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Notas de aulas de: 3aFeira- ACH0141 – Sociedade, Multiculturalismo e Direitos

Professor: Renata Mirandola Blichir – e-mail: renatablichir@gmail.com


Monitora: Wendy Vilalobos – e-mail: villalobos.cultura@gmail.com
Local das aulas: Auditório 2 – Ciclo Básico

26/02/2019 – 10h15 – 12h00


Início: 10h20

-Apresentação da docente e da disciplina

Fim: 12h00

12/03/2019-Professora em seminário: não houve aula


19/03/2019(AULA 01)
Início: 10h20

-Renata recepcionou os alunos ingressantes da lista de espera; reiterou a importância de todos terem o e-
mail USP para efetivação da comunicação; os slides da aula serão disponibilizados pela monitora Wendy em
Link Drive: https://drive.google.com/drive/folders/1WxLRSqP9xgNttcs5ZP9K3vyIH9h9IXh5?usp=sharing.

Leitura Obrigatória:
 MARSHALL, T.H. (1967) Cidadania, Classe Social e Status. Rio de Janeiro, Zahar Editores.
Leitura Complementar:
 Bobbio, Norberto (1992/2004). A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Editora Campus. Primeira Parte.
 Bendix. R. (1996). Construção Nacional e Cidadania – estudos de nossa ordem social em mudança. São Paulo,
EdUsp. Cap. 3.

Em 1944, Karl Polanyi publicou a Grande Transformação. As origens políticas e econômicas do nosso tempo, obra em que analisou
a estrutura do capitalismo no século XIX a partir de uma tese inovadora, de cariz marcadamente institucional e político. A Inglaterra
não fora transformada apenas pela máquina a vapor, nem sequer pelas anteriores expansões do comércio mundial e revolução
agrícola; não fora a industrialização per se que desencadeara os processos de conflito e de desorganização social que marcaram o
longo século XIX. A miríade de motins, revoltas, movimentos genéricos de protesto, revoluções sociais e ciclos intensos e
recorrentes de violência a estes associados e que caracterizaram as eras da revolução, do capital e do império, resultaram também
da emergência de um conjunto de propostas intelectuais – de Ricardo a James Mill, passando por Marx –, progressivamente
desenvolvidas no interior de instituições sociais várias, que postularam a prevalência do mercado enquanto forma histórica
primordial de organização da sociedade. A Grande Transformação consistiu sim, essencialmente, na extensão do sistema de
mercados a todas as esferas da vida humana, cuja lei da oferta e da procura passou a determinar autonomamente a afetação e a
remuneração de fatores de produção como a terra (a natureza) – e o trabalho (ou seja, a própria utilização da vida humana). Assim,
a principal preocupação de Polanyi foi a de demonstrar como se formaram historicamente, primeiro, os mercados nacionais e
internacionais e, nesta sequência, como se passou de uma configuração caracterizada por trocas livres para uma outra, marcada
por um intenso controlo político e social, em reação à grande crise de 1929 (...). Da mesma forma que o capitalismo, com os seus
mercados autorregulados e a lógica de uma economia orientada para a satisfação em bens materiais, levara à desagregação da
vida em comunidade, criando a denominada “grande transformação”, sentiu-se mais tarde, devido às consequências nocivas da
sua operação autónoma sobre a vida de grandes massas humanas, a necessidade de regular e controlar esses mesmos mercados.

Fonte:https://www.amazon.com.br/Grande-Transforma%C3%A7%C3%A3o-Origens-Pol%C3%ADticas-
Econ%C3%B3micas/dp/9724416607?tag=goog0ef-
20&smid=A1ZZFT5FULY4LN&ascsubtag=go_1494986073_58431735035_285514469186_pla-542191958590_c_

-Tema da aula de hoje: DIREITOS E CIDADANIA SEGUNDO MARSHALL


 Traz os pilares fundamentais para os conceitos de cidadania conforme conhecemos hoje.
 10h26 – o que ficou do texto?
 Marshall está escrevendo sobre possibilidades de, dentro do capitalismo, ampliar as condições
mínimas da população. Texto escrito num contexto de “grandes utopias” (1947); contexto de
reestruturação da sociedade; os “30 anos gloriosos” na Europa. O conceito de cidadania está muito
associado ao conceito de Estado-Nação. Fala da dissolução do feudalismo na Inglaterra; revisita
a história inglesa para entender as possibilidades de crescimento econômico naquele contexto.
 É estudada a relação entre Estado e Sociedade (desde Ong, passando por igrejas, chegando a
famílias). Que dimensões a cidadania tem participação ativa com a sociedade-estado-mercado.
 Marshall é um economista liberal, não é um marxista. Isso é importante para pensar que tipos de
argumentos ele usa para defender certos direitos. Ele não quer abolir a sociedade de classes; ele
quer apurar qual o mínimo de direitos para se ter uma “vida digna”.
 O que era um liberal em 1947 e o que é hoje? Há que se considerar o liberal: onde e como. Contexto
do pós-guerra: como reconectar laços que foram dissolvidos; como discutir pertencimento (quem
está dentro e quem está fora). A guerra é uma das estratégias mais perversas de redução de
desigualdades; contexto de “terra arrasada”. Marshall escreve neste contexto. Sabendo que o
capitalismo gera desigualdades, ele ainda acredita que dentro desse sistema se pode gerar
patamares mínimos de condições dignas de vida.
 É abordada a cidade, a urbe. Os direitos civis começam no séc. XVIII. No contexto da urbe tem-se
a urbanização, a industrialização e a construção do Estado-Nação; a partir daí há uma série de
relatos que vão se mudando. A cidadania não cobre todos os indivíduos o tempo inteiro. Fala-se
em expandir para certos grupos sociais direitos que outros grupos já tinham. Os direitos civis são
caracterizados no séc. XVIII; tem uma passagem mais elitizada já considerada no séc. XIX dos
direitos políticos (direitos de votar e ser votado). Chega-se aos direitos sociais no séc. XX.
 O que é singular no caso inglês; o que é particular x universal? Como garantir a validade externa
dessa teoria. Fica evidente que isso é um caso europeu. No Brasil, não tivemos feudalismo, donde,
como fazer essa adaptação? Não tivemos essa sequência histórica da evolução de direitos. Chauí
fala da “sociologia da falta”; ficamos nos comparando como quem teve essas características
históricas, mas nós não tivemos.
 10h49 – Vídeo sobre a evolução do voto feminino (https://www.nexojornal.com.br/video/video/Voto-
feminino-um-direito-que-conquistou-o-mundo-em-122-anos);
https://www.youtube.com/watch?v=9rrQ2a2p7Xo
 A construção do conceito de infância também sofreu alterações; houve momentos em que crianças
trabalhavam; com o passar do tempo a infância passou a ser protegida [a construção histórica da
infância].
 O que fazer com quem está fora da PEA (população economicamente ativa)? Por muito tempo, isso
estava relegado à caridade.
 O mais importante para Marshall é a educação: o mínimo para participação numa vida civilizada e
digna é possuir educação. Pode-se pensar em educação (no caso, primária; compreender minimamente
o mundo é saber que se tem o mínimo de direitos). Arendt fala que um dos processos trágicos é perder
o direito a ter direitos. A educação tem efeitos multiplicadores na própria máquina de gerar riqueza.
 O que isso tem a ver com nosso contexto atual? Uma linha de argumentação sobre o “Bolsa Família” é
pensar no programa como garantia mínima de uma vida digna; outra, é sobre elevação de índices pelo
IPEA. É preciso saber quem são nossos interlocutores. Como participar da disputa por patamares de
vida digna? Kindle (3º ano de GPP com Renata) defende que há janelas de oportunidade previsíveis.
 Texto de Karl Polanyi, “A grande transformação”, trata das articulações institucionais; mercado-
estado-sociedade. Cada vez mais é importante entender como estas esferas estão interconectadas:
SUS é misto; serviço de coleta de lixo; creches; etc. Precisamos entender quais as bases filosóficas por
trás disso.
 Cidadania regulada: o quanto a posição de cada indivíduo no mercado de trabalho assegura os direitos
que o cidadão tem ou não. Wanderlei dos Santos defende que “a carteira de trabalho é a certidão de
nascimento do cidadão”. Caso das vilas operárias: quem garantia o direito à moradia era o empregador.
 Como comunicar a ideia de direito a ter direitos? Marshall fala disso do ponto de vista filosófico.

 SENTIDOS E DIMENSÕES DA CIDADANIA


o Modos de definição de cidadania:
 1. Status de pertencimento a um determinado Estado (nascimento em determinado
território, descendência, residência).
 2. Coleção de direitos: proteções, acesso a benefícios e políticas por parte dos cidadãos
(expectativa de tratamento igualitário, independente de raça, gênero, nível de renda,
etc.). Destaque a direitos civis, políticos, socioeconômicos. Também há deveres
associados (impostos, obediência à lei).
 Conflitos entre desigualdades extremas e direitos
 3. Conjunto de práticas: modos de reivindicação e participação na sociedade. Como
pensar o exercício dos direitos? Estratégias de mobilização para demandar direitos.

 A RELEVÂNCIA DE MARSHALL PARA O DEBATE


o Suas conferências proferidas em 1947 na Universidade de Cambridge dão início ao debate sobre
cidadania na sociologia política.
o Sua argumentação pode ser resumida a 3 aspectos centrais (Neuman, 2005, p. 45):
 1. Cidadania evoluiu ao longo do tempo por meio da expansão de direitos garantidas
pelo Estado.
 2. Esses direitos foram expandidos em uma determinada sequência: civis, políticos e
sociais.
 MARSHALL – CIDADANIA, CLASSE SOCIAL E STATUS
o Combinação de abordagens sociológica econômica para discutir as possibilidades de progresso
da classe trabalhadora
o Progresso entendido não somente em termos materiais e de consumo, mas sim como
possibilidade de “vida civilizada”, “de um cavalheiro” ...

 MARSHALL – TRÊS DIMENSÕES DA CIDADANIA


o Cidadania civil: liberdade individual, direito de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e
fé, direito à propriedade e à justiça (p. 63). Relevância das instituições garantidoras da justiça.
o Cidadania política: direito de participação no poder político-direito de se candidatar para
cargos eletivos e direito de voto. Instituições políticas, parlamento.
o Cidadania social: bem-estar econômico participação na riqueza socialmente produzida; “levar
a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade” (p.64).
instituições: sistema educacional e serviços sociais; dimensão de dever público, deveres
coletivos.

“Lei dos pobres” – quem recebia esse tipo de assistência não tinha direitos políticos; vide propagandas de
quem tem “bolsa família” não pode votar.

 MARSHALL – CIDADANIA E ESTADO MODERNO


o A especificação desses direitos de cidadania ocorre com o processo de construção e
especialização de funções dos Estados nacionais, com suas instituições características –
contraposição em relação ao mundo feudal, marcado por fortes distinções...

 MARSHALL – DIFERENTES ORIGENS HISTÓRICAS...

 CRÍTICAS A MARSHALL
o A expansão dos direitos não é um processo inevitável e tampouco suave: ênfase às lutas,
mobilizações de diferentes setores da sociedade, guerras, difusão de ideias e valores entre
fronteiras nacionais.
o Direitos políticos, notadamente direito ao voto, foi expandido em diferentes “ondas” em
diferentes países...
o Pra onde o debate foi: gênero, raça, lgbt
o Dimensão da cidadania participativa: engajamento...

Fim: 11h56

26/03/2019(AULA 02)
Início: 10h15

-Renata solicitou trabalho em grupos de 2 a 5 membros, escrito, redação (não tópicos), entrega até 12h00.

Leitura Obrigatória:
 CARVALHO, José Murilo de. 2005 (2001). Cidadania no Brasil – o longo caminho. 7ª ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira. Capítulos 1 e 2.
Leitura Complementar:
 ALONSO, Ângela. O abolicionismo como movimento social. Novos Estudos CEBRAP, 100, novembro 2014.

-Tema da aula de hoje: Trajetória brasileira de construção de direitos: o longo caminho. Parte 1 (26/03)

 Resgate do texto do Marshall


o Surgimento da cidadania no Brasil x Inglaterra: aqui, não houve a evolução inglesa de direitos
civis, políticos e depois sociais.
o Não expandimos o direito de cidadania da mesma forma que na Inglaterra
 Cidadania para J. M. Carvalho
o Grande diálogo com Marshall
o Cidadania como fenômeno complexo e historicamente definido.
o Cidadania plena como acesso a direitos civis, políticos e sociais.
o Direitos civis: ênfase à liberdade individual; opinião, organização, imprensa, crença; garantia
da vida em sociedade.
o Direitos políticos: participação do cidadão no governo da cidade – manifestação, organização
de partidos, votar se ser votado.
o Direitos sociais: garantem a participação na riqueza coletiva; redução de desigualdades geradas
pelo capitalismo, garantia de bem-estar mínimo, justiça social: educação, saúde, trabalho,
salário justo, aposentadoria; conteúdo e alcance são arbitrários na ausência dos demais
direitos.
o Leitura de Marshall não só como sequência cronológica, mas também como sequência lógica.
o Ideal de cidadania plena, com diferentes caminhos históricos – possibilidades de desvios e
retrocessos, não ressaltados por Marshall.
o Inglaterra: sequencia direitos civis – políticos – sociais. Papel essencial da organização dos
operários, na criação do partido trabalhista, responsável pela introdução dos direitos sociais.
o Brasil: maior ênfase aos direitos sociais; outra sequência histórica: primeiro vieram os direitos
sociais (especialmente a partir dos anos 1930).
o Argumento de Carvalho: alteração na ordem alterada a própria natureza da cidadania; cidadão
brasileiro diferente do americano e do inglês.

10h33
Exercício: Discuta os efeitos do legado colonial para a consolidação da cidadania no Brasil (direitos sociais,
civis e políticos), com destaque para os efeitos da escravidão, da concentração de terras e das formas de
organização do poder político.

Para a consolidação da cidadania é preciso o estabelecimento de direitos: civis, políticos e sociais. Conforme
o autor, no Brasil houve maior ênfase ao direito social, em relação aos outros dois. Ele manifesta que a
sequência em que os direitos foram adquiridos foi diferente em nosso país: o social, destaca Carvalho,
precedeu os outros dois.

A consolidação da cidadania brasileira sofreu efeitos dos seguintes elementos:

Escravidão
No período colonial, passando pelo império e chegando até 1888, o escravo era considerado um bem
patrimonial, donde não ser considerado sujeito com direitos civis, políticos ou sociais. Os impactos disso
vigoram até hoje, posto que a população negra ocupa posição inferior em todos os indicadores de qualidade
de vida; tem menos acesso à educação; possui empregos menos qualificados, com os menores salários e piores
índices de ascensão social.

Concentração de terras
Carvalho pontua que a concentração de terras representou obstáculo à expansão da cidadania. O
latifúndio e a grande propriedade agrícola foram marcas da colonização no Brasil, mas nem por isso assegurava
que os detentores de terras fossem cidadãos, posto não compreenderem igualdade de direitos a outros. Ainda
hoje o coronel político ainda age como se estivesse acima da lei e mantém controle rígido sobre seus
trabalhadores; herança do período em que se votava muito, mas direcionado pela guia do coronel (“voto de
cabresto”).
Para além disso, a concentração de terras acarretou na predominância da economia agrícola no Brasil.
Isso dificulta aos pequenos agricultores (agricultura familiar) o pleno exercício de sua cidadania, posto retirar-
lhes o direito à terra e, consequentemente, ao direito civil de propriedade.

Organização do poder político


Considerando o período colonial, vigorava o Estado absolutista, donde os cargos eram definidos pela
Coroa. A consequência disto é a não existência de direitos políticos nessa época.
No século XIX o poder político ficava restrito aos líderes locais (coronelismo). Em razão disso, o aparato
legal era empregado em benefício privado desses líderes. Atualmente, isso se alinha com o que Sergio Buarque
de Holanda denomina de “homem cordial”, vale dizer, a prática de confundir a esfera pública com a privada.
Na consolidação da cidadania, isso influencia a participação política do cidadão brasileiro que frequentemente
mistura seus valores pessoais com ideais políticos.

Fim: 12h05
02/04/2019(AULA 03)
Início: 10h19

-Renata reportou que todos os exercícios variam de zero a um; que irá dar retorno do último; na próxima aula
haverá outro exercício. Lembrando que valem 30% da avaliação.

-Sobre a avaliação final: será um trabalho a ser feito em grupo, entregar para discutir em sala; serão
deliberados os temas.

-Resposta – questão 1
 ESCRAVIDÃO
 “Escravidão e grande propriedade não constituíam ambiente favorável à formação de
futuros cidadãos”.
 Mesmo após a abolição, não houve oportunidades aos libertos – seja em termos de
educação, seja em termos de acesso a terras e empregos – consequências duradouras,
refletidas em diferentes indicadores atuais.
 Valores da escravidão amplamente difundidos – valores da liberdade individual, base
para os direitos civis, pareciam não ter tanto peso no Brasil (p. 49).
 Texto da Ângela Alonso: discute o movimento abolicionista; questiona que o movimento
veio de cima para baixo e defende que havia participação popular. Não é à toa que o
autor chega ao conceito de cidadania. Em cada momento histórico, quais são os atores?
Como se vai para os atores e quais os recursos de poder? Como pensar qual o grau de
equilíbrio e desequilíbrio dessas forças? Leitura e interpretação de texto fazem parte
da exegese (análise, explicação ou interpretação de uma obra feita de maneira
cuidadosa.
comentário cujo propósito é esclarecer ou interpretar detalhadamente um texto, uma
expressão ou uma palavra); pontuar argumentos e criticá-los; ler o texto de maneira
menos ingênua e mais completa]. A Ângela é socióloga, mas fez um trabalho histórico
muito bem feito. Tem um trabalho chamado “Flores, votos e balas” com o qual ganhou
o “Prêmio Jabuti”. Outro escritor que tem trabalhos bacanas sobre a história do direito
de voto no Brasil é o Fernando Limongi. A ideia de avanços e retrocessos contempla
inclusão e segmentação: ao passo que tivemos o voto feminino em 1932, deixamos o
analfabeto de fora. Outra autora que aborda a escravidão é Maria Sylvia de Carvalho
Franco em “Homens livres na ordem escravocrata”.
 GRANDE PROPRIEDADE E PODER POLÍTICO
o Relação entre grande propriedade e formas privadas de poder político – grandes proprietários
como base de sustentação do coronelismo: aliança entre chefes políticos locais, os
governadores dos estados e presidência da república (p. 41); manutenção de práticas eleitorais
coercitivas e fraudulentas.
o Grande controle de cargos públicos por parte do coronel, grande confusão entre público e
privado – impossibilidade de exercício de direitos civis, ausência de justiça imparcial (p.56).
o Parcialidade da justiça (57): “Para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei”.
o Todas essas coisas afetam o exercício do poder político.
o Grande confusão entre o poder do Estado e o poder privado dos grandes proprietários; confusão
também entre funções públicas e a Igreja.
o Transição política com continuidade social: bases do regime colonial continuaram intactas,
escravidão, grande propriedade.
o P.28: “Assim, apesar de constituir um avanço no que se refere aos direitos políticos, a
independência, feita com a manutenção da escravidão, trazia em si grandes limitações aos
direitos civis”.
o Síntese do período colonial, p. 24: “Os direitos civis beneficiavam a poucos, os direitos políticos
a pouquíssimos dos direitos sociais ainda não se falava, pois, a assistência social estava a cargo
da Igreja e de particulares”.

-Tema da aula de hoje: Trajetória brasileira de construção de direitos: o longo caminho. Parte 2
 Era Vargas: marcada pela CLT que valia para um segmento dos trabalhadores; os do campo ficaram de
fora. A ideia do nascimento cívico no Brasil se conforma com a posse da carteira de trabalho (hoje,
em risco). O mundo varguista tem um início de processo de urbanização; processos de industrialização
e os efeitos que isso gerou nas formas de domínio do poder político. Como se libertar do coronel e ir
para as cidades, ter acesso à saúde, à aposentadoria (embora isso se dava por categoria profissional:
bancários, portuários, etc). esse sistema era altamente segmentado. Isso começou a ser unificado nos
anos 60: grandes burocracias da previdência, da assistência médica, a estratificação no mercado de
trabalho determinava direitos.

-Vídeo de hoje: 1964: Entrevistas | Marta Arretche (https://www.youtube.com/watch?v=38FeNeDG1zY).


 Neste programa, Mônica Teixeira entrevista Marta Arretche, da Faculdade de Filosofia e Ciências
Humanas da USP. Ela fala sobre as políticas públicas e a desigualdade social da década de 60 no Brasil
e faz uma análise sobre os dias atuais.

 1964 é um programa que entrevista historiadores e pesquisadores com o intuito de entender como era
o Brasil na década de 1960, quais eram os desafios da sociedade e como ela os enfrentou.

 De segunda a sexta às 09h e 20h, o programa Estúdio Univesp traz entrevistas, debates, matérias
especiais, notícias e o resumo da programação na tela da UNIVESP TV
(http://univesptv.cmais.com.br/).

 Marta Arretche aborda:

o Na saúde: a concentração de serviços médicos e o tempo de espera numa fila dependia da


oferta de serviços essenciais – nos centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro eram
encontrados com mais facilidade; nas regiões como o nordeste e norte, por exemplo, eram
escassos. A posse da carteira de trabalho assegurava o direito a esses serviços. O norte e centro
oeste eram pouco ocupados nesse período, donde tendia a zero a oferta de serviços de saúde.
o Na educação: 75% da população tinha 3 anos de estudo, compondo os analfabetos funcionais e
eram proibidos constitucionalmente de votar (embora o registro para votar fosse nebuloso –
caso o sujeito conseguisse assinar o nome, ele poderia se alistar para votar); 25% tinha mais
que 3 anos de estudo; destes, só 2% chegava ao mundo universitário (que era majoritariamente
branco e masculino).
o O índice de Gini: o Brasil de hoje é bem distinto do da década de 60. A despeito do índice de
Gini ser IGUAL ao da década de 60. As políticas públicas tiveram papel essencial nessa transição.
 O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico
italiano Corrado Gini, e publicada no documento "Variabilità e mutabilità"
("Variabilidade e mutabilidade" em italiano), em 1912.
 Pode ser usado para qualquer distribuição embora seja comumente utilizado para medir
a desigualdade de distribuição de renda.
 O Coeficiente de Gini consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à
completa igualdade (no caso do rendimento, por exemplo, toda a população recebe o
mesmo salário) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa recebe todo
o rendimento e as demais nada recebem).
 O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais (é igual ao coeficiente
multiplicado por 100).
 Questão da entrevistadora: o Golpe de 64 está entranhado na sociedade brasileira. Existe sucesso no
regime militar? Alguma contribuição que ele tenha trazido?
o Arretche responde: houve várias iniciativas de incorporação – criação do INPS significou uma
incorporação de uma massa de trabalhadores aos direitos de saúde e de aposentadoria; se
criaram os sistemas de oferta de esgoto e água; se fizeram investimentos na produção de
energia; a expansão dos serviços esteve aliada à expansão da renda. São os trabalhadores
urbanos do sudeste e sul os mais beneficiados com isso. A expansão dos serviços depois se
deslocou para o centro-oeste, em seguida para as regiões litorâneas e por último chega ao
semiárido nordestino.
 Se não houvesse o Regime Militar, Delfim Neto poderia dizer “Vamos aumentar o bolo para depois
dividi-lo”?
o Embora o índice de Gini dos EUA seja igual ao do Brasil, lá o PIB é maior, donde o pobre de lá
é mais abonado que o pobre no Brasil.
o A trajetória poderia ter sido diferente.

-Discussão: vídeo x texto


Desigualdades
Renda:
No período militar houve um crescimento econômico com grande concentração de
renda. Um dos maiores PIBs do mundo e mais desigual: EUA.

Serviços:
Direitos sociais
Urbano x rural
Regionalidade
Educação
Segmentação racial; por gênero;

 Voltando ao texto: a era dos direitos sociais (1930-64)... [ver o resto dos slides da Bichir]
o Adalberto Cardoso: modos de ...
o DITADURA (1964-1985)
 Assim como no período anterior, grande atuação estatal na promoção do
desenvolvimento econômico, desenvolvimentismo
 Direitos civis e políticos restringidos por meios violentos; avanços e retrocessos em
termos de direitos sociais.
 DIREITOS SOCIAIS: unificação e universalização da previdência e padronização de
benefícios (criação do INPS EM 1966, EXTINGUINDO O SISTEMA DOS IAPs...
o Síntese do período 1930-1985
 Anos 30, em particular...

Fim: 11h56 Texto da próxima aula: modelos de proteção social. Texto do Marcelo Medeiros.

09/04/2019(AULA 04)
Início: 10h22

-Sobre Marcelo Medeiros: pesquisador sobre dinâmicas da desigualdade no Brasil, principalmente mensuração. Thomas
Piqueti pesquisa algo similar; alinhado com Medeiros. Análise da desigualdade a partir da análise da renda do trabalhador,
à relação de assalariamento tratada no texto. O autor revisou a trajetória do Gini no Brasil: a base da distribuição, os mais
pobres, passaram a ter acesso a alguma riqueza, porém, os mais ricos ficaram muito mais ainda. Há muitas formas de
redistribuir riqueza: a base transferindo recursos para cima ou de outra forma. O texto do Medeiros dialoga com as teorias
do estado de bem-estar social, trazendo a adaptação para o contexto brasileiro. É um debate anos 90. Ele transita da
economia, para sociologia para política. Tal qual a provocação do Ciclo Básico – como olhar para o mundo de maneira
alargada. Dar sentido para desigualdade auxilia na compreensão de sociologia, de história. O período histórico escolhido
(a partir de 1930) é o mesmo do autor anterior. Pensa-se no macroarranjo social para transformar direitos em políticas.
Como Estado, mercado e sociedade (atores sociais) se organizam para pensar a relação de bem-estar social coletivo. O
debate sobre instituições não se pensa no caso brasileiro, como houve no caso europeu. O que seria o modelo democrata,
o social-liberal e o familista. Quando se pensa no estado de bem-estar social, assim como Marshall, pensa-se como fazê-
lo no capitalismo; como amenizar as desigualdades geradas/inerentes ao capitalismo.

Quando se fala em assalariamento, trata-se de vender a força de trabalho, sua posição no mercado e o acesso a direitos.
Pensar a relação a assalariamento formal, ter uma carteira de trabalho e acessar riqueza. A associação entre quanto
contribuo e quanto recebo. Exemplo de benefício contributivo: previdência social – quanto pago e quanto receberei. É
diferente de assistência social – não há relação entre o quanto contribui e quanto receberei. O debate é entre quem
merece ou não ser protegido. Até onde vai o papel do Estado, do mercado, da sociedade, da igreja? Como pensar em
quem está sendo assalariado? Só homens? Como ficam as mulheres?

Estes papeis ajudam a conformar certos arranjos sociais: o que espera que as famílias façam, o que as igrejas façam, etc.

O autor aborda a dimensão compensatória da política de assistência social: compensar a população pelas mazelas sociais.
População esta que gera a riqueza que irá ser distribuída e da qual não participa.

-Questões sobre o texto:

1. O que constitui um Estado de Bem-Estar Social (Welfare State)?

Estado de bem-estar social, Estado-providência ou Estado social é um tipo de organização política e econômica que coloca
o Estado como agente da promoção social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente
regulamentador de toda a vida e saúde social, política e econômica do país, em parceria com sindicatos e empresas
privadas, em níveis diferentes de acordo com o país em questão.

Trata-se de um meio de compensar, por intermédio de políticas de cunho keynesiano, a insuficiência do mercado em
adequar os níveis de oferta e demanda agregada, controlar politicamente as organizações de trabalhadores e capitalistas
e estimular a mercantilização da força de trabalho segundo padrões industriais (fordistas), ao administrar alguns dos riscos
inerentes a esse tipo de relação de trabalho e ao transferir ao Estado parte das responsabilidades pelos custos de
reprodução da força de trabalho.

Cabe, portanto, ao EBES, garantir serviços públicos e proteção à população.

2. Quais as principais características do EBES brasileiro?

No Brasil o EBES não se consolidou como nos países industrializados, pois não se caracterizou pela distribuição de riqueza
de forma mais igualitária. Naqueles países a distribuição de renda ocorreu para regular a demanda interna, vale dizer,
ampliando o consumo por meio da distribuição de renda.

Aqui se caracterizou pelo caráter meritocrático-particularista-clientelista (início da década de 1970 e fins da década de
1980), vale dizer, espera-se que o indivíduo (trabalhador/cidadão) crie suas próprias condições de melhorar sua qualidade
de vida. Assim, o sujeito teria “o mérito” de possuir alguns benefícios se pertencer a alguma categoria profissional, se
trabalhar com carteira assinada ou se contribuir com a previdência social, por exemplo. Para além disso, o particularismo
se caracteriza pelo atendimento diferenciado a indivíduos pertencentes a camadas sociais mais fragilizadas que não se
enquadrem na situação anteriormente citada. Nas palavras do autor, os indivíduos com menor capacidade para contribuir
para o sistema de seguridade, o que reforça as desigualdades preexistentes.

A falta de autonomia da burocracia foi um dos elementos que reduziram a capacidade redistributiva do EBES no Brasil,
visto que os funcionários públicos constituíam um grupo comprometido com o governo, que, por sua vez, era resistente
à promoção de gastos sociais progressivos em detrimento de seus interesses corporativos.

Caracterizou-se pela combinação de autoritarismo com forte segmentação no mercado de trabalho, presente em boa
parte da história recente do país, limitou a capacidade de os movimentos de trabalhadores influenciarem positivamente
a sistematização de programas sociais generalizados a toda a população e sem caráter populista.

Ao menos até a década de 1990, as políticas sociais eram vistas como um instrumento de legitimação da ordem política
e social e fornecimento de mão-de-obra assalariada à indústria.

O caráter redistributivo do EBES brasileiro foi comprometido em razão do seguinte:


1) pela elevada segmentação da sociedade resultante de um modelo de desenvolvimento concentrador;
2) pela ausência de coalizões entre trabalhadores industriais e não industriais; e
3) por uma burocracia com baixos níveis de autonomia em relação ao governo.

Enfim, a centralização política e financeira no governo federal, a forte fragmentação institucional e o caráter regressivo
nos gastos sociais caracterizaram o EBES no Brasil. Para além disso, a concessão de direitos sociais em nosso país ocorreu
para compensar a supressão de direitos políticos nos períodos de ditadura no Estado Novo (1937-1945) e Ditadura Militar
(1964-1985).

16/04/2019-SEMANA SANTA

23/04/2019(AULA 05)
Início: 10h18

Bibliografia de referência: Medeiros, Marcelo (2001). A trajetória do Walfare State no Brasil: papel redistributivo das
políticas sociais dos anos 1930 aos anos 1990. Brasília, IPEA, Texto para discussão no. 852.

Tipos ideais
Grandes ideias que funcionam como parâmetros. De Platão: qual a ideia de “cadeira”, de “democracia”.
Quando se pensa um certo tipo de estado de bem-estar social se pensa em 3 princípios:
1. qual o papel do Estado
2. qual o papel do Mercado
3. qual o papel da Sociedade
nem tudo que a gente precisa na vida a gente consegue ver de imediato; é preciso de abstração.
O contexto do pós-guerra, de “terra arrasada”, trouxe preocupações: como proteger infância, aqueles inerentes
às mazelas do mundo do trabalho; como financiar/organizar/definir tal proteção e quem “merece” tal proteção.
Como os vários atores se organizam para prover bem-estar, e o bem-estar social. Não se fala do individual, mas
sim do coletivo.
Esses princípios se interpenetram. Historicamente a proteção social se deu entre categorias profissionais e saúde,
educação, por exemplo.
Do texto, tem-se três combinações principais desses princípios. Modelo do norte da Europa. Possibilidades de
reforma com ampliação de produção e redução de desigualdade. Tudo isso dentro do capitalismo. Se pensa a organização
desses princípios com um certo peso do Estado mesclando os outros dois (mercado e sociedade). Num modelo liberal
tenho a provisão dos mínimos sociais: educação básica, por exemplo.
Temos o modelo social democrático; o liberal e o cooperativo-familista.

10h30
Monitor Rafael: sala 116 – organização do tempo de estudo – 16h às 18h

10h43
- Feedback das questões da aula passada

1. O que constitui um Estado de Bem-estar social (Welfare State)?

2. Quais são as principais características do EBES brasileiro?


Discussão macroeconômica; funcionalidade do Estado para garantir acúmulo no sistema capitalista.
Configurações do Estado de Bem-Estar Social
-Configurações de EBES são determinadas por alguns fatores principais:
-Padrão e nível de industrialização do país
-Nível de mobilização dos trabalhadores
-Estrutura de coalizões políticas: força relativa dos diversos grupos sociais em disputa
-Cultura política: adesão a ideias liberais ou social democratas (Esping-Andersen)
-Autonomia da burocracia em relação ao governo – burocratas dependem da expansão do WS para garantir
emprego e poder...

Especificidades do Estado de Bem-Estar Social Brasileiro


-No Brasil, o Welfare State surge a partir de decisões autárquicas e com caráter predominantemente político:
regular aspectos relativos à organização dos trabalhadores assalariados dos setores modernos da economia e da
burocracia” (p. 8).
-Relação com a discussão de J.M. de Carvalho e W. G. Santos: “estadania” e “cidadania regulada”
-Burocracia altamente atrelada ao governo, pouco autônoma
-Autoritarismo....

11h03
-Vídeo da promulgação da Constituição de 1988 - https://www.youtube.com/watch?v=ssaOG6Dj0iw(7:53)
Momento de repensar a nação; janela de oportunidades para transformação de arranjos na sociedade. O
momento foi de consolidação de uma dimensão de forças. O vídeo é importante para mostrar a idade da falibilidade;
temos a constituição mais emendada do mundo. Em cada momento repactuamos com maior e menor abrangência.

11h18
-Cobrança da leitura do texto da Maria Hermínia Tavares de Almeida.
-Mecanismos de redistribuição (de verba): quem paga a conta e o que, de fato, foi descentralizado.

Fim: 11h58
30/04/2019(AULA 06)
Início: 10h__

-Tema da aula de hoje: Avanços e retrocessos no combate à desigualdade: a “inclusão dos outsiders”
(30/04)

Leitura Obrigatória:
 ARRETCHE, M. Democracia e redução da desigualdade econômica no Brasil: a inclusão dos outsiders. RBCS,
Vol. 33 n° 96 /2018.

Leituras complementares:
 MELO, M. O sucesso inesperado das reformas de segunda geração: federalismo, reformas constitucionais e
política social. DADOS, Revista de Ciências Sociais, vol. 48, nº 4, 2005, pp. 845-889.
 Arretche, M. Continuidades e Descontinuidades da Federação Brasileira: De como 1988 Facilitou 1995.
DADOS, Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 52, no 2, 2009, pp. 377 a 423.
 Arretche, M. (2002). “Federalismo e relações intergovernamentais no Brasil: a reforma de programas
sociais”. DADOS, Revista de Ciências Sociais, vol.45, N .3.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=L5i_GAXzpM0
Livros: Democracia, Federalismo e Centralização no Brasil - Marta Arretche
O vídeo sintetiza argumentos... a Maria Hermínia tenta argumentos de cooperação. Marta fala do que é
centralizado ou não. Pensar política públicas para mitigar a desigualdade está no campo macro. É importante
saber quem faz o que. A União – política nacional de saúde e de assistência. Há outras instâncias, estados e
municípios, também tem sua responsabilidade; também são repletas de decisões. Como sair do macro e chegar
no atendimento do cidadão? Quais estruturas estão por trás de políticas?

O primeiro ponto a considerar é a desigualdade DE RENDA e DE ACESSO A SERVIÇOS.

Questão sobre o texto - Quais são os principais fatores explicativos da queda recente da desigualdade
econômica, segundo a autora?

A princípio, vale destacar que as dimensões no conceito de desigualdades consideradas pela autora
são: a monetária, associada à renda, e a não monetária, associada ao acesso à serviços como educação e
saúde por exemplo.

As políticas de inclusão dos outsiders a partir da CF/88 não explica, por si só, a queda da desigualdade
econômica. Muito embora foram garantidas transferências monetárias vinculadas ao valor do salário mínimo
para trabalhadores com inserção precária no mercado de trabalho.

Também a teoria do governo partidário de esquerda não explica, necessariamente, os efeitos da


inclusão dos outsiders sobre a desigualdade econômica. Uma vez que tais efeitos são observáveis já no início
da década de 1990. Logo, a redução recente da desigualdade econômica não é devida, exclusivamente, à
atuação dos governos de esquerda (Lula, 2003 - 2011 e Dilma, 2011 - 2016).

O mecanismo de inclusão dos outsiders ocorreu em duas etapas distintas. Num primeiro momento, com
a transição para a democracia ocorrida em nosso país, uma vez que regimes democráticos tendem a ser mais
inclusivos.

Noutro momento, tivemos mudanças internas (fatores endógenos) associadas à criação de categorias
de beneficiários das políticas (policies) propiciadas, principalmente, pela CF/88. Isto adicionado às elevadas
taxas de participação eleitoral dos mais pobres combinadas à constitucionalização dos direitos sociais que
converteram os beneficiários dessas políticas, situados no piso e no meio da escala contínua da distribuição
da renda, em categorias concentradas de eleitores interessados na expansão das políticas que os favoreçam.
Considerando a quantidade numérica desses eleitores, eles são decisivos para uma eleição majoritária. Isso
desperta competição política por tal categoria de eleitores, tanto por partidos conservadores como os de
esquerda que tendem a convergir para o atendimento das demandas de tais eleitores. Disso decorre continua
expansão desse eleitorado e a convergência dos partidos políticos em torno daqueles beneficiários das
políticas contribuiu para a cíclica expansão dos benefícios.

Assim, Arretche pontua que a inclusão dos outsiders se refere à incorporação da titularidade de direitos
como os de aposentadoria, saúde e educação. Exemplificando, em “Trajetória das Desigualdades: como o
Brasil mudou nos últimos cinquenta anos”, texto também da autoria de Marta Arretche, é citado o PROUNI,
criado em 2005, e a ampliação das ações afirmativas para acesso ao ensino superior alavancados em meados
dos anos 2000, como exemplos de políticas públicas inclusivas.

07/05/2019(AULA 07)
Início: 10h18

- Feedback do exercício: Avanços e retrocessos no combate à desigualdade: a “inclusão dos outsiders”

O debate de causalidade: muitas maneiras de dar sentido para o mundo. O que tem a ver com escolha, com
contexto. O vídeo explica melhor.
Marta não discute só desigualdade de renda, mas também acesso a serviços públicos. A desigualdade de acesso
a serviços: educação, saúde e previdência. Quais dimensões da desigualdade e em quais momentos?

A resposta a esta pergunta implica em 2 principais tipos de fatores que ajudam a explicar:
-Dimensões políticas ligadas às ideias de redistribuição de riquezas nacionalmente produzidas (1985 a
1995)
-Formas institucionais: políticas universais como o SUS, educação x políticas focalizadas, como o Bolsa
Família. Tanto num quanto noutro se definem quem são os insiders e os outsiders. Como ampliar acesso à
educação; a ideia de salário mínimo, o mínimo para uma vida digna – isso tem a ideia de vinculação de
benefícios assistenciais (BPC = 1 salário mínimo, destinado a pessoas extremamente pobres: idosos e
deficientes). Aí se pensa em qual a idade mínima para se considerar idoso.
Como as policys afetam as politics? Como desenhos de políticas públicas....
Desigualdades monetárias e não monetárias – pensar em quem está dentro e quem está fora vai além
do monetário; quem tem acesso à escola, creche, enfim, o quanto acessar ou não política de educação infantil
...
O acesso a serviços afeta a RENDA REAL DOS INDIVÍDUOS.

-Thomas Kuhn – “Paradigmas são modelos, representações e interpretações de mundo, universalmente


reconhecidas, que fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade científica”.
Fonte: https://filosofonet.wordpress.com/2012/07/02/o-que-e-paradigma-segundo-thomas-kuhn/

-Tema da aula de hoje: A política e a cidade: junho de 2013 (07/05)


Leitura Obrigatória: ALONSO, A. A política das ruas: protestos em São Paulo de Dilma a Temer. Novos estud.
CEBRAP, São Paulo, especial, 49-58, junho 2017.
Vídeos Jornadas de Junho 2013 (https://www.youtube.com/watch?v=HUeRl_Q0QNg)

Como olhar as demandas para o Estado.

Ângela Alonso é socióloga sobre movimentos sociais e professora do Departamento de Sociologia da USP. Livro
recomendado: “Flores, votos e balas” (melhor livro de ciências humanas do Brasil).

Vídeo: manifestações sociais na história brasileira (https://www.youtube.com/watch?v=_d5fJRzT3dY)

11h30
-Conectando o vídeo com o que vimos.
Dúvida do Caio: coesão com o “tudo que aí está” – não era um movimento contra isto.

-Bichir relata os 3 grupos do texto e relata que o “contra tudo que está aí” é construir uma narrativa crítica
e havia diferentes agendas de movimentos nas ruas.
-A autora usa lentes sociológicas para entender o perfil dos grupos que estavam em protestos pelas ruas.
-Conexão do entrevistador com J. Carvalho: como tematizar a questão da desigualdade; pensar em transporte
tem a ver com o direito de se deslocar pela cidade – é uma pauta por direitos sociais. “não vai ter copa” e
“hospital padrão FIFA”, também.
-Fernando Limongi é marido de Ângela Alonso que estuda...
Fernando de Magalhães Papaterra Limongi é um cientista político brasileiro, professor do departamento de
Ciência política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
-Papel da mídia amplificando a vocalização de demandas. Corrupção é sempre agenda negativa, mas como
sair disso?
11h47 – avaliação final: em dupla ou 4 pessoas. 2 questões dissertativas. 15 dias para fazer. 1ª questão do
que foi visto até agora. Outra com o que veremos daqui pra frente. Fazer considerando ABNT.

11h48 – DEVOLUTIVA DOS EXERCÍCIOS

Fim: 12h48 próxima aula: discussão disso tudo com território

14/05/2019(AULA 08)
Início: 10h16

Olhar os insiders o os outsiders dentro da cidade: relação entre território e acesso a política pública. Próximo
texto de Eduardo Mari. Vídeo de uns 10 anos. Como produzir conhecimento relevante para ter o direito à
cidade: quem tem e quem não tem, inclusive observando a dimensão do território, que tipo de política se
tem acesso ou não. As desigualdades sócioterritoriais ganham contornos específicos: quais as múltiplas
dimensões desse acesso, tanto no que se refere às discussões espaciais e os grupos sociais. Também se pensa
na relação entre os migrantes: como as redes dessas pessoas interferem no direito de acesso à cidade.

Do ponto de vista espacial se pensa em centro x periferia. O modelo radial concêntrico: o centro expandido
de São Paulo x periferia. As condições de vida não são iguais. Falar de periferia em São Paulo também envolve
gradações: “periferias” (no plural). Que está fora está fora do quê? O que é afetado? É possível pensar periferia
no centro de São Paulo? Sim, a Baixada do Glicério na região central de São Paulo – essas pessoas acessam ou
não o quê?
Questões de hoje:
1. Que dimensões de acesso a direitos deveriam estar presentes nos tipos de periferias e que não estão?

O termo “periferias”, no plural, permite inferir diversas gradações. Há outsiders nos diversos tipos de
periferias. Conforme apontado no vídeo, pode-se perceber que há uma gradação na intensidade do acesso ao
direito à cidade. No que se refere a transporte, educação, saúde, saneamento básico, entretenimento,
qualidade de vida, acesso a bem-estar, enfim, em ambas comunidades apresentadas no vídeo, seus habitantes
têm uma diferenciação na gradação ao acesso a tais direitos.

Em Paraisópolis (“cidade do paraíso) o acesso a esses direitos se faz de maneira mais facilitada e abrangente.
Por estar inserida próximo ao centro urbano rico seus moradores conseguem utilizar transporte público
disponível na metrópole paulistana praticamente 24 horas por dia; conforme o vídeo, cerca de 80% dos
habitantes da favela têm emprego (babás, zeladores, empregadas domésticas para suprir os condomínios ao
redor). Adicionalmente, a rede de comércio interno em Paraisópolis também é intensa por existir renda que
circula dentro da comunidade. O acolhimento aos imigrantes, principalmente nordestinos, é mais facilitado,
uma vez que há muitos moradores instalados na comunidade oriundos de outros estados brasileiros. A rede de
saneamento básico, embora possa existir esgoto a céu aberto em alguns pontos de Paraisópolis, por estar
inserida num grande centro urbano, o acesso à assistência da SABESP é mais facilitado, mais ágil. Ademais,
manifestações na região metropolitana causam maior repercussão e despertam maior atenção da mídia e do
poder público.

Já em Vila Nova Esperança, comunidade próxima de Taboão da Serra, a conquista do direito à cidade, quando
ocorre, é num gradiente bem inferior que em Paraisópolis ou mesmo a comunidade inserida na Baixada do
Glicério no centro de São Paulo. Por estar distante do centro urbano, quem habita naquele lugar vive isolado
não apenas geograficamente; também sofre o isolamento no que se refere ao acesso aos direitos como
transporte, que é precário (poucos ônibus operando em horário reduzido), ao emprego (das 350 famílias
mencionadas, apenas 150 trabalham), à assistência médica, ao saneamento básico (que é bem deficiente). O
entretenimento, acesso a creches e escolas é praticamente inexistente naquele lugar. Ademais, considerando
que a comunidade de Vila Nova Esperança foi construída a partir da invasão de uma área de proteção
permanente, o poder público não atua com políticas públicas de urbanização. Conforme pontuado na
disciplina Introdução ao Estudo de Políticas Públicas-IEPP, a inação também é uma atuação política, todavia
desassistindo aquela população, possivelmente como forma de desestimular novas invasões e a consequente
demanda por políticas públicas de assistência daqueles indivíduos.

2. Que tipo de pesquisa se consegue desenhar para analisar as periferias em questão? Como se produz
conhecimento sobre essas múltiplas dimensões? Que tipos de pesquisas podem ser proposta: qualitativa,
quantitativa, comparando novas bases, é completamente livre. Pesquisa e produção de conhecimento NÃO É
PARA PROPOR MODELOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS!
Conforme exposto no vídeo e no livro “Segregação, pobreza e desigualdades sociais” de Eduardo Marques e
outros pesquisadores, é possível analisar as periferias em questão por meio de pesquisas tais como:
-Pesquisa de campo como a pesquisa-ação abordada pelo pesquisador Tiaraju Pablo D’Andrea que conviveu
na comunidade por duas semanas e estudou a dinâmica da vida dos moradores de Paraisópolis analisando seus
anseios e perspectivas em relação à cidade;
-Estudo de caso, com a análise de objetos específicos de pesquisa, como por exemplo a demanda das mães
que trabalham por creches para seus filhos;
-Pesquisa documental, considerando que Paraisópolis ou mesmo a Baixada do Glicério, por estarem localizadas
no centro expandido paulistano terem maior visibilidade na mídia por mais tempo que Vila Nova Esperança,
consequentemente há mais documentos sobre estas periferias para análise documentacional. Os aspectos a
serem analisados podem focar na questão da empregabilidade dos habitantes da periferia, do entretenimento,
do acesso à saúde, à educação.
-Pesquisa-levantamento (quantitativa) desenvolvidas por meio de questionários on line (para respostas via
celular) para apurar gradações de percepções no que se refere ao atendimento de determinadas demandas
da comunidade.

-Pesquisa ao Sistema de Informações Geográficas

são possíveis pesquisas quantitativas, qualitativas, estudos de caso, pesquisa-ação

, organizador). Produzido pelo Centro de Estudos da Metrópole-CEM. Reflexões sobre São Paulo moderna,
industrial. Poucos falam da SP mais pobre e problemática. A FAPESP reúne cerca de 30 pesquisadores. 3
milhões e 300 mil reais em pesquisa. Pesquisam populações em área de risco de deslizamento, políticas
públicas para estes desassistidos. Socióloga Nádia Guimarães estuda empregabilidade nas comunidades. Boa
parte dos trabalhos com as prefeituras consistem em identificar áreas com demandas por escolas.
Disponibilizar os resultados das pesquisas para benefício das comunidades estudadas.

Esse livro dimensiona a pobreza paulistana pelo viés da localização dos grupos sociais, com análises que
mostram a segregação como agravante das condições de vida de uma enorme população. Exemplar como é
esse quadro da maior cidade do país, as lições que encerra claramente a ultrapassam e adquirem alcance
nacional.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=jnnLemTJx_w (09:16)


Vila Areião x Chácara Bananal
Ascender socialmente, melhores condições de vida

Paraisópolis (“cidade do paraíso”): moradia de pobres em meio a moradias de ricos.


80.000, a maioria está empregada, mais acesso, entorno rico, maior oferta de emprego: babás, zeladores,
empregadas domésticas para suprir os condomínios ao redor, a rede de comércio interno que também emprega
por ter renda que circula dentro da comunidade, preferência para quem mora dentro da favela. Existem
muitas associações que fazem trabalho assistencial que facilita o acesso a alguns benefícios, não ajuda a
resolver o problema, mas minora.
localizada próximo ao centro urbano rico,
maior facilidade de conseguir emprego,
maioria de nordestinos,
apenas 7% não têm parentes por perto (Salvador, Ceará, Pernambuco)
há muitas entidades que prestam serviço social
quem vive lá está mais protegido que quem vive em Vila Nova Esperança

Vila Nova Esperança: ônibus mais próximo a 2Km de distância. Secretaria de Habitação de Taboão.
Transporte: das 5h às 6h, depois não tem mais.
Ônibus mais próximo: na BR16, 25 minutos a pé numa estrada de barro
Quem mora aqui vive isolado
Dificuldade de encontrar emprego
O poder público pode gerenciar o uso do solo. Ao intervir pode alcançar populações diferentes com políticas
diferentes.
Isolamento gera vulnerabilidade; de 350 famílias, menos de 150 trabalham.

Livro: “Segregação, pobreza e desigualdades sociais” (Eduardo Marques, organizador). Produzido pelo Centro
de Estudos da Metrópole-CEM. Reflexões sobre São Paulo moderna, industrial. Poucos falam da SP mais pobre
e problemática. A FAPESP reúne cerca de 30 pesquisadores. 3 milhões e 300 mil reais em pesquisa. Pesquisam
populações em área de risco de deslizamento, políticas públicas para estes desassistidos. Socióloga Nádia
Guimarães estuda empregabilidade nas comunidades. Boa parte dos trabalhos com as prefeituras consistem
em identificar áreas com demandas por escolas. Disponibilizar os resultados das pesquisas para benefício das
comunidades estudadas.

Esse livro dimensiona a pobreza paulistana pelo viés da localização dos grupos sociais, com análises que
mostram a segregação como agravante das condições de vida de uma enorme população. Exemplar como é
esse quadro da maior cidade do país, as lições que encerra claramente a ultrapassam e adquirem alcance
nacional.

14/05/2019(AULA 08)
Início: 10h9

-Renata reportou que, na próxima semana, teremos aula com a Wendy (Renata irá para a Alemanha fazer
pesquisa de cidades envolvendo Berlin, SP e Abadiana)

-Devolutiva do trabalho da semana passada.


...indicadores -> são dados/números que em Estatística representam CONCEITOS. Como conectá-los com
conceitos que vêm de teorias. Renata citou Paulo Jannuzzi (“Indicadores sociais no Brasil”) que é estatístico
do IBGE; ele faz parte do grupo que está tentando defender o senso de 2020 (que corre o risco de voltar ao
início do século XX, vale dizer, 1890). Não basta dizer que conceitos são polissêmicos e complexos (pobreza,
por exemplo: pode ser pensada no nível mais absoluto – qual a cesta mínima que o indivíduo deve ter para
sobreviver; outro parâmetro é o de pobreza relativa – que medida uso dependendo do debate, no caso da
relativa, pode ser o debate sobre desigualdade – esses debates significam coisas diferentes, donde precisamos
especificar conceitos e dizer que está tudo em processo de mensuração).

Outros exemplos de indicadores: IDH – como mensuro a ideia de desenvolvimento. Até os anos 70 o indicador
clássico para comparar políticas entre países era o PIB (produto interno bruto - a massa de riqueza
socialmente produzida). Se o Brasil comparar seu índice per capita, o Brasil é país em desenvolvido. Mas isso
é um péssimo indicador de desigualdade.
Também é importante usar o GINI – nossa desigualdade de renda vem crescendo nos últimos 7 anos. Vide o JN
de ontem. Isso tudo é uma parte do desenvolvimento.

Uma ideia de indicador é a propriedade da validade – traduz com propriedade a medida que ele está
dimensionando. Muitas vezes temos um indicador aproximado de desenvolvimento (PROXY). Mas isso é um
debate conceitual. Uma parte do debate começa nos anos 70. Uma disputa teórica. Desenvolvimento não é
apenas indicador de... haja vista o IDH que trata de saúde, educação/escolaridade, tempo de vida da
população. Assim, IDH não é uma medida ideal. Ele é sintético: eu posso ter manutenção do índice e os
componentes desagregados terem ...

Um único indicador nunca dá conta da realidade social. Texto da aula de hoje: como dou sentido aos índices
x realidade na metrópole. Para falar de metrópole preciso de dado intramunicipal – daí a necessidade do
senso. Nosso problema é mais sobre saber coletar o dado que usá-lo. O Brasil é um outlier positivo (pelo menos
era, vide o IBGE que era uma joia em termos de dados).

A menor unidade de desagregação é o ... não chega a ser o município. O senso tem a capacidade decenal (10
anos). O IBGE não conseguiu fazer o senso em 1990 (Collor achava que era caro demais; os cientistas se
mobilizaram e houve senso em 1991).

Nem todo indicador é sensível da mesma maneira: qual o ritmo de transformação do dado agregado; qual o
tempo de combate ao analfabetismo, para a erradicação de dada patologia

-TEXTO DE HOJE: Marques, E. A metrópole de São Paulo no início do século XXI. Revista USP, São Paulo, n.
102, p. 23-32, jun/jul/ago 2014.

Fala do Caio de Letras: tanto ricos quanto pobres apresentam desagregação de dados mais ricos de brancos x
outras classes; visão dualista. Fala da Renata: o que é visão dualista? Ricos e pobres. Numa visão dualista, a
cidade é bem caracterizada se considerarmos centro x periferia. Essa é uma macrocaracterização da cidade,
porém é cada vez mais imprecisa. Entender o grau de transformação na cidade é preciso entender a
industrialização, por exemplo. Já fomos uma cidade exportadora de café, depois fomos nos industrializando.
Onde os moradores estão trabalhando. Já tivemos migrações do NE para SE, hoje temos as migrações
internacionais. Já tivemos casarões na Paulista, hoje é um centro comercial. Onde passa a marginal tietê já
foi rio (daí não se sabe porque inunda). Os enclaves fortificados – Alphaville. Livro “A cidade de muros” de
Teresa Caldeira que fala da alta segregação dos ricos em SP: como os condomínios fechados tratam disso.
José Marcos Cunha, UNICAMP, pesquisa sobre temas assim. Os dados do senso têm uma PROXY para pensar
segregação racial.

O ponto central é pensar relação de conceitos de pobreza-desigualdade-segregação residencial. O que é


segregação residencial?
Segregação é o ato de segregar, de por de lado, de separar, isolar ou apartar. Segregação é o processo de
dissociação mediante o qual indivíduos e grupos perdem o contato físico e social com outros indivíduos e
grupos. Essa separação ou distância social e física é oriunda de fatores biológicos e sociais, como raça, riqueza,
educação, religião, profissão, nacionalidade etc.
Fonte: https://www.significados.com.br/segregacao/

O tipo máximo de segregação racial na história foi o gueto. Uma segregação imposta.

O contraponto da ideia de gueto; uma cidade não segregada. “Todo mundo junto e misturado”: em cada microterritório
ter uma distribuição equilibrada dos diversos estratos sociais. Casos de “mistura” bem sucedidos são mais difíceis de
encontrar. Do ponto de vista de definições e métricas: como mensuro, como penso métricas para medir
proximidade/distância espacial; de que grupos sociais estamos falando (renda, escolaridade, raça) e cada uma dessas
medidas pode ou não se sobrepor. Por exemplo: é muito difícil mudar segregação espacial – muitos indivíduos não
conseguem escolher onde morar. Mesmo mantendo esses territórios, o que vai acontecer com a segregação
dessas populações? Haja vista a mudança de escolarização média das populações com o próprio acesso à
Universidade.

Comparando com RJ, lá temos pobreza e riqueza muito mais próximas espacialmente. SP é mais
macrosegregada com situações de microsegregação. A escala reflete unidade de análise; a menor são 4
quarteirões: qual a composição média de renda, escolaridade, acesso à atendimento médico. Haja vista a
pesquisa de Renata no mestrado dela (“áreas de ponderação da amostra do censo classificadas segundo
macrorregiões – município de São Paulo, 2000”).

CONCEITOS FUNDAMENTAIS:
segregação residencial = separação espacial dos grupos sociais; homogeneidade interna e heterogeneidade
externa.

Importância das diferentes escalas em que se manifesta a segregação (micro/macro).

Modelo radial concêntrico: boa descrição geral da distribuição espacial dos grupos sociais, mas insuficiente
para o planejamento de políticas públicas.

Diferentes modos possíveis para mensurar “grupos sociais”: classes de renda, inserção no mercado de
trabalho, cor/raça e níveis de escolaridade.

-Geosampa (http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx): o dado existe; o que é preciso é


interpretar esse dado. http://gbcengenharia.com.br/blog/geosampa-sistemas-de-mapas-oficial-da-cidade-de-sao-paulo/

O ideal de distância a pé para uma mãe levar criança pra creche = 2Km. Já, para ensino médio, pode ser maior (ele toma
ônibus).
Cada vez menos é um debate binário de tem ou não tem.

O QUE É INDICADOR?

11h11
Vídeo: Complicações: Segregação residencial e desigualdade (https://www.youtube.com/watch?v=67q2dm_1gU4)
– 28:56.

A segregação residencial, separação das pessoas nos espaços de acordo com a classe social e a raça, vem
aumentando ou diminuindo em São Paulo? E a desigualdade racial e de gênero? Esses são alguns dos temas
desta edição do Programa Complicações. O nosso convidado é o professor livre-docente do Departamento de
Ciência Política da USP e pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole, Eduardo Marques.

28/05/2019(AULA 09)

Início: 10h29
Aula com a Wendy Vila Lobos; formada em Relações Internacionais e em Teatro; mestranda em Estudos
Culturais da EACH.

Renata está em Berlim e pediu para Wendy contar sua trajetória: na faculdade ela estudou as migrações (os
imigrantes em São Paulo). Ao se formar, foi atuar no Centro ao Migrante e depois assumiu a coordenação em
Direitos Internacionais que lida com organizações da sociedade civil (2 anos); ganhou bolsa de estudos na
Espanha para fazer especialização e lá acentuou o desejo de continuar estudando migrações. Morou num
pequeno apartamento com pessoas do Paraguai. Voltou ao Brasil e atuou noutra ONG e coordena projeto
“Trilhas da Cidadania” que ensina Português para refugiados. O aprendizado foi muito legal e muito sofrido:
são pessoas em condição de ausência de tudo. Após 4 anos nessa ONG, decidiu-se pelo mestrado e se demitiu.
Foi atuar com teatro (companhia “Comitiva de Galocha”+- e faz o mestrado.
Terminologia: imigrante, emigrante e migrante. Lais: imigrante é quem chega, emigrante é quem sai e o
migrante é quem basicamente se move. Wendy destaca quem migra em âmbito local ou entre países. Quem
migra em âmbito nacional trata-se de migração interna. Quem migra entre países é migração externa ou
internacional. Quanto à migração irregular: muitos usam o termo “migrante ilegal”. Você pode estar numa
situação migratória irregular. Quando se usa o termo ilegal se coloca o migrante em condição de bandido.
Possivelmente é uma pessoa pobre que não conseguiu regularizar documentos. Isso não muda o fato de que
são pessoas que, por algum motivo, saem de seus países em busca de outras condições de vida.

Outra terminologia é a de “refugiado” e o “solicitante de refúgio”. Ambos derivam da palavra refugiar: fugir,
abrigar-se. Refere-se à pessoas em situação extrema, em fuga por questões: políticas, religiosas, orientação
sexual. Não há uma definição única do que seja refugiado, mas a maior parte das definições derivam de uma
convenção de 1961. Esse texto foi básico. Wendy leu a definição dada pela ACNU:
O solicitante de refúgio chega na fronteira e pede refúgio. Essa pessoa só se torna refugiada após avaliação
do CONAR (órgão vinculado ao Ministério da Justiça) aprovando. Isso pode levar anos. Ainda assim, o
solicitante de refúgio está em situação irregular. Ele não pode ser mandado embora do país. Enquanto a
situação dele está sendo julgada, ele é solicitante de refúgio.

Wendy propôs uma dinâmica: alguém que seja de outro país; filho de migrante; neto de migrante; alguém
que veio de outra cidade. Quase todo mundo levantou a mão. O que é ser brasileiro? O que é ser de São Paulo?
Somos de origens diferentes, estórias diferentes. Então, porque o migrante é o “diferente”, o “estranho”?
Somos todos frutos do multiculturalismo.

A palavra “estrangeiro” que é ligada à condição do migrante tem uma das conotações – estranho. Bryan aponta
que os americanos usam o termo “alien” para designar estrangeiros.

Tivemos um fluxo forte de migrantes entre 1500 e 1550: pessoas escravizadas, que foram sequestradas para
aqui trabalharem. No final do século XIX para o XX tivemos muitos espanhóis, italianos. Há a substituição da
mão de obra. As guerras: primeira e segunda guerra mundial. Com o término da II GM muitas, pessoas vieram
para o Brasil.

Na década de 80, tivemos muitos migrantes sul americanos: bolivianos, peruanos e paraguaios. No começo do
século XXI, a migração se amplia mais: o Brasil se torna um chamariz de migrantes. Haja vista a migração de
haitianos para o Brasil.

Há quem use o termo “fenômeno” para migração – fenômeno migratório. E isso está equivocado; é um fato.
As pessoas vão continuar migrando. O colega veterano pede mais aprofundamento sobre “fenômeno”.
Fenômeno diz respeito a algo que ocorre raramente; fato é mais recorrente.

Em 2017 o Brasil recebeu 34.000 solicitantes de refúgio. Para o Brasil, isto é um aumento gigantesco. Hoje,
mais da metade dos solicitantes de refúgio são venezuelanos. Os haitianos são 2300. Via de regra, acredita-
se que os imigrantes vão roubar empregos dos brasileiros, donde há muitos imigrantes qualificados
trabalhando no Brás.

Wendy levantou depoimentos de estudantes que moram próximos a migrantes contemporâneos: Eub, no
Belenzinho, próximo de bolivianos; Carol, na Mooca, próximo de migrantes que falam francês (nigerianos ou
haitianos). Wendy relatou que mora na Luz e que tem contato com muitos chineses. É a “periferia no centro”.

Falando de direitos: quais os direitos que os refugiados possuem? Os solicitantes de refúgio e refugiados, a
legislação que pauta os direitos deles é a Lei 9974 de 1997, considerada uma das mais avançadas nesta
matéria. Além de receber os refugiados, o Brasil não devolve os refugiados e oferece condições básicas aos
solicitantes de refúgio: carteira de trabalho e CPF. Mesmo sem ter tido a situação julgada, ele se torna “uma
pessoa”. Para o imigrante, até 2017, vigia o Estatuto do Estrangeiro, considerada uma das mais atrasadas do
mundo. Lei criada em 1980, lei da ditadura militar e considerava o imigrante uma ameaça à segurança
nacional. Desde 1980 a sociedade civil, os movimentos coletivos começaram a lutar por uma nova lei. Somente
em 2017, 37 anos depois, foi aprovada no governo Temer a Lei de Imigração. Porém, Temer retirou vários
dispositivos. Ainda é melhor que o Estatuto do Estrangeiro e diz que o imigrante deve ser acolhido pela
sociedade e extirpa a ameaça de prisão do imigrante em condição irregular. O imigrante só é preso se
descumprir alguma lei brasileira, mas não pela condição migratória.
Outro ponto da lei é que o imigrante não podia se manifestar politicamente. A partir da nova legislação, os
imigrantes podem se associar em associações políticas, podem se associar em sindicatos; podem ir à
manifestações.

Prosseguindo com as diferenças entre as condições do refugiado e do imigrante. O imigrante, sobretudo o


pobre, chega e fica em situação irregular. Para ficar em situação regular exige-se dinheiro. É possível a
“reunião familiar” do imigrante com sua família. Há casos de tratamento de saúde. Tirando isso, a pessoa
chega como turista, fica 3 meses e não regulariza, passa para a condição de situação imigratória irregular. O
acesso aos direitos é limitado. Alternativa a isso são os acordos do Brasil com outros países ou anistias
migratórias. Haja vista o acordo de livre trânsito de residência para nacionais do MERCOSUL, Bolívia ou Chile.
Isso vale desde 2009, no governo Lula. Isso deixa o migrante pobre em situação regular. Isso parte da
perspectiva de que “somos cidadãos do mundo”, donde podemos escolher onde queremos viver. Outra
possibilidade é a anistia (11h38). Estava prevista uma nova anistia em 2019 e Temer vetou este ponto na lei
de imigração.

Destacando o direito dessas pessoas, algumas pessoas justificam a entrada dos refugiados como pessoas que
não têm alternativa alguma, donde têm que ser recebidos. Todavia, isso desmerece o imigrante que é tido
como alguém que vem roubar empregos e oportunidades dos nacionais. Mas, esses imigrantes, principalmente
os pobres, também não têm alternativa, via de regra. Haja vista os venezuelanos: se não migrarem podem
até morrerem.

Wendy fez uma provocação: há xenofobia no Brasil? Alguns alunos reportaram que sim. Wendy pontua que um
francês provavelmente é melhor recebido que um boliviano. Wendy coloca que: será que não é o caso de
classe social? Ela pontua que, no fim das contas, o que mais impacta é a questão de raça e de classe social
pobre.

11h17
Vídeo “Nova onda de imigração atrai para São Paulo latino-americanos e africanos”
https://www.youtube.com/watch?v=QCOgzk9WrPk

11h26
Wendy pede feedback sobre o que foi visto no vídeo. Bryan pontua que a invisibilidade do imigrante é marcante. Wendy
coloca que algo forte no vídeo é a questão da cidadania. Retomando José Murilo de Carvalho “cidadania plena dá acesso
a direitos políticos, civis e sociais”. Wendy coloca a questão: o quanto estes imigrantes têm acesso à cidadania plena?
Poderíamos falar de mulheres, de pessoas pobres, enfim, enxergamos as desigualdades a todo tempo. No caso dos
imigrantes, quando eles chegam, a primeira luta é pelo mais básico: comer, ter onde morar. Com o passar dos anos, ainda
que tímidas as conquistas (acordos, legislação nova; em âmbito local, até 2013 não havia um órgão público não havia em
SP para tratar dos imigrantes); eles tinham acolhimento apenas de entidades filantrópicas e ongs.

Para além dos pequenos avanços, os imigrantes clamam por mais que o básico, pelo direito à cidade; acesso aos
equipamentos públicos. Um dos direitos reivindicados é o direito ao voto. O Brasil é o único país da América do Sul onde
o imigrante não pode votar em esfera alguma (municipal, estadual, federal).

Adentrando ao projeto de pesquisa da Wendy, ela reportou sua experiência dando aula para pessoas de vários países da
África. Contou que um aluno perguntou porque quando ele andava na rua, as pessoas atravessavam para evita-lo.

11h35
Wendy mostrou parte de sua pesquisa que está em curso. O objetivo geral é identificar formas de apropriação de espaços
públicos e equipamentos culturais da cidade de São Paulo por imigrantes africanos, especificamente senegaleses. Por
espaços públicos e equipamentos entende-se museus, centros culturais, etc.

Por que esta pesquisa? Wendy participava de vários equipamentos culturais da região central (Pinacoteca, Museu de Arte
Sacra) que queriam aproximação com a comunidade local, que era de imigrantes. Todavia, os imigrantes não queriam ir
lá (Wendy tem hipóteses sobre os motivos).

A metodologia empregada foi a “história oral”. São entrevistas com perguntas abertas para que o entrevistado possa falar
à vontade. Adicionalmente, Wendy pesquisa documentos (teses, registros).
Desafios das entrevistas: Wendy percebe uma situação de desconfiança por parte dos sujeitos da pesquisa. Com mulheres,
ainda é mais difícil: além de ser menor a quantidade, precisam de autorização do marido para conceder a entrevista. Há
casos de assediadores e, principalmente, o idioma.

Panorama das nacionalidades: solicitações de refúgio – 33% de venezuelanos; 14% de haitianos; 13% senegaleses; sírios
e angolanos com 7% (empatados.

Oposição à ideia de África como um “único país”, com uma única cultura.

Nacionalidade: ser fula x senegalês.

11h47
Todos imigrantes relataram que sofreram racismo
O acolhimento entre eles é forte: acolhem independente de ser ou não da família
A religião é a muçulmana: é uma forma de resistência à colonização. O Senegal teve a colonização francesa que não é
muçulmana, donde suas celebrações são muçulmanas como forma de resistência.

Fim: 11h49

04/06/2019

10h20
Renata abordou sobre como será o trabalho final: é inegociável que será, no máximo, em grupo de 4 componentes.
Entrega: 18/06, impresso, em sala de aula.

1. É um trabalho dissertativo: quais as garantias dos direitos formais para garantir a ...
2. Pode-se mobilizar o material da Wendy. Também pode ser usado o texto do Marques para ajudar a exposição.

10h30
Equipe da chapa “Nossa voz” (D’Angelo e colegas) pediu espaço para divulgar as eleições da UNE.

10h35
Tem a ver com a questão de hoje: "Na virada do século, a corda estica. De um lado, tenta-se afrouxá-la pela
ampliação das políticas compensatórias e de gestão da segurança, dos territórios e das populações, em geral na
forma de convênios entre governos e organizações civis de base – muitas vezes antigos movimentos sociais –
para a implementação de “projetos sociais”: profissionalização, apoio familiar, atividades culturais etc. De
outro, amplia-se a repressão nas fronteiras, tensionando as margens de filiação social e política e fazendo
emergirem nelas mais e mais “suspeitos”. (Feltran, 2010, p. 209)

Políticas compensatórias = a ideia de compensatória está no Wanderley Guilherme dos Santos; políticas que não previnem,
elas tentam remediar desigualdades; Previdência Social, por exemplo. Estão tentando corrigir desigualdades já instaladas:
ações afirmativas, cotas.

Isso tem a ver com o texto de hoje.


Indo para o Gabriel Feltran, sociólogo professor da UFSCAR, também estava em Berlin com Renata pesquisando, o ponto
central do texto é: fazer uma análise histórica para análise da chave de mudança; algumas dinâmicas mudaram – alguns
pontos da periferia (Cedeca de Sapopemba) sofreram mudanças em dimensões de: luta política, gestão social e violência.

Ele começa verificando essa mudança desde os anos 70 para cá.

O que mais chamou atenção no texto foram as mediações para além da questão “trabalhadores e bandidos”; ele olha para
a ideia de representação de como as periferias eram representadas nos anos 70 e como o são hoje. Como ele entende
essas mediações e conexões. Qual era a situação desses trabalhadores que vinham do NE para trabalhar no SE. Isso se dava
com a perspectiva de inserção na indústria que garante direitos e inserção social. O que é fazer a boa vida em SP e como
essa promessa não se concretiza para todo mundo, isso por conta de dinâmicas que vão além da meritocracia. Há mudanças
demográficas e econômicas que perpassam por isso. Há a expansão do setor de serviços, do setor terciário em SP. Há
mudanças demográficas e do tamanho das famílias; há mudanças religiosas, de lutas políticas com religiosos da igreja
católica na base. Há a perda de influência da igreja católica e ascensão do neopentecostalismo. Havia um projeto político
de democratização... quando o Estado chega com esgoto, saúde e repressão o que muda nesse lugar?

Qual o motivo do uso da expressão “gestão social” e não “políticas públicas”? uma coisa é ter uma certa perspectiva social
combativa - a sociedade se organizando pelo maior acesso a direitos. Com a redemocratização tanto na organização do
Estado quanto nos movimentos sociais (Onguização; antigos movimentos sociais que se burocratizam com editais e
conveniamento); cada vez mais se implementam movimentos sociais no contexto de parcerias. Mas isso tem qual lugar?
Quais propostas? Que tipo de atratividade se está trazendo para essa juventude?

Quando se fala em gestão social está se pensando na ideia de controle, de regulação. Como fazer a gestão do controle de
territórios? Na perspectiva foucoutiana... Gestão de populações é jogo de controle de território. Há uma dimensão mais
compensatória – mercantilização do acesso ao bem-estar. No texto do Marcelo Medeiros há uma tríade: papel do Estado,
papel do Mercado e papel da Sociedade. Como pensar tipos de proteção social pensando nessa tríade? Gabriel mergulha
nisso e nas relações existentes nessa tríade: olhando para territórios específicos da periferia. Daí olhar a partir das margens.
Há um texto clássico de uma indiana e um peruano.... o livro do Gabriel é “Fronteira de intersecções” para pensar nas
mediações e conexões nesses módulos de criar regra e ordem e sentido para o mundo.

Gabriel tem uma abordagem entre a lógica de.... e como a gente produz novos discursos generalizantes. 10h54.

Dúvida do Caio de óculos sobre políticas focalizadas. Renata: é definir quem pode estar dentro e quem pode estar fora. É
diferente de políticas universais – são para todo mundo. Isso é diferente de “bolsa família” que tem critério de renda e não
é para todo mundo. O ponto é pensar que tipo de classificação e segmentação isso gera. A partir de que se atua com
públicos específicos, se gera mais segmentação: quem pode ir para dado segmento de recepção de benefício e quem pode
ser eliminado por ser bandido.

Quando cada vez mais as organizações dependem de ... para sobreviver... 10h56.

Nos anos 90 tivemos a reforma do Estado. Tipo reforma do Bresser Pereira nos anos 90. Estou operando para o Estado; o
que é diferente de estar autonomamente pleiteando direitos ao Estado.

10h58
Fala da Wendy: sobre o questionamento dos movimentos de moradia em relação aos critérios de elegibilidade para acesso
à “Minha casa, minha vida”. Questiona-se que as famílias que serão favorecidas a partir dos novos critérios serão as que
têm renda maior.

Renata: dadas questões orçamentárias, que grupos privilegiamos? Para quais faixas vou direcionando?

11h00
Renata pede o que chamou atenção frente o texto. Um dos colegas de outro curso: a relação entre religiões dos sujeitos
que mudaram de católica para neopentecostais – isso não fica claro. Renata aborda a expansão das igrejas evangélicas:
será que a recompensa está na próxima geração ou é para já? O neopentecostalismo tem se aproximado das classes de
elite. Isso ajuda a mudança no perfil do voto na periferia de SP. Tem um trabalho da Lara Mesquita e da Fernanda Limongi
sobre isso. Há vários marcos e processos sociais que precisam se articular, o da religião é um deles. Outro é o de quem está
criando postos de trabalho? O crime também o faz ao criar limites de oportunidades. Há outras instâncias buscando os
corações e as almas dessas pessoas. Também há a questão: quem produz segurança para quem? Tanto o Estado quanto o
crime estão produzindo classificações para julgamento.

11h05
Luciana pontua sobre os jovens em conflito com a lei. A questão do crime é mais interessante que uma bolsa de estudos.
Dá a perspectiva de o que a gente está incluindo e como? A ideia da realização pessoal a curto prazo. Hoje, o quanto se
acredita que educação dá futuro? Como saímos de certos projetos coletivos de fragmentação e de individualização dos
projetos? Quais as possibilidades de articulação hoje, num mundo muito mais fragmentado.

11h07
Caio de óculos – se tinha um plano de pessoas bem-intencionadas, mas isso se burocratiza mais com mais unidades
deficientes. O jovem fica apenas perambulando entre as unidades. O jovem vai em tal lugar e é tatuado, são barreiras
infinitas. Renata: as dimensões do simbólico ajudam a entender. Como se pensar mães sozinhas criando filhos disputando
com igrejas, tráfico.
11h14
Vídeo: “As margens do desenvolvimento brasileiro: violência e controle militar da pobreza, Gabriel Feltran”. (1:06:52)
https://www.youtube.com/watch?v=9hm7RcZG6d8

Delfim afirmava querer “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”, mas os benefícios econômicos não
atingiram pessoas de baixa renda, que tiveram seus salários reduzidos e sua participação na renda nacional
decrescida de mais de 1/6 em 1960 para menos de 1/7 em 1970.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/hotsites/ai5/personas/delfimNetto.html

Ideia do trabalhador x ideia de bandido (não integrável à esfera do mercado de trabalho e da política como
sujeito de direitos)

11h27
Imagem do bandido como referência de habitante de favela.
Representação da violência.

Visão da periferia diferente de “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”.

11h32
Hoje o crime é visto, dentro da comunidade, como proteção, como oportunidade de trabalho; possibilidade
de inserção tanto no mercado de renda e de acesso ao consumo. Também o acesso ao consumo na comunidade
é visível: posses de TV, celular, moto, carro.

11h37
Turismo em favela; glamourização da favela.

11h48
Caminhando para conclusão: nem sempre a guerra produz enfrentamento; as vezes produz sinergia. Exemplo:
em SP o problema pode ser mais complexo – 1º. Mercado de roubo de carro no estado de SP. Esse mercado é
dinamizado, ampliado, produz mais empregos, mais capacidade de xxx. Se temos um carro roubado no valor
de trinta mil reais, na semana seguinte, a seguradora injetará esse valor; e a pessoa que comprar esse carro
terá 5 possíveis destinos dinamizando a economia. Esse carro, provavelmente vai virar mais de trinta mil reais.
Assim, o roubo de carro compensa muito para a indústria automobilística. Ele regula o preço do carro. Ele
está em sinergia. Esse mercado nunca é regulado. O que se regula são os jovens que roubam esses carros.
O 2º. exemplo é o do tráfico de drogas: só funciona com a rede de ilegalidade que une polícia e crime. Os
policiais recebem sua “caixinha” para permitir que o mercado prospere. Aí, mais uma vez não se regula o
mercado, mas criminaliza o pequeno aí envolvido.
Hoje, o dinheiro em si mesmo é um fim. É a constatação posta: não se trata de pensar esses... o
encarceramento mostra a luta de classes.

11h55
Renata retoma. O Gabriel está fazendo etnografia na periferia. Ele usa Sapopemba como porta de entrada
para esse trabalho de campo. Ele pensa as mediações e conexões. Bryan: a visão da sociedade sobre o
trabalhador que vai mudando e o contraste do trabalhador – o padeiro e o “aviãozinho”. Está se provocando
sobre o que é legítimo ou não.

11h57
Jéssica: se está criando conceitos. Renata – os regimes normativos. O crime é uma instância de regulação.
Nesse nível de análise, ele acaba articulando a sociedade de um perfil mais onguizado. Gabriel mostra a
conexão entre o legal e o ilegal – como produzir riqueza a partir do crime.

11h59 Renata pontua que o filme ajuda a entender o texto. Na semana que vem tem balanço do curso.
11/06/2019

10h17
Renata começou perguntando se há dúvidas com relação ao trabalho. Ela disse que é um trabalho baseado NA
LITERATURA (pode usar outros textos); não precisa falar só do Gabriel. Não há número mínimo de páginas: nem algo
criptográfico, nem encher de linguiça. Renata se dispôs a tirar dúvidas na Sala 110 E (agendar horário previamente).

10h21
Renata pediu divisão em grupos.

Discussão em grupo sem identificação:

1. Principais aprendizados.

-A evolução dos direitos, segundo Marshall: os civis no século XVIII, os políticos no século XIX e os sociais no XX.
-Também, de Marshall, os sentidos da cidadania: status, direitos e práticas; bem como as dimensões da cidadania: a civil,
a política e a social.
-A evolução dos direitos na sociedade brasileira.
-A construção do Estado de bem-estar social (Marcelo Medeiros).
-A abordagem de Marta Arretche a respeito das desigualdades sociais x as políticas públicas na década de 60 e a
comparação com os dias atuais.
-Adicionalmente, as pontuações de Arretche sobre a inclusão dos outsiders no que se refere à incorporação da titularidade
de direitos como os de aposentadoria, saúde e educação. Exemplificando, em “Trajetória das Desigualdades: como o
Brasil mudou nos últimos cinquenta anos”, texto também da autoria de Marta Arretche, é citado o PROUNI, criado em
2005, e a ampliação das ações afirmativas para acesso ao ensino superior alavancados em meados dos anos 2000, como
exemplos de políticas públicas inclusivas.
-A exposição da Wendy sobre migrações foi muito interessante.

2. O que poderia ser diferente: elementos a mais ou a menos.

Nosso grupo considera que seria interessante que as perguntas sobre os temas fossem passadas uma aula antes
para que os grupos pudessem se preparar melhor para respondê-las (nesse semestre foi muito corrido fazer isso em
aproximadamente menos de uma hora).

3. Sugestões:
3.1 Bibliografia

Os temas foram bem pertinentes, mas como o tempo de duração da aula é pequeno em relação à
quantidade de temas, nos parece que a professora acaba tendo que falar muito depressa e correndo para que
toda a abordagem seja passada. Talvez se algum tema fosse removido da lista, a professora pudesse abordar os
demais com mais calma. Mas como somos de GPP, todos os temas foram interessantes, donde não ousamos
propor retirada de nenhum.

3.2 Didática

Nos aspectos gerais, consideramos a aula bem elaborada, bem preparada (uma das poucas aulas em que,
de fato, tivemos aula dada por docente). A professora tem uma didática exemplar.

3.3 Avaliações

O critério adotado pela professora proporciona que os alunos possam ter bom desempenho. As únicas
alterações que propomos dizem respeito ao já exposto no item 2.
11h21
Renata pediu feedback: falas do Caio de Letras, da Danieli de SI e do Nelson de SI (destacou as habilidades de leitura e
interpretação proporcionada pela disciplina); pessoal de TM (alguns textos ajudaram a compreender termos como
democracia e constituição; gostaram do texto dos insiders x outsiders).

12h08. Na próxima semana será entregue o trabalho e VAI ACONTECER DISCUSSÃO SOBRE O TRABALHO.

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