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3
Para além da população escolar, a demografia escolar pode e deve também interessar-
516 -se pela população dos docentes e dos quadros não docentes.
Demografia escolar e análise longitudinal
4
Os métodos de análise longitudinal da escolarização podem, tal como acontece na análise
dos fenómenos demográficos, ser transpostos para a análise transversal (ou conjuntural). Essa
transposição é legitimada pelo princípio da coorte fictícia. No entanto, a utilização da análise
transversal está sujeita a precauções, que se justificam em virtude de o objecto dessa análise
ser uma soma de diferentes coortes com histórias eventualmente muito diferentes (sobre estas
questões, v. M. Leston Bandeira, op. cit., pp. 161 a 164).
5
Entre o 7.º e o 12.º anos de escolaridade, estando excluídos os alunos escolarizados no
ensino superior, por falta de informação estatística relativa à idade destes alunos.
6
Esta coorte — que pode ser designada por promoção de 1993/94 —, se admitirmos a
hipótese de que todos os alunos entram para o ensino básico no ano em que perfazem 6 anos,
pertence à geração de 1981. A escolha da promoção de 1993/94 deve-se principalmente ao
facto de se tratar da coorte mais recente em relação à qual existe alguma informação 517
Mário Leston Bandeira
A TÁBUA DE ESCOLARIZAÇÃO
estatística adequada, embora com algumas limitações. Assim, foram excluídos da observação
(1) os alunos matriculados entre o 1.º e o 6.º anos de escolaridade, por não existirem sobre eles
séries estatísticas contínuas, e (2) os alunos do ensino superior, por não existirem dados, nomea-
damente, quanto aos alunos inscritos pela primeira vez num determinado ano curricular a.
7
In M. Leston Bandeira, op. cit., p. 155
8
«O grupo demográfico, actor de uma sequência temporal e biográfica de acontecimentos,
é, por definição, a coorte. O elemento unificador da coorte enquanto grupo de indivíduos
vocacionados para uma biografia colectiva é um acontecimento fundador, designado por
acontecimento-origem […] O exemplo mais comum de coorte é a geração, cujo acontecimen-
to-origem é o nascimento de indivíduos, numa determinada população, durante o mesmo ano
518 civil» (op. cit., p. 125).
Demografia escolar e análise longitudinal
AS TAXAS DE ESCOLARIZAÇÃO
Idade . . . . . . . . . 15 16 17 18 19 20
Taxas (‰) . . . . . . 866,43 749,81 623,71 341,28 142,18 41,8
[QUADRO N.º 2]
Não-
Idade Escolarizados Abandonos
-escolarizados
exacta x Ex Ab (x, x + a) NEx
15 866 116 –
16 750 126 116
17 624 283 242
18 341 199 525
19 142 100 724
20 42 – 824
15
Tratando-se de uma população cuja idade é referida ao dia 31/12, todos os alunos
matriculados em 1996 com 15 anos nasceram em 1981 (1996 – 15 = 1981)
16
520 Com exclusão dos alunos escolarizados no ensino superior.
Demografia escolar e análise longitudinal
de =
∑{Ex}
I
17
Os alunos cuja escolaridade não sofreu reprovações nem abandonos terminam normal-
mente o ensino secundário no ano em que atingem 18 anos exactos. Por isso, e porque esta
tábua de escolarização não abrange os alunos que progrediram até entrarem no ensino superior,
na série relativa aos abandonos estão também incluídos alunos que, de facto, prosseguiram os
seus estudos para além do ensino secundário, não podendo, por isso, ser considerados como
tendo abandonado a escola. Este facto exprime os limites desta tábua em concreto.
18
Acerca dos conceitos de intensidade e calendário, v. M. Leston Bandeira, op. cit.,
pp. 159 e 160. 521
Mário Leston Bandeira
19
Sobre as tábuas de nupcialidade de solteiros e de fecundidade geral, v. M. Leston
Bandeira, op. cit., pp. 252-253 e 282-284.
20
Nas taxas de escolarização segundo a idade e o ano curricular pode escolher-se como
522 população de referência o efectivo inicial de cada geração, ou seja, o número total de
Demografia escolar e análise longitudinal
aEx
aex = × 1000
Px
8256
e =
7 15 × 1000 = 61,39‰
134 488
[QUADRO N.º 3]
Ano curricular
Ano lectivo
Idade 7.º 8.º 9.º 10.º 11.º 12.º Total
nascimentos ocorridos no ano N, obtendo-se, deste modo, taxas segundo o efectivo inicial,
que servem principalmente para se comparar a evolução da escolarização em diferentes
gerações num mesmo período. 523
Mário Leston Bandeira
Ano Idade x
curricular a 15 16 17 18 19 20
–
7.º . . . . . . 61,39 – – – –
8.º . . . . . . 123,10 48,67 – – – –
9.º . . . . . . 191,58 108,82 44,71 – – –
10.º . . . . . . 490,36 238,88 132,20 50,71 – –
11.º . . . . . . – 353,44 162,21 86,44 35,25 –
12.º . . . . . . – – 284,59 204,14 106,93 41,80
Total . . . 866,43 749,81 623,71 341,28 142,18 41,80
[QUADRO N.º 5]
Idade
Ano curricular
15 16 17 18 19 20
7.º . . . . . . . . 7,09 – – – – –
8.º . . . . . . . . 14,21 6,49 – – – –
9.º . . . . . . . . 22,11 14,51 7,17 – – –
10.º . . . . . . . 56,60 31,86 21,20 14,86 – –
11.º . . . . . . . – 47,14 26,01 25,33 24,79 –
12.º . . . . . . . – – 45,63 59,81 75,21 100
Total . . . 100 100 100 100 100 100
21
Nesta distribuição não se verificam os inconvenientes — assinalados em relação à tábua
de escolarização — devidos à não inclusão dos alunos da geração escolarizados no ensino
superior. O que é confirmado pela distribuição dos alunos não atrasados e atrasados (quadro
524 n.º 6).
Demografia escolar e análise longitudinal
[QUADRO N.º 6]
TÁBUA DE ESCOLARIDADE
Para o cálculo destas taxas é necessário dispor, para cada ano lectivo e
ano curricular, de informação sobre:
22
Por exemplo, o quadro 2.4.7 sobre aproveitamento, relativo ao ano lectivo de 1993-
526 -1994, publicado pelo Ministério da Educação nas Estatísticas da Educação 94, pp. 256-257.
Demografia escolar e análise longitudinal
[DIAGRAMA N.º 1]
1993-1994 139.750
139 750
121 505
9 248 5 921
10 353
1994-1995 147 695
147.695 134 066
134.066
120 449
114 141
17 998
23
A totalidade dos dados é apresentada em anexo. 527
Mário Leston Bandeira
e o efectivo total dos alunos inscritos no último ano (no caso em apreço, o
9.º ano de escolaridade):
107.171
D9(1995/96) = × 1000 = 849,68‰
126.131
[QUADRO N.º 7]
Ensino secundário
-19961997 554,2 251,7 194,1 – – – – –
1997-1998 . . . 589,1 216,7 194,1 776,7 172,6 50,8 – –
1998-1999 . . . 555,1 190,6 254,2 747,8 206,2 46,0 351,4 505,5
1999-2000 . . . 566,0 220,0 214,0 762,5 189,3 48,2 351,0 492,9
2000-2001 . . . – – – 762,5 189,3 48,2 351,0 472,1
2001-2002 . . . – – – – – – – 574,3
24
O método da reconstituição dos fluxos escolares foi utilizado pela primeira vez — tanto
quanto consegui averiguar — nos anos 1970 em estudos e documentos de trabalho da
UNESCO, nomeadamente:
— La déperdition scolaire: un problème mondial (texto ao qual não tive acesso, por não
528 se encontrar disponível na biblioteca da UNESCO);
Demografia escolar e análise longitudinal
1993-
1000
-1994
869
5 38
74
1994- 74 869 740
-1995 60
1 10
91 740 629
1995-
9 123
-1996 151
7 57
0
2 180 629
1996- 18
1
-1997
25 20
1
21
0
3 41 629
1997-
-1998 4
4
4
1998-
8 629
-1999
815
1996-
610
-1997
338
56 17
154
1997-
-1998 137 338
171 263
24 11
63 58
1998-
33 229 263 133
-1999
53 171
10 5
610 47
1999-
-2000
6 100 263 130
14 76
8
19
2000- 33 68 79
-2001
25
2001-
84 48
-2002
390
Conclui-se que, dos 1000 alunos inscritos no 7.º ano, passaram para o
8.º ano 869 + 60 + 7 + 1 = 937.
Conhecendo-se a série {p(a, a+ 1)} das progressões entre anos curricula-
res, facilmente pode ser construída a tábua (quadro n.º 8) e as restantes
séries:
— Escolarizados {Ea}; abandonos {ab(a, a + 1)}; probabilidades de pro-
gressão {apa+1} e de abandono {aaba+1}.
Assim:
Ea +1 = p (a, a+1)
Ab( a, a+1) = Ea – p(a, a+1 )
ap a+1 = p( a, a+1 /E a
aa b a+1 = Ab( a, a+1 )/E a
Probabilidades Probabilidades
Ano Escolarizados Progressões Abandonos
de progressão de abandono
curricular a p(a, a+1) a p a +1‰ a a a +1‰
Ea Ab(a, a+1)
vea =
∑ Ea
Ea
ve7= 1000 + 937 + 886 + 786 + 576 + 435 = 4044/1000 = 4,044 anos25
[QUADRO N.º 9]
Ano curricular
Ano lectivo
7.º 8.º 9.º 10.º 11.º 12.º
1993-1994 . . . . . . . 1000 – – – – –
1994-1995 . . . . . . . 74 869 – – – –
1995-1996 . . . . . . . 9 151 740 – – –
1996-1997 . . . . . . . 1 25 180 610 – –
1997-1998 . . . . . . . – 4 41 291 338 –
1998-1999 . . . . . . . – – 8 96 229 263
1999-2000 . . . . . . . – – – 24 100 263
2000-2001 . . . . . . . – – – – 33 68
2001-2002 . . . . . . . – – – – – 84
Total . . . . . . . . 1084 1049 969 1021 700 678
5.501
= = 2,4
2.340
CONCLUSÃO
535
Mário Leston Bandeira
BIBLIOGRAFIA
BANDEIRA, MÁRIO LESTON BANDEIRA (2004), Demografia: Objecto, Teorias e Métodos, Lisboa,
Escolar Editora.
ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES (OCDE) (2004), Regards sur
l’éducation: les indicateurs de l’OCDE 2004.
«POPULATION» ET L’ENSEIGNEMENT (1970), Introduction d’Alain Girard, Institut National
d’Études Démographiques/Presses Universitaires de France, col. «Démographie et sciences
humaines».
PRESSAT, ROLAND (1979), Dictionnaire de Démographie, Paris, Presses Universitaires de
France.
PRESSAT, ROLAND (1983), L’Analyse démographique, 4.ª ed. rev. et aumentada, Paris, Presses
Universitaires de France
UNESCO (1972), Étude statistique sur les déperditions scolaires, Paris-Genebra, UNESCO-
-Bureau International d’Éducation.
FONTES
536
Demografia escolar e análise longitudinal
ANEXOS
14 655 11 058
537
Mário Leston Bandeira
[ANEXO II]
64543*
16 024* 33 563*
2001-
95 621 54 917
-2002
* Dados estimados.
538