Você está na página 1de 8

Escola Secundária Tomaz Pelayo, Santo Tirso – 402916

OS MAIAS
Eça de Queiroz
1) TÍTULO E SUBTÍTULO DA OBRA:

Aponta para dois níveis de ação: o primeiro corresponde ao título, Os Maias, e


subdivide-se numa intriga principal e numa intriga secundária; o segundo corresponde
ao subtítulo e retrata principalmente a vida da aristocracia lisboeta.
Comparação dos dois níveis: enquanto as intrigas são ações fechadas, pois sabemos o
final, os episódios da vida romântica são ações abertas, têm continuidade para além da
obra. Assim, o segundo nível pode ser considerado um cenário em movimento, onde as
personagens do primeiro nível se deslocam.

Aspetos estruturais decorrentes do título


Na obra surgem, sobretudo, três gerações da família:
1º grupo – Afonso da Maia: época da reação do liberalismo ao absolutismo vigente;
2º grupo – Pedro da Maia: a geração do Romantismo, vítima da educação e do
envolvimento cultural românticos;
3º grupo – Carlos da Maia – sentimento de decadência das esperanças liberais.

2) A ANALEPSE:

A narrativa da obra é interrompida por uma grande analepse (recuo no tempo), com um
ritmo narrativo rápido, sem grandes pormenores, o que a aproxima do ritmo da novela,
distante do ritmo mais lento, típico do romance, que domina a obra.
A analepse começa no capítulo I e estende-se até ao IV.
Principais acontecimentos referidos: juventude de Afonso; juventude e amores de
Pedro; infância e juventude de Carlos.
Funções da analepse: dar a conhecer traços de gerações anteriores que levam à
existência dos dois homens de fim de século – Afonso e Carlos; relação com um
pessimismo existencial, uma das linhas de fundo da obra, crença profunda, embora
irónica, no Destino, havendo a consciência da imperfeição da vida humana.

3) PARALELISMO INTRIGA PRINCIPAL / INTRIGA SECUNDÁRIA:

Aspectos comuns: proveniência estrangeira e obscura das mulheres Mª Monforte e Mª


Eduarda; circunstâncias (mistério) e consequências (amor proibido) do primeiro
encontro entre Pedro/ Mª Monforte e Carlos/Mª Eduarda; efetivação das relações
amorosas determinadas pelo deslumbramento à primeira vista; reação negativa de
Afonso da Maia aos amores do filho e do neto; desenlace funesto das relações
(adultério no 1º caso e incesto no 2º); consequências trágicas do desenlace funesto
(suicídio de Pedro e morte de Afonso).
A história de Pedro é uma espécie de versão reduzida das dimensões do problema de
Carlos: Pedro e Carlos encontram-se ligados a Afonso; ambos são dominados pelo
sentimentalismo e pelo instinto (como provam as suas aventuras amorosas); são
criaturas fracas, facilmente dominadas pela inércia ou pela noção decadente da
vanidade de todo o esforço; sucumbem quando apanhados no clima irracional da
paixão.
Funcionalidade do paralelismo: reforçar o jogo opositivo amor/razão que desenvolve a
ação; mostrar o embrião da tragédia da ação principal (o nascimento dos filhos de
Pedro e Mª Monforte); salientar a consciencialização progressiva da frustração a que
nos conduz a inoperância (passividade) das personagens; mostrar a presença da
hereditariedade que marca a personagem Carlos.

4) INTRIGA PRINCIPAL:

Elementos estruturais da tragédia presentes:


a) personagem trágica – Carlos e Mª Eduarda são figuras eleitas, de elite, superiores,
distantes da sociedade grosseira em que circulam, situam-se ao nível da tragédia
amorosa, embora não rompam totalmente com o romance de costumes, são
símbolos de uma fatalidade superior;
b) a ação trágica – as duas personagens são conduzidas a um encontro e união
marcados pela supremacia do sentimento, quando a união supera obstáculos e
torna-se perfeita, dá-se a catástrofe e surge a tragédia, sendo Guimarães a
personagem que a anuncia; ao longo da ação surgem indícios que apontam para o
final trágico (mais gerais, relacionados com a fatalidade que atinge a família, e mais
particulares, apontando uma identificação entre destinos anteriores de Carlos e Mª
Eduarda);
c) o desenlace trágico – confirmam-se os indícios que anunciavam a catástrofe; depois
da catástrofe, Carlos, numa revolta psicológica, desiste do suicídio e assume uma
posição típica do Realismo “instalado em Paris, num delicioso apartamento dos
Campos Elísios, fazendo a vida larga de um príncipe artista da Renascença” e Mª
Eduarda assume um papel também distante da tragédia clássica “já não é Mª
Eduarda. É Madame de Trelain, uma senhora francesa”, só Afonso não se desvia da
conduta trágica, morrendo, em vez de ser recuperado para a comédia de costumes,
como acontece com as outras personagens;
d) a presença do Destino – entidade superior que aproxima as personagens e que as
há de destruir, ex: “Carlos Eduardo da Maia! Um tal nome parecia-lhe conter todo
um destino de amores e façanhas” (cap. II), “O próprio Carlos vê na semelhança
dos nomes a concordância dos seus destinos” (XI), “E agora só pelo modo como
Carlos falava daquele grande amor, ele sentia-o profundo, absorvente, eterno, e
para o bem ou para o mal, tornando-se daí por diante, e para sempre, o seu
irreparável destino” (Ega, XII), Afonso “afastou-se (...) vencido enfim por aquele
implacável destino” (XVII).

5) EPISÓDIOS DA VIDA ROMÂNTICA: TEMAS ABORDADOS

 Na analepse: a Educação
Educação tradicional portuguesa – estagnação, atravessa 3 gerações (Mª Eduarda
Runa, Pedro da Maia, Eusebiozinho); ligação ao passado; recurso à Cartilha; estudo do
Latim e do Catecismo; baseia-se na memorização; no caso de Pedro, o professor é o
abade, com o apoio de Mª Eduarda Runa e a oposição de Afonso:
Educação inglesa – novidade (Carlos); culto do físico; secundarização do sentimento;
aponta para conhecimentos úteis e práticos; implica o estudo de uma língua viva, o
inglês, o objetivo é formar indivíduos úteis para a sociedade para transformarem o país;
o professor é mestre Brown, tem o apoio de Afonso.

Nenhuma das propostas é totalmente funcional: o resultado é a apatia, a inércia.


Consequências dos modelos educacionais:

Eusebiozinho Carlos
Conhecimento teórico; Conhecimento prático;
Aprendizagem do latim; Aprendizagem de línguas vivas (inglês);
Bacharel em Direito, depois desembargador; Formatura em Medicina;
Isolamento e intolerância; Abertura, tolerância e convivência;
Fragilidade, decadência física, covardia; Elegância e destreza;
Falhanço; Educação deficiente para o meio social
Recurso à prostituição; lisboeta: faltava educar a vontade – falha
Corrupção (deslealdade, falsidade, calúnia). quando entregue a si mesmo;
Diletantismo;
Romântico, apesar da educação britânica;
Imoralidade (incesto).

 Jantar no Hotel Central (VI, 204-225)


Objetivos: homenagear o banqueiro Jacob Cohen; proporcionar a Carlos o primeiro
contacto com o meio social lisboeta; apresentar a visão crítica de alguns problemas;
proporcionar a Carlos a visão de Mª Eduarda.
Intervenientes: João da Ega, promotor da homenagem e representante do
Realismo/Naturalismo; Cohen, o homenageado, representante das finanças; Tomás de
Alencar, poeta Ultrarromântico; Dâmaso Salcede, novo-rico, representante dos vícios
da nova classe; Carlos, médico e observador crítico; Craft, britânico, representante da
cultura artística e britânica.

Temas discutidos:

a) Literatura e crítica literária:


b)
Tomás de Alencar João da Ega
Opositor do Realismo/Naturalismo; Defensor do Realismo/Naturalismo;
Incoerente: condena no presente o que fez no Exagero: defesa do cientificismo na literatura;
passado – estudo dos vícios da sociedade; Não distingue Ciência e Literatura.
Falso moralista: acha o realismo/Naturalismo
imoral;
Desfasado do seu tempo;
Preocupado com aspetos formais em
detrimento da temática;
Preocupado com o plágio.

Aproximação à doutrina estética de Eça de Queirós:


Carlos: recusa o Ultra-romantismo de Alencar e o exagero de Ega; condena os ares
científicos do Realismo;
Craft: recusa o Ultra-romantismo de Alencar e o exagero de Ega; defende a arte como
idealização do que há de melhor na natureza; defende a arte pela arte;
Narrador: recusa o Ultra-romantismo de Alencar e a distorção do Naturalismo feita por
Ega; afirma uma estética próxima da de Craft.

c) As finanças:
O país tem absoluta necessidade dos empréstimos ao estrangeiro;
Cohen, calculista e cínico: tendo responsabilidades pelo cargo que desempenha,
afirma alegremente que o país vai direitinho para a bancarrota.

d) A história e a política:

Ega Alencar
Delira com a bancarrota como determinante Teme a invasão espanhola: perigo para a
da agitação revolucionária; independência nacional;
Defende a invasão espanhola; Defende o Romantismo político – república
Defende o afastamento violento da governada por génios e a fraternização dos
Monarquia, aplaude a instalação da povos;
República; Esquece o adormecimento geral do país.
Aproximação às ideias do autor.

Outros intervenientes:
Cohen: há gente séria nas camadas políticas dirigentes; Ega exagera;
Dâmaso Salcede: se houvesse uma invasão espanhola, ele “raspava-se” para Paris;
toda a gente fugiria como uma lebre.

Conclusões com base nas discussões:


Falta de personalidade dos intervenientes – Alencar muda de opinião quando Cohen
quer, bem como Ega, Dâmaso aponta o caminho da fuga, apesar do lema “sou forte”;
A incoerência - Alencar e Ega chegam à violência e, momentos depois, abraçam-se;
Falta de cultura e civismo que domina as classes mais destacadas, exceto Carlos e
Craft.

 As corridas de cavalos (cap. X)


Objetivos: novo contacto de Carlos com a alta sociedade lisboeta, incluindo o próprio
rei; visão panorâmica da sociedade sob o olhar crítico de Carlos; tentativa frustrada de
igualar Lisboa às outras capitais europeias, sobretudo Paris; possibilidade de Carlos
encontrar a figura feminina que viu à entrada do Hotel Central.
Visão caricatural: o hipódromo parecia um palanque de arraial; as pessoas não sabiam
ocupar os seus lugares; as senhoras traziam vestidos sérios de missa; o buffet tinha
um aspeto nojento; a 1ª corrida terminou com pancadaria; as 3ª e 4ª corridas
terminaram grotescamente.
Conclusões: o fracasso total dos objetivos das corridas; radiografia perfeita do atraso
da sociedade lisboeta; o verniz de civilização estalou completamente; a sorte de
Carlos, ganhando todas as apostas, é indício de futura desgraça.

 O jantar dos Gouvarinho (cap. XII)


Objetivos: reunir a alta burguesia e aristocracia; reunir a camada dirigente do país;
radiografar a ignorância das classes dirigentes.
Alvos visados: Conde de Gouvarinho – voltado para o passado; tem lapsos de
memória; comenta muito desfavoravelmente as mulheres; revela uma visível falta de
cultura; não acaba nenhum assunto; não compreende a ironia sarcástica de Ega; vai
ser ministro. Sousa Neto – acompanha as conversas sem intervir; desconhece o
sociólogo Proudhon; defende a imitação do estrangeiro; não entra nas discussões;
acata todas as opiniões alheias, mesmo absurdas; defende a literatura de folhetins, de
cordel; é deputado.
Conclusões: superficialidade dos juízos dos mais destacados funcionários do Estado;
incapacidade de diálogo por manifesta falta de cultura.

 A imprensa (cap. XV)


Objetivos: passar em revista a situação do jornalismo nacional; confrontar o nível dos
jornais com a situação do país.
Jornais atingidos: “Corneta do Diabo” e “A Tarde”.
Conclusões: o baixo nível; a intriga suja; o compadrio político; tais jornais, tal país.

 O sarau no teatro da Trindade (cap. XVI)


Objetivos: ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo; apresentar um tema querido
da sociedade lisboeta - a oratória; reunir, novamente, as várias camadas das classes
mais destacadas; criticar o Ultrarromantismo que inundava o público; contrastar a festa
com a tragédia.
Oradores:

Rufino Alencar
O bacharel transmontano; Poeta Ultrarromântico;
O tema do Anjo da Esmola; Tema da democracia romântica;
Desfasamento entre a realidade e o discurso; Desfasamento entre a realidade e o
Falta de originalidade; discurso;
Recurso a lugares-comuns; Excessivo lirismo carregado de conotações
Retórica oca e balofa; sociais;
Aclamação pelo público tocado no seu Exploração do público seduzido por
sentimentalismo. excessos estéticos estereotipados;
A aclamação do público.

Conclusões: as classes dirigentes alheadas da realidade; uma sociedade deformada


pelos excessos líricos do Ultra-romantismo; tal oratória, tal país.

 Episódio final: passeio de Carlos e Ega (último capítulo)


Cada espaço tem uma conotação histórica e ideológica:
a) O espaço de Camões: representa Portugal heróico, glorioso, mas envolvido num
clima de estagnação;
b) O Chiado: Portugal do presente, o país decadente da Regeneração;
c) Os Restauradores: símbolo de uma tentativa de recuperação falhada;
d) Bairros antigos (Penha e Graça): época anterior ao Liberalismo, Portugal
absolutista, tempo recusado por Carlos por causa da intolerância e do clericalismo.

CONCLUSÃO: O plano da crónica de costumes, espaço social da obra,


possibilitou um exame profundamente crítico da alta sociedade lisboeta da segunda
metade do século XIX.

6) PERSONAGENS DE AMBIENTE
Geralmente, as personagens da crónica de costumes são planas, representam grupos,
classes ou mentalidades, habitando determinados ambientes. Mantêm os mesmos
gestos e linguagens, o que ajuda a caracterizar a classe que representam.

Personagens-tipo O que representam


 Alencar Romantismo; incapacidade de adaptação ao novo pensamento,
o Realismo; ultrarromântico, evoluindo para o Naturalismo;
incoerência.

 Dâmaso Salcede Novo-rico, mulheres, exibicionismo, indiscrição, calúnia, traição:


súmula dos vícios da sociedade lisboeta; obsessão do “chic a
valer”; opositor ridículo de Carlos.

 Conde de Político incompetente; aliança do poder político e económico


Gouvarinho (casamento); referências culturais medíocres.

 Condessa de Traços românticos: capricho, adultério; decadência moral da


Gouvarinho aristocracia lisboeta.

 Sousa Neto Oficial superior do Ministério da Instrução Pública; burocrata


típico: símbolo da administração; mediocridade intelectual,
ignorante.

 Palma Cavalão Jornalismo corrupto, sensacionista, escandaloso, vivendo da


calúnia e do suborno; desonesto, mercenário, subornável.

 Craft
Inglês rico e boémio, colecionador de bricabraque; formação e
mentalidade britânicas (pontos comuns com Carlos).
 Jacob Cohen
Judeu banqueiro, representante da alta finança; competência
duvidosa, materialista.
 Raquel Cohen
Mulher romântica e adúltera; mesma função da condessa de
Gouvarinho.
 Steinbroken
Diplomata, representante do superficialismo e ignorância do
cargo, excesso de neutralidade, zelo, formalismo.
 Eusebiozinho
Fidalgo de província, cobarde, malefícios da educação
portuguesa retrógrada.
 Guimarães
Vive em Paris, representante das ideias democratas e
comunistas; provoca o reconhecimento e desencadeia a
catástrofe.
 Cruges
Maestro e pianista: música; homem são, tímido, contrasta com a
negatividade dos tipos apresentados.
 Rufino
Deputado de Monção, mentalidade provinciana e retrógrada,
oratória parlamentar.

Roteiro simbólico de Os Maias

Os símbolos cromáticos

a) O vermelho
“ Aquela sombrinha escarlate […] quase envolvia, parecia envolvê-lo todo – como uma
larga mancha de sangue.” Cap. I
“…ao lado de Maria, como uma camélia escarlate na casaca.” Cap. I
“…abria lentamente um grande leque negro pintado de cores vermelhas.” Cap. XI
Simbolismo: Maria Monforte e Maria Eduarda são portadoras de um vermelho
feminino, jogo que desencadeia a libido, despertam a sensualidade à sua
volta. Espalham a morte. A paixão excessiva é destruidora (suicídio de
Pedro, a morte de Afonso e o desejo da morte em Carlos).

b) O amarelo e dourado
“…uma senhora loura, os cabelos loiros, de um loiro julvo.” Cap. I
“…uma senhora alta, loira…” Cap. VI
“…era toda forrada, paredes e teto, de um brocado amarelo, cor de botão-de-oiro.”
Cap. XIII
Simbolismo: O amarelo indica o caráter ardente da paixão. Cor dupla: luz do
ouro – de essência divina e luz da terra – Verão e Outono.
1.º caso: cor dos deuses (veículo do poder, da juventude, da eternidade).
2.º caso: é anunciadora da velhice, do Outono, da proximidade da morte.
c) O negro
“Seus olhos muito negros.” Cap. III
“…dois olhos maravilhosos e irresistíveis.” Cap. I
“O negro profundo de dois olhos que se fixaram nos seus…” Cap. VII
Simbolismo: Cor que prefigura a Morte.
Cor que simboliza uma paixão possessiva e destruidora.

Conclusão:
Maria Monforte e Maria Eduarda conjugam estes três elementos: cabelo de ouro,
olhos pretos e leque preto pintado de flores vermelhas, sombrinha escarlate.
Elas são a vida e a morte, o divino e o humano, a aparência e a realidade; a
força que se torna fraqueza.

Impressionismo Literário (reação contra o Realismo)


O Impressionismo faz “valorizar a impressão, a sensação dos objetos”.
Esta expressão artística (na pintura e na literatura) tira o maior partido da cor e
da luminosidade.
Ex.: Uma alvura de saia moveu-se no escuro…
Marcas do Estilo do Eça de Queirós

● Modos de Expressão
- A Descrição
A Descrição é minuciosa, visando a captação sensível da realidade (linha, cores e
formas) de acordo com os princípios da Escola Realista, que estabelece a sintonia
entre o meio ambiente e aquele que nele vive.
Ajuda a criação de atmosferas especiais de carácter indicial.
A descrição apresenta traços de realismo impressionista (novidade em Eça) →
valoriza a impressão pura, a perceção imediata, intelectualizada, com o seu carácter
fragmentário e fugaz. Tira o maior partido da cor e da luminosidade, em quadros de ar
livre, com objetos de contornos esfumados.

● Linguagem
- O uso expressivo do adjetivo e do advérbio
 Quase todo o substantivo é acompanhado de adjetivo(s), em séries binárias
ou ternárias.
 O adjetivo e o advérbio tendem a exprimir juízos, interpretações, mais do
que atributos objetivos das coisas ou dos factos.
 É frequente também o adjetivo exprimir, de forma indireta e impessoal, a
posição (irónica) do narrador relativamente aos factos narrados.
 A adjetivação dupla é usada por Eça para caracterizar os objetos,
exprimindo as duas faces da realidade: a objetiva e a subjetiva (Tem
também a função primordialmente musical e rítmica).

- Advérbio
 Idêntica função à do adjetivo.
 Exprimir indiretamente o estado de espírito das suas personagens, ou os
seus traços psíquicos, é injetar atitudes morais nos objetos inanimados com
os quais têm relação.
- O Verbo
 Utiliza com grande frequência o imperfeito, o gerúndio, a conjugação
perifrástica, na maior parte das vezes como instrumentos de retardamento
da ação e dando lugar a descrições.
 O uso do gerúndio – tem um sentido de duração, de continuidade, com
grande poder descritivo.
 O verbo é aplicado com forte carga psicológica, realista e irónica.
 A colocação e a combinação dos verbos na frase são variadíssimas e
riquíssimas.
 Emprega formas verbais seguidas a fim de marcar a rápida sucessão das
ações.

- O Diminutivo
 Pequenez
 Carinho ou ternura
 Ironia, depreciação ou sentido pejorativo

- O estrangeirismo
Particularmente os galicismos e os anglicismos, o que acontece por duas razões:
 Suprir a inexistência da palavra ou da construção ajustada na língua
portuguesa.
 Servir os objetivos críticos do autor: a ridicularização da alta sociedade
lisboeta da 2ª metade do século XIX, deslumbrada com a língua, com a
moda e com os hábitos franceses e ingleses.

Você também pode gostar