2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Conceito
A sobremordida exagerada, ou sobremordida profunda é uma má-oclusão
vertical, que caracteriza-se pela sobreposição vertical excessiva dos incisivos
inferiores pelos incisivos superiores. De acordo com MOYERS, 1991, é difícil
definir exatamente o que é uma sobreposição excessiva, mas, quando o tecido
mole do palato está sendo atingido ou a saúde das estruturas de suporte está
comprometida, certamente essa mordida é excessivamente profunda.
Uma variação maior na profundidade da mordida pode ocorrer, mas sem
perigo para a oclusão ou saúde das estruturas de suporte.
2.2 Incidência
De acordo com BISHARA, 2001, a sobremordida profunda é a discrepância
vertical mais comum.
TURLEY, 1993, afirma que a sobremordida anterior excessiva é um
problema observado em aproximadamente 10% da população e freqüentemente
está associada a um mau relacionamento vertical e ântero-posterior da maxila
com a mandíbula, geralmente à má-oclusão de Classe II. Os americanos brancos
apresentam uma incidência mais alta de sobremordida excessiva (11,7%) que os
americanos africanos (1,4%) e, não é de se surpreender que, as crianças
americanas brancas também apresentem o dobro da má-oclusão de Classe II
(33,6%) que as crianças americanas africanas (18%).
3
2.4 Classificação
De acordo com a sua etiologia, a sobremordida poderá ser classificada em
dentária ou esquelética.
Os pacientes com sobremordidas profundas esqueléticas geralmente são
caracterizados pelo crescimento para cima e para frente do côndilo mandibular
com erupção reduzida dos dentes posteriores e crescimento maxilar vertical
reduzido (TURLEY, 1993).
A sobremordida profunda dentária caracteriza-se por envolver apenas os
elementos dentários (CABRERA e CABRERA, 1997).
2.5 Tratamento
Abordagem Ortodôntica
dos dentes posteriores, a qual está geralmente associada a uma altura facial
inferior diminuída.
Um batente de mordida anterior é incorporado a um aparelho removível, de
maneira que os incisivos inferiores ocluam com o batente situado lingualmente aos
incisivos superiores. Esta solução impede os dentes posteriores de ocluírem e
estimula a erupção dos mesmos, a qual pode levar muitos meses. O aparelho
precisa ser utilizado de forma integral nesta fase do tratamento.
A erupção posterior é difícil de controlar, e uma vez que a dimensão vertical
apropriada tenha sido estabelecida, o uso do batente deve continuar, ou os dentes
anteriores irão erupcionar e a sobremordida irá recidivar.
De acordo com MOYERS, 1991, se a sobremordida parece excessiva na
dentição mista quando existe uma relação de Classe I molar e uma morfologia
esquelética normal, isso se deve, em geral, a um ou mais dos fatores relacionados
abaixo:
a) Desenvolvimento vertical exagerado das regiões incisais
b) Elevação inadequada dos primeiros molares superiores
c) Falha no reconhecimento de um estágio normal de desenvolvimento. A
sobremordida é maior depois da irrupção dos incisivos permanentes e diminui
com a irrupção dos dentes posteriores.
A irrupção dos primeiros molares pode ser auxiliada pelo uso de um plano
de mordida maxilar o os incisivos intruem com o seu uso. Esta aparelhagem
pode ajudar se a Curva de Spee é excessiva.
A aparelhagem ortodôntica funcional dos maxilares é ideal para direcionar
o desenvolvimento esquelético vertical e para controlar o crescimento alveolar de
adaptação na Classe I com sobremordida profunda e também na Classe II.
Quando for necessário intruir, inclinar ou reposicionar os molares ou
incisivos, PROFFIT, 1995, recomenda o uso de um arco utilidade, que será
discutido posteriormente.
Numa relação molar de Classe II, o tratamento da sobremordida deverá
estar associado ao tratamento da má-oclusão de Classe II. Nos casos mais
moderados, utiliza-se uma placa de mordida ou uma aparelhagem ortopédica
10
funcional dos maxilares, em conjunto com uma terapia com aparelhagem fixa
completa. O tratamento de adolescentes, em casos moderadamente severos, tem
normalmente mais sucesso em meninos do que em meninas, porque aqueles,
normalmente, têm um maior crescimento futuro para ser utilizado no tratamento.
Casos mais sérios de sobremordida profunda complexa podem requerer uma
cirurgia ortognática, posteriormente (MOYERS, 1991).
A seguir serão tecidas algumas considerações a respeito do crescimento
facial, e como ele pode influenciar no tratamento da sobremordida profunda.
Visto do plano sagital, isto é, de perfil, o crescimento maxilo-facial normal
ocorre em uma direção inferior e anterior. Em geral, o crescimento vertical (altura
facial) é o último a ser completado. Os ortodontistas utilizam o crescimento para
melhorar os resultados do tratamento mecânico. Em relação à correção da
sobremordida profunda, a maior preocupação refere-se ao crescimento vertical
das estruturas alveolares. O crescimento diferencial entre a mandíbula e a maxila
criam um espaço para o desenvolvimento vertical do processo alveolar, o qual o
ortodontista pode utilizar para a correção da sobremordida profunda.
A movimentação diferencial, entre os dentes anteriores e posteriores para
este espaço, permite a correção da sobremordida, sem alterar o perfil do paciente
(BISHARA, 2001).
Posição do incisivo
A avaliação da posição do incisivo é crítica, como demonstrado pelos dois
fatores precedentes. Se os incisivos estão retruídos e podem ser avançados, a
abertura da mordida é significativamente aumentada. Se eles estão protruídos e
devem ser retraídos, a sobremordida tende a aprofundar-se e o controle da
mesma torna-se mais difícil.
17
Apinhamento
A avaliação do apinhamento é importante, mas, a menos que seja severo,
não tem nenhuma precedência sobre as considerações do padrão vertical, padrão
horizontal e posição do incisivo. Se todos estes três fatores favorecem o
tratamento sem extração, então todos, menos os casos severamente apinhados,
podem ser tratados sem extrações usando procedimentos de ganho de espaço,
que incluem inclinação e retração dos molares, expansão e inclinação dos
segmentos bucais, avanço dos incisivos, e criterioso desgaste interproximal; se os
outros três fatores favorecem o tratamento com extração, então, mesmo os casos
minimamente apinhados podem ser satisfatoriamente, resolvidos com as
extrações.
Abordagem oclusal
3 CONCLUSÃO
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUME, L.J. Physiological tooth migration and its significance for the
development of occlusion IV: The Biogenesis of Overbite. J. Dent. Res.
v.29, p. 440-47, 1950.
DAKE, M.L. e SINCLAIR,P.M. A comparison of the Ricketts and Tweed – type arch
leveling techniques. Am. J. Orthod. v. 95, p. 72 – 78, 1989.
REIDEL, R.A A review of the retention problem. Angle Orthod. v.30, p. 179 –
194, 1960.
WALTER, D.C. Changes in the form and dimensions of dental arches resulting
from orthodontic treatment. Angle Orthod. v.23, p.3 – 18, 1953.