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1. Introduzindo
Minha proposta parte de um cuidado metodológico, que visa restringir a discussão
sobre o conceito de midiatização, considerando dois desafios: primeiro, um conceito em
formação que se encontra em meio aos resquícios dos “conhecimentos fundadores “das
teorias da comunicação” e naqueles que não estão reunidos nas “fronteiras clássicas” destes
estudos. E o segundo, por constatar que este conceito, apesar de nomeado, é ainda pouco
problematizado, na esfera dos estudos das teorias da comunicação, em cuja freguesia, persiste
uma visão dominante das questões midiáticas atreladas a uma perspectiva instrumental. Ou,
por outras perspectivas relacionadas com “teorias hegemônicas”.
Parto, do que resultam algumas observações junto à “vida em laboratório”, o universo
acadêmico de estudos de comunicação, onde este conceito já aparece desdobrado em várias
nomeações. Aparece associada a significantes como dispositivo, ambiente, máquina,
operador, sujeito, processos midiáticos, bios-midiático, tecnointeração,
molduras/emolduramentos/emoldurações, maquinária que procuram, dentre outros, desenhar
possíveis intentos de inteligibilidade sobre a questão.
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Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Políticas e Estratégias de Comunicação”, do XV Encontro da
Compós, na Unesp, Bauru, SP, em junho de 2006.
Este trabalho foi apresentado no Encontro da Rede Prosul - Comunicação, Sociedade e Sentido, no seminário
sobre Midiatização, UNISINOS. PPGCC, São Leopoldo, 19/12/2005 e 06/01/2006. Colaboração dos bolsistas
Aline Weschenfelder, Clovis Okada, Mariana Bastian, Micael Behs.
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15º Encontro Anual da COMPÓS - Associação Nacional dos Programas de
Pós-Graduação em Comunicação. UNESP-Bauru, 6 a 9 de junho de 2006
Nossa proposta não visa designar a priori a midiatização como prática social - prática
de sentido, mas chegar a uma possível construção, após se fazer um percurso que leve
também em conta as construções já sugeridas, como anteriores possibilidades de formulações
teóricas, de hipóteses e de desenhos metodológicos sobre a questão. Supõe, assim, reconhecer
que os estudos sobre a midiatização estão em processualidade, assim como o próprio
fenômeno 2 .
2. Cenários da Midiatização
Parece-nos sugestivo reunir alguns indicadores que tratariam de dar elementos sobre
os cenários onde se manifestaria a midiatização, na medida em que a mesma se passa em
vários níveis da vida social. Poderia se caracterizar como ambientes e lugares, no sentido de
que ela teria como referência matricial lugar de organização e de funcionamento. Estaria tal
funcionamento diretamente associado a mecanismos de estratégias, segundo ações que
tratariam de dar forma às suas manifestações e aos seus imbricamentos com outras práticas
não midiáticas. Ou seja, a midiatização é algo maior do que as concepções de funcionalidades
e instrumentalidades como as questões midiáticas foram entendidas da parte de construções
teóricas filiadas às escolas ou correntes de investigação, nas quais as mídias não se
constituíam em suas questões centrais. A emergência deste conceito de midiatização é uma
decorrência do próprio desenvolvimento de uma modalidade prática de comunicação que
impõe aos campos de conhecimentos demandas de leituras e de interpretações que
superariam, por assim dizer, certos “protocolos clássicos”, cujos primeiros movimentos de
compreensão dos fenômenos midiáticos trataram de aprisionar o próprio objeto.
a) Processo Histórico
A midiatização situa-se em processos e contextos históricos e em percursos de
desenvolvimento de alta complexificação que impõem a necessidade de considerar
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Este fato gera conceitos e também programas de estudos e de investigação. É, neste contexto de intentos, que
poderíamos situar a criação do PPGCC - Processos Midiáticos da UNISINOS. Partindo de algumas referências
históricas, ainda que muito jovens, e de operadores conceituais, tentativamente descentrados, aos modelos
clássicos que trabalham os fenômenos midiáticos (mas, sem contudo, abandonar seus graus de tensionalidade ao
fenômeno), privilegia-se, como condição de produção desse Programa de Estudos a própria processualidade do
próprio campo da comunicação, bem como das manifestações dos seus objetos e de suas práticas (emergentes).
Rigorosamente, um programa de estudo em ritmo de processualidades, tanto quanto os objetos dos quais eles
cuidam.
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VERÓN, Eliseo. Conversacion sobre el futuro de la comunicación. 2002. (www.ubanet.com.ar)
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Estas questões são largamente conceituadas por Scott Lasch, no livro Crítica de la información, ao qual este
texto é largamente devedor. Ver a edição em língua espanhola, editada por Amorrortu, Buenos Aires, 2005.
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CHAMPION, Françoise. Religiosidade Flutuante: ecletismos e sincretimos. In: As grandes religiões do
mundo. 3ED. (org) Jean Danielou. Lisboa: Presença, 2002. p.705/733.
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sentido pelas quais palavras abandonam suas pertenças a sistemas culturais de significação e
ingressam nas lógicas de fluxos. Do ato significativo, ao accting out, ou ao ato indicial que
beira o acting out. As lutas já não têm como meta velhas teleologias morais, éticas,
confessionais e políticas. São travadas visando o acesso à operacionalidade do código e não o
exercício/aprendizado das gramáticas significacionais instituídas pelas racionalidades das
instituições que definiam os esquemas e modelos de pertença. A subjetividade não se realiza
mais pelos “pensamentos discretos”, mas segundo economias enunciativas ditadas pela lógica
dos fluxos. O ator social – o narrador – já não seria mais um intérprete, mas um operador de
indicialidades, de conexões. Não se trataria de uma lógica irracional, mas de uma
racionalidade segundo a qual não poderíamos dela estar fora, na medida em que as lógicas de
sentidos aí operadas tratam de dar sentido mesmo naquilo que seria impossível de ser
nomeado, como o real (aquilo que na psicanálise é apontado como o que sobra).
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especializados em torno das questões suscitadas por esses domínios”.(Ibidem: 210). Embora
reconheça a autonomia do campo dos mídias em agir por conta própria, na tematização e
publicização, entende, porém, que os mesmos se instalam ainda numa posição
representacional, na medida em que fazem veicular algo, cujo controle de enunciação estaria
ainda fora do seu âmbito: os outros campos sociais.
Apesar da importância das formulações de Rodrigues, quando sinalizam os primeiros
cenários sobre o fenômeno da midiatização, pode-se dizer que, historicamente, suas reflexões
colhem questões típicas ainda de uma sociedade midiática, na qual os meios são atores
importantes, não pela autonomia que gozam para construir, mas pelo fato se colocarem ainda
como um poder mediador e representacional. Deste ponto de vista, temos um conceito que
instala os meios num lugar ainda de instrumentalidades, ou seja, meios a serviço de um fim.
Tal inserção é assim comentada por Verón: “esta ideologia representacional acompanha a
localização do que chamaria a sociedade industrial mediática, e provê assim esta última de
um princípio de inteligibilidade que lhe permite “compreender” aquilo que está por chegar
uma sociedade midiática é uma sociedade onde os meios se instalam: considera-se que esses
representam suas mil facetas, constituem assim uma classe de espelho (mais ou menos
deformante, pouco importa), donde a sociedade industrial reflete e pela qual ela se
comunica. O essencial deste imaginário é que marca uma fronteira entre uma ordem que é o
“real” da sociedade (...) e outro que é da ordem da representação, da re-produção e que
progressivamente os médios tomou ao seu cargo.” (Verón, 2001: 14).
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BARBERO, J.M. De los médios a las mediaciones. Barcelona: Galli, 1985.
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- a midiatização a nu
Tais circunstâncias já vão apontando para uma nova forma de ver o fenômenos dos
mídias, que deixam de ser explicados por teorias e/ou clássicas categorias dos anos 40 e seus
desdobramentos, e passam a ter na própria complexificação da cultura da mídia, e os
cenários sócio-tecnológicos da sociedade, suas novas dimensões explicativas. A
intensificação de tecnologias voltadas para processos de conexões e de fluxos vai
transformando o estatuto dos meios, fazendo com que deixem ser apenas em mediadores e se
convertam numa complexidade maior – de um ambiente com suas operações – e as suas
incidências sobre diferentes processos de interações e práticas, em decorrência da existência
da mídia, assim considerada como algo mais complexo do que sua vocação, classicamente
colocada, a de “transportadora de significados”. É definida como uma nova matriz que se
funda em novas racionalidades com as quais realiza estratégias de produção de sentidos. A
midiatização é explicada como um novo bios (o quarto), que produz de “fato a afetação das
formas de vida tradicionais por uma qualificação de natureza informacional – tecnologia
societal, (...) cuja inclinação no sentido de configurar discursivamente o funcionamento
social em função de vetores mercadológicos e tecnológicos é caracterizada por uma
prevalência da forma sobre conteúdos semânticos” (Sodré, 2002:23). Nestes termos, ela é
compreendida como um “modo de organização” que ultrapassa largamente as dimensões
produtivas atribuídas ao clássico processo comunicacional. Articula velhas formas de
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MATA, Maria Cristina. De la cultura masiva a la cultura mediática. In: Revista Diálogos. Lima: Felafacs,
1999.
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interação com as formas virtuais de vida, o que faz com que a sociedade midiatizada seja
aquela na qual as tecnologias de comunicação se implantam vertical e horizontalmente nas
instituições, inserindo-se de maneiras específicas e segundo ainda múltiplas dinâmicas do
funcionamento social. A midiatização da sociedade seria combinatória de conhecimentos e
operações estruturadas nas formas de tecnologias de informação que criam novos ambientes e
nos quais se produzem novas formas de interações, que tem como referências lógicas e
processos discursivos voltados para a produção de mensagens. Mas, Gomes a compreende
como algo mais amplo do que uma nova ordem de “tecno-interação”, definindo-a como “um
novo modo de ser no mundo”(...) circunstancia que para ele faz com que “supere-se à
mediação como categoria para se pensar na televisão hoje. Estamos em uma nova ambiência
que, se bem tenha fundamento no processo desenvolvido até aqui, significa um salto
qualitativo, uma viagem fundamental no modo de ser e atuar 8 .” (Gomes, 2006: 2)
Porém, a midiatização vai mais além do ambiente e do seu próprio “modo de ser”, e se
constitui a partir de formas de formas e de operações sócio-técnicas, organizando-se e
funcionando com bases em dispositivos e operações constituídas de materialidades e de
imaterialidades. Seus processos de materialidades se passam em cenas
organizacionais/produtivas e em cenas discursivas. São em tais âmbitos que se realizam as
possibilidades pelas quais a midiatização pode afetar as características e funcionamentos de
outras praticas sócio-institucionais. Mas isso não significa uma ação de natureza linear,
determinística, pois a atividade da midiatização realiza-se de modo transversal, e ao mesmo
tempo relacional. A característica de transversalidade tem a ver com o fato de que de que
suas operações, além de afetar ao seu próprio campo, afetam também o campo das
instituições bem como aqueles dos seus usuários. Tais afetações são relacionais e geram,
conseqüentemente, retornos de processos de sentido das construções feitas pelos outros
campos, e que se instauram nos modos de funcionamento da midiatização. Isso significa dizer
que a midiatização produz mais do que homogeneidades, conforme depreendem as teorias
clássicas de comunicação, na medida em que pelo contrário, gera complexidades. No
contexto de dois pontos de vistas distintos, esta questão é assim comentada: Para Augé 9 , ao
refletir sobre a incidência das técnica de comunicação, nos processos de construção de
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GOMES, Pedro Gilberto. A midiatização no processo social. p.2. Paper apresentado no seminário temático de
Midiatização. Rede Prosul. CNPq/UNISINOS. São Leopoldo, 2005.
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AUGÉ, Marc. A guerra dos sonhos. Lisboa: Presença, 1989.
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SILVA, Armando. Polvos de ciudad. Bogotá: La Balsa: 2005.
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O que nos sugere este diagrama 12 , é respondido por pesquisas que procuram chamar
atenção para as seguintes questões, dentre outras:
a) de maneira crescente, as operações de midiatização afetam largamente práticas
institucionais que se valem de suas lógicas e de suas operações para produzir as
possibilidades de suas novas formas de reconhecimento nos mercados discursivos. Exemplos,
próximos a nós, nos mostram, como os campos sociais – política, religião, educação, saúde,
etc – fazem de regras da midiatização insumos para construção de suas estratégias, seus
11
VERÓN, Eliseo. Semiosis de la mediatización. Seminário Internacional Median and Social Perceptions. Rio
de Janeiro, 1998.
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Esquema publicado no artigo de Eliseo Verón, Esquema para el analisis de la mediatización. In: Revista
Diálogos de la Comunicación. Lima: Felafacs, 1997
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produtos, para não dizer suas próprias identidades. Trata-se dentre outras coisas, de fazer
atravessar formas de discursos inerentes aos campos sociais, àquelas por operações
midiáticas, em que a “comunicação - representação” dá lugar a “comunicação - presentação”
funcionando no interior de instituições não midiáticas, como é o caso da escola, dos partidos
políticos, das práticas religiosas, etc 13 . Vários registros empíricos estão muito próximos do
nosso universo, sinalizando que não se trata apenas de uma “tomada de empréstimo”, mas de
uma transformação de protocolos enunciativos inerentes aos campos sociais, naqueles outros
pertencentes à esfera de discursividade dos mídias. As práticas comunicacionais das
instituições também afetam as praticas dos próprios campos das mídias, quando as agendas
informativas são caucionadas por lógicas de agendas de outros campos sociais 14 . O que
significa a emergência de novas operações de sentidos sobre os cenários da produção
discursiva jornalística. Por exemplo, diz o ESP, em sua edição de 3/1/2006: “Agora os
entrevistados gravam entrevistas . Fontes insatisfeitas até republicam o conteúdo em sites.
Ou seja, segundo o registro, estes procedimentos de intervenção da fonte sobre o processo de
produção da notícia- e que é apontado como arma – está ajudando a mudar a maneira como
as notícias são apuradas e apresentadas. Isso traz implicações para o futuro do
jornalismo.”
b) Também as agendas midiáticas afetam o mundo dos indivíduos, os quais muitas vezes
estruturam seus esquemas identitários, tendo como referência laços identificatórios propostos
pela midiatização. As práticas midiáticas reformulam, segundo “contratos de leituras”, o
próprio conceito da audiência que deixa de ser visto como aglomerações “à distância”,
tornando-se universo co-gestor das próprias cenas discursivas midiáticas. Mas, no esquema
da dupla flecha, os usuários produzem também manifestações sobre o que recebem, e que
podem se constituir em “estratégias desviantes” em relação aos produtos originais, ou, ainda,
em “pontos de fugas”, não recuperados pelas lógicas da produção, talvez pela circulação. O
que significa também um cenário pouco estudado pelas pesquisas.
c) As relações entre instituições e usuários sociais passam a ser mediadas por protocolos que
se apóiam nas lógicas da midiatização, como assessorias especiais, o que enseja a presença
destes conhecimentos no coração mesmo do âmbito das organizações. Isso sugere também
13
Ver as pesquisas do autor: Ensinando à Televisão - estratégias de recepção da TV Escola. João Pessoa: Ed.
Universitária, 2001; Lula Presidente - Televisão e política na campanha eleitoral de 2002. São Paulo/São
Leopoldo: Hackers/Unisinos, 2002; A Igreja Doméstica. In: Cadernos IHU. São Leopoldo: Unisinos, 2004.
Ano 2, N.7.
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14
CHARRON, Jean. Los meios y las fuentes in Comunicación y política. Barcelona: Gedisa, 1994.
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NÖTH, Winfried. La autoreferencia em los médios. In: Semiótica dos mass medias. (org) Vera Pablo
Espinosa. México: Oceano, 2005.
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LUHMANN, Niklas. La realidad de los mass medias. Madri: Anthropos, 2002.
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Como dissemos, este mecanismo de auto-referencialidade apresenta-se de várias formas: as mídias falando de
si próprias, uma enviando-as as outras (O jornal nacional que você nunca viu. VEJA, 1.12.2004; Na Argentina
destaque para edição de Noticias da semana, cuja capa reúne com matéria principal: Los periodistas mais
creibles sin censura. Buenos Aires, 26.11.2005). Enunciam a defesa dos seus modelos de apuração dos
acontecimentos, no lugar do que deve ser mostrado como acontecimento produzido (Jornalismo sem fronteiras,
carta do leitor. Veja, 5.11.2005; Carta do Editor - Um Trabalho de fôlego. Época, 12.11.2201). As motivações
de programas e emissões se fundam mais em “lógicas para-jornalísticas”, como estratégias comerciais; a
credibilidade dos acontecimentos aparece associada à protagonização de suas personagens produtoras, e não aos
valores-notícias, com o desdobramento de vidas privadas, e não a observância dos valores-notícias, espécie de
racionalidade sobre a qual repousaria a produção da noticiabilidade. A vida privada se desdobra na esfera
pública (William Bonner e Fátima Bernardes a mais bela história de amor. Caras, 9.6.2005) O ex-presidente
Menen vira convidado especial do programa de sua mulher, na tevê chilena, emissão apresentada por sua
própria mulher, gênero que é convertido num espaço privado, quando se tematiza a vida do casal, e fato que é
registrado pela mídia noticiosa, com destaque. (Menen e Cecília Bolocco, em uma entrevista picante para TV
chilena. El Clarin, 25.11.2005). Os jornalistas de “operários da notícia”, viram capa de revistas, convertidos em
star de um mundo que promove seu próprio modo de ser realidade; as molduras gráficas (capas e revistas) são
objetos do discurso acadêmico e de publicações científica. O candidato a mandato político abandona o contato,
na própria territorialidade do eleitor, para, através de outro território – o rádio – transmutar-se num oficiante
religioso e através desta “conversão” capturar o voto do fiel/eleitor... Publicações semanais informativas, têm
suas capas, convertidas em objetos de reflexões e matérias de revistas especializadas e/ou de estudos
acadêmicos. (Capa de revista transforma notícia em produto. Revista FAPESP, São Paulo, dez/2005).
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VERÓN, Eliseo. Psicologia Social e Ideologia. In: Psicologia, loucura e sociedade. Buenos Aires: Siglo XXI,
1978.
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VERÓN, Eliseo. Condiciones de produción, modelos generativos y manifestacion ideológica. In: El proceso
ideológico (org) E. Veron. Buenos Aires Timempo Editorial, 1971.
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BARBERO, J. M. Razon técnica y razon politica – espacios/tiempos no pensados. In: revista Alaic. N1. São
Paulo, 2004.
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