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FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP

SISTEMA IN-CERAM
DE INFRA-ESTRUTURAS
TOTALMENTE CERÂMICAS
IN-CERAM ALL-CERAMIC SYSTEM

SICKNAN SOARES DA ROCHA Pós-graduando em Reabilitação Oral (nível doutorado) do Departamento


de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de
Araraquara – Unesp

GEORGE SCHERRER ANDRADE Cirurgião dentista, especialista em Prótese Dentária pela Faculdade de
Odontologia de Araraquara – Unesp

JOSÉ CLÁUDIO MARTINS SEGALLA Professor assistente doutor do Departamento de Materiais Odontológicos e
Prótese da Faculdade de Odontologia de Araraquara – Unesp

RESUMO ABSTRACT
O sistema In-Ceram de infra-estruturas cerâmicas representa In-Ceram all-ceramic systems represent an excellent alter-
uma excelente alternativa às infra-estruturas metálicas. O In- native to metal-ceramic restorations. The original In-
Ceram Alumina consiste num material à base de Al2O3 (85% Ceram material (Alumina), composed of sintered alumi-
em massa) que após sinterização e infiltração de vidro, apresenta num oxide subsequently infused with glass, features satis-
propriedades mecânicas satisfatórias. Modificações nesta estru- factory mechanical properties. Modifications in the original
tura original proporcionou o surgimento do In-Ceram Spinell, structure resulted in In-Ceram Spinell which was marketed
com maior translucidez e melhor resultado estético, e do In-Ceram more recently to improve esthetic potential, and In-Ceram
Zircônia, com superiores propriedades mecânicas, possibilitando Zirconia with superior mechanical properties that enabled
importante versatilidade ao material. Entretanto, por serem mate- important versatility in the material. However, due to recent
riais relativamente recente, dados de avaliações clínicas longitudi- development, long-term clinical data are necessary to sup-
nais a longo prazo são necessários para que sua aplicação nas port the use of this product for posterior crowns or fixed par-
regiões de grande estresse mastigatório seja propagada. tial dentures.
UNITERMOS: CERÂMICA – ESTÉTICA – INFRA-ESTRUTURA. UNITERMS: CERAMIC – ESTHETICS – SUBSTRUCTURE.

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Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004
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INTRODUÇÃO In-Ceram Spinell (MgAl2O4), melhorou a
As cerâmicas odontológicas apresentam translucidez, enquanto a obtenção da estru-
inúmeras características favoráveis, incluindo tura do In-Ceram Zircônia (Al2O3ZrO2) pro-
biocompatibilidade, baixa condutividade tér- porcionou significativa melhora nas carac-
mica e elétrica, alta resistência à compressão terísticas mecânicas.
e excelente potencial para simular a apa- Isso sugere que o sistema In-Ceram,
rência dos dentes naturais,5 possibilitando a com suas diferentes estruturas, possui uma
obtenção de resultado estético bastante satis- interessante versatilidade, podendo ser apli-
fatório, satisfazendo, desta forma, aos anseios cado nas mais variadas situações clínicas,
do profissional e, sobretudo, do paciente. atendendo aos requisitos mecânicos e estéti-
Por outro lado, esses materiais, inicial- cos. Dessa forma, o objetivo deste trabalho
mente representados pelas porcelanas feldspáti- é abordar os aspectos de relevância clínica
cas, possuem baixa resistência à tração e à associados ao emprego dos sistemas total-
fratura, devido à propagação de trincas pela mente cerâmicos In-Ceram Alumina, Spinell
estrutura interna durante seu processamento e Zircônia.
laboratorial, ou clínico,22 não sendo capazes
de resistir às tensões mecânicas presentes no REVISÃO DA LITERATURA
ambiente bucal.12 Yoshinari e Dérand,30 em 1994, avalia-
Desde a introdução da coroa oca de ram a resistência à fratura de coroas Vitadur
porcelana por Land, em 1887, confeccio- N (Vita), In-Ceram (Vita), Dicor (Dentsply)
nada sobre lâmina de platina, inúmeros siste- e IPS-Empress (Ivoclar), variando o agente
mas de porcelana pura foram desenvolvidos. de cimentação (ionômero de vidro, resinoso
Com a incorporação de pequenos cristais à e fosfato de zinco) e a ciclagem mecânica em
estrutura, como o óxido de alumina (Al2O3), meio aquoso, com 10.000 ciclos. Os resul-
procurou-se reduzir a propagação de trincas, tados mostraram que a resistência à fratura
contornando as limitações mecânicas apre- das coroas Vitadur N diminuiu significativa-
sentadas pelas porcelanas feldspáticas. mente com a ciclagem mecânica, indepen-
Os sistemas mais recentes se fundamen- dentemente do cimento. O cimento resinoso
taram no desenvolvimento de materiais de proporcionou resistência à fratura significati-
infra-estrutura, em substituição ao metal, vamente superior aos demais, que se mostra-
que, associados às porcelanas de cobertura ram iguais, e as coroas de In-Ceram (1276 N)
(feldspáticas), podem proporcionar exce- apresentaram resistência à fratura superior
lente resultado estético sem comprometer o às demais (IPS Empress-891 N, Dicor-840
desempenho mecânico indispensável à lon- N e Viradur-770 N), que não apresentaram
gevidade clínica da restauração. Dentre eles, diferença entre si. Apenas as coroas de In-
podem ser destacados o Procera composto Ceram apresentaram padrão de fratura da
de 99% de Al2O3, processado pelo sistema cerâmica de cobertura, preservando a infra-
CAD/CAM, o IPS Empress e o IPS Empress 2, estrutura, enquanto nas demais ocorreu a
processados pela técnica da cera perdida e fratura total da coroa.
injeção sob pressão, e o In-Ceram. Segui e Sorensen,26 em 1995, avaliaram
O sistema In-Ceram foi introduzido, em a resistência à flexão de três pontos das cerâ-
1987, pelo francês Sadoun e consiste em um micas Mark II (Vita), IPS Empress (Ivoclar),
material cerâmico à base de Al2O3, que é sin- Dicor MGC (Dentsply), In-Ceram Alumina
terizado em densidade extremamente alta e, (Vita), In-Ceram Spinell (Vita) e In-Ceram
posteriormente, infiltrado por vidro,12 o que Zircônia (Vita), utilizando como controle a
lhe confere superiores propriedades mecâni- cerâmica sem reforço cristalino Soda-lime
cas.7, 9, 13, 25, 26, 30 Glass e a porcelana feldspática reforçada
Considerado como o sistema totalmente com leucita VMK 68 (Vita). Pelos dados obti-
cerâmico de maior resistência à fratura,12 o dos, notou-se diferença significativa entre os
In-Ceram é atualmente disponível em três materiais In-Ceram Zircônia (603,7 MPa),
formas: Alumina, Spinell e Zircônia, sendo In-Ceram Alumina (446,42 MPa), In-Ceram
os dois últimos oriundos de modificações no Spinell (377,92 MPa), Dicor MGC (228,88
In-Ceram Alumina original. A substituição MPa), IPS Empress glazeado (127, 67 MPa),

8 de parte do Al2O3, formando a estrutura do Mark II (121,67 MPa), IPS Empress polido

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(97,04 MPa), Soda-lime Glass (92,24 MPa) mina, Spinell e Zircônia, IPS Empres 2) pode
e VMK 68 (70,78 MPa). A cerâmica In- proporcionar bom ajuste e aspecto de natu-
Ceram Zircônia apresentou os maiores valo- ralidade, desde que cuidados sejam tomados
res de resistência à flexão, enquanto as porce- durante os procedimentos de preparação e con-
lanas de controle mostraram-se menos resis- fecção. O sucesso no uso dos materiais total-
tentes que todas as cerâmicas testadas. mente cerâmicos está na apropriada seleção do
Paul et al.,19 em 1995, num relato de sistema, que deve ser baseada nas condições
caso clínico, destacaram o novo sistema In- clínicas envolvidas no procedimento restau-
Ceram Spinell. Segundo os autores, esse sis- rador específico. Destacou, ainda, que todos
tema contorna os problemas de transmissão os sistemas apresentam limitações e, quando
de luz do In-Ceram Alumina, que possui se tenta extrapolá-las, a taxa de sucesso tende
uma cor esverdeada, causada pela opaci- a cair drasticamente.
dade do material de núcleo de Al2O3. O In- Tinschert et al.,28 em 2001, determina-
Ceram Spinell permitiria um resultado estético ram a resistência à fratura de próteses par-
muito superior, pela combinação do núcleo ciais fixas de três elementos, confeccionadas
spinel com a nova cerâmica feldspática Vita- com novos materiais cerâmicos para infra-
dur Alpha. Além do fator estético, o fabri- estruturas (IPS Empress, IPS Empress 2 –
cante (Vita Zahnfabrik) reporta que o núcleo técnica de injeção sob pressão, In-Ceram
possui uma resistência à flexão de 350 MPa. Alumina, In-Ceram Zircônia e DC-Zircon
Dessa forma, acreditam ser um material pro- – técnica de CAD/CAM). Os resultados mos-
missor para restaurações anteriores de por- traram os maiores valores de resistência à
celana pura. A qualidade de transmissão de fratura para as cerâmicas de zircônio par-
luz seria similar à do dente natural e a resis- cialmente estabilizadas, sugerindo que elas
tência à flexão reportada deve servir de base possam ser indicadas para restaurações em
para avaliações clínicas futuras. regiões expostas a altos estresses, como nos
Magne e Belser,17 em 1997, determina- molares. Porém, foi destacado que é preciso
ram a resistência à flexão e à densidade e fize- ter cuidado na extrapolação dos dados de
ram uma avaliação estética subjetiva in vivo laboratório para as situações clínicas porque
(iluminação direta, transiluminação e fluores- muitas variáveis in vivo não estão presentes,
cência) do In-Ceram Alumina e Spinell. Os devendo haver estudos adicionais para asse-
autores destacaram que o In-Ceram Spinell gurar que os resultados in vitro possam ser
proporciona um melhor resultado estético transferidos para as situações clínicas.
que o In-Ceram Alumina, porém apresenta Schalch,24 em 2003, avaliou as proprie-
uma redução significativa nas suas proprie- dades mecânicas (resistência à flexão, resis-
dades mecânicas, quando comparado ao In- tência à tração diametral e dureza Vickers) dos
Ceram original. materiais para infra-estrutura IPS Empress 2
Haselton et al.11 e McLaren e White,18 e In-Ceram Zircônia. Diante dos resultados –
em 2000, avaliaram a performance clínica superioridade do In-Ceram Zircônia quanto
de coroas In-Ceram. No segundo estudo, foi à resistência à flexão e a dureza Vickers, e
obtida uma taxa de sobrevivência de 96% superioridade do IPS Empress 2 quanto à
após um período de três anos, sendo sugerida resistência à tração diametral –, o autor res-
uma performance clínica satisfatória, com salta que a decisão pela indicação de um
apenas um leve risco de fratura do núcleo, material não pode ser baseada em apenas
podendo a restaurações de In-Ceram serem uma propriedade, visto que a relação entre as
usadas nas restaurações odontológicas. Esses três propriedades mecânicas não é a mesma
resultados corroboraram os obtidos por Probs- para os materiais estudados.
ter,22 em 1993, que avaliou a performance clí-
nica de 76 coroas de In-Ceram, encontrando DISCUSSÃO
um desempenho favorável, com uma taxa de A incorporação de óxidos à matriz vítrea
sobrevivência acumulada de 93,3% para um foi o método utilizado para o aprimora-
período de 12 meses. mento mecânico das porcelanas convencio-
Segundo Giordano,10 qualquer um dos nais (feldspáticas), as primeiras a serem apli-
sistemas cerâmicos para infra-estrutura atual- cadas na confecção de coroas ocas sem infra-
mente disponíveis (Procera, In-Ceram Alu- estrutura metálica.
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Os resultados alcançados são considera- Em contrapartida, as mudanças resulta-
dos satisfatórios,13, 25, 30 sendo o óxido de alu- ram na redução significativa da resistência à
mínio (Al2O3) o mais extensivamente empre- flexão da estrutura Spinell, que, de acordo
gado, representando cerca de 85% em massa com Segui e Sorensen,26 representa cerca
do In-Ceram original (Alumina). de 75% da resistência do In-Ceram Alu-
No processamento desse sistema, ocorre, mina. Outros estudos que compararam as
inicialmente, a sinterização da massa, for- propriedades mecânicas dos dois sistemas
mada pela saturação do pó de Al2O3 com também reportaram essa diferença como
água destilada, a 1.120ºC por duas horas. conseqüência do núcleo de alumina.13, 17, 19
A estrutura obtida é extremamente porosa Dessa forma, esse novo sistema é indicado
e frágil, recebendo, em seguida, a infiltração com segurança para situações clínicas em
de vidro de silicato de lantânio a 1.100ºC que o fator estético seja imprescindível e
por quatro horas (Vita All-ceramic Systems, a restauração não fique exposta a grandes
Vita Zahnfabrik, Bad Sackingen, Alemanha). tensões mastigatórias, como coroas unitárias
Posteriormente, a infra-estrutura é reco- anteriores e inlays.19, 23
berta com porcelana feldspática convencio- Buscando ampliar a aplicabilidade clí-
nal (Vitadur), para obtenção do resultado nica – incluindo coroas e próteses parciais
estético. fixas posteriores –, mais recentemente a Vita
Com o processo de infiltração, o vidro desenvolveu o sistema In-Ceram Zircônia.
ocupa os espaços intersticiais (poros) e dimi- Enquanto no In-Ceram Spinell houve a subs-
nui a quantidade de fendas e irregularidades tituição de alumina por MgO, melhorando
de superfície, aumentando significativamente o resultado estético, neste sistema, parte do
a resistência do material.9 Al2O3 foi substituída por ZrO2, que repre-
Outro aspecto favorável do processo de senta 33% da estrutura cristalina.
infiltração refere-se à diferença entre os coe- A estrutura do In-Ceram reforçado com
ficientes de expansão térmica da alumina óxido de zircônio é mais opaca e possui resis-
e do vidro, que gera forças compressivas e tência à flexão cerca de 20% maior que a do
estresse residual na interface alumina/vidro, sistema In-Ceram Alumina.1, 26 Esse melhor
neutralizando parte das forças de tração que comportamento seria conseqüência da trans-
atuam sobre a infra-estrutura cerâmica, limi- formação de fase cristalina, de monoclínica
tando a propagação de trincas.9 para tetragonal, que ocorre durante o pro-
Como limitação, a alta concentração de cessamento, provocando uma expansão volu-
Al2O3 presente no In-Ceram Alumina, em métrica de 3 a 5%. Isso gera a formação
torno de 85% em massa, resulta numa infra- de forças compressivas na interface alumina/
estrutura relativamente opaca, podendo causar vidro, limitando a propagação de trincas.
o esverdeamento da porcelana de cobertura.19 Diante da alta opacidade da infra-estru-
Desenvolvido recentemente, o sistema tura resultante, podendo comprometer o
In-Ceram Spinell (MgAl2O4) representa uma resultado estético, e da influência positiva
modificação na estrutura original do In- do zircônio nas propriedades mecânicas,
Ceram, substituindo-se parte do Al2O3 por esse novo sistema tem sido indicado para
óxido de magnésio (MgO). Com isso, o pro- restaurações e próteses parciais fixas poste-
blema de transmissão de luz foi contornado, riores.6
visto que o novo material possui uma maior Considerando as características mecâni-
translucidez, sendo capaz de combinar com o cas e estéticas reportadas para os três tipos
substrato subjacente, resultando num resul- de sistemas In-Ceram, na tabela 1, estão
tado estético muito superior.17, 19 expostas suas prováveis indicações.

TABELA 1. INDICAÇÕES DOS SISTEMAS IN-CERAM.


Tipo de material Indicações
In-Ceram Spinell Inlays e coroas anteriores
In-Ceram Alumina Coroas anteriores e posteriores e próteses fixas anteriores de três elementos
In-Ceram Zirconia Coroas e próteses fixas posteriores de três elementos
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Apesar de a maioria das investigações que se evite o cimento de fosfato de zinco,


sobre os sistemas cerâmicos para infra-estru- visto que sua opacidade pode comprometer
tura estar focada nas propriedades mecâni- o resultado estético.
cas, a longevidade clínica no longo prazo Considerando a complexidade dos ciclos
das restaurações é significativamente influen- mastigatórios aos quais as restaurações total-
ciada pela discrepância marginal.29 Daí a mente cerâmicas são submetidas na cavi-
importância em se preocupar, também, com dade bucal, estudos têm procurado utilizar
a obtenção de uma satisfatória adaptação da os ensaios de ciclagem mecânica e térmica,
restauração com a estrutura dentária prepa- por se acreditar que sejam capazes de simu-
rada. lar melhor as condições bucais quando com-
Pera et al.,20 avaliando a estabilidade parados aos testes estáticos, como as resis-
dimensional e a adaptação marginal de coroas tências à fratura e à flexão.7, 27, 30 Parece haver
In-Ceram com três diferentes configurações consenso entre os pesquisadores de que a
cervicais – chanfro, ombro marginal de 50º e ciclagem provoque redução significativa na
ombro de 90º –, notaram que a infra-estrutura resistência à fratura dos materiais totalmente
cerâmica permaneceu estável após aplicação cerâmicos.
da porcelana de cobertura Vitadur-N. Quanto Reportando os estudos revisados, nota-se
à adaptação marginal, os melhores resultados uma considerável variação nos valores de
foram obtidos com as terminações em chan- resistência dos sistemas cerâmicos testados.
fro e em ombro de 50º, sendo essas, portanto, De acordo com Chong et al.,6 isso se deve à
as preferidas para a preparação de dentes que formação de defeitos internos durante o pro-
receberão infra-estruturas de In-Ceram. cessamento dos materiais. Outro fator que
Quanto à cimentação das restaurações pode influenciar é a diferença na metodolo-
In-Ceram, há algumas particularidades. Nas gia, incluindo testes de resistência à flexão
porcelanas convencionais à base de sílica biaxial de três e quatro pontos.
(feldspáticas) e nas cerâmicas de vidro (IPS No próprio sistema In-Ceram, os valo-
Empress), o condicionamento da superfície res de resistência à flexão variaram de 243 a
interna da restauração com ácido hidro- 530 MPa (Alumina), 283 a 377 MPa (Spi-
fluorídrico associado aos cimentos resino- nell) e 421 a 603 MPa (Zircônia). Isso evi-
sos proporciona suficiente resistência de dencia o cuidado que se deve ter na indi-
união,3, 14 além de aumentar a resistência à cação de um material pelos valores de testes
fratura das restaurações.2, 25 mecânicos laboratoriais,28 não sendo reco-
Segundo Kern e Thompson,14 como nas mendável a consideração de apenas uma pro-
cerâmicas In-Ceram os cristais de sílica foram priedade, visto que os materiais podem ter
substituídos por alumina, magnésio e zircô- comportamentos diferentes frente às várias
nio, os ácidos hidrofluorídricos e cimentos à propriedades.24
base de Bis-GMA não são efetivos na pro- Dados realmente confiáveis são aqueles
moção de união, sendo necessárias técnicas provenientes de avaliações clínicas a longo
alternativas de cimentação. União durável a prazo. Alguns estudos11, 18, 21 demonstraram
longo prazo foi alcançada com a combinação uma performance clínica satisfatória do sis-
de sistema triboquímico de silanização (Roca- tema In-Ceram, mas os dados são limitados
tec – Espe) e resina composta convencional em função do curto período de avaliação, em
de BIS-GMA ou com a combinação de jatea- torno de quatro anos.
mento de Al2O3 associado aos cimentos resi- Dessa forma, considerando que os siste-
nosos modificados com monômero fosfato mas cerâmicos para infra-estrutura são rela-
(MDP), que apresenta união química aos tivamente recentes e a maioria dos dados
óxidos de alumínio e zircônio.14, 15 disponíveis é oriunda de estudos in vitro,
Resultados clinicamente satisfatórios de não havendo evidências científicas para sua
resistência de união e à fratura têm sido recomendação, é prudente que sejam res-
reportados, também, com o uso de cimentos peitadas suas limitações10 e se aguarde
convencionais, fosfato de zinco e ionômero estudos longitudinais futuros para que se
de vidro associados ao jateamento da super- possa indicar com segurança esses mate-
fície interna com Al2O3.4, 8, 16 No caso espe- riais para a confecção de restaurações e
cífico do In-Ceram Spinell, é recomendado próteses parciais fixas posteriores.
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CONCLUSÃO 11. Haselton DR, Diaz-Arnold AM, Hillis SL. Clinical assess-
ment of high-strength all-ceramic crowns. J Prosthet Dent,
Da abordagem da literatura revisada, St. Louis, 2000; 83 (4):396-401.
podem ser extraídas as seguintes conclusões: 12. Huls A. All-ceramic restorations with the In-Ceram system.
• o sistema In-Ceram Spinell proporciona 6 years of clinical experience. A short manual, 1995 fev.
excelente resultado estético, mas limita- 13. Hwang JW, Yang JH. Fracture strength of copy-milled and
conventional In-Ceram crowns. J Oral Rehabil, Oxford,
das propriedades mecânicas, não sendo 2001 jul; 28:678-83.
indicado para regiões em que há grande 14. Kern M, Thompson VP. Bonding to glass infiltrated alu-
estresse mastigatório; mina ceramic: adhesive methods and their durability. J
• o In-Ceram Zircônia parece ter exce- Prosthet Dent, St. Louis, 1995 mar; 73 (3):240-9.
15. Kern M, Wegner SM. Bonding to zirconia ceramic: adhe-
lentes características mecânicas; entre- sion methods and their durability. Dent Mater, Copenha-
tanto, por ser bastante recente, são gen, 1998 jan; 14:64-71.
necessários estudos clínicos longitudi- 16. Leevailoj C, Platt JÁ, Cochran MA, Moore BK. In vitro
nais a longo prazo para que seu desem- study of fracture incidence and compressive fracture load
of all-ceramic crowns cemented with resin-modified glass
penho mecânico possa ser confirmado ionomer and other luting agents. J Prosthet Dent, St.
clinicamente nas coroas e próteses fixas Louis, 1998 dez; 80 (6):699-707.
posteriores; 17. Magne P, Belser U. Esthetic improvements and in vitro tes-
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Zircônia, por meio de modificações na 18. McLaren EA, White SN. Survival of In-Ceram crowns in
estrutura do sistema In-Ceram Alumina, a private practice: a prospective clinical trial. J Prosthet
sugere uma importante versatilidade do Dent, St. Louis, 2000 fev; 83 (2):216-22.
sistema, aumentando sua aplicação clí- 19. Paul SJ, Pietrobon N, Scharer P. The new In-Ceram Spi-
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