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Sobre a obra:
Sobre nós:
CONTOS de
DIÁRIOS do
VAMPIRO
Quem é E l ena? el e pens ou. O que el a ocul ta? Que todos os caras a
exal tam? Pura, bel a, e cul ta el a é, que como não tem fal ta, qual quer um que a
vê a exul ta...
Ah droga, agora eu es tava fi cando realmente s enti mental , M att pens ou.
Is s o era horrí vel . E pel o que el e ti nha ouvi do, E l ena não era mui to pura,
tampouco, mas el a certamente pareci a um anj o.
“M att, pode me di zer uma coi s a?” E l ena perguntou, s eu dedo traçando
uma pequeni na fal ha na toal ha de mes a.
O coração de M att pul ou. E l e ti nha perdi do os úl ti mos mi nutos de
convers a. “Cl aro, o quê?” el e di s s e.
“Qual o l ance dos garotos e carros ? Por que el es s ão tão a fi m del es ?”
Por um momento M att corou. Só de pens ar em s eu es quel eto de carro
vel ho e bati do o fez s e perguntar s e el a es tava caçoando del e.
M as el a não es tava. Seu ros to es tava perfei tamente s éri o. E l a pareci a ter
es queci do que ti po de carro el e ti nha e es tava perguntando uma pergunta geral
s obre todos os caras .
“Bem” — el e teve um i mpul s o de es fregar a parte de trás de s eu pes coço,
mas não o fez. “Carros s ão... o carro i deal ... hm...”
“M e pergunto s e de al gum modo remete aos tempos dos caval os , ” E l ena
di s s e, i ncl i nando s ua cabeça.
De repente neurôni os s e acenderam no cérebro de M att. “E i — i s s o é —
bem, podi a s er — para mi m, pel o menos . E u pas s ei al guns anos em uma
fazenda quando era cri ança — s abe, s ó uma fazendi nha anti quada, mas
ti nha caval os . E atrás do es tábul o onde seus caval os eram manti dos , ti nha um
es tábul o de caval os de puro-s angue, caval os de corri da, certo?”
E l a concordou e el e s us pi rou.
“E u s i mpl es mente amava as s i s ti r aquel es puros -s angues se
movi mentando. E l es eram a coi s a mai s boni ta que s e pode i magi nar — para
ani mai s , quero di zer, ” el e acres centou apres s adamente.
“Por que el es eram boni tos ?”
“Bem — s i mpl es mente — eu não s ei . E l es eram s i mpl es mente
i ncrí vei s . E l es ti nham es s as compri das pernas del i cadas , e aquel as cabeças
que es tavam s empre no ar, com aquel as cri nas s empre j ogadas e fl utuando.
E l es s e movi am de uma manei ra que eu s i mpl es mente não cons i go des crever
— mei o que s empre pregui ços amente, mas você cons egui a s i mpl es mente
afi rmar que el es ti nham bas tante energi a confi nada dentro del es , também.
Como s e el es qui sessem correr o mai s rápi do que podi am, para s empre.” M att
al cançou s ua coca, percebendo de repente que es ti vera fal ando por um tempão.
“Des cul pa, me empol guei um pouco al i . O que eu quero di zer é que caval os
s ão vel oci dade, as s i m como os carros . E eu acho que es s a é uma das razões
porque eu gos to de pens ar nel es .”
“Não s e des cul pe. E u achei que i s s o foi real mente fas ci nante.” E l ena
di s s e, e el e percebeu que el a es tava di zendo a verdade, que el a estava
i nteres s ada. E l a es ti vera s egurando um pedaço de pão em s ua mão,
es queci do.
“Obri gado por es cutar, ” M att di s s e. “E l es ... certamente eram l i ndos .” Sua
voz fi cou pres a em al gum l ugar de s ua garganta enquanto el e ol hava para a
l i nda garota bem na s ua frente.
“E ntão vel oci dade é uma parte do porque, ” E l ena di s s e, s orri ndo para
el e, s uas bochechas fi cando ros a à l uz das vel as .
“Vel oci dade, é. Como quando eu di ri j o um carro mel hor do que aquel a
Pi l ha de Li xo l á fora — como um convers í vel , e eu abai xo o teto, e eu di ri j o
real mente rápi do numa vi a l i vre ou ao redor de curvas repenti nas do topo do
monte. Às vezes , de al gum modo, você s ente como s e fos s e parte do carro e el e
fos s e parte de você. É como voar.”
M att parou, repenti namente, atordoado com confus ão. De al gum modo em
s ua ani mação el e ti nha pego a mão de E l ena e a es tava apertando, com pão e
tudo. E l e s e s enti u corar e el e i a devol vê-l a onde a ti nha pego, quando E l ena
apertou s eus dedos cal oros amente e então el a mes ma a reti rou. Obri gado,
Deus , pel o pão não ter ti do mantei ga.
“E ntão há mai s al guma coi s a s obre ‘carros real mente bons ’?” el a
perguntou, quas e provocando, mas nunca quebrando o contato vi s ual com el e.
“Bem, há — há uma coi s a”- ele teve que quebrar o contato vi s ual com ela
para di zer i s s o- “há al go mei o que fí s i co s obre di ri gi r um carro que o dei xa
s enti r cada protuberânci a na rua. Quando você faz parte di s s o — e é s ó você l á
fora s enti ndo o ar e o chão — é mei o que — fí s i co, s abe? M ei o que — s exy.”
E l e es tava quas e com medo de ol har para el a, então. M as uma ri s ada
ondul ante o fez corar e então duas mãos quentes pegaram as del e. “Ora,
M atthew Honeycutt, você es tá corando! M as ”- em uma voz repenti namente
s éri a- “eu acho que s ei o que você quer di zer. Você quer di zer al go que eu s enti
com carros — mas nunca fui capaz de des crever.”
E l a conti nuou fal ando, mas M att não es tava nem mes mo mai s no
cômodo. E l e es tava ci rcul ando o s i s tema s ol ar em al gum l ugar ao redor do
pl aneta Netuno e cometas e as terói des es tavam navegando ao redor del e,
gol peando-o na cabeça de vez em quando.
Quando el e vol tou el a es tava ri ndo s obre uma experi ênci a com
paras ai l i ng{3} que ti nha ti do uma vez quando os mari nhei ros ti nham
aci dental mente dei xado-a cai r na arei a e não na água. “M as antes di s s o, ” el a
di s s e. “Foi perfei to. Só o vento correndo, com a grande e azul baí a debai xo de
mi m, e a s ens ação de vi aj ar — rapi damente — no ar. Quas e como s er um
pás s aro. E u gos tari a de ter as as .”
“E u também!” M att revel ou. Se s eu coração pudes s e bater mai s forte,
bateri a. M as j á es tava em s eu l i mi te máxi mo. “E u adorari a fazer paras ai l i ng.
Is s o deve ter s i do i ncrí vel .” E l e ol hou para s eu prato. “Para di zer a verdade, eu
acho que a coi s a mai s i ncrí vel que j á aconteceu comi g o foi ... hoj e à noi te.”
Imedi atamente, a ri s ada zombetei ra de E l ena o cortou para i ns peci oná-l o
— mas i s s o não es tava acontecendo. E l ena não es tava ri ndo. E l a es tava
ol hando para bai xo para s eu redondo prato branco e corando. E ntão el a ergueu
s ua cabeça e M att poderi a ter j urado que havi a uma camada de l ágri mas não
derramadas em s eus ol hos .
M as el a bal ançou s eu dedo de um modo erudi to. “Não s ej a tol o, M att. E
quanto ao j ogo contra os Bul l fi nches , quando você deu um pas s e para o
touchdown a 45 metros ? Ora, i s s o foi i ncrí vel ou foi i ncrí vel ?”
M att ol hou es pantado para el a. “Você g osta de futebol ameri cano?”
“Bem, aí você me pegou. E u não gos to de todos os feri mentos , e eu não
gos to da mai ori a dos atl etas . M as meu pai — el e foi um ti ght end{4} na
Cl ems on {5} , e el e os aj udou a vencer a Orange Bowl {6} . E ntão eu
s i mpl es mente ti ve que aprender s obre i s s o. Papai tem um monte de recordes ,
s abe, mai or números de pas s es pego em um j ogo, mai or número de pas s es
pego numa temporada, mai or número de touchdowns pegos em uma
temporada, mai or número de touchdowns pego em uma carrei ra—"
M att s e encontrou encarando. “Por que el e não s e tornou profi s s i onal ? Ou
el e s e tornou?”
“Não, el e começou um negóci o, ao i nvés . M as el e me dei xou s eus
i ns ti ntos de futebol ameri cano.”
M att s e forçou a ri r. E l e não s abi a como es tava s e s enti ndo. Seu coração
es tava l evantando voo em doze di reções di ferentes de uma s ó vez. M as de
al gum modo el e s e fez parecer zombetei ramente aus tero e bal ançou um dedo
de vol ta para el a. “Bem, eu apos to que você não s abe s obre o meu real momento de
gl óri a, ” el e di s s e. “E s távamos j ogando contra os Ri dgemont Cougers e o pl acar
es tava empatado e eu es tava des es perado. O tempo es tava pas s ando e eu de
repente ti ve es s a l ouca e grandi os a i dei a, e eu—"
“Correu para a di rei ta para fi ngi r dar a bol a para Greg Fl ei s ch, o l i nha
médi a, ” E l ena i nterrompeu s uavemente. “M as você conti nuou com a bol s a e
correu — e correu — e correu para fazer um i ncrí vel touchdown l ogo antes de
quatros dos Cougers o atacarem de uma s ó vez.”
“É ; el es quebraram a mi nha cl aví cul a, também, ” M att di s s e, s orri ndo.
“M as eu nem s enti . E u es tava al çando voo em al gum l ugar aci ma das
nuvens .”
“As pes s oas gri tavam e bei j avam e j ogavam coi s as , ” E l ena di s s e. “Até
mes mo os fãs dos Cougers fi caram l oucos . Um del es me agarrou e tentou me
dar um bei j o de l í ngua.”
E eu apos to que a mente dele não es tava no j ogo, M att pens ou, e s e
s urpreendeu ao di zer, “Di ga-me o nome del e que eu quebro a mandí bul a
del e.”
“Ah, eu j á o chutei na perna, ” E l ena di s s e cal mamente. “Recuei , para
que cons egui s s e arranhar toda a tí bi a com o meu s al to.” E l a acres centou o
úl ti mo com um s orri s i nho doce que um Inqui s i dor E s panhol — o própri o
Torquemada, tal vez — teri a i nvej ado.
“Bem, é mel hor eu i mpedi r que você fi que brava comi go, ” M att di s s e, e
E l ena ri u novamente, mos trando até mes mo s eus dentes branco perol ados .
“E u não acho, ” el a di s s e, “que qualquer pessoa cons i ga fi car brava com você
por mui to tempo.”
M att não s abi a o que di zer. Todos aquel es i di otas , el e es tava pens ando.
Todos aquel es perdedores que s ó queri am ter encontros com el a por caus a de
s ua aparênci a, es tão s i mpl es mente perdendo toda a porcari a do ponto. Cl aro,
el a é l i nda, mas mai s i mportante, el e é ti po... a pes s oa mai s perfei ta do
mundo: i ntel i gente, e geni al , e... bem, s i mpl es mente perfei ta. O j ei to como
el a torna tudo fáci l , e como el a te faz s enti r tão bem s obre s i mes mo, e...
M att teve um i mpul s o l ouco de fi car de j oel hos e pedi r para el a cas ar
com el e bem al i e agora.
E ntão el e expl odi u em ri s os pel o abs urdo de tudo i s s o. E l e i a di zer al go
quando al guém atrás del e tos s i u com premedi tada mal í ci a.
" O M ons i eur et M ademoi s el l e es tan pens ande em pedrr nes s e
momente?" o garçom rangeu os dentes , obvi amente i rri tado.
“E u acho que j á es tá na hora de ol har os nos s os cardápi os , ” E l ena di s s e,
col ocando s ua mão s obre s ua boca não exatamente es condendo uma ri s ada.
“E s taremos prontos em al guns mi nutos , ” M att di s s e, em s eu tom de
l i beração mai s pri nci pes co.
O garçom quas e s ai u pi s ando furi os amente.
M att ol hou para E l ena. E l a ol hou para el e s obre s ua mão enros cada e
então os doi s ri ram hi s teri camente, l utando para res pi rar.
“Coi tado, ” M att di s s e.
“Ah, bem, ” E l ena l evantou s uas s obrancel has i ndi ferentemente. “E l e é
s ó um garçom, afi nal . E l e é pago para es perar{7} .”
E s s a foi a pri mei ra vez que M att vi ra o l ado “Pri nces a do Gel o” de E l ena
Gi l bert, e el e não s abi a o que achava di s s o. M as , el e achava, que s e E l ena
fos s e real mente perfei ta, el a não s eri a humana. E s e al guém na Robert E .
Lee ti nha di rei to de ter uma ati tude como aquel a, E l ena Gi l bert era a pes s oa.
“Vamos ?” el e di s s e e l he pas s ou o cardápi o.
“Abs ol utamente, ” E l ena di s s e em uma zombari a das manei ras do s écul o
XIX, e el es abri ram os cardápi os .
Apes ar de todas as s uas preparações , os preços ai nda ti raram o fôl ego de
M att. Um New York s teak{8} era $ 39. M as s e E l ena pedi s s e o s teak, el e
pedi ri a o frango, que era s ó $ 23. Is s o dari a $ 62. As entradas vi nham com
vegetai s , mas havi a também aperi ti vo a cons i derar. E l e poderi a s ugeri r que
el es di vi di s s em a s al ada de es pi nafre, que era s ó $ 10. Is s o dari a $ 72. E ntão
mes mo s e el a qui s es s e s obremes a, el e teri a o bas tante para s ati s fazê-l a —
mas es pera, havi a as bebi das . E l e ti nha pedi do duas ; el a uma. Aquel a água
com gás era $ 7 a garrafa — cada coca era $ 2. E a taxa. E a gorj eta. E a gorj eta
do val et.
Bem, el e teri a s i mpl es mente que ber água normal de agora em di ante,
e es perar que E l ena tal vez não qui s es s e tanto o aperi ti vo quanto a s obremes a.
“Com o que quer começar?” E l ena s us s urrou. “E u geral mente gos to de
mei a Caes ar s al ad. E l es fazem na s ua mes a aqui . É real mente boa.”
M att concordou vi goros amente para que não ti ves s e que ol har nos ol hos
del a. E pel o menos era s ó uma s al ada, por qui nze dól ares . E i , es pera! E l e
s abi a. Havi a um ti po de s al mão defumado na l i s ta de aperi ti vos . E l e podi a
pedi r i s s o de entrada — M att s abi a que s e podi a fazer i s s o — e s eri a s omente
s ei s dól ares . E l e s i mpl es mente fari a um s anduí che para s i mes mo quando
el e chegar em cas a. Tudo i ri a fi car bem.
O garçom es tava de vol tando, parecendo mai s es nobe do que nunca.
M att fal ou em voz al ta, “E u- eu quero di zer nós - nós - gos tarí amos de
mei a—"
“Nós vamos di vi di r uma s al ada Caes ar, ” E l ena di s s e cal mamente, mal
ol hando para o garçom. E l a s orri u para os ol hos de M att. “Certo?”
“Is s o mes mo, ” M att di s s e entus i as ti camente.
Quando o garçom andou arrogantemente para l onge, o s orri s o de E l ena
mudou, trans formando-s e em um s orri s o traves s o. “E l e não vai nos es quecer
tão cedo, ” el a di s s e. A l uz do candel abro bri l hou s obre s eu ombro es querdo,
enquadrando-a na l uz do arco-í ri s .
M att des ej ou que ti ves s e al gum modo de capturar a i magem del a para
s empre. Havi a al go em E l ena — como s e el a bri l has s e nas bei radas — que
el e nunca ti nha vi s to em uma garota antes . E ra como s e a l uz cons tantemente
danças s e ao redor del a, como s e em al gum momento el a pudes s e
s i mpl es mente des aparecer na l uz. Di abos , el e pens ou, eu pos s o
s i mpl es mente “ter uma dor de barri ga” e não s er capaz de pedi r nenhuma
entrada, el e pens ou. E ntão eu me recuperarei em tempo para a s obremes a ou
al go as s i m. M as por mi m el a pode pedi r a l agos ta!
Agora el e es tava fi cando envergonhado, pens ou. Ni nguém es tava di zendo
nada.
“Você tem um bi chi nho de es ti mação?” E l ena perguntou repenti namente.
“Hm.” O pri mei ro i mpul s o de M att foi checar s e havi a pel os de cachorro
em s ua j aqueta ou al go as s i m. E ntão el e ol hou para ci ma para encontrá-l a
s orri ndo em s eus ol hos novamente.
“Bem, eu ti nha uma vel ha Labrador Retri ever, ” el e di s s e, l entamente.
“mas el a teve câncer e — bem, i s s o foi há s ei s mes es .”
“Oh, M att! Qual era o nome del a?”
“Bri tches , ” el e admi ti u, s enti ndo-s e corar. “E u a bati zei quando ti nha
quatro anos . Não faço abs ol utamente a mí ni ma i dei a do que eu es tava tentando
di zer.”
“E u acho que Bri tches é um nome perfei tamente res pei tável .” E l ena
di s s e. E l a tocou s ua mão l i gei ramente, com um dedo. Uma s ens ação de
mel ado devagar e doce arras tou- s e nel e do toque del a para s uas vei as ,
s us tentando-o. E l e des ej ou que el a não reti ras s e s eu dedo.
E l a não reti rou. E l a di s s e, “Nós vi vemos perdendo gatos . M argaret os traz
para cas a fami ntos , ti a Judi th trabal ha como es crava para el es e então el es
correm pel a vi zi nhança—" E l a fez um ges to l i gei ro e s i gni fi cati vo.
M att recuou. E l e ti nha uma bai xa tol erânci a para ani mai s a pel udos
s endo compri mi dos , mas el e teri a que agi r todo machão s obre i s s o. “Gato au
vi n {9} ?” el e s ugeri u, fi ngi ndo s ervi r um copo de vi nho.
Os ol hos de E l ena l acri mej aram, mas s ua boca gargarej ou. “Ti po — um
gato que foi atropel ado por um... é, é mai s ou menos des s e tamanho.”
M att não cons egui u evi tar ri r, e então el e contou a hi s tóri a de como um
ano Bri tches col ocara s uas patas no bal cão e pegou um peru de Ação de Graças
comi do pel a metade com s ua boca e vagou pel a s al a da famí l i a s egurando-o
como um troféu. E l ena ri u e ri u com i s s o. E l a ri u também enquanto o garçom
fazi a s ua s al ada Caes ar ao l ado da mes a del es , e contou uma hi s tóri a s obre a
Snowbal l , que amava dormi r em cai xas ou em gavetas abertas , e que
aci dental mente foi pres a em uma quando era fi l hoti nha.
“Os barul hos que el a fez!” E l ena excl amou. M att ri u com el a. E l e
achava que você ti nha que fi car s entado pres tando atenção e obs ervando a
s al ada s er mi s turada, mas não — E l ena cl aramente ti nha vi s to o bas tante de
tai s apres entações . E l a acei tou s eu prato com um al egre “Is s o parece óti mo!” e
um aceno de di s pens a para o moedor de pi menta do rei no fres ca, como s e
ti ves s e fei to i s s o s ua vi da toda.
Tal vez el a ti ves s e. Tal vez, s ai ndo com tantos garotos ... mas que di ferença
i s s o fazi a? Hoj e el a era dele.
Uma garota es tava andando pel o apos ento vendendo buquês de fl ores e
ros as . E l ena fal ava com M att s em uma úni ca vez ol har a garota. Não havi a
razão para fazê-l o — era um i mpul s o es túpi do — mas al go dentro de M att
expl odi u quando el e vi u a garota, que es tava ves ti da como ci gana, s e afas tar.
“E s pera, ” el e di s s e. “E u gos tari a des s a.” E l e genti l mente tocou uma ros a
que es tava quas e des abrochada por compl eto. E ra quas e toda branca, mas s uas
pétal as i nteri ores ti nham toques de ros a e as pétal as exteri ores ti nham uma
cor que era quas e dourada. O l embrava de E l ena: s ua pel e, s uas bochechas ,
s eu cabel o.
“M ui to boni ta; es col ha perfei ta, ” a garota ci gana di s s e. “Uma fl or
genui namente fl orenti na bem como Botti cel l i a pi ntou. E s ó quatorze dól ares .”
E l a deve ter vi s to o ol har de choque de M att — a ros a que el e comprara na
fl ori cul tura ti nha s i do s ó ci nco dól ares . A ci gana acres centou rapi damente, “E
é cl aro que vem s orte no amor — para cada um de vocês .”
E l ena es tava abri ndo s ua boca, e M att podi a afi rmar que el a i a mandar
a vendedora de fl ores embora. M as el e i ns tantaneamente di s s e, “Is s o é
óti mo!” e el a fechou s ua boca, e pareceu um pouco s óbri a por um i ns tante antes
de s orri r.
“M ui to obri gada, ” el a di s s e pegando a ros a, enquanto M att s e
perguntava repenti namente s e el e devi a ter-l he comprado todo um buquê —
el e cons egui a ver a pl aca na ces ta agora, e el es eram s ó um dól ar a mai s ,
porque as ros as nel es eram mi ni aturas — ou tal vez uma ros a compl etamente
branca para combi nar com s ua roupa. Deus , el e era i di ota. Por que não comprar
uma ros a vermel ha para el a e fazer as cores s e confrontarem por compl eto?
“Uma ros a fl orenti na nova e de caul e l onge, ” a garota ci gana di s s e “e
s orte no amor dupl a. M os trem-me s uas pal mas , ambos vocês .”
Corando, M att fez o que el a pedi u. E ntão el e foi acometi do por ri s i nhos .
E l e s abi a que não podi a ri r, nem al to nem bai xi nho — mas el e quas e não
cons egui a conter. Ah, Deus , el e pens ou, não me dei xe s ol tar pum! Não agora,
enquanto a ci gana es tava medi tando s obre s ua pal ma aberta, di zendo, “Hmm, ”
e “E u verr, ” e “M as s i m, é cl arrro, ” e um fal s o s otaque francês .
Fi nal mente, el e deu uma es pi ada em E l ena e pel a s ua mão s obre s ua
boca e s eus ol hos enrugados el e vi u que el a es tava tendo o mes mo probl ema, e
i s s o i medi atamente tornou i s s o duas vezes pi or.
Fi nal mente, a ci gana parou de murmurar e fal ou com E l ena. “Você terá
quas e um ano de l uz s ol ar. E ntão eu vej o es curi dão — haverá peri go. E no
fi nal , você i rá vencer a es curi dão e bri l har novamente. Cui dado com j ovens
morenos e pontes vel has .”
E l ena arqueou s eri amente em s eu as s ento. “Obri gada.”
“E você, ” a mul her di s s e para Bonni e, ai nda ol hando para s ua pal ma.
“você achou a s ua amada, metade cri ança metade mul her. Agora que você cai u
no charme del a, nada o s eparará del a. M as eu vej o uma es curi dão no coração
para você também, antes de s egui r adi ante. Você s empre es tará pronto para
col ocar os i nteres s es do s eu amor antes dos s eus própri os .”
“Hm, obri gado, ” M att di s s e, s e perguntando s e el a es perava que el e l he
des s e gorj eta, mas el a di s s e, “Para poções , de amor ou de bruxari a, me
vi s i tem em Heron, na mi nha l oj a ‘Amor e Ros as .’”
E l a deu a M att um cartão e s egui u trotando com s eus buquês .
E então E l ena e M att puderam ri r tão hi s teri camente quanto queri am, o
que era bas tante. M att s ó s e acal mou quando el e s e l embrou que devi a ter
pego a ros a branca, para combi nar com a roupa de E l ena. E l e s e s enti a i di ota.
M as E l ena ai nda ri a.
“M eredi th a teri a ras gado em pedaci nhos , ” E l ena arfou fi nal mente.
Uma es curi dão antes de s egui r adi ante...’ M as ros a... é a coi s a mai s l i nda
que eu j á vi .” “Séri o?” M att s enti u uma onda de al í vi o apai xonado que vei o com
uma ri s ada mei o tol a. “Hm, mel hor que a branca?”
“É cl aro.” E l ena acari ci ou s ua bochecha com a fl or. “E u nunca vi outra
como es s a.” “E s tou tão fel i z. E l a, bem, me l embra você.”
“Ora, M att Honeycutt! Seu gal anteador!” E l ena deu um tapi nha genti l
nel e com a ros a, e então começou a acari ci ar s eus l ábi os com el a.
M att cons egui a s enti r outro rubori zar vi ndo, mas es s e era por duas
razões . Normal mente, haveri a uma tercei ra, um cons trangi mento s obre como
fras ear o que el e preci s as s e di zer, mas es s a vontade de entender as coi s as era
tão urgente que el e s i mpl es mente di s s e, “Você me dari a l i cença um
momento, por favor?” e mal es perando pel o s eu aceno graci os o, el e s e apres s ou
na di reção do bar para achar um banhei ro.
O banhei ro mas cul i no era bem no fi m de um pequeno corredor. M att
entrou e foi para um boxe, puxou s ua cartei ra e começou a cal cul ar
freneti camente.
E i , rel axe, el e di s s e a s i mes mo antes de começar. Você tem o bas tante.
Só não faça mai s nada i mpul s i vo como a ros a, e não pl anej e dar grandes
gorj etas .
Agora, s e el a pedi s s e, vamos di zer, o frango pi ccatta {10} com cogumel os
— el e s enti a que ti nha o cardápi o memori zado agora — i s s o dari a $ 25. E então
el e podi a pedi r de aperi ti vo os bol i nhos de s al mão, quer eram s ó $ 12. E então
el e podi a até pedi r s obremes a e café, também, s e el e cortas s e as gorj etas ao
mí ni mo.
“Vol ta pra l á e entretenha a tua mi ni na, ” el e j urou que podi a ouvi r o ti o
Joe di zendo, enquanto ao mes mo tempo a s ens ação da bota no tras ei ro pareci a
vi r de s eu bol s o tras ei ro. E era um bom cons el ho. O úni co probl ema era que o
fazi a querer dar uma ol hada na nota de cem dól ares , tocá-l a para dar boa s orte,
e ol har para el a para ter conforto.
Bal ançando s ua cabeça para s i mes mo, el e vi rou s ua cartei ra de l ado
para expor o comparti mento s ecreto e apal pá-l a dentro.
E apal pá-l a dentro.
E apal pou-a freneti camente dentro e ao redor, cons egui ndo quas e vi rar a
cartei ra do aves s o.
Por fi m el e teve que dei xar as pal avras emergi rem em s eu cérebro.
A nota de cem dól ares não es tava l á.
Ti nha s umi do.
TINHA SUM IDO.
Onde? Quando? E l e ti nha vi s to por úl ti mo quando es tava bri ncando com
s ua cartei ra em cas a, s onhando acordado com o encontro. E l e s abi a que a ti nha
vi s to. O que poderi a ter aconteci do com el a?
Des es perado, el e procurou no res to de s ua cartei ra. Nada. O res to de s eu
di nhei ro es tava l á; el e não fora roubado, mas ... nada de nota de cem dól ares .
M att pas s ou os próxi mos dez mi nutos na bus ca mai s frenéti ca e í nti ma
de s ua vi da... bus cando em s i mes mo. E l e ol hou em tudo. E l e poderi a ter
dei xado es corregar numa mei a? Poderi a de al gum modo ter s i do l evada com
s uas roupas s uj as ? Não. Nenhum outro comparti mento, em qual quer l ugar?
Não?
Fi nal mente el e teve que admi ti r nada al ém do fato nu e cru. Os cem
ti nham s umi do.
E o pi or é que não ti nha que acontecer des s a manei ra. Havi a um rumor
de que E l ena Gi l bert nunca s ai a s e não pagas s e a metade. E l a ti nha
real mente confi rmado i s s o a el e quando el e ti nha reuni do coragem para
gaguej ar as pal avras , “Você quer s ai r comi go no próxi mo s ábado?” E l e s e
l embrava exatamente de como s eus ol hos azui s ti nham s e i l umi nado e como
el a ti nha di to, “Si m, mas eu s empre pago metade.” E el e, o i di ota dos i di otas ,
ti nha enchi do s eu pei to e di to, “Não des s a vez, você não paga.”
Indo pel os ares com o própri o petardo{11} . O que quer que i s s o
s i gni fi cas s e.
Agora, o que fazer quanto a i s s o? Deus , o que el e podi a fazer? A mai or
parte de s eus ami gos es tava prati camente quebrado no outono — al ém do
mai s , era uma vi agem de mei a hora para el es . Sua mãe — el e ol hou para o
rel ógi o e es tremeceu. E ram depoi s das 21h — não era por acas o que aquel e
garçom es tava tão bravo — e s ua mãe es tari a dormi ndo agora. Seu turno na
padari a começava cedo.
Droga! E l e quas e podi a chorar. Is s o era — como el e i a chegar em E l ena e
contar-l he que não ti nha di nhei ro para pagar o j antar quando eles j á estavam
comendo? Ah, deus , el a não fal ari a com el e pel o res to da s ua vi da. E el e s eri a
pres o, trancafi ado como um condenado... ou como quer que chamas s em i s s o...
E l e não podi a fazer i s s o.
M as el e ti nha que.
Si mpl es mente ti nha que s er fei to.
E di zendo i s s o a s i mes mo, do j ei to como um s ol dado na noi te de s ua
pri mei ra batal ha di ri a, el e s e forçou a marchar de vol ta para a mes a. Lá el e s e
forçou a s entar encarando E l ena.
E l a es tava tagarel ando com bom humor. “M ons i eur Garçon vei o, mas eu
o mandei embora. E l e vai vol tar em—" E l a parou repenti namente, todo o s eu
j ei to mudando.
“M att, o que aconteceu?”
M att abri u s ua boca, mas nada s ai u, nem mes mo a traça s eca marrom
que el e i magi nava es tar dentro. O que el e podi a fazer? E l es ao menos l he
dei xavam l avar pratos para compens ar por não ter pagado uma refei ção? Ou i s s o
era apenas uma l enda urbana? E l e não cons egui a i magi nar E l ena, com s eu
bri l hante ves ti do azul da l uz do l uar, l avando pratos .
E s e el e s i mpl es mente dei xas s e a refei ção s er concl uí da, e então
tentas s e dar uma pal avri nha com o gerente em parti cul ar? As coi s as es tavam
apertadas nos arranj os domés ti cos dos Honeycutt agora, mas quando el as não
es tavam? Cl aro, s ua mãe l he empres tari a o di nhei ro de manhã? M as s ó de
pens ar em como o ros to do garçom fi cari a e aquel e pl ano foi varri do para
debai xo do tapete. Al ém do mai s , E l ena fi cari a humi l hada. E l ena! Seu
perfei to anj o preci os o fi cari a-
“M att, você es tá doente. Você es tá cong elando. Preci s amos chamar um
médi co.”
M att pes tanej ou, o mundo l entamente retornando ao foco. E l e podi a
s i mpl es mente i magi nar como es tava: ros to azul -es branqui çado, com mãos
gel adas e um tremor cons tante pas s ando por el e. Di abos , tal vez i s s o
funci onas s e. Tal vez s e el e agi s s e real mente doente-
“E u perdi o di nhei ro, ” el e s e ouvi u di zendo à E l ena.
“M att, você es tá del i rando.”
“Não, é verdade.” E l e s e encontroou des pej ando a hi s tóri a de s eu ti o Joe
para el a, do j ei to como el e ti nha trabal hado para fazer es s e encontro perfei to, e
o terror que el e ti nha s e tornado. E l e obs ervou enquanto o ros to de E l ena
tomava uma aparênci a di ferente — el e não cons egui a afi rmar s e el a uma boa
aparênci a ou uma má. E ra uma aparênci a de s i l ênci o, s ol i dão, s ofri mento.
Fi nal mente, el e termi nou a hi s tóri a.
E l e encarou a i mpecável toal ha de mes a branca.
E então el e ouvi u o s om mai s i ncrí vel . E l e teve que vi rar s ua cabeça para
ter certeza de que ti nha ouvi do.
E l ena es tava ri ndo.
Ri ndo del e? Não, ri ndo com el e, s ua cabeça i ncl i nado de l ado e l ágri mas
de s i mpati a em s eus ol hos .
“Ah, M att, ol ha o que você pas s ou. O que você fez s ó para fazer tudo i s s o
acontecer! M as você pode parar de s e preocupar agora. E u devo te RO bas tante
para pas s armos pel a maré.” E l a fez um movi mento rápi do e pegou a bol s i nha
que combi nava com s ua roupa azul . “Aqui , dei xe-me ver — ah!” De repente el a
es tava mordendo s eu l ábi o em decepção. “E u es queci ; eu gas tei tudo nes s a
bol s a e com maqui agem nova. Ah, eu si nto mui to.”
Aquel e ‘Si nto mui to’ era o bas tante para fazer um buraco na l ateral de
M att e des cas cá-l o. M as novamente, el e ouvi u uma ri s ada mel odi os a e
traves s a. E l e ol hou para ci ma vagaros amente, não s e i mportando real mente
com o que aconteci a mai s com el e.
“M att, es tá tudo bem.” Debai xo da mes a uma mão quente achou uma das
del e e deu um aperto rápi do. “Tudo vai fi car bem. Agora me es cute, porque eu
tenho um pl ano—"
Anos mai s tarde el e aprenderi a a des confi ar daquel a fras e “E u tenho
um pl ano.” M as es s a era a pri mei ra vez que el e a es cutava. E ntão el e ouvi u.
E s ua boca cai u aberta. E então conti nuou abri ndo e fechando, como de um
pei xi nho dourado.
“Você real mente acha que cons egui remos fazer i s s o?”
“E u sei que cons egui remos , por caus a des s a es paço vazi o aqui .” E l e
apontou para o cardápi o. E l e encarou.
E ntão, l entamente, el e ol hou para ci ma para el a e s orri u.
“E s tá bem, agora l i mpe o s eu ros to, porque você parece que acabou de
correr uma maratona. Você perdeu s eu guardanapo? Aqui , pegue o meu.”
Ti nha que s er s ua i magi nação, mas M att real mente achou que
cons egui a s enti r a fragrânci a del a no guardanapo. E l e s e l i mpou bem em
tempo do garçom vol tar. E l ena i medi atamente entrel açou s eus dedos com os de
M att na toal ha de mes a.
“O M ons i eur et M ademoi s el l e fi nal mente deci di rrram comerr aqui
es s a noi te?” o garçom perguntou, expres s i vamente, ol hando para E l ena, que
acenou, “M ademoi s el l e?” “’M adame, ’ si l’l vousplai t,” E l ena di s s e docemente. “E
eu gos tari a de um s ufê de chocol ate, com duas col heres , merci .”
“M ademoi s el l e—" O garçom pareci a es tar pres tes a expl odi r.
“’M adame’” E l ena o l embrou.
“M adame, você não pode — não pode—" O ros to do garçom es tava
vermel ho ti j ol o. “Só que podemos , ” E l ena res pondeu em s ua voz mai s doce. E l a
apontou para o cardápi o. “Não há nada que di ga que há um cons umo mí ni mo
por cl i ente.”
“Is s e, ” o garçom di s s e como s e es ti ves s e tentando manter s ua ati tude
arrogante, mas es tava i nchado como um bal ão pres tes a ati ngi r o teto “é porque
— é porque — porque a cl i entel e que nós s ervi me s abe di s s e s em que
preci s eme l hes di zer!”
E l ena col ocou s eus dedos l i vres em s eus l ábi os . “M ons i eur, as pes s oas
es tão começando a encarar.”
O garçom s e control ou, obvi amente reuni ndo toda a di gni dade em s eu
comando.
“E mons i eur?” el e di s s e em uma voz como gel o, vi rando-s e para M att.
“Ah, hm, eu?” E u gos tari a de, hm, duas bol as de s orvete de bauni l ha. E
duas col heres , ” M att s e achou di zendo, e contendo duas vontades i guai s de
s ai r correndo e dar gargal hadas hi s téri cas . “Ah — e duas xí caras de café.”
“Você quer—"
“Duas bol as de s orvete de bauni l ha.” M att es tava com medo do garçom
expl odi r. “C’es t i mpos s i bl e...” murmurou o garçom, mas el e es creveu al go em
s eu caderno. A cri s e pareci a ter acabado agora. O homem ti nha i do de vermel ho
para pál i do, e el e cons egui u s e afas tar del e s em detonar. “Irrrá l evarrr mei
hora para o s ufl ê cozi nharrr, ” el e di s s e, de cos tas para el e. “E nquanto i s s o...
B on appéti t! ”
Uma vez que el e s e foi , M att e E l ena ti veram um col aps o com ri s adas
fora do control e.
“Ah, Deus , vi u o rosto del e?” E l ena arfou. “Aquel e pobre homem —
teremos que dar a el e de gorj eta tudo que s obrar. . .”
“Nada de gorj eta. E l e foi rude com você. Por mi m el e não ganha gorj eta
nenhuma, e eu vou pedi r para el e ‘fi car de fora’ s e acontecer de novo.”
“Oh, M att. Você real mente é um prí nci pe no caval o branco. M as pos s o te
di zer uma coi s a? M eu res taurante favori to é o Hot Doggl es — s i m, o l ugar de
cachorro quente l á em Fel l ’s Church. E mi nha coi s a favori ta de s e fazer em
um encontro — agora, não quero s oar as s us tadora -, mas eu gos to de andar
pel o cemi téri o ou no Bos que Anti go à l uz do l uar. E u — eu real mente não l i go
para coi s as chi ques . Se eu gos to de um cara” — e aqui s eus ol hos pareci am
es tar di zendo al go que M att mal podi a s e dei xar acredi tar — “E u preferi ri a
s i mpl es mente i r nes s e l ugar e es cutar mús i ca, ou l evá-l o para j antar com a
mi nha famí l i a.” O res to é s ó—" E l a fez um ges to de i ndi ferença com s ua
mão. “Só para os i di otas que eu tenho que aturar de vez em quando. Os atl etas
que preci s am de protetores de tes tí cul os para s eus cérebros .” E l a j ogou s ua
cabeça, para que s eu l i ndo e ondul ante cabel o dourado voas s e de l ado a l ado.
M att abri u s ua boca e novamente nada s ai u. Não havi a nenhum ti o Joe
para chutá-l o no tras ei ro.
M as de al gum modo havi a. Apes ar da nota s umi da el e s enti u um chute,
e pal avras s i mpl es mente caí ram da s ua boca, " Se eu s oubes s e que você era
es s e ti po de garota, eu teri a te chamado para s ai r há mui to tempo, " el e
revel ou. “E u achei que você fos s e — al gum ti po de pri nces a mi mada.”
No mi nuto s egui nte el e podi a ter mordi do s ua l í ngua. M as E l ena não
es tava brava. Ao i nvés el a di s s e tri s temente, “M ui tos caras acham i s s o. E u
acho que eu s oui , s éri o. E u s ei do que eu gos to quando vej o. E eu quero o que
quero quando eu quero." E novamente s eus ol hos di s s eram al go a el e. E
des s a vez el e não cons egui a evi tar acredi tar. E el e s abi a que s eus ol hos
es tavam di zendo al go de vol ta para os del a também.
“E ntão foi por i s s o que você nunca me chamou para s ai r. E u acho que eu
devo endi rei tar as coi s as .” E l a s e s enti u e s orri u novamente, des s a vez
bri l hantemente, “E quando eu te l evar nos nos s os próxi mos três encontros —"
“Três encontros !”
E l a acenou s ol enemente. “Serão encontros em l ugares como o Hot Doggl es
ou al go as s i m — j á foi no M i dge’s , bem na rua pri nci pal com a Hodge? É
óti mo — e convers aremos e nos di verti remos . Quando a pri mavera chegar
i remos fazer pi queni que. Já s ol tou pi pa? E u s ei que é para cri anças , mas é
real mente ani mador correr e correr e de repente s enti r o vento morder. E ntão
você s ol ta.” Sua expres s ão fi cou s onhadora. “Às vezes eu não quero s ol tar. E u
quero s ubi r com a pi pa.”
“Como s al tar s em para-quedas , ” M att di s s e, obs ervando o ros to del a
avi damente.
E l e amava ol har para el a quando s uas bochechas fl amej avam e s eus
ol hos azui s pegavam fogo.
“Ah, s i m, como s al tar s em para-quedas . Não s eri a di verti do fazer i s s o
j untos ? Ou vi aj ar de bal ão... ouvi di zer que el es fazem i s s o em Heron. Nós
terí amos que economi zar, contudo — no i nverno podemos fazer pes s oas de
neve!”
“' Pes s oas ’ de neve?”
“Ah, i s s o é coi s a da M eredi th. E l a di z que s empre di zemos ‘homem’
quando queremos di zer ‘homem e mul her’, então es tamos todos acos tumados a
di zer ‘pes s oas ’ para tudo agora. E u quero que você conheça todas : M eredi th, e
Bonni e, e Carol i ne.” E l a l evantou um dedo com s everi dade. “Nada de s ai r com
el a, contudo. Bonni e tem uma quedi nha por você. M as eu cheguei pri mei ro.”
M att não s abi a onde es tava i ndo. E l e não l i gava, tampouco, porque
pareci a que el es s e di ri gi am di retamente para o Paraí s o.
“E u conheço Carol i ne há anos e mai s anos , ” el e s e ouvi u di zer. “E u achei
que você fos s e como el a, s ó que, ti po, mul ti pl i cada por dez.” E ntão el e vi u el a
ol har para el e e qui s bater s ua mão na boca.
“Bem, as vezes eu s ou, ” E l ena di s s e. “Você s i mpl es mente terá que
des cobri r de que manei ra, não terá?”
Bem então a s obremes a chegou. M att obs ervou enquanto o garçom
s ol enemente col ocava um troci nho de chocol ate na frente de E l ena — e duas
col heres , e duas bol as redondas de s orvete de bauni l ha na frente del e — e
duas col heres . E ntão el e os s ervi u café, dei tou uma pequena pas ta com a conta
dentro, e s e vi rou nos cal canhares como s e nunca mai s qui s es s e vê-l os
novamente. E l e nem ao menos di s s e ‘B on appéti t.’
“Cons egui mos ?” E l ena s us s urrou enquanto M att freneti camente
cal cul ava as gorj etas para o garçom e o val et.
“Com um dól ar s obrando!” el e s us s urrou de vol ta, e novamente el es
deram ri s adas j untos .
Cada um queri a dei xar o outro dar a pri mei ra mordi da no s ufl ê de
chocol ate. Fi nal mente para s al var o s orvete que es tava derretendo, M att pegou
uma col herada de s obremes a, untou em uma das bol as derretendo de s orvete e
s orri u para E l ena. E ntão, enquanto E l ena abri a s ua boca para perguntar s e
era bom, el e rapi damente l evou a carga da col her para a boca del a e empurrou.
E l ena teve apenas uma fração de s egundo para deci di r. Ou comer a s obremes a
ou fi car com s ufl ê por todo o s eu ves ti do da cor do l uar. E l a tomou a deci s ão
certa, quas e tarde demai s e na hora que l argas gotas de branco amarronzado
es tava cai ndo da col her, foram s eguramente pegas por um guardanapos que
M att es tava s egurando com s ua outra mão.
“E u pos s o s er tei mos o também, ” M att di s s e. E então, es perando que el a
não es ti ves s e brava, ”É bom?”
“Del eti os o, ” el a di s s e um tanto i ndi s ti ntamente, termi nando com um
gol e d’água e um úl ti mo punhado. E ntão, antes de M att s aber o que es tava
acontecendo, um obj eto aproxi mou-s e do nada del e e aço fri o tocou s eus dentes .
“Abra o bocão, ” uma voz s uave cantou em s eus ouvi dos e el e rapi damente abri u
o mai s l argo que pôde para receber o grande punhado grudento de grude
del i ci os o de chocol ate quente mi s turado com o doce fri o s orvete de bauni l ha.
E l e ti nha certeza de que pareci a com um i di ota enquanto es tava s entado
l á mas ti gando a gi gantes ca bocada, mas era tão bom, e E l ena pareci a tão
s ati s fei ta cons i go mes ma, s e i ncl i nando para frente como fez para cavoucar
uma quanti dade de grude de s eu quei xo tão cui dados amente quanto um
barbei ro.
“Tá maravi l hos o, ” el e cons egui u di zer, l i mpando s eu ros to com o úni co
guardanapo a vi s ta.
“É , não é?” E l ena ci nti l ou de vol ta. E ntão s eu ros to fi cou s éri o. “Não, não
é.”
“Não é?” O coração de M att quas e parou.
“É ... perfei to!” E el a ri u, mos trando dentes brancos e bri l hantes apes ar
do chocol ate. M att s ó podi a rezar para que s eu própri o s orri s o al i vi ado es ti ves s e
l i vre de grude.
“Sabe do que mai s ?” E l ena di s s e, então, ol hando para el e profundamente
nos ol hos .
“O quê?” M att mal res pi rou.
“É mel hor comermos tudo i s s o rápi do antes que derreta.”
E então el es o fi zeram, ri ndo e al i mentando um ao outro com uma
mordi da ocas i onal . A s obremes a es tava maravi l hos a, mas mai s maravi l hos o
era o ol har nos ol hos de E l ena toda vez que M att ol hava para ci ma. É cl aro, el e
teve di fi cul dade em acredi tar naquel e ol har, então el e teve que ol har para
ci ma frequentemente. Is s o res ul tou em um número de pequenos
derramamentos de chocol ate — fel i zmente, nenhum no ves ti do azul l uz do
l uar.
E l es es tavam bebendo o res to de s eu café quando uma s ombra s e
aproxi mou do ombro es querdo de M att. O que você quer agora? E u paguei a
conta, M att pens ou, mas não era o garçom.
E ra um cas al mai s vel ho, tal vez em s eus s es s enta. Ah, não, Deus ! M att
pens ou. E l es vão arrui nar tudo recl amando do barul ho, recl amando s obre
quanto tempo M att e E l ena ti nham fi cado, ou recl amando s obre... alg o.
“Nós es távamos obs ervando vocês doi s pombi nhos , ” o homem di s s e, em
uma voz l i gei ramente trêmul a que fez M att reaj us tar s ua i dade para tal vez
dez anos a mai s . “E eu tenho que di zer—"
" — nos fez vol tar di retamente ao nos s o pri mei ro encontro novamente, " a
vel ha mul her di s s e em uma voz es tri ada que vez M att reaj us tar novamente
s ua i dade pata tal vez s etenta e mui tos ou até oi tenta. Normal mente el e gos tava
de vel hi nhos , amava ouvi r s uas hi s tóri as , amava ver s eus vel hos s ótãos
chei os de memóri as . M as agora el e ti nha pl ena certeza que es s e cas al di ri a
al go que ti rari a todo o bri l ho do encontro, como es fregar as as de borbol eta com
dedos s uj os .
“Você doi s obvi amente tem al go mui to es peci al , ” a mul her es tri ou,
s orri ndo para E l ena. “Você é uma j ovem mui to amável .”
E l ena corou charmos amente e não di s s e nada.
“E você, j ovem, ” di s s e o caval hei ro, “obvi amente tem al gum di nhei ro de
s obra.” M att cons egui u s enti r s eu ros to fi car vermel ho. E l e s abi a que el es
es tragari am i s s o. E l es es tavam zombando del e.
“Ou até para pi s ar em ci ma, de qual quer j ei to.” O vel ho acenou na
di reção do s apato de M att. “Você percebeu que tem uma nota pres a al i ?”
Tudo fi cou l etárgi co e confus o. Lentamente, com uma névoa es cura
obs curecendo a mai or parte de s ua vi s ão, M att l evantou um pé e então o outro,
ol hando para as s ol as .
E al i , no s ol ado de s eu pé di rei to, es tava a nota de cem dól ares .
E ra quas e como uma mens agem — uma pi ada — do vel ho ti o Joe. Você
acha que eu realmente i a ti dei xar desamparado, g aroto? Nem. Mas o cami nho para o coração dessa
g arota não é através de baj ulá-la comostentação — s i m, ti o Joe real mente di s s era i s s o:
“baj ul á-l a com os tentações .” É mostrando a ela o teu própri o coração. O que, ag ora vai fazer
bi co? Só dê uma olhada nela!
M att ol hou através da turvez para o ros to bri l hante de E l ena.
“E u — eu s i nto tanto, ” el e cons egui u di zer. “Deve ter caí do quando eu
abri a cartei ra pel a pri mei ra vez e então eu pi s ei nel a e então eu não cons egui
ver — mas -tudo pel o que eu te fi z pas s ar—"
“M att, não é maravi l hos o?” E l ena di zi a. Havi a l ágri mas em s eus ol hos .
“E obri gada, s enhor, por notar i s s o antes que fôs s emos l á fora e fi cas s e tudo
enl ameado.”
“Para te di zer a verdade, eu teri a menci onado i s s o antes , ” o vel ho
caval hei ro s us s urrou. “M as vocês doi s es tão i ndo tão bem s ozi nhos — nós
es távamos na cabi ne l ogo aqui ” — el e i ndi cou a cabi ne atrás del e — “que eu
não cons egui me forçar a es tragar o s onho.”
Estrag ar o sonho.
E era i s s o o que i s s o ti nha s i do na verdade — um encontro dos s onhos .
M att ol hou para E l ena e E l ena ol hou de vol ta e então el a ri u e abraçou o
vel ho. “Obri gada, ” el a di s s e. “Obri gada por não es tragá-l o. E u es ti ve aqui
nes s e res taurante” — E l ena deu de ombros — “uma vi nte vezes , mas hoj e à
noi te foi a mel hor.”
“E eu di go que qual quer garoto que pos s a s urpreender uma garota
enquanto a al i menta s ó de pão, al face e chocol ate, deve ter al go es peci al .” O
vel ho deu gargal hada, ol hando para E l ena com apreço. “Grude nes s e, mi nha
queri da.”
“Obri gada, ” E l ena di s s e novamente, e el a acres centou, “E u acho que
i rei .”
E el a tomou a mão de M att e a s egurou todo o tempo que l evou para
perguntar ao motori s ta do s ervi ço de val et s e el e ti nha troco para cem dól ares .
Continua...
E s te ePub foi cri ado em Feverei ro de 2014 por
LeY tor
Tendo como bas e a tradução em Pdf de
Juliana Dias (Comunidade T r aduções de Livr os)
{1} M arca de s al gadi nho.
{2} Pos i ção ofens i va no futebol ameri cano, que é geral mente res pons ável por
s i gni fi ca es perar.
{8} New York Stri p Steak ( corte es peci al de contra-fi l é grel hado).
{9} Trocadi l ho com ‘coq au vi n’, prato tí pi co da cul i nári a frances a, fei to à bas e