo, dando conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal
de Contas. Havendo fundados indícios de que o ato de improbidade tenha causado lesão ao patrimônio
público ou ensejado enriquecimento ilícito, comissão responsável pelo procedimento administrativo
representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão ou entidade em que esteja tramitando o
processo administrativo para que requeira ao juízo competente a decretação cautelar do sequestro dos
bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado danos ao patrimônio público.

- Além do sequestro dos bens, o pedido cautelar poderá incluir a investigação, o exame e o bloqueio
de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei
e dos tratados internacionais. A indisponibilidade deve recair sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público
ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código
de Processo Civil.

§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas

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bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
internacionais.

- Após a conclusão do procedimento administrativo, deverá ser proposta a ação judicial de


improbidade administrativa. Essa ação seguirá o rito ordinário, podendo ser proposta pelo Ministério
Público ou diretamente pela pessoa jurídica interessada (isto é, a pessoa jurídica contra a qual o ato
de improbidade tenha sido praticado, o sujeito passivo dos atos de improbidade), por intermédio de sua
procuradoria.

- Caso tenha sido efetivada medida cautelar, o prazo para ajuizamento da ação principal é de 30
dias, contados da efetivação da medida cautelar. No âmbito da ação de improbidade administrativa
é vedada a transação, acordo ou conciliação. E, quando for o caso, a Fazenda Pública promoverá as
ações civis necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio público. Se não intervir no
processo como parte, o Ministério Público deve atuar, obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de
nulidade.

#OLHAOGANCHO: As ações destinadas à aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade


prescrevem em cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão
ou de função de confiança. Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, aplica-se o
prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem
do serviço público. Caso o agente público exerça, cumulativamente, cargo efetivo e cargo
comissionado, há de prevalecer o primeiro (cargo efetivo), para fins de contagem prescricional.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O prazo prescricional em ação de improbidade administrativa


movida contra prefeito reeleito só se inicia após o término do segundo mandato, ainda que tenha
havido descontinuidade entre o primeiro e o segundo mandato em razão da anulação de pleito
eleitoral, com posse provisória do Presidente da Câmara, por determinação da Justiça Eleitoral,
antes da reeleição do prefeito em novas eleições convocadas. STJ. 2ª Turma. REsp 1414757-RN, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 6/10/2015 (Info 571).

Nas ações civis por ato de improbidade administrativa, o prazo prescricional é interrompido com o
mero ajuizamento da ação de improbidade dentro do prazo de 5 anos contado a partir do término
do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, ainda que a citação do
réu seja efetivada após esse prazo. Assim, se a ação de improbidade foi ajuizada dentro do prazo
prescricional, eventual demora na citação do réu não prejudica a pretensão condenatória da parte
autora. STJ. 2ª Turma. REsp 1391212-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014 (Info 546).

#AJUDAMARCINHO: Existe prescrição intercorrente nas ações de improbidade administrativa? Ex.:

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se, depois de ajuizada a ação, a sentença demorar mais que 5 anos para ser prolatada, poderemos
considerar que houve prescrição? NÃO. O art. 23 da Lei nº 8.429/92 regula o prazo prescricional
para a propositura da ação de improbidade administrativa. Logo, não haverá prescrição se a ação
foi ajuizada no prazo, tendo demorado, contudo, mais que 5 anos do ajuizamento para ser julgada.
STJ. 2ª Turma. REsp 1289993/RO, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 19/09/2013.

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DIREITO TRIBUTÁRIO

1. Direito tributário. Conceito. Natureza jurídica. Fontes. Vigência, aplicação, integração e


interpretação da lei tributária. 2. Tributos. Noção de tributo. Impostos. Taxa, preço público e pedágio.
Contribuição de melhoria e outras contribuições. Empréstimos compulsórios. 3. Sistema tributário.
Lineamentos do sistema constitucional tributário. Princípios gerais e constitucionais tributários.
Competência tributária. Limitações ao poder de tributar. Espécies tributárias estaduais.

»» TRIBUTOS

Art. 3º CTN. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.

- Tributo é uma prestação pecuniária compulsória. Essa prestação pecuniária não é decorrente
de um ato de vontade do cidadão, e sim decorre de um poder de imposição do Estado em face
do particular – sujeição, hierarquia. O tributo resulta numa relação vertical entre Estado e cidadão.
Não deriva da sanção por ato ilícito. Paga-se tributo porque o contribuinte manifestou uma capacidade
econômica, um poder de contribuir. O tributo deverá ser instituído e cobrado nos termos da lei. O princípio
da legalidade permeia todo o Direito Tributário, seja na criação do tributo ou na forma de cobrança.

CARACTERÍSTICAS:

- Em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir: o tributo não pode ser em algo que não seja
economicamente apreciável ou que não possa ser transformado em pecúnia. Não se permite concluir
pela existência de tributos in natura ou in labore. Entende-se que a expressão “cujo valor nela se possa
exprimir” possui a utilidade de permitir a utilização de indexadores (ex. UFIR). A Lei Complementar
104/2001 acrescentou o inciso XI ao art. 156 do CTN, permitindo a dação em pagamento de bens imóveis
como forma de extinção do crédito tributário. Tal fato não habilita a conclusão de que a expressão acima
referida teria possibilitado a instituição de tributos in natura (bens) ou in labore (em serviços), uma vez
que não se pode tomar a autorização da dação como regra geral. E a dação em pagamento de bens
móveis? É possível que lei local estabeleça? A jurisprudência do STF oscilava. O último posicionamento
é no sentido que somente lei ordinária nacional pode estabelecer essa hipótese, em razão de ser de
competência de lei nacional dispor sobre regras gerais de licitação.

- O fato gerador do tributo é sempre lícito, embora possa derivar de uma causa ilícita (princípio
do “pecunia non olet”).

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- Cobrada mediante atividade administrativa: quem exige o tributo é a Administração Pública,


por meio de seus servidores, não podendo o tributo ser instituído e fiscalizado por entidades privadas.

Art. 4º CTN. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas
pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

»» LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

- A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais,


os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações
jurídicas a eles pertinentes. - São normas complementares:

a) Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas: são normas editadas pelos
servidores da administração tributária e visam a detalhar a aplicação das normas que complementam.

b) As decisões dos órgãos coletivos e singulares de jurisdição administrativa a que a lei


atribua eficácia normativa.

c) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas.

d) Os convênios que entre si venham a celebrar a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios.

Na data da sua publicação, salvo


Atos normativos administrativos
disposição em contrário

INÍCIO DA Decisões de jurisdição


30 dias após a data da sua publicação,
administrativa, caso se atribua
VIGÊNCIA salvo disposição em contrário
eficácia normativa
NO TEMPO
Na data neles prevista; se não houver
Convênios previsão, 45 dias depois da publicação
oficial (LICC)

»» LEI COMPLEMENTAR

- São vários assuntos no nosso Direito Tributário que apenas podem ser tratados por meio de Lei
Complementar.

- Em relação à instituição de tributos, há necessidade de Lei Complementar:

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a) Empréstimo Compulsório;

b) Imposto sobre Grandes Fortunas;

c) Impostos Residuais;

d) Contribuições Sociais Residuais.

- A CRFB/88 também atribui à LC as seguintes funções:

a) Dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária;

b) Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

c) Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária.

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de


pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das
contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime
único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, observado que:

I - será opcional para o contribuinte;

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II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;

III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes


aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;

IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados,


adotado cadastro nacional único de contribuintes.

#MUITOIMPORTANTE: No caso das limitações constitucionais ao poder de tributar, embora sejam


reguladas por lei complementar, somente podem ser criadas pela CRFB/88! Não pode LC CRIAR
limitação ao poder de tributar, ok?!

- Em relação à regulamentação específica dos tributos, há necessidade de Lei Complementar:

• No ITCMD, em casos relacionados ao exterior (art. 155, §1º, III, “a” e “b”);

• No ICMS, em temas que possam gerar conflitos entre os Estados, há necessidade de Lei Complementar
para regular situações peculiares ao imposto, base de cálculo e contribuintes (art. 155, §2º, XII, “a” e “i”);

• No ISS, a LC é responsável por definir os serviços que são tributáveis, por fixar alíquotas mínimas e
máximas, por excluir sua incidência sobre as exportações de serviços e por regular a forma como os
benefícios fiscais são concedidos (art. 156, III c/c art. 156, §3º, I, II e III);

- Já para as algumas Contribuições Sociais, é Lei Complementar quem fixa limites para a concessão
de isenção ou anistia (art. 195, §11).

#DEOLHONASÚMULAS

Súmula vinculante 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não
se sujeita ao princípio da anterioridade.

Súmula vinculante 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF/88, desde que o valor dos aluguéis
seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

»» ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

#SELIGA: Como identificar a natureza jurídica de um tributo, a espécie tributária?

- A denominação não só não define, mas também é irrelevante para saber sua natureza. A

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lei pode dar o nome que bem entender. Não é porque um tributo é chamado de imposto que vai
ser de fato imposto.

Para identificar a espécie tributária – são três passos:

1º) Deve-se perguntar sobre o Fato Gerador, se é vinculado (taxas e contribuições de melhoria) ou
não vinculado (impostos, empréstimos compulsórios, contribuições especiais);

2º) Deve-se perguntar se entre os três tributos não vinculados, a arrecadação pode (empréstimo
compulsório ou contribuição especial) ou não pode (impostos) ter destinação específica.

3º) Deve-se perguntar se entre os dois tributos que podem (ou melhor, devem) ter destinação
específica, existe (empréstimos compulsórios) ou não existe (contribuições especiais) a promessa de
restituição.

- Teoria PENTAPARTIDA/PENTAPARTITE/QUINQUIPARTITE, segundo a qual as cinco exações


(taxas, contribuições de melhoria, impostos, empréstimos compulsórios, contribuições especiais)
enquadram-se com fidelidade no art. 3º do CTN. Essa teoria é a prevalecente no STF e na doutrina
majoritária. (Obs.: há posicionamentos minoritários que defendem a teoria tripartida – impostos, taxas e
contribuições de melhoria – e até a teoria quadripartida, Ricardo Lobo Torres).

Art. 145: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou


sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado


o disposto no art. 150, III, “b”.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à
despesa que fundamentou sua instituição.

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Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação
nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art.
195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

1. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

- Tributo Federal (é criado pela UNIÃO);

- Criação por meio de LEI COMPLEMENTAR (não pode ser criada por Medida Provisória – art. 62,
parágrafo 1º, III, CF);

- É um tributo, sobretudo para a doutrina majoritária e a jurisprudência.

- É tributo autônomo, não se confundindo com as demais espécies tributárias (há posicionamento
minoritário que vê no empréstimo compulsório a figura de “imposto restituível”);

- É tributo restituível. O STF defende a restituição em dinheiro e de modo corrigido.

2. IMPOSTOS

- São tributos não vinculados (o Estado não precisa realizar nenhuma atividade para legitimar a
sua cobrança) e de arrecadação não vinculada. Serviços universais, sem referibilidade (divisibilidade e
especificidade).

3. TAXAS

- São instituídas pela União, Estados, DF e Municípios por lei ordinária (art. 145, II, CF e arts. 77 a
79, CTN). São classificadas como tributo vinculado de arrecadação não vinculada (Geraldo Ataliba), cujo
fato gerador relaciona-se com uma atuação estatal. A taxa é paga como uma contraprestação a atuação
estatal. O Estado pode cobrar taxa em vista da prestação de um serviço público ou em virtude do
exercício do poder de polícia.

#SELIGA: A CF atribui indiretamente a competência residual ou remanescente aos Estados para


criar taxas e contribuições de melhoria. Indiretamente ao atribuir ao Estado a competência material
residual, podendo prestar serviços públicos não determinados para União e Município.

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4. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

- A contribuição de melhoria é um tributo vinculado, cobrado em razão de obras públicas das


quais decorra valorização imobiliária. É um tributo de competência comum, isto é, tanto a União,
como os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem instituí-la.

- Tem que haver a valorização imobiliária (se ocorrer desvalorização não haverá o tributo),
decorrente de uma obra pública (Art. 2º do Dec-Lei nº 195/67 trata do rol de obras que podem ensejar
a contribuição de melhoria). Há um nexo de causalidade, a valorização tem que ser decorrente da obra
pública. Paga-se apenas uma vez o tributo. Não tem relação com o IPTU pago anualmente (a base de
cálculo inflou).

- A base de cálculo não é o valor da obra pública, nem mesmo o custo dela, é o quantum de
valorização do imóvel – o valor final do imóvel menos o valor inicial. A base de cálculo está regida
por um sistema de cobrança balizado em dois limites no Brasil: o limite individual (partir da valorização
individualmente detectada), limite global ou total (respeito ao teto do valor gasto com a obra). Não pode
ultrapassar esses dois limites, sob pena de locupletamento estatal. Esses limites não estão na CF e sim na
legislação infraconstitucional.

5. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

- Essas contribuições sociais podem ser definidas como tributos incidentes sobre manifestações de
riqueza, cujas arrecadações serão destinadas a finalidades específicas previstas na própria Constituição ou
na lei instituidora. São tributos que tomam como fato gerador uma conduta economicamente apreciável.
Assemelham-se aos impostos nesse sentido, mas existe uma diferença fundamental. Nas contribuições, a
arrecadação será destinada a uma finalidade específica e a arrecadação é vinculada. Já os impostos
servem para o custeio de despesas gerais e, como regra, a arrecadação não é vinculada, prevalecendo a
não afetação da riqueza.

- As contribuições são criadas exclusivamente pela União, através de lei ordinária, podendo criar
uma contribuição social, CIDE (contribuição de intervenção no domínio econômico) e contribuições
de interesse de categorias profissionais ou econômicas. A finalidade é direcionar dinheiro para as
respectivas áreas: ordem social, ordem econômica ou para as categoriais.

#CASCADEBANANA! A Constituição Federal não cria tributos, apenas outorga competência para
que os entes políticos o façam por meio de leis próprias! Nessa pegadinha o aluno ciclos NÃO CAI!

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Apesar de não criar tributos, o constituinte optou por repartir a competência tributária de maneira
distinta, em se tratando de tributos vinculados ou não vinculados.

- Em se tratando de empréstimos compulsórios e de contribuições especiais não há regra DE


VINCULAÇÃO DE RECEITAS, devendo ser analisado o fato gerador de cada um destes tributos instituídos
para se aferir a sua vinculação ou não-vinculação.

- Nos tributos vinculados, a regra foi atribuir a competência ao ente que realizar a atividade com
base na qual o fato gerador é definido, o que dá os contornos da definição de competência comum,
como estudado adiante.

- Nos tributos não vinculados, a ausência de atividade estatal na definição do fato gerador
importou a necessidade de a Constituição escolher o ente a quem seria deferida a competência, o que
traz as linhas básicas da chamada competência privativa.

- A competência para instituir impostos é atribuída pela CF de maneira enumerada e privativa a


cada ente federado. Em princípio, essas listas são exaustivas; entretanto, a União pode instituir, mediante
LEI COMPLEMENTAR, novos impostos, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador
ou base de cálculo próprios dos discriminados na CF. Vejamos o art. 154, CRFB/88:

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante LEI COMPLEMENTAR, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;

#OLHAOGANCHO: DELEGAÇÃO DE ARRECADAÇÃO

- Não se pode confundir a atribuição constitucional de competência para instituir o tributo


(competência tributária) com a possibilidade de figurar no polo ativo da relação jurídico-tributária
(capacidade ativa). A competência é indelegável, mas a capacidade ativa, a arrecadação, é passível
de delegação de uma pessoa jurídica de direito público a outra! Assim, ao definir como sujeito
ativo a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o cumprimento da obrigação
tributária, o CTN não pretendeu impedir a delegação por uma pessoa de direito público a outra das
funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas
em matéria tributária, uma vez que isto é expressamente permitido pelo art. 7º do CTN!

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#ATENÇÃO: Existe controvérsia doutrinária sobre a possibilidade de delegação da capacidade


tributária ativa a pessoas jurídicas de direito privado. Não obstante as discussões, seguindo
a literalidade das disposições do CTN (arts, 7.º e 119), pode-se afirmar que somente as pessoas
jurídicas de direito público têm a possibilidade de figurar no polo ativo da relação jurídico-tributária.

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:

Súmula Vinculante 12: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto
no art. 206, IV, da Constituição Federal.

Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art.
145, II, da Constituição Federal.

Súmula 545-STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente
daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária,
em relação à lei que as instituiu.

Súmula 595-STF: É inconstitucional a taxa municipal de conversação de estradas de rodagem cuja


base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.

Súmula 667-STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada
sem limite sobre o valor da causa.

Súmula 670-STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

Súmula 353-STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições


para o FGTS.

Súmula 386-STJ: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o


respectivo adicional.

»» PRINCÍPIOS

- A Constituição Federal reservou um capítulo para discorrer sobre o Direito Tributário, capítulo
denominado de Sistema Tributário Nacional (do art. 145 ao art. 162). A grande maioria dos princípios
tributários encontram-se inseridos no art. 150, da CF/88.

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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

- No direito brasileiro, aparece no art. 150 da CF, inciso I, mais ligado ao aspecto formal, no sentido
de que precisa de uma lei em sentido formal (tirando as exceções legais) para que haja instituição ou
aumento de tributos. Tal lei seria resultado da aprovação/consentimento do cidadão com a tributação.

- Para a maioria da doutrina, “exigir” significa criar tributo. E como lei é necessária para exigir ou
aumentar, a lei é necessária para extinguir ou minorar.

#UMPOUCODEDOUTRINA: Essa é a lógica do princípio do paralelismo das formas. Nas


palavras de Ricardo Alexandre (2016), “assim, se uma lei criou determinado tributo, somente outra
lei – ou uma Emenda Constitucional – pode extingui-lo, sendo irracional imaginar a extinção de
um tributo por meio, por exemplo, de um decreto. A consequência imediata é que, no ponto em
que a Constituição exige lei para a instituição de tributos, também o faz, implicitamente, para a
respectiva extinção. Na mesma linha, a exigência de lei para a majoração de tributo traz ínsito o
mesmo requisito para a respectiva redução. Por outros motivos, existem outras matérias tributárias
reservadas à lei. Em virtude de o patrimônio público ser, por princípio, indisponível, a concessão de
benefícios fiscais ou autorização de prática de atos que gerem impactos sobre o crédito tributário
ou sobre sua exigibilidade somente pode ser feita por lei (CF, art. 150, § 6.º).”

- A lei deve tratar de todos os elementos necessários para que o tributo possa incidir e ser cobrado
(elementos ou aspectos essenciais da hipótese de incidência tributária). A regra geral é que basta Lei
Ordinária (LO) para a criação de um tributo. Sendo criável por meio de LO, podem também serem
instituídos via MP, mas, no caso dos impostos, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se
houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada – exceto II, IE, IPI, IOF e IEG
(art. 62, §2º, CF).

Art. 62. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos
nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida
em lei até o último dia daquele em que foi editada.

#SELIGA: Exceções ao princípio da legalidade: a) atualização monetária da base de cálculo; b)


prazo de recolhimento de tributo (Súmula Vinculante 50: norma legal que altera o prazo
de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade); e c)
obrigações acessórias.

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Não aplicação do princípio da legalidade Exceções ao princípio da legalidade

(não instituem ou aumentam tributo) (instituem ou aumentam tributo)

Atualização monetária da base cálculo II, IE, IPI e IOF

Reduzir ou restabelecer as alíquotas da CIDE


Prazo para recolhimento do tributo
combustível

ICMS monofásico incidente sobre combustíveis


Obrigações acessórias
Resolução do Senado Federal para fixar alíquota
do ICMS nas operações interestaduais

#OLHAOGANCHO: Falando em princípio da legalidade, vamos relembrar que o STF reconhece


a existência de cinco tipos de espécies tributárias (impostos, taxas, contribuições de melhoria,
empréstimo compulsório e contribuições especiais).

CONTRIBUIÇÕES EMPRÉSTIMO CONTRIBUIÇÕES


IMPOSTOS TAXAS
DE MELHORIA COMPULSÓRIO ESPECIAIS

União

*Estados, DF
União, Estados, União, Estados, União, Estados, e Municípios
União podem instituir
DF e Municípios DF e Municípios. DF e Municípios.
contribuição
previdenciária de
seus servidores

Lei
Lei ordinária Lei ordinária Lei ordinária Lei ordinária
Complementar

PRINCÍPIO DA ISONOMIA

Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida
qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

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- Trata-se da vedação ao tratamento desigual entre contribuintes que estão em situação equivalente.

#DEOLHONAJURIS: Concessão de isenção à operação de aquisição de automóveis por oficiais


de justiça estaduais. (...) A isonomia tributária (CF, art. 150, II) torna inválidas as distinções entre
contribuintes ‘em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida’, máxime nas hipóteses
nas quais, sem qualquer base axiológica no postulado da razoabilidade, engendra-se tratamento
discriminatório em benefício da categoria dos oficiais de justiça estaduais.” (ADI 4.276, rel. min. Luiz
Fux, julgamento em 20-8-2014, Plenário, DJE de 18-9-2014.)

A lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas
judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o disposto no art. 150, II, d
Constituição do Brasil. O texto constitucional consagra o princípio da igualdade de tratamento aos
contribuintes. Precedentes. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do
art. 271 da Lei Orgânica e Estatuto do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte – LC
141/1996.” (ADI 3.260, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-3-2007, Plenário, DJ de 29-6-2007.)
No mesmo sentido: ADI 3.334, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-3-2011, Plenário,
DJE de 5-4-2011.

Lei que restringe os contribuintes da Cosip aos consumidores de energia elétrica do município
não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os
beneficiários do serviço de iluminação pública. A progressividade da alíquota, que resulta do
rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o
princípio da capacidade contributiva. Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um
imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a
contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. Exação que, ademais, se amolda aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.” (RE 573.675, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 25-3-2009, Plenário, DJE de 22-5- 2009, com repercussão geral.) No mesmo sentido:
RE 642.938-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 29-5-2012, Primeira Turma, DJE de 21-6-2012;
AC 3.087-MC-QO, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 27-3-2012, Segunda Turma, DJE de 21-6-
2012; RE 635.001, Rel. Min. Joaquim Barbosa, decisão monocrática, julgamento em 23-3-2012, DJE
de 3-4-2012.

PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

- O princípio da isonomia guarda relação com a capacidade contributiva. Na verdade, não pode ser
analisado fora da capacidade contributiva, pois cada um vai contribuir conforme sua condição de pagar,

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isso para que se atenda à justiça distributiva. Mas, cuidado, galera: isso não significa que todos serão
tratados da mesma forma. A capacidade contributiva deve ser analisada no seu aspecto objetivo e
subjetivo.

- Objetivo/absoluto: é a capacidade identificada pelo legislador, que elege o evento ou fato


manifestação da riqueza. Quanto maior a capacidade econômica, mais a pessoa deve pagar. Deve-se
analisar o fato que comprove essa capacidade econômica como, por exemplo, ser proprietário de um
imóvel ou veículo. Deve-se usar um critério que comprove a capacidade de contribuir.

- Subjetiva/Relativa: é a capacidade identificada pelo legislador, que elege o sujeito individualmente


considerado, levando em consideração a progressividade, mínimo existencial, dentre outros fatores.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído

ou aumentado.

- O marco temporal significativo é a entrada em vigor da lei que majora ou cria um tributo. A
nova lei não pode alcançar fatos ocorridos no passado, antes da sua entrada em vigor. O princípio da
irretroatividade se aplica para a instituição ou majoração de tributos, não havendo exceção.

#OLHAOGANCHO:

Art. 106 CTN. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade


à infração dos dispositivos interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não
tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

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c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

#OPROBLEMÁTICO

- Lembre-se de que o marco inicial é a data da publicação da lei (e não da vigência). Enquanto
o princípio da irretroatividade representa uma proteção a fatos ocorridos antes da vigência da lei
(passado), o princípio da anterioridade protege fatos futuros. É um princípio que se fundamenta no
valor segurança jurídica.

APLICAÇÃO SOMENTE APLICAÇÃO SOMENTE


APLICAÇÃO DA ANTERIORIDADE DA ANTERIORIDADE DA ANTERIORIDADE
ANUAL NONAGESIMAL

ITR IR IPI

IGF

IMPOSTO RESIDUAL

ICMS

IPVA e IPTU (exceto nos casos de


majoração decorrente de alteração da ICMS e CIDE (para o
IPVA e IPTU (alteração da
base de cálculo). restabelecimento de
base de cálculo)
alíquotas)
ITBI

ISS

TAXAS

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

#ATENÇÃO: A base de cálculo do IPVA e IPTU é o valor de mercado/venal do imóvel ou veículo


considerado. Assim, se uma lei modificar a base de cálculo destes impostos, apenas a anterioridade
de exercício deverá ser observada. Por outro lado, se a alteração se referir à majoração de alíquota,
deverá observar também a anterioridade nonagesimal.

#SELIGA: a anterioridade nonagesimal do IPI deve ser observada tanto nas alterações materializadas
por lei quanto nas alterações de alíquotas materializadas por decreto do Poder Executivo.

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OBSERVAR SÓ 90 DIAS (não OBSERVAR APENAS O ANO


precisam observar o exercício FINANCEIRO SEGUINTE (não
EXIGÊNCIA IMEDIATA financeiro seguinte). Logo, precisam observar 90 dias).
podem ser cobrados no Logo, são cobrados no dia 1º
mesmo ano. de janeiro.

Empréstimo compulsório
decorrente de GUERRA ou
CALAMIDADE PÚBLICA.
#CUIDADO: não se aplica a Imposto sobre Produtos
exceção para o empréstimo Industrializados - IPI
compulsório no caso de
investimento público de A observância de 90 dias se Imposto de Renda - IR
caráter urgente e de relevante justifica pelo simples fato de a
interesse nacional. indústria brasileira precisar se
adequar às novas regras.
#ATENÇÃO: nesse caso,
deve-se aplicar o princípio da
anterioridade de exercício E
nonagesimal.

Base de cálculo do IPTU e do


IPVA
Contribuições destinadas à
Imposto de Importação - II #CUIDADO: essa exceção
seguridade social
se refere apenas à BASE DE
CÁLCULO.

Redução e restabelecimento
da CIDE Combustível
Imposto de Exportação – IE #CUIDADO: a majoração -
deve observar a
anterioridade de exercício
também.

Redução e restabelecimento
do ICMS Combustível
IOF #CUIDADO: a majoração -
deve observar a
anterioridade de exercício
também.

Imposto Extraordinário de
- -
Guerra – IEG

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PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO

- No ordenamento jurídico brasileiro, confisco representa a perda da propriedade sem a


correspondente indenização. Assim, “utilizar tributo com efeito de confisco” seria usar a tributação para
se apropriar do patrimônio do particular sem a respectiva indenização. O confisco é permitido pela
legislação brasileira em algumas hipóteses. Todavia, em todos os casos, são sanções por atos ilícitos.

- É possível que a análise do caráter confiscatório ou não seja feita com base em um único tributo (e
não em relação à carga tributária como um todo). Em que pese a dificuldade prática, também é possível a
análise da vedação ao confisco levando-se em conta dois ou mais tributos que incidam sobre uma mesma
base econômica.

#APROFUNDAMENTO: Tal princípio se aplica à multa tributária? A multa é consequência da prática


de uma conduta contrária ao direito. Embora tributo e multa não se confundam, o STF entende que o
princípio da vedação ao confisco aplica-se também às multas tributárias. A sanção deve ser razoável, ou
seja, proporcional à infração, sob pena de ter um efeito confiscatório.

PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE LIMITAÇÃO DE TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:

V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou


intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

- O objeto é coibir tributos que contenham como hipótese de incidência a transposição de fronteira
interestadual ou intermunicipal. Em que pese esta regra, não há óbice à cobrança dos tributos que incidam
sobre a circulação, como é o caso do ICMS. De acordo com a doutrina, o referido princípio protegeria a
liberdade de locomoção prevista no art. 5º, XV da CR.

- Para o STF, o pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo poder
público não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição,
consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita.

»» LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR

- As imunidades podem ser vistas como regras negativas de competência tributária, pois afastam a
tributação de determinadas pessoas ou bases econômicas. Estabelecem uma regra de incompetência das
pessoas políticas de direito constitucional interno.

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- A norma de imunidade é uma norma de competência invertida (a norma de competência está na


CF e ela é o mecanismo político por meio do qual a entidade tributante institui o tributo – é um mecanismo
de outorga, de atribuição de poder, por meio do qual o Estado institui o tributo – competência tributária
é a atribuição constitucional para criar o tributo). Se a norma de competência tributária está na CF e a de
imunidade também, uma vai ser a face negativa da outra. Ex.: a CF diz que compete ao município instituir
o IPTU – norma de competência tributária. E também diz que não pode haver incidência de imposto
sobre a Igreja – Igreja não paga IPTU.

- A norma de imunidade é chamada de “norma de incompetência tributária”. Assim, a norma


de imunidade é uma norma de não incidência tributária, daí se falar que ela se opõe negativamente
ao plano de competência tributária. (Competência tributária é o poder político e instituição do tributo).
Para parte da doutrina, a norma de imunidade é uma norma de “incompetência tributária”. O campo
de intributabilidade, demarcado pela imunidade, não pode ser desafiado por nada e ninguém: nem por
emenda constitucional, muito menos por lei ordinária. Essas liberdades guardadas pelas imunidades são
cláusulas pétreas – decorrente da forma federativa.

#NÃOCONFUNDA:

IMUNIDADE Dispensa constitucional do dever de pagar o tributo.

ISENÇÃO Dispensa legal do dever de pagar o tributo.

Ao contrário da imunidade e da isenção, a não incidência está fora do


campo da tributação. Isso porque o legislador não classificou aquele fato
NÃO INCIDÊNCIA como um fato jurídico. Ex.: paga-se IPVA se o contribuinte é proprietário
de um veículo automotor. Se o contribuinte tiver uma bicicleta, não haverá
incidência do IPVA.

A dispensa do tributo se justifica pelo simples fato de a alíquota não ter


ALÍQUOTA ZERO valor algum.
BC x ZERO = ZERO.

É o perdão concedido pelo Fisco, sendo uma hipótese de extinção do


REMISSÃO
crédito tributário.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI – instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

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b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou


literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias
ópticas de leitura a laser.

- Esse é o principal artigo das imunidades, que afasta apenas um tipo de tributo, o imposto, e atinge
todas as pessoas políticas (União, Estados, Municípios e DF). Então, por exemplo, a igreja paga taxa; o
sindicato de empregado paga contribuição de melhoria.

#SELIGA #CASCADEBANANA: Somente IMPOSTOS estão abrangidos na imunidade do art. 150,


VI. Em outros artigos, é possível vislumbrar imunidades relativas a outros tributos.

- Imunidade de custas judiciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII) -
Imunidade de emolumentos referentes ao registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os
reconhecidamente pobres (art. 5º LXXVI, CF).

- Sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica (art. 155, § 2º, X, “b). O STF decidiu que a
não-incidência se destina a beneficiar o Estado destinatário da mercadoria, a quem cabe todo
o ICMS e não ao consumidor, o que faz com que a empresa que adquire combustível em outro
Estado, para uso próprio, se sujeite ao ICMS (RE198088).

- Nenhum outro imposto (exceto ICMS, II e IE) poderá incidir sobre operações relativas à energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis minerais do País, não
havendo qualquer restrição para a incidência de contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico, nos termos do art. 155, § 3º c/c 149, § 2º, II da CF.

- IPI sobre bens para o exterior.

- Pequenas glebas rurais (ex.: ITR).

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- ICMS sobre mercadorias para o exterior.

- Transferência de imóveis para fins de reforma agrária.

#DEOLHONATABELA #DIZERODIREITO20:

SUBJETIVA (PESSOAL) OBJETIVA (REAL) MISTAS

Ocorre quando a imunidade Ocorre quando a imunidade


Verifica-se quando ocorre
foi instituída em razão foi instituída em função de
uma combinação entre os dois
das características de uma determinados fatos, bens ou
critérios anteriores.
determinada pessoa. situações.

A CF/88 prevê que o ITR não


incide sobre pequenas glebas
rurais, definidas em lei, quando
A imunidade que beneficia A imunidade que recai sobre
as explore o proprietário que
instituições de educação e livros, jornais, periódicos
não possua outro imóvel. “Tal
de assistência social, sem fins e o papel destinado à sua
imunidade é mista porque
lucrativos, é uma imunidade impressão é objetiva, porque
depende de aspectos subjetivos
subjetiva, considerando que foi não interessa quem seja a
(o proprietário possuir apenas
criada em função da condição pessoa envolvida, mas sim esta
um imóvel) e objetivos (a área
pessoal dessas instituições. lista de bens.
da pequena gleba estar dentro
dos limites da lei.) (Ricardo
Alexandre)

#VEMDETABELINHA:

IMUNIDADE ISENÇÃO

Dispensa constitucional do dever de pagar o Dispensa legal do dever de pagar o tributo. Há


tributo. necessidade de uma lei específica.

Trata-se de dispensa revogável.


#ATENÇÃO: Nos termos do art. 178 do CTN,
há uma isenção que não poderá ser revogada:
isenção onerosa por prazo certo e com algumas
Trata-se de dispensa irrevogável, sendo
condições. Logo, essa isenção é irrevogável em
enquadrada como cláusula pétrea.
nome da segurança jurídica.
Nesse sentido: Súmula 544 do STF: “Isenções
tributárias concedidas, sob condição onerosa,
não podem ser livremente suprimidas”.

20 Extraído do site Dizer o Direito.

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Nos termos do art. 111 do CTN, somente se pode


utilizar a interpretação literal (nos exatos termos
Todos os métodos de interpretação poderão da lei).
ser utilizados para a aplicação da imunidade.
Ex.: intepretação literal, sistemática, gramatical, #ATENÇÃO: Não confundir interpretação
ampliativo, restritivo, teleológico, etc. literal com a restritiva. Logo, como deficiente
visual, pode-se considerar aquele que tem
um ou os dois olhos afetados.

- Quanto à origem, as imunidades podem ser classificadas em ontológicas e políticas:

Existiriam mesmo sem previsão constitucional, pois são fundamentais ao


atendimento do princípio da isonomia e ao pacto federativo. A imunidade
ONTOLÓGICAS
tributária recíproca é exemplo de imunidade ontológica, por se configurar em
cláusula protetiva do pacto federativo.

Visam à proteção de outros princípios em virtude de uma opção política do


POLÍTICAS legislador constituinte, a exemplo da imunidade dos templos de qualquer
culto e dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão.

»» IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA

Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir IMPOSTOS sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

- Os entes federados não podem cobrar impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos
outros (IPVA, IPTU, IR, ISS, etc.). O objetivo é proteger as pessoas de direito público umas contra as outras.
Nesse sentido, é visto como garantia da Federação, motivo pelo qual é entendida pelo STF como cláusula
pétrea.

Essa tributação mútua é vedada porque há o respeito ao pacto federativo – esse é o vetor axiológico
que justifica essa norma imunizante – as entendidas políticas não são hierarquizadas.

• A cobrança de impostos indica um poder de sujeição entre aquele que os cobra e o ente do qual se
cobram. Não existe hierarquia entre os entes. Cláusula pétrea (federalismo).

Pode-se também falar da ausência da capacidade contributiva das pessoas políticas, no sentido
de que o patrimônio das pessoas políticas não pertence a elas próprias, mas sim à coletividade, não
podendo ser atingido por impostos (podendo ser atingido por taxa, contribuições por outros motivos).

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Impossibilidade de atingimento da tributação por imposto do patrimônio público.

• Dois vetores axiológicos que justificam essa imunidade: federação e ausência da capacidade contributiva
das pessoas políticas.

• Ex.: IPVA – pode o Estado de Mato Grosso exigir o IPVA dos veículos que pertencem à Cuiabá? NÃO,
porque o Município é imune.

• Ex.2: IPTU – é municipal – pode o Município X exigir IPTU do prédio que pertence à União? NÃO –
porque a União é imune ao tributo.

 ROL DE IMPOSTOS: impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços – impostos que seriam
afastados.

- O dispositivo fala em patrimônio, renda e serviço como rol classificatório, que é uma forma que foi
retirada do CTN e trazida para a CF (art. 19 a 73). Esse rol não aparece só na alínea “a”, mas também na
“c”, nos parágrafos 2º, 3º e 4º. Tudo que se falar aqui aplicar nos dispositivos citados. O STF afirmou que,
em homenagem ao vetor axiológico da norma, estende-se a imunidade para qualquer imposto, embora
o dispositivo fale apenas dessas três espécies.

• Segundo o STF, esse rol deve ter uma interpretação ampla, extensiva, porque imposto sobre patrimônio
é o IPTU, IPVA (não há grandes problemas), imposto sobre renda é o IR, sobre serviços é o ISS, ICMS.
Mas a questão é o imposto que não estaria nesse rol, e o STF já disse que a interpretação desse rol
deve ser ampla, em homenagem ao vetor axiológico.

• Nessa linha, não incide IOF (imposto federal) no Município, mesmo que esse imposto não faça parte
do rol, segundo entendimento do STF.

• Mesmo que o imposto não faça parte do rol, a interpretação que o STF dá é ampla.

Art. 150, parágrafo 2º: A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

- Esse comando proíbe que governo cobre imposto de governo, porque está se falando de uma
intributabilidade da personalidade de direito público dessas entidades, porque todas têm personalidade
de direito público.

• Entretanto, há outras entidades que possuem personalidade de direito público, devendo essas também
receber o mesmo tratamento.

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A alínea “a” se estende às Autarquias e Fundações públicas, que possuem personalidade jurídica
de direito público, que enseja a imunidade das personalidades políticas.

• Ex.: não pode um Município cobrar imposto de uma Autarquia Federal, por exemplo.

• O patrimônio da Autarquia, entretanto, só vai ser imune se houve vinculação com o patrimônio
autárquico.

 Segundo a jurisprudência do STF, o patrimônio da Autarquia que não estiver vinculado, ele vai ser
tributado. Ex.: terreno baldio de uma Autarquia – na visão do STF, recebeu tributação normal.

- Tem que ter vinculação com a atividade essencial.

 Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista: embora não haja previsão expressa no
texto constitucional, o STF estende também as imunidades para as empresas públicas e sociedades de
economia mista, desde que observados os requisitos elencados.

• As empresas públicas devem ser prestadoras de serviços públicos ou atuarem em atividades econômicas
em regime de privilégio.

• Eros Grau: Monopólio é de atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes
econômicos privados. A exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de uma situação
de privilégio.

• Ex.: ECT (Info. 696) – atua no regime de privilégio. O STF estendeu a imunidade da ECT inclusive nos
serviços que não tipicamente postais, fora do privilégio da União.

• Sociedade economia mista: caso essa sociedade tenha roupagem de economia mista, mas exerça
serviço público, haverá imunidade. Cite-se um caso ocorrido com um hospital particular que fora
desapropriado e passou a ser do ente político - foi desapropriado 99,9 % do hospital - passando a ter
roupagem de sociedade de economia mista, mas prestando serviço público.

• Infraero: “O Tribunal reafirmou o entendimento jurisprudencial e concluiu pela possibilidade de extensão


da imunidade tributária recíproca à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero, na
qualidade de empresa pública prestadora de serviço público”.

- Em relação às fundações, o artigo 150, §2º CF dispõe que a imunidade tributária relativa aos
impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços federais, estaduais e municipais é extensiva às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, não diferenciando qual tipo de fundação pública. Ou
seja, ambas as modalidades de fundações públicas fazem jus à referida imunidade, desde que a atividade

170 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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esteja relacionada às suas atividades essenciais.

• Abrange patrimônio, renda ou serviços ( jurisprudência: também aplicações financeiras).

Não há imunidade: se o ente, direta ou indiretamente, explora atividades econômicas regidas


pelas normas aplicáveis aos empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento
de preços ou tarifas pelo usuário.

#DEOLHONAJURIS:

A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o
maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos. A imunidade
tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da
produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer material assimilável a
papel utilizado no processo de impressão e à própria tinta especial para jornal, mas não é aplicável
aos equipamentos do parque gráfico, que não são assimiláveis ao papel de impressão, por não
guardarem relação direta com a finalidade constitucional do art. 150, VI, “d”, da CF/88. STF. 1ª
Turma. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 29/5/2018 (Info 904).

A INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com
uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente um imóvel
pertencente à INFRAERO. Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária de automóveis.
A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade
tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. A atividade
desenvolvida pela empresa tem por finalidade gerar lucro. Se fosse reconhecida a imunidade neste
caso, isso geraria, como efeito colateral, uma vantagem competitiva artificial em favor da empresa,
que teria um ganho em relação aos seus concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite o
aumento do lucro ou a formação de preços menores, o que provoca desequilíbrio das relações de
mercado. Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado
de finalidade estatal. STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 19/4/2017 (Info 861).

Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa
jurídica de direito privado, devedora do tributo. Ex: a União celebrou contrato de concessão
de uso de imóvel com uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar
comercialmente determinado imóvel pertencente ao patrimônio público federal. A empresa privada
queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não

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aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel.
orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão geral)
(Infos 860 e 861).

A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende a
empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo
Município. Ex: a União, proprietária de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou
este imóvel para a Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o local para armazenar
combustíveis. Antes do arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este imóvel em
virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que houve o arrendamento, a Petrobrás passa a
ter que pagar o imposto. STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017
(repercussão geral) (Info 860).

Os Correios gozam de imunidade tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não
podem cobrar ISS sobre a prestação dos serviços postais. Ocorre que, durante muitos anos,
alguns Municípios cobravam o imposto porque ainda não se tinha uma certeza, na jurisprudência,
acerca da imunidade dos Correios. A ECT pode pleitear à repetição do indébito relativo ao ISS
cobrado sobre os serviços postais. Para isso, os Correios não precisam provar que assumiram o
encargo pelo tributo nem precisam estar expressamente autorizados pelos tomadores dos serviços.
Presume-se que os Correios não repassaram o custo do ISS nas tarifas postais cobradas
dos tomadores dos serviços. Isso porque a empresa pública sempre entendeu e defendeu que
não estava sujeita ao pagamento desse imposto. Não havendo repasse do custo do ISS ao
consumidor final, os Correios podem pleitear a restituição sem necessidade de autorização
do tomador dos serviços. STJ. 2ª Turma.REsp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
16/3/2017 (Info 602).

A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes eletrônicos
destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos. STF. Plenário. RE
595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao
livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. STF.
Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. STF.
Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min.
Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017 (Info 855). STF. Plenário. RE 566622/RS, Rel. Min. Marco

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Aurélio, julgado em 23/2/2017 (Info 855).

A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte


de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação
da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. • Se a
entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva. • Se a entidade imune for
contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva. STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral) (Info 855).

O art. 150, VI, “c” da CF/88 prevê que as “instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos, desde que atendidos os requisitos
previstos na lei. A instituição de ensino continuará com a imunidade do imposto sobre o imóvel
caso ele esteja alugado a terceiros? SIM. Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as
quais tais entidades foram constituídas. STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

Os veículos automotores pertencentes aos Correios são imunes à incidência do IPVA por
força da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). STF. Plenário. ACO 879/PB,
Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 26/11/2014 (Info 769).

Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que
desempenha serviços públicos. Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem
de forma exclusiva, como é o caso da entrega de cartas, também realizam alguns serviços em
concorrência com a iniciativa privada (ex.: entrega de encomendas). Mesmo quando os Correios
realizam o serviço de transporte de bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a
iniciativa privada, ainda assim gozam de imunidade e ficam livres de pagar ICMS. Assim, o
STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT goza de imunidade tributária
recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias. STF. Plenário. RE 627051/PE,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014 (repercussão geral)(Info 767).

Determinada entidade de assistência social sem fins lucrativos que atende pessoas com deficiência
explora uma agência franqueada dos Correios. Em outras palavras, ela é proprietária de uma
agência franqueada dos Correios. A renda obtida com essa atividade é revertida integralmente aos
fins institucionais dessa entidade. A venda das mercadorias nessa agência franqueada será imune de
ICMS? NÃO. O STJ decidiu que não há imunidade nesse caso. Isso porque a atividade econômica
fraqueada dos Correios não está relacionada com as finalidades institucionais da entidade
de assistência social, ou seja, o serviço prestado não possui relação com seus trabalhos na

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área de assistência social, ainda que o resultado das vendas seja revertido em prol das suas
atividades essenciais. Logo, não se pode conceder a imunidade porque não está preenchido o
requisito exposto no ar. 150, § 4º da CF/88 e art. 14, § 2º do CTN. STJ. 2ª Turma. RMS 46170-MS, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 23/10/2014 (Info 551).

A imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos


— ECT alcança o IPTU incidente sobre imóveis de sua propriedade, bem assim os por ela
utilizados. Se houver dúvida acerca de quais imóveis estariam afetados ao serviço público, cabe
à administração fazendária (Fisco) produzir prova em contrário, haja vista militar em favor do
contribuinte a presunção de imunidade anteriormente conferida em benefício dele. Assim, para
que o Município possa cobrar IPTU sobre o imóvel, ele deverá identificar e provar que
aquele imóvel específico não se destina às finalidades essenciais dos Correios. Ex.: o Ministro
Relator Dias Toffoli citou que a imunidade alcança os imóveis próprios da ECT, não abrangendo os
imóveis pertencentes às empresas que são franquias dos Correios ou que são meros prestadores de
serviços para a entidade. STF. Plenário. RE 773992/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2014
(repercussão geral).

»» ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ESTADUAIS

IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – IPVA

FUNÇÃO PREDOMINANTE Fiscal

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Está sujeito

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Está sujeito

Está sujeito, salvo alteração da base de cálculo


PRINCÍPIO DA NOVENTENA
(art. 150, § 1.º, da CF)

FATO GERADOR É a propriedade do veículo automotor

É o valor do veículo, dependendo do seu ano de


BASE DE CÁLCULO
fabricação, marca e modelo

CONTRIBUINTES É o proprietário do veículo

LANÇAMENTO De ofício

Somente incide sobre veículos automotores


CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
terrestres

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IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO – ITCMD

FUNÇÃO PREDOMINANTE Fiscal

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Está sujeito

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Está sujeito

PRINCÍPIO DA NOVENTENA Está sujeito

A transmissão, por causa mortis ou por doação,


FATO GERADOR
de quaisquer bens ou direitos.

BASE DE CÁLCULO É o valor venal dos bens ou direitos transmitidos

Quaisquer das partes na operação tributada,


como dispuser a lei (para transmissão causa
CONTRIBUINTE mortis: herdeiro ou legatário; para transmissão
por doação: doador ou donatário, dependendo
da legislação estadual)

LANÇAMENTO Por declaração

IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – ICMS

FUNÇÃO PREDOMINANTE Fiscal

Admite exceção no caso da incidência


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE monofásica sobre combustíveis definidos em lei
complementar (a alíquota é fixada por convênio)

Está sujeito, salvo o restabelecimento das


PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE alíquotas no caso da incidência monofásica sobre
combustíveis definidos em lei complementar.

PRINCÍPIO DA NOVENTENA Está sujeito

Súmula 662, STF: É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras


cinematográficas, gravados em fitas de videocassete.

Súmula 135, STJ:O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes.

#AJUDAMARCINHO: As duas súmulas são válidas, devendo ser interpretadas da seguinte forma:

• Venda de fitas de vídeo produzidas por encomenda deforma personalizada para um cliente: incide

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ISS (trata-se de prestação de um serviço).

• Venda de fitas de vídeo produzidas em série e ofertadas ao público em geral: incide ICMS (trata-se
de comercialização de mercadoria}.

Súmula 334, STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.

Súmula 350, STJ: O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular.

Súmula 395, STJ: O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal.

Súmula 431, STJ: É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao
regime de pauta fiscal.

Súmula 457, STJ: Os descontos incondicionais nas operações mercantis não se incluem na base de
cálculo do ICMS.

Súmula 509, STJ: É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes
de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e
venda.

4. Obrigação tributária. Conceito. Espécies. Sujeito ativo e passivo. Solidariedade. Capacidade.


Domicílio. Desoneração. 5. Fato gerador. Aspectos gerais. Classificação. Elementos. 6. Crédito tributário.
Noção. Lançamento e suas modalidades. Suspensão, extinção e exclusão. Garantias e privilégios.
Prescrição e decadência. Repetição do indébito. 7. Responsabilidade tributária. Responsabilidade
por dívida própria e por dívida de outrem. Solidariedade e sucessão. Responsabilidade pessoal
e de terceiros. Responsabilidade supletiva. 8. Administração tributária. Fiscalização. Dívida ativa.
Certidões.

»» OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

A classificação depende apenas do conteúdo pecuniário. Assim, tanto o crédito


quanto os juros e multas são considerados obrigação tributária principal.
OBRIGAÇÃO
Obs.: Multa tributária. A multa é sanção por ato ilícito e, por isso, não é tributo.
PRINCIPAL Contudo, a obrigação de pagar a multa tributária foi tratada pelo CTN como
obrigação tributária principal. Em outras palavras, multa tributária não é
tributo, mas a obrigação de pagá-la tem natureza tributária.

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Segundo o § 2.º do art. 113 do CTN, a obrigação acessória tem por objeto as
prestações, positivas ou negativas, previstas no interesse da arrecadação ou
da fiscalização dos tributos.

Importante! As obrigações acessórias existem também para as entidades


OBRIGAÇÃO imunes, no interesse da fiscalização e arrecadação de tributos, até mesmo
para que a Administração Tributária tenha como fiscalizá-las e verificar se as
ACESSÓRIA
condições para a fruição da imunidade permanecem presentes.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A entidade que goza de imunidade
tributária tem o dever de cumprir as obrigações acessórias, dentre elas
a de manter os livros fiscais.
STF. 1ª Turma. RE 250844/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012.

»» FATO GERADOR

- Classificação doutrinária/jurisprudencial

A) FATO GERADOR INSTANTÂNEO

- É aquele que faz surgir uma obrigação tributária a cada fato gerador praticado.

Ex.: ISS, ITBI, ICMS.

B) FATO GERADOR CONTINUADO

- É aquele que se perpetua ao longo do tempo, exigindo da lei a definição de uma data para a sua
ocorrência.

- Ex.: IPTU, ITR.

C) FATO GERADOR COMPLEXIVO/COMPLEXO

- Corresponde a uma sucessão de fatos que são reunidos num determinado período de tempo.

- Ex.: IR.

Art. 114 CTN. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e
suficiente à sua ocorrência.

- O fato gerador da situação principal deve ser previsto em lei – é o fato gerador em abstrato
– a hipótese de incidência.

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Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que na forma da legislação aplicável,
impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

- O fato gerador da obrigação acessória impõe a prática ou a abstenção de ato (prestações


positivas ou negativas).

- Ex.: Prática – declarar o imposto de renda. Abstenção.

- O fato gerador da obrigação acessória está previsto na legislação aplicável – é a legislação em


sentido amplo. Significa dizer que não apenas lei é responsável por discorrer sobe obrigações acessórias.
Outros veículos normativos poderão estabelecer a prática ou a abstenção de atos.

Art. 116, CTN. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador existentes os
seus efeitos:

I – tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias


materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

II – tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos
termos de direito aplicável.

»» SUJEITO PASSIVO

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato
gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição
expressa de lei.

- Sujeito passivo: pode ser o contribuinte ou o responsável. Ambos estão ligados ao fato gerador.

A) Contribuinte: está direta e pessoalmente ligado ao fato gerador – pratica o fato gerador.

B) Responsável: está ligado de forma indireta ao fato gerador – não pratica o fato gerador. É
obrigado a pagar o tributo por força de lei.

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»» ASPECTO QUANTITATIVO

- É aqui que se vislumbra a alíquota e a base de cálculo.

- Alíquota e base de cálculo são, por regra, informações do tributo que devem ser definidas em lei.

Art. 97, CTN. Somente a lei pode estabelecer:

IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21,
26, 39, 57 e 65.

- Exceções: II, IE, IPI, IOF.

- Sobre esses impostos, a CF diz que suas alíquotas podem ser alteradas por atos do poder executivo.
A CF não fala em base de cálculo – a CF limitou essas hipóteses excepcionais à apenas as alíquotas –
mesmo o CTN falando em base de cálculo.

- Base de cálculo de qualquer tributo sempre será dependente de lei (não há exceções). As alíquotas
de alguns impostos é que podem ser alteradas por atos do Poder Executivo.

O crédito tributário é constituído através do lançamento

Fato Gerador  Obrigação Tributária Lançamento  Crédito Tributário

- O CTN conceitua o lançamento como “procedimento administrativo tendente a verificar a


ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade
cabível”.

• parte da doutrina entende que o lançamento é o ato administrativo concretizado ao final do


procedimento.

• Podemos identificar que o lançamento possui natureza jurídica declaratória, no sentido que declara a
existência da obrigação tributária, bem como constitutiva, pois constitui o crédito tributário.

»» Lançamento de Ofício: a autoridade fiscal, valendo-se do poder-dever imposto por seu ofício,
diretamente procede ao lançamento do tributo, não havendo colaboração relevante do devedor.

»» Lançamento por declaração: o sujeito passivo oferece declaração acessória à autoridade fiscal que,
com base nela, constituirá o crédito tributário.

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»» Lançamento por homologação: “Art. 150 (CTN). O lançamento por homologação, que ocorre
quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa”.

»» SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I - moratória;

II - o depósito do seu montante integral;

III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;

IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;

VI – o parcelamento.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.

#SELIGA: Qual a diferença entre moratória e parcelamento?

- Ambos os institutos configuram hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário,


consoante art. 151, I e VI, CTN.

- Em termos simples, a moratória é a postergação do prazo originariamente previsto para o


pagamento do tributo; o parcelamento é a possibilidade de pagar o crédito tributário em parcelas.

- Conforme Leandro Paulsen: Moratória (art. 151, I) é prorrogação do prazo de vencimento do


tributo. O parcelamento é espécie de moratória através da qual se permite o pagamento do débito
tributário em diversas prestações, de modo que, a cada mês, só seja exigível uma parcela, e não o
todo.

- Há quem distinga parcelamento, de um lado, de moratória, de outro, entendendo que aquele


pressupõe dívida vencida, abrangendo multa e juros, e que esta se dá antes do vencimento. O
entendimento predominante, contudo, é no sentido de que a moratória é prorrogação do prazo

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para pagamento, com ou sem parcelamento.

- De acordo com o entendimento do STJ, é válido o condicionamento legal de desistência da ação


em que se discuta o respectivo crédito tributário, para fruição de benefício fiscal.

»» EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

- É o desaparecimento de um dos elementos que compõem a relação jurídica tributária.

- Essa relação é composta por um tripé: de um lado o dever do sujeito passivo; do outro, o direito
do sujeito ativo. Tanto o direito quanto o dever olham para o mesmo objeto, que podem ser o tributo
ou a penalidade. Ex.: Na decadência, desaparece o direito. No pagamento, desaparece o objeto. E na
remissão desaparece o dever.

MODALIDADES EXTINTIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Diretas (independem de lei) Indiretas (dependem de lei) Processuais

- Conversão do depósito em
- Pagamento; - Compensação; renda;
- Homologação do pagamento - Transação; - Consignação em pagamento;
Antecipado; - Remissão; - Decisão Administrativa
- Decadência; - Dação em pagamento em irreformável;
- Prescrição. bens imóveis. - Decisão judicial passada em
julgado.

#ATENÇÃO: A prescrição é o prazo para efetivar a cobrança do tributo, já a decadência é o


prazo para constituir o crédito.

#ATENÇÃODENOVO: O prazo para constituição do crédito é de cinco anos, a partir:

A) Do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento deveria ter sido efetuado.

B) Caso a lei atribua ao sujeito passivo a obrigação de recolher antecipadamente o tributo (lançamento
por homologação), a contagem do prazo inicia-se a partir do próprio dia da ocorrência do fato
gerador.

CONTAGEM DO PRAZO DE DECADÊNCIA PARA OS TRIBUTOS HOMOLOGADOS

Havendo antecipação total ou parcial do valor do tributo devido

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- Regra mais benéfica (CTN, art. 150, §4º);


- Decadência contada a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação.

Não havendo antecipação de nenhuma quantia à título de recolhimento ou na existência de


dolo, fraude ou simulação.

- Regra geral (CTN, art. 173, I);


-Decadência contada a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado.

#ATENÇÃO Interrupção da prescrição pode ocorrer:

I - pela citação pessoal feita ao devedor;

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;

II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito
pelo devedor.

»» EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

- Base legal: art. 175 ao art. 183, do CTN.

Existem duas modalidades de exclusão do crédito tributário:

1) Anistia

2) Isenção

#ATENÇÃO: Em ambos os casos não se dispensa o cumprimento das obrigações acessórias!!!!!!

- Tanto a anistia como a isenção são dependentes de lei (Lei Ordinária).

- Ambos os institutos devem ser sempre interpretados de maneira literal – conforme previsão legal,
só alcançam os tributos ou as multas previstas na lei.

- Não dispensam as obrigações acessórias.

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1) Isenção

 Segundo o CTN, isenção compreende a dispensa legal do tributo.

 Segundo a doutrina, isenção é uma regra de não incidência legalmente qualificada.

 Para a jurisprudência, o conceito de isenção é o mesmo estabelecido pelo CTN.

#SELIGA: Existe uma diferença prática nesses conceitos – há reflexos jurídicos quanto a esses
conceitos:

Se utilizado o conceito disposto no CTN, acompanhado pela jurisprudência, diz-se que na isenção,
como dispensa legal para o pagamento do tributo, existe o fato gerador, mas a obrigação
principal é dispensada.

Se adotado o conceito da doutrina, como regra de não incidência legalmente qualificada, aqui não
há o fato gerador, sequer o fato gerador é praticado, porque a lei ordinária, a própria lei específica,
não permite que isso aconteça.

- Tipos de isenção

Isenção condicional e incondicional

• Isenção Condicional: é o tipo de benefício que é concedido sob prazo certo e segundo determinadas
condições – não pode ser revogada a qualquer tempo.

• Isenção Incondicional: não vai ter prazo e não é especificado nenhum tipo de condição – pode ser
revogada a qualquer tempo.

Isenção geral e individual – art. 179, CTN.

• Isenção Geral: não depende de requerimento pelo interessado – atinge a todos.

• Isenção Individual: depende de requerimento.

- Isenção e anterioridade

• 1a Premissa: a anterioridade deve ser observada sempre que um tributo for instituído ou majorado.

• 2a Premissa: a isenção (incondicional) pode ser concedida ou revogada a qualquer tempo.

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- Revogação de isenções

- Elas podem ser revogadas? Sim, desde que não sejam concedias sob condição onerosa e por
prazo certo, pois, nesse caso, haverá direito de adquirido. Ex. lei municipal que concede dez anos de
isenção de IPTU para montadora de veículos, desde que invista 20 milhões – prazo certo e condição
onerosa. Tem que preencher as duas condições. Esse é o entendimento do STF e no CTN art. 178.

Súmula 544 STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente
suprimidas.

#ÉPRECISOIRALÉM: A isenção tributária consiste em modalidade de EXCLUSÃO do crédito tributário,


ao lado da anistia, conforme o art. 175 do Código Tributário Nacional. Trata-se, portanto, de uma
forma de desoneração tributária, devendo ser instituída sempre mediante LEI. A conceituação das
isenções, no âmbito doutrinário, é centro de tormentosa divergência, existindo diversas teorias que
se propõem a definir esse instituto e a identificar sua natureza jurídica. Destacamos aqui a teoria
clássica e a moderna. Tais correntes se diferenciam, basicamente, de acordo com o entendimento
acerca da incidência ou não incidência da norma de tributação, no momento da instituição de uma
isenção.

 Segundo a teoria CLÁSSICA ou TRADICIONAL, encabeçada por Rubens Gomes de Souza, a


isenção deve ser entendida como a dispensa legal do pagamento de um tributo. Essa corrente considera
que há efetiva ocorrência do fato gerador, com o consequente surgimento da obrigação tributária, sendo
apenas impedida a constituição do crédito tributário, por meio de um favor legal. Haveria, portanto,
primeiramente, a incidência da norma de tributação, e, após, a dispensa do pagamento do tributo por
meio de lei. Ressalte-se que esse é o entendimento costumeiramente adotado na jurisprudência do STF!
Ex.: RE 11371/SP; ADI 286/RO.

 Em sentido contrário, a doutrina tributarista MODERNA apregoa que, na hipótese de instituição


de uma isenção, NÃO há a incidência da norma jurídica tributária. Diante disso, restaria impedida a
ocorrência do fato gerador e o nascimento da obrigação tributária. Para os adeptos dessa corrente, a
isenção atuaria no plano normativo, e não no plano fático, de forma a impedir a incidência da norma
impositiva da tributação. Nessa esteira, e por consequência, impossível seria a constituição do crédito
tributário. Nesse sentido, José Souto Maior Borges caracteriza a isenção como hipótese de “não incidência
legalmente qualificada”. Ressalte-se que a adoção de uma ou outra corrente possui influência no que tange
à observância (ou não) do princípio da anterioridade tributária na hipótese de revogação de isenções.

184 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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2) Anistia

- Anistia é a dispensa legal do pagamento da multa ou, em outras palavras, é o perdão legal da
multa.

- Representa a dispensa legal do pagamento de penalidades. Haverá o pagamento apenas do


tributo. Para que seja anistia a penalidade não pode estar constituída. Não pode ter havido lançamento
da penalidade. É comum nos programas de parcelamento.

- Alcance do benefício

A anistia só pode alcançar as infrações cometidas antes da lei que conferir o benefício.

#ATENÇÃO: A anistia não se aplica:

- Às infrações enquadradas como crimes ou contravenções;

- Às infrações praticadas através de dolo, fraude ou simulação;

- Às infrações resultantes de conluio (trata-se do ajuste doloso entre duas ou mais pessoas físicas
ou jurídicas com o objetivo de fraude ou sonegação – Lei 4.502/64, art. 71 a 73, que enquadra o
conluio como crime).

- Tipos de anistia

• Anistia Geral: independe de requerimento;

• Anistia Individual: depende de requerimento

#SELIGA: A anistia não depende de despacho, precisa ser feita por lei. Se for individual, a e a lei vai
especificar os requisitos, que precisam ser comprovados pela autoridade administrativa, por meio
de despacho. O despacho administrativo é meramente declaratório e não constitutivo do benefício.

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DIREITO PENAL

1. Teoria da lei penal: conceito, fontes, objetivos. Princípios de direito penal. Validade da lei penal
no espaço e no tempo. Interpretação da lei penal. Direito penal e poder punitivo. As escolas penais.
Modernas tendências do pensamento penal. Evolução histórica do direito penal.

»» PRINCÍPIOS

- PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU ESTRITA LEGALIDADE: Art. 1º, CP: “Não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”.

#CUIDADO: É possível a edição de Medida Provisória que verse sobre direito penal não incriminador?!
Apesar de a CF vedar expressamente a edição de MP sobre Direito Penal (art. 62, §1º), o STF já
admitiu MP na seara penal, desde que para favorecer o réu (RE 254.818, rel. Min. Sepúlveda
Pertence, julgamento em 8-11-2000, Plenário, DJ de 19-12-2002).

#ATENÇÃO: Reserva legal ≠ princípio da legalidade.

Princípio da legalidade = reserva legal (não há crime sem lei) + princípio da anterioridade
(exige lei anterior).

- PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: A lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende.

- PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO FATO: O Direito Penal não pune


o fato se este não chega, ao menos, a ser tentado. Há exceções, como no crime de associação criminosa
(art. 288 CP), mas, em regra, o agente deve materializar sua intenção em uma conduta para que possa
ser punido.

- PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE: O princípio da ofensividade ou lesividade


(nullum crimen sine iniuria) exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado.

- PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: A lei só deve prever as penas e as condutas estritamente


necessárias.

- PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: O Direito Penal é a última fase, a última etapa, o último


grau de proteção do bem jurídico. Manifesta-se em abstrato (destina-se ao legislador). Exige relevante

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lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. O princípio da insignificância é desdobramento da


fragmentariedade.

- PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO: A única função legítima do Direito


Penal é a proteção do bem jurídico, o qual consiste nos valores ou interesses relevantes para a manutenção
e para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.

#SELIGA: O que é a espiritualização, desmaterialização ou liquefação dos bens jurídicos? É a


proteção de bens jurídicos difusos, por meio da criação dos crimes de perigo e antecipação da tutela
penal (ex.: crimes ambientais).

- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL PELO FATO: O Direito Penal do fato se ocupa do


fato praticado pelo agente, pouco importando suas condições sociais e pessoais. No Direito penal do
autor, de forma diversa, a análise do fato é feita tomando por base as condições pessoais do autor, sendo
este, por vezes, alvo de rotulações e preconceitos.

- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: Decorre da necessidade de individualização da


acusação e da pena.

- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: O Direito Penal pune a conduta perpetrada


com dolo ou culpa, sendo vedada a responsabilização objetiva do agente.

- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA PRÓPRIA: A tipicidade


penal é formal e material. A formal é o juízo de adequação entre o fato e a norma. A material, por sua
vez, consiste na lesão ou no perigo de efetiva lesão ao bem jurídico, não bastando, para ser configurada,
a adequação do fato à norma, devendo gerar risco de efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.

- PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO CULPABILIDADE: Está expresso no Art. 5º,


LVII, da CF (“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória),
bem como no art. 8.2 da Convenção Americana de Direitos Humanos (“Toda pessoa acusada de um delito
tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa”).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação,


ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, NÃO ofende o princípio constitucional da
presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88) e não viola o texto do art. 283 do CPP. STF.
Plenário. ADC 43 e 44 MC/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados
em 05/10/2016 (Info 842)

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»» SISTEMAS PENAIS

- positivismo científico (objetivava elevar o Direito ao nível da Ciência de sua


época)
- sistema fechado
- a ação era entendida apenas como um movimento corporal voluntário,
apto à produção de um resultado
- separava as categorias do injusto (tipicidade e ilicitude) daquela atinente à
SISTEMA CLÁSSICO
culpabilidade.
OU CAUSAL
- no injusto ficariam os elementos objetivos (ação, omissão, resultado, nexo de
(Von Liszt e Beling) causalidade), enquanto os subjetivos (vontade) compunham a culpabilidade.
- DOLO e CULPA eram formas de culpabilidade.
- DOLUS MALUS: não era apenas a vontade de realizar o fato típico, mas
incluía também a consciência de se estar praticando um fato ilícito.
- se preocupava apenas com os aspectos descritivos (neutros) do crime.
- a culpabilidade é psicológica

- percebeu-se que nem o injusto poderia ser explicado unicamente com base
em elementos objetivos, e nem a culpabilidade se constituiria somente de
elementos subjetivos.
- sendo normativa, a teoria do delito não poderia prescindir (dispensar) de
uma valoração mínimas nas suas principais categorias.
- o injusto (a ação típica e ilícita) deixa de ser a descrição do comportamento
SISTEMA
proibido, passando a ser compreendido a partir de sua danosidade social.
NEOCLÁSSICO
- a culpabilidade, que antes era unicamente psicológica, passa a ser também
normativa, porque compreende a censurabilidade ou a reprovação jurídica
do comportamento pessoal do agente.
- permanece com a mesma designação do causalismo, já que dolo e culpa
continuavam na culpabilidade, mas a culpabilidade se enriquece com um
elemento normativo: a exigibilidade de conduta diversa.

- a ação passa a ser entendida como a manifestação de uma vontade


previamente orientada por uma finalidade.
- desloca-se dolo e culpa, que se encontravam na culpabilidade, para o
FINALISMO interior da tipicidade, no âmbito da ação.
- resta apenas o dolo natural, isto é, o conteúdo de uma vontade dirigida a
(Hans Welzel) uma consequência previamente antevista.
- aqui a culpabilidade é essencialmente normativa e compreende a
imputabilidade (capacidade penal); a consciência do caráter ilícito e a
inexigibilidade de comportamento diverso.

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Se todos os sistemas anteriores mantinham uma vinculação a critérios


naturalísticos da imputação do resultado (nexo de causalidade), o
funcionalismo surge como um novo sistema penal, construído basicamente
sob a perspectiva normativa. Neles, a configuração das categorias do delito
se orienta preferencialmente por critérios normativos, construídos segundo
FUNCIONALISMO
as necessidades regulativas do Direito, e, principalmente, segundo os fins
declarados da pena pública. O objetivo final seria o de tornar mais segura a
aplicação do direito, do que dependeria a elaboração mais consequente da
dogmática penal, sempre voltada para a concretização das determinações de
política criminal.

#VAMOSALÉM:

- FUNCIONALISO TELEOLÓGICO DE ROXIN: o direito penal teria por missão, primeiro, a proteção
de bens jurídicos, e, com a pena pública, a prevenção de novos crimes. Amplia a categoria da
culpabilidade, que passa a se designar por responsabilidade, exigindo não só a imputabilidade do
agente e os demais elementos, mas também o atendimento às finalidades preventivas da pena.

- O MODELO SISTÊMICO DE JAKOBS: aqui, a pena viria para confirmar a validade da norma
violada, na perspectiva daquela identidade normativa. O crime implicaria uma perturbação no
sistema social. Apresenta essa proposta uma característica essencialmente sistêmica, sem uma
finalidade de política criminal específica que não seja a de manter a sua configuração. É voltado
unicamente para a manutenção do sistema jurídico.

2. As escolas criminológicas. Sistema penal e controle social. Processo de criminalização. Vitimologia


e vitimização. Polícia e Sistema Penal. História do processo de criminalização no Brasil. Política
criminal e penitenciária no Brasil. O encarceramento no Brasil: dados e perspectivas. O sistema penal
brasileiro. Modernas tendências do pensamento criminológico e de política criminal. Mídia e sistema
penal. Prisão: prisonização e relações de poder penitenciárias. Análises criminológicas concretas.

- A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa de estudo do desvio,


do desviante, da vítima e do controle social do comportamento delitivo. Ela trata de subministrar uma
informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime - contemplado
este problema individual e como problema social -, assim como sobre programas de prevenção eficaz do
crime e técnicas de intervenção positiva no homem do delinquente.

#SELIGA: CRIMINOLOGIA X DIREITO PENAL.

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O direito penal é ciência normativa, pautada no método dedutivo, visualizando o crime como
conduta anormal para a qual fixa uma punição. O direito penal conceitua crime como conduta (ação
ou omissão) típica, antijurídica e culpável. Por seu turno, a criminologia vê o crime como um problema
social, um verdadeiro fenômeno comunitário, abrangendo o estudo do desvio, do desviante, da vítima e
do controle social.

#VAICAIR:

Vitimização primária – Se relaciona à pessoa que sofre a ação delituosa, ou seja, o sujeito passivo
do crime.

Vitimização secundária (sobrevitimização/revitimização) – A vítima amarga consequências outras


do delito que não a própria ação delituosa. Trata-se de sofrimento adicional que os órgãos públicos, a
imprensa e a sociedade provocam, sendo a pior delas e está vinculado ao fenômeno das cifras negras (ou
seja, o conjunto de crimes que não chegam ao conhecimento do Estado pelos mais variados motivos).

Vitimização terciária (Estigmatização) – é a estigmatização social sofrida pelas vitimizações


primária e secundária. Trata-se da rotulação da vítima pelas pessoas, causando-lhe muitas vezes vergonha
e humilhação.

Vitimização indireta – Vitimização de pessoas próximas ou diretamente ligadas à vítima, como


seus familiares, parentes e amigos.

- CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA

Transformação de um fato em crime. Em essência não há nenhuma diferença entre um fato criminoso
e um fato normal, exceto pelo fato criminoso ter o rótulo de crime. Quem? Poder Legislativo.

- CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA

Transformação de uma pessoa em criminoso, qual seria a diferença entre uma pessoa “normal” e
uma pessoa criminosa? Não há, em essência, diferença, não é tanto o que o sujeito faz, mas sim quem
ele é (teoria do etiquetamento). Quem? Judiciário, MP e Polícia.

#SELIGA: A prisionização é um processo particular de assimilação da cultura prisional, sendo tal


cultura entendida tanto em seu prisma formal, quanto no informal. Desse modo, não apenas leis,
normas administrativas e regimento interno compõem a cultura de uma penitenciária, mas sim,
e principalmente, a informalidade da organização e manifestações sociais de seus membros. A
primeira precaução metodológica a ser observada ao se falar em prisionização é saber distinguir

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este fenômeno do conceito sociológico de assimilação. Conforme mencionado, ambos os conceitos


guardam semelhanças, tendo em vista que se relacionam à absorção cultural, proveniente de uma
força social, capaz de moldar as atitudes dos indivíduos.

Assimilação Prisionização

Traduz-se numa força de elevada potência,


que, em razão das características peculiares do
Processo de menor intensidade, no qual as
ambiente carcerário e de seus membros, torna
modificações comportamentais apresentam-se
sua atuação muito mais agressiva, a ponto de
de forma lenta e gradual.
afirmá-la como um fenômeno inevitável, variável
e cíclico.

»» ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Sobre as escolas sociológicas, lembrar de que se dividem em Teorias do Consenso (funcionalistas,


denominadas teorias de integração) e Teorias do Conflito (argumentativas). Vejamos:

»» Teorias do Consenso: “os objetivos da sociedade são atingidos quando há o funcionamento perfeito
de suas instituições, com os indivíduos convivendo e compartilhando as metas sociais comuns”.

»» Teorias do Conflito: “a harmonia social decorre da força e da coerção, em que há uma relação entre
dominantes e dominados”.

ESCOLA CLÁSSICA

Principais expoentes: Beccaria e Carrara;


Crime como ente jurídico (não é uma ação, mas sim uma infração);
O delito é o principal objeto de estudo dessa escola;
A punibilidade deve ser baseada no livre arbítrio;
A pena deve ter caráter de retribuição pela culpa moral do delinquente (maldade), de modo a prevenir
o delito;
A pena deve ser certa, rápida e severa para restaurar a ordem social;
Método e raciocínio lógico-dedutivo;
O homem é um ser livre e racional e suas ações têm responsabilidade moral, lastreadas no livre arbítrio;
Utilitarismo: ações humanas devem ser julgadas conforme tragam mais ou menos prazer ao indivíduo
e contribuam ou não para maior satisfação do grupo social;
Baseada na Teoria do Contrato Social, no racionalismo e no Jusnaturalismo (normas eternas e absolutas
sobre leis positivas);

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A pena é um mal imposto ao indivíduo que merece um castigo em vista de uma falta considerado
crime, que cometeu de forma voluntária e consciente.
*Críticas: homogeneidade absoluta de todos os homens em relação aos processos pessoais
de motivação da ação; não teve êxito em conter a criminalidade com seu suposto efeito
dissuasório da pena.

ESCOLA POSITIVA

Houve mudança no estudo da criminologia, decorrente do Iluminismo e baseado numa visão


antropocêntrica, centralizou os estudos na pessoa do criminoso e não mais no crime;
Dividida em 3 fases:
1ª fase- Fase Antropológica:
Principal expoente: Lombroso (“pai da antropologia criminal”);
Adoção de uma criminologia clínica;
Ideias fisionomistas para traçar o perfil dos criminosos;
Multidisciplinar: psiquiatria (análise da degeneração dos laços morais), antropologia (evolução
humana), etc.
Não havia delito que não tivesse raiz em múltiplas causas, incluindo variáveis ambientais e sociais. Ex.:
clima, educação, trabalho, etc.;
Método empírico-indutivo (ou indutivo-experimental) - causalismo explicativo;
O crime não é uma entidade jurídica, mas sim um fenômeno biológico;
O criminoso era um anormal;
Suas pesquisas foram feitas em prisões e manicômios;
O criminoso é um ser atávico: regride ao primitivismo, um verdadeiro selvagem (ser bestial), que nasce
criminoso;
Degeneração epilética: degeneração é causada pela epilepsia, que ataca seus centros nervosos;
Noção de delinquente nato, baseado nas características físicas, como fronte fugidia, crânio assimétrico,
rosto largo e chato, etc.
Os fatores exógenos da delinquência eram apenas aspectos motivadores dos fatores endógenos.
Apenas desencadeavam a propulsão interna para o delito, já que o criminoso nasce criminoso
(determinismo biológico).
Relação das tatuagens aos criminosos.
2ª fase- Fase Sociológica:
Principal expoente: Ferri (“pai da sociologia criminal”);
Adoção de uma criminologia Sociológica;
Entendia o mesmo que Lombroso, mas agregava a possibilidade de influências externas sobre o
delinquente;
A criminalidade derivava de fenômenos antropológicos, físicos e culturais;
Negou o livre arbítrio como base para a imputabilidade. Para ele, era mera ficção;

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A responsabilidade moral deveria ser substituída pela responsabilidade social;


A razão de punir é a defesa social (prevenção geral é mais eficaz que a repressão);
3ª fase- Fase Jurídica:
Principal expoente: Garófalo
O crime está no homem e se revela como uma degeneração dele;
Criação do conceito de PERICULOSIDADE (ou temibilidade), que seria o propulsor do delinquente e a
porção de sua maldade que se deve temer;
Necessidade de uma nova intervenção penal: a medida de segurança;
Conceito de delito natural: violação dos sentimentos altruísticos de piedade e probidade.
*Críticas: patologização do delito; subvalorização do entorno social (que era considerado
apenas como fator desencadeante da personalidade criminosa); pesquisas apenas voltadas
para os encarcerados, já selecionados pelo sistema penal (erro metodológico); legitima a
violência e a seletividade racista do sistema penal (a polícia prende o criminoso nato).

ESCOLA DE CHICAGO (ou Escola Ecológica, Arquitetura Criminal ou Desorganização Criminal)

Explicação ecológica do crime;


Pertence ao grupo das Teorias do Consenso;
Atribui à sociedade (e não ao indivíduo) as causas do fenômeno criminal;
Baseada no crescimento desordenado das cidades: expansão do centro para periferia;
Graves problemas sociais, econômicos, culturais criavam um ambiente favorável à criminalidade, ainda
mais com a ausência de mecanismos de controle social;
Desigualdade social e miséria: parte da população passa a ter dificuldade de se adaptar aos valores
do corpo social dominante, gerando violência e aumento da criminalidade;
O crime se sistematiza a partir da observação de que a gênese delitiva se relaciona diretamente com
o conglomerado urbano: estrutura desordenada que favorece a decomposição da solidariedade nas
estruturas sociais;
A carência de saneamento básico, cultura, lazer, saúde, educação, etc. fomenta a prática de crimes;
Ideia da desorganização social e identificação de áreas de criminalidade: relação direta entre o espaço
urbano, sua conformação e a criminalidade (não apenas em relação à quantidade de crimes, mas
também aos tipos de crimes praticados em cada região da cidade);
Desorganização social como fator criminógeno;
Defende a prioridade da ação preventiva e minimização da atuação repressiva;
Propostas: alteração da situação social e econômica das crianças; programas comunitários para
tratamento e prevenção; planejamento estratégico das áreas urbanas; reurbanização dos bairros
pobres; política criminal preventiva e ações afirmativas.
Obs.: Desta teoria decorreram as Teorias das Janelas Quebradas (Broken Windows), Three
strikes and you´re out e a teoria da lei e ordem (law and order).

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TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DE DIFERENCIAL (ou da Aprendizagem Social)

Faz parte das Teorias do Consenso;


Em regra, se baseia nos crimes de “colarinho branco”: autores de crimes específicos que se diferenciam
dos criminosos comuns;
O delito não consiste apenas em uma inadaptação de pessoas pertencentes a classes menos
favorecidas, pois não é praticado apenas por seus integrantes;
O indivíduo é convertido em delinquente quando os valores predominantes do grupo o qual faz parte
“ensina” a delinquir;
As considerações favoráveis ao proceder desviante superam as desfavoráveis;
O comportamento criminoso é aprendido mediante a comunicação com outras pessoas do grupo,
iniciando no seio da família;
O delito não tem como causa fatores hereditários, físicos, mas sim a influência do meio;
O grau de aprendizado varia conforme a proximidade das pessoas: quanto mais íntimos, maior será
a influência criminógena;
A motivação do crime é aprendida com as definições favoráveis ou desfavoráveis da lei pelo grupo
em que vive;
As pessoas se associam por afinidade de valores, mas o conteúdo desses valores difere conforme a
espécie de associação- por isso é chamada de teoria da associação diferencial.
As associações diferenciais podem variar com a frequência, duração, prioridade e intensidade.

TEORIA DA ANOMIA

Faz parte das teorias do consenso;


Teoria com um viés funcionalista, pois não busca as causas do crime, mas se concentra nas consequências
de um conjunto de fenômenos empíricos;
O combate a disfunção do sistema não se faz pelo estudo das causas do crime, mas sim pela análise
das consequências externas. É uma teoria conservadora, já que não busca a raiz do problema.
O crime é um fenômeno natural, inerente à sociedade, sendo inválidas as ideias de fatores internos e
externos que influenciam o criminoso;
Durkheim: desenvolveu os conceitos de anomia e consciência coletiva;
Anomia- ausência de normas ou regras.
Para Durkheim, a anomia é causa principal do crime- quando parcela da sociedade não respeita as
normas sociais;
Ter certa parte da população cometendo crimes é algo benéfico (desde que dentro de limites), pois a
punição reforça os valores tutelados, permitindo a reafirmação da ordem social. Uma sociedade sem
crimes seria inviável.
O crime só será considerado consequência da anomia quando muito grave, do contrário, o crime é
considerado normal e tem sua função social;

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Baseado nas metas culturais: interesses, valores, propósitos de todos os membros da sociedade. Ex.:
vencer na vida, ter roupas de marca, um bom emprego, etc. A sociedade impõe objetivos e metas
inalcançáveis e por serem inatingíveis para a maioria dos indivíduos, a dissociação entre os objetivos
e os instrumentos para o seu alcance gera a anomia;
A sociedade é falsamente meritocrática: para alcançar as metas culturais é preciso de ajuda dos meios
institucionais (aparato cultural, familiar, econômico e social);
O desajuste entre os meios institucionais e as metas culturais propicia o surgimento de condutas
de indiferença perante as normas e tentativa de atingir tais metas por meios diversos, proibidos na
sociedade;
Posturas diante da anomia, segundo Merton:
(a) conformista – aceita os meios e os fins, submetendo-se aos meios disponíveis para alcançar os
fins, ainda que o não alcance, naturalizando a desigualdade;
(b) inovadora – aceita os fins, mas não se adapta aos meios legitimamente disponíveis, de modo que
se utiliza de meios ilegítimos para alcançar as finalidades;
(c) ritualista – aceita os meios, mas desiste dos fins;
(d) apática – renuncia aos meios e aos fins.

TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE

Cultura: são os valores dominantes em certa sociedade, que são passados de geração para geração;
Subculturas: cultura dentro da cultura, mas com valores opostos ou divergentes e que não pretende
substituir a cultura dominante;
Contracultura: é espécie de subcultura que presente substituir a cultura dominante;
Esta teoria estuda as causas dos crimes cometidos no âmbito das subculturas, principalmente nos
grupos de jovens;
Se na cultura o cometimento de crimes significa o fracasso, na subcultura representa o sucesso (valores
opostos);
Os crimes praticados pelos integrantes da subcultura não visam a um fim útil, mas apenas chocar;
Subcultura delinquente: comportamento de transgressão determinado por um subsistema de
conhecimento, crenças e atitudes que permitem formas particulares de comportamento transgressor
em situações específicas;
Estuda apenas determinado tipo de criminalidade e não todas;
Limitada a um registro meramente descritivo das condições econômicas e sociais das subculturas,
sendo, portanto, uma teoria acrítica;
Defende que a conduta delitiva não seria reflexo negativo da desorganização social e outras mazelas
da sociedade. Todo agrupamento humano é dotado de subculturas, com regras e vida própria (valores
distintos da cultura dominante) e o crime seria reflexo dessas diferentes culturas.

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TEORIA DA REAÇÃO SOCIAL (LABELLING APPROACH, ETIQUETAMENTO OU ROTULAÇÃO


SOCIAL)

Faz parte das Teorias do Conflito;


Maior ênfase ao estudo do sistema penal e de seu funcionamento desigual: elemento fundamental
para o posterior surgimento da Criminologia Crítica;
Forma de compreender o status social do delinquente;
Pressuposto: não se pode entender a criminalidade sem associá-la à atuação das agências oficiais
(análise da ação das forças policiais, penitenciárias, judiciária e outras instituições de controle social);
Objetiva entender como os rótulos estipulados pela sociedade e aplicados por tais instituições refletem
as circunstâncias sociais e contribuem para criação do estigma de criminoso para certos grupos sociais,
alterando a própria percepção individual daqueles rotulados;
Critica o antigo paradigma etiológico das outras escolas, que analisavam o criminoso por suas
características individuais. Aqui, o estudo é direcionado ao sistema penal e controle social;
Mudança de paradigma: sai da busca no indivíduo os fundamentos da criminalidade para buscar na
sociedade, por meio da reação social, em que o status de criminoso se dá pelas instâncias de controle
formal;
O criminoso é fruto de uma construção social. A criminalidade não existe na natureza, mas é uma
construção social que depende de juízos descritivos que produzem a qualidade de criminoso na
pessoa, que provém não das normas de Direito Penal, mas de meta-regras que condicionam a
atividade das instâncias de controle;
As meta-regras expressam preconceitos e estereótipos que as instâncias de controle social utilizam na
definição do crime e do delinquente a fim de selecionar e recrutar a população marginalizada;
Não basta desrespeitar a lei, é necessário que o criminoso seja “selecionado” ou estar dentro das
“etiquetas”, os chamados criminalizados.
Os criminalizados não conseguem se desprender dessa imagem, gerando um status social negativo;
As condutas não são criminosas por sua própria natureza. É adquirido o caráter de criminosa por meio
da escolha do Estado, que rotula condutas como crimes com objetivo de perpetuação da estrutura
social de poder, praticadas com maior frequência pelas classes mais baixas, os “etiquetados”;
O crime não é um fenômeno social, mas um fenômeno normativo.

CRIMINOLOGIA CRÍTICA

Principais expoentes: Alessandro Baratta, Juarez Cirino e Nilo Batista;


Rompe com as teorias do consenso de se fundamenta nas teorias do Conflito;
Inspiração marxista, com base no etiquetamento do sistema penal (seletividade dos órgãos de controle
formal- pobres, negros, egressos, etc.);
Nega a legitimidade do sistema penal;
Processo de criminalização: conflito entre os que detêm o poder e os que são submetidos a este (que
recebem o status de criminosos);

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O sistema penal não é estático (complexo de normas), mas um meio de criminalização, que vai desde
o legislador até a execução penal e de mecanismos informais de reação social;
Ocorre uma dupla seleção: os bens protegidos penalmente são os da classe dominante e estigmatização
dos indivíduos da classe dominada.
DUAS VERTENTES:
Neorrealismo de esquerda; a solução para o crime consistiria na transformação revolucionária e
na eliminação da exploração do homem pelo homem. São propostas: a) criminalização dos atos que
proliferam a exploração; b) minimalização da repressão penal sobre as classes exploradas; c) criação
de uma nova criminalidade e diminuição da velha criminalidade de massa. Juarez Cirino dos Santos.
Abolicionismo; o Direito Penal não é compatível com a justiça social e a diminuição das desigualdades.
Thomas Mathiesen e Louk Hulsman

3. Constituição e Direito Penal. O Direito Penal e o Estado Democrático de Direito. Direito Penal e
Direitos Humanos. Direitos humanos e processo de criminalização. Aplicação e interpretação da lei
penal a luz dos direitos humanos.

»» DIREITO PENAL E DIREITOS HUMANOS

#VAICAIR: Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica)21

1.1 Os Estados-Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela


reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição,
sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de
qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer
outra condição social.

- O termo “jurisdição” possui maior abrangência do que o território do Estado-Membro.

- O termo “qualquer outra condição social” deve ser interpretado segundo o princípio pro homine.

- O art. 1.1 protege grupos em situação de vulnerabilidade, condição reconhecida como categoria
de proteção especial.

- Os Estados possuem o dever de punir perpetradores de crimes de lesa-humanidade.

21 Galera, igual em Processo Penal, aqui vamos ver alguns dos artigos mais importantes da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, bem como julgados
da Corte IDH em matéria penal.

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“A jurisdição dos Estados, em relação à proteção dos direitos humanos estabelecidos na Convenção
Americana, não se limita ao seu território. O termo “jurisdição” previsto na Convenção Americana
é mais amplo que o território de um Estado e inclui situações além de seus limites territoriais. Os
Estados devem respeitar e garantir os direitos de todas as pessoas sujeitas à sua jurisdição, mesmo
que não estejam dentro de seu território. d. O exercício da jurisdição de acordo com o art. 1 (1) da
Convenção Americana fora do território de um Estado é uma situação excepcional que deve ser
examinada restritivamente em cada caso específico. e. O conceito de jurisdição, nos termos do art.
1 (1) da Convenção Americana, engloba qualquer situação em que um Estado exerce autoridade ou
controle efetivos sobre um indivíduo ou indivíduos, dentro ou fora de seu território. [Corte IDH. OC
23/2017, Parecer consultivo sobre meio ambiente e direitos humanos, de 15-11-2017, solicitado pela
República da Colômbia. Tradução livre.] [Inteiro teor.]”

“Em conformidade com o exposto, como já mencionado (...), a Corte recorda que os tratados de
direitos humanos são instrumentos vivos, cuja interpretação tem que acompanhar a evolução dos
tempos e as condições de vida atuais. (...) 70. Nesse sentido, ao interpretar a expressão “qualquer
outra condição social” do art. 1.1 da Convenção, deve-se sempre eleger a alternativa mais favorável
para a tutela dos direitos protegidos pelo tratado, segundo o princípio pro homine. Dessa forma,
esse Tribunal reitera que os critérios específicos em virtude dos quais é proibido discriminar, segundo
o art. 1.1 da Convenção Americana, não constituem um rol taxativo ou limitado, mas meramente
enunciativo. Nesse sentido, a redação desse artigo deixa em aberto os critérios, com a inclusão
da expressão “outra condição social”, para incorporar outras categorias que não tenham sido
explicitamente mencionadas. A expressão “qualquer outra condição social” do art. 1.1. da Convenção
deve ser interpretada pela Corte, por conseguinte, buscando a opção mais favorável à pessoa
e à evolução dos direitos fundamentais no Direito Internacional contemporâneo. [Corte IDH. OC
24/2017, Parecer consultivo sobre identidade de gênero, igualdade e não discriminação entre casais
do mesmo sexo, de 24-11-2017, solicitado pela República da Costa Rica. Tradução livre.] [Resumo
oficial.]”

“Como se tratou de expor no presente voto, diferentemente dos Sistemas Europeu e Africano de
Direitos Humanos, os Sistemas Universal e Interamericano mostram uma tendência a considerar
que as pessoas que se encontram em situação de pobreza constituem um grupo em situação
de vulnerabilidade diferenciado dos grupos tradicionalmente identificados; essa condição é
reconhecida como categoria de proteção especial e é parte da proibição de discriminação por
“posição econômica” contemplada de maneira expressa no art. 1.1 da Convenção Americana. [Corte
IDH. Caso Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil. Exceções preliminares, mérito, reparações
e custas. Sentença de 20-10-2016.] [Resumo oficial.]”

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“A obrigação, estabelecida pelo Direito Internacional, de julgar e, se forem declarados culpados,


punir os perpetradores de determinados crimes internacionais, entre os quais se encontram os
crimes de lesa-humanidade, desprende-se da obrigação de garantia consagrada no art. 1.1 da
Convenção Americana. Essa obrigação implica o dever dos Estados-Partes de organizar todo o
aparato governamental e, em geral, todas as estruturas através das quais se manifesta o exercício
do poder público, de maneira tal que sejam capazes de assegurar juridicamente o livre e pleno
exercício dos direitos humanos. Como consequência dessa obrigação, os Estados devem prevenir,
investigar e punir toda violação aos direitos reconhecidos pela Convenção e procurar, ademais, o
restabelecimento, caso seja possível, do direito violado e, em todo caso, a reparação dos danos
produzidos pela violação dos direitos humanos. Se o aparato do Estado atua de modo que tal
violação fique impune e não se restabeleça à vítima, na medida do possível, a plenitude de seus
direitos, é possível afirmar que foi descumprido, em relação às pessoas sujeitas à sua jurisdição,
o dever de garantir o livre e pleno exercício de seus direitos. 111. Os crimes de lesa-humanidade
produzem a violação de uma série de direitos inderrogáveis reconhecidos na Convenção Americana,
que não podem ficar impunes. Em reiteradas oportunidades, o Tribunal indicou que o Estado tem
o dever de evitar e combater a impunidade, o que a Corte definiu como “a falta, em seu conjunto,
de investigação, persecução, captura, julgamento e condenação dos responsáveis por violações dos
direitos protegidos pela Convenção Americana”. Ademais, a Corte determinou que a investigação
deve ser realizada por todos os meios legais disponíveis e orientada à determinação da verdade e
à investigação, persecução, captura, julgamento e castigo de todos os responsáveis intelectuais e
materiais dos fatos, especialmente quando agentes estatais estão ou possam estar envolvidos. A
esse respeito, este Tribunal indicou que não podem ser considerados efetivos aqueles recursos que,
pelas condições gerais do país ou inclusive pelas circunstâncias particulares de um caso específico,
resultem ilusórios. (...) 114. Em face das considerações anteriores, a Corte avalia que os Estados não
podem se eximir do dever de investigar, identificar e punir os responsáveis pelos crimes de lesa-
humanidade aplicando leis de anistia ou outro tipo de normativa interna. Consequentemente, não
se pode conceder anistia aos crimes de lesa-humanidade. [Corte IDH. Caso Almonacid Arellano e
outros vs. Chile. Exceções preliminares, mérito, reparações e custas. Sentença de 26-9-2006.] [Ficha
técnica.]”

2. Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por
disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-Partes comprometem-se a adotar, de acordo
com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas
ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.

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- Os Estados possuem o dever de adequar o Direito interno à Convenção Americana.

- O Poder Judiciário possui o dever de exercer controle de convencionalidade ex officio.

“A esse respeito, este Tribunal estabeleceu que o art. 2 (...) da Convenção prevê o dever geral de
Estados-Partes de adaptar sua legislação interna às disposições dessa norma para garantir os direitos nela
consagrados. Esse dever implica a adoção de medidas em duas direções. Por um lado, a supressão das
regras e práticas de qualquer natureza que impliquem violação às garantias previstas na Convenção. Por
outro lado, a edição de normas e o desenvolvimento de práticas conducentes à aplicação efetiva de tais
garantias. [Corte IDH. Caso Amrhein e outros vs. Costa Rica. Exceções preliminares, mérito, reparações e
custas. Sentença de 25-4-2018.] [Resumo oficial.]”

“Com base nas considerações acima, a Corte Interamericana conclui que, devido à interpretação e
à aplicação conferidas à Lei de Anistia, a qual carece de efeitos jurídicos a respeito de graves violações de
direitos humanos, nos termos antes indicados (particularmente, par. 171 a 175 supra), o Brasil descumpriu
sua obrigação de adequar seu Direito interno à Convenção, contida em seu art. 2, em relação aos arts.
8.1, 25 e 1.1 do mesmo tratado. [Corte IDH. Caso Gomes Lund e outros vs. Brasil. Exceções preliminares,
mérito, reparações e custas. Sentença de 24-11-2010.] [Resumo oficial.] [Ficha técnica.]”

4.1 Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em
geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.

- A fertilização in vitro não viola o direito à vida, previsto no art. 4.1 da Convenção Americana de
Direitos Humanos.

- É inconstitucional a interpretação segundo a qual a antecipação terapêutica do parto no caso de


feto anencefálico constitui crime de aborto.

- A pesquisa com células-tronco embrionárias para fins terapêuticos não viola o direito à vida nem
a dignidade da pessoa humana.

- Deve-se interpretar o tipo penal do aborto conforme a Constituição para excluir do seu
âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre.

“A Corte utilizou os diversos métodos de interpretação, os quais levaram a resultados coincidentes


no sentido de que o embrião não pode ser entendido como pessoa para efeitos do art. 4.1 da
Convenção Americana. Além disso, depois de uma análise das bases científicas disponíveis, a Corte
concluiu que a “concepção”, no sentido do art. 4.1, ocorre a partir do momento em que o embrião

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se implanta no útero, razão pela qual antes desse evento não procederia a aplicação do art. 4 da
Convenção. Além disso, é possível concluir das palavras “em geral” que a proteção do direito à
vida em conformidade com essa disposição não é absoluta, mas é gradual e incremental segundo
seu desenvolvimento, em razão de que não constitui um dever absoluto e incondicional, mas
implica entender a procedência de exceções à regra geral. [Corte IDH. Caso Artavia Murillo e outros
(Fecundação in vitro) vs. Costa Rica. Exceções preliminares, mérito, reparações e custas. Sentença de
28-11-2012.] [Resumo oficial.]”

“Torna-se importante aqui uma breve anotação sobre o status jurídico do embrião durante fase inicial
da gestação. Há duas posições antagônicas em relação ao ponto. De um lado, os que sustentam
que existe vida desde a concepção, desde que o espermatozoide fecundou o óvulo, dando origem à
multiplicação das células. De outro lado, estão os que sustentam que antes da formação do sistema
nervoso central e da presença de rudimentos de consciência – o que geralmente se dá após o
terceiro mês da gestação – não é possível ainda falar-se em vida em sentido pleno. Não há solução
jurídica para esta controvérsia. Ela dependerá sempre de uma escolha religiosa ou filosófica de cada
um a respeito da vida. Porém, exista ou não vida a ser protegida, o que é fora de dúvida é que não há
qualquer possibilidade de o embrião subsistir fora do útero materno nesta fase de sua formação. Ou
seja: ele dependerá integralmente do corpo da mulher. Essa premissa, factualmente incontestável,
está subjacente às ideias que se seguem. (...) na linha do que se sustentou no presente capítulo, a
criminalização da interrupção da gestação no primeiro trimestre vulnera o núcleo essencial de um
conjunto de direitos fundamentais da mulher. [STF. HC 124.306, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 9-8-2016, DJE de 17-3-2017.]”

#ATENÇÃO: Pena de morte.

4.2 Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos
mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei
que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá
sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.

4.3 Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4.4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delitos comuns
conexos com delitos políticos. 4.5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento
da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher
em estado de gravidez. 4.6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena

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de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente.

#SELIGA: Característica dos atos de violência sexual.

“Seguindo a linha da jurisprudência internacional, e levando em conta o disposto na Convenção


de Belém do Pará, a Corte considerou que a violência sexual se configura com ações de natureza sexual
que se cometem contra uma pessoa sem seu consentimento, que, além de compreender a invasão
física do corpo humano, podem incluir atos que não impliquem penetração ou, inclusive, contato físico
algum. 247. Do mesmo modo, seguindo o critério jurisprudencial e normativo que impera tanto no
Direito Penal Internacional como no Direito Penal Comparado, o Tribunal considera que o estupro não
implica necessariamente uma relação sexual sem consentimento, por via vaginal, como se considerou
tradicionalmente. Por estupro também se devem entender atos de penetração vaginal ou anal, sem
consentimento da vítima, mediante a utilização de outras partes do corpo do agressor ou objetos, bem
como a penetração bucal com o membro viril. (...) 249. Além disso, é necessário salientar que a ausência
de sinais físicos não implica que não tenham ocorrido maus-tratos, já que é frequente que esses atos de
violência contra as pessoas não deixem marcas ou cicatrizes permanentes. O mesmo se aplica aos casos
de violência sexual e estupro, cuja ocorrência não necessariamente se verá refletida num exame médico.
(...) 251. O Tribunal ressaltou que todo uso da força que não seja estritamente necessário pelo próprio
comportamento da pessoa detida constitui um atentado à dignidade humana, em violação do art. 5 da
Convenção Americana. No presente caso, o Estado reconheceu que L.R.J., C.S.S. e J.F.C. foram violadas
[sexualmente] por agentes públicos, o que constituiu uma violação de seu direito à integridade pessoal
(art. 5.1 da Convenção Americana). [Corte IDH. Caso Favela Nova Brasília vs. Brasil. Exceções preliminares,
mérito, reparações e custas. Sentença de 16-2- 2017.] [Resumo oficial.]”

6.1 Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico de mulheres
são proibidos em todas as suas formas.

- A escravidão moderna caracteriza-se pelo exercício de qualquer um dos atributos


relacionados ao direito de propriedade sobre uma pessoa.

“A partir do desenvolvimento do conceito de escravidão no Direito Internacional e da proibição


estabelecida no art. 6 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a Corte observa que este
conceito evoluiu e já não se limita à propriedade sobre a pessoa. A esse respeito, a Corte considera que os
dois elementos fundamentais para definir uma situação como escravidão são: i) o estado ou condição de
um indivíduo; e ii) o exercício de algum dos atributos do direito de propriedade, isto é, que o escravizador
exerça poder ou controle sobre a pessoa escravizada ao ponto de anular a personalidade da vítima.
As características de cada um desses elementos são entendidas de acordo com os critérios ou fatores

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identificados a seguir. 270. O primeiro elemento (estado ou condição) se refere tanto à situação de jure
como de facto, isto é, não é essencial a existência de um documento formal ou de uma norma jurídica para
a caracterização desse fenômeno, como no caso da escravidão chattel ou tradicional. 271. Com respeito
ao elemento de “propriedade”, este deve ser entendido no fenômeno de escravidão como “posse”, isto é,
a demonstração de controle de uma pessoa sobre outra. Portanto, “no momento de determinar o nível
de controle requerido para considerar um ato como escravidão, (…) poder-se-ia equipará-lo à perda da
própria vontade ou a uma diminuição considerável da autonomia pessoal”. Nesse sentido, o chamado
“exercício de atributos da propriedade” deve ser entendido nos dias atuais como o controle exercido
sobre uma pessoa que lhe restrinja ou prive significativamente de sua liberdade individual, com intenção
de exploração mediante o uso, a gestão, o benefício, a transferência ou o despojamento de uma pessoa.
Em geral, esse exercício se apoiará e será obtido através de meios tais como a violência, fraude e/ou
coação. [Corte IDH. Caso Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil. Exceções preliminares, mérito,
reparações e custas. Sentença de 20-10-2016.] [Resumo oficial.]”

6.2 Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se
prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta
disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o cumprimento da dita pena, imposta
por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capacidade
física e intelectual do recluso.

6.3 Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo: 6.3.a. os trabalhos
ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal
expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob
a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser
postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado;

6.3.b. o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciência, o serviço
nacional que a lei estabelecer em lugar daquele; 6.3.c. o serviço imposto em casos de perigo ou
calamidade que ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; 6.3.d. o trabalho ou serviço que
faça parte das obrigações cívicas normais.

#OLHAOGANCHO: Competência da Justiça Militar, segundo o entendimento da Corte IDH.

“A jurisprudência desta Corte tem sido constante sobre os limites da competência da jurisdição
militar para conhecer de fatos que constituam violações de direitos humanos, no sentido de afirmar que
em um Estado Democrático de Direito a jurisdição penal militar terá um alcance restrito e excepcional, e se
destinará à proteção de interesses jurídicos especiais, vinculados às funções próprias das forças militares.

203 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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Por conseguinte, a Corte apontou que, no foro militar, só se devem julgar militares ativos pela prática de
crimes ou faltas que, por sua própria natureza, atentem contra bens jurídicos próprios da ordem militar
e da esfera castrense. A jurisdição militar se estabelece para manter a ordem nas Forças Armadas. Por
esse motivo, sua aplicação se reserva aos militares que tenham incorrido em crime ou falta no exercício
de suas funções e em certas circunstâncias. Portanto, levando em conta a natureza do crime e o bem
jurídico lesado, a jurisdição penal militar não é o foro competente para investigar e, caso seja pertinente,
julgar e punir os autores de violações de direitos humanos, cabendo sempre à Justiça ordinária ou comum
processar os responsáveis. 149. O fato de os sujeitos envolvidos pertencerem às forças armadas ou de os
acontecimentos terem ocorrido durante uma prática militar em um estabelecimento militar não significa
em si que a Justiça Militar deva intervir. O que precede se aplica mesmo no caso de crimes nos quais o
acusado é um membro das Forças Armadas e não seja um civil o sujeito passivo do delito ou titular do
bem jurídico protegido, uma vez que todas as violações de direitos humanos devem ser conhecidas na
jurisdição ordinária, que inclui aquelas cometidas por militares contra militares. [Corte IDH. Caso Ortiz
Hernández e outros vs. Venezuela. Mérito, reparações e custas. Sentença de 22-8-2017. Tradução livre.]
[Resumo oficial.]”

A Corte estabeleceu que toda pessoa tem o direito de ser julgada por um juiz ou tribunal competente,
independente e imparcial. Em um Estado constitucional democrático, a jurisdição penal militar deve ter
um âmbito restrito e excepcional e deve visar a proteção de interesses jurídicos especiais relacionados
aos deveres que a lei atribui aos militares. Portanto, apenas membros militares devem ser julgados pelo
cometimento de infrações penais ou violações que, devido à sua própria natureza, constituem um ataque
aos interesses legais militares. [Corte IDH. Caso Palamara-Iribarne vs. Chile. Mérito, reparações e custas.
Sentença de 22-11-2005. Tradução livre.] [Ficha Técnica.]”

#MAISUMGANCHO: Lei de Anistia, segundo o entendimento da Corte IDH.

“Dada sua manifesta incompatibilidade com a Convenção Americana, as disposições da Lei de Anistia
brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos carecem de
efeitos jurídicos. Em consequência, não podem continuar a representar um obstáculo para a investigação
dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição dos responsáveis, nem podem ter
igual ou similar impacto sobre outros casos de graves violações de direitos humanos consagrados na
Convenção Americana ocorridos no Brasil. 175. Quanto à alegação das partes a respeito de que se tratou
de uma anistia, uma autoanistia ou um “acordo político”, a Corte observa, como se depreende do critério
reiterado no presente caso (...) que a incompatibilidade em relação à Convenção inclui as anistias de
graves violações de direitos humanos e não se restringe somente às denominadas “autoanistias”. Além
disso, como foi destacado anteriormente, o Tribunal, mais que ao processo de adoção e à autoridade que
emitiu a Lei de Anistia, se atém à sua ratio legis: deixar impunes graves violações ao Direito Internacional

204 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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cometidas pelo regime militar. A incompatibilidade das leis de anistia com a Convenção Americana nos
casos de graves violações de direitos humanos não deriva de uma questão formal, como sua origem, mas
sim do aspecto material na medida em que violam direitos consagrados nos arts. 8 e 25, em relação com
os arts. 1.1. e 2 da Convenção. [Corte IDH. Caso Gomes Lund e outros vs. Brasil. Exceções preliminares,
mérito, reparações e custas. Sentença de 24-11-2010.] [Resumo oficial.] [Ficha técnica.]”

4. Teoria do delito: evolução histórica, elementos do crime. Bem jurídico-penal. Modernas


tendências da teoria do delito. Teoria da ação. Evolução do modelo de ação. 5. Tipicidade: evolução
do conceito de tipo penal, modelos de tipo, elementos constitutivos do tipo penal (objetivos,
subjetivos, descritivos, normativos). Conduta (ação e omissão), nexo de causalidade, resultado,
imputação objetiva. Tipos dolosos, tipos culposos e tipos omissivos. Iter criminis. Desistência voluntária
e arrependimento eficaz. 6. Antijuridicidade: conceito. O injusto penal. Causas de justificação.

»» TEORIA DO DELITO

- CONCEITO TRIPARTITE DE CRIME: Crime é fato típico + ilícito + culpável.

- O fato típico é formado pela conduta típica + nexo de causalidade + resultado.

Conduta:

• Teoria Clássica ou Causalista: conduta é comportamento humano voluntário que modifica o mundo
exterior. O dolo (normativo) e culpa não fazem parte da conduta, pois estão inseridos na culpabilidade
(teoria psicológica). Assim, essa teoria só pode ser aplicada ao conceito tripartite de crime.

• Teoria finalista (Wezel) = conduta é comportamento humano consciente e voluntário dirigido a um


fim. O dolo e culpa estão na conduta (dolo natural – teoria normativa da culpabilidade). É a teoria
adotada pelo Código Penal.

Resultado:

• Resultado Naturalístico ou Material. É a modificação no mundo exterior provocada pela conduta. A


partir do resultado naturalístico podemos classificar os crimes como:

»» Crime Material - resultado naturalístico é indispensável (ex. homicídio);

»» Crime Formal - resultado naturalístico existe, mas dispensável (ex. extorsão);

»» Crime de Mera Conduta – a norma penal não prevê um resultado naturalístico (ex. porte de arma).

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• Resultado Normativo ou Jurídico. É a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico. Todos os crimes
possuem. A partir dessa ideia podemos classificar os crimes como:

»» Crime de Perigo Abstrato – resultado normativo é presumido pela norma (ex. tráfico de drogas);

»» Crimes de Perigo Concreto - deve ser demostrado risco de lesão a pessoa certa (ex. perigo de
contágio de moléstia venérea);

»» Crimes de dano - exigem efetiva lesão ao bem jurídico (ex. homicídio).

Relação de causalidade ou nexo causal: É o vínculo entre a conduta e o resultado.

• Teoria da Equivalência dos Antecedentes - É a regra no Código Penal (art.13). É causa todo fato que
concorre para o resultado. Para evitar o regresso ao infinito deve-se utilizar o processo hipotético de
eliminação.

• Teoria da Causalidade Adequada - Prevista no art. 13, §1º, do Código Penal, como exceção. Causa é
todo fato necessário e adequado ao resultado.

• Teoria da Imputação Objetiva - Busca limitar a responsabilidade penal pelo fato. Exige, além do
vínculo entre a conduta e o resultado (causalidade/nexo físico), o nexo causal normativo. A causalidade
normativa é formada pelos seguintes elementos:

»» Criação ou aumento de um risco proibido ( juízo de prognose)

»» Realização do risco no resultado (concretização de um resultado)

»» Resultado no alcance do tipo (previsto em um tipo).

• Concausas - É a convergência de uma causa externa à vontade do autor, que modifica o resultado. A
concausas absolutamente independentes (preexistentes, concomitantes e supervenientes) rompem o
nexo de causalidade. As concausas relativamente independentes não rompem o nexo causal, regra,
respondendo ao agente pelo resultado. Há uma exceção, a concausa superveniente que por si só
produziu o resultado rompe a relação de causalidade (aplicação da causalidade adequada).

Tipicidade:

• Tipicidade Formal. É subsunção entre conduta e tipo, ou seja, a adequação típica.

• Tipicidade Material. É a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico

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• Teoria indiciária. A tipicidade acarreta a presunção relativa de ilicitude. Assim, as excludentes de ilicitude
devem ser demostradas pela defesa.

• Teoria dos elementos negativos do tipo. Não foi adotada pelo Código Penal. Prevê o tipo total de
injusto, formado pela tipicidade e pela ilicitude. A análise das excludentes de ilicitude deve ser feita
pela acusação.

• Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni). Não foi adotada pelo Código Penal. Deve haver a
violação de todo o ordenamento jurídico (antinormatividade) e não apenas da lei penal. Assim, por
exemplo, estrito cumprimento do dever legal seria excludente de tipicidade. Criação da tipicidade
objetiva, formada pela tipicidade formal e conglobante.

Ilicitude:

• É a contrariedade entre a conduta e o ordenamento.

• Excludentes da ilicitude ou descriminantes:

• Legítima defesa: agressão injusta, atual ou iminente a direito próprio ou alheio, de forma moderada.
Não exige fuga.

• Estado de necessidade: perigo atual não causado pelo agente para salvar direito próprio ou alheio. Há
doutrina afirmando que o perigo pode ser iminente (cuidado com a redação da questão). Adoção da
teoria unitária. Pode ser recíproco. Há casos previstos na parte especial do Código Penal (ex. aborto
terapêutico).

• Estrito cumprimento do dever legal. A princípio seria aplicável apenas aos agentes públicos, porém a
doutrina majoritária estende ao partícipe.

• Exercício regular do direito. Os ofendículos, instrumentos preordenados de defesa do patrimônio (ex.


cerca elétrica), enquanto não acionados são formas de exercício regular do direito.

• Consentimento do ofendido. É causa supralegal de exclusão da ilicitude.

Crime doloso: Dolo é elemento subjetivo do tipo, formado pela consciência e vontade.

• Teoria da vontade: Dolo é a vontade da conduta e do resultado. É o dolo direito = Adotada pelo
Código Penal.

• Teoria do consentimento ou assentimento: Dolo ocorre quando ao agente tem vontade da conduta,
mas apenas assume o risco do resultado. É o dolo eventual. Também é adotada pelo Código Penal.

207 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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• Teoria da representação: Dolo é a previsão do resultado. Confunde culpa consciente.

• Dolo natural: É consciência e vontade do resultado. Adotado pela teoria finalista.

• Dolo normativo: É consciência e vontade do resultado acrescido da consciência da ilicitude. Adotado


pela teoria causalista.

• Dolo direto: configura-se quando o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta na busca de
realizar esse evento.

• Dolo indireto subdivide-se em: dolo alternativo e dolo eventual.

• Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta para realizar
qualquer deles. Tem a mesma intensidade de vontade de realizar os resultados previstos

• Dolo eventual: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta para realizar um
deles, assumindo o risco de realizar o outro. A intensidade da vontade em relação aos resulta dos
previstos é diferente.

• Dolo de primeiro grau: É o dolo direto. Formado pela vontade consciente dirigida a realização de
determinado resultado.

• Dolo de segundo grau: também é dolo direito, atinge as consequências necessárias da conduta.

• Dolo específico: o agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal com um fim
específico,

Crime culposo: Culpa é a violação do dever de cuidado. Formada por uma conduta voluntária, um
resultado involuntário, a violação do dever de cuidado e o nexo causal.

• Culpa inconsciente: Não há previsão de um resultado previsível (há previsibilidade).

• Culpa consciente: Prevê o resultado, mas acredita poder evitar.

• Culpa própria: É a conduta voluntária que gera um resultado involuntário pela violação do dever de
cuidado.

• Culpa imprópria: É o erro inescusável quanto à existência de uma excludente de ilicitude (descriminantes
putativas). É dolo tratado pelo legislador como culpa, por isso admite tentativa.

• Modalidades de culpa: imprudência, negligência e imperícia.

208 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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• Admite coautoria, mas não admite participação.

Tentativa: Também chamada de crime imperfeito e crime incompleto.

• Elementos: início da execução, não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente e dolo
de consumação.

É causa de diminuição de pena (1/3 a 2/3). Deve-se observar o iter criminis percorrido para a fixação
do quantum de diminuição.

• Teoria subjetiva. Não distingue a pena da tentativa da pena do delito consumado, pois leva em
consideração a intenção do agente. Aplicada nos crimes de atentado ou empreendimento (exs. crime
de evasão mediante violência e terrorismo). Não confundir com crime obstáculo, que pune atos
preparatórios.

• Teoria objetiva. Observa a lesão ao bem jurídico, punindo de formas diversas o crime tentado e o crime
consumado. É a regra no Código Penal.

• Tentativa branca ou incruenta: Não atinge o bem jurídico.

• Tentativa vermelha ou cruenta: Atinge o bem jurídico.

• Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: Esgota os meios executórios.

• Não admitem tentativa: crime culposo (salvo culpa imprópria), contravenção penal, crime habitual,
unissubsistente, preterdoloso e omissivo (salvo omissão imprópria).

Crime impossível:

• Também chamado de tentativa inadequada, inidônea ou quase-crime.

• Exclui a tipicidade.

• Teoria objetiva temperada. Adotada pelo Código Penal. O crime é impossível diante da absoluta
impropriedade do meio.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz (resipiscência):

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

Art. 15, 1ª parte, CP Art. 15, 2ª parte, CP

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São espécies de tentativa qualificada / abandonada.

Há o início da execução.

Exige voluntariedade Exige voluntariedade + eficácia

O agente abandona o dolo antes de esgotar os O agente abandona o dolo após esgotar os
atos executórios. atos executórios, impedindo a consumação.

O crime não se consuma por circunstâncias inerentes à vontade do agente.

Extingue-se a punibilidade da tentativa, punindo-se o agente pelos atos já praticados.

Arrependimento posterior:

REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR

a) crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa;

b) reparação do dano ou restituição da coisa: a reparação do dano/restituição da coisa deve ser


INTEGRAL. Sendo parcial, admite-se o benefício, desde que a vítima concorde, ou seja, se satisfaça
com a reparação não integral.

c) até o recebimento da denúncia ou queixa;

d) ato voluntário do agente: basta a voluntariedade, que não se confunde com espontaneidade.

#DEOLHONATABELA:

ARREPENDIMENTO
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ
POSTERIOR

O abandono ocorre depois de


O abandono do intento ocorre esgotados os atos executórios, o arrependimento ocorre APÓS
durante a execução. mas o agente consegue consumação.
evitar a consumação.

#SELIGANOSINÔNIMO:

Tanto a desistência voluntária como o arrependimento eficaz são chamados de “ponte de


ouro”. Já o arrependimento posterior também é conhecido como “ponte de prata”.

7. Culpabilidade: conceito, evolução histórica, estrutura. Elementos da culpabilidade.


Imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Princípio

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da culpabilidade. Culpabilidade e liberdade. Culpabilidade e periculosidade. Culpabilidade e


vulnerabilidade. Direito Penal do fato e Direito Penal do autor. Excludentes da culpabilidade (legais
e supralegais). 8. Arrependimento posterior. Crime impossível. Concurso de agentes. Erro no Direito
Penal. Punibilidade. Concurso de crimes.

»» CULPABILIDADE

- É elemento do crime para a teoria tripartida e pressuposto de aplicação da pena para a teoria
bipartida.

- Teoria Psicológica - A culpabilidade é formada pela imputabilidade e dolo normativo (dolo com
consciência da ilicitude) ou culpa. Relaciona-se com a teoria causalista da conduta.

- Teoria Normativa (extremada) - Culpabilidade é imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e


exigibilidade de conduta diversa. Relaciona-se com teoria finalista da conduta. Aplica-se a teoria unitária
do erro, ou seja, descriminantes putativas são sempre erro de proibição.

- Teoria Limitada - Prevalece segundo a doutrina majoritária. Culpabilidade é imputabilidade,


potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Relaciona-se com teoria finalista da
conduta. Aqui as descriminantes putativas por erro de fato são consideradas erro de tipo permissivo e as
por erro de direito (limites) são erro tratadas como erro de proibição indireto.

Coculpabilidade (Zaffaroni) - É o reconhecimento da responsabilidade do Estado pela não


inserção social do agente, que gera menor grau de autodeterminação. É atenuante inominada.

Coculpabilidade às avessas - Reprovação mais severa de condutas praticadas por pessoas com
elevado poder econômico, que se valem dessa condição para praticar crimes. É observada na pena-base.

Excludentes da culpabilidade ou dirimentes - Coação moral irresistível e obediência hierárquica


excluem a exigibilidade de conduta diversa. O erro de proibição exclui a potencial consciência da ilicitude.

Admitem-se causas supralegais de exclusão da culpabilidade, como a desobediência civil e conflito


de deveres (ex. empresário que deixa de recolher de tributos para pagar funcionários).

Imputabilidade Penal: é um dos elementos da culpabilidade e significa atribuir responsabilidade


penal. Pode ser afastada em três situações, a saber: a) menoridade; b) doença mental; c) embriaguez
completa proveniente de caso fortuito ou força maior.

#DEOLHONATABELA:

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SEMI-IMPUTÁVEL
INIMPUTÁVEL IMPUTÁVEL
(FRONTEIRIÇO)

Sentença absolutória
Sentença condenatória Sentença condenatória
imprópria

Pena diminuída de 1/3 a 2/3


(parcial culpabilidade).
Medida de segurança Pena
OU medida de segurança (art.
98, CP)

#ATENÇÃO No Brasil, quanto à embriaguez, adota-se a TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA


(ação livre na causa), segundo a qual a liberdade de vontade deve ser analisada no momento da
ingestão da substância, e não no momento da conduta.

»» ERRO NO DIREITO PENAL

Erro de Tipo:

• Erro de tipo essencial é o erro sobre elementar do tipo.

• Erro de tipo vencível ou inescusável exclui o dolo, sendo o agente punido na modalidade culposa, caso
exista previsão.

• Erro de tipo invencível ou escusável exclui dolo e culpa.

• Erro de tipo acidental. Espécies:

- erro sobre a pessoa (vítima virtual não sofre perigo);

- erro sobre o objeto;

- erro sobre o nexo causal (aberratio causae, dolo geral ou erro sucessivo);

- erro sobre a execução ou aberratio ictus (atinge pessoa diversa, mas a vítima virtual corre perigo);

- resultado diverso do pretendido.

Erro de Proibição:

• É erro sobre a ilicitude do fato.

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• Erro de proibição inescusável diminui a pena.

• Erro de proibição escusável ou inevitável exclui a culpabilidade, em razão da ausência de potencial


consciência da ilicitude.

• Erro de proibição mandamental é erro quanto ao dever legal de agir.

Descriminantes Putativas:

• São erros quanto à existência de excludentes de ilicitude.

• Teoria limitada da culpabilidade (prevalece). O erro sobre a existência dos pressupostos fáticos é erro
de tipo permissivo. Se o erro for sobre os aos limites das excludentes de ilicitude será erro de proibição
indireto

• Teoria normativa pura da culpabilidade. O erro quanto à existência de excludentes de ilicitude será
sempre erro de proibição.

»» CONCURSO DE AGENTES

Requisitos:

• Pluralidade de agentes;

• Relevância das condutas;

• Liame subjetivo (consciência de que estão reunidos – é diferente de acordo prévio);

• Identidade de infração.

CONCURSO DE AGENTES AUTORIA COLATERAL OU INCERTA

Pluralidade de agentes e de conduta Pluralidade de agentes e de conduta

Relevância causal das condutas Relevância causal das condutas

Liame subjetivo entre os agentes NÃO há liame subjetivo entre os agentes

TEORIA MONISTA: crime único para os agentes. É a regra no CP.

Art. 29, caput, CP. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.

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PARTÍCIPE: Prevalece a aplicação da Teoria da acessoriedade limitada, segundo a qual o fato


precisa ser típico e ilícito.

TEORIA OBJETIVO-FORMAL: autor é aquele que realiza o núcleo do tipo. Prevalece.

TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO: autor é quem executa uma tarefa essencial para a ocorrência
do delito. Se deixar de praticar sua conduta, o delito não acontece da forma planejada. É quem controla
finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de execução, seu início, cessação e demais
condições. Partícipe é quem executa tarefa não essencial (secundária, acessória). Será aquele que, embora
colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação. Podemos afirmar
que tem o controle final do fato:

a) Aquele que por sua vontade executa o núcleo do tipo (autor propriamente dito).

b) Aquele que planeja o crime para ser executado por outras pessoas (autor intelectual).

c) Aquele que se vale de um não culpável ou de pessoa que age sem dolo ou culpa para executar
o tipo (autor mediato).

#DEOLHONAJURIS:

A teoria  do  domínio  do  fato  não permite que a mera posição de um agente na escala
hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo, também
não permite a condenação de um agente com base em conjecturas. Assim, não é porque houve
irregularidade em uma licitação estadual que o Governador tenha que ser condenado criminalmente
por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880).

»» CONCURSO DE CRIMES

- CONCURSO MATERIAL (ou REAL): concorrem uma pluralidade de ações, correspondendo cada
uma delas a diferentes modalidades delituosas. O que enseja a pluralidade de sanções, segundo os tipos
penais realizados. O princípio, então, será o da CUMULAÇÃO das penas. Aplicam-se as penas privativas
de liberdade cumulativamente. Pode ser homogêneo ou heterogêneo, a depender dos crimes serem
iguais ou não.

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No
caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

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§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade,
não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste
Código.

§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente


as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.

- CONCURSO FORMAL ou IDEAL (também chamado de concurso formal próprio): aqui há


unidade de ação, quando uma única ação puder concretizar a realização de mais de tipo penal. Aplica-
se o princípio da exasperação da pena mais grave (aumento de 1/6 à metade, respeitado o limite do
concurso material).

#DEOLHONAJURIS: O sujeito entra no ônibus e, com arma de fogo em punho, exige que oito
passageiros entreguem seus pertences (dois desses passageiros eram marido e mulher). O agente
irá responder por oito roubos majorados (art. 157, § 2º-A, I, do CP) em concurso formal (art. 70).
Atenção: não se trata, portanto, de crime único. Ocorre concurso formal quando o agente, mediante
uma só ação, pratica crimes de roubo contra vítimas diferentes, ainda que da mesma família, eis
que caracterizada a violação a patrimônios distintos. STJ. 5ª Turma. HC 207.543/SP , Rel. Min. Gilson
Dipp, julgado em 17/04/2012. Nesse caso, o concurso formal é próprio ou impróprio? Concurso
formal PRÓPRIO. Praticado o crime de roubo mediante uma só ação contra vítimas distintas, no
mesmo contexto fático, resta configurado o concurso formal próprio, e não a hipótese de crime
único, visto que violados patrimônios distintos. STJ. 6ª Turma. HC 197684/RJ , Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 18/06/2012. STJ. 5ª Turma. HC 455.975/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
02/08/2018.

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.

- CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO: o agente atua com desígnios autônomos (autonomia dos
resultados desejados, produzindo-se segundo a vontade previa e deliberada do agente). Aplica-se a
regra do cúmulo material. Isso porque a conduta, embora única, é dirigida finalisticamente a mais de um
resultado.

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#DEOLHONAJURIS: O concurso formal perfeito caracteriza-se quando o agente pratica duas ou


mais infrações penais mediante uma única ação ou omissão. O concurso formal imperfeito, por
sua vez, revela-se quando a conduta única (ação ou omissão) é dolosa e os delitos concorrentes
resultam de desígnios autônomos. Essa distinção entre os dois tipos de concurso formal varia de
acordo com o elemento subjetivo que animou o agente ao iniciar a sua conduta. A expressão
“desígnios autônomos” refere-se a qualquer forma de dolo, seja ele direto ou eventual. A morte
da mãe e da criança que estava em seu ventre, oriundas de uma só conduta (facadas na nuca da
mãe), resultaram de desígnios autônomos. Em consequência disso, as penas devem ser aplicadas
cumulativamente, conforme a regra do concurso material. STJ. 6ª Turma. HC 191490-RJ, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/9/2012.

- CRIME CONTINUADO:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes,
devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

- Exige o CP que as ações subsequentes sejam consideradas continuação da primeira. As ações


deverão se encontrar nas mesmas condições de TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUÇÃO e outras
semelhantes. Além disso, as ações devem resultar de crimes da mesma espécie.

- Segundo entendimento do STJ, o lapso temporal máximo para se caracterizar a continuidade


delitiva nos crimes contra o patrimônio é de 30 dias.

#SELIGA: prevalece o entendimento no sentido de que a expressão crimes da mesma espécie


se refere essencialmente à homogeneidade do bem jurídico, ainda que atingido em ações típicas
diversas, mas no mesmo âmbito de proteção.

#DEOLHONAJURIS: Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que
praticados em conjunto. Isso porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são
de espécies diversas. STJ. 5ª Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018.
STF. 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 24/4/2018 (Info 899). Não há como reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo
e o de latrocínio porquanto são delitos de espécies diversas, já que tutelam bens jurídicos diferentes.
STJ. 5ª Turma. AgInt no AREsp 908.786/PB, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 06/12/2016.

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- O Código Penal adotou a teoria da ficção jurídica para definer a natureza jurídica do crime
continuado, Segundo a qual as várias ações (que individualmente são crimes), são reunidas e consideradas
como um delito único.

#ATENÇÃO: a continuidade é incompatível com a habitualidade (quando o sujeito se profissionaliza


naquele determinado delito).

- A doutrina majoritária defende que a aferição do crime continuidade segue a teoria objetiva
(apenas se verificam se presentes as circunstâncias objetivas de tempo, lugar e modo de execução). Mas
para o STF, deve haver também o nexo subjetivo entre os crimes, do que se conclui que aquele tribunal
adota a teoria objetivo-subjetiva para a configuração da continuidade delitiva.

#DEOLHONAJURIS: De acordo com a Teoria Mista, adotada pelo Código Penal, mostra-se
imprescindível, para a aplicação da regra do crime continuado, o preenchimento de requisitos não
apenas de ordem objetiva — mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução — como
também de ordem subjetiva — unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos. STJ. 6ª
Turma. HC 245156/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 15/10/2015.

- CRIME CONTINUADO QUALIFICADO:

Art. 71. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.

#DEOLHONAJURIS: • Crime continuado do caput do art. 71 do CP: o critério para se determinar o


quantum da majoração (entre 1/6 a 2/3) é apenas a quantidade de delitos cometidos. Assim, quanto
mais infrações, maior deve ser o aumento. • Crime continuado específico (art. 71, parágrafo único,
do CP): a fração de aumento será determinada pela quantidade de crimes praticados e também
pela análise das circunstâncias judicias do art. 59 do Código Penal. STJ. 5ª Turma. REsp 1718212/PR,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/04/2018.

Se reconhecida a continuidade delitiva específica entre estupros praticados contra vítimas diferentes,
deve ser aplicada exclusivamente a regra do art. 71, parágrafo único, do Código Penal, mesmo que,
em relação a cada uma das vítimas, especificamente, também tenha ocorrido a prática de crime

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continuado. STJ. 6ª Turma. REsp 1471651-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/10/2015
(Info 573).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:

Súmula 243 STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações
penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena
mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de
um (1) ano.

Súmula 497 STJ: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.

Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se
a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

9. Pena: evolução histórica, espécies, aplicação. Teorias da pena. Modernas tendências das teorias
da pena. Circunstâncias Judiciais. Agravantes e Atenuantes. Causas de Aumento e de Diminuição.
Cálculo da Pena. Extinção da punibilidade. Suspensão condicional da pena. Reabilitação. 10.
Execução penal: evolução histórica, crise e alternativas. Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84). Regras
mínimas para o tratamento de pessoas presas: plano nacional e internacional de proteção. Indulto
e comutação (Decreto 8.380/14).

»» TEORIAS DA PENA

- As teorias sobre a pena se organizam em duas grandes categorias: as teorias legitimadoras e


as teorias deslegitimadoras. De um lado, as teorias legitimadoras afirmam que a pena cumpre algumas
funções manifestas, ou seja, aquelas que o discurso penal diz quem deveria cumprir. Nessas, a pena é
dirigida a uma finalidade ampla de defesa e paz social. Dentro das teorias legitimadoras, temos uma nova
divisão: as teorias absolutas e relativas. Por sua vez, as teorias relativas podem ser: teoria da prevenção
geral e teoria da prevenção especial. Ainda, ambas as teorias relativas (prevenção geral ou especial)
possuem suas correntes negativas e positivas.

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Teorias Absolutas

POSITIVA
Teoria da Prevenção
Teorias Geral
NEGATIVA
Legitimadoras Teorias Relativas
POSITIVA
Teoria da Prevenção
Especial
NEGATIVA

Teorias deslegitimadoras

- A Teoria da Prevenção Geral afirma que se realiza a prevenção com o uso da pena na medida em
que um indivíduo serve de exemplo para a sociedade, evitando que se cometam novos crimes.

- Por sua vez, a Teoria da Prevenção Especial foca no próprio indivíduo que cometeu o crime, uma
vez que está preocupada com a retirada do autor da sociedade para sua posterior reintegração.

- Para as teorias absolutas, a pena representa como um fim em si mesma, isto é, o autor do crime
deverá pagar pelo mal cometido. Ou seja, a pena tem caráter retributivo. Muito associado à formação do
direito penal clássico enquanto matriz canônica, associa a ideia do crime a de pecado, e, portanto, a pena
tem função expiatória e penitencial. A ideia da justiça é secundária, uma vez que a finalidade principal
da pena é a retribuição do mal causado. Formada sob uma filosofia Kantiana, a pena não tem qualquer
função preventiva. Punir o indivíduo para servir de exemplo aos demais é um absurdo, uma vez que não
é possível instrumentalizar o homem para servir à sociedade (“fórmula kantiana”), pois desta forma o
homem seria um mero objeto a serviço do poder punitivo e perderia toda a sua identidade.

#OLHAOGANCHO: Por sua vez, para Hegel, a pena não é útil para fazer justiça. Em sua concepção
dialética, a pena serviria, em suma, como uma reafirmação do direito. O crime é a negação do
direito, ou seja, o delito fere o ordenamento jurídico. Portanto, seria necessário reafirmar o direito, e
isso é feito pela aplicação da pena. A pena serve como instrumento para a manifestação do direito.

- As teorias relativas, ao contrário das absolutas, reconhecem que a pena não possui uma finalidade
em si mesma. Cria-se uma finalidade para a pena: a prevenção e a ressocialização.

- As teorias da prevenção geral, genericamente falando, têm como objeto a sociedade em geral,
isto é, a pena é aplicada em função de toda uma sociedade para que esta presencie o sofrimento e dor
daquele cidadão e se intimide para que não cometa crimes. A utilização do indivíduo como exemplo para
moldar as condutas dos demais é a base dessa teoria. Esta teoria possui a vertente positiva e negativa. A

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prevenção geral negativa busca causar um temor na sociedade para que, com medo das consequências
do crime, deixe de cometer condutas ilícitas. A prevenção é geral por não ser direcionada a nenhuma
pessoa ou grupo específico, mas sim à sociedade em geral.

- Por sua vez, para a teoria da prevenção geral positiva a pena é um instrumento de estabilização,
ou seja, a pena restabelece a ordem social que fora abalado pelo sujeito criminoso.

- Ainda na divisão das teorias relativas, chegamos à concepção das teorias da prevenção especial,
que possui uma mudança de enfoque da sociedade para o indivíduo. A pena atua sobre um indivíduo (ou
grupo) para evitar que este volte a delinquir. Pessoaliza-se a ameaça à sociedade. Por isso, ganha reforço
a concepção da ressocialização através da pena.

- A prevenção especial negativa tem como foco a proteção da sociedade através da neutralização
do indivíduo, ou seja, a exclusão do criminoso da sociedade em razão do mal que cometeu. Isolado do
convívio social, o agente criminoso estaria impossibilitado de cometer crimes.

- As Teorias Deslegitimadoras da pena, ou seja, aquelas que não conferem qualquer legitimidade
e demonstram que se a pena possui uma função, esta não corresponde à função manifesta pelo direito
penal. De modo geral, as teorias deslegitimadoras abominam a intervenção do Estado sob o manto do
direito de punir. Desacredita-se a suposta eficiência do sistema penal como legitimante do controle social.
Entre essas teorias, destaque para o Abolicionismo Penal e o Minimalismo Radical.

- O Abolicionismo Penal tem como eixo a reclamação por uma extinção de todo sistema penal e
tudo que é associado a ele. O sistema penal não é uma solução, mas, ao contrário, um problema não só
associado às suas precariedades e ineficiência, mas também por ser servil à outras funções escusas.

- Por sua vez, o Minimalismo Radical enquanto teoria deslegitimadora da pena parte dos mesmos
pressupostos de desconstrução da função manifesta da pena e esclarecimento da existência de uma
outra função não manifesta e nada nobre. Contudo, o ponto de partida é o mesmo, mas o de chegada
é diverso em relação ao abolicionismo. Não defende a supressão total e imediata do sistema penal.
Esta teoria defende a abolição a longo prazo, de forma mediata. Assim como o abolicionismo penal, o
minimalismo prega a abolição do direito penal, mas de maneira graduada. Isso seria fruto de um contexto
de mudanças e transformações sociais, sobretudo com base na melhoria de direitos fundamentais básicos
como saúde, educação, lazer, moradia, emprego, enfim uma evolução no padrão de vida da população.
O Direito Penal se manteria existente, mas somente para agir no interesse de alguns bens sociais.

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»» REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DE PESSOAS PRESAS22

- As chamadas Regras de Mandela são preceitos mínimos da Organização das Nações Unidas (ONU)
para o tratamento de presos. O documento oferece balizas para a estruturação dos sistemas penais nos
diferentes países e preveem as “Regras Mínimas para o Tratamento de Presos” aprovadas em 1955.

- Objetiva-se a melhoria das condições do sistema carcerário e garantia do tratamento digno


oferecido às pessoas em situação de privação de liberdade.

- As Regras de Mandela levam em consideração os instrumentos internacionais vigentes no Brasil,


como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção contra Tortura e outros Tratamentos
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.

- As regras têm caráter programático e se prestam, primordialmente, a orientar a atuação e influenciar


o desenho de novas políticas pelo Poder Judiciário para o sistema carcerário.

- Buscam estabelecer bons princípios e sugerir boas práticas no tratamento de presos e para a
gestão prisional, assegurando a dignidade e respeito não só às pessoas privadas de liberdade, como
também a seus familiares.

- O documento está dividido em regras de aplicação geral, direcionadas a toda categoria de presos,
e regras aplicáveis a categorias especiais, como presos sentenciados, presos com transtornos mentais ou
problemas de saúde, entre outros tipos.

- Entre as regras de aplicação geral, está previsto que “nenhum preso deverá ser submetido à tortura
ou tratamentos cruéis e desumanos”, e que “não haverá discriminação baseada em raça, cor, sexo, idioma,
religião, opinião política ou qualquer outra opinião”. O documento também enfatiza a necessidade da
separação de presos homens de mulheres, bem como dos jovens de adultos.

- Em relação às acomodações dos presos, as Regras de Mandela estabelecem que todos os


ambientes de uso dos presos, inclusive as celas, devem satisfazer exigências de higiene e saúde, levando-
se em conta as condições climáticas, a iluminação e a ventilação. Há previsão também em relação ao
vestuário, roupas de cama, alimentação, exercício e esporte, bem como serviços de saúde que deverão
estar à disposição dos presos.

- As regras deixam claro que revistas íntimas e inspeções não serão utilizadas para assediar, intimidar
ou invadir desnecessariamente a privacidade do preso. As revistas das partes íntimas de pessoas serão
conduzidas apenas por profissionais de saúde qualificados. Onde forem permitidas visitas conjugais, as

22 E se você foi aluno da Turma de Reta Final, corre lá no Ponto Espinhoso que temos mais dicas sobre o assunto!

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Regras de Mandela estabelecem que este direito deverá ser garantido sem discriminação, e as mulheres
presas exercerão este direito nas mesmas bases que os homens.

- De acordo com as regras, os instrumentos de restrição, como é o caso das algemas, não devem
ser utilizados em mulheres em trabalho de parto, nem durante nem imediatamente após o parto.

- Em relação aos presos com transtorno mental ou problemas de saúde, o documento prevê que
os indivíduos considerados inimputáveis, ou que posteriormente forem diagnosticados com deficiência
mental ou problemas de saúde severos, não devem ser detidos em unidades prisionais, a eles reservando-
se instituições para doentes mentais assim que possível. As regras estabelecem, ainda, que os serviços de
saúde das instituições penais devem proporcionar tratamento psiquiátrico a todos os outros prisioneiros
que necessitarem.

11. Direito Penal e saúde mental. Medidas de segurança: evolução histórica, conceito, espécies,
execução. Lei 10.216/01. Reforma psiquiátrica. A antipsiquiatria.

»» MEDIDAS DE SEGURANÇA

- Medida de Segurança é o instrumento utilizado pelo Estado na resposta à violação a norma penal

incriminadora, pressupondo agente não imputável ou semi-imputável. É classicamente definida


como preventiva (prevenção especial) – a missão maior é evitar que o agente volte a delinquir. Volta-se
ao futuro e trabalha com a periculosidade, mas abordaremos a moderna tendência de ver a medida de
segurança como tratamento e instrumento de ressocialização do agente.

- O Brasil adotou o sistema vicariante/unitário. Aplica-se ou pena ou medida de segurança.

#SELIGA:

ESPÉCIES DE SANÇÃO PENAL

PENA MEDIDA DE SEGURANÇA

Tríplice finalidade:
- prevenção Essencialmente preventiva (contudo, não se pode
- retribuição negar, em menor grau, o seu caráter aflitivo
- ressocialização

Volta-se ao passado (fato concreto cometido Volta-se ao futuro (fato que o agente pode
pelo agente) cometer)

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Trabalha com a culpabilidade do agente Trabalha com a periculosidade do agente

#UMPOUCODEHISTÓRIA: Embora tal instituto só tenha ganhado destaque com o positivismo,


sua origem remonta à aplicação, pelos romanos, de medidas para segregar os doentes mentais
denominados furiosi, que eram excluídos do Direito Penal, impondo sua relegação ou internação
em casas de custódia, afastando os sujeitos perigosos da sociedade. Já o Direito Penal da escola
clássica estava restrito a fórmulas abstratas, a maioria delas oriunda dos romanos, sendo seus
sustentáculos o crime e a pena, numa ideia meramente retributiva da pena, vendo o delito como
simples infração da norma jurídica, ignorando aspectos determinantes do comportamento humano.
Com o estudo dos fundamentos e das razões do comportamento humano, passou o Direito Penal
a preocupar-se não só com o delito, mas também a pessoa do agente. O delito passou a ser
visto como fenômeno humano, e houve estudos acerca da reação social adequada para combater
a criminalidade, considerando a personalidade do agente, pois suas ações não eram mais vistas
como uma simples violação à norma jurídica, mas como uma manifestação de desajustamento. A
modificação da natureza da medida de segurança decorreu de severas críticas construídas contra
a eficácia da sanção-pena, substituindo as ideias de retribuição pela inocuização e pelo tratamento
dos delinquentes. Além dessa averiguação, houve a simultânea ascendência da Escola Cientificista
e, consequentemente, da criminologia, tornando-se relevante o estudo das anomalias e o perigo
social ameaçadores dos cidadãos. Assim, ganhou força a corrente da sanção criminal que ressaltava
a finalidade preventiva, sendo o tratamento e a neutralização meios mais eficazes de proteção
social, prestigiando-se o fim utilitário da pena, sendo preferível, como instrumento de defesa social,
prevenir o delito a punir o delinquente. A defesa social representa um dos pontos centrais do
positivismo italiano, que oscila entre a proteção e a justiça social. No século XX, foi o movimento
da Defesa Social que estimulou e proporcionou o avanço da medida de segurança. Sua noção
principal era harmonizar o máximo de seguridade social com o mínimo de sofrimento individual
para combater o delito. A necessidade de medidas concretas a serem adotadas especialmente
contra os indivíduos que, em razão de seu desajuste psíquico, revelavam-se desafeitos às normas da
convivência social, representando uma ameaça constante à ordem constituída, é marca do referido
movimento. No pensamento da Defesa Social, essas medidas se tornam institutos, caracterizadas
pelo objetivo de tratamento de seus destinatários, substituindo o paradigma de retribuição por um
de prevenção e tratamento.

- Embora codificadas do Código Penal de 1940, as Medidas de Segurança já existiam anteriormente


a ele. O Decreto n. 145/1893, por exemplo, já dispunha sobre internamento de vadios, vagabundos e
capoeiras. O Decreto n° 1.132/1903 criou os manicômios judiciários e legislou sobre o recolhimento de

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indivíduos portadores de moléstia mental, congênita ou adquirida, que ameaçassem a ordem pública ou
a segurança da população.

- O Código de 40, ao adotar o sistema duplo binário, posicionou a medida de segurança de forma
paralela à pena, ora complementando-a, ora a substituindo. Eram necessários à aplicação das medidas de
segurança dois requisitos simultâneos: a prática de fato previsto como crime e a periculosidade de quem
o praticava. Todavia, essa combinação era flexibilizada nos casos de periculosidade social, admitindo-se a
aplicação da sanção mesmo quando não cometido qualquer delito, nos termos dos artigos 76, parágrafo
único, e 80, sendo relativizado, portanto, o princípio da legalidade.

- Outro ponto característico era a duração indeterminada do cumprimento da sanção. Sendo a


medida de segurança intimamente relacionada ao estado de perigo do agente, tendo em vista que a
justifica e a gradua, enquanto o mesmo não cessasse, a sua execução permaneceria, motivo pelo qual só
havia tempo mínimo de duração, mas não prazo máximo.

- A reforma da parte geral do Código Penal de 1984 estabeleceu que as medidas de segurança
são aplicáveis somente aos agentes inimputáveis e semi-imputáveis, conceituados pelo artigo 26, caput
e parágrafo único, respectivamente. O diploma penal em exercício encerrou o sistema duplo binário,
aderindo definitivamente ao sistema vicariante: ou pena ou medida de segurança. Houve a simplificação
a duas espécies de medidas: a internação e o tratamento ambulatorial.

- De outra banda, o artigo 175 da LEP rege a averiguação da cessação de periculosidade ao término
do prazo mínimo de duração da sanção, enquanto o artigo 176 possibilita tal verificação prematuramente.
Novamente houve uma omissão quanto ao limite máximo de duração de sanção, que é adstrita à
periculosidade do agente.

PRAZO MÁXIMO PARA DURAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA

Posição do STJ: Máximo da pena abstratamente


Posição do STF: 30 anos.
cominada ao delito praticado.

Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida O STF possui julgados afirmando que a medida
de segurança não deve ultrapassar o limite de segurança deverá obedecer a um prazo
máximo da pena abstratamente cominada ao máximo de 30 anos, fazendo uma analogia ao
delito praticado. A conclusão do STJ é baseada art. 75 do CP, e considerando que a CF/88 veda as
nos princípios da isonomia e proporcionalidade penas de caráter perpétuo. Art. 75. O tempo de
(proibição de excesso). Não se pode tratar de cumprimento das penas privativas de liberdade
forma mais gravosa o infrator inimputável quando não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (...) Esta
comparado ao imputável. Ora, se o imputável Corte já firmou entendimento no sentido de que
somente poderia ficar cumprindo a pena até o o prazo máximo de duração da

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medida de segurança é o previsto no art. 75 do


máximo previsto na lei para aquele tipo penal, é
CP, ou seja, trinta anos. (...) (STF. 1ª Turma. HC
justo que essa mesma regra seja aplicada àquele
107432, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
que recebeu medida de segurança.
em 24/05/2011).

Doença Mental Perturbação mental


Inimputável Semi Imputável
(art. 26, caput) (Art. 26, parágrafo único)

Periculosidade presumida Periculosidade deve ser comprovada

Há condenação. Na imposição da pena o juiz


opta:
Absolvição imprópria: Ao mesmo tempo em
• Pena diminuída;
que
• Medida de segurança, quando comprovada
absolve, o juiz aplica a medida de segurança.
a
necessidade.

ESPÉCIES DE MEDIDAS DE SEGURANÇA

Internação e tratamento psiquiátrico Tratamento ambulatorial

Crimes punidos com reclusão Crimes punidos com detenção

O agente permanece livre, mas possui a restrição


É chamada de internação porque representa uma
consistente em se submeter a tratamento
forma de privação da liberdade do agente
ambulatorial

#NÃOCONFUNDA:

Art. 108 da LEP Art. 183 da LEP

Aplicável no caso de anomalia passageira Aplicável no caso de anomalia não passageira

A medida de segurança é reversível A medida de segurança é irreversível

O tempo de internação não é computado como


O tempo de internação é computado como
tempo de cumprimento de pena tempo de cumprimento de pena, nos termos dos
arts. 96 e ss. do CP

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Transcorrido o prazo de duração da pena sem o


Deve o juiz fixar prazo mínimo de internação,
reestabelecimento do internado, a pena deve ser
variando de 1 a 3 anos (art. 97, §1º, CP)
considerada extinta pelo seu cumprimento

- O internado deve ser submetido aos exames psiquiátrico, criminológico e de personalidade, de


acordo com o artigo 100, c/c os artigos 8º e 9º, todos da LEP.

- A internação e o tratamento psiquiátrico ocorrem nos denominados Hospitais de Custódia ou, em


caso de falta, em outro estabelecimento adequado, importando em privação de liberdade do paciente.

- No artigo 101 da LEP, o legislador definiu que o tratamento ambulatorial deve ser realizado no
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, permitindo apenas de forma subsidiária o tratamento em
outro local, que tenha dependência médica adequada. Nega-se, assim, o caráter restritivo da sanção.

#SELIGA: Lei 10.216/2001 e Reforma Psiquiátrica.

- As casas de correção ou hospitais gerais eram estabelecimentos destinados à reclusão e ao


abrigamento daqueles que “perturbavam a ordem social”, fossem enfermos, loucos, prostitutas, libertinos,
pobres, insanos, ociosos, sem que houvesse qualquer distinção entre eles. Pode-se afirmar que somente
com o surgimento da psiquiatria como especialidade médica, principalmente no final do século XVIII
com Phillipe Pinel (na França), a loucura passou a ser considerada como doença, sendo a internação a
fundamental estratégia de tratamento. Ocorre que ao ser categorizada como doença mental, a loucura
passava a estar sujeita ao domínio

médico que, visando a uma melhor compreensão do fenômeno, valeu-se do método epistêmico
então vigente: isolar, separar, classificar e agrupar de acordo com as características observadas. A
hospitalização assume um papel central, vista até mesmo como útil para entender o fenômeno.

- Esse o paradigma na eclosão dos hospitais psiquiátricos no Brasil como a única proposta de tratar
as pessoas com transtorno mental pela internação, muitas vezes, ad eternum (modelo hospitalocêntrico
e higienista).

- Surge, então, o movimento da reforma psiquiátrica. Trata-se de um movimento histórico de caráter


político, social e econômico pautado na desinstitucionalização e no resgate da cidadania e do respeito à
singularidade e subjetividade da pessoa em sofrimento mental.

- O Movimento Nacional de Luta Antimanicomial tinha como lema “por uma sociedade sem
manicômios”, tendo como objetivos, sobretudo, a desconstrução do manicômio e a implantação de serviços

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substitutivos às instituições asilares e segregadoras. Cabe frisar que a desinstitucionalização defendida


pela Reforma Psiquiátrica não se restringe tão somente à substituição do hospital por um aparato de
cuidados externos. Para além, exige que de fato haja um deslocamento das práticas psiquiátricas para
práticas de cuidado realizadas na comunidade. Pressupõe, portanto, uma mudança cultural, mormente
por ações do Poder Executivo e Legislativo para atingir tal desiderato.

- Intensamente influenciada por tal movimento, surge a Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei n° 10.216/01),
dispondo, como pontos principais:

Art. 1º Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei,
são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião,
opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de
evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

Art. 2º Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou
responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando
alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua
hospitalização involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

Art. 3º É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência


e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da

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sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as
instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.

Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra
hospitalares se mostrarem insuficientes.

#ATENÇÃO: Além de ser a última opção, de acordo com o disposto nos arts, 4º c/c 6º da
Lei da Reforma Psiquiátrica, a internação psiquiátrica só poderá ocorrer se existente laudo
médico que justifique suas razões, e que não se confunde com o laudo pericial, previsto no
Código Penal, que somente atesta a inimputabilidade do delinquente.

#NÃOCONFUNDA: Não confundir internação involuntária com internação compulsória. Internação


sem consentimento não é internação compulsória, é internação involuntária. A internação somente
é compulsória quando ela é determinada pelo juiz, ou seja, quando o magistrado aplica a medida
de internação em face da pessoa. Quando o juiz apenas autoriza a internação sugerida pelo médico,
ou quando, existindo a prescrição médica, o juiz determina que o poder público disponibilize vaga,
não se trata de internação compulsória.

- No sistema da Lei n. 12.016/2001, o fluxo da internação psiquiátrica no Brasil, voluntária ou não, não é
judicializado, ou seja, em qualquer situação ele sempre se opera de forma administrativa, não demandando
intervenção judicial. Ou seja, o sistema de saúde, desde que haja laudo médico circunstanciado, tem
poder para promover a internação do paciente mesmo contra a vontade deste.

- Não há necessidade de intervenção da Justiça, nem para determinar, nem para autorizar, nem para
ratificar a internação. Como a internação impõe severa restrição a um direito fundamental do cidadão,
à liberdade de ir e vir, a lei estabelece alguns mecanismos para controle do abuso na utilização dessa
providência, tais como:

1) necessidade de ser prescrita em laudo motivado por médico com registro no Conselho de
Medicina do

Estado onde está sediado o hospital;

2) necessidade de comunicação da internação pelo hospital ao Ministério Público no prazo de 72


horas;

3) necessidade de que um terceiro (que não médico) peça a internação involuntária (art. 6º,

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parágrafo único, II);

4) possibilidade de interrupção da internação a qualquer tempo por solicitação escrita de um


familiar.

#OLHAOGANCHO: O art. 112, § 3º, do ECA também não dá ao juiz liberdade para determinar
a internação compulsória de adolescentes com doença ou deficiência mental que praticarem
ato infracional. Trata-se de mera enunciação de um direito de todos os adolescentes: receberem
tratamento em local adequado. Assim, apenas o médico, como sempre, pode dizer se é adequada
a internação hospitalar de um adolescente e, neste caso, não há necessidade de ordem judicial para
interná-lo. A propósito, o art. 64 da Lei n. 12.594/2012 reconhece a possibilidade de adolescentes
com transtorno mental cumprirem medidas socioeducativas em razão do ato infracional por eles
praticado, sendo que apenas em situações excepcionais a medida será suspensa enquanto durar
o tratamento, que deverá observar o disposto na Lei n. 10.216/2001. O atendimento de crianças
e adolescentes em questões de saúde mental, conforme política hoje vigente no Sistema Único
de Saúde, deve se dar prioritariamente nos Centros de Atenção Psicossocial Infantis (CAPS i) de
referência para seu território de moradia. O CAPS avalia e oferece atendimento, redirecionando o
caso para outros componentes da rede de atenção, quando elegíveis.

12. Crimes contra a pessoa. Crimes contra o patrimônio. Crimes contra a propriedade imaterial.
Crimes contra a organização do trabalho. Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito
aos mortos. Crimes contra a dignidade sexual. Crimes contra a família. Crimes contra a incolumidade
pública. Crimes contra a paz pública. Crimes contra a fé pública. Crimes contra a administração
pública.

»» CRIMES CONTRA A PESSOA E CONTRA O PATRIMÔNIO

Em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de


HOMICÍDIO
grupo de extermínio, ainda que por só um agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº
SIMPLES 8.072/90).

O homicídio é privilegiado quando o agente comete o crime impelido por


motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Nesse caso,
HOMICÍDIO o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. As hipóteses legais do
PRIVILEGIADO privilégio apresentam caráter subjetivo.
#NÃOESQUECER: são de natureza objetiva, portanto admitem o
homicídio privilegiado-qualificado, as hipóteses do art. 121, §2º, III e IV,

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(referentes aos meios e modos de execução), com exceção da traição.


As demais qualificadoras, nos demais incisos, são de natureza subjetiva.
#MEMORIZAR as objetivas, por exclusão ( já que são em menor quantidade).
#ATENÇÃO: O homicídio privilegiado não é crime hediondo por ausência
de previsão legal. Lembrem que o rol dos crimes hediondos é um rol taxativo.
#CONCURSO DE AGENTES: em caso de concurso de agentes as causas
privilegiadas não se comunicam, uma vez que são circunstâncias subjetivas
do crime (e não elementares). Art. 30, CP.

MOTIVO TORPE = motivo vil, repugnante. Ex.: matar um parente para ficar
com sua herança.
MOTIVO FÚTIL = insignificante, desproporcional à natureza do crime
praticado. Ex.: Concurseiro mata dono da salinha de estudo porque fechou
o estabelecimento mais cedo do que o previsto. #NãoFaçaIssoJamais
#VaiReprovarNoPsicotécnico #EAindaVaiPraCadeia (Rsrsrs).
Obs.: a ausência de motivo não se equipara a motivo fútil.
MEIO INSIDIOSO: agente usa de fraude para cometer crime sem que a
vítima perceba. Ex.: agente retira óleo do carro da vítima para lhe causar
acidente fatal.
MEIO CRUEL: é aquele que proporciona à vítima um intenso (e desnecessário)
sofrimento físico ou mental quando a morte poderia ser ocasionada de forma
menos dolorosa.
TORTURA: o agente usa da tortura como meio para conseguir a morte
HOMICÍDIO
da vítima, ou seja, trata-se de morte dolosa. Vai responder por crime de
QUALIFICADO homicídio qualificado.
OBS: TORTURA COM RESULTADO MORTE (art. 1º, §3º, Lei nº 9.455/97):
crime essencialmente preterdoloso. O agente tem o dolo de torturar a vítima
e, por excesso, finda por causar-lhe a morte, culposamente23.
TRAIÇÃO: é o ataque desleal, repentino e inesperado. Ex.: atirar na vítima
pelas costas.
EMBOSCADA: pressupõe o ocultamento do agente, que ataca a vítima com
surpresa. Ex.: o agente, escondido no jardim de entrada da casa da vítima, a
ataca quando esta chegava do serviço.
DISSIMULAÇÃO: fingimento, disfarçando o agente a sua intenção criminosa.
Ex.: o agente convida a vítima para jantar, levando-a para lugar ermo onde
ocorre o ataque fatal.
OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA
DO OFENDIDO: trata-se de caso clássico de interpretação analógica.

23 Competência do juiz singular.

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Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do


Tribunal do Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art.
FEMINICÍDIO
1º, I, Lei nº 8.072/90). Recentemente, o STJ decidiu que a qualificadora do
feminicídio é de natureza objetiva.

A Lei nº 13.142/2015 alterou o Código Penal com escopo de criar uma nova
qualificadora ao crime de homicídio.
Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for autoridade
ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
HOMICÍDIO
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
FUNCIONAL da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
#SELIGA: houve também alteração na Lei nº 8.072/ 1990, tornando o
homicídio funcional espécie de crime hediondo.

É possível a aplicação do perdão judicial nos casos de homicídio culposo.


Trata-se de causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP).
#DEOLHONASÚMULA:
HOMICÍDIO
CULPOSO Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO: deveremos aplicar o art. 302, CTB.

FURTO (ART. 155, CP):

• REPOUSO NOTURNO: a causa de aumento de pena do repouso noturno pode ser aplicada tanto
para o furto simples como para o furto qualificado.

#AJUDAMARCINHO: É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido


durante o repouso noturno (art. 155, §1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155,
§4º). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras
do §4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena.
Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da
dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno.
A posição topográfica do §1º (vem antes do §4º) não é fator que impede a sua aplicação para as
situações de furto qualificado (§ 4º) - (Info 851-STF).

#DEOLHONASSÚMULAS:

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Súmula 511-STJ (furto privilegiado-qualificado ou furto híbrido): É possível o reconhecimento


do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem
presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.

Súmula 567-STJ (idoneidade relativa do meio – não se aplica o crime impossível): Sistema
de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.

REQUISITOS DO FURTO PRIVILEGIADO

Primariedade do agente Pequeno valor da coisa furtada

O agente (criminoso) deve ser primário. Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2º


do art. 155, coisa de pequeno valor é aquela cujo
Primário é o indivíduo que não é reincidente, nos preço, no momento do crime, não seja superior
termos do art. 63 do CP. a 1 salário-mínimo.

• FURTO PRIVILEGIADO x PEQUENO VALOR: o STJ consolidou entendimento no tocante ao conceito


de pequeno valor, a saber, quando não suplantar 1 (um) salário mínimo. Vale lembrar quer o juiz não
fica radicalmente adstrito a esse patamar, caso consiga justificar no caso concreto outro valor. De
acordo com o STJ, não se trata de um teto máximo e intransponível.

• FURTO PRIVILEGIADO x PEQUENO VALOR x DE CRIME CONTINUADO: Nos casos de continuidade


delitiva, o valor a ser considerado para fins de concessão do privilégio (artigo 155, § 2º do CP) ou do
reconhecimento da insignificância é a soma dos bens subtraídos.

#NÃOCONFUNDIR: Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção


entre valor insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode
caracterizar o furto privilegiado.

PEQUENO VALOR VALOR INSIGNIFICANTE

- Mínima ofensividade da conduta;


- Ausência de periculosidade;
- Reduzido grau de reprovabilidade do
Quando não suplantar 1 (um) salário mínimo.
comportamento;
Analisar caso concreto.
- Inexpressividade da lesão jurídica.
Requisito subjetivo: importância do bem para a
vítima.

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CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE


FURTO PRIVILEGIADO
MATERIAL

• CONSUMAÇÃO DO FURTO: Consuma-se o crime de furto com a inversão da posse do bem, ainda
que por breve tempo, seguida de perseguição imediata do agente ou recuperação da coisa roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada (STF e STJ). TEORIA DA AMOTIO ou
APPREHENSIO.

• FURTO QUALIFICADO: as qualificadoras do art. 155, §4º, CP dizem respeito ao modo de execução
do agente.

Com destruição - Destruição: comportamento que faz desaparecer. Ex.: explosivos em


ou rompimento de caixas eletrônicos.
obstáculo à subtração - Rompimento: é o ato de deteriorar. Ex.: abrir um cofre com barra de
da coisa ferro.

- Abuso de confiança: tem que ter relação de confiança (ex.: empregado


que já trabalha há anos com a vítima). Não basta a mera alegação de
que o agente trabalhava na empresa. É preciso se provar que a vítima
depositou confiança no agente.
Com abuso de
- Mediante fraude: furto qualificado pela fraude (#NÃOCONFUNDIR
confiança, ou
com o estelionato!).
mediante fraude,
escalada ou destreza. - Mediante destreza: presença de uma habilidade excepcional, desde
que não seja descoberto no ato da conduta delitiva. Assim, o magistrado
apenas poderá acatar o furto qualificado pela destreza quando o agente
tenha excepcional habilidade em retirar o bem da vítima sem que ela se
aperceba (punguista) – STJ (INFO 554).

- O conceito de chave falsa abrange todo o instrumento, com ou


Com emprego de sem forma de chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura,
chave falsa. incluindo mixas (STJ, HC n. 101.495/MG, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, DJe 25/8/2008).

Mediante concurso de
- Partícipes são computados, inclusive o inimputável.
duas ou mais pessoas.

#DEOLHONASÚMULA:

SÚMULA 442, STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante
do roubo.

#NOVIDADESSLEGISLATIVAS:

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Art. 155, CP.

§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de


explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

§ 7º. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO

ART. 157, “caput”, CP. ART. 157, §1º, CP.

A grave ameaça ou a violência é empregada A grave ameaça ou a violência é empregada


antes ou durante a subtração a fim de que o após a subtração a fim de assegurar impunidade
agente possa alcançar a subtração do bem. do crime ou a detenção da coisa.

#DEOLHONASÚMULA:

Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego
de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente
e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

#NOVIDADESSLEGISLATIVAS #AJUDAMARCINHO:

- A Lei nº 13.654/2018 acrescentou uma nova hipótese de roubo majorado no inciso VI.

Art. 157, CP.

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de
2018)

(...)

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,


possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

- A mesma lei acrescentou um novo parágrafo ao art. 157 prevendo duas novas hipóteses de roubo
circunstanciado, com pena maior.

Art. 157 (...)

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§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de


artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

- Além disso, foi alterada a redação do § 3º do art. 157 do Código Penal. Duas mudanças foram
verificadas:

1) melhorou a redação dividindo os dois tipos penais em incisos diferentes.

2) aumentou a pena do roubo com resultado lesão corporal grave. Antes era de 7 a 15 anos. Agora
é de 7 a 18 anos. Neste ponto, a Lei nº 13.654/2018 é mais gravosa e, portanto, irretroativa.

Art. 157 (...)

§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)

ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA

Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018 (atualmente)

Apenas o emprego de arma de fogo é causa


Tanto a arma de fogo como a arma branca eram de aumento de pena.
causas de aumento de pena. O emprego de arma branca não é causa de
aumento de pena.

O emprego de arma (seja de fogo, seja branca)


O emprego de arma de fogo é punido com um
era punido com um aumento de 1/3 a 1/2 da
aumento de 2/3 da pena.
pena.

ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA

Antes da Lei 13.654/2018 Atualmente

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Arma de Era causa de aumento de pena Continua sendo causa de aumento de pena.

FOGO A pena aumentava de 1/3 a 1/2. Mas agora a pena aumenta 2/3.

Deixou de ser causa de aumento de pena.


Arma Era causa de aumento de pena.
A pena aumentava de 1/3 a 1/2. A Lei 13.654/2018 é mais benéfica e irá retroagir
BRANCA
neste ponto.

#DEOLHONAJURIS:

O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo, com a modificação
operada pela Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal.
Diante disso, constata-se que houve abolitio criminis devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada
retroativamente para excluir a referida causa de aumento da pena imposto aos réus condenados
por roubo majorado pelo emprego de arma branca. Trata-se da aplicação da novatio legis in mellius
prevista no art. 5º, XL, da Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 17/05/2018.

Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em
conjunto. Isso porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies
diversas. STJ. 5ª Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª
Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
24/4/2018 (Info 899).

#DEOLHONASÚMULA:

Súmula 610-STF: O crime de latrocínio se consuma com a morte da vítima, independentemente de


subtração dos seus bens.

SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO

Consumada Consumada Consumado

Tentada Tentada Tentado

Consumada Tentada Tentado

Consumado (Súmula
Tentada Consumada
610-STF)

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EXTORSÃO (ART. 158, CP):

EXTORSÃO ROUBO

O agente faz com que a vítima entregue a coisa. O agente subtrai a coisa pretendida. Subtrair.
Constranger #OLHEOVERBO. #OLHEOVERBO.

A colaboração da vítima é indispensável. A colaboração da vítima é dispensável.

A vantagem buscada pelo agente é


contemporânea ao constrangimento ou posterior A vantagem buscada é para agora.
a ele.

Vantagem econômica indevida: bem móvel ou Vantagem econômica indevida: somente bem
imóvel. móvel.

DANO (ART. 163, CP) e RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP): A Lei nº 13.531/2017 promove alteração
nas qualificadoras dos crimes de dano (art. 163 do CP) e receptação (art. 180) envolvendo bens públicos.
Corrigiu essas duas falhas e incluiu o “Distrito Federal”, as “autarquias”, as “fundações” e as “empresas
públicas” no rol do inciso III do parágrafo único do art. 163 do CP. Compare:

Antes da Lei nº 13.531/2017 ATUALMENTE

Art. 163 (...)


Art. 163 (...)
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
III - contra o patrimônio da União, Estado,
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
Município, empresa concessionária de
fundação pública, empresa pública, sociedade
serviços públicos ou sociedade de economia
de economia mista ou empresa concessionária
mista;
de serviços públicos;

Antes da Lei nº 13.531/2017 ATUALMENTE

Art. 180 (...) Art. 180 (...)


§ 6º Tratando-se de bens e instalações do § 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União,
patrimônio da União, Estado, Município, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
empresa concessionária de serviços públicos de autarquia, fundação pública, empresa pública,
ou sociedade de economia mista, a pena sociedade de economia mista ou empresa
prevista no caput deste artigo aplica-se em concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dobro. dobro a pena prevista no caput deste artigo.

#APOSTASCICLOS:

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CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (Lei 13.718/2018 que introduziu muitas alterações!)

#VAICAIR #AJUDAMARCINHO24

I – INSERÇÃO DE NOVO CRIME: IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL ATO OBSCENO

Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a


Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público,
sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
ou aberto ou exposto ao público:
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o
multa.
ato não constitui crime mais grave.

O sujeito passivo é determinado (uma pessoa


determinada ou um grupo de pessoas Sujeito passivo é a coletividade (crime vago).
determinado).

Exige-se um elemento subjetivo especial. O


O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo
agente pratica a conduta “com o objetivo de
do sujeito nenhuma finalidade específica.
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”.

A conduta não precisa ter sido praticada em Para que o crime se configure, é indispensável
lugar público, ou aberto ou exposto a público. que o ato obsceno tenha sido praticado em lugar
Ex: pode ser praticado no interior de uma casa. público, ou aberto ou exposto ao público.

Para que o crime se configure, é indispensável


Não importa se houve ou não anuência das
que o ato libidinoso tenha sido praticado contra
pessoas que estavam presentes. Se o ato obsceno
alguém que não concordou com isso. A análise
foi praticado em lugar público, ou aberto ou
da anuência ou não da pessoa atingida é
exposto ao público, haverá o crime.
fundamental.

Infração de médio potencial ofensivo. Infração de menor potencial ofensivo.

IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

Código Penal
Lei de Contravenções Penais (DL 3.688/41)
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou
sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor:
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o
de réis.
ato não constitui crime mais grave.

24 Extraído do site Dizer o Direito. Para ver os comentários completos, clica aqui: https://www.dizerodireito.com.br/2018/10/
ola-amigos-do-dizer-o-direito-lei-n-13.html

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Era uma contravenção penal. Trata-se de crime.

Revogada pela Lei nº 13.718/2018. Incluído pela Lei nº 13.718/2018.

II – NOVO CRIME: DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE


VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA

1ª parte do art. 218-C 2ª parte do art. 218-C

Aqui não tem nada a ver com estupro.


O agente divulga uma fotografia ou vídeo que O agente divulga uma fotografia ou vídeo que
contém uma cena de estupro (relação sexual sem contém uma cena de sexo (consensual), nudez
consentimento) ou uma cena que faça apologia ou pornografia.
ou induza a prática de estupro. A divulgação é feita sem o consentimento da
pessoa que aparece na fotografia ou vídeo.

Ex: agente divulga na deep web vídeo no qual um Ex: Isabela e Ricardo são namorados e costumam
homem mantém relação sexual com uma mulher filmar alguns atos sexuais que praticam. Isabela
que, por estar completamente embriagada, não termina o relacionamento e Ricardo, como
tinha o necessário discernimento para a prática forma de vingança, divulga os vídeos em um site
do ato nem podia oferecer resistência. pornográfico na internet.

Diferença entre o art. 218-C do CP e os arts. 241 e 241-A do ECA

• Se a cena de sexo explícito ou pornográfica envolver criança ou adolescente: a situação se


enquadrará nos arts. 241 e 241-A do ECA.

• Se a cena de sexo explícito ou pornográfica envolver adulto: o crime será o do art. 218-C do CP.

Explicando melhor. O estupro de vulnerável consiste na prática de conjunção carnal ou ato libidinoso
contra:

a) menor de 14 anos;

b) pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato sexual;

c) pessoa que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

• Se a cena envolve vulnerável que seja criança ou adolescente, a situação se enquadrará nos arts.
241 e 241-A do ECA.

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• Se a cena envolve vulnerável que não seja criança ou adolescente, o crime será o do art. 218-C
do CP.

Causas de aumento de pena do § 1º do art. 218-C do CP

1) Se o agente que praticou o crime mantém


2) Se o agente praticou o crime com o objetivo
ou tinha mantido relação íntima de afeto com a
de se vingar da vítima ou de humilhá-la.
vítima.

Esta primeira situação é objetiva no sentido de Esta segunda situação é subjetiva, aqui entendida
que não envolve a intenção do agente. Se o como algo que envolve a intenção do agente.
sujeito mantém ou manteve relação íntima de
afeto com a vítima, ele já receberá o aumento da Na prática, esta segunda hipótese servirá para
pena mesmo que não haja provas que revelem punir os casos de sujeitos que não mantinham
qual foi a sua intenção ao divulgar o vídeo ou relação íntima de afeto com a vítima.
a fotografia. Agiu bem o legislador ao prever Ex: Pedro trabalha com Lúcia na mesma empresa.
assim porque evita uma difícil discussão sobre a Ambos disputaram uma promoção. Pedro divulga
intenção do agente. na lista de e-mail do trabalho fotografias de Lúcia
Ex: ex-namorado que divulga fotografias eróticas nua como forma de vingança por ter perdido a
de sua ex-namorada. promoção para ela.

III – ALTERAÇÃO NO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL

Quem é vulnerável para os fins do art. 217-A do CP?

1) Pessoa menor de 14 anos;

2) Pessoa que, por apresentar alguma enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato;

3) Pessoa que, por qualquer causa, não pode oferecer resistência. Ex: em estado de coma.

Toda pessoa com enfermidade ou deficiência mental será considerada vulnerável, para os
fins do art. 217-A do CP?

NÃO. Pela leitura do § 1º do art. 217-A do CP, pode-se concluir que a pessoa com enfermidade ou
deficiência mental somente será considerada vulnerável para fins de estupro de vulnerável se ela
não tiver “o necessário discernimento para a prática do ato”.

Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática
de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para
a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o

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agente.

Consentimento e pessoas com deficiência

Se você observar a Súmula 593 do STJ verá que ela tratou apenas de uma das hipóteses de pessoa
vulnerável, qual seja, a pessoa menor de 14 anos.

O novo § 5º, por sua vez, levou o entendimento exposto na súmula para as outras duas situações
de vulnerabilidade previstas no § 1º do art. 217-A:

• Pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato;

• Pessoa que, por qualquer causa, não pode oferecer resistência.

Deve-se ter muito cuidado com a aplicação deste § 5º para as pessoas com deficiência. Isso porque
em regra, a pessoa com deficiência possui os mesmos direitos de que dispõe uma pessoa sem
deficiência.

IV – NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA PARA OS ESTUPROS COLETIVO E CORRETIVO


(ART. 226 DO CP)

O estupro coletivo (inciso IV, “a”) é cometido necessariamente com o concurso de 2 pessoas.
Como compatibilizá-lo com o inciso I do art. 226? Quando se aplica um ou o outro?

• Inciso IV, “a”: aplicado apenas para os casos de estupro (arts. 213 e 217-A do CP). Isso porque o
nomen iuris da causa de aumento fala em “estupro coletivo” e “estupro corretivo”.

• Inciso I: aplicado para os casos demais crimes contra a dignidade sexual.

V – NOVAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA PARA OS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE


SEXUAL (ART. 234-A DO CP)

Antes da Lei nº 13.718/2018 Depois da Lei nº 13.718/2018 (atualmente)

Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título
(crimes contra a dignidade sexual) a pena é (crimes contra a dignidade sexual) a pena é
aumentada: aumentada:
(...) (...)
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime

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resulta gravidez;
IV - de um sexto até a metade, se o agente IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o
transmite à vítima doença sexualmente agente transmite à vítima doença sexualmente
transmissível de que sabe ou deveria saber ser transmissível de que sabe ou deveria saber ser
portador. portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com
deficiência.

»» CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

- Falsificação grosseira e estelionato:

Súmula 73, STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
país ou no estrangeiro:

Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta,
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
»» O crime de petrechos para falsificação de moeda é SUBSIDIÁRIO, ficando absorvido quando o
agente, fazendo uso do maquinismo, efetivamente falsifica a moeda.

»» Os Tribunais Superiores rechaçam a aplicação do princípio da insignificância ao crime de moeda


falsa: O bem violado é a fé pública, a qual é um bem intangível e que corresponde à confiança que a
população deposita em sua moeda, não se tratando, assim, da simples análise do valor material por
ela representado. Mas esse entendimento não fica livre de críticas!!!

FALSIDADE MATERIAL (arts. 297 e 298) FALSIDADE IDEOLÓGICA (art. 299)

-Vício no CONTEÚDO do documento;


-Vício quanto à FORMA do documento;
-Não há rasuras ou supressão de palavras. A
-Há defeitos extrínsecos;
pessoa que elabora possui legitimidade;
-É imprescindível a perícia.
-em regra, não exige perícia.

#ATENÇÃO: o preenchimento de papel em branco assinado por terceira pessoa: a) se obtido


licitamente e autorizado a preencher, mas preenche de forma diferente da convencionada =
Falsidade ideológica; b) se obtido licitamente, mas não autorizado a preencher ou obtido

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ilicitamente = Falsidade material.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não é típica a conduta de inserir, em currículo Lattes, dado


que não condiz com a realidade. Isso não configura falsidade ideológica (art. 299 do CP) porque:
1) currículo Lattes não é considerado documento por ser eletrônico e não ter assinatura digital; 2)
currículo Lattes é passível de averiguação e, portanto, não é objeto material de falsidade ideológica.
Quando o documento é passível de averiguação, o STJ entende que não há crime de falsidade
ideológica mesmo que o agente tenha nele inserido informações falsas. STJ. 6ª Turma. RHC 81451-RJ,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/8/2017 (Info 610).

Prefeito que assina documentos previdenciários com conteúdo parcialmente falso não deve ser
condenado por falsidade ideológica se não foram produzidas provas de que ele tinha ciência
inequívoca do conteúdo inverídico da declaração. Neste caso, ele deverá ser absolvido, nos
termos do art. 386, III, do CPP, por ausência de dolo, o que exclui o crime. STF. 1ª Turma. AP 931/AL,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/6/2017 (Info 868).

A Lei nº 12.737/2012 acrescentou o parágrafo único ao art. 298 do CP prevendo o seguinte: Art. 298.
Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
(...) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão
de crédito ou débito. Ocorre que mesmo antes da edição da Lei nº 12.737/2012 a jurisprudência
do STJ já considerava que cartão bancário poderia se amoldar ao conceito de “documento”. Assim,
a inserção do parágrafo único no art. 298 do Código Penal apenas confirmou que cartão
de crédito/débito é considerado documento, sendo a Lei nº 12.737/2012 considerada como
lei interpretativa exemplificativa. Logo, ainda que praticada antes da Lei nº 12.737/2012, a
conduta de falsificar, no todo ou em parte, cartão de crédito ou débito é considerada como
crime de falsificação de documento particular (art. 298 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1578479-SC,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
2/8/2016 (Info 591).

O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a mera declaração de estado


de pobreza para fins de obtenção dos benefícios da justiça gratuita não é considerada
conduta típica, diante da presunção relativa de tal documento, que comporta prova em contrário.
HC 261.074/MS, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE),
SEXTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 18/08/2014.

#DEOLHONASSÚMULAS

Súmula 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda

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que em situação de alegada autodefesa.

Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.

13. Legislação penal especial: crime organizado (Lei 12.850/13), crimes de trânsito (Lei 9.503/97),
crimes ambientais (Lei 9.605/98), Estatuto do desarmamento (Lei 10.826/03 e Decreto 5.123/04),
crimes hediondos (Lei 8.072/90), crimes falenciais (Lei 11. 101/05), lei de tortura (Lei 9.455/97), lei
de drogas (Lei 11.343/06), crimes contra o consumidor (Lei 8.078/90), crimes contra a economia
popular (Lei 1.521/51), crimes contra a ordem tributária (Leis nºs 8.137/90, 9249/95, 9.430/96 e
10.684/03), lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98), crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor
(Lei 7.716/89), abuso de autoridade (Lei 4.898/65), crimes de licitação (Lei 8.666/93), estatuto do
idoso (Lei 10.741/03), crimes contra o parcelamento do solo urbano (Leis nºs 6.766/79 e 10.932/04),
violência doméstica (Lei 11.340/06), crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
8069/90), lei das contravenções penais (Decreto-Lei 3688/41).

»» CRIMES AMBIENTAIS

- É um mandado constitucional de criminalização.

Art. 225 CR: § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.
- Em regra, a competência é da Justiça Estadual. Porém, se o crime ambiental foi cometido em
unidade de conservação criada por decreto federal, evidencia-se o interesse federal na manutenção e
preservação da região, ante a possível lesão a bens, serviços ou interesses da União, nos termos do artigo
109, inciso IV, da Constituição Federal.

- É cabível a aplicação do princípio da insignificância, de forma a excluir a tipicidade material da


conduta, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem jurídico tutelado, o reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica.

#ATENÇÃO:

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada
nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

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Sai da regra do CP que é de 2 anos.

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de
pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente
poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art.
74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

- O crime de impedir ou dificultar a regeneração natural de florestar e demais formas de vegetação


(art. 48) é crime permanente. Segundo a doutrina e a jurisprudência, não há exigência d que a área seja
de preservação permanente.

- O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei 9.605/98) absorve o crime de destruição de vegetação
(art. 48 da mesma lei) quando a conduta do agente se realiza com o único intento de construir em local
não edificável.

#DEOLHONAJURIS: A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não


impede a instauração de ação penal. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio
da independência das instâncias penal e administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info 625).

O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo
suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se
exigindo, portanto, a realização de perícia. Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis
tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade
de animais ou a destruição significativa da flora. Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ.
3ª Seção. EREsp 1417279-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/04/2018 (Info 624).

O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de perigo abstrato, sendo dispensável a
produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados,
bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT. Art. 56.Produzir,
processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter
em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio
ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena
- reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ. 6ª Turma.REsp 1439150-RS, Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz, julgado em 05/10/2017 (Info 613).

Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em que há a devolução

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do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602).

»» ESTATUTO DO DESARMAMENTO (Lei 10.826/2003)

- Bem jurídico tutelado: busca-se proteger a segurança pública e a incolumidade pública,


interesses vinculados a um corpo social, tendo a coletividade como titular e não uma pessoa isolada ou
grupo isolado de pessoas.

- Competência: a competência para processo e julgamento é, em regra, da justiça estadual,


uma vez que o bem jurídico tutelado não diz respeito a nenhum interesse direto da União ou de suas
entidades, nos termos do art. 109, da CRFB/88. Ressalta-se que o fato de haver o controle de armas pelo
SINARM, órgão pertencente ao Poder Executivo Federal, não justifica a competência da justiça federal.

#ATENÇÃO: No caso do delito do art. 18 (tráfico internacional de arma de fogo), verifica-se lesão à
interesse da União, por conta do exercício de fiscalização sobre zona alfandegária.

- Norma penal em branco: os tipos penais, ao fazerem menção a arma de fogo, acessório
ou munição de uso permitido ou restrito, devem ser complementados pelos Decretos 3.665/2000 e
5.123/2004.

- Diferença entre posse e porte: Posse consiste em manter a arma intra muros, no interior da
residência ou local de trabalho. Porte é extra muros, isso é, fora da residência ou local de trabalho.

- Posse irregular de arma em residência de terceiro: trata-se de fato atípico em relação ao delito
de posse, configurando, contudo, o delito de porte previsto no art. 14 da lei.

- Manutenção de arma com o registro vencido no interior da residência: fato atípico. Se o


agente mantém a arma em sua residência com o registro vencido, ele não tem o dolo de manter consigo
uma arma de forma ilegal, tratando-se de mera infração administrativa.

- Concurso de crimes: se o agente tem a posse ilegal da arma e a deixa ao alcance de um menor,
responde pelos delitos do art. 12 e do art. 13 em concurso material de crimes (art. 69, do CP).

- Prazo de 24 horas: segundo a doutrina, o prazo previsto no parágrafo único do art. 13 deve ser
contado a partir do momento em que o agente tiver ciência da perda, furto, extravio da arma de fogo,
acessório ou munição.

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- Diferença entre porte e transporte: Transportar significa levar a arma de um lugar para outro,
por meio de locomoção, como automóvel, barco etc. Portar significa carregar consigo.

- Transporte de arma de fogo no interior de veículo: configura o delito de porte (art. 14), e não
o de posse (art. 12).

#DEOLHONAJURIS: Se a arma de fogo é encontrada no interior do caminhão dirigido por


motorista profissional, trata-se de crime de porte de arma de fogo (art. 14 do Estatuto do
Desarmamento). O veículo utilizado profissionalmente NÃO pode ser considerado “local de
trabalho” para tipificar a conduta como posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12). STJ. 6ª
Turma. REsp 1219901-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2012.

#OLHAOGANCHO:

ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA

Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018 (atualmente)

Apenas o emprego de arma de fogo é causa


Tanto a arma de fogo como a arma branca eram de aumento de pena.
causas de aumento de pena. O emprego de arma branca não é causa de
aumento de pena.

O emprego de arma (seja de fogo, seja branca)


O emprego de arma de fogo é punido com um
era punido com um aumento de 1/3 a 1/2 da
aumento de 2/3 da pena.
pena.

- Arma de brinquedo, simulacros ou réplicas: trata-se de fato atípico, pois não é arma de fogo.

#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO: A posse (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) ou o porte


(art. 14) de arma de fogo configura crime mesmo que ela esteja desmuniciada. Da mesma
forma, a posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) configura
crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracterização
não importa o resultado concreto da ação. STF. 1ª Turma. HC 131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 18/10/2016 (Info 844). STJ. 5ª Turma. HC 432.691/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado
em 21/06/2018. STJ. 6ª Turma. HC 441.752/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 12/06/2018. O entendimento acima exposto configura a regra geral e deve ser adotada nos
concursos caso não seja feito nenhum esclarecimento adicional. No entanto, o STF e o STJ, em
alguns casos concretos, têm reconhecido, excepcionalmente, o princípio da insignificância

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para o crime de porte ilegal de pouca quantidade de munição desacompanhada da arma.


Confira: STF. 2ª Turma. RHC 143449, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 26/09/2017. STJ. 5ª
Turma. REsp 1710320/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 03/05/2018. STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp
1704234/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 8/2/2018. Desse modo, a incidência ou
não do crime terá que ser analisada no caso concreto.

- Tratando-se de arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, o legislador unificou as


condutas de posse e porte no mesmo tipo penal (art. 16 da lei)

#DEOLHONAJURIS: Os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/2003 tutelam bens


jurídicos diversos e, por essa razão, deve ser aplicado o concurso formal quando apreendidas
armas ou munições de uso permitido e de uso restrito no mesmo contexto fático. O art. 16 do
Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança públicas, também protege a seriedade
dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime
único, pois há lesão a bens jurídicos diversos. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 1122758/
MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 24/04/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1619960/MG, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/06/2017.

Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte NÃO é necessário que a arma de
fogo tenha sido apreendida e periciada. Assim, é irrelevante a realização de exame pericial
para a comprovação da potencialidade lesiva do artefato. Isso porque os crimes previstos no
arts. 12, 14 e 16 da Lei 10.826/2003 são de mera conduta ou de perigo abstrato, cujo objeto
jurídico imediato é a segurança coletiva. No entanto, se a perícia for realizada na arma e o laudo
constatar que a arma não tem nenhuma condição de efetuar disparos não haverá crime.
Para o STJ, não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento
apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado
e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos. Assim, demonstrada
por laudo pericial a total ineficácia da arma de fogo e das munições apreendidas, deve
ser reconhecida a ATIPICIDADE da conduta do agente que detinha a posse do referido
artefato e das aludidas munições de uso proibido, sem autorização e em desacordo com
a determinação legal/regulamentar. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 397473/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 19/08/2014 (Info 544). STJ. 6ª Turma. REsp 1451397-MG, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 15/9/2015 (Info 570).

- Crime hediondo: A Lei nº 13.497/2017 alterou a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei nº
8.072/90 prevendo que também é considerado como crime hediondo o delito de posse ou porte

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ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 do Estatuto do Desarmamento.

- Causa de aumento para os crimes de comércio ilegal (art. 17) e tráfico internacional (art.
18): a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso
proibido ou restrito.

- Causa de aumento para os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art.
14), disparo de arma de fogo (art. 15), posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
(art. 16), comércio ilegal (art. 17) e tráfico internacional (art. 18): a pena é aumentada de
metade se for praticado por pessoas com autorização para uso de armas. Em geral, dividem-se em
servidores públicos, pessoas que trabalhavam com segurança privada e desportistas do tiro.

»» CRIMES HEDIONDOS (Lei nº 8.072/1990)

- O rol da Lei nº 8.072/90 é taxativo;

- HOMICÍDIO SIMPLES: em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de
grupo de extermínio, ainda que por só 1 agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº 8.072/90);

- HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: não é crime hediondo por ausência de previsão legal;

- FEMINICÍDIO: Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do Tribunal


do Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art. 1º, I, Lei nº 8.072/90);

- HOMICÍDIO FUNCIONAL: Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for


autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
Houve também alteração na Lei nº 8.072/ 1990 tornando o homicídio funcional crime hediondo;

- LESÃO CORPORAL PRATICADA CONTRA AUTORIDADE OU AGENTE DESCRITO NOS ARTS.


142 E 144, CF: a Lei nº 13.142/15 acrescentou o art. 1º, I-A, ao art. 1º, Lei nº 8.072/9025, de maneira que se
a lesão for gravíssima ou seguida de morte (#OLHAOGANCHO: crime preterodoloso), cometida contra
as autoridades ali enumeradas, vamos ter um caso de lesão corporal revestida de hediondez;

- LIVRAMENTO CONDICIONAL: para ser beneficiado pelo livramento condicional, o réu deverá

25 Quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.

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cumprir 2/3 da pena, desde que não seja reincidente específico em crimes hediondos (art. 83, V, CP);

- PROGRESSÃO DE REGIME: a) deverá cumprir 1/6 da pena (para os crimes cometidos antes da
Lei 11.464/07 - Súmula 471 STJ); b) cumprir 2/5 da pena, se réu primário, ou 3/5, se reincidente (crimes
cometidos após a Lei 11.464/07);

- ANISTIA, GRAÇA, INDULTO: são insuscetíveis de concessão quando praticados delitos revestidos
de hediondez, dada a vedação expressa no art. 5º, XLIII, CF;

- PRISÃO TEMPORÁRIA: a) Regra: 5 dias + 5 dias; b) para crimes hediondos: 30 dias + 30 dias;

- LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA: STF considera inconstitucional a vedação em abstrato


da concessão de liberdade provisória sem fiança e de penas restritivas de direitos, devendo o julgador
decidir de acordo com as circunstâncias do caso concreto;

- PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO: Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão


prioridade de tramitação em todas as instâncias (art. 394-A, CPP). #INOVAÇÃO LEGISLATIVA.

#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou


incidentalmente a inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90, com a redação que
lhe foi dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o crime de tortura.
Dessa forma, não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da
pena no regime prisional fechado. STJ. 5ª Turma. HC 383090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 21/03/2017. STJ. 6ª Turma. RHC 76642/RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
11/10/2016. Obs: existe um julgado da 1ª Turma do STF afirmando que o regime inicial no caso de
tortura deveria ser obrigatoriamente o fechado: HC 123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
9/6/2015. Penso que se trata de uma posição minoritária e isolada do Min. Marco Aurélio. Os demais
Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão de praticidade do que de tese jurídica.
Isso porque os demais Ministros entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas corpus,
considerando que já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não aderiram expressamente à
tese do Relator. Não há fundamento que justifique o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que obriga o
regime inicial fechado para crimes hediondos) ter sido declarado inconstitucional e o § 7º do art. 1º
da Lei nº 9.455/97 (que prevê regra semelhante para um crime equiparado a hediondo) não o ser.
Em provas de concurso, deve-se ter atenção para a redação do enunciado.

Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que cometidos antes da edição da Lei
nº 12.015/2009, são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples. Em outras

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palavras, seja antes ou depois da Lei nº 12.015/2009, toda e qualquer forma de estupro (ou atentado
violento ao pudor) é considerada crime hediondo, sendo irrelevante que a prática de qualquer
deles tenha causado, ou não, lesões corporais de natureza grave ou morte. STJ. 3ª Seção. REsp
1110.520-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012 (Info 505). STF. 1ª Turma.
HC 100612/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
16/8/2016 (Info 835).

A hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais
gravoso, pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da individualização da pena e
da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o regime imposto
observando a singularidade do caso concreto. Assim, é inconstitucional a fixação de regime inicial
fechado com base unicamente na hediondez do delito. STF. 1ª Turma. ARE 935967 AgR, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 15/03/2016. STF. 2ª Turma. HC 133617, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 10/05/2016. É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990,
do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros
previstos no artigo 33 do Código Penal. STF. Plenário. ARE 1052700 RG, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 02/11/2017.

»» CRIMES DE TORTURA (Lei 9.455/97)

- A tortura não é crime próprio, em regra (mas prevê algumas modalidades de crime próprio).

- A tortura é um mandamento constitucional de criminalização, ao lado do terrorismo e do tráfico


de drogas. É crime equiparado a hediondo. É crime passível de prescrição.

- O crime de tortura é previsto em tratado internacional. Isso significa que o Brasil pode perseguir o
crime mesmo no caso de extraterritorialidade, ou seja, mesmo no caso de ter sido praticado fora do país,
a depender das condições do art. 7º do Código Penal. Nesse caso, a competência poderá ser da Justiça
Federal se presente alguma das hipóteses do art. 109, da CF. Em regra, será de competência de Justiça
Estadual.

- É crime material, que deixa resultado de modificação do mundo exterior, sendo passível de perícia
para essa comprovação. Mas, segundo o STJ, em se tratando de tortura cometida com sofrimento de
ordem psicológica e agressões à vítima que não deixaram vestígios, é suficiente para a comprovação a
prova testemunhal e eventualmente depoimento firme (típica hipótese de crime às escuras).

Art. 1º Constitui crime de tortura:

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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

- No inciso I não se exige intensidade no sofrimento (físico ou psicológico). O intenso sofrimento só


é exigido no inciso II, na conduta praticada por quem possui o dever ou guarda.

- O sofrimento deve ser causado com o objetivo de obter informação ou declaração, o que não
quer dizer confissão que seja direcionada ao processo criminal, bastando que seja informação que se
esgote no contexto da atuação do agressor.

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

- O castigo pessoal imposto no inciso II é feito por alguém que detém qualidades especiais (alguém
que mantenha guarda, poder ou autoridade).

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

- Tortura imprópria: o garante que se omite. É a tortura privilegiada.

#NÃOCONFUNDA: Tortura versus maus tratos.

O crime de maus tratos é delito de perigo, ou seja, a mera exposição da vítima àquelas condições
viola o bem jurídico e configura crime consumado. Nos maus tratos, o agente tem elemento
subjetivo especial: pratica maus tratos com a finalidade de correção, o que não existe no crime de
tortura (que possui uma pluralidade de finalidades). Portanto, no crime de tortura, o sujeito ativo
quer causar sofrimento ou dor para obter algum fim específico, enquanto que no crime de maus
tratos, a finalidade é a de correção da vítima.

#SELIGA: vejam a classificação trazida pela doutrina.

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TORTURA PROVA TORTURA-MEIO TORTURA DISCRIMINATÓRIA

a prova que se busca não é


usar a vítima, mesmo que
a prova que se destina a ser
ela não venha a aderir a esse não inclui opção sexual
utilizada em juízo, mas sim de
comportamento
satisfazer o desejo do agressor

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

- Essa é a tortura e suas formas qualificadas.

#NÃOCONFUNDA: tortura com resultado morte (crime preterdoloso) versus homicídio qualificado
pelo emprego de tortura. A distinção é a tipicidade subjetiva, o elemento anímico. No primeiro, a
vontade/dolo é causar intenso sofrimento físico ou psicológico. No segundo, o elemento subjetivo
é o animus necandi, que não existe na tortura. A morte na tortura resulta de culpa.

»» LEI DE DROGAS

CRITÉRIOS PARA DETERMINAR SE A DROGA DESTINAVA-SE A CONSUMO PESSOAL

natureza e quantidade da substância apreendida

local e condições em que se desenvolveu a ação

circunstâncias sociais e pessoais do agente

conduta e antecedentes do agente

#ATENÇÃO

O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui
natureza jurídica de crime. O porte de droga para consumo próprio foi somente despenalizado
pela Lei nº 11.343/2006, mas não descriminalizado. Obs: despenalizar é a medida que tem por
objetivo afastar a pena como tradicionalmente conhecemos, em especial a privativa de liberdade.
Descriminalizar significa deixar de considerar uma conduta como crime. Mesmo sendo crime, o
STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (porte de droga
para uso próprio) NÃO configura reincidência. Argumento principal: se a contravenção penal,
que é punível com pena de prisão simples, não configura reincidência, mostra-se desproporcional

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utilizar o art. 28 da LD para fins de reincidência considerando que este delito é punida apenas com
“advertência”, “prestação de serviços à comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções menos
graves e nas quais não há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade
pelo descumprimento. Há de se considerar, ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da
LD está sendo fortemente questionada. STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 04/10/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 21/08/2018.

REQUISITOS CUMULATIVOS DO TRÁFICO PRIVILEGIADO

PRIMÁRIO

BONS ANTECEDENTES

NÃO SE DEDICAR A ATIVIDADES CRIMINOSAS

NÃO INTEGRAR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

#DEOLHONAJURIS: Segundo o entendimento que prevalece no STF é possível aplicar o § 4º do


art. 33 da LD às “mulas”. STF. 1ª Turma. RHC 118008/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/9/2013
(Info 721). STF. 1ª Turma. HC 124107/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2014 (Info 766). STJ. 5ª
Turma. AgRg no AREsp 606431/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 01/06/2017.

É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção
de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art.
33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1431091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
14/12/2016 (Info 596).

O chamado “tráfico privilegiado”, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas),


não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 23/06/2016 (Info 831).

Ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma concomitante,
ele se dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). O tráfico de drogas praticado por
intermédio de adolescente que, em troca da mercancia, recebia comissão, evidencia (demonstra)
que o acusado se dedicava a atividades criminosas, circunstância apta a afastar a incidência da
causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma.
REsp 1380741-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/4/2016 (Info 582).

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#NÃOCONFUNDA:

FINANCIAR
ASSOCIAÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DO
EVENTUALMENTE O
FINANCIAMENTO TRÁFICO
TRÁFICO

Associarem-se 2 ou mais Se financiar de forma efêmera,


pessoas, com estabilidade, Exige-se reiteração, haverá crime de tráfico com
para reiteradamente habitualidade causa de aumento de pena
praticarem o art. 36. do art. 40, VII.

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:

Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006)
configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição
de fronteiras.

Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária
a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca
da intenção de realizar o tráfico interestadual.

#ATENÇÃO:

CABE NÃO CABE

Fiança
Liberdade provisória Graça
Conversão da pena privativa de liberdade Anistia
em restritiva de direitos Indulto
Suspensão condicional da pena

PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO

LEI DE DROGAS CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

PRESO 30 + 30 PRESO 10

SOLTO 90 + 90 SOLTO 30

#OLHAOGANCHO:

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INFILTRAÇÃO DE AGENTE POLICIAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Lei 11.343/06 Lei 12.850/2013 ECA

Prazo de 90 dias, sendo


permitidas renovações, mas
Prazo de 6 meses, podendo ser o prazo total da infiltração não
sucessivamente prorrogada. poderá exceder 720 dias.
Não prevê prazo máximo
Só poderá ser adotada se a Só poderá ser adotada se a
Não disciplina o procedimento prova não puder ser produzidas
prova não puder ser produzidas
a ser adotado. por outros meios disponíveis
por outros meios disponíveis
(ultima ratio) (ultima ratio).
A infiltração de agentes ocorre
apenas na internet.

AÇÃO CONTROLADA

Lei 11.343/06 Lei Lavagem de Capitais Lei 12.850/13

É necessária somente prévia


comunicação.
Disciplina o procedimento a ser
É necessária prévia autorização É necessária prévia autorização adotado, dispondo que o juiz
judicial. judicial. poderá estabelecer limites à
Não disciplina o procedimento Não disciplina o procedimento ação controlada.
a ser adotado. a ser adotado. Até o encerramento da
diligência, o acesso aos autos
será restrito ao juiz, ao MP e ao
delegado de polícia.

»» CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E ECONÔMICA (Lei nº 8.137/1990)

- São crimes próprios, que exigem qualidade especial do sujeito ativo.

- Crimes de ação penal pública incondicionada.

- O lançamento é condição objetiva de punibilidade.

Súmula vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no
art. 1º, I a IV, da Lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

- Essa súmula aplica-se também aos artigos 168-A (apropriação indébita previdenciária) e 337-A
(supressão de contribuição previdenciária).

256 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3


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#ATENÇÃO: É possível a aplicação da súmula vinculante n. 24/STF a fatos ocorridos antes da


sua publicação por se tratar de consolidação da interpretação jurisprudencial e não de caso de
retroatividade da lei penal mais gravosa.

- A representação fiscal não é condição de procedibilidade.

- Competência territorial: local onde houve a constituição definitiva do crédito tributário, sendo
irrelevante a modificação do domicílio fiscal do contribuinte.

- Contagem do prazo prescricional só a partir da constituição definitiva do crédito.

- O expressivo valor do tributo sonegado pode ser considerado fundamento idôneo para amparar
a majoração da pena prevista no inciso I do art.12 da Lei n. 8.137/90.

- O tipo penal do art. 1º da Lei n. 8.137/90 prescinde de dolo específico, sendo suficiente a presença
do dolo genérico para sua caracterização.

#ATENÇÃO: O delito do art. 1º, inciso V, da Lei n. 8.137/90 é formal e prescinde do processo
administrativo-fiscal para o desencadeamento da persecução penal, não se sujeitando aos termos
da súmula vinculante n. 24 do STF.

- O parcelamento integral dos débitos tributários decorrentes dos crimes previstos na Lei n. 8.137/90,
em data posterior à sentença condenatória, mas antes do seu trânsito em julgado, suspende a pretensão
punitiva estatal até o integral pagamento da dívida.

- A pendência de ação judicial ou de requerimento administrativo em que se discuta eventual direito


de compensação de créditos fiscais com débitos tributários decorrentes da prática de crimes tipificados na
Lei n. 8.137/90 não tem o condão, por si só, de suspender o curso da ação penal, dada a independência
das esferas cível, administrativo-tributária e criminal.

- Eventuais vícios no procedimento administrativo-fiscal, enquanto não reconhecidos na esfera cível,


são irrelevantes para o processo penal em que se apura a ocorrência de crime contra a ordem tributária.

- O pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, é causa extintiva de punibilidade,


nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/2003.

- Princípio da insignificância: R$ 20 mil reais.

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#SELIGA: Aplica-se o princípio da consunção ou da absorção quando o delito de falso ou de


estelionato (crime-meio) é praticado única e exclusivamente com a finalidade de sonegar tributo
(crime-fim).

»» CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR (Lei 7.716/89)

art. 5º, XLII, CF - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei.

#ATENÇÃO: Não é crime hediondo, nem equiparado a hediondo. É suscetível de graça, indulto e
anistia.

- O rol da lei não é exaustivo.

#NÃOCONFUNDA: racismo e injúria racial.

O racismo resulta de discriminação, preconceito racial. A injúria racial é um crime contra a honra.
A diferença entre eles está no elemento subjetivo. A utilização de palavras depreciativas referente
a raça, cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva de determinada pessoa,
caracteriza a injúria qualificada, e não o racismo.

- Além disso, o racismo é crime de ação penal pública incondicionada.

- O art. 1º da lei fala em discriminação em razão de procedência nacional, mas segundo a doutrina,
pode ser também discriminação por procedência regional.

- É crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. No entanto, é firme a doutrina
no sentido de que não se configura racismo por discriminação contra pessoas de pele branca. Isso porque
essa discriminação específica não decorre de uma relação histórica de subversão de uma característica
somática de certas pessoas em relação a outras. Nesse sentido, a doutrina fala em “racismo social”, já que
não se pode afirmar, cientificamente, que existem raças diferentes umas das outras (essa é uma conclusão,
inclusive, do Projeto Genoma).

#ATENÇÃO:

RACISMO INJÚRIA PRECONCEITO

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As vítimas são indeterminadas, ou seja, o agente


faz manifestações preconceituosas generalizadas, a O agente se direciona a uma vítima específica.
todas as pessoas da mesma raça

#SELIGA: os efeitos da condenação (perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e
a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses),
NÃO SÃO AUTOMÁTICOS.

#DEOLHONAJURIS: A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus


seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão.
Assim, é possível, a depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime
de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/89) por ter proferido discursos de ódio público contra outras
denominações religiosas e seus seguidores. STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/
BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).

Proferir manifestação de natureza discriminatória em relação aos homossexuais NÃO configura o


crime do art. 20 da Lei nº 7.716/89, sendo conduta atípica. STF. 1ª Turma. Inq 3590/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 12/8/2014 (Info 754). #ATENÇÃO: ADO 26. O Min. Relator concluiu que o
Congresso Nacional foi omisso ao deixar de editar lei que criminaliza atos de homofobia
e transfobia. Após os votos dos Ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Roberto
Barroso, que acompanhavam o Relator, no sentido de conhecer, em parte, da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão para, nessa extensão, julgá-la procedente, o julgamento
foi suspenso.

»» ABUSO DE AUTORIDADE (Lei nº 4.898/1965)

- A Lei nº 4.898/1965 não é especificamente de direito penal, vez que traz a possibilidade de sanções
de caráter administrativo, civil e penal.

- São todos crimes de ação penal pública incondicionada.

#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDA: quando a lei menciona “representação”, significa, na verdade, a


apresentação da notitia crime.

- Para praticar abuso de autoridade a pessoa precisa ter uma investidura funcional que possa,

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dentro das suas funções, colocar o jurisdicionado sobre a sua atuação.

- O conceito de autoridade não é restrito àquelas pessoas que têm poder de polícia. Um jurado de
um Tribunal do Júri ou ainda um Presidente da Mesa Eleitoral, por exemplo, podem ser sujeitos ativos do
crime de abuso de autoridade.

- São crimes de menor potencial ofensivo, que podem estar sujeitos ao rito da Lei 9.099/95.

- São crimes de atentado, isto é, a pena da tentativa é igual à pena do crime consumado.

- Os crimes de abuso de autoridade são crimes próprios, podendo o particular responder, se atuar
em conjunto com uma autoridade, sabendo das qualidades dessa pessoa.

»» CRIMES DE LICITAÇÕES (Lei nº 8.666/1993)

- São crimes de ação penal pública incondicionada (art. 100). Admite-se ação penal privada
subsidiária da pública, expressamente (art. 103);

- EFEITO DA CONDENAÇÃO: Os crimes definidos na Lei de Licitação, ainda que simplesmente


tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do
cargo, emprego, função ou mandato eletivo (art. 83). Tais efeitos não são automáticos, demandando
decisão judicial nesse sentido.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

Não comete o crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93 Secretária de Educação que faz contratação
direta, com base em inexigibilidade de licitação (art. 25, I), de livros didáticos para a rede pública de
ensino, livros esses que foram escolhidos por equipe técnica formada por pedagogos, sem a sua
interferência. Vale ressaltar que havia comprovação, por meio de carta de exclusividade emitida por
entidade do setor, de que a empresa contratada era a única fornecedora dos livros na região. Além
disso, não houve demonstração de sobrepreço. Diante dessas circunstâncias, o STF absolveu a ré
por ausência de “dolo específico” (elemento subjetivo especial). STF. Plenário. AP 946/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 30/8/2018 (Info 913).

Para a configuração da tipicidade subjetiva do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/93, exige-
se o especial fim de agir, consistente na intenção específica de lesar o erário ou obter vantagem
indevida. Exige-se descumprimento de formalidades mais violação aos princípios da Administração
Pública O tipo penal previsto no art. 89 não criminaliza o mero fato de o administrador público ter
descumprido formalidades. Para que haja o crime, é necessário que, além do descumprimento das

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formalidades, também se verifique que ocorreu, no caso concreto, a violação de princípios cardeais
(fundamentais) da Administração Pública. Se houve apenas irregularidades pontuais relacionadas
com a burocracia estatal, isso não deve, por si só, gerar a criminalização da conduta. Assim, para que
ocorra o crime, é necessária uma ofensa ao bem jurídico tutelado, que é o procedimento licitatório.
Sem isso, não há tipicidade material. Decisão amparada em pareceres técnicos e jurídicos Não
haverá crime se a decisão do administrador de deixar de instaurar licitação para a contratação de
determinado serviço foi amparada por argumentos previstos em pareceres (técnicos e jurídicos) que
atenderam aos requisitos legais, fornecendo justificativas plausíveis sobre a escolha do executante e
do preço cobrado e não houver indícios de conluio entre o gestor e os pareceristas com o objetivo
de fraudar o procedimento de contratação direta. STF. 1ª Turma.Inq 3962/DF, Rel. Min Rosa Weber,
julgado em 20/2/2018 (Info 891).

O objetivo do art. 89 não é punir o administrador público despreparado, inábil, mas sim o desonesto,
que tinha a intenção de causar dano ao erário ou obter vantagem indevida. Por essa razão, é
necessário sempre analisar se a conduta do agente foi apenas um ilícito civil e administrativo ou
se chegou a configurar realmente crime. Deverão ser analisados três critérios para se verificar se
o ilícito administrativo configurou também o crime do art. 89: 1º) existência ou não de parecer
jurídico autorizando a dispensa ou a inexigibilidade. A existência de parecer jurídico é um indicativo
da ausência de dolo do agente, salvo se houver circunstâncias que demonstrem o contrário. 2º)
a denúncia deverá indicar a existência de especial finalidade do agente de lesar o erário ou de
promover enriquecimento ilícito. 3º) a denúncia deverá descrever o vínculo subjetivo entre os
agentes. STF. 1ª Turma. Inq 3674/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).

A conduta de quem frauda licitação destinada à contratação de serviços não se enquadra no art. 96
da Lei nº 8.666/93, pois esse tipo penal contempla apenas licitação que tenha por objeto aquisição
ou venda de bens e mercadorias. Para que a punição da contratação de serviços fraudulentos fosse
possível, seria necessário que esta conduta estivesse expressamente prevista na redação do tipo,
uma vez que o Direito Penal deve obediência ao princípio da taxatividade, não podendo haver
interpretação extensiva em prejuízo do réu. STF. 1ª Turma. Inq 3331, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 01/12/2015. STJ. 6ª Turma. REsp 1571527-RS, Rel. Min. Sebastião Reis, julgado em 16/10/2016 (Info
592).

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»» ESTATUTO DO IDOSO (Lei 10.741/2003)

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IGUAL OU Aplicam-se medidas despenalizadoras


INFERIOR A 2 ANOS + procedimento sumaríssimo

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUPERIOR A


Aplica-se apenas o procedimento sumaríssimo
2 ANOS E ATÉ 4 ANOS

#ATENÇÃO: O Estatuto do Idoso, ao considerar pessoa idosa aquela que tenha 60 anos ou mais
de idade não alterou o art. 115 do Código Penal que prevê a redução do prazo prescricional apenas
quando o causado é maior de 70 anos na data da sentença penal condenatória (aquela que impôs
a primeira condenação ao réu).

- Em regra, a competência é da justiça estadual.

- Segundo o STJ (Info 547), incorre no tipo penal do art. 102 do Estatuto do Idoso (apropriação
indébita), e não no crime de furto, em razão do princípio da especialidade, o estagiário de instituição
financeira que se utiliza de cartão magnético e senha de acesso à conta de depósito de pessoa idosa para
realizar transferências para a sua conta pessoal.

»» VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

#SELIGA #VAICAIR26:

A conduta de descumprir medida protetiva de urgência


prevista na Lei Maria da Penha configura crime?

Antes da Lei nº 13.641/2018: Depois da Lei nº 13.641/2018

NÃO (atualmente): SIM

Antes da alteração, o STJ entendia que o Foi inserido novo tipo penal na Lei Maria da
descumprimento de medida protetiva de urgência Penha prevendo como crime essa conduta:
prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da Lei Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere
1.340/2006) não configurava infração penal. medidas protetivas de urgência previstas nesta
O agente não respondia nem mesmo por crime Lei:
de desobediência (art. 330 do CP). Pena – detenção, de 2 (três) meses a 2 (dois) anos.

#VEMDETABELINHA

26 Extraído do site Dizer o Direito.

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

Pode ocorrer na unidade espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
doméstica familiar, inclusive as esporadicamente agregadas.

comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram


Pode ocorrer na família aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por
vontade expressa.

Pode ocorrer em qualquer na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
relação íntima de afeto independentemente de coabitação.

FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

VIOLÊNCIA FÍSICA qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.

qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da


autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento
ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
VIOLÊNCIA crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
PSICOLÓGICA manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação
do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
saúde psicológica e à autodeterminação.

qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar


de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
VIOLÊNCIA SEXUAL
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez,
ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno
ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos.

qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial


VIOLÊNCIA ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
PATRIMONIAL bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados
a satisfazer suas necessidades.

VIOLÊNCIA MORAL qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

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#NÃOCONFUNDA:

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR NA LEI


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO CÓDIGO PENAL
MARIA DA PENHA

Violência contra a MULHER especificamente. Ou Independe da condição da vítima, que pode ser
seja, a vítima deve ser necessariamente do sexo ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
feminino. companheiro. Pode ser inclusive o HOMEM.

Lesão corporal decorrente da violência específica


Violência entendida de forma ampla, envolvendo
contra a integridade corporal ou a saúde da
qualquer espécie.
vítima.

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:

Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.

Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais


praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada.

Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave
ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.

Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese
de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

14. Direito penal militar: Aplicação da lei penal militar. Imputabilidade penal militar. Concurso de
agentes no direito penal militar. Penas no direito penal militar: penas principais; aplicação da pena;
suspensão condicional da pena; livramento condicional; penas acessórias; efeitos da condenação;
medidas de segurança. Ação penal no direito penal militar. Extinção da punibilidade no direito penal
militar. Crimes militares em tempo de paz.

- O Código Penal Militar não prevê infrações disciplinares militares e nem contravenções militares.

- O Direito Penal Militar, além de não permitir a combinação de leis no tempo (Lex tertia), também
veda a mistura com o sistema penal comum.

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- O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou
conhecido antes da prática do crime.

#ATENÇÃO: Na lesão levíssima (art. 209, §6º) e no furto atenuado (artigo 240, § 1º) o próprio CPM
prevê a possibilidade de o juiz considerar o ato como infração disciplinar em vez de crime.

- Atenção especial ao art. 3º, que segundo a doutrina não foi recepcionado pela CF:

Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo,
entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.

- Quanto ao Lugar do Crime e Tempo do Crime:

TEMPO DO CRIME LUGAR DO CRIME

Se o crime for comissivo, adota-se a teoria da **


ubiquidade.
Adota-se a teoria da atividade, igual ao CP.
Se o crime for omissivo, adota-se a teoria da **
atividade.

- Atenção também com a situação especial com a Lei Penal no Espaço, pois o CPM adota tanto a
teoria da territorialidade temperada, quanto a da extraterritorialidade incondicionada como regra.

Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional (territorialidade temperada),
ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela
justiça estrangeira. (extraterritorialidade incondicionada).

- O Direito Militar NÃO aplica o princípio da Universalidade, cosmopolita, real ou da defesa de


interesses.

#SELIGA:

JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL

Julga crimes militares previstos no CPM (próprios Julga crimes militares previstos no CPM (próprios
e impróprios). e impróprios).

Além da criminal, também possui competência


NÃO é dotada de competência cível. para julgar ações judiciais contra atos disciplinares
militares.

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Julga somente militares Estaduais (PMs, Bombeiros


Pode julgar tanto militares quanto civis.
e Polícia Rodoviária Estadual).

#NÃOCONFUNDA:

CP CPM

Inimputabilidade Inimputabilidade

Isenta de pena
Isenta de pena
“Não é igualmente imputável”

Semi-imputabilidade Semi-imputabilidade

Redução 1/3 até 2/3 Redução de 1/5 até 1/3

Embriaguez involuntária
Embriaguez involuntária completa
completa

Isenta de pena
Isenta de pena
“Não é igualmente imputável”

Embriaguez involuntária
Embriaguez involuntária incompleta
incompleta

Redução de 1/3 até 2/3 Redução de 1/3 até 2/3

Embriaguez Voluntária Embriaguez Voluntária

No CP comum a embriaguez Se for Militar, SEMPRE agrava


Se for Civil, só agrava se for
voluntária só agrava a pena a pena (exceto caso fortuito/
preordenada
se for preordenada força maior)

#ATENÇÃO: O CPM traz ressalva em que se possibilita a responsabilidade penal de menores de 18


anos em determinados casos. Contudo, a referida disposição NÃO foi recepcionada pela CF/88.

»» CONCURSO DE AGENTES

- O CPM adota a Teoria Monista do concurso de pessoas. Também há a previsão da participação de


menor (somenos) importância.

- Apesar da ausência de previsão expressa, a doutrina entende pela possibilidade do instituto da


participação dolosamente distinta.

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#IMPORTANTE Nos crimes de concurso necessário (ex: motim ou revolta), o cabeça é aquele que
exerce a função de liderança. O §5º estabelece que, em qualquer hipótese, o cabeça será o oficial
quando delinquir juntamente com inferiores. Os inferiores serão considerados cabeças quando
exercem função de oficial (exemplo: um sargento comandando o pelotão, pela falta de oficiais).

- Alguns crimes (Tentativa contra a soberania do Brasil, Motim, Revolta e Amotinamento) possuem
um aumento de pena especial quando os agentes forem cabeças. Nos demais crimes, aplica-se o quantum
de aumento genérico do CPM (1/5 a 1/3).

- Em tempo de guerra, os cabeças dos crimes de motim, revolta ou conspiração podem ser punidos
com morte (art. 368, CPM).

»» PENAS E MEDIDA DE SEGURANÇA

- No Direito Penal Militar as penas acessórias dependem da imposição de uma pena principal, dessa
forma, sua aplicação é cumulativa.

O Código Penal Militar não prevê a substituição das penas privativas de liberdade por penas
restritivas de direitos.

- O STM entende que o cumprimento de pena de militar se dá em regime integralmente fechado.


Porém, o STF vem gradativamente aplicando ao Processo Penal Militar normas que se amoldam melhor
ao Processo Penal moderno. No HC 104.174, Rel. Min. Ayres Britto foi ordenada a aplicação do Código
Penal e a Lei 7.210/84 (LEP) naquilo que o CPM fosse omisso.

- O Código Penal Militar não faz distinção substancial entre as penas de reclusão e detenção. A
diferença é meramente formal e revela-se nos limites genéricos estabelecidos no art. 58 do CPM.

RECLUSÃO DETENÇÃO

MÍNIMO: 01 ANO MÍNIMO: 30 DIAS

MÁXIMO: 30 ANOS MÁXIMO: 10 ANOS

PENAS ACESSÓRIAS

Para Oficiais Para Praças Para Civis Casos de suspensão

Perda de posto e Exclusão das forças Perda da função Poder familiar, tutela
patente armadas pública ou curatela

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Inabilitação para o
Indignidade para o
exercício de função Direitos Políticos
oficialato
pública

Incompatibilidade
com o oficialato

REABILITAÇÃO

CP CPM

No direito penal militar, a reabilitação pode


(depende de algumas condições) ocorrer
No direito penal comum, reabilita-se com após cinco anos do cumprimento da pena.
dois anos após o cumprimento da pena
(artigo 94, CP). #ATENÇÃO A reabilitação na esfera militar é
causa de extinção da punibilidade da pena
acessória de inabilitação.

#VAICAIR A atenuante da confissão tratada no art. 72, III, “d”, do Código Penal Militar está vinculada
à revelação da autoria criminosa ignorada ou imputada a outrem. Dessa forma, a atenuante da
confissão espontânea do CP não pode ser aplicada aos crimes militares, por conta do critério da
especialidade. STF. 1ª Turma. HC 115189/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/5/2016 (Info 824).

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- O art. 81 do CPM aponta os limites da pena unificada no concurso de crimes. A pena unificada não
pode ultrapassar de trinta anos, se é de reclusão, ou de quinze anos, se é de detenção.

- Quando cominada a pena de morte como grau máximo e a de reclusão como grau mínimo,
aquela (pena de morte) corresponde, para o efeito de graduação, à de reclusão por trinta anos.

- O Código Penal Militar prevê o instituto do sursis no artigo 84. Trata-se da suspensão condicional
da pena privativa de liberdade não superior a 2 anos, sendo uma das poucas medidas descarcerizadoras
do CPM. Na esfera militar, o prazo de suspensão é de 2 anos a 6 anos. No Código Penal comum, é
entre 2 e 4 anos.

- Nos termos do art. 89 do Código Penal Militar, o livramento condicional é aplicável somente ao
militar condenado à pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos executada
em estabelecimento militar.

- Assim como o sursis, o livramento condicional não se aplica aos crimes cometidos em tempo de
guerra.

CP CPM

Réu Primário:
1/3 da pena cumprida 1/2 da pena cumprida
Se não for reincidente em crimes dolosos e tiver OU
bons antecedentes 1/3 da pena cumprida se for menor de 21 ou
maior de 70 anos.

½ da pena cumprida 2/3 da pena cumprida:


Se for reincidente em crime doloso Se for reincidente
2/3 da pena cumprida OU
Se for condenado por crime hediondo ou Se for condenado pelos crimes dos arts. 136 a
equiparado 144 e 149 a 158 do CPM

»» Além dos requisitos acima elencados, o condenado deve ainda ter reparado o dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo e apresentado boa conduta durante a execução da pena. Também
é necessário que seja atestada sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao
trabalho e às circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e a sua vida pregressa, para
que se permita supor que não voltará a delinquir. Essas informações constarão de minucioso relatório
elaborado pelo diretor do estabelecimento penal onde se encontra recolhido.

269 CICLOS RETA FINAL DPE/SP | @CICLOSR3

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