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Curso: Direito

Disciplina: Economia - 1​º​ Sem/2020


Prof.: MSc. Antonio Tadeu

​ TÓPICOS DA DISCIPLINA

​ UNIDADE 01: CONCEITOS GERAIS BÁSICOS

1. Economia

1.1 ​ Conceito:

​É a ciência social que estuda a maneira pela qual os homens decidem empregar recursos
escassos, a fim de produzir diferentes bens e serviços resultantes das transações econômicas
provenientes dos setores intermediários, para atender às necessidades de consumo.

A origem da palavra economia, ou oikosnomos, vem do grego.

● Oikos (casa)
● Nomos (norma, lei)

No sentido genérico, ​entende-se, como “Administração da coisa pública”.

Pode ser definida como: “A Ciência Social que estuda como o indivíduo e a sociedade empregam os
recursos produtivos, a fim de satisfazer as necessidades humanas, que são crescentes e ilimitadas”.

OBJETIVO: O Objetivo do estudo da Ciência Econômica é a de analisar os problemas econômicos


e formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida.

A interrelação da Economia com outras áreas de conhecimento:


Economia e Política
Economia e Geografia
Economia e a História
Economia, Moral, Justiça e Filosofia
Economia e Matemática, Estatística, física e Biologia.

São necessários conhecimentos teóricos sólidos para poder analisar os problemas econômicos que
nos rodeiam, Tais como:

Questões Econômicas:
Aumento de preços
Diferenças Salariais
Desvalorização Cambial
Taxas de juros
Elevação de impostos

Um Sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica, pela qual
está organizada uma sociedade. É um sistema de organização da produção, distribuição e consumo
dos bens e serviços que as pessoas utilizam, buscando uma melhoria no padrão de vida e bem estar.

O termo economia apresenta vários significados​, tais como:

1. Economia ​(no sentido popular) – ​fazer economia, poupar, gastar menos em um determinado
ato de consumo.
2. Economia ​(no sentido do sistema econômico) – ​quando alguém pergunta como é a economia
de um determinado país. Existem algumas classificações que levam em consideração a evolução
do modo de produção como: escravista, feudal, mercantilista, socialista e capitalista.
3. Economia ​(no sentido de Ciência Econômica) ​– pode ser definida como a ​ciência social ​que
estuda a maneira pela qual os homens decidem empregar recursos escassos, a fim de produzir
diferentes bens e serviços e atender às necessidades de consumo.

Assim, economia, ​é uma ciência social, já que objetiva atender às necessidades humanas e a de
consumo. Entretanto, depende das restrições físicas, devido à escassez de recursos ou fatores de
produção (mão de obra, capital, terra, matérias-primas).

Posto isso, define-se o estudo da Economia mediante as palavras-chave (key words), que são:

- Ciência Social;
- Emprega recursos;
_ Transações econômicas;
- Bens e serviços;
- Atender às necessidades de consumo (humana; animal e vegetal).

2. A Teoria econômica será analisada em duas vertentes:


Microeconomia e Macroeconomia

A Microeconomia ou Teoria dos Preços​ é a parte da teoria econômica que estuda o


comportamento das famílias e das empresas, e os mercados nos quais operam; preocupa-se mais
com a análise parcial, com as unidades (consumidores, firmas e mercados específicos. Portanto, a
Microeconomia analisa a formação de preços no mercado e os preços se formam a partir dos
mercados de bens e serviços e do mercado dos serviços dos fatores de produção.
A Macroeconomia ​trata da evolução da economia como um todo, analisando a determinação e o
comportamento dos grandes agregados, como o PIB (Produto Interno Bruto), PNB (Produto
Nacional Bruto), Produto Nacional (PN) ou Renda Nacional (RN), a Renda (R ou P ou Y),
Investimento (I), Poupança (S) e Consumo (C) agregados, nível geral de preços, emprego e
desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio. Por fim,
a Teoria Macroeconômica preocupa-se com questões conjunturais, de curto prazo, ou seja, com a
questão do desemprego e com a estabilização do nível geral de preços.

2.a. Conceitos Básicos ​para entendimento do funcionamento de um Sistema Econômico


Simplificado com dois Agentes Econômicos (Famílias x Empresas)são:

Fatores de Produção​ ​Remuneração desses Fatores

Capital Juros

Terra Aluguel; arrendamento

Trabalho Salários

Capacidade Empresarial Lucros; Dividendos

Inovação Tecnológica Royalties

Obs.: Fatores de Produção é igual aos Recursos Produtivos.

3. ​ O Objeto de Estudo da Ciência Econômica


É a questão da escassez de recursos, ou seja, como "economizar" recursos.
Portanto, a escassez surge devido às necessidades humanas serem ilimitadas e à restrição
física de recursos (isto é, dos recursos serem escassos).

3.1 A escassez de recursos e as necessidades humanas ilimitadas

Todas as sociedades por mais desenvolvidas que sejam, sendo elas de economia capitalista
ou de economia socialista, são obrigadas a fazer escolhas ou opções, uma vez que os recursos não
são abundantes, ou seja, não são encontrados em abundância na natureza. Assim, estas sociedades
para atender as suas necessidades geram problemas econômicos, que serão questionados através de
três perguntas fundamentais, que são:

1ª) O que e quanto produzir ?

2ª) Como produzir ?

3ª) Para quem produzir?

4. BENS ECONÔMICOS

4.1 Conceitos:

​Bens ​- é a denominação usual de produtos tangíveis, resultantes de atividades primárias e


secundárias de produção. É a denominação genérica dos produtos que provêm das atividades
agropecuárias e das diferentes categorias de atividades industriais, de transformação e de
construção.

​ erviços - é a denominação usual de coisas ou produtos intangíveis, resultantes de atividades


S
terciárias de produção.

Classificação dos Bens Econômicos:

I-) Quanto à Raridade:

- BENS ECONÔMICOS – são os bens que existem em relativa escassez, não suficientes
para todos. Como tal, tem um valor (preço) de mercado. Exemplos: carne, feijão, arroz, café,
manteiga etc.

- BENS-NÃO ECONÕMICOS ou LIVRES – são aqueles que, mesmo sendo limitados em


quantidade, existe em relativa abundância. Por existirem em abundância, não caracterizam
um problema econômico. Os bens livres têm o custo de produção nulo ou desprezível. Ex.: a
água do mar, o ar, os raios do sol etc..
II-) Quanto à natureza:

1. Bens Materiais – são coisas físicas, tangíveis, concretas como por exemplo: o carro, a
geladeira, o vestuário etc.

2. Serviços Remunerados - são as coisas intangíveis, não concretas como, por exemplo, os
serviços de saúde, de educação, de transporte, públicos, de bancários etc.

III-) Quanto ao destino (ou uso):

− Bens de Consumo – são os bens destinados à satisfação imediata de necessidades pessoais.


Ex.: arroz, roupas, carros etc. Se classificam em dois tipos:

1.a​) Bens de Consumo Duráveis – são aqueles que não se esgotam imediatamente com o uso. Ex.:
Eletrodomésticos, eletroeletrônicos, automóveis etc.

1.b) ​Bens de Consumo Não-Duráveis – são aqueles que se esgotam no ato de sua utilização.
Alimentos, bebidas, combustíveis, roupas etc.

− Bens de Produção (ou de capital) – não são diretamente úteis aos consumidores, pois
servem para a produção de bens de consumo. Ex.: os fios, as tintas e a maquinaria de uma
fiação de tecelagem. Classificam-se em dois tipos:

2.a) Transitórios (ou intermediários – atualmente denominados ​insumos de produção) – são


utilizados imediatamente. Ex.: os fios e as tintas.

​2.b) Duráveis​ – são empregados em vários exercícios ou períodos de tempo. Ex.: a


maquinaria de fiação e tecelagem. São os equipamentos em geral.

Obs.: ​Matérias-primas (chamada ​de insumos​): são os ​Bens de produção transitórios ou


intermediários.

BENS PÚBLICOS – são definidos por sua indivisibilidade e pela dificuldade em se ressarcirem
seus custos de oferta pelos mecanismos do mercado, ou seja, são aqueles cujo consumo não é
exclusivo. Exs.: A Segurança Nacional e a dos cidadãos; saneamento básico e a limpeza
urbana.
Portanto, em todos esses casos não é possível medir quanto desses bens cada agente
econômico “consome”.

BENS SEMIPÚBLICOS – são aqueles que combinam os atributos dos “Bens Públicos”
com os dos “Bens de Mercado”. Ex.: A educação escolar e o atendimento médico.

5. Fluxo Circular do Sistema Econômico Simplificado com dois


Agentes Econômicos

Mercado de Bens e Serviços 1ª Pergunta:


O que e quanto produzir?

Pagamentos (Despesas) pelo consumo de Bens e Serviços

Fornecimento de Bens e Serviços

(Ofertar produtos)

Fornecimento dos serviços dos Fatores


de Produção 2ª Pergunta:
Como produzir?

Pagamentos (Remuneração) aos Serviços dos Fatores de Produção

Mercado de Fatores de Produção 3ª Pergunta:


Para quem produzir?

Legenda:
-------------- ​Fluxo Real
__________ Fluxo Monetário

Fluxo Real é caracterizado pelo fato das Empresas ou unidades produtoras fornecerem os bens
e serviços para as Famílias ou unidades consumidoras e essas fornecerem os serviços dos fatores de
produção.
Fluxo Monetário é caracterizado pelo fato das Famílias ou unidades consumidoras efetuarem
os pagamentos (despesas) pelo consumo de bens e serviços para as empresas ou unidades
produtoras e essas pagarem mediante a remuneração aos serviços dos fatores de produção.

6. A Curva de Possibilidades de Produção (CPP)

A Fronteira ou Curva de Possibilidades de Produção (CPP), também chamada de


curva de transformação, é a fronteira máxima que a economia pode​ ​produzir, dados os
recursos produtivos limitados​. Mostra as alternativas de produção da sociedade, supondo os
recursos plenamente empregados.
Trata-se de um conceito teórico, cujo principal objetivo é ilustrar a questão da escassez de
recursos e as opções ou escolhas que as sociedades devem fazer (os chamados problemas
econômicos fundamentais).
Ex.: Vamos supor que a economia produza apenas ​dois bens econômicos: chapas de aço e trilhos,
nos quais são empregados todos os recursos produtivos (mão-de-obra, capital, terra,
matérias-primas, recursos naturais). ​As alternativas de produção​ são as seguintes:

​Alternativas de Produção

Bens Econômicos A B C D E F
Chapas de Aço (Em mil toneladas) 0 3 6 8 9 10
Trilhos (Em mil unidades) 15 14 12 10 7 0

Colocando as informações acima num diagrama, e unindo os pontos, temos:

​Chapas de aço ​ ​Y
(Mil Toneladas)
​X
​Trilhos​ (Mil unidades)

Conclusões:

- Os pontos que estão ​em cima da curva (A; B; C; D; E; e F​) , representam os pontos de máxima
produção, ou pontos de maximização da produção ou pontos de otimização da produção,
caracterizando assim, uma situação de pleno emprego;
- As extremidades dos eixos que constituem o plano cartesiano, têm do lado vertical o eixo que
representa ​a ordenada (Eixo: Y);​ e do lado horizontal o eixo que representa a ​abscissa (Eixo: X​);
sendo que no ​Ponto A​, são alocados todos os ​recursos na produção de trilhos​ e ​no Ponto F,​ são
alocados todos os ​recursos na produção de chapas de aço;
- A ​essência da Curva de Possibilidades de Produção (CPP)​, está fundamentada no fato de que
ao aumentar a produção de um determinado ​bem econômico​ (por exemplo: ​chapas de aço​),
escolhido mediante a necessidade imediata ou urgente de uma sociedade ou de uma empresa,
ocasionará uma perda ou detrimento na produção do outro ​bem​ (por exemplo​: trilhos); e
vice-versa;
- O Ponto K, que está acima ou fora da Curva de Possibilidade de Produção (CPP),
representa um ponto inatingível para a empresa, isto é, não poderá ser atingido com os recursos
disponíveis existentes (tais como: mão de obra especializada; insumos; capacidade tecnológica e
investimentos);
- O Ponto L, localizado abaixo ou dentro da Curva de Possibilidades de Produção (CPP),
mostra que existem recursos ociosos, ou seja, a empresa não está empregando todos os recursos
necessários em sua totalidade, por exemplo: a relação Homens/Horas/Máquinas trabalhadas não
está funcionado em sua total plenitude de capacidade produtiva, caracterizando assim, o
desemprego de recursos;
- O ​Custo de Oportunidade​ é o grau de sacrifício que se faz ao optar-se pelo aumento da produção
de um ​bem econômico (Chapas de aço, ​por exemplo), em detrimento ou perda da produção do
outro ​bem (Trilhos​, por exemplo), sendo representado, portanto, pelo valor numérico
correspondente a essa perda ou redução na produção;
- O conceito de Custo de Oportunidade só é válido n​os pontos que estão em cima da​ ​CPP​,
caracterizando o ​pleno emprego​, enquanto que ​os pontos que estão abaixo da​ ​CPP​ ou ​dentro da
CPP​, representam um ​custo de oportunidade zero​, pois não é necessário o sacrifício de recursos
produtivos;
- A Curva de Possibilidades de Produção (CPP) é decrescente devido ao sacrifício ​que tem de
ser feito quando uma sociedade ou uma empresa faz uma escolha ao optar pelo aumento da
produção de um bem econômico (chapas de aço), em detrimento ou perda da produção de outro
bem (trilhos) e vice-versa;
- A Curva de Possibilidades de Produção (CPP) é côncava em relação à origem, devido​ à ​"Lei
dos Custos Crescentes"​, pois, quando uma sociedade ou empresa opta ou faz uma escolha para
aumentar a produção de um bem (chapas de aço), a massa de trabalhadores com mão de obra
especializada, se desloca da produção do outro bem (trilhos) e vai aumentar o contingente de
trabalhadores na produção de chapas de aço. Portanto, à medida que ocorre esse deslocamento de
mão de obra especializada de maneira sucessiva,​ vai ocasionando aumento no custo da empresa,
gerando custos crescentes.
Exemplos numéricos de Custo de Oportunidade​, obtidos mediante o ​diagrama​ dos ​pares
ordenados​, assinalados por meio da associação dos pontos representados​ pelas letras A; B; C; D;
E e F ,​ mostrados nas alternativas de produção.

7. A MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA: O Fluxo


​ Circular com dois Agentes Econômicos

​Mercado de Bens e Serviços


1ª Pergunta:
O que e quanto produzir?

Pagamentos (Despesas) pelo consumo de Bens e Serviços

DN = C
​Fornecimento de Bens e Serviços

PN = ∑ pi qi PN = ∑ pi qi

​Fornecimento dos serviços dos Fatores


de Produção ​ ​ 2ª Pergunta​:
Como produzir?
​RN = w +a + j + l

Pagamentos (Remuneração) aos Serviços dos Fatores de Produção

​Mercado de Fatores de Produção


3ª Pergunta:
Para quem produzir?

Legenda:
------------- ​ luxo Real
F
________ ​Fluxo Monetário

Fluxo Real é caracterizado pelo fato das Empresas ou unidades produtoras fornecerem os bens
e serviços para as Famílias ou unidades consumidoras e essas fornecerem os serviços dos fatores de
produção.

Fluxo Monetário é caracterizado pelo fato das Famílias ou unidades consumidoras efetuarem
os pagamentos (despesas) pelo consumo de bens e serviços para as empresas ou unidades
produtoras e essas pagarem mediante a remuneração aos serviços dos fatores de produção.

8-) Correntes de Pensamento Econômico - Um breve retrospecto da


Evolução da Teoria Econômica

Com relação aos estudiosos do tema, costumam resumir a evolução histórica do pensamento
econômico em três etapas:

● O período “pré-moderno”, ​que compreende as economias das ​civilizações ​antigas


(grega, romana e árabe) e prossegue até ​o fim da Idade Média;

● O período “moderno”, ​que inclui as épocas do ​mercantilismo e da fisiocracia​;

● O período “contemporâneo”, ​que se inicia com ​Adam Smith​, no final do ​século XVIII​,
chegando ​até nossos dias.

Posto isto, a periodização da História de qualquer teoria depende muito do aspecto que está
privilegiando, bem como tem embutido certo grau de arbitrariedade. Entretanto, existe consenso de
que o início da teoria econômica, de forma sistematizada, deu-se no ano de 1776, quando foi
publicada a obra de ​Adam Smith, “A Riqueza das Nações”.
Então, a partir ​do século XVI​, observamos o nascimento do primeiro conjunto de ideias mais
sistematizadas sobre o comportamento econômico: ​o Mercantilismo​.

A-) ANTIGUIDADE
Na Grécia Antiga, as primeiras referências conhecidas à Economia aparecem nos trabalhos
dos gregos que fizeram importantes contribuições ao estudo dessa Ciência, discorrendo sobre
questões relativas à riqueza, à propriedade e ao comércio. Por exemplo, ​Xenofonte (440 – 355 a.C.)
produziu diversos escritos importantes sobre agricultura e sobre o sistema tributário na Grécia
Antiga. ​Foi esse historiador quem primeiro utilizou o termo “econômico” numa obra​. O
filósofo Aristóteles (384 – 322 a. C.) também escreveu obras em que discutia a função do Estado
na economia, a usura, o salário, a aquisição e a troca de bens, o valor e a formação da riqueza.
Pode-se dizer que, na Idade Antiga​, o que se poderia chamar de ​“pensamento econômico”
voltava-se principalmente para ​a solução de problemas relacionados à administração de bens e
recursos dos indivíduos, ou às transações comerciais.

​ economia da Idade Média baseava-se essencialmente na agricultura, sendo comuns


A
as trocas de produtos e mercadorias. A base econômica do período consistia no feudo​, e detinha o
poder aquele que possuísse terras​. Assim, a produção era baixa para os padrões atuais, uma vez
que as técnicas de trabalho agrícola eram muito rudimentares, sendo o arado puxado por bois o
recurso mais utilizado.

Durante toda a Idade Média predominou no Ocidente as teses da Igreja Católica, regendo
todas as instâncias da vida do homem, inclusive a economia. ​A Igreja considerava, por exemplo,
que o comércio seria uma atividade econômica de menor valor que a agricultura​. As questões
teológicas estavam profundamente envolvidas nos debates sobre economia, como no caso da
condenação da usura (tal como se chamava a cobrança de juros em contratos de empréstimos) pelo
direito canônico (a ordem jurídica imposta pela Igreja). Outra questão muito debatida pela Igreja foi
o que seria o preço justo de um bem qualquer.

B-) Mercantilismo

A corrente econômica Mercantilista foi desenvolvida na Europa na idade moderna, entre os


séculos XV e final XVIII​, se sustenta num conjunto de medidas diversas em acordo com os
Estados. Como produto de uma confluência das ideias de diversos ​promotores, tais como Thomas
Mun; James D. Steuart; Josiah Child, além dos autores como o jurista Jean Bodin e ​o
ministro da Fazenda ​Jean-Baptiste Colbert, fez com que seu nome servisse para denominar a
variante francesa do mercantilismo, o ​Colbertismo.

A política mercantilista​, que buscava caminhos para a gestão das economias nacionais,
tinha como prática o Intervencionismo Estatal​, que era consubstanciado na ideia de que o Estado
intervém na economia, isto é, o Estado comanda a economia, regulariza as transações econômicas
mediante a cobrança de pesados impostos e tarifas, criando barreiras alfandegárias, para impedir o
livre comércio entre cidades locais ou inter-regionais de longas distâncias (Mercantilismo
Comercial e Marítimo).
A prática mercantilista era voltada para o acúmulo de metais preciosos (ouro e a prata),
assim, ​a visão mercantilista de riqueza de uma nação era mensurada ou medida ​pelo crescente
acúmulo desses metais (obtidos muitas vezes pelos constantes ataques de corsários e piratas).
Portanto, era de todo vantajoso, ainda, que o país tivesse colônias, pois atenderia a quatro
importantes conveniências: além de ouro e outros metais preciosos, conforme já mencionados, as
colônias também forneciam matérias-primas e mão de obra para alimentar a manufatura nacional, e,
transformavam-se em mercados consumidores dos produtos manufaturados pela metrópole.

C-) Fisiocracia

No ​século XVIII​, uma escola de pensamento francesa, a fisiocracia, elaborou alguns


trabalhos dignos de destaque. Dividiu a sociedade em classes sociais, e teve a preocupação de
justificar os rendimentos da classe proprietária de terras. Diferentemente dos mercantilistas, ​os
fisiocratas consideram a riqueza de um país não medida pelo estoque de metais preciosos, mas
pelo montante de bens e serviços colocados à disposição da coletividade. Esses bens e serviços
eram decorrentes da agricultura, da produção animal e extração vegetal.

Os ideais fisiocráticos eram voltados para os princípios do Liberalismo ​Econômico,


onde a economia teria que fluir sem as cobranças de impostos, tarifas ou barreiras que pudessem
impedir o perfeito funcionamento das transações econômicas. ​Esse princípio era consubstanciado
nos ideais das políticas do “Laissez-faire e Laissez-passer”. O principal pensador foi ​François
Quesnay​, economista francês, cujo pensamento era de que uma nação era considerada rica,
mediante os produtos obtidos pela agricultura e fornecidos pela própria natureza​. Sua principal
obra foi “Tableau Économique” (Painel econômico), publicada em 1758, em que divide a
economia em setores, mostrando a inter-relação entre eles.

D-) Clássicos

Na corrente Clássica destaca-se o seu principal expoente ​Adam Smith​, que em ​1776,
publicou o livro “A Riqueza das Nações”​. A ideia central desse livro era o fato de que a economia
funcionava em equilíbrio, mediante a ação de ​“uma mão invisível” que atuava fazendo com que as
quantidades demandadas (curva de demanda) se igualariam com as quantidades ofertadas (curva de
oferta), proporcionando o ponto de equilíbrio resultante da interseção das curvas de demanda e de
oferta. Segundo a ideia de Smith, a ​produtividade decorre da divisão de trabalho, e essa, por sua
vez, decorre da tendência inata da troca, que é estimulada pela ampliação dos mercados.

O pensamento dos clássicos era fundamentado ​nas ideias do “Liberalismo ​Econômico”​,


que tinha como princípio o fato de que a economia fluiria livremente sem que houvesse qualquer
embargo ou cobranças de impostos e tarifas que impedissem as transações econômicas, assim como
esse pensamento, também, ​era consubstanciado na doutrina ou filosofia do Laissez-Faire e
Laissez-Passer, cujo autor foi Vicent Fornois. Portanto, ​um país era considerado rico
mediante a produção e consumo dos bens e serviços resultantes dessa produção​.
A “Lei de Say​”, formulada pelo economista francês ​Jean Baptiste Say​, refletia a ​visão
dos clássicos de que “a oferta cria sua própria procura​”, ou seja, do pensamento de que ​tudo
que era produzido (do lado da oferta = produtores = vendedores) seria consumido (do lado da
demanda = pelos compradores = consumidores) e que a economia funcionava em pleno emprego,
não existindo portanto, o desemprego.

Outros importantes ​pensadores clássicos​ são:


David Ricardo desenvolveu alguns modelos econômicos e elaborou a análise de distribuição do
rendimento da terra sendo determinada pela produtividade das terras mais pobres, ou marginais que
resultou na ​Teoria da Produtividade Marginal (termo proveniente da teoria Neoclássica ou
Marginalista). Sua principal obra foi ​“Princípios de Economia Política e Tributação”, publicada
em 1817​. Ricardo também analisou por que as nações negociam entre si, se é melhor para elas
comerciarem e quais produtos devem ser comercializados. A resposta dada por Ricardo a essas
questões constitui importante item da ​teoria do comércio internacional​, chamada de ​teoria das
vantagens ​comparativas​. Assim, o comércio entre países dependeria das dotações relativas de
fatores de produção.

Thomas Robert Malthus​, foi o autor do livro “​Ensaio sobre o Princípio da População​”, em
1798, onde concluiu que a produção de alimentos cresce em Progressão Aritmética (P.A), enquanto
a população tenderia a aumentar em Progressão Geométrica (P.G.), o que acarretaria pobreza e
fome generalizadas. Malthus não previu o ritmo e o impacto do progresso tecnológico na
agricultura, nem as técnicas de controle da natalidade que se seguiriam.

John Stuart Mill (filho de James Mill) ​representa o último filamento das ideias clássicas, pois
buscou sistematizar e consolidar a análise clássica, desde Adam Smith. Ao fazê-lo, modificou
algumas premissas, e introduziu na economia preocupações de ​“Justiça Social” que lhe valeram o
qualitativo de ​“Clássico da ​Transição” entre a sua Escola e as reações socialistas. Foi um dos
grandes defensores do ​Utilitarismo (Teoria da Utilidade)​, conhecido também como Pragmatismo,
o qual significava uma teoria ética e social que defende a maximização da utilidade como objetivo
do homem e do pensamento liberal e dos ideais democráticos do século XIX. Sua obra consolida o
exposto por seus antecessores, e avança ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir
melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado.

Obs.: Corrente socialista opositora aos princípios clássicos

Karl Marx e seu seguidor ​Friedrich Engels estabeleceram as bases da doutrina socialista centrada
na ​Teoria do valor-trabalho​, onde o operário cria um valor equivalente ao do gasto de sua força de
trabalho durante a jornada total, valor que lhe é devolvido sob a forma de salário; e no conceito da
mais-valia que representa o trabalho suplementar, em que o operário cria um valor excedente ao de
sua força de trabalho, valor esse que é apropriado pelo capitalista sem repassar nada ao operário,
constituindo assim, um sobrevalor ou ​mais-valia​. Foi autor do livro “​O Capital”, publicado em
1867​, o qual neste livro procurou ​explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades
humanas ao longo do processo histórico​. ​A essência deste livro visava a luta de classes entre
senhores versus escravos, senhores feudais versus servos da gleba e burgueses versus
proletários.

E-) Neoclássicos ou Marginalistas

Destacaram-se os principais economistas William Stanley ​Jevons ​(Inglês), Carl ​Menger


(Austríaco) e León ​Walras (Francês) sendo os criadores da Teoria da Utilidade Marginal, cuja
teoria retratava a utilidade decrescente mediante o consumo de um determinado produto, devido a
mediação do prazer ou da satisfação percebidos pelo consumidor. Outros teóricos importantes
foram: Eugene Böhm-​Bawerk​; Joseph Alois ​Schumpeter​; Vilfredo ​Pareto​; Arthur ​Pigou ​e Francis
Edgeworth.

Dentre os teóricos do desenvolvimento, é obrigatório mencionar Joseph Alois


Schumpeter, sobretudo por ser um dos poucos teóricos que conseguiram sistematizar com relativa
maestria as explicações do processo de desenvolvimento. Nesse sentido, deve-se realçar a
importância do seu livro Teoria do desenvolvimento econômico, publicado originalmente em
1911, ​em que o autor defende uma tese que relaciona o processo de desenvolvimento econômico às
mudanças endógenas e descontínuas na produção de bens e serviços, isto é, ​ao processo de
inovação​.

De acordo com Schumpeter, haveria na economia a figura de um empreendedor ou, como


passou a ser conhecido, ​o empresário inovador schumpeteriano, ​que constantemente estaria
promovendo a ​“destruição criadora”, ou seja, fazendo novas combinações com o objetivo de
introduzir novos produtos, um novo método, a abertura de um mercado, a conquista de novas
matérias-primas ou o ​estabelecimento de uma nova organização produtiva​. A dinâmica econômica
responderia positivamente a esse processo de “destruição criadora”, o que garantiria o
desenvolvimento econômico.

A análise marginalista é muito rica e variada. Alguns economistas privilegiaram alguns


aspectos, como a interação de muitos mercados simultaneamente – o ​equilíbrio geral de Walras é
um caso -, enquanto outros privilegiaram aspectos de ​equilíbrio parcial​, usando um ​instrumental
gráfico: a caixa de Edgeworth, por exemplo.
Portanto, apesar das questões microeconômicas ocuparem o centro dos estudos
econômicos, houve uma produção rica em outros aspectos da teoria econômica, como a ​teoria do
desenvolvimento econômico de Schumpeter e a ​teoria do capital e dos juros de ​Böhm-Bawerk​.
Deve-se destacar também a ​análise monetária​, com a criação da ​teoria quantitativa da moeda​,
que relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica e de
preços​.
Outro importante pensador foi ​Alfred Marshall que foi o idealizador ​da 1ª ​síntese
Neoclássica​, a qual possibilitou a conciliação entre os clássicos e os marginalistas. Foi o ​autor da
obra “Princípios de Economia”, publicada em 1946​, cujo teor enfocava o estudo do
comportamento do consumidor e em sua influência nos preços, assumindo ​a teoria do Valor
Utilidade​, à qual sistematizou o ​método da teoria marginalista.

Por fim, aparecem ​Samuelson e Hicks como ​autores da chamada 2ª síntese ​Neoclássica,
ou seja, da tentativa de se enquadrarem ​Keynes (sua teoria será abordada logo a seguir) e os
Clássicos ​em um mesmo modelo teórico explicativo, em que as políticas econômicas de cada um
são utilizadas de acordo com a situação em que se encontra a economia. Quando ocorresse ​pleno
emprego​, a ​teoria clássica deveria ser ​aceita; no ​desemprego e nas crises​, teria lugar ​a política
econômica Keynesiana.

F-) Oposições ao Neoclassicismo ou à corrente Marginalista

Dentre as principais oposições, destacaram-se o ​Institucionalismo e o movimento ​da


Economia do Bem-estar (Wellfare).

A Escola Institucionalista​, desenvolveu-se principalmente nos Estados Unidos, tendo


como principal precursor ​Thorstein Veblen​, seguido de John Kenneth ​Galbraith​, procurou
fundamentar-se na História, na Sociologia e nas Ciências Sociais em geral. Portanto, os
precursores dirigem suas críticas ao alto grau de abstração da Teoria Econômica, e devido ao
fato de que ela não incorpora em sua análise as Instituições Sociais.

Com relação à ​Economia do Bem-estar​, teve como principal expoente Arthur Pigou, ​que
foi o sucessor de Marshall ​na Cátedra de Economia Política da Universidade de Cambridge, que
desafiou a tradição Neoclássica relativamente à substituição da ação industrial privada pelo Estado,
na esfera econômica.

G-) Os Novos Clássicos

Antes chamados ​Monetaristas​, tendo como economistas de maior destaque Milton


Friedman​, Thomas ​Sargent e Robert ​Lucas​. Assim, de maneira geral privilegiam o controle da
moeda e um baixo grau de intervencionismo do Estado. Essa corrente abordou a hipótese das
expectativas racionais, cujos agentes econômicos têm condições de prever as prováveis alterações
de política econômica.
H-) A Escola Keynesiana
John Maynard ​Keynes foi o autor da obra “​A teoria geral do emprego, do juro ​e da
moeda”, publicada em 1936, que refutou a ideia de equilíbrio com pleno ​emprego de fatores
(ideia dos clássicos​), pela rigidez de salários e preços. Para Keynes, há desemprego involuntário e
em função disso a economia opera com capacidade ociosa.

A Teoria Keynesiana está voltada para a chamada “determinação do nível da Renda


Nacional de Equilíbrio” (RN = PN), no sentido de que a Oferta Agregada (OA) que é a
produção total de bens e serviços de uma economia, seja igual a Demanda Agregada (DA), isto
é, aos dispêndios (gastos, consumo ou compra) da coletividade com estes bens e serviços, ou
seja, resultando a identidade macroeconômica: OA (RN) = DA (PN).

Portanto, a abordagem Keynesiana afirma que a demanda agregada determina o nível da


oferta agregada e, consequentemente, o nível da renda de equilíbrio, enquanto ​que o pressuposto
da “Lei de Say”, afirmava o contrário, ou seja, era a oferta que criava ​a sua própria
demanda​, ou sempre há um preço que induz à compra da produção.

Posto isto, a diferença fundamental entre os Keynesianos e os Neoclássicos, refletiria o


fato de que ​os neoclássicos acreditavam que as economias de mercado tendem a gerar
equilíbrio à nível de pleno emprego. Por outro lado, os ​Keynesianos procuravam mostrar que a
característica fundamental das economias capitalistas era essa incapacidade de alcançar o
nível de pleno emprego, face às falhas estruturais do sistema de mercado.

Para Keynes, não existem forças de auto-ajustamento na economia, por isso se torna
necessária a intervenção do Estado por meio de uma política de gastos públicos. Tal
posicionamento teórico significa o fim da crença no Laissez-Faire como regulador dos fluxos real e
monetário da economia e é chamado princípio da ​Demanda Efetiva.
​ os anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, houve desenvolvimento expressivo
N
da teoria econômica. Por um lado, incorporaram-se os modelos por meio do instrumental estatístico
e matemático, que ajudou a formalizar ainda mais a ciência econômica. Por outro, alguns
economistas trabalharam na esteira de pesquisa aberta pela obra de Keynes. Debates teóricos sobre
aspectos de seu trabalho duram até hoje, destacando-se três grupos: os monetaristas, os fiscalistas e
os pós-keynesianos.

Para concluir, as propostas da chamada “Revolução Keynesiana”, foram feitas no momento


em que a Economia Mundial sofria o impacto da Grande Depressão (1929 – 1933) e que se
estendeu até a 2ª Guerra Mundial, eram provenientes do enfoque macroeconômico; sendo assim, as
variáveis macroeconômicas como renda (Y=R=P), ​consumo (C), poupança (S) e investimento
(I) transformaram-se nos principais ​instrumentos da abordagem Keynesiana​, os quais
substituíram a clássica trilogia da oferta-procura-preços.

Por fim, Keynes insiste numa política de dinheiro “exato”, medindo a redução da taxa de
juro, política necessária à expansão do crédito. Sendo assim, ​esta política do ​juro constitui a peça
central do sistema de Keynes​. Ele ressalta também, o interesse das taxas internacionais, mostrando
que um produto, ou um serviço, exportado para o estrangeiro, apresenta, do ponto de vista do
emprego, a mesma vantagem que um investimento, e insiste na importância econômica de uma
balança de comércio favorável. Estas ideias de expansão das trocas, através de uma política de
investimentos internacionais, que serviram de inspiração para se criarem o ​Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento Econômico
(BIRDE). As ideias expedidas por Keynes nas suas primeiras obras, mostram que a política por ele
preconizada consiste em permanente controle econômico por parte do Estado. Keynes visava
elaborar uma teoria do funcionamento do sistema em seu conjunto, ou seja, procurava considerar o
problema em termos mais gerais de rendimentos globais, procura global e emprego global​. A teoria
econômica de Keynes proporcionou novas concepções e não só alargou o quadro do estudo
econômico, mas também tornou possível uma análise mais exata e mais completa.

I-) Os Novos Keynesianos


Os Novos Keynesianos, antes chamados simplesmente fiscalistas​, têm seu maior
expoente em ​James Tobin e destaca-se também, ​Paul Anthony Samuelson cujos princípios
teóricos era a adoção de políticas fiscais ativas e maior grau de intervenção do Governo​, em
virtude da rigidez em alguns pontos do sistema econômico, que impediriam que o mercado se
auto-regulasse.

J-) Os Pós-Keynesianos
Os economistas que se destacaram nesta corrente de pensadores foram ​Joan Robinson​,
Paul ​Davidson​, Hyman ​Minsky​, Piero ​Sraffa e Alessandro Vercelli​, cujo ​trabalho aborda
outras implicações da obra de Keynes, enfatizando o papel da moeda e da especulação
financeira e procurando uma análise alternativa no movimento de ​ruptura com os clássicos​.
Esses autores insatisfeitos com os resultados que a macroeconomia vinha apresentando,
procuraram, a partir da década de 70, superar essas dificuldades com uma volta ao pensamento de
Keynes e outros autores do passado. O suporte para essa releitura de Keynes era a convicção de que
deficiências de demanda agregada ​constituem a questão mais importante das economias
capitalistas, sendo responsável pelos níveis de desemprego verificados em muitos países,
redução da atividade econômica e desaceleração das taxas de crescimento do produto. Portanto, na
realidade ​os pós-keynesianos retornam à obra básica de Keynes.

Por fim, pode-se destacar que, apesar das diferenças entre as várias correntes, há consenso
quanto aos pontos fundamentais da teoria, uma vez que todas são baseadas no trabalho de Keynes.

K-) A Escalada do Neoliberalismo (A Corrente Neoliberalista)

A política econômica neoliberal​, que vem sendo implantada no mundo inteiro,


principalmente na década de 90 do século passado, ​está embasada ou fundamentada, sobretudo,
na desregulamentação da economia, privatização do setor empresarial do Estado,
liberalização dos mercados, redução de déficit público, controle da inflação etc.
A Corrente Neoliberal na qual se destacaram ​Eugênio Gudin, ​Otávio Gouveia de ​Bulhões, Dênio
Nogueira e Daniel Carvalho​, ​tinha portanto, como projeto econômico básico o crescimento
com equilíbrio das contas públicas e fundamentava-se no livre mercado.

9. ECONOMIA APLICADA AO DIREITO

9.1 Conceito de Direito Econômico

Conceito de Direito Econômico - Sujeito - Objeto

Os autores oferecem diferentes definições do Direito Econômico. Seguem linhas teóricas diversas e
as suas definições obedecem a essa diversificação. Porém, todos se dirigem no mesmo sentido de
atender à realidade de uma sociedade na qual Estados, indivíduos e diferentes entidades atuam
juridicamente, em sede de política econômica, na realização da justiça.
“Direito Econômico é o ramo do Direito que tem por objeto a juridicização, ou seja, o
tratamento jurídico da política econômica e, por sujeito, o agente que dela participe. Como tal, é o
conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos interesses
individuais e coletivos, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurídica. Para tanto utiliza-se o
princípio da economicidade”.
Detalhemos:

A-)... “ramo do Direito”...


Tratamos o Direito Econômico como um ramo autônomo do direito”. Significa que dispõe de
“sujeito”, “objeto”, “normas” e “campo” próprios que não permitem com os demais, compondo-se
com eles em perfeita harmonia.

B-)... “que tem por objeto”...

Para configurar a autonomia de um ramo do Direito é indispensável a identificação do seu “objeto”.


Negar objeto ao Direito Econômico foi um dos pontos utilizados durante longo período por aqueles
que pretenderam resistir à aceitação de sua condição de ramo jurídico autônomo. Entretanto, a
busca da realização da justiça exige que a realidade econômica, no estágio atual da vida social, seja
tratada além dos limites dos conflitos dos interesses privados entre si, ou destes em confronto com
os interesses públicos. Revela-se a necessidade do seu tratamento em dimensão de “política
econômica”, na qual ambos são envolvidos. Os ramos tradicionais do Direito não incluíam em seu
âmbito, deixando-a ao desamparo. Essa falha exige tratamento adequado, que compete
precisamente ao Direito Econômico, desfazendo os argumentos daqueles que lhe eram contrários.

C-) ... “a juridicização, ou o tratamento jurídico da política econômica”...


Entendemos por política econômica o conjunto de medidas postas em prática para atender a
objetivos econômicos. Deve ser juridicamente tratada, sob pena de prática arbitrária do poder, sem
o devido respeito aos direitos indispensáveis à vida social. Determinados exageros ou abusos do
poder econômico, tanto público quanto privado, justificam plenamente a necessidade ​dessa
juridicização que se efetiva pelo Direito Econômico.

D-)....”e por sujeito o agente que dela participe”...

Os agentes econômicos de que trata a nossa disciplina e que dinamizam a vida da


sociedade são principalmente:

- os indivíduos, o Estado, as empresas, os organismos nacionais, internacionais e comunitários,


públicos ou privados;
- aqueles caracterizados com relação aos chamados “interesses difusos”, que têm como titulares
pessoais indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
- os que se revelam nos “interesses coletivos”, tendo como titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si, ou com a parte contrária, por uma relação jurídica base;
os referentes aos “interesses individuais homogêneos”, que decorrem de origem comum.

Esses são exemplos dos “sujeitos” das atividades inseridas no campo do Direito
Econômico.
Na prática da atividade econômica, o indivíduo, o Estado, a empresa ou demais entes que
figurem como seu “sujeito” seguem uma linha políticoeconômica ditada pela ideologia
constitucional na defesa dos seus respectivos interesses. Assim, afirma-se o que identificamos como
o “poder de ação econômica” de cada um deles.
O Direito Econômico se incumbe precisamente da harmonização das atividades
correspondentes a essa prática levada a efeito pelos diversos sujeitos. Dessa forma, configura-se a
“relação de direito Econômico”.

E-) ...”Conjunto de normas de conteúdo econômico”...

Estamos tratando de um ramo do direito. Portanto, obviamente, nos referimos às “normas


jurídicas”. Em Direito Econômico destacamos, além das tradicionais, também as chamadas:
“normas programáticas”, portadoras de enunciados e de orientações; “normas premiais”, aplicadas a
estímulos e incentivos;

- “normas-objeto”, postas em evidência no Direito brasileiro por Eros Grau, a partir da afirmativa
da “finalidade” como objetivo do Direito. Daí conclui que, ao ser o Direito (norma) dinamizado
como instrumento de governo, ultrapassa as funções tradicionais de “organização” e de “ordenação”
para ter em vista a implementação de políticas públicas referidas a fins múltiplos e específicos,
cabendo às “normas-objetivo” a tarefa de defini-las.

O Direito econômico conta com as características políticas da “mobilidade”, da


flexibilidade” e da ​“revisibilidade”, que, por força do seu próprio objeto, são inerentes às suas
normas e se traduzem em suas regras. Além disso, dispõe do recurso hermenêutico da
“economicidade”, que lhe garante a “maleabilidade” necessária às adaptações.

A particularidade das normas de direito Econômico, está em que o seu conteúdo é sempre
“econômico”, enquanto gênero, configurando a “política econômica”, enquanto espécie.
F-) ...”de acordo com a ideologia adotada”...

A ideologia é definida, em Direito Positivo, no Estado de direito, pela Constituição vigente, em


cada época e em cada país. Por isso, a definimos como “ideologia constitucionalmente adotada”.
Fica estabelecida, pois, a diferença entre esta e a que se possa entender por ideologia dos modelos
teóricos tradicionais, ou seja, conjuntos de ideias, de princípios ou de teorias destinados a explicar,
abstratamente, a organização social, a estrutura política e assim por diante.

G-) utiliza-se do princípio da economicidade”...

A noção conferida à “economicidade”, no presente conceito, assume sentido específico, quer


para o seu “entendimento”, quer para a referência à “função” que lhe é atribuída.

Quanto ao “entendimento”, é habitualmente portadora do significado de “medida do


econômico”. Em sentido “econômico”, é considerada como a expressão de “equilíbrio” na
relação custo-benefício”, ou, se preferirmos, “sacrifício-prazer”, ​sendo este último obtido em
função do primeiro.

Conduzindo a opções que representem uma “linha de maior vantagem”, ​tomamos a


“economicidade” como “princípio” que melhor conduza aos objetivos da ideologia
constitucional como um todo.

Considerando que pelo próprio objeto políticoeconômico do direito econômico a


“economicidade” assegura a “flexibilidade como uma das características das suas normas, a adesão
que a aplica como “princípio” hermenêutico permite a esta disciplina o atendimento ao caráter de
“circunstancialidade”, ou seja, às “peculiaridades dinâmicas do fato”, tal como se lhe apresentam no
tempo e no espaço.

O termo “economicidade”, significa a medida do ”econômico” segundo a “linha de


maior vantagem na busca da justiça”. Essa medida é determinada pela “valoração jurídica”
atribuída, pela Constituição, ao “fato” de política econômica, objeto do Direito Econômico.

Quanto à função, a “economicidade” é tratada, pois, com instrumento hermenêutico pelo


qual a flexibilidade, a maleabilidade, a revisibilidade e a mobilidade das opções se impõem ao
direito moderno, de modo geral e, especialmente, nas Constituições correspondentes aos regimes
políticos mistos ou plurais. Interessa sobremodo ao Direito Econômico, pela própria natureza
políticoeconômica do seu objeto.

Teorias do Direito Econômico


A evolução do Direito vai modificando os conceitos dos seus próprios pensadores, que
procuram no Direito Econômico as posições capazes de satisfazer as suas preocupações. Um dado
importante a respeito é o que se referiu à determinação de seu “objeto” durante os primeiros anos de
sua configuração. Prendia-se à própria origem cultural das disciplinas jurídicas de que provinham os
seus autores. Estes encontraram o caminho do Direito Econômico sem se libertar completamente
daquelas raízes.

Posição dos que consideram o Direito Econômico pelo seu “sujeito”

De modo geral, os elementos assim considerados ou se prendem à “empresa” ou ao “Estado”,


como sujeito do Direito Econômico”. Os primeiros o caracterizam como “Direito da Empresa”. Os
segundos o tomam como o “Direito da Empresa”. Os segundos o tomam como o “Direito da
Intervenção do estado no Domínio Econômico”. No âmbito da empresa, tomada em sentido
genérico, devem ser incluídas as organizações não-governamentais (ONGS).

​O Direito Econômico ​não se limita à ação econômica apenas do Estado, mas também dos
entes privados, como o indivíduo, as empresas, os órgãos de defesa de interesses individuais ou
coletivos pois todos eles participam da política econômica que envolve a vida social. Geralmente se
incluem entre os que assim o consideram aqueles que procedem de ramos jurídicos voltados para a
ação do Estado.

Posição dos que tomam o Direito Econômico pelo seu “objeto”

Aqueles que tomam o Direito Econômico pelo seu “objeto” geralmente focalizam a “realidade
econômica”, especialmente pelos “fatos econômicos fundamentais”, e lhe atribuem a incumbência
de discipliná-la juridicamente.

Posição dos que tomam o Direito Econômico a partir do “poder econômico”

O poder econômico passa a ser tratado em ambos aspectos, sobretudo a partir do momento em
que o Estado passou a atuar economicamente e a preocupar-se com as manifestações do primeiro.
Assim, o poder econômico manifesta-se como força de imposição de decisões, dando ao “fato
econômico” tal significação que comumente é tomado como “fonte” de Direito, como detentor de
“força jurígena”.
Por outro lado, considera-se a própria estrutura da sociedade moderna, em que, ao lado dos
Poderes tradicionais, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, fala-se da institucionalização do
poder econômico.

d) Posição dos que tomam o Direito Econômico em face do “sentido de economicidade”

A preocupação de atender a um ramo do Direito voltado especificamente para a


juridicização da política econômica conduziu-nos à busca de um sentido para o “econômico”, e que
fosse capaz de libertar o seu entendimento da simples ideia de lucro como um plus, um ganho de
mercado, embora seja esta a que tenha motivado toda a concepção capitalista e se manifeste, em
base similar de raciocínio, nas concepções atuais da experiência socialista, com o chamado “lucro
social”.
Por fim, ​“Direito econômico é o conjunto de normas que, com o conteúdo de
economicidade, vincula as entidades econômicas, privadas e públicas, aos fins cometidos à
Ordem Econômica”.

Por uma Teoria Geral do Direito Econômico

A Teoria Geral do Direito Econômico deverá tomar por instrumentos os elementos fundamentais da
sua conceituação, seu sujeito, seu objeto, método, peculiaridades de sua legislação, técnica de
legislar, seu atendimento às características da dinâmica e das mutações sociais que a disciplina terá
de considerar, chegando aos dados de uma teoria capaz de garantir-lhe plena satisfação nos
objetivos da justiça, ante a realidade econômica.
Destaca-se para o tratamento jurídico da política econômica como elemento fundamental na
caracterização das suas normas típicas; a inviabilidade da divisão entre Direito público e Direito
Privado; a ampliação dos tipos dos sujeitos na relação jurídica; a desnecessidade da sanção penal
tradicional na efetivação de suas normas; o destaque para o entendimento do seu “conteúdo”; a
identificação dos seus “fundamentos”, “princípios”, “regras” e normas; o afastamento das linhas de
consideração da macroeconomia e microeconomia; a definição do seu campo de ação; a
flexibilidade hermenêutica para a qual oferecemos o instrumento da “economicidade”; a
possibilidade de afirmação enquanto Direito Positivo, que garantimos com o princípio da “ideologia
constitucionalmente adotada” e assim por diante.

9.2 Autonomia do Direito Econômico

Sempre que um ramo novo do direito se destaca, e dizemos que conquista sua autonomia, não o faz
com facilidade ou sem resistências. Surgem as correntes que o combatem, que lhe negam a
existência e procuram impedir seu reconhecimento. A autonomia, entretanto, não se efetiva pela
vontade das pessoas, impõe-se pela realidade social. A configuração da chamada “sociedade
industrial”, “sociedade de consumo”, que representa um complexo de ideais ligados ao bem-estar
material do homem, e, portanto, com destaque para o tratamento jurídico do elemento
político-econômico sobre os demais, garantem a autonomia do Direito Econômico.

Quanto às mutações projetadas para o século XXI, com a política econômica das “Uniões” e das
“Comunidades” entre países, com a decadência das atuais relações contratuais entre o capitalismo e
o trabalho, prenunciando uma “sociedade sem emprego”, a “globalização” e as conquistas dos
Direitos Econômicos enquanto Direitos Humanos.

O Direito Econômico é como uma espécie do gênero “Direito”, visto que o tratamos como
disciplina jurídica aplicada ao campo específico e delimitado, da política econômica, embora esta
assuma extensão correspondente aos novos conceitos das relações político-econômicas entre povos,
sem perder a objetividade de Direito dos respectivos países, quer em suas ordens jurídicas internas,
quer nas relações internacionais e comunitárias.

9.3 Conteúdo da Norma de Direito Econômico


As normas do direito econômico versam obrigatoriamente sobre a realidade econômica, do
ponto de vista da “política econômica”. Com relação a norma jurídica, ao regulamentar a prática de
determinado “ato”, ou o condicionamento de um “fato” econômico, respeita-lhe a natureza
originária – não jurídica -, pois, se assim não fosse, a norma não estabeleceria modos de
comportamentos na prática dos mesmos.

Essa afirmativa fica mais esclarecida quando recorremos ao sentido do discurso do Direito
que se exprime no “dever-ser”, e o aplicamos ao direito Econômico, ditando as normas do
comportamento daqueles que praticam atividade políticoeconômica na sociedade.

Assim, o conteúdo, a substância da norma, nesse caso, é o “ato” ou o “fato“ econômico,


portanto, de natureza econômica, na modalidade políticoeconômica.

O “fato econômico”, explicado pela Ciência Econômica, acontece na sociedade. Como tal, é
“fato social”. O “ato econômico” exprime a “atividade econômica” e também deve ser disciplinado
e submetido a regras jurídicas.

Assim, se o Direito se manifesta por “normas”, diremos que estas são “modo de agir”,
“formas de proceder”, “formas” de o sujeito se comportar. Também diremos que essas “normas”
têm um “conteúdo”, visto que são regras definidoras de determinado tipo de ação.

Quando essa ação é econômica, ou melhor, quando o conteúdo da norma é um ato ou um


fato econômico, então temos o que denominamos “conteúdo econômico da norma jurídica”.

Desse modo, o Direito econômico cuida de temas econômicos, porém com a particularidade
que suas normas sempre têm, e somente têm, conteúdo econômico, e o apresentam na modalidade
“político-econômica”.

Por fim, ao se falar, enquanto Direito posto, que ele se fundamenta e estabelece os seus
princípios a partir da ideologia adotada constitucionalmente, subentende-se que se trata dos
aspectos políticoeconômicos dessa ideologia a serem concretizados por intermédio das normas de
Direito Econômico.

9.4 Economia Aplicada ao Direito

A Ciência Econômica explica o “ato” e o “fato” econômico que o Direito vai


disciplinar. Essa importância torna-se ainda maior quando são eles tomados pelo prisma da Política
Econômica. De tal modo o significado desse relacionamento tem crescido que já se estuda a
Economia por um prisma voltado para o Direito, especialmente nas análises e nas interpretações
jurídicoeconômicas, cada vez mais frequentes. Logicamente, a Ciência Econômica é uma só, e
aplica-se a explicar os atos e os fatos de acordo com as suas próprias regras, tomando-os por seu
“objeto”. Porém, considerados o “ato” e o “fato” econômicos, por caminhos diferentes, embora a
partir da sua observação, os mesmos possibilitam utilizações diferidas por aqueles que as recebem
para os seus respectivos juízos de valor, sejam eles o economista, o engenheiro, o sociólogo ou o
jurista.
O “justo” predominará, porque definirá a “linha de maior vantagem” em termos do “valor
justiça”. Essa linha de maior vantagem, mede-se pela aplicação do “Princípio da Economicidade”,
do qual se utiliza especialmente o Direito Econômico, dando ao próprio sentido do “econômico” a
flexibilidade políticoeconômica necessária, para que o justo seja alcançado.

Portanto, a "Economia Aplicada ao Direito" deve ser tomada como o estudo da


Ciência Econômica voltada para a explicação do conteúdo econômico do Direito. Interessa a
todos os ramos do Direito e é fundamental para a elaboração, a interpretação e os
julgamentos baseados na legislação sobre assuntos econômicos.

Por tudo isso é que se luta para o tratamento da ​"Economia Aplicada ao Direito" como
disciplina ou método de estudo da Economia voltada para objetivos de conhecimento jurídico.
Como "ciência-fronteira" cumpre essa função. Como método de estudo, assume a posição de
matéria fundamental ao próprio conhecimento das manifestações do direito, que procura
corresponder à chamada "sociedade moderna", "sociedade industrial", "sociedade de consumo"
mas, igualmente, à pós-industrial", ou "pós-moderna".

9.5 Direito Econômico e Direito da Economia

A preocupação do Direito para com os fatos da vida econômica, com a "realidade


econômica", acabou por sair da área teórica, para o próprio Direito Positivo, para a legislação.
Foram elaboradas leis jurídicas que regulamentavam a atividade econômica, mesmo no chamado
"modelo jurídicoeconômico" do liberalismo, quando o Estado fazia tudo para não intervir na
área econômica e não se intrometer na atividade econômica dos particulares​. De qualquer
modo, foi sendo elaborada uma "legislação sobre assuntos econômicos".

9.6 Direito da Economia

A expressão "Direito da Economia", coincide com "Legislação sobre assuntos econômicos".


Sua pretensão não vai além de sistematizar essa legislação para que a atividade econômica,
juridicamente disciplinada, possa ser mais bem trabalhada pelos cultores e profissionais do Direito.
Justamente esse ponto de vista tem levado muitos observadores a afirmar que "todo Direito
é Direito da Economia", visto como qualquer dos seus ramos sempre cuida, de um modo ou de
outro, de assuntos econômicos.

9.7 Direito Econômico

O Direito Econômico constitui um ramo autônomo do Direito porque, versando sobre


assuntos políticoeconômicos e não simplesmente econômicos, tem seu campo perfeitamente
delimitado, apresenta regras próprias, princípios específicos, normas que não permitem sua
confusão com a de nenhum outro ramo do Direito.
A noção de direito da economia é essencialmente descritiva e pode designar o conjunto das
regras de direito que se aplicam à atividade econômica. Ao contrário, a noção de 'Direito
Econômico' é nitidamente mais qualificativa e incide sobre a perspectiva de um encontro
interdisciplinar que transforma a regra do direito.

Bibliografia:

- SOUZA, W.P.A. Primeiras Linhas de Direito Econômico. 6. ed. São Paulo: LTr, 2005.

​UNIDADE 02: ASPECTOS DA MICROECONOMIA

10.​ ​A Teoria da Demanda e da Oferta

10.1​ A Teoria da Demanda (D) ou Procura (D)

Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão consubstanciados no conceito


subjetivo de utilidade​. A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais
como:
- riqueza (sua distribuição); renda (sua distribuição); preço dos outros bens; fatores climáticos e
sazonais; propaganda; hábitos, gastos, preferências dos consumidores.

Atenção ao jogo de Palavras pertinentes ao estudo da Demanda: Compradores ou


Consumidores e as Quantidades são Demandadas.

Portanto, a função demanda é colocada em função das seguintes variáveis, consideradas as


mais relevantes e gerais:

Q i = f (Pi, Ps, Pc, R, G) Função ou Teoria Geral da Demanda

onde:
​d
Q i = quantidade procurada (demandada) do bem i/t (/t significa num dado período de tempo);

Pi = Preço do bem i/t;


Ps = Preço dos bens substitutos ou concorrentes / t;
Pc = Preço dos bens complementares / t;
R = Renda do Consumidor /t;
G = Gostos, hábitos e preferenciais do consumidor / t;

Portanto, a relação entre Qi e o preço do próprio bem (Pi) é dada através da função geral da
demanda; que de forma reduzida é expressa por:

Q i = f (Pi); supondo as variáveis ​Ps, Pc, R e G constantes​. O Termo ​Coeteris Paribus​, significa
que estas variáveis são constantes.

Portanto, a Lei Geral da Demanda diz que a quantidade demandada de um bem (Qdi) está
inversamente relacionada com o preço desse bem i (Pi), Coeteris Paribus, isto é, tudo o mais
permanecendo constante. ​Portanto, existe uma relação inversa ou indireta entre o preço de um
bem (Pi) e a quantidade demandada desse bem (Qdi).

Gráfico da Demanda (D)

Pi

Qi

Assim, essa relação é inversa devido aos chamados Efeitos Substituição e Renda, que
agem conjuntamente. Portanto, serão analisadas duas situações:

a-) Supondo uma queda do preço do bem i (Pi), temos os efeitos:

Efeito-Substituição ​- o bem fica barato relativamente a outros, com o que a quantidade demandada
desse bem aumenta;

Efeito-Renda - com a queda de preço, o poder aquisitivo (ou "Renda Real") do consumidor
aumenta, e a quantidade demandada do bem i (Qd i), deve aumentar. Isto é, ao cair o preço de um
bem (Pi), o consumidor tem mais renda para gastar.

b-) Supondo um aumento no preço do bem (Pi)

Ocorrerá uma queda da Quantidade Demandada desse Bem i que será provocada pelo
Efeito-preço (ou Efeito-Total), que é a soma dos Efeitos: Substituição e Renda.

A curva de demanda ou procura mostra a relação entre o preço do bem e a quantidade deste
bem que o consumidor está disposto a adquirir num certo período de tempo (/t), tudo o mais
permanecendo constante, ou seja, não variando o Preço dos outros bens (Pi), a Renda (R) e o Gosto
do consumidor (G).
Quantidade demandada ou procurada (Qd) é a quantidade máxima de um bem que os
compradores estão dispostos a adquirir por certo preço (num intervalo fixo de tempo/t).

10.2 A Teoria da Oferta (S)

A Teoria da Oferta abrange a teoria da produção, que estuda o processo de produção numa
perspectiva econômica.

Define-se Oferta como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores (ou


vendedores) desejam vender por unidade de tempo.

Assim a quantidade ofertada é a quantidade máxima de um bem que os vendedores


estão dispostos a fornecer por certo preço (num intervalo fixo de tempo).

Atenção ao jogo de Palavras pertinentes ao estudo da Oferta: vendedores, produtores,


empresários, empreendedores e as Quantidades são Ofertadas.

Relacionando a quantidade ofertada de um bem com seu preço obtemos a Curva de Oferta,
através do gráfico abaixo:
Gráfico da Oferta (S)

Pi

Qi
Portanto, a função ou ​Teoria da Oferta é colocada em função das seguintes variáveis,
consideradas as mais relevantes e gerais:

s
q i = f (Pi; Pn; Πm; T) = Função ou Teoria Geral da Oferta
onde:
s
q i = quantidade ofertada do bem i / t ( / t = significa em um dado período de tempo);
Pi = preço do bem i / t;
Pn = preços de outros bens / t;
Пm = preço dos fatores de produção / t;
T = Tecnologia ou o objetivo da empresa / t.

Assim, a função ou Teoria Geral da oferta de forma reduzida é expressa por:


s
q i = f (Pi), sendo as variáveis Pn; Пm e T, constantes ou coeteris paribus.

Portanto, a Lei da Oferta é quanto maior o preço de um bem econômico (Pi), maior
será a quantidade ofertada deste bem (Qis), (coeteris paribus) e vice-versa, ou seja, existe uma
relação diretamente proporcional entre o preço do bem (Pi) e a quantidade ofertada deste
bem i (Qis).

10.3 Equilíbrio de Mercado (E)

O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela procura.
O ponto de Equilíbrio (E) de mercado é quando ocorre a interseção das curvas de Oferta e de
Procura (demanda) de um bem, ou seja, ​quando a quantidade que os consumidores desejam
comprar é exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender (quando a
demanda for igual à oferta), conforme gráfico abaixo:

Pi

Qi

Supondo uma economia de mercado, concorrencial, o mecanismo de preços leva


automaticamente ao equilíbrio.

Caracterização dos excessos:

a-) Excesso de oferta​ - é caracterizado pela escassez de demanda;

b-) Excesso de demanda​ - é caracterizado pela a escassez de oferta.

10.4 Exercícios sobre o Equilíbrio de Mercado (E):


1-) Num dado mercado, a oferta e a procura de um produto são dadas, respectivamente, pelas
seguintes equações:

Qs = 48 + 10 P
Qd = 300 - 8 P

onde Qs (Quantidade ofertada); Qd (Quantidade demandada) e P (preço do produto). Qual o


preço e a quantidade transacionada no mercado, quando o mesmo estiver em equilíbrio?
Obs.: O mercado em equilíbrio ocorre quando Qs = Qd.

2-) Num dado mercado, a oferta e a procura de um produto são dadas, respectivamente,
pelas seguintes equações:

Qs = 10 + 1P
Qd = 22 - 3p

onde Qs (Quantidade ofertada); Qd (Quantidade demandada) e P (preço do


produto). Qual o preço e a quantidade transacionada no mercado, quando o mesmo
estiver em equilíbrio?

ASPECTOS DA MACROECONOMIA

11. ​Metas e Instrumentos de Política Macroeconômica

11.1 As metas de Política macroeconômica são:


- pleno emprego de recursos;
- estabilidade de preços;
- distribuição de renda socialmente justa;
- crescimento econômico.
11.2 Estrutura da Análise econômica
É demonstrada mediante tabela abaixo:
Partes da Economia MERCADOS VARIÁVEIS
DETERMINADAS
Parte Real Mercado de Bens e Produto Nacional
da Economia Serviços Nível Geral de Preços
Parte Real Mercado de Trabalho Nível de Emprego
da Economia Salários Nominais
Parte Monetária Mercado Financeiro Taxa de Juros
da Economia (Monetário e títulos) Estoque de Moeda (Caixa)
Parte Monetária
da Economia Mercado de Divisas Taxa de Câmbio

11.3 Instrumentos de Política Macroeconômica

11.3.1 Política Fiscal

Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos


(política tributária) e controle de suas despesas (política de gastos). Assim temos as seguintes
análises:

1ª Análise​: Se o objetivo da Política do Governo for redução da Inflação, as medidas fiscais


normalmente utilizadas são:
- Diminuição de Gastos Públicos;
- Aumento da Carga Tributária (o que inibe o consumo e o investimento).

2ª Análise​: Se o objetivo da Política do Governo for gerar maior crescimento e emprego, as


medidas fiscais normalmente utilizadas são:
- Aumento dos Gastos Públicos;
- Redução da Carga Tributária (o que estimula o consumo e o investimento).

11.3.2 Política Monetária

Refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de


juros. Os principais instrumentos são;

- emissões;
- reservas compulsórias (R) ou depósitos obrigatórios (percentual sobre os depósitos
que os bancos comerciais devem reter junto ao Banco Central); ou seja, os bancos
guardam certa parcela de seus depósitos no Banco Central (BACEN), para atender a seu
movimento de caixa e compensação de cheques. Essas são as contas de ​caixa ​e de
reservas ou depósitos voluntários. ​Todavia, o BACEN obriga os bancos comerciais a
reter uma parcela dos depósitos como depósitos obrigatórios, que não poderão ser
utilizados pelos bancos para empréstimos ou aplicações.
- As reservas obrigatórias representam importante instrumento de política monetária. Assim
temos as seguintes análises:

1ª Análise: Se o objetivo da Política do Governo for de reduzir a inflação, a medida de política


monetária restritiva adotada deve ser:

- Aumento da taxa de reservas compulsórias (R) (implicará em uma redução dos meios de
pagamento), dado que os bancos emprestarão menos ao público.

2ª Análise: Se o objetivo da Política do Governo for de optar por uma política de crescimento
e de geração de novos empregos, a medida adotada deve ser:

- Redução da taxa de Reservas compulsórias ​(R) (implicará em uma expansão


monetária ou aumento dos meios de pagamento), dado que os bancos emprestarão mais
ao público.

- Open market (compra e venda de títulos públicos), ou seja, operações de mercado


aberto que consistem em vendas ou compras, por parte do BACEN, ​de títulos
governamentais no mercado de capitais​. Quando o governo vende esses títulos ao
público, por meio do BACEN, ele “enxuga” moeda do sistema; quando recompra esses
títulos, o dinheiro dado em troca do título representa um aumento dos meios de
pagamento. Assim, os principais títulos utilizados atualmente são ​BBC ​(Bônus do Banco
Central), de curto prazo, e ​NTN ​(Nota do Tesouro Nacional), de prazo mais longo.

​- Redescontos (empréstimos do BACEN aos bancos comerciais); se trata de operações que


visam socorrer os bancos que estão com problemas de liquidez, ou seja, que estão com dificuldades
de caixa;

- Regulamentação sobre crédito e taxa de juros; ocorre quando o BACEN afeta o sistema
financeiro via regulamentação e controle do crédito, que se dá por meio da política de juros,
controle de prazos, regras para o financiamento aos consumidores etc.

11.3.3 Política Cambial e Comercial/Vendas

São políticas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia (​X ​e
M​).

Portanto, a ​política cambial refere-se ao controle do Governo sobre a taxa de câmbio


(câmbio fixo, flutuante etc).

A ​política comercial/vendas diz respeito aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou


estímulo/desestímulo às importações, sejam fiscais, creditícios, seja estabelecimento de cotas etc.
11.3.4 Políticas de Rendas (Controle de Preços e Salários)

Refere-se à intervenção direta do Governo na formação de renda (salários, lucros, juros e


aluguéis), através de controle e congelamentos de preços.

O controle de preços e salários são utilizados como política de combate à inflação.​ Por
fim, esses controles também são denominados “políticas de rendas” no sentido de que influem
diretamente sobre as rendas.

11.3.5 RESUMO DAS POLÍTICAS MACRO ECONÔMICAS

Portanto, são 04 (quatro) as Políticas macroeconômicas:

Política Fiscal; Política Monetária; Política Cambial e Comercial/Vendas e as Políticas de


Rendas.

Essas 04 (quatro) Políticas serão estudadas mediante ​02 (duas) Análises​:

1ª) ANÁLISE: ​Se o objetivo da Política do Governo for combater ou controlar às expectativas
inflacionária (significa tirar Dinheiro de Circulação = Reduzir os Meios de Pagamento ou
Desmonetizar a Economia), as medidas econômicas ​reducionistas​ adotadas são;
(são medidas que ​desestimulam ou inibem​ o consumo):

− Redução dos Gastos Públicos (Investimentos); ​Política Fiscal


− Aumento da Carga Tributária (Tributos ou Impostos); ​Política Fiscal
− Reduzir a emissão de Moedas; ​ Política Monetária
− Aumentar o valor da Taxa de Redesconto;
− Aumento do Recolhimento ou das Reservas (R) Compulsórias;
− Redução nos Prazos de Financiamentos;
− Redução dos valores nas Linhas de Crédito;
− Aumento no Índice da Taxa de Juros (i);
− Operações de Open Market (Mercado Aberto), quando o Governo Federal = Tesouro
Nacional (TN), Vendem Títulos para os Bancos Comerciais, tendo o BACEN como
intermediador dessas Operações; ​Política Monetária

− Redução dos Salários(W); Aluguéis (A); Lucros (L) e Juros (J); ​Política de Rendas;
− Aumento dos Preços dos Produtos ou Mercadorias; ​Política de Rendas;
− Aumento na Alíquota do IPI de Produtos Importados; ​Política Comercial/Vendas;
− Valorização Cambial, a Moeda Nacional (Real) está mais valorizada do que a Moeda
Estrangeira (Dólar), o que caracteriza uma queda Taxa de Câmbio. ​Política Cambial.
FLUXO CIRCULAR DE VENDA DE TÍTULOS PELO GOVERNO FEDERAL (TESOURO
NACIONAL= TN) PARA OS BANCOS COMERCIAIS
O Governo Federal vende títulos públicos para os bancos comerciais

(Política de combate à expectativa de Inflação)

FLUXO EXTERNO
DN = C
Os bancos comerciais vendem títulos para o Governo Federal (TN)

Política de Geração de Emprego e


crescimento

FLUXO INTERNO
O TN paga pelos títulos e injeta dinheiro
nos bancos comerciais
Política de Geração de Emprego e
crescimento

RN= W + A + L + J
Os Bancos comerciais pagam pelos títulos públicos e injeta dinheiro no
Governo Federal (Tesouro Nacional)
(Política de combate à expectativa de Inflação)

Legenda​:
________ Fluxo Externo da Política do Governo de Combate à Inflação

- - - - - - - - Fluxo Interno da Política do Governo de Geração de Novos


Empregos e Crescimento

2ª) ANÁLISE​: Se o objetivo da Política do Governo for gerar maior ​Crescimento e Emprego
(significa colocar mais dinheiro em Circulação = Aumentar os Meios de Pagamento ou
Monetizar a Economia), as medidas econômicas ​expansionistas ​adotadas são;
(obs.: são medidas que estimulam ou incentivam o consumo):

− Aumento dos Gastos Públicos (Investimentos); ​Política Fiscal


− Redução da Carga Tributária (Tributos ou Impostos); ​Política Fiscal

− Aumentar a emissão de Moedas; ​ Política Monetária


− Redução no valor da Taxa de Redesconto;
− Redução do Recolhimento ou das Reservas (R) Compulsórias;
− Aumento nos Prazos de Financiamentos;
− Aumento dos valores nas Linhas de Crédito;
− Redução no Índice da Taxa de Juros (i);
− Operações de Open Market (Mercado Aberto), quando os Bancos comerciais Vendem
Títulos para o Governo Federal = ao Tesouro Nacional (TN), tendo o BACEN como
intermediador dessas Operações; ​Política Monetária
− Aumento dos Salários(W); Aluguéis (A); Lucros (L) e Juros (J); ​Política de Rendas
− Redução dos Preços dos Produtos ou Mercadorias; ​Política de Rendas
− Redução na Alíquota do IPI de Produtos Importados; ​Política
Comercial/Vendas
− Desvalorização Cambial, a Moeda Nacional (Real) está desvalorizada com relação à Moeda
Estrangeira (Dólar), o que caracteriza um aumento da Taxa de Câmbio. ​Política Cambial.

FLUXO CIRCULAR DE VENDA DE TITULOS PELOS BANCOS COMERCIAIS


PARA O GOVERNO FEDERAL (TESOURO NACIONAL= TN)

O Governo Federal vende títulos públicos para os bancos comerciais


(Política de combate à expectativa de Inflação)

FLUXO EXTERNO

DN = C
Os bancos comerciais vendem títulos para o Governo Federal (TN)
(​Política de Geração de Emprego e
crescimento)

FLUXO INTERNO
O TN paga pelos títulos e injeta dinheiro
nos bancos comerciais
(Política de Geração de Emprego e crecimento)

RN= W + A + L + J

Os Bancos comerciais pagam pelos títulos públicos e injeta dinheiro no


Governo Federal (Tesouro Nacional)
(Política de combate à expectativa de Inflação)

Legenda:
________ Fluxo Externo da Política do Governo de Combate à Inflação
- - - - - - - - Fluxo Interno da Política do Governo de Geração de Novos
Empregos e Crescimento

OC6: FALHAS DE MERCADO – PARTE - I

11. Estruturas Básicas de Mercado

O mercado é uma forma de intercâmbio na qual se realizam compras e vendas de bens e


serviços, pondo em contato compradores e vendedores. Assim, passaremos a examinar a
determinação de preços e produção, sob diferentes condições de mercado.

A ​concorrência ​está associada, normalmente, à ideia de rivalidade ou oposição entre dois


ou mais sujeitos para conseguir um objetivo, como a utilidade pessoal ou a ambição econômica
privada. Em economia, essa concepção dos mercados, isto é, uma forma de determinar os preços e
as quantidades de equilíbrio. Portanto, a concorrência é uma forma de organizar os mercados que
permite determinar os preços e as quantidades de equilíbrio.

Fundamentalmente, as diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três


variáveis principais:

- número de firmas produtoras no mercado;


- diferenciação do produto;
- existência de barreiras à entrada de novas empresas.

No mercado de bens e serviços, as formas de mercado, segundo essas três características, são
as seguintes:

​A-) Concorrência Perfeita ou Pura – é uma estrutura de mercado no qual existem muitos
compradores e muitos vendedores, de forma que nenhum comprador ou vendedor individual exerce
influência sobre o preço. Portanto, possui um número infinito de firmas, produto homogêneo, e não
existem barreiras à entrada de firmas. Exemplo: Produtos hortifrutigranjeiros.
Para que esse processo ocorra de maneira correta, a criação formal dos mercados perfeitamente
competitivos requer que se cumpram as quatro condições seguintes:
Existência de elevado número de ofertantes e demandantes. Implica que a decisão individual de
cada um deles exercerá pouca influência sobre o mercado global. Assim, se um produtor individual
decide aumentar ou reduzir a quantidade produzida, esta decisão não influi sobre o preço de
mercado do bem que produz.

Homogeneidade do produto. Supõe que não existe diferença entre o produto que vende um ofertante
e o que vende os demais.
Transparência do mercado. Requer que todos os participantes tenham pleno conhecimento das
condições gerais em que opera o mercado.

Liberdade de entrada e saída de empresas. Todas as empresas participantes poderão entrar e sair do
mercado de forma imediata. Assim, por exemplo, se uma empresa está produzindo calçados
esportivos e não obtém lucros, abandonará esta atividade e começará a produzir outros bens mais
lucrativos.

B-) Monopólio – no mundo real, não é frequente acontecer a concorrência perfeita, pois
existem fortes incentivos para tentar quebrá-la, já que a empresa tem certo controle sobre os preços
e pode utilizar essa capacidade para influir sobre os mesmos, buscando melhorar sua posição
individual. Dada esta perspectiva, o monopólio e a concorrência perfeita aprecem como dois
extremos. Assim, no mercado monopolista existe um só ofertante, que tem plena capacidade de
determinar o preço. Portanto, é uma estrutura de mercado em que existe uma única empresa, com
produto sem substitutos próximos, com barreiras à entrada de novas firmas.

Dentre os fatores que intervêm na aparição do monopólio, podemos destacar os seguintes:


O controle exclusivo de um fator produtivo por uma empresa ou o domínio das fontes mais
importantes de matéria-prima indispensáveis para a produção de um determinado bem. Assim,
como por exemplo, uma empresa que controla uma única mina de diamantes existente num país
atuará de forma monopolística.
A concessão de uma patente também gera uma situação monopolística, de caráter temporal. A
patente confere ao inventor o direito de fabricação exclusiva de um produto durante um período de
tempo.
O controle estatal da oferta de determinados serviços origina os monopólios estatais, como são os
serviços de correios, telégrafos, áreas de geração e distribuição de energia, abastecimento d’água,
distribuição de gás, transportes ferroviários, comunicações etc. Esses serviços são freqüentemente
fornecidos por empresas concessionárias privadas ou mistas.
O porte de mercado e a estrutura de custos de indústrias especiais podem dar lugar a um monopólio
natural.
Obs.: Entende-se por monopólio natural quando uma empresa diminui de maneira expressiva seu
custo médio por unidade de produto à medida que aumenta a produção. Conseqüentemente, poderá
satisfazer as necessidades do mercado de forma mais eficiente que muitas empresas.

​ -) Concorrência Monopolística (ou Imperfeita) – é uma estrutura de mercado nos quais o


C
produtor ou produtores são suficientemente grandes para ter efeito notável sobre o preço. Esta
estrutura contém características que se encontram nas definições usuais de mercados perfeitamente
competitivos e monopolizados. Ela identifica uma vasta variedade de casos, situados entre os dois
extremos conceituais, fugindo, porém, de algumas das características de alguns tipos de oligopólio,
entre as quais o pequeno número de concorrentes e a não-diferenciação dos produtos. Na
concorrência Monopolística, o número de concorrentes é grande. Todavia, cada concorrente possui
suas próprias patentes ou, então, diferencia de tal forma seus produtos que passa a criar um
segmento próprio de mercado, que então dominará e procurará manter. O consumidor, todavia,
encontra facilmente substitutos, não ocorrendo dessa forma a caracterização essencial do monopólio
puro. Determinada patente ou determinado elemento de diferenciação pode significar, certa
monopolização. Mas, havendo outros concorrentes com bens ou serviços similares e substitutos,
haverá também concorrência. Portanto, é uma estrutura de mercado com inúmeras empresas, com
produto diferenciado e com livre acesso de firmas ao mercado. Exemplos: Médicos; dentistas,
profissionais liberais etc.

D-) Oligopólio – é uma estrutura de mercado onde existe um número reduzido de vendedores
(ofertantes), diante de uma grande quantidade de compradores, de forma que os vendedores podem
exercer algum tipo de controle sobre o preço.

Possui número de concorrentes geralmente, pequeno. Palavras como limitados, poucos,


alguns, vários são empregados para indicar o número de concorrentes nas estruturas oligopolistas.
Mas, efetivamente, é muito difícil estabelecer limites. Podem existir oligopólios, mesmo quando o
número de concorrentes é bastante grande, o que acontece, por exemplo, em setores como os de
alimentos, produtos de matérias plásticas e têxteis: neste caso, o oligopólio resulta das altas taxas de
participação no mercado de que desfrutam os competidores de maior porte. Os casos típicos, porém,
são de estruturas em que o número de concorrentes é realmente pequeno: as indústrias
automobilísticas, química de base, siderúrgica e de celulose e papel são exemplos de oligopólios
constituídos por um número efetivamente reduzido de produtores. Mas são também oligopólios os
serviços bancários e o setor industrial de eletrodomésticos, não obstante o número de concorrentes
seja bem maior. Em todos esses casos, porém, a característica comum é a existência de um pequeno
grupo de empresas líderes e co-líderes, que dividem entre si uma grande fatia do mercado como um
todo. Portanto, é uma estrutura de mercado caracterizada por um pequeno número de empresas que
dominam o mercado, os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados/ heterogêneos, com
barreiras à entrada de novas empresas.

11.1 SÍNTESE DAS ESTRUTURAS DE MERCADO

A-) Concorrência Perfeita ou Pura - é uma estrutura de mercado caracterizada


​por:

- Infinito número de Firmas;


- produtos homogêneos;
- Não existem barreiras à entrada de novas Firmas.
Exs.: Produtos Hortifrutigranjeiros.

B-) Monopólio - é uma estrutura de mercado caracterizada por:

- um só ofertante (produtor) ou por uma única Firma;


- produtos sem substitutos próximos;
- existem barreiras à entrada de novas Firmas.
Exs.: CAESB; CEB; Correios; Telégrafos; Transportes Ferroviários; Comunicações;
Penhor da Caixa Econômica etc.
C-) Concorrência Monopolística (ou Imperfeita) - é uma estrutura de mercado caracterizada
por:

- inúmeras empresas ou Firmas;


- produtos diferenciados/ heterogêneos;
- livre acesso de novas Firmas no mercado (não há barreiras para impedimento);
Exs.: Profissionais Liberais.

D-) Oligopólio - é uma estrutura de mercado caracterizada por:

- pequeno número de empresas ou firmas ou produtores;


- produtos podem ser homogêneos e diferenciados/ heterogêneos;
- existem barreiras à entrada de novas empresas ou Firmas.

Exemplos.: ​Produtos diferenciados/heterogêneos​. ​Indústria automobilística​:


Frota de carros de Táxi; da Polícia Civil; Polícia Militar; Corpo de Bombeiros; de
Ambulâncias, frota de Caminhões; Ônibus etc.

​ rodutos homogêneos​: ​Indústrias de base​: Química; Siderúrgica; de Cimento; de Alumínio;


P
de Celulose; têxtil; de cerâmica etc.

OC7: FALHAS DE MERCADO – PARTE – II

11.2 EXTERNALIDADES, BENS PÚBLICOS E O TEOREMA DE COASE

12.2.1 Externalidades

Quando uma ação individual gera, não apenas custos (benefícios) individuais, mas também
custos (benefícios) para terceiros, dizemos que existem externalidades negativas (positivas). Mais
ainda, em ambos os casos, a alocação de recursos não se mostrou eficiente, já que custos e
benefícios não foram devidamente internalizados pelos perpetradores dos atos analisados.

Em se tratando do exemplo da ocorrência de uma negociação entre uma fábrica e a


população de uma cidade, em torno da poluição gerada pela primeira, surge ​uma ​proposta
interessante ​a qual poderia ser a ​de escolher uma das partes e fazê-la ​internalizar a
externalidade ​negativa​. Assim, ao fazer isto por meio de um imposto sobre a fábrica, ​esse imposto
teria o efeito de desestímulo à produção, trazendo a poluição para um nível socialmente ótimo​.

Assim temos um ​exemplo de Externalidade Negativa​, que será resolvida ou amenizada


mediante ​a cobrança de imposto, ​ou seja, no ​caso das fábricas seriam tributadas pela poluição
que causassem, ​que provocará ​redução na produção​, atingindo assim, ​um nível socialmente
ótimo​, cujo termo gerou o ​estudo conhecido como o “Ótimo de Pareto” (idealizado pelo
economista ​Vilfredo Pareto​).
Desse modo, temos duas soluções possíveis que podemos pensar como ​casos extremos: a
negociação (quando os custos de transação são desprezíveis) e o imposto de Pigou (quando os
custos de transação são elevados), cujo nome dado foi mediante proposta originalmente do
economista Athur Pigou. Portanto, a ​primeira solução é conhecida como ​Teorema de Coase​,
tendo sido proposta pelo economista ​Ronald Coase​. Assim, há uma diferença entre os postulados
originais de ​Pigou e Coase​, pois o ​primeiro pensa na externalidade como ​gerada por uma das
partes​, enquanto ​Coase mostrou que, na verdade, ​a externalidade surge devido à interação dos
dois agentes.

Temos também, ​o fato de que a população da cidade sem fábrica não tem empregos​,
portanto, uma fábrica não se localizaria em uma cidade deserta, pois o que se vê ​são fábricas em
cidades gerando empregos e elaborando produtos para atender as necessidades dessa
população​.

Posto isto, temos um exemplo de ​externalidade positiva que é a de geração de empregos


para absorver a população local e a dos seus arredores.

O ​problema das externalidades é uma das ​chamadas falhas de mercado​, ou seja,


aquelas situações onde supostamente a ​“mão invisível” (idealizada por “Adam Smith”) não é o
suficiente para corrigir desvios do sistema econômico.

Assim o economista inglês ​Arthur Pigou​, em meados do século passado, identificou a


questão do ​custo social diferenciado do ​custo privado​, ou seja, ​o custo que a sociedade arca
devido ​às externalidades​, muitas vezes ​não internalizadas nos custos dos agentes ao efetuarem
trocas econômicas.
Portanto, a solução dada por ​Pigou foi justamente a ​imposição de tributos​, como forma de
desincentivar externalidades​. Desse modo, por exemplo, no caso das fábricas, serviu então para
internalizar essas externalidades negativas​, corrigindo então tais ​falhas de mercado.

11.2.2 TEOREMA DE COASE

Algumas décadas mais tarde, ​Ronald Coase escreveu o artigo que viria a originar a
moderna Análise Econômica do Direito: (O Problema do Custo Social). Assim, a proposta de ​coase
para o problema das ​externalidades​ foi desviar o foco para os chamados ​custos de transação.

Posto isto, a análise econômica dos contratos deve ser processada a partir de duas premissas
diretamente vinculadas. A primeira se refere à existência dos chamados ​custos de transação e a
segunda diz respeito ao inevitável caráter incompleto dos vínculos firmados.

Custos de transação – ​ou custos de contratação – representam aquilo que as partes de um


contrato dispenderam ou deixaram de ganhar com o objetivo de constituí-lo ou executá-lo. São os
custos que os contratantes enfrentam para elaborar, manter e fazer cumprir o contrato.
A importância dos ​custos de transação se tornou evidente a partir do seminal trabalho de
Ronald Coase e hoje é fundamental para a análise econômica do Direito, pois, conforme se
depreende do denominado ​Teorema de Coase​, ​quanto maiores forem os custos da transação,
menores serão as chances das partes chegarem a contratar.

Podemos identificar ​três aspectos ​componentes dos chamados ​custos de transação​: a


informação, a negociação e a execução contratual​.

A ​obtenção de informações relevantes para minimizar a assimetria entre as partes constitui


custo diretamente proporcional à posição e informação de cada parte na relação. Assim, ​quanto
maior a assimetria informacional​, ​maiores os custos envolvidos na transação​, seja para
equilibrá-la, seja para nivelar o conhecimento das partes em relação aos demais.

Além da assimetria de informações, ​constitui custo para as partes a negociação travada a


fim de obter os melhores resultados para cada um, ou pelo menos a situação mais equilibrada entre
os agentes.
Por último, influem nos ​custos de transação também as tarefas necessárias ​à execução dos
negócios jurídicos​, a fim de obter maior equilíbrio ou melhores resultados para as partes
envolvidas na transação.

Posto isto, todos esses aspectos são considerados para a melhor configuração dos custos
transacionais. Papel relevante para instituições é poder equilibrar as relações negociais, atuando de
forma a reduzir esses custos de transação. Por outro lado, as empresas atuam de forma a buscar
melhor eficiência nos negócios. ​Essa eficiência se traduz​, evidentemente, ​em maiores lucros e
resultados para os acionistas.

Os custos de transação referem-se não ao custo das mercadorias, bens e serviços em si


mesmos, mas sim aos custos que envolvem o próprio processo de troca econômica.

Portanto, para ​Coase​, se os ​custos de transação forem nulos e as partes puderem


transacionar no sentido de compensações mútuas, poderão ​solucionar as externalidades geradas​,
sendo essas ​não causadas por uma das partes, mas pela escolha de ambas as partes​. Nesse
sentido, não tem importância como estão distribuídos os direitos de propriedade ou quem tem
direito em primeiro lugar (ex.: os moradores ou a fábrica), pois ​não havendo custos de transação,
a barganha ​levará a uma solução eficiente​. ​A fábrica pode adquirir, mediante compensação
aos moradores, o seu direito de poluir. Ou os moradores poderão comprar o direito ao ar
puro, ​compensando a fábrica​. Assim, os bens ou recursos tenderão a se alocar com aqueles que os
valoram mais. O ​resultado será eficiente​, economicamente.

Posto isto, é necessário que os ​custos de transação sejam baixos​, o que, infelizmente, não
ocorre no Brasil. ​A burocracia estatal é enorme, implicando efeitos também na relação Estado
e contribuinte. Os custos de conformidade, assim como as recorrentes sanções políticas
impostas pelo Estado, têm o efeito de aumentar os custos de transação​, enferrujando o mercado.
Grande parte do enorme tempo necessário para ​abrir ou encerrar uma empresa se deve a
obrigações tributárias,​ e isso tem um efeito direto na atividade privada.
Por fim, a ​solução de Coase, depois denominada por outros economistas de “Teorema
de Coase”​, pode ser assim enunciada (em uma versão simplificada):

Direitos de Propriedade Definidos e Objetivos (+) Custos de Transação Baixos (=) Eficiência
Econômica.

11.2.3 BENS PÚBLICOS

È difícil ver alguém que assista apenas a canais de televisão aberta hoje em dia. A
transmissão de programas pela televisão é um bom exemplo da evolução tecnológica e também um
excelente ponto de partida para se entenderem ​os conceitos de bem público, privado, de uso
comum ou de monopólios naturais.

Em primeiro lugar, tenha em mente que um programa de televisão é um bem público até o
advento da transmissão via cabo. O caráter “público” do bem, portanto, não tem relação alguma
com o governo ou estatais. Na verdade, ​um bem pode ser mais ou menos público conforme dois
atributos que lhe são inerentes:​ ​excludência e rivalidade.

Assim, a ​excludência ​diz respeito à possibilidade de se excluir do usufruto do bem ou


serviço aqueles que não pagam por ele.

A outra ​característica de um bem é a rivalidade​. Esta característica nos diz que o


consumo de uma unidade de um bem por mim significa que esta mesma unidade do bem não pode
ser consumida por você. Portanto, mediante o estudo da Teoria da oferta, a rivalidade significa que,
uma vez produzido o bem (ou serviço), ​o custo marginal do consumo (CMg) adicional é igual a
zero.
Posto isto, a rivalidade e exludência são características que variam conforme a tecnologia e
o arranjo institucional: uma reserva florestal é diferente de uma floresta selvagem (a exludência é
bem menor na floresta selvagem). Um lago com peixes que serve a uma população pequena é
diferente do mesmo lago sob uma população maior (a excludência é baixa, mas a rivalidade
aumenta).

Assim, temos os ​principais tipos​ ​de bens​:

● Bens privados​: são excludentes e rivais. Exemplos: charuto, uísque e um show de


rock pago na praça da cidade lotado.
● Bens públicos​: não são nem excludentes, nem rivais. Exemplos: defesa nacional, um
show de rock gratuito na praça da cidade vazio.
● Bens de uso comum​: meio ambiente, um show de rock gratuito na praça da cidade,
lotado.
● Monopólios naturais​: TV a cabo, um show e rock pago na praça da cidade, vazio.
OC5. RELAÇÃO DIREITO E ECONOMIA E VALOR

12. Moeda e Preço e Evolução da Moeda.

12.1 Introdução
A ​Teoria Monetária aborda seus impactos na economia, e abrange um conjunto de instituições e
instrumentos que cumprem funções importantes, tais como:

A transferência de recursos entre unidades superavitárias e unidades deficitárias;


A promoção do desenvolvimento;
O aumento da liquidez de ativos reais;
A mudança de características dos ativos financeiros;
O ajuste do preço dos ativos de risco e
O aumento da eficiência produtiva dos recursos reais da economia.

Assim, as Instituições incluem o Banco Central, os Bancos comerciais e múltiplos, as corretoras


e outras instituições governamentais privadas.

Os instrumentos de política monetária são divididos em: financeiros - papel-moeda, depósitos à


vista, letras de câmbio, opções, futuros, entre outros; de política econômica – taxa de redesconto,
operações de mercado aberto, alíquota dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais, entre
outras.

12.2 Moeda

12.2.1 Conceito
É um instrumento ou objeto que é aceito pela coletividade para intermediar as transações
econômicas, para pagamento dos bens, serviços e fatores de produção. Em síntese, é um
instrumento de troca.

12.3 Evolução da Moeda

Podemos dividir a evolução da moeda em cinco estágios:

a) Pré-economia monetária ou escambo – é o primeiro estágio que corresponde a poucas trocas esparsas e
esporádicas, em que as trocas são diretas e a atividade produtiva não está voltada para o mercado. A
sociedade medieval é um exemplo: apesar da existência de moedas, seu uso era esporádico e a maior parte
das trocas era realizada de forma direta;

b) O segundo estágio é o da moeda mercadoria​. As trocas são indiretas, existe uma venda e depois uma
compra. O produtor troca seu produto pela moeda mercadoria, ou seja, vende, e, depois, troca a moeda
mercadoria pelo que deseja, portanto, compra.
A moeda mercadoria utilizada variava de lugar a lugar. Em alguns lugares, foi utilizado o gado, em outros o sal, ou,
ainda, conchas. Contudo, os metais acabam sendo utilizados como moeda, em função de suas qualidades de
homogeneidade; durabilidade, portabilidade e escassez;

c) O terceiro estágio é da moeda simbólica.​ As dificuldades de pesar e avaliar o metal são


superadas por meio de moedas cunhadas, em que o soberano garante o valor do metal. A maioria das moedas
tem a esfinge do soberano garantindo o seu valor. O sistema apresenta vantagens sobre o anterior, pois as
trocas são feitas com mais facilidade. Aos poucos, os soberanos impõem o, uso dessas moedas, e as mesmas
passam a ser de uso legal.
Com a disseminação do uso da moeda, desenvolveu-se uma tendência a depositar a moeda em instituições
especializadas, os bancos, assim, passou-se para;

d) O quarto estágio​, ​que é o da moeda escritural​. As instituições depositárias recebiam os


depósitos. Os recibos dos depósitos por sua vez eram negociados como substitutos da moeda física. Os
recibos aos poucos foram padronizados e surgiram as notas bancárias. As transferências eram feitas por meio
de endossos nos recibos ou por meio de avisos aos bancos. Os avisos também foram se padronizando e
dando origem aos cheques. Todos os pagamentos – e recebimentos - eram feitos por débitos e créditos
contábeis. Com os avanços tecnológicos, foi possível transformar a moeda em outros ativos rapidamente e
vice-versa, levando a sociedade ao;

e) Quinto estágio​, ​que é o da moeda sofisticada​. A moeda é basicamente um conjunto de registros


eletrônicos que representam uma diversidade de ativos. Há uma tendência global em evitar saldos monetários
ociosos, em que a moeda de curso legal é rapidamente transformada em ativos remunerados e vice-versa.
Por fim, ​para medir a quantidade de moeda de um país, usa-se o conceito de Agregados
Monetários.

OC9: O Sistema Monetário: Conceito

13. Sistema Monetário: Moeda

13.1 Conceito

É um instrumento ou meio de troca.

13.2 Funções da Moeda

Instrumento ou meio de troca – serve para intermediar o fluxo de bens, serviços e fatores de
produção da economia;
A moeda como medida de valor ou Unidade de Conta – fornece o padrão para que as demais
mercadorias expressem seus valores;

Reserva de valor – a posse de moeda representa liquidez imediata para quem a possui. Pode ser
acumulada para a aquisição de um bem ou serviço no futuro (desde que a economia esteja estável
aos preços).
13.3 Características Essenciais da Moeda

As mais relevantes características da moeda, estudadas desde Adam Smith, são:

Indestrutibilidade e inalterabilidade – a moeda deve ser suficientemente durável, no sentido de


que não se destrua ou se deteriore à medida que os agentes econômicos a manuseiam na
intermediação das trocas;

Homogeneidade – duas unidades monetárias distintas, de igual valor, devem ser rigorosamente
iguais;

Divisibilidade – a moeda deve possuir múltiplos e submúltiplos em quantidade e variedade, que


tanto as transações de grande porte quanto as pequenas possam realizar-se sem dificuldade;

Transferibilidade – diz respeito à facilidade com que deve processar-se sua transferência, de um
possuidor para outro. Se a moeda estiver materializada em uma mercadoria qualquer ou em uma
cédula emitida e garantida pelo Estado, é desejável que tanto a mercadoria quanto a cédula não
tragam quaisquer registros que identifiquem seu atual possuidor.

Facilidade de Manuseio e Transporte – o manuseio e o transporte da moeda não podem


prejudicar nem dificultar sua utilização. Se o porte da moeda for dificultado, sua utilização
certamente será pouco a pouco descartada. Os primeiros metais, não preciosos, utilizados como
moeda, foram um a um descartados à medida que a descoberta de novas minas e o desenvolvimento
da tecnologia de fundição e usinagem os tornou abundantes, reduzindo seu valor por unidade de
peso. Sua substituição por ouro e prata, decorreu essencialmente de fatores ligados à facilidade de
manuseio e transporte, dado que uma pequena quantidade (reduzido peso) desses metais preciosos
sempre correspondeu a um grande valor.

13.4. Os Agregados Monetários no Brasil (Conceitos de Meio de Pagamento)

Os haveres ou ativos financeiros de alto grau de liquidez são chamados de “quase-moeda” –


que são depósitos a prazo, depósitos em poupança, bônus do Banco Central, títulos públicos,
entre outros – que, apesar de não serem considerados moeda em sentido estrito, apresentam
algumas características da moeda em sentido amplo. Ou seja, são ativos de grande liquidez que,
apesar de não serem aceitos normalmente em troca de bens e serviços, podem, rapidamente, ser
convertidos em moeda. Ao classificar o total de moeda de um país utiliza-se o conceito de agregado
monetário ou meios de pagamento.
Cada país classifica os seus agregados monetários por ordem de liquidez. No Brasil, existem 4
(quatro) agregados monetários: Mı; M​2​; M​3​ e M​4​.

Agregados monetários (meios de pagamento)


Mı: papel-moeda em poder do público ​(papel-moeda e moedas metálicas) + depósitos à vista nos bancos;
M​2​: Mı​ + depósitos de poupança + títulos privados (depósitos a prazo, letras de câmbio e letras hipotecárias;
M​3​: M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos federais; estaduais e
municipais;
M​4​: M3​ + títulos federais, estaduais e municipais em poder do público.
.
Obs.: Os Meios de Pagamento (M) são constituídos por: M = M1

Obs.:​ ​Exemplos de títulos emitidos por Instituições depositárias​ – depósitos a prazo correspondem
a aplicações financeiras de curto prazo (em torno de 30 dias), sob a forma de ​RDBs e CDBs (Recibos
e Certificados de Depósitos Bancários). ​As letras de câmbio são títulos emitidos por sociedades de
crédito, financiamento e investimento (chamadas “financeiras”), para financiamento de crédito ao
consumidor. As letras hipotecárias correspondem a títulos vinculados ao sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE), emitidos por Sociedades de Crédito Imobiliário e pelo extinto Banco
Nacional​ ​da Habitação (BNH).

Exemplos de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central,
incluindo LTNs (Letras do Tesouro Nacional), BTNs (Bônus do Tesouro Nacional), NTNs
(Notas ​do Tesouro Nacional) e LFNs (Letras Financeiras do Tesouro Nacional), além de LBCs
(Letras do​ ​Banco Central) e BBCs (Bônus do Banco Central).

Exemplos de fundos de renda fixa (FAF- Fundo de Aplicações Financeiras); FIF-CP


(Fundos de Investimento Financeiro de Curto Prazo); FRF-CP (Fundos de Renda Fixa de
Curto Prazo).

Mı, são haveres ou ativos monetários que constituem os meios de pagamento de liquidez
imediata que não rendem juros​. Mo é também chamado de moeda manual ou moeda corrente, e é
o estoque de moeda metálica e papel-moeda que fica em poder das pessoas ou das firmas. Mı são os
depósitos em conta corrente nos bancos comerciais; também é chamado de Moeda escritural ou
bancária.

M​2​, M​3 e M​4 incluindo as quase-moedas, são haveres ou ativos não-monetários, que rendem
juros aos aplicadores. Exemplos: FAF; FIF-CP; FRF-CP; RDBs; CDBs; Letras Hipotecárias,
Letras de Câmbio; debêntures, ações, entre outros.

13.5 Tipos de Moeda

a) Moedas Metálicas​ – visam facilitar as operações de pequeno valor, através de unidade monetária
fracionada. São emitidas pelo BACEN.

b) O Papel-Moeda ​- representa uma parcela significativa da quantidade de dinheiro em poder


do público.
O papel-moeda e as moedas metálicas em poder do público (famílias e empresas) são denominadas
l Moeda Manual (Mm). Assim temos,

PMPP = Moeda Manual (Mm) = Moeda Corrente (Mc).


c) Moeda Escritural ou Moeda Bancária ou Moeda Fiduciária​ (Fidúcia – emitida na base da
credibilidade/confiança) – é representada pelos depósitos à vista (depósitos em conta corrente) nos bancos
comerciais (é a moeda contábil, escriturada nos bancos comerciais). ​São os cheques.

Portanto, a ​oferta de moeda​ é o suprimento de moeda para atender às necessidades da


Coletividade e que pode ser ofertada pelas ​Autoridades Monetárias (AM) e pelos Bancos
Comerciais (Bcoms)​. Assim temos a seguinte expressão:

M = Mc + Md

Onde,
M = Oferta Monetária Total;

Mc = Moeda Corrente; Manual (Mm) ou PMPP (Papel Moeda em Poder do Público);

Md = Moeda depósito, ou Bancária ou Escritural, ou seja, representa os depósitos à


vista no ​Sistema Bancário [Bcoms; Carteira Comercial das Caixas Econômicas (CCCxs.Ecs) e
Bancos Múltiplos].

13.6 Teoria Quantitativa da Moeda (TQM): Relação entre Moeda, Preços e Renda Nacional

Uma expressão antiga que mostra de forma simples a relação entre oferta e demanda de
moeda e que também ​permite verificar a relação entre o lado monetário e o real da economia é
a chamada equação de trocas ou teoria quantitativa da moeda. Essa expressão diz que MV =
PT, ou seja, a quantidade total de moeda (M) vezes a velocidade de transações (V) é igual ao
nível geral de preços (P) vezes o total de transações (T).

O lado esquerdo da equação (MV) é explicado a partir do fato de que a quantidade de


moeda na economia depende da velocidade com que circula. ​O lado direito da equação (PT​)
mostra que o valor total das transações será igual à quantidade de bens e serviços produzida vezes o
preço dos bens e serviços finais transacionados no período.

Portanto, os dois lados da equação são iguais, por definição: a quantidade total de
moeda multiplicada pelo número de vezes que circula é igual ao valor das transações
efetuadas. ​Por exemplo, supondo um saldo monetário de R$ 300 bilhões e uma velocidade de
circulação igual a seis, multiplicando o saldo pela velocidade obtém-se o valor total de transações
de R$ 1.800 bilhões.

Posto isso, na versão mais atualizada​, o lado direito dessa equação é expresso em termos
da Renda ou Produto Nacional. Chamando de Y a Renda Nacional Real ​(já deflacionada),
temos a seguinte expressão:

​MV = Py
Sendo Py o produto ou renda nacional corrente ou nominal.

Nesse caso, V passa a ser chamado de velocidade-renda da moeda​, que é o número de vezes que
o estoque de moeda passa de mão em mão, em certo período, gerando produção e renda. Ou seja, é
o número de giros da moeda, criando renda, Esse processo é dado pela expressão:

V = Py/ M ou V= PIB/ meios de pagamento

Supondo um PIB de R$1.600 bilhões e um saldo de meios de pagamento de R$ 200


bilhões, tem-se uma velocidade de giro da moeda igual a oito. Isso significa que o estoque de
moeda de R$ 200 bilhões girou oito vezes no período, criando R$ 1.600 bilhões de renda e
produto (PIB).

Essa equação permite verificar, de forma simplificada, o impacto de alterações de política


monetária sobre o nível de atividade e os preços. Por exemplo, se o estoque de moeda aumenta mais
do que o requerido para atender ao volume de transações, pode haver um aumento de preços. Já se o
nível de atividade estiver relativamente baixo (por exemplo, uma economia com desemprego de
recursos), uma política de expansão monetária (M) pode estimular a recuperação econômica.

13.7 Efeito Multiplicador da Moeda Escritural

Para mostrar o mecanismo ​de expansão monetária (ou seja, da oferta de moeda por meio dos
bancos comerciais= Bcoms), vamos supor que os bancos comerciais mantenham ​uma parcela de
r% dos seus depósitos como reservas e emprestem os restantes (1-r)% ao público​; r é chamada
de taxa de reservas ou encaixes bancários​, ou relação reservas-depósito.

Vamos supor também que o público decida reter ​c% do total dos seus ativos monetários
em ​moeda manual (Mm)​, não depositada nos bancos; ​c é a chamada taxa de retenção do
público em relação ao total dos meios de pagamento.

O processo pode se iniciar, por exemplo, como um novo depósito, digamos no ​Banco (A).
Esse Banco fica ​com r% como reserva e ​empresta (1 – r)% ao público​. Já nesta primeira etapa
ocorreu ​um aumento da moeda escritural​, pois parte do depósito inicial foi emprestada a
terceiros, ​criando mais moeda escritural, o que já representa um aumento dos meios de
pagamentos.

O público, recebendo (1-r), guardará ​c% como moeda manual (Mm) e depositará o
restante, (1-c).(1-r). Chamando M de multiplicador monetário, chega-se a fórmula da PG:

1
M = ______________________

1 – (1- c). (1 – r)
Portanto, chega-se a ​conclusão de que o multiplicador monetário varia inversamente em
relação à taxa de reservas ou à taxa de retenção ao público​. ​Quanto mais os bancos forem
obrigados a reter em caixa (maior r), menos eles poderão emprestar ao público, e menor a
expansão monetária. Da mesma forma, quanto maior a taxa de retenção do público (maior c),
menos será depositado nos bancos, e, evidentemente, os bancos contarão com menos depósito para
repassar a outros clientes.

No Brasil, a taxa de retenção do público (c) é normalmente calculada como a relação entre a
moeda manual (Mm) em poder do público e depósitos à vista, ​e a taxa de reservas r é repartida
em r​1 que
​ é que é o total de encaixes (caixa) nos bancos comerciais (Bcoms), e r​2, reservas

(depósitos) voluntários dos bancos comerciais e r​3 total​ de reservas (depósitos) compulsórios
ou obrigatórios, ambos em relação aos depósitos à vista nos bancos comerciais.

​As reservas e encaixes voluntários (R) são determinados pela experiência do banco, e
representam a parcela dos depósitos que deve ser guardada em moeda para atender ao movimento
normal do banco. ​As reservas obrigatórias (R), ou exigência de reservas, são determinadas
pelas autoridades monetárias, representando um dos principais instrumentos de política
monetária.

Portanto, conclui-se que o ​multiplicador bancário (Mb ou Kb = 1/ r) corresponde ao


inverso da taxa de reservas, ou seja, quanto menor a taxa de reservas, maior o poder de
multiplicação de moeda pelo sistema bancário e vice-versa.

Assim, o fundamental do Mecanismo do multiplicador é que, para uma determinada


expansão inicial de depósitos, o sistema bancário será capaz de efetuar uma expansão múltipla de
moeda escritural.

13.7.1 Posto isso, temos as seguintes expressões:

PMPP = Papel Moeda em Poder do Público

PME = Papel Moeda Emitido

PMC = Papel Moeda em Circulação

Cx. Bcoms = Encaixe ou Caixa dos Bancos Comerciais

Cx. AM. = Encaixe ou Caixa das Autoridades Monetárias.

13.8 Base Monetária


O multiplicador monetário ​depende, além dos parâmetros (​c) ​e (r), das variações da
chamada ​base monetária​. O Banco Central do Brasil tem o monopólio da emissão de moeda.
Assim, ​a base monetária consiste em todo o montante de moeda emitida em mãos do setor
privado, inclusive bancos. É todo o ​estoque de moeda primária, também chamada​, passivo
monetário das autoridades monetárias.
Por um mecanismo de multiplicação, via empréstimos bancários, essa ​moeda primária dá
origem ao total de meios de pagamento (M). Existe uma relação bastante estável e previsível
entre base monetária (B) e meios de pagamento (M). Assim temos:

M
____ = m ou M= B.m

Sendo,

M o saldo dos meios de pagamento, B a base monetária e (m) o multiplicador da base


monetária.

Mediante a fórmula do multiplicador (m = M/B), determinamos as seguintes


expressões;
Por definição:

M = PMPP + DV

B = PMPP + R
Onde,

PMPP = saldo da moeda em poder do público

DV = saldo dos depósitos a vista dos bancos comerciais

R = saldo das reservas dos bancos comerciais

Obtém-se a diferença entre M e B é dada pela diferença entre o total de depósitos DV e


o total de reservas R, o que corresponde ao montante de empréstimos bancários (E). ​Isto é:

​ E = DV - R

Assim, mediante a expressão:

M = M/B; temos,

m= 1+ c
______

c + r

Dessa forma, as expansões e contrações os meios de pagamento dependem de três


parâmetros básicos:

a-) de variações na​ base​ ​monetária B ( maior B, maior M);

b-) de variações na ​taxa de retenção do público c​ (​maior c, menor m​ e, portanto, ​menor M​);

c-) de variações na ​taxa de reservas bancárias​ ​ r​ (​maior r​, ​menor m​ e, portanto, ​menor M​).

Deve ser observado que as políticas monetárias não têm muito efeito sobre a taxa de
retenção do público c​, pelo menos a curto prazo, dado que é um parâmetro que depende de hábitos
da coletividade, como por exemplo, o uso de cartões de crédito. ​A atuação maior das autoridades
dá-se sobre a taxa de reservas bancárias (r) e sobre a base monetária (B), não tendo
praticamente controle da taxa de retenção de moeda pelo público (c).

Por fim, a ​base monetária ​consiste da moeda emitida mais as reservas bancárias​, sendo
praticamente toda a moeda “física” disponível ​(papel-moeda e moedas metálicas) que está em
poder do público, ou, então, com os bancos, ou seja, é o ​total do Papel moeda em poder do
público (PMPP)​ mas as ​reservas dos bancos comerciais (R)​ ​resultando na seguinte expressão​:

​ B = PMPP + R

O Banco Central controla a base monetária e, dessa forma os demais agregados,


portanto, esse processo é feito utilizando​ os instrumentos da política monetária.

13.9 Sistema Financeiro Nacional (SFN) e Conselho Monetário Nacional (CMN)

13.9.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

A. Segmentação do setor Financeiro

O mercado financeiro pode ser dividido em quatro setores essenciais: monetário,


crédito, de capitais e cambial​. Atuam nesse mercado as instituições financeiras bancárias e as não
bancárias (demais instituições que operam no mercado financeiro com os diferentes tipos de títulos
que dão sustentação às operações que se realizam nos mercados de crédito e de capitais).

A.1 O mercado monetário ​é o segmento do mercado financeiro que tem as seguintes


características:
● operações de curto e curtíssimo prazo;
● a função de suprir as necessidades de caixa dos agentes econômicos e dos
próprios intermediários;
● sua liquidez é regulada pelas autoridades monetárias por meio de operações de
mercado aberto.

A.2 O mercado de crédito ​tem a função precípua de atender às necessidades de crédito a curto e
médios prazos. As operações mais freqüentes estão relacionadas ao crédito ao consumidor para
compra de bens duráveis e ao financiamento de capital de giro para as empresas. Atuam nesse
segmento, principalmente, as instituições financeiras bancárias e, complementarmente, as
instituições financeiras não bancárias.

A.3 O mercado de capitais atende às necessidades de financiamento de médio e, sobretudo, de


longo prazo dos agentes econômicos produtivos. Esses financiamentos estão relacionados,
essencialmente, em capital fixo e são supridos, em sua maior parte, por intermediários financeiros
não bancários. Fazem parte desse segmento as operações com ações realizadas nas bolsas de
valores.

A.4 O mercado cambial está sob a alçada do Banco Central e é onde se determina a taxa de
câmbio, influenciada pela oferta e pela demanda de divisas (moedas estrangeiras) e pela política
cambial que as autoridades têm em vista.

13.9.2 Sistema Financeiro Nacional (SFN)

O sistema financeiro nacional possui dois subsistemas: o normativo (autoridades


monetárias) e o da intermediação financeira.

A. Subsistema Normativo: Autoridades Monetárias

A) Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão máximo de todo o sistema financeiro


nacional e eminentemente normativo, não desempenhando nenhuma atividade executiva.
Atualmente, é composto por somente três representantes, que são: Ministro da Fazenda, seu
presidente, Ministro do Planejamento e o Presidente do Banco Central do Brasil. Dessa forma,
processa todo o controle do sistema financeiro, influenciando as ações de órgãos normativos como
o BNDES, por exemplo, além de assumir funções de legislativo das instituições financeiras públicas
e privadas. Assim, o Conselho Monetário está revestido de amplas atribuições, que podem ser
identificadas na finalidade principal de sua criação: formulação de toda a política de moeda e do
crédito, objetivando atender aos interesses econômicos e sociais do país.

Entre suas atribuições, destacam-se:

- a autorização da emissão de papel-moeda;


- a fixação dos coeficientes dos encaixes obrigatórios (recolhimentos) sobre os depósitos à
vista e a prazo;
- a regulamentação das operações de redesconto e as operações no âmbito do mercado aberto.
- o estabelecimento de diretrizes ao Banco Central para operações com títulos públicos;
- a regulamentação das operações de câmbio e a política cambial;
- a aprovação do orçamento monetário elaborado pelo Banco Central.

B) Banco Central do Brasil (BACEN)

O Banco Central do Brasil (BACEN) é o principal poder executivo das políticas traçadas
pelo Conselho Monetário e, também, órgão executor da política monetária, ao exercer o controle
dos meios de pagamento e executar o orçamento monetário e um banco do governo, na gestão da
dívida pública interna e externa. O Banco Central é um banco fiscalizador e disciplinador do
mercado financeiro, ao definir regras, limites e condutas das instituições, banco de penalidades, ao
serem facultadas pela legislação a intervenção e a liquidação extrajudicial em instituições
financeiras e gestor do sistema financeiro nacional, ao expedir normas e autorizações e promover o
controle das instituições financeiras e de suas operações. Portanto, o Banco Central exerce a
regulamentação e fiscalização de todas as atividades de intermediação financeira no país. O
Banco Central deve zelar pela estabilidade do sistema bancário. Sua função deve ser a de socorrer
os bancos em dificuldades. O BACEN usa este poder de emprestar para controlar e regular as
atividades dos bancos comerciais.

Entre suas atribuições, destacam-se:

- a emissão de moeda;
- o recebimento dos depósitos obrigatórios (recolhimentos) dos bancos comerciaise dos
depósitos voluntários das instituições financeiras em geral;
- a realização de operações de redesconto de liquidez e seletivo;
- controle de crédito, das taxas de juros e de capitais estrangeiros;
- a fiscalização das instituições financeiras e a concessão da autorização para seu
funcionamento;
- a administração das reservas cambiais do país;
- efetuar operações de compra e venda de títulos públicos e federais (operações de open
Market;
- supervisionar os serviços de compensação de cheques entre instituições financeiras.

Posto isso, ​uma instituição que tem o papel mais importante no mercado monetário é o
Banco Central, assim temos:

No Brasil, uma parte das funções é desempenhada pelos bancos públicos, como o Banco
do Brasil. O Banco Central do Brasil não recebe depósitos do governo, quem o faz, são os bancos
públicos; executor da política monetária: o Banco Central é responsável pelo controle da oferta de
moeda, por vários instrumentos. As alterações no volume de moeda têm impactos em muitas
variáveis econômicas importantes, como o nível de emprego, a taxa de inflação, a taxa de juros, o
volume de investimentos, entre outras.

C) Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


A CVM tem por finalidade básica a normatização e o controle do mercado de valores
mobiliários, representado principalmente por ações, partes beneficiárias e debêntures,
comercial papers, e outros títulos emitidos pelas sociedades anônimas e autorizadas pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN).

Suas funções básicas da Comissão de Valores Mobiliários​, entre outras, promover


medidas incentivadoras à canalização das poupanças ao mercado acionário; estimular o
funcionamento das bolsas de valores e das instituições operadoras do mercado acionário, em bases
eficientes e regulares; assegurar a lisura nas operações de compra e venda de valores mobiliários e
promover a expansão de seus negócios e dar proteção aos investidores de mercado.

A atuação da CVM ​abrange, dessa forma, três importantes segmentos do mercado​: (a)
instituições financeiras do mercado; (b) companhias de capital aberto, cujos valores mobiliários de
sua emissão encontram-se em negociação em Bolsas de Valores e mercado de balcão; (c)
investidores à medida que é seu objetivo atuar de forma a proteger seus direitos.

Portanto, essa ​comissão possui caráter normativo​. Sua principal atribuição é a de fiscalizar
as Bolsas de valores e a emissão de valores mobiliários negociados nessas instituições,
principalmente ações e debêntures.

B. Subsistema de Intermediação Financeira

Neste subsistema existem​ instituições bancárias e não bancárias​. As primeiras são


constituídas pelos bancos comerciais e atualmente também pelo Banco do Brasil, que deixou de ser
autoridade monetária. As demais instituições de intermediação, além dos bancos comerciais,
completam o sistema financeiro brasileiro.

a) Banco do Brasil

Após o Plano Cruzado, o Banco do Brasil deixou de ser Autoridade Monetária ao perder a
conta "Movimento" que lhe permitia sacar, a custo zero, volumes monetários contra o Tesouro
Nacional, e, com essa massa monetária, atender, notadamente, às demandas de crédito do setor
estatal. Hoje, é fundamentalmente um Banco Comercial, embora ainda conserve algumas funções
que não são próprias de um banco comercial comum, tais como operar a Câmara de compensação
de Cheques, além de executar a política dos preços mínimos de produtos agropecuários.

b) Bancos Comerciais

A atividade bancária compreende duas funções básicas: receber depósitos e efetuar


empréstimos. Por lei, os bancos comerciais são obrigados a manter reservas obrigatórias iguais a um
certo percentual dos depósitos a vista. Esse percentual é fixado pelo Banco Central do Brasil e faz
parte dos instrumentos de que essa instituição dispõe para controlar os meios de pagamento.
Os bancos comerciais também mantêm substancial volume de títulos federais, estaduais e,
em muitos casos, municipais. Mantêm também encaixes voluntários no Banco Central, com o
intuito de atender a desequilíbrios momentâneos de caixa, em geral provocados pelo serviço de
compensação de cheques.

c) Sistema Financeiro da Habitação (SFH)

O sistema Financeiro da habitação, que, com a extinção do Banco Nacional da Habitação


(criado em 1964), tem na Caixa econômica Federal seu órgão máximo, estando, porém, atrelado às
decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN).
No sistema Financeiro da Habitação, encontram-se também as demais caixas
econômicas e as sociedades de crédito imobiliário.

d) Bancos de Desenvolvimento

Os bancos de desenvolvimento têm no BNDES sua principal instituição financeira de


fomento. O BNDES foi criado na década de 50, juntamente com o Banco do Nordeste do Brasil e o
Banco da Amazônia. Antes da década de 60, foi criado o Banco de Desenvolvimento do
Extremo-Sul. Mais tarde, foram criados bancos estaduais de desenvolvimento, atuando para o
fomento das atividades econômicas do país, e, em particular, do Estado-sede.

e) Bancos de Investimento e Companhias de Crédito, Financiamento e Investimento


Os bancos de investimento foram criados para canalizar recursos de médio e longos prazos
para suprimento de capital fixo e de giro das empresas. Eles operam em um segmento específico do
sistema da intermediação financeira. Desse modo, são ​as seguintes as operações dos bancos de
investimento:
● efetuar empréstimos, a prazo mínimo de um ano, para financiamento de capital
fixo e de giro das empresas;
● adquirir ações, obrigações ou quaisquer outros títulos e valores mobiliários, para
investimento ou revenda no mercado de capitais (operações de underwriting);
● repassar empréstimos obtidos no exterior;
● prestar garantias em empréstimos no país ou provenientes do exterior;
● repassar recursos de instituições oficiais no país, notadamente programas
especiais, tais como Finame, Fipeme, PIS etc.

As companhias de crédito, financiamento e investimento começaram a surgir


espontaneamente no pós-guerra, em função da mudança observada na estrutura de produção do
país, que se tornou mais complexa notadamente após a década de 60, em face dos novos prazos de
produção e financiamento das vendas dos bens de consumo duráveis, exigidos pelas condições de
mercado. Desse modo, a saída encontrada foi a expansão das financeiras, muitas delas pertencentes
a grupos financeiros, que conseguiam ajustar-se à demanda de crédito, que exigia prazos mais
dilatados do que os proporcionados pelo sistema bancário.

f) Instituições Auxiliares
Além das instituições anteriores, existem uma série de ​instituições auxiliares que
complementam o sistema financeiro, tais como Bolsa de Valores, Corretoras, Distribuidoras
de Valores etc.

OC10. Teorias de Inflação Conceitos e Causas – Parte I

OC10.1 Introdução

Inflação ​é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado nos preços dos bens e
serviços, provocando perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com que o dinheiro valha cada
vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior dele para adquirir os mesmos
produtos. Em sua forma extrema (hiperinflação), os preços aumentam tanto que as pessoas não
procuram reter dinheiro, nem mesmo por poucos dias, dada a rapidez com que diminui seu poder de
compra. O caso mais grave de hiperinflação (um trilhão por cento entre agosto de 1922 e novembro
de 1923) ocorreu na Alemanha, após a primeira guerra mundial, mas no caso do Brasil, já tivemos
que conviver com inflação de 2.708,39% segundo o IGP-DI calculado pela FGV (Fundação Getúlio
Vargas).

Há vários fatores que podem gerar inflação. O aumento muito grande do preço de um item
básico na economia pode contaminar os demais preços provocando uma alta generalizada. É o caso
do petróleo e da energia elétrica, por exemplo​. O excesso de ​consumo também provoca inflação​,
pois os produtos tornam-se escassos ocasionando aumento de seus preços. Em outra hipótese, se o
Governo gasta mais do que arrecada, e para pagar suas contas emite papel-moeda, provoca inflação,
pois está desvalorizando a moeda, uma vez que criou dinheiro novo sem lastro, sem garantia, sem
que tenha havido criação de riqueza, de produção. Assim, os bens e serviços continuam os mesmos,
mas o dinheiro em circulação aumenta de volume. Passa-se, então, a exigir maior quantidade de
dinheiro pela mesma quantidade de produto.

O processo inflacionário, quando instalado, é de difícil controle. Funciona como um


círculo vicioso, obrigando a realização de reajustes periódicos de preços e salários, com o seu
consequente agravamento. E quem mais sofre com tudo isso é a camada mais pobre da população,
que não tem como se proteger. Em épocas de inflação galopante, tivemos no Brasil contas bancárias
com reajustes diários como forma de repor o poder de compra que o dinheiro perdia de um dia para
o outro. Mas as pessoas mais pobres não tinham (e ainda não têm) acesso a contas bancárias, não
podendo se utilizar desse benefício. E assim, seu dinheiro valia menos a cada dia.

OC10.2 Principais tipos de inflação

● Inflação de Demanda
É quando há excesso de demanda agregada em relação à produção disponível. As
chances da inflação da demanda acontecer aumentam quando a economia produz próximo do
emprego de recursos. ​É principalmente causada pelo crescimento dos meios de pagamento
(principalmente o papel moeda em poder do público= PMPP), que não é acompanhado pelo
crescimento da produção.
Ocorre, assim, quando a economia está próxima do pleno-emprego, ou seja, não pode
aumentar substancialmente a oferta de bens e serviços no curto prazo. Intuitivamente, ​ela pode ser
entendida como “dinheiro demais à procura de poucos ​bens”. E nesse caso, para a ​inflação de
demanda ser combatida, adota-se uma política econômica baseada em instrumentos que
provoquem a redução da procura agregada (Consumo + Investimento).

● Inflação de Custos

É associada à ​inflação de oferta. O nível da demanda permanece constante enquanto que os


custos aumentam. Com o aumento dos custos ocorre uma retração da produção fazendo com que os
preços de mercado também sofram aumento. ​As causas mais comuns da inflação de custos são:
os aumentos salariais, ​pois podem fazer ​com que o custo unitário de um bem ou serviço aumente​;
o aumento do custo de matéria-prima ​que também pode provocar uma elevação nos custos da
produção, fazendo ​assim com que o custo final do bem ou serviço possa vir a aumentar​; e por fim,
a estrutura de mercado (monopólios, oligopólios, etc.) ​na qual algumas empresas ​aumentam
seus ​lucros acima da elevação dos custos de produção​, repassando ao preço final do produto.
Sendo assim, ​a inflação de custos tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços na
economia.

● Inflação inercial

É aquela em que a inflação presente é uma função da inflação passada​. Deve-se à


inércia inflacionária, que é a resistência que os preços de uma economia oferecem às políticas de
estabilização que atacam as causa primárias da inflação. Seu grande vilão é a ​"indexação", que é o
reajuste do valor das parcelas de contratos pela inflação do período passado.
De acordo com a visão inercialista, ​os mecanismos de indexação provocam a perpetuação
das taxas de inflações anteriores, que são sempre repassadas aos preços ​correntes. Além disso,
mesmo sem terem apresentado aumentos significativos de seus custos, muitos setores simplesmente
elevam o preço pela inflação geral do país, divulgada pelas instituições de pesquisa.

Por essa razão, nos planos antiinflacionários adotados após 1986, no caso da economia
brasileira, as autoridades monetárias, dentre ​outras medidas, adotaram o congelamento de preços
e salários, para tentar eliminar a chamada memória inflacionária.

OC10.3 Distorções provocadas por altas taxas de inflação

● Efeito sobre a distribuição de renda

Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação, diz respeito à redução do poder
aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos. Neste caso, são principalmente os
assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais
reduzidos, até a chegada de um novo reajuste.
Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda, que não tem condições de manter
alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam com sua subsistência. Sendo assim,
percebe-se que a inflação acaba se constituindo em um imposto sobre os mais pobres.

OC11. Teorias de Inflação Conceitos e Causas – Parte II

OC11.1 Processo Inflacionário Brasileiro

No caso brasileiro, a abertura comercial iniciada em 1990 foi ponto fundamental no combate
à inflação e para a modernização da economia. Com a entrada de produtos importados, o
consumidor foi beneficiado: Atualmente, pode-se contar com produtos importados mais baratos e
de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou também a disponibilidade de produtos nacionais
com preços menores e mais qualidade. É o que vemos em vários setores, como eletrodomésticos,
carros, roupas, cosméticos e em serviços, como lavanderias, locadoras de vídeo e restaurantes. A
opção de escolha que temos hoje é muito maior.

Até a implantação do Plano Real, o Brasil viveu diferentes experiências em termos de


processo inflacionário. Essas experiências são relatadas a seguir, a partir de diferentes períodos da
história econômica recente.

OC11.2 Os Planos de Estabilização

A-) Período 1981-1984

Nesse período, o Brasil assinou um acordo com o FMI, cujo objetivo central não era o
combate à inflação, mas sim o equilíbrio das contas externas.
As principais medidas adotadas foram:

_ desvalorização cambial (máxi) e variação cambial igual à inflação, a partir de então;

_ arrocho salarial (reajustes de acordo com uma porcentagem da inflação);

_ corte de gastos públicos e aumento de tributos;

_ controle monetário e aumento das taxas de juros.

Apesar dessas medidas, a inflação (medida pelo IGP – DI) continuou acelerando-se:

1981: 95,2 %;
1982: 99,7 %;
1983: 211,0 %;
1984: 223,8 %.
A inflação não cedeu por três motivos básicos: (a) não houve “quebra” dos mecanismos de
indexação (ao contrário, em 1979, os reajustes salariais haviam passado de anuais para semestrais);
(b) o déficit público foi reduzido, mas permaneceu alto; (c) pressões de custos derivadas da
desvalorização (num quadro de indexação, pressões de custos aceleram a inflação).

B-) Plano Cruzado

Foi um programa de combate à inflação baseado única e exclusivamente na tentativa de


eliminação da inércia inflacionária (por meio de congelamento de preços e salários).
As principais medidas foram:

_ congelamento do câmbio:
_ congelamento de preços;
_ congelamento do salário pela média dos últimos seis meses mais um aumento real de 8%;
_ “gatilho salarial” de 20%.

A evolução da inflação (IGP-DI) foi favorável num primeiro momento, mas subiu muito
depois do descongelamento:
_ fevereiro/1986 (último mês antes do Cruzado): 22,6%;
_ março/1986: _ 1,0%;
_ junho/1987 (último mês do Cruzado): 25,9%.

As causas do desequilíbrio inflacionário pós-descongelamento foram: política fiscal


expansionista com aumento de gastos e queda de receita (redução do IR na fonte); política
monetária expansionista com aumento da oferta de moeda além do necessário e taxas de juros
reduzidas; aumento expressivo do salário real; e a própria conjugação desses fatores, que leva a um
quadro de explosão de demanda e consequente desequilíbrio externo.

C-) Plano Bresser

Tentou conciliar a busca de equilíbrio externo e o combate à inflação, adotando as seguintes


medidas:
- duas minidesvalorizações cambiais e variação cambial igual à inflação a partir de então;
_ congelamento de preços e salários (criação da URP, indexador para corrigir salários);
_ aumento de impostos;
_ elevação das taxas de juros.

A evolução da inflação (IGP-DI) mostrou queda inicial e depois reaceleração:


. junho/1987 (último mês antes do Plano Bresser): 25,9%;
. julho/1987: 9,3%;
. dezembro/1987 (último mês da gestão Bresser): 15,9%.

Entre as causas da reaceleração inflacionária, podem-se encontrar:


- ampliação do déficit público (o governo aumentou a arrecadação, mas ampliou os gastos,
notadamente na área de pessoal e encargos);
- reindexação por meio da URP; e
_ desvalorização cambial.

D-) Plano Verão (1989)

O objetivo do plano era o de reduzir a inflação, sem desarrumar as contas externas, com o
crescimento da produção ficando em segundo plano. Para isso, procurava desindexar a economia e
reduzir a demanda agregada, por meio das seguintes medidas:
- redução de despesas públicas;
- restrições ao crédito e aumento significativo das taxas de juros;
- desvalorização cambial de 17% e congelamento posterior do câmbio;
- extinção da URP e das OTN (Obrigações do Tesouro Nacional), que eram os indexadores da
época;
- salários definidos pela média real de 1988, mas sem aumentos reais.

Vale observar que a tentativa de desindexar a economia estava presente no congelamento do


câmbio e de preços, assim como a extinção da URP e da OTN. Portanto, o objetivo era apagar a
memória da inflação, evitando que o crescimento passado dos preços alimentasse a inflação futura.

E-) Plano Collor I

Por ocasião da posse do presidente Fernando Collor de Melo, o pa´s vivia à beira da
hiperinflação (84% em março). As causas eram conhecidas: déficit público (6,9%) do PIB);
expansão monetária excessiva; indexação generalizada (preços, câmbio, salários, ativos financeiros
etc.); ineficiência do Estado; e excesso de proteção à produção doméstica. Apesar disso, o setor
produtivo não se desestruturou (ao contrário da Argentina), com o PIB crescendo 3,3% em 1989 e o
setor externo registrando saldo comercial de US$ 16 bilhões (em 1989).

O Plano Collor I propunha mudanças radicais na economia brasileira, visando a maior


inserção do país no comércio internacional. O programa procurava, a curto prazo, derrubar a
inflação a qualquer preço, por meio das seguintes medidas:

a-) ajuste fiscal profundo​, saindo de um resultado operacional de -6,9% do PIB (1989) para + 1,3
% (1990), com aumento substancial de impostos, redução de salários do funcionalismo, confisco da
dívida interna e atraso de pagamentos ao setor privado;

b-) contração monetária​, com bloqueio de ativos financeiros (US$ 110 bilhões bloqueados de um
total de US$ 150 bilhões);

c-) desindexação​, com a adoção do câmbio flutuante, livre negociação de salários, congelamento de
preços e posterior liberalização.
A médio e longo prazos, o objetivo era internacionalizar a economia brasileira, com redução
da proteção à produção doméstica, privatização e aumento da eficiência do Estado, integração
internacional e política de atração de capital externo de risco.

Como resultado, verificou-se que a inflação caiu de 84% para cerca de 10% em maio de
1990 e depois voltou a subir até atingir 20% em janeiro de 1991. Pode-se dizer que os resultados
esperados não foram alcançados, em função de: pressão para liberação de cruzados; falta de ajuste
fiscal nos Estados e Municípios; e conflito distributivo por causa da recessão.

F-) Plano Collor II

O fracasso do Plano Collor I levou o governo a adotar novo congelamento de preços e


salários em fevereiro de 1991. Dessa vez, porém, o congelamento veio acompanhado de forte
elevação de tarifas públicas e uma nova tentativa de desindexação, com a criação da TR (taxa
referencial). Imaginava-se que a TR funcionaria como um libor, flutuando de acordo com a inflação
futura.

Com isso, a inflação, que havia atingido 21,1% em fevereiro de 1991, caiu para 7,2% no
mês seguinte, mas, a exemplo dos outros planos, voltou a acelerar, atingindo 22,1% em dezembro
de 1991.

G-) Gestão Marcílio Marques Moreira

Com a devolução dos cruzados bloqueados a partir do segundo semestre de 1991, a política
econômica passa ser concentrada exclusivamente na prática de juros elevados. Tal estratégia, na
realidade, revelava a total incapacidade do governo de controlar a política fiscal, dadas as pressões
expansionistas estabelecidas na própria constituição.

Com a política de juros elevados, a inflação manteve-se estável, mas não cedeu: de um lado,
porque a indexação da economia manteve-se e, de outro, porque as reformas estruturais necessárias
para recuperar a política fiscal não foram executadas. A inflação ao longo de 1992 manteve-se
relativamente constante no patamar de 22 a 24% ao mês.

h-) Período de transição (início da gestão Itamar Franco)

O início do governo Itamar Franco foi caracterizado pela freqüente troca de ministros na
área econômica, até a entrada do então senador Fernando Henrique Cardoso. Nesse período
tumultuado e no início da gestão FHC, que vai até o final de 1993, a inflação passou do patamar de
22% para casa dos 40%. Essa aceleração pode ser atribuída a: expansão dos gastos do governo, em
decorrência com pessoal e encargos; nova política salarial com aumento da indexação de salários; e
redução das taxas reais de juros. ​A aceleração da inflação leva o governo a adotar, no final de
1993, o chamado Plano FHC, que seria a base para a criação do Plano Real.

i-) Plano FHC


O Plano baseado em duas questões essenciais, ajuste fiscal e desindexação foi
estruturado em três etapas:

1ª Etapa

Foi baseada na busca de um ajuste fiscal provisório com aumento da carga tributária
(antecipação do prazo de recolhimento de impostos, do IPMF, Cofins, aumento do IOF etc.) e
criação do Fundo Social de Emergência (FSE), para dar maior flexibilidade à política fiscal.

2ª Etapa

A segunda etapa foi a fase preparatória para a “quebra” dos mecanismos de indexação. Para
isso, o governo procurou conduzir a economia para uma fase inicial de superindexação, em que os
preços foram definidos em URV (que acompanhava a cotação dólar), o mesmo acontecendo com os
salários, as aplicações financeiras etc. Com isso, procurava-se “alinhar” os preços e, no momento
em que todos estivessem definidos em URV e a inflação estável (embora em patamar elevado),
seria a ocasião de desindexar a economia, com a substituição da moeda e extinção do indexador.
Embora nem todos os preços estivessem convertidos em URV, e nem mesmo a inflação
estabilizada, em 1º/07/1994, o governo instala a terceira fase (etapa) de seu plano, que é a criação
do Real.

j-) Criação do Real

A criação do real vem acompanhada de um amplo programa de desindexação e


reforma monetária. Na área monetária, o cruzeiro real é substituído pelo real, na seguinte
condição:

R$ 1 = US$ 1 = 1 URV

Por outro lado, com a extinção da URV, não há indexador e os preços, até então definidos
em URV, passam a ser cotados, no mesmo montante, em reais. Com isso, quebra-se o mecanismo
de indexação, sem os traumas do congelamento. Além disso, para dar suporte legal à desindexação,
fica proibido qualquer reajuste de contrato com intervalo inferior a um ano.

Os preços passam a ser livres e apenas a política salarial será mantida por um prazo de um
ano, para reposição da inflação residual do período anterior ao real.

Em termo de resultados, na segunda fase do Plano, a inflação em cruzeiros reais acelerou


(de 36,2% a.m em dezembro de 1993 para 46,6% em junho de 1994), em virtude ao aumento do
grau de indexação.

k-) Considerações Finais

A experiência brasileira de combate ao processo inflacionário permite ​extrair uma série de


conclusões importantes:
a) A consciência de que não existe artificialismo no processo de superação dos problemas
inflacionários; o congelamento de preços e salários foi corretamente “excluído” da literatura
econômica brasileira;
b) Nenhuma teoria isolada esgota a explicação do processo inflacionário do país; na realidade,
há um razoável grau de complementação entre elas;
c) A indexação se utiliza adequadamente, pode contribuir para gerar mais segurança e ampliar
o prazo das operações financeiras; mas, na presença de desequilíbrios fiscais e monetários
profundos, “esconde” as distorções e acaba adiando a tomada de decisões mais profundas
para enfrentar o problema;
d) A maior abertura da economia ao exterior pode ser um fator importante para reduzir a
inflação, principalmente num país que protegia excessivamente a produção doméstica;
e) A irresponsabilidade na condução da política fiscal impõe um alto preço, pago pelo processo
de aceleração da inflação;
f) A inflação​ é um dos elementos mais perversos no processo de distribuição de renda.

Depois da experiência bem-sucedida de combate à inflação do governo Castelo


Branco (1964-1965), até a implantação do Plano Real, a história brasileira é marcada por uma
profunda sequência de descontroles.

UNIDADE 03. ASPECTOS DA MACROECONOMIA

OC8 . A Mensuração da Atividade Econômica: O Fluxo Circular da Renda

14.1 Organização da atividade econômica;

Fluxo Circular Simplificado do Sistema Econômico com dois Agentes


Econômicos

Mercado de Bens e Serviços

Pagamentos (Despesas) pelo consumo de Bens e Serviços

DN = C
Fornecimento de Bens e Serviços

Fornecimento dos serviços dos Fatores


de Produção
RN= W + A + L + J

Pagamentos (Remuneração) aos Serviços dos Fatores de Produção

Mercado de Fatores de Produção


Legenda:
-------------- Fluxo Real
________ Fluxo Monetário
Fluxo Real é caracterizado pelo fato das Empresas ou unidades produtoras fornecerem os bens
e serviços para as Famílias ou unidades consumidoras e essas fornecerem os serviços dos fatores de
produção.

Fluxo Monetário é caracterizado pelo fato das Famílias ou unidades consumidoras efetuarem
os pagamentos (despesas) pelo consumo de bens e serviços para as empresas ou unidades
produtoras e essas pagarem mediante a remuneração aos serviços dos fatores de produção.

14.2 Relações ou Identidades Macroeconômicas

14.2.1 Conceitos dos Principais Agregados Macroeconômicos:

A-) Economia a dois setores, sem formação de Capital

1. Valor agregado ou adicionado (Va) ​=> é o valor que se adiciona ao produto em cada
estágio de produção, é o uso dos insumos intermediários no processo de produção necessário para a
elaboração de produto.
2. Produto Nacional (PN) => é o valor de todos os bens e serviços finais produzidos em
determinado período de tempo.
3​. Produto Nacional Bruto (PNB) => é o somatório do valor agregado da produção, ou seja,
tudo que é produzido nesse país.
4. Produto Interno Bruto (PIB) => é o valor agregado, resultante das transações
intermediárias de todos os bens.
5. ​Despesa Nacional (DN) => é o gasto dos agentes econômicos com o produto nacional,
representa a demanda pela aquisição dos bens e serviços.

DN = Despesas de Consumo (C)

Fórmula final da ​Despesa Nacional (DN) = C + I + G + (X – M)

Despesa Nacional (DN) = Consumo (C) + Despesa de bens de capital (I) + Gastos do Governo (G)
+ Despesas Líquidas do Setor Externo (X – M).
Outras denominações de (X – M) = Transações correntes com o resto do mundo (Tcr);
Transações comerciais com o exterior (Tce); Despesas Líquidas do Setor Externo e Saldo
Líquido da Balança Comercial.

6. Renda Nacional (RN) => é a soma dos rendimentos pagos às famílias, que são proprietárias
dos fatores de produção, pela utilização de seus serviços produtivos, em determinado período de
tempo mais (+ ) a Renda Líquida do Fator Externo (RLFE).

RN = salários (w) + juros (j) + aluguéis (a) + lucros (l) + Renda Líquida do Fator Externo
(RLFE) ou ​RN = w + a + j + l + RLFE.
7. Identidade Básica das Contas Nacionais:

Produto Nacional (PN) = Despesa Nacional (DN) = Renda Nacional (RN)

PN = DN = RN = ​ou seja, são três óticas de


mensuração conceitualmente diferentes para medir a atividade econômica, mas conduzindo ao
mesmo resultado numérico.

8. Valor Bruto de Produção (VBP) => é a receita de vendas de cada setor produtivo. Assim
temos, VBP = VAB + Insumos.

B-) Economia a dois setores, com formação de Capital

9. Depreciação (dep) => é o desgaste do equipamento de capital da economia, ou o consumo


de estoque do capital fixo, em dado período.

10. Poupança (S) => é a parcela da renda não consumida no período.


S = RN - C (Consumo)

11. Renda Nacional (RN) = C + S


12. Consumo (C) = RN - S

13. Investimento (I) => é o gasto em bens produzidos, que não foram consumidos no próprio
período e que serão utilizados para consumo futuro, ou seja:
I = PN - C
Investimento em Bens de Capital (IBK) => máquinas e equipamentos; imóveis =>
FBKF = (Formação Bruta de Capital Fixo).

14. Investimento Líquido (IL) = IB - dep.; onde:


IB = Investimento Bruto e dep. = depreciação

15. Investimento Bruto (IB) = IL + dep.

16. Produto Nacional Líquido (PNL) = PNB – dep.


17. Produto Nacional Bruto (PNB) = PNL + dep.
18. Poupança (S) = Investimento (I), assim temos:

S = I; onde: S = RN - C e I = PN - C ; igualando a S = I, temos:


RN - C = PN - C; assim, cortando a variável consumo no 1º e no 2º membro,
temos:

RN = PN ; conclui-se portanto, que: S = I ; ou,

Y a = Da
C + S = C + I; cortando o consumo no 1º e no 2º membro,
temos:

S = I

C-) Economia a três setores: O Setor Público

O setor público refere-se às esferas de governo: União, Estados e Municípios e inclui as


transações realizadas pelos respectivos Tesouros.

1.c Receita fiscal do governo

A arrecadação fiscal do governo constitui-se das seguintes receitas:

19. Impostos ou Tributos Indiretos (Ti) => incidem sobre as transações com bens
e serviços. Exemplos: ICMS e IPI.

20. Impostos ou Tributos diretos (Td) => incidem sobre as pessoas (físicas e
jurídicas). Exemplos: Imposto de Renda e IPTU.

21. Contribuições à Previdência Social: encargos trabalhistas recolhidos de


empregados e empregadores.

22. Outras receitas do governo: taxas (cobrança de pedágios), multas e aluguéis.

2 2.1 Saldo do Governo (Sg) ou Poupança do Governo (Sg) = (T - G)


2 2.2 Gastos do governo (G)

Se os gastos superarem a arrecadação, temos o conceito de déficit primário ou fiscal; se a


arrecadação superar os gastos públicos, temos um superávit primário ou fiscal.

23. Subsídios (Sub.)

24. Transferências do Governo (Tr ou Tg)​==> aposentadoria, pensões, auxílios: desemprego;


funeral; bolsa de estudo.
D-) Economia a quatro setores: O Setor Externo

1.d Fórmulas da Renda Líquida do Fator Externo (RLFE), Produto


Nacional Bruto (PNB) e Produto Interno Bruto (PIB)

25. RLFE = Renda Recebida do exterior (RR) – Renda Enviada ao exterior (RE)
RLFE = RR - RE

26. Produto Nacional Bruto (PNB) = PIB + RLFE


27. Produto Nacional Bruto (PNB) = PIB + (RR – RE)

28. Produto Interno Bruto (PIB) = PNB - RLFE


29. Produto Interno Bruto (PIB) = PNB – (RR – RE)

30. Exportação (X)

31. Importação (M)

32. ​Despesa Doméstica (E)​ ​= C + I + G

33​. Produto Interno Bruto (PIB) ​= C + I + G + X – M; Logo:

​PIB = E + X -M

34​. PIB = DIB = RIB é calculado mediante a expressão: C + I + G + X – M

Temos também, as Identidades Macroeconômicas: PN = DN = RN = YN


(Renda Nacional) que é obtida mediante a expressão macroeconômica:

PN = DN = RN = YN = C + I + G + X - M , a qual caracteriza uma Economia Aberta.

35​. Renda Líquida Disponível do Setor Privado (RLDSp):

RLDSp= PNB - T (Td + Ti – Sub.) ou

RLDSp= PNB - T (Td + Ti); conforme a Tabela com Identidades Macroeconômicas.

36​. Poupança Privada (Sp):

Sp = RLDSp – Cp

37. ​Saldo de Conta Corrente (S.C/C):


S.C/C= (X – M) + (RR - RE)

14.3 Nível de Equilíbrio entre a Renda Nacional (RN) e o Produto Nacional (PN)

O Produto ou Renda de Equilíbrio ocorre quando a Renda Nacional (RN) se iguala a


quantidade de bens e serviços exigidos (DN) e o Produto Nacional (PN). Assim temos:

Renda Nacional (RN) = Produto Nacional (PN)

YN = PN

C + S = C + I ; cortando o Consumo do 1º e do 2º
membro, ​temos:

S = I ; onde a Poupança (S) é igual ao

Investimento (I), ou seja, isso ocorre quando uma economia é fechada e está em equilíbrio.

14.4 Os três Modelos Econômicos que movem a economia brasileira

Assim, os três Modelos Econômicos são:

1º) MODELO: Uma Economia Fechada e sem a participação do Governo

Y=C+I
2º) MODELO: Uma Economia Fechada e com a participação do Governo

Y=C+I+G

3º) MODELO: Uma Economia Aberta

Y= C + I + G + X – M

14.5 Exercícios com Tabelas envolvendo as Identidades ou


Variáveis Macroeconômicas:
A-) De acordo com a Tabela abaixo:

TABELA: 01 Ano 2008 Ano 2009


Exportações ( X) 45.000 46.067
Importações (M ) 55.000 52.648
Investimento ( I) 160.000 125.039
Consumo das Famílias (C) ou (Cp) 690.320 589.600
Gasto do Governo (G) 200.000 105.296
Impostos Indiretos (Ti) 80.000 78.972
Impostos Diretos (Td) 70.000 27.352
Renda Recebida do Exterior (RR) 13.000 6.581
Renda Enviada ao Exterior (RE) 20.000 19.743

Obs.:[Tributos ou Renda do Governo ( T )] = Impostos Diretos (Td) + Impostos Indiretos


(Ti). T = Td + Ti.

Calcule:

a-) PIB :

b-) PNB :
c-) A Renda Líquida Disponível do Setor Privado (RLDSp):

d-) Poupança Privada (Sp):

e-) O Saldo da Conta Corrente (S.C.C):

f-) Despesa Doméstica (E).

B-) De acordo com a Tabela abaixo:

TABELA: 02 Ano 2008 Ano 2009


Exportações ( X) 45.000 46.067
Importações (M ) 55.000 52.648
Investimento ( I) 160.000 125.039
Consumo das Famílias (C) ou (Cp) 690.320 589.600
Gasto do Governo (G) 200.000 105.296
Impostos Indiretos (Ti) 80.000 78.972
Impostos Diretos (Td) 70.000 27.352
Renda Recebida do Exterior (RR) 13.000 6.581
Renda Enviada ao Exterior (RE) 20.000 19.743
Subsídios (Sub.) 8.000 15.000

Obs.:[Tributos ou Renda do Governo ( T )] = Impostos Diretos (Td) + Impostos Indiretos


(Ti) – Subsídios (sub.)

Calcule:

a-) PIB :

b-) PNB :

c-) A Renda Líquida Disponível do Setor Privado (RLDSp):

d-) Poupança Privada (Sp):

e-) O Saldo da Conta Corrente (S.C.C):

f-) Despesa Doméstica (E).


C-) De acordo com a Tabela abaixo:

TABELA: 03 Ano 2011 Ano 2012 Ano 2013


Exportações ( X) 52.668 46.067 25.263
Importações (M ) 50.466 52.648 28.872
Investimento (I) 142.956 125.039 68.571
Consumo das Famílias (Cou Cp) 496.584 434.346 238.194
Gasto do Governo (G) 120.384 105.296 57.774
Impostos Indiretos (Ti) 90.288 78.972 43.308
Impostos Diretos (Td) 21.271 27.352 15.000
Renda Recebida do Exterior (RR) 7.524 6.581 3.609
Renda Enviada ao Exterior (RE) 22.572 19.743 10.827

Obs.:[Tributos ou Renda do Governo ( T )] = Impostos Diretos (Td) +


Impostos Indiretos (Ti).
T = Td + Ti

Calcule: Para o Ano de 2011; Ano 2012 e Ano 2013


a-) PIB:

b-) PNB:

c-) A Renda Líquida Disponível do Setor Privado (RLDSp):

d-) Poupança Privada (Sp):

e-) O Saldo da Conta Corrente (S.C.C):

f-) Despesa Doméstica (E).

OC13. Apresentação do Direito Financeiro – Parte II

15. Ações: Conceito

As ações constituem-se em títulos representativos da menor fração do capital social de


uma empresa (sociedade anônima, sociedade por ações ou companhia)​. O acionista não é um
credor da companhia, mas um coproprietário com direito a participação em seus resultados).

Entende-se por Sociedade Anônima uma sociedade cujo valor do seu capital é dividido
em parcelas denominada ações​. Sua responsabilidade é limitada até o montante do valor
integralizado, sendo seu capital dividido sob a forma de ações.

Assim, ​as ações podem ser emitidas sob a forma física de cautelas ou certificados​, que
comprovam a existência e a posse de certa quantidade especificada de ações, ou do tipo escritural,
que dispensa sua emissão física, mantendo o controle das ações em contas de depósitos em nome de
seus titulares em uma instituição depositária.

Uma ação não tem prazo de resgate, sendo convertida em dinheiro a qualquer
momento mediante negociação no mercado
As ​sociedades anônimas emitentes de ações podem ser de dois tipos: abertas ou
fechadas. Assim, ​uma Companhia é aberta quando tem suas ações distribuídas entre um
número mínimo de acionistas, podendo ser negociadas em Bolsas de Valores​. ​Essas sociedades
devem ser registradas na Comissão de Valores Mobiliários como de capital aberto e fornecem
ao mercado, de forma periódica, uma série de informações de caráter econômico, social e
financeiro. ​As companhias de capital fechado, por seu lado, são tipicamente empresas
familiares, com circulação de suas ações restrita a um grupo identificado de investidores.

15.1 Tipos de Ações

As ações são classificadas basicamente em dois tipos: ordinárias e preferenciais:

Ordinárias: são as que comandam a assembleia de acionistas de uma empresa,


conferindo ao seu titular o direito de voto​.

Preferenciais: não atribuem a seu titular o direito de voto, porém conferem certas
preferências​, como:

- Prioridade no recebimento de dividendos, geralmente um percentual mais elevado que o


valor das ações ordinárias;

- Prioridade no reembolso do capital na hipótese de dissolução da empresa.

Para o acionista preferencial o lucro é mais importante que o controle da companhia,


priorizando a distribuição dos resultados.

15.2 Forma de Circulação das Ações

Quanto ​à forma de circulação, as ações podem ser Nominativas, nominativas


endossáveis e escriturais.

Ações Nominativas​: são representadas por cautelas (certificados) e: trazem o nome do


investidor registrado em livro de registro das ações nominativas. A transferência se dá mediante a
entrega da cautela e averbação do nome do novo titular neste livro, conferindo todos os direitos de
acionista.

Ações Nominativas endossáveis​: registram o nome do primeiro acionista, sendo as


transferências de titularidades processadas mediante endosso na própria cautela.

Ações Escriturais​: são as ações nominativas sem suas respectivas cautelas, ou seja, são
ações que têm seu controle executado por uma instituição fiel depositária dos títulos ou ações da
companhia, a qual mantém uma conta de depósito em nome de seus proprietários. Portanto, todas as
movimentações com essas ações ocorrem mediante extratos bancários emitidos pelas instituições
depositárias, não ocorrendo o manuseio físico desses papéis.
15.3 MERCADOS: PRIMÁRIO e SECUNDÁRIO

Mercado Primário – nesse mercado ocorre a canalização direta dos recursos monetários
superavitários, para o financiamento das empresas, por meio da colocação (venda) inicial das ações
emitidas. Portanto, é nesse setor do mercado que as empresas buscam, os recursos próprios
necessários para a consecução de seu crescimento, promovendo, a partir do lançamento de ações, a
implementação de projetos de investimentos e o consequente incremento da riqueza nacional.

Mercado Secundário – nesse mercado são estabelecidas as renegociações entre os agentes


econômicos das ações adquiridas no mercado primário. Assim, os valores monetários das
negociações realizadas nesse mercado não são transferidos para o financiamento das empresas,
sendo identificados como simples transferências entre os investidores. ​Portanto, a função
essencial do mercado secundário é dar liquidez ao mercado primário, viabilizando o
lançamento de ativos financeiros.

Assim, a existência de um mercado secundário mais dinâmico somente é possível


mediante certas condições de liquidez para as ações emitidas, as quais são verificadas por
meio das transações nas Bolsas de Valores.

Mercado de Balcão – ​é o mercado aberto onde são negociados, de forma organizada,


valores mobiliários de companhias abertas não cotados em bolsas de valores​. O mercado de
balcão não tem espaço físico definido (é virtual), sendo as transações realizadas por meios
eletrônicos. Portanto, o mercado de balcão foi disciplinado no Brasil pela CVM em 1996.

Por fim, ​o funcionamento do mercado secundário ocorre principalmente nas Bolsas de


Valores, as quais viabilizam aos investidores a oportunidade de realizarem novos negócios
com títulos anteriormente emitidos​.

15.4 Bolsa de Valores

15.4.1 CONCEITO

São associações civis sem fins lucrativos, cujo objetivo básico é o de manter um local
em condições adequadas para a realização, entre seus membros, de operações de compra e
venda de títulos e valores mobiliários.

Portanto, as ​Bolsas de Valores ​são supervisionadas pela ​Comissão de Valores Mobiliários


(CVM),​ atuando como ​uma entidade auxiliar na fiscalização do mercado de ações.

O local onde são realizadas as diversas transações de compra e venda de ações registradas
em Bolsas de Valores é denominado de ​Pregão.
Um Broker pode ser definido como corretor, operador ou intermediário entre comprador e
vendedor de títulos e valores mobiliários, transacionados em bolsas de valores e nos mercados de
balcão.

Índice de Bolsa de Valores – é um valor que mede o desempenho médio dos preços de
suposta carteira de ações, refletindo o comportamento do mercado em determinado intervalo de
tempo. O valor absoluto do índice da carteira expressa o valor de mercado da carteira de ações
negociadas na Bolsa de Valores, sendo as variações verificadas de um período para outro
entendidas como sua lucratividade. Assim, ​para o analista, a informação do índice é sua
lucratividade, e não seu valor monetário absoluto.

Índice Bovespa – Ibovespa

O índice da Bolsa de Valores de São Paulo é o mais importante indicador do desempenho


das cotações das ações negociadas no mercado brasileiro. O Ibovespa foi criado em 1968 a partir de
uma carteira teórica de ações, expressa em pontos. Assim, o valor inicial foi de 100 pontos,
refletindo sua pontuação atual a variação ocorrida na carteira desde 1968.

Portanto, o ​objetivo básico do Ibovespa é o de refletir o desempenho médio dos negócios a


vista ocorridos nos pregões da Bolsa de Valores de São Paulo. A carteira teórica do índice procura
retratar, da melhor forma possível, o perfil dos negócios realizados na Bovespa.

15.5 O Papel do Banco Central do Brasil (BACEN) na Economia

O Banco Central do Brasil (BACEN) é o órgão executor da política monetária, além de


exercer a regulamentação e fiscalização de todas as atividades de intermediação financeira no país.
Entre suas atribuições, destacam-se:

● a emissão de moeda;
● o recebimento dos depósitos obrigatórios (recolhimentos) dos bancos comerciais
e dos depósitos voluntários das instituições financeiras em geral;
● a realização de operações de redesconto de liquidez e seletivo;
● as operações de open market;
● controle de crédito e das taxas de juros;
● a fiscalização das instituições financeiras e a concessão da autorização para seu
funcionamento;
● a administração das reservas cambiais do país.
15.6 O Direito Financeiro

´E a disciplina jurídica que trata da atividade financeira do Estado.

Direito Financeiro é o estudo da atividade financeira do Estado, quando abarcada pela norma
jurídica (Horvath e Oliveira, 2001).
As divisões do Direito Financeiro

O DIREITO FINANCEIRO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Título VI – Tributação e Orçamento


Capítulo II - Das Finanças Públicas
Seção I – Normas Gerais
Seção II – Orçamentos

O DIREITO FINANCEIRO - Competências

União: Normas Gerais


Estados: Competência Suplementar (normas gerais na ausência de Lei da União)
Superveniência da Lei Federal: suspensão da eficácia (CF/1988, Art. 24, inciso 1º a 4º)
Cabe à Lei complementar:
​ ispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização
I ​– D
do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual
(CF, art. 165, parágrafo 9º)
II – Estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta
bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos (CF, art. 165, parágrafo 9º)

Orçamento Público
O orçamento público é lei em sentido formal (ou seja, emitida pelo Poder Legislativo), que
estabelece as obrigações do Estado em relação às receitas e despesas públicas.
Portanto, o orçamento conforme aprovado pelo Legislativo vincula o administrador público.
A iniciativa do projeto de lei cabe ao chefe do Poder Executivo.

Plano Plurianual (PPA)

Reflete o programa de governo: coincide com o mandato do chefe do executivo.


Reflete o orçamento-programa.
Estabelece as grandes metas e prioridades da administração.
Contém a previsão de despesas de capital e das despesas de duração continuada (2 anos ou
prazo indeterminado).
É regionalizado.
Tem validade de 4 anos.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

Estabelece as metas e prioridades da administração pelo período de 1 ano.


Representa uma concretização do PPA.
Contém as diretrizes para elaboração da LOA, portanto, a aprovação da LOA depende da
aprovação da LDO.
Estabelece políticas de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (linhas de
crédito do BNDES, da CEF).
Contém eventuais alterações na legislação tributária.
Deve manter o equilíbrio entre receitas e despesas.
Deve ser aprovado até o início do ano fiscal.

Lei Orçamentária Anual (LOA)

Composta por:
1. Orçamento fiscal: receitas e despesas da União.
2. Orçamento de investimento: receitas e despesas das empresas em que a União tem
maioria do capital com direito a voto.
3. Orçamento da seguridade social: receitas e despesas da seguridade social, dos órgãos
vinculados ao INSS.

Princípio da universalidade do orçamento (todas as receitas e despesas)


Princípio da exclusividade (apenas receitas e despesas)
Princípio da unidade (3 contas, um único orçamento)

Papel do PPA, LDO e LOA na economia


Receitas Públicas

RECEITA​ é toda entrada definitiva de valores.

CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS:

RECEITAS ORIGINÁRIAS​: entradas definitivas decorrentes da atuação do Estado como


agente de direito privado ou da exploração do patrimônio público. O Estado obtém essa receita por
conta de uma relação de coordenação com o particular. Decorre de um contrato (​Preços públicos,
locação de imóveis públicos, herança vacante, etc​.).

RECEITAS DERIVADAS​: entradas decorrentes de uma relação de imposição do Estado


em face do particular (​Tributos​). É a principal receita do Estado.

RECEITAS TRANSFERIDAS​: entradas decorrentes de transferência de recursos entre os


entes da federação.

Despesas Públicas
DESPESA é todo gasto da administração pública.
Características​:
Autorização legal (LOA)
Documentação (empenho)
Contrapartida em receita (programação financeira + execução mensal de
desembolso)
DESPESA COM PESSOAL: inclui ativos, inativos, pensionistas e contratos
de terceirização. Inclui também os encargos e contribuições previdenciárias.
A verificação dos limites globais ocorrerá a cada quadrimestre e está conforme a Lei
de Responsabilidade Fiscal (arts. 18 a 20 da LC 101/00).
Classificação legal das receitas e despesas

Execução Orçamentária

Lei 4.320/64 (tem status de lei complementar – complementa a LRF = LC 101/00)


1. Publicada a LOA, o Poder Executivo tem 30 dias para, mediante DECRETO,
estabelecer a programação financeira e a execução normal de desembolso.
2. Uma vez disponíveis os recursos, é possível ocorrer a DESPESA EFETIVA.
3. Essa despesa é documentada pelo EMPENHO.
4. A NOTA DE EMPENHO deve conter o nome do credor, a representação e a
importância da despesa e a dedução da dotação orçamentária (do total previsto para a
despesa).

1. Com a nota de empenho, ocorre a LIQUIDAÇÃO DA DESPESA, que assegura que


a administração está pagando o valor correto, para a pessoa certa e pelo motivo certo.
2. Após a liquidação, ocorre a ORDEM DE PAGAMENTO, que é uma autorização
para o pagamento. É apenas um despacho, autenticador da despesa e de todo o processo,
emitida pelo serviço de contabilidade do órgão, para que a despesa seja paga.
3. Após a emissão da ordem de pagamento, pode acontecer o PAGAMENTO pela
tesouraria do órgão.

Resumo esquemático da execução orçamentária

Como controlar os gastos públicos?

Hoje, o controle dos gastos públicos pode ocorrer de 3 formas:


INTERNO: dentro do próprio órgão
EXTERNO: Tribunal de Contas (órgão técnico)
PRIVADO: Cidadão (ação popular)
Partido político
Sindicato
Associação  denúncia ao TCU
Ministério Público (ACP)
Quanto ao chefe do Executivo, o parecer do TCU - é meramente opinativo. Quanto aos
outros órgãos, há julgamento.

OC12. Apresentação do Direito Financeiro – Parte I

A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) é o mercado formalmente estabelecido


para negociar os diversos instrumentos futuros no Brasil. ​Como as demais bolsas de valores​, a
BM&F cumpre suas funções básicas de oferecer facilidades para a realização dos negócios e
controle das operações, permitir a livre formação dos preços, das garantias às operações realizadas e
oferecer mecanismos de custódia e liquidação dos negócios.
São negociados na BM&F os seguintes tipos de contratos: Futuro: Opções e Swaps.
Em essência, os participantes dos mercados derivativos são o hedger, o especulador e o
arbitrador.

16.1 MERCADOS FUTUROS

Uma operação de mercado futuro envolve basicamente um compromisso de compra ou


venda de determinado ativo em certa data futura, sendo previamente fixado o preço objeto de
negociação.

Nas operações a futuro, há um compromisso, formalizado em contrato, de se comprar ou


vender em certa data futura. Em geral, as operações a futuro são liquidadas em dinheiro, sem
entrega física do bem negociado, pagando-se (ou recebendo) a diferença entre o valor fixado de
compra e o de venda.

As operações de mercado futuro envolviam, quando de seu lançamento, somente produtos


agrícolas, como café, soja, trigo etc. Com o desenvolvimento da economia e do próprio mercado de
capitais, as operações a futuro passaram a incorporar um ampla variedade de contratos
referenciados em ações, índices de preços, produtos pecuários, metais preciosos, moedas e inúmeros
outros itens. Assim, são negociados novos contratos futuros, atribuindo maior dinamismo ao
mercado de capitais.

Os contratos futuros costumam ser padronizados pelas bolsas de valores em termos de


quantidades de negociação, unidade de negociação (lote-padrão), data de vencimento e forma
de cotação​. Essa prática tem por objetivo viabilizar a transferência dos contratos entre os
investidores.

No mercado futuro, o titular do contrato tem a obrigação de executar a ordem prevista


de compra ou venda​. Se não houver interesse em seu exercício ao final do prazo, pode ocorrer uma
liquidação antecipada do contrato, ou sua transferência a terceiros. Todo contrato futuro pode ser
anulado pela recompra ou revenda no mercado secundário.

16.2 Títulos Públicos


Os Governos federal, estadual e municipal costumam captar recursos no mercado por
intermédio da emissão de títulos representativos da dívida pública. Os títulos estaduais e municipais
apresentam baixa liquidez no mercado, tendo uma circulação mais restrita. ​Os títulos públicos
federais, ao contrário, têm maior aceitação e liquidez.
Essencialmente, ​os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional ​estão voltados para
a execução da política fiscal do Governo​, antecipando receitas orçamentárias ou financiando
déficits fiscais. ​Os títulos da dívida pública do Governo Federal (= Tesouro Nacional), serão
classificados pela natureza de suas emissões e conceituados abaixo:

Títulos Públicos do Governo Federal: LTN, LFT, NTN, CTN, CFT

LTN
Letras do Tesouro Nacional (LTN): ​são negociadas com deságio (desconto), pagando o
investidor uma quantia inferior a seu valor de face. O prazo desses títulos é definido no momento de
sua emissão. As formas de emissão das LTNs dão-se por oferta pública, podendo ser ao par, com
ágio ou deságio, ou direta, não podendo nesse caso serem colocadas por valor inferior ao par.

LFT
Letras Financeiras do Tesouro (LFT): têm seus rendimentos definidos pela média da taxa
SELIC (overnight), garantindo uma rentabilidade de mercado investidor. São papéis atraentes, e
seus prazos de resgate são definidos por ocasião de sua emissão. O investidor recebe, por ocasião do
resgate, o valor nominal acrescido do rendimento respectivo.

NTN
Notas do Tesouro Nacional (NTN): ​oferecem rendimentos pós-fixados e atrelados, a um
indexador da economia. Os juros são pagos periodicamente e o prazo mínimo de emissão é de três
meses. São lançadas também séries especiais de NTN, pagando rendimentos diferenciados. Esses
títulos apresentam opções de rendimentos e prazos diferentes de acordo com seu tipo de emissão.

CTN
Certificado do Tesouro Nacional (CTN): ​objetiva levantar recursos visando cobrir déficits
orçamentários. O valor nominal do título é atualizado pela variação de um índice de preços da
economia. O preço unitário é calculado aplicando-se taxa de desconto de 12% sobre o valor
nominal atualizado.

CFT
Certificado Financeiro do Tesouro (CFT)​: tem por objetivo atender a finalidades
específicas previstas em lei. O prazo de emissão do CFT é definido no momento de seu lançamento.
A taxa de juro oferecida pelo título é definida também quando de sua emissão, sendo calculada
sobre o valor nominal atualizado. Há diversas séries emitidas do título, diferenciando-se
basicamente pelo rendimento oferecido.

OC14. Apresentação do Direito Financeiro – Parte III


17. Economia/ Finanças/ Bancos

A) Banco do Brasil (BB)

O Banco do Brasil é uma sociedade anônima de capital misto, cujo controle acionário
é exercido pela União. Até 1986, a instituição era considerada uma autoridade monetária, atuando
na emissão de moeda no país por meio do acesso direto à conta movimento do tesouro nacional. Por
decisão do Conselho Monetário Nacional, esse privilégio do Banco do Brasil foi revogado,
conservando ainda a função de principal agente financeiro do Governo Federal.
B) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma empresa pública que está
atualmente vinculada ao Ministério do Planejamento. Constitui-se no principal instrumento, de
médio e longo prazos, de execução da política de financiamento do Governo Federal.
O ​objetivo principal do BNDES é o de reequipar e fomentar, por meio de várias linhas de
crédito voltadas para os setores industrial e social, as empresas consideradas de interesse ao
desenvolvimento do país.
Portanto, o Sistema BNDES conta principalmente com recursos provenientes do PIS –
Programa de Integração Social, PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
Público​, dotações orçamentárias da União, recursos captados no exterior, e recursos próprios
provenientes do retorno das várias aplicações efetuadas.

C) Caixa Econômica Federal – CEF

Tanto a Caixa Econômica Federal como as demais caixas econômicas são instituições
financeiras públicas que atuam de forma autônoma e apresentam um objetivo claramente social. São
classificadas como órgãos auxiliares do Governo Federal na execução de sua política creditícia.
A ​CEF executa, ainda, atividades características de bancos comerciais e múltiplos, como
recebimentos de depósitos a vista e a prazo, cadernetas de poupança, concessões de empréstimos a
financiamentos em consonância com as políticas governamentais, adiantamentos a governos com
garantia na arrecadação futura de impostos, empréstimos sob consignação a funcionários de
empresas com desconto em folha de pagamento. Pode também executar operações de arrendamento
mercantil e promover o crédito direto ao consumidor, por meio do financiamento de bens duráveis.

A Caixa Econômica Federal constitui-se, com base em sua função social, no principal
agente do SFH – Sistema Financeiro de Habitação -, atuando no financiamento da casa própria,
principalmente no segmento de baixa renda.

O Sistema Financeiro de Habitação foi criado em 1964 com o intuito de desenvolver o


segmento de construção civil no país e promover, ao mesmo tempo, as melhores condições para a
aquisição da casa própria. O órgão executivo e fiscalizador desse sistema, o BNH – Banco Nacional
de Habitação -, foi extinto, sendo incorporado pela CEF. Os recursos previstos para o SFH são
originados, principalmente, do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -, cadernetas de
poupança e de fundos próprios dos agentes financeiros.
A CEF tem alternado diversos programas de financiamento à aquisição ou construção da
casa própria ao longo do tempo, procurando melhor viabilizar o acesso da população mais pobre à
moradia.

Seus estatutos prevêm outros objetivos à Caixa Econômica Federal,​ tais como:

- administrar, com exclusividade, os serviços das loterias federais;


- constituir-se no principal arrecadador do FGTS e
- ter o monopólio das operações de penhor.

OC15. Direito e Finanças Internacional

17. Noções sobre Finanças Públicas


Os agentes econômicos​ que fazem parte de uma economia são:

Famílias – o início de tudo;


Empresas – o agente que produz aquilo que as famílias ou a sociedade necessita;
Governo – é o agente econômico que, em nosso nome, se incumbe de prestar serviços
essenciais à sociedade, os quais não há interesse dos outros agentes em prestá-los.

Portanto, cada um dos agentes econômicos participa de uma determinada função da


atividade econômica:

Função do Estado e incumbências dentro do sistema econômico


Portanto, cabe ao Estado, em nome do povo, garantir o funcionamento harmônico da
economia, com o apoio do Legislador e do Ministério Público.
O Estado, portanto, recolhe impostos para atender as necessidades públicas, ou seja, tudo
aquilo que é incumbência do Estado, por decisão política, é respaldada por normas jurídicas.
Exemplos de serviços públicos:
▪ Educação
▪ Infraestrutura
▪ Segurança
▪ Intervenções na Economia
▪ Exploração de atividades econômicas (quando não há interesse da iniciativa ​privada –
energia, transportes, navegação, etc.

18. Direito Internacional

18.1 Comércio Internacional

As transações entre os diferentes países não se limitam ao intercâmbio de Mercadorias; os serviços


(entre os quais o turismo) e o capital também são objeto de comércio entre países. A teoria
econômica defende que os países tenderão a especializar-se na produção daqueles bens nos quais
tenham certa vantagem em relação aos demais.

18.2 O Comércio entre países: fatores explicativos

O comércio internacional consiste no intercâmbio de bens, serviços e capitais entre os


diferentes países.
Historicamente, os países têm mantido relações comerciais, fundamentalmente porque não
poderiam produzir todos os bens de que necessitam:
Em determinados países não há matérias-primas para sua produção. Assim, se um país não tivesse
minério de ferro para fabricar armas, ele teria de comprar esse mineral de outros países produtores.
Certos países não possuem o conhecimento (Know-how) suficiente para produzir
determinados bens. Assim, por exemplo, na Antiguidade, todos os países compravam a seda
da China, já que não sabiam fabricá-la.

18.3 O Comércio Exterior ou Internacional na Atualidade

Atualmente​, ​todos os países importam muitas mercadorias, bens e serviços que poderiam ser
produzidos por eles mesmos. ​A justificativa para esses intercâmbios internacionais baseia-se
fundamentalmente no fato de que todas as nações possuem recursos e capacidades
tecnológicas muito diferentes. Essas diferenças podem ser resumidas nos seguintes pontos: a)
Condições climatológicas; b) Riqueza mineral; c) Tecnologia; d) Quantidade disponível de mão de
obra; e) Quantidade disponível de capital; e f) Quantidade disponível de terra cultivável.

Esses pontos, são os fatores que condicionam a produção nos diferentes países e que lhes
propiciam a tendência para especializarem-se, isto é, produzirem os bens para os quais estão
mais bem dotados, de forma a terem um custo menor de produção.
- O comércio exterior ou internacional facilita a especialização, ao permitir que cada país
possa colocar no resto do mundo os excedentes dos produtos em que se especializou.

18.4 Fundamentos do Comércio Exterior: A Teoria das Vantagens Comparativas

Os economistas clássicos forneceram a explicação teórica básica para o comércio internacional por
meio do chamado ​“princípio das vantagens comparativas”.

A Teoria das Vantagens Comparativas, formulada por David Ricardo em 1817, sugere que
cada país deva especializar-se na produção daquela mercadoria em que é relativamente mais
eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor). Essa será, portanto, a mercadoria a
ser exportada. Por outro lado, esse mesmo país deverá importar aqueles bens, cuja produção
implicar um custo relativamente maior (sendo relativamente menos eficiente). Desse modo,
explica-se a especialização dos países na produção de bens diferentes, com base na qual se
concretiza o processo de troca entre eles.

Por fim, a teoria desenvolvida por Ricardo fornece uma explicação para os movimentos de
mercadorias no comércio internacional, que está no lado da oferta ou dos custos de produção
existentes nesses países. Logo, os países exportarão e se especializarão na produção dos bens cujo
custo for comparativamente menor em relação àqueles existentes, para os mesmos bens, nos demais
países exportadores.

18.5 As Limitações à Completa Especialização Internacional

Na vida real, raramente acontece uma especialização absoluta de um país na produção de uns
poucos bens, isso se deve às seguintes razões:

A) Mesmo que um país produza um bem a um custo relativamente mais baixo que outros
países – isto é, que tenha vantagem comparativa -, é possível que ele não possa obter os ganhos
derivados do comércio internacional se os custos de transporte ultrapassam as vantagens e os
custos de produção.

B) Quando se destaca a vantagem comparativa de um país na produção de certos bens e se


defende a completa especialização, supõe-se que os custos médios de produção serão mantidos
constantes quando a produção aumentar.

C) Teoria da Vantagem Comparativa supõe que os fatores de produção são completamente


móveis. Aceita-se, por exemplo, que não aparecerão problemas para transferir recursos de produção
de computadores para a de sapatos no Brasil, e o inverso nos Estados Unidos. Na prática não se
pode alterar o tipo de produção sem grandes dificuldades.
D) Para que as implicações derivadas da Teoria da Vantagem Comparativa sejam fatos reais, seria
necessário que ambos os países facilitassem o livre comércio. No mundo real, as barreiras e os
obstáculos ao livre comércio são muito frequentes.

18.6 As Principais Medidas Intervencionistas

Baseando-se nos argumentos assinalados, existem diversos tipos de intervenções que podem ser
resumidos nos seguintes pontos:

A) Impostos de importação ou tarifas aduaneiras​. Uma tarifa aduaneira ou imposto de


importação é um pagamento que as autoridades econômicas exigem para a importação de produtos
de outros países, com o objetivo de elevar o seu preço de venda no mercado interno, e assim
“proteger” os produtos nacionais para que não sofram a concorrência de bens mais baratos.
Assim, por exemplo, os países da Comunidade Econômica Européia (CEE) estabelecem altas tarifas
para produtos agrícolas provenientes de países que não da Comunidade; outro exemplo são os
impostos de importação sobre automóveis e computadores no Brasil.

B) Contingenciamento ou quotas à importação​. Sem prejuízo da medida anterior, às vezes, os


governos impõem contingenciamento ou restrições para determinados bens estrangeiros, isto é,
limitam a quantidade que se pode importar desses bens, qualquer que seja seu preço. Por exemplo,
os países europeus estabelecem limites quantitativos à importação de automóveis japoneses.

C) Subsídios à exportação​. O subsídio à exportação é uma ajuda ao fabricante nacional de


determinados bens para que possa exportá-los a preços menores e mais competitivos.

As tarifas e os subsídios alteram as vantagens comparativas dos diferentes países e seu efeito é
reduzir o comércio (no caso de tarifas) ou aumentá-lo (no caso de subsídios) de forma
artificial.

18.7​ Discussão sobre Relações com o Exterior

A) Comércio Internacional

As transações entre os diferentes países não se limitam ao intercâmbio de Mercadorias; os serviços


(entre os quais o turismo) e o capital também são objeto de comércio entre países. A teoria
econômica defende que os países tenderão a especializar-se na produção daqueles bens nos quais
tenham certa vantagem em relação aos demais.

B) O Comércio entre países: fatores explicativos

O comércio internacional consiste no intercâmbio de bens, serviços e capitais entre os


diferentes países.
Historicamente, os países têm mantido relações comerciais, fundamentalmente porque não
poderiam produzir todos os bens de que necessitam:
Em determinados países não há matérias-primas para sua produção. Assim, se um país não tivesse
minério de ferro para fabricar armas, ele teria de comprar esse mineral de outros países produtores.
Certos países não possuem o conhecimento (Know-how) suficiente para produzir
determinados bens. Assim, por exemplo, na Antiguidade, todos os países compravam a seda
da China, já que não sabiam fabricá-la.

C) O Comércio Internacional na Atualidade

Atualmente​, ​todos os países importam muitas mercadorias, bens e serviços que poderiam ser
produzidos por eles mesmos. A justificativa para esses intercâmbios internacionais baseia-se
fundamentalmente no fato de que todas as nações possuem recursos e capacidades tecnológicas
muito diferentes. Essas diferenças podem ser resumidas nos seguintes pontos: a) Condições
climatológicas; b) Riqueza mineral; c) Tecnologia; d) Quantidade disponível de mãodeobra; e)
Quantidade disponível de capital; e f) Quantidade disponível de terra cultivável.

Esses pontos, são os fatores que condicionam a produção nos diferentes países e que lhes propiciam
a tendência para especializarem-se, isto é, produzirem os bens para os quais estão mais bem
dotados, de forma a terem um custo menor de produção.

- O comércio internacional facilita a especialização, ao permitir que cada país possa colocar
no resto do mundo os excedentes dos produtos em que se especializou.

D) Obstáculos ao Livre Comércio entre Países

Apesar das vantagens do livre comércio entre países, existe uma série de fatos que aconselha, ou
justifica, em certos casos, certo grau de intervencionismo,ou protecionismo, para limitar a entrada
de determinados produtos no país. Na literatura econômica, esse tipo de disposição é denominado
medidas protecionistas. Os argumentos empregados para justificar o estabelecimento dessas
medidas são os seguintes:
a)​ Proteger uma indústria considerada estratégica para a segurança nacional. Este seria o caso das
indústrias relacionadas à defesa. Fomentar a industrialização e a criação de empregos mediante um
processo de substituição de importações por produtos fabricados no próprio país.

b)​ Tornar possível o desenvolvimento das “indústrias nascentes”, isto é, novas indústrias que não
poderiam competir com as de outros países onde essas indústrias já estão desenvolvidas.

c)​ Procurar combater os déficits que se apresentam entre as exportações e as importações.

18.8 Outros Obstáculos ao Livre Comércio

Além das tarifas e das quotas, existem outras formas sutis de colocar obstáculos ao livre comércio,
tais como: ​o estabelecimento de procedimentos aduaneiros complexos e custosos, e o recurso a
normas administrativas de qualidade e sanitárias muito estritas, que, genericamente, são
chamadas barreiras não-tarifárias.
As barreiras não-tarifárias são regulamentações administrativas que discriminam os produtos
estrangeiros e favorecem os nacionais.

É frequente os países mais desenvolvidos estabelecerem regulamentações sanitárias e de


defesa do consumidor muito mais minuciosas para os produtos estrangeiros do que para os
nacionais.

18.9 Taxa de Câmbio

A) O Comércio Internacional e o Mercado de Divisas

A principal diferença entre o comércio nacional e o internacional deve-se a que, dentro de um


país, o intercâmbio se realiza com a mesma moeda, enquanto no comércio internacional cada
país tem sua própria moeda​. A heterogeneidade de moedas dos diferentes países torna mais
complexa as relações econômicas internacionais, pois surge o problema da troca entre eles.

Uma empresa que oferece bens e serviços a outros países requererá que se lhe pague na moeda de
seu próprio país. Assim, uma empresa brasileira que vende seus produtos nos Estados Unidos
desejará ser paga em reais, enquanto uma empresa norte-americana que vende ao Brasil pedirá o
pagamento em dólares. Consequentemente, os compradores nos mercados internacionais necessitam
obter moedas dos países dos quais compradores nos mercados internacionais necessitam obter
moedas dos países dos quais desejam comprar bens e serviços. Portanto, um sistema desenvolvido
de comércio internacional somente pode funcionar se existe um mercado onde uma moeda pode ser
trocada por outra. Esse é o papel atribuído ao mercado de divisas ou de câmbios.

Os mercados de divisas são os mercados nos quais se compram e vendem as moedas dos
diferentes países.

Nesse mercado faz-se a troca da moeda nacional pelas moedas dos países com os quais se mantêm
relações econômicas, originando um conjunto de ofertas e demandas de moeda nacional em troca de
moedas estrangeiras. Portanto,

A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expressa em outra​. ​A taxa de câmbio se expressa
como o número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira, ou seja, é a
conversão entre o valor da moeda nacional (do país onde a pessoa reside) com o valor da
moeda estrangeira (moeda de outro país).

Como todo preço, a taxa de câmbio é determinada pela oferta e pela demanda, no caso, de divisas.
Desse modo, associaremos as divisas ao dólar norte-americano. Assim temos:

A ​oferta de divisas depende do volume de exportações e da entrada de turistas e capitais externos


(agentes que querem trocar dólares por reais).
A ​demanda de divisas ​(agentes que querem trocar reais por dólares) depende do volume das
importações e da saída de turistas e capitais externos (amortizações de empréstimos, remessa de
lucros, pagamento de juros etc.).

A valorização cambial é definida como sendo o aumento do poder de compra da moeda


nacional, perante outras moedas (por exemplo, um real compra mais dólares). ​Como a taxa de
câmbio é definida como o preço da moeda estrangeira, segue-se que uma valorização cambial
corresponde a uma queda na taxa de câmbio.

A desvalorização cambial representa uma perda do poder de compra da moeda nacional, o


que corresponde a um aumento da taxa de câmbio (no preço do dólar, por exemplo).

19. Regimes Cambiais: Taxas de Câmbio Fixas e Taxas de Câmbio Flexíveis ou


Flutuantes

Ao se analisar o mercado de divisas, cabe perguntar como são determinadas as taxas de câmbio.
Nesse sentido, uma análise prévia é o fato de conhecer o papel que o banco central tem no mercado
de divisas.

Um sistema de taxas de câmbio é um conjunto de regras que descrevem o papel do banco


central no mercado de divisas.

Desse ponto de vista, identificam-se dois sistemas opostos de taxas de câmbio: os sistemas de
taxas fixas e o sistema de taxa de câmbio livre ou flexível.

As taxas de câmbio totalmente flexíveis são determinadas sem a intervenção do banco central.
As taxas de câmbio fixas são determinadas rigidamente pelo banco central.
Na vida real, os sistemas de taxas de câmbio raramente se encontram em um dos doisextremos
citados​. Deve-se levar em conta que a taxa de câmbio é o preço-chave que relaciona uma economia
com o resto do mundo.

A) Os Sistemas de Taxas de Câmbio Fixas:

O Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio, e compromete-se a comprar divisas à taxa
fixada. O que se ajusta é a oferta e a demanda de divisas, ao valor fixado. Portanto, no sistema de
câmbio fixo, a taxa de câmbio cai ligada a uma determinada mercadoria (historicamente o ouro) ou
a uma determinada moeda.

Portanto, mantendo a taxa de câmbio, elimina-se o desequilíbrio nas relações internacionais. Para
isso, só se exigia que as importações e as exportações fossem sensíveis às variações dos preços e
que o banco central estivesse disposto a aumentar ou diminuir a quantidade de dinheiro, quando a
quantidade de ouro aumentasse ou diminuísse.
B) Os Sistemas de Taxa de Câmbio Flexíveis ou Flutuantes

Para analisar as taxas de câmbio flexíveis devemos estudar o funcionamento do mercado livre da
taxa de câmbio.

- Em um mercado livre, a taxa de câmbio será determinada pelas forças da oferta e da


demanda. Nessas circunstâncias, diz-se que a taxa de câmbio é flexível ou flutuante.

- As exportações nacionais, os turistas estrangeiros e os investidores do resto do mundo geram


divisas e constituem a fonte de oferta de divisas (dólares).

- Os importadores nacionais, os turistas nacionais que vão ao exterior e osinvestidores


brasileiros no resto do mundo têm de obter moeda estrangeira para pagar suas faturas em
outros países, o que constitui a demanda de divisas (dólares).

Posto isto, no mercado de divisas, a demanda de dólares, derivada das importações nacionais e dos
investimentos brasileiros no exterior, e a oferta de dólares procedentes das exportações brasileiras e
dos investimentos estrangeiros no Brasil determinam, conjuntamente, a taxa de câmbio.

C) As Características do Sistema Cambial Atual

No sistema de câmbio flexível, são as variações das taxas de câmbio que promovem os ajustes
internacionais. Com as taxas de câmbio flexíveis, os ajustes podem produzir-se gradualmente, sem
ocasionar crises de confiança e com menos probabilidades de ocorrerem movimentos especulativos.
Sob um sistema de taxas de Câmbio flexível, as taxas podem apresentar uma elevada variabilidade,
o que tende a elevar a incerteza.

As opções criadas pelas autoridades econômicas para combater a variabilidade da taxa de


câmbio podem-se resumir em três pontos: coordenar as políticas macroeconômicas, intervir
no mercado de câmbio, e recorrer à formação de blocos monetários, da mesma forma como o
que a maioria dos países integrados na Comunidade Econômica Europeia realizou.
No Brasil, atualmente, temos um sistema de câmbio flutuante, ​no qual a atuação do banco
central tem muita importância, uma vez que ele só permite oscilações dentro de uma banda
predeterminada.
Por fim, o quadro abaixo, resume as diferenças existentes entre os dois tipos principais de
regimes cambiais​.

CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLEXÍVEL


FLUTUANTE​)

Banco central fixa a taxa de O mercado (oferta e


câmbio. demanda de divisas)
determina a taxa de
CARACTERÍSTICAS Banco central é obrigado a câmbio.
disponibilizar as reservas Banco Central não é
cambiais. obrigado a disponibilizar
as Reservas cambiais.

Política monetária mais


Maior controle da inflação. independente do câmbio.
(custo das importações) Reservas cambiais mais
VANTAGENS protegidas de ataques
especulativos.

Reservas cambiais A taxa de câmbio fica


vulneráveis a ataques muito dependente da
especulativos. volatibilidade do mercado
financeiro nacional e
DESVANTAGENS internacional.

A política monetária (taxa de Maior dificuldade de


juros) fica dependente do controle das pressões
volume de reservas cambiais. inflacionárias, devido às
desvalorizações cambiais.

19. Ordem Jurídico-econômica Internacional

19.1 A ​Organização Mundial do Comércio (OMC)

É uma ​organização internacional que trata das regras sobre o comércio entre as nações. Os
membros da OMC negociam e assinam acordos que depois são ratificados pelo parlamento de cada
nação e passam a regular o comércio internacional. A OMC possui 153 membros e sua sede fica em
Genebra na ​Suíça​.

A OMC foi criada em 1994 durante a Conferência de Marrakech, ao termo das complexas
negociações da Rodada Uruguai. O surgimento da OMC veio coroar a montagem da arquitetura
mundial da nova ordem internacional, que começara a ser delineada no fim da Segunda Guerra
Mundial, com a criação do FMI, do Banco Mundial e das Nações Unidas, todas instituições
surgidas de Bretton Woods. A OMC entrou em funcionamento em 1º de Janeiro de 1995.

19.2 Fundo Monetário Internacional (FMI)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma ​organização internacional que pretende


assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro mundial pelo monitoramento das taxas de
câmbio e da ​balança de pagamentos​, através de assistência técnica e financeira. Sua sede é em
Washington, DC​ (Distrito de Colúmbia), ​Estados Unidos da América​.

O FMI foi criado em ​1945 e tem como objetivo básico zelar pela estabilidade do sistema
monetário internacional, notadamente através da promoção da cooperação e da consulta em
assuntos monetários entre os seus 184 países membros. Com exceção de ​Coreia do Norte​, ​Cuba​,
Liechtenstein​, ​Andorra​, ​Mônaco​, ​Tuvalu e ​Nauru​, todos os membros da ​ONU fazem parte do FMI.
Juntamente com o ​BIRD​, o FMI emergiu das ​Conferências de Bretton Woods (em 1944) como um
dos pilares da ordem econômica internacional do pós-Guerra.

O FMI objetiva evitar que desequilíbrios nos ​balanços de pagamentos e nos sistemas
cambiais dos países membros possam prejudicar a expansão do comércio e dos fluxos de capitais
internacionais. O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos países
membros e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar desequilíbrios no balanço de
pagamentos. Além disso, o FMI planeja e monitora programas de ajustes estruturais e oferece
assistência técnica e treinamento para os países membros.

Dessa forma, ​o objetivo do FMI é estimular à cooperação internacional, facilitar a


expansão e o crescimento equilibrado do comércio mundial, promover a estabilidade cambial
e colaborar para o estabelecimento de um sistema de pagamentos internacionais e para a
eliminação de restrições cambiais, assim como tornar o Fundo mais conhecido (ou temido).

Portanto, o FMI teria a função básica de fornecer recursos financeiros, tal como um
banqueiro de última instância, para aqueles países que apresentassem déficits nas contas externas,
decorrentes de conjunturas internacionais adversas.

Posto isto, o FMI se auto-proclama, mesmo diante de várias críticas em relação à sua
atuação, como uma organização de 184 países, trabalhando por uma cooperação monetária global,
assegurar estabilidade financeira, facilitar o comércio internacional, promover altos níveis de
emprego e desenvolvimento econômico sustentável, além de reduzir a pobreza.

19.3 Banco Mundial


Banco Mundial é uma agência do sistema das ​Nações Unidas​, fundada a ​1º de Julho de ​1944
por uma conferência de representantes de 44 governos em ​Bretton Woods​, ​New Hampshire​, ​EUA​, e
que tinha como missão inicial financiar a reconstrução dos países devastados durante a ​Segunda
Guerra Mundial​.
Atualmente, sua missão principal é a luta contra a ​pobreza através de financiamento e
empréstimos aos países em desenvolvimento. Seu funcionamento é garantido por quotizações
definidas e reguladas pelos países membros. É composto por 184 países membros. Sede:
Washington DC​, ​EUA​.

19.4 Banco Mundial (Composição)

Deve-se saber distinguir o Banco Mundial do Grupo Banco Mundial. ​O Banco Mundial
propriamente dito é composto pelo Banco Internacional para a Reconstrução e o
Desenvolvimento (BIRD) e pela Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)​; sendo
que, o BIRD concede empréstimos e assistência para desenvolvimento a países de rendas médias,
enquanto que a AID atua predominantemente nos países pobres, aos quais proporciona empréstimos
sem juros e oferece outros serviços. Portanto, essas são duas das cinco instituições que compõem o
Grupo Banco Mundial. Assim, o Grupo Banco Mundial é composto por cinco instituições que estão
estreitamente relacionadas e funcionam sob uma única presidência. As cinco Instituições são:

BIRD - ​Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento

O BIRD proporciona empréstimos e assistência para o desenvolvimento a países de rendas


médias com bons antecedentes de crédito. O poder de voto de cada país-membro está vinculado às
suas subscrições de capital, que por sua vez estão baseadas no poder econômico relativo de cada
país. O BIRD levanta grande parte dos seus fundos através da venda de títulos nos mercados
internacionais de capital. Juntos, o BIRD e a AID formam o Banco Mundial.

AID - ​Associação Internacional de Desenvolvimento

Desempenha um papel importante na missão do Banco que é a redução da pobreza. A


assistência da AID concentra-se nos países mais pobres, aos quais proporciona empréstimos sem
juros e outros serviços. A AID depende das contribuições dos seus países membros mais ricos -
inclusive alguns países em desenvolvimento - para levantar a maior parte dos seus recursos
financeiros.

IFC- ​Corporação Financeira Internacional

A IFC promove o crescimento no mundo em desenvolvimento mediante o financiamento de


investimentos do setor privado e a prestação de assistência técnica e de assessoramento aos
governos e empresas. Em parceria com investidores privados, a IFC proporciona tanto empréstimos
quanto participação acionária em negócios nos países em desenvolvimento.

AMGI - ​Agência Multilateral de Garantia de Investimentos

AMGI ajuda a estimular investimentos estrangeiros nos países em desenvolvimento por


meio de garantias a investidores estrangeiros contra prejuízos causados por riscos não comerciais. A
AMGI também proporciona assistência técnica para ajudar os países a divulgarem informações
sobre oportunidades de investimento.
CIADI - ​Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos

O CIADI proporciona instalações para a resolução- mediante conciliação ou arbitragem - de


disputas referentes a investimentos entre investidores estrangeiros e os seus países anfitriões.

Poder de voto no BM
País Porcentagem
Estados Unidos 16,39 %
Japão 7,86 %
Alemanha 4,49 %
França 4,30 %
Reino Unido 4,30 %
Outros 62,66 %

19.5 Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) foi fundado em 1959 como instituição


de desenvolvimento com mandatos e instrumentos inovadores.

O BID é a principal fonte de financiamento multilateral para projetos de desenvolvimento


econômico, social e institucional na América Latina e no Caribe. Contam-se entre eles programas
de reforma setorial e de política e apoio ao investimento público e privado.
O Banco provê empréstimos e assistência técnica, utilizando capital fornecido por seus
países-membros, bem como recursos obtidos nos mercados mundiais de capital mediante emissão
de obrigações. O Banco também participa de um número importante de acordos de
co-financiamento com outras organizações multilaterais, bilaterais e privadas.

As operações do BID são governadas pelas políticas que são comuns às atividades de
financiamento em todos os campos, e pelas políticas setoriais, que dão orientação em campos de
atividade específicos. O banco também tem uma política de aquisições e uma política de divulgação
de informações.
O Banco obtém seus recursos financeiros por meio de seus países-membros, empréstimos
nos mercados financeiros, fundos que ele ministra e do pagamento de empréstimos. Ele usa estes
recursos para financiar empréstimos, subvenções, garantias e investimentos para projetos de
desenvolvimento na América Latina e no Caribe.

19.6 Investidores internacionais

Com o fenômeno da globalização dos mercados financeiros, os mercados de capitais, para


acompanharem esse novo ciclo de desenvolvimento, tiveram que se reformular e como resultado
tivemos a redução dos entraves à entrada do capital estrangeiro. Com isso, o investidor estrangeiro
passou a ter papel importante para o desenvolvimento de um país.

Os investidores estrangeiros continuamente deixam de aplicar em seus mercados locais e


passam a investir em mercados internacionais, em busca de maiores lucros; menor risco; ou menor
volatilidade por meio de diversificação.

O capital estrangeiro pode ser considerado como um capital volátil e sensível à conjuntura
internacional.

Assim, os investimentos em mercados internacionais geralmente são feitos com:


- investimento direto em ações destes mercados;
- investimentos indiretos, mediante aquisição de empresas com registros em bolsas de outros países;
- fundos mútuos abertos e fechados, fundos fiduciários ou companhias de investimento; recibos de
depósito de ações (DRs).

A entrada de investidores internacionais numa economia pode trazer efeitos positivos e


negativos; entre eles, destacamos:

Efeitos positivos:
- melhora na imagem internacional do país; com entrada de divisas, o governo pode financiar seu
déficit por prazos maiores e com taxas de juros menores.

Efeitos negativos:
- um incremento descontrolado do fluxo de divisas pode causar desequilíbrio nas contas do país;
- o país tem dificuldades para controlar uma fuga de capitais numa eventual crise financeira
internacional.
 
20. Globalização

Pode ser entendida como o processo pelo qual há uma maior interdependência de
países, devido a intensificação das trocas comerciais e da circulação dos fluxos de capitais,
serviços e pessoas. Entende-se ainda por Globalização o processo pelo qual são criadas as
condições, materiais e econômicas, para a mundialização do espaço de fluxo de capitais e
mercadorias.

Dessa forma, a globalização seria um processo que desemboca numa única sociedade
planetária, de indivíduos que se identificam uns com os outros, falam a mesma língua, professam as
mesmas crenças.

Assim, a globalização não é um fenômeno recente, pois trata-se de um processo que vem
ocorrendo desde que as nações europeias se lançaram ao mar em fins do século XV, iniciando as
Grandes Navegações e integrando ao espaço econômico europeu regiões até então isoladas e
encurtando as distâncias em relação a outras.

Caracteriza-se também pela maior liberalização do comércio mundial a partir da


proposta de se eliminar ou diminuir as barreiras alfandegárias ou qualquer outra forma de
protecionismo, a fim de impulsionar a circulação de mercadorias, capitais, pessoas e serviços,
como se o mundo fosse um único país.

Além disso, com a ação das grandes corporações transnacionais, há uma tendência à união
de grandes empresas para melhor competir no mercado. As multinacionais procuram o ponto ótimo
da produção, ou seja: um produto tem seus componentes feitos nas mais diversas partes do mundo e
depois são reunidos para a montagem.

Portanto, trata-se de um movimento que está em marcha desde que as navegações europeias
do Século XVI e XVII romperam o isolamento das histórias regionais. ​A Globalização é de fato
uma maior interdependência dos países em nível planetário e na prática propõe, dentre outras
questões, o mesmo que é proposto pelos blocos regionais, ou seja, a eliminação de barreiras
alfandegárias​.

Posto isso, a ​expressão ​"globalização" tem sido utilizada mais recentemente num sentido
marcadamente ideológico, no qual assiste-se no mundo inteiro a um processo de integração
econômica sob a égide do neoliberalismo, caracterizado pelo predomínio dos interesses financeiros,
pela desregulamentação dos mercados, pelas privatizações das empresas estatais, e pelo abandono
do estado de bem-estar social. ​Esta é uma das razões dos críticos acusarem-na, a globalização,
de ser responsável pela intensificação da exclusão social (com o aumento do número de pobres
e de desempregados) e de provocar crises econômicas sucessivas, arruinando milhares de
poupadores e de pequenos empreendimentos.

Podemos dizer assim que é um processo econômico e social que estabelece uma integração
entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas os governos e as
empresas trocam ideias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais
pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está
relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas,
facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente.
Desse modo, ​a globalização pode ser definida pelas seguintes etapas​: primeira fase da
globalização, ou primeira globalização, dominada pela expansão mercantilista (de 1450 a 1850) da
economia-mundo europeia, a segunda fase, ou segunda globalização, que vai de 1850 a 1950,
caracterizada pelo expansionismo industrial-imperialista e colonialista e, por última, a globalização
propriamente dita, ou globalização recente, acelerada a partir do colapso da URSS e a queda do
muro de Berlim, de 1989 até o presente.

É um fenômeno irreversível, implacável, que veio para ficar e contra o qual não adianta
lutar. Seus efeitos imediatos são predatórios. Mas, ao mesmo tempo, a ​globalização é capaz de
levar aos países e as pessoas benefícios ainda não totalmente dimensionados, como o acesso a uma
miríade de informações e a produtos das regiões mais distantes da Terra. No processo de
globalização, os países começaram a perceber que as negociações comerciais se tornariam mais
eficientes se houvesse uma aproximação setorial de suas economias. Dessa forma, iniciou-se a
formação de grupos de países, nos princípios regionais (devido à proximidade de suas fronteiras),
originando-se, assim, os atuais blocos econômicos mundiais.

A grande tendência atual da globalização da economia reflete-se, principalmente,


numa tentativa de liberalização de barreiras alfandegárias e fiscais ao comércio internacional​.
No final dos anos 80 e início dos 90, assiste-se a um grande processo de liberalização comercial,
especialmente dos países em desenvolvimento, ​com o crescimento dos acordos e dos mecanismos
de integração regional, tendo como principais exemplos o ​fortalecimento da Comunidade
Econômica Europeia (CEE), a criação do NAFTA na América do Norte, a Área de Livre
Comércio Asiática e o Mercosul. Essa liberalização surge em função do próprio acirramento da
concorrência internacional. Estes acordos regionais são formalizados pela necessidade de ampliação
do espaço econômico das empresas a fim de viabilizar a operação e a continuidade das inovações,
constituindo-se em um processo intermediário dentro da tendência de globalização. ​Os blocos não
são unidades fechadas e interagem entre si mantendo relações comerciais interblocos, como
no acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia.
Por fim, imagine-se que a Globalização​, seguindo o seu curso natural, irá enfraquecer cada
vez mais os estados nacionais surgidos há cinco séculos atrás, ou dar-lhes novas formas e funções,
fazendo com que novas instituições supra-nacionais gradativamente os substituíam. Com a
formação dos mercados regionais ou intercontinentais, e com a consequente interdependência entre
eles, assentam-se as bases para os futuros governos transnacionais que, provavelmente, servirão
como unidades federativas de uma administração mundial a ser construída. É um fenômeno
econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo.
Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideias, realizam
transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do
planeta​. Assim, o conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a
criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as
relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente.

Pode ser entendida como o processo pelo qual há uma maior interdependência de
países, devido a intensificação das trocas comerciais e da circulação dos fluxos de capitais,
serviços e pessoas. Entende-se ainda por Globalização o processo pelo qual são criadas as
condições, materiais e econômicas, para a mundialização do espaço de fluxo de capitais e
mercadorias.

Dessa forma, a globalização seria um processo que desemboca numa única sociedade
planetária, de indivíduos que se identificam uns com os outros, falam a mesma língua, professam as
mesmas crenças.

Assim, a globalização não é um fenômeno recente, pois trata-se de um processo que vem
ocorrendo desde que as nações europeias se lançaram ao mar em fins do século XV, iniciando as
Grandes Navegações e integrando ao espaço econômico europeu regiões até então isoladas e
encurtando as distâncias em relação a outras.

Caracteriza-se também pela maior liberalização do comércio mundial a partir da proposta de


se eliminar ou diminuir as barreiras alfandegárias ou qualquer outra forma de protecionismo, a fim
de impulsionar a circulação de mercadorias, capitais, pessoas e serviços, como se o mundo fosse um
único país.

Além disso, com a ação das grandes corporações transnacionais, há uma tendência à união
de grandes empresas para melhor competir no mercado. As multinacionais procuram o ponto ótimo
da produção, ou seja: um produto tem seus componentes feitos nas mais diversas partes do mundo e
depois são reunidos para a montagem.

Portanto, trata-se de um movimento que está em marcha desde que as navegações europeias
do Século XVI e XVII romperam o isolamento das histórias regionais. ​A Globalização é de fato
uma maior interdependência dos países em nível planetário e na prática propõe, dentre outras
questões, o mesmo que é proposto pelos blocos regionais, ou seja, a eliminação de barreiras
alfandegárias​.

20.1 ASPECTOS POSITIVOS DA GLOBALIZAÇÃO

Os principais aspectos positivos relativos à globalização estão relacionados aos seguintes


pontos:

- Maior disponibilidade de poupança, condição necessária para a elevação da taxa de


crescimento econômico;
- Elevação do intercâmbio comercial entre os países;
- Maior eficiência nos investimentos, direcionando os recursos existentes para as
oportunidades mais produtivas;
- Disponibilidade de instrumentos para melhor gerenciamento de riscos financeiros, por
parte de governos e empresas;
- Maior facilidade de financiamento de déficits fiscais, já que os governos deixam de
depender apenas dos mercados domésticos.
No caso brasileiro, a abertura comercial iniciada em 1990 foi ponto fundamental no combate
à inflação e para a modernização da economia. Com a entrada de produtos importados, o
consumidor foi beneficiado: Atualmente, pode-se contar com produtos importados mais baratos e
de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou também a disponibilidade de produtos nacionais
com preços menores e mais qualidade. É o que vemos em vários setores, como eletrodomésticos,
carros, roupas, cosméticos e em serviços, como lavanderias, locadoras de vídeo e restaurantes. A
opção de escolha que temos hoje é muito maior.

20.2 ASPECTOS NEGATIVOS DA GLOBALIZAÇÃO

O números de problemas encarados pelos países em desenvolvimento, devido à súbita


exposição às tentações e rigores de um mercado financeiro globalizado, aumenta cada vez mais, em
virtude da rapidez com que suas conseqüências podem ser sentidas. Cabe mencionar, a princípio, os
efeitos cambiais e monetários.

Quando se fala em globalização, tende-se a destacar os aspectos da produção de riquezas e


do consumo. Isso é apenas o primeiro resultado da mudança. A globalização econômica, por outro
lado, está comprometendo os empregos também em escala global e num ritmo igualmente veloz.

A política de abertura adotada pelos países periféricos e endividados revela os efeitos


perversos dessa liberalização, que deixa suas seqüelas sob forma de cortes impiedosos de postos de
trabalho, queda dos níveis salariais, perda da capacidade do Estado de levantar recursos, via tributos
e impostos, para atender as demandas cada vez mais urgentes não somente das massas, mas também
das classes médias angustiadas pelo desemprego, custo e baixa qualidade da educação, falta de
segurança e deterioração generalizada da qualidade de vida

O desaparecimento das fronteiras nacionais. Os governos não conseguem mais deter os


movimentos do capital internacional. Por isso, seu controle da política econômica interna está se
esgarçando.
Um outro perigo ao qual frequentemente, estamos sujeitos, é a súbita reversão de
expectativas do mercado na qual faz com que os países emergentes se defrontem com dificuldades e
vários problemas, como riscos de volatilidade cambial, de elevação de juros, de aumento do passivo
interno, e de vulnerabilidade a choques externos.

Outra preocupação está relacionada ao desemprego estrutural, já que a globalização não está
dissociada de desenvolvimento tecnológico, automatização e robotização da produção, fazendo com
que o trabalhador seja substituído em todo o mundo por máquinas.

Mesmo porque, a necessidade de modernização e de aumento da competitividade das


empresas produziu um efeito muito negativo, que foi o desemprego, conforme já salientado. Para
reduzir custos e poder baixar os preços, as empresas tiveram de aprender a produzir mais com
menos gente. Incorporaram novas tecnologias e máquinas. O trabalhador perdeu espaço e esse é um
dos grandes desafios que, não só o Brasil, mas algumas das principais economias do mundo têm
hoje pela frente: crescer o suficiente para absorver a mão de obra disponível no mercado, além
disso, houve o aumento da distância e da dependência tecnológica dos países periféricos em relação
aos desenvolvidos.

Assim, a questão que se coloca nesses tempos é como identificar e aproveitar as


oportunidades que estão surgindo de uma economia internacional cada vez mais integrada.

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