Você está na página 1de 93

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Economia e Gestão

Análise das Habilidades e Características Empreendedoras nas Empresas de Serigrafia da


cidade da Beira: Estudo de caso nas Empresas Sandura Serigrafia e Serigrafia &
Publicidade (2012-2014)

De:

ARÃO LUCAS MENDES MASSINGARELA

Dissertação apresentada como Exigência Parcial para obtenção do grau de Mestrado em


Gestão e Administração de Negócios a Comissão Julgadora da Universidade Católica de
Moçambique

BEIRA

MAIO DE 2016.

i
DECLARAÇÃO

ii
DEDICATÓRIA

Aos meus pais pela educação, carrinho e


contribuição que tiveram ao longo da minha
carreira estudantil. Aos meus irmãos e à minha
filha pelo apoio moral e encorajamento em
continuar com os meus estudos em mestrado.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradecer a Deus pela saúde, aos meus pais por terem tido contínuo apoio em todos estes
anos, pelos seus ensinamentos, principalmente na construção dos meus próprios valores. Aos
meus irmãos, à minha filha e aos sobrinhos pelo apoio moral.

Aos docentes do curso de Mestrado em Administração e Gestão de Negócios (MBA) e em


especial a Professora Doutora Amalia Merina Maua Dickie pela paciência que teve de me
atender em qualquer momento e lugar e pelas suas valiosas orientações. À Direcção e
funcionários da Universidade Católica de Moçambique – Beira, em particular a Faculdade de
Economia e Gestão pelo melhor atendimento e ter proporcionado bom ambiente e
comodidade durante a minha permanecia na academia.

Aos meus colegas do curso de Mestrado em Administração e Gestão de Negócios pelas


agradáveis horas de convivência que me proporcionaram durante essa caminhada.

Aos trabalhadores das Empresas Sandura e Serigrafia e Serigrafia & Publicidade por terem
fornecido dados para esta dissertação.

Os meus agradecimentos são extensivos a todos aqueles que directas ou indirectamente


contribuíram para a realização deste estudo.

iv
SUMÁRIO EXECUTIVO

Esta pesquisa tem como objectivo geral analisar as habilidades e características


empreendedoras nas empresas de serigrafia da cidade da Beira. As mudanças de grande
repercussão na vida dos cidadãos, aliadas a transição económica, social e política em
Moçambique conduziram a criação de muitas empresas no mercado e seus proprietários sem
prévia preparação em empreendedorismo para gerirem os seus negócios. O estudo foi
desenvolvido com base no método qualitativo, análise bibliográfica, observação e entrevista.
Os resultados apresentados mostram que os empreendedores são independentes, assumem
riscos, são dedicados e determinados. Notou-se fragilidades em conhecimentos do ramo de
serigrafia pelo empreendedor X ao contrário do Y que está em contínua aprendizagem;
insuficientes recursos para o desenvolvimento dos empreendimentos; notou-se haver
fragilidades na comunicação, concretamente em saber ouvir o cliente; há fragilidades na
liderança; a estrutura organizacional não é funcional; há improvisos na tomada de decisões
pelo empreendedor X; falta de plano de negócio na implementação das acções
empreendedoras; os empreendedores não são visionários; são desatentos às oportunidades a
volta do negócio e não inovam. O estudo recomenda: treinamento dos empreendedores tanto
em serigrafia e empreendedorismo; devem dispor de um plano de negócios, dotar as empresas
de equipamentos modernos e pessoal especializado; melhorar a comunicação nas empresas;
possuir uma estrutura organizacional com as áreas de produção, marketing e administrativa.
Os empreendedores devem ser visionários e inovadores para tornar as empresas competitivas
e bem-sucedidas no negócio. Criação de facilidades pelo Governo na obtenção de créditos
para equipar as empresas com equipamentos de serigrafia modernos.

Palavras-chave: Empreendedor, Habilidades, Características e Negócio Bem-sucedido.

v
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Aspectos do Processo Empreendedor .................................................................... 18


Tabela 2.2: Características dos Empreendedores de Sucesso ................................................... 25
Tabela 2.3: Diferença entre as Empresas Administradas pelo modo Empreendedor e pelo
modo Tradicional ...................................................................................................................... 31
Tabela 3.1: Características dos Informantes Chaves da Empresa X. ....................................... 43
Tabela 3.2: Características dos Informantes Chaves da Empresa Y. ....................................... 44
Tabela 4.1:Temas Emergentes .................................................................................................. 51

vi
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Matriz do Empreendedor de Timmons (1989). ...................................................... 14


Figura 2.2. Organigrama duma Empresa em Expansão ........................................................... 21
Figura 4.1: Sector de Desenho Gráfico. ................................................................................... 45
Figura 4.2: Sector de Serigrafia. ............................................................................................... 45
Figura 4.3: Foto-colagem do chapéu. ....................................................................................... 46
Figura 4.4: Recepção e Atendimento ao Cliente. ..................................................................... 47
Figura 4.5: Sectores Financeiro, Recursos Humanos e Desenho Gráfico. ............................... 48
Figura 4.6: Sector de Serigrafia. ............................................................................................... 49
Figura 4.7: Recepção e Atendimento ao Cliente. ..................................................................... 50

vii
LISTA DE ABREVIATURAS

CPLP – Comunidade dos Países da Língua Portuguesa


ESG – Ensino Secundário Geral
ONGs – Organizações Não Governamentais
PhD – Professor Doutor
Sr. – Senhor
Srs. – Senhores

viii
ÍNDICE

DECLARAÇÃO .........................................................................................................................ii
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. iv
SUMÁRIO EXECUTIVO .......................................................................................................... v
LISTA DE TABELAS............................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................vii
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................viii
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
1.1 Introdução ......................................................................................................................... 1
1.2 Justificativa ....................................................................................................................... 2
1.3 Objectivos do Estudo ........................................................................................................ 4
1.3.1 Objectivo Geral ...................................................................................................... 4
1.3.2 Objectivos Específicos ........................................................................................... 4
1.4 Definição do Problema...................................................................................................... 4
1.5 Perguntas de Pesquisa ....................................................................................................... 5
1.6 Delimitação do Estudo ...................................................................................................... 5
1.7 Limitação do Estudo ......................................................................................................... 6
1.8 Estrutura do Trabalho ....................................................................................................... 6
CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 8
2.1 Introdução ......................................................................................................................... 8
2.2 Revisão da Literatura Teórico ........................................................................................... 8
2.2.1 Breve Historial sobre Empreendedorismo ............................................................. 8
2.2.2 Conceito do Empreendedorismo .......................................................................... 10
2.2.3 Empreendedor ...................................................................................................... 11
2.2.4 Inovação no Empreendedorismo ......................................................................... 15
2.2.5. Habilidades de um Empreendedor ...................................................................... 16
2.2.6 Perfil do Empreendedor ....................................................................................... 22
2.2.7 Negócio Bem-sucedido ........................................................................................ 29
2.2.8. Empresas em Acção Empreendedora versus Empresa em Acção Tradicional ... 31
2.3 Revisão da Literatura Empírica ...................................................................................... 32

ix
2.3.1 Análise dos Estudos Realizados por Minuzzi e Mo ............................................ 32
2.4 Revisão da Literatura Focalizada .................................................................................... 34
2.4.1 Características Comportamentais de Empreendedoras Moçambicanas............... 34
CAPITUO 3 – METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................. 36
3.1 Introdução ....................................................................................................................... 36
3.2 Desenho de Pesquisa ....................................................................................................... 36
3.3 População em Estudo ...................................................................................................... 37
3.4 Processo de Amostragem ................................................................................................ 38
3.5 Tamanho da Amostra ...................................................................................................... 39
3.6 Métodos de Colecta de Dados ......................................................................................... 39
3.6.1 Colecta de Dados Primários ................................................................................. 39
a) Observação ........................................................................................................................ 39
b) Entrevista .......................................................................................................................... 40
3.6.2 Colecta de Dados Secundários ............................................................................. 41
3.6.3 Validação dos Instrumentos ................................................................................. 41
CAPITUO 4 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................ 42
4.1 Introdução ....................................................................................................................... 42
4.2 Descrição das Empresas X e Y e Actividades Desenvolvidas ........................................ 44
4.3 Habilidade de Gestão nas Empresas X e Y ..................................................................... 51
4.3.1 Técnicas de Gestão .............................................................................................. 51
4.3.2 Decisões Planeadas e Plano de Negócios ............................................................ 53
4.3.3 Recursos Necessários ........................................................................................... 55
4.4 Habilidades Técnicas dos Empreendedores das Empresas X e Y .................................. 57
4.4.1 Conhecimento e Comunicação ............................................................................ 57
4.4.2 Liderança ............................................................................................................. 60
4.5 Características do Perfil dos Empreendedores das Empresas X e Y .............................. 61
4.5.1 Independência e Inovação .................................................................................... 62
4.5.2 Riscos e Oportunidades ....................................................................................... 64
4.5.3 Visão do Futuro do Negócio ................................................................................ 67
4.5.4 Comprometimento ............................................................................................... 68
4.5.5 Persistência, Determinação e Dedicação ............................................................. 70

x
CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 72
5.1 Introdução ....................................................................................................................... 72
5.2 Conclusões da Pesquisa .................................................................................................. 72
5.3 Recomendações ............................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 76
APÊNDICE 1: GUIÃO DE OBSERVAÇÃO PARA AS EMPRESAS DE SERIGRAFIA X E
Y ............................................................................................................................................... 78
APÊNDICE 2: GUIÃO DE ENTREVISTA PARA AS EMPRESAS DE SERIGRAFIA X E
Y ............................................................................................................................................... 80

xi
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

As constantes mudanças pelas quais o mundo actual tem passado geram muitas novas
oportunidades de negócio. No caso da criação de novos negócios, a motivação entra como um
aspecto determinante na fase de implementação das ideias. O aumento de possibilidades para
a modalidade de profissionais prestadores de serviços autónomos, donos dos seus próprios
negócios, motivado pelas relações de emprego cada vez mais baixas. O mercado não tem
condições de absorver toda a massa de trabalhadores sem emprego, incluindo os novos que
ingressam no mercado de trabalho, abrindo assim as portas para os profissionais
empreendedores.

O empreendedorismo pode ser entendido como "processo de gerar mais riqueza. A riqueza é
criada por indivíduos que assumem os principais riscos em termos de património, tempo e ou
comprometimento com a carreira ou que provêem valor para algum produto ou serviço"
﴾Hisrich, Peters & Shepherd, 2009, p. 30).

Carvalho (2009) refere que "no mundo extremamente competitivo em que estamos, é
necessário ser proactivo e adiantar-se às demandas do mercado. Para tanto, é essencial
praticar a inovação. É a capacidade de inovar continuamente que permitirá à sua empresa
obter maiores fatias de mercado, maiores lucros e continuidade" (p. 35).

Em Moçambique a transição económica, social e política envolveram mudanças de grande


repercussão na vida dos cidadãos, sobretudo com o advento da paz e estabilidade política.
Neste contexto a criação de empresas e a formação dos empresários em Moçambique
aumentou de importância. A actividade económica privada influenciou o nível de consumo
das populações, fez surgir imensas unidades de pequena escala e negócios diversos, não só
como forma de alívio à pobreza mas também como estratégia de vida. A criação de um
empresariado nacional forte passou a constituir um dos maiores desafios para Moçambique
(www.ruralmoc.gov.mz).

1
A globalização impõe mudanças rápidas e constantes ao mercado, exigindo profissionais cada
vez mais preparados. Moçambique ainda se preocupa com sectores da economia pelos quais a
inovação agora é que se inicia como ponto focal, como a agricultura e a prestação de serviços.
O governo moçambicano vem fazendo grandes investimentos, principalmente em novas
metodologias, visando o desenvolvimento regional sustentável com base no desenvolvimento
de novos negócios, por meio da mentalidade empreendedora imputada nos jovens e adultos de
nível médio e superior.

Esta pesquisa aborda sobre o tema “Análise das Habilidades e Características


Empreendedoras nas Empresas de Serigrafia da cidade da Beira, tem como objectivo geral
analisar as habilidades e características empreendedoras nas empresas de serigrafia. A
pesquisa foi realizada nas empresas Sandura Serigrafia e Publicidade & Serigrafia, na cidade
da Beira. Para o alcance dos objectivos foi utilizado o método qualitativo incluindo a análise
bibliográfica auxiliada com as técnicas de observação e entrevista.

1.2 Justificativa

O presente tema é de actualidade, dado o papel que o empreendedorismo tem de revolucionar


o padrão de produção, por meio de invenção, desenvolvimento de novas tecnologias na
produção de um novo bem ou bem antigo de uma maneira nova, de forma alcançar êxitos no
negócio.

A escolha do tema análise das habilidades e características empreendedoras nas empresas de


serigrafia da cidade da Beira, foi motivado aquando da leccionação da cadeira de
Empreendedorismo, que suscitou interesse ao estudante em aprofundar sobre o tema para no
futuro criar sua própria empresa e assessorar as pequenas empresas a ter atitudes
empreendedoras de modo a crescerem e tornar se competitivas. Por outro lado, o pesquisador
tem presenciado o surgimento de muitas pequenas empresas na cidade da Beira, a iniciarem
negócios e seus proprietários a assumirem a gestão dos próprios negócios, sem possuírem
habilidades e características empreendedoras requeridas para o desenvolvimento de um
negócio sustentável e competitivo.

2
O empreendedorismo é importante para a empresa, pois permite que a mesma mantenha-se
competitiva no mercado, através de acções inovadoras em equipamentos modernos de
serigrafia, nos softwares de desenho gráfico, nos anúncios promocionais e posicionamento no
mercado local. Também é importante na concepção e utilização de um plano de negócios
ferramenta orientadora na implementação do negócio bem como na obtenção do capital de
risco.

Este tema é importante para a sociedade, na medida em que, o empreendedorismo é a melhor


alternativa para minimização do problema do desemprego, através de criação e manutenção
de pequenas empresas, que geram maiores oportunidades de trabalho assalariado, garantindo
assim, a subsistência de maior dos citadinos da cidade da Beira e de maneira geral a sociedade
moçambicana, assim como, ajuda aos cidadãos empenhados em negócios a desenvolver
competências empreendedoras.

Em termos económicos o tema é pertinente, visto que, o impacto das acções de serigrafia para
as empresas, escolas e a sociedade civil, gera riquezas para empresas de serigrafia e estas por
sua vez, contribuem no crescimento económico mediante pagamento de impostos ao Estado.

Cientificamente, este estudo é relevante, visto que, tanto os estudantes, docentes e


pesquisadores através da disseminação e aprofundamento de conhecimentos sobre o
empreendedorismo e estimular a aplicar na vida prática, bem como apoiar as empresas da
cidade da Beira e moçambicanas a crescerem.

A presente pesquisa tem interesse, em analisar o impacto das habilidades e características


empreendedoras nas empresas de serigrafia da cidade da Beira, as quais são geridas pelos
próprios proprietários com fracas habilidades de gestão e perfil empreendedor, concentram
em si maior parte das actividades da empresa, o que origina ineficiências na gestão das
empresas de serigrafia e por conseguinte fracassa o negócio.

3
1.3 Objectivos do Estudo

1.3.1 Objectivo Geral

 Analisar as habilidades e características empreendedoras nas empresas de Serigrafia da


cidade da Beira, nos anos 2012 a 2014.

1.3.2 Objectivos Específicos

 Analisar as actuais habilidades de gestão e sua contribuição nas empresas de


Serigrafia.
 Descrever as habilidades técnicas e características do perfil dos empreendedores e sua
contribuição na gestão das empresas de Serigrafia.
 Relacionar as actuais práticas empreendedoras das empresas de Serigrafia com as
características de um empreendedor de sucesso.

1.4 Definição do Problema

Com a transição económica, social e política em Moçambique aliado a paz e estabilidade


política, emergiram no país, concretamente na cidade da Beira, muitas empresas que iniciaram
negócios e seus proprietários assumiram a gestão dos próprios negócios, sem possuírem
suficientes habilidades e características empreendedoras requeridas para o desenvolvimento
de um negócio e tornar as empresas competitivas.

De acordo com Malheiros, Ferla & Cunha (2005), pode se afirmar:


A viabilidade de uma empresa depende, basicamente, da figura do empreendedor, pois
é o ponto central que determina ou não o sucesso do empreendimento. Cabe ao
empreendedor muitas vezes exercer, simultaneamente, o papel de dono da ideia e o de
gerente das acções que serão colocadas em prática. Por essa razão, o empreendedor
deve procurar sempre desenvolver as virtudes e as qualidades necessárias para obter
sucesso no seu empreendimento (p. 22).

4
O problema da pesquisa em estudo está relacionado com a forma como os empreendedores
que emergem no mercado sem prévia preparação em empreendedorismo geram os seus
negócios, assim, o autor visitou as empresas de serigrafia para compreender as habilidades de
gestão e características empreendedoras nas empresas, no período compreendido entre 2012 e
2014, onde o pesquisador constatou fracas habilidades de gestão e características do perfil
empreendedor, o que pode conduzir as empresas a fracassar nos negócios.

Face as constatações encontradas nas empresas de serigrafia e ciente do papel que o


empreendedorismo tem de revolucionar o padrão de produção, por meio de invenção,
desenvolvimento de novas tecnologias na produção de um novo bem ou bem antigo de uma
maneira nova, suscitou no autor a necessidade de realizar a pesquisa para perceber as fracas
habilidades de gestão e características dos empreendedores de serigrafia, daí surge a seguinte
questão: Como as habilidades e características empreendedoras podem contribuir no
sucesso das empresas de serigrafia, na cidade da Beira de 2012 a 2014?

1.5 Perguntas de Pesquisa

Para dar resposta aos objectivos desta pesquisa foram seleccionadas as seguintes questões:

a) Quais são as actuais habilidades de gestão e sua contribuição nas empresas de


Serigrafia?
b) Quais são as habilidades técnicas e características do perfil dos empreendedores e sua
contribuição na gestão das empresas de Serigrafia?
c) Qual é a relação existente entre as actuais práticas empreendedoras das empresas de
Serigrafia com as características de um empreendedor de sucesso?

1.6 Delimitação do Estudo

A presente pesquisa faz uma análise das habilidades e características empreendedoras nas
empresas de serigrafia da cidade da Beira, designadamente, Sandura Serigrafia e Publicidade
& Serigrafia, no período compreendido entre 2012 e 2014, dada a importância que a serigrafia
tem na divulgação de serviços e produtos oferecidos pelas empresas e eventos promovidos

5
pela sociedade civil. Em termos temporal, o autor julga ser o tempo suficiente para análise das
acções empreendedoras levadas a cabo pelos empreendedores de serigrafia.
O tema apresentado foca basicamente sobre o empreendedorismo, empreendedor, habilidades
técnicas, habilidades de gestão, características do perfil empreendedor e negócio bem-
sucedido.

1.7 Limitação do Estudo

No decurso desta dissertação verificou-se limitações relacionadas com a indisponibilidade


apresentada pelos funcionários e empreendedores durante a colecta de dados nas empresas
pesquisadas. Esta limitação foi ultrapassada através da sensibilização aos empreendedores e
gestores das empresas de serigrafia a cooperarem, pois, toda informação fornecida seria
tratada de forma confidencial e utilizada exclusivamente para fins desta pesquisa.

Uma outra limitação encontrada na elaboração desta dissertação, prende-se com a


insuficiência de estudos realizados em Moçambique sobre o tema em pesquisa (literatura
focalizada), visto ser uma área nova de estudo e carece de pesquisa. Esta limitação foi
ultrapassada graças a busca feita na internet, onde foi possível ter um artigo relacionado com
o tema em estudo.

1.8 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo apresenta a


introdução, a justificativa, objectivos de estudo, definição do problema, pergunta de pesquisa,
delimitação de estudo, limitação do estudo e a estrutura de trabalho.

O segundo capítulo, faz a revisão da literatura. Neste capítulo estão abordados literatura
teórica, orientadora do trabalho, a literatura empírica para se perceber o que foi escrito
noutros países sobre o tema em estudo e por fim a literatura focalizada, a qual aborda a
literatura local de Moçambique de forma a perceber o que foi escrito a respeito do tema.

6
O terceiro capítulo, apresenta a metodologia utilizada nesta pesquisa, onde o autor faz
referência dos instrumentos que foram utilizados na elaboração e realização deste trabalho

O quarto capítulo, apresenta a análise e interpretação dos resultados da pesquisa em torno da


análise do impacto das habilidades e características empreendedoras nas empresas de
serigrafia, designadamente, Sandura Serigrafia e Serigrafia & Publicidade, nos anos 2012 a
2014.

Por último, o capítulo cinco apresenta as conclusões e recomendações.

7
CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Introdução

Neste capítulo foram abordados vários conceitos sobre empreendedorismo, empreendedor,


habilidades empreendedoras, perfil empreendedor entre outros, os quais serviram de base para
a fundamentação do tema em estudo. Fez-se também o levantamento dos estudos efectuados
fora e dentro do país relacionado com o tema em pesquisa.

2.2 Revisão da Literatura Teórico

Neste subcapítulo faz referência o historial sobre empreendedorismo, o conceito do


empreendedorismo. Discute-se sobre o que ser um empreendedor, suas habilidades e
características do perfil empreendedor e discute-se também sobre negócio bem-sucedido.

2.2.1 Breve Historial sobre Empreendedorismo

A palavra "empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume
riscos e começa algo novo" (Dornela, 2009, p. 14﴿.

Hisrich et al. (2009) apresenta as diferentes fases que o conceito empreendedor conheceu
desde o período inicial até o século XX:
 No Período Inicial: um exemplo inicial da primeira definição de empreendedor como
ʺintermediárioʺ é Marco Polo. Que tentou estabelecer rotas comerciais para o Extremo
Oriente. Como intermediário, Marco Polo assinava um contrato com uma pessoa de
recursos o precursor do actual ﴾o precursor do actual capitalista de risco﴿ para vender
suas mercadorias.
 Na Idade Média: o termo empreendedor foi usado para descrever tanto um
participante quanto um administrador de grandes projectos de produção. Em tais
projectos, esse indivíduo não corria risco simplesmente administrava o projecto
usando os recursos fornecidos geralmente pelo governo do país. Um típico

8
empreendedor era o clérigo – a pessoa encarregada de obras arquitectónicas, como
castelos e fortificações, prédios públicos, abadias e catedrais.
 No Século XVII: a reemergente ligação do risco com empreendedorismo se
desenvolveu neste século, com o empreendedor sendo a pessoa que firmava um acordo
contratual com o governo para desempenhar um serviço ou fornecer produtos
estipulados. Como o valor do contrato era fixo, todos os lucros ou perdas resultantes
eram do empreendedor.
 Século XVIII: a pessoa com capital foi diferenciada daquela que precisava de capital.
Em outras palavras, o empreendedor foi diferenciado do fornecedor de capital ﴾o
actual investidor de risco﴿. Uma das causas da diferenciação foi a industrialização.
 Século XIX e XX: no final e início destes séculos, não se distinguia empreendedores
de gerentes eram vistos a partir de uma perspectiva económica. Resumidamente, o
empreendedor organiza e opera uma empresa para lucro pessoal. Paga preços actuais
pelos materiais consumidos no negócio, pelo uso da terra, pelos serviços de pessoas
que emprega e pelo capital de que necessita.
 Em Meados do Século XX, estabeleceu-se a noção de empreendedor como inovador.
A função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção
explorando uma invenção ou, de modo mais geral, um método tecnológico não
experimentado, para produzir um novo bem ou um bem antigo de uma maneira nova,
abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais, ou uma comercialização para
produtos, e organizando um novo sector. O conceito de inovação é uma parte
integrante do empreendedorismo nessa definição. De facto, a inovação, o acto de
lançar algo novo, é uma das mais difíceis tarefas para o empreendedor, pois que exige
não só a capacidade de criar, como também a capacidade de entender todas as forças
em funcionamento no ambiente.

Como se pode perceber desde o período inicial até meados do século XX, o conceito
empreendedor passou por várias transformações, das quais o empreendedor era conhecido
como intermediário entre o possuidor de recursos e venda de mercadorias, participante e
administrador de grandes projectos de produção, alguém que firma um acordo contratual com
governo e assume os riscos do negócio. Com a industrialização houve distinção entre
empreendedor e fornecedor do capital, o empreendedor passou a ser diferenciado com

9
gestores, uma vez que era visto da perspectiva económica, e na actualidade o empreendedor é
visto com inovador.

O papel dos empreendedores das serigrafias deve ser de inovador nos processos produtivos,
inovar em produtos, organização dos sectores de actividades e alocar profissionais
competentes, e implementar tecnologias modernas, como é o caso de equipamentos de
serigrafia modernos em vista ao sucesso do negócio.

2.2.2 Conceito do Empreendedorismo

Segundo Dornelas ﴾2008﴿, “empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que,


em conjunto levam a transformação de ideias em oportunidades. E a perfeita implementação
destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso” (p.22).
Para este autor o empreendedorismo é o encontro de pessoas com os processos, seja empresas,
nas feiras ou leitura de revistas sobre negócios, que atiçam ideias e são transformadas em
oportunidade de negócio e a posterior criação de um negócio com valor.

Para esta pesquisa o empreendedorismo pode ser entendido, segundo Hisrich et al. ﴾2009﴿,
como "o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários,
assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as
consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal" (p. 30﴿.

Neste conceito são enfatizados quatro aspectos básicos sobre empreendedorismo:


 Primeiro, o empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo de valor,
portanto, a criação tem que ter valor tanto para o empreendedor e para o público para o
qual é desenvolvido o empreendimento, para o caso concreto, a criação de uma
empresa de serigrafia que oferece serviços de qualidade aos clientes;
 Segundo, o empreendedorismo exige dedicar tempo e esforço necessário a um
empreendimento na criação de algo novo e torná-lo operacional;
 Terceiro aspecto é assumir riscos necessários, a destacar a incerteza sobre o futuro do
negócio, incerteza do investimento empregue na inovação inerente as acções
empreendedoras, como a criação de novos produtos ou novos serviços. No entanto, os

10
empreendedores devem decidir agir mesmo diante da incerteza em relação ao
resultado dessa acção;
 O último aspecto, recompensas de ser um empreendedor. No que diz respeito a
recompensas, o empreendedor busca independência e a satisfação pessoal pela
obtenção de lucros e sucesso no negócio.

2.2.3 Empreendedor

Actualmente assiste-se quase por todas as partes indivíduos que iniciam e gerem os seus
próprios negócios, contudo, sem que tenham capacidades empreendedoras. Nos parágrafos
seguintes procuraremos perceber o que é um empreendedor.

Segundo Chiavenato ﴾2008﴿ "o empreendedor é a pessoa que inicia e ou opera um negócio
para realizar uma ideia ou projecto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando
continuamente" ﴾p. 3﴿.

É possível perceber neste conceito que o empreendedor não é apenas aquele que inicia algo
novo, porém, trabalha num negócio já existente para implementar um projecto pessoal,
arcando riscos que possam decorrer desse processo e privilegiando sempre a inovação.

Para Pimentel ﴾2008﴿ "o empreendedor é um visionário que busca o máximo ser disciplinado,
assumir riscos, ser inovador, ter ousadia, ser persistente, ter iniciativa, coragem, humildade e,
principalmente, ter paixão pelo que faz" (p. 12﴿.

Este autor realça o aspecto visionário, portanto, o empreendedor é um indivíduo que


determina seu rumo a longo prazo, em termos de expansão e crescimento do negócio, e decide
assumir riscos, iniciar algo novo, inovar, ser persistente e entusiasmado na actividade que
desenvolve em vista a alcançar êxito.

O mesmo autor enfatiza que, o empreendedor é aquele que busca satisfazer de forma criativa
uma necessidade de um mercado consumidor potencial, com o mínimo de tempo necessário e
uma implementação com os recursos disponíveis. O empreendedor em serigrafia deve

11
procurar satisfazer todas necessidades publicitárias, através de prestação de serviços de
serigrafia de qualidade e a utilização racional dos recursos a sua disposição.

Para o pesquisador, o empreendedor é um indivíduo visionário, que determina seu rumo a


longo prazo, identifica oportunidades permanentemente, cria algo novo ou opera num negócio
já existente, assume riscos, inova e muda sempre nos processos produtivos, no produto ou
serviço, na organização e na gestão da empresa.

De entre várias características que identificam o espírito empreendedor, Chiavenato (2008)


destaca três características básicas, a saber:
 Necessidades de realização – as pessoas apresentam diferenças individuais quanto a
necessidade de realização. Existem aquelas com pouca necessidade de realização e
que se contentam com a posição que alcançaram. Com tudo as pessoas com alta
capacidade de realização gostam de competir com certo padrão de excelência e
preferem ser pessoalmente responsáveis por tarefas e objectivos que atribuíram a si
próprias. O impulso de realização reflecte-se nas pessoas ambiciosas que iniciam
novas empresas e orientam o seu crescimento. A necessidade de realização pessoal,
motiva o empreendedor a enfrentar melhor as oportunidades que surgem do que as
pessoas conformadas com a posição alcançada que preocupam-se mais com tarefas
rotineiras, ao em vez de tarefas complicadas e desafiantes, passíveis a riscos, factores
que tornam o empreendedor bem-sucedido no negócio.
 Disposição de assumir riscos – o empreendedor assume variados riscos ao iniciar seu
próprio negócio: riscos financeiros decorrentes de investimentos do próprio dinheiro e
de abandono de empregos seguros e de careiras definidas; riscos familiares ao
envolver família no negócio; riscos psicológicos pela possibilidade de fracassar em
negócios arriscados.
 Autoconfiança – quem possui autoconfiança sente que pode enfrentar os desafios que
existem ao seu redor e tem domínio sobre os problemas que enfrenta. Os
empreendedores de sucesso são pessoas independentes que enxergam problemas
inerentes a um novo negócio, mas acreditam em suas habilidades pessoais para superar
tais problemas.

12
O Geber (1995) identificou três papéis distintos nos empresários, a saber: o técnico que faz o
trabalho, o gestor que monitoriza e organiza e o empreendedor que é conduzido pela visão,
que constrói o negócio. Na suposição do mesmo autor, a ideia de independência, a imagem de
ser o seu próprio patrão e acreditando que o seu conhecimento sobre o lado técnico o
qualificaria perfeitamente para gerir o seu próprio negócio, leva o individuo ao ataque de
empreendedorismo.

O ataque empreendedorismo, refere-se a um profissional que possui conhecimento técnico e


incorre na suposição mais desastrosa que uma pessoa poderia fazer a respeito do início de um
negócio.

Gerber (1995) examinou como as várias personalidades interiores interagem através do lado
empreendedor, gestor e técnico, que todos indivíduos possuem:
 Lado Empreendedor – a personalidade empreendedora transforma a condição mais
insignificante numa excepcional oportunidade. O empreendedor é visionário dentro de
nós, a energia por detrás de toda actividade humana, o catalisador das mudanças.
 Lado Gestor – a personalidade de um gestor é pragmático. Sem o gestor não haveria
planeamento, nem ordem, muito menos previsibilidade. O empreendedor possui
controlo, o gestor possui ordem, enquanto o empreendedor prospera nas mudanças, o
gestor prende-se de forma compulsiva ao estado actual.
 Lado Técnico – o técnico é o executor. Enquanto o empreendedor vive no futuro e o
gestor no passado, o técnico vive no presente. Enquanto estiver a trabalhar, é feliz,
mas lida apenas com uma coisa de cada vez.

O técnico é executor das actividades do dia-a-dia da empresa, enquanto gestor é pragmático,


resolve os problemas da empresa, concentra suas atenções na organização dos recursos,
planificação, coordenação e liderar as equipas de trabalho. Sem o gestor não poderia haver
empresa. Enquanto empreendedor busca oportunidades nos acontecimentos, é visionário. Sem
o empreendedor não haveria qualquer inovação pois, é da tensão entre visão do empreendedor
e o pragmatismo do gestor, que nasce a síntese da qual surgem todas as grandes obras.

13
O que diferencia empreendedor das outras pessoas é a maneira como percebe a mudança e
lida com as oportunidades, criando sempre valor para sociedade. Ser empreendedor significa,
acima de tudo, a capacidade de realizar coisas novas, pôr em prática ideias próprias.

De acordo com Timmons (1989, citado em Sarkar 2000) sugere que para ser "um
empreendedor de sucesso, um indivíduo tem que ter a criatividade e a inovação de um
inventor e as qualidades de gestão de um gestor" (p. 75). Baseado nestes dois critérios,
Timmons criou matriz identificando quatro tipos de indivíduos, tendo em conta as suas
capacidades de gestão e na criatividade ou inovação.

A figura 2.1. ilustra quatro tipos de indivíduos no exercício empresarial, a saber: Promotor é
uma personalidade que apresenta baixos níveis de criatividade e inovação, bem como a baixa
capacidade de gestão. Inventor é uma pessoa com elevado nível de criatividade e inovação,
porém, possui fraca capacidade de gestão. Gestor ou administrador, personalidade com
elevada capacidade de gestão e baixa criatividade e inovação. Empreendedor de sucesso é
alguém que possui elevados níveis de criatividade, inovação, bem como elevada capacidade
de gestão.

Figura 2.1: Matriz do Empreendedor de Timmons (1989).

Fonte: http://www.revistamilitar.pt/artigo.php? Art id=269

14
Não basta possuir conhecimentos técnicos para iniciar ou desenvolver um negócio, é
fundamental que os empreendedores, concretamente do ramo de serigrafia tenham elevadas
capacidades tanto de criatividade, inovação e de gestão para que sejam bem-sucedidos no
desenvolvimento do negócio.

2.2.4 Inovação no Empreendedorismo

O aumento da concorrência em todos os ramos de actividade e as mudanças no


comportamento do consumidor faz com que as empresas precisem buscar inovações não em
produtos e serviços, mas também no seu dia-a-dia ou até na sua forma de vender e se
organizar internamente.

De acordo com OECD (2007), "as actividades de inovação tecnológica são o conjunto de
etapas científicas, tecnológicas, organizativas, financeiras e comerciais, incluindo os
investimentos em novos conhecimentos, que levam ou que tentam à implementação de
produtos e de processos novos ou melhorados".

Para a melhor compreensão da inovação no empreendedorismo, em seguida apresenta-se


outros conceitos importantes:
 Inovação em Produtos (bens ou serviço): quando há mudanças no que se faz, ou
seja, desenvolvimento de novos produtos, os quais antes não existiam, ou
melhoramento significativo de produtos já existentes, atendendo melhorar às
necessidades do mercado (OECD, 2007).
 Inovação em Processos: quando há mudança no como se faz aprimorando ou
desenvolvendo novas formas de fabricação ou os meios de prestação de serviços de
distribuição de bens e novos meios de prestação de serviços (OECD, 2007).
 Inovação de Marketing: é a implementação de um novo método de marketing com
mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no
posicionamento em sua promoção ou na fixação de preços (Carvalho, 2009, p. 36).
 Inovação Organizacional: é a implementação de um novo método organizacional nas
práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas
relações externas (Carvalho, 2009, p. 36).

15
Os conceitos anteriormente mencionados mostram as diferentes dimensões de inovações, nas
quais o empreendedor deve efectuar mudanças no negócio, ser competitivo no mercado, para
tal, deve permanentemente inovar nos serviços, em processos produtivos, no produto,
marketing e em aspectos organizacionais para o sucesso empreendedor das serigrafias.

2.2.5. Habilidades de um Empreendedor

As habilidades se manifestam através de acções executadas a partir de um conhecimento que


o indivíduo possui, de experiências vividas. Segundo Rodrigues (1992), "habilidade envolve
uma proficiência prática, física e mental e é adquirida por treinamento e prática, ou seja, é a
arte de saber fazer, podendo ser aprimorada pela busca e assimilação do conhecimento".

De acordo com Moris e Jones (1999, citados em Sarkar, 2010) os empreendedores devem
estar aptos para realizar as seguintes tarefas:
 Identificar e avaliar uma oportunidade;
 Definir um conceito de negócio;
 Identificar os recursos necessários;
 Adquirir os recursos necessários e;
 Implementar o negócio.

Estes autores defendem ainda para se realizar estas tarefas de forma efectiva, o empreendedor
deve empregar o conhecimento de negócio em áreas como as vendas, marketing, gestão de
trabalho, finanças, contabilidade e pensamento estratégico. Hood e Young (1993, citados em
Sarkar, 2010) referem que é necessário ter uma percepção básica destas áreas para atingir o
sucesso nos negócios. E acreditam que é ainda necessário para os indivíduos desenvolverem
competências na apresentação oral, nas relações interpessoais e no planeamento do negócio.
Para além destas capacidades, as seguintes áreas de capacidade ou conhecimento dos negócios
são cruciais para o sucesso do empreendedor:
 Liderança;
 Comunicação (oral e escrita);
 Relações humanas;

16
 Negociação;
 Raciocínio lógico e analítico;
 Tomada de decisão e definição de objectivos e;
 Preparação de um plano de negócios.

Os mesmos autores realçam que estas capacidades são também aquelas que são requeridas a
um gestor dentro de qualquer organização. Assim, o que diferencia o empreendedor do gestor
é o seguinte, para além de ter estas características, tem ainda a capacidade de identificar uma
oportunidade e implementar essa mesma oportunidade.

O processo de empreender, envolve a busca de novo empreendimento, seja introduzir novos


produtos em mercados existentes, de produtos existentes e ou a criação de uma nova
organização. Um empreendedor precisa encontrar, avaliar e desenvolver uma oportunidade,
superando as forças que resistem à criação de algo novo. O processo empreendedor
compreende quatro fases distintas, a saber: identificação e avaliação da oportunidade;
desenvolvimento do plano de negócio; determinação dos recursos necessários e;
administração da empresa (Shepherd, 2009).

Os empreendedores no processo de criação de um novo empreendimento, ou introduzir um


novo produto existente, introduzir produtos existentes em novos mercados devem observar as
etapas que compreendem um processo empreendedor e aprimorar dos aspectos implícitos em
cada fase, de forma que alcance sucesso no negócio desenvolvido. A tabela 2.1 ilustra os
aspectos a serem observados no processo de desenvolvimento de um empreendimento.

17
Tabela 2.1: Aspectos do Processo Empreendedor

Identificação e Desenvolvimento de Recursos Administração da


avaliação da um plano de negócio necessários empresa
oportunidade
 Avaliação da Página de título  Determinar os Desenvolver o
oportunidade  Sumário recursos necessários estilo
 Criação e Resumo executivo  Determinar os administrativo
dimensionamento da Principal secção recursos existentes  Conhecer as
oportunidade 1. Descrição do negócio  Identificar a falta de principais variáveis
 Valor real e valor
2. Descrição do sector recursos e os para o sucesso
percebido da
3. Plano tecnológico fornecedores  Identificar
oportunidade 4. Plano de marketing disponíveis problemas e
 Risco e retornos da
5. Plano financeiro  Desenvolver acesso possíveis
oportunidade 6. Plano de produção aos recursos problemas
 Oportunidade 7. Plano organizacional
versus necessários  Implementar
aptidões e 8. Plano operacional
metas sistemas de
pessoais 9. Resumo controle
 Ambiente competitivo  Apêndice  Desenvolver a
estratégia de
crescimento
Fonte: Shepherd (2009)

i. Identificação e Avaliação da Oportunidade

As oportunidades podem ser identificadas mediante a participação nas feiras, exposições e


eventos relacionados ao sector de negócio na qual a empresa actua, leitura de revistas do
segmento de serigrafia, participação em encontros das associações, conversa com os
concorrentes, clientes, empregados, fornecedores e empresários de outros sectores, procurar
compreender as tendências do mercado, situações económicas, politicas e sociais, cada uma

18
delas deve ser cuidadosamente verificadas e avaliadas, de forma a aferir se um determinado
produto ou serviço oferece o retorno necessário em relação aos recursos exigidos.

O processo de avaliação envolve prestar atenção à extensão da oportunidade, seu valor real e
seu valor percebido, seus riscos e possibilidades de retorno, sua adequação às habilidades e
metas pessoais do empreendedor e ao diferencial da oportunidade em seu ambiente
competitivo.

ii. Desenvolvimento de um Plano de Negócio

Uma vez identificadas e avaliadas as oportunidades, segue-se a concepção de um plano de


negócio que de acordo com Shepherd (2009), "plano de negócio é um documento preparado
pelo empreendedor em que são descritos todos os elementos externos e internos relevantes
para o início de um novo empreendimento" (p. 219). O plano de negócio deve responder às
questões: onde estou? Para onde estou indo? Como chegarei lá? Os possíveis investidores, os
fornecedores e até mesmo os clientes solicitarão ou exigirão um plano de negócio. O
empreendedor deve tomar decisões importantes e reunir informações para preparar o plano de
negócio, contemplando os aspectos indicados na tabela 2.1.

O plano de negócio é essencial no desenvolvimento da oportunidade bem como auxiliar o


empreendedor das empresas de serigrafia na determinação dos recursos necessários, sua
obtenção e na administração com sucesso do empreendimento.

iii. Recursos Necessários

Sem recursos, tanto humanos e financeiro, o empreendedor fracassará no seu negócio. O


empreendedor deve determinar os recursos necessários para a viabilização do
empreendimento, acção que consiste em fazer uma apreciação dos recursos actuais
disponíveis e as quantidades necessárias, que podem ser alocados durante o desenvolvimento
do empreendimento. Deve-se identificar os fornecedores potenciais destes recursos.

19
iv. Estrutura Administrativa da Empresa

Uma vez obtidos os recursos, o empreendedor deve empregá-los na implementação do plano


de negócio. Para uma empresa em crescimento deve-se implementar um estilo, uma estrutura
administrativa, determinar as principais variáveis para o sucesso e criar um sistema de
controle que possibilita a identificação e resolução de todas as áreas problemáticas.

Segundo Shepherd (2009), "a estrutura administrativa da empresa administrada pelo modo
empreendedor é orgânica, ou seja, a estrutura organizacional tem menos camadas de
burocracia entre a alta administração e o cliente, e geralmente dispõe de várias redes
informais" (p. 67).

O mesmo autor refere que a organização na sua fase inicial será simples. O empreendedor
acredita que pode desempenhar todas funções da organização. Esse é um problema comum e
uma causa importante de muitos fracassos. O empreendedor acredita que pode fazer tudo e
não está disposto a passar a responsabilidade para outros ou mesmo a incluir terceiros na
equipa administrativa. Sem levar em conta se há um ou mais indivíduos envolvidos na
iniciativa, à medida que a carga de trabalho aumenta, a estrutura organizacional precisará se
expandir para incluir outros funcionários com funções definidas na organização.

A figura 2.2 ilustra uma estrutura organizacional duma empresa em expansão, na qual temos
um presidente no nível mais alto da organização e os gestores para coordenar, organizar e
controlar vários aspectos do negócio. O gestor de produção é responsável pelo controle de
qualidade e pela montagem do produto final fabricado pela empresa terciarizada. O gestor de
marketing desenvolve promoções e estratégias publicitárias e coordena os esforços da
expansão de representantes da organização. O gestor administrativo assume a
responsabilidade por todas as tarefas administrativas no funcionamento da empresa. O nível
da base da organização é constituído pelos técnicos com diferentes especialidades e realizam
as actividades do dia-a-dia da organização.

20
Figura 2.2. Organigrama duma Empresa em Expansão

Fonte: Shepherd (2009)

As empresas administradas pelo modo empreendedor são focadas na busca de oportunidades


de nova entrada que representem um novo valor para a empresa. Estas empresas têm uma
filosofia no sentido de recompensas, que compensa os funcionários com base em sua
contribuição para descoberta ou geração e exploração de oportunidade. Diferenciando nas
empresas administradas pelo modo tradicional recompensa a gerência e os funcionários de
acordo com as suas responsabilidades, as quais são determinadas pelo volume de recursos que
o gerente ou funcionário controla.

Dornelas (2008) classifica as habilidades requeridas a um empreendedor em três áreas, a


saber: técnicas, gestão e características pessoais:
 Técnicas - envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e captar informações, ser
bom orador, ser organizado, saber liderar e trabalhar em equipa e possuir
conhecimento técnico na sua área de actuação.
 Gestão - inclui as áreas envolvidas na criação, desenvolvimento e gestão de uma nova
empresa: marketing, administração, finanças, operacional, produção, tomada de
decisão, controle das acções da empresa e ser um bom negociador.

21
 Características pessoais - incluem ser disciplinado, assumir riscos, ser inovador, ser
orientado a mudanças, ser persistente, ser um líder visionário e entre outras
apresentadas no subcapítulo que se segue.

A conjugação das habilidades técnicas, de gestão e características pessoais contribuirá para o


desenvolvimento das capacidades dos empreendedores de serigrafia em: comunicação,
organização, trabalho em equipa e conhecimento técnico em serigrafia; marketing,
administração, finanças, operacionais, produção, tomada de decisão, controle das acções da
empresa, negociação e; assumir riscos, inovação, orientação a mudanças, persistência,
liderança visionária de modo a conduzir eficazmente a empresa e alcançar o sucesso no
negócio.

2.2.6 Perfil do Empreendedor

O empreendedor é a pessoa que faz as coisas acontecerem, visto ser dotado de sensibilidades
para os negócios, senso financeiro e capacidade de identificar oportunidades. Com esses
atributos, permite transformar ideias em realidade, para benefício próprio e para comunidade.

Pimentel (2008) refere que os empreendedores devem ser dotados de características que os
transformam em vencedores, a saber:
 Iniciativa: o empreendedor não fica esperando que os outros (o governo, o
empregador, o parente, o padrinho) venham resolver seus problemas. O empreendedor
é uma pessoa que gosta de começar coisas novas, a iniciativa e a inovação são as
capacidades daquele que, tendo um problema qualquer, age, arregaçar as mangas e
parte para a solução.
 Auto confiança: o empreendedor tem confiança, isto é, acredita em si mesmo. Ele
obtém sucesso independentemente de ter ou não patrão, do tipo de negócio, do
governo ou de quem quer que seja. Se ele não acreditasse em si mesmo seria difícil
para tomar a iniciativa. A crença em si mesmo faz um indivíduo arriscar mais, ousar,
oferecer-se para realizar tarefas desafiadoras, enfim, torna-o mais empreendedor.
 Aceitação de risco: o empreendedor aceita riscos ainda que muitas vezes seja
cauteloso e precavido contra eles. A verdade é que o empreendedor sabe que não

22
existe sucesso sem uma dose de risco, por esse motivo ele o aceita em alguma medida.
Sem temor de fracasso e ou da rejeição: o empreendedor fará tudo o que for necessário
para não fracassar, sob a óptica de assumir riscos calculados, mas não é atormentado
pelo medo paralisante do fracasso. Pessoas com grande amor-próprio e medo do
fracasso preferem não tentar correr riscos de não acertar, ficando, então, paralisadas.
Neste sentido, o empreendedor acredita em si mesmo primeiramente e em seguida em
seu projecto de negócio.
 Decisão e responsabilidade: o empreendedor não fica esperando que os outros
decidam por ele. Ele toma decisões e aceita as responsabilidades que estas acarretam.
 Energia: é necessária uma dose de energia para se lançar em novas realizações, que
usualmente exigem intensos esforços. O empreendedor dispõe dessa reserva de
energia. Vinda provavelmente do seu entusiasmo e motivação.
 Controle: o empreendedor acredita que sua realização depende de si mesmo e não de
forças externas sobre as quais não tem controle. Ele se vê capaz de controlar a si
mesmo e de influenciar o meio de tal modo que possa atingir os seus objectivos.
 Ser voltado para a equipa: o empreendedor em geral, não é somente um fazedor, no
sentido obreiro da palavra. Ele cria equipa, delega, acredita nos outros e obtém
resultados por meio de terceiros.
 Persistência: o empreendedor por estar motivado, convicto, entusiasmado e crente nas
possibilidades é capaz de persistir até que as coisas comecem a funcionar
adequadamente.
 Cuidado: tomar cuidado por não “queimar o seu filme” e o da empresa. São exemplos
disto: não saber qual o seu mercado consumidor e subestimar a concorrência ou os
riscos de negócio.

É possível perceber que um empreendedor é identificado pelas suas competências,


designadamente iniciativa, autoconfiança, aceitação de risco, decisão e responsabilidade,
energia, controle, ser voltado para equipa, persistência e cuidados indispensáveis para o
exercício das actividades com êxito.

23
Um indivíduo que tenha conhecimentos técnicos no ramo de serigrafia e decide começar a sua
empresa, porém, sem ser dotado do perfil empreendedor, certamente fracassará no negócio,
assim, Reber (1995, citado em Sarkar, 2010):
"identificou que as abordagens psicológicas ao empreendedorismo procuram
identificar comportamentos e traços na personalidade que são únicos para o sucesso
dos empreendedores. Estes traços são identificados como características
temperamentais de um indivíduo que são estáveis ao longo do tempo" (p. 60).

24
Tabela 2.2: Características dos Empreendedores de Sucesso

São visionários Eles têm a visão de como o futuro para seu negócio e sua vida, e o
mais importante: eles têm habilidades de implementar seus sonhos.
Sabem tomar Eles não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões correctas na
decisões hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo isso
um factor chave para o seu sucesso.
Sabem explorar ao Para os visionários (os empreendedores), as boas ideias são geradas
máximo as daquilo que todos conseguem ver, mas não identificam algo prático
oportunidades para transforma-las em oportunidades, por meio de dados e
informação.
São determinados e Eles implementam suas acções com total comprometimento.
dinâmicos Atropelam as diversidades, ultrapassando os obstáculos, com uma
vontade impar de fazer acontecer. Mantêm-se sempre dinâmicos e
cultivam um certo inconformismo diante da rotina.
São dedicados Eles se dedicam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao seu negócio.
Comprometem o relacionamento com amigos, com a família, e ate
mesmo com a própria saúde. São incansáveis e loucos pelo trabalho.
São optimistas e Eles adoram o trabalho e realizam. E é esse amor ao que fazem o
apaixonados pelo principal combustível que os mantém cada vez mais animados e
que fazem autodeterminados, tornando-os melhores vencedores dos seus
produtos e serviços, pois sabem como fazê-lo.
São independentes Eles querem estar à frente dos mudanças e ser dono do próprio
e constroem seus destino. Querem ser independentes, em vez de empregados.
destinos
São líderes e Os empreendedores têm um senso de liderança incomum. E são
formadores de respeitados e adorados pelos seus funcionários, pois sabem valoriza-
equipas los, estimulá-los e recompensa-los, formando uma equipa
competente em torno de si, da qual garante êxito e sucesso.
São organizados Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos materiais,
humanos, tecnológicos e financeiros, de forma racional, procurando
o melhor desempenho para o negócio.
Planeiam Os empreendedores de sucesso planeiam cada passo de seu negócio,
desde o primeiro rascunho do plano de negócios até a apresentação
do plano a investidores, definição das estratégias de marketing do
negócio.
Possuem São sedentos pelo saber e aprendem continuamente, pois sabem que
conhecimentos quanto maior o domínio sobre um ramo de negócio, maior a sua
possibilidade de êxito.
Assumir riscos O verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos calculados e
calculados sabe gerir o risco, avaliando as reais possibilidades de sucesso.
Criam valor para Os empreendedores utilizam seu capital intelectual para criar valor
sociedade para a sociedade, com a geração de empregos, dinamizando a
economia e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de
soluções para melhorar a vidas das pessoas.
Fonte: Dornelas (2008)

25
Para melhor compreensão das características do perfil empreendedor foram sintetizadas em
três virtudes, designadamente: de apoio, superiores e especiais. As virtudes de apoio são
importantes e necessárias, mas as virtudes superiores são características apenas dos
verdadeiros empreendedores e as especiais são comuns entre empreendedores de sucesso
(Malheiros, et al., 2005, pp. 24-37).

i. Virtudes de Apoio

As virtudes de apoio não dizem respeito somente aos empreendedores, porém, são comuns a
outros grupos, como por exemplo os bons administradores. As virtudes de apoio estão
descritas como se segue:
 Visão: é um trabalho mental que liga o hoje (conhecido) ao amanhã (desconhecido),
criando o futuro a partir de uma montagem de factos, esperanças, sonhos,
oportunidades e perigo. A definição da visão permite que o empreendedor estabeleça
seu rumo em longo prazo. Ela permite que o empreendedor se posicione, assim como
o seu empreendimento, para criar e aproveitar oportunidades. Com base na visão, o
empreendedor busca ideias e conceitos que possibilitem caminhar segundo uma
direcção preestabelecida, convencendo as pessoas a adoptar a visão e a procurarem
para desenvolvê-la.
 Energia: os empreendedores são seres carregados de energia, constantemente
buscando alguma coisa para fazer. Empreendedores não gostam de perder tempo. Para
você ter sucesso, é necessário ter energia e estar disposto a se sacrificar para atingir
objectivos, caso seja necessário.
 Comprometimento: os empreendedores bem-sucedidos estão sempre dispostos a se
sacrificar ou despender esforço pessoal, fora do comum, para concretizar um projecto.
O empreendedor comprometido na algumas vezes se une com os funcionários para
terminar uma tarefa. O comprometimento faz com que o empreendedor se esforce em
manter os clientes satisfeitos e os coloque em primeiro lugar, acima de lucro em curto
prazo.
 Liderança: o empreendedor possui forte capacidade de liderança. Ele é capaz de
agregar pessoas em torno de si e movê-las em direcção aos objectivos por ele
determinados. Como líder autêntico possui ideias e objectivos. Para realizá-los,

26
emprega estratégias conscientes ou inconscientes, buscando influenciar ou persuadir
os outros.
 Obstinação: o empreendedor é um guerreiro obstinado. Ele gosta de competir.
Quando entra em uma disputa por uma causa ou um ideal, só sai como vencedor. Não
conseguindo vencer da primeira vez, não desiste, volta com carga total assim que for
possível.
 Capacidade de Decisão: o empreendedor não se perde no embaraçado de
oportunidades. Ele tem um senso apurado de prioridade e concentra-se naquilo que é
realmente importante. As próprias actividades diárias são avaliadas e realizadas em
função de uma escala de prioridades: primeiro as mais importantes, depois as menos.

Um empreendedor de sucesso deve ser dotado de virtudes de apoio, nomeadamente, a visão


que ajuda o empreendedor a traçar um rumo de acção para acompanhar as mudanças no
ambiente; o empreendedor deve ter energia, qualidade que exige a ter que sacrificar-se para o
alcance de objectivos e procura atrair as oportunidades a sua volta; o comprometimento é uma
qualidade exige empenho do empreendedor de modo a satisfazer as necessidades dos clientes
bem como mantê-los; deve ter a capacidade de liderança, influenciar a equipa para o alcance
dos objectivos pretendidos; a obstinação é uma qualidade que identifica, o empreendedor
como lutador, que não desiste até alcançar as metas traçadas; ter capacidade de decisão, o que
significa a realização das acções baseando-se num plano e prioridades.

ii. Virtudes Superiores

As virtudes superiores mostram a diferença do empreendedor em relação aos outros


participantes do jogo. As virtudes superiores estão descritas como se segue:
 Criatividade: nos negócios, o empreendedor usa a criatividade como uma das suas
principais armas. Cria novos produtos, novos métodos de produção, desbrava novos
mercados. O empreendedor é uma personalidade criativa que está sempre buscando
novas formas de satisfazer os clientes e muitas vezes criando novas necessidades.
Além disso, no empreendedor, obrigatoriamente, a criatividade vem acompanhada da
capacidade de execução, de inovação. A criatividade imagina as coisas novas, a
inovação faz as coisas novas.

27
 Independência: o empreendedor é independente, não gosta de seguir normas e estar
sob controle dos outros. A autonomia é um dos seus grandes objectivos. Expressa
confiança na sua própria capacidade de realizar tarefas difíceis e de enfrentar desafios.
Os grandes empreendedores não se mostram satisfeitos quando trabalhavam para
outros. Os empreendedores bem-sucedidos são os que pensam e se movem por
iniciativa própria.
 Entusiasmo/Paixão: os empreendedores são entusiasmados, apaixonados por aquilo
que fazem. Eles dedicam suas vidas a uma ideia que, em determinado momento, se
torna um ideal.

As virtudes superiores, fazem a diferença dos verdadeiros empreendedores, através das


qualidades criativas, utilizam a capacidade imaginativa tentando novas formas de satisfazer os
clientes pela criação de novos produtos, novos métodos de produção e novas necessidades. A
independência faz grande diferença nos empreendedores, não se contentam em trabalhar para
alguém, procuram ser donos dos seus negócios, possuem maior capacidade iniciativa e não se
conformam com as tarefas fáceis ou rotinas, todavia, preocupam-se em enfrentar novos
desafios. São apaixonados pelo que fazem, não se cansam até verem as suas ideias se
concretizar.

iii. Virtudes Especiais

As qualidades especiais são comuns entre empreendedores de sucesso:


 Assumir riscos: esta é uma das maiores qualidades do empreendedor. Correr riscos
conscientemente é ter coragem de enfrentar desafios. Os riscos fazem parte de
qualquer actividade e é preciso que você aprenda a lidar com eles.
 Identificar oportunidades: perceber, no momento certo, as oportunidades que o
mercado oferece é outra importante qualidade do empreendedor. Ele é uma pessoa
curiosa, atenta e que está sempre em busca de novas informações.
 Conhecimento: quanto maior for seu conhecimento e domínio sobre um ramo de
negocio, maior é sua possibilidade de obter êxito. Esse conhecimento pode ser obtido
através de sua experiencia prática, de informações em publicações especializadas, em

28
cursos especializados, ou até mesmo por meio de outras pessoas com
empreendimentos semelhantes.
 Organização: utilizar recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos de
maneira racional organizada é fundamental para o desempenho positivo do seu
empreendimento.

As virtudes especiais são comuns aos empreendedores. A assumpção de riscos é uma


qualidade de um empreendedor que inicia algo ou realiza qualquer actividade, porém, os
riscos devem ser identificados e avaliados. É sua tarefa identificar oportunidades no mercado
e trabalhar para satisfação das necessidades dos clientes. O conhecimento técnico sobre o
ramo que actua é fundamental para que tenha sucesso no negócio. O empreendedor deve ter a
capacidade de organizar e utilizar de forma racional os equipamentos de serigrafia, matéria-
prima, finanças assim como o pessoal para o sucesso empreendedor.

Desta forma, pode-se concluir que os empreendedores de sucesso devem ser indivíduos com
qualidades múltiplas, como anteriormente referenciado, contudo, importa ressaltar a
criatividade, autonomia e a paixão por serem virtudes superiores, não comuns e que fazem
diferença aos empreendedores de sucesso. Torna-se relevante conhecer as qualidades a ser
melhoradas nas empresas de serigrafia de modo a fortalecer os perfis daqueles
empreendedores e alcançar êxito no negócio.

2.2.7 Negócio Bem-sucedido

Entende-se por negócio bem-sucedido "saber evitar ou neutralizar as ameaças e saber


percorrer pelas oportunidades que ocorrem nesse ambiente, ou seja, saber escolher negócio
mais oportuno e mais susceptível de êxito" (Chiavenato, 2008, p.17).

Chiavenato (2008) afirma existir algumas razões pelas quais as pessoas se engajam nos
negócios:
 Forte desejo de ser seu próprio patrão, de ter independência e não receber ordens de
outros, fundamentando-se apenas em seu talento pessoal;

29
 Oportunidade de trabalhar naquilo que gosta, em vez de trabalhar como subalterno
apenas a ter segurança de um salário mensal e férias a cada ano;
 Sentimento de que pode desenvolver a sua própria iniciativa sem o guarda-chuva do
patrão;
 Desejo pessoal de reconhecimento e de prestígio;
 Poderoso impulso para acumular riqueza e oportunidade de ganhar mais que quando
era simples empregado;
 Descoberta de uma oportunidade que outros ignoram ou subestimam;
 Desafio de aplicar recursos próprios e habilidades pessoais em um ambiente
desconhecido.

Chiavenato (2008) afirma "o que pode tornar um indivíduo bem-sucedido é a conjugação de
duas coisas: o negócio oportuno e o espírito empreendedor bem dotado que o leva adiante" (p.
19). Pode se entender como negócio oportuno aquele que vai ao encontro de uma necessidade
do mercado ou seja existem potenciais clientes para o negócio. Enquanto o espírito
empreendedor significa ser criativo, atento as oportunidades a volta do negócio, assumir
riscos calculados, ser auto-confiante, persistência e visionário.

O mesmo autor refere que em adição aos aspectos anteriormente mencionados, o


empreendedor precisa:
 Ter vontade de trabalhar duro;
 Ter habilidade de comunicação;
 Conhecer maneiras de organizar o trabalho;
 Ter orgulho daquilo que faz;
 Manter boas relações interpessoais;
 Assumir responsabilidades e desafios;
 Tomar decisões.
 Um planeamento sólido e detalhado daquilo que se pretende fazer:
 Ter capital financeiro adequado para estimular o negócio e;
 Muita sorte por frente.

30
Portanto, ser empreendedor bem-sucedido pressupõe conhecer a razão que leva a empreender;
saber conjugar um negócio cujo propósito vai ao encontro a uma necessidade do mercado
com a criatividade, atenção as oportunidades a volta do negócio, assunção de riscos
calculados, autoconfiança, persistência e visão. O empreendedor bem-sucedido deve planear
detalhadamente as acções da serigrafia e dispor de fundos suficientes para aplicar com
celeridade nas actividades desenvolvidas.

2.2.8. Empresas em Acção Empreendedora versus Empresa em Acção Tradicional

A seguir faz-se a distinção entre as acções administradas por uma empresa com foco
empreendedor e pelo foco tradicional.

Tabela 2.3: Diferença entre as Empresas Administradas pelo modo Empreendedor e


pelo modo Tradicional

Foco Empreendedor Foco Tradicional


Orientado pela percepção da oportunidade Orientada por recursos controlados
Revolucionário, de curta duração Evolucionário, de longa duração
Vários estágios com mínima exposição Um único estágio comprometimento total
fora de decisão
Uso episódico ou aluguel dos recursos Posse ou emprego de recursos necessários
necessários
Simples, com várias redes informais Hierarquia
Baseada na criação de valor Baseada na responsabilidade e no tempo na
empresa
Crescimento rápido é a prioridade máxima, Seguro, lento e firme
risco aceito para atingir o crescimento
Promoção de ampla pesquisa de Pesquisa de oportunidades restritas pelos
oportunidades recursos controlados, fracasso punido
Fonte: Hisrich (2009)

31
A s empresa administradas de modo empreendedor estão comprometidas com a orientação às
oportunidades, podem alugar os recursos existentes para as outras oportunidades, tem uma
estrutura simples, com várias redes de informação, é baseada na criação de valor, o
crescimento é rápido e é a prioridade máxima e privilegia permanentemente atenção as
oportunidades. Ao contrário das empresas administradas pelo modo tradicional é orientado
pelo controle de recursos, emprega os recursos em sua posse, há hierarquia massiva e
centralização do poder ao gestor do nível mais alto da organização, baseia-se mais na
responsabilidade dos recursos que controla e a antiguidade na empresa, é seguro, lento e firme
em procedimentos, a pesquisa das oportunidades é restrita pelos recursos que controla.

Conclui-se que um empreendedor de sucesso deve ser capaz de identificar e avaliar


oportunidades, desenvolver plano de negócio, identificar e alocar recursos necessários e
implementar o negócio. Deve desenvolver habilidades de comunicação, liderança e trabalho
em equipa, possuir conhecimentos técnicos; empregar o conhecimento nas áreas de
marketing, administração, finanças, contabilidade, operacional, produto, tomada de decisões,
controle de acções realizadas, ser bom negociador e ter um perfil empreendedor.

2.3 Revisão da Literatura Empírica

Neste subcapítulo faz referência a literatura empírica, a partir da qual fez-se a relação dos
estudos realizados por Minuzzi (2007) e Mo (2011) com a presente pesquisa.

2.3.1 Análise dos Estudos Realizados por Minuzzi e Mo

O estudo realizado pelo Minuzzi (2007) é subordinado ao tema ʺHabilidades e


Conhecimentos do Empreendedor Catarinense que Influenciam no Sucesso dos Negócios nas
primeiras fases do Ciclo da Vida Organizacional, com objectivo geral, identificar quais
habilidades e conhecimento do empreendedor Catarinense, nas primeiras fases do ciclo de
vida organizacional, influenciam no sucesso de uma Micro e Pequena Empresa. A pesquisa
qualitativa e quantitativa foram os métodos empregues neste estudo, os quais foram
considerados importantes no planeamento da pesquisa, através de discussões em grupos,

32
entrevistas e observações para formulação de um questionário ajustado à realidade dos
empresários de Santa Catarina.

As habilidades correspondem à arte de saber fazer, o uso adequado de saberes. Compreende


as facilidades para utilizar capacidades intelectuais e físicas.

Durante os estágios de crescimento da organização, o empreendedor precisa considerar


algumas habilidades estratégicas que quando não utilizadas, frequentemente, acarretam o
fracasso das empresas. Compreendem as áreas de controle financeiro e de registos, controle
de estoques, recursos humanos, marketing e planeamento, são consideradas essenciais para o
sucesso de longo prazo.

O estudo conclui que, as habilidades e conhecimentos mais requisitados para primeiras fases
da concepção do negócio são: experiência em outras empresas, habilidade para lidar com
informações, conhecimento sobre produto e o mercado, habilidade para identificar novas
oportunidades, habilidade de planear, saber lidar com situações novas e experiência no
comércio.

O estudo realizado pelo Mo (2011), com o tema ʺEmpreendedores: Características e


Habilidadesʺ aos empreendedores do segmento de restaurantes, com objectivo geral análise
das características e habilidades dos indivíduos que se propõem a empreenderem. Foi
utilizado o método de pesquisa de campo e a revisão bibliográfica por serem adequados aos
objectivos propostos. A recolha de dados foi através das entrevistas.

Características como liderança, coragem, tomada de decisões são detectadas nas pessoas que
abriram seus negócios na região do 2º distrito, do município de Duque de Caxias.

A formação empreendedora necessária, quase não é percebida entre esses empreendedores,


em nenhum momento, estes fizeram uma pesquisa de mercado objectivando verificar se
haveria público para seus empreendimentos. Verificou-se também, que nenhuma estratégia de
Marketing foi implementada para atracão e manutenção de clientes. A parte contável é tercia

33
rizada e, no que foi percebido, a questão mais preocupante é a dificuldade de gerir seus
colaboradores, principalmente os envolvidos directamente com os clientes.

O estudo conclui, enquanto houver demanda crescente na região na busca do serviço de


alimentação, principalmente na hora do almoço, esses empreendedores manterão seus
negócios em funcionamento e, quando essa demanda se estabilizar apenas, ao longo do
tempo, os que conseguirem adquirir melhor formação empreendedora é que possivelmente
irão sobreviver ante a uma concorrência crescente, uma demanda estabilizada ou em
decrescência.

Os resultados das pesquisas realizadas pelos estudos realizados pelo Minuzzi (2007) e Mo
2011) têm relação entre si e com o tema em pesquisa, na medida em que realçam sobre a
necessidade dos empreendedores possuírem habilidades de gestão, concretamente nas áreas
financeiras, recursos humanos, marketing e planeamento para que o negócio não fracasse.
Todos referem sobre desenvolver habilidades para a manutenção dos clientes, ter experiência
no ramo do negócio que desenvolvem, habilidades para identificar novas oportunidades, saber
lidar com situações novas e experiências no comércio. Estas habilidades são indispensáveis
para empreendedores que almejam ser bem-sucedido no negócio.

Os estudos diferem um do outro na metodologia empregue, exceptuando a técnica de


entrevista foi aplicada por todos pesquisadores.

2.4 Revisão da Literatura Focalizada

Neste subcapítulo faz-se referencia a literatura focalizada, através da qual fez-se a relação da
do estudo realizada pelo Lopes (2011) e a presente pesquisa.

2.4.1 Características Comportamentais de Empreendedoras Moçambicanas

O estudo é subordinado ao tema ʺCaracterísticas Comportamentais de Empreendedoras


Moçambicanas: trocas simbólicas e aprendizagens nos espaços da Comunidade dos Países da

34
Língua Portuguesa (CPLP), com objectivo geral: Identificar as características mais marcantes
na forma de gerir os negócios das empreendedoras.

Os resultados foram obtidos mediante o método qualitativo e com utilização das técnicas de
entrevista e observação a vinte (20) empreendedoras de diferentes áreas de actividades, a
saber: comércio, clínicas e laboratórios privados, promotores de eventos, escolas privadas,
fundadoras de Organizações Não Governamentais (ONGs) e salões de beleza e quinteiras.

De acordo com os resultados do estudo, a maioria das empreendedoras iniciaram o negócio


pelo apoio dos amigos que desenvolviam o mesmo segmento de actividades. As
empreendedoras representam forte suporte de liderança e solidariedade com o grupo familiar,
são comprometidos com os clientes e no aprimoramento do conhecimento sobre a área do
negócio que operam.

As empreendedoras valorizam o trabalho em equipa e são determinadas e persistentes.


Mantém seus clientes com confiança e relações de amizade. Optam pela estratégia de pouca
linha de produtos, melhoria da qualidade e sentido de inclusão. Estão atentas as oportunidades
a volta do negócio e adaptam-se as mudanças que ocorrem no mercado.

Deste estudo conclui-se, as empreendedoras apresentam potencial liderança e solidariedade


com os grupos familiares, sempre atentas as oportunidades do mercado para a satisfação das
necessidades do cliente. As empreendedoras trabalham em equipa, são determinadas e não
desistem sem que alcancem os objectivos desejados.

Este estudo relaciona-se com a presente pesquisa, nos aspectos respeitantes a início do
negócio pela influência dos amigos que desenvolviam o mesmo segmento de actividades,
aprimoramento do conhecimento sobre a área do negócio que operam, determinação e
persistência, opção pela estratégia de pouca linha de produtos. No que tange a metodologia, o
estudo se relaciona com esta pesquisa, visto que em ambos foi empregue a metodologia
qualitativa auxiliada com as técnicas de entrevista e observação na recolha dos dados das
empresas pesquisadas.

35
CAPÍTULO 3: METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 Introdução

A metodologia é entendida como sendo normas estabelecidas para o método científico: a


necessidade de observar, a necessidade de formular perguntas de pesquisa, a elaboração de
instrumentos de colecta de dados entre outros, assim, segundo Richardson (1999),
"metodologia são os procedimentos e regras utilizadas por determinado método. Por exemplo,
o método científico é o caminho da ciência para chegar a um objectivo" (p. 22).

Neste capítulo apresenta-se a metodologia utilizada, começando por desenho de pesquisa, na


qual estão descritos os passos seguidos para a sua realização.

Para facilitar a análise de informações, a empresa Sandura Serigrafia foi identificada pela letra
X e empresa publicidade & Serigrafia pela letra Y.

3.2 Desenho de Pesquisa

A presente pesquisa tem como objectivo geral, analisar as habilidades e características


empreendedoras, nas empresas de serigrafia da cidade da Beira. Para o alcance dos objectivos
foi feito a pesquisa bibliográfica, observação e entrevistas. Inicialmente, com auxílio da
pesquisa bibliográfica foi feita a recolha, selecção e leitura de obras bibliográficas e outros
artigos científicos, o que possibilitou a obtenção de pressupostos teóricos sobre o tema. Os
dados primários foram obtidos através da observação não participante e sistemática e
entrevistas não estruturadas ao empreendedor, gestor, chefes da serigrafia, técnicos gráficos e
de serigrafia das empresas X e Y.

Nesta pesquisa foi utilizado o método qualitativo que, segundo Richardson (1999), "é
caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e
características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de
medidas quantitativas de características comportamentais" (p. 90). O método qualitativo

36
difere do quantitativo pelo facto de não empregar um instrumento estatístico como base do
processo de análise de um problema. O mesmo autor enfatiza que a abordagem qualitativa de
um problema, além de ser uma opção do pesquisador, justifica-se, sobretudo, por ser uma
forma adequada para entender a natureza de um fenómeno social, para este caso concreto,
pretende-se analisar o impacto das habilidades e características empreendedoras, nas empresas
de serigrafia.

Para o Silvestre e Araújo (2012), "o propósito da abordagem qualitativa consiste em obter
descrições detalhadas de uma realidade que permitam a interpretação de uma situação ou
contexto" (p. 76). Neste estudo procurou-se fazer descrição detalhada e interpretação do
impacto das habilidades de gestão, habilidades técnicas e características do perfil
empreendedor das empresas de serigrafia.

O estudo concentrou-se em duas empresas de serigrafia, pelo que pode ser caracterizada como
um estudo de caso. De acordo com Miles e Hurberman (1994), "caso pode ser definido como
um fenómeno de certa natureza ocorrendo num dado contexto" (p. 25). A abordagem
metodológica escolhida permitiu uma análise ampla e situada sobre o impacto das habilidades
e características empreendedoras, nas empresas X e Y.

O inquérito teve a duração de oito (8) semanas, sendo a primeira fase de três (3) semanas de
elaboração dos roteiros de observação e entrevista e teste piloto e a segunda fase de cinco (5)
semanas de colecta de dados e compilação, sendo duas (2) semanas na empresa X, outras duas
(2) na empresa Y e uma (1) semana foi da finalização da colecta e compilação dos dados.

3.3 População em Estudo

População pode ser entendida como "conjunto de elementos que possuem determinadas
características" (Richardson, 1999, p. 157). A população escolhida para este estudo é
composta por 30 funcionários das duas (2) empresas de serigrafia da cidade da Beira,
distribuída de seguinte forma: 17 funcionários da empresa X e 13 funcionários da empresa Y,
incluindo os respectivos empreendedores, no período compreendido entre 2012 e 2014,
durante o qual o pesquisador deparou-se com a falta de uma estrutura orgânica funcional,

37
concentração de tarefas aos proprietários e falta de habilidades e características
empreendedoras para gerirem eficientemente as empresas de serigrafia. A população das duas
empresas é constituída pelos funcionários das áreas de gráfica, serigrafia e administrativa,
sexo masculino, excepto um do sexo feminino, com níveis académicos que variam de
elementar a superior e experiência profissional de 1 a 9 anos.

A escolha das empresas X e Y para a realização da pesquisa justifica-se pelas questões


relacionadas com custo da pesquisa, facilidade de locomoção e economia do tempo. Uma
outra razão que determinou a escolha relaciona-se com a prontidão manifestada por aqueles
empreendedores dentre vários contactados, estes cooperaram no fornecimento de dados
relevantes para realização desta pesquisa.

3.4 Processo de Amostragem

Nesta pesquisa foi utilizado o processo de amostragem não probabilística, que segundo
Marconi e Lakatos (2010), "esta técnica não faz uso de formas aleatórias de selecção, torna-se
impossível a aplicação de fórmulas estatísticas para o cálculo, por exemplo, entre outros, de
erros de amostra" (p. 37-38). Para esta pesquisa foi aplicada a técnica de amostragem
intencional.

De acordo com Costa Neto (1977), "nas amostras intencionais enquadram-se os diversos
casos em que o pesquisador deliberadamente escolhe certos elementos para pertencer à
amostra, por julgar tais elementos bem representativos da população" (p. 45). Para amostra
deste estudo foram seleccionados os elementos que representam as características típicas de
todos integrantes da população, nomeadamente, empreendedor, gestor, chefes das equipas de
serigrafia, técnicos gráficos e técnicos de estampagem das empresas X e Y, com a finalidade
de fornecer informações sobre o impacto das habilidades e características empreendedoras das
empresas de serigrafia.

38
3.5 Tamanho da Amostra

Como anteriormente referenciado foi utilizada a técnica de amostragem não probabilística


intencional. O tamanho da amostra abrangeu oito (8) elementos seleccionados
intencionalmente nas duas empresas pesquisadas e repartidos em quatro (4).

3.6 Métodos de Colecta de Dados

Para colecta de dados foram utilizados os métodos primários e secundários. A recolha de


dados primários recorreu-se as técnicas de observação e entrevista, enquanto os dados
secundários a pesquisa bibliográfica.

3.6.1 Colecta de Dados Primários

Para a recolha de dados, recorreu-se a técnicas e procedimentos de pesquisa qualitativa para


obter dados através da observação (apêndice 1) e entrevistas (apêndice 2). Os dados obtidos
dos diferentes instrumentos foram objecto de análise e interpretação.

Segundo Marconi e Lakatos (2010), "técnica é um conjunto de preceitos de que se serve uma
ciência, ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática" (p. 48).

a) Observação

De acordo com Richardson (1999) "a observação é o exame minucioso ou a mirada atenta
sobre um fenómeno no seu todo ou em algumas de suas partes, é a captação precisa do
objecto examinado" (p. 259). Nesta pesquisa foi utilizada a observação não participante, na
qual de acordo com o mesmo autor, o investigador não tomou parte nos conhecimentos
objecto de estudo como se fosse membro do grupo observado, mas apenas actuou como
espectador atento.

39
Para esta pesquisa optou-se pela observação estruturada que segundo Marconi e Lakatos
(2010), "utiliza instrumentos para a colecta dos dados ou fenómenos observados" (p. 78).
Baseando-se dos objectivos da pesquisa e por meio de um roteiro de observação contendo
nove (9) questões, fez-se o levantamento dos seguintes aspectos: o nome da empresa,
localização, estrutura orgânica (sectores de actividades), ramo de actividade, visão,
actividades principais e secundárias, número de funcionários, plano de negócio, inovações e
recursos nas empresas X e Y. A observação foi feita directamente pelo pesquisador durante os
intervalos das entrevistas e através de uma máquina fotográfica foram captadas imagens
relevantes utilizadas na análise e interpretação dos dados.

b) Entrevista

Segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007), "entrevista é uma conversa orientada para um
objectivo definido: recolher por meio de interrogatório do informante, dados para a pesquisa"
(p. 51). Nesta técnica, o pesquisador teve encontros com empreendedor, gerente, chefes da
serigrafia, técnicos gráficos e de estampagem das empresas X e Y na cidade da Beira.

O tipo da entrevista utilizada foi não estruturado que, segundo Richardson (1999), "em vez de
responder à pergunta por meio de diversas alternativas pré-formuladas, visa obter do
entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes de determinado problema: as
suas descrições de uma situação em estudo" (p. 208). Por meio da conversação guiada,
pretende-se obter informações detalhadas que possam ser utilizadas em análise qualitativa.

Foram formuladas quinze (15) perguntas abertas, com a finalidade de obter dos entrevistados
dados que permitiram analisar as habilidades técnicas, habilidade de gestão e perfis de um
empreendedor das empresas X e Y.

As entrevistas foram realizadas individualmente ao empreendedor, gerentes, chefes das


equipas de serigrafia, técnicos gráficos e técnicos de estampagem pelo pesquisador, após
autorização pelos proprietários das empresas X e Y, nas horas que os funcionários
encontravam-se disponíveis, a fim de evitar constrangimentos dos trabalhos.

40
3.6.2 Colecta de Dados Secundários

Para a colecta de dados secundários foi aplicada a técnica de pesquisa bibliográfica, segundo
Marconi e Lakatos (2010), "abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema
de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, livros, pesquisas, monografias, teses,
material cartográfico" (p. 57). Para esta pesquisa foram consultados livros, pesquisas, teses e
artigos que abordam assuntos relacionados com o tema em estudo.

3.6.3 Validação dos Instrumentos

A validade de um instrumento de medição é a característica de maior importância para avaliar


sua efectividade. De acordo com Richardson (1999), "um instrumento é válido quando mede
o que se deseja" (p. 174). Para a validação dos resultados aplicou-se a técnica de triangulação,
a qual "consiste na combinação de metodologias diversas no estudo de um fenómeno"
(Marconi & Lakatos, 2009, p. 283).

Para este estudo foram utilizadas diferentes fontes, a saber a técnica de observação através da
qual foram recolhidos dados, efectuada a análise e interpretação e com entrevista recolheu-se
dados, análise e interpretação e por último procedeu-se o cruzamento dos resultados da
observação e entrevistas, com objectivo de abranger máxima amplitude na descrição,
explicação e compreensão do problema estudado.

Os instrumentos foram submetidos a pré-testagem a dois funcionários das empresas X e Y. A


testagem piloto consistiu em encontros individuais com cada um dos entrevistados escolhidos
de forma aleatória, com o intuito de verificar as imprecisões na redacção e garantir a
compreensão das questões.

41
CAPITUO 4 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.1 Introdução

Este capítulo apresenta e discute os resultados obtidos através das técnicas de observação as
empresas X e Y de serigrafia e entrevista ao empreendedor, gerentes e chefes das equipas de
serigrafia, técnicos gráficos e técnicos de estampagem.

Com esta pesquisa pretende-se caracterizar as habilidades técnicas, analisar as habilidades de


gestão e relacionar os perfis dos empreendedores das empresas X e Y com as características
de um empreendedor de sucesso. Para recolha de dados teve-se como amostra constituída por
oito (8) elementos, sendo quatro (4) elementos da empresa X e igual número de elementos da
empresa Y.

Os resultados foram apresentados na seguinte ordem: descrição e discussão das actividades


desenvolvidas pelas empresas X e Y, habilidades técnicas dos empreendedores, habilidades de
gestão e perfis dos empreendedores.

A análise dos dados obtidos através das entrevistas ao empreendedor, gerentes, chefes das
equipas de serigrafia, técnicos seniores de gráfica e estampagem das empresas X e Y e a
observação foi efectuada de forma conjunta, para permitir a melhor compreensão sobre o
fenómeno estudado nas duas empresas do ramo de serigrafia, teve a duração de cerca de um
(1) mês.

A primeira empresa, designa-se por X com quatro (4) elementos do sexo masculino. As
idades variam entre 25 a 45 anos. No que diz às habilitações literárias e experiencia, dois (2)
funcionários (50%) possuem 10ª classe do Ensino Secundário Geral, com 4 a 7 anos de
experiencia, um (1) funcionário (25%) 12ª classe também do Ensino Secundário Geral, com 2
anos de experiencia e um (1) técnico (25%) Licenciado em Economia e Gestão, com 1 ano de
experiencia, todos trabalham no regime contratual (tabela 3.1).

42
Tabela 3.1: Características dos Informantes Chaves da Empresa X.

Nº Função Formação Idade Sexo Estado Experiência


académica civil
1 Gerente Economia e 26 anos M S 1 ano
Gestão
2 Chefe de 10ª classe – 35 anos M C 7 anos
Serigrafia ESG
3 Técnico de 10ª classe – 40 anos M S 4 anos
Estampagem ESG
4 Técnico 12ª classe – 25 anos M S 2 anos
Gráfico ESG
Fonte: Dados Primários (2015)

A segunda empresa, designada por Y com quatro (4) elementos do sexo masculino. As idades
variam entre 27 e 48 anos. No que concerne às habilitações literárias e experiencia, dois (2)
funcionários (50%) possuem o nível Elementar, com 3 e 6 anos de experiência, um (1)
funcionário (25%) 12ª classe, com 3 anos de experiencia e um (1) Técnico Médio de
Contabilidade (25%) com 9 anos de experiencia, trabalham em regime contratual, excepto o
último e por sinal o proprietário em regime definitivo (tabela 3.2).

43
Tabela 3.2: Características dos Informantes Chaves da Empresa Y.

Nº Função Formação Idade Sexo Estado Experiência


académica civil
1 Empreendedor Técnico médio 47 anos M S 9 anos
de Contabilidade
2 Gerente 12ª classe – ESG 48 anos M S 3 anos
3 Chefe de Elementar 27 anos M S 6 anos
Serigrafia
4 Técnico de Elementar 27 anos M S 3 anos
Estampagem
Fonte: Dados Primários (2015)

4.2 Descrição das Empresas X e Y e Actividades Desenvolvidas

Neste subcapítulo faz-se a descrição das empresas e análise das actividades desenvolvidas.

A empresa X actua no ramo de serigrafia, localiza-se no bairro de Chaimite, cidade da Beira e


é administrada por um gerente formado em Economia e Gestão. A empresa foi adquirida dum
anterior proprietário em 2012, tem como principal actividade a serigrafia e secundárias cópias
e reprodução. A curiosidade no ramo da serigrafia, motivou o empreendedor a iniciar o
negócio.

A empresa X é constituída pelos seguintes sectores de actividade: produção (serigrafia) com


duas salas, sendo uma de desenho gráfico e outra de estampagem; sectores administrativo e
marketing funcionam numa sala sob a responsabilidade do gerente e uma sala de atendimento
e actividades secundárias, como fotocópias, reprodução de cartazes e manuais.

A seguir estão ilustradas as principais actividades realizadas pelos sectores que compõem a
empresa X, excepto o gabinete do empreendedor e gerente que não tivemos acesso a imagens
devido a indisponibilidade do gerente para proceder-se a devida captação. Este sector é

44
responsável pelas áreas administrativas (financeira e recursos humanos) e marketing. A
concentração de actividades relaciona-se com a dimensão da empresa e insuficiência de
recursos para contratar mais profissionais.

Figura 4.1: Sector de Desenho Gráfico.

Fonte: Dados Primários (2015)

A actividade de desenho gráfico precede a serigrafia. O desenho foi copiado no computador,


onde foram feitos ajustes ao tamanho e cores pretendidos e por último a impressão do mesmo.
O técnico gráfico na respectiva sala em plena actividade de desenho e reprodução das
imagens de acabamento do muro de vedação.

Figura 4.2: Sector de Serigrafia.

Fonte: Dados Primários (2015)

45
O técnico no sector de serigrafia em actividade de estampagem, a qual consistiu em
posicionamento da camiseta na máquina ʺsilk-screenʺ, separação das cores do desenho na
tela em películas diferentes, e por último procedeu-se a impressão manual, um processo que
ocorreu o vazamento da tinta pela pressão de um puxador arrastado numa tela de cima para
baixo. Através de um secador eléctrico procedeu-se a secagem das tintas gravadas nas
camisetas durante 5 minutos. A camiseta após a secagem considera-se concluída a serigrafia e
dispensa-se a lavagem a jacto de água.

Esta empresa possui três máquinas de serigrafia do tipo ʺsilk-screenʺ. Os serviços de bordados
são realizados pelos terceiros. A empresa não dispõe de equipamentos de serigrafia digitais, o
que de certa forma limita aquele empreendedor e influencia no fracasso do negócio.

Figura 4.3: Foto-colagem do chapéu.

Fonte: Dados Primários (2015)

O equipamento foto-colagem é utilizado na impressão de fotos. O técnico em plena foto-


colagem do chapéu, acção que consistiu em posicionamento do chapéu na máquina, e sobre o
qual a foto, pressionou-se o manípulo no sentido de cima para baixo, concluindo assim a foto-
colagem do chapéu.

46
Figura 4.4: Recepção e Atendimento ao Cliente.

Fonte: Dados Primários (2015)

Este sector lida-se com os clientes, recebe os clientes e encaminha lhes aos sectores gráfico,
serigrafia e administrativo, fornece informações aos clientes, envia e receber
correspondências, fotocópia documentos, encaderna manuais, empacota e entrega de
encomendas. Estão publicitação de diversos produtos oferecidos pela empresa.

De acordo com as constatações da observação conclui-se que a empresa X apresenta os


sectores de produção (desenho gráfico e serigrafia), as áreas administrativa (financeira e
recursos humanos) e marketing estão concentradas ao gerente, portanto, pode se afirmar que
esta empresa não apresenta uma estrutura organizacional funcional, com tarefas e
responsabilidades partilhadas, sobretudo nas áreas financeira, recursos humanos e marketing.
Não se observou inovação em processo, em produto e em marketing, as actividades são
repetitivas e rotineiras. Constatou-se a falta de equipamentos de serigrafia com tecnologia
moderna (equipamentos digitais) e eficientes, facto que influencia de certa forma no fracasso
do negócio.

A segunda empresa é denominada por Y, actua no ramo de serigrafia, localiza-se no


Maquinino, cidade da Beira é administrada pelo próprio proprietário, técnico médio de
Contabilidade. A empresa foi fundada em 2005 e presta serviços de serigrafia. O proprietário

47
interessou-se do negócio de serigrafia pela influência de um amigo que tinha uma empresa de
serigrafia em Maputo e o desejo de querer ser independente e dono do próprio negócio,
aprendeu a serigrafia e a posterior criou a sua empresa.

A empresa Y possui seguintes sectores de actividade: serigrafia, financeiro, recursos


humanos, desenho gráfico, os três últimos concentrados ao empreendedor, recepção e
atendimento ao cliente. A seguir estão ilustradas as principais actividades desenvolvidas por
esta empresa.

Figura 4.5: Sectores Financeiro, Recursos Humanos e Desenho Gráfico.

Fonte: Dados Primários (2015)

O empreendedor em plena actividade gráfica, desenho e impressão de cartazes. Esta


actividade é realizada pelo próprio empreendedor, para além de ser responsável pelas áreas
financeira, recursos humanos e marketing. Este empreendedor ao concentrar tantas funções,
acredita ser capaz de realizar tantas tarefas sozinho, o que pode influenciar no fracasso do
negócio.

48
Figura 4.6: Sector de Serigrafia.

Fonte: Dados Primários (2015)

Camiseta e colecte após impressão e gravação de letras. Esta é uma evidência clara de
insuficiência de equipamento de serigrafia, visto que, a empresa Y opera apenas com uma
máquina principal de serigrafia e uma outra pequena de foto-colagem. Do lado directo ilustra-
se a estufa, onde se procede a secagem da tinta durante 15 minutos e de seguida a peça é
retirada e lavada a jacto de água. Os equipamentos acima indicados mostram claramente a
falta de inovação em processo, o que torna a empresa não competitiva e por conseguinte
fracassa o negócio.

No tocante a falta de recursos necessários para o exercício das actividades de serigrafia, o


pesquisador constatou situações de reclamações dos clientes pela demora na entrega das
encomendas, facto que pode causar a retracção dos clientes e fracassar o negócio.

49
Figura 4.7: Recepção e Atendimento ao Cliente.

Fonte: Dados Primários (2015)

O gerente exerce igualmente tarefas de recepcionista entre outras, nomeadamente recorte de


cartazes, receber os clientes e fornece informações sobre os serviços de serigrafia, encaminha
ao empreendedor pedidos dos serviços, recebe valores provenientes de pagamentos dos
produtos, empacota e entrega de encomendas ao cliente. Neste sector estão apresentados
diversos produtos oferecidos pela empresa.

De acordo com as constatações da observação efectuada na empresa Y, conclui-se que a


empresa não apresenta uma estrutura organizacional funcional, com sectores administrativos
(financeiro e recursos humanos), marketing e de produção onde as actividades e
responsabilidades seriam partilhas, visto que diversas tarefas estão concentradas ao
empreendedor. Notou-se também haver insuficiência de equipamentos de serigrafia e falta de
inovação, pois, parte dos equipamentos utilizados são de tecnologia antiga, o que torna a
empresa não competitiva e influenciar no fracasso do negócio.

A análise e interpretação dos dados colectados nas empresas X e Y obedeceu a sequência


temática a seguir indicada.

50
Tabela 4.1:Temas Emergentes

Nᵒ Ordem Designação
4.3 Habilidades de Gestão nas Empresas X e Y
4.3.1 Técnicas de Gestão
4.3.2 Decisões Planeadas e Plano de Negócio
4.3.3 Recursos Necessários
4.4 Habilidades Técnicas dos Empreendedores das Empresas X e Y
4.4.1 Conhecimento e Comunicação
4.4.2 Liderança
4.5 Características do Perfil dos Empreendedores das Empresas X e Y
4.5.1 Independência e Inovação
4.5.2 Riscos e Oportunidades
4.5.3 Visão do Futuro do Negócio
4.5.4 Comprometimento
4.5.5 Persistência, Determinação e Dedicação
Fonte: Autor (2015)

4.3 Habilidade de Gestão nas Empresas X e Y

Neste subcapítulo foram levantadas questões sobre técnicas de gestão utilizadas nas empresas,
decisões planeadas e plano de negócio.

4.3.1 Técnicas de Gestão

Para perceber a respeito das habilidades de gestão, questionou-se sobre as técnicas que os
empreendedores utilizam na gestão das empresas.

Na empresa X, o Sr. José respondeu "na empresa não existe uma estrutura funcional, visto
que, há improvisação das áreas financeira, recursos humanos e marketingʺ.

51
Os Srs. Paulo e Timóteo afirmaram "…existe na empresa áreas de recursos humanos e
financeira a cargo do gerente, a área gráfica e estampagem são exercidas pelos funcionários
com conhecimentos afectos naqueles sectoresʺ.

Sr. Tito respondeu "a empresa tem os sectores gráfica e estampagem, os outros sectores de
recursos humanos e financeira não está claramente definidos e são exercidas pelo gerenteʺ.

Os resultados ilustram que a empresa X apresenta sectores de produção (gráfica e


estampagem), administrativo (recursos humanos e financeira) e marketing, sendo os dois
últimos concentrados ao gerente e articulados de forma improvisada. Sendo funcional o sector
de produção (gráfica e estampagem) torna necessária que sejam funcionais os sectores
administrativo (financeira e recursos humanos) e marketing, bem como, prover a empresa de
técnicos com conhecimentos específicos nas áreas afins para que a empresa tenha um
desempenho positivo e êxito do negócio.

A concentração de várias tarefas ao gerente, é na óptica de ser capaz de realizar várias


actividades e não estar disposto a passar a responsabilidade para outros, o que pode
influenciar no fracasso da empresa. Com o crescimento do negócio deve-se partilhar as
responsabilidades com os gestores de produção, marketing e administrativo e estes por sua
vez com os níveis operacionais de modo a permitir uma eficiente gestão da empresa.

Na empresa Y, todos os entrevistados responderam "a empresa é constituída pelas áreas


gráfica, serigrafia, financeira, recursos humanos e marketingʺ. O Sr. João acrescentou "as
áreas gráficas, recursos humanos e financeiros estão concentradas ao proprietário. O
gerente realiza actividades de apoio administrativo e atendimento aos clientesʺ.

De acordo com os resultados da empresa Y mostram que a empresa não apresenta uma
estrutura clara, visto que tem as áreas de serigrafia, gráfica, administrativa e marketing, as três
últimas estão concentradas ao empreendedor por acredita ser capaz de realizar várias tarefas
sozinho, o que pode influenciar no insucesso do negócio. Com o crescimento do negócio
deve-se partilhar as responsabilidades com os gestores de produção, marketing e

52
administrativo e estes por sua vez com os níveis operacionais de modo a permitir uma
eficiente gestão da empresa.

Portanto, os resultados das entrevistas aos funcionários das empresas X, Y e as constatações


da observação espelham claramente a haver falta de uma estrutura funcional, com as áreas de
produção, marketing e administrativa, que permite a partilha das actividades e
responsabilidades do nível mais alto da organização com os gestores de produção, marketing
e administrativa e por sua vez com os níveis operacionais (gráfica, estampagem,
marketing/vendas, contabilidade e recursos humanos) o que pode influenciar no insucesso
empreendedor.

4.3.2 Decisões Planeadas e Plano de Negócios

No concernente a habilidades de gestão, procurou perceber se o empreendedor tomava


decisões baseadas num planeamento.

Na empresa X. o Sr. José respondeu "o empreendedor toma decisões de forma não planeadaʺ.
Sr. Paulo respondeu "o empreendedor toma decisões de forma improvisada, não planifica as
actividadesʺ.

O Sr. Timóteo respondeu "…em algumas vezes o empreendedor toma decisões planeadasʺ.

Sr. Tito disse "o empreendedor toma decisões sem prévia planificaçãoʺ.

Os resultados mostram que o empreendedor toma decisões sem antes planificar, portanto, o
empreendedor mostra ser inseguro nas suas decisões, visto que baseia em improvisações nas
decisões e de forma incorrecta, o que pode levar o negócio ao insucesso.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu a questão ao afirmar "o empreendedor toma decisões
baseando-se no planeamento, embora em situações imprevisíveis é obrigado a improvisar as
suas decisõesʺ.

Os Srs. Paulo e João responderam "o empreendedor decide sem se guiar de um planeamentoʺ.

53
Sr. Lucas "… decide de forma intuitiva não se baseia de nenhum planeamentoʺ.

De acordo com os resultados das entrevistas, o empreendedor Y não se apoia de um


planeamento na tomada das decisões, portanto, decide de forma improvisada e o
empreendedor é inseguro nas suas decisões, facto que pode causar insucesso no negócio.

Os resultados em ambas empresas X e Y indicam que os empreendedores tomam decisões de


forma improvisada, e são inseguros nas decisões tomadas, facto que pode originar insucesso
no negócio. O planeamento sistemático e a realização das actividades em função da
importância das prioridades é fundamental para o empreendedor bem-sucedido no negócio.

Foi feita uma outra questão para perceber se as empresas guiavam-se de um plano de negócios
na execução das actividades.

Na empresa X, o Sr. José respondeu "a empresa não tem um plano de negócio, para se guiar
na realização das actividadesʺ.

Sr. Paulo respondeu "…não se auxilia de um plano de negócios na execução das actividades
da organizaçãoʺ.

Sr. Timóteo respondeu "…nunca ter visto um plano de negócios na empresa, realizamos as
actividades de acordo com as nossas experiênciasʺ.

Sr. Tito "… não se segue um plano de negócios na execução das actividadesʺ.

O pesquisador não observou algum plano de negócio que auxilie o empreendedor no


desenvolvimento das actividades da empresa.

Os resultados mostram claramente que o empreendedor da empresa X não se guia de um


plano de negócios e nunca teve iniciativa em concebê-lo para a empresa. A não utilização de
um plano de negócio ferramenta essencial no desenvolvimento de oportunidade, auxílio na
determinação de recursos e administração contribui para o insucesso do negócio.

54
Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu "o empreendedor não se auxilia de um plano de
negócio na realização das actividades da empresaʺ.

Sr. Pedro respondeu "a empresa não segue nenhum plano de negócios na realização das
actividadesʺ.

Sr. João disse "os trabalhadores se guiam de um plano de negócio e o empreendedor orienta
a realização das actividades da empresaʺ.

Sr. Lucas "…não possui formação em negócios e não me lembro ter visto algum plano de
negócio na empresaʺ.

Os resultados mostram que a empresa Y não se orienta de um plano de negócio na realização


das actividades, facto que pode conduzir o empreendimento ao fracasso, dada a sua
importância no desenvolvimento de oportunidade, na determinação de recursos e
administração da empresa.

Portanto, ambas empresas X, Y e as constatações da observação, as empresas não possuem


um plano de negócio. O plano de negócio é uma ferramenta orientadora desde a concepção,
execução e expansão do negócio, bem como, serve de alternativa para análise correcta da
viabilidade do negócio e minimizar os riscos identificados.

A não utilização de um plano de negócio, ferramenta essencial no desenvolvimento de


oportunidades, auxílio na determinação de recursos e administração pode originar insucesso
do negócio.

4.3.3 Recursos Necessários

No que diz respeito a habilidades de gestão, questionou se as empresas possuíam recursos


necessários para o desenvolvimento das actividades de serigrafia.

Na empresa X os entrevistados responderam, o Sr. José "a empresa tem recursos financeiros e
materiais insuficientes para a realização das actividades. Não existem técnicos
especializados em serigrafiaʺ.

55
Sr. Paulo respondeu "…não existe equipamentos de serigrafia com tecnologia moderna, facto
que leva aos clientes a recorrerem ao mercado de Maputo e exterior para satisfação das suas
necessidades publicitáriasʺ.

Sr. Timóteo respondeu "…há falta de fundos suficientes para aquisição atempada da
matéria-primaʺ.

Sr. Tito "a empresa não tem fundos suficientes e a compra dos materiais é feita em pequenos
lotes e nalgumas vezes ocorre após o pagamento adiantado pelos clientesʺ.

As respostas dos entrevistados da empresa X, mostram explicitamente que a empresa não


possui recursos necessários, nomeadamente técnicos especializados e fundos para a eficiente
execução das actividades da empresa, aliadas a estas constatações o pesquisador constatou a
falta de equipamentos para estampagem de maior dimensão como é o caso de bandeira de
Moçambique, facto que pode contribuir para o insucesso do negócio. De realçar que a falta do
pessoal qualificado nas áreas de recursos humanos e financeira, origina a acumulação de
tarefas pelo gerente, o que pode influenciar para o fraco desempenho da empresa.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu a questão sobre recursos necessários para o


desenvolvimento das actividades ao afirmar "a empresa tem equipamentos e materiais para
trabalharʺ.

Sr. Pedro respondeu "…não existe matéria-prima suficiente para a realização das
actividades, bem como a falta de especialização dos técnicosʺ.

Sr. João disse "…há falta de equipamentos de serigrafia automáticos e de bordados e


finanças para o desenvolvimento das actividadesʺ.

Sr. Lucas disse "…depara-se com problemas financeira e utiliza fundos próprios do
empreendedor para a realização das actividadesʺ.

De acordo com os resultados, a empresa Y apresenta insuficientes recursos para a execução


das actividades, facto que origina demora na entrega das encomendas e propicia a procura de

56
serviços cada vez mais profissionalizados e modernos nos mercados de Maputo e exterior, o
que pode levar a empresa ter insucesso do negócio.

Tanto a empresa X e Y, os resultados mostram haver insuficiência de equipamentos de


serigrafia, falta de recursos financeiros e técnicos especializados para a execução das diversas
actividades das empresas, o que concorre para o insucesso do negócio desenvolvido pelos
empreendedores. No entanto, os empreendedores devem determinar os recursos necessários
para a viabilização do empreendimento, acção que consiste em fazer uma apreciação dos
recursos actuais disponíveis e as quantidades necessárias, que podem ser alocados durante o
desenvolvimento do empreendimento e identificar os fornecedores potenciais destes recursos.
É fundamental que recorram ao investimento de capital de risco de forma a dotar as empresas
de capacidades técnicas e de profissionais qualificados.

4.4 Habilidades Técnicas dos Empreendedores das Empresas X e Y

Neste subcapítulo foram levantadas questões relacionadas com o conhecimento, comunicação,


recursos necessários e liderança.

4.4.1 Conhecimento e Comunicação

Para perceber sobre as habilidades técnicas, questionou se o empreendedor possuía


conhecimentos técnicos no ramo de serigrafia.
As respostas na empresa X foram: o Sr. José disse "o empreendedor iniciou o negócio pela
curiosidade, não possuí conhecimentos técnicos do ramo da serigrafiaʺ.

Sr. Paulo disse "…não possuí conhecimentos sobre a serigrafiaʺ.

Sr. Timóteo respondeu "…tem algumas noções do ramo de serigrafia, pela observação
localmente as empresas semelhantesʺ.

Sr. Tito disse "…desenvolve a actividade de serigrafia com apoio do chefe da serigrafia,
técnico com longa experiencia nesse ramoʺ.

57
Os resultados mostram claramente, que o empreendedor não possui conhecimentos técnicos
no ramo de serigrafia. Iniciou o negócio pela curiosidade que teve neste ramo de actividade e
a oportunidade de compra da mesma. A falta de conhecimentos e experiências práticas no
ramo de negócio que empreende, pode conduzir o negócio ao fracasso. Portanto, uma equipa
de profissionais experientes e competentes no ramo de negócio que desenvolve é fundamental
para complementar a actividade empreendedora.

Na empresa Y os entrevistados responderam as questões afirmando: Sr. Moisés "o


empreendedor apresenta conhecimentos técnicos do ramo de serigrafia. Aprendeu a
serigrafia com um amigo que actua naquele ramo em Maputoʺ.

Sr. Pedro disse "…tem conhecimento em serigrafia e actualiza seus conhecimentos com apoio
de manuais e internetʺ.

Sr. Lucas respondeu "…tem conhecimento em serigrafia, visto que transmite os seus
conhecimentos aos trabalhadoresʺ.

Sr. João "…conhece o ramo de serigrafia, uma vez os trabalhadores realizam as actividades
de serigrafia, mediante a sua orientaçãoʺ.

O pesquisador observou uma equipa de serigrafia a realizar actividades de estampagem, fruto


dos conhecimentos transmitidos pelo empreendedor.

As respostas mostram claramente que o empreendedor possui conhecimentos técnicos no


ramo de serigrafia e está em contínua actualização dos saberes através de manuais e internet.
Portanto, o maior domínio sobre o ramo que actua contribui para o sucesso do negócio.

De acordo com os resultados da empresa X, o empreendedor não possui conhecimentos


técnicos do ramo de serigrafia, sendo complementado por uma equipa de profissionais
experiente, enquanto o empreendedor da empresa Y tem domínio sobre o ramo do negócio
que actua, e está em contínua actualização com apoio de manuais e internet, o que
proporciona ao empreendedor maiores possibilidades para o sucesso do negócio.

58
Uma outra questão foi feita para se perceber sobre habilidades de comunicação (escrever,
ouvir e oralidade) dos empreendedores.

Na empresa X os entrevistados responderam a questão colocada como se segue, o Sr. José


respondeu "o empreendedor escreve e ouve bem e tem dificuldades na oralidade e nota-se
principalmente durante as reuniões executivasʺ.

Sr. Paulo respondeu "…escreve bem e guia-se pelas experiências dos trabalhadoresʺ.

Sr. Timóteo disse "…escreve bem, mas poucas vezes tem sido atento as preocupações dos
trabalhadores, devido ao fraco acompanhamento das actividades da empresaʺ.

Sr. Tito "…é bom na escrita, na audição, embora saiba ouvir as preocupações dos clientes,
pouco tem feito para a satisfação dos mesmos devido a falta de equipamentos de bordados e
digitaisʺ.

Um empreendedor que mal se comunica, dificilmente poderá ter êxito no negócio. O


empreendedor para além de saber escrever, deve saber ouvir os colaboradores, perceber as
necessidades do cliente, falar sobre o seu produto, mostrar as vantagens e benefícios em
adquirir o produto, esclarecer as dúvidas e manter um relacionamento permanente com os
clientes.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu a questão respeitante as habilidades de comunicação


"o empreendedor tem boas habilidades na escrita, ouvir e oralidadeʺ.

Sr. Pedro respondeu "…escreve bem, ouve e apoia as preocupações dos trabalhadores e
também discursa-se bemʺ.

Sr. João "…comunica-se bem através da escrita, escuta as necessidades dos clientes e
atende-os bemʺ.

Sr. Lucas "…é bom na escrita, atencioso nas preocupações dos trabalhadores e sabe
negociar com seus clientesʺ.

59
Portanto, o empreendedor Y mostra ser bom comunicador na escrita, no saber ouvir os seus
trabalhadores e clientes e bom negociador. A capacidade comunicativa apresentada por este
empreendedor, proporciona-lhe maiores possibilidades para sucesso no negócio.

Os resultados mostram que o empreendedor da empresa X comunica-se com algumas


dificuldades, sobretudo nos aspectos saber ouvir e negociar com os clientes. Enquanto o
empreendedor Y, mostra ser bom comunicador em todos aspectos. Importa realçar o saber
ouvir as opiniões dos colaboradores da empresa, perceber as necessidades do cliente, falar
sobre o seu produto, esclarecer as dúvidas e manter um relacionamento permanente com os
clientes e ser um bom negociador para o sucesso empreendedor.

4.4.2 Liderança

No tocante a habilidades técnicas, questionou se o empreendedor sabia liderar e trabalhar em


equipa.

Na empresa X, o Sr. Paulo respondeu "o empreendedor sabe liderar, visto que, forma equipas
e delega tarefas nas áreas gráficas e de estampagemʺ.

Sr. José respondeu "…sabe liderar e tem equipas experientes nos sectores de gráfica e
estampagemʺ.

Sr. Timóteo afirmou "…há concentração de tarefas das áreas de recursos humanos,
financeira e marketing ao gerenteʺ.

Sr. Tito disse "…lidera com muitas dificuldades. Não existe equipas e distribuição clara de
tarefas em todos sectores da empresaʺ.

Segundo os resultados das entrevistas, nota-se haver insuficientes equipas de trabalho, visto
que a empresa tem equipas nas áreas de estampagem e gráfica, porém, as áreas de recursos
humanos, financeira e marketing estão concentradas ao gerente, facto que leva a concluir que
o empreendedor lidera a empresa com algumas dificuldades.

60
Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu a questão "o empreendedor sabe liderar, pois, tem
equipas formadas de estampagem, gráfica, financeira e administrativaʺ.

Sr. Pedro respondeu "…sabe liderar, porque tem equipas formadas de estampagem, gráfica,
acompanha as actividades e motiva as equipas para o alcance das metasʺ.

Sr. João afirmou "…não sabe liderar correctamente, visto que é proprietário da empresa, é
desenhador gráfico e vela pela área financeiraʺ.

Sr. Lucas respondeu "…apresenta algumas deficiências na liderança, uma vez que acumula
as áreas de marketing, financeira e gráfica por não possuir funcionários formados naquelas
áreasʺ.

De acordo com os resultados dos entrevistados, embora alguns ter respondido que o
empreendedor da empresa Y sabe liderar, pois, motiva a equipa de serigrafia, exerce
influência sobre ela, faz o acompanhamento e controle das acções realizadas, contudo, este
falha na delegação de tarefas nas áreas gráfica, recursos humanos e marketing. O
empreendedor deve delegar as tarefas para permitir um desempenho eficiente da empresa.

Em ambas empresas X e Y, notou-se haver falta de delegação de tarefas, pela insuficiência de


técnicos formados. O empreendedor Y motiva e tem alta capacidade de influência aos seus
funcionários, faz acompanhamento e controlo das actividades realizadas na empresa. Em
acréscimo aos aspectos encontrados no empreendedor Y, a formação das equipas nos sectores
de gráfica, estampagem, recursos humanos, financeiro e marketing, bem como a delegação de
tarefas é fundamental para um empreendedor bem-sucedido. Os empreendedores devem ter
um senso de liderança incomum, pois, actuam de forma a serem respeitados pelos seus
funcionários, sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensa-los, formando uma equipa em
torno de si. Sabem que para obter êxito depende de uma equipa de profissionais competentes.

4.5 Características do Perfil dos Empreendedores das Empresas X e Y

Neste subcapítulo foram levantados e analisados aspectos que permitiram ter uma
compreensão do perfil dos empreendedores das empresas X e Y.

61
4.5.1 Independência e Inovação

Para se perceber os perfis dos empreendedores das empresas X e Y foi feita a questão se o
empreendedor era independente e auto-confiante.

Na empresa X, o Sr. José respondeu "o empreendedor é independente, pois, tem sua própria
empresa e realiza as suas actividades de forma autónomaʺ.

Sr. Paulo respondeu "…ser independente, pois é dono da própria empresa, mas não é auto-
confiante, porque não tem conhecimento do ramo de serigrafiaʺ.

Sr. Timóteo respondeu "…é independente e auto-confiante, visto que, desenvolve próprio
negócio e é seguro no alcance das metas da empresa pelo apoio dos técnicos experientesʺ.

Sr. Tito "…é independente, mas, não auto-confiante, porque não tem conhecimentos sobre a
serigrafia, é apoiado pelos trabalhadores experientes em serigrafiaʺ.

Portanto, os resultados mostram o empreendedor ser independente, uma vez que, desenvolve
seu próprio negócio e ser dono da empresa, contudo, não é auto-confiante pois, não tem
domínio sobre o ramo de serigrafia, facto que pode contribuir para o fracasso do negócio.

Na Empresa Y, o Sr. Moisés respondeu "o empreendedor é independente e auto-confiante,


visto que, desenvolve o negócio de forma autónomo e é optimista no alcance dos objectivos
da empresaʺ.

Sr. Pedro respondeu "…é independente e auto-confiante, pois, é autónomo e seguro nas
actividades que realizaʺ.

Sr. João respondeu "…é independente por ser dono da própria empresa e auto-confiante,
pois, é conhecedor do ramo da serigrafia e seguro nas suas actividadesʺ.

Sr. Lucas "…é independente uma vez que, gere o seu próprio negócioʺ.

Os resultados mostram claramente o empreendedor Y ser independente e auto-confiante, no


desenvolvimento do seu negócio, visto ser autónomo e dono do seu próprio negócio,

62
conhecedor do ramo de serigrafia, mostra ser optimista em saber lidar com os desafios e
alcance dos resultados da empresa.

De acordo com os resultados da empresa X, o empreendedor mostra ser independente por ser
dono da própria empresa, porém não é auto-confiante, por falta de conhecimentos do ramo de
serigrafia. Enquanto, o empreendedor Y mostra ser independente e auto-confiante. Este
empreendedor é autónomo e dono do seu próprio negócio, conhecedor do ramo de serigrafia,
mostra ser optimista em saber lidar com os desafios e alcance dos resultados da empresa. Os
empreendedores de sucesso são independentes, querem estar a frente das mudanças e serem
donos dos próprios destinos. São auto-confiantes, pois, enfrentam os desafios que existem ao
seu redor e têm domínio sobre os problemas que enfrentam. Expressam confiança na própria
capacidade de complementar tarefas difíceis ou enfrentar desafios, bem como são optimistas
por serem positivos no futuro do negócio.

Ainda em relação ao perfil empreendedor, solicitou-se aos entrevistados a indicarem


exemplos práticos de inovação de processo, de produtos, de vendas e marketing.

Na empresa X, o Sr. Paulo respondeu "na empresa não existe um sistema de inovação
funcionalʺ.

O Sr. José respondeu "não ocorreu nenhuma inovação na empresa quer de processo, de
produto, de serviço e de marketing, pois, segue-se procedimentos rotineiros e padronizados
na execução de actividadesʺ.

Sr. Timóteo "não há inovações na empresa, as máquinas utilizadas são antigas e os trabalhos
são rotineirosʺ.

Sr. Tito "…nenhuma inovação se verifica, tanto do produto, processo e nem de marketingʺ.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu "nenhuma inovação ocorreu na empresa, visto que, a
empresa opera apenas com duas máquinas de serigrafiaʺ.

Sr. Pedro respondeu "na empresa não se verifica inovação em processo, produto e
marketingʺ.

63
Sr. João "as actividades são feitas de forma repetitiva, não foi feita nenhuma inovação na
empresaʺ.

Sr. Lucas "o empreendedor não é inovador, visto que as actividades são feitas de forma
rotineiraʺ.

Em ambas empresas não se observou nenhuma evidência inovadora, tanto em processo


produtivo, produto, vendas e marketing. As actividades são realizadas de forma rotineira,
facto que pode conduzir as empresas ao insucesso, visto não serem competitivas.

Portanto, os resultados das empresas X e Y mostram claramente a ausência de inovações de


processo, de produto, de serviço, de vendas e marketing. Os empreendedores realizam
actividades de forma rotineira e apresentam fraca capacidade competitiva, o que pode causar
insucesso no negócio. Um empreendedor bem-sucedido é caracterizado pela sua capacidade
de inovar continuamente, o que permite a sua empresa obter maiores fatias de mercado,
maiores lucros e continuidade.

4.5.2 Riscos e Oportunidades

No concernente ao perfil, procurou-se perceber se os empreendedores corriam riscos


calculados.

Na empresa X, o Sr. José afirmou "o empreendedor corre vários riscos no seu negócioʺ.

O Sr. Paulo disse "…corre riscos na realização das actividades da empresa, embora tenha
dificuldades de avaliarʺ.

Sr. Timóteo "…não corre riscos calculados, visto que consegue prever e preveni-losʺ.

Sr. Tito "todo negócio que se realiza corre muitos riscos previsíveis e imprevisíveisʺ.

Estes resultados, mostram que o empreendedor X corre riscos na realização das acções da
empresa, porém, tem dificuldades de prever e avaliar os riscos que eventualmente possam
ocorrer no negócio e consequentemente não sabe como minimizá-los. A não identificação

64
prévia dos riscos num negócio pelo empreendedor e a falta de um plano de gestão, pode
influenciar para o insucesso do negócio.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu "o empreendedor corre riscos insignificantes na


realização das suas actividadesʺ.

Sr. Pedro disse "…não corre nenhum risco, visto que, o empreendedor é conhecedor do ramo
da actividade que exerceʺ.

Sr. João "…corre riscos calculados, uma vez, que consegue avaliar e prevenirʺ.

Sr. Lucas "…corre riscos, mas, não consegue calcular e evitar que esses ocorramʺ.

Os resultados da empresa Y mostram que o empreendedor corre riscos na realização das


acções da empresa, mas, tem a dificuldade na identificação e traçar medidas de minoração,
facto que pode levar a empresa ao fracasso.

Portanto, ambos empreendedores X e Y correm riscos não calculados, pela dificuldade


apresentada na identificação, avaliação e plano de gestão de minimização, concorrendo de
sobremaneira para o insucesso dos negócios desenvolvidos. O empreendedor sabe que não
existe sucesso sem uma dose de riscos, por esse motivo ele o aceita em alguma medida. O
empreendedor não deve ter temor de fracassar, deve fazer tudo o que for necessário para ter
êxito no negócio.

Foi feita a questão para perceber se os empreendedores estavam atento as oportunidades a


volta do negócio.

Empresa X, o Sr. Paulo respondeu "o empreendedor está atento as oportunidades a volta do
negócioʺ.

Sr. Timóteo respondeu "…em algumas vezes nota-se estar atento as oportunidades a volta do
negócioʺ.

65
Sr. Tito "…desperdiça grande parte das oportunidades a volta do negócio por falta de
recursosʺ.

Sr. José "…não está atento às oportunidades a volta do negócio que desenvolve. Alguns
clientes recorrem aos mercados de Maputo e exterior para fazerem as suas encomendasʺ.

Os resultados das entrevistas mostram o empreendedor não estar atento as oportunidades a


volta do negócio que desenvolve. Aliado ao facto notou-se haver fraca capacidade de atracção
dos clientes, os quais recorrem aos mercados que oferecem melhores serviços de serigrafia
para a satisfação das suas necessidades publicitárias.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu "o empreendedor está atento às oportunidades a volta
do negócio, pois, tem procurado satisfazer as necessidades do clienteʺ.

Sr. Pedro respondeu "pouco o empreendedor tem estado atento as oportunidades a volta do
negócio, visto que, a empresa não possui equipamentos de serigrafia modernos para
responder as necessidades publicitarias dos clientesʺ.

O Sr. João respondeu "…procura acompanhar as oportunidades fazendo o que está dentro
das capacidades da empresaʺ.

Sr. Lucas "a empresa não acompanha as oportunidades a volta do negócio, facto que leva a
muitos clientes a recorrer ao mercado externo a procura de serviços que oferece maior
qualidadeʺ.

Os resultados mostram que o empreendedor X não estar atento às oportunidades a volta do


negócio, visto que, satisfazer algumas necessidades do cliente e por um lado devido a falta de
equipamentos de serigrafia moderna. Um empreendedor bem-sucedido deve ter a capacidade
de pesquisar as oportunidades que o mercado oferece, ser curioso e sempre buscar novas
informações, conhecer as necessidades dos clientes e a oferta em termos de serviços e
produtos relacionados com negócio que desenvolve, para não perder clientes e fracassar o
negócio.

66
Os resultados dos inqueridos das empresas X e Y, ambos empreendedores não exploram ao
máximo as oportunidades a volta dos negócios, aliado a falta de equipamentos modernos de
serigrafia para fazer face inúmeras oportunidades desperdiçadas, facto que contribui para
alguns clientes optarem pelos mercados da cidade de Maputo e exterior para satisfazer as suas
necessidades publicitárias, por outro lado a falta de formação em negócios dificulta ao
empreendedor a fazer estudo do mercado e conhecimento das oportunidades a volta. O
empreendedor para além de identificar oportunidades deve estar atento e perceber, no
momento certo, que o mercado oferece. Actuar sobre as potencialidades do negócio através de
avaliação de oportunidades, transformá-las em situações positivas e criar condições para o
sucesso do negócio.

4.5.3 Visão do Futuro do Negócio

No concernente ao perfil empreendedor procurou-se saber se os empreendedores tinham a


visão do futuro da empresa.

Empresa X, o Sr. José respondeu "o empreendedor não tem a visão do futuro da empresa e
não existe algo escrito sobre a visão da empresaʺ.

O Sr. Paulo respondeu "o empreendedor tem a visão do futuro da empresaʺ.

Sr. Timóteo "… possui uma visão escrita sobre o futuro da empresaʺ.

Sr. Tito "…não tem e nem conhece visão sobre o futuro da empresaʺ.

O pesquisador não observou na empresa uma visão expressa sobre o futuro do negócio.
Quando solicitada ao gerente, disse que a empresa não possuía.

O empreendedor da empresa X não tem a visão de como será o futuro do negócio que
desenvolve e conclui-se não ser visionário. A falta da definição da visão do futuro do negócio,
impossibilita ao empreendedor a se posicionar, bem como o seu empreendimento na criação e
aproveitamento das oportunidades, visto que desenvolve as suas actividades sem uma
direcção que leve a alcançar as suas metas a longo prazo.

67
Na empresa Y, o Sr. Moisés disse "o empreendedor tem a visão sobre o futuro do negócioʺ.
Sr. Pedro disse "a empresa não tem definido a visão sobre o futuro do negócio que permite
prever o negocio no futuroʺ.

Sr. João "não existe na empresa uma clareza da visão do futuro do negócioʺ.

Sr. Lucas "não conhece qual é a visão do futuro do negócio e não aparece escrito em
documentosʺ.

O pesquisador não observou uma visão do futuro do negócio afixada na parede mesmo escrito
em documento. Portanto, o empreendedor Y não tem uma visão definida e clara sobre o futuro
do negócio, desenvolve, facto que nos leva a afirmar não ser visionário e tem poucas
oportunidades de se posicionar e crescer no mercado.

Os resultados de ambas empresas mostram claramente que os empreendedores não possuem


visão do futuro do negócio e não foram capazes de indicar de forma expressa e clara a visão
das empresas, portanto, os empreendedores X e Y não são visionários. A não definição da
visão do futuro do negócio, impossibilita ao empreendedor a se posicionar, bem como, o seu
empreendimento na criação e aproveitamento das oportunidades, uma vez que os
empreendedores desenvolvem as acções sem uma direcção que possibilite o alcance das metas
a longo prazo.

4.5.4 Comprometimento

No tocante ao perfil, questionou se o empreendedor tem comprometimento com os clientes.

Na empresa X, o Sr. José, respondeu "o empreendedor é comprometido com os seus clientes e
apresenta as encomendas na data marcadaʺ.

Sr. Paulo respondeu "o empreendedor incentiva os trabalhador a se empenhar de modo a não
falhar o compromisso com os seus clientesʺ.

Sr. Tito disse "…é comprometido porque consegue entregar as encomendas dentro do prazo
estabelecidoʺ.

68
Sr. Timóteo "raras vezes a empresa não cumpre os compromissos com os seus clientesʺ.

Os resultados mostram claramente o empreendedor ter comprometimento com os clientes,


uma vez que tem entregado as encomendas dentro dos prazos estabelecidos e satisfaz
cabalmente as necessidades dos seus clientes. Consegue atrair e manter os clientes, pela maior
atenção dada, portanto, o empreendedor considera seus clientes em primeiro lugar.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu "o empreendedor é comprometido com os clientes que
pagam adiantadoʺ.

Sr. Pedro respondeu "…é comprometido uma vez que entrega as encomendas na data
indicadaʺ.

Sr. João respondeu "devido ao volume de encomendas o empreendedor não cumpre os


compromissos aos cliente ʺ.

Sr. Lucas "…tem atrasado na entrega das encomendas, visto que a empresa opera com uma
máquina de serigrafiaʺ.

Os resultados mostram claramente o empreendedor não ter o comprometimento com os


clientes, ao atrasar a entrega de encomendas devido ao volume de encomendas aliado a
insuficiência de equipamentos de serigrafia para fazer face ao volume de encomendas
solicitadas. A insatisfação dos clientes pode causar retracção dos mesmos e consequentemente
fracassar o negócio.

Os resultados das entrevistas mostram que na empresa X, o empreendedor ser comprometido


aos seus clientes, pois, entrega as encomendas dentro dos prazos estabelecidos, graça ao
empenho dos funcionários e por conseguinte consegue atrair e manter os seus clientes.
Enquanto o empreendedor Y, mostra não ser comprometido aos clientes, não consegue
satisfazer as necessidades dos clientes, aliado a insuficiência de equipamentos de serigrafia
para fazer face a demanda dos clientes, o que influencia no fracasso do negócio.

69
4.5.5 Persistência, Determinação e Dedicação

Por último, no tocante ao perfil, procurou-se perceber sobre a persistência, determinação e


dedicação dos empreendedores.

Na empresa X, o Sr. José afirmou "o empreendedor é persistente, determinado e dedicado no


desenvolvimento do empreendimentoʺ.

O Sr. Paulo disse "…é persistente, determinado e dedicado na realização das suas
actividades, não desiste e empenha-se até atingir os seus resultadosʺ.

Sr. Timóteo "…é persistente, determinado e dedicado, visto que consegue manter a empresa
em funcionamento e tem uma equipa de serigrafia aplicada nas actividades do dia-a-dia da
empresaʺ.

Sr. Tito "pouco tenho a falar em relação a persistência, pois embora haver determinação e
dedicação dos técnicos da serigrafia, o empreendedor por limitações financeiras não
consegue alcançar as suas metasʺ.

Os resultados indicam haver dedicação e determinação no exercício das actividades da


empresa, porém, o empreendedor da empresa X mostra não ser persistente, na medida em que
a limitação financeira impossibilita o alcance das metas predefinidos, o que pode influenciar
no insucesso do negócio.

Na empresa Y, o Sr. Moisés respondeu "o empreendedor é persistente, determinado e


dedicado no desenvolvimento das actividades, visto que é incansável na realização das suas
tarefasʺ.

Sr. Pedro disse "…é persistente, determinado e dedicado, visto que, é lutador não desiste ao
meio da realização das actividades. Não abandona actividades sem chegar ao fim ʺ.

Sr. João "…mostra ser persistente, determinado e dedicado na realização das actividades,
uma vez que não desiste é incansável até trabalha aos Sábados e Domingos para satisfazer o
cliente.

70
Sr. Lucas "…é determinado, dedicado e persistente, não desiste e é muito empenhado no
negócio. Sacrifica noites e fins-de-semana até concluir as suas tarefasʺ.

Os resultados da empresa Y mostram o empreendedor ser persistente, determinado e


dedicado, visto ser empenhado, aplicado e lutador, não desiste sem alcançar as metas
desejadas. Trabalha fora das horas de expediente e aos Sábados e Domingos de forma a
entregar as encomendas dentro do prazo.

Portanto, o empreendedor da empresa X mostra ser determinado e dedicado, porém, não é


persistente devido a limitações financeiras impossibilitam o alcance dos seus objectivos. O
empreendedor Y mostra ser persistente, determinado e dedicado no desenvolvimento das suas
actividades, pois não desiste sem que alcance os seus objectivos. O empreendedor que almeja
crescer no negócio, deve ser lutador e não desistente, determinado e dedicado nas suas acções
e trabalhar fora das horas normais do expediente e sacrificar até sua família e amigos para a
satisfação do cliente e ter sucesso no negócio.

71
CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1 Introdução

Neste capítulo, apresenta-se as conclusões alcançadas com base dos objectivos da pesquisa
realizada e as recomendações para as empresas X e Y.

5.2 Conclusões da Pesquisa

Esta pesquisa foi realizada mediante a definição de uma situação problema "como as
habilidades e características empreendedoras podem influenciar nas empresas de serigrafia da
cidade da Beiraʺ, com o objectivo geral de analisar o impacto das habilidades e características
empreendedoras nas empresas de Serigrafia da cidade da Beira, nos anos 2012 a 2014. O
estudo foi orientado pelas seguintes questões de pesquisas: Quais são as actuais habilidades
de gestão e sua contribuição nas empresas de Serigrafia? Quais são as habilidades técnicas e
características do perfil dos empreendedores e sua influência na gestão das empresas de
Serigrafia? Qual é a relação existente entre as actuais práticas empreendedoras das empresas
de Serigrafia com as características de um empreendedor de sucesso?

No que diz respeito a habilidades técnicas, a pesquisa conclui que o empreendedor X não
possui conhecimentos técnicos exigidos para desenvolver a actividade de serigrafia, o mesmo
é complementado por uma equipe de profissionais experientes. O empreendedor apresenta
dificuldades de comunicação, sobretudo nos aspectos saber ouvir e negociar com os clientes.
A empresa não dispõe de recursos suficientes, como máquinas de serigrafia com tecnologias
modernas, financeiros e técnicos especializados para a execução eficiente das actividades.
Apresenta deficiências na liderança, pois não existem equipas de trabalho nos sectores
administrativo e marketing, funções exercidas cumulativamente pelo gerente. No entanto, a
falta destas habilidades aos empreendedores origina fracasso na gestão das empresas.
Contudo, há que ressaltar o conhecimento, domínio do ramo de serigrafia, bastantes
habilidades na realização das actividades e ser um bom comunicador, essas habilidades foram
encontradas no empreendedor Y.

72
Em relações as características empreendedoras, os empreendedores X e Y não são inovadores
quer em processo, produção, vendas e marketing seguem rotinas; correm riscos não
calculados, uma vez que não sabem como avaliar e minimizar; não exploram ao máximo as
oportunidades a volta dos negócios; não são visionários, visto que não possuem a visão do
futuro do negócio. A ausência destas características de um empreendedor de sucesso propícia
aos empreendedores a ser mal sucedidos nos negócios. O empreendedor Y destaca-se do X,
pois é comprometi metido e persistência.

No que respeita as actuais habilidades de gestão e sua contribuição nas empresas de


Serigrafia, a pesquisa conclui não existir uma estrutura organizacional funcional, com as áreas
de produção, administrativa e marketing nas empresas X e Y que permita uma distribuição
correcta de actividades e partilha de responsabilidades do gestor do topo aos níveis
operacionais, o que propicia uma gestão ineficiente das empresas. As decisões não são
planeadas e são tomadas de forma improvisada. As empresas estão desprovidas de um plano
de negócios que permitiria aos empreendedores guiarem-se no exercício das actividades dos
empreendimentos. A ausência destas habilidades influencia negativamente para o sucesso das
empresas de serigrafia. O empreendedor Y toma decisões de forma planificada e segura.

No que tange a relação entre as actuais práticas empreendedoras das empresas de serigrafia
com as características de um empreendedor de sucesso, nota-se que o empreendedor X
relaciona-se com os aspectos independente, autoconfiança, comprometimento, assumir riscos
determinação e dedicação, porém, diverge nos aspectos assumir riscos calculados,
oportunidade a volta do negócio, visão, decisões planificadas, liderança e persistência. O
empreendedor Y relaciona-se com os aspectos conhecimento, independente, assumir riscos,
persistente, determinado e dedicado, porém, não se relaciona com a inovação, assumir riscos
calculados, atenção as oportunidades, visão, decisões planificadas e comprometimento. A
ausência das características atrás mencionadas nos empreendedores X e Y impossibilita o
alcance de sucesso empreendedor.

73
5.3 Recomendações

Baseando-se das conclusões desta pesquisa, apresenta-se em seguida as recomendações para


academia, empresas de serigrafia e governo.

 Academia

Utilizar esta bibliografia como base para as próximas pesquisas.

 Empresas de Serigrafia

Os empreendedores das empresas de serigrafia devem beneficiar de treinamento em


empreendedorismo e serigrafia, para o desenvolvimento das habilidades e perfil
empreendedor, de forma a gerir melhor as empresas e ser bem-sucedidos no negócio.

É necessário que as empresas tenham um plano de negócios, que auxilie aos empreendedores
a conduzir as empresas a uma trajectória positiva, bem como, possibilitar a obtenção de
investimentos e dotar as empresas de recursos necessários para o desenvolvimento eficaz do
negócio.

Há que se melhorar a comunicação nas empresas, sobretudo o aspecto saber ouvir, perceber as
necessidades do cliente e manter um relacionamento permanente com os clientes.

As empresas devem dispor de uma estrutura funcional, com funções partilhadas a partir do
nível do presidente aos gestores de produção (gráfica e estampagem), de marketing (vendas e
anúncios promocionais) e administrativo (contabilidade financeira, compra/aprovisionamento
e recursos humanos) e ter técnicos formados para a correcta distribuição das tarefas e
delegação das responsabilidades.

Os empreendedores devem definir claramente a visão do futuro do negócio, ser inovadores


em processo, produto, serviço, venda e marketing.

74
 Governo

Criar facilidades na obtenção de créditos de modo a potenciar as empresas de serigrafia com


equipamentos de tecnologia moderna.

75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Carvalho, T. C. (2009). Programa Curricular de Formação de Empreendedores: Material de


Treinamento de Professores – Empreendedorismo. Maputo: UNIDO.
Cervo, A. L., Bervian, P. A. & da Silva, R. (2007). Metodologia Científica. (6ª. ed.). São
Paulo: Person Prentice Hall.
Chiavenato, I. (2008). Empreendedorismo: Dando Asas ao Espírito Empreendedor. (3ª. ed.).
São Paulo: Revista e Actualizada.
Costa Neto, P. L. O. (1977). Estatística. São Paulo: Edgard Blücher.

Demo, P. (1997). Conhecimento Moderno: Sobre Ética e Intervenção do Conhecimento.


Petrópolis: Vozes.
Dolabela, F. (2008). Oficina do Empreendedor. Rio de Janeiro: Sextante.
Dornelas, J. C. A. (2008). Empreendedorismo: Transformando Ideias em Negócios. (3ª. ed.).
Rio de Janeiro: Revista Actualizada.
Gerber, M. E. (1995). Why Most Small Businesses Don`t Work and What to do About it. The
E Revisited.
______. (1996). Why Most Small Businesses Don`t Work and What to do About it. The E
Revisited.
Hisrich, R. D., Peters, M. P. & Shepherd, D. A. (2009). Empreendedorismo. (7ª. ed.). Porto
Alegre: Bookman Companhia.
Lopes, M. A. (2011). Características Comportamentais de Empreendedoras Moçambicanas:
Trocas Simbólicas e Aprendizagens nos Espaços da CPLP. Universidade Eduardo
Mondlane, Faculdade de Economia, Maputo.
Malheiro, R. C., Ferla, L. A. & Cunha, C. J. C., (2005). Viagem ao Mundo do
Empreendedorismo. (2ª. ed.). Instituto de Estudos Avançados, Florianopólis.
Marconi, M. A. & Lakatos E. M. (2009). Metodologia Cientifica. (5ª. ed.). São Paulo: Editora
Atlas S.A.
Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2010). Técnicas de Pesquisa. (7ª. ed.). São Paulo: Editora
Atlas S.A.
Miles, M. B. & Huberman, A. M. (1994). Qualitative Data Analysis. Thousand Oaks, Sage
Publications.
Minuzzi, J. (2007). Habilidades e Conhecimentos do Empreendedor Catarinense que
Influenciam no Sucesso dos Negócios nas Primeiras Fases do Ciclo de Vida
Organizacional. Texto inédito. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa
Catarina, Curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Florianópolis.

76
Mo, J. R. R. (2011). Empreendedor: Características e Habilidades. VII Congresso Nacional
de Excelência em Gestão.
OECD. (2007). Manual de Oslo: Proposta de Directrizes para Colecta e Interpretação de
Dados sobre Inovação Tecnológica. Brasília: FINEP.
Pimentel, A. (2008). Curso de Empreendedorismo. São Paulo: Digerat books.
Richardson, R. J. (1999). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. (3ª. ed.). São Paulo: Editora
Atlas S.A.
Rodrigues, A. (1992). Psicologia Social. Rio de Janeiro: Vozes.
Sarkap, S. (2010). Empreendedorismo e Inovação. Lisboa: Escola Editora.
Silvetre, H. C. & Araujo, J. F. (2012). Metodologia para a Investigação Social. Lisboa:
Escolar Editora.
Valá, S. C. (2009). Pobreza, Pequenas Médias Empresas e Desenvolvimento Económico dos
Distritos em Moçambique. Maputo. Disponível em:
www.iese.ac.mzlibpublicationII confGrupoIIIDistritos VALA.pdf ﴾Acesso em:
28∕02∕2014﴿.
http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=269 (Acesso em: 10/10/2014).
www.ruralmoc.gov.mz (Acesso em: 15∕03∕2014).

77
APÊNDICE 1: GUIÃO DE OBSERVAÇÃO PARA AS EMPRESAS DE SERIGRAFIA
XEY

A observação tem por objectivo recolher dados para elaboração da Dissertação com o tema
Análise do Impacto das Habilidades e Características Empreendedoras das Empresas de
Serigrafia da cidade da Beira, o caso das empresas X e Y, no período compreendido entre
2012 e 2014.

IDENTIFICAÇÃO

Nome da Empresa: ___________________________________________________________


Data da fundação da Empresa___________________________________________________
Localização:_________________________________________________________________

ASPECTOS OBSERVADOS

1. Ramo de actividade:________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2. Estrutura orgânica (Sectores de Actividades):____________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3. Visão:____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4. Actividade Principal:________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
5. Actividades Secundárias:_____________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

78
6. Funcionários:______________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7. Plano de negócio___________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
8. Inovações_________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
9. Recursos_________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

Apresentamos os nossos melhores agradecimentos pela colaboração.

79
APÊNDICE 2: GUIÃO DE ENTREVISTA PARA AS EMPRESAS DE SERIGRAFIA X
EY

A entrevista tem por objectivo recolher dados para elaboração da Dissertação com o tema
Análise do Impacto das Habilidades e Características Empreendedoras das Empresas de
Serigrafia da cidade da Beira, o caso das empresas X e Y, no período compreendido entre
2012 e 2014.

Todas informações serão usadas e tratadas confidencialmente e servirão como base para a
elaboração da Dissertação. Por favor responde com sinceridade, pois não há respostas
correctas e ou incorrectas. A sua opinião é muito importante.

IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO

Nome: _____________________________________________________________________
Nível Académico:___________________ Idade:__________ Sexo: M □ F □
Morada:____________________________________________________________________

Estado Civil: Casado (a) □ Solteiro (a) □

Ocupação Profissional________________________________________________________

1. Qual foi a motivação que levou a tornar-se empreendedor?__________________________


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2. Quais são as técnicas utilizadas pelo empreendedor na gestão da empresa?_____________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3. O empreendedor toma decisões baseando-se num planeamento?______________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

80
4. O empreendedor auxilia-se de um plano de negócios no desenvolvimento do
empreendimento?__________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
5. A empresa tem recursos necessários (financeiros, equipamentos, humanos e materiais) para
desenvolver o negócio? ______________________________________________ _______
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
6. Possui conhecimentos técnicos no ramo de serigrafia?__________________________ ___
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7. O empreendedor possui habilidades de comunicação (escrever, ouvir e oralidade)?______
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
8. O empreendedor sabe liderar e trabalhar em equipa?_______________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
9. O empreendedor é independente e auto-confiante?_________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
10. Indique dando exemplos práticos de inovação de processos, de produtos, de vendas e de
marketing ocorridas na empresa?______________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
11. O empreendedor corre riscos calculados no exercício das actividades?_________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
12. O empreendedor está atento às oportunidades a volta do negócio?____________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

81
13. O empreendedor tem visão sobre o futuro da empresa?_____________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

14. O empreendedor é comprometido na realização das actividades de


serigrafia?________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
15. O empreendedor é persistentes, determinado e dedicado na realização das actividades?___
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

Apresentamos os nossos melhores agradecimentos pela colaboração.

82

Você também pode gostar