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MERITÍSSIMO JUÍZO DA Xª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE XXXXX

XXXXX, qualificação completa, vem, com o


devido respeito, por meio de seus procuradores, perante Vossa Excelência,
impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO
LIMINAR visando proteger direito líquido e certo seu, indicando como
coator o Gerente-Executivo da Agência da Previdência Social XXXXX – a
ser encontrado no endereço XXXXX neste município, pelos seguintes
fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:
O Demandante requereu administrativamente, em
23 de outubro de 2017, a concessão de aposentadoria especial, com o
reconhecimento da especialidade do labor desempenhado em condições
especiais no período de 17/01/2013 a 23/10/2017 em que exerceu atividade
com exposição permanente a agentes nocivos a sua saúde e sua integridade
física.

O benefício foi indeferido sob a alegação de


“recebimento de outro benefício”.

Cumpre destacar que o Sr. XXXXX obteve a


concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (NB
XXXXX) por meio do processo judicial nº XXX o qual tramitou na Xª Vara
Federal da Subseção Judiciária DE XXXXX.

À vista disso, considerando que o tempo


especial foi convertido em tempo comum, HÁ COISA JULGADA com
relação a especialidade dos períodos de 03/11/1986 a 31/01/1989, de
24/05/1989 a 03/07/1989, de 02/12/1992 a 18/10/2001, de 19/10/2001 a
25/06/2003 e de 01/07/2003 a 16/01/2013 (sentença e voto anexos).

Nesse contexto, ao efetuar a previsão de renda no


caso de concessão da aposentadoria especial, o Sr. XXXXX verificou que a
concessão de novo benefício lhe garantiria renda mensal superior, eis que
não haveria incidência do fator previdenciário.

Desse modo, após a concessão do benefício,


o Sr. XXXXX continuou exercendo atividade laborativa sob condições
especiais e, por exigência legal, permaneceu realizando contribuições
previdenciárias aos cofres públicos.
Por essa razão, requereu, em pedido de revisão
perante o INSS, o reconhecimento da especialidade do período de
17/01/2013 a 23/10/2017 (imediatamente posterior ao período reconhecido
judicialmente) laborado na empresa XXXXX na função de JATEADOR, em
face da exposição a ruído e poeira mineral (limalhas de ferro), consoante
evidencia o formulário PPP fornecido pela empregadora.

Aliás, veja-se o teor da perícia técnica judicial


(anexada ao processo administrativo) no sentido de que o Sr. xxxxx estava
exposto a ruído de 99,42 dB(A) em sua jornada de trabalho.

À vista do exposto, estando plenamente


demonstrada a especialidade das atividades do Sr. XXXXX, deveria ter sido
reconhecido o tempo de serviço especial TAMBÉM no período de
17/01/2013 a 23/10/2017, subsequente aquele já reconhecido na via judicial.

Destaca-se que o Impetrante formulou


requerimento de RENÚNCIA nos autos do processo judicial que reconheceu
o seu direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, tendo
sido expedida ATC (Averbação do Tempo de Contribuição) para o cômputo,
pelo INSS, dos períodos reconhecidos judicialmente (veja-se ATC em
anexo).

Ocorre que, quando protocolado o requerimento de


revisão do ato administrativo que indeferiu a concessão de aposentadoria
especial em 01/10/2018, o pedido fora protocolado pela Autarquia como
“Recurso Especial”, de forma que encaminhados, EQUIVOCADAMENTE,
os autos à Junta de Recursos, onde aguardam julgamento até a presente data.
Não bastasse, em 27/12/2018 o Impetrante
apresentou novo pedido de revisão de ato de indeferimento perante à
Agência de XXXXX, que protocolou o requerimento como “Informações”.
Excelência, a Autarquia SEQUER analisou os pedidos do Segurado, o que
se extrai do fato que, AMBOS OS REQUERIMENTOS FORAM
PROTOCOLADOS ERRONEAMENTE, e DESNECESSARIAMENTE
encaminhados à Junta de Recursos, vez que, quem deveria julgar o pedido
de revisão é a própria Agência da Previdência Social de xxxxx.

Perceba-se que, quanto ao pedido de revisão do ato


de indeferimento, a IN 77/2015 é clara ao referir que, protocolado o pedido,
o INSS deverá reanalisar o ato de indeferimento:

Art. 560. A revisão poderá ser processada por


iniciativa do beneficiário, representante legal ou procurador legalmente
constituído, por iniciativa do INSS, por solicitação de órgãos de controle
interno ou externo, por decisão recursal ou ainda por determinação judicial.

Art. 561. No caso de pedido de revisão de ato de


indeferimento, deverão ser observados os seguintes procedimentos:

I - sem apresentação de novos elementos, o INSS


reanalisará o ato, observado o prazo decadencial;

Ainda, não tendo sido analisado até o presente


momento, fora extrapolado o prazo de 30 dias, determinado pela Lei
9.784/99, que regula os Processos Administrativos no âmbito Federal.

À vista do exposto, é necessário que o Sr. xxxxx


tenha seu pedido analisado, para que obtenha reconhecimento da
especialidade do período que não foi objeto de ação judicial (de 17/01/2013
a 23/10/2017), laborado a empresa xxxxx e a consequente concessão do
benefício de APOSENTADORIA ESPECIAL (46)

DO CABIMENTO DO MS

Conforme o artigo 5º, inciso LXIX, da


Constituição da República Federativa do Brasil, conceder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por “habeas-
corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.

Nesse mesmo sentido é a redação do artigo 1º da


Lei 12.016 de 2009 ao assegurar que conceder-se-á mandado de segurança
para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer
pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as
funções que exerça.

No caso em tela, o direito líquido e certo está sendo


violado por ato ilegal do INSS – na figura do Gerente da APS de XXXXX -
eis que até o presente momento a revisão do ato de indeferimento não foi
analisada, estando violado o direito do Segurado à razoável duração do
processo e à celeridade de sua tramitação.

DO INTERESSE DE AGIR
No presente caso, o interesse processual do
Impetrante assenta-se na omissão do Gerente da APS que ignorou DECISÃO
JUDICIAL (processo n.º XXXXX) que reconheceu a especialidade dos
periodos laborados pelo Sr. XXX. Ainda, deixou de analisar DOIS
requerimentos de revisão de ato administrativo protocolados pelo Segurado,
tendo sido ultrapassado o prazo de trinta dias (prorrogávies por igual
período) disposto no art. 49 da Lei 9784/99.

Nessa esteira, evidente a presença do trinômio


necessidade-utilidade-adequação que caracteriza o interesse de agir, na
medida em que o ato ilegal emanado pelo Administrador somente poderá ser
reparado pela atuação do Poder Judiciário, por meio do processo,
instrumento útil e adequado para persecução deste fim.

Pelo exposto, denota-se que a omissão e a inércia


administrativa, implica em grave prejuízo ao seu direito, e assim configura o
interesse de agir.

DO MÉRITO

No que se refere ao mérito da presente ação, é


desnecessário grandes debates acerca do tema, na medida em que a Lei nº.
9.784/99, que regula o processo administrativo, é muito clara ao estabelecer
o prazo de 30 dias, prorrogáveis mediante justificação, por mais 30 dias:

Art. 49. Concluída a instrução de processo


administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
salvo prorrogação por igual período expressamente motivada. (grifado)
No presente caso, os pedidos de revisão do
ato de indeferimento foram protocolados em 27/12/2018 e, anteriormente em
01/10/2018, de sorte que mesmo com a prorrogação de mais 30 dias, o prazo
para apreciação foi extrapolado.

Ademais, é direito líquido e certo da parte ter


seu pedido administrativo devidamente analisado, sobretudo quando o
direito à concessão do benefício é tão evidente quanto no presente caso.

Nesse sentido, caminha o entendimento do


Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL
CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DE
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DEMORA
EXCESSIVA. ILEGALIDADE. 1. O prazo
para análise e manifestação acerca de pedido
administrativo de concessão de benefício
previdenciário submete-se ao direito
fundamental à razoável duração do processo e
à celeridade de sua tramitação, nos termos do
art. 5º, LXXVII, da CF/88. 2. A demora no
processamento e conclusão de pedido
administrativo equipara-se a seu próprio
indeferimento, tendo em vista os prejuízos
causados ao administrado, decorrentes do
próprio decurso de tempo. 3. Hipótese em que
restou ultrapassado prazo razoável para a
Administração decidir acerca do
requerimento administrativo formulado pela
parte. (TRF4 5057346-16.2017.4.04.7100,
QUINTA TURMA, Relator ALTAIR
ANTONIO GREGÓRIO, juntado aos autos
em 06/06/2018 - grifado)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE
SEGURANÇA. APELAÇÃO. DEMORA
NA APRECIAÇÃO ADMINISTRATIVA.
ART. 49 DA LEI Nº 9.784/99.
ILEGALIDADE POR OMISSÃO.
CIÊNCIA. PESSOA JURÍDICA DE
DIREITO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. NULIDADE. NÃO
OCORRÊNCIA. 1. Ultrapassado em muito o
prazo do art. 49 da Lei nº 9.784/1999, resta
configurada ilegalidade por omissão, passível
de ser coibida por mandado de segurança. 2.
A falta de ciência à pessoa jurídica de Direito
Público, prevista no art. 7º, inciso II, da Lei nº
12.016/2009, quando devidamente notificada
a autoridade impetrante para prestar as
informações e não demonstrado eventual
prejuízo, não configura nulidade. (TRF4
5019052-60.2015.4.04.7100, SEXTA
TURMA, Relator ARTUR CÉSAR DE
SOUZA, juntado aos autos em 17/10/2017 -
grifado)
Ademais, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM
EVENTUAL NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVAS para a
confirmação do direito do Impetrante, ou EVENTUAL ALEGAÇÃO DE
APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS, tendo em vista que os
requisitos inerentes à concessão do benefício de aposentadoria especial são
EVIDENTES, tendo a Autarquia Previdenciária todos os elementos
indispensáveis ao reconhecimento do Direito do Impetrante, conforme
supramencionado nos fatos do presente Mandado de Segurança.

Assim, requer desde já que SEJA


DETERMINADA A APRECIAÇÃO DO PEDIDO de requerimento de
revisão do ato de indeferimento do pedido de aposentadoria especial,
formulado pelo Impetrante, tendo em vista que até o presente momento não
fora proferida decisão, violando o prazo estipulado no art. 49 da Lei nº
9.784/99, bem como, o prazo do art. 41-A §5º da Lei 8.213/91.

IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA

O novo Código de Processo Civil estabelece em


seu art. 300 que “A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo”.

No presente caso, o direito está manifestamente


comprovado, uma vez que fora ultrapassado o prazo de 45 dias previsto no
artigo 41-A §5º da Lei 8.213/91.

O periculum in mora, de outra banda, se dá pelo


caráter alimentar do benefício, sobretudo no presente caso, em que o
Segurado já teve a especialidade de sua atividade laboral RECONHECIDA
JUDICIALMENTE, visando finalmente obter o descanso após longa vida
laboral, de forma que ao INSS somente cabia analisar o pedido e conceder o
benefício (haja vista a comprovação dos requisitos).

Portanto, imperioso seja determinada,


liminarmente, a implantação da aposentadoria por tempo de contribuição.

V – DO PEDIDO

ISSO POSTO, REQUER:

1. O recebimento e o deferimento da presente


peça inaugural;

2. A concessão de Gratuidade da Justiça, tendo


em vista que o Impetrante não tem como suportar as custas judiciais sem o
prejuízo de seu sustento e de sua família (vide procuração com poderes
específicos, conforme autoriza o art. 105 do CPC);

3. A concessão tutela de urgência em caráter


liminar para determinar a análise do requerimento de revisão do ato de
indeferimento formulado pelo Impetrante, visto que extrapolado o prazo
legal para tanto;

4. A notificação da autoridade coatora, Sr.


Gerente-Executivo da Agência da Previdência Social de XXXXX, a ser
encontrado na Rua XXXXX;

5. A averbação dos períodos de 03/11/1986 a


31/01/1989, de 24/05/1989 a 03/07/1989, de 02/12/1992 a 18/10/2001, de
19/10/2001 a 25/06/2003 e de 01/07/2003 a 16/01/2013, como TEMPO DE
SERVIÇO ESPECIAL, eis que já reconhecidos judicialmente (processo nº
XXXXX, ATC em anexo);
6. A CONCESSÃO DA SEGURANÇA, a fim
de determinar que a Autoridade Coatora analise o direito líquido e certo do
Impetrante, a fim de conceder o benefício de aposentadoria especial.

Nestes termos,

pede e espera deferimento.

Dá à causa o valor de R$xxxxx .

Local, data

Advogado (a)

OAB/UF n. XXX

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