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[Ano]

Manual de Formação
UFCD 4478 – Primeiros Socorros
Princípios Básicos
(25 Horas)

Formador: Nuno Meruje


UFCD 4478 – PRIMEIROS SOCORROS – PRINCÍPIOS BÁSICOS

Índice

Introdução ................................................................................................................................................................4

O Sistema Integrado de Emergência Médica – SIEM ...............................................................................5

Componentes, intervenientes e forma de funcionamento ....................................................................5

Número europeu de socorro 112 ....................................................................................................................9

Cadeia de Sobrevivência .................................................................................................................................. 10

Conceito e importância..................................................................................................................................... 10

Elos e princípios subjacentes. ........................................................................................................................ 11

Riscos para o Reanimador............................................................................................................................... 13

Riscos para o reanimador e para a vítima ................................................................................................ 13

Condições de segurança e medidas de proteção universais ............................................................. 16

Manobras de Suporte Básico de Vida. ........................................................................................................ 18

Conceito de acordo com o algoritmo vigente .......................................................................................... 18

Procedimentos e sequência ............................................................................................................................ 19

Insuflações e compressões torácicas - Problemas associados ......................................................... 23

Posição Lateral de Segurança ........................................................................................................................ 27

Como e quando a sua utilização .................................................................................................................... 27

Obstrução da via aérea. .................................................................................................................................... 30

Situações de obstrução parcial e total ........................................................................................................ 30

Tipos e causas de obstrução ........................................................................................................................... 34

Exame à vitima. .................................................................................................................................................... 35

Estado de consciência e permeabilidade da via aérea......................................................................... 35

Características da respiração, pulso e pele .............................................................................................. 42

As Emergências médicas mais frequentes. .............................................................................................. 44

Principais sinais e sintomas e principais cuidados a ter. ................................................................... 44

Problemas cardíacos.......................................................................................................................................... 44

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Problemas respiratórios. ................................................................................................................................. 48

Acidente vascular cerebral. ............................................................................................................................ 50

Diabetes. ................................................................................................................................................................. 52

Crises convulsivas............................................................................................................................................... 54

Situações de intoxicação. ................................................................................................................................. 57

Limites de intervenção na perspetiva de cidadão e de auxiliar de saúde ................................... 58

Principais tipos de traumatismos:Limites de intervenção na perspetiva de cidadão e de


auxiliar de saúde ................................................................................................................................................. 59

Traumatismos de tecidos moles (feridas e hemorragias). ................................................................ 59

Queimaduras......................................................................................................................................................... 64

Traumatismos dos membros ......................................................................................................................... 66

Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a


Técnico/a Auxiliar de Saúde. ......................................................................................................................... 69

Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua
supervisão direta ................................................................................................................................................ 69

Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar


sozinho/a ............................................................................................................................................................... 72

Bibliografia e netgrafia ..................................................................................................................................... 73

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Introdução
Acidentes, lesões ou doenças podem acontecer subitamente. A ajuda imediata depende
frequentemente de familiares, colegas ou pessoas que estão no local certo à hora certa.
Com conhecimentos de Primeiros Socorros, qualquer pessoa pode ajudar numa destas
situações. No entanto e como é óbvio, a prevenção é sempre melhor do que a cura!

Para poder oferecer ajuda válida a uma vítima, é importante que o socorrista execute
Primeiros Socorros de forma correta. Fazê-lo de modo errado pode não ajudar ou mesmo
ser prejudicial para a vítima. É por esta razão que baseámos este manual nas mais recentes
orientações científicas sobre Primeiros Socorros e o fizemos validar por especialistas.
Estas orientações abarcam as melhores técnicas conhecidas até hoje e garantem melhores
práticas de Primeiros Socorros,

Este manual explica os procedimentos corretos de Socorro em situações que coloquem em


perigo a vida humana e quando o socorrista se depara com acidentes de ocorrência comum.
Aqui irá aprender, passo-a-passo, como reagir e o que pode fazer para ajudar uma vítima.

Começamos com as questões: "O que observa?" e "O que fazer?". Técnicas
específicas são explicadas nas caixas vermelhas. As técnicas e procedimentos são
ilustrados por fotografias.

Aformação prática em Primeiros Socorros é essencial na preparação de uma resposta inicial


em emergência e a formação prática repetida é essencial para manter o conhecimento e as
aptidões. Este manual não pretende ser um substituto do treino prático.

As técnicas de socorro não param no tempo. Assim que novas pesquisas estejam
disponíveis, as orientações a este manual deverão ser revistas.

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Existe uma enorme panóplia de produtos de primeiro socorro no mercado. Qualquer


referência a marcas comerciais de produtos de primeiros socorros neste manual serve um
propósito meramente ilustrativo e não implica qualquer recomendação de uma marca
específica.

O Sistema Integrado de Emergência


Médica – SIEM
Componentes, intervenientes e forma de funcionamento

Nas situações de doença súbita e acidente, os cuidados imediatos podem ser


garantidos por qualquer pessoa com formação em socorrismo. Por vezes, revela--se
virtualmente necessário um conjunto de meios e de ações que envolvem a intervenção
ativa de vários componentes da comunidade, com vista ao restabelecimento da normalidade

Fácil é entender que a nossa vítima, para além do 1º socorro, necessita que alguém
acione uma ambulância, com tripulação habilitada a efetuarações complementares às

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medidas de socorro iniciais, garantindo o transporte para uma unidade hospitalar. Esta
deve promover as medidas adequadas e necessárias ao diagnóstico, terapêutica e
tratamento definitivo do doente, sem os quais este pode sofrer grande risco ou prejuízo.

Para que todo o processo decorra da forma mais eficaz, é fundamental e necessária a
articulação dos vários intervenientes no processo de emergência. Daqui decorre o
conceito de Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) que pode ser definido
como:

 Intervenção ativa dos vários elementos comunitários, individuais e coletivos,


sejam eles extra-hospitalares ou hospitalares, programados de modo a possibilitar uma
ação rápida, eficaz e com economia de meios, em situação de doença súbita, acidente ou
catástrofe, cujo objetivo final éo restabelecimento total da vítima.

O SIEMé internacionalmente representado pela "Estrela da Vida", símbolo composto


por uma cruz azul de seis pontas, que representam cada uma das fases deste sistema, e na
qual são inseridos a branco um bastão e uma serpente, representativas das Ciências da
Saúde.

DETEÇÃO da ocorrência de emergência médica, que


corresponde ao momento em que alguém se apercebe da
existência de uma ou mais vítimas de acidente ou doença súbita.

ALERTA, fase na qual se contacta, através do número europeu de


emergência (112) ou de qualquer outro meio, uma central de
emergência, dando conta da ocorrência anteriormente detetada.

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PRÉ-SOCORRO, conjunto de gestos simples de socorrismo básico,


normalmente executados por socorristas formados no seio da
população, e que são mantidos até à chegada de meios de socorro
mais especializados.

SOCORRO, que corresponde ao conjunto de gestos de socorro complementar


executados pelos tripulantes de ambulância e que visam a continuação da estabilização da
vítima ou doente.

TRANSPORTE, desde o local onde ocorreu a situação de emergência até à entrada no


estabelecimento de saúde adequado, garantindo ao doente
a continuidade da prestação de cuidados de saúde.

TRATAMENTO HOSPITALAR: após a entrada no estabelecimento de


saúde, a vítima é avaliada e são iniciadas as medidas de diagnóstico e
terapêutica com vista ao seu restabelecimento. Se necessário, pode
posteriormente considerar-se um novo transporte (transferência) para um
hospital de maior diferenciação, onde irá ocorrer o tratamento mais adequado à situação.

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Do ponto de vista funcional, a necessidade de existir um SIEM operacional tem os


seguintes objetivos estratégicos:

 Chegada rápida ao local da ocorrência;

 Estabilização da vítima ou doente no própriolocal;

 Transporte adequado da vítima ou doente;

 Tratamento adequado a nível hospitalar, estando prevista a possibilidade de


transferência para um hospital masdiferenciado que garanta os cuidados definitivos.

Para a concretização dos seus objetivos, SIEM conta com todos os seus intervenientes,
em maior ou menor escala,mas todos com responsabilidade no seueficaz funcionamento.
São eles:

 Público em geral;
 Operadores das centrais de emergência;
 Agentes da PSP/GNR;
 Bombeiros;
 Tripulantes de ambulância;

 Médicos e enfermeiros, quer em trabalho pré-hospitalar quer hospitalar;

 Pessoal técnico e auxiliares de ação médica dos hospitais;

 Pessoal técnico na área astelecomunicações e informática.

Para além destes intervenientes humanos, há que considerar os meios de telecomunicações


(por ex.: rádios, computadores), os materiais de socorro (por ex.: material de reanimação)
e os meios de transporte (por ex.: ambulâncias, viaturas de intervenção).

Em Portugal, para que toda esta vasta equipa funcione, é fundamental a coordenação das
diversas atividades de emergência médica da responsabilidade do Instituto Nacional

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deEmergência Médica (INEM), organismo criado em 1981 e dependente do


Ministério da Saúde

Número europeu de socorro 112

O Número Europeu de Emergência em Portugal é conectado a uma Central


deEmergência da Polícia de Segurança Pública, que aciona os sistemas médico,
policial e de incêndio, consoante a situação verificada.

Inicialmente o número nacional de emergência era o 115 e até 2007 era possível obter
ligação às centrais de emergência usando o 115 em vez do 112.

O Número Europeu de Emergência 112 foi criado em 1991 e desde 2008 passou a ser
o único número de emergência que pode ser usado de qualquer telefone fixo, móvel ou
telefone público para aceder gratuitamente aos serviços de emergência em qualquer país
da União Europeia.

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A escolha de apenas três dígitos para o número de emergência deve-se à necessidade de


que o mesmo seja fácil de memorizar.

É um número para ser usado unicamente em serviços de emergência, seja ela de que tipo
for, e não deve ser usado para qualquer outro fim.

Cadeia de Sobrevivência
Conceito e importância

À luz do conhecimento médico atual, considera-se que há três atitudes que modificam
o resultado no socorro à vítima de paragem cardio-respiratória (PCR):

Pedir ajuda, acionando de imediato o Sistema Integrado de Emergência Médica


(SIEM);

Iniciar de imediato manobras de Suporte Básico de Vida (SBV);

Aceder à desfibrilhação tão precocemente quanto possível mas apenas quando


indicado.

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Estes procedimentos sucedem-se de uma forma encadeada e constituem uma cadeia


de atitudes em que cada elo articula o procedimento anterior com o seguinte. Surge assim
o conceito de Cadeia de Sobrevivência, composta por quatro elos ou ações, em que o
funcionamento adequado de cada elo e a articulação eficaz entre os vários elos é vital
para que o resultado final seja uma vida salva.

Elos e princípios subjacentes

Os quatro elos da cadeia de sobrevivência são:

Acesso precoce ao Sistema Integrado de Emergência Médica - 112

Início precoce de SBV

Desfibrilhação precoce

Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce

ACESSO PRECOCE

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O rápido acesso ao SIEM assegura o início da Cadeia de Sobrevivência. Cada


minuto sem se chamar o socorro reduz a possibilidade de sobrevivência da vítima. Para o
funcionamento adequado deste elo é fundamental que quem presencia uma determinada
ocorrência seja capaz de reconhecer a gravidade da situação e saiba ativar o sistema,
ligando adequadamente 112 (para poder informar o quê, onde, como e quem).

A incapacidade de adoptar estes procedimentos significa falta de formação. A


consciência de que estes procedimentos podem salvar vidas humanas deve ser
incorporada o mais cedo possível na vida de cada cidadão.

SBV PRECOCE

Para que uma vítima em perigo de vida tenha maior hipótese de sobrevivência
é fundamental que sejam iniciadas, de imediato e no local onde ocorreu a situação,
manobras de SBV. Isto só se consegue se quem presencia a situação tiver a capacidade
de iniciar o SBV.

O SBV permite ganhar tempo, mantendo alguma circulação e alguma ventilação


na vítima, até à chegada de socorro mais diferenciado para instituir os procedimentos de
SAV.

DESFIBRILHAÇÃO PRECOCE

A maioria das PCR no adulto ocorrem devido a uma perturbação do ritmo


cardíaco a que se chama Fibrilhação Ventricular (FV). Esta perturbação do ritmo
cardíaco caracteriza-se por uma atividade eléctrica caótica de todo o coração, em que não
há contração do músculo cardíaco e, como tal, não é bombeado sangue para o organismo.
O único tratamento eficaz para esta arritmia é a desfibrilhação que consiste na

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aplicação de um choque eléctrico, externamente a nível do tórax da vítima, para que a


passagem da corrente eléctrica pelo coração pare a atividade caótica que este apresenta.
A desfibrilhação eficaz é determinante na sobrevivência de uma PCR.

Também este elo da cadeia deve ser o mais precoce possível. A probabilidade
de conseguir tratar a FV com sucesso depende do factor tempo. A desfibrilhação logo no
1º minuto em que se instala a FV pode ter uma taxa de sucesso próxima dos 100%, mas
ao fim de 8-10 minutos a probabilidade de sucesso é quase nula.

SAV PRECOCE

Este elo da cadeia de sobrevivência é uma “mais-valia”. Nem sempre a


desfibrilhação é eficaz, por si só, para recuperar a vítima. Outras vezes a desfibrilhação
pode não ser sequer indicada. O SAV permite conseguir uma ventilação mais eficaz
(através da entubação endotraqueal) e uma circulação também mais eficaz (através da
administração de fármacos). Idealmente, o SAV deverá ser iniciado ainda na fase pré-
hospitalar e continuado no hospital, permitindo a estabilização das vítimas
recuperadas de PCR.

Integram também este elo os cuidados pós-reanimação, que têm o objectivo de


preservar as funções do cérebro e coração.

A Cadeia de Sobrevivência representa, simbolicamente, o conjunto de procedimentos


que permitem salvar vítimas de paragem cardio-respiratória. Para que o resultado final
possa ser, efetivamente, uma vida salva, cada um dos elos da cadeia é vital e todos devem
ter a mesma força. Todos os elos da cadeia são igualmente importantes: de nada serve ter
o melhor SAV se quem presencia a PCR não souber ligar 112.

Riscos para o Reanimador


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Riscos para o reanimador e para a vítima

Por vezes, o desejo de ajudar alguém que nos parece notas:

estar em perigo de vida pode levar a ignorar os riscos inerentes à situação. Se não
forem garantidas as condições de segurança antes de se abordar uma vítima poderá,
em casos extremos, ocorrer a morte da vítima e do reanimador.

Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar em perigo de vida, o


reanimador deve assegurar primeiro que não irá correr nenhum risco:

Ambiental (ex. choque elétrico, derrocadas, explosão, tráfego);

Toxicológico (ex. exposição a gás, fumo, tóxicos);

Infeccioso (ex. tuberculose, hepatite).

Acidente de viação

Se pára numa estrada para socorrer alguém, vítimade um acidente de viação deve:

Posicionar o seu carro para que este o protejafuncionando como escudo, isto é,
antes doacidente no sentido em que este ocorreu;

Sinalizar o local com triângulo de sinalização àdistância adequada;

Ligar as luzes de presença ou emergência;

Usar roupa clara para que possa mais facilmenteidentificado;

Desligar o motor para diminuir a probabilidadede incêndio

Produtos químicos ou matérias perigosas

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No caso de detetar a presença desses produtos e/ou matéria é fundamental evitar


o contacto com essas substâncias sem medidas de proteção universais (ex. luvas, máscara)
e não inalar vapores libertados pelos mesmos.

Intoxicações

Nas situações em que a vítima sofre uma intoxicação podem existir riscos
acrescidos para quem socorre, nomeadamente no caso de intoxicação por fumos ou gases
tóxicos (como os cianetos ou o ácido sulfúrico).

Para o socorro da vítima de intoxicação é importante identificar o produto bem


como a sua forma de apresentação (em pó, líquida ou gasosa) e contactar o CODU/CIAV
para uma informação especializada, nomeadamente sobre possíveis antídotos. Em caso
de intoxicação por produtos gasosos é fundamental não se expor aos vapores libertados,
que nunca devem ser inalados. O local onde a vítima se encontra deverá ser arejado ou,
na impossibilidade de o conseguir, a vítima deverá ser retirada do local.

Nas situações em que o tóxico é corrosivo (ácidos ou bases fortes) ou em que


pode ser absorvido pela pele, como os organofosforados (ex. 605 Forte®), é mandatório,
além de arejar o local, usar luvas e roupa de proteção para evitar qualquer contato com o
produto, bem como máscaras para evitar a inalação.

Se houver necessidade de ventilar a vítima com ar expirado deverá ser sempre


usada máscara ou outro dispositivo com válvula unidireccional, para não expor o
reanimador ao ar expirado da vítima. Nunca efetuar ventilação boca-a-boca.

Transmissão de doenças

A possibilidade de transmissão de doenças durante asmanobras de reanimação


é real. Estão descritos algunscasos de transmissão de infecções durante a realizaçãode
ventilação boca-a-boca (nomeadamente casos detuberculose cutânea, meningite
meningocócica, herpessimplex e salmonelose). No entanto, nem um únicocaso de de

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Hepatite B ou vírus da imunodeficiênciahumana (VIH) foi registado/declarado como


resultadoda realização de manobras de SBV.

O risco aumenta se houver contato de sangue infetadoou com uma superfície


cutânea com soluções decontinuidade (feridas). Durante a reanimação tenteevitar o
contacto com sangue ou outros fluidoscorporais como: secreções respiratórias,
secreçõesnasais, suor, lágrimas, vómito, outros. O dispositivo “barreira” mais utilizado
é a máscara facial (máscarade bolso e/ou insuflador manual).

Existe uma regra básica que nunca deve seresquecida: o reanimador não deve expor-
sea si, nem a terceiros, a riscos que possam comprometer a sua integridade física.

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Condições de segurança e medidas de proteção universais

As precauções universais, atualmente denominadas precauções básicas, são medidas


de prevenção que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes, na manipulação
de sangue, secreções e excreções, e contato com mucosas e pele não-íntegra.

Essas medidas incluem a utilização de equipamentos de proteção individual (E.P.I.),


com a finalidade de reduzir a exposição do profissional a sangue ou fluidos corpóreos,
e os cuidados específicos recomendados para manipulação e descarte de materiais
pérfuro-cortantes, contaminados por material orgânico.

Têm por objetivo evitar a transmissão de infecções (conhecidas ou não) do paciente para
o profissional de saúde.

Os equipamentos de proteção individual são: luvas, máscaras, gorros, óculos de


proteção, capotes (aventais) e botas, e atendem às seguintes indicações:

EPI INDICAÇÃO

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Luvas sempre que houver possibilidade de


contato com sangue, secreções e
excreções, com mucosas ou com áreas de
pele não-íntegra (ferimentos, escaras,
feridas cirúrgicas e outros)

Máscaras, gorros e óculos de proteção durante a realização de procedimentos em


que haja possibilidade de respingo de
sangue e outros fluidos corpóreos, nas
mucosas da boca, nariz e olhos do
profissional.

Capotes (aventais) devem ser utilizados durante os


procedimentos com possibilidade de
contato com material biológico, inclusive
em superfícies contaminadas

Botas proteção dos pés em locais úmidos ou


com quantidade significativa de material
infectante (centros cirúrgicos, áreas de
necropsia e outros)

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Manobras de Suporte Básico de


Vida
Conceito de acordo com o algoritmo vigente

É cada vez mais importante que a comunidade em geral saiba agir perante uma
situação do género, podendo até ajudar a salvar uma vida. O que se pode fazer quando
uma pessoa está inconsciente? Quantas compressões se devem fazer numa vítima em
PCR?

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O SBV está assente numa nomenclatura ABC:

A – Airway – Via aérea

B – Breathing – Ventilação

C – Circulation – Circulação

E comisto podemos saber no que se pode atuar primeiro.

Procedimentos e sequência

Garantir condições de segurança:

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Primeiro que tudo temos de garantir as condições de segurança, da equipa de


assistência médica e da vítima. Se por acaso estiverem cães à volta da vítima têm de
pensar em primeiro lugar em vocês e na vossa equipa. Se algum familiar do vitimado
retirar os cães, a vossa segurança está garantida e já podem agir, neste caso.

Avaliar estado de consciência:

Deve-se estimular a vitima abanando-a, tocando-lhe nos ombros e perguntando


em voz alta “ Está-me a ouvir?”. Se conhecer a vítima deve-se chama-la pelo nome.

Se estiver consciente:

Examinar a vítima, procurar ferimentos, colocar a vítima em PLS (explicamos


mais à frente), deve-se pedir ajuda e vigiar regularmente, a qualquer momento o vitimado
pode ficar inconsciente.

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Se estiver inconsciente:

Deve-se gritar por ajuda, se um médico estiver por perto ou alguém que saiba atuar
corretamente poderá ajudar no que for necessário.

O pedido de ajuda deverá ser “ Preciso de ajuda, tenho uma vítima inconsciente”.

A- Via Aérea

Deve-se manter a permeabilidade da via aérea desapertando a roupa e expondo o


tórax. Verificar se existem corpos estranhos na boca da vítima (com os dedos em pinça e
deve-se ser rápido para não nos sujeitarmos a uma mordedura), as próteses fixas não se
removem.

Posteriormente deverá fazer-se a extensão da cabeça para que a vitima possa


respirar.

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Avaliar Sinais de Circulação:

Segue outra nomenclatura que é o VOSP:

V – Ver o tórax expandir;

O – Ouvir a respiração;

S – Sentir a respiração;

P – Palpar pulso carotídeo

Deverá analisar-se os sinais de circulação em 10 segundos. Conta os segundos em voz


alta, para que se alguém passe perto de ti perceba o que estás a fazer.

Se respira:

Continuar o exame, colocar a vítima em PLS, pedir ajuda (2º pedido – 112) e
vigiar regularmente.

Se não ventila mas tem pulso:

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A pessoa está em paragem respiratória, deve-se ligar ao 112. Deverá, através


de uma mascara de reanimação executar 10 insuflações por minuto, cada insuflação deve
ter duração de 1 segundo e deve ter 5 segundos de intervalo entre cada insuflação. Para
se certificare que está a entrar ar, vêr se o tórax expande.

Se não ventila e não tem pulso:

Avaliar novamente os sinais decirculação (VOSP).

Ligaro 112, a vítima está em paragem cardio-respiratória. Manter a calma e


informar onde está, usando pontos de referência, o nome, o estado da vítima, a situação
em que está e a atuação.

Depois do pedido de ajuda diferenciada deve-se iniciar 30 compressões, seguidas de duas


insuflações.

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Procurar a linha inter-mamilar (mamilos) e colocr a palma da mão no esterno onde passa
essa linha imaginária. Se por acaso for uma idosa já não corresponde ao sítio certo. Então
procurar o fim do esterno, ou seja, onde as vértebras se unem pela “última vez” pela
cartilagem. Colocar dois dedos acima do fim do esterno para não correr o risco de partir
o xifóide da vítima (é um osso bicudo que é frágil, e partindo-se pode perfurar o fígado).
Aí colocar a palma da mão e começar com as compressões: os braços devem manter-se
esticados e perpendiculares ao esterno da vítima. Este deve baixar 4/5 centímetros. Ao
aliviar-se a pressão, a palma da mão não pode perder o contacto com o tórax.

Insuflações e compressões torácicas – Problemas associados

Informação geral

Assim que o coração deixa de bater, o sangue deixa de circular pelo corpo. Como
consequência, o oxigénio já não é levado aos órgãos vitais. O cérebro é particularmente
suscetível a esta falta de aporte de sangue, já que privado de oxigénio por mais do que

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uns minutos, as células cerebrais começam a morrer. Se uma vítima sofreu uma paragem
cardíaca, é importante iniciar os procedimentos de reanimação assim que possível.

As hipóteses de sobrevivência após a


reanimação são pequenas. Contudo múltiplos estudos mostram que a reanimação
imediata efetuada por quem quer que se encontre perto da vítima no momento do acidente
ou doença súbita pode duplicar ou mesmo triplicar a sua probabilidade de sobrevivência.
A reanimação é a combinação de compressões torácicas e insuflações. As
compressões torácicas asseguram um pequeno mas crucial aporte de sangue ao coração
e ao cérebro. As insuflações asseguram um fornecimento mínimo de oxigénio à
circulação sanguínea. A reanimação é também conhecida como ReanimaçãoCardio-
Pulmonar (RCP).

 O que observa?

A vítima não responde e não ventila normalmente.

 O que fazer?

 Peça a alguém que vá dar o alerta e que traga imediatamente um desfibrilhador


automático externo (quando disponível). Se estiver sozinho deverá fazê-lo você
mesmo;
 Comece com 30 compressões torácicas;
 Execute 2 insuflações;

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 Alterne 30 compressões torácicas com 2 insuflações;


 Nunca interrompa a reanimação. Só deve voltar a verificar o estado da vítima
quando a ventilação voltar ao normal;
 Continue com as manobras de reanimação até:

 À chegada de pessoal qualificado que tome conta da situação;

 A vítima começar a ventilar normalmente;

 Ficar exausto.

Se o tórax da vítima não se elevar durante a primeira insuflação, efetue as seguintes


manobras, antes de tentar executar uma segunda insuflação:

 Verifique a boca da vítima. Remova qualquer objeto que cause obstrução às vias
aéreas;

 Verifique que a cabeça da vítima está inclinada para trás o suficiente e que o seu
queixo está devidamente elevado;

Não tente executar mais de duas insuflações de cada vez, antes de regressar às
compressões torácicas.

 Técnica: Compressões torácicas

 Ajoelhe-se ao lado da vítima;

 Coloque a base de uma mão no centro do tórax da vítima;

 Coloque a base da outra mão em cima da primeira mão;

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 Entrelace os dedos das duas mãos. Não deve pressionar nem


as costelas da vítima, nem a porção superior do estômago, nem a porção
inferior do esterno;

 Certifique-se que os seus ombros estão diretamente acima do


centro do tórax da vítima. Com os braços esticados, exerça pressão de pelo menos 5
centímetros diretamente para baixo;

 Cada vez que pressionar para baixo, deixe que o tórax se eleve totalmente. Isto
permitirá que o sangue flua de volta ao coração. As suas mãos devem manter-se sempre
em contacto com o tórax, sem sair da posição inicial;

 Os movimentos de compressão e descompressão


deverão ter a mesma amplitude;

 Execute 30 compressões torácicas desta forma, a um


ritmo de cerca de 100 compressões por minuto (não excedendo
120 compressões por minuto). Isto é equivalente a pouco
menos de 2 compressões por segundo, com uma amplitude de
pelo menos 5 cm (não excedendo 6 cm de amplitude);

 Continue com 2 insuflações.

 Técnica: Insuflações

 Incline a cabeça da vítima para trás e eleve-lhe o queixo;

 Deixe ficar uma mão na testa da vítima. Comprima as


narinas da vítima com o seu polegar e indicador;

 Com a outra mão, mantenha o queixo elevado e deixe que a boca se abra;

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 Inspire normalmente, incline-se para a frente e coloque a sua boca completamente


sobre a boca da vítima;

 Insufle ar para dentro da boca da vítima de forma


homogénea e ao mesmo tempo verifique se o tórax se eleva.
Deixe que cada insuflação dure cerca de 1 segundo.

 Mantenha a cabeça da vítima para trás com a


elevação do queixo. Eleve a sua cabeça para verificar se o
tórax baixa.

 Inspire normalmente e faça uma segunda insuflação;

 Reposicione as suas mãos adequadamente e continue com mais 30 compressões


torácicas.

 A insuflação “boca-nariz” é uma alternativa viável à insuflação boca-a-boca se esta


for difícil de executar. Sempre que possível, recomenda-se o uso de máscara de proteção
individual.

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Posição Lateral de Segurança


Como e quando a sua utilização

 O que observa?

A vítima não responde, mas ventila normalmente.

 O que fazer?

 Coloque a vítima na posição lateral de segurança;


 Peça a alguém que alerte os Serviços de Emergência ou vá você mesmo procurar
ajuda se está sozinho;
 Verifique a ventilação da vítima regularmente.

Técnica: Posição Lateral de Segurança

Se a vítima se encontra inconsciente e ventila normalmente, coloque-a na posição lateral


de segurança. Certifique-se que a cabeça da vítima se encontra em extensão e a boca
orientada para baixo, para manterás vias aéreas desobstruídas e evitar que o vómito entre
nos pulmões.

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 Remova os óculos da vítima, senecessário;

 Ajoelhe-se ao lado da vítima.Assegure-se que ambas as


suaspernas estão esticadas;

 Coloque o membro superior davítima (do seu lado) em


ângulo reto,em relação ao corpo da mesma.Dobre o antebraço para cima;

 Coloque o outro braço da vítima.Segure as costas da mão


da vítima contra a bochecha (do seu lado). Mantenha a mão da
vítima no lugar;

 Com a sua mão livre, agarre pelo joelho, a perna da


vítima que fica oposta a si. Eleve a perna da vítima, mas deixe o
pé no chão. Puxe a perna na sua direção. Entretanto, continue a
pressionar as costas da mão da vítima contra a bochecha. Vire a
vítima na sua direção para a colocar de lado;

 Posicione a perna que está por cima de tal forma que a anca e o joelho estejam em
ângulo reto;

 Incline novamente a cabeça para trás para manter as vias aéreas desobstruídas;

 Certifique-se que a boca da vítima está


orientada para baixo. Isto evita que esta se
engasgue com sangue ou vómito;

 Ajuste a mão da vítima sob a


bochecha, se necessário, para manter a cabeça inclinada;

 Verifique regularmente a ventilação da vítima.

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A mesma técnica pode ser utilizada para colocar um bebé ou criança na posição
lateralde segurança. Se necessário, pode colocar uma pequena almofada ou cobertor
enrolado por detrás das costas do bebé. Isto mantê-lo-á mais estável.

Numa vítima grávida deve posicioná-la sobre o lado esquerdo quando esta é colocada na
posição lateral de segurança.

BEBÉS E CRIANÇAS

As orientações de Suporte Básico de Vida estabelecem a seguinte distinção:

 Bebé: Menos de 1 ano de idade;

 Criança: Entre 1 ano de idade e o início da puberdade.

Pode utilizar exatamente a mesma sequência para reanimar bebés e crianças como aque
utiliza nos adultos.

No caso de bebés e crianças, não precisa de usar tanta pressão quando executa
compressões torácicas. Pressione o esterno até cerca de um
terço da sua profundidade na metade inferior do esterno.

Use dois dedos para executar compressões torácicas em bebés.

Use uma ou duas mãos para executar compressões torácicas


em crianças. Em crianças maiores ou se não tem muita
força, é aconselhável utilizar as duas mãos.

Obviamente, é possível atingir um nível de ventilação


adequado em bebés e crianças com um menor volume
de ar. Deve depreender que a cavidade torácica já está
cheia de ar quando o tórax da vítima se eleva.

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As ventilações são efetuadas de forma idêntica ao adulto, variando na pressão da


insuflação (ater à expansão do tórax), sendo boca-a-boca na criança e boca do socorrista
boca-nariz do bebé.

Obstrução da via aérea


Situações de obstrução parcial e total

A Obstrução da Via Aérea mais frequente acontece devido ao inchaço dos tecidos da
via aérea. Pode ainda ocorrer provocada por um corpo estranho, como um pedaço de
comida ou um objeto.

Na obstrução ligeira passa algum ar. A vítima consegue tossir podendo falar e/ou fazer
algum ruído ao respirar. Devemos vigiar o seu estado e encorajar a tosse.

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Na obstrução grave já não existe passagem de ar. A vítima não fala, não tosse e não emite
ruído respiratório, ou seja, não respira. Pode demonstrar grande aflição e ansiedade,
sendo necessário atuar rapidamente para a obstrução não resultar na morte.

Na obstrução por corpo estranho, deve começar por tentar desimpedir a via aérea, com
aplicação de pancadas interescapulares (ao nível das costas no meio dos ombros) e em
caso de insucesso deve efetuar a chamada manobra de Heimlich. Numa próxima rubrica
explicaremos como efetuar essa manobra.

Obstrução da Via Aérea – manobra de Heimlich

Se a obstrução da via aérea não for resolvida com as pancadas interescapulares deve
passar à aplicação de compressões abdominais, a chamada Manobra de Heimlich. Esta
manobra causa uma elevação do diafragma e aumento da pressão nas vias aéreas,
forçando a saída do corpo estranho.

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Coloque-se por trás da vítima, pondo os braços à volta ao nível da cintura e a sua perna
entre as dela. Feche uma das mãos, em punho, e coloque-a com o polegar no abdómen
da vítima, um pouco acima do umbigo.

Agarre o punho da mão colocada anteriormente e puxe. Faça-o com um movimento


rápido e vigoroso, para dentro e para cima na sua direção.

Cada compressão deve ser um movimento claramente separado do anterior. Repita


este movimento até 5 vezes, vigiando se ocorre a resolução da obstrução e avaliando o
estado de consciência da vítima.

Obstrução da Via Aérea – nos Bebés

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A maioria das obstruções da via aérea nos bebés ocorre com comida ou com pequenos
objetos. É fundamental uma atuação rápida.

Se o bebé está consciente, segure-o de barriga para baixo, apoiando o tórax no seu
antebraço, com a cabeça mais baixa que o corpo. Dê até 5 pancadas nas costas, a meio
dos ombros.

Se não conseguir remover o corpo estranho, deite o bebé de barriga para cima
mantendo igualmente a cabeça a um nível inferior ao do corpo. Faça até 5 compressões
torácicas, tal como estivesse a fazer manobras de reanimação, após as quais inspecione a
boca e se tiver algum objeto visível retire-o.

Enquanto não resolver a obstrução e o bebé estiver consciente, alterne as pancadas


com as compressões. Se ainda não o fez, peça ajuda.

Se o bebé ficar inconsciente ligue de imediato 112 e explique o sucedido.

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Obstrução da Via Aérea - nas Crianças

Recordamos que a asfixia por obstrução da via aérea é uma das principais causas de
morte infantil.

A obstrução é parcial quando ainda passa ar e a criança tosse, fala ou chora,


apresentando-se agitada e com respiração ruidosa. Quando a obstrução é total não passa
ar e a criança não consegue tossir, nem comunicar, sendo necessário atuar rapidamente,
caso contrário a morte é inevitável.

Se uma criança se engasgar, incentive-a a tossir! Quando não conseguir tossir mais,
dê cinco pancadas vigorosas nas costas alternadas com cinco compressões na barriga,
com as mãos acima do umbigo. Mantenha as manobras até resolver a situação e a
criança respirar eficazmente.

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Se em qualquer altura ela ficar inconscientes ligue 112 e inicie Suporte Básico de Vida
(SBV).

Tipos e causas de obstrução

A obstrução da via aérea mais frequente acontece devido ao inchaço dos tecidos
destavia. Pode ainda ocorrer provocada por um corpo estranho, como um pedaço de
comida ou um objeto.

A maioria dos casos de obstrução da via aérea é provocada por engasgamento,


ocorrendo com maior frequência durante as refeições. A obstrução pode ser ligeira ou
grave. Na obstrução ligeira passa algum ar. A vítima consegue tossir podendo falar e/ou
fazer algum ruído ao respirar. Deve vigiar o seu estado e encorajar a tosse.

Na obstrução grave já não existe passagem de ar. A vítima não fala, não tosse e não
emite ruído respiratório. Ou seja, não respira. Pode demonstrar grande aflição e
ansiedade, sendo necessário actuar rapidamente para a obstrução não resultar na morte
da vítima.

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Exame à vitima
Estado de consciência e permeabilidade da via aérea

- Emergência médica, boa tarde.

- Mande-me uma ambulância, rápido! O meu vizinho acabou de desmaiar e está a ficar
roxo!

- Ele respira?

- Acho que não. Depressa! Querem deixar o homem morrer?

- A ambulância vai já a caminho, bem como uma equipa médica. Quer fazer alguma coisa
para ajudar a salvar o seu vizinho? Sabe fazer suporte básico de vida?

- Eu já lhe disse que o que quero é uma ambulância......

Quando surge uma paragem cardíaca e/ou respiratória as hipóteses de sobrevivência


paraa vítima variam em função do tempo de intervenção. A medicina actual tem recursos
quepermitem recuperar para a vida ativa, vítimas de paragem cardíaca e respiratória

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desdeque sejam assegurados os procedimentos adequados em tempo oportuno. Se o


episódioocorrer num estabelecimento de saúde, em princípio, serão iniciadas de
imediatomanobras de suporte básico e avançado de vida, pelo que existe uma maior
probabilidadede sucesso.

No entanto, a grande maioria das paragens Cardio-Respiratórias ocorre fora de


qualquerestabelecimento de saúde. No mercado, no café, em casa, no centro comercial
ou no meiode uma estrada. Na sequência de um acidente ou de uma doença súbita. A
probabilidadede sobrevivência e recuperação nestas situações depende da capacidade de
quempresencia o acontecimento saber quando e como pedir ajuda, e iniciar de imediato
SuporteBásico de Vida (SBV).

A chegada de um meio de socorro ao local, ainda que muito rápida pode demorar
tantocomo... 6 minutos! As hipóteses de sobrevivência da vítima terão caído de 98%
para...11%se os elementos que presenciaram a situação não souberem actuar em
conformidade.

Em condições ideais, todo o cidadão devia estar preparado para saber fazer SBV

Os quatro passos importantes são:

Garantir a segurança;
Examinar a vítima;
Dar o alerta;
Prestas os primeiros socorros.

Garantir a Segurança

A sua primeira tarefa é assegurar-se das condições de segurança. Tente descobrir o


que sucedeu. Avalie a situação e verifique a existência de potenciais perigos (por
exemplo: trânsito, incêndio, eletricidade,...).

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Jamais deverá colocar a sua própria segurança em risco. Só deve aproximar-se do local
de um acidente se o puder fazer sem perigo. Se possível, tente garantir a segurança da
vítima e de quaisquer outras pessoas que se encontrem na vizinhança do acidente.

Se a situação não for segura e não puder oferecer ajuda sem se colocar em risco, alerte os
serviços de emergência. Aguarde, a uma distância de segurança, a chegada de ajuda
qualificada.

 Acidente Rodoviário

Cumpra o código da estrada em todas as situações. Este dir-lhe-á o que deve fazer
legalmente quando se dá um acidente na via pública.

Quando se aproximar do local de um acidente rodoviário reduza a velocidade, sem


travar bruscamente. Estacione o seu carro num local seguro, na berma ou à beira da estrada.
Coloque um colete refletor de segurança. Utilize sinais de aviso (como por exemplo, um
triângulo de sinalização) para alertar o tráfego que se aproxima do localdo acidente.

Nunca tente atravessar uma autoestrada a pé

Procure evitar incêndios. Para tal, desligue a ignição de todos os veículos envolvidos
no acidente.

Não permita que ninguém fume perto do local do acidente. Lembre-se que um airbag que
não foi ativado pelo embate num acidente pode ativar-se inesperadamente. Se possível,
tente estabilizar os veículos envolvidos ao puxar o travão de mão de cada um.

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 Incêndios em residências

Tente avisar todas as pessoas em perigo, sem arriscar a sua


própria segurança. Nunca entre numa casa em
chamas.Afaste-se do local do incêndio e mantenha-se a uma
distância de segurança. Se o edifício onde se encontra
estiver em chamas, saia imediatamente. Ajude outras
pessoas; consiga fazer as tarefas sempre em segurança.

 Acidentes elétricos em casa

Presuma que todos os cabos elétricos e eletrodomésticos têm corrente elétrica ativa até se
provar que a eletricidade está desligada. Não toque numa vítima enquanto esta estiver em
contacto com uma fonte de corrente elétrica. Lembre-se que os líquidos e objetos em
contacto com a vítima também conduzem eletricidade. Desligue a corrente elétrica.

Se tal não for possível, deve isolar-se do solo pisando material não condutor. Dessa forma
poderá então utilizar um objeto não condutor para afastar a fonte de energia da vítima. Se
tal não for possível, espere pela chegada dos bombeiros ou outro pessoal especializado.

 Remoção de emergência de uma vítima

A regra geral é não mover a vítima do local do acidente. Só deve mover-se


uma vítima se esta estiver exposta a perigo incontrolável, se a estabilidade
da situação não puder ser assegurada e se puder agir sem risco para si
próprio. Se necessário, mova a vítima para um local próximo que seja
Chave de Rautek
seguro (ex.: chave de Rautek).

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Se a vítima estiver consciente, explique-lhe o que está a fazer e peca-lhe a sua


cooperação. Tente apoiar-lhe a coluna cervical e evite torcer-lhe a cabeça, pescoço e
corpo, durante os procedimentos de evacuação. Tente usar a técnica correta, apesar de a
prioridade ser uma remoção rápida.

Tente proteger a vítima do frio ou do calor, mas mova-a somente se esta permaneceu num
ambiente frio durante um longo período de tempo e corre sérios riscos de entrar em
hipotermia. Cubra a vítima com um casaco ou um cobertor para a proteger do frio.

Pode igualmente utilizar um cobertor/lençol térmico. Para


proteger a vítima do calor, improvise uma sombra com um
casaco, cobertor ou chapéu-de-chuva, ou coloque--se
sentado ou de pé, para que a sua sombra cubra a vítima.

Examinar a vítima

Apresente-se e explique à vítima o que vai fazer, isso dar-lhe-á mais confiança. Verifique o
estado da vítima. Sobretudo, verifique que esta está consciente e ventila normalmente.
Situações em que o estado de consciência ou ventilação estão diminuídos representam risco
de vida. Outros exemplos de situações de perigo de vida são hemorragia abundante,
queimaduras, dor torácica (EAM) ou Acidente Vascular Cerebral. Nestes casos, a vítima
necessita de ajuda imediata. Encontrará mais informações sobre estes casos no próximo
capítulo.

 Dar o alerta

Se é necessária ajuda, alerte os Serviçosde Emergência, o Centro de


InformaçãoAntivenenos(CIAV) ououtra ajudaqualificada,dependendoda situação.

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O112 é o númerode telefone deemergência utilizado por todos os estados membros


da UniãoEuropeia; como alternativa, pode ligar parao número de emergência do país.

 Informe inequivocamente:

 O que aconteceu e quais os perigosexistentes;


 O local da ocorrência, indicando pontosde referência;
 A identificação do número de vítimas e uma descrição do seu estado.

Se suspeita que as lesões da vítima não são acidentais, deve relatar este facto às equipas
de socorro.

 Prestar os Primeiros socorros

Tente prestar os primeiros socorros à vítima de uma forma calma e controlada.


Assegure, em primeiro lugar, a sua própria segurança, depois a da vítima e dos mirones.
Depois verifique se a vítima está consciente e ventila adequadamente.

VERIFICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

 Abane os ombros da vítima com cuidado;

 Pergunte-lhe, em voz alta, "Está bem"?

 A vítima reage (por exemplo: abre os olhos ou


responde).

 Deixe-a na posição em que aencontrou. Não a mova, a não serque esta se


encontre em perigo;
 Tente determinar o que se passacom a vítima;

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 Peça ajuda, se necessário;


 Avalie o estado da vítimaregularmente.

 A Vítima não responde

 Grite por ajuda;


 Vire-a de costas para baixo e abra-lhe as vias aéreas.

 Abertura das vias aéreas

Uma vítima inconsciente tem os músculos relaxados. Isto faz com que a língua obstrua a
via aérea. O risco pode ser eliminado ao inclinar cuidadosamente a cabeça para trás e
levantar o queixo. É assim que se abrem e libertam as vias aéreas.

Coloque a sua mão na testa da vítima e cuidadosamente incline a


cabeça desta para trás;

 Mantenha os seus dedos, polegar e indicador livres, para


poder comprimir as narinas, caso tenha de executar as
insuflações;
Extensão da Cabeça
 Coloque as pontas dos dedos da sua outra mão sob a ponta
do queixo da vítima;

 Eleve o queixo para abrir as vias aéreas;

VERIFICAÇÃO DA VENTILAÇÃO

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Verifique se a vítima ventila normalmente enquanto mantém as vias aéreas desobstruídas.

- Verifique se o tórax se move para cima epara baixo;

- Tente ouvir sons de ventilação na bocada vítima;

- Tente sentir a ventilação da vítima na suaface.


Quando tentar verificar se a vítima ventila normalmente, deve olhar, ouvir e sentir até 10
segundos.

Nos primeiros minutos após a paragem cardiorrespiratória, parece frequentemente


que a vítima está a tentar ventilar. Pode parecer que a sua ventilação é fraca ou que faz
ligeiros ruídos irregulares.

O socorrista às vezes interpreta estes movimentos como ventilação normal. Na


verdade, são as últimas tentativas de ventilação espontânea no estertor da morte. Não
deve confundir estes ruídos com a ventilação normal.

Se não consegue determinar, com certeza, se a vítima ventila normalmente, deve proceder
como se esta não esteja a ventilar.

Se estiver sozinho, após verificar que a vítima não respira, terá de abandoná-la para
efectuar o pedido de ajuda diferenciada, ligando 112. Ao fazê-lo, deve informar que se
encontra com uma vítima inconsciente que não respira normalmente, fornecendo o local
exacto onde se encontra. Se estiver alguém junto de si deve pedir a essa pessoa que ligue
112, dizendo-lhe, se necessário, como deverá proceder (isto é, deve dizer que a vítima
está inconsciente e não respira normalmente) e fornecer o local exacto onde se encontra,
e que no fim da ligação regresse novamente. Enquanto o segundo elemento vai efectuar
o pedido de ajuda diferenciada, o primeiro inicia de imediato as compressões torácicas.

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Características da respiração, pulso e pele

Acontece que, muitas vezes, o acidente ocorre quando a vítima está sozinha e,
chegando auxílio, o Socorrista depara-se com aquela pessoa inconsciente e não sabe, de
imediato, a causa da lesão e/ou da gravidade da mesma.
O Socorrista deve apurar os seus sentidos, de modo a poder ver, ouvir e cheirar,
à procura de sintomas. O vômito, por exemplo, é indicativo de algumas lesões específicas;
urinar sangue é sinal de fratura de bacia; etc. Observar se o acidentado apresenta
sintomas como: náusea, sede, fraqueza, inquietação, medo, etc. Esses sintomas serão
muito úteis ao serem passados, posteriormente, ao Médico que atender o acidentado.
Verificar:
 pele (fria, viscosa, quente ?)
 olhos (embaçados ? pupilas dilatadas ?)

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 face (pálida ou rubra ?)


 lábios (azuis ou descolorados ?)
 pulso (rápido ou fraco ?)
 respiração (ofegante ou quase inexistente ?)
 outras.
Os sinais vitaissão indicativos do funcionamento normal do organismo e diz respeito
a:
pulso
respiração
pressão arterial
temperatura corporal
nível de consciência
dilatação das pupilas
cor da pele.

O que se chama comumente de "pulso"está associado às pulsações ou às batidas do


coração, impulsionando o sangue pelas artérias, e que podem ser sentidas aoposicionarmos
as pontas dos dedos em locais estratégicos do corpo. Esses locais são apontados, nas
figuras acima e ao lado:
As pulsações devem ser contadas durante 30 segundos, e o resultado multiplicado por
2, para se determinar o número de batidas por minuto. Ou, como mostra o texto da figura
acima, contam-se os batimentos durante 15 segundos e multiplica-se por 4.

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Como regra geral, sempre que os batimentos cardíacos forem menores que 50 ou
maiores que 120 por minuto, algo seriamente errado está acontecendo com o paciente.
É possível que haja a necessidade de se proceder à massagem cárdio-respiratória e à
respiração boca-a-boca.

As Emergências médicas mais frequentes

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Principais sinais e sintomas e principais cuidados a ter

Problemas cardíacos:

A dor mais típica num ataque cardíaco é a dor a meio do peito, retro-esternal, que pode
ser também uma sensação de peso ou aperto e que, normalmente, é desencadeada por um
esforço, como subir escadas ou andar depressa.

Na maioria dos casos, esta dor no meio do peito irradia para o braço esquerdo, mas
também pode, por vezes, subir até ao queixo. As náuseas e suores são, também, sintomas
comuns, mas, isoladamente, não significam necessariamente que se trata de um ataque
cardíaco.

São pouco frequentes os casos de ataque cardíaco durante o sono,porque,


normalmente, estes episódios ocorrem na sequência de um esforço. Ainda assim, se
ocorrer durante o sono, o mais comum é a pessoa já não voltar a acordar.

Assim, 12 sinais que podem indicar problemas no coração são:

Ansiedade: um ataque cardíaco pode causar muita ansiedade e medo da morte,


momentos antes de ocorrer;
Desconforto no peito: sintoma clássico de um ataque cardíaco;
Tosse persistente: pode ser o resultado do acúmulo de líquidos nos pulmões,
devido à insuficiência cardíaca;
Tontura: sentir-se tonto e chegar a desmaiar pode ocorrer momentos antes de um
ataque cardíaco ou em casos como arritmia ou hipotensão;

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Fadiga: sentir-se muito cansado o tempo todo pode indicar insuficiência cardíaca,
no entanto este sintoma é comum em outras doenças como depressão e anemia. Veja
mais exemplos: 8 doenças que causam cansaço excessivo.
Náusea ou falta de apetite:pode estar relacionada com o inchaço abdominal
causado pela retenção de líquidos ou associada à dor do infarto;
Dor em outras partes do corpo: a dor pode começar no peito e se espalhar para
os ombros, braços, cotovelos, costas, pescoço, mandíbula ou abdômen ou estar relacionada
a um ataque cardíaco;

Pulso rápido e irregular:quando acompanhado de fraqueza, tonturas ou


dificuldade em respirar pode ser evidência de um ataque cardíaco, insuficiência cardíaca
ou uma arritmia;
Falta de ar:pode indicar também o início de um ataque cardíaco;
Suor frio repentino:pode indicar um infarto, hipotensão, hipertensão ou arritmia;
Inchaço:o inchaço das pernas e dos pés pode ser sinal de insuficiência cardíaca,
pois esta doença pode causar retenção de líquidos;

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Fraqueza extrema:pode ocorrer nos dias que antecedem um ataque cardíaco ou


associada a insuficiência cardíaca ou hipotensão;

Por várias razões (e mais algumas)os cuidados com o coração são muito
importantes ao longo da vida. O nosso “motor” precisa de ser bem tratado, bem alimentado
e bem trabalhado. Vários factores que devemos ter em conta no nosso desempenho
cardíaco passam pela maneira saudável como vivemos cada etapa das nossas vidas. Se
dividirmos cada uma dessas etapas em períodos de 10 anos, veja o que pode fazer (hoje
mesmo e sem falta) pela sua saúde e pela sua longevidade

Aconselham-se corridas de cerca de 30 minutos a cada 5 dias da semana. Se


for possível acompanhar com exercícios de ginásio ou de esforço físico adicional, tanto
melhor. Claro que é muito importante a monitorização, principalmente se os esforços
forem constantes . Os electrocardiogramas permitem analisar possíveis complicações
cardíacas como aneurismas (nem sempre há sintomas), arritmias, problemas nas válvulas,
entre outros. E também nos permitem ouvir “o seu coração está forte, são e recomenda-
se”.

Muitos dos problemas cardíacos são de cariz hereditário e não se manifestam cedo.
Por isso, os cuidados redobram quando se chega ao patamar dos 30. Após 10 anos desde
o primeiro check-up, convém fazer um novo electrocardiograma para averiguar se existem
alterações no nosso “ motor”. Homens com muita atividade física e com mais de 35
anos devem fazer (a cada 5 anos) um electrocardiograma que permita ver as ondas
eléctricas do coração (EKG) – este exame visa, essencialmente, prevenir problemas de

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arteriosclerose que são facilmente identificados e tratados quando identificados


atempadamente.
A chegada aos 40 significa mais um exame de rotina. Desta vez para verificar a
proteína C-reactiva (CRP) que permite ver os níveis de inflamação. Quanto mais alto for
o nível de CRP maiores as probabilidades de um ataque cardíaco, por isso convém manter
este valores bem lá em baixo. A prática regular de exercício físico e evitar o excesso de
peso fazem milagres.

Normalmente os problemas cardíacos surgem a partir dos 50 anos. É a idade


critica para que doenças coronárias e convém monitorizar com maior frequência o
comportamento do coração após esforços intensos. Uma prova de esforço a cada 5 anos
pode ser o ideal para verificar se existem complicações de ultima hora. A prova de esforço
ajuda também a prevenir possíveis problemas de arteriosclerose e de dores no peito que
são muito comuns após um intenso exercício físico. É necessário ter sempre em atenção
tonturas, ou alterações no ritmo cardíaco que podem ser sintomas de algum tipo de
problemas.

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Problemas respiratórios:

A infeção respiratória é uma doença que pode atingir indivíduos de todas as


idades, mas que é mais comum nas crianças, nos idosos e nos imunossuprimidos. As
infeções respiratórias podem ser causadas por vírus, fungos ou bactérias gerando
doenças como faringite, rinite, sinusite, rinossinusite, pneumonia e bronquiolite, por
exemplo.

Em geral, os vírus são responsáveis pelas constipações e alguns tipos de pneumonia. Já


as bactérias geralmente são responsáveis por infecções respiratórias mais graves e
podem provocar sinusite ou pneumonia, e merecem um cuidado especial.

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Sintomas

Febre; Tosse; Mau estar; Dor torácica; Catarro;

Pode haver dor de ouvido;

Pode haver dor abdominal (principalmente nas crianças).

Diagnóstico

Para diagnosticar a infecção respiratória o médico deverá solicitar exames


como: hemograma, raio-x de tórax, fazer a auscultação pulmonar e o teste do escarro para
identificar o micro organismo que gerou a infecção e assim decidir pelo tratamento mais
indicado.

Tratamento

O tratamento para a infecção respiratória é feito com a toma de antibióticos


por 7, 10 ou 14 dias. Além disso, pode ser necessário analgésicos e antitérmicos.

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Indivíduos internados no hospital podem necessitar de fisioterapia respiratória para se


retirar as secreções pulmonares e assim aliviar o desconforto que a doença provoca.

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Acidente Vascular Cerebral

O que é?

O Acidente Vascular Cerebral (AVC)é uma doença neurológica provocada pela


diminuição súbita do aporte de sangue a uma determinada região do cérebro. Poderá ter
como origem o “entupimento” de uma artéria cerebral, ficando impossibilitada a chegada
de sangue a essa região do cérebro (AVC isquémico) ou o “rompimento” de uma artéria
(AVC hemorrágico). É uma situação de urgência médica e, em Portugal, é a primeira causa
de morte.

Quais os sintomas?

De entre os sintomas que poderão ser causados por um AVC, destacam-se:

Dificuldade, súbita, em mexer uma perna ou braço ou ambos os membros de um


dos lados do corpo
Desvio da boca para um dos lados
Dificuldade em falar, com início súbito
Perda súbita de visão
Diminuição da sensibilidade ou sensação de encortiçamento de uma perna, de um
braço ou de ambos os membros de um dos lados do corpo

Os sintomas regridem?

Depende de caso para caso. Poderá ocorrer reversão completa dos sintomas em
menos de 24 horas (neste caso, chama-se Acidente Isquémico Transitório (AIT) e não
AVC); recuperação total dos sintomas após 24 horas; ou o doente poderá ficar com
sequelas do AVC.

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Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico é feito a partir dos sintomas do doente. Perante a suspeita de


AVC, deverá ser feita uma tomografia computorizada (TC), para saber se este é isquémico
ou hemorrágico.

Como se trata?

Se for um AVC isquémico, e caso o doente não tenha contraindicações para o


tratamento, deve fazer-se trombólise (procedimento que visa fragmentar/desfazer o
trombo que está a “entupir” a artéria), de modo a permitir o restabelecimento do
suprimento sanguíneo ao cérebro, o mais rápido quanto for possível, para evitar sequelas.

Como prevenir a ocorrência de um AVC?

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A prevenção do AVC passa por medidas como:


Não fumar
Realizar uma alimentação saudável
Restrição do sal consumido
Atividade física regular
Controlo (se necessário com medicamentos) da tensão arterial
Controlo da diabetes

Diabetes:

Os sintomas da diabetes, como sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo


podem se manifestar em qualquer idade e, por isso, na presença destes sintomas e se
existirem casos de diabetes na família, é recomendado fazer um exame chamado glicemia
de jejum em 2 dias diferentes para verificar a taxa de açúcar no sangue.

Se a pessoa descobrir que está com diabetes ou pré-diabetesdeverá adequar sua


alimentação, evitando o consumo de açúcar e carboidratos. Veja um bom remédio caseiro
para diabetes, que pode ajudar no controle da taxa de açúcar no sangue.

Tal como acontece com qualquer outra condição médica, saber como prevenir
adiabetes vale muito mais do que aprender a remediá-la. Além disso, uma vez que não
existe uma cura conhecida para a diabetes, uma das principais causas de mortes em boa
parte do mundo, tomar medidas para prevenir o desenvolvimento da diabetes se torna ainda
mais crítico. Isto é especialmente verdadeiro se você tiver certos fatores de risco que fazem
de você um candidato provável para a doença.

Mantenha um peso saudável

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A maioria das pessoas diagnosticadas com diabetes (tipo 2 geralmente) estão com
sobrepeso. Excesso de peso e gordura corporal, especialmente gordura abdominal,
aumenta o risco de desenvolver diabetes.

Conheça seu histórico familiar

As hipóteses de desenvolver diabetes mais tarde na vida aumentam se você tiver um ou


mais membros da família com a doença. Além disso, algumas etnias, como negros e
hispânicos, têm uma alta taxa de diabetes.

Mantenha-se fisicamente ativo

O exercício regular pode ajudar a prevenir diabetes, controlando o peso e melhorando


o fluxo de sangue. O exercício é especialmente importante se a genética colocá-lo em
risco de desenvolver a doença.

Comer uma dieta equilibrada, pobre em gordura e açúcares

Já que a diabetes envolve uma deficiência nacapacidade do corpo para produzir ou


utilizar a insulina para converter açúcar em energia, é importante restringir a quantidade
de glicose e amidos consumidos, além de evitar alimentos que fazem mal à saúde.

Faça um check-up preventivo frequentemente

Todos com idade superior a 45devem agendar um teste de medição de glicose no sangue
com o seu médico a cada 3 anos. No entanto, se houver fatores de risco presentes, como
histórico familiar ou obesidade, o teste regular deve começar mais cedo.

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Crises convulsivas:

A convulsão é um período clínico anormal resultante de uma exacerbada


descarga elétrica, repentina ou anormal no encéfalo. Este termo é usado para designar um
sintoma, já epilepsia indica a recorrência dessas crises. Quando as crises convulsivas são
causadas devido à existência de uma lesão no cérebro, como, por exemplo, nos tumores,
esse quadro é chamado de epilepsia sintomática; nos casos da origem das crises serem
alterações estruturais, mas sem confirmação de diagnóstico, é denominada de epilepsia
cripetogênica. Existe também a epilepsia idiopática, quando não é encontrada a causa para
tais crises.

As causas de convulsão são diversas, como:

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Febre alta (insolação e infecção).


Infecções do cérebro (malária, raiva, meningite, sífilis, tétano, toxoplasmose,
encefalite, etc).
Distúrbios metabólicos (hipoparatireoidismo, níveis elevados de sódio ou açúcar
na corrente sanguínea; níveis baixos de açúcar, cálcio, magnésio ou sódio no sangue; etc).
Exposição a drogas ou substâncias tóxicas (álcool, anfetamina, cânfora, estricnina,
overdose de cocaína, etc).
Oxigenação insuficiente do cérebro (intoxicação por monóxido de carbono,
afogamento parcial, sufocação parcial, fluxo sanguíneo inadequado para o cérebro, tumor
cerebral, etc).
Abstinência após utilização excessiva de algumas substâncias (álcool,
medicamentos para dormir e tranquilizantes).
Reações adversas a medicamentos de receita obrigatória.
Outras doenças (eclampsia, encefalopatia hipertensiva e lúpus eritematoso).

Se testemunhar uma convulsão, tente manter a calma e antes de qualquer coisa chame
um serviço de emergência. Preste muita atenção para o que acontece durante e após a
crise.

Durante uma convulsão:

Proteja a pessoa de uma lesão


Tentar repousar a pessoa suavemente no chão, caso ela dê sinais de que irá cair
Tente afastar os móveis ou outros objetos que possam ferir a pessoa durante a
convulsão

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Se a pessoa que está tendo uma convulsão já está no chão quando você chegar,
coloque algo macio sob sua cabeça
Não force nada, incluindo os dedos, na boca da pessoa. Colocar algo na boca da
pessoa pode causar ferimentos a ele ou ela, como dentes lascados ou uma mandíbula
fraturada. Você também poderia ser mordido
Vire a pessoa para o seu lado, com a boca para baixo, a menos que a pessoa resista
a ser movida
Não tente soltar ou chacoalhar a pessoa
Se a pessoa vomitar, vire a pessoa para o lado.
Preste muita atenção ao que a pessoa está fazendo para que você possa descrever a
convulsão para o resgate ou médico:

 Que tipo de movimento do corpo ocorreu?


 Quanto tempo durou a convulsão?
 Como a pessoa agiu imediatamente após o ataque?
 Existem lesões?

Após uma convulsão:

 Verifique se a pessoa sofreu lesões


 Se a pessoa está tendo dificuldade para respirar, use o dedo para limpar suavemente
a boca de qualquer vômito ou saliva
 Afrouxe roupas apertadas em volta do pescoço e da cintura da pessoa
 Forneça uma área segura, onde a pessoa possa descansar
 Não dê nada para ela comer ou beber até que a pessoa esteja totalmente acordada
e alerta
 Fique com a pessoa até que ela esteja acordada e familiarizada com o ambiente. A
maioria das pessoas vai ficar sonolenta ou confusa após uma convulsão.
Uma pessoa que teve uma convulsão não deve dirigir, nadar, subir escadas, ou operar
máquinas até que tenha visto um médico.

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Situações de intoxicação:

 O que observa?

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A vítima ingeriu uma substância tóxica ou apresenta-se com uma overdose (álcool,
estupefacientes, medicamentos).

 O que fazer?

Contacte o Centro de Informação Anti Venenos (CIAV) ou outros


serviços de emergência e siga as instruções fornecidas. Descreva o
sucedido. Forneça informações acerca da substância tóxica e o estado
da vítima.
Sem o aconselhamento de profissionais de saúde, não deve provocar o
vómito à vítima nem lhe deve dar água, leite ou outros medicamentos.
O contacto telefónico do CIAV (Centro de Informação Anti Venenos)
é o seguinte:

808 250 143

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Limites de intervenção na perspetiva de cidadão e de auxiliar de saúde

Todos os cidadãos que sejam admitidos num serviço de urgência do


ServiçoNacional de Saúde (SNS) têm reconhecido o direito de acompanhamento por uma
pessoa por si indicada, sendo que o cidadão deve ser informado desse direito durante a
admissão.
Quando a situação clínica lhe não permitir a declaração da sua vontade, os
serviços de urgência devem, através de serviços técnicos adequados, promover esse direito
do doente, podendo para esse efeito solicitar a demonstração do parentesco ou da relação
com o paciente invocados pelo acompanhante, mas não podem impedir o
acompanhamento.
Limites ao direito de acompanhamento
Não é permitido acompanhar ou assistir a intervenções cirúrgicas e outros exames
ou tratamentos que, pela sua natureza, possam ver a sua eficácia e correção prejudicadas
pela presença do acompanhante, exceto se para tal for dada autorização expressa pelo
clínico responsável.
O acompanhamento não pode comprometer as condições e requisitos técnicos
a que deve obedecer a prestação de cuidados médicos para que estes sejam eficazes.
Direitos e deveres do acompanhante
O acompanhante tem direito a informação adequada e em tempo razoável sobre o
doente, nas diferentes fases do atendimento, com as seguintes exceções:
Indicação expressa em contrário do doente.
Matéria reservada por segredo clínico.
O acompanhante deve comportar-se com urbanidade e respeitar e acatar as
instruções e indicações, devidamente fundamentadas, dos profissionais de serviço.

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No caso de violação do dever de urbanidade, desobediência ou desrespeito, os


serviços podem impedir o acompanhante de permanecer junto do doente e determinar a
sua saída do serviço de urgência, podendo ser, em sua substituição, indicado outro
acompanhante.
As instituições de saúde devem inserir de forma clara nos seus regulamentos as
normas e condições do direito de acompanhamento nos serviços de urgência.

Principais tipos de traumatismos - Limites de


intervenção na perspetiva de cidadão e de auxiliar de saúde

Traumatismos de tecidos moles (feridas e hemorragias)

Feridas
 O que observa?
A vítima tem uma ferida aberta na pele, por exemplo um raspão ou
corte.

 O que fazer?

 Evite entrar em contacto com o sangue ou outros fluidos corporais da vítima.


Se a hemorragia não é profusa, lave as mãos com sabonete líquido e água, antes de
prestar os primeiros socorros e use luvas descartáveis, se possível;
 Se a hemorragia não tiver ainda estancado sozinha, aplique pressão direta sobre a
lesão;

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 Lave a ferida com água da torneira limpa e fria. Se não há água da torneira disponível,
use outra fonte de água potável;

 Deixe cair a água diretamente sobre a ferida para


retirar qualquer sujidade Continue a lavar até que a sujidade
desapareça. Não esfregue a ferida para remover qualquer
sujidade adicional que ainda tenha ficado presa;

 Após a lavagem, seque a área em redor da ferida, se


necessário, mas não toque na ferida;

 Cubra a ferida com uma compressa de gaze esterilizada.


Se tal não for possível, use um pano limpo e seco;
 Aconselhe a vítima a consultar um médico. Este
verificará se esta está protegida contra o tétano;
 Lave as mãos após a prestação dos primeiros socorros.

Se algum corpo estranho estiver encravado na ferida, não o remova e tente


imobilizá-lo.

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Imobilização de corpo estranho encravado


 Coloque compressas esterilizadas contra o corpo
estranho. Se não tem compressas disponíveis, utilize um
pano limpo e seco;

 Utilize algo para preencher a diferença de


altura entre o corpo estranho e a ferida, como compressas
ou duas ligaduras

 3- Cuidadosamente enrole uma ligadura em redor da


ferida e corpo encravado. A ligadura não deve exercer
qualquer tipo de pressão sobre este.

A vítima deve ser encaminhada para observação


médica se:

 Não consegue controlar a hemorragia;

 Não consegue limpar a ferida adequadamente;

 A ferida é maior do que metade do tamanho da palma da mão


da vítima;

 Há exposição de osso, músculo ou outro tecido subcutâneo;

 Existem lesões na face, olhos ou órgãos genitais;

 Há um corpo estranho encravado na ferida;

 A ferida foi causada por uma mordedura de origem humana ou


animal.

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Se tiver de enviar a vítima para observação médica, deve primeiro tentar estancar a
hemorragia e cobrir a ferida. Quaisquer cuidados adicionais devem ser deixados aos
profissionais de saúde.

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Hemorragias
 O que observa?
A vítima tem uma ferida aberta que sangra profusamente. O
sangue sai em jacto ou flui de forma contínua.

 O que fazer?

Parar a hemorragia aplicando pressão direta na ferida.

1- Evite entrar em contacto com o sangue da vítima e peca-lhe que aplique ela mesma
pressão na sua ferida. Coloque a vítima cuidadosamente em decúbito dorsal.
2- Peça a um mirone que alerte os Serviços de Emergência ou vá você mesmo procurar
ajuda, se está sozinho.
3- Calce luvas descartáveis, se possível. Aplique pressão com as mãos diretamente sobre
a ferida. Pode colocar um pano limpo (por exemplo, uma toalha) sobre a ferida.
4- Se a ferida continuar a sangrar, aplique pressão com
mais força;
5- Exerça pressão sobre a ferida até à chegada dos
Serviços de Emergência;
6- Lave as mãos após a prestação dos primeiros
socorros.

Também pode aplicar um penso compressivo para parar a hemorragia

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1- Coloque a compressa na ferida e aplique pressão sobre a ferida;

2- Se a ferida continuar a sangrar, aplicar uma segunda compressa, em cima da primeira


(não remover a primeira);

3- Enrole firmemente a ligadura à volta da compressa para exercer pressão sobre a


ferida;

Certifique-se que a ligadura está suficiente apertada de modo a conseguir estancar a


hemorragia, mas sem cortar a circulação sanguínea. Se a zona abaixo do local onde foi
colocada a ligadura ficar cianótica (azulada/roxa) ou a vítima se queixar de dormência,
deve aliviar um pouco a ligadura sem nunca a retirar completamente.

Podem utilizar-se igualmente outras ligaduras ou um pedaço de tecido para fazer


pressão.

Hemorragia pelo nariz

 O que observa?
A vítima começou a sangrar pelo nariz espontaneamente.

 O que fazer?

 Perguntar à vítima como começou a hemorragia;

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 Caso tenha sido por pancada ou acidente deixe o sangue sair e atue como indicado
no capítulo das lesões na cabeça, pescoço ou no dorso.

 Caso tenha sido espontaneamente e a pessoa não


apresente outras queixas:

 Coloque a vítima com a cabeça direita, no alinhamento do


corpo, não inclinada para a frente, para evitar aumento do fluxo
de sangue à região do nariz, ou para trás, para prevenir a aspiração
de sangue para a via aérea;

 Faça compressão com os dedos polegar e indicador em pinça, apertando as


extremidades das narinas durante cerca de 10 minutos;

 Aplique frio no local através do uso de gelo não diretamente sobre a pele;

 Promova o transporte ao hospital, se necessário.

Queimaduras
 O que observa?
 A vítima tem uma queimadura.

 Nas queimaduras superficiais a pele apresenta-se vermelha, ligeiramente inchada


e dolorosa. Se a queimadura for mais profunda, verá igualmente bolhas. Estas
queimaduras são extremamente dolorosas.

 Se a camada mais profunda da pele foi danificada por uma queimadura, geralmente
a zona não está tão dolorosa, porque os nervos nesta área foram igualmente
destruídos. A pele neste local pode estar negra, ter consistência papirácea ou estar branca

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e seca. Contudo, a zona da pele em redor desta queimadura está regra geral menos
queimada, mas mais dolorosa.

 O que fazer?

 Arrefeça a queimadura o mais rapidamente possível com água da torneira ou


do chuveiro;

 O tempo de duração do arrefecimento deve variar entre


os 15 e os 20 minutos ou até a dor desaparecer;
 Remova jóias e vestuário que não se encontrem
colados à pele;

 Após arrefecer a queimadura, aplique um penso húmido (por exemplo, com


uma compressa ou pano limpo);

 Não fure as bolhas de queimadura intactas;


 Não aplique cremes (antibióticos) durante os Primeiros Socorros;
 Aconselhe a vítima a consultar um médico, para este verificar se esta está protegida
contra o tétano.

Após a prestação de Primeiros Socorros, encaminhe a vítima para observação


médica ou ao hospital, no caso de queimaduras:

 Em crianças com idades inferiores a 5 anos ou adultos com idades acima dos
60 anos;

 Na face, orelhas, mãos, pés, articulações ou órgãos genitais;

 Nas vias aéreas (por exemplo, através da inalação de fumo ou gases quentes);

 Que cubram a extensão total do pescoço, tronco ou membros;

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 Que afetem a camada mais profunda da pele;

 Causadas por eletricidade, produtos químicos, radiação ionizante ou vapor de alta


pressão;

 Que cubram mais de 5% da extensão total do corpo em jovens com idades


inferiores a 16 anos ou superiores a 10% em adultos com idades acima dos 16 anos;

A regra da palma da mão da vítima deve ser utilizada para estimar a extensão de uma
queimadura - a palma da mão e dedos juntos representam cerca de 1% da área total do
corpo da vítima.

 Se necessário, peça a um mirone que alerte os Serviços de Emergência ou vá você


mesmo procurar ajuda, se está sozinho. Deve começar por arrefecer a queimadura com
água, até à chegada de pessoal qualificado.

 Evite que a vítima entre em hipotermia. Não utilize água muito fria para
arrefecer a queimadura. Após o arrefecimento, proteja a vítima do vento e utilize
cobertores para a manter quente.

Traumatismos dos membros

 O que observa?

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 Suspeite de um Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) ou Vertebro-Medular (TVM)


se a vítima:

 Esteve envolvida num acidente em que sofreu um


impacto físico súbito, como um acidente de viação ou uma
queda;
 Está ou fica letárgica, sonolenta, agitada ou
inconsciente;

 Não se consegue lembrar exatamente do que aconteceu;

 Tem uma dor de cabeça forte e persistente, sente náuseas ou começa a


vomitar, torna-se irritável, comporta-se de modo estranho ou tem convulsões;

 Tem lesões sérias na cabeça;

 Se queixa de falta de sensibilidade ou dormência;

 Sente dores na zona cervical ou na coluna dorsal/lombar ou estas zonas estão


doridas

 O que fazer?

1- Acalme a vítima e tente convencê-la a não se mover;


2- Peça a um mirone que alerte os Serviços de
Emergência ou vá você mesmo procurar ajuda, se está
sozinho;
3- Imobilize a vítima somente se ela concordar em
cooperar.
4- Se a vítima está visivelmente inquieta ou agitada, não lhe deve manter a cabeça ou a
coluna cervical imobilizadas contra a sua vontade.

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Se a vítima não tem respostas normais, se estiver agitada, etilizada ou com muita dor, a
sua avaliação preliminar não irá ser particularmente fiável. Deve então informar os
Serviços de Emergência se não está certo quanto à natureza da lesão.

Manter as vias aéreas desobstruídas é uma prioridade, mais importante do que a


proteção de uma potencial lesão da coluna vertebral. A não ser que consiga assegurar-se,
sem margem de dúvidas, que a vítima ventila normalmente, deve colocá-la em decúbito
dorsal (virado de barriga para cima) para desobstruir as vias aéreas e verificar a ventilação.
Quando necessário, colocar a vítima na posição lateral de segurança para manter as vias
aéreas desobstruídas, é uma prioridade mais importante até do que a proteção de uma
potencial lesão da coluna vertebral.

Lesões nos ossos, músculos e articulações


 O que observa?

A vítima lesionou a sua mão, braço, pé ou perna (durante a prática de desportos, numa
pancada ou numa queda). Frequentemente a vítima
não consegue mover o membro lesionado ou apoiar o
seu peso nele. A lesão é dolorosa e a zona pode ficar
inchada. Em alguns casos, o membro ou articulação
têm uma aparência anormal.

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 O que fazer?

Se tem dúvidas quanto à gravidade da lesão, deve assumir que o membro está fraturado
e providenciar para que a vítima seja observada por médico.

Se, no local de uma fratura, houver uma hemorragia grave, deve aplicar pressão direta ou
uma ligadura de compressão de modo a estancar a hemorragia.

 Não deve tentar recolocar no lugar, os membros que lhe parecem anormais ou
deslocados;
 Deve arrefecer a lesão através do uso de gelo. Não
deve deixar o gelo entrar em contacto direto com a pele da
vítima enquanto a tenta arrefecer, mas sim colocar um pano
limpo entre a pele e o gelo. Se não houver gelo disponível, pode
utilizar uma bolsa de gel arrefecido;
 Não deve arrefecer o local da lesão durante muito tempo e nunca por mais de
20 minutos de cada vez;
 Não deve imobilizar o membro lesionado se a chegada de ajuda médica é esperada em
breve. Deve igualmente aconselhar a vítima a não apoiar o seu peso numa perna lesionada ou
pé doloroso. Se a lesão é na mão, braço ou ombro, peça à vítima que mantenha o braço
imóvel, aconchegado ao peito. Este procedimento é geralmente menos doloroso do que a
aplicação de uma tala no membro lesionado.

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Tarefas que em relação a esta temática se encontram


no âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de
Saúde.

Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde,


tem de executar sob sua supervisão direta

O técnico auxiliar de saúde tem com funções:

Auxiliar sob orientações do técnico auxiliar de saúde:

Na prestação de cuidados de saúde aos utentes,

Na recolha e transporte de amostras biológicas,

Na limpeza, higienização e transporte de roupas, materiais e equipamentos


Na limpeza e higienização dos espaços e no apoio logístico e administrativo das
diferentes unidades e serviços de saúde.

Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações


do enfermeiro:

Ajudar o utente nas necessidades de eliminação e nos cuidados de higiene e


conforto de acordo, com as orientações do enfermeiro;

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Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados de eliminação, nos cuidados


de higiene e conforto ao utente e na realização de tratamentos a feridas e úlceras;

Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados ao utente que vai fazer, ou


fez, uma intervenção cirúrgica;

Auxiliar nas tarefas de alimentação e hidratação do utente, nomeadamente


na preparação de refeições ligeiras ou suplementos alimentares e no
acompanhamento durante as refeições;

Executar tarefas que exijam uma intervenção imediata e simultânea ao alerta


do técnico auxiliar de saúde;

Auxiliar na transferência, posicionamento e transporte do utente, que


necessita de ajuda total ou parcial, de acordo com orientações do técnico auxiliar de
saúde.

Auxiliar nos cuidados post-mortem, de acordo com orientações do técnico


auxiliar de saúde.

Assegurar a limpeza, higienização e transporte de roupas, espaços, materiais


e equipamentos, sob a orientação de profissional de saúde:

Assegurar a recolha, transporte, triagem e acondicionamento de roupa da


unidade do utente, de acordo com normas e/ou procedimentos definidos;

Efetuar a limpeza e higienização das instalações/ superfícies da unidade do


utente, e de outros espaços específicos, de acordo com normas e/ou procedimentos
definidos;

Efetuar a lavagem e desinfecção de material hoteleiro, material clínico e


material de apoio clínico em local próprio, de acordo com normas e/ou
procedimentos definidos;

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Assegurar o armazenamento e conservação adequada de material hoteleiro,


material de apoio clínico e clínico de acordo com normas e/ou procedimentos
definidos;

Efetuar a lavagem (manual e mecânica) e desinfeção química, em local


apropriado, de equipamentos do serviço, de acordo com normas e/ou
procedimentos definidos;

Recolher, lavar e acondicionar os materiais e equipamentos utilizados na


lavagem e desinfecção, de acordo com normas e/ou procedimentos definidos, para
posterior recolha de serviço interna ou externa;

Assegurar a recolha, triagem, transporte e acondicionamento de resíduos


hospitalares, garantindo o manuseamento e transporte adequado dos mesmos de acordo
com procedimentos definidos.

Auxiliar o técnico auxiliar de saúde na recolha de amostras biológicas e transporte


para o serviço adequado, de acordo com normas e/ou procedimentos definidos

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Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional


de saúde, pode executar sozinho

O técnico auxiliar de saúde, para além das tarefas anteriormente descritas, possui um
conjunto de outras que realiza sem a supervisão de um profissional de saúde:

Assegurar atividades de apoio ao funcionamento das diferentes unidades e


serviços de saúde:

Efectuar a manutenção preventiva e reposição de material e equipamentos;

Efetuar o transporte de informação entre as diferentes unidades e serviços de


prestação de cuidados de saúde;

Encaminhar os contactos telefónicos de acordo com normas e/ ou procedimentos


definidos;

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Encaminhar o utente, familiar e/ou cuidador, de acordo com normas e/ ou


procedimentos definidos

Bibliografia e netgrafia

LOPES, M. S. (2006), Animação Sociocultural em Portugal, Chaves: Editora


Intervenção.

HTMARAL, A. - Prescrições de enfermagem em Saúde Mental. Lusociência.


2010.

GARRET C. - O Essencial da Saúde: Alzheimer. Quidnovi. 2007.

83

Formador: Nuno Meruje


UFCD 4478 – PRIMEIROS SOCORROS – PRINCÍPIOS BÁSICOS

SEQUQIRA, C. - Introdução à Prática Clínica: Do Diagnóstico à Intervenção


em Enf. de Saúde Mental e Psiquiatria. Quarteto Editora.

www.forma-te.pt

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