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UniAGES

Centro Universitário
Bacharelado em Educação Física

AUGUSTO MAGNO TEIXEIRA LOPES

A SOCIOLOGIA DO CORPO

Fichamento apresentado ao curso de Educação


Física Bacharelado do Centro Universitário
AGES, como um dos pré-requisitos para obtenção
da nota parcial na disciplina de Sociologia no 4º
período sob orientação do Prof. Dr. Mateus Neto.

Paripiranga
2018
1.0 - REFERÊNCIA:
LE BRETON, David. A Sociologia do corpo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

2.0 - CREDÊNCIAIS DO AUTOR:


David Le Breton é professor de Sociologia e Antropologia da Universidade de
Strasbourg na França. Seu trabalho tem influenciado de maneira significativa os estudos sobre
o corpo e a corporeidade. É autor de uma série de obras publicadas na França e traduzidas para
várias línguas em todo o mundo. Livros como A sociologia do corpo, Adeus ao corpo e As
paixões ordinárias estão entre os títulos traduzidos no Brasil.

3.0 – CITAÇÕES POR CAPÍTULO:

3.1 – INTRODUÇÃO

Moldado pelo contexto social e cultural em que o ator se insere, o corpo é o vetor
semântico pelo qual a evidência da relação com o mundo é construída: atividades
perceptivas, mas também expressão dos sentimentos, cerimoniais dos ritos de
interação, conjunto de gestos e mímicas, produção da aparência, jogos sutis da
sedução, técnicas do corpo, exercícios físicos, relação com a dor, com o sofrimento,
etc. (p.7).

“Torná-lo não um lugar de exclusão, mas da inclusão, que não seja mais o que interrompe,
distinguindo o indivíduo e separando-o dos outros, mas o conector que o une aos outros. Pelo
menos este é um dos imaginários sociais mais férteis da modernidade” (p.11).

3.2 – CORPO E SOCIOLOGIA: ETAPAS

A corporeidade não é objeto de estudo à parte, ela é subsumida nos indicadores ligados
aos problemas de saúde pública ou de relações específicas ao trabalho. A relação física
do operário com o mundo que o cerca, sua aparência, saúde, alimentação, moradia,
sexualidade, sua procura pelo álcool, a educação das crianças, são alternadamente
consideradas para fazer um levantamento sem compaixão das condições de existência
das camadas trabalhadoras. (p.16).

“As qualidades são deduzidas da feição do rosto ou das formas do corpo. Ele é percebido como
a descrição da pessoa, testemunha de defesa usual daquele que encarna. O homem não tem
poder de ação contra essa ‘natureza’ [...]” (p.17).

“Freud revela a maleabilidade do corpo, o jogo sutil do inconsciente na pele do homem; faz do
corpo uma linguagem na qual, de modo secreto, são expressas as relações individuais e sociais,
os protestos e os desejos” (p.18)
3.3 – SOBRE ALGUMAS AMBIGÜIDADES

A visão moderna do corpo nas sociedades ocidentais, que de alguma forma oficial é
representada pelo conhecimento biomédico, pela anatomofisiologia, repousa sobre
uma concepção particular de pessoa. Foi necessário o desmantelamento dos valores
medievais, as primeiras dissecações anatômicas distinguindo o homem do corpo,
sendo ele próprio objeto de investigação que revela a carne na indiferença do homem
cujo semblante, no entanto, ela molda. (p.63-64).

“O homem e o corpo são indissociáveis e, nas representações coletivas, os componentes da


carne são misturados ao cosmo, à natureza, aos outros.” (p.30).

“O corpo como elemento isolável da pessoa aquém dá fisionomia só é possível em estruturas


societárias de tipo individualista, nos quais os atores estão separados uns dos outros,
relativamente autônomos com relação aos valores e iniciativas próprias” (p.30).

3.4 – DADOS EPISTEMOLÓGICOS

O corpo não existe em estado natural, sempre está compreendido na trama social de
sentidos, mesmo em suas manifestações aparentes de insurreição, quando
provisoriamente uma ruptura se instala na transparência da relação física com o
mundo do ator (dor, doença, comportamento não habitual, etc). (p.32).

“O ‘corpo’ é uma linha de pesquisa e não uma realidade em si, É preciso então marcar o
distanciamento da sociologia de Durkheim, segundo a qual o corpo é estritamente redutível ao
biológico” (p.33).

“A sociologia do corpo pode esclarecer assim, sob outro ângulo, alguns modos de enfocar os
diferentes objetos, da mesma forma que outras abordagens podem também se enriquecer com
suas pesquisas” (p.37).

3.5 – CAMPOS DE PESQUISAS 1: LÓGICAS SOCIAIS E CULTURAIS DO CORPO:


“A aquisição das técnicas do corpo pelos atores depende de uma educação quase sempre muito
formalizada, intencionalmente produzida pelo entorno da criança (ou do adulto que procura
fazer um outro uso das coisas do mundo)” (p.43).

A configuração dos sentidos, a tonalidade e contorno de seu desenvolvimento são de


natureza não somente fisiológica, mas também social. A cada instante decodificamos
sensorialmente o mundo transformando-o em informações visuais, auditivas,
olfativas, táteis ou gustativas. Assim, certos sinais corporais escapam totalmente ao
controle da vontade ou da consciência do ator, mas nem por isso perdem sua dimensão
social e cultural. (p.55).
3.6 – CAMPOS DE PESQUISAS 2: IMAGINÁRIOS SOCIAIS DO CORPO:
“Se a corporeidade é matéria de símbolo, ela não é uma fatalidade que o homem deve assumir
e cujas manifestações ocorrem sem que ele nada possa fazer. Ao contrário, o corpo é objeto de
uma construção social e cultural” (p.65).

Ao mesmo tempo em que é lugar de valor, o corpo é lugar de imaginários, de ligações


contestáveis cujas lógicas sociais é preciso compreender. O racismo repousa, entre
outras coisas, sobre uma relação imaginária com o corpo. Ele finca raízes no interior
dos alicerces passionais que alimentam a vida coletiva, alimentam projetos,
mobilizações, mobilizam tolerâncias ou violências. (p.72).

3.7 – CAMPOS DE PESQUISAS 3: O CORPO NO ESPELHO DO SOCIAL:


“A aparência corporal responde a uma ação do ator relacionada com o modo de se apresentar
e de se representar. Engloba a maneira de se vestir, a maneira de se pentear e ajeitar o rosto, de
cuidar do corpo, etc., quer dizer, a maneira quotidiana de se apresentar socialmente” (p.77).

Esse modelo, ao mesmo tempo em que parece fazer do corpo um membro


supranumerário do homem, encoraja a dele se desfazer. Esse imaginário do descrédito
censura o corpo pela pouca influência sobre o mundo. [...]O corpo é hoje
frequentemente percebido como um arcaísmo, a relíquia indigna de uma condição
humana que entra na era da pós-modernidade. (p.89).

3.8 – ESTATUTO DA SOCIOLOGIA DO CORPO

A tarefa consiste em esclarecer as zonas escuras, sem ilusão nem ideia fantasiosa de
supremacia, no entanto, com aquele fervor que deve conduzir qualquer pesquisa, sem
esquecer da humanidade e da prudência, nem deixar de lado a imaginação que deve
presidir o exercício da reflexão. (p.93).

“Esclarecendo as modalidades sociais e culturais das relações que estabelece no corpo, o


próprio homem se descobre na extensão de sua relação com o mundo. A sociologia do corpo é
a sociologia do enraizamento físico do ator no universo social e cultural” (p.94).

4.0 - DISSERTAÇÃO:

O presente livro discute a relação do corpo e a sociedade, tratando da corporeidade como


ferramenta de pesquisa de diversas áreas do conhecimento, dentre elas a Filosofia,
Antropologia, e principalmente a Educação Física. A partir do seu estudo, construir uma
concepção do ser social com o simbolismo do corpo e sua influência nos fatos sociais.
A produção inicialmente destaca as abordagens responsáveis pelo estudo do corpo na
sociologia, trazendo pareceres de Karl Marx na análise das condições do trabalho nos
primórdios da Revolução Industriais, tendo em vista suas repercussões na saúde da classe
proletária.
Além disso, mostra como a adequação da gestualidade, das técnicas corporais e de
etiqueta são influenciadas pelo convívio do ator com o contexto social. Além de trazer reflexões
sobre o corpo indissociável do ser, não sendo estritamente biológica do ser, contrapondo o que
afirmava Durkheim.
A partir disso, posteriormente, é discutido as abordagens biológicas relacionadas ao
corpo, tendo em vista a anatomofisiologia decorrida em meados da era medieval, com o início
da dissecação do corpo. Em seguida, o autor também traz como a corporeidade é influenciada
por concepções do controle político, além de tratar de questões ditas polêmicas, como o racismo
e o corpo deficiente.
O conteúdo da obra é de extrema importância para qualquer profissional de qualquer
área das Ciências Humanas e Sociais e da Saúde. Com isso, torna-se essencial para os
acadêmicos do curso de bacharelado em Educação Física terem um bom conhecimento por
meio de seus conceitos, auxiliando de maneira significativa na profissão e compreensão do
objeto de trabalho.
Além disso, o livro tem clareza em sua escrita, tornando sua leitura prazerosa e
interessante, fazendo com que o profissional de Educação Física a compreenda a mensagem
que o autor quer passar. Dessa forma, a obra é altamente recomendada como base da disciplina,
para que haja um entendimento consistente dos processos sociais e do estudo do corpo para a
carreira do profissional de Educação Física.
Contudo, o conteúdo da obra desempenha tamanha importância para os profissionais da
saúde, fazendo com que os mesmos tenham ciência das dimensões simbólicas das expressões e
percepções confeccionadas no meio social, levando em conta o corpo biopsicossocial e cultural.
E dessa forma, refletir sobre questões de gênero e estereótipos que permeiam as discussões da
corporeidade.

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