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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO

DA VARA DO SISTEMA DE JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS DA


COMARCA DE SALVADOR/BA

JOSÉ FABIO REIS CALDEIRA JUNIOR,


brasileiro,divorciado, Técnico Judiciário, portador do RG nº 11945160-33
SSP/BA, inscrito no CPF sob o nº 026.263.205-52, residente na Rua
Augusto Lopes Pontes, n.º 395, Aptº 902, Costa Azul, Salvador/BA vem à
presença de Vossa Excelência, através de seu advogado, Igor dos
Santos Reis Caldeira, Inscrito na OAB/BA n.º 52.509, instrumento de
procuração em anexo, propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de AZUL LINHAS AEREAS BRASILEIRAS, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 09.296.295/0002-40, pelos
motivos de fato e de direito a seguir expostos:

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Requer, inicialmente, a concessão dos benefícios
da gratuidade da justiça, por não ter condições de arcar com as custas
do processo sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, com
escopo no artigo 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50.

II – DOS FATOS
No dia 17 de fevereiro de 2017 o autor comprou
passagens aéreas para sua companheira, Sra. Samille Pereira dos
Santos, juntamente com seus dois filhos menores, Maria Eduarda dos
Santos Reis Caldeira e José Fábio Reis Caldeira Neto, para vôo com saída
da cidade de Salvador/BA com destino à cidade de Ilhéus/BA para a data
de 05 de março de 2017, pagando por meio de transferência eletrônica,
safetypay (Ticket Eletrônico em anexo).
Pagou a Demandante o valor total de de R$
262,24 (duzentos e sessenta e dois reais e vinte e quatro centavos)
pelas passagens aéreas + R$ 89,70 (oitenta e nove reais e setenta
centavos) pelas taxas de embarque.
Importa informar que os passageiros residem na
cidade de Ilhéus e viriam para Salvador, justamente por conta do feriado
de carnaval, sendo a referida viagem de retorno para a sua cidade de
origem.

Acontece que, em virtude de contratempos, o


filho menor do Autor, José Fábio Reis Caldeira Neto (Certidão de
Nascimento em Anexo), não chegou a vir para a cidade de Salvador,
razão pela qual tornou-se absolutamente desnecessária a passagem de
volta.

O autor, então, ligou para a empresa aérea, no


dia 01 de março de 2017 (quatro dias antes da viagem), no telefone
4003 3336, sob o número de protocolo 2017153278239, falando com a
atendente de prenome Estefani, requerendo o cancelamento da
passagem do menor José Fábio Reis Caldeira Neto, bem como o valor
referente ao valor pago por ela, no caso em tela R$78,67 (valor das
tarifas das crianças dividos por dois) + R$29,90 (valor da tarifa de
embarque divido por três), totalizando R$108,57 (cento e oito reais e
cinquenta e sete centavos)
Ocorre que, para a surpresa do autor, fora
informado pela referida atendente que seria cobrada uma multa de
R$210,00 (duzentos e dez reais) pelo cancelamento e, por isso, o autor
não receberia NADA de reembolso.
Conforme é sabido, consoante orientação da
ANAC e disposição do art. 740, § 3º do Código Civil, no caso de
pedido de reembolso de passagem, a empresa aérea deve devolver ao
consumidor, no prazo de 30 dias, o valor pago pela taxa de embarque
(No caso em tela: R$ 29,90) e reter a título de multa 5% do valor pago
pela passagem aérea (Valor pago: R$ 78,67; Valor que deveria ser retido:
R$ 3,93). Devendo devolver à consumidora, ora Acionante, o valor total
de: R$ 104,63 (cento e quatro reais e sessenta e três centavos).
Porém, a acionada não devolveu nada!

É flagrante o desrespeito ao consumidor em


virtude de tal conduta da empresa aérea, expondo a Requerente a uma
situação desagradável e vexatória, frente ao abuso da Companhia Aerea,
bem como do prejuízo que lhe causou, uma vez que : 1) O cancelamento
fora realizado com total antecedência (quatro dias), podendo a
companhia vender a passagem novamente para terceiros; 2) O autor ter
sido cobrado de um serviço que não pode usufruir.

Por todo o exposto, a indenização que se busca


com o ajuizamento da presente ação é o meio adequado para minimizar
os danos sofridos pela Autora e desestimular a Acionada a tomar
condutas desse tipo que ferem o âmago do consumidor e lhe expõe a
constrangimentos e vexame.

III – DO DIREITO
Todos os fatos acima narrados comprovam, de
forma inequívoca, os danos morais causados ao Autor.
Ensina o art. 740, § 3º do CC:
Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato
de transporte antes de iniciada a viagem, sendo-lhe
devida a restituição do valor da passagem, desde que
feita a comunicação ao transportador em tempo de ser
renegociada.
§ 3o Nas hipóteses previstas neste artigo, o
transportador terá direito de reter até cinco por
cento da importância a ser restituída ao passageiro, a
título de multa compensatória.

O CDC é claro quanto à devolução em dobro do


que foi cobrado indevidamente ao consumidor. É o que diz o § único do
art. 42, in verbis: “Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do
que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável”.

O artigo 186 do Código Civil Brasileiro preceitua


in verbis: “Aquele que, pôr ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
O dano moral no dizer de Minozzi “não é o
dinheiro nem a coisa comercialmente reduzida a dinheiro, mas a dor, o
espanto, a emoção, a vergonha, a injúria física ou moral, em geral uma
dolorosa sensação experimentada pela pessoa, atribuída à palavra dor o
mais largo significado”.
Que houve lesão não há dúvida, pois, ao
Requerente até a presente data não recebeu sequer o reembolso a
menor, o que lhe causa sérios prejuízos morais e materiais.
Encontra-se o Demandante em uma situação
vexatória e constrangedora em razão do descaso e desrespeito da
Requerida.
A indenização, como uma obrigação para
reparar danos causados a terceiros deverá ter como motivo principal um
ato ou omissão pelo qual se configure o propósito, a imprudência ou
negligência do seu autor.
A Constituição Federal Pátria, no art. 5º, inciso V
e X, prevê a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem, assegurando resposta proporcional ao agravo e indenização por
dano moral e patrimonial.
A jurisprudência comentando o dano moral: “O
dano simplesmente moral, sem repercussão, não há como ser
provado. Ele existe somente pela ofensa e dele é presumido,
sendo o bastante para justificar a indenização”. (cf. RT 681-163)
Dá análise do caso concreto, é extremamente
injusto que a Acionada, prevalecendo-se de seu poder econômico,
cometa iniquidade desta natureza com a Requerente, expondo-a ao
ridículo, fazendo experimentar a vergonha e a humilhação.
Portanto, baseada na Teoria do Desestímulo, há
de fixar uma indenização capaz de fazer lembrar, e toda vez que
lembrada for, desestimule a Empresa Acionada a agir com má fé e
descaso para com os seus prestadores.
A doutrina nos ensina que é passível de
indenização quando o ato for investido de culpa e que cause prejuízos
morais.
Portanto, fica claro que a pretensão do
Requerente em receber a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), é
moderada e deve ser a Demandada condenada no máximo pretendido,
em virtude de todos os fatos acima apresentados e da condição
financeira da Acionada.

IV – DOS PEDIDOS
1 – A citação da ré, na pessoa de seu representante legal, para
comparecer à seção de Conciliação/Instrução e Julgamento a ser
designada por esse MM. Juízo, de acordo com os Arts. 18 e 19 da Lei nº
9.099/95, nela oferecendo, se quiser, Contestação, sob pena de Revelia e
Confissão;
2 – Requer seja deferida a Gratuidade da Justiça inicialmente requerida
com escopo no art. 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50.
3 – Pelas razões expostas, requer a V. Exa., se digne a ACOLHER
TOTALMENTE OS PEDIDOS VERTIDOS NA EXORDIAL, condenando a
ré a indenizar o Requerente em danos morais no patamar não inferior à
R$ 10.000,00 (dez mil reais) e em danos materiais do valor que
pagou a maior, qual seja, R$ 104,63 (cento e quatro reais e
sessenta e três centavos) em dobro, acrescidos de correção
monetária.
4 – Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito
admitidos, mormente a juntada de outros documentos, oitiva de
testemunhas e do preposto da requerente e outros que se fizerem
necessários.
Por ser o pedido passível de arbitramento por
Vossa Excelência, em conformidade com a jurisprudência predominante,
dá-se valor à causa de R$ 209,27 (duzentos e nove reais e vinte e sete
centavos).
Por fim, requer sejam os pedidos formulados
julgados PROCEDENTES, como medida de direito e de justiça.

Termos em que,
Pede e espera Deferimento.

Salvador, 16 de março de 2017

Igor dos Santos Reis Caldeira


OAB/BA nº 52.509
(Documento assinado eletronicamente)

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