TEXTO 1: Há poucos dias, o presidente Jair Bolsonaro assinou o projeto de lei que regulamenta a educação
domiciliar no Brasil. A proposta cria regras para quem opta por educar os filhos em casa. No entanto, para se
transformar em lei, o projeto precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional em até 120 dias. Enquanto isso,
o assunto gera polêmica e debates entre especialistas e a própria população. De acordo com o Ministério da
Educação (MEC), a educação domiciliar "é uma modalidade de ensino em que pais ou tutores responsáveis
assumem o papel de professores. Assim, o processo de aprendizagem acontece fora de uma escola". O projeto
de lei assinado na última quinta-feira (11), altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - que dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente - e a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. “O fenômeno homeschooling, ou seja, o da educação domiciliar, é
realidade no Brasil. Há famílias que optam por educar seus filhos em casa; no entanto, não há lei que estabeleça
quais são as diretrizes básicas para que esse direito seja exercido. Hoje, muitos pais que optam por esse tipo
de aprendizado são denunciados e, inclusive, condenados judicialmente a matricular seus filhos na escola. O
termo é justamente esse, pois as famílias são ‘condenadas a matricular os filhos em até tantos dias’, caso
contrário, elas correm o risco de, por exemplo, perder a guarda da criança”, explica o secretário adjunto da
Secretaria Nacional da Família, Pedro Hollanda, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Segundo o projeto encaminhado ao Congresso, para que as crianças possam ser educadas dessa forma, elas
precisam, em primeiro lugar, ser cadastradas no Ministério da Educação e, posteriormente, passar por um
processo de avaliação. “As famílias terão de fazer um cadastro via plataforma, na internet, na qual elas vão
inserir uma série de informações relativas à criança, como idade, vínculo com a criança, certidão criminal,
plano pedagógico individual, caderneta de vacinação atualizada, enfim, documentos que já estão previstos no
texto da lei e que visam dar mais segurança para a sociedade como um todo”, pontua o secretário. Portanto,
além de documentos pessoais, os responsáveis legais pela criança deverão apresentar um plano pedagógico
individual, que precisa ser atualizado anualmente. Além disso, o texto destaca que "caberá aos pais ou aos
responsáveis legais, durante o processo de ensino e de aprendizagem, monitorar de forma permanente o
desenvolvimento do estudante, conforme as diretrizes nacionais curriculares". “As avaliações vão ocorrer
anualmente com possibilidade de recuperação, já a partir de 2020. É uma avaliação que ocorre como no
ambiente escolar, ou seja, desde o segundo ano do ensino fundamental até o último ano do ensino médio. É o
princípio da isonomia [igualdade] entre o estudante da escola e aquele que aprende com a educação
domiciliar”, explica o secretário.
(Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Escola/noticia/2019/04/ensino-domiciliar-entenda-o-que-diz-o-projeto-
de-lei.html. Acessado em: 17/08/19).
TEXTO 2: É cada vez mais comum encontrar entre famílias norte-americanas e europeias crianças e
adolescentes que estudam em casa, educadas por professores particulares ou até mesmo pelos seus pais. A
prática do ensino domiciliar, ou homeschooling, divide opiniões entre educadores e cuidadores e ganhou
visibilidade ao virar pauta recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF). No dia 12 de setembro, dez
ministros da corte decidiram que, com a Constituição Federal vigente, os pais e cuidadores não têm o direito
de tirar seus filhos da escola para ensiná-los em casa. Na ocasião, somente o relator do processo, o ministro
Luís Roberto Barroso, votou a favor da autorização da prática, contanto que requisitos mínimos sejam
observados como por exemplo a notificação às Secretarias Municipais de Educação, para que haja um registro
de crianças que estudam em casa. Segundo ele, a Constituição não proíbe a metodologia, e ressaltou que os
pais teriam o direito de escolher a melhor forma de educar os filhos. Dos dez ministros que participaram, sete
argumentaram que a prática é uma possibilidade, mas que antes é preciso elaborar e aprovar uma lei que
permita a avaliação do aprendizado e da socialização de pessoas que estudam em casa. Dois ministros votaram
a favor da proibição total do ensino exclusivamente domiciliar, defendendo que o mesmo pode ser
complementar, mas não deve substituir o ensino escolar. Se no STF não há consenso, no cotidiano das famílias
brasileiras, tampouco, o assunto está esgotado. Bruna Lima, revisora e tradutora, mãe de uma criança de sete
anos, dá o tom. Ela diz que conhece o conceito, já pesquisou a respeito mas ainda não tem uma opinião
consolidada. “Não estou acompanhando o debate no STF, soube pela imprensa que a proposta foi rejeitada,
mas confesso que já considerei educar minha filha em casa.” Apesar da ideia ter passado pela cabeça, desistiu.
“Me preocupa o fato das crianças não terem o devido acompanhamento de profissionais especializados e a
questão da perda de convivência [com outras crianças, educadores e outros profissionais do ambiente escolar].
Por outro lado, acho que se houver um programa de orientação pode ser algo benéfico às crianças, para que
se desenvolvam em seu próprio ritmo”, conta. O tema também divide opiniões mesmo entre especialistas.
Entre os argumentos a favor do ensino domiciliar, lideram os posicionamentos que defendem o direito dos
adultos de não optar pela educação escolar; a crença de que seres humanos são individuais e, portanto, têm
necessidades diferentes; e a possibilidade de interação em espaços alternativos à escola, como parques; entre
outros. Atualmente, a Associação Nacional de Ensino Domiciliar (Aned) calcula que existem cerca de
sessenta processos sobre o tema em tramitação nos tribunais brasileiros. A instituição, fundada em 2010,
promove a defesa do direito da família à educação domiciliar. A organização define o conceito como uma
modalidade de educação, na qual os principais direcionadores e responsáveis pelo processo de ensino-
aprendizagem são os pais do aluno, o que proporciona maior amadurecimento, produz adultos seguros e com
uma autoestima sólida – além de estimular o desenvolvimento da disciplina de estudo e estratégias de
aprendizado. Do outro lado, lideram os argumentos de que a garantia de educação básica obrigatória é dever
compartilhado da sociedade, família e Estado; acesso a diferentes conteúdos oferecidos por diversos pontos
de vista; valorização da escola como esfera mais ampla de sociabilidade; criação de pessoas incapazes de
compartilhar problemas e desafios da sociedade se educadas em casa; risco de negligência do direito à
educação garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), entre outros. Andressa Pellanda,
coordenadora de políticas educacionais da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, defende a escola
como lugar que possibilita a aprendizagem e desenvolvimento humano a partir do contato com o outro. “O
acesso à educação na escola é importante do ponto de vista pedagógico para a formação do ser humano de
forma integral, porque é na relação dialógica com a sociedade – e a escola é uma das instituições sociais – que
aprendemos.” Para endossar seus argumentos, cita também o artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases (LDB),
que versa “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais.”
(Disponível em: http://aliancapelainfancia.org.br/inspiracoes/ensino-domiciliar-divide-opinioes-de-especialistas-e-educadores/.
Acessado em: 17/08/19).
TEXTO 3:
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema “O debate sobre o ensino domiciliar no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.