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Ação
É um ato intencional, consciente, voluntário, livre e responsável que foi praticada por um agente;
É um acontecimento pois é algo que acontece num determinado lugar;
Assim todas as ações são acontecimentos mas nem todos os acontecimentos são ações;
Para que um acontecimento seja ação é necessário um agente que tem vontade de a praticar.
Problema do livre-arbítrio
Consiste em saber se é possível conciliar 2 crenças:
- A crença de que somos livres e responsáveis pelas nossas ações;
- A crença de que todos os acontecimentos, incluindo as ações, são casualmente determinadas
segundo as leis da natureza;
Este problema levanta várias questões:
- Podemos ser livres num universo determinista?
- Será a liberdade apenas uma ilusão?
Como respostas a este problema podemos destacar 2 posições:
- Incompatibilismo (Determinismo radical e Libertismo);
- Compatibilismo (Determinismo Moderado);
Determinismo Radical
Defende que não temos livre-arbítrio e o determinismo é verdadeiro, sendo a liberdade uma ilusão;
Todas as nossas escolhas e ações são determinadas por causas anteriores;
Não podemos ser moralmente responsabilizados pelas nossas ações;
As nossas escolhas não merecem punição nem elogios pois não podemos escolher como agir, apenas
fazemos o que estamos determinados a fazer;
Determinismo Moderado
O determinismo é verdadeiro mas não é incompatível com o livre-arbítrio;
Esta teoria considera possível a conciliação das 2 crenças;
Defende que somos livres apesar do universo ser determinado;
Defende que a vontade é livre se não for coagida, isto é, se não for obrigado a fazer alguma coisa, por
exemplo se alguém aponta uma arma ao agente da ação ou se sofrer de uma compulsão psicológica;
Aceita o determinismo na natureza, considera que todos os acontecimentos estão causalmente
determinados, mas defende que existe espaço para a liberdade e responsabilidade humana;
Libertismo
O determinismo é falso, apenas existe livre-arbítrio;
Esta teoria defende de forma radical o livre-arbítrio, considera que todas as nossas escolhas são livres,
não sendo nem causalmente nem aleatoriamente determinadas;
Afirma que as caraterísticas psicológicas (hábitos, crenças) podem limitar o livre arbítrio mas as
escolhas são sempre livres pois resultam de deliberações racionais (pensar, decidir e analisar);
As deliberações racionais estão sob o controlo do agente sendo portanto livres;
Sendo livres, podemos ser responsabilizados pelo que escolhemos fazer.
Unidade 2 – Os valores
Valores
Os valores são critérios das nossas preferências, agimos em função dos valores que acreditamos;
Os valores não são coisas, mas sim qualidades que o sujeito atribui às coisas;
Os valores são sui géneris, são guias de ação;
São os motivos ou as razões das nossas ações;
Juízos de valor:
São subjetivos e particulares.
São pessoais e relativos
São apreciativos, traduzem as nossas opiniões e apreciações.
Não tem valor de verdade, não podem ser avaliados como verdadeiros ou falsos.
Conceção objetivista
Os valores valem por si mesmos, independentemente da apreciação do sujeito;
O valor reside no objeto e o sujeito apenas tem de reconhecê-lo;
Os juízos de valor têm valor de verdade, podem ser verdadeiros ou falsos;
Há verdades morais, objetivas e universais;
Há práticas que avaliadas de forma racional e imparcial são consideradas objetivamente más em si
mesmas dado que desrespeitam princípios que são reconhecidos como bons por todo o ser racional.
Exemplos de princípios morais:
- Não matar; Mentir é errado; Roubar é errado; Devemos proteger as crianças.
Conceção subjetivista
Os valores estão dependentes da apreciação do sujeito, podendo ser individual ou coletiva;
É o sujeito quem confere valor aos objetos através da valoração, sendo a origem dos valores;
É uma teoria segundo a qual, o valor de verdade dos juízos de valor depende das crenças, dos
sentimentos e opiniões do sujeito que os emitem;
Não há verdades morais objetivas e universais;
Todas as opiniões acerca de assuntos morais devem ser consideradas igualmente boas.
Críticas ao subjetivismo
O ensino ou transmissão de valores não faria sentido, pois levaria a uma anarquia axiológica
(Desordem valorativa);
Qualquer posição valorativa seria aceitável;
Relativismo Cultural
É uma teoria segundo a qual, o valor dos juízos de valor é subjetivo depende do que cada sociedade
acredita ser correto ou incorreto, ou seja o que a maioria de uma sociedade aprova ou desaprova.
Moralmente falso é aquilo que é socialmente desaprovado.
Moralmente verdadeiro é aquilo que é socialmente aprovado.
Defende o respeito e a tolerância por outras culturas.
Conduz ao isolamento e estagnação
Críticas ao relativismo
Dificulta o diálogo uma vez que se fecham sobre si próprias.
Impede que se critiquem práticas ou costumes monstruosos.
A tolerância defendida pelo relativismo é uma tolerância passiva, dado que consiste numa aceitação
de todas as práticas incluindo aquelas que violam os direitos humanos.
Qualquer crítica é sinónimo de desrespeito ou discriminação, impedindo assim que se critiquem
práticas ou costumes monstruosos.
Ética Kantiana
É uma ética deontológica pois:
- Faz depender o valor moral da ação, da intenção com que é praticada e não das consequências
que daí resultam;
- Considera haver normas morais absolutas que não admitem o seu incumprimento seja qual
for a circunstância; Ex: matar, roubar, mentir…
- Considera que agir moralmente é cumprir o dever pelo dever, independentemente de qualquer
inclinação sensível, interesse pessoal, desejo ou sentimento.
Imperativo categórico
Diz respeito às ações feitas por dever.
Ordena que sejamos imparciais e desinteressados segundo a máxima.
MÁXIMA:
- “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei
universal”.
Ordena que respeitemos o ser humano como um fim em si mesmo, e não como meio para atingir um
fim.
Ordena que respeitemos o valor absoluto de cada ser racional.
Ex: “Roubar é errado”
Imperativo hipotético
Diz respeito às ações feitas conforme o dever.
Diz respeito a ações movidas por inclinações sensíveis;
Não age segundo a máxima, uma vez que as ações não pode ser universalizadas.
Não respeita o individuo como um fim em si mesmo mas sim como um meio para atingir o fim.
Ex: “Se queres ser reconhecido, pratica o bem”.
Heteronomia
- É a vontade que invoca razões externas ao sujeito inclinações sensíveis (sentimentos);
- É a vontade que cumpre ações conforme o dever;
Outra crítica feita a Kant reside no facto de, em algumas circunstâncias cumprir uma obrigação moral pode
implicar deixar de cumprir outra, podendo estar em conflito mais que um valor moral.
A teoria de Kant não saberia responder perante uma situação de conflito, porque proíbe ambas as
possibilidades da ação por se revelarem moralmente incorretas.
Os críticos consideram então, que a ética de Kant é puramente formal e não contempla situações
concretas.
Ética Stuart Mill
É uma ética consequencialista, pois as consequências da ação é que determinam se a ação é moralmente
correta ou incorreta.
A utilidade é o que torna uma ação moralmente valiosa, daí que o princípio da maior felicidade é
também conhecido como princípio da utilidade.
Só se devem realizar ações que produzam a maior felicidade (sentimento de bem estar e prazer ou
ausência de dor ou sofrimento) daí que a ética de Mill seja conhecida como uma ética Hedonista.
Todas as atividades humanas tem como finalidade a felicidade e o bem-estar.
Prazeres inferiores
- Os prazeres ligados às necessidades físicas como beber, comer, provenientes das sensações;
- Não permitem a realização plena do ser Humano;
Normas morais e o princípio da utilidade
As normas morais estão em vigor e devem ser respeitadas e observadas nas nossas decisões.
Porém não devem ser seguidas cegamente pois há situações em que será aceitável não as cumprir se
daí resultar a felicidade do maior número de pessoas envolvidas na ação.
Para Mill não há valores absolutos, assim como não há ações boas em si mesmas, só as consequências
as tornam boas ou más.
Princípio da Imparcialidade
A ética de Mill não é uma ética egoísta, em que a felicidade individual se sobrepõe à dos outros.
Para Mill as ações exigem imparcialidade por parte do agente, isto é os interesses do agente não
podem ser mais importantes que os dos restantes envolvidos na ação.
A ética de Mill é uma forma de altruísmo ético pois procura incutir a solidariedade em todos.
É excessivamente imparcial
- Não distingue familiares e amigos na promoção da felicidade.
- Contudo parece difícil agir em todas as situações de modo imparcial, pois não nos
comportamos da mesma maneira em relação a familiares e em relação a estranhos.
- Assim o utilitarismo exige demasiado do agente moral.
Resumo:
Critério da Moralidade
Intenção desinteressada da ação Consequências da ação
Lei Moral
Imperativo categórico (Máxima) Princípio da Utilidade ou da maior felicidade
Normas morais
Universais e invioláveis Podem ser violadas
Direito e Política
Conjunto de normas que regulam as relações sociais estabelecendo também as formas de punição;
A política refere-se à atividade de organização do poder com vista ao equilíbrio social da sociedade.
Normas morais
Não estão necessariamente codificadas.
A aceitação e o cumprimento resultam da vontade e da decisão individual.
A transgressão é punida com remorso e culpa, com a reprovação social e marginalização do indivíduo.
Normas jurídicas
Apresentam-se sobre a forma de códigos, leis e outras formas oficiais.
A aceitação e o cumprimento são impostos pelo estado e têm caráter obrigatório.
As pessoas têm de cumprir as normas, mesmo que não lhes pareçam justas.
A transgressão é punida com multas, prisão ou pena de morte.
Posição original
A posição original é uma situação imaginária de total imparcialidade em que os parceiros são sujeitos
racionais, livres e iguais, colocados sob o efeito de um véu da ignorância.
Véu da ignorância
É o desconhecimento por parte de cada indivíduo da sua condição social, pessoal e económica, no
momento de estabelecimento do contrato social.
A vantagem do véu de ignorância é que os indivíduos exijam uma organização de sociedade que seja
a mais vantajosa e a melhor para todos, não inferiorizando qualquer grupo de pessoas.
Princípios da justiça
Princípio da diferença
- Consiste em admitir na sociedade algumas desigualdades económicas e sociais.
- Desde que essas desigualdades possam servir em benefício dos mais desfavorecidos.
Desobediência civil
É o ato público de natureza política, contrária à lei e não violento, decidido em consciência e praticado
com o objetivo de provocar uma mudança na lei ou na política seguida pelo governo.
O recurso à desobediência civil é legítimo depois de terem sido esgotados todos os outros meios legais
e distingue-se da objeção de consciência por ser um ato público.
Rawls e o utilitarismo
Critica o utilitarismo por subordinar a moralidade dos atos à felicidade ou bem-estar global, ignorando
o modo justo ou injusto das ações na promoção dessa felicidade, bem como os direitos do ser humano.
Exemplo: Numa sociedade utilitarista, cada um de nós poderá ser um infeliz, um escravo ou um
mendigo se de tal condição resultar a felicidade do maior número.
Juízo estético
Consiste num juízo de valor, tendo por base um objecto estético;
É denominado também de juízo de gosto;
Subjetivismo estético
A beleza depende de gostos, preferências e sentimentos pessoais;
A apreciação de um objecto decorre da sensibilidade do sujeito perante um objeto;
Só existem critérios subjetivos para avaliar um objeto estético;
A beleza é considerada um juízo pessoal, estando a sua beleza no sujeito observador e não no objeto;
Objetivismo estético
A beleza não depende de gostos ou sentimentos pessoais;
A apreciação de um objeto baseia-se nas características e propriedades dos objetos;
Existem critérios objetivos que permitem avaliar os objetos estéticos;
A beleza é considerada um juízo necessário, pois está presente nos próprios objetos e o sujeito apenas
tem de reconhecer essa beleza;
Proposição
É uma frase declarativa, com valor de verdade;
Ter valor de verdade significa que uma proposição pode ser considerada verdadeira ou falsa;
A verdade é assim uma propriedade exclusiva das proposições;
Os desejos, pedidos e promessas não são proposições pois não tem valor de verdade.
Argumento
É a expressão verbal do raciocínio;
É um conjunto de proposições interligadas entre si para justificar algo que defendemos;
As proposições que apresentarmos a ideia defendida são as premissas;
A proposição que contém a ideia defendida tem o nome de conclusão;
Pode ter 1 ou mais premissas, mas apenas uma conclusão;
A validade é uma propriedade própria dos argumentos;
Validade dedutiva
Um argumento dedutivo válido é aquele cuja conclusão é uma consequência necessária das premissas;
É logicamente impossível ter premissas verdadeiras e uma conclusão falsa;
É um argumento em que as premissas garantem a conclusão;
A validade depende apenas da relação lógica entre as proposições do argumento e não do seu valor
de verdade;
Argumento sólido
Para que um argumento seja sólido tem de obedecer a duas condições:
o Tem de ser válido (relação lógica entre as proposições);
o Tem de ter todas as proposições verdadeiras;
Validade indutiva
A validade não dedutiva depende do grau de probabilidade das razões apresentadas;
Num argumento não dedutivo válido, se as premissas são verdadeiras então a conclusão é
provavelmente verdadeira;
A validade indutiva depende do contexto e conteúdo concreto da argumentação;
Quanto à validade, os argumentos podem ser fortes ou fracos;
Lógica Aristotélica
Proposição categórica
Afirma ou nega algo sobre o Sujeito;
É composto pelo Sujeito, Predicado, Cópula e Quantificador;
Quanto à qualidade:
- Afirmativas; Ex. “Jovens são estudiosos”
- Negativas; Ex: “Jovens não são estudiosos”
Tipo A Tipo E
- Universal afirmativa - Universal negativa
Tipo I Tipo O
- Particular afirmativa - Particular negativa
Termo menor
- Consta na premissa menor e é sujeito da conclusão;
Termo médio
- Consta nas 2 premissas e não pode constar na conclusão;
1ª Figura:
- O termo médio é sujeito na premissa maior e predicado na premissa menor.
2ª Figura:
- O termo médio é predicado nas duas premissas.
3ª Figura:
- O termo médio é predicado na premissa maior e sujeito na premissa menor.
4ª Figura:
- O termo médio é sujeito nas 2 premissas.
Regras do silogismo
4 dos Termos:
- O termo médio não pode constar na conclusão;
- O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez;
- Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas;
- Um silogismo só pode ter 3 termos, têm de ter o mesmo significado ao longo do silogismo;
4 das Premissas:
- Duas premissas afirmativas pedem conclusão afirmativa;
- Duas premissas particulares nada se pode concluir;
- Duas premissas negativas nada se pode concluir;
- A conclusão segue sempre a parte mais fraca, isto é se uma premissa é negativa a conclusão
é negativa e se uma premissa é particular, a conclusão é particular;
Falácias do silogismo
Generalização
Consiste em atribuir a toda a classe/população o que foi observado em alguns membros dessa classe;
É um argumento que parte do particular para concluir o geral, sendo a conclusão mais geral do que as
premissas
Previsão
São argumentos que a partir de um ou vários casos observados se conclui o que vai acontecer no futuro;
Regras para uma boa generalização e previsão
Partir de casos particulares representativos;
Não existirem contra exemplos e a amostra deve ser ampla;
Falácias informais
Petição de Princípio
- Consiste em assumir como verdadeiro aquilo que se pretende provar;
- Também se pode chamar de argumento circular;
- Ex: O ser humano é inteligente, porque é um ser que possui inteligência;
Falso dilema
- Consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando as restantes alternativas;
- Ex: Ou votas no partido X ou será a desgraça do país;
- Ignora-se a possibilidade de votar noutros partidos;
Apelo à ignorância
- Consiste em tomar uma proposição como verdadeira apenas porque não se provou a sua
falsidade ou como falsa só porque não se provou que é verdadeira;
- Ex: A alma é imortal, pois até agora ninguém provou que a alma morria com o corpo;
Ad Hominem
- Comete-se esta falácia quando, em vez de se refutar a tese, ataca-se a pessoa que a defende;
- Ex: A sua tese não tem qualquer valor porque és um ex-presidiário;
Conhecimento a posteriori:
- Pelo recurso à experiência sensível, depende da observação;
- É um conhecimento empírico e sensorial;
- Particular (depende dos dados observados) e contingente (poderá ser de outra forma);
- Ex: “A casa é vermelha”
Possibilidade
É possível encontrar conhecimentos infalivelmente verdadeiros?
Céticos
- Negam a possibilidade do conhecimento;
- Mostram que as nossas crenças não podem ser justificadas;
Diferentes opiniões entre os especialistas no assunto;
Há ilusões perceptíveis, os sentidos são enganadores;
Regressão infinita - a prova que se apresenta para garantir uma proposição precisa
sempre de uma nova justificação e assim sucessivamente;
Limites do conhecimento
Até onde podemos conhecer?
R. Descartes
- Para Descartes o conhecimento não tem limites;
- A razão quando bem conduzida permite-nos conhecer realidades transcendentes;
- Prova existência de Deus
D. Hume
- Para Hume o conhecimento tem limites;
- Não podemos conhecer realidades transcendentes, pois a experiência não o permite;
Descartes sente-se descontente e cheio de dúvidas face ao saber do seu tempo, pois percebe que esse
saber está assente em bases pouco firmes e frágeis, estando os conhecimentos existentes todos
desorganizados;
Objetivo de Descartes
Fazer uma reforma do conhecimento humano e encontrar um princípio firme a partir do qual seja
possível encontrar outras verdades;
Esse princípio tem de ser de tal modo evidente que o pensamento não possa dele duvidar;
Para encontrar esse princípio firme, Descartes traça e organiza um método para orientar a razão na
procura do conhecimento absolutamente verdadeiro é indubitável;
Destaca desse método a regra da evidência que manda não aceitar como verdade, aquilo que suscite
dúvida ou seja aquilo que não for evidente nem indubitável.
Dúvida Cartesiana
Tem uma função catártica, distinguir o verdadeiro do falso;
É uma dúvida metódica e provisória;
- É um meio para atingir a verdade indubitável;
É uma dúvida hiperbólica;
- Considera como falso tudo aquilo que suscite a mínima dúvida;
É uma dúvida universal e radical;
- Incide não só no conhecimento geral, como nos fundamentos e raízes desse conhecimento;
É uma dúvida voluntária;
É uma dúvida metafísica
- Duvida de realidades transcendentes, como a existência de Deus;
Razões para duvidar
Argumentos a posteriori
- Sentidos são enganadores;
- Dificuldade em distinguir sonhos e a Realidade;
Argumentos a priori
- Raciocínios ou demonstrações matemáticas;
- Existência Génio Maligno que se diverte a enganar-nos;
Cógito
Estando eu a duvidar, é certo que estou a pensar, se eu estou a pensar então eu existo;
“Eu penso logo existo”
É a primeira verdade no projeto de Descartes;
Obtêm-se por intuição de modo racional e à priori;
É um princípio evidente e indubitável;
Serve de modelo do conhecimento e fornece o critério de verdade;
Considera verdade, tudo aquilo que for tão ou mais claro e evidente do que o cógito;
Tipos de Ideias
Adventícias
- Tem origem na experiência sensível;
- Ex: Barco
Factícias
- São fabricadas pela nossa imaginação;
- Ex: Sereia
Inatas
- São ideias que provem da própria razão;
- Ex: Perfeição
Impressões
São atos originários do nosso conhecimento;
Correspondem às nossas sensações e sentimentos;
São vivas e fortes;
Correspondem a dados da experiência atual;
Referem-se a sensações externas (sentidos) e sentimentos (emoções e desejos);
São as causas das ideias;
Ideias
São as imagens pálidas das impressões no pensamento;
Não existem ideias inatas;
São as marcas causadas pelas impressões uma vez estas desaparecidas;
São cópias enfraquecidas da impressão original;
Dividem-se em ideias simples e em ideias complexas;
Ideias simples
- São ideias derivadas diretamente das impressões, ou seja dos nossos sentidos;
Ideias complexas
- São formadas pelo recurso à imaginação, em que o pensamento combina ideias simples e forma
ideias complexas;
Tipos de conhecimento
Questões de facto
- Está um dia de Sol em Lisboa;
- A verdade ou falsidade destas proposições depende dos factos, que podem ser comprovados
pela experiência sensível;
- Constitui um conhecimento a posteriori;
Relações de ideias
- O quadrado tem quatro lados;
- A verdade ou falsidade destas proposições não depende da experiência sensível;
- Depende do significado dos termos, basta recorrer ao pensamento para saber se as proposições
são falsas ou verdadeiras;
- Constitui um conhecimento a priori;
- Não fornecem conhecimento à cerca do mundo;
Problema da indução / Causalidade
O conhecimento científico baseia-se na ideia de causalidade, esta leva a questionar a indução
(generalização e indução);
Para Hume a ideia de causa-efeito não tem correspondente na experiência, podemos no entanto ter
uma impressão da sucessão temporal de 2 acontecimentos;
Esta impressão não nos mostra que um é a causa do outro, pois a nossa crença nas relações causais
entre as ideias provêm apenas do hábito da repetição das experiências;
Para Hume o conhecimento científico procede da experiência, sendo qualquer generalização incerta,
pois esta é como um “salto no desconhecido” dado que nada nos garante que o futuro seja igual ao
passado;
A indução assenta no princípio da uniformidade da natureza, contudo a indução não tem segundo
Hume justificação empírica nem racional, logo não é um procedimento credível;
Críticas a D. Hume
- Para Hume todo o conhecimento deriva da experiência, ficando assim este limitado à
experiência empírica, não permitindo conhecer realidades transcendentes;
- O conhecimento metafisico torna-se impossível, pois não tem fundamento empírico;
- Defende a impossibilidade de justificar o princípio da causalidade em que se baseia por
inferências indutivas por via empírica e racional;
Substitui a justificação racional pelo hábito;
Substitui a razão pelos sentidos
Fases do método
1ª Observação dos fenómenos
- O cientista faz uma observação neutra, objetiva e imparcial;
- O cientista recolhe todos os dados e regista-os procurando relações entre eles;
- A observação precede a teoria;
2ª Colocação da hipótese
- É sempre uma tentativa de explicação do problema;
- A hipótese traduz as regularidades observadas durante a análise dos factos;
- É sempre provisória;
Critério da verificabilidade
Para os indutivistas, o critério que permite distinguir uma teoria científica de uma outra é a
verificabilidade;
O que determina que uma teoria é científica é o facto de pudermos verificar pela experiência se a
hipótese é verdadeira.
A observação não é o ponto de partida do método científico e ainda que o cientista recorra a esta
observação não é completamente neutra e isenta.
- Para Popper quando o cientista observa um problema transporta consigo as suas expectativas e
um conhecimento prévio daquilo que tem de explicar.
- Assim a observação tem por base uma teoria que vai orientar toda a sua pesquisa.
Fases do método
1ª Formulação do problema
- O cientista começa pela colocação do problema e não com a observação, pois para Popper a
observação nunca é neutra;
- O problema é um facto polémico, desconhecido que “choca” com as teorias anteriores;
2ª Observação
- A observação nunca é neutra, pois já tem uma opinião formada e algumas expectativas;
3ª Hipótese/ Conjetura
- É uma tentativa de explicação do problema e é sempre provisória.
- Corresponde ao momento mais criativo do método e orienta todo o trabalho do cientista.
5ª Experimentação
- O cientista submete a hipótese a testes de falsificabilidade, isto é, a testes críticos que não
procuram verificar a hipótese mas sim refutá-la.
- Os testes servem para pôr a hipótese à prova.
- Se a hipótese resistir aos testes, não se diz que está verificada ou que é verdadeira, mas que
foi corroborada e resistiu às tentativas de refutação.
- Se não resistir então é declarada falsa e o cientista volta a começar tudo de novo.
Críticas a Popper
O falsificacionismo não corresponde à prática científica;
- Distorce a natureza da actividade científica;
- Não é aceitável abandonar uma teoria apenas porque foi refutada por um teste experimental;
- O falsificacionismo subestima a importância das confirmações no progresso científico;
Nem todas as teorias científicas são falsificáveis;
Pré ciência:
- Corresponde à ausência de um paradigma científico.
- Nesta fase não existe ciência, nem comunidade científica organizada.
Ciência normal:
- Consiste na resolução de problemas dentro de um paradigma, o cientista procura resolver os
problemas utilizando todos os procedimentos próprios do paradigma vigente, tendo o acordo
da comunidade científica.
Paradigma:
- É o modo/modelo de fazer ciência.
- É um conjunto de procedimentos técnicos que resultam de um acordo entre os cientistas;
- Inclui leis e teorias, instrumentos científicos, métodos e “tipos” de problemas a resolver.
Anomalia:
- É um enigma técnico ou experimental que não encontra solução no âmbito do paradigma
vigente.
- Quando há uma acumulação de anomalias instala-se um período de crise paradigmática.
Crise:
- Corresponde a um período de instabilidade em que a confiança no pardigma é abalada.
Ciência extraordinária:
- Corresponde a um período em que se confrontam novas explicações que são incompatíveis
com os procedimentos do paradigma anterior.
Revolução científica:
- Carateriza-se pela instauração de um novo paradigma rival do vigente, aceite pela
comunidade científica.
- Por fim retoma-se um período de ciência normal.
- A mudança de paradigma implica uma mudança de conceitos, técnicas e valores.
Críticas a Kuhn
Incomensurabilidade dos paradigmas
- Se não podemos comparar objetivamente os paradigmas então nunca podemos dizer que um
está mais próximo da verdade.
- Assim sendo a verdade é relativa a cada paradigma e Kuhn foi considerado um relativista.
Critérios de escolha do paradigma
- Existe uma intersubjetividade na sua escolha, e por isso a visão de ciência de Kuhn foi
considerada irracional.
Progresso da ciência
Popper
- A ciência progride por ensaios e erros, conjeturas e refutações procurando uma imagem cada
vez mais objetiva do mundo, cada vez mais adequada e próximas do real;
- A verdade é a meta para a qual a ciência avança, por essa razão apenas podemos mostrar que
uma teoria é verosímil, isto é, a que nos dá uma descrição mais correta da sociedade, mas
nunca completamente correta.
- A ciência não é a posse da verdade, mas o progresso em relação à verdade mediante a
eliminação de erros.
Kuhn
- Dá-se pela substituição de teorias que resolvem melhor os problemas que vãos surgindo,
segundo critérios objetivos e subjetivos;
- A verdade é definida no interior de cada paradigma por isso não podemos dizer que a mudança
de paradigma nos aproxima da verdade, devido à sua incomensurabilidade;
- O progresso científico não é um processo contínuo e cumulativo em direção a um fim que
queremos conhecer;
- Este progresso tem por base roturas e descontinuidades, associadas à mudança de paradigma.
Objetividade da ciência
Indutivismo (Sim)
- Através do raciocínio indutivo e da verificação experimental podemos certificar-nos de que
estamos a alargar o nosso conhecimento da realidade que tal como ela é objectivo;
Popper (Sim)
- Cada vez que falsificamos uma conjetura alargamos a nossa compreensão daquilo que a
realidade objetivamente não é;
- Aproximamos- nos assim progressivamente do modo que ela objetivamente é.
Kuhn (Não)
- A ciência é uma investigação influenciada não apenas por critérios objetivos mas também por
critérios subjetivos direcionados a modelos explicativos da realidade histórico e culturalmente
contextualizada e não como objetivamente é.
- O conhecimento objetivo não é independente de quem o produz e do contexto em que é
produzido, destacando-se assim a subjetividade inerente ao processo de fazer ciência.