FISIOTERAPIA e
PESQUISA
REVISTA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FISIOTERAPIA E PESQUISA
Curso de Fisioterapia
Fofito/FM/USP
R. Cipotânea 51 Cidade Universitária
05360-160 São Paulo SP
e-mail: revfisio@edu.usp.br
Fisioterapia e Pesquisa v.15, n.4, out./dez. 2008 http://medicina.fm.usp.br/fofito/fisio/revista.php
Telefone: 55 xx 11 3091 8416
Fisioterapia e Pesquisa / (publicação do Curso de Fisioterapia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) INSTITUIÇÕES COLABORADORAS
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS
v.1, n.1 (1994). – São Paulo, 2005.
v. : il.
Continuação a partir de v.12, n.1, 2005 de Revista de
Fisioterapia da Universidade de São Paulo.
Semestral: 1994-2004
Quadrimestral: a partir do v.12, n.1, 2005
Trimestral: a partir do v.15, n.1, 2008 ASSOCIAÇÃO DE FACULDADE DE MEDICINA
FISIOTERAPEUTAS DO BRASIL DE RIBEIRÃO PRETO / USP
Sumários em português e inglês
ISSN 1809-2950 APOIO
Filiada à
FACULDADE DE MEDICINA
DA UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO
ISSN: 1809-2950
FISIOTERAPIA e
PESQUISA
REVISTA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA FACULDADE
DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Presidenta da ABRAPG-Ft
Raquel Rodrigues Britto
Vice-presidenta da ABRAPG-Ft
Fisioter Pesq.
Fisioter
2008;15(4)
Pesq. 2008;15(4) 325
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.15, n.4, p.326-32, out./dez. 2008 ISSN 1809-2950
Estudo desenvolvido no Depto. RESUMO: O estudo visou investigar se a qualidade de vida (QV) de idosos com
de Medicina Preventiva da osteoartrite (OA) de joelho pode ser influenciada por fatores sociodemográficos e/
EPM/Unifesp – Escola Paulista ou por parâmetros clínicos e funcionais gerados pela doença. A uma amostra de
de Medicina da Universidade 40 idosos atendidos em ambulatório de reabilitação gerontológica na cidade de
Federal de São Paulo, São São Paulo foi aplicado o questionário de QV 36-Item Short-Form Survey (SF-36). A
Paulo, SP, Brasil funcionalidade, a rigidez articular e a dor foram medidas pelo Womac – Western
1 Ontario and MacMaster Universities Osteoarthritis Index; os dados
Fisioterapeuta;Prof. Ms. do sociodemográficos, as variáveis clínicas e o uso de recursos físicos e
Depto. de Fisioterapia da
Universidade de Taubaté, SP, medicamentosos para controle da dor foram obtidos por questionário complementar.
Brasil A análise de regressão linear mostrou relação independente entre o domínio
funcionalidade do Womac e seis domínios do SF-36 (p<0,05). São determinantes
2
Fisioterapeuta Ms.; de pior QV na amostra estudada a dificuldade na realização de atividades funcionais,
Coordenadora geral do setor de usar dispositivo de auxílio à marcha, apresentar comprometimento articular bilateral,
Reabilitação Gerontológica do o recurso a diversos meios para alívio da dor, bem como a baixa escolaridade e o
Lar Escola São Francisco, fato de morar com outro de sua geração (r=0,3; p<0,05). As atividades funcionais
vinculado à EPM/Unifesp mais comprometidas foram as que envolvem a flexo-extensão de joelho e descarga
3
de peso na articulação afetada. Fatores tanto sociodemográficos como clínicos e
Médico; Prof. Dr. titular do funcionais gerados pela OA influenciaram negativamente a QV de idosos com OA
Depto. de Medicina Preventiva de joelho.
da EPM/Unifesp
DESCRITORES: Idoso; Osteoartrite do joelho; Qualidade de vida
ENDEREÇO PARA
CORRESPONDÊNCIA ABSTRACT: This study inquired whether quality of life (QoL) among elderly patients
with knee osteoarthritis (OA) may be influenced by sociodemographic and/or clinic
Tiago da Silva Alexandre and functional factors. A sample of 40 elderly outpatients from a gerontological
R. José Gonçalves 73 Parque rehabilitation service in Sao Paulo answered the Brazilian version of the 36-Item
Industrial Short Form Survey (SF-36). Functionality, joint stiffness and pain were assessed by
12237-710 São José dos the Womac – Western Ontario and MacMaster Universities Osteoarthritis Index.
Campos SP Further data on sociodemographic and clinical features, including pain-relieving
e-mail: tsfisioalex@gmail.com strategies, were obtained by a complementary questionnaire. By means of linear
regression analysis, an independent relationship was found between the Womac
functionality domain and six SF-36 domains (p<0.05). In the studied sample, poor
QoL was found to be correlated to difficulty in functional activities, using a gait
assistive device, to present bilateral knee impairment, to resort to several means to
relieve pain, as well being illiterate and living with another elderly (r=0.3; p<0.05).
The most impaired functional activities were those that involve knee flexion and
APRESENTAÇÃO extension, and weight support on the affected limb. Both sociodemographic and
jan. 2008 clinical, functional factors generated by OA negatively influenced QoL of elderly
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO patients with knee OA.
nov. 2008 KEY WORDS: Aged; Osteoarthritis, knee; Quality of life
Tabela 1 Qualidade de vida (pontuação média nos domínios do SF-36) em função das variáveis sociodemográficas
Média de pontuação nos domínios do SF-36
Variável Categoria
CF AF Dor EGS V AS AE SM
Masculino n=1 40,0 100 41,0 97,0 85,0 100,0 100,0 92,0
Sexo
Feminino n=39 42,9 39,4 46,0 62,5 54,1 64,4 67,5 59,5
Com vida conjugal n=14 39,6 41,1 44,9 64,1 50,0 63,4 61,9 57,7
Estado civil
Sem vida conjugal n=26 44,6 41,3 46,4 62,9 57,5 66,3 71,8 61,7
Vive só n=10 51,5 45,0 55,2* 74,5 60,5 70,0 70,0 68,4
Estrutura
Com outro de sua geração n=7 41,9 21,9 27,4* 64,4 46,3 43,8 58,3 52,0
familiar
Em família multigeracional n=23 39,3 46,6 48,4* 57,9 55,5 71,0 71,2 59,6
Analfabeto n=4 27,5 0,0 23,3* 49,8 56,3 31,3 25,0 28,0*
Escolaridade 1 a 4 anos n=23 44,8 44,6 52,0* 63,0 56,7 72,8 72,5 64,0*
5 e + anos n=13 44,2 48,1 42,0* 68,1 51,2 62,5 74,4 63,7*
Aposentado n=26 45,6 45,2 46,5 63,9 56,2 67,3 64,1 60,2
Situação
Pensionista n=10 35,5 27,5 40,0 62,6 54,0 58,8 73,3 60,0
previdenciária
Outros n=4 43,8 50,0 56,5 61,5 48,8 68,8 83,3 62,0
Situação Aposentado ou trabalha n=8 38,8 62,5 46,8 64,0 51,3 76,6 83,3 63,0
ocupacional Dona de casa n=32 43,9 35,9 45,7 63,2 55,8 62,5 64,6 59,6
Condição de Moradia própria n=23 42,2 43,5 44,6 62 52,6 57,6 65,2 54,3*
moradia Alugada ou cedida n=17 43,8 38,2 47,6 65,1 57,9 75,7 72,5 68,5*
Sem renda n=5 49,0 40,0 47,6 64,6 42,0 57,5 66,7 60,0
Renda pessoal 1 a 3 salários mínimos n=31 41,6 35,5 46,3 62 55,3 65,3 64,5 60,8
4 a 6 salários mínimos n=4 45,0 87,5 40,8 72,0 67,5 75,0 100,0 57,0
Média 42,9 41,3 45,9 63,3 54,9 65,3 68,3 60,3
DP 23,1 42,9 20,7 23,8 19,3 33,2 41,3 21,8
CF = capacidade funcional; AF = aspecto físico; EGS = estado geral de saúde; V = vitalidade; AS = aspectos sociais; AE = aspecto emocional;
SM = saúde mental; DP = desvio padrão; * p=0,05
das variáveis sociodemográficas e entre o maior uso de medicamentos e a Foi encontrada correlação entre a
clínicas estão dispostas nas Tabelas 1, 2 pior pontuação no domínio dor do SF- estrutura familiar e o domínio dor do SF-
e 3. 36; entre os escores na EVA de dor à 36: os que moravam sozinhos tiveram
noite e do domínio EGS do SF-36, bem menor pontuação nesse domínio
A análise preliminar mostrou cor-
como na EVA de dor ao repouso e do do- quando comparados aos que vivem em
relações negativas (de moderadas a
mínio aspecto emocional (AE) do SF-36. família multigeracional ou com outro de
fortes) entre o domínio funcionalidade
sua geração. A escolaridade e a condi-
do Womac e os domínios capacidade Usar dispositivo de auxílio à marcha
ção de moradia apresentaram correlação
funcional (CF), aspecto físico (AF), dor, correlacionou-se com mais baixos
com pior escore no domínio SM, sendo
estado geral de saúde (EGS), aspectos escores nos domínios CF, AF e dor do
os idosos analfabetos e moradores em
sociais (AS) e saúde mental (SM) do SF- SF-36 (Tabela 2). Ter comprometimento
casa própria aqueles com pior pontua-
36 (Tabela 3) ou seja, quanto maior o bilateral dos joelhos e usar gelo para
ção nesse domínio.
escore no domínio funcionalidade do diminuir a dor e apresentaram correla-
Womac, mais negativa a percepção da ção com a percepção de menor vitali- A análise de regressão linear múltipla
interferência desses domínios do SF-36 dade; e usar calor para aliviar a dor, com permite supor uma relação de causa-
na qualidade de vida. Também foram menor pontuação no domínio AE do SF- efeito entre duas variáveis, de tal forma
encontradas correlações moderadas 36. que uma variável pode ser predita a
Tabela 2 Qualidade de vida (pontuação média nos domínios do SF-36) em função das variáveis clínicas
Média de pontuação nos domínios do SF-36
Variável Categoria
CF AF Dor EGS V AS AE SM
Sim n=8 49,4 50,0 56,3 76,8 56,3 73,4 79,2 68,0
Repousa para reduzir a dor
Não n=32 41,3 39,1 43,3 60 54,5 63,3 65,6 58,4
Usa medicação para Sim n=25 40,4 42,0 43,4 59,8 52,4 63,0 73,3 58,4
reduzir a dor Não n=15 47,0 40,0 49,9 69,2 59,0 69,1 60,0 63,5
Sim n=8 32,5 21,9 39,1 62,8 38,1* 50,0 45,8 54,0
Usa gelo para reduzir a dor
Não n=32 45,5 46,1 47,6 63,5 59,1* 69,1 74,0 61,9
Sim n=6 30,0 16,7 39,8 52,2 45,0 41,7 22,2* 46,0
Usa calor para reduzir a dor
Não n=34 45,1 45,6 46,9 65,3 56,6 69,5 76,5* 62,8
Usa dispositivo de auxílio à Sim n=10 25,0* 12,5* 28,9* 55,4 49,0 46,3* 36,7* 52,8
marcha Não n=30 48,8* 50,8* 51,5* 66,0 56,8 71,7* 78,9* 62,8
Comprometimento em Unilateral n=19 53,2* 46,1 54,7* 68,2 62,1* 76,3* 71,9 68,2*
membros inferiores Bilateral n=21 33,6* 36,9 37,9* 59,0 48,3* 55,3* 65,0 53,1*
Sim n=7 43,6 35,7 41,6 57,6 47,9 53,6 52,3 49,1
Depressão
Não n=33 42,7 42,4 46,8 64,5 56,4 67,8 71,7 62,6
Média 42,9 41,3 45,9 63,3 54,9 65,3 68,3 60,3
DP 23,1 42,9 20,7 23,8 19,3 33,2 41,3 21,8
CF = capacidade funcional; AF = aspecto físico; EGS = estado geral de saúde; V = vitalidade; AS = aspectos sociais; AE = aspecto emocional;
SM = saúde mental; DP = desvio padrão; * p=0,05
Tabela 3 Correlação (r) entre os escores (média e desvio padrão) nos domínios do Womac, de dor, medicamentos, diagnósticos
e as médias nos domínios do SF-36
Correlação com as médias nos domínios do SF-36
Variável Média DP
CF AF Dor EGS V AS AE SM
Dor (Womac) 1,69 0,86 -0,7* -0,4† -0,6‡ -0,5† -0,2 -0,5† -0,2 -0,6‡
Rigidez articular (Womac) 1,62 1,04 -0,6‡ -0,2 -0,5† -0,4† -0,04 -0,3 -0,06 -0,5†
Funcionalidade (Womac) 1,60 0,87 -0,8* -0,5‡ -0,6‡ -0,6‡ -0,2 -0,5‡ -0,3† -0,6‡
Dor (EVA) ao movimento 5,35 0,49 -0,6‡ -0,3 -0,4† -0,4† -0,2 -0,4† -0,3 -0,4†
Dor (EVA) à noite 4,33 0,51 -0,5‡ -0,2 -0,4† -0,6‡ -0,2 -0,3† -0,2 -0,3†
Dor (EVA) ao repouso 2,97 0,50 -0,5‡ -0,3 -0,5† -0,5† -0,2 -0,5† -0,4† -0,4†
Número de medicamentos 4,18 2,01 -0,2 -0,3 -0,5† -0,3† -0,1 -0,4† 0,1 -0,3
No de hipóteses diagnósticas 6,88 2,57 0,1 -0,2 0,1 -0,1 -0,1 0,01 <0,001 0,05
Correlação: * r ≥0,7; † ≥0,3 r<0,5; ‡ ≥0,5 r< 0,7; DP = desvio padrão; CF = capacidade funcional; AF = aspecto físico; EGS = estado
geral de saúde; V = vitalidade; AS = aspectos sociais; AE = aspecto emocional; SM = saúde mental
decorra do uso exclusivo de analgésicos de lidar com a dor. Idosos parecem pre- cíficos para uma doença, para uma
ou antiinflamatórios. Não houve contro- ferir morar em suas próprias casas, pois função ou para um problema. O
le dessa variável (tipo de medicação), o morar com outros é vinculado à perda Womac, embora concebido como um
que constitui uma limitação do presente de privacidade e autonomia, sendo instrumento clinimétrico, não foi
estudo, prejudicando a interpretação percebido como ameaça à integridade validado em dois dos cinco domínios de
dessa relação encontrada. pessoal22. A própria autonomia faz com sua concepção original (domínios
que utilizem estratégias comporta- emocional e social), o que limita sua
Elevada pontuação na EVA de dor à mentais para regular, tolerar ou minimi- classificação12. Por essa razão, o Womac
noite correlacionou-se com percepção zar o distresse psicológico gerado pela foi utilizado somente para avaliar a
de pior EGS, assim como elevada dor. Outra possível explicação de que percepção de dor, rigidez articular e
pontuação na EVA da dor ao repouso esses idosos que moram só apresentam funcionalidade. O impacto dessas
com pior percepção do AE. O processo melhor QV seria a presença de OA me- deficiências, incapacidades e desvanta-
inflamatório relacionado à OA muitas nos grave e, portanto, de menos dor e gens na QV foi avaliado pelo SF-36,
vezes está associado a edema articular, incapacidade. instrumento psicométrico.
rigidez matinal e dor no período notur-
no. A dor noturna e ao repouso têm Também é possível supor que usar
impacto negativo direto na qualidade do gelo ou calor, ou mais medicamentos,
para aliviar a dor seja um indicativo de
CONCLUSÃO
sono dos idosos. O fato de a insônia estar
dor mais intensa, talvez de OA mais gra- Este estudo confirma que as atividades
associada à dor implica irritabilidade,
ve, o que justificaria as relações encon- funcionais mais comprometidas nos
pior percepção da função emocional e,
tradas entre essas variáveis e a percepção idosos com OA de joelho são as que
portanto, de pior estado geral de saúde8.
de pior QV. envolvem a flexo-extensão de joelho e
Considerando o peso de fatores psico-
descarga de peso na articulação afetada.
lógicos na percepção de bem-estar geral, No presente estudo não se avaliou a
Coerentemente, a dificuldade na reali-
pode-se inferir que a presença de dor gravidade clínica e radiológica da OA,
zação de atividade física, a redução da
pode interferir negativamente na pois diversos estudos têm demonstrado
capacidade funcional foram os fatores
percepção da função emocional que a radiografia de joelho é um guia
que mais interferiram na QV na amostra
(aspecto psicológico)21. impreciso quando a dor articular e a
estudada; outros determinantes de pior
incapacidade estão presentes23. Esta é
Foi observada uma discrepância entre QV foram usar dispositivo de auxílio à
uma limitação deste estudo; futuras
os escores encontrados no domínio dor marcha, apresentar comprometimento
pesquisas devem buscar incluir o grau
do questionário Womac e nas EVAs. Isso articular bilateral, apresentar maior
de gravidade do acometimento.
pode ser explicado pois neste estudo a queixa de dor à noite e ao repouso, re-
A escolha dos instrumentos utilizados correr a maior número de medi-
EVA foi aplicada referindo-se a três
baseou-se na classificação de instrumen- camentos, a gelo e calor para aliviar a
situações (movimentação, noite e
tos de QV em genéricos e específicos. dor, bem como a baixa escolaridade e o
repouso) distintas daquelas avaliadas
Os perfis de saúde são instrumentos fato de morar com outra pessoa de sua
pelo Womac – caminhando, subindo e
genéricos (psicométricos), que buscam geração. Foi possível verificar que tanto
descendo escadas, deitado na cama,
medir os aspectos importantes da QV. fatores sociodemográficos como fatores
sentando ou deitando e ficando em pé.
Os instrumentos específicos (clinimétri- clínicos e funcionais gerados pela OA
O fato de morar sozinho/a pareceu cos) centram sua avaliação em aspectos influenciaram negativamente a QV de
estar relacionado à melhor capacidade do estado de saúde, podendo ser espe- idosos com OA de joelho.
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Estudo desenvolvido no Depto. RESUMO: O estudo visou conhecer o modelo de atuação da fisioterapia em reabilitação
de Cirurgia Cardiovascular da cardiovascular (RC) no Brasil, bem como o perfil profissional do fisioterapeuta que
EPM/Unifesp – Escola Paulista trabalha com RC e o perfil administrativo dos serviços de RC. Foram obtidas 67
de Medicina da Universidade respostas a um questionário disponibilizado na internet durante 2005, consistindo
Federal de São Paulo, São em 52 perguntas fechadas sobre a RC: 25 questões referentes ao modelo de atuação,
Paulo, SP, Brasil 14 aos procedimentos de avaliação, 3 ao perfil acadêmico e profissional da equipe,
1 6 à administração do serviço de RC e 4 questões abertas para sugestões. A
Fisioterapeutas; pós-graduandas intervenção fisioterápica (IF) em RC está presente em cerca de dois terços dos
na disciplina de Cirurgia
Cardiovascular da EPM/Unifesp serviços estudados; dentre os que oferecem IF em RC, 63% iniciam a reabilitação
no período pré-intervenção. O acompanhamento fisioterápico no pós-intervenção
2
Fisioterapeuta; Prof. Dr. adjunto é realizado em 71% dos serviços nas unidades de terapia intensiva e em 75% nas
da Universidade de Brasília, unidades de internação. Na fase III da RC, 65% dos serviçoc oferecem tratamento
Brasília, DF supervisionado aos pacientes. O fisioterapeuta é o principal profissional ligado à
administração do serviço e a maioria apresenta formação em nível de
3
Fisioterapeuta Ms. do Hospital especialização. O presente estudo evidencia a necessidade de outros estudos sobre
das Clínicas da Faculdade de o tema, visando a padronização dos serviços e a criação de manuais de conduta.
Medicina da Universidade de
São Paulo DESCRITORES: Doenças cardiovasculares/reabilitação; Prática profissional/estatística
& dados numéricos; Serviço hospitalar de fisioterapia
4
Fisioterapeuta especialista em
Clinica Médica ABSTRACT: This exploratory study aimed at knowing physical therapy practices in cardiac
rehabilitation (CR) services in Brazilian hospitals, as well as the professional profile
5
Médico cirurgião; Prof. Dr. and scholarly background of physical therapists who work therein, besides getting
titular do Depto. de Cirurgia information on Pt services management. A websurvey was carried out using a 52-
Cardiovascular da EPM/Unifesp item questionnaire consisting in: 25 questions on the model of action; 14 on
6 procedures performed during evaluations; 3 on scholarly and professional profiles;
Médico cirurgião; Prof. Dr.
6 on administration of the CR service, plus four open-ended questions for
adjunto do Depto.de Cirurgia
Cardiovascular da EPM/Unifesp suggestions. In about a third of the 67 respondent institutions, there is no CR physical
therapy; among those where there is one, 63% of the services begin CR in the pre-
ENDEREÇO PARA intervention period. Physical therapy monitoring in the post-intervention period is
CORRESPONDÊNCIA performed in 74% of services. In phase III of CR, 65% of patients undergo supervised
treatment. Physical therapists are the main professionals linked to the administration
Vanessa Mair in 32% of the services (n=18), and most of them have master degrees. This study
Escola Paulista de Medicina - points to the need to further studying the subject, so as to help service standardization
Cirurgia Cardiovascular and the production of guidelines for CR physical therapy.
R. Napoleão de Barros 715 3º KEY WORDS: Cardiovascular diseases/rehabilitation; Physical therapy department,
andar hospital; Professional practice/statistics & numerical data
04025-001 São Paulo SP
e-mail: darleneyuri@ig.com.br
APRESENTAÇÃO
fev. 2008
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
nov. 2008
em apenas 31% dos serviços na fase pré- Tabela 2 Distribuição percentual* dos procedimentos de avaliação utilizados nos
intervenção, e em porcentagens ainda serviços segundo as fases da RC
menores nas demais fases (Tabela 2). Na
fase I destaca-se o uso da manovacuo- Procedimento Pré-int FI F II F III
metria em 31% (n=65) e da ventilometria Ficha de avaliação protocolada 31 28 28 30
em 15% (n=41), como as medidas mais Questionário específico 7 4 10 8
utilizadas em relação às outras fases. Os
Ventilometria 12 15 4 6
questionários validados específicos são
muito pouco utilizados independente da Manovacuometria 17 31 14 11
fase da RC, assim como as escalas de Espirometria 11 6 10 7
risco, a espirometria e o teste ergoespi- Teste ergométrico 8 4 14 19
rométrico. O teste ergométrico tem Teste ergoespirométrico 3 4 6 9
maior utilização nas fases II em 14% dos
serviços e em 19% na fase III (Tabela 2). Escalas de risco 8 4 7 6
Outros 3 4 7 4
Perfil da equipe profissional *
Total (%) 100 100 100 100
respostas múltiplas: podiam ser indicados um ou vários procedimentos;
Quanto às equipes que atuam nos Pré-int = pré-intervenção; F = Fase
serviços, pôde-se constatar a diversida-
de dos profissionais diretamente envol- rapeutas envolvidos no programa de RC próximas: em um terço dos casos vêm
vidos na RC, sendo os fisioterapeutas que participaram deste estudo, 8 têm de uma distância de até 5 km e, em outro
bem menos numerosos do que psicólo- graduação, 2 aprimoramento, 7 especia- terço, de até 15 km de distância.
gos ou nutricionistas. Em contrapartida, lização, 16 mestrado e 4, doutorado.
o fisioterapeuta é o principal profissional
ligado à administração do serviço, segui-
Administração do serviço DISCUSSÃO
do pelo médico, enfermeiro, nutricionis-
ta e psicólogo, entre outros (Tabela 3). O estudo traz informações importan-
Quanto à situação econômica do
tes sobre o modelo de atuação e proce-
Foi possível obter informação sobre serviço de RC, os 65 respondentes a essa
dimentos de avaliação empregados pelo
a formação de apenas 24 profissionais questão a classificam: 21 (40,4%) como
fisioterapeuta que trabalha com RC, nas
ligados à administração do serviço de RC: boa; 19 (36,5%) como regular; e 12
diferentes fases, além de informações
mais de dois terços (n=15) têm formação (23,1%) como ruim. A manutenção do
ligadas ao perfil acadêmico, profissional
em administração, dois possuem gradua- programa de RC é em sua maioria fi-
e à administração do serviço de RC.
ção, quatro pós-graduação lato sensu, e nanciada pelo SUS (35,4%), origem
três pós-graduação scricto sensu. Quanto principal dos honorários. A maioria dos Esse tipo de estudo, com base em
à formação acadêmica dos 37 fisiote- pacientes são provenientes de regiões questionário veiculado pela internet
para a adequada prescrição da atividade próximas ao local (até 15 km), mos- RC. Futuros estudos devem buscar
física. Os testes de esforço são impor- trando que a distância pode ser um fator utilizar questionário que não demande
tantes para a segurança e efetividade de que contribua para maior adesão ao muito tempo dos respondentes, além de
um programa de RC; devem ser aplica- programa. tentar mapear os serviços existentes,
dos antes do início da fase III, e repetidos superando outra limitação do presente
Quanto aos profissionais ligados
quando ocorrerem mudanças no estado estudo, quanto à representatividade das
à administração do serviço, observa-se
clínico ou sintomático, bem como para instituições respondentes.
maior participação do fisioterapeuta,
prescrição e reavaliação do treino de
seguida por médicos e enfermeiros. Esse
exercícios22,28. Entretanto, segundo os
dados deste estudo, são muito pouco
achado é semelhante ao encontrado em
estudo realizado na Inglaterra, que
CONCLUSÃO
utilizados.
aponta o fisioterapeuta e enfermeiro A fisioterapia tem importante partici-
Nos serviços deste estudo, pro- como profissionais responsáveis pela pação nos programas de RC. A interven-
fissionais de diversas áreas e formações coordenação dos serviços de reabili- ção fisioterápica no período pré-
estão envolvidos na RC. E a maior parte tação32. intervenção e demais fases está presente
dos fisioterapeutas que trabalham com em cerca de dois terços dos serviços.
Este estudo apresenta limitações
RC e responderam o questionário apre- Para a avaliação, a ficha protocolada é
decorrentes do número de questões, que
senta alto nível de escolaridade. Esse o item mais utilizado, sendo questio-
exigiu do voluntário participante longo
achado condiz com o perfil de pro- nários específicos raramente usados. O
tempo para resposta. Isso pode ter
fissional com maior conhecimento, uma fisioterapeuta é o principal profissional
causado o grande número de questões
vez que a área de trabalho é bastante ligado à administração do serviço de RC.
não respondidas ou de respostas em
técnica, exigindo maior qualificação Apesar das informações aqui obtidas
número insuficiente (36,5%). Como
profissional. Um estudo publicado na
essas questões eram principalmente sobre o trabalho do fisioterapeuta na RC,
Espanha destaca o fisioterapeuta como
ligadas às técnicas fisioterápicas requerem-se outros estudos abordando
profissional não-médico que aparece
utilizadas durante o tratamento, estas não só o perfil do fisioterapeuta, mas a
com maior freqüência na equipe de
não puderam ser aqui analisadas. atuação fisioterapêutica em RC no Brasil,
reabilitação cardíaca30.
Também ficou prejudicado, devido ao auxiliando também a padronização e
A maioria dos pacientes que parti- baixo número de respostas, o perfil expansão dos serviços e a criação de
cipam da RC residem em regiões acadêmico do profissional envolvido na manuais de conduta.
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Estudo desenvolvido na Escola RESUMO: A proposta deste estudo foi comparar a aplicação de alongamento estático
de Fisioterapia da FAA – passivo e alongamento proprioceptivo no tratamento de seqüelas de hanseníase.
Faculdades Anglo-Americano, Doze pacientes com essas seqüelas participaram da pesquisa, separados
campus de Foz do Iguaçu, PR, aleatoriamente em dois grupos: o grupo FNP, tratado com facilitação neuromuscular
Brasil proprioceptiva, e o grupo AEP, com alongamento estático passivo. Ambos realizaram
1 dez sessões de alongamentos, sendo submetidos à avaliação inicial e final nas
Fisioterapeutas quais foram aplicados o questionário SF-36, mensuradas a amplitude de movimento
2
Fisioterapeuta da Clínica-Escola (ADM) do punho e tornozelo, testados os reflexos e a sensibilidade. No grupo FNP
de Fisioterapia da FAA foi observada melhora na ADM do tornozelo e em três domínios do SF-36; no
grupo AEP, em cinco domínios do SF-36. Quando comparados os grupos, o FNP
ENDEREÇO PARA obteve melhora significativa na extensão do punho, dorsiflexão e plantiflexão em
CORRESPONDÊNCIA relação ao AEP. A facilitação neuromuscular proprioceptiva parece ser um método
mais eficaz para ganhar alongamento muscular e ADM de tornozelo e punho em
Andersom Ricardo Fréz pacientes com seqüelas de hanseníase. Não foi observada relação entre acréscimo
Av. Paraná 5661 vila A na ADM e melhora na qualidade de vida relacionada à saúde nos pacientes dos
85868-030 Foz do Iguaçu PR dois grupos.
e-mail:
DESCRITORES: Exercícios de alongamento muscular; Hanseníase/reabilitação;
andersom_frez@yahoo.com.br
Terapia por exercício
ABSTRACT: The purpose of this study was to compare the effects of two kinds of stretching
– passive, static stretching, and proprioceptive neuromuscular facilitation (PNF) –
in patients with leprosy sequel. Twelve patients were randomly assigned into two
groups: the PNF group and the SS group, that was submitted to static stretching.
Both groups attended ten stretching sessions, being submitted to initial and final
evaluations in which were assessed: health-related quality of life, by means of he
SF-36 questionnaire; ankle and wrist range of motion (ROM); and sensitivity and
reflex testing. Improvements in ankle movement and in three SF-36 domains were
observed in PNF group; and in five SF-36 domains in SS group. PNF group showed
better improvement in wrist extension and ankle movement than SS group. PNF
seems to be a more effective method to increase flexibility and ankle and wrist
APRESENTAÇÃO range of motion in patients with leprosy sequelae. No relation was found between
abr. 2008 ROM improvement and perception of better health-related quality of life in any of
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO the groups.
nov. 2008 KEY WORDS: Exercise therapy; Leprosy/rehabilitation; Muscle stretching exercises
Para o grupo FNP foi selecionada a voluntário. No grupo AEP ocorreu ausência Na análise intra-grupo, foi observada
técnica de contrair-relaxar, inibição de sensibilidade em 5,3±3,4 pontos no pé melhora estatisticamente significativa na
autógena da FNP, sendo solicitada uma direito; 5,2±3,8 no esquerdo; 2,5±2,1 na ADM de dorsi- e plantiflexão bilaterais no
contração isométrica máxima do mús- mão direita e 2,5±2,3 na esquerda. Não grupo FNP. No grupo AEP não foi observada
culo alvo por 6 segundos e posterior- houve arreflexia nesse grupo. melhora significativa da ADM (Tabela 1).
mente alongado estaticamente por 10
segundos17, repetindo-se o procedimen- Tabela 1 Valores (em °) da amplitude de movimento antes (pré) e após (pós) o
to por 3 vezes14. alongamento nos dois grupos
O grupo AEP submeteu-se ao alon- Grupo FNP Grupo AEP
gamento estático passivo, executado sem Movimento
Pré Pós p Pré Pós p
a presença de contração muscular e rea-
Flexão punho D 49,2±21,1 60,0±18,7 0,369 50,8±16,3 58,3±7,5 0,329
lizado exclusivamente pelo terapeuta17.
Essa posição foi mantida por 16 segun- Flexão punho E 50,0±18,7 65,8±19,3 0,180 50,0±17,9 58,3±17,5 0,434
dos, também repetida por 3 vezes, para Extensão punho D 45,0±24,3 54,2±20,6 0,497 55,0±13,4 58,3±12,9 0,670
ter o mesmo tempo de estímulo do grupo Extensão punho E 46,7±20,4 63,3±16,9 0,155 43,3±16,3 50,8±18,3 0,471
FNP. Dorsiflexão D 16,7±6,1 28,3±4,1 0,003* 24,2±6,6 29,2±5,8 0,197
Os grupos musculares alongados Dorsiflexão E 20,0±0,0 31,7±2,6 0,001* 27,5±10,8 30,8±8,0 0,558
foram: 1) flexores do punho: flexor radial Plantiflexão D 19,2±6,6 30,8±5,8 0,009* 20,0±7,1 23,3±4,1 0,341
do carpo, flexor ulnar do carpo e palmar Plantiflexão E 24,2±4,9 32,5±5,2 0,018* 20,0±8,4 23,3±6,1 0,448
longo; 2) extensores de punho: extensor * Estatisticamente significativo (p<0,05); D = direito; E = esquerdo; FNP = tratado com
ulnar do carpo, extensor radial curto do facilitação neuromuscular proprioceptiva; AEP = tratado com alongamento estático passivo
carpo, extensor radial longo do carpo;
3) dorsiflexores: tibial anterior e extensor Tabela 2 Escores nos domínios do SF-36, antes (pré) e após (pós) o alongamento
longo dos dedos; e 4) plantiflexores: nos dois grupos
gastrocnêmios, sóleo e plantar. As posturas
para realização dos alongamentos seguiram Grupo FNP Grupo AEP
Domínio do SF-36
Pré Pós p Pré Pós p
as descrições de Fernandes et al.17.
Capacidade funcional 65,8±23,1 80,8±12,0 0,189 52,5±22,1 75,0±17,0 0,076
Os dois grupos foram submetidos a Aspectos físicos 12,5±30,6 70,8±33,2 0,010* 16,7±20,4 70,8±24,6 0,002*
duas sessões por semana, por um perío-
Dor 50,0±34,7 74,8±20,8 0,163 36,2±18,1 58,7±11,3 0,027*
do de cinco semanas, totalizando dez
Estado geral 69,7±17,1 80,3±12,5 0,246 53,7±9,3 57,5±13,8 0,585
atendimentos. Estas intervenções foram
realizas por pesquisadores distintos: um Vitalidade 45,8±21,5 68,3±13,7 0,056 39,2±11,1 55,0±12,6 0,044*
responsável pelos alongamentos no gru- Aspectos sociais 54,2±25,8 66,7±18,8 0,360 39,6±16,6 62,5±15,8 0,034*
po AEP e o outro pelo FNP. Estes não Aspecto emocional 50,0±54,8 100,0±0,0 0,049* 38,9±49,1 66,7±29,8 0,263
participaram da avaliação e não tiveram Saúde mental 42,0±18,4 63,3±14,2 0,048* 45,3±16,1 66,7±6,0 0,013*
contato com seus resultados. * Estatisticamente significativo (p<0,05); D = direito; E = esquerdo; FNP = tratado com
facilitação neuromuscular proprioceptiva; AEP = tratado com alongamento estático passivo
Análise dos resultados Tabela 3 Diferença entre as médias (∆) Tabela 4 Diferença entre as médias (∆)
Após a reavaliação das variáveis dos valores (em °) da dos escores obtidos nos
(ADM de flexão e extensão do punho, amplitude de movimento nos domínios do SF-36 nos dois
dorsi e plantiflexão e domínios do dois grupos e valor de p da grupos e valor de p da
questionário SF-36) os resultados foram comparação intergrupos comparação intergrupos
submetidos à análise estatística intra e Movimento 'FNP 'AEP p Domínio 'FNP 'AEP p
inter-grupo, utilizando o ANOVA fator
Flexão punho D 10,8 7,5 0,547 Capacidade funcional 15,0 22,5 0,251
único, do programa Microsoft Excel,
sendo considerado estatisticamente Flexão punho E 15,8 8,3 0,178 Aspectos físicos 58,3 54,1 0,825
significativo p<0,05. Extensão punho D 9,2 3,3 0,143 Dor 24,8 22,5 0,784
Extensão punho E 16,6 7,5 0,034* Estado geral 10,6 3,8 0,235
Dorsiflexão D 11,6 5 0,073 Vitalidade 22,5 15,8 0,543
RESULTADOS Dorsiflexão E 11,7 3,3 0,002* Aspectos sociais 12,5 22,9 0,381
No grupo FNP foi encontrada Plantiflexão D 11,6 3,3 0,011* Aspecto emocional 50,0 27,8 0,414
ausência de sensibilidade em 7,2±2,9 Plantiflexão E 8,3 3,3 0,155 Saúde mental 21,3 21,4 1,000
pontos no pé direito; 7,3±2,6 no * Estatisticamente significativo (p<0,05); D = FNP = tratado com facilitação
esquerdo; 3,8±2,1 na mão direita; e direito; E = esquerdo; FNP = tratado com neuromuscular proprioceptiva; AEP =
4,0±2,4 na esquerda. Arreflexia patelar facilitação neuromuscular proprioceptiva; AEP tratado com alongamento estático
bilateral foi observada em apenas um = tratado com alongamento estático passivo passivo
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Estudo desenvolvido no RESUMO: As doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) são distúrbios
Instituto de Previdência do do aparelho locomotor de etiologia ligada à atividade laboral que vêm apresentando
Município de Fortaleza, incidência crescente em todo o mundo. Este estudo teve o objetivo de descrever a
Fortaleza, CE, Brasil forma como servidores municipais de Fortaleza, CE, vivenciam as DORT. O estudo
1
qualitativo foi realizado em uma clínica de fisioterapia em 2004. Os informantes
Enfermeira; Profa. Dra. do foram nove servidores (com idades entre 40 e 57 anos) em atendimento fisioterápico
Mestrado em Saúde Coletiva da na clínica – agentes administrativos, professores e um técnico. Os dados foram
Universidade de Fortaleza coletados por meio da observação participante e de entrevista semi-estruturada.
2
Fisioterapeuta; Prof. Ms. da Da análise emergiram as categorias temáticas “reações frente ao diagnóstico e
Universidade Federal do Piauí, tratamento” e “vivência da doença nas relações interpessoais”. Os resultados
Parnaíba, PI permitiram inferir o impacto do diagnóstico da DORT no cotidiano do trabalhador:
a limitação funcional leva à frustração e indignação; o não-reconhecimento pelos
3
Enfermeira; Profa. Dra. da colegas gera a percepção de rejeição ou exclusão social. A reação de negação
Universidade Federal do Ceará, inicial, que leva o trabalhador a evitar a procura de atendimento especializado, é
Fortaleza, CE importante pela subnotificação gerada, que provoca limitação nas medidas de
prevenção e controle das DORT.
ENDEREÇO PARA
CORRESPONDÊNCIA
DESCRITORES: Saúde do trabalhador; Transtornos traumáticos cumulativos
Mirna Frota ABSTRACT: Work-related musculoskeletal disorders (WRMD) have shown increasing
R. Manoel Jacaré 150 apto. incidence all over the world. This study aimed at describing how public officers (in
1401 Meireles Fortaleza, CE) react to a WRMD diagnosis. In this qualitative study, data were
60175-110 Fortaleza CE collected by means of participant observation and interviews with nine informants
e-mail: mirnafrota@unifor.br; (aged 40 through 57), recruited at a rehabilitation clinic in 2004; they were office
profmarcelo@unifor.br clerks, teachers, and a technician. Two subject-matter categories emerged from
data analysis: reactions to diagnosis and treatment; and interpersonal relation
changes after diagnosis. Results allowed for inferring the impact of WRMD in
workers’ daily lives: functional limitation leads to frustration and indignation; the
illness non-acknowledgment by workmates brings a feeling of rejection and
APRESENTAÇÃO exclusion. The initial reaction of denying the illness – hence not resorting to medical
abr. 2008 assistance – points to the issue of underreporting, which hinders WRMD both
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO prevention and control.
nov. 2008 KEY WORDS: Occupational health; Cumulative trauma disorders
REFERÊNCIAS
Estudo desenvolvido no Depto. RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar a contribuição de variáveis físicas,
de Fisioterapia da UFVJM – psicossociais e sociodemográficas para a ocorrência de incapacidade funcional
Universidade Federal dos Vales associada à dor lombar entre cuidadores de crianças com paralisia cerebral grave.
do Jequitinhonha e Mucuri, A amostra foi composta de 45 cuidadores com lombalgia crônica. Foram coletados
Diamantina, MG, Brasil dados sociodemográficos e aplicados instrumentos sobre intensidade da dor,
1 satisfação com a vida e incapacidade funcional. Os dados foram tratados
Graduandas em Fisioterapia na estatisticamente e o nível de significância fixado em p<0,05. As variáveis que
UFVJM apresentaram correlação significativa com incapacidade (p<0,05) foram inseridas
2
Profs. Ms. assistentes do Depto. no modelo de regressão linear múltipla. A média de intensidade da dor foi
de Fisioterapia da UFVJM 5,67±2,23; os escores médios de satisfação com a vida foram de 18,9±6,64 e de
incapacidade, 9±5,35. Apenas a correlação entre intensidade de dor e incapacidade
ENDEREÇO PARA foi significativa (r=0,34; p=0,021). A análise de regressão linear múltipla confirmou
CORRESPONDÊNCIA a intensidade da dor como o maior preditor de incapacidade e explicou 11% da
incapacidade (r=0,36; p<0,05). A intensidade da dor lombar é pois um preditor
Marcus A. Alcântara moderado de incapacidade, mas não foi encontrada interferência das variáveis
R. Violetas 175-A Jardim sociodemográficas e satisfação com a vida no grau de incapacidade funcional dos
39100-100 Diamantina MG cuidadores de crianças com paralisia cerebral.
e-mail:
alcantaramarcus@hotmail.com DESCRITORES: Avaliação da deficiência; Cuidadores; Dor lombar
ABSTRACT: The aim of this study was to assess the contribution of physical, psychosocial,
and sociodemographic variables to disability due to low-back pain among caregivers
of children with severe cerebral palsy. The sample was made up of 45 caregivers
with chronic back pain. Socio-demographic data, as well as pain, satisfaction with
life and functional disability measures were collected. Data were statistically treated
and significance level set at p<0.05. Variables showing significant association with
disability (p<0.05) were entered in a multiple linear regression model. Mean score
for pain was 5.67±2.23; for satisfaction with life, 18.9±6.64; and for disability,
9±5,35. Association between intensity of pain and disability was the only significant
one found (r=0.34; p=0.021). Linear regression analysis confirmed that pain intensity
is a major disability predictor and explained 11% of the disability (r=0.36, p<0.05).
Low-back pain intensity is then a moderate predictor of functional disability, but
APRESENTAÇÃO
no interference could be found of socio-demographic features or satisfaction with
jul. 2008
life in caregivers of children with cerebral palsy.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
nov. 2008 KEY WORDS: Caregivers; Disability evaluation; Low-back pain
de entrevistas e 1 por se recusar a parti- teste-reteste de cada uma das entre- escala de satisfação com a vida variaram
cipar). vistadoras variou de moderada a boa, de 7 a 35 pontos (média 18,9±6,64),
com a de 0,97 e 0,99 para intensidade com 64% dos participantes declarando-
Análise estatística da dor, 0,94 e 0,99 para satisfação com
a vida e 0,66 e 0,71 para incapacidade.
se insatisfeitos com a vida.
vida não ser significativa, a intensidade da possível afirmar que terapêuticas disso, é imprescindível intervir precoce-
dor foi apontada como preditor moderado destinadas apenas aos domínios físicos mente sobre essa condição de saúde,
de incapacidade, confirmando outros da lombalgia crônica podem ser insu- antes que esses problemas se tornem
achados. Isoladamente, essa variável ex- ficientes para tratar essa condição de crônicos e conduzam à incapacidade.
plicou apenas parte da incapacidade, saúde. Torna-se necessário propor abor- Tais intervenções poderão reverter-se em
evidenciando que outros fatores estão dagens terapêuticas que considerem os benefícios para o cuidador, para a crian-
envolvidos nesse processo. Assim, é fatores biológicos e psicossociais. Além ça e seus familiares.
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Estudo desenvolvido no Curso RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar, por parâmetros biomecânicos e físicos, a
de Fisioterapia da Uniube – qualidade óssea dos fêmures de ratas ovariectomizadas tratadas com nifedipina.
Universidade de Uberaba, Foram utilizadas 28 ratas Wistar, de 4 meses de idade, divididas nos grupos: intactas
Uberaba, MG, Brasil (Int); ovariectomizadas tratadas com salina (Ovx+Sal); ovariectomizadas tratadas
1 com nifedipina (Ovx+Nfd), intactas tratadas com nifedipina (Int+Nfd). O tratamento
Prof. Dr. adjunto do Curso de durou oito semanas, seis dias por semana, com administração de nifedipina ou
Fisioterapia da UFTM – salina, por gavage, na dose de 10 mg e 0,1g/100g PC respectivamente. Tendo-se
Universidade Federal do
retirado o fêmur direito de cada animal, verificou-se a carga máxima suportada, a
Triângulo Mineiro, Uberaba,
MG densidade mineral e a qualidade óssea. Os resultados foram analisados
estatisticamente, com nível de significância fixado em p<0,05). Houve diminuição
2
Fisioterapeutas; pós-graduandas significativa da carga máxima dos fêmures dos animais tratados com nifedipina
em Fisioterapia Hospitalar (grupos Ovx+Nfd e Int+Nfd). Nesse último grupo, houve aumento significativo da
Geral na UFTM densidade mineral. Os resultados mostram que o tratamento com nifedipina
promove pior qualidade óssea dos fêmures de ratas.
ENDEREÇO PARA DESCRITORES: Densidade óssea; Doenças ósseas metabólicas; Nifedipina; Ratos
CORRESPONDÊNCIA
Prof. Dr. Dernival Bertoncello ABSTRACT: The aim of this study was to assess, by biomechanical and physical
Curso de Fisioterapia /UFTM parameters, the bone quality of femurs from ovariectomized female rats treated
Av. Frei Paulino 30 Abadia with nifedipine. Twenty eight Wistar female rats, 4 months old, were divided into
38025-180 Uberaba MG four groups: intact (Int); intact treated with nifedipine (Int+Nfd); ovariectomized
e-mail: treated with saline (Ovx+Sal); ovariectomized treated with nifedipine (Ovx+Nfd).
bertoncello@fisioterapia.uftm.edu.br Treatment was carried out for eight weeks, six days per week, with administration
of 10 mg of nifedipine or 0.1/100g BW of saline, by gavage. After removing the
right femur of each animal, maximum load support, mineral density, and bone
quality were assessed. Results were statistically analysed and significance level set
at p<0.05. A significant reduction of maximal load support was found in femur of
APRESENTAÇÃO rats treated with nifedipine (Ovx+Nfd and Int+Nfd groups). In the latter group, a
jul. 2008 significant increase in mineral density was noticed. Results show that treatment
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO with nifedipine resulted in lower bone quality.
nov. 2008 KEY WORDS: Bone density; Bone diseases, metabolic; Nifedipine; Rats
osso, a análise óssea foi realizada pelas Após a obtenção dos resultados ração entre os grupos foi utilizado o teste
propriedades físicas do fêmur direito e referentes à densidade mineral e ao teste de Tukey-Kramer, sendo adotado para
o ensaio mecânico de flexão a três de flexão do fêmur direito, esses dados ambos um nível de significância de 5%.
pontos. foram relacionados entre si a fim de se
No final do experimento os animais
verificar a qualidade óssea, identificada
pela força máxima normalizada16.
RESULTADOS
foram sacrificados utilizando tiopental.
Foram retirados os fêmures, dissecados Em relação ao ganho de massa cor-
e mantidos em salina a 0,9% a -20 °C. Análise dos resultados poral dos animais, observou-se diferença
Doze horas antes dos ensaios, os ossos significativa comparando o grupo
foram descongelados à temperatura Para a análise simultânea dos grupos Ovx+Sal com o de ratas intactas e intactas
ambiente e mantidos em solução salina foi utilizado o teste Anova e para compa- tratadas com nifedipina (Gráfico 1).
até o momento imediatamente anterior g 60
ao teste. Foram medidos os comprimen- *
tos dos fêmures direitos com um pa- 50
químetro. Os ensaios mecânicos foram
realizados numa máquina de ensaio 40
universal Emic DL3000, em temperatura
ambiente, do Laboratório de Pesquisa 30
em Odontologia da Universidade de
Uberaba. As extremidades do fêmur 20
ficaram apoiadas em dois roletes com
diâmetro de 3 mm, suportados por 10
tes orgânicos da matriz, tendo certa posição desse mineral na estrutura óssea. física, contribuem para um balanço
influência sobre a incorporação de Apesar de interferir na absorção de negativo no equilíbrio da remodelação
minerais. Os osteócitos aparecem a cálcio pelo epitélio intestinal, supõe-se óssea, tendo a osteoporose como prin-
partir de osteoblastos, por modulação, que, direta ou indiretamente, atue pro- cipal conseqüência20.
e atuam na manutenção dos constituin- movendo a retirada de cálcio da matriz
Com base nos resultados aqui encon-
tes da matriz intercelular em níveis orgânica rígida, a fim de manter o nível
trados, sugere-se que o tratamento com
normais. Os osteoclastos estão normal- sangüíneo normal quando a absorção
nifedipina possa não prevenir o indi-
mente situados em depressões onde esta não é suficiente, causando um desequi-
víduo quanto ao desenvolvimento da
ocorrendo reabsorção óssea. Os íons líbrio entre as células osteogênicas19.
osteoporose, aumentando assim o risco
cálcio e fosfato, principais compostos A reabsorção óssea tem a função vital de fraturas, por interferir de forma
orgânicos do tecido ósseo, reagem entre de manter constantes os níveis de cálcio negativa na qualidade do tecido ósseo.
si para formar um composto relativamen- extracelulares. A síntese e mineralização
te insolúvel, o fosfato de cálcio, que for- Devido ao fato de que muitos indi-
da matriz óssea têm como principais víduos têm indicação para uso da nife-
ma a hidroxiapatita, o principal sal do objetivos repor o tecido ósseo perdido
osso, oferecendo resistência do osso à dipina, estudos mais específicos devem
pelo processo catabólico e suprir as ser realizados para corroborar estes
compressão1,2. necessidades do órgão de se adaptar às resultados. O uso da nifedipina de forma
À medida que a matriz óssea é condições funcionais. Ao longo da vida isolada ou combinada a outra terapêu-
formada, os osteoblastos ficam envoltos do indivíduo, vão sendo acumulados tica poderia auxiliar no controle da
por ela e passam a ser denominados desequilíbrios entre esses dois processos, hipertensão mas predispor a pessoa a
osteócitos. Essas células têm como principalmente em função da isocal- alguma disfunção no metabolismo do
função manter a viabilidade do tecido cemia. Com a supremacia do processo cálcio ósseo.
ósseo e reabsorver a matriz e os minerais catabólico, a perda óssea se instala, prin-
do osso pela osteólise osteocítica, meca- cipalmente se fatores inibidores da
nismo de reabsorção profunda, essencial neoformação óssea. como os inerentes
à senescência. estiverem associados.
CONCLUSÃO
para manter constantes os níveis de
cálcio extracelulares18. Assim, alterações no metabolismo, na O tratamento com nifedipina pro-
absorção de cálcio e no perfil hormonal, move menor tolerância à carga máxima,
A nifedipina, ao atuar nos níveis séri- principalmente em mulheres após a o que se reflete em menor qualidade
cos de cálcio, pode interferir na sobre- menopausa, associadas à inatividade óssea dos fêmures de ratas.
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Estudo desenvolvido na RESUMO: O objetivo foi descrever o perfil de puérperas atendidas pela fisioterapia
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de Betim, em parceria com a visando contribuir para a assistência fisioterapêutica obstétrica. Foi feito um
PUC-Minas Betim – Pontifícia levantamento de 215 fichas de avaliação fisioterapêutica de puérperas, contendo
Universidade Católica de Minas dados demográficos e clínicos, além dos registros específicos da fisioterapia. A
Gerais, campus de Betim, maioria da puérperas era jovem, do lar, casadas, multíparas e de Betim. Quanto à
Betim, MG avaliação das mamas, a maioria apresentou mamas simétricas, secretantes, mamilos
1 protrusos, tendo sido observados poucos traumas mamilares ou dificuldade na
Fisioterapeutas; doutorandas
em Tocoginecologia na amamentação; 62,3% das puérperas apresentavam diafragma normocinético, 85,1%
Unicamp; Profas. Ms. do som timpânico à percussão abdominal, involução uterina dentro da normalidade,
Estágio Supervisionado de 87,9% contração do assoalho pélvico presente, 30,3% edema em membros
Fisioterapia em Ginecologia e inferiores; a diástase dos músculos reto-abdominais foi de 2±1 e 1±1 dedos supra
Obstetrícia da PUC-Minas e infra-umbilical, respectivamente. As condutas adotadas foram: exercícios
Betim respiratórios diafragmáticos, abdominais isométricos, contração do assoalho pélvico;
exercícios circulatórios de membros inferiores, manobras de eliminação de flatos,
2
Graduandas em Fisioterapia na deambulação e orientação. O perfil das puérperas atendidas correspondeu ao
PUC-Minas Betim esperado, encontrando-se elas em estado de recuperação puerperal. A conduta
proposta pela fisioterapia foi realizada pela grande maioria das puérperas.
ENDEREÇO PARA
DESCRITORES: Parto humanizado; Período pós-parto; Serviço hospitalar de fisioterapia
CORRESPONDÊNCIA
Profa. Mariana Tirolli Rett ABSTRACT: The aim was to describe the profile of postpartum women attended to at
Centro Clínico de Fisioterapia the physical therapy service in a public maternity house in Betim, MG, as well as
– Ambulatório de Ginecologia the treatment they received. The study drew on a total of 215 medical charts of
e Obstetrícia postpartum women, contaning personal, clinic and physical therapy data. Most
PUC-Minas Betim women were young, married, housewives, multiparous, and from Betim. As to
R. Santos Dumont s/n Angola breast evaluation, most women had simetric and secretive breast, protruded nipples,
32630-000 Betim MG few nipple traumas or breast-feeding difficulty having been observed; 62,3% of the
e-mail: maritrett@yahoo.com.br; women presented normal diaphragm kinetics, 85,1% had tympanic sound at
mariana@fcm.unicamp.br abdominal percussion, and normal uterine involution; 87,9% presented pelvic floor
muscle contraction, and 30,3% lower limb edema; abdominal muscle diastases
measured supra and infra umbilical 2±1 and 1±1 fingers, respectively. As to physical
therapy, the women were treated with diaphragm respiratory exercises, abdominal
isometric exercises, pelvic floor muscle contractions, lower limb circulatory
exercises, flatus elimination maneuvers, deambulation, and guiding. The women’s
profile was found to be as expected for post-partum physiological recovery. Most
APRESENTAÇÃO had accomplished the physical therapy protocols offered. This study provides useful
jul. 2008 information on obstetric physical therapy assistance.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Humanizing delivery; Physical therapy department, hospital;
nov. 2008 Postpartum period
obtidas no exame físico, cada puérpera Os atendimentos, incluindo a avalia- em 12 e realizada a episiotomia em 61
era avaliada em decúbito dorsal em seu ção, eram conduzidos individualmente mulheres. As demais (29,8%) foram
leito, sendo considerados: inspeção da pelos estagiários e tinham duração de submetidas à cesariana. A maioria era
condição das mamas (secretantes/ aproximadamente 30 minutos. Durante casada, do lar e procedentes da cidade
presença de colostro), aspecto dos ma- o período de internação, cada puérpera de Betim.
milos, presença ou não de traumas ma- recebia apenas um atendimento e era
Quanto à avaliação das mamas, a
milares e se estavam amamentando. Na respeitado o período de pelo menos 6
maioria apresentou mamas simétricas,
seqüência, realizava-se palpação da ou 8 horas após o parto vaginal e ce-
secretantes e mamilos protrusos e/ou
cinesia diafragmática, percussão abdo- sáreo, respectivamente.
semiprotrusos. Apenas 25 puérperas
minal, involução uterina e mensuração da
Para análise descritiva da amostra apresentaram traumas mamilares e 40
diástase dos músculos reto-abdominais
foram realizadas medidas de tendência relataram dificuldade inicial na ama-
(DMRA). A mensuração da DMRA foi
central (média), dispersão (desvio- mentação (Tabela 2).
realizada com as puérperas na posição
padrão), freqüência e porcentagem. Os
supina com quadris e joelhos fletidos a No que concerne à avaliação fisio-
dados foram tratados usando o programa
90º, pés apoiados e braços estendidos terapêutica, a maioria das puérperas
Microsoft Office Excel v.2003.
ao longo do corpo. Nessa posição, era apresentou cinesia diafragmática nor-
solicitada a flexão anterior do tronco até mocinética, som timpânico à percussão
que o ângulo inferior da escápula
estivesse fora do leito. Os pontos de
RESULTADOS abdominal e involução uterina dentro da
normalidade, ou seja, em regiões
medida da DMRA foram 3 dedos (4,5 A Tabela 1 mostra as características próximas à cicatriz umbilical (Tabela 3).
cm) acima e abaixo da cicatriz umbilical sociodemográficas e obstétricas das Quando inspecionada a musculatura do
e, a DMRA foi graduada pelo número puérperas correspondentes às 215 fichas assoalho pélvico, verificou-se que a grande
de dedos (polpas digitais) entre as bordas selecionadas. Eram na maioria jovens maioria (87,6%) apresentaram contração
mediais dos músculos reto-abdominais. (24,4±5,5 anos). Em relação aos voluntária ao comando verbal e menos da
antecedentes obstétricos, a maioria era metade apresentaram edema em membros
Adicionalmente foi realizada a ins-
multípara e, na ocasião da avaliação, inferiores. A DMRA na região supra-
peção da contração voluntária do AP e
151 (70,2%) havia sido submetida ao umbilical foi de 2,0±1,0 dedos e infra-
da respectiva musculatura acessória
parto vaginal, sendo utilizado o fórceps umbilical de 1,0±1,0 dedo.
(adutores, glúteos e abdominais). Na
mesma posição, com os membros in- O Gráfico 1 mostra a distribuição das
feriores fletidos, abduzidos e com a Tabela 1 Características demográficas e condutas adotadas. A reeducação
região perineal despida, era realizado clínicas (média ± dp, desvio diafragmática, as manobras de elimina-
comando verbal para contração dessa padrão; n e %) constantes das ção de flatos e os exercícios circulatórios
musculatura e observado se a contração fichas das puérperas foram realizados por todas as puérperas.
estava ou não presente. Para verificar a atendidas pela fisioterapia
presença e localização de edema, foi (n=215) Tabela 2 Características das mamas e da
realizada a inspeção dos membros amamentação (n, %),
inferiores. Característica média±dp
segundo as fichas das
Idade (anos) 24,0±5,5 puérperas atendidas pela
Após a avaliação, era proposto um 2
IMC (kg/m ) 25,3±4,2 fisioterapia (n=215)
protocolo de conduta envolvendo 10
repetições de: reeducação diafragmática; Idade gestacional (semanas) 38,8±3,2
Característica n %
abdominais isométricos (transverso Tempo de trabalho de parto 308,0
(minutos; n=202) ±290,8 Simétricas Sim 209 97,2
abdominal: sucção abdominal sustentada
n % Não 6 2,8
por três a cinco segundos); contrações
fásicas (rápidas) e tônicas (sustentadas de Estado civil Solteira 63 29,3 Secretantes (colostro)
seis segundos) do AP; movimentos Casada 113 52,5 Sim 195 90,7
alternados de dorsiflexão e plantiflexão Outros 39 18,5 Não 20 9,3
dos pés (exercícios circulatórios); Mamilos Protrusos/
Ocupação Do lar 145 71,0
manobras de eliminação de flatos (n=210) Estudante semiprotrusos 193 89.8
16 4,4
(massagem abdominal); deambulação Invertidos 10 4,6
Outras 49 24,1
precoce (dois a quatro minutos); orienta- Planos 12 5,6
ções gerais sobre postura adequada para Procedência Betim 184 85,6
Cidades vizinhas 31 14,4 Traumas mamilares
amamentação, mudança de decúbito e
Tipo de parto Vaginal 151 70,2 (n=207) Sim 25 12,1
posturas para a realização das atividades
Cesáreo 64 29,8 Não 182 87,9
de vida diária. Todas as puérperas re-
cebiam uma cartilha com todos os exer- Antecedentes Primípara 87 40,5 Dificuldade p/ amamentar
Multípara 128 59,5 Sim 40 18,6
cícios e orientações, para que pudessem
Não 175 81,4
realizá-los em seus domicílios. IMC = Índice de massa corporal
s
s
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AP
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er
uc
Ex
de
Ab
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Re
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ob
ra
nt
an
provocar efeitos negativos na função zados exercícios isométricos para essa o fisioterapeuta, junto com a equipe dos
dessa musculatura 20 e favorecer o musculatura. Mesquita et al.9 demonstra- profissionais da saúde, oferece orienta-
aparecimento de IU em cerca de 38% ram uma redução significativa da ções, por exemplo, quanto à postura
das puérperas, porcentagem que se eleva diástase dessa musculatura (p<0,001) no correta durante a amamentação, con-
para 45% em multíparas21,22. Isso justifica grupo que realizou um protocolo de tribuindo para os baixos índices de
a importância dessa avaliação e de duas a três séries de 10 a 20 repetições traumas mamilares e dificuldade de
intervenção fisioterapêutica precoce, já de exercícios abdominais nas primeiras amamentar16,17.
que é uma abordagem de baixo custo, 6 horas após o parto.
Observou-se que a maioria das puér-
sem efeitos colaterais e tem demonstrado
Observou-se no presente estudo peras atendidas encontrava-se em um
bons resultados. Os exercícios de forta-
menor prevalência de edema nos mem- estado de recuperação fisiológica sem
lecimento do assoalho pélvico são utili-
bros inferiores em relação aos 43% intercorrências, o que permite a atua-
zados tanto na prevenção quanto no
encontrados na literatura12,13. Contudo, ção fisioterápica adequada. Para tanto,
tratamento da IUE no puerpério 22-24.
os exercícios circulatórios de membros a presença do fisioterapeuta nessa
Morkeved e Bo25 demonstraram, em um
inferiores foram realizados e enfatizados maternidade pôde assegurar que os
seguimento de um ano, melhora signi-
após a alta hospitalar. Tais exercícios, exercícios fossem realizados de manei-
ficativa da força muscular do assoalho
associados ao estímulo à deambulação ra correta e gradual, sempre respeitando
pélvico e diminuição da IU (p<0,01) em
precoce, são práticas importantes, uma as condições particulares de cada
puérperas submetidas a um treinamento
vez que estimulam o peristaltismo puérpera. Estes resultados contribuirão
específico dessa musculatura. Como
intestinal, auxiliam a prevenção dos para ampliar o conhecimento sobre a
alguns estudos apontam possíveis
fenômenos tromboembolíticos, ajudam abordagem fisioterapêutica no puerpério
disfunções perineais, especialmente
após o parto vaginal21 (tipo de parto mais no retorno venoso e diminuem o edema imediato, além de estimular a discussão
comum na amostra estudada), os exer- puerperal5,8,19. sobre estratégias preventivas e
cícios do assoalho pélvico são realizados terapêuticas que podem ser empregadas
Em relação à amamentação, sabe-se
de rotina, como medida preventiva, no âmbito público ou privado.
que a presença de traumas mamilares
conforme recomendado pela litera- pode ser uma condição que leva ao
tura18,25. Algumas puérperas não realiza-
ram os exercícios por apresentar
desmame precoce. Contudo, foi obser-
vado que um número muito pequeno de
CONCLUSÃO
desconforto na região da episiorrafia. puérperas apresentavam traumas mami- O perfil das puérperas atendidas foi
No presente estudo, foi observada a lares e/ou dificuldade para amamentar. conforme o esperado para o local de
DMRA dentro da normalidade, pois se Essa situação pode ser atribuída ao fato estudo, sendo a maioria jovens, casa-
considera normal uma separação de até de a maioria apresentarem mamilos das, do lar, multíparas e procedentes
aproximadamente 3 cm9-11. Entretanto, protrusos, o que facilita a amamentação; de Betim. Verificou-se que, com a avalia-
deve ser levado em consideração que a e, também, pelo fato de a equipe da ção fisioterápica descrita, as mulheres
avaliação da DMRA é realizada de MPMB atender às diretrizes do MS, encontravam-se em um estado fisio-
maneira subjetiva e que não foi feia com favorecendo o aleitamento materno. Vale lógico de recuperação puerperal e que
a utilização de instrumento fidedigno, ressaltar que a amamentação facilita a a conduta proposta pela fisioterapia foi
como um paquímetro. Conforme reco- liberação de lóquios e acelera a invo- realizada pela grande maioria das
mendado pela literatura, foram reali- lução uterina. Observando essa situação, puérperas.
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368 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):367-73
2008;15(4)
Cavalheri et al. Treinamento muscular inspiratório
30
fibras não foram responsáveis pelas mu-
danças significantes. Isso porque um
20
estudo com ratos21 demonstrou que a
hipertrofia das fibras tipo II do diafragma
10 era induzida somente após 8 semanas
de TMI. Enright e colaboradores22 com-
0 provaram esse resultado em sujeitos
saudáveis, encontrando um aumento das
dimensões diafragmáticas após oito
-10 semanas de TMI com 80% da PImáx e
GSA GCA GC com freqüência de três vezes por sema-
Figura 2 Variação da PEmáx final sobre a inicial (∆PEmáx) entre os três grupos: na. Por outro lado, adaptações neurais
controle (GC); que treinou sem apoio de membros superiores (GSA); e podem ocorrer nas fases iniciais dos
que treinou com apoio de membros superiores (GCA); *p<0,05 treinamentos de força, causando
370 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):367-73
2008;15(4)
Cavalheri et al. Treinamento muscular inspiratório
diferenças mensuráveis e significantes21. Após um mês do fim do treinamento, os já possuem força normal. Como mencio-
Pode haver aumento de força sem valores de PEmáx do GCA diminuíram em nado acima, acredita-se que tal proto-
mudanças na morfologia muscular, mas relação aos valores finais do TMI, não colo pode destinar-se a sujeitos que
não sem adaptações neurais23. Três dias sendo encontrada diferença de PEmáx serão submetidos a cirurgias tóraco-
de TMI, mesmo que com alta intensi- inicial após um mês. Isso sugere que, abdominais, procedimento que sabida-
dade, possivelmente aumentaram a força mesmo que a musculatura expiratória mente diminui as pressões respiratórias
muscular inspiratória por esse mecanis- tenha obtido ganho de força com o TMI máximas no período pós-operatório.
mo não-morfológico; esta também foi a com apoio de membros superiores, esse Apesar de o presente estudo não dispor
hipótese de estudo prévio24, em que se efeito é de curta duração; e o principal de dados quanto a isso, os autores acre-
obteve incremento significante da PImáx efeito desse treinamento é sobre a mus- ditam que o protocolo utilizado pode trazer
na segunda semana de um treinamento culatura inspiratória, que não teve perda benefícios clínicos no pós-operatório de
que durou quatro semanas. de força após um mês, como visto.
cirurgias tóraco-abdominais, como di-
Quanto às mudanças de força mus- No conhecimento dos autores, o minuição da incidência de complica-
cular expiratória com o TMI, Sato e presente estudo é uma primeira iniciativa ções e redução do tempo de internação
colaboradores25 encontraram um aumen- de estudo de um protocolo de TMI com hospitalar, especialmente em grupos de
to significante de PE máx em sujeitos curta duração e alta intensidade. Apesar pacientes com problemas respiratórios
saudáveis após treinamento inspiratório de não ser possível no momento extra- crônicos. Futuros estudos devem ser
com carga de 40% da PImáx e com du- polar diretamente seus resultados com focalizados nessa questão.
ração de três semanas. Por outro lado, implicações clínicas em pacientes com
problemas respiratórios, trata-se de um Este estudo fez o acompanhamento
Akiyoshi e colaboradores26 não obser-
estudo preliminar que demonstrou a de um mês (curto prazo). O prazo foi
varam incremento de força muscular
segurança, a aplicabilidade e os efeitos escolhido por ser o tempo em que,
expiratória, também em indivíduos
do protocolo, constituindo uma ex- segundo Siafakas e colaboradores15, as
saudáveis, após TMI de duas semanas,
periência inicial positiva e promissora. pressões respiratórias máximas ainda
em duas vezes de 15 minutos por dia,
Uma limitação deste estudo é ter apenas permanecem diminuídas após cirurgias
utilizando-se a carga de 30% da PImáx.
jovens do sexo feminino. Esse critério foi torácicas e abdominais, período esse em
Alguns estudos com pacientes com
utilizado como uma alternativa segura que os indivíduos ficam mais suscetíveis
DPOC 27-29, da mesma maneira, não
para que os grupos ficassem homo- a complicações pós-operatórias.
encontraram diferenças na PEmáx após
TMI. No presente estudo, somente o gêneos, pois há diferenças marcantes Os resultados obtidos mostram que o
GCA obteve melhora significante de entre homens e mulheres com relação à TMI de curta duração e alta intensidade
força muscular expiratória. Esse resul- força muscular inspiratória e expiratória, proporcionou um incremento significan-
tado pode ser explicado pelos achados como demonstrado por Neder e colabo- te de PImáx, não havendo diferença entre
de Kera e Maruyama10 que, num estudo radores 14. Em outro estudo4, Sasaki e as duas posturas analisadas (com e sem
com análise eletromiográfica, concluí- colaboradores também optaram por
apoio de membros superiores). A PEmáx
ram que a inclinação de tronco com utilizar apenas um gênero em sua amos-
aumentou após o TMI apenas no grupo
apoio de membros superiores promove tra. Os resultados do presente estudo
que treinou com apoio de membros
uma maior atividade da musculatura devem ser ainda confirmados em grupos
superiores. A aplicabilidade e os efeitos
expiratória, tanto no esforço expiratório do sexo masculino e mistos e, posterior-
positivos do presente protocolo servem
quanto no inspiratório. Essa atividade mente, em grupos de pacientes com
como uma experiência inicial promis-
diferentes diagnósticos.
aumentada dos músculos expiratórios sora, abrindo possibilidades para estudos
durante o apoio dos membros superio- Pode-se questionar qual a aplicabili- futuros utilizando-se protocolos de TMI
res pode ter gerado um treinamento dade clínica de se aumentar a força de curta duração e alta intensidade em
também desses músculos durante o TMI. muscular respiratória em indivíduos que outros grupos de indivíduos.
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2008;15(4)
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muscle training improves respiratory muscle function and dedicação ao presente trabalho, auxiliando com
reduces dyspnea in patients with chronic obstructive seriedade e paciência no recrutamento e treinamento
pulmonary disease. Ann Intern Med. 1989;111:117-24. dos participantes.
Estudo desenvolvido no Curso RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de seis diferentes tarefas duplas
de Fisioterapia do Depto. de no desempenho funcional de idosos da comunidade. Em 35 idosos com idade
Ciências Biológicas, Ambientais média de 69,6±7,1 anos foi aplicado o teste de levantar e caminhar cronometrado
e da Saúde do Uni-BH – Centro (TLCC, Timed up and go ou TUG) simples (TLCCS) e associado a duas tarefas
Universitário de Belo motoras – carregar um copo com água (TLCCM1) e transferir moedas de um bolso
Horizonte, Belo Horizonte, para o outro (TLCCM2) – e duas cognitivas, repetir uma frase (TLCCC1) e falar os
MG, Brasil dias da semana em ordem inversa (TLCCC2), sendo aferidos os acertos e erros
1 nessas tarefas. Houve piora significativa da média do tempo em segundos no TLCC
Profa. Ms. do Curso de
Fisioterapia do Uni-BH nas tarefas duplas, independente da tarefa, e correlação significativa, de moderada
(r=0,676) a quase perfeita (r=0,953), entre os tempos de cada tipo de TLCC. O
2
Graduandos do Curso de número de moedas transferidas no TLCCM2 e o número de dias na semana dito em
Fisioterapia do Uni-BH ordem inversa no TLCCC2 apresentaram correlação com o tempo gasto para realizar
todas as outras tarefas. Essas duas tarefas foram as que mais afetaram o tempo do
3
Profa. Dra. do Curso de TLCC (p<0,001). Os idosos estudados apresentaram pois pior desempenho no TLCC
Fisioterapia do Uni-BH associado à realização de tarefas duplas. As tarefas com pior desempenho funcional
verificados foram os de passar moedas de um bolso para outro e falar os dias da
ENDEREÇO PARA semana em ordem inversa. A complexidade da tarefa foi mais importante que sua
CORRESPONDÊNCIA natureza motora ou cognitiva.
Juliana M. M. Barbosa DESCRITORES: Análise e desempenho de tarefas; Atividade motora; Idoso; Manifestações
R. Tuiuti 1121 apto. 802 Padre neurocomportamentais
Eustáquio
30720-440 Belo Horizonte ABSTRACT: The purpose was to assess the effect of six different dual tasks in community
MG dwelling elderly. Thirty-five volunteers (aged 69.6±7.1 years) were submitted to
e-mail: jummb@terra.com.br the Timed Up and Go test (TUG) and to further five tasks wherein TUG was associated
to two motor tasks – carrying a glass of water (TUGM1) and transferring coins from
Um resumo deste estudo foi one pocket to another (TUGM2); to two cognitive tasks – repeating a sentence
apresentado ao XV Congresso (TUGC1) and saying weekdays backwards (TUGC2); and to a motor-cognitive task,
Brasileiro de Geriatria e of carrying a glass of water while repeating a sentence (TUGMC). Time spent, failure
Gerontologia e ao 18th and success in each task were counted. Results showed a significant decrease in
Congress of the International average time (in seconds) spent in TUG when associated with all tasks; and a
Association of Gerontology significant correlation from moderate (r=0.676) to almost perfect (r=0.953) between
the times of each association with TUG. The number of transferred coins in TUGM2
and the number of days of the week correctly said in TUGC2 showed a correlation
with the time spent in all the other tasks. These two tasks most affected the time
spent to accomplish TUG (p<0.001). Hence, dwelling community elderly showed
a decrease in performance at all dual tasks associated to TUG. The worst functional
performances were transferring coins from one pocket to another and saying
APRESENTAÇÃO weekdays backwards, showing that task complexity, rather than task nature, had
ago. 2008 greater impact on the time spent to perform TUG.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Aged; Motor activity; Neurobehavioral manifestation; Task
nov. 2008 performance and analysis
374 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):374-9
2008;15(4)
Barbosa et al. Tarefas duplas em idosos
376 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):374-9
2008;15(4)
Barbosa et al. Tarefas duplas em idosos
Tabela 3 Comparação entre as médias dos tempos (em segundos) de realização de ocorrer prejuízo de uma ou ambas quan-
cada tipo de teste pelos idosos; coeficiente de correlação (r) e valor de p do a capacidade do indivíduo vai além
de sua reserva34,35.
Testes TLCCS TLCCM1 TLCCM2 TLCCC1 TLCCC2
r =-0,548 Em contrapartida, outros estudos não
TLCCM1 demonstram piora do desempenho pri-
p = 0,011 mário associado à tarefa dupla19,35,36.
r = -4,456 r = -3,908 Possíveis justificativas podem ser o
TLCCM2
p <0,001 p <0,001 tamanho da amostra, o tipo de tarefa
r = -0,903 r = -0,355 r = 3,553 primária e secundária e os critérios de
TLCCC1 seleção.
p = 0,016 p = 0,264 p <0,001
r = -3,846 r = -3,298 r = 0,61 r = -2,943 Na realização do TLCCM2 e o
TLCCC2 TLCCC2 os idosos levaram um tempo
p <0,001 p <0,001 p = 0,44 p <0,001 significativamente maior em relação ao
r = -1,282 r = -0,734 r = 3,17 r = -0,379 r = 2,564 TLCCS, TLCCM1, TLCCC1 e TLCCMC. As
TLCCMC
p = 0,001 p = 0,02 p <0,001 p = 0,165 p <0,001 tarefas de transferir moedas e repetir os
dias da semana em ordem inversa foram
TLCCS = TLCC simples; TLCCM1= TLCCS + carregar um copo com água; TLCCM2 = TLCCS
+ transferir moedas de um bolso para o outro; TLCCC1 = TLCCS + repetir uma sentença; consideradas de maior dificuldade,
TLCCC2 = TLCCS + falar os dias da semana em ordem inversa; TLCCMC = TLCCS + carregar quando comparadas às tarefas mais
um copo com água + repetir uma sentença simples (carregar um copo com água e
repetir uma frase), realizadas isola-
Na análise das associações entre as A média do tempo gasto para realizar damente ou associadas (TLCCMC).
variáveis de caracterização da amostra o TLCCM1 foi de 12,8 segundos. Contrariamente, Campbell et al.19 e Bond
e cada TLCC, verificou-se associação Shumway-Cook et al.20 obtiveram média e Morris36 não encontraram diferença
significativa apenas do sexo com o de 9,7 segundos na mesma tarefa, em significativa no desempenho com tarefas
TLCCM1 (p=0,017) e com o TLCCMC velocidade rápida. No TLCCM2, a média de variada complexidade. Mas, em
(p=0,006). O sexo feminino apresentou obtida foi de 16,7 segundos. O estudo acordo com os achados do presente
um tempo médio de 2,539 e 3,414 encontrado que também usou essa tarefa estudo, Spirduso37 defende que, quanto
segundos maior que o sexo masculino tem como tarefa primária caminhar em maior a complexidade da tarefa, maior
no TLCCM1 e no TLCCMC, respectiva- “oito”, dificultando a comparação dos a latência da resposta dos indivíduos,
mente. resultados22. No TLCCC1 e no TLCCC2, principalmente se forem idosos.
as médias encontradas foram 13,2 e 16,1
O desempenho nas tarefas motoras e
DISCUSSÃO segundos, superiores às obtidas por
Campbell et al.19 nas mesmas tarefas: cognitivas mais simples e mais complexas
10,8 e 11,6 segundos, respectivamente. não diferiu de forma significativa entre si,
Nesta pesquisa, o tempo médio para sugerindo que a complexidade da tarefa
a realização do TLCC simples foi de 12,3 Este estudo demonstrou piora do de- parece ser mais importante no seu efeito
segundos. Embora não haja consenso sempenho funcional no TLCC associa- sobre a tarefa primária do que sua natu-
sobre o tempo médio do TLCC na do à tarefa dupla, em comparação com reza motora ou cognitiva.
população idosa da comunidade, com o TLCC simples, independente da tarefa
a média variando de 8,4 a 14 segun- O sexo foi a única variável que apre-
realizada. Shumway-Cook et al. 20
dos20,21,32-34, Bohannon29, em uma meta- sentou associação com os valores médios
observaram aumento do tempo no TLCC
análise, propôs os seguintes pontos de de tempo no TLCCM1 e TLCCMC, ou seja,
quando carregando um copo com água,
corte, considerando a faixa etária: 8,1 as mulheres necessitaram de mais tempo
em idosos da comunidade. Shkuratova
segundos entre 60 e 69 anos; 9,2 para andar e carregar um copo com água
et al.14 verificaram menor comprimento
segundos entre 70 e 79 anos e 11,3 ou carregá-lo e repetir uma sentença. Na
do passo, maior cadência e aumento do
segundos entre 80 e 99 anos de idade. ausência de outros fatores explicativos,
duplo apoio quando a transferência de
Como o tamanho da amostra no presente pode-se considerar que motivação
moedas de um bolso para o outro foi
estudo é relativamente pequeno e os intrínseca e auto-eficácia podem ter
associada a andar em “oito”. Chen et
subgrupos teriam um número muito re- influenciado o desempenho das mu-
al.26 demonstraram pior desempenho ao
duzido de sujeitos, não foi possível lheres, sendo possível que as idosas não
saltar um obstáculo quando ao mesmo
comparar os tempos médios por faixa tenham se sentido tão motivadas quanto
tempo era exigida uma resposta verbal.
etária com os sugeridos por Bohannon29. os homens na realização da tarefa mo-
Uma possível explicação para a interfe-
No entanto, como esta é a única meta- tora de carregar um copo com água37.
rência da tarefa dupla no controle
análise que sugere pontos de corte para Outras associações podem não ter sido
postural é a competição da tarefa secun-
significativas pelo fato de o tamanho da
o teste, sua citação é importante para dária com a efetividade da resposta
amostra neste estudo não ter tido poder
indicar que pode haver efeito da faixa motora e da aferência sensorial para
suficiente para essa análise estatística.
etária e não só do uso de acessório, manter o equilíbrio. Tanto tarefas pri-
como se pensava até então na interpre- márias quanto secundárias ocorrem por A população deste estudo constituiu-
tação dos dados do TLCC. processos neuronais similares, podendo se principalmente de mulheres, de baixa
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Estudo desenvolvido na FMUSP RESUMO: O objetivo foi avaliar os efeitos dos exercícios de fortalecimento de tronco
– Faculdade de Medicina da sobre a dor lombar crônica de origem mecânica e comparar o uso do dinamômetro
Universidade de São Paulo, São isocinético e da bola terapêutica. Dezenove pacientes com dor lombar crônica
Paulo, SP, Brasil foram distribuidos randomicamente em dois grupos, para fortalecimento do tronco:
1
grupo bola (5 homens e 5 mulheres, idade média 31,2±8,2) e grupo dinamômetro
Fisioterapeuta Ms. do IOT – (2 homens e 7 mulheres, idade média 37,9±11,2). Os grupos foram tratados em
Instituto de Ortopedia e duas sessões semanais, por três meses, e avaliados antes e após o tratamento, quanto
Traumatologia da FMUSP à dor (escala visual analógica), incapacidades funcionais (Questionário de Roland-
2
Profa. Livre-Docente do IOT / Morris), mobilidade do tronco (teste de Schöber e distância do 3o dedo ao solo) e
FMUSP força concêntrica dos flexores e extensores de tronco, no dinamômetro isocinético
Cybex 6000. Os parâmetros avaliados foram: pico de torque, ângulo de pico de
ENDEREÇO PARA torque, potência, trabalho, tempo de aceleração e a relação flexores/extensores.
CORRESPONDÊNCIA Os dados foram tratados estatisticamente, sendo adotado um nível de significância
de 5%. Foi observada uma melhora significante (p<0,05) da dor, da mobilidade,
Cíntia D. de Freitas das incapacidades funcionais e da força dos músculos extensores em ambos os
R. José Arnoni 274 casa 20 grupos. Os exercícios de fortalecimento melhoraram a dor, as incapacidades
Vila Marieta funcionais, a mobilidade e a força extensora. Ambas as técnicas foram igualmente
02375-120 São Paulo SP efetivas.
e-mail:
cintiadfreitas@ig.com.br DESCRITORES: Dor lombar/reabilitação; Modalidades de fisioterapia; Terapia por
exercício
ABSTRACT: This study aimed at assessing the effects of trunk strengthening exercises on
chronic, mechanical low-back pain and compare the use of isokinetic dynamometer
and therapeutic ball. Nineteen patients with chronic low back pain were randomly
divided into two groups of trunk muscle strengthening, namely the ball group (5
men and 5 women, mean age 31,2±8,2) and the dynamometer group (2 men and 7
women, mean age 37.9±11.2). Patients attended two weekly sessions during three
months and were evaluated before and after treatment as to pain (visual analog
scale), functional disability (Roland Morris questionnaire), mobility (Schöber and
fingertip-to-floor tests), and trunk concentric extensor and flexor muscles force (by
the isokinetic dynamometer). The parameters selected to evaluate muscular
performance were: peak torque, peak torque angle, power, work, acceleration time,
and flexor/extensor ratio. Data were statistically analysed and the significance level
set at 5%. A significant (p<0,05) pain relief and improvement in mobility, functional
disabilities and extensor force was found in both groups. The strengthening exercises
APRESENTAÇÃO relieved pain and improved functional disabilities, mobility and extensor force.
set. 2008 Both techniques are equally effective.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Exercise therapy; Low-back pain/rehabilitation; Physical therapy
nov. 2008 modalities
380 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):380-6
2008;15(4)
Feeitas & Greve Lombalgia: comparação entre dinamômetro e bola
Tabela 2 Escores (média ± desvio padrão) nos testes de incapacidade, flexibilidade e mobilidade dos grupos bola e
dinamômetro, e comparação entre antes e depois do tratamento
Característica Escores do Grupo bola (n=10) Escores do Grupo dinamômetro (n=9) Mann Whitney-Delta %
avaliada Antes Depois Delta % Antes Depois Delta % z calculado p
Incapacidade1 8,5 ±5,1 2,6 ±3,0 -66,0 ±22,9 8,3 ±3,0 1,9 ±1,4 -78,7 ±14,5 -1,024 0,306
Flexibilidade2 19,6 ±9,5 14,8 ±8,5 -29,3 ±19,3 14,8 ±7,1 9,7 ±8,0 -44,1 ±34,4 -0,572 0,568
Mobilidade3 5,3 ±0,8 5,5 ±0,4 6,8 14,9 5,3 ±0,6 5,7 ±0,4 8,7 ±16,1 -2,476* 0,013*
1 2 o 3
medida pelo questionário RM; medida pelo teste 3 dedo-solo; medida pelo teste de Schöber
382 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):380-6
2008;15(4)
Feeitas & Greve Lombalgia: comparação entre dinamômetro e bola
Tabela 3 Desempenho dos músculos extensores (média ± desvio padrão) dos grupos bola e dinamômetro antes e depois do
tratamento e comparação entre os grupos
Grupo bola (n=10) Grupo dinamômetro (n=9) Mann Whitney
Parâmetro avaliado
Antes Depois Delta % Antes Depois Delta % z calc p
Pico de torque (N/m) 173 ±46,7 224 ±75,1 28,1 ±15,7 142 ±29,5 197 ±93,1 33,6 ±34,2 -0,245 0,806
Trabalho total (J) 157 ±54,4 214 ±66,2 38,8 ±21,3 130 ±32,6 160 ±71,6 21,6 ±30,6 -1,551 0,121
Potência média (W) 168 ±65,4 238 ±74,2 46,1 ±25,3 136 ±40,7 175 ±86,8 25,4 ±32,7 -1,470 0,142
Tempo de aceleração (seg) 0,13 ±0,04 0,08 ±0,03 -37,7 ±25,1 0,11 ±0,05 0,08 ±0,05 -17,3 ±40 -1,103 0,270
Ângulo pico de torque (º) 41,1 ±14 42,1 ±14,8 18,2 ±63,7 29,4 ±16,3 39,1 ±21,3 39,7 ±74,9 -0,490 0,624
Pico torque flex/ext 165 ±24,8 132 ±18,2 -19,5 ±7,5 182 ±23,3 132 ±33,6 -26,7 ±20,3 -0,653 0,513
Potência flex/ext 211 ±58,1 156 ±24,5 -16,4 ±43,2 237 ±39,9 187 ±44 -19,4 ±22,1 -0,572 0,568
Trabalho flex/ext 200 ±27 148 ±19,6 -25,3 ±11,2 225 ±43 178 ±41,5 -19,2 ±22 -0,653 0,514
Flex/ext = relação dos flexores sobre os extensores
O pico de torque (GB p=0,005; GD optou-se por comparar o fortalecimento do por uma limitação metodológica do
p=0,008),o trabalho total (GB p=0,007; obtido usando o dinamômetro isociné- próprio dinamômetro isocinético, já que,
GD p=0,021) e a potência (GB p=0,005; tico e a bola terapêutica. em relação ao tronco, o equipamento
GD p=0,028) melhoraram somente para não faz a correção da força da gravidade;
Ambos os protocolos geraram me-
os extensores (Tabela 3) em ambos os além disso, o movimento de flexão
lhora significante da dor e das incapaci-
grupos, e não houve diferença signifi- durante a avaliação é realizado a favor
dades, tal como encontrado em outros
cante entre os grupos (p>0,05). O tempo da gravidade.
estudos que utilizaram o fortalecimento
de aceleração (Tabela 3) melhorou so-
para esse tipo de paciente14-18. No grupo A melhora do equilíbrio entre os
mente para os extensores do grupo bola
bola, houve melhora significante da dor músculos flexores e extensores foi re-
(GB p=0,005; GD p=0,095), também e das incapacidades, corroborando cuperada pelo ganho de força extensora.
sem diferença significante entre os outros estudos que utilizaram o método. Uma comparação entre os dois proto-
grupos (p=0,270). O ângulo do pico de Ao comparar esses protocolos com o colos mostrou que ambos produziram
torque dos extensores (Tabela 3) presente estudo, observam-se diferenças efeitos similares em termos de ganho de
apresentou diferença significante após o quanto ao tempo de tratamento, freqüência força.
tratamento somente no grupo dinamô- semanal, quantidade e tipos de exer-
metro (GB p=0,515; GD p=0,05). Os exercícios elaborados com a bola
cícios26,35,40,41. Não houve diferença
Nenhuma diferença significante foi geraram um aumento significante da
significante entre os protocolos, tal como
encontrada entre os grupos (p=0,624). força extensora (demonstrado pela
no estudo que comparou a dinamome-
dinamometria isocinética), opondo-se a
A relação flexão/extensão (Tabela 3) tria isocinética com a cinesioterapia
outros estudos que não encontraram
para o pico de torque (GB p=0,005;GD clássica17.
atividade eletromiográfica suficiente
p=0,011), trabalho total (GB p=0,005; Houve uma melhora significante na para desenvolver força24,39. Estudos an-
GD p=0,051) e potência (GB p=0,028; flexibilidade da cadeia posterior no tes- teriores que utilizaram a bola para o
GD p=0,05) demonstrou melhora te do terceiro dedo ao solo em ambos tratamento da dor lombar crônica não
significante após o tratamento em ambos os grupos, conforme esperado, já que avaliaram a força do tronco 26,35,40,41.
os grupos, sem diferença significante foram submetidos ao mesmo protocolo Apenas um estudo demonstrou que o
entre os grupos (p>0,05). de alongamento. O ganho da mobilida- treinamento com exercícios de ponte na
de lombar (Schöber) foi maior no grupo bola é capaz de aumentar a resistência
dinamômetro, o que pode ser explicado muscular e a estabilização do tronco,
DISCUSSÃO pelos exercícios realizados no equipa- mas para uma população saudável; além
A escolha de dois protocolos de mento, com maior flexão do tronco. disso, para tal avaliação não foi utilizada
fortalecimento deveu-se ao fato de a a dinamometria, apenas testes de
O pico de torque, trabalho total e po-
literatura relatar a fraqueza dos músculos resistência37. No presente estudo, os
tência dos flexores não mostraram
do tronco como o principal fator de risco exercícios de ponte fizeram parte do
diferenças significantes após o tratamen-
para o desenvolvimento da dor lombar treinamento do grupo bola e o ganho
to, enquanto os extensores mostraram um
de força foi demonstrado por dinamo-
crônica1-3,5-7, além de ser uma evidência ganho relevante. Não houve maior ênfase
metria.
a indicação do fortalecimento para no treinamento dos extensores em ambos
pacientes com dor lombar crônica19-21. os protocolos propostos. O fato de os O tempo de aceleração foi significan-
Como não há evidência sobre qual é o flexores não apresentarem ganho de força temente reduzido após o tratamento
tipo de exercício mais efetivo7,19-21,26, após o tratamento pode ter sido influencia- somente para os extensores dos volun-
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Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.15, n.4, p.387-91, out./dez. 2008 ISSN 1809-2950
Estudo desenvolvido no RESUMO: A flexibilidade muscular tem importante papel na prevenção de algumas
Laboratório de Avaliação patologias musculoesqueléticas, além de influenciar a postura. A criança em
Musculoesquelética do Fofito/ desenvolvimento apresenta maior flexibilidade. O objetivo deste foi avaliar a
FMUSP – Depto. de flexibilidade de crianças de 7 e 8 anos e a existência de diferença entre sexo e
Fisioterapia, Fonoaudiologia e idade para essa variável. Foram avaliadas 230 crianças das escolas municipais da
Terapia Ocupacional da cidade de Amparo, SP. A amostra constituiu-se de 130 meninas e 100 meninos
Faculdade de Medicina da saudáveis, com índice de massa corporal menor que o 85o percentil, que não
Universidade de São Paulo, São praticavam esporte institucionalizado ou exercício físico em freqüência maior que
Paulo, SP, Brasil duas vezes e/ou 3 horas por semana. A flexibilidade foi medida pelo teste da
1
Fisioterapeuta; Profa. Ms. do distância do 3o dedo ao solo. Os dados foram tratados estatisticamente para verificar
Curso de Fisioterapia da a existência de diferenças de sexo e idade, adotando-se o nível de significância de
Pontifícia Universidade 5%. Foi encontrada diferença significante de sexo (p=0,05), tendo as meninas
Católica de São Paulo apresentado maior distância (29,15±8,80 cm) 3o dedo-solo que os meninos
(27,41±10,01 cm). Não houve diferenças entre as idades (p=0,725). As meninas
2
Fisioterapeuta; Profa. Dra. do apresentaram menor flexibilidade que os meninos.
Curso de Fisioterapia do Fofito/ DESCRITORES: Avaliação; Criança; Maleabilidade
FMUSP
ENDEREÇO PARA ABSTRACT: Muscle flexibility has an important role in preventing musculoskeletal
CORRESPONDÊNCIA
pathologies, besides influencing posture. Developing children present more
flexibility. The purpose was to assess flexibility in 7- and 8-year olds, inquiring
Patrícia Jundi Penha whether there are age or sex differences. Two hundred and thirty public schools
Av. Pref. Raul de Oliveira students (from Amparo, SP) aged 7 to 8 years old were assessed. The sample was
Fagundes 141 apto. 42 made up of healthy 130 girls and 100 boys, with body mass index below the 85th
13900-560 Amparo SP percentile, who did not take part in institutionally organized sports or did not practice
e-mail: regular, physical exercise over twice and/or three hours a week. Flexibility was
ft.patriciapenha@gmail.com measured by the fingertip-to-floor test. Data were statistically analysed to verify
sex and/or age differences, significance level being set at 5%. A significant sex
Este estudo recebeu apoio da difference was found (p=0.05): girls showed higher distance (29.15±8.80 cm) in
Fapesp – Fundação de Amparo the fingertip-to-floor test than boys (27.41±10.01 cm). There were no age differences
à Pesquisa do Estado de São (p=0.725). Girls presented less flexibility than boys.
Paulo
KEY WORDS: Child; Evaluation; Pliability
APRESENTAÇÃO
set. 2008
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
nov. 2008
388 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):387-91
2008;15(4)
Penha & João Avaliação da flexibilidade em crianças
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Estudo desenvolvido no RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da severidade de sinais e
Programa de Pós-Graduação – sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em não-pacientes nas diferentes
Mestrado em Fisioterapia – do regiões do país. Questionários foram aplicados a 2.396 universitários, dos quais
Unitri – Centro Universitário do 73,7% mulheres (21±5 anos) e 26,3% homens (22±4 anos). Determinado o nível
Triângulo, Uberlândia, MG, de severidade dos sinais e sintomas da DTM, os dados foram tratados
Brasil estatisticamente, com nível de significância de 5%. Maior prevalência de sinais e
1 sintomas de DTM foi constatada para o sexo feminino (73,03%). Na região Centro-
Profa. Dra. do Curso de Oeste não foi observada diferença significante entre estudantes com sinais e sintomas
Fisioterapia da FMRP/USP –
Faculdade de Medicina de de DTM moderada e severa; mas aí há mais probabilidade de encontrar universitários
Ribeirão Preto da Universidade com sinais e sintomas severos do que nas demais regiões. A região Sul apresentou
de SãoPaulo, Ribeirão Preto, SP maior porcentagem de estudantes com sinais e sintomas, porém com menor
severidade que nas demais regiões. No Nordeste e no Sul, é mais provável encontrar
2
Profa. Livre-Docente do Curso universitários sem sinais e sintomas que universitárias. Pode-se concluir que a
de Fisioterapia da FMRP/USP porcentagem de universitários não-pacientes portadores de algum nível de
severidade de sinais e sintomas da DTM foi maior que a de não-portadores, em
3
Fisioterapeuta Ms. do Curso de todas as regiões. Diferentes regiões apresentam diferentes probabilidades de se
Especialização em Acupuntura encontrarem universitários com algum sinal ou sintoma de DTM.
do Centro de Estudos Firval
DESCRITORES: Avaliação; Índice de gravidade de doença; Transtornos da articulação
ENDEREÇO PARA temporomandibular
CORRESPONDÊNCIA
ABSTRACT: The aim of this study was to assess prevalence of temporomandibular
Profa. Dra. Anamaria Siriani de disorders (TMD) signs and symptoms in non-patients from different Brazilian
Oliveira geographic areas. Questionnaires were applied to 2,396 college students, of which
FMRP/USP 73.7% were women (aged 21±5) and 26.3% men (aged 22±4). Once severity levels
Av. Bandeirantes 3900 Prédio were classified, data were statistically treated, and significance level set at 5%.
Central Greater percentage of TMD signs and symptoms was found in women (73.03%)
14049-900 Ribeirão Preto SP than among men. No significant differences between percentages of students with
e-mail: siriani@fmrp.usp.br moderate and severe signs and symptoms were found in Central-West region –
where chances of finding male students with severe TMD signs and symptoms are
Este estudo contou com bolsa higher than in any other region. In the South was found the greatest percentage of
Prosup da Capes – Coordenação students with some TMD signs and symptoms, but with lesser severity than in other
de Aperfeiçoamento de Pessoal regions. In the Northeast and the South there are higher chances of finding male
de Nível Superior – para o autor
3 rather than female students without TMD signs and symptoms. In all Brazilian regions
e apresenta parte dos dados da
dissertação de mestrado desse there were more non-patient students with some severity level of TMD signs and
autor. symptoms than without them. Different regions present different probabilities of
finding students with TMD signs and symptoms.
APRESENTAÇÃO KEY WORDS: Evaluation; Temporomandibular joint disorders; Severity of illness index
set. 2008
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
nov. 2008
392 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):392-6
2008;15(4)
Oliveira et al. Disfunção temporomandibular no Brasil
394 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):392-6
2008;15(4)
Oliveira et al. Disfunção temporomandibular no Brasil
foi significativamente menor que o de de indivíduos com sinais e sintomas As universitárias apresentaram maior
indivíduos portadores de algum grau de moderados e severos. Nessa região há uma porcentagem de sinais e sintomas seve-
severidade dos sinais e sintomas da DTM distribuição mais eqüitativa entre univer- ros que os universitários do sexo mas-
(68,6%). Resultados semelhantes quanto sitários com sintomas moderados e severos culino em quase todas as regiões, sendo
à prevalência de não-portadores de DTM e, de forma geral, a região Centro-Oeste essa diferença significante apenas na
de ambos os sexos foram encontrados apresentou maior porcentagem, embora região Norte. A região Centro-Oeste foi
por Pedroni et al.7 (32%), Schiffman12, não significativa, de indivíduos com sinais a única em que os estudantes do sexo
(25%), Locker e Slade 13 , (33%) e e sintomas severos que as demais regiões. masculino apresentaram uma porcenta-
Grosfeld et al.14 (28%). gem de indivíduos com sinais e sintomas
Com exceção da região Sul, as demais
No presente estudo, 27,0% das mulhe- apresentaram de 65 a 69% de universi- de DTM severa maior que as mulheres.
res e 43,7% dos homens foram classificados tários portadores de sinais e sintomas de Esses dados permitem concluir que
como não-portadores de sinais e sintomas DTM. Entretanto, observa-se que nas regionalmente, nesta amostra, as univer-
da DTM. Entretanto, os trabalhos de Conti6 regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste sitárias apresentaram maior prevalência
e Shiau e Chang15, também utilizando encontrou-se maior porcentagem de e severidade de sinais e sintomas de
questionários auto-administráveis, encon- indivíduos com DTM moderada e DTM que a encontrada entre os homens.
traram maiores porcentagens de indi- severa, 21%, 20% e 22%, respectiva- Os resultados deste estudo indicam
víduos não-portadores, 58% e 59%, mente (Tabela 2). Segundo Fonseca4, os ainda que há maior probabilidade de en-
respectivamente. voluntários com sinais e sintomas contrar universitárias com sinais e sinto-
moderados e severos de DTM deveriam mas de DTM moderada na região Sul e
Neste estudo, foi observada uma por- severa na região Nordeste que univer-
ser conduzidos a tratamentos específi-
centagem de universitários com sinais e sitários homens com esses mesmos grau
cos. Assim, de acordo com os dados
sintomas leves de DTM maior que a de de severidade.
obtidos neste estudo, nessas regiões
indivíduos sem sinais em todas as re-
estão os mais elevados números de indi- Não foram encontrados na literatura,
giões, embora sendo significante apenas
víduos com maior necessidade de enca- estrangeira e nacional, estudos de abran-
nas regiões Sudeste e Sul. Esses resulta-
minhamento ao tratamento da DTM. gência populacional semelhante à do
dos podem estar relacionados a dois
fatores: a maior parte dos indivíduos Em relação ao sexo, foi observado presente estudo, que possibilitasse um
avaliados (70,6%) pertencia a essas que entre as mulheres ocorreu o mes- melhor confronto entre os achados e dis-
regiões (Sul e Sudeste); essas regiões são mo padrão de distribuição que na amos- cussão. A utilização de um questionário
as mais industrializadas e de maior tra geral, tendo em vista que compõem anamnésico não confirma o diagnóstico
densidade populacional, o que aumenta a maior parte da amostra. Entre os da DTM, mas serve para o levantamento
a competitividade entre os indivíduos no homens, foram encontradas maiores dos sinais e sintomas em estudo de
mercado de trabalho, podendo ocasio- porcentagens de portadores de algum grande abrangência, como o proposto
nar alterações na qualidade de vida e nível de severidade de sinais e sintomas neste estudo2. Considerando a possibi-
desencadear estresse16. Regiões mais in- de DTM na região Sudeste (58,4%), lidade de progressão da disfunção1,19 e
dustrializadas também podem apresentar ati- embora essa diferença não tenha sido a futura necessidade de atendimento
vidade produtiva que exija alterações físi- significativa. Na região Centro-Oeste foi especializado19 – cabendo ressaltar que
cas, decorrentes das funções ocupacionais, encontrada a maior porcentagem de uni- o tratamento da DTM deve ser multipro-
que alterem constantemente o posicio- versitários que deveriam ser encaminha- fissional e interdisciplinar9 –, chama a
namento da mandíbula, cabeça, pes- dos para tratamento específico de DTM atenção o grande número de não-
coço, coluna e ombros, podendo atuar por apresentarem maior número de clas- pacientes portadores de algum nível de
como agente etiológico predisponente sificados como portadores de sinais e severidade de sinais e sintomas de DTM.
e perpetuante da DTM17. Outros estudos sintomas de DTM moderada e severa Os resultados aqui apresentados indicam
indicam que esses fatores, na vida diária (17,4%) que nas outras regiões do país. a necessidade de mais estudos regionais,
dos indivíduos, podem gerar transtornos especialmente os longitudinais, para
Ao comparar regionalmente os
psicológicos e somatizações como elo acompanhar a progressão desses sinais e
universitários dos sexos masculino e fe-
entre as formas mais comuns de estresse sintomas, e a implantação e credencia-
minino, em relação à severidade do re-
(ansiedade, depressão, desordem de pâ- mento de serviços especializados para
lato de sinais e sintomas, observa-se que
nico), associado aos sintomas mais espe- o tratamento da DTM, a fim de contribuir
a porcentagem de homens classificados
cíficos de DTM18. para a redução do impacto da disfunção
como não-portadores foi maior em todas
nos portadores, bem como para os
O número de universitários portado- as regiões, embora esses valores tenham
estudos epidemiológicos.
res de sinais e sintomas severos de DTM sido estatisticamente significantes
foi significativamente menor que aqueles apenas nas regiões Nordeste e Sul. Esses
com sintomas moderados em quase
todas as regiões, embora na região
dados indicam que nessas regiões há
maior probabilidade de encontrar
CONCLUSÃO
Centro-Oeste não fosse observada universitários sem sinais e sintomas de Pode-se concluir que a porcentagem
diferença estatística entre a porcentagem DTM que universitárias. de universitários (não-pacientes) porta-
REFERÊNCIAS
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396 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):392-6
2008;15(4)
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.15, n.4, p.397-401, out./dez. 2008 ISSN 1809-2950
Estudo desenvolvido no Centro RESUMO: Uma paciente em pós-operatório de reparo das lesões dos tendões flexores
de Reabilitação do HCFMRP/ e nervo digital do 5o dedo da mão direita foi estudada com o objetivo de avaliar os
USP – Hospital das Clínicas da efeitos da aplicação de um protocolo de reeducação sensorial da mão. A paciente
Faculdade de Medicina de foi avaliada antes e após três meses da aplicação do protocolo. Nessas avaliações
Ribeirão Preto da Universidade foram aplicados: teste de limiar de sensibilidade com monofilamentos, teste de
de São Paulo, Ribeirão Preto, discriminação de dois pontos estático e dinâmico, o questionário Dash (sigla em
SP, Brasil inglês de incapacidades de ombro, braço e mão) e testes de força de preensão
1 palmar e de pinça. Os exercícios propostos envolveram: discriminação de toque
Fisioterapeutas do Programa de
Aprimoramento Profissional em estático e dinâmico e de objetos de diferentes formas, tamanhos e texturas. A
Fisioterapia em Ortopedia e paciente também foi orientada a executar programa domiciliar. Foi realizada a
Traumatologia do HCFMRP/ análise descritiva dos dados. Ao final dos três meses, verificou-se redução do limiar
USP sensitivo na região volar do 5o dedo, bem como desenvolvimento de discriminação
estática de dois pontos nessa região. Além disso, verificou-se aumento das forças
2
Fisioterapeuta do Centro de de preensão palmar e de pinça e menor pontuação no questionário Dash. Os
Reabilitação do HCFMRP/USP resultados sugerem que a aplicação de programas de reeducação da sensibilidade
3
pode contribuir para a recuperação da função sensorial da mão, trazendo benefícios
Terapeuta ocupacional; Profa. reais ao paciente.
Dra. da FMRP/USP
DESCRITORES: Privação sensorial; Traumatismos dos dedos/reabilitação
4
Fisioterapeuta; Profa. Dra. da
FMRP/USP ABSTRACT: A patient who had undergone nerve injury repair surgery of the right-hand
5th-finger flexor tendons and digital nerve was studied in order to assess the effects
ENDEREÇO PARA of a hand sensory reeducation program. The patient was evaluated before and after
CORRESPONDÊNCIA the three-month program application, as to: touch pressure threshold (by
monofilaments); static and moving two-point discrimination; pinch strength; and
Raquel M. Mendes answered the Dash – Disabilities of the arm, shoulder and hand – questionnaire.
R. Raul Peixoto 554 ap.12 The proposed exercises involved static and moving touch discrimination, and
Jardim Califórnia recognition of different shapes, sizes and textures. The patient was also guided to
14026-220 Ribeirão Preto SP do the exercises at home. After the three-month program, a pressure threshold
e-mail: reduction was noticed in the 5th-finger volar region, as well as a static two-point
raquelmetzker@bol.com.br
discrimination improvement in the same area. Also, an increase of grip and pitch
Este estudo contou com apoio strength and a minor score in the Dash questionnaire were found. Results thus
da Fundap – Fundação do suggest that the sensorial reeducation program proposed may contribute to
Desenvolvimento improving hand sensory function, bringing real benefits to the patient.
Administrativo. KEY WORDS: Finger injuries/rehabilitation; Sensory deprivation
Foi apresentado em formato de
resumo ao 28o Congresso
Brasileiro de Cirurgia da Mão,
Ribeirão Preto, SP, maio 2008.
APRESENTAÇÃO
jul. 2008
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
nov. 2008
398 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):397-401
2008;15(4)
Mendes et al. Reeducação sensorial da mão
limiar de sensibilidade com monofila- Tabela 1 Resultados nos testes de discriminação de dois pontos, estático e
mentos (Sorri), de detecção da densidade dinâmico, antes e após aplicação do protocolo
de inervação e/ou gnosia tátil (discrimi- Discriminação de Avaliação inicial Avaliação final
nação de dois pontos, estática e dinâ- ponto 4o dedo 5o dedo 4o dedo 5o dedo
mica), realizados com o disco descrito
Estático 5 mm * 3 mm 5 mm
por Weber9, e testes para a verificação
da força de preensão palmar e de pinça Dinâmico NT 10 mm NT NT
(lateral, polpa-a-polpa e trípode) aplica- * Paciente não foi capaz de discriminar o toque estático de dois pontos; NT = Não testado
dos utilizando-se os dinamômetros
hidráulicos Jamar e Pinch Gauge, res- disfunção) até 100 (disfunção severa). vadas. Os exercícios foram aplicados
pectivamente. É importante destacar que apenas no território de inervação sensitiva
Para o desenvolvimento do programa
os testes de discriminação de dois pontos do nervo ulnar na mão direita da pacien-
de reeducação sensorial, foi aplicado o
foram aplicados apenas nas falanges te, local com sensibilidade (inclusive
protocolo descrito por Dellon11 e desen-
distais do 4o e 5o dedos da mão direita, protetora) diminuída e dificuldades para
volvido por Curtis11,12. Os instrumentos
sendo o teste dinâmico realizado apenas discriminação fina e/ou de forma e tem-
utilizados durante os exercícios foram:
no 5o dedo, onde a paciente não con- lápis e/ou canetas emborrachados; um peratura. A dificuldade dos exercícios
seguiu discriminar o toque estático. A conjunto de reeducação sensorial desen- aumentava gradualmente, à medida que
paciente apresentava teste de Tínel volvido e utilizado pelos setores de Fisio- a paciente melhorava seu desempenho
positivo na falange distal do 5o dedo. terapia e Terapia Ocupacional do Centro para executá-los, sendo que o exercício
Para a avaliação funcional, foi aplicado de Reabilitação, contendo pequenos de maior dificuldade realizado foi a dis-
o questionário Dash (Disabilities of the bastões revestidos por materiais de criminação de pequenos objetos de tex-
arm, shoulder and hand, Incapacidades texturas diversas, luvas de procedimento, turas semelhantes (metal), mas formas e
de ombro, braço e mão), traduzido para pequenos objetos como parafusos, clipe tamanhos diferentes. Para tanto, a mão
a língua portuguesa e validado para a de papel, moedas, além de grãos de ar- da paciente foi recoberta com luva de
população brasileira10. Esse questionário roz, feijão, dentre outros (Figura 1). procedimento, estando livre apenas o
é composto por 30 questões auto-apli- quinto dedo. A paciente também foi ins-
cáveis sobre função e sintomas físicos e O protocolo foi aplicado por três truída e recebeu alguns materiais para
dois módulos opcionais (um referente a meses, num total de 13 sessões, com realização de programa domiciliar.
atividades esportivas e musicais, outro cerca de 20 minutos de duração, reali-
sobre atividades de trabalho); pode-se zadas em média duas vezes por semana. Após os três meses do programa, a
pontuar até cinco pontos em cada As salas utilizadas durante os atendi- paciente foi reavaliada da mesma forma
questão e seu escore total varia de 0 (sem mentos eram sempre silenciosas e reser- descrita para a avaliação inicial; além
disso, recebeu orientações para dar con-
tinuidade aos exercícios mesmo após o
término do atendimento.
A análise dos dados foi descritiva, de-
vido ao fato de este ser um estudo de
caso, o que impossibilita a aplicação de
testes estatísticos.
RESULTADOS
Os resultados obtidos pela paciente
nas avaliações inicial e final são os se-
guintes. Na avaliação inicial, a paciente
apresentou no 5o dedo limiar de sensi-
bilidade ao filamento de cor violeta (2,0
g), no 4o dedo e restante do território de
inervação ulnar de cor azul (0,2 g), e
verde (0,05 g) nas demais regiões da mão
acometida. Na avaliação final, verificou-
se limiar de sensibilidade ao filamento
azul no 4o e 5o dedos e no restante do
território de inervação do nervo ulnar.
Figura 1 Conjunto de objetos de reeducação sensorial utilizados para a aplicação As Tabelas 1 e 2 apresentam os resul-
do protocolo tados iniciais e finais obtidos nos testes
REFERÊNCIAS
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Estudo desenvolvido no RESUMO: A Bioética, como campo disciplinar, teve um avanço significativo nas últimas
Programa de Pós-Graduação décadas. A América Latina e principalmente o Brasil seguiram essa tendência
em Ciências da Saúde da UnB mundial, com edição expressiva de publicações na área da saúde. Este estudo tem
– Universidade de Brasília, DF, por objetivo verificar como questões éticas e bioéticas foram incorporadas à prática
Brasil e à pesquisa na área da Fisioterapia. Este estudo exploratório procedeu à revisão
sistemática das bases de dados MedLine/PubMed, SciELO, ProQuest, Scopus, Lilacs,
1 Profa. Dra. do Curso de Biblioteca Virtual de Saúde e Google acadêmico, sites de periódicos de Fisioterapia,
Fisioterapia da Universidade recorrendo a uma bibliografia bioética brasileira editada em 2002 e a contato com
Federal de Santa Maria, Santa
Maria, RS, Brasil autores, em busca de artigos publicados a partir de 2000 que abordassem temas
relacionados às questões éticas e bioéticas na fisioterapia. Excluíram-se livros,
2 Profa. Dra. do Programa de comentários e/ou resenhas de livros, artigos em revistas não-indexadas e textos
Pós-Graduação em Ciências da com enfoque comercial ou de divulgação. Foram selecionados 23 artigos, 2
Saúde da UnB editoriais e uma seção de revista. Verificou-se que a evolução da pesquisa bioética
na fisioterapia é crescente no cenário internacional, mas há carência desses estudos
ENDEREÇO PARA no âmbito nacional. Isso demonstra a necessidade premente de incluir essa temática
CORRESPONDÊNCIA na formação e nas discussões dos fisioterapeutas, como forma de contribuir para o
fortalecimento da identidade profissional.
Ana Fátima V. Badaró
Av. Borges de Medeiros 1699 DESCRITORES: Bioética; Ética; Fisioterapia; Literatura de revisão como assunto
apto. 404
97015 090 Santa Maria RS ABSTRACT: The bioethics discipline has had a significant advancement in the last
e-mail: badaroana@uol.com.br decades. Latin America, and mainly Brazil, have followed this world trend, showing
a good number of publications by health care professionals. This study aims at
verifying how the themes of bioethics and ethics were incorporated into practice
and research in the physical therapy field. This systematic literature review has
drawn on MedLine/PubMed, SciELO, ProQuest, Scopus, Lilacs, Biblioteca Virtual
de Saúde and Scholar Google databases, on physical therapy journal websites,
also resorting to a Brazilian bioethics bibliography published in 2002 and to contact
with authors, searching for articles published from 2000 on that addressed ethics
and bioethics issues related to physical therapy. Books, comments on and/or book
reviews, articles in non-indexed journals as well as texts having a commercial or
advertising focus were excluded. Twenty-three articles, two editorials and a magazine
section have been selected. Results show that the evolution of bioethics research
in physical therapy is ever-increasing in the international scenario, but there is a
APRESENTAÇÃO lack of such studies in the national scope. This points to the urgent need to include
fev. 2008 this theme in physical therapists education and debate, in order to contribute to
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO the development of professional identity.
nov. 2008 KEY WORDS: Bioethics; Ethics; Physical therapy; Review literature as topic
402 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):402-7
2008;15(4)
Badaró & Guilhem Bioética e Fisioterapia
404 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):402-7
2008;15(4)
Badaró & Guilhem Bioética e Fisioterapia
Quanto às categorias de abordagem, que, ao estudar o conhecimento ético volvem os fisioterapeutas em relação ao
em 16 artigos são discutidas questões na Fisioterapia, analisou mais de 90 desenvolvimento ético e ao processo de
que envolvem o código de ética ou com- artigos publicados em revistas científi- tomada de decisão. Cabe lembrar que
portamentos éticos (Ética profissional); cas estadunidenses, entre 1970 e 2000, um desses artigos é nacional e investigou
9 analisam a formação ética e propõem para estabelecer uma comparação entre a concepção ética dos fisioterapeutas,
modelos para uma educação ética no os textos com as fases da Bioética descri- alertando para a ausência desses conhe-
cuidado em saúde (Formação/ Edu- tas por Pellegrino, em 1999, e as fases cimentos na formação e profissional e
cação); 3 envolvem conceituação de da ética profissional na fisioterapia pro- no debate da categoria (Quadro 1).
ética e moral (Ética filosófica); 3 discor- postas por Purtilo, em 200013. A autora
categorizou essas publicações em filo- Em 2006 verificou-se uma retomada
rem sobre a história da ética na profissão,
sóficas e sociais, verificando que a abor- mais significativa desses temas, com qua-
os princípios morais e o código de ética
dagem filosófica foi a mais comum nas tro artigos publicados. As abordagens
(Desenvolvimento ético), e 3 abordam
décadas de 1970 e 1980, enquanto a dos estudos foram mais diversificadas,
questões sobre o respeito e os cuidados
abordagem social foi crescendo a cada variando entre a preocupação dos fisio-
com os pacientes em pesquisa (Ética em
década. Observou também que, dentre os terapeutas, o desenvolvimento do ensino
pesquisa). Cabe observar que alguns arti-
estudos que utilizaram a abordagem filo- da ética na prática da fisioterapia e a
gos se incluíram em mais de uma dessas
sófica, a maioria adotou como referência investigação do consentimento informa-
categorias (Quadro 1).
a teoria principialista. No Brasil, nesse do (que, na nomenclatura oficial bra-
Quanto ao número desses estudos, mesmo ano, a Fisioterapia iniciou sua sileira, tornou-se “consentimento livre e
cabe destacar, em 2000, a conferência inserção histórica no debate bioético, esclarecido”). Ocorreu ainda a inserção
de Ruth Purtilo13 que preconizava, para com a publicação de um artigo e um da coluna “Ethics in action” na Physical
o novo milênio, o direcionamento do editorial de autoria de fisioterapeutas Therapy Magazine (periódico mensal sob
foco dos estudos para a ética pro- brasileiros. a responsabilidade da fisioterapeuta
fissional. Deve-se mencionar ainda a Nancy Kirsch31), que visa possibilitar a
contribuição do Journal of Physical De 2003 a 2005, constata-se uma re- reflexão interativa acerca da ética e
dução no número de publicações. Dos
Therapy Education que, em edição es- desenvolver habilidades para a tomada
seis artigos publicados nesse período,
pecial, pôs em discussão as questões éticas de decisões éticas.
cinco investigaram o comportamento
que envolvem a Fisioterapia14-22, ligadas
ético na prática profissional e o outro Em 2007, até setembro (limite do
ao desenvolvimento moral na profissão.
analisou a questão dos conteúdos de período de busca desta pesquisa), foram
Em 2001 nenhum artigo foi encon- Ética na formação profissional. Todos os encontrados apenas dois artigos: um
trado mas, em 2002, destaca-se a im- trabalhos chamavam a atenção para os abordou os valores éticos dos fisioterapeu-
portante publicação de Laura Swisher4 problemas de consciência ética que en- tas; e o outro, os erros cometidos por
406 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(4):402-7
2008;15(4)
Badaró & Guilhem Bioética e Fisioterapia
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Estudo desenvolvido no Fofito/ RESUMO: A articulação temporomandibular faz parte do sistema estomatognático que,
FMUSP – Depto. de junto com os dentes, periodonto, coluna cervical, crânio e cintura escapular, é
Fisioterapia, Fonoaudiologia e responsável pela mastigação, fonação, deglutição, respiração e expressão facial.
Terapia Ocupacional da Exercícios terapêuticos têm sido empregados na reabilitação e prevenção das
Faculdade de Medicina da disfunções temporomandibulares (DTM). Este estudo teve como objetivo revisar a
Universidade de São Paulo, SP, literatura a respeito, verificando a eficácia dos exercícios terapêuticos nas DTM.
Brasil Foram examinados periódicos do período entre 1991 e agosto de 2008, nas bases
1 de dados Medline, Lilacs e Pubmed, utilizando as palavras-chave “desordem
Fisioterapeuta do Movicet –
Movimento Centro de Estudos e temporomandibular”, “terapia por exercícios” e as correspondentes em inglês. Foram
Terapia, Campinas, SP selecionados relatos de caso, artigos de revisão e ensaios clínicos com mais de 20
pacientes, num total de 53 artigos. A maioria relatou efeitos positivos na redução
2
Fisioterapeuta do Depto. de da dor, melhora da mobilidade e dos aspectos psicológicos, sugerindo que os
Fisioterapia das Faculdades exercícios podem contribuir no tratamento da DTM. Entretanto, o tipo, tempo de
Adamantinenses Integradas, duração, número de repetições, freqüência e intensidade dos exercícios não está
Adamantina, SP bem descrita. A falta de padronização das pesquisas, bem como da forma de avaliar,
3
dificultam a comparação dos resultados. Mais estudos com métodos padronizados
Fisioterapeuta Ms.; doutoranda devem ser estimulados.
no Programa de Pós-Graduação
em Fisiopatologia Experimental DESCRITORES: Literatura de revisão como assunto; Terapia por exercício; Transtornos
da FMUSP da articulação temporomandibular
4
Profa. Dra. do Fofito/FMUSP ABSTRACT: The temporomandibular joint is part of the stomatognathic system, which
comprises a complex set of orofacial structures, including teeth, cervical spine,
5
Fisioterapeuta do Movicet cranium and shoulder. The system is responsible for masticatory, phonation, and
deglutition functions, as well as for breathing and facial expression. Physical therapy
ENDEREÇO PARA exercises have been used for rehabilitation and prevention of temporomandibular
CORRESPONDÊNCIA disorders (TMD). The purpose of this study was to review studies on the subject and
assess the effectiveness of physical therapy exercises for TMD. Case reports, review
Sâmia A. Maluf
Fofito/FMUSP articles, and clinical trials with more than 20 patients, published from 1991 to
R. Cipotânea 51 Cidade mid-2008, were searched for in databases Medline, Lilacs and Pubmed, by using
Universitária keywords "exercise therapy” "temporomandibular disorders”, and the correspondent
05360-160 São Paulo SP terms in Portuguese. Fifty-three studies were selected of which most showed positive
e-mail: effects on pain reduction, improvement in joint mobility and psychological aspects,
samia_maluf@uol.com.br suggesting that physical therapy exercises may be beneficial in TMD treating.
However, the type, duration time, repetitions, frequency and intensity of the
therapeutic exercises are not well described. The lack of research and assessment
APRESENTAÇÃO method standardization hinder result comparison. More studies with standardized
ago. 2008 methods must be stimulated.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Exercise therapy; Review literature as topic; Temporomandibular joint
nov. 2008 disorders
408 Fisioter
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Maluf et al. Exercício para disfunção temporomandibular
Quadro 1 Estudos em que se utilizou placa associada a exercícios e/ou outro procedimento
Autoria, ano, tipo de estudo N Tratamento proposto Disfunção Resultados
Felício et al (1991)26* 33 Exercícios DTMM Benéfico
Widmark et al (1994)7** 33 Placa, injeções, medicação, terapia manual DTMA Indefinido
Krogstad et al (1996)8 103 Orientações, exercícios DOF Indefinido
Krogstad et al (1996)57 103 Orientações DTM Benéfico
Krogstad et al (1998)28 16 Exercícios DTMM Benéfico
Magnusson & Syren (1999)27 *** 26 Exercícios DTMM Benéfico
Treino da respiração, relaxamento e Benéfico a curto e longo
Carlson et al (2001)12*** 44 reeducação postural, placa e autocuidado DOF prazos
Placa, orientação, medicação, exercícios
Grace et al (2002)30** 45 domiciliares, termoterapia, uso do BAE DTM Benéfico
Placa e tratamento médico, fisioterapia,
Stiesch-Scholz et al (2002)32** 72 exercícios e terapia manual DDSR Benéfico
Terapia cognitiva comportamental, gelo,
Dworkin et al (2002)44*** 117 orientações, medicação, placa DTM Benéfico
Magnusson et al (2002) 11*** 135 Placa isolada e com exercícios terapêuticos DTM Benéfico a longo prazo
Terapia comportamental, exercícios,
Dworkin et al (2002)54*** 124 alongamento, compressa quente, gelo, DOF Indefinidos
orientações, medicação, placa
Anastassaki & Magnusson (2004) Conservador: placa, medicamentos, exer- Benéfico a DDSR, DTMA e
56 *** 3194 cícios mandibulares, acupuntura, outras DTM
DTMM; pobre para DOF
Babadag et al (2004)33 25 Analgésicos, placa de oclusão na ATM DDCR Benéfico
Yoda et al (2006)31** 104 Exercício e placa DDSR Benéfico
Conservador: orientações, autocuidado e
Truelove (2006)13* 200 dispositivo intra-oral DTM Benéfico
Tipo de estudo: * randomizado; **critérios de inclusão/exclusão; ***randomizado + critérios; N = número de sujeitos no estudo; DTM =
disfunção temporomandibular; DTMM = disfunção temporomandibular miogênica; DTMA = disfunção temporomandibular artrogênica;
DDSR = disfunção de disco sem redução; DDCR = disfunção de disco com redução; DOF = dor orofacial; ATM = articulação
temporomandibular
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atividades de vida diária pode auxiliar treinamento de exercícios domiciliares Sherman et al.51 analisaram o efeito
significativamente no controle da sinto- proporcionam ganhos de ordem psico- do relaxamento muscular em pacientes
matologia da DTM1,38. As orientações lógica, pois diminuem a ansiedade42-44. com dor orofacial. Os resultados indica-
associadas a exercícios terapêuticos e à ram aumento da imunoglobulina A na
terapia manual podem ser eficazes no Associado a reeducação saliva, sugerindo que este pode ser outro
tratamento de pacientes com desloca- potencial benefício do treinamento pro-
mento de disco, mesmo sem haver o postural, terapia manual e gressivo em indivíduos com dor crônica.
reposicionamento 39,40. Os exercícios relaxamento Alguns estudos relatam o benefício
domiciliares podem ser benéficos para os dos exercícios terapêuticos e terapia
que não melhoram somente com o A associação de exercícios terapêu- manual, acrescidos de eletroterapia, nas
tratamento convencional41. ticos e reeducação da postura foi mais
DTMs miogênicas e artrogênicas1,14,21,52; e
eficaz do que o relaxamento45 e orienta-
Michelotti et al.15 compararam dois Machado & Lima53 descrevem um estu-
ção de autocuidado37. Estudos12,46-49 em que
tratamentos e após três meses constata- do de caso em que, além da conduta
se associaram reeducação postural por
ram que o grupo que recebeu somente odontológica, realizou-se manobra osteo-
meio de exercícios terapêuticos, terapia
orientação obteve 57% de melhora e o pática da coluna cervical, tendo como
manual e relaxamento concluem que
que combinou exercícios domiciliares à resultado redução do quadro álgico.
esses procedimentos parecem ser úteis
orientação, 77% de melhora. Pacientes nos casos de deslocamento anterior do Apesar dos resultados favoráveis en-
que fizeram fisioterapia e praticaram disco com redução, síndrome dolorosa contrados na literatura, um fator limitante
regularmente autocuidado obtiveram miofascial e DTM miogênica. Augustine nos estudos sobre terapia manual é a falta
sucesso no relaxamento da musculatura et al.50 sugerem que a DTM pode estar de descrição minuciosa das técnicas
mastigatória, alívio da dor e melhora nos associada à anteriorização da cabeça e utilizadas, tendo em vista que os termos
sintomas da depressão e na qualidade do que alongamentos e exercícios podem terapia manual, mobilização e manipu-
sono. As orientações de autocuidado, o contribuir para correções posturais e lação são genéricos e podem incluir
esclarecimento dos fatores de risco e o redução dos sintomas. muitas formas de movimento passivo.
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v. : il.
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Fisioterapia da Universidade de São Paulo.
Semestral: 1994-2004
Quadrimestral: a partir do v.12, n.1, 2005
Trimestral: a partir do v.15, n.1, 2008 ASSOCIAÇÃO DE FACULDADE DE MEDICINA
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ISSN 1809-2950 APOIO
Filiada à
FACULDADE DE MEDICINA
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