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Aula 01 02/06/2009
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Conceito:
É a expressão técnica para se falar em corrupção administrativa.
Se o administrador age com corrupção, está desvirtuando o exercício da função pública
e, portanto há violação da ordem jurídica. Ex: administrador que deveria ter feito a
licitação de uma obra e não fez;
A improbidade não se trata apenas do enriquecimento ilícito, mas também de atos
omissivos que causem prejuízo ao erário, por meio de tráfico de influência, por exemplo.
O administrador ignora a vontade coletiva em detrimento da vontade de um pequeno
grupo, o qual se locupleta em prejuízo da sociedade.
Exemplos de improbidade:
a) enriquecimento ilícito;
b) exercício nocivo da função pública:
Ocorre quando o administrador prejudica o andamento do serviço público sem que,
necessariamente, enriqueça ilicitamente.
c) tráfico de influência:
Nem todo lobby é improbidade, mas em alguns casos sim.
d) favorecimento da minoria em desprestígio da maioria.
A Lei 8.429/92 foi apelidada de “Lei do Colarinho Branco”. Embora tenha sido um marco
contra a corrupção, hoje muitos tentam burlar a aplicação da lei, com mecanismos
tendentes a afastá-la.
A fonte constitucional para a improbidade administrativa está no art. 37, § 4.º da CF:
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Ainda, quando a CF fala em que é vedada a cassação dos direitos políticos, mas sendo
possível a suspensão dos direitos políticos. Art. 15, V.
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Há improbidade administrativa no art. 85, V, quando trata dos crimes de
responsabilidade do Presidente da República.
Quando adveio a LIA, houve grande discussão quanto à competência. A regra era da
primeira instância. A partir de 2003 não mais se puniu no País por conta de improbidade
administrativa, justamente porque se discutia se os agentes políticos eram ou não
sujeitos às sanções da LIA.
No fim de 2007, o STF resolveu acerca das questões dos agentes políticos.
Tramitava no STF a ADIN 2.182, que discutia sobre o procedimento administrativo da LIA.
O STF afirmou que os processos de improbidade deveriam voltar a tramitar.
Sendo a competência para legislar acerca das sanções previstas na LIA da união, ela é
de âmbito nacional. Alguns autores afirmam que quando a lei traz algumas questões de
procedimento administrativo, a lei é federal, sendo aplicada apenas à união. Mas a
posição majoritária da doutrina é que essa lei se aplica a todos os entes da federação.
Como há três ilícitos, três instrumentos e três sanções, todos distintos, pode o agente ser
punido nas três instancias? Sim. Isso não gera bis in idem porque cada um desses ilícitos
gera uma sanção de natureza distinta. Assim, o administrador ímprobo não será
condenado duas vezes pela mesma sanção.
Nesse mesmo caso, pode o administrador ser condenado em uma instância e ser
absolvido em outra? Sim. Isso significa a independência das instância.
Excepcionalmente, no entanto, essas instancias se comunicam. A hipótese mais comum
é a absolvição penal que reconheça inexistência do fato ou negativa de autoria.
462488378.doc 2
Essa ideia está consagrada no art. 66 do CPP, 126 da 8.112/90 e 935 do NCC.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser
proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do
fato.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões
se acharem decididas no juízo criminal.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de
absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.
A absolvição penal por insuficiência de provas não gera comunicação para as demais
instancias. Da mesma forma, se o agente age com culpa quando o tipo requeria dolo
também será absolvido no processo penal, mas tal não se comunica com as outras
instâncias.
Se no processo penal ficar reconhecida uma excludente penal, havendo absolvição no
processo penal, poderá perfeitamente ser condenado nas outras instâncias. Mas nelas
não mais poderá haver discussão nas esferas cível e administrativas. Assim o
reconhecimento da excludente faz coisa julgada nas demais instâncias.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não,
contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação
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ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
a) agente público:
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Aquele que exerce função pública, a qualquer título (com ou sem remuneração, de forma
temporária ou permanente), inclusive o particular em colaboração (mesário, dirigente de
universidade privada e jurado). A função pública deve ser exercida nas pessoas
mencionadas no art. 1.º da LIA.
Os Agentes políticos são uma espécie de agentes públicos: qualquer agente que
represente a vontade do Estado (chefes do Poder Executivo e seus auxiliares imediatos;
Poder Legislativo; Magistrados e MP, embora a escolha destes últimos não seja política,
mas meritória - concurso público).
OBS: para doutrina sempre se defendeu que pode ser punido pelos dois instrumentos,
crime de responsabilidade (sanção diversa e menor) e ato de improbidade (envolve uma
reparação civil e uma punição mais ampla e eficaz).
Pela leitura do art. 2.º os agentes políticos podem responder perfeitamente por ato de
improbidade administrativa. A grande discussão diz respeito à condenação pela ação de
improbidade e por crime de responsabilidade.
Na Reclamação 2.138, quatro dos Ministros que já haviam votado tinham se aposentado
quando do julgamento. Pelo RISTF, quem substitui um Ministro que se aposenta não mais
vota na ação em que o aposentado já votara. A Reclamação foi julgada procedente, ou
seja, os agentes políticos não responderiam pela LIA. Mas essa não é a posição da
maioria dos Ministros hoje, de acordo com manifestações isoladas da nova composição.
Assim, o STF, na Reclamação 2.138, afirmou que se o agente político responde por crime
de responsabilidade, nessa situação não responderá por ato de improbidade.
Dessa decisão do STF, há três posições na doutrina:
- a primeira corrente afirma que os agentes políticos não estão sujeitos às sanções da
LIA, tendo em vista que já respondem por crime de responsabilidade.
- a segunda corrente, majoritária em primeira instância hoje, afirma que agente político
responde por crime de responsabilidade, quando existir coincidência nas duas leis, ou
seja, se a conduta está definida tanto na LIA quanto na Lei 1.079/50, prevalece o crime
de responsabilidade. Mas se a conduta não estiver descrita como crime de
responsabilidade ou se o agente não estiver sujeito aos crimes de responsabilidade,
responde pela LIA.
- a terceira corrente entende que os agentes políticos que são puníveis com crime de
responsabilidade também poderão ser punidos pela LIA, ressalvadas as sanções de
natureza política.
OBS: em primeira instância, como os prefeitos respondem pelo Decreto-Lei 201/69 e não
pela Lei 1.079/50, prevalece que respondem pelo ato de improbidade.
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Cada um que desejar o benefício da Reclamação 2.138, que exclui o agente político da
Lei de Improbidade, terá que chegar ao STF para ter por meio de outra Reclamação seu
direito. A Reclamação é mecanismo de interpretação.
Obs.: Parece que o STF está por restringir a decisão da aplicação da Reclamação 2138. A
análise tem que ser em cada caso, no caso concreto não significando que todos os
agente políticos estarão livres da ação de improbidade. A Reclamação não é instrumento
qualquer, ou seja, serve apenas quando houver descumprimento de decisão do STF.
Crítica: é fácil deixar de punir o agente político que deu a ordem e o subordinado que
cumpriu a ordem terá que responder pela lei de improbidade. Quem manda terá menos
responsabilidade que o mandado. Se for procurador tome muito cuidado, pois você
responderá por ato de improbidade, enquanto que o chefe, que deu a ordem, apenas
responderá por crime de responsabilidade.
Em regra, quem julga o crime de responsabilidade é a Casa legislativa, logo, como
critica, haverá impunidade.
A Improbidade traz conseqüências para o bolso do ímprobo, pena civil, devolução de
bens e ressarcimento do erário, sendo medidas mais eficazes por mexerem no bolso do
agente que pratica a improbidade (medidas indenizatórias).
Em suma, a decisão na Reclamação 2.138 foi um retrocesso.
1) Reclamação 2.138 STF: como o agente político também responde por crime de
responsabilidade, a tese é que se configuraria hipótese de bis in idem. Logo, sendo o
agente punido pelo crime de responsabilidade, não responderá pela improbidade
administrativa.
2) Reclamações 3923, 5378, 5389, 5391, 5393: o que já se decidiu é que, para não
responder pela improbidade administrativa, a conduta deverá estar tipificada como
crime de responsabilidade e, ao mesmo tempo, constar da lei de improbidade. Assim,
somente se devidamente configurado o bis in idem.
3) a reclamação serve para que o STF conserve a autoridade de suas decisões. Só produz
efeito intra partes e não é vinculante. Portanto, quem quiser se esquivar da aplicação da
lei de improbidade terá que formular o pedido ao STF em cada caso.
- as OSCIP também podem ser sujeito passivo do ato de improbidade, mas devem estar
recebendo dinheiro público para tanto.
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- empresas que recebam benefícios ou subvenções do poder público também podem ser
sujeito passivo de ato de improbidade (parágrafo único do art. 1.º).
- particulares com colaboração (mesário, jurado etc). Respondem no caso do art. 1.º da
LIA.
- pessoa jurídica:
Responde por ato de improbidade, já que é um terceiro que induz, concorre ou se
beneficia do ato. É a previsão do art. 3.º da LIA.
Podem ser sujeitos ativos, na condição de terceiros; a pessoa jurídica entrou no benefício
(induzindo, concorrendo ou se beneficiando da prática do ato), mas sendo pessoa jurídica
não sofrerá algumas sanções da lei de improbidade, como a perda de função, já que não
exerce função pública. Os terceiros serão punidos com sanções patrimoniais.
Exemplo: Empresa frauda o envelope e ganha a licitação, em conluio com o pregoeiro.
Nesse caso pode ser sujeito ativo enquanto terceiro como pessoa que agiu (induziu ou
concorreu) ou se beneficiou do ato.
Atos de improbidade:
O ato de improbidade necessariamente tem que ser ato administrativo? Não.
O ato de improbidade pode ser ato administrativo, existem várias condutas que não são
atos administrativos, mas que são atos de improbidade. Exemplo: Embolsar dinheiro é
ato de improbidade, mas não é ato administrativo.
Se a mesma conduta viola os artigos 9.º, 10 e 11, qual deve ser aplicado?
Deve ser aplicada sempre a conduta mais grave, ou seja, enriquecimento ilícito. Caso
não haja, aplica-se o art. 10 e se não houver, por último, o artigo 11.
Obs.: Quem definirá o tipo de improbidade (9, 10, 11) será a conduta do agente. Se a
conduta enriqueceu o agente ou se causou dano etc.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular,
de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de
fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do
patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação
de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço
superior ao de mercado;
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VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou
aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz
respeito à conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por
essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de
serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas
na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº
11.107, de 2005)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto,
na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
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OBS: mesmo com a aprovação das contas pelo Tribunal de Contas, ainda assim há a
possibilidade de o agente responder por improbidade. Isso porque os TCs aprovam as
contas por amostragem. Mas em caso de rejeição das contas, já há indício de
improbidade, facilitando o julgamento e a verificação do ato de improbidade.
Para que o agente seja punido por ato de improbidade, também, independe de dano
efetivo. É o que reza o art. 21 da LIA:
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal
ou Conselho de Contas.
Aula 02 12/06/2009
Penalidades (art.12):
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intermédio de PJ em que receber benefícios ou intermédio de PJ em que
seja sócio majoritário). incentivos fiscais ou seja sócio majoritário).
creditórios (ainda que por
intermédio de PJ em que
seja sócio majoritário).
A LIA ampliou a lista das penalidades que era originariamente prevista na CF/88. Hoje,
muitas sanções atingem monetariamente o administrador público.
Essa medidas são enumeradas de acordo com cada penalidade, ou seja, o juiz, em
havendo enriquecimento, por exemplo, deverá aplicar as sanções cabíveis tão somente a
essa modalidade. Pode, ainda, o juiz aplicar mais de uma sanção, desde que da mesma
lista do ato de improbidade. O que não pode fazer é aplicar uma sanção por violação de
princípio a ato de enriquecimento ilícito.
Sanções em espécie:
1) Enriquecimento ilícito:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de
multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
Deve-se, aqui, atentar para o fato de que a definição do ato de improbidade é sempre
decorrente da ação do agente. Quem define a conduta de improbidade é a própria ação
do agente. Se o agente, pois, enriqueceu ilicitamente, terá que devolver o acrescido.
Pode haver devolução do acrescido pelo terceiro, mas necessariamente o agente deve
ter tido o patrimônio acrescido.
Ex: imagine fraude à licitação. Há envolvimento do agente (presidente da licitação) e do
licitante. Caso o agente ganhe dinheiro ilicitamente. Deverá devolver o acrescido. Se o
valor do contrato estiver compatível com o de mercado, mesmo assim o ato será o do
art. 9.º, tendo em vista que o que se analisa é a conduta do agente.
Se, nesse caso, houver faturamento no preço do contrato, ainda assim, tendo o agente
enriquecido ilicitamente, o ato será o do art. 9.º, uma vez que o que define o ato de
improbidade é a conduta do agente e não do terceiro.
Nesse mesmo exemplo, se o agente não recebeu dinheiro e o valor praticado não foi o de
mercado, como houve superfaturamento o enriquecimento é o do licitante. Mas quem
define o ato de improbidade é o do administrador. Ora, no exemplo, o ato não gerou
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enriquecimento, mas sim dano ao erário, razão porque deverá o agente ser punido pelo
art. 10 da LIA e não pelo art. 9.º, já que o administrador não enriqueceu ilicitamente.
b) ressarcimento:
É o pagamento ao erário pelos prejuízos causados.
c) perda de função:
f) proibição de contratar com o poder público, receber benefícios fiscais e creditícios pelo
prazo de dez anos:
Tal proibição ainda se aplica em relação à pessoa jurídica, desde que o sócio majoritário
seja o administrador ímprobo.
OBS: como dito, de acordo com a gravidade do ato, o juiz pode escolher um ou mais das
sanções acima expostas.
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apenas gerou dano ao erário, caberá ao terceiro devolver os valores acrescidos
ilicitamente.
Ex: presidente da CPL frauda licitação sem receber nada por isso, havendo vantagem
indevida a uma empresa. Como no caso apenas houve dano erário e não enriquecimento
ilícito do administrador, quem devolverá o acrescido será o terceiro.
b) ressarcimento ao erário:
c) perda de função:
e) multa civil:
Tem como base o dano causado ao erário. O valor será de até duas vezes o valor do
dano.
b) ressarcimento:
No ato de violação a princípio administrativo, o ressarcimento é feito pelo terceiro.
c) perda de função:
e) multa civil:
Tem por base o salário do servidor. Pode ser de até cem vezes o valor da remuneração
mensal do servidor.
f) proibição de contratar e receber benefícios fiscais e creditícios pelo prazo de três anos.
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Na Lei 8.112/90 há uma obrigação do servidor, onde este tem o dever de cuidar da
probidade administrativa. Assim, sempre que tomar conhecimento de ato de
improbidade deve reportá-lo imediatamente.
Se o particular ou o servidor público tomarem conhecimento do ato de improbidade,
devem representá-lo. Assim, é possível que a improbidade comece com uma
representação, que pode ser feita à própria Administração Pública ou ao MP. Este, se
entender necessário, poderá instaurar inquérito civil ou intentar Ação de Improbidade. Já
a Administração Pública deverá instaurar um PAD para apurar o ato de improbidade.
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Na ação de improbidade, diferentemente da ACP, não é possível qualquer acordo,
composição ou transação. É o que reza o § 1.º do art. 17 da LIA:
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
A LIA traz algumas medidas cautelares e a mais importante delas diz respeito ao
afastamento do administrador do cargo.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o
afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
Pode haver, ainda, pedido de medida liminar declarando a indisponibilidade dos bens ao
agente.
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Prescrição na LIA:
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego.
Se o ato foi praticado por agente que ocupa mandato eletivo, cargo em comissão ou
função de confiança, o prazo tem início a partir do momento em que esse agente deixa o
mandato. Isso ocorre porque enquanto o agente exerce o cargo, pode muito bem
manipular os documentos da Administração Pública que podem comprovar o ato de
improbidade.
Caso prescreva a ação de improbidade e não tenha o agente sido punido, resta a
reparação dos danos. O art. 37, § 5.º da CF afirma que não há prazo prescricional no que
concerne à reparação civil.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO:
Apenas como exemplo, temos que a revogação e a anulação de atos administrativos que
vem sendo declarados nulos por falta do respectivo processo administrativo.
O processo administrativo é regido pela lei 9.784/99. Deve-se atentar para o fato de que
muitos estados e municípios não legislaram ainda sobre processo administrativo, se
valendo da lei federal para regular a matéria.
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Esse conjunto de atos possui um formato, um modelo a ser realizado. Essa maneira de se
realizar esses atos é o que se chama de procedimento.
A doutrina, em direito processual, faz a diferença entre o conjunto dos atos e as
formalidades que levam à prática desses atos.
No processo civil, essa diferença entre procedimento e processo é muito bem definida, o
que não ocorre no direito administrativo. Aqui, o legislador utilizou essas duas
expressões indistintamente, ou seja, uma atecnia.
c) mecanismo de defesa:
Até 1988, o processo administrativo era inquisitivo. Não tinha devido processo legal,
contraditório e ampla defesa.
Assim, havia a possibilidade de se punir o servidor pela verdade sabida. Ex: o chefe que
presenciava uma infração poderia punir o servidor sem lhe dar o direito de defesa, sem
instaurar o processo. Mas nesse caso, poderia muito bem o servidor estar com o dinheiro
para pagar uma conta da própria Administração Pública. Por isso, o processo
administrativo, hoje, evita os abusos do administrador, as vinganças etc.
462488378.doc 18
Se o administrador dá chance de defesa ao servidor, como resultado há a transparência
aos atos da Administração Pública.
Legalidade para o direito público: o administrador só pode fazer o que a lei determina ou
autoriza. Ao administrador vale a legalidade enquanto subordinação.
O Devido processo legal é uma conseqüência do princípio da legalidade, ou seja, o
processo deve sempre seguir o modelo legal.
O Processo administrativo disciplinar, por exemplo, comissão instigadora, penas e forma
de defesa devem seguir as etapas existentes na lei, conforme o modelo legal.
Se o Devido processo legal tem que ser conforme à lei e à Constituição, as medidas
existentes devem respeitar a proporcionalidade. A proporcionalidade e a razoabilidade
nas medidas está expressa na lei 9.784/99.
Exemplo: Produção de provas em processo é importante que a razoabilidade seja
respeitada, na medida de deferir as provas apresentadas.
A decisão administrativa tem que ser razoável e proporcional sob pena de revisão pelo
poder judiciário, por força de controle de legalidade.
Na lei 8.666/93 existe previsão dos prazos de recurso, como recurso à habilitação, por
exemplo. Não se presta apenas como mecanismo de defesa, mas como forma de
apresentar falhas na habilitação dos outros concorrentes. A lei não traz, no entanto, a
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previsão de contra-razões ao recurso. Ora, mas é óbvio que a partir do momento em que
uma das partes impugna a documentação da outra, aquela que teve a sua questionada
deverá, obrigatoriamente, que se defender, o que fará por meio das contra-razões.
Ampla Defesa:
Oportunidade de defesa para a parte. A parte precisa ter a chance de se defender. É uma
qualificação do contraditório (Fredie Didier).
Cerceamento de defesa:
A alegação de cerceamento deve ser cheia, não pode ser uma alegação vazia. Deve ser
demonstrado o prejuízo para que seja comprovada a alegação de cerceamento de
defesa. O prejuízo existente deve ser demonstrado para que haja cerceamento de
defesa.
A presença do advogado no processo administrativo é certeza de ampla defesa? Posso
fazer carga, ter vista do processo administrativo? Posso xerocar? Serão vistos, pois, os
desdobramentos da ampla defesa.
- também é exigência da ampla defesa que a parte tenha direito às informações. Tratam-
se das informações sobre a acusação, dos atos praticados. Não são apenas as cópias,
frise-se.
Ex: candidatos realizaram prova escrita em segunda fase de concurso, onde não havia
possibilidade de recurso dessa fase. A banca examinadora, no entanto, concedeu esse
direito mesmo sem previsão no edital. Mas não havia no edital a possibilidade de se
entregar cópia da prova. A banca examinadora, assim, concedeu aos candidatos 15
minutos para analisar a prova e fazer o recurso com base nessa análise.
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Não há qualquer razoabilidade nessa decisão da banca, ou seja, essa decisão não
caracteriza a concessão de informações do processo.
Aula 03 30/06/2009
- direito de recurso:
significa também garantia de ampla defesa. A CF/88 afirma que são cabíveis o
contraditório e a ampla defesa, com os recursos a ela inerentes.
Para que a parte recorra, deve ter informações acerca da motivação que levou à prática
da decisão recorrida.
A jurisprudência é majoritária no sentido de que o espelho de prova deve vir contendo os
erros que a parte cometeu.
Mas como fica a resolução do CNJ que proíbe o recurso na prova oral em concursos da
magistratura? Ora, a própria Resolução afirma que a prova oral deve ser gravada. Mas
para que gravar a prova se não há possibilidade de recurso? Por óbvio, deve ser essa
regra revista pelo judiciário ante a sua flagrante inconstitucionalidade.
Havia uma questão que foi muito discutida em nossos tribunais, que dizia respeito ao
depósito prévio para garantia do recurso. Tal ocorria principalmente na esfera tributária.
Hoje, essa matéria está pacificada no STF e no STJ, ou seja, o depósito prévio do
montante da multa não pode condicionar o direito de a parte poder recorrer. Logo, o
direito de recurso é uma garantia bem superior à exigência do depósito prévio. (RE
388.359 e STJ – REsp 943.116).
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Na Administração Pública, é muito comum produção de provas como requisito formal.
Não basta, pois, ter a prova produzida, sendo necessário que a parte possa interferir no
convencimento do julgador.
No PAD, a lei afirma que é possível qualquer prova admissível em direito. Por essa razão,
o administrador muitas vezes se aproveita para fazer provas indevidas, o que, por óbvio,
gera a nulidade do processo administrativo disciplinar.
Assim, são vedadas no processo administrativo as provas ilícitas.
Interceptação telefônica:
Só pode ser feita se autorizada judicialmente.
E com relação ao email institucional? A Administração Pública pode ler esse email? Tal
envolve a questão de violação do sigilo de correspondência. Mas hoje prevalece que o
email profissional é da Administração Pública e não do servidor. Logo, perfeitamente
admissível o email profissional como prova em processo administrativo.
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Súmula 343 (Data 21.09.07) É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do
processo administrativo disciplinar.
Produção de provas:
Em processo administrativo não temos um detalhamento do procedimento para colheita
de provas. Não traz as informações sobre a produção de provas, assim, admite-se a
utilização de todas as provas autorizadas e existentes no ordenamento jurídico. Usar
como respaldo o CPC e o CPP.
Muitas vezes, a prova é produzida somente para fazer constar. Não há qualquer cuidado
com relação à construção, a produção de prova não pode ser mera formalidade, tem que
ser produzida e participar do convencimento do julgador. A prova tem que ser
produzida, produzida conforme a lei e tem que ser útil e necessária a participar
do convencimento do julgador.
O direito a produção de prova não é absoluto. Exemplo: servidor que pede em PAD a
oitiva de 80 testemunhas.
A autoridade embasada na proporcionalidade pode indeferir as provas (Mandado de
segurança no STJ 8.858). O indeferimento da produção de provas tem que ser
fundamentado e justificado.
Vale para o servidor em processo disciplinar a presunção de inocência. Quem tem que
construir o conjunto probatório para condenar é a administração. No PAD, as provas para
condenar devem ser realizadas pela administração. Sem provar nada o servidor deverá
ser absolvido.
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O cerceamento de defesa tem que ser comprovado, não pode ser meramente alegado ou
presumido. Este é o entendimento do STJ hoje. Deve a parte comprovar onde existiu o
ferimento ao direito de defesa.
Súmula Vinculante nº 3 - Processo administrativo no TCU
Enunciado: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação
de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade
do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.”
Hoje, a orientação da jurisprudência é firme no sentido de que sempre que uma decisão
em controle administrativo importa em punição ao interessado, este deve sempre
participar dos atos.
Ex: administrado faz concurso, toma posse, entra em exercício e, após alguns dias de
trabalho, a Administração Pública decide que houve uma fraude no concurso. Logo, a
Administração Pública revogou o concurso. Ora, se o concurso era ilegal como
consequência, seria a anulação dos atos. A Administração Pública revogou o concurso, o
que não se demonstra ato válido.
Sendo o concurso anulado, por óbvio, se atinge o candidato aprovado, logo deve ele
participar dessa relação.
Nos processos do TC se for anular ou revogar o ato tem-se que chamar o interessado,
salvo para revisar a aposentadoria ou pensão.
A primeira parte da súmula fala dos processos em geral, assim, devem ser obedecidos os
princípios do contraditório e a ampla defesa.
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A concessão de aposentadoria é um ato administrativo complexo e depende da
manifestação de duas entidades (administrador + TC). Para o ato administrativo ser
perfeito precisa de duas manifestações de vontade. Com as duas manifestações o ato se
tornará perfeito. A manifestação do TCU faz parte da perfeição do ato, ou seja, o ato só
tem seu ciclo completado após a manifestação do TCU. A participação do TCU neste ato
não é de controle, mas de participação na formação do ato de concessão de
aposentadoria..
O direito somente será consolidado com a participação e decisão do TCU. A decisão do
TCU não é revisional, mas necessária à própria formação do ato.
Ex: Poder Público concede a um particular uma licença. Direito concedido, ato completo.
Quando esse ato for para o TC, este vai rever o ato, esse direito já existe com a licença
dada pela administração. Se o TC vê ilegalidade reverá a licença com o direito já
anteriormente constituído. Se vai retirar o direito terá que chamar o interessado a
participar. Esta é a 1ª parte da Súmula Vinculante n.º 03
Princípio da oficialidade:
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Dois elementos devem ser observados.
a) impulso oficial:
O próprio administrador deve impulsionar o processo. O processo anda
independentemente da provocação da parte. Não depende o andamento do processo de
requerimento ou provocação da parte.
b) princípio do informalismo como desdobramento da oficialidade:
Para o processo administrativo e para os administrados aplica-se o princípio do
informalismo.
O processo administrativo é informal? Vale o informalismo para o administrado. Para a
Administração Pública, o formalismo deve ser sempre observado.
Ex: recurso de multa de trânsito que pode ser feito em pedaço de papel de pão.
Para o administrado, apenas as formalidades necessárias devem ser exigidas, as
desnecessárias devem ser recusadas.
Já para a Administração, vale a formalidade.
Ex: processo licitatório que é amplamente formalista. Mas, é importante lembrar que a
formalidade não pode ser exagerada e deve visar o interesse publico. Tem que ser uma
formalidade que se não for observada, que se não for levada em consideração gerará
prejuízos.
Situação exagerada é o modelo do recurso que enseja uma formalidade exagerada e não
é necessária para o caso.
Princípio da celeridade:
Art. 5º, LXXVIII, Constituição.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Os processos administrativos e judiciais devem durar por prazo razoável. O processo tem
que durar o menor prazo possível. O processo administrativo em sua maioria tem prazo
em leis específicas. Não cumprido o prazo de 60 + 60 dias, por exemplo o processo
deveria ser extinto. A lei portanto, deve estabelecer prazos rígidos nos casos dos PAD.
Consoante a pena de demissão, a administração tem 05 anos para processar, assim, a
administração extingue e instaura outro processo durante o prazo de 05 anos.
Assim, a jurisprudência tem entendido que apesar do prazo rígido e disciplinado pela lei
não adianta extinguir o processo. Dessa forma, no PAD mesmo desrespeitado o prazo
não extinguirá o processo se o prazo de punir (prazo de 05 anos para demissão) estiver
em curso. Não adianta extinguir. Essa decisão (não extingue ao fim dos 120 dias) só
serve para o PAD, não serve para processo tributário ou de trânsito.
Logo, hoje, o prazo de 120 dias está mitigado, deve, sim, observar o prazo razoável
existente na Constituição (art. 5º, LXXVIII). Analisar o caso concreto com bom senso e
nesse sentido aplicar o prazo razoável.
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Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria,
aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
Versa, pois, acerca da aplicação subsidiária da Lei de Processo Administrativo.
Essa lei serve para todo âmbito federal (judiciário, executivo e legislativo mais
administração direta e indireta).
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Para dar ciência da existência do processo temos a citação. Os demais atos do processo
para informar as partes usar-se-á da intimação (produzir provas, apresentar recurso). No
processo administrativo não se tem a utilização perfeita desses instrumentos.
A lei administrativa também utiliza a expressão notificação.
Será intimado ou citado pessoalmente ou por correio?
A lei diz que a intimação pode ser por todas as formas permitidas em direito.
Pessoalmente, por correio, por servidor, a pessoa aparece na repartição e por meio de
edital.
Na lei, pode haver exigência de citação pessoal do servidor.
A intimação para comparecimento, para ser obrigatória, tem que ocorrer com pelo
menos 03 dias úteis de antecedência ao ato.
Se o servidor é intimado e não comparece, é possível a condução coercitiva, ou seja,
manda-se buscar o sujeito, até mesmo com auxilio policial se necessário.
Se o réu comparece mesmo não tendo sido intimado de forma válida, o comparecimento
do agente torna o ato válido. O comparecimento supre a invalidade.
Se o servidor foi citado para comparecer no PAD e não o fez, qual a conseqüência jurídica
neste caso?
Resposta: No PAD teremos a revelia. A revelia no PAD só produz a conseqüência de não
mais chamar o servidor aos demais atos processuais, mas não tem como efeito a
confissão ficta.
Juízo de admissibilidade:
Em qualquer denúncia o administrador deve fazer o juízo de admissibilidade para ver se
deve ou não gerar processo administrativo. Tem que ter suspeita concreta, algo sólido
para investigar. Tem que ter no mínimo a fumaça do bom direito para instaurar o PAD.
Instaurado o processo teremos a instauração da comissão.
2- Formação da Comissão:
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O administrador forma a comissão.
A comissão é formada, normalmente, por 03 servidores estáveis, a depender do
procedimento e da lei específica.
No PAD, temos 03 servidores estáveis. No caso do presidente, deve ter cargo ou
escolaridade superior ao servidor processado.
A lei se preocupa até mesmo com o grau de escolaridade e o cargo do presidente e dos
membros da comissão em face do servidor processado. Não sendo observado a
conseqüência será a nulidade do processo.
3- Comissão processante:
Aqui inicia-se a instrução processual.
4- Instrução processual:
Aqui se forma o conjunto probatório, depoimento, perícia, oitiva de testemunhas. Todas
as provas são produzidas nessa fase.
5- Oportunidade de defesa:
Após a formação da instrução probatória abre-se oportunidade para apresentação de
defesa, em regra, apresentada no prazo de 10 dias.
Apresentada a defesa, a comissão produz o relatório do processo.
6- Relatório:
É ato oriundo da comissão e quem julgará o processo será a autoridade superior.
O relatório tem que se conclusivo. A comissão tem que propor um resultado. Condena ou
absolve. E se for condenar, a qual pena. É um relatório conclusivo.
Nesse julgamento, a autoridade superior é obrigada a acatar o relatório?
Apesar de ser conclusivo, não vincula a autoridade superior. É propositivo, mas não
vincula a autoridade superior, essa é a regra geral.
No PAD, isso não ocorre e o relatório vincula a autoridade superior, salvo se for
contrário a prova dos autos.
No PAD temos:
a- Instauração: autoridade instaura e nomeia a comissão.
b- Inquérito administrativo: realizado pela comissão. Aqui se formará todo o
instrumento probatório. É também chamado de sindicância (instrução, defesa e
relatório). Entre a instrução e defesa, temos o indiciamento.
8- Oportunidade de recurso.
O recurso aqui é gênero.
Aqui está presente o pedido de reconsideração. Esse pedido é endereçado à autoridade
julgadora para que reconsidere a sua decisão.
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Recurso hierárquico: se a autoridade julgadora não reconsiderar, transformará o pedido
de reconsideração em recurso hierárquico para a autoridade superior. Lembrando que
esse pedido deve ser expresso pela parte no pedido de reconsideração.
A autoridade superior pode ou não estar no mesmo órgão. Vai depender de cada lei e de
cada ente político.
Se envio o recurso para uma autoridade incompetente, esta tem o dever de remeter
para a autoridade competente que proferirá a decisão normalmente.
É possível que a autoridade competente esteja no mesmo órgão e não na mesma
estrutura, sendo o recurso denominado de recurso hierárquico próprio.
Se não estiver na estrutura da entidade, como por exemplo no caso de ministro, no caso
de recurso de ato de autarquia, o recurso será o hierárquico impróprio.
Efeitos:
Em regra, tem efeito devolutivo. Mas pode ou não ter efeito suspensivo.
A autoridade pode, de acordo com o caso concreto, decidir sobre o efeito suspensivo,
devendo sempre fundamentar a decisão.
O prazo para recurso, em regra, é de 10 dias.
A autoridade tem 30 dias para julgar o recurso, para proferir a decisão.
A lei 8.112 fala do sumário em algumas situações, que é um procedimento mais rápido
ao tratar da sindicância.
A sindicância pode depurar dois resultados: instauração do processo disciplinar
propriamente dito, sendo uma simples investigação prévia; também, a sindicância pode
ser utilizada como o próprio processo quando a infração for leve, logo o servidor pode ser
condenado no próprio processo de sindicância.
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A sindicância tem prazo de duração de 30 dias, sendo possível a sua prorrogação por
mais 30 dias.
A notificação ocorre no prazo de 10 dias. O servidor deve escolher com qual dos cargos
quer permanecer até o último dia do prazo de defesa.
Não escolhendo um dos cargos, será demitido de todos eles.
O prazo para concluir o procedimento da acumulação irregular é de 30 dias, podendo ser
prorrogado por mais 15 dias. O prazo máximo é de 45 dias e está expresso na lei.
Aula 04 07/07/2009
Antes da CF 1988, existia uma questão que era a possibilidade de punição pela verdade
sabida. Aparecia quando a autoridade superior presenciava a prática da infração. Ex
superior dá uma ordem e o funcionário não cumpria.
Administrador poderia aplicar sanção independentemente do processo. Não existia
preocupação com contraditório e ampla defesa. Apenas para aplicar sanção. Hoje com
processo pós contraditório e ampla defesa, não se admite mais a punição pela verdade
sabida. Não é possível mais a aplicação de penalidade por esse procedimento.
Penalidades:
Estão enumeradas no Art. 127 da Lei 8.112/90:
Art. 127. São penalidades disciplinares:
I - advertência; )infrações leves)
II - suspensão; (infrações médias)
III - demissão; (infrações graves)
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
VI - destituição de função comissionada.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
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Existem dois tipos de controle. A CF/88 traz várias regras sobre o chamado controle
político dos poderes, no famoso controle recíproco (checks and balance), que é um
controle político.
O mais importante é que controle significa também correção de atos. Assim, o controle
nada mais é senão um mecanismo de ajuste de conduta, ou seja, o momento em que se
determina um padrão de comportamento.
O Mandado de Injunção também é mecanismo de controle, sendo que o STF mudou seu
entendimento, de modo que não Se trata mais de procedimento apenas declaratório.
Os primeiros instrumentos surgiram com a República em 1889, com o 1º TC, sendo que
daí para frente houve o crescimento da matéria. Mas já nas Declarações dos Direitos do
Homem (art. 15), em 1.789, já se previa a possibilidade de controle.
Quando o controle sai do prisma político e passa a ser feito sobre a atividade
administrativa, passa a ser chamado de controle da administração.
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Orçamento, para a aprovação da lei orçamentária. Possibilidade de prestar informações
ao Congresso.
Pode haver o controle do executivo sobre o judiciário. Isso ocorre, por exemplo, com a
nomeação dos membros dos tribunais superiores, como os ministros do STF. Ainda, o
Judiciário pode controlar os atos do executivo, mas sempre no que tange à legalidade.
2) Controle da administração:
Tem por base sempre o controle de atividade administrativa, não importando quem a
realize. É um controle que atinge a atividade administrativa (podendo ser por qualquer
dos poderes, inclusive quando revê os seus próprios atos).
Se o judiciário está administrando e revê o ato administrativo, isso é controle
administrativo. O controle administrativo é cada poder fiscalizando os seus atos
administrativos.
Tem por objetivo a busca pela legalidade, sendo que o administrador somente pode fazer
aquilo que a lei autoriza e determina. Mas pode haver controle administrativo revendo a
oportunidade e conveniência.
Mas isso está ligado às políticas públicas de determinado período. O controle das
políticas públicas tem toda a sua discussão na discricionariedade do administrador. Na
análise das políticas públicas é imprescindível a análise da discricionariedade.
Quando se fala em discricionariedade, hoje se diz que ela pode ser revista pelo Poder
Judiciário, mas diante dos princípios constitucionais. Assim, essa liberdade ou
discricionariedade é restrita pelos princípios constitucionais, como o da
proporcionalidade e da razoabilidade.
Na ADPF n.º 45, se diz que há a reserva do possível, mas não se pode escapar ao mínimo
existencial, limitando a discricionariedade das políticas públicas. O administrador tem
obrigações, sempre observado o princípio da reserva do possível, como garantir o
mínimo existencial, que é uma imposição da Constituição, devendo ser respeitado e
escolhido em prejuízo de políticas preferenciais do Administrador.
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Há mecanismos de controle administrativo criados pela EC 45/04, como o caso do CNJ e
do CNMP, que são controle administrativo do judiciário e do MP. Exemplo foi o do controle
do nepotismo. (ADIN 3460, reconhecendo a força do controle administrativo do CNJ e
CNMP). Importante é que é controle administrativo do judiciário e do MP.
Assim, onde há dinheiro público envolvido, o TC pode controlar. Aqui há duas discussões
muito importantes quanto à Petrobras e o dever de licitar, sendo que o TC entendeu que
ela está sujeita à licitação, sendo que a lei 9.478 (da ANP), permitiu a possibilidade de
licitação simplificada, mas o TC entendeu que essa lei é inconstitucional, com base na
súmula 347:
O STF está apreciando o caso, sendo que em julgamento liminar entendeu que a súmula
é válida. No entanto, o Tribunal de Contas não pode controlar a constitucionalidade de lei
em abstrato e sim de ato específico. Por essa razão, o STF suspendei a decisão do TCU,
por meio da qual se declarou a inconstitucionalidade da lei 9.478.
Outra questão importante é a relativa aos Correios, sendo o TCU entendeu que não
poderia continuar no regime de franquias.
O STF entendeu, por meio de decisão da Presidência, em junho de 2009, que os Correios
deverão licitar as franquias até novembro de 2010.
O pilantra do Mato Grosso suspendeu decisão do TRF da 1.ª Região e fixou prazo até
novembro de 2010 para que a ECT substitua os contratos de franquia feitos sem licitação
com particulares que prestam serviços postais.
Há Estados em que há uma briga entre o governo e o TC, no caso de que todas as
licitações devem passar pelo TC, numa espécie de controle prévio das licitações. Só que
os Estados se recusam a cumprir essa obrigação, alegando que o Tribunal de Contas não
pode exigir que todas as licitações, abstratamente, passem pelos eu controle. Atente que
em razão disso alguns TCs já aplicam multas caso não haja esse controle prévio.
Algumas decisões entendem que o TC não pode colocar como condição para publicação
da licitação esse controle prévio, mas pode avocar a qualquer momento o processo para
análise.
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b) Controle Judicial: controle de seus próprios atos administrativos e também de
outros poderes.
Exemplo é o caso do MS e da Ação de Improbidade, sendo que esta última aplica sanção
além de revisar o ato. Há também a ação popular e a ACP.
Elas podem ter indenização por perdas de danos, mas estão revendo o ato. Quando o PJ
pode realizar esta fiscalização?
Caso recente do STJ que permitiu a permanência de servidor nomeado sem concurso,
que em razão de estar a 20 anos no cargo, o STJ entendeu que ele deve permanecer.
No controle judicial está revendo ato administrativo de outros poderes, o que é feito em
sede de ato judicial. O PJ não pode fazer um controle judicial do ato administrativo no
mérito. O que pode é a legalidade em sentindo amplo, ou seja, legalidade + princípios
constitucionais, em que atinge o controle de mérito, mas não é controle de mérito, o
atinge indiretamente. Assim, se for uma decisão razoável, proporcional ela não pode ser
revista.
A legalidade revisa podendo anular os atos, mas pode a própria administração rever seus
atos, no caso de atos que produzem efeitos benéficos somente pode ser revogado ou
revisto no prazo de 05 anos, depois somente por meio de ação judicial.
O ato pode ter vício sanável, tem conserto é anulável. Pode ser insanável, não tem
conserto é nulo. Se sanável, o dever de legalidade implica o dever de convalidar,
ou consertar o ato anulável.
Ex.: concessão de licença, sendo que esse ato é sanável, sendo que o administrador
corrigiu o vício e convalidou ato. Este ato é administrativo.
Outro ex.: concessão de serviço público, mas não tem lei prévia. Nesse caso é vício
insanável. Mas a administração tem como primeiro objetivo tentar aproveitar os seus
atos, devendo analisar neste sentido. Nesse caso é possível se fazer a transformação
para a permissão, que é a conversão.
Se o ato não tiver conserto, sendo nulo, será passível de anulação. Quando ato é ilegal o
administrador tem o dever de retirar o ato do ordenamento jurídico. Mas em algumas
situações este dever de legalidade esbarra em outros princípios e garantias
constitucionais, que podem comprometer seriamente a segurança jurídica.
Essa estabilização ocorreu na decisão do STJ, mas este foi além, pois deixou o
funcionário no cargo.
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Assim, tanto o judiciário quanto a administração podem realizar o controle de legalidade,
mas o administrador tem o dever de legalidade, que significa que tem o dever de fazer o
ato conforme a lei, mas também de consertar o ato se este tem defeito e, por fim, retirar
o ato quando não tem conserto.
Por fim, este ato pode ter um vício insanável, sendo que ele deve ser retirado do
ordenamento jurídico, cabe ao administrador realizar a anulação. Ocorre que a
jurisprudência hoje está começando à ponderar sobre isso, esbarrando essa anulação em
outros valores constitucionais, sendo que se pondera, por exemplo, a legalidade com a
segurança jurídica, devendo para a hipótese ter-se o bom senso.
Essa possibilidade de manutenção dos efeitos deste ato ilegal, que é menos gravoso do
que sua retirada é chamada de estabilização dos efeitos. Essa idéia agora foi
ampliada pelo STJ, que também está garantido o cargo ao servidor nomeado
irregularmente.
Essas duas formas de controle (“a” e “b”) são formas de controle externo.
a) Controle de legalidade
b) Controle de mérito
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c) Controle Repressivo (subseqüente ou corretivo) a conseqüência deste controle
pode envolver sanção também. Exemplo removo a ilegalidade do ato e o
condeno a pagar danos.
V – Quanto à hierarquia
Deve se distinguir o controle que vem da hierarquia e aquele que não advém da
hierarquia. Dentro de uma mesma pessoa jurídica, como na União, a hierarquia é
essencial, sendo indispensável, característica elementar da administração.
Na descentralização, quando há uma nova pessoa jurídica, não há hierarquia, mas existe
controle e existe fiscalização, mas quais são estes?
R: como são sem hierarquia é chamado controle finalístico.
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