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Apresentação................................................................................. 9
Conceitos fundamentais
de Fonética Articulatória......................................................... 11
A produção da fala ........................................................................................ 11
A produção de vogais..................................................................................... 15
A produção de consoantes.............................................................................. 24
Quadro fonético do PB................................................................................... 34
Quadro fonético do IPA.................................................................................. 35
Conceitos fundamentais
de acústica e técnicas de análise............................................ 37
Características das ondas sonoras.................................................................. 40
Parâmetros físicos da onda sonora................................................................. 43
Diferentes tipos de ondas sonoras . ............................................................... 54
Princípio de Ressonância e Processo de Filtragem........................................ 60
Princípio de Ressonância........................................................................ 60
Processo de Filtragem............................................................................. 60
Representação gráfica do sinal de fala........................................................... 66
Forma de onda........................................................................................ 67
Espectrograma ....................................................................................... 68
Representação espectral.......................................................................... 72
Processamento digital do sinal de fala........................................................... 80
Processo de amostragem......................................................................... 80
Processo de quantização......................................................................... 82
Características acústicas
de vogais e ditongos................................................................ 85
Vogais orais ................................................................................................... 85
Redução vocálica e desvozeamento .................................................... 104
Vogais epentéticas................................................................................. 108
Vogais nasais................................................................................................ 110
Vogais nasalizadas....................................................................................... 125
Ditongos e hiatos.......................................................................................... 129
Bibliografia................................................................................ 247
Apêndice...................................................................................... 259
As autoras.................................................................................. 263
Apresentação
A ideia de escrever este livro surgiu de uma prosa entre Thaïs Cristófaro
Silva e Izabel Seara, em Curitiba, em fevereiro de 2011, durante o período de
realização do Congresso da Abralin. Em 2012, Adelaide Silva juntou-se ao pro-
jeto e, em 2013, foi a vez de Andreia Schurt Rauber unir-se ao grupo de autoras.
Larissa Berti fez parte da equipe de elaboração deste livro durante um período
entre 2013-2014, mas, por razões pessoais, optou por sair da equipe. Suas con-
tribuições foram inestimáveis durante o tempo em que trabalhou conosco. Agra-
decemos a ela pelo trabalho colaborativo, sempre cheio de alegria e entusiasmo.
Um grande desafio imposto à elaboração deste volume foi a distância física
entre as autoras: Thaïs Cristófaro Silva (em Minas Gerais), Izabel Seara (em
Santa Catarina), Adelaide Silva (no Paraná) e Andreia Rauber (no Rio Grande
do Sul e depois na Alemanha). Tentamos diversas metodologias! Encontros via
Skype, que se realizavam semanalmente. Duplas de autoras para formularem
partes específicas do livro. Delegar um determinado trecho para uma das auto-
ras. Descobrimos que a tarefa era árdua pela distância e pelos métodos.
Ademais, adversidades aconteceram ao longo do caminho, como do-
ença e cura e mudança de país, o que protelou a conclusão desta obra. Em
2015, decidimos que Thaïs Cristófaro Silva organizaria uma versão final,
capa a capa, a ser discutida posteriormente por todas. A versão foi conclu-
ída, mas ainda não conseguiu deslanchar. Em 2017, retomamos novamente
o projeto, mas também não alavancou. Finalmente, no início de 2018, Thaïs
Cristófaro Silva e Izabel Seara se reuniram por uma semana em Florianó-
polis e conceberam uma versão pré-final dos 4 capítulos. Ainda em 2018,
convidamos Maria Cantoni para fazer as ilustrações da obra. Ela não apenas
cumpriu seu papel de ilustradora, como também apresentou sugestões que,
certamente, contribuíram para a clareza do texto.
Finalmente, em junho de 2018, conseguimos concluir o projeto deste li-
vro! Com certeza, cada uma de nós pensou, em algum momento, em desistir
da elaboração deste volume. Contudo, entendíamos que era necessário um
livro com o conteúdo que apresentamos nesta obra. Trabalhamos com afin-
co, superamos adversidades e conseguimos concluí-la por termos sempre em
mente os nossos alunos. Por isso, esta obra é dedicada a cada um deles.
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Fonética Acústica
Agradecimentos
As imagens deste livro foram produzidas utilizando recursos computa-
cionais gratuitos e livres, como os programas de ilustração e manipulação
de imagens Libre Office Draw (https://pt-br.libreoffice.org), Gimp (https://
www.gimp.org/) e Inkscape (https://inkscape.org/pt-br/), o programa de aná-
lise acústica da fala Praat (http://www.fon.hum.uva.nl/praat/) e o ambiente
de análise estatística e gráfica R (https://www.r-project.org/). Agradecemos
à comunidade do software livre por possibilitar a usuários do mundo todo o
acesso irrestrito a recursos de alta qualidade, promovendo a integração social
e o desenvolvimento colaborativo do conhecimento.
Amanda Ivo e Caio Carvalho editaram os áudios que foram utilizados nas
imagens dos exercícios.
Thaïs Cristófaro Silva agradece ao apoio do CNPq, Fapemig e Capes no
desenvolvimento deste projeto. Izabel Seara agradece ao apoio do CNPq. Por
fim, todas as autoras agradecem o apoio institucional recebido da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Santa Catarina e
Universidade Federal do Paraná.
Este livro conta com material de apoio disponível on-line que pode
ser acessado em: www.editoracontexto.com.br/material-extra.
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Conceitos fundamentais
de Fonética Articulatória
A produção da fala
A descrição dos sons de qualquer língua utiliza parâmetros articulatórios
estabelecidos a partir de três sistemas: 1) sistema respiratório, 2) sistema fona-
tório e 3) sistema articulatório. O conjunto desses três sistemas é denominado
aparelho fonador. Considere a Figura 1.1.
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Fonética Acústica
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
Figura 1.2 – Sistema fonatório com destaque para as cavidades supra e subglóticas.
A Figura 1.2 ilustra o sistema fonatório com destaque para a glote e para
as cavidades supra e subglóticas. No início do processo de fonação, as pregas
vocais estão aproximadas (aduzidas) e a pressão do ar na cavidade subglótica
é maior do que a pressão do ar na cavidade supraglótica. Ao se aproxima-
rem, as pregas vocais obstruem o ar expiratório na glote. Com isso, ocorre um
aumento da pressão subglótica até que as pregas vocais se afastem (abdução).
Considere a Figura 1.3.
Figura 1.3 – Processo de fonação.
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Fonética Acústica
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
A produção de vogais
As vogais são produzidas com uma resistência mínima à passagem de ar
pelo trato vocal. A língua é o principal articulador dos sons vocálicos. Tipi-
camente, as vogais são sons que apresentam vibração das pregas vocais e são
classificados como vozeadas. Casos em que uma vogal pode ser desvozeada
serão abordados posteriormente. Para descrever as vogais, são adotados os
seguintes parâmetros articulatórios:
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Fonética Acústica
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
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Fonética Acústica
A Figura 1.7 ilustra que, para a articulação das vogais, o ponto máximo de
recuo que a língua pode atingir é a região do véu palatino e o ponto máximo
de avanço que a língua pode atingir é a região alveolar. Assim, é possível com-
preender que há um contínuo entre as posições de máximo avanço (A) e máxi-
mo recuo (C) do corpo da língua. Afirmar que uma vogal é anterior significa
dizer que o corpo da língua se encontra no ponto máximo de deslocamento
horizontal para frente em relação à posição de repouso. Por outro lado, uma
vogal é posterior quando o corpo da língua se encontra em seu ponto máximo
de deslocamento horizontal para trás em relação à posição de repouso. Entre
o ponto máximo de recuo e o ponto máximo de avanço da língua, há o ponto
intermediário (B), que caracteriza uma vogal central. No PB, as vogais [i,e,ɛ]
são anteriores, as vogais [ɔ,o,u] são posteriores e a vogal [a] é central. A partir
das posições da língua na dimensão horizontal, as vogais orais do PB podem
ser classificadas como:
18
Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
Figura 1.8 – Diagramas com diferentes configurações dos lábios na produção de vogais.
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Fonética Acústica
[i͂ ,e͂ ,ɐ,o͂ ,u͂ ] Nasal sim, bem, lã, bom, rum
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
Arredondamento/
língua/abertura
da mandíbula
estiramento dos
Avanço/recuo
Oral/Nasal
Altura da
da língua
Símbolo
lábios
oral
13 [ɪ] alta/fechada anterior não-arr.
reduzida
oral
14 [ɐ] baixa/aberta central não-arr.
reduzida
oral
15 [ʊ] alta/fechada posterior arred.
reduzida
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Fonética Acústica
Ditongos decrescentes
Símbolo Tipo Vogal Glide Oral/Nasal
1 [aj] decrescente baixa palatal oral
2 [ej] decrescente média-alta palatal oral
3 [ɛj] decrescente média-baixa palatal oral
4 [oj] decrescente média-alta palatal oral
5 [ɔj] decrescente média-baixa palatal oral
6 [uj] decrescente alta palatal oral
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
Ditongos crescentes
Símbolo Tipo Glide Vogal Oral/Nasal
17 [ja] crescente palatal baixa oral
18 [je] crescente palatal média-alta oral
19 [jo] crescente palatal média-alta oral
20 [ju] crescente palatal alta oral
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Fonética Acústica
A produção de consoantes
O mecanismo de produção das consoantes é diferente do mecanismo de
produção das vogais. Por isso, os parâmetros articulatórios definidos para a
descrição das consoantes são diferentes dos parâmetros articulatórios defini-
dos para a descrição das vogais. Para descrever as consoantes, são adotados os
seguintes parâmetros articulatórios:
1 modo/maneira de articulação
2 ponto/lugar de articulação
3 vozeamento
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
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Fonética Acústica
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
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Fonética Acústica
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
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Fonética Acústica
vocal, que dão vazão lateral à corrente de ar. Os canais laterais são formados
pelo abaixamento e estreitamento do corpo da língua e permitem a propagação
lateral da corrente de ar. Considere a Figura 1.16.
Figura 1.16 – Configuração do trato vocal na articulação da consoante lateral [l].
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
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Fonética Acústica
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
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Fonética Acústica
Quadro fonético do PB
Os sons podem ser apresentados em quadros que indicam as propriedades
articulatórias das consoantes e das vogais. Os quadros que seguem apresentam
os símbolos fonéticos para as consoantes e vogais do PB. Símbolos adicionais
poderão ser apresentados ao longo deste livro quando apropriado.
Quadro fonético das consoantes do pb
Ponto de articulação
Alveopalatal
Vozeamento
Labiodental
Dental ou
alveolar
Bilabial
Palatal
Glotal
Velar
Modo de Articulação
não-
p t k
Oclusiva vozeada
vozeada b d g
Nasal vozeada m n ɲ
não-
f s ʃ x h
Fricativa vozeada
vozeada v z ʒ ɣ ɦ
não-
tʃ
Africada vozeada
vozeada dʒ
Tepe vozeada ɾ
Vibrante vozeada r
Aproximante retroflexa vozeada ɻ
Lateral vozeada l ʎ
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Conceitos fundamentais de Fonética Articulatória
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Fonética Acústica
Bilabial Labiodental Dental Alveolar Post alveolar Retroflex Palatal Velar Uvular Pharyngeal Glottal
bilabial labiodental dental alveolar pós-alveolar retroflexa palatal velar uvular faringal glotal
pp bb t td d Ê ∂t c Ô c k g qk Gg q G /
Plosive
Oclusiva
NasalNasal µ
m
m n n = ≠ JN –N N
Trill
Vibrante B r r R R
Tepe Tap
(ou flepe)
or Flap v | R « }
Fricativa
Fricative F BB ff vv T
T DD s s z zS Z Zß Ω ç J ç x V X
X ÂG ©X ? R h H h
Fricativa lateral
Lateral
fricative Ò L L
P j
Aproximante
Approximant √ ® ’
j ˜
Aprox. lateral l L L
Lateral
approximant l ¥ K
Em pares de símbolos tem-se que o símbolo da direita representa uma consoante vozeada. Acredita-se ser impossível as
Where symbols appear in pairs, the one to the right represents a voiced consonant. Shaded areas denote articulations judged impossible.
articulações nas áreas sombreadas.
CONSONANTS (NON-PULMONIC) VOWELS
Front Central Back
Clicks Voiced implosives Ejectives
Close i
Suprassegmentos y È Tons
Ë e acentos¨ unas palavras
Consoantes (mecanismo ∫ Bilabial
> Bilabial de corrente de ar não’pulmonar)
Examples:
bilabial bilabial
! (Post)alveolar Palatal ’ t’
comoDental/alveolar
em
acento secundário e P
Close-mid ee” ∏ou muito
alta
Ø oe ou ascendente
| dental dental/alveolar p’ bilabial �
! pós-alveolar
¯ Palatoalveolar
palatal
ƒ Velar k’ Velar
t’ dental/ foUn tin é
´ alta ê descendente
≤ Alveolar lateral Ï Uvular s’ Open-mid
e E { e ‰ médiaø Oe
ò
alveolar longa
Alveolar fricative
alto ascendente
= palatoalveolar velar
OTHER SYMBOLS
k’ velar semilonga e œ è å baixa e baixo ascendente
|| lateral alveolar uvular s’ fricativa muito breve e a ” A Å
Open �
∑ Voiceless labial-velar fricative Ç Û Alveolo-palatal
alveolar fricatives ” ^ e in pairs,
Where symbols appear muito the one e ascendente-
w Voiced labial-velar approximant » Voiced alveolar lateral flap divisão silábica i.{kt baixo
to the right represents a rounded vowel. descendente etc.
Á Voiced labial-palatal approximant Í Simultaneous S and x| grupo acentual menor SUPRASEGMENTALS
>
downstep ascendência
>
Vogais || grupo entonativo principal (quebra brusca) global
Ì Voiceless epiglottal fricative � ligação (ausência de divisão)" Primary stress
>
Æ Secondaryupstep descendência
¿ anterior central posterior
>
Affricates and double articulations
(
stress
Voiced epiglottal fricative can be represented by two symbols
kp ts (subida brusca)
ÆfoUn´"tIS´n global
fechada ÷ i Epiglottal
y plosive 1 } M u
(
3 Voiced s3 t 3 0 Creaky voiced b0 a0 desvozeado ¡ Apical n� dt � ¡ d¡ voz. sussurrado Minor (foot)
b
group
a dental t d
meia-aberta Ó AspiratedE tÓ dÓ 3 • £ Linguolabial
V• O ≤ Major (intonation) group
t £ d£ vozeada 4 Laminal t 4 d4 ~voz tremulante
(ou média-baixa) b
. Syllable~break ~®i.œkt a a pical t d
7 More rounded { O7 W Labialized tW dW ) Nasalized e)
aberta (ou baixa) ¶ Less rounded a O¶• & A• Q
∆ Palatalized
H aspirada
t∆ d∆ ˆ Nasal release
tH d Hdˆ
≈ Linking t(absence
linguolabial d
of laminal
a break) t d
~
e— û low e& ñ$ Rising- falling
aproximadamente 8 Non-syllabic e8 flepe 5 Advanced Tongue Root e5centralizada ë Õ Downstep
velarizada ou faringalizadaã Global5 rise
labiovelar ±vozeada Rhoticity ´± a± alveolar ∞ Retracted
lateral
Tongue Root e∞centraliz. média e õ Upstep e Ã( =Global fall
levantada fricativa bilabial vozeada)
H aproximadamente articulação ┴ ┴ ┴
eX
não silábica e raiz da língua avançada e
H fricativa epiglotal Para representar consoantes
** A
A Associação Internacional de
Associação Internacional de Fonética
Fonética gentilmente
gentilmenteautorizou
autorizouaareprodução
reproduçãodesta
desteTabela
Quadro Fonético.
Fonética.
NOTA
1
IPA Chart, https://www.internationalphoneticassociation.org/content/full-ipa-chart, available under a
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netic Association. “Under this license, there is no need to request permission from the Association for
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