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"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando


por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo
nível."
CONTOS de
DIÁRIOS do VAMPIRO
L.J. Smith
Des cobri u que queri a s er es cri tora em al gum momento entre o j ardi m de
i nfânci a e o pri mei ro ano. M ui tos de s eus l i vros foram i ns pi rados nos
própri os pes adel os . O pri mei ro romance, The Ni g ht of the Solsti ce, foi publ i cado no
ano em que el a s e formou na facul dade.
Atual mente, vi ve na Cal i fórni a com um cachorro, três gatos e cerca de dez
mi l l i vros . A s éri e Di ári os do Vampi ro foi l ançada ori gi nal mente em 1991.
s éri e Diár ios do Vamp ir o
O Despertar
O Confronto
A Fúri a
Reuni ão Sombri a

s éri e Diár ios do Vamp ir o: O Retor no


Anoi tecer
Almas Sombri as
Mei a-Noi te

s éri e Diár ios de Stefan


Ori g ens
Sede de Sang ue
The Cravi ng
The Ri pper
The Asylum
The Compelled

s éri e Diár ios do Vamp ir o: Caçador es


Espectro
Moonsong
Desti ny Ri si ng

s éri e Diár ios do Vamp ir o: A Salvação


Unseen
Unspoken
TB A

Contos de Diár ios do Vamp ir o


Matt & Elena: Pri mei ro Encontro ( s e pas s a antes da s éri e ori gi nal )
B onni e & Damon: Depoi s do Expedi ente ( s e pas s a durante a s éri e ori gi nal )
O Sang ue Di rá ( fi nal al ternati vo de Reuni ão Sombri a)
As Árvores ( s e pas s a após Reuni ão Sombri a)
Matt & Elena: Déci mo Encontro no Lag o Wi ckery ( s e pas s a antes da s éri e ori gi nal )
O Natal de Elena
L.J. Smith

CONTOS de
DIÁRIOS do
VAMPIRO

M att & E lena:


Pr imeir o E ncontr o
Dedi cado à Red e Natali a —umdoce conto de amor novo desabrochando
Um encontro... com E l ena Gi l bert!
M att nervos amente abri u s ua cartei ra de novo e contou o di nhei ro. Uma
s obra de dez dól ares e s es s enta centavos do que os s ei s vi zi nhos do beco s em
s aí da havi am l he dado para j untar todas as fol has de outono de cada j ardi m
em uma gi gante pi l ha de foguei ra.
O res to ti nha i do ao comprar es s a nova cal ça cas ual / formal . Uma s obra
de s ete dól ares e vi nte centavos de l i mpar o áti co e cortar grama — o res to des s e
di nhei ro ti nha s i do cui dados amente i nves ti do na j aqueta que el e es tava
us ando nes s e momento — uma j aqueta do ti me da es col a não s eri a boa, não
nes s a ocas i ão, e el e ti nha ouvi do fal ar que E l ena não gos tava del as . Uma nota
de dez dól ares por aj udar o Sr. M ul doon a trocar cui dados amente todas as
l âmpadas de s ua cas a que o vel ho caval hei ro não cons egui a mai s al cançar.
Vi nte e s ete dól ares e vi nte e s ei s centavos ... mai s...
E l e vi rou a cartei ra e a puxei de s eu l ugar de honra es peci al — um
comparti mento es condi do na l ateral da cartei ra. E al i es tava, dobrada ao mei o,
tão nova e com aparênci a j ovem quanto quando s eu ti o Joe ti nha dado a el e.
Uma nota de cem dól ares .
E l e cons egui a s e l embrar do ti o Joe — ti o-avô, na verdade, mas s empre o
chamou de ti o, pres s i onando a nota em s ua mente enquanto as enfermei ras
es tavam fora do quarto. “Não gas te s i mpl es mente com qual quer coi s a, ” ti o Joe
ti nha s us s urrado com s ua voz ás pera. “Guarde até uma ocas i ão es peci al
chegar. Você s aberá quando for a hora certa.
E pel o amor de Deus ” uma paus a, enquanto o ti o Joe ti nha um l onge e
contes tante ataque de tos s e e M att o aj udou a s e l evantar — “cê não ous e gas tar
em ci garros , certo? Não pegue es s e hábi to, garoto, porque s ó vai te trazer
s ofri mento.”
E ntão M att genti l mente abai xou o ti o Joe. A tos s e de es pati far vi dro
es tava começando e M att queri a uma enfermei ra para veri fi car o ní vel de
s aturação do oxi gêni o do ti o Joe. E s tava 85 quando devi a es tar 100 — tal vez o ti o
Joe preci s as s e de mai s oxi gêni o.
Is s o ti nha s i do há exatamente doi s anos e doi s di as . Há exatamente doi s
anos de hoj e, o ti o Joe ti nha morri do.
M att percebeu que es tava es fregando um pul s o em s ua coxa,
dol oros amente. E ra di fí ci l , di fí ci l s e l embrar de como ti o Joe ti nha i do.
M as agora, ol hando para aquel a nota de cem dól ares , tudo o que M att
cons egui a pens ar era naquel e s orri s o traves s o do vel ho homem e de s uas
pal avras ás peras , “ Você saberá quando for a hora certa.” Si m, ti o Joe s oubera, não
s oubera? M att teri a ri do até doer s e o ti o Joe ti ves s e di to à el e no que el e es tari a
gas tando s eu preci os o di nhei ro.
Com apenas quatorze, os pens amentos do j ovem M att s obre garotas e
pi ol hos não ti nham s e s eparado compl etamente. E s tá bem, es tão el e ti nha
des abrochado tardi amente, ti nha aprendi do devagar. M as agora el e ti nha
recuperado. E el e i ri a us ar s ua cal ça nova e uma cami s a pas s ada, uma
gravata de verdade que s ua mãe ti nha l he dado no úl ti mo Natal , e s ua
noví s s i ma j aqueta cas ual para o mai s maravi l hos o evento que el e podi a
i magi nar.
Gas tar mai s de cem dól ares em uma noi te com E l ena Gi l bert.
E l ena... s ó de pens ar o nome del a j á o fazi a s e s enti r como s e es ti ves s e
banhando na l uz do s ol . E l a era a l uz do s ol . Com aquel e maravi l hos o cabel o
dourado que fl utuava até a metade de s uas cos tas , com s ua pel e, da cor de fl or
de maci ei ra, mes mo após a temporada de bronzeamento, com s eus ol hos que
nem pi s ci nas azui s l umi nos as e manchadas por dourado, e s eus l ábi os ...
Aquel es l ábi os . Junto com aquel es ol hos , el es podi am vi rar um cara de
cabeça para bai xo e de dentro para fora num i ns tante. Na es col a aquel es l ábi os
eram s empre um l i gei ro bei ci nho de model o, como s e para di zer “Bem,
real mente! E u es pero mai s do que i s s o!”
M as E l ena não fari a bei ci nho hoj e à noi te. M att não s abi a de onde
ti nha ti rado a coragem — el e l ogo teri a derrubado um bal de de gel o na cabeça
do trei nador de futebol ameri cano Si mps on depoi s de el es terem perdi do um
j ogo -, mas el e ti nha cons egui do chegar e convi dá-l a para s ai r. E agora, com a
nota de cem dól ares do ti o Joe, el e i ri a l evar E l ena Gi l bert em um encontro de
verdade, para um res taurante francês de verdade: um encontro que el a nunca
es queceri a.
M att ol hou aguçadamente para o rel ógi o. Hora de i r! E l e certamente não
poderi a s e atras ar.
“E i , mãe! São qui nze para as s ete. E s tou cai ndo fora!”
“E s pera, es pera, M att!” A Sra. Honeycutt, pequena e redonda e chei rando
à bi s coi tos , vei o quas e correndo pel o corredor. “Indo embora s em ao menos me
dei xar vê- l o?” el a repreendeu, s eus ol hos bri l hando. “Quem pas s ou es s a
cami s a, pos s o perguntar? Quem ouvi u fal ar da l i qui dação de j aquetas em
pri mei ro l ugar?”
M att deu um fi ngi do grunhi do e então fi cou parado, corando
genui namente, enquanto el a ol hava para el e.
Fi nal mente, a Sra. Honeycutt s us pi rou. “E u tenho um fi l ho mui to l i ndo.
Você parece com o s eu pai .”
M att cons egui a s e s enti r fi cando um vermel ho ai nda mai s profundo.
“Agora, você vai us ar o s eu s obretudo—"
“É , é cl aro, mãe.”
“Tem certeza de que tem di nhei ro o bas tante?”
“Si m!” M att di s s e. Si m! el e pens ou j ubi l antemente.
“Quero di zer, es s a meni na Gi l bert, você ouve todo o ti po de coi s as s obre
el a. E l a s ai com garotos de facul dade. E l a es pera a l ua em s eus encontros .
E l a não tem pai s para s upervi s i oná-l a. E l a—"
“M ãe, eu não l i go com quem el a s ai u; eu tenho um monte de di nhei ro;
e el a vi ve com a ti a del a — como s e fos s e cul pa del a que os pai s del a
morreram! E s e eu fi car parado aqui mai s um mi nuto, eu vou acabar
recebendo uma mul ta por ul trapas s ar a vel oci dade! ”
“Bem, s e você apenas me dei xar achar a mi nha bol s a, eu te dou dez
dól ares , para você es tar coberto, s ó por precaução—"
“Sem tempo, mãe! Noi te!”
E el e es tava na garagem, chei rando os chei ros fami l i ares de graxa e
ól eo e ferrugem e mofo.
Seu carro — bem, el e mei o que es perava que E l ena não ol has s e para
s eu carro. E l e a ti nha empurrado para dentro e para fora del e. E ra apenas
uma col eção de partes vari adas de s ucata que M att ti nha de al go modo
arranj ado para acopl ar no es quel eto dos des troços do de s eu pai e fazê-l o vi rar
um veí cul o. E m s ua própri a mente, el e s e referi a à el e como “Pi l ha de Li xo”.
M as não havi a nada que el e pudes s e fazer a res pei to, então el e apenas
es perava que E l ena não vi s s e mui to na es curi dão. E l e ti nha o cami nho para o
Chez Amaury memori zado, para que el e não preci s as s e acender a l âmpada
i nterna.
Ai meu Deus !
E s s a era a rua del a. E l e j á es tava aqui ! Com um ti po de engol i del a
arfante que não cons egui a evi tar, M att s ol tou s eu col ari nho um pouco
enquanto vi rava. E l e s enti a como s e es ti ves s e s e afogando.
E s tá bem. E ngol e. Do l ado de fora da cas a del a. Ti rando da i gni ção.
Ti rando as chaves .
E s tá bem. E ngol e. Chaves no bol s o. Do l ado de fora da porta da frente.
E s tá bem — arfa — dedo na campai nha. M att pas s ou cerca de um
mi nuto tomando coragem e então s e forçou a apertar o pequeno botão redondo.
Si nos di s tantes ...
E então el e ol hava para a mul her magra e um tanto comum, que l he deu
um s orri s o bri l hante e di s s e, “Você deve s er o novo par de E l ena. E ntre, entre.
E l a ai nda es tá l á em ci ma, você conhece es s as meni nas ...”
A mul her pareci a tão hos pi tal ei ra e bondos a quanto s ua própri a mãe, e
el a fez tudo que pôde para dei xá-l o confortável . M as eventual mente houve
uma paus a na convers a que não pôde s er i gnorada.
“V-você é a ti a Judi th da E l ena, não é?” M att cons egui u di zer.
“Si m! Ah, não me di ga que eu es queci de me apres entar novamente!
Si m, vá em frente e me chame de ti a Judi th como todo o res to. Aqui , vou pegar
uns s al gadi nhos ou al go enquanto você es pera. E s s as meni nas , s abe. E H-
ZE / -NAAA!” E l a s e apres s ou enquanto M att contrai a-s e e s e i mpedi a
res ol utantemente de cobri r s uas orel has .
“Aqui es tá; um pouco de Fri tos {1} , ” ti a Judi th es tava s e apres s ando com
uma ti gel a. M as os ol hos de M att não es tavam nel a. E l es es tavam na vi s ão
em azul des cendo a es cada.
M att ti nha ouvi do fal ar de al go s er tão maravi l hos o que l he exaus tava os
ol hos , mas el e nunca i magi nou que el e i ri a real mente ver al go pareci do com
es s a metáfora em carne e os s o. E , no entanto, aqui es tava, na frente del e,
des cendo a es cadari a.
E l ena era um anj o.
Is s o era o que es s e ves ti do de al gum j ei to i mpl i cava. E ra... bem, M att
não s abi a os nomes certos para tai s coi s as , mas era s e al ça e mei o que s egui a
as curvas del a no topo. A cor é um pál i do azul -prateado que o fazi a pens ar na
l uz do l uar na neve. A parte de ci ma era bordada com al gum ti po de mi çanga
cl ara, e havi a uma fl or prateada em um ombro. A cauda do ves ti do era camadas
e camadas de al gum materi al trans parente — chi ffon? — e as camadas
es pumavam e borbul havam até os j oel hos de E l ena. Suas l i ndas pernas
compri das pareci am ai nda mai s compri das e l i ndas do que o normal , e el a
es tava us ando um adorável s apato de s al to al to prata com fl ores que
combi navam com s eu ves ti do.
E l ena s orri u para el e enquanto des ci a a es cada e por apenas um
i ns tante M att pens ou em todos os outros caras para os quai s el a ti nha s orri do
daquel a manei ra. Des cer daquel a es cada toda arrumada era uma
ci rcuns tânci a normal para el a, s orri r para um cara era uma coi s a do di a-a-di a.
M as então M att des pachou o pens amento de s ua cabeça. E l e e E l ena teri am
uma noi te maravi l hos a j untos . Hoj e à noi te aquel e s orri s o era s ó para ele.
“E s cute, eu quero que tenha certeza de s e manter aqueci da—" ti a Judi th
começava, quando E l ena, nunca ti rando s eus ol hos dos del e-, di s s e, “Ol á,
M att.”
Sua voz era doce, com apenas um traço do s otaque s ul i s ta que demorava-
s e em s eus ouvi dos . Fazi a tudo que el a di zi a s oar como um s egredo que el a
es tava contando s omente à você.
Al go fi cou pres o na garganta de M att. E l e não cons egui a fazer uma
pal avra s ai r, não enquanto el e es tava tão perto del a, tão perto que cons egui a
s enti r s eu perfume. E l a chei rava a ros as no verão, e à l avanda de um baú
vel ho. E também à... outro chei ro que devi a s er s ua fragrânci a natural , eau de
Elena. M att es tava fel i z por ter ras pado a s uj ei ra e graxa de s uas unhas com
uma es cova de dentes e es fregado o res to de s i mes mo até fi car vermel ho como
uma l agos ta em um es forço de s e l i vrar os chei ros do carro vel ho e do áti co
mofado.
M as el e ai nda não ti nha fal ado. E então de al gum modo, o vel ho ti o Joe,
que pareci a vi ver no bol s o tras ei ro de M att, deu-l he uma bofetada e as
pal avras , “Você es tá l i nda, E l ena, ” s aí ram apres s adas .
E l a real mente es tava l i nda. Sua pel e era como pétal as de magnól i a, mas
s empre com aquel e fraco tom de ros a s obre s uas bochechas . E l a não es tava
us ando maqui agem vi s í vel à M att — mas como s e poderi a s aber nos di as
atuai s com as garotas ? Seus cí l i os eram l ongos e es pes s os e es curos e
pareci am quas e pes ados demai s para s uas pál pebras — como s e, M att
admi ti u a s i mes mo, el a es ti ves s e l i gei ramente entedi ada com o que vi a.
M as os ol hos que el es enquadravam es tavam vi vos com uma chama ávi da por
vi da. E l es real mente eram azui s com pequenos s al pi cos de dourado puro aqui e
al i nel es . Os l ábi os del a, contudo — é, el a es tava us ando batom. E l e não
s abi a qual era s eu nome, mas devi a s e chamar Convi te à Ataque Cri mi nos o.
De repente M att congel ou. Havi a um s om de ri s adas próxi mo — s ons
múl ti pl os de ri s adas — e el es não vi nham de E l ena. E l e s e vi rou
l i gei ramente e vi u, s i m, o Top Quatro, as garotas mai s des ej adas da es col a
Robert E . Lee. As mel hores ami gas de E l ena. E l as pareci am um arco-í ri s .
A morena M eredi th Sul ez, us ando al go de aparênci a confortável em
l avanda, ol hou para el e e s orri u. Carol i ne Forbes , ves ti da mai s formal mente
em turques a — tal vez el a fos s e s ai r num encontro também? — s orri u
tol amente e j ogou s ua cabeça morena. E a del i cada e di mi nuta Bonni e
M cCul l ough, a rui va boni ti nha em verde cl aro, es condeu s ua boca com s eus
dedos , ai nda ri ndo.
O trabal ho del as , obvi amente, era fazê-l o pas s ar por um des afi o.
“E i , garotas , ” — era Carol i ne, “el e parece ans i os o para mi m.”
M eredi th: “E ntão el e não pode s ai r com el a. Ni nguém deve dei xar
E l ena ans i os a—"
Bonni e: “E l e não pode s ai r com el a de qual quer j ei to. E l e não pedi u a
nos s a permi s s ão!”
Carol i ne: “E u acho que eu sai rei com el e ao i nvés . E l e e eu temos hi s tóri a
e el e é boni ti nho!”
M eredi th: “Boni ti nho? E l e é del i ci os o! E um zaguei ro, também. Apes ar
de não ter cres ci do compl etamente ai nda.”
Carol i ne: “E l e deveri a comer mai s carne.”
Bonni e: “E l e tem cabel o l oi ro e ol hos azui s . E xatamente como um conto de
fadas .”
Carol i ne: “E u di go para s eques trá-l o e fi carmos com el e para nós
mes mas .”
M eredi th: “Tudo depende de como el e i mpl orar por i s s o.”
Impl orar? M att pens ou. O que el as vão me forçar a fazer, fi car de j oel hos ?
E l ena, que vi nha cal mamente col ocando uma j aqueta bol ero azul -
prateada e checando s eu ros to em um pequeno es pel ho de bol s a, agora fechara
o es pel ho com força.
“E l as s ão uma mol és ti a, ” el a di s s e à M att, acenando para as três
garotas . “M as é mai s fáci l s e você s i mpl es mente pedi r a permi s s ão del as
para me l evar para s ai r. É o que el as querem, mas s e não nos apres s armos
vamos nos atras ar. Tente fl orear, também; el as gos tam di s s o.”
Fl orear? Fazer um di s curs o com fl orei os na frente de três das mai s
ferozes crí ti cas de caras que a raça humana j á produzi u? E nquanto E l ena
es cutava?
M att l i mpou s ua garganta, engas gou, e s enti u um tapa afi ado por trás .
O ti o Joe aj udando-o novamente. E l e abri u s ua boca s em i dei a do que i ri a
di zer. O que s ai u foi :
“ Oh mai s belas flores da noi te... aj udem-me nesse di fí ci l açoi te!
Por favor, dei xem-me roubar essa rara flor —cui dar dela comatenção de umdevotador
Eu preci so i mplorar pela sua bondosa aprovação
Antes de me arri scar a tomá-la coma rapi dez de uma ação. ”
Houve um s i l ênci o profundo. Por fi m Carol i ne s acudi u s eu cabel o cor de
bronze e di s s e, “Suponho que tenha i nventado tudo antes . Terry Wats on, o
l i nha médi a {2} , te contou. Ou aquel e outro cara no ti me de dutebol ameri cano
— qual o nome del e—"
“Não, não contaram, ” M att di s s e, reuni ndo s ua coragem de doi s l ugares :
s eu bol s o tras ei ro, e s ua l onga ami zade com Carol i ne Forbes . “Ni nguém me
contou e eu não pl anej o a mai s ni nguém. M as s e não s ai rmos daqui , ag ora,
chegaremos atras ados . E ntão, pos s o l evá-l a ou não?”
Para s ua s urpres a, todas as garotas começaram a ri r e apl audi r. “Nós
di zemos : s i m!” M eredi th gri tou, e então todas es tavam gri tando, e Bonni e
l ançou-l he um bei j o.
“Só uma coi s a, ” ti a Judi th di s s e. “Por favor me di gam onde es tão i ndo hoj e
à noi te, no cas o de — bem, você s abe.”
“É cl aro, ” M att di s s e, s em ol har para as garotas . “É no Chez Amaury.”
Houve um farfal har aci ma del e, murmúri os em cadênci as di ferentes , o
es s enci al di s s o s endo, “Uau!”
E l ena di s s e s uavemente, “É um dos meus preferi dos .”
Um de s eus preferi dos . M att s e s enti u encol hendo — então, com um
chute na bunda do ti o Joe, s e endi rei tou e s e s enti u mel hor. Pel o menos el e
ti nha es col hi do um res taurante bom.
E então, antes de M att perceber o que es tava acontecendo, el e es tava
s endo empurrado para fora da porta. E então el e es tava s ozi nho na varanda...
com E l ena.
“Si nto mui to quanto à es s e ci rco, ” el a di s s e em s ua voz s uave e genti l ,
ol hando para ci ma para el e como uma garoti nha. “M as el as i ns i s tem em fazer
i s s o com todos os garotos novos . É real mente j uveni l , mas começamos i s s o no
ens i no fundamental . O s eu foi o mel hor poema que eu j á es cutei .”
Quem poderi a fi car bravo com el a? M att a es col tou ao carro e abri u a porta
do pas s agei ro para el a o mai s rápi do que cons egui u e a as s entou. E ntão el e
correu ao redor para s eu l ado da Pi l ha de Li xo e el e própri o entrou.
“E ntão, ” E l ena di s s e após el e ter vi rado para l onge da ci dade, “vamos à
al gum l ugar antes do res taurante?” E l a fal ou s em ao menor parecer ver — ou
chei rar — nada de es tranho no veí cul o.
“É , a nos s a pri mei ra parada — é um s egredo. Acho que tal vez
cheguemos l á às s ete e mei a. E s pero que gos te.”
Pel a pri mei ra vez, E l ena ri u em voz al ta, ol hando para el e de l ado. E a
ri s ada era quente e genuí na e como um bál s amo cal mamente para todos os
s enti dos de M att. O ol har foi rápi do, i ntel i gente e al egre. “Você é
s i mpl es mente chei o de s urpres as , ” E l ena di s s e, e para a s urpres a dele, el a
des l i zou uma mão el egante e fri a na s ua.
M att não cons egui ra expl i car a s ens ação então. E ra s i mpl es mente como
rai os fl utuando dos dedos gel ados del a para a pal ma del e e pel o s eu braço
aci ma e então para ci ma até que fri tou s eu cérebro com um mi l hão de vol ts .
E ra a mel hor coi s a que j á ti nha aconteci do a el e.
E ra também uma s orte que s eu carro s abi a o cami nho para a l oj a de
fl ores s ozi nho, porque s eu cérebro defi ni ti vamente não es tava l á para di ri gi -
l o. E l ena fal ava s em tagarel ar, e s em dei xar nenhuma paus a cons trangedora
quando el e ti nha que engol i r ar. E l a fal ava s obre a decoração do Bai l e de
Outono, contou uma hi s tóri a di verti da s obre como, enquanto tentava
des enredar os refl etores col ori dos para o Bai l e, el a ti nha acabado fi cando pres a
nas es tantes , e termi nou com uma pi ada genui namente engraçada, que não
era vul gar ou humi l hava qual quer cul tura, raça ou s exo.
M att Honeycutt s e apai xonou.
E l e não percebera que nunca ti nha s e apai xonado antes : s ó ti vera
pai xoni tes . É cl aro que qual quer um podi a ter uma pai xoni te por E l ena, do
modo como abel has eram atraí das para fl ores . E l a exal ava feromôni os ; el a s e
adequava à i magem perfei ta de garota perfei ta que de al gum modo
s erpenteava nos genes de cada garoto caucas i ano, ou que de al gum outro j ei to
es tava propagandeada nel es quando ti nham três anos de i dade. A bel eza de
E l ena era perfei ta, abs ol utamente s em defei tos . M as s e era s ó até aí que você
chegava, você não es tava fal ando de amor.
Amor era quando você conheci a a garota por trás da más cara — e el e ti nha
certeza de que i ri a fazê-l o agora. Amor era quando você vi a o mundo através dos
ol hos de uma j ovem i nocente, al egre e di verti da, o que el e não cons egui a
evi tar fazer quando el a fal ava. É cl aro, el a era mei o convenci da, mas como el a
poderi a não o s er, do j ei to como todos tratavam-na? E l e não achava que era uma
coi s a tão rui m. E l e queri a mi má-l a.
“E s tá bem, ” el e di s s e. “E s tamos chegando na pri mei ra parada. Feche os
ol hos .”
E l ena ri u. O própri o s om de s ua voz era como a canção de um pas s ari nho.
M att s ai u do carro.
E então s eu coração começou a martel ar — e não de um j ei to bom. A porta
para A Fl ori da es tava fechada e s uas j anel as es tavam es curas . E l e ti nha
pl anej ado tudo de antemão, até mes mo ti nha pagado de antemão por uma
úni ca ros a branca. E l e i ri a dá-l a à E l ena, com uma úni ca fol ha de
s amambai a maci a atrás e um ramo de mos qui ti nho na frente — e el e ti nha
até mes mo pedi do para el a s er amarrada com um l aço azul !
E agora — a porta não abri a s ob s ua mão que puxava com vi ol ênci a. E l e
ti nha perdi do mui to tempo. E l e ti nha es tragado i s s o. Os fl ori s tas ti nham i do
embora, e nem ti nham ao menos dei xado a s ua ros a em um cai xa perto da
porta.
M att não s abi a como teve coragem de vol tar para o carro novamente.
M as E l ena s orri a para el e, s eus ol hos abertos .
“E l ena, eu s i nto mui to — eu — s ó—"
“Não é cul pa s ua — é mi nha por atras á-l o. Ah, M att, eu s i nto tanto! M as
i s s o não é um bai l e. Você não preci s ava me comprar fl ores .”
M att abri u s ua boca para contar a hi s tóri a da ros a branca, então fechou-a
novamente. E l e queri a tanto contar à el a, mas i s s o não fari a el e parecer ai nda
mai s patéti co? No fi m el e cerrou s eus dentes e di s s e com uma voz que tentou
fazer s oar l eve,
“Ah, era s ó um negóci o que eu i a pegar para você. Não i mporta. Tal vez eu
tenha outra chance hoj e à noi te.”
“Pel o menos es tamos certos no horári o agora?”
M att ol hou para s eu rel ógi o. “É , por pouco. Certi fi que-s e de que es tá com
s eu ci nto.”
E então M att teve uma experi ênci a úni ca na vi da: ver E l ena fi car
confortável . De pri mei ra, el a não di s s e nada, não fez nada, s ó s e s entou um
pouco mai s para frente, s orri ndo para mos trar que gos tava da mús i ca que
es tava tocando. E então, quando el e cons egui u pas s ar a bol a de decepção
garganta abai xo e engol i -l a, el e percebeu que el a es tava ol hando para ele e
s orri ndo. E el e não cons egui u evi tar s orri de vol ta.
“E i , vamos chegar na hora, ” el e di s s e, e el e percebeu que es tava di zendo
i s s o al egremente. A noi te ti nha s ó começado. Podi a haver vendedores
ambul antes de fl ores no Chez Amaury. E l e comprari a para el a todo um buquê de
fl ores . Como el e podi a fi car i nfel i z quando a i ncomparável E l ena Gi l bert
es tava com el e?
E l es entraram no es taci onando às 19h59, ci ntos j á ti rados enquanto
cruzavam até o s ervi ço de val et. M att apres s adamente deu s ua chave para um
motori s ta do s ervi ço de val et, e tentou vi rar-s e antes que pudes s e ver a reação
do homem ao carro de M att.
E l e não s e vi rou rápi do o bas tante. M as el e não vi u nenhuma repul s a,
nenhum es cárni o de noj o no ros to do val et. Ao i nvés , el e vi u fas ci nação.
Segui ndo o ol har do motori s ta do s ervi ço de val et, el e vi u uma fi gura magra e
os ci l ante em azul es perando por el e.
Foi aí que M att s oube que s ua s orte ti nha mudado. E l ena ti nha
es col hi do us ar s ó o bol ero que combi nava com s eu ves ti di nho maravi l hos o. E l a
devi a es tar congel ando, mas el a es tava es petacul ar. E l e des l i zou ao redor del a
e s egurou a porta aberta para el a e ambos entraram no i nteri or turvo e
avel udado do Chez Amaury.
O empregado que os l evou até s ua cabi ne era meti do. E l e s orri u
graci os amente e um tanto admi ravel mente para E l ena, mas quando s eu ol har
vi rou-s e para M att el e meramente torceu o nari z e pareceu s arcás ti co.
Não i mportava. E l es es tavam numa bol ha de s eu própri o mundi nho
j untos , M att e E l ena, e tudo es tava certo. M att nunca fora mui to bom em fal ar
com garotas . E l e s e s afava ao s er um campeão em es cutar. M as de al gum
modo E l ena extrai a pal avras del e s em ao menos parecer tentar. E l e gos tava de
fal ar com el a. E l a era di verti da. As pal avras del a... bri l havam.
E el a ti nha uma força de vontade de ferro atrás daquel es ol hos da cor do
céu e daquel a pel e de fl or de magnól i a. Quando o garçom parti cul armente de
modo del i beral l hes deu s eus cardápi os , murmurando al go s obre ál cool e
i denti dades , E l ena s ol tou uma arti l hari a de francês que teve o efei to de fazer
o homem ras tej ar — quas e fugi r — para l onge.
“E u es tou es tudando francês para o próxi mo verão, ” E l ena contou a el e,
al egremente obs ervando o garçom s ai r. “E u j á cons i go i ns ul tar as pes s oas
mui to bem. E u perguntei a el e por que el e foi chutado da França, onde todos
da nos s a i dade bebem vi nho.”
“O que vai acontecer es s e verão?” M att perguntou.
“E u vou para a França. Não é nenhum i ntercâmbi o; é s ó al go que eu
queri a fazer. Para acabar com o tédi o, eu acho.” E l a l he deu um s orri s o que
pareceu trans formar o mundo todo em um des l umbre. “E u odei o fi car
entedi ada.”
Não s ej a um entedi ante. Não s ej a entedi ante. O comando foi decl arado
em voz al ta no cérebro de M att enquanto E l ena começava a contar uma
hi s tóri a, enquanto s eus proces s os de pens amentos s uperi ores es tavam em
um redemoi nho de confus ão.
E l a é tão l i nda... del i cada, como porcel ana fi na... s eu cabel o como ol ho
vel ho no res taurante obs cureci do... e à l uz das vel as s eus ol hos s ão quas e
vi ol etas — com dourado res pi ngado nel es . Jes us , eu cons i go até mes mo
chei rar o perfume del a nes s a cabi ne pequena — eu acho que nos deram a
pi or que ti nham... mas ai nda é bas tante i mpres s i onante para mi m.
E l ena termi nou a hi s tóri a e começou a ri r. E l e ri u com el a, i ncapaz de
s e i mpedi r. A ri s ada del a não era aguda; não era penetrante; era tão
mel odi os a quanto um ri acho contorcendo-s e para dentro e para fora de uma
cl arei ra na fl ores ta. Uau, vej a s ó i s s o, i s s o foi quas e poes i a, M att pens ou.
E l e devi a contar-l he que ti nha es cri to um poema de verdade s obre el a em
cas a? Nem, el e apos tava que uma dúzi a de outros caras ti nha di to i s s o à el a.
“M as eu que fi quei s ó fal ando, ” E l ena di s s e, com uma pequena
ol hadel a de l ado como s e para di zer, E você fi cou só encarando. “Conte-me s obre você.”
“E -eu? Bem — eu s ou s ó um cara normal .”
“Cara normal ! Zaguei ro e ganhou um prêmi o de mai or des taque numa
parti da pel o ti me de futebol ameri cano. Di ga-me como é quando você ganha um
j ogo l á, com todos gri tando e torcendo.”
“Hm...” E m todos os s eus anos j ogando futebol ameri cano, ni nguém
nunca ti nha perguntado i s s o a el e. “Bem—" Havi a al go de errado com el e; el e
i a s er hones to. “Hm, bem... Na verdade, parece bas tante com i s s o!”
“Com comer pão francês em um res taurante?”
“Ah...” M att não ti nha nem percebi do que havi a pão. E l e ti nha perdi do
compl etamente el e s endo col ocado. Agora el e quebrou um pedaço e es pal hou
abundantemente mantei ga, s e l embrando repenti namente que não ti nha
comi do nada de al moço.
E l ena o obs ervou com di verti mento s obre um copo de água com gás .
“E u achava que vocês do futebol ameri cano não podi am comer mantei ga, ”
el a di s s e, ci nti l ando s eus ol hos para el e. É , era i s s o. E l a cons egui a fazê-l os
ci nti l ar quando qui s es s e! Que habi l i dade!
“É um dos quatro grupos al i mentares , ” el e a i nformou s eri amente,
es perando que el a não achas s e que el e era l ouco... “Açúcar, s al , gordura e
chocol ate.”
“—e chocol ate!” s ua voz aderi u à convers a com a del e enquanto el e
termi nava. Ambos ri ram novamente j untos .
Is s o era tão fáci l . E ra como es tar com o s eu parente favori to, s ó que
mel hor. Você podi a di zer qual quer coi s a, não i mportava o quanto era i di ota, e
não i mportari a. E l a trans formava i s s o em al go geni al . E l e nunca ti nha s e
s enti do as s i m com outra garota.
O garçom vol tou, mas E l ena acenou para que el e fos s e embora com uma
mão l ângui da. E l a não es tava nem um pouco i nti mi dade pel o cara. M att
acres centou “coragem” a l i s ta das vi rtudes del a.
De repente el e teve arrepi os . E s s e ano el e teve que pegar uma aul a de
teatro para preencher s eu horári o, e el es es tavam fazendo “Os Doi s Caval hei ros
de Verona.” M att s i mpl es mente não cons egui a entender a peça. Tal vez porque
a atri z para Syl vi a fos s e Carol i ne Forbes , que na quarta s éri e ti nha bel i s cado à
s i mes ma e então corri do para di zer à profes s ora que M att o fi zera. M as agora,
ol hando para E l ena, pal avras da peça — fras eamento perfei to — vi eram à s ua
mente:

Quemé Sí lvi a? O que ela oculta


emsi , poi s tudo a exalta?
Ela é pura, bela, culta
e, como não temfalta,
qualquer moço, ao vê-la, exulta.

Quem é E l ena? el e pens ou. O que el a ocul ta? Que todos os caras a
exal tam? Pura, bel a, e cul ta el a é, que como não tem fal ta, qual quer um que a
vê a exul ta...
Ah droga, agora eu es tava fi cando realmente s enti mental , M att pens ou.
Is s o era horrí vel . E pel o que el e ti nha ouvi do, E l ena não era mui to pura,
tampouco, mas el a certamente pareci a um anj o.
“M att, pode me di zer uma coi s a?” E l ena perguntou, s eu dedo traçando
uma pequeni na fal ha na toal ha de mes a.
O coração de M att pul ou. E l e ti nha perdi do os úl ti mos mi nutos de
convers a. “Cl aro, o quê?” el e di s s e.
“Qual o l ance dos garotos e carros ? Por que el es s ão tão a fi m del es ?”
Por um momento M att corou. Só de pens ar em s eu es quel eto de carro
vel ho e bati do o fez s e perguntar s e el a es tava caçoando del e.
M as el a não es tava. Seu ros to es tava perfei tamente s éri o. E l a pareci a ter
es queci do que ti po de carro el e ti nha e es tava perguntando uma pergunta geral
s obre todos os caras .
“Bem” — el e teve um i mpul s o de es fregar a parte de trás de s eu pes coço,
mas não o fez. “Carros s ão... o carro i deal ... hm...”
“M e pergunto s e de al gum modo remete aos tempos dos caval os , ” E l ena
di s s e, i ncl i nando s ua cabeça.
De repente neurôni os s e acenderam no cérebro de M att. “E i — i s s o é —
bem, podi a s er — para mi m, pel o menos . E u pas s ei al guns anos em uma
fazenda quando era cri ança — s abe, s ó uma fazendi nha anti quada, mas
ti nha caval os . E atrás do es tábul o onde seus caval os eram manti dos , ti nha um
es tábul o de caval os de puro-s angue, caval os de corri da, certo?”
E l a concordou e el e s us pi rou.
“E u s i mpl es mente amava as s i s ti r aquel es puros -s angues se
movi mentando. E l es eram a coi s a mai s boni ta que s e pode i magi nar — para
ani mai s , quero di zer, ” el e acres centou apres s adamente.
“Por que el es eram boni tos ?”
“Bem — s i mpl es mente — eu não s ei . E l es eram s i mpl es mente
i ncrí vei s . E l es ti nham es s as compri das pernas del i cadas , e aquel as cabeças
que es tavam s empre no ar, com aquel as cri nas s empre j ogadas e fl utuando.
E l es s e movi am de uma manei ra que eu s i mpl es mente não cons i go des crever
— mei o que s empre pregui ços amente, mas você cons egui a s i mpl es mente
afi rmar que el es ti nham bas tante energi a confi nada dentro del es , também.
Como s e el es qui sessem correr o mai s rápi do que podi am, para s empre.” M att
al cançou s ua coca, percebendo de repente que es ti vera fal ando por um tempão.
“Des cul pa, me empol guei um pouco al i . O que eu quero di zer é que caval os
s ão vel oci dade, as s i m como os carros . E eu acho que es s a é uma das razões
porque eu gos to de pens ar nel es .”
“Não s e des cul pe. E u achei que i s s o foi real mente fas ci nante.” E l ena
di s s e, e el e percebeu que el a es tava di zendo a verdade, que el a estava
i nteres s ada. E l a es ti vera s egurando um pedaço de pão em s ua mão,
es queci do.
“Obri gado por es cutar, ” M att di s s e. “E l es ... certamente eram l i ndos .” Sua
voz fi cou pres a em al gum l ugar de s ua garganta enquanto el e ol hava para a
l i nda garota bem na s ua frente.
“E ntão vel oci dade é uma parte do porque, ” E l ena di s s e, s orri ndo para
el e, s uas bochechas fi cando ros a à l uz das vel as .
“Vel oci dade, é. Como quando eu di ri j o um carro mel hor do que aquel a
Pi l ha de Li xo l á fora — como um convers í vel , e eu abai xo o teto, e eu di ri j o
real mente rápi do numa vi a l i vre ou ao redor de curvas repenti nas do topo do
monte. Às vezes , de al gum modo, você s ente como s e fos s e parte do carro e el e
fos s e parte de você. É como voar.”
M att parou, repenti namente, atordoado com confus ão. De al gum modo em
s ua ani mação el e ti nha pego a mão de E l ena e a es tava apertando, com pão e
tudo. E l e s e s enti u corar e el e i a devol vê-l a onde a ti nha pego, quando E l ena
apertou s eus dedos cal oros amente e então el a mes ma a reti rou. Obri gado,
Deus , pel o pão não ter ti do mantei ga.
“E ntão há mai s al guma coi s a s obre ‘carros real mente bons ’?” el a
perguntou, quas e provocando, mas nunca quebrando o contato vi s ual com el e.
“Bem, há — há uma coi s a”- ele teve que quebrar o contato vi s ual com ela
para di zer i s s o- “há al go mei o que fí s i co s obre di ri gi r um carro que o dei xa
s enti r cada protuberânci a na rua. Quando você faz parte di s s o — e é s ó você l á
fora s enti ndo o ar e o chão — é mei o que — fí s i co, s abe? M ei o que — s exy.”
E l e es tava quas e com medo de ol har para el a, então. M as uma ri s ada
ondul ante o fez corar e então duas mãos quentes pegaram as del e. “Ora,
M atthew Honeycutt, você es tá corando! M as ”- em uma voz repenti namente
s éri a- “eu acho que s ei o que você quer di zer. Você quer di zer al go que eu s enti
com carros — mas nunca fui capaz de des crever.”
E l a conti nuou fal ando, mas M att não es tava nem mes mo mai s no
cômodo. E l e es tava ci rcul ando o s i s tema s ol ar em al gum l ugar ao redor do
pl aneta Netuno e cometas e as terói des es tavam navegando ao redor del e,
gol peando-o na cabeça de vez em quando.
Quando el e vol tou el a es tava ri ndo s obre uma experi ênci a com
paras ai l i ng{3} que ti nha ti do uma vez quando os mari nhei ros ti nham
aci dental mente dei xado-a cai r na arei a e não na água. “M as antes di s s o, ” el a
di s s e. “Foi perfei to. Só o vento correndo, com a grande e azul baí a debai xo de
mi m, e a s ens ação de vi aj ar — rapi damente — no ar. Quas e como s er um
pás s aro. E u gos tari a de ter as as .”
“E u também!” M att revel ou. Se s eu coração pudes s e bater mai s forte,
bateri a. M as j á es tava em s eu l i mi te máxi mo. “E u adorari a fazer paras ai l i ng.
Is s o deve ter s i do i ncrí vel .” E l e ol hou para s eu prato. “Para di zer a verdade, eu
acho que a coi s a mai s i ncrí vel que j á aconteceu comi g o foi ... hoj e à noi te.”
Imedi atamente, a ri s ada zombetei ra de E l ena o cortou para i ns peci oná-l o
— mas i s s o não es tava acontecendo. E l ena não es tava ri ndo. E l a es tava
ol hando para bai xo para s eu redondo prato branco e corando. E ntão el a ergueu
s ua cabeça e M att poderi a ter j urado que havi a uma camada de l ágri mas não
derramadas em s eus ol hos .
M as el a bal ançou s eu dedo de um modo erudi to. “Não s ej a tol o, M att. E
quanto ao j ogo contra os Bul l fi nches , quando você deu um pas s e para o
touchdown a 45 metros ? Ora, i s s o foi i ncrí vel ou foi i ncrí vel ?”
M att ol hou es pantado para el a. “Você g osta de futebol ameri cano?”
“Bem, aí você me pegou. E u não gos to de todos os feri mentos , e eu não
gos to da mai ori a dos atl etas . M as meu pai — el e foi um ti ght end{4} na
Cl ems on {5} , e el e os aj udou a vencer a Orange Bowl {6} . E ntão eu
s i mpl es mente ti ve que aprender s obre i s s o. Papai tem um monte de recordes ,
s abe, mai or números de pas s es pego em um j ogo, mai or número de pas s es
pego numa temporada, mai or número de touchdowns pegos em uma
temporada, mai or número de touchdowns pego em uma carrei ra—"
M att s e encontrou encarando. “Por que el e não s e tornou profi s s i onal ? Ou
el e s e tornou?”
“Não, el e começou um negóci o, ao i nvés . M as el e me dei xou s eus
i ns ti ntos de futebol ameri cano.”
M att s e forçou a ri r. E l e não s abi a como es tava s e s enti ndo. Seu coração
es tava l evantando voo em doze di reções di ferentes de uma s ó vez. M as de
al gum modo el e s e fez parecer zombetei ramente aus tero e bal ançou um dedo
de vol ta para el a. “Bem, eu apos to que você não s abe s obre o meu real momento de
gl óri a, ” el e di s s e. “E s távamos j ogando contra os Ri dgemont Cougers e o pl acar
es tava empatado e eu es tava des es perado. O tempo es tava pas s ando e eu de
repente ti ve es s a l ouca e grandi os a i dei a, e eu—"
“Correu para a di rei ta para fi ngi r dar a bol a para Greg Fl ei s ch, o l i nha
médi a, ” E l ena i nterrompeu s uavemente. “M as você conti nuou com a bol s a e
correu — e correu — e correu para fazer um i ncrí vel touchdown l ogo antes de
quatros dos Cougers o atacarem de uma s ó vez.”
“É ; el es quebraram a mi nha cl aví cul a, também, ” M att di s s e, s orri ndo.
“M as eu nem s enti . E u es tava al çando voo em al gum l ugar aci ma das
nuvens .”
“As pes s oas gri tavam e bei j avam e j ogavam coi s as , ” E l ena di s s e. “Até
mes mo os fãs dos Cougers fi caram l oucos . Um del es me agarrou e tentou me
dar um bei j o de l í ngua.”
E eu apos to que a mente dele não es tava no j ogo, M att pens ou, e s e
s urpreendeu ao di zer, “Di ga-me o nome del e que eu quebro a mandí bul a
del e.”
“Ah, eu j á o chutei na perna, ” E l ena di s s e cal mamente. “Recuei , para
que cons egui s s e arranhar toda a tí bi a com o meu s al to.” E l a acres centou o
úl ti mo com um s orri s i nho doce que um Inqui s i dor E s panhol — o própri o
Torquemada, tal vez — teri a i nvej ado.
“Bem, é mel hor eu i mpedi r que você fi que brava comi go, ” M att di s s e, e
E l ena ri u novamente, mos trando até mes mo s eus dentes branco perol ados .
“E u não acho, ” el a di s s e, “que qualquer pessoa cons i ga fi car brava com você
por mui to tempo.”
M att não s abi a o que di zer. Todos aquel es i di otas , el e es tava pens ando.
Todos aquel es perdedores que s ó queri am ter encontros com el a por caus a de
s ua aparênci a, es tão s i mpl es mente perdendo toda a porcari a do ponto. Cl aro,
el a é l i nda, mas mai s i mportante, el e é ti po... a pes s oa mai s perfei ta do
mundo: i ntel i gente, e geni al , e... bem, s i mpl es mente perfei ta. O j ei to como
el a torna tudo fáci l , e como el a te faz s enti r tão bem s obre s i mes mo, e...
M att teve um i mpul s o l ouco de fi car de j oel hos e pedi r para el a cas ar
com el e bem al i e agora.
E ntão el e expl odi u em ri s os pel o abs urdo de tudo i s s o. E l e i a di zer al go
quando al guém atrás del e tos s i u com premedi tada mal í ci a.
" O M ons i eur et M ademoi s el l e es tan pens ande em pedrr nes s e
momente?" o garçom rangeu os dentes , obvi amente i rri tado.
“E u acho que j á es tá na hora de ol har os nos s os cardápi os , ” E l ena di s s e,
col ocando s ua mão s obre s ua boca não exatamente es condendo uma ri s ada.
“E s taremos prontos em al guns mi nutos , ” M att di s s e, em s eu tom de
l i beração mai s pri nci pes co.
O garçom quas e s ai u pi s ando furi os amente.
M att ol hou para E l ena. E l a ol hou para el e s obre s ua mão enros cada e
então os doi s ri ram hi s teri camente, l utando para res pi rar.
“Coi tado, ” M att di s s e.
“Ah, bem, ” E l ena l evantou s uas s obrancel has i ndi ferentemente. “E l e é
s ó um garçom, afi nal . E l e é pago para es perar{7} .”
E s s a foi a pri mei ra vez que M att vi ra o l ado “Pri nces a do Gel o” de E l ena
Gi l bert, e el e não s abi a o que achava di s s o. M as , el e achava, que s e E l ena
fos s e real mente perfei ta, el a não s eri a humana. E s e al guém na Robert E .
Lee ti nha di rei to de ter uma ati tude como aquel a, E l ena Gi l bert era a pes s oa.
“Vamos ?” el e di s s e e l he pas s ou o cardápi o.
“Abs ol utamente, ” E l ena di s s e em uma zombari a das manei ras do s écul o
XIX, e el es abri ram os cardápi os .
Apes ar de todas as s uas preparações , os preços ai nda ti raram o fôl ego de
M att. Um New York s teak{8} era $ 39. M as s e E l ena pedi s s e o s teak, el e
pedi ri a o frango, que era s ó $ 23. Is s o dari a $ 62. As entradas vi nham com
vegetai s , mas havi a também aperi ti vo a cons i derar. E l e poderi a s ugeri r que
el es di vi di s s em a s al ada de es pi nafre, que era s ó $ 10. Is s o dari a $ 72. E ntão
mes mo s e el a qui s es s e s obremes a, el e teri a o bas tante para s ati s fazê-l a —
mas es pera, havi a as bebi das . E l e ti nha pedi do duas ; el a uma. Aquel a água
com gás era $ 7 a garrafa — cada coca era $ 2. E a taxa. E a gorj eta. E a gorj eta
do val et.
Bem, el e teri a s i mpl es mente que ber água normal de agora em di ante,
e es perar que E l ena tal vez não qui s es s e tanto o aperi ti vo quanto a s obremes a.
“Com o que quer começar?” E l ena s us s urrou. “E u geral mente gos to de
mei a Caes ar s al ad. E l es fazem na s ua mes a aqui . É real mente boa.”
M att concordou vi goros amente para que não ti ves s e que ol har nos ol hos
del a. E pel o menos era s ó uma s al ada, por qui nze dól ares . E i , es pera! E l e
s abi a. Havi a um ti po de s al mão defumado na l i s ta de aperi ti vos . E l e podi a
pedi r i s s o de entrada — M att s abi a que s e podi a fazer i s s o — e s eri a s omente
s ei s dól ares . E l e s i mpl es mente fari a um s anduí che para s i mes mo quando
el e chegar em cas a. Tudo i ri a fi car bem.
O garçom es tava de vol tando, parecendo mai s es nobe do que nunca.
M att fal ou em voz al ta, “E u- eu quero di zer nós - nós - gos tarí amos de
mei a—"
“Nós vamos di vi di r uma s al ada Caes ar, ” E l ena di s s e cal mamente, mal
ol hando para o garçom. E l a s orri u para os ol hos de M att. “Certo?”
“Is s o mes mo, ” M att di s s e entus i as ti camente.
Quando o garçom andou arrogantemente para l onge, o s orri s o de E l ena
mudou, trans formando-s e em um s orri s o traves s o. “E l e não vai nos es quecer
tão cedo, ” el a di s s e. A l uz do candel abro bri l hou s obre s eu ombro es querdo,
enquadrando-a na l uz do arco-í ri s .
M att des ej ou que ti ves s e al gum modo de capturar a i magem del a para
s empre. Havi a al go em E l ena — como s e el a bri l has s e nas bei radas — que
el e nunca ti nha vi s to em uma garota antes . E ra como s e a l uz cons tantemente
danças s e ao redor del a, como s e em al gum momento el a pudes s e
s i mpl es mente des aparecer na l uz. Di abos , el e pens ou, eu pos s o
s i mpl es mente “ter uma dor de barri ga” e não s er capaz de pedi r nenhuma
entrada, el e pens ou. E ntão eu me recuperarei em tempo para a s obremes a ou
al go as s i m. M as por mi m el a pode pedi r a l agos ta!
Agora el e es tava fi cando envergonhado, pens ou. Ni nguém es tava di zendo
nada.
“Você tem um bi chi nho de es ti mação?” E l ena perguntou repenti namente.
“Hm.” O pri mei ro i mpul s o de M att foi checar s e havi a pel os de cachorro
em s ua j aqueta ou al go as s i m. E ntão el e ol hou para ci ma para encontrá-l a
s orri ndo em s eus ol hos novamente.
“Bem, eu ti nha uma vel ha Labrador Retri ever, ” el e di s s e, l entamente.
“mas el a teve câncer e — bem, i s s o foi há s ei s mes es .”
“Oh, M att! Qual era o nome del a?”
“Bri tches , ” el e admi ti u, s enti ndo-s e corar. “E u a bati zei quando ti nha
quatro anos . Não faço abs ol utamente a mí ni ma i dei a do que eu es tava tentando
di zer.”
“E u acho que Bri tches é um nome perfei tamente res pei tável .” E l ena
di s s e. E l a tocou s ua mão l i gei ramente, com um dedo. Uma s ens ação de
mel ado devagar e doce arras tou- s e nel e do toque del a para s uas vei as ,
s us tentando-o. E l e des ej ou que el a não reti ras s e s eu dedo.
E l a não reti rou. E l a di s s e, “Nós vi vemos perdendo gatos . M argaret os traz
para cas a fami ntos , ti a Judi th trabal ha como es crava para el es e então el es
correm pel a vi zi nhança—" E l a fez um ges to l i gei ro e s i gni fi cati vo.
M att recuou. E l e ti nha uma bai xa tol erânci a para ani mai s a pel udos
s endo compri mi dos , mas el e teri a que agi r todo machão s obre i s s o. “Gato au
vi n {9} ?” el e s ugeri u, fi ngi ndo s ervi r um copo de vi nho.
Os ol hos de E l ena l acri mej aram, mas s ua boca gargarej ou. “Ti po — um
gato que foi atropel ado por um... é, é mai s ou menos des s e tamanho.”
M att não cons egui u evi tar ri r, e então el e contou a hi s tóri a de como um
ano Bri tches col ocara s uas patas no bal cão e pegou um peru de Ação de Graças
comi do pel a metade com s ua boca e vagou pel a s al a da famí l i a s egurando-o
como um troféu. E l ena ri u e ri u com i s s o. E l a ri u também enquanto o garçom
fazi a s ua s al ada Caes ar ao l ado da mes a del es , e contou uma hi s tóri a s obre a
Snowbal l , que amava dormi r em cai xas ou em gavetas abertas , e que
aci dental mente foi pres a em uma quando era fi l hoti nha.
“Os barul hos que el a fez!” E l ena excl amou. M att ri u com el a. E l e
achava que você ti nha que fi car s entado pres tando atenção e obs ervando a
s al ada s er mi s turada, mas não — E l ena cl aramente ti nha vi s to o bas tante de
tai s apres entações . E l a acei tou s eu prato com um al egre “Is s o parece óti mo!” e
um aceno de di s pens a para o moedor de pi menta do rei no fres ca, como s e
ti ves s e fei to i s s o s ua vi da toda.
Tal vez el a ti ves s e. Tal vez, s ai ndo com tantos garotos ... mas que di ferença
i s s o fazi a? Hoj e el a era dele.
Uma garota es tava andando pel o apos ento vendendo buquês de fl ores e
ros as . E l ena fal ava com M att s em uma úni ca vez ol har a garota. Não havi a
razão para fazê-l o — era um i mpul s o es túpi do — mas al go dentro de M att
expl odi u quando el e vi u a garota, que es tava ves ti da como ci gana, s e afas tar.
“E s pera, ” el e di s s e. “E u gos tari a des s a.” E l e genti l mente tocou uma ros a
que es tava quas e des abrochada por compl eto. E ra quas e toda branca, mas s uas
pétal as i nteri ores ti nham toques de ros a e as pétal as exteri ores ti nham uma
cor que era quas e dourada. O l embrava de E l ena: s ua pel e, s uas bochechas ,
s eu cabel o.
“M ui to boni ta; es col ha perfei ta, ” a garota ci gana di s s e. “Uma fl or
genui namente fl orenti na bem como Botti cel l i a pi ntou. E s ó quatorze dól ares .”
E l a deve ter vi s to o ol har de choque de M att — a ros a que el e comprara na
fl ori cul tura ti nha s i do s ó ci nco dól ares . A ci gana acres centou rapi damente, “E
é cl aro que vem s orte no amor — para cada um de vocês .”
E l ena es tava abri ndo s ua boca, e M att podi a afi rmar que el a i a mandar
a vendedora de fl ores embora. M as el e i ns tantaneamente di s s e, “Is s o é
óti mo!” e el a fechou s ua boca, e pareceu um pouco s óbri a por um i ns tante antes
de s orri r.
“M ui to obri gada, ” el a di s s e pegando a ros a, enquanto M att s e
perguntava repenti namente s e el e devi a ter-l he comprado todo um buquê —
el e cons egui a ver a pl aca na ces ta agora, e el es eram s ó um dól ar a mai s ,
porque as ros as nel es eram mi ni aturas — ou tal vez uma ros a compl etamente
branca para combi nar com s ua roupa. Deus , el e era i di ota. Por que não comprar
uma ros a vermel ha para el a e fazer as cores s e confrontarem por compl eto?
“Uma ros a fl orenti na nova e de caul e l onge, ” a garota ci gana di s s e “e
s orte no amor dupl a. M os trem-me s uas pal mas , ambos vocês .”
Corando, M att fez o que el a pedi u. E ntão el e foi acometi do por ri s i nhos .
E l e s abi a que não podi a ri r, nem al to nem bai xi nho — mas el e quas e não
cons egui a conter. Ah, Deus , el e pens ou, não me dei xe s ol tar pum! Não agora,
enquanto a ci gana es tava medi tando s obre s ua pal ma aberta, di zendo, “Hmm, ”
e “E u verr, ” e “M as s i m, é cl arrro, ” e um fal s o s otaque francês .
Fi nal mente, el e deu uma es pi ada em E l ena e pel a s ua mão s obre s ua
boca e s eus ol hos enrugados el e vi u que el a es tava tendo o mes mo probl ema, e
i s s o i medi atamente tornou i s s o duas vezes pi or.
Fi nal mente, a ci gana parou de murmurar e fal ou com E l ena. “Você terá
quas e um ano de l uz s ol ar. E ntão eu vej o es curi dão — haverá peri go. E no
fi nal , você i rá vencer a es curi dão e bri l har novamente. Cui dado com j ovens
morenos e pontes vel has .”
E l ena arqueou s eri amente em s eu as s ento. “Obri gada.”
“E você, ” a mul her di s s e para Bonni e, ai nda ol hando para s ua pal ma.
“você achou a s ua amada, metade cri ança metade mul her. Agora que você cai u
no charme del a, nada o s eparará del a. M as eu vej o uma es curi dão no coração
para você também, antes de s egui r adi ante. Você s empre es tará pronto para
col ocar os i nteres s es do s eu amor antes dos s eus própri os .”
“Hm, obri gado, ” M att di s s e, s e perguntando s e el a es perava que el e l he
des s e gorj eta, mas el a di s s e, “Para poções , de amor ou de bruxari a, me
vi s i tem em Heron, na mi nha l oj a ‘Amor e Ros as .’”
E l a deu a M att um cartão e s egui u trotando com s eus buquês .
E então E l ena e M att puderam ri r tão hi s teri camente quanto queri am, o
que era bas tante. M att s ó s e acal mou quando el e s e l embrou que devi a ter
pego a ros a branca, para combi nar com a roupa de E l ena. E l e s e s enti a i di ota.
M as E l ena ai nda ri a.
“M eredi th a teri a ras gado em pedaci nhos , ” E l ena arfou fi nal mente.
Uma es curi dão antes de s egui r adi ante...’ M as ros a... é a coi s a mai s l i nda
que eu j á vi .” “Séri o?” M att s enti u uma onda de al í vi o apai xonado que vei o com
uma ri s ada mei o tol a. “Hm, mel hor que a branca?”
“É cl aro.” E l ena acari ci ou s ua bochecha com a fl or. “E u nunca vi outra
como es s a.” “E s tou tão fel i z. E l a, bem, me l embra você.”
“Ora, M att Honeycutt! Seu gal anteador!” E l ena deu um tapi nha genti l
nel e com a ros a, e então começou a acari ci ar s eus l ábi os com el a.
M att cons egui a s enti r outro rubori zar vi ndo, mas es s e era por duas
razões . Normal mente, haveri a uma tercei ra, um cons trangi mento s obre como
fras ear o que el e preci s as s e di zer, mas es s a vontade de entender as coi s as era
tão urgente que el e s i mpl es mente di s s e, “Você me dari a l i cença um
momento, por favor?” e mal es perando pel o s eu aceno graci os o, el e s e apres s ou
na di reção do bar para achar um banhei ro.
O banhei ro mas cul i no era bem no fi m de um pequeno corredor. M att
entrou e foi para um boxe, puxou s ua cartei ra e começou a cal cul ar
freneti camente.
E i , rel axe, el e di s s e a s i mes mo antes de começar. Você tem o bas tante.
Só não faça mai s nada i mpul s i vo como a ros a, e não pl anej e dar grandes
gorj etas .
Agora, s e el a pedi s s e, vamos di zer, o frango pi ccatta {10} com cogumel os
— el e s enti a que ti nha o cardápi o memori zado agora — i s s o dari a $ 25. E então
el e podi a pedi r de aperi ti vo os bol i nhos de s al mão, quer eram s ó $ 12. E então
el e podi a até pedi r s obremes a e café, também, s e el e cortas s e as gorj etas ao
mí ni mo.
“Vol ta pra l á e entretenha a tua mi ni na, ” el e j urou que podi a ouvi r o ti o
Joe di zendo, enquanto ao mes mo tempo a s ens ação da bota no tras ei ro pareci a
vi r de s eu bol s o tras ei ro. E era um bom cons el ho. O úni co probl ema era que o
fazi a querer dar uma ol hada na nota de cem dól ares , tocá-l a para dar boa s orte,
e ol har para el a para ter conforto.
Bal ançando s ua cabeça para s i mes mo, el e vi rou s ua cartei ra de l ado
para expor o comparti mento s ecreto e apal pá-l a dentro.
E apal pá-l a dentro.
E apal pou-a freneti camente dentro e ao redor, cons egui ndo quas e vi rar a
cartei ra do aves s o.
Por fi m el e teve que dei xar as pal avras emergi rem em s eu cérebro.
A nota de cem dól ares não es tava l á.
Ti nha s umi do.
TINHA SUM IDO.
Onde? Quando? E l e ti nha vi s to por úl ti mo quando es tava bri ncando com
s ua cartei ra em cas a, s onhando acordado com o encontro. E l e s abi a que a ti nha
vi s to. O que poderi a ter aconteci do com el a?
Des es perado, el e procurou no res to de s ua cartei ra. Nada. O res to de s eu
di nhei ro es tava l á; el e não fora roubado, mas ... nada de nota de cem dól ares .
M att pas s ou os próxi mos dez mi nutos na bus ca mai s frenéti ca e í nti ma
de s ua vi da... bus cando em s i mes mo. E l e ol hou em tudo. E l e poderi a ter
dei xado es corregar numa mei a? Poderi a de al gum modo ter s i do l evada com
s uas roupas s uj as ? Não. Nenhum outro comparti mento, em qual quer l ugar?
Não?
Fi nal mente el e teve que admi ti r nada al ém do fato nu e cru. Os cem
ti nham s umi do.
E o pi or é que não ti nha que acontecer des s a manei ra. Havi a um rumor
de que E l ena Gi l bert nunca s ai a s e não pagas s e a metade. E l a ti nha
real mente confi rmado i s s o a el e quando el e ti nha reuni do coragem para
gaguej ar as pal avras , “Você quer s ai r comi go no próxi mo s ábado?” E l e s e
l embrava exatamente de como s eus ol hos azui s ti nham s e i l umi nado e como
el a ti nha di to, “Si m, mas eu s empre pago metade.” E el e, o i di ota dos i di otas ,
ti nha enchi do s eu pei to e di to, “Não des s a vez, você não paga.”
Indo pel os ares com o própri o petardo{11} . O que quer que i s s o
s i gni fi cas s e.
Agora, o que fazer quanto a i s s o? Deus , o que el e podi a fazer? A mai or
parte de s eus ami gos es tava prati camente quebrado no outono — al ém do
mai s , era uma vi agem de mei a hora para el es . Sua mãe — el e ol hou para o
rel ógi o e es tremeceu. E ram depoi s das 21h — não era por acas o que aquel e
garçom es tava tão bravo — e s ua mãe es tari a dormi ndo agora. Seu turno na
padari a começava cedo.
Droga! E l e quas e podi a chorar. Is s o era — como el e i a chegar em E l ena e
contar-l he que não ti nha di nhei ro para pagar o j antar quando eles j á estavam
comendo? Ah, deus , el a não fal ari a com el e pel o res to da s ua vi da. E el e s eri a
pres o, trancafi ado como um condenado... ou como quer que chamas s em i s s o...
E l e não podi a fazer i s s o.
M as el e ti nha que.
Si mpl es mente ti nha que s er fei to.
E di zendo i s s o a s i mes mo, do j ei to como um s ol dado na noi te de s ua
pri mei ra batal ha di ri a, el e s e forçou a marchar de vol ta para a mes a. Lá el e s e
forçou a s entar encarando E l ena.
E l a es tava tagarel ando com bom humor. “M ons i eur Garçon vei o, mas eu
o mandei embora. E l e vai vol tar em—" E l a parou repenti namente, todo o s eu
j ei to mudando.
“M att, o que aconteceu?”
M att abri u s ua boca, mas nada s ai u, nem mes mo a traça s eca marrom
que el e i magi nava es tar dentro. O que el e podi a fazer? E l es ao menos l he
dei xavam l avar pratos para compens ar por não ter pagado uma refei ção? Ou i s s o
era apenas uma l enda urbana? E l e não cons egui a i magi nar E l ena, com s eu
bri l hante ves ti do azul da l uz do l uar, l avando pratos .
E s e el e s i mpl es mente dei xas s e a refei ção s er concl uí da, e então
tentas s e dar uma pal avri nha com o gerente em parti cul ar? As coi s as es tavam
apertadas nos arranj os domés ti cos dos Honeycutt agora, mas quando el as não
es tavam? Cl aro, s ua mãe l he empres tari a o di nhei ro de manhã? M as s ó de
pens ar em como o ros to do garçom fi cari a e aquel e pl ano foi varri do para
debai xo do tapete. Al ém do mai s , E l ena fi cari a humi l hada. E l ena! Seu
perfei to anj o preci os o fi cari a-
“M att, você es tá doente. Você es tá cong elando. Preci s amos chamar um
médi co.”
M att pes tanej ou, o mundo l entamente retornando ao foco. E l e podi a
s i mpl es mente i magi nar como es tava: ros to azul -es branqui çado, com mãos
gel adas e um tremor cons tante pas s ando por el e. Di abos , tal vez i s s o
funci onas s e. Tal vez s e el e agi s s e real mente doente-
“E u perdi o di nhei ro, ” el e s e ouvi u di zendo à E l ena.
“M att, você es tá del i rando.”
“Não, é verdade.” E l e s e encontroou des pej ando a hi s tóri a de s eu ti o Joe
para el a, do j ei to como el e ti nha trabal hado para fazer es s e encontro perfei to, e
o terror que el e ti nha s e tornado. E l e obs ervou enquanto o ros to de E l ena
tomava uma aparênci a di ferente — el e não cons egui a afi rmar s e el a uma boa
aparênci a ou uma má. E ra uma aparênci a de s i l ênci o, s ol i dão, s ofri mento.
Fi nal mente, el e termi nou a hi s tóri a.
E l e encarou a i mpecável toal ha de mes a branca.
E então el e ouvi u o s om mai s i ncrí vel . E l e teve que vi rar s ua cabeça para
ter certeza de que ti nha ouvi do.
E l ena es tava ri ndo.
Ri ndo del e? Não, ri ndo com el e, s ua cabeça i ncl i nado de l ado e l ágri mas
de s i mpati a em s eus ol hos .
“Ah, M att, ol ha o que você pas s ou. O que você fez s ó para fazer tudo i s s o
acontecer! M as você pode parar de s e preocupar agora. E u devo te RO bas tante
para pas s armos pel a maré.” E l a fez um movi mento rápi do e pegou a bol s i nha
que combi nava com s ua roupa azul . “Aqui , dei xe-me ver — ah!” De repente el a
es tava mordendo s eu l ábi o em decepção. “E u es queci ; eu gas tei tudo nes s a
bol s a e com maqui agem nova. Ah, eu si nto mui to.”
Aquel e ‘Si nto mui to’ era o bas tante para fazer um buraco na l ateral de
M att e des cas cá-l o. M as novamente, el e ouvi u uma ri s ada mel odi os a e
traves s a. E l e ol hou para ci ma vagaros amente, não s e i mportando real mente
com o que aconteci a mai s com el e.
“M att, es tá tudo bem.” Debai xo da mes a uma mão quente achou uma das
del e e deu um aperto rápi do. “Tudo vai fi car bem. Agora me es cute, porque eu
tenho um pl ano—"
Anos mai s tarde el e aprenderi a a des confi ar daquel a fras e “E u tenho
um pl ano.” M as es s a era a pri mei ra vez que el e a es cutava. E ntão el e ouvi u.
E s ua boca cai u aberta. E então conti nuou abri ndo e fechando, como de um
pei xi nho dourado.
“Você real mente acha que cons egui remos fazer i s s o?”
“E u sei que cons egui remos , por caus a des s a es paço vazi o aqui .” E l e
apontou para o cardápi o. E l e encarou.
E ntão, l entamente, el e ol hou para ci ma para el a e s orri u.
“E s tá bem, agora l i mpe o s eu ros to, porque você parece que acabou de
correr uma maratona. Você perdeu s eu guardanapo? Aqui , pegue o meu.”
Ti nha que s er s ua i magi nação, mas M att real mente achou que
cons egui a s enti r a fragrânci a del a no guardanapo. E l e s e l i mpou bem em
tempo do garçom vol tar. E l ena i medi atamente entrel açou s eus dedos com os de
M att na toal ha de mes a.
“O M ons i eur et M ademoi s el l e fi nal mente deci di rrram comerr aqui
es s a noi te?” o garçom perguntou, expres s i vamente, ol hando para E l ena, que
acenou, “M ademoi s el l e?” “’M adame, ’ si l’l vousplai t,” E l ena di s s e docemente. “E
eu gos tari a de um s ufê de chocol ate, com duas col heres , merci .”
“M ademoi s el l e—" O garçom pareci a es tar pres tes a expl odi r.
“’M adame’” E l ena o l embrou.
“M adame, você não pode — não pode—" O ros to do garçom es tava
vermel ho ti j ol o. “Só que podemos , ” E l ena res pondeu em s ua voz mai s doce. E l a
apontou para o cardápi o. “Não há nada que di ga que há um cons umo mí ni mo
por cl i ente.”
“Is s e, ” o garçom di s s e como s e es ti ves s e tentando manter s ua ati tude
arrogante, mas es tava i nchado como um bal ão pres tes a ati ngi r o teto “é porque
— é porque — porque a cl i entel e que nós s ervi me s abe di s s e s em que
preci s eme l hes di zer!”
E l ena col ocou s eus dedos l i vres em s eus l ábi os . “M ons i eur, as pes s oas
es tão começando a encarar.”
O garçom s e control ou, obvi amente reuni ndo toda a di gni dade em s eu
comando.
“E mons i eur?” el e di s s e em uma voz como gel o, vi rando-s e para M att.
“Ah, hm, eu?” E u gos tari a de, hm, duas bol as de s orvete de bauni l ha. E
duas col heres , ” M att s e achou di zendo, e contendo duas vontades i guai s de
s ai r correndo e dar gargal hadas hi s téri cas . “Ah — e duas xí caras de café.”
“Você quer—"
“Duas bol as de s orvete de bauni l ha.” M att es tava com medo do garçom
expl odi r. “C’es t i mpos s i bl e...” murmurou o garçom, mas el e es creveu al go em
s eu caderno. A cri s e pareci a ter acabado agora. O homem ti nha i do de vermel ho
para pál i do, e el e cons egui u s e afas tar del e s em detonar. “Irrrá l evarrr mei
hora para o s ufl ê cozi nharrr, ” el e di s s e, de cos tas para el e. “E nquanto i s s o...
B on appéti t! ”
Uma vez que el e s e foi , M att e E l ena ti veram um col aps o com ri s adas
fora do control e.
“Ah, Deus , vi u o rosto del e?” E l ena arfou. “Aquel e pobre homem —
teremos que dar a el e de gorj eta tudo que s obrar. . .”
“Nada de gorj eta. E l e foi rude com você. Por mi m el e não ganha gorj eta
nenhuma, e eu vou pedi r para el e ‘fi car de fora’ s e acontecer de novo.”
“Oh, M att. Você real mente é um prí nci pe no caval o branco. M as pos s o te
di zer uma coi s a? M eu res taurante favori to é o Hot Doggl es — s i m, o l ugar de
cachorro quente l á em Fel l ’s Church. E mi nha coi s a favori ta de s e fazer em
um encontro — agora, não quero s oar as s us tadora -, mas eu gos to de andar
pel o cemi téri o ou no Bos que Anti go à l uz do l uar. E u — eu real mente não l i go
para coi s as chi ques . Se eu gos to de um cara” — e aqui s eus ol hos pareci am
es tar di zendo al go que M att mal podi a s e dei xar acredi tar — “E u preferi ri a
s i mpl es mente i r nes s e l ugar e es cutar mús i ca, ou l evá-l o para j antar com a
mi nha famí l i a.” O res to é s ó—" E l a fez um ges to de i ndi ferença com s ua
mão. “Só para os i di otas que eu tenho que aturar de vez em quando. Os atl etas
que preci s am de protetores de tes tí cul os para s eus cérebros .” E l a j ogou s ua
cabeça, para que s eu l i ndo e ondul ante cabel o dourado voas s e de l ado a l ado.
M att abri u s ua boca e novamente nada s ai u. Não havi a nenhum ti o Joe
para chutá-l o no tras ei ro.
M as de al gum modo havi a. Apes ar da nota s umi da el e s enti u um chute,
e pal avras s i mpl es mente caí ram da s ua boca, " Se eu s oubes s e que você era
es s e ti po de garota, eu teri a te chamado para s ai r há mui to tempo, " el e
revel ou. “E u achei que você fos s e — al gum ti po de pri nces a mi mada.”
No mi nuto s egui nte el e podi a ter mordi do s ua l í ngua. M as E l ena não
es tava brava. Ao i nvés el a di s s e tri s temente, “M ui tos caras acham i s s o. E u
acho que eu s oui , s éri o. E u s ei do que eu gos to quando vej o. E eu quero o que
quero quando eu quero." E novamente s eus ol hos di s s eram al go a el e. E
des s a vez el e não cons egui a evi tar acredi tar. E el e s abi a que s eus ol hos
es tavam di zendo al go de vol ta para os del a também.
“E ntão foi por i s s o que você nunca me chamou para s ai r. E u acho que eu
devo endi rei tar as coi s as .” E l a s e s enti u e s orri u novamente, des s a vez
bri l hantemente, “E quando eu te l evar nos nos s os próxi mos três encontros —"
“Três encontros !”
E l a acenou s ol enemente. “Serão encontros em l ugares como o Hot Doggl es
ou al go as s i m — j á foi no M i dge’s , bem na rua pri nci pal com a Hodge? É
óti mo — e convers aremos e nos di verti remos . Quando a pri mavera chegar
i remos fazer pi queni que. Já s ol tou pi pa? E u s ei que é para cri anças , mas é
real mente ani mador correr e correr e de repente s enti r o vento morder. E ntão
você s ol ta.” Sua expres s ão fi cou s onhadora. “Às vezes eu não quero s ol tar. E u
quero s ubi r com a pi pa.”
“Como s al tar s em para-quedas , ” M att di s s e, obs ervando o ros to del a
avi damente.
E l e amava ol har para el a quando s uas bochechas fl amej avam e s eus
ol hos azui s pegavam fogo.
“Ah, s i m, como s al tar s em para-quedas . Não s eri a di verti do fazer i s s o
j untos ? Ou vi aj ar de bal ão... ouvi di zer que el es fazem i s s o em Heron. Nós
terí amos que economi zar, contudo — no i nverno podemos fazer pes s oas de
neve!”
“' Pes s oas ’ de neve?”
“Ah, i s s o é coi s a da M eredi th. E l a di z que s empre di zemos ‘homem’
quando queremos di zer ‘homem e mul her’, então es tamos todos acos tumados a
di zer ‘pes s oas ’ para tudo agora. E u quero que você conheça todas : M eredi th, e
Bonni e, e Carol i ne.” E l a l evantou um dedo com s everi dade. “Nada de s ai r com
el a, contudo. Bonni e tem uma quedi nha por você. M as eu cheguei pri mei ro.”
M att não s abi a onde es tava i ndo. E l e não l i gava, tampouco, porque
pareci a que el es s e di ri gi am di retamente para o Paraí s o.
“E u conheço Carol i ne há anos e mai s anos , ” el e s e ouvi u di zer. “E u achei
que você fos s e como el a, s ó que, ti po, mul ti pl i cada por dez.” E ntão el e vi u el a
ol har para el e e qui s bater s ua mão na boca.
“Bem, as vezes eu s ou, ” E l ena di s s e. “Você s i mpl es mente terá que
des cobri r de que manei ra, não terá?”
Bem então a s obremes a chegou. M att obs ervou enquanto o garçom
s ol enemente col ocava um troci nho de chocol ate na frente de E l ena — e duas
col heres , e duas bol as redondas de s orvete de bauni l ha na frente del e — e
duas col heres . E ntão el e os s ervi u café, dei tou uma pequena pas ta com a conta
dentro, e s e vi rou nos cal canhares como s e nunca mai s qui s es s e vê-l os
novamente. E l e nem ao menos di s s e ‘B on appéti t.’
“Cons egui mos ?” E l ena s us s urrou enquanto M att freneti camente
cal cul ava as gorj etas para o garçom e o val et.
“Com um dól ar s obrando!” el e s us s urrou de vol ta, e novamente el es
deram ri s adas j untos .
Cada um queri a dei xar o outro dar a pri mei ra mordi da no s ufl ê de
chocol ate. Fi nal mente para s al var o s orvete que es tava derretendo, M att pegou
uma col herada de s obremes a, untou em uma das bol as derretendo de s orvete e
s orri u para E l ena. E ntão, enquanto E l ena abri a s ua boca para perguntar s e
era bom, el e rapi damente l evou a carga da col her para a boca del a e empurrou.
E l ena teve apenas uma fração de s egundo para deci di r. Ou comer a s obremes a
ou fi car com s ufl ê por todo o s eu ves ti do da cor do l uar. E l a tomou a deci s ão
certa, quas e tarde demai s e na hora que l argas gotas de branco amarronzado
es tava cai ndo da col her, foram s eguramente pegas por um guardanapos que
M att es tava s egurando com s ua outra mão.
“E u pos s o s er tei mos o também, ” M att di s s e. E então, es perando que el a
não es ti ves s e brava, ”É bom?”
“Del eti os o, ” el a di s s e um tanto i ndi s ti ntamente, termi nando com um
gol e d’água e um úl ti mo punhado. E ntão, antes de M att s aber o que es tava
acontecendo, um obj eto aproxi mou-s e do nada del e e aço fri o tocou s eus dentes .
“Abra o bocão, ” uma voz s uave cantou em s eus ouvi dos e el e rapi damente abri u
o mai s l argo que pôde para receber o grande punhado grudento de grude
del i ci os o de chocol ate quente mi s turado com o doce fri o s orvete de bauni l ha.
E l e ti nha certeza de que pareci a com um i di ota enquanto es tava s entado
l á mas ti gando a gi gantes ca bocada, mas era tão bom, e E l ena pareci a tão
s ati s fei ta cons i go mes ma, s e i ncl i nando para frente como fez para cavoucar
uma quanti dade de grude de s eu quei xo tão cui dados amente quanto um
barbei ro.
“Tá maravi l hos o, ” el e cons egui u di zer, l i mpando s eu ros to com o úni co
guardanapo a vi s ta.
“É , não é?” E l ena ci nti l ou de vol ta. E ntão s eu ros to fi cou s éri o. “Não, não
é.”
“Não é?” O coração de M att quas e parou.
“É ... perfei to!” E el a ri u, mos trando dentes brancos e bri l hantes apes ar
do chocol ate. M att s ó podi a rezar para que s eu própri o s orri s o al i vi ado es ti ves s e
l i vre de grude.
“Sabe do que mai s ?” E l ena di s s e, então, ol hando para el e profundamente
nos ol hos .
“O quê?” M att mal res pi rou.
“É mel hor comermos tudo i s s o rápi do antes que derreta.”
E então el es o fi zeram, ri ndo e al i mentando um ao outro com uma
mordi da ocas i onal . A s obremes a es tava maravi l hos a, mas mai s maravi l hos o
era o ol har nos ol hos de E l ena toda vez que M att ol hava para ci ma. É cl aro, el e
teve di fi cul dade em acredi tar naquel e ol har, então el e teve que ol har para
ci ma frequentemente. Is s o res ul tou em um número de pequenos
derramamentos de chocol ate — fel i zmente, nenhum no ves ti do azul l uz do
l uar.
E l es es tavam bebendo o res to de s eu café quando uma s ombra s e
aproxi mou do ombro es querdo de M att. O que você quer agora? E u paguei a
conta, M att pens ou, mas não era o garçom.
E ra um cas al mai s vel ho, tal vez em s eus s es s enta. Ah, não, Deus ! M att
pens ou. E l es vão arrui nar tudo recl amando do barul ho, recl amando s obre
quanto tempo M att e E l ena ti nham fi cado, ou recl amando s obre... alg o.
“Nós es távamos obs ervando vocês doi s pombi nhos , ” o homem di s s e, em
uma voz l i gei ramente trêmul a que fez M att reaj us tar s ua i dade para tal vez
dez anos a mai s . “E eu tenho que di zer—"
" — nos fez vol tar di retamente ao nos s o pri mei ro encontro novamente, " a
vel ha mul her di s s e em uma voz es tri ada que vez M att reaj us tar novamente
s ua i dade pata tal vez s etenta e mui tos ou até oi tenta. Normal mente el e gos tava
de vel hi nhos , amava ouvi r s uas hi s tóri as , amava ver s eus vel hos s ótãos
chei os de memóri as . M as agora el e ti nha pl ena certeza que es s e cas al di ri a
al go que ti rari a todo o bri l ho do encontro, como es fregar as as de borbol eta com
dedos s uj os .
“Você doi s obvi amente tem al go mui to es peci al , ” a mul her es tri ou,
s orri ndo para E l ena. “Você é uma j ovem mui to amável .”
E l ena corou charmos amente e não di s s e nada.
“E você, j ovem, ” di s s e o caval hei ro, “obvi amente tem al gum di nhei ro de
s obra.” M att cons egui u s enti r s eu ros to fi car vermel ho. E l e s abi a que el es
es tragari am i s s o. E l es es tavam zombando del e.
“Ou até para pi s ar em ci ma, de qual quer j ei to.” O vel ho acenou na
di reção do s apato de M att. “Você percebeu que tem uma nota pres a al i ?”
Tudo fi cou l etárgi co e confus o. Lentamente, com uma névoa es cura
obs curecendo a mai or parte de s ua vi s ão, M att l evantou um pé e então o outro,
ol hando para as s ol as .
E al i , no s ol ado de s eu pé di rei to, es tava a nota de cem dól ares .
E ra quas e como uma mens agem — uma pi ada — do vel ho ti o Joe. Você
acha que eu realmente i a ti dei xar desamparado, g aroto? Nem. Mas o cami nho para o coração dessa
g arota não é através de baj ulá-la comostentação — s i m, ti o Joe real mente di s s era i s s o:
“baj ul á-l a com os tentações .” É mostrando a ela o teu própri o coração. O que, ag ora vai fazer
bi co? Só dê uma olhada nela!
M att ol hou através da turvez para o ros to bri l hante de E l ena.
“E u — eu s i nto tanto, ” el e cons egui u di zer. “Deve ter caí do quando eu
abri a cartei ra pel a pri mei ra vez e então eu pi s ei nel a e então eu não cons egui
ver — mas -tudo pel o que eu te fi z pas s ar—"
“M att, não é maravi l hos o?” E l ena di zi a. Havi a l ágri mas em s eus ol hos .
“E obri gada, s enhor, por notar i s s o antes que fôs s emos l á fora e fi cas s e tudo
enl ameado.”
“Para te di zer a verdade, eu teri a menci onado i s s o antes , ” o vel ho
caval hei ro s us s urrou. “M as vocês doi s es tão i ndo tão bem s ozi nhos — nós
es távamos na cabi ne l ogo aqui ” — el e i ndi cou a cabi ne atrás del e — “que eu
não cons egui me forçar a es tragar o s onho.”
Estrag ar o sonho.
E era i s s o o que i s s o ti nha s i do na verdade — um encontro dos s onhos .
M att ol hou para E l ena e E l ena ol hou de vol ta e então el a ri u e abraçou o
vel ho. “Obri gada, ” el a di s s e. “Obri gada por não es tragá-l o. E u es ti ve aqui
nes s e res taurante” — E l ena deu de ombros — “uma vi nte vezes , mas hoj e à
noi te foi a mel hor.”
“E eu di go que qual quer garoto que pos s a s urpreender uma garota
enquanto a al i menta s ó de pão, al face e chocol ate, deve ter al go es peci al .” O
vel ho deu gargal hada, ol hando para E l ena com apreço. “Grude nes s e, mi nha
queri da.”
“Obri gada, ” E l ena di s s e novamente, e el a acres centou, “E u acho que
i rei .”
E el a tomou a mão de M att e a s egurou todo o tempo que l evou para
perguntar ao motori s ta do s ervi ço de val et s e el e ti nha troco para cem dól ares .

Continua...
E s te ePub foi cri ado em Feverei ro de 2014 por
LeY tor
Tendo como bas e a tradução em Pdf de
Juliana Dias (Comunidade T r aduções de Livr os)
{1} M arca de s al gadi nho.
{2} Pos i ção ofens i va no futebol ameri cano, que é geral mente res pons ável por

carregar a bol a no j ogo.


{3} E s porte real i zado com um pára-quedas amarrado a um cami nhão ( ou barco)

e puxado por el e l evantando o des porti s ta no ar.


{4} Pos i ção defens i va no futebol ameri cano, geral mente os úl ti mos na l i nha

de defes a, cuj o obj eti vo é bl oquear os j ogadores do ti me advers ári o e pegar


pas s es .
{5} Uma uni vers i dade.
{6} Parti da anual de futebol ameri cano col egi al di s putada perto de M i ami .
{7} Jogo de pal avras , j á que wai ter, garçom em i ngl ês , vem do verbo wai t, que

s i gni fi ca es perar.
{8} New York Stri p Steak ( corte es peci al de contra-fi l é grel hado).
{9} Trocadi l ho com ‘coq au vi n’, prato tí pi co da cul i nári a frances a, fei to à bas e

de carne de gal o ( coq) e vi nho ( vi n).


{10} Prato fei to com pei to de frango, al caparra, l i mão e vi nho branco.
{11} Fras e da peça Haml et, de Wi l l i am Shakes peare.

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