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Sobre a obra:
Sobre nós:
DIÁRIOS do
VAMPIRO
O RETORNO
M eia-Noite
1
Queri do di ári o,
Estou comtanto medo que mal consi g o seg urar essa caneta. Estou
i mpri mi ndo ao i nvés de escrever, poi s assi mtenho mai s controle.
Do que eu tenho medo, você perg unta? E quando eu di g o “ do
Damon” você não acredi tari a na resposta, não se você ti vesse vi sto nós
doi s há alg uns di as atrás. Mas para entender, você preci sa saber de
alg uns fatos.
Você j á ouvi u falar da frase “ e os dados foramlançados” ?
Quer di zer que qualquer coi sa, qualquer coi sa, pode acontecer.
Há a possi bi li dade de a pessoa fazer apostas e conseg ui r seu di nhei ro
de volta. Porque um cori ng a entrou no j og o. Você não conseg ue
i mag i nar a chances de i sso acontecer.
É por i sso que estou aqui . É por i sso que meu coração está batendo
na mi nha g arg anta, e a mi nha cabeça, meus ouvi dos e as pontas dos
meus dedos estão trêmulos.
Os dados foramlançados.
Você pode ver o quão trêmula está a mi nha i mpressão. Vamos
supor que eu trema assi mquando for encontrá-lo? Eu poderi a derrubar
a bandej a. Eu poderi a evi tar ver o Damon, então nada di sso
aconteceri a.
Não estou di zendo coi sa comcoi sa. O que eu deveri a di zer é que
estamos de volta: Damon, Meredi th, B onni e e eu. Nós fomos para a
Di mensão das Trevas e ag ora estamos novamente em casa, com uma
Esfera Estelar –e comStefan.
Stefan fora eng anado ao i r pra lá por Shi ni chi e Mi sao, os
i rmãos ki tsune, ou os espí ri tos-raposa mali g nos, que havi am lhe di to
que se ele fosse para a Di mensão das Trevas ele poderi a remover a
maldi ção de ser umvampi ro e vi rar umhumano novamente.
Eles menti ram.
Tudo que eles fi zeram foi dei xá-lo em uma pri são fedi da, sem
comi da, semluz e desani mado... Até que ele estava prestes a morrer.
Mas Damon –que está di ferente desde então –concordou emnos
levar para tentarmos encontrá-lo. E, oh, eu mal consi g o descrever a
Di mensão das Trevas. Mas a coi sa mai s i mportante é que fi nalmente
encontramos Stefan, e i sso porque achamos as Chaves Gêmeas em
formato de raposa que preci sávamos para li bertá-lo. Mas – ele estava
mui to mag ro, coi tadi nho. Nós o trouxemos de volta emuma li tei ra, que
mai s tarde foi quei mada por Matt; ela estava i nfestada de pi olhos.
Mas essa noi te lhe demos um banho e o colocamos na cama... E então o
ali mentamos. Si m, como nosso sang ue. Todos os humanos fi zeram i sso,
ti rando a Sra. Flow ers que estava fazendo cataplasmas para pôr nos
ossos fracos dele que quase saí amde sua pele.
Eles o dei xaramfami nto até cheg arema esse ponto! Eu poderi a
matá-los commi nhas própri as mãos –ou commeus Poderes de Asa –se ao
menos eu soubesse usá-las corretamente. Mas não posso. Eu sei que há um
encantamento para as Asas da Destrui ção, mas eu não tenho i dei a de
como convocá-las.
Pelo menos eu posso ver que Stefan está melhorando quando é
ali mentado com sang ue humano. (Admi to que tenho lhe dado doses
extras do que estava prog ramado, mas eu teri a que ser mui to i di ota em
não saber que o meu sang ue é di ferente do dos outros –é mai s ri co e tem
fei to maravi lhas comStefan.)
E na manhã seg ui nte, Stefan estava tão recuperado que foi
capaz de descer as escadas para ag radecer a Sra. Flow ers por suas
poções!
Embora o resto de nós – todos humanos – estarmos completamente
exaustos. Nós nempensamos no que havi a aconteci do como buquê, porque
não sabí amos que havi a alg o especi al nele. Nós o g anhamos assi mque
estávamos sai ndo da Di mensão das Trevas, por um ti po de ki tsune
branco que estava na cela da frente de Stefan, antes de termos fei to
uma rebeli ão dos presos. Ele era tão li ndo! Nunca pensei que um
ki tsune poderi a ser tão g enti l. Mas ele havi a dado a Stefan essas
flores.
De qualquer forma, de manhã Damon estava acordado. É claro,
ele não poderi a contri bui r com seu própri o sang ue, mas eu acho que se
ele pudesse, ele fari a. E foi assi mque ele voltou ao que era antes.
E é por i sso que eu não entendo o medo que estou senti ndo nesse
exato momento. Como você pode ter medo de alg uém que havi a lhe
bei j ado tantas vezes... E lhe chamado de “ queri da” , “ amorzi nho” e
“ pri ncesa” ? E quem havi a ri do com você com aqueles olhos travessos e
dançantes? E quemlhe havi a abraçado quando você estava commedo,
e di to que não havi a nada a temer, não enquanto ele esti vesse ali .
Alg uém que só de relance sabi a o que você estava pensando? Alg uém
que havi a lhe proteg i do, não i mportando o que lhe custasse, nos di as
que se seg ui ram.
Eu conheço o Damon, conheço seus erros, mas tambémo conheço por
dentro. E ele não é aqui lo que as pessoas pensam. Ele não é fri o,
arrog ante ou cruel. Isso é uma fachada para cobri r o seu verdadei ro
eu, como se fosse roupas.
O problema é que eu não tenho certeza se ele sabe que ele não é
nada di sso. E ag ora ele está tão confuso. Ele deve ter mudado e se
transformado no que é hoj e por causa di sso – porque ele está mui to
confuso.
O que estou tentando di zer é que nessa manhã, Damon era o
úni co acordado. Ele foi o úni co que vi u o buquê. E uma coi sa que
Damon é: curi oso.
Ele desamarrou todas as fi tas mág i cas do buquê e lá no centro
havi a uma rosa neg ra. Damon tem procurado uma rosa neg ra há
mui tos anos, somente para admi rá-la, eu acho. Mas quando ele vi u
essa, ele a chei rou... E boom! A rosa desapareceu.
E de repente ele estava doente e tonto, e não conseg ui a chei rar
mai s nada, e todos os seus outros senti dos foram entorpeci dos também.
Foi aí que Sag e – oh, eu não menci onei o Sag e, mas ele é um vampi ro
alto, boni to e páli do que temsi do umbomami g o –lhe contou para sug ar
umpouco de ar e soltá-lo, para ali vi ar seus pulmões.
Humanos têmque respi rar assi m, entende?
Não sei quanto tempo demorou para que Damon se tocasse que ele
era mesmo umhumano, sembri ncadei ra, e não havi a nada que alg uém
pudesse fazer a respei to. A rosa neg ra fora fei ta para Stefan; e ela
poderi a ter reali zado seu sonho de vi rar umhumano novamente. Mas
quando Damon percebeu que a mag i a fez efei to nele...
Foi quando eu o vi me olhando fi xamente, como se só exi sti sse eu
ali naquela sala da mi nha espéci e – uma espéci e que ele começou a
odi ar e desprezar.
Desde então, eu não tenho corag em de encará-lo nos olhos
novamente. Eu sei que ele me amava há alg uns di as atrás. Eu não
sabi a que esse amor poderi a se transformar – bem, nas coi sas que ele
anda senti ndo por ele mesmo.
Você deve pensar que deve ser fáci l para Damon se transformar
de novo em vampi ro. Mas ele quer ser tão poderoso como ele costumava
ser – e não há ni ng uém assi m para poder trocar sang ue com ele. Até
mesmo o Sag e sumi u antes mesmo de ele pedi r. Então Damon está preso
assi m até achar alg um vampi ro forte, poderoso e chei o de prestí g i o
para passar por todo aquele processo de transformá-lo.
E toda vez que olho para os olhos de Stefan, aqueles quentes
olhos verde-esmeralda, chei o de confi ança e g rati dão – eu si nto
medo, também. Medo de que, de alg uma forma, ele se vá novamente –
para long e dos meus braços. E... Medo que ele descubra o que eu estou
senti ndo por Damon. Eu mesma nunca percebi o quão i mportante ele
havi a se tornado para mi m. E eu não consi g o... Parar... De me
preocupar... Comele, mesmo comele me odi ando ag ora.
Oh, por favor, Deus, faça comque ele não me odei e!
Estou sendo eg oí sta, eu sei , ao falar somente no que está
acontecendo comi g o e Damon. Quero di zer, as coi sas em Fell’s Church
estão pi ores do que nunca. Todo di a cri anças estão sendo possuí das e
aterrori zando seus pai s. Todo di a, pai s estão fi cando bravos com seus
fi lhos possuí dos. Não quero nempensar no que pode acontecer. Se nada
mudar, todo o lug ar será destruí do assi m como o últi mo lug ar que
Shi ni chi e Mi sao havi amvi si tado.
Ao menos somos sortudos em uma coi sa: temos a famí li a Sai tou.
Lembra-se de Isobel Sai tou, aquela que havi a colocado pi erci ng s nela
mesma, de um j ei to bi zarro, quando ela estava possuí da? Desde que
melhorou, ela se tornou uma boa ami g a, e sua mãe, a Sra. Sai tou, e sua
avó, Obaasan, também. Elas nos deram amuletos – encantamentos que
afastamo mal, escri tos emPost-It. Estamos g ratos por esse ti po de aj uda.
Alg umdi a, talvez, nós possamos retri bui r.
***
***
— Temos que nos l i vrar rapi damente de Shi ni chi e M i s ao — M att es tava
di zendo, mal -humorado. — Quero di zer, eu preci s o es tar em boas condi ções ou
a Kent State me envi ará uma carta es tampada com um " Rej ei tado" .
E l e e M eredi th es tavam s entados na cozi nha quente da Sra. Fl owers ,
mordi s cando bi s coi tos de gengi bre e vendo como el a trabal hava
apres s adamente em fazer bi fes carpacci o — a s egunda das duas recei tas de
carne crua que es tava em s eu l i vro anti go de cul i nári a.
— Stefan es tá mel horando tão rapi damente que l ogo, l ogo el e poderá
vol tar a j ogar no campo de futebol — E l e acres centou, com s arcas mo pres ente
em s ua voz. — Se ao menos a ci dade paras s e de s er es tranhamente possuí da.
Ah, s i m, s e ao menos os pol i ci ai s paras s em de me pers egui r por ter
vi ol entado Carol i ne.
Ao menci onar o nome de Stefan, a Sra. Fl owers es pi ou dentro de um
cal dei rão, que há um bom tempo es tava borbul hando e agora emi ti a um odor
terrí vel que M att não s abi a do que ter mai s pena: do cara ter de aquel a pi l ha
enorme de carne crua, ou aqui l o que havi a dentro daquel a panel a.
— E ntão... Pres umi ndo que você es tej a vi vo... Você fi cari a fel i z em
abandonar Fel l ' s Church, quando o momento chegar? — M eredi th perguntou
cal mamente.
M att s enti u como s e el a ti ves s e bati do nel e.
— Você es tá bri ncando, né? — E l e di s s e, acari ci ando Sabber com um pé
nu e bronzeado. A fera es tava fazendo uma es péci e de ronronar que cres ci a
cons tantemente. — Quero di zer, antes di s s o, s eri a l egal bater uma bol i nha
com Stefan de novo... E l e é o mel hor quarterback que eu j á conheci .
— Ou conhecerá — M eredi th l embrou-l he. — Não acho que mui tos
vampi ros s e i nteres s em por futebol , M att, então nem pens e em s ugeri r que
el e e E l ena s i gam você para a Kente State. Al ém di s s o, es tarei na s ua col a,
tentando convencê-l os a vi r à Harvard comi g o. O pi or é que ambos perdemos para
a Bonni e, porque aquel a facul dade... Tanto-faz-o-nome... É o mai s perto de
Fel l ' s Church e de todas as coi s as daqui que el es amam.
— De todas as coi s as daqui que Elena ama. — M att não pôde evi tar
corri gi -l a. — Tudo que Stefan quer é es tar j unto da E l ena.
— Chega, chega. — A Sra. Fl owers di s s e. — Vamos dei xar as coi s as
acontecerem ao s eu tempo, né, meus queri dos ? Mama di s s e que preci s amos
fi car fortes . E l a es tá preocupada comi go... Sabe, el a não pode ver tudo que
acontece. M att as s enti u, mas teve que engol i r em s eco antes de di zer à
M eredi th:
— E ntão, você des i s ti u da i dei a de i ngres s ar na Ivi ed Wal l s , é i s s o?
— Se não fos s e por Harvard... Se ao menos eu pudes s e ter um ano l i vre,
mantendo mi nha bol s a de es tudos ... — A voz de M eredi th foi s umi ndo, mas o
ans ei o era i nconfundí vel .
A Sra. Fl owers deu uma pal madi nha no ombro de M eredi th, e então
di s s e:
— E s tou preocupada com o queri do Stefan e a E l ena. Depoi s de tudo, com
todos pens ando que el a es tá morta, E l ena não pode vi ver aqui e s er vi s ta.
— Acho que el es des i s ti ram da i dei a de i rem para al gum l ugar
di s tante. — M att di s s e. — Apos to que agora el es pens am s erem os guardi ões
de Fel l ' s Church. E l es j á s ão, de al guma forma. E l ena pode ras par a cabeça.
M att es tava tentando parecer neutro, mas as pal avras afundaram-s e
as s i m como bal ões após s aí rem de s ua boca.
— A Sra. Fl owers s e referi a à uni versi dade. — M eredi th di s s e num tom
pes ado. — E l es s erão s uper-herói s à noi te e vão apenas curti r o res to do tempo?
Se el es querem i r a al gum l ugar no ano que vem, el es preci s am pens ar ni s s o
agora.
— Oh... Bem, acho que há o Dal cres t.
— Onde?
— Você s abe, o pequeno campus em Dyer. É pequeno, mas o ti me de
futebol de l á é bem... Acho que Stefan não s e i mportari a o quão bom el es s ão.
M as é apenas uma hora daqui .
— Oh, esse l ugar. Bem, os es portes podem s er fantás ti cos , mas tenho
certeza que não s ão uma Ivy, mui to menos uma Harvard. — M eredi th, a não-
s enti mental e eni gmáti ca M eredi th, s oava como s e es ti ves s e com o nari z
entupi do.
— É — M att di s s e, e s omente por um s egundo el e pegou a mão fi na e
fri a de M eredi th e a apertou. E l e fi cou ai nda mai s s urpres o quando el a
i nterl i gou s eus dedos nos del e, s egurando s ua mão.
— Mama di s s e que o quer que es tej a predes ti nado, acontecerá em breve.
— A Sra. Fl owers di s s e s erenamente. — A coi s a mai s i mportante, a meu ver,
é s al var a amada, amada ci dade. As s i m como s ua popul ação.
— Cl aro que é — M att di s s e. — Faremos o nos s o mel hor. Graças a Deus
que temos al guém que entendo de demôni os j apones es .
— Ori me Sai tou. — A Sra. Fl owers di s s e com um s orri s i nho. —
Abençoada s ej a por s eus amul etos .
— É , ambas . — M att di s s e, pens ando na avó e na mãe que di vi di am o
mes mo nome. — Acho que vamos preci s ar de mui tos des s es amul etos que
el as fazem. — E l e adi ci onou s ombri amente.
A Sra. Fl owers abri u a boca, mas M eredi th fal ou, ai nda focada em s eus
própri os pens amentos .
— Sabe, Stefan e E l ena podem não preci s ar des i s ti r tão cedo de i rem para
l onge — E l a di s s e tri s temente. — Des de que nenhum de nós s obrevi va para
fazer nos s as própri as facul dades ...
E l a deu de ombros .
M att ai nda es tava s egurando s ua mão quando Bonni e pas s ou pel a porta
da frente, veementemente. E l a tentou correr em di reção à es cada, evi tando a
cozi nha, mas M att s ol tou M eredi th e ambos bl oquearam s eu cami nho.
Ins tantaneamente, todos es tavam em modo de combate. M eredi th s egurou o
braço de Bonni e fi rmemente. A Sra. Fl owers entrou no hal l de entrada,
l i mpando as mãos num pano de prato.
— Bonni e, o que aconteceu? São Shi ni chi e M i s ao? E s tamos s endo
atacados ? — M eredi th perguntou cal mamente, mas com uma i ntens i dade de
cortar a hi s teri a.
Al go di s parou como um rai o de gel o no corpo de M att. Ni nguém s abi a
onde Shi ni chi e M i s ao es tavam agora. Tal vez no mato, que foi tudo que res tou
de Ol d Woods — tal vez bem aqui , na pens ão.
— E l ena! — E l e gri tou. — Ai , Deus , el a e Damon es tão l á fora. E l es
es tão feri dos ? Shi ni chi os pegou? Bonni e fechou os ol hos e s acudi u a cabeça.
— Bonni e, fi que comi go. Fi que cal ma. É o Shi ni chi ? É a pol í ci a? —
M eredi th perguntou. Vi rando para M att: — É mel hor você dar uma ol hada
pel as corti nas .
M as Bonni e conti nuava s acudi ndo a cabeça.
M att não vi u nenhuma s i rene de pol í ci a através das corti nas . Nem
s i nal de Shi ni chi e M i s ao atacando.
— Se não es tamos s endo atacados — M att pôde ouvi r M eredi th di zer à
Bonni e — então, o que es tá acontecendo? Irri tantemente, Bonni e s omente
bal ançou a cabeça.
M att e M eredi th ol haram-s e por ci ma dos cachos de morango de Bonni e.
— A E s fera E s tel ar — M eredi th di s s e del i cadamente, j us to quando
M att ros nou:
— Aquel e fi lho da mãe.
— E l ena não l he di ri a nada, al ém daquel a hi s tóri a. — M eredi th di s s e.
E M att concordou, tentando ti rar da cabeça uma i magem do Damon
fazendo E l ena s ofrer em agoni a.
— Tal vez s ej am as cri anças pos s uí das ... Aquel as que andam por aí
machucando a s i mes mas e agi ndo de um modo es tranho.
— M eredi th di s s e, dando uma ol hadel a em Bonni e, e apertando bem
forte a mão de M att. M att fi cou aturdi do e atrapal hou-s e nas pal avras . E l e
di s s e:
— Se aquel e F.D.P. es ti ves s e tentando pegar a E s fera E s tel ar, Bonni e
não teri a fugi do. E l a é a mai s coraj os a quando es tá com medo. E a menos que
el e tenha matado E l ena, não há razão para el a es tar as s i m... Para M eredi th,
s obrou o trabal ho pes ado:
— Fale conos co, Bonni e. — Di s s e em s ua voz mai s confortante de i rmã
mai s vel ha. — Al go deve ter aconteci do para ter dei xado você nes s e es tado.
Res pi re fundo e di ga-me o que você vi u.
E então, em uma corrente, pal avras começaram a s erem cus pi das dos
l ábi os de Bonni e.
— E l a... E l a o es tava chamando de queri do — Bonni e di s s e, col ocando a
outra mão de M eredi th entre as s uas . — E havi a s angue es pal hado por todo o
s eu pes coço. E ... Ah, eu dei xei cai r! A garrafa de Bl ack M agi c!
— Ora, poi s — A Sra. Fl owers di s s e genti l mente. — Não adi anta chorar
pel o vi nho derramado. Tudo que temos que...
— Não, você não entende — Bonni e arfou. — E u os ouvi convers ando
enquanto me aproxi mava... E u ti ve que i r devagar, porque não é di fí ci l
es corregar. E s tavam fal ando s obre a E s fera E s tel ar! Pri mei ro, eu pens ei que
el es es tavam di s cuti ndo, mas ... E l a ti nha s eus braços em vol ta do pes coço do
Damon. E todo aquel e l ance del e não s er mai s um vampi ro? E l a ti nha s angue
por todo o pes coço e el e o ti nha por toda s ua boca! As s i m que eu cheguei l á, el e
a pegou e a arremes s ou para que eu não pudes s e ver, mas el e não foi rápi do o
bas tante. E l a deve ter dado a E s fera E s tel ar para el e! E ai nda por ci ma, fi cou
chamando-o de " queri do" .
Os ol hos de M att encontraram os de M eredi th, ambos coraram e
ol haram rapi damente para outro l ugar. Se Damon fos s e um vampi ro
novamente... Se el a, de al guma forma, pegou a E s fera E s tel ar de s eu
es conderi j o... Se E l ena s ó havi a i do l á " dar-l he comi da" para dar-l he s eu
s angue...
M eredi th ai nda es tava com um ol har di s tante.
— Bonni e... Você não es tá exagerando mui to nas coi s as ? Al i ás , o que
aconteceu com a bandej a de comi da da Sra. Fl owers ?
— E s tava... Por toda parte! E l es s i mpl es mente a j ogaram para l onge.
M as el e a es tava s egurando com uma mão s ob s eus j oel hos e a outra s ob s eu
pes coço, e a cabeça del a des pencava no ar, as s i m s eu cabel o caí a s ob os ombros
del e!
Houve um s i l ênci o enquanto todos tentavam i magi nar vári as pos i ções
que corres ponderi am com as úl ti mas pal avras de Bonni e.
— Você quer di zer que el e a es tava s egurando para el a não cai r? —
M eredi th perguntou, s ua voz de repente era quas e um s us s urro.
M att entendeu o que el a qui s di zer. Stefan, provavel mente, es tava
dormi ndo no andar de ci ma, e M eredi th queri a que el e conti nuas s e as s i m.
— Não! E l es ... E s tavam tendo uma troca de olhares. — Bonni e gri tou. —
Ol hando. Um nos ol hos do outro. A Sra. Fl owers fal ou s uavemente:
— M as amada Bonni e... Tal vez E l ena tenha caí do e Damon
s i mpl es mente a aj udou a s e l evantar. Agora, Bonni e fal ava s em nenhum
remors o e fl uentemente.
— Is s o s ó acontece com aquel as mul heres nas capas daquel es l i vros de
romance... Como é mes mo que s e chama?
— Romances eróti cos ? — M eredi th s ugeri u, quando ni nguém mai s s e
pronunci ou.
— E xato! Romances eróti cos . E ra bem des s e j ei to que el e a es tava
s egurando! Quero di zer, s abemos que al go es tava acontecendo entre el es na
Di mens ão das Trevas , mas eu pens ei que i s s o parari a quando
encontrás s emos Stefan. M as não parou!
M att s enti u uma pontada em s eu es tômago.
— Quer di zer que nes te exato momento E l ena e Damon es tão... Se
bei j ando e fazendo outras coi s as ?
— E u não s ei o quê eu quero di zer! — Bonni e excl amou. — Eles estavam
falando sobre a Esfera Estelar! Ele a estava seg urando como se ela fosse uma noi va! E ela não
estava se debatendo!
Com um cal afri o de medo, M att previ u probl emas , e pôde perceber que
M eredi th previ ra também. E pi or, el es es tavam ol hando para duas di reções
di ferentes . M att es tava ol hando para as es cadas , onde Stefan havi a apareci do.
M eredi th es tava ol hando para a porta da cozi nha, que uma ol hadel a mos trou a
M att que Damon es tava entrando na cas a.
O que Damon es tava fazendo na cozi nha? M att s e perguntou. E s távamos
l á agora pouco. E el e es tava fazendo o quê, nos es pi onando do l ado de fora?
Nes ta s i tuação, M att deu um ti ro no es curo.
— Stefan! — E l e di s s e com uma voz s audável que o fez tremer por dentro.
— Preparado para engol i r s angue, ao es ti l o futebol í s ti co?
Uma pequena parte de M att pens ou: Ol he para el e. Apenas três di as
fora da pri s ão e j á tem s ua anti ga aparênci a novamente. Três noi tes atrás el e
era um es quel eto. Hoj e, el e pareci a... M agro. E s tava boni to o bas tante para
fazer com que as garotas caí s s em em ci ma del e de novo.
Stefan deu um s orri s o amarel o para el e, apoi ando-s e s obre o corri mão.
E m s eu ros to pál i do, s eus ol hos es tavam notavel mente vi vos , um verde
vi brante que fazi am bri l harem como s e fos s em j ói as . E l e não pareci a
chateado, e fez com que o coração de M att s e acel eras s e. Como el e poderi a
contar a el e?
— E l ena es tá feri da. — Stefan di s s e, e de repente houve uma paus a,
um s i l ênci o profundo, enquanto todos do reci nto congel avam. — M as Damon
não pôde aj udá-l a, então el e a trouxe para a Sra. Fl owers .
— Verdade. — Damon di s s e fri amente bem atrás de M att. — Não pude
aj udá-l a. Se eu fos s e um vampi ro... M as não s ou. Aci ma de tudo, E l ena tem
quei maduras . Tudo que pude pens ar foi em um s aco de gel o ou um pouco de
catapl as ma. Des cul pe por contes tar s uas teori as es perti nhas .
— Ai , meu Deus ! — Gri tou a Sra. Fl owers . — Quer di zer que a amada
E l ena es tá nes te momento es perando na cozi nha por um pouco de catapl as ma?
E l a s ai u da s al a, correndo em di reção à cozi nha. Stefan ai nda des ci a as
es cadas , di zendo:
— Sra. Fl owers , el a quei mou o braço e a perna... E l a di s s e que Damon
não a reconheceu na es curi dão e deu-l he um encontrão. E que el e pens ou s er
um i ntrus o em s eu quarto, e cortou s eu pes coço com a faca. O res to de nós
es tará na s al a, s e preci s ar de aj uda.
Bonni e gri tou:
— Stefan, tal vez el a s ej a i nocente... M as ele não é! De acordo com você,
el e a quei mou... Is s o é tortura... E col ocou uma faca em s eu pes coço! Tal vez el e a
tenha ameaçado para di zer a nós o que qui s és s emos ouvi r. Tal vez el a ai nda
s ej a refém del e e não s abemos .
Stefan corou.
— É di fí ci l de expl i car. — E l e di s s e del i cadamente. — E eu conti nuo
tentando entender. M as até então... Al guns dos meus Poderes têm cres ci do...
M ai s rápi do do que mi nha habi l i dade de control á-l os . Na mai ori a do tempo
es tou dormi ndo, mas i s s o não i mporta. E s tava dormi ndo até poucos mi nutos
atrás . M as acordei e E l ena es tava di zendo a Damon que a Sra. Fl owers não
ti nha a E s fera E s tel ar. E l a es tava chateada, e feri da... E eu pude s enti r onde
el a es tava feri da. E ntão, de repente, eu ouvi você, Bonni e. Você é uma tel epata
mui to forte. E ntão, ouvi o res to de você fal ando s obre a E l ena...
Ai , meu Deus . Que l oucura, M att es tava pens ando. Sua boca bal buci ava
al go pareci do como " Cl aro, cl aro, foi erro nos s o" em pal avras i ni ntel i gí vei s , e
s eus pés s egui ram os de M eredi th até a s al a, como s e el e fos s e atraí do por
aquel as s andál i as i tal i anas .
M as o s angue na boca de Damon...
Devi a haver al guma razão para o s angue, também. Damon havi a di to que
Damon a havi a feri do com a faca. O s angue poderi a ter es pi rrado; bem, i s s o
não s oava como vampi ri s mo para M att. E l e havi a s i do um doador para Stefan
uma dúzi a de vezes nos úl ti mos di as e o proces s o s empre fora mui to l i mpo.
— E u tento não ouvi r pens amentos , a menos que eu s ej a convi dado e
tenho um bom moti vo para tal . — Stefan di s s e. — M as quando al guém
menci ona E l ena, es peci al mente quando es s a pes s oa parece perturbada... E u
não cons i go evi tar. É como s e você es ti ves s e em um l ugar barul hento e mal
cons egue ouvi r, mas quando al guém di z s eu nome, você ouve
i ns tantaneamente.
— Is s o s e chama Parei dol i a — M eredi th di s s e. Sua voz es tava qui eta e
chei a de remors o, como s e el a es ti ves s e tentando acal mar uma Bonni e
atormentada.
M att s enti u outra acel eração em s eu coração.
— Bem, vocês podem chamar i s s o do que qui s erem — E l e di s s e —, mas
então quer di zer que você pode ouvi r nos s os pens amentos s empre que qui s er.
— Nem s empre. — Stefan di s s e, es tremecendo. — Quando eu es tava
bebendo s angue ani mal eu não era forte o bas tante a menos que real mente
me es forças s e. Al i ás , s ai bam, meus ami gos , que eu vol tarei a caçar ani mai s
a parti r de amanhã ou no di a s egui nte, dependendo do que a Sra. Fl owers
di s s er. — E l e adi ci onou, dando uma ol hada s i gni fi cati va em todos na s al a.
Seus ol hos pous aram em Damon, que es tava encos tado na parede perto da
j anel a, com uma aparênci a des grenhada e mui to, mui to peri gos a.
— M as i s s o não s i gni fi ca que es quecerei quem s al vou mi nha vi da
quando es tava pres tes a morrer. Por i s s o, eu res pei to e agradeço a todos vocês ...
E , bem, teremos uma fes ta um di a des s es . — E l e pi s cou vári as vezes e ol hou
para l onge.
As duas garotas ol haram-s e — até mes mo M eredi th fungou. Damon
s ol tou um s us pi ro exagerado.
— Sangue ani mal ? Ah, bri l hante. Torne-s e o mai s fraco pos s í vel ,
mani nho, mes mo com três ou quatro doares di s pos tos ao s eu redor. E ntão,
quando o confronto fi nal com Shi ni chi e M i s ao chegar, você s erá tão úti l
quanto um pedaço de papel mol hado.
— Haverá um confronto... E m breve? — Bonni e começou.
— As s i m que Shi ni chi e M i s ao es ti verem prontos . — Stefan di s s e
cal mamente. — Acho que el es preferem não me dar tempo até eu mel horar. A
ci dade i ntei ra es tá pres tes a fi car em chamas e ci nzas , vocês s abe. M as não
pos s o conti nuar pedi ndo a você, à M eredi th, a M att... E à E l ena... Para doarem
s angue para mi m. Vocês j á me manti veram vi vo nes s es úl ti mos di as , e não
s ei como recompens á-l os por i s s o.
— Nos recompens e fi cando o mai s forte pos s í vel . — M eredi th di s s e em
s ua voz qui eta e control ada. — M as , Stefan, pos s o l he fazer al gumas
perguntas ?
— Cl aro. — Stefan di s s e, apoi ando-s e em uma cadei ra. E l e não s e
s entou até que M eredi th, com Bonni e prati camente em s eu col o, ti ves s e
afundado no s ofá em formato de coração.
E ntão, el e di s s e:
— Pode começar.
4
— Pri mei ro, — M eredi th perguntou — o Damon es tá certo? Se você vol tar
para o s angue ani mal , você s erá s eri amente enfraqueci do?
Stefan s orri u.
— E s tarei do j ei to que era antes , quando eu conheci vocês . — E l e di s s e.
— Forte o bas tante para fazer i s s o.
E l e i ncl i nou-s e em di reção a um obj eto de ferro embai xo do cotovel o de
Damon, murmurando di s trai damente " Scusi lo per favore" enquanto pegava o
ati çador de l arei ra.
Damon revi rou os ol hos . M as quando Stefan, em um rápi do movi mento,
dobrou o ati çador em formato de U, des dobrando-o de novo e col ocando-o
novamente em s eu l ugar, M att podi a j urar que havi a uma expres s ão de
i nvej a no ros to Damon, que nunca expres s ava nada.
— E i s s o era ferro, que é res i s tente a todas as forças s obrenaturai s . —
M eredi th di s s e uni formemente, enquanto Stefan afas tava-s e da l arei ra.
— M as é cl aro que el e es teve bebendo de vocês três , garotas charmos as ,
nos úl ti mos di as ... Sem menci onar o poder nucl ear que a amada E l ena s e
tornou. — Damon di s s e, batendo pal mas três vezes , l entamente. — Ah...
M u tt. Sono spi acente... Quero di zer, eu não qui s adi ci onar você ao grupo de
garotas . Sem ofens as .
— Não me ofendi . — M att di s s e entre dentes .
Se el e pudes s e, s omente uma vez, ti rar aquel e s orri s i nho bri l hante do
ros to de Damon, el e morreri a fel i z, el e pens ou.
— M as a verdade é que você tem s i do um doador... M ui to... Di s pos to para
o meu Queri do Irmão, não é mes mo? — Damon adi ci onou, s eus l ábi os s e
contrai ndo um pouco, como s e o atri to o control as s e de s orri r.
M att deu doi s pas s os em di reção a Damon. E ra tudo que ele poderi a fazer
s em dar uma na cara do Damon, apes ar de al go em s eu cérebro s empre gri tar
sui cí di o quando el e ti nha pens amentos como es te.
— Tem razão. — E l e di s s e o mai s cal mamente pos s í vel . — E u tenho
doado s angue a Stefan as s i m como as garotas . E l e é meu ami go, e há al guns
di as atrás pareci a que el e ti nha acabado de s ai r de um campo de concentração.
— Cl aro. — Damon murmurou, como s e es ti ves s e s i do cas ti gado, mas
l ogo vol tou a um tom mai s s uave: — M eu mani nho s empre foi popul ar com
ambos os ... Bem, com s enhori tas pres entes , eu di rei g êneros. Até mes mo com
um ki ts une macho; que, é cl aro, é o moti vo de eu es tar nes ta confus ão.
M att vi u, l i teral mente, a cor vermel ha, como s e ol has s e para uma névoa
de s angue em ci ma Damon.
— Fal ando ni s s o, o que aconteceu com o Sage, Damon? E l e era um
vampi ro. Se pudés s emos encontrá-l o, s eu probl ema s eri a res ol vi do, não? —
M eredi th perguntou.
Foi uma boa res pos ta, as s i m como todas as res pos tas que M eredi th dava.
M as Damon fal ou com s eus ol hos negros fi xos no ros to de M eredi th:
— Quanto menos você s ouber e fal ar de Sage, s erá mel hor. E u não
fal ari a dele tão del i beradamente... E l e tem ami gos l á embai xo. M as a res pos ta
para s ua pergunta: Não, eu não dei xari a Sage me trans formar em vampi ro.
Is s o s ó compl i cari a as coi s as .
— Shi ni chi nos deu boa em des cobri r que el e é — M eredi th di s s e,
ai nda cal ma. — Você s abe o que el e qui s di zer com i s s o? Damon deu de
ombros .
— O que eu s ei é s omente da mi nha conta. E l e gas ta o tempo del e no
l ugar mai s bai xo e s ombri o da Di mens ão das Trevas . Bonni e expl odi u.
— Porque Sage s e foi ? Oh, Damon, el e s e foi por nossa caus a? Por que el e
dei xou Sabber para cui dar de nós ? E ... Oh... Oh...
Oh... Damon, s i nto mui to! Si nto mui tí ssi mo!
E l a des l i zou para fora do as s ento em formato de coração e i ncl i nou a
cabeça de modo que s omente s eus cachos de morango es tavam vi s í vei s . Com
s ua mãos pequenas e pál i das abraçando s eu corpo, el a pareci a que es tava
pres tes a col ocar a cabeça entre os pés .
— Is s o é tudo cul pa mi nha e agora todos es tão zangados ... M as aqui l o era
tão horrí vel e eu ti ve que acredi tar na pi or coi s a que eu pudes s e i magi nar.
Is s o foi um quebra-gel o. Logo, todos es tavam ri ndo. E ra tão tí pi co da
B onni e, e era uma verdade para el es . Tí pi co de humano. M att queri a pegá-l a e
col ocá-l a de vol ta no as s ento em formato de coração. M eredi th s empre fora o
mel hor remédi o para Bonni e. M as quando el e s e encontrou i ndo al cançá-l a,
el e fi cou confus o ao ver doi s pares de mãos fazendo a mes ma coi s a.
Uma eram as de M eredi th, es bel tas e morenas , e os as outras eram do
s exo mas cul i no, mai s l ongas e afi adas .
As mãos de M att s e fecharam em um punho. Dei xe M eredi th pegá-l a,
pens ou el e, e s eu punho des aj ei tado... De al gum j ei to... Fi cou no cami nho dos
de Damon. M eredi th l evantou Bonni e faci l mente e s entou novamente no
as s ento de coração. Damon l evantou os ol hos es curos para M att e M att vi u
compreens ão l á.
— Séri o, você devi a perdoá-l a, Damon. — M eredi th, s empre com
referênci a i mparci al , di s s e s em rodei os . — E u não acho que el a cons egui rá
dormi r es ta noi te de outra forma.
Damon deu de ombros , fri o como um i ceberg.
— Tal vez... Um di a.
M att podi a s enti r s eus mús cul os s e contraí rem. Que ti po de fi l ho da
mãe poderi a di zer i s s o para a Bonni ezi nha? Porque, é cl aro, el a es tava ouvi ndo.
— Vai s e ferrar. — M att di s s e em voz al ta.
— O que di s s e? — A voz de Damon não era mai s l ângui da e fal s amente
educada, mas s i m como um chi cote.
— Você me ouvi u. — M att res mungou. — E s e não ouvi u, tal vez s eri a
mel hor que fôs s emos l á fora para que eu pudes s e di zer mai s al to. — E l e
adi ci onou, s oando mai s coraj os o.
E l e i gnorou um gemi do de " Não!" de Bonni e, e um educado " Qui etos "
de M eredi th. Stefan di s s e " Os doi s ..." em uma voz de comando, mas vaci l ou e
tos s i u, dando a chance para M att e Damon s aí rem pel a porta.
E s tava bem quente l á fora, na varanda da pens ão.
— E sse s erá o terreno de matança? — Damon perguntou
pregui ços amente quando el es ti nham des ci do as es cadas e fi cado ao l ado do
cami nho de cas cal ho.
— E s tá óti mo para mi m. — Di s s e M att, s eus os s os s abendo que Damon
j ogari a s uj o.
— Si m, defi ni ti vamente é bem perto. — Di s s e Damon, dando um s orri s o
bri l hante des neces s ári o em di reção a M att. — Você pode pedi r por aj uda,
enquanto meu mani nho es tá na s al a, e el e terá tempo bas tante para s al vá-l o.
E agora, vamos res ol ver o probl ema de você s e meter na mi nha vi da e do por
que você...
M att deu-l he um s oco no nari z.
E l e não ti nha i dei a do que Damon pretendi a fazer. Se você pede para um
cara para i r l á fora, então vocês vão l á. E ntão, você vai em ci ma do cara. Você não
fi ca bate-papo. Se fi zes s e i s s o, você s eri a rotul ado de " covarde" ou de coi s a pi or.
Damon não era o ti po que s e preci s as s e di zer i s s o.
M as Damon s empre havi a s i do capaz de repel i r qual quer ataque contra
el e, enquanto el e fal ava al guns i ns ul tos ... Antes . Antes , el e teri a quebrado
cada os s o em mi nha mão e me bati do, M att deduzi u. M as agora... E s tou
quas e tão rápi do quanto el e, e el e s i mpl es mente foi pego de s urpres a.
M att fl exi onou s ua mão cautel os amente. Sempre machucava, é cl aro,
mas s e M eredi th pôde fazer i s s o com Carol i ne, então el e poderi a fazer com...
Damon?
M as que droga, eu nocauteei o Damon?
Corra, Honeycutt, el e pareci a ouvi r a voz do s eu vel ho trei nador di zendo-
l he. Corra. Fuj a da ci dade. M ude de nome. Já tentei i s s o. Não funci onou. Nem
s equer ti nha uma cami s a, M att pens ou amargamente.
M as Damon não es tava pul ando como um demôni o de fogo do i nferno,
com os ol hos de um dragão e a força de um touro furi os o para ani qui l ar M att.
Pareci a e s oava mai s como s e el e es ti ves s e chocado e i ndi gnado com s eu cabel o
des grenhado e s uas botas manchadas de terra.
— Sua... Cri ança... Ignorante... — E l e fi cava al ternando entre i ngl ês e
i tal i ano.
— Ol ha — M att di s s e. — E s tou aqui para bri gar, es tá bem? E o cara
mai s i ntel i gente que eu conheço uma vez me di s s e: " Se você vai bri gar, não
convers e. Se vai convers ar, não bri gue."
Damon tentou ros nar enquanto ergui a-s e e ti rava os es pi nhos de s eus
j eans . M as o ros nado não s e s ai u mui to bem. Tal vez s ej a por caus a da forma
de s eus cani nos . Tal vez el e s i mpl es mente não es ti ves s e com mui ta convi cção.
M att havi a vi s to garotos derrotados o s ufi ci ente para s aber que es s a bri ga
es tava acabada. Uma es tranha exal tação vei o s obre el e. E l e conti nuari a com
s eus membros e órgãos ! Aquel e era um momento mui to, mui to preci os o.
Ok, s erá que eu devo l he oferecer uma aj uda? M att s e perguntou, s endo
res pondi do l ogo por: Claro, seri a o mesmo que aj udar umcrocodi lo temporari amente aturdi do.
Para quê você preci sa de dez dedos i ntei ros, afi nal?
Ora, poi s , el e pens ou, vi rando-s e para vol tar à porta da frente. E nquanto
el e vi ves s e... O que, el e admi ti u, poderi a não s er por mui to tempo... E l e s e
l embrari a des te momento.
Quando el e entrou, el e deu um encontrão com Bonni e, que es tava
pres tes a s ai r.
— Oh, M att, oh, Matt. — E l a gri tou. E l a o aval i ava l oucamente. — Você
o machucou? Ele machucou você? M att bateu uma vez s eu punho em s ua outra
mão.
— E l e ai nda es tá caí do l á fora. — E l e adi ci onou provei tos amente.
— Oh, não! — Bonni e arfou, e s ai u pel a porta.
Ok. A parte menos es petacul ar da noi te. M as ai nda era uma boa noi te.
***
***
***
Tri nta mi nutos depoi s , el a es tava na pri s ão; ou aqui l o era i gual a um.
Damon a ti nha i ns tal ado no s egundo andar de um apartamento com uma
j anel a coberta por pers i ana, e l he dera i ns truções ri goros as s obre dei xá-l as
as s i m. E l e havi a penhorado o opal a e um di amante com s uces s o, e pagou para
que uma mul her azeda e mal -humorada trouxes s e a Bonni e duas refei ções
por di a, que l he l evas s e ao banhei ro quando neces s ári o, e, cas o contrári o, que
s e es queces s e de s ua exi s tênci a.
— Ouça — E l e di s s e à Bonni e, que ai nda es tava chorando em s i l ênci o
após a mul her tê-l os dei xado. —, vou tentar vol tar em três di as . Se não vi er
dentro de uma s emana, então quer di zer que es tou morto. E ntão, você... Não
chore! Pres te atenção! Então, você preci s ará us ar es tas j ói as e s eu di nhei ro para
tentar percorrer todo es s e cami nho daqui até aqui , onde es peramos que Lady
Ul ma ai nda es tej a.
E l e l he deu um mapa e um s aco chei o de j ói as e moedas que havi am
s obrado de troco do pão e da comi da.
— Se i s s o acontecer... E tenho certeza abs ol uta que não vai , s ua mel hor
oportuni dade é cami nhar durante o di a, quando todos es tarão ocupados , e
mantenha s eus ol hos abai xados , s ua aura pequena, e não fal e com ni ng uém.
Vi s ta es s as roupas e carregue es te s aco de comi da. Reze para ni nguém l he
perguntar nada, mas tente parecer como s e você es ti ves s e em uma mi s s ão
para o s eu mes tre. Ah, s i m.
Damon enfi ou a mão no bol s o do cas aco e ti rou duas pequenas pul s ei ras
ferro para es cravos , el e as comprou quando cons egui u o mapa.
— Nunca as ti re, nem quando você es ti ver dormi ndo, nem quando es ti ver
comendo... Jamai s.
E l e ol hou para el a s ombri amente, mas Bonni e j á es tava no l i mi te de
um ataque pâni co. E l a es tava tremendo e chorando, mas temeros a demai s
para di zer uma pal avra. Des de que entraram na Di mens ão das Trevas , el a
vem mantendo s ua aura tão bai xa quanto pos s í vel , s uas defes as ps í qui cas
el evadas ; não era preci s o di zer a el a para fazer i s s o. E l a es tava em peri go. E l a
s abi a di s s o.
Damon termi nou um pouco mai s tol erante:
— E u s ei que parece di fí ci l , mas eu pos s o di zer que, pes s oal mente,
não tenho a menor i ntenção de morrer. Vou tentar vi s i tá- l a, mas atraves s ar as
frontei ras dos di ferentes s etores é peri gos o, e é i s s o que terei de fazer para vi r
aqui . Bas ta ter paci ênci a, e você fi cará bem. Lembre-s e, o tempo pas s a
di ferentemente aqui do que na Terra. Podemos fi car aqui durante s emanas e
vol tarmos prati camente no i ns tante em que parti mos . E , ol he... — Damon fez
um para o contorno da s al a —... Dezenas de E s feras E s tel ares ! Você pode
as s i s ti r a todas el as .
E l as eram as mai s comuns das E s feras E s tel ares , do ti po que não
ti nham poderes , mas s i m memóri as , hi s tóri as , ou l i ções . Quando você a
s egurava em s ob s ua temporada, você era i mers o em qual quer materi al que
havi a s i do i mpres s o na E s fera.
— M ui to mel hor do que a TV — Damon di s s e.
Bonni e concordou com a cabeça l i gei ramente. E l a ai nda es tava abal ada, e
el a era tão pequena, tão fraca, s ua pel e era tão pál i da e fi na, s eu cabel o era
como uma chama que bri l hava na penumbra carmes i m que s e i nfi l trava
através das pers i anas , que, como s empre, Damon pegava-s e a encarando.
— Você tem al guma pergunta? — E l e perguntou fi nal mente.
— E ... Você vai es tar...? — Bonni e di s s e bem devagar.
— Comprando a nos s a vers ão de Quem é Quem e o Li vro da Nobreza. — Di s s e
Damon. — E s tou procurando por uma l ady de qual i dade.
***
***
***
Bonni e es tava entedi ada. Ti nha s e pas s ado apenas um di a des de que
Damon a ti nha dei xado — el a s ó cons egui a contar por caus a do número de
refei ções trazi das para el a, uma vez que o enorme s ol vermel ho fi cava para
s empre no hori zonte e a l uz vermel ho-s angue nunca vari ava, a menos quando
chovi a.
Bonni e queri a que es ti ves s e chovendo. E l a des ej ava es tar nevando, ou
que houves s e um i ncêndi o ou um furacão ou um pequeno ts unami . E l a ti nha
dado uma chance a uma das E s feras E s tel ares e achou um novel a ri dí cul a
que el a mal cons egui a entender.
Agora, el a queri a que nunca ti ves s e tentado i mpedi r Damon de vi r aqui .
E l a des ej ou que el e ti ves s e j ogado-a l onge antes que el es ti ves s em caí do no
buraco. E l a des ej ou que el a ti ves s e pegado a mão de M eredi th e ti ves s e
dei xado Damon i r.
E es s e havi a s i do s ó o pri mei ro di a.
***
***
***
***
Damon es tava ves ti ndo s eu novo terno de capi tão da guarda. E s tava bom,
s endo preto s obre preto, com ri s cas pretas um pouco mai s cl aras ( até mes mo
Damon teve que reconhecer a neces s i dade do contras te). E l e ti nha um manto.
E el e era cem por cento vampi ro novamente, tão poderos o e tão chei o de
pres tí gi o que el e j amai s chegou a i magi nar. Por um momento, el e
s i mpl es mente del ei tou-s e com o trabal ho bem fei to.
E ntão, el e fl exi onou s eus mús cul os de vampi ro com mai s força,
chegando onde es tava Jes s al yn, vendo que el a s e encontrava no andar de ci ma,
em um s ono profundo, enquanto l i berava s eu Poder por toda a Di mens ão das
Trevas , para ver o que es tava acontecendo nos di ferentes bai rros .
Jes s al yn... Aí es tava o di l ema. Damon s enti a que devi a dei xar-l he uma
nota ou coi s a pareci da, mas não s abi a ao certo o que di zer.
O que el e poderi a di zer a el a? Que el e havi a i do embora? E l a veri a por s i
mes ma. Que el e s enti a mui to? Bem, obvi amente el e não s enti a mui to por ter
i do embora. Que el e ti nha deveres em outro l ugar? E s pera. Is s o pode até
funci onar. E l e poderi a di zer que preci s ava checar os terri tóri os del a, e ao fi car
aqui , el e duvi dava que pudes s e fazer al go. E l e poderi a di zer que vol tari a...
Logo. Logo, l ogo. Bem l ogui nho.
Damon pres s i onou s ua l í ngua contra um cani no e s enti u com ni ti dez e
grati fi cação o compri mento. E l e queri a mui to experi mentar aquel es
programas de l uta vampí ri cas . E l e queri a caçar, es s a era a verdade. É cl aro,
havi a al i mui to vi nho Bl ack M agi c, bas tava el e parar um s ervo e pedi r um
pouqui nho que l ogo o s ervo trari a uma garrafa. Damon ti nha pegado al gumas
garrafas , uma vez ou outra, mas o que el e queri a mes mo era caçar. Não queri a
um es cravo ou um ani mal, e não pareci a mui to j us to fi car vagando pel as ruas
na es perança de encontrar uma nobre e, as s i m, conhecê-l a mel hor.
Foi nes te momento que el e s e l embrou de Bonni e.
E m ques tão de três mi nutos , el e ti nha tudo pronto, i ncl ui ndo uma
entrega anual de ros as para a pri nces a em s eu nome. Jes s al yn havi a l he dado
um s al ári o bem vantaj os o, e j á ti nha adi antado o pri mei ro pagamento.
E m outros ci nco mi nutos , el e es tava voando, embora i s s o fos s e um j ei to
bem mal -educado de s e agi r na ci dade, e parou na área de comérci o.
Dentro de qui nze mi nutos , el e ti nha em s uas mãos o pes coço da dona de
onde Bonni e es tava, no qual el e havi a pagado bas tante para que el a
es queces s e tudo o que havi a aconteci do.
Dezes s ei s mi nutos depoi s , a mul her ofereci a cruel mente a vi da de s eu
j ovem e não tão i ntel i gente es cravo como recompens a. E l e ai nda es tava us ando
s eu uni forme de capi tão da guarda. E l e poderi a matar o garoto, torturá-l o, fazer
o que qui s er... E l e poderi a até ter s eu di nhei ro de vol ta...
— E u não quero o s eu es cravo i mundo. — E l e ros nou. — E u quero a
mi nha de vol ta! E l a val e... E l e parou, tentando cal cul ar quantas meni nas
comuns Bonni e val i a. Cem? M i l ?
—... E l a val e i nfi ni tamente mai s ! — E l e havi a começado, quando a
mul her o s urpreendeu ao i nterrompê-l o.
— Por que você a dei xou num l i xão como es s e, então? — el a di s s e. — Ah,
s i m, eu s ei como é a aparênci a do meu es tabel eci mento. Se el a é as s i m tão
preci os a, porque você a dei xou aqui ?
Porque el e a havi a dei xa nes te l ugar? Damon não podi a pens ar ni s s o
agora. E l e es tava em pâni co, mei o que fora de control e... Is s o que dá s er
humano outra vez. E l e es teve s ó pens ando em s i mes mo, enquanto a
Bonni ezi nha — a frági l Bonni e, o s eu pas s ari nho — es teve pres a em um
l ugar i mundo. E l e não queri a conti nuar a pens ar ni s s o. Is s o fez com que s e
s enti s s e quente e fri o ao mes mo tempo.
E l e mandou que fi zes s em uma procura nos prédi os vi zi nhos . Al guém
ti nha que ter vi s to al guma coi s a.
Bonni e havi a acordado bem cedo, s eparando-s e de E ren e Rati nha. E l a
i medi atamente teve uma vontade de perder o control e, de ter um col aps o, tudo
de uma vez. E l a es tava s e tremendo toda.
Damon! Socorro!
E ntão, el a vi u uma garota que não cons egui a l evantar de s eu pal ete, e
vi u uma mul her com braços de homem vi ndo com uma vara de ci nzas brancas
para apl i car a puni ção.
E então, al go pareceu pas s ar pel a mente de Bonni e. E l ena ou M eredi th
teri am tentado detê-l a, ou até tentado s ai r des te l ugar em que el a es tava
pres a, mas Bonni e não cons egui a. A úni ca coi s a que pôde fazer foi não tentar
entrar em col aps o.
E l a ti nha uma mús i ca grudada na cabeça, e não era uma que el a
gos tava, mas se repeti a i nfi ni tamente enquanto os es cravos eram
des umani zados , trans formando-s e em corpos mecâni cos , mas l i mpos , e s em
mentes .
E la es tava s endo l i mpa i mpi edos amente por duas mul heres
mus cul os as , cuj a toda s ua vi da, s em dúvi da, cons i s ti a em es fregar meni nas
de rua encardi das para parecem boni tas — pel o menos , por uma noi te. M as
fi nal mente s eus protes tos fi zeram com que as mul heres ol has s em para el a
— para s ua l i mpa e quas e trans l úci da pel e — e então el as s e concentraram
em l avar s eu cabel o, mas mai s pareci a que el es es tavam s endo arrancado de
s uas raí zes . Fi nal mente, el a es tava pronta e l he fora dado uma toal ha
adequada para s e s ecar. A s egui r, no que el a percebeu que pareci a mai s uma
l i nha grande de montagem, genti s mul heres rechonchudas ti raram-na a
toal ha, col ocaram-na em um s ofá e começaram uma mas s agem com ól eo. Jus to
quando el a es tava começando a s e s enti r mel hor, el a foi empurrada para que o
ól eo fos s e removi do, exceto o que havi a penetrado em s ua pel e. M ul heres ,
então, apareci am, chamando cada uma por um número, onde l ogo Bonni e fora
encami nhada para um guarda-roupa, onde três ves ti dos a es peravam em um
cabi de. Havi a um preto, um verde e um ci nza.
E u vou pegar o verde por caus a do meu cabel o, Bonni e pens ou s em
demons trar expres s ão, mas depoi s de el a ter experi mentado os três , uma
mul her havi a l evado o verde e o ci nza, dei xando Bonni e com aquel e ves ti di nho
preto e chei o de bol has , s em al ça, com um toque bri l hante de al gum ti po de
materi al branco no pes coço.
Logo à frente havi a uma grande s al a de banhei ros , onde s eu ves ti do fora
cui dados amente coberto por um robe. E l a foi l evada a uma cadei ra com s ecador
de cabel o e vári os ti pos de maqui agem, no qual uma mul her com roupa branca
havi a apl i cado em exces s o no ros to de Bonni e.
E ntão, enquanto o s ecador bal ançava s obre s ua cabeça, Bonni e, com um
l enço roubado, atreveu-s e a ti rar um pouco de maqui agem. E l a não queri a
parecer boni ta, não queri a s er vendi da. Quando el a termi nou, el a ai nda ti nha
cí l i os prateados , um toque de bl us h e batom avel udado ros a-avermel hado que
não queri am s ai r.
Só depoi s de el a ter penteado s eu cabel o com as mãos até que el es
fi cas s em s ecos é que a anti ga máqui na fez o s eu pi ng . A próxi ma es tação era
quas e i gual ao Di a de Ação de Graças dentro de uma l oj a de s apatos . As
meni nas mai s fortes ou as mai s determi nadas cons egui am os mel hores
s apatos de s uas i rmãs mai s fracas e perdi das , cons egui ndo col ocar s omente
um s ó s apato no pé, e as s i m recomeçava o proces s o novamente. Bonni e es tava
com s orte. E l a vi u um pequeno s apato preto que ti nha um arco l i gei ramente
prateado des cend até a rampa e manteve s eus ol hos nel e enquanto el e pas s ava
de meni na e meni na, até que al guém os dei xou cai r e mergul hou e os
experi mentou.
E l a não s abi a o que havi a fei to até que percebeu que o s apato coube. M as
coube, e el a foi para a próxi ma es tação para pegar o próxi mo par. E nquanto el a
es tava es perando, outras garotas es tavam experi mentando perfumes .
Bonni e vi u garotas es condendo doi s fracos de perfume em s eus
es parti l hos e s e perguntou s e el as i ri am vendê-l os ou s e envenenar com el es .
Havi a fl ores também.
Bonni e j á es tava tonta com tanto perfume e deci di u não us ar nenhum,
mas uma mul her al ta borri fou al go por ci ma de s ua cabeça e uma fragrânci a
de morango s i l ves tre fora fi xado em s eus cachos , s em ni nguém ao menos ter
pedi do.
A úl ti ma es tação era a mai s di fí ci l de s uportar. E l a não es tava us ando
nenhuma j ói a e teri a pos to s omente um bracel ete para combi nar com o ves ti do.
M as foram l he dado doi s : bracel etes de pl ás ti cos fi nos e i nquebrávei s , cada
um com um número — s ua i denti dade a parti r de agora, l he contaram.
Bracel etes de es cravos . E l a havi a s i do l avada, embal ada e cari mbada,
para que pudes s e s er conveni entemente vendi da.
Damon!
E l a gri tou s em voz, mas al go dentro del a havi a morri do, e el a s oube que
s uas chamadas não s eri am res pondi das .
— E l a foi recol hi da como uma es crava fugi ti va e foi confi s cada. — O
homem da l oj a de doces di s s e a Damon i mpaci entemente. — E i s s o é tudo que
eu s ei .
Damon s ai u com um s enti mento que el e não experi mentava geral mente.
M ui to medo. E l e es tava começando a acredi tar que todo es s e tempo fora
perdi do; que el e nunca cons egui ri a s al var o s eu pas s ari nho. Que el a veri a
cenári os terrí vei s antes que el e pudes s e s al vá-l a.
E l e não podi a fi car perdendo tempo vi s ual i zando tai s coi s as . O que el e
fari a s e não a encontras s e a tempo...?
E l e es tendeu a mão e s em o menor es forço agarrou a garganta do homem
da l oj a de doces , l evantando-o do chão.
— Preci s amos bater um papi nho. — E l e di s s e, mos trando s eus ol hos
ameaçadores para os es bugal hados de s ua pres a. — Sobre como el a fora
confi s cada. Nem tente l utar. Se você não machucou a meni na, você não tem o
que temer. Cas o contrári o...
E l e puxou o homem aterrori zado pel o bal cão e di s s e genti l mente:
— Cas o contrári o, então, teremos probl emas . De qual quer forma, não fará
di ferença al guma no fi m... Se é que você me entende.
As garotas foram pos tas nas mai ores carruagens que Bonni e j á vi ra na
Di mens ão das Trevas , três magras meni nas s entadas em doi s bancos
es trei tos em cada carruagem. E l e teve um s obres s al to des agradável , porém,
quando percebeu que aquel a coi s a s eri a puxada por s uados es cravos nos
cantos . E ra l i tei ra gi gante e Bonni e i medi atamente enterrou s eu nari z no
aroma de morango s i l ves tre em s eus cabel os .
Havi a uma função adi ci onal ao fazer i s s o: es conder s uas l ágri mas .
— Você tem al guma i dei a em quantas cas as , hal l s , s al ões de dança e
teatros as garotas s erão vendi das es ta noi te? — A Guardi ã com cabel o l oi ro
dourado di s s e para el e i roni camente.
— Se eu s oubes s e, — Damon di s s e com s eu s orri s o fri o e s i ni s tro. — E u
não es tari a aqui perguntando a você. A Guardi ã deu de ombros .
— Nos s o trabal ho é s omente manter a paz por aqui ... E você pode ver como
s omos bem s ucedi dos . É um trabal ho para pouco de nós ; es tamos com fal ta de
pes s oal . M as pos s o te dar uma l i s ta de l ocai s onde as garotas s erão vendi das .
Ai nda as s i m, como eu di s s e, duvi do que você s ej a capaz de encontrar s ua
fugi ti va antes de amanhecer. A propós i to, es tamos de ol ho em você, por caus a
des s es s eus cri téri os de procura. Se s ua fugi ti va não for uma es crava, el a s erá
propri edade Imperi al ... Nenhum humano é l i vre aqui . Se el a for, e você a
l i bertou, conforme fora reportado pel o padei ro do outro l ado da rua...
— Vendedor de doces .
— Que s ej a. E ntão, el e teve todo o di rei to de us ar uma arma
tranqui l i zante quando el a correu. M el hor pra el a, verdade, do que s er
propri edade Imperi al ; el es cos tumam s er rudes , s e é que você entende. E m
ní vei s cada vez mai s bai xos .
— M as s e el a fos s e uma es crava... Mi nha es crava…
— E ntão, você pode l evá-l a. M as há uma certa puni ção obri gatóri a antes
que você pos s a tê-l a. Queremos des es ti mul ar es s e ti po de coi s a.
Damon ol hou para el a com ol hos que a fi zeram encol her-s e e ol har para o
l ado, abruptamente perdendo s ua autori dade.
— Por quê? — E l e exi gi u. — Pens ei que você ti nha al egado s er da outra
Corte. A Cel es ti al , s abe?
— Queremos des encoraj ar fugas por que houve mui tas des de que uma
meni na chamada Al i anna chegou. — A Guardi ã di s s e, s ua vei a vi s i vel mente
em s ua têmpora. — E então, el es s ão capturados e há mai s razões para s e
tentar novamente... E todas es tão l i gadas à garota, eventual mente.
***
***
E l ena dei xou Stefan aj udá-l a a l avar a l ouça — todos o dei xavam fazer
pequenas coi s as agora que el e pareci a bem mel hor. E l es gas taram a manhã
toda tentando entrar em contato com Bonni e, de formas di ferentes . M as então,
a Sra. Fl owers pedi u à E l ena s e el a poderi a pregar as úl ti mas tábuas das
j anel as do porão, e Stefan não s e conteve. M att e M eredi th havi am fei to, até
agora, coi s as bem peri gos as .
E l es penduraram duas l onas na vi ga da cas a, cada uma pendurada de
um l ado de tel hado pri nci pal . E m cada l ona es tavam os caracteres que a mãe
de Is obel havi a col ocado em Pos t-It e l hes dado, es cri tas em l etras grandes e
es curas . Stefan fora permi ti do apenas ol har e dar s uges tões pel a j anel a de
s eu quarto no s ótão. M as agora...
— Pregaremos es s as tábuas j untos . — E l e di s s e fi rmemente, e s ai u
para pegar um martel o e pregos .
Não era um trabal ho di fí ci l , afi nal . E l a s egurou os pregos e Stefan
manej ou o martel o, e el a es perou que el e não acertas s e s eus dedos , o que
s i gni fi ca que el es rapi damente termi nari am o s ervi ço.
E ra um di a perfei to — l i mpo, ens ol arado, com uma l eve bri s a. E l ena s e
perguntou o que es tari a acontecendo com Bonni e, neste momento, e s e Damon
es tava cui dando del a apropri adamente — ou dando ao menos al gum cui dado.
E l a pareci a s er i ncapaz de es quecer s eus probl emas ul ti mamente: s obre
Stefan, Bonni e e até mes mo s obre a ci dade. Tal vez s e el a fugi s s e...
Por Deus, não! Stefan di s s e em s ua mente.
Quando el a vi rou-s e, el e es tava cus pi ndo prego e pareci a tanto
horrori zado quanto envergonhado. Pel o vi s to, el a es teve conj urando s eus
pens amentos .
— Si nto mui to. — E l e di s s e antes que E l ena pudes s e ti rar os pregos de
s ua própri a boca. — M as você s abe mel hor do que ni nguém o porquê de não
poder parti r.
— M as é i rri tante não s aber o que es tá acontecendo. — E l ena di s s e,
depoi s de ter s e l i vrado de s eus pregos . — Não s abemos de nada. O que é que
es tá acontecendo com Bonni e, qual o es tado de nos s a ci dade...
— Vamos termi nar i s s o aqui . — Stefan di s s e. — E então, dei xe-me te
abraçar.
Quando el es termi naram de pregar as tábuas , Stefan ergueu-a, não ao
es ti l o de uma noi va, mas s i m ao es ti l o de uma cri ança, col ocando os dedos do
pé del a em ci ma de s eus pés . E l es dançaram um pouco, rodopi ando al gumas
vezes , e então vol tando ao normal novamente.
— E u conheço o s eu probl ema. — E l e di s s e s obri amente. E l ena ol hou
para ci ma rapi damente.
— Conhece? — E l a di s s e, al armada. Stefan bal ançou a cabeça, e di s s e:
— É exces s o de amor. Si gni fi ca que a paci ente tem mui tas pes s oas com
que s e preocupar, e el a não fi ca fel i z enquanto cada um del es es tej a s ão e
s al vo.
E l ena del i beradamente s ai u de ci ma de s eus pés e ol hou para el e.
— Al guns mai s do que outros . — E l a di s s e hes i tantemente. Stefan
ol hou para el a e s egurou s eus braços .
— E u não s ou tão bom quanto você. — E l e di s s e enquanto o coração de
E l ena bati a com vergonha e remors o por j á ter tocado em Damon, por ter
dançado com el e, por tê-l o bei j ado. — Se você es ti ver fel i z, é tudo o que eu
quero, pri nci pal mente depoi s do que aconteceu naquel a pri s ão. Pos s o vi ver;
pos s o morrer... Paci fi camente.
— Se nós es ti vermos fel i zes . — E l ena corri gi u.
— Não vou dei xar i s s o nas mãos dos deus es . Dei xarei você deci di r.
— Não, você não pode fazer i s s o! Não entende? Se você des apareces s e
novamente, eu me preocupari a demai s e o s egui ri a. Até o Inferno, s e fos s e
preci s o.
— Levarei você comi go onde quer que eu vá. — Stefan di s s e
apres s adamente. — Se você fi zer o mes mo.
E l ena rel axou um pouco. E ra i s s o o que el a poderi a fazer, por enquanto.
E nquanto Stefan es ti ves s e com el a, el a poderi a s uportar qual quer coi s a.
E l es s e s entaram abraçados , embai xo do céu azul , próxi mos a um bordo
e l i ndas fai as que pareci am es tar acenando. E l a es tendeu s ua aura um
pouqui nho e s enti u tocar a de Stefan. Paz começou a preenchê-l a, e todos os
pens amentos s ombri os fi caram para trás .
Quase todos .
— Des de a pri mei ra vez que eu te vi , eu te amei ... M as era um amor
errado. Sabe quanto tempo eu demorei para des cobri r i s s o? — E l ena s us s urrou
no oco de s ua garganta.
— Des de a pri mei ra vez que eu te vi , eu te amei ... M as eu não s abi a
quem você era. Você pareci a um fantas ma de um s onho. M as você me pôs no
cami nho certo rapi damente. — Stefan di s s e, obvi amente fel i z por poder gabar-
s e s obre el a. — E nós s obrevi vemos ... A tudo. E l es di zem que rel aci onamentos
à l onga di s tânci a podem s er bem di fí cei s . — E l e di s s e, ri ndo, e então parou,
col ocando toda a s ua atenção nel a, parando de res pi rar para poder ouvi -l a
mel hor.
— M as então, aconteceu aqui l o com Bonni e e Damon. — E l e di s s e antes
que el a pudes s e pens ar ou di zer al guma coi s a. — Temos que encontrá-l os
l ogo... E el es fi carão bem, des de que fi quem j untos … Ou que es s a s ej a a
es col ha de Bonni e.
— Tem es s e l ance da Bonni e e do Damon. — Concordou E l ena, fel i z por
poder comparti l har s eus pens amentos s ombri os com al guém. — E u nem
cons i go pens ar nel es . E u não pos s o pens ar nel es . Temos que encontrá-l os ,
rapi damente... M as rezo para que el es es tej am com Lady Ul ma nes te momento.
Tal vez Bonni e es tej a i ndo para um bai l e ou uma fes ta. Tal vez Damon es tej a
caçando enquanto convers amos .
— Des de que ni nguém s e machuque.
— Si m. — E l ena tentou fi car mai s perto de Stefan. E l a queri a... Se
aproxi mar ai nda mai s del e, de al guma forma. Daquel e j ei to que el es es tavam
quando el a es teve fora de s eu corpo e pôde afundar-s e nel e.
M as é cl aro, com corpos normai s , el es não podi am... M as é cl aro que
podi am. Agora. Com s eu s angue...
E l ena não s oube qual del es pens ou ni s s o pri mei ro. E l a ol hou para
l onge, envergonhada por ter pens ado ni s s o — e percebeu que Stefan também
es tava com o ol har di s tante também.
— Acho que não temos o di rei to — E l a s us s urrou. — de s ermos ...
Fel i zes ... Quando todos es tão extremamente i nfel i zes . Temos que fazer coi s as
pel a ci dade, e pel a Bonni e.
— Cl aro que não temos . — Stefan di s s e fi rmemente, mas el e teve que
engol i r em s eco pri mei ro.
— Não. — E l ena di s s e.
— Não. — Stefan di s s e fi rmemente, e então, bem no mei o des te eco de
“nãos ”, el e a puxou para mai s perto e a bei j ou, s em fôl ego.
E é cl aro, E l ena não podi a dei xá-l o fazer i s s o, mes mo el a querendo
mui to.
As s i m, el a mandou, ai nda s em fôl ego, mas quas e com rai va, que el e
di s s es s e “não” novamente, e quando el e di s s e, el a o s egurou e o bei j ou.
— Você es tava fel i z. — E l a acus ou momentos depoi s . — E u s enti .
Stefan era caval hei ro demai s para acus á-l a de es tar fel i z por qual quer
coi s a que el a tenha fei to. E l e di s s e:
— Não pude evi tar. Aconteceu natural mente. Senti nos s as mentes
j untas , e i s s o me fez fi car fel i z. M as então eu l embrei da pobrezi nha da
Bonni e. E ...
— Do pobrezi nho do Damon?
— Bem, não preci s amos i r tão l onge as s i m para chamá-l o de
“pobrezi nho”. M as eu me l embrei del e, s i m. — E l e di s s e.
— Tudo bem. — E l ena di s s e.
— É mel hor nós entrarmos . — Stefan di s s e. E então, apres s adamente,
el e di s s e:
— Quer di zer, pri mei ro, vamos des cer daqui . Tal vez pos s amos pens ar
em al go a mai s para s e fazer por el es .
— Como o quê? Não há nada que eu pos s a pens ar. E u tentei medi tar e
E ntrar em Contato vi a E xperi ênci a Fora do Corpo...
— Des de às nove e mei a até às dez e mei a da manhã. — Stefan di s s e. —
Nes te mei o tempo, es ti ve tentando todas as freqüênci as tel epáti cas pos s í vei s .
Sem res pos ta.
— E ntão, tentamos com uma mes a Oui j a.
— Por quas e uma hora... Tudo que obti vemos não fazi am s enti do.
— E l a nos di s s e que o barro es tava chegando.
— E u acho que aqui l o es tava me di reci onando para o “s i m”.
— E ntão eu tentei entrar em contato com as l i nhas de Poder que cercam
Fel l ’s Church...
— Das onze até às onze e mei a, mai s ou menos . — Stefan reci tou. —
E nquanto eu tentei hi bernar para ter um s onho proféti co...
— Realmente, nós tentamos bas tante. — E l ena di s s e s everamente.
— E então nós pregamos os úl ti mos pregos do tel hado. — Stefan
adi ci onou. — O que nós trás aqui , pouco mai s de mei a- noi te e mei a.
— Você cons egue pens ar em al gum Pl ano… Devemos es tar no G ou H
agora... Que nos permi ta aj udá-l os ?
— Não, eu não cons i go. — Stefan di s s e. E ntão, el e adi ci onou,
hes i tantemente:
— Tal vez a Sra. Fl owers tenha al gum s ervi ço domés ti co para nós . Ou —
Ai nda mai s exi tante, experi mentando o terreno — podemos i r até a ci dade.
— Não! Não s omos fortes o bas tante para i s s o! — E l ena di s s e
ri s pi damente. — E não há mai s nenhum s ervi ço domés ti co. — E l a adi ci onou.
E ntão, el a j ogou tudo ao vento.
Todas as res pons abi l i dades . Toda a raci onal i dade. Bem as s i m, des s e
j ei to. E l a começou a rebocar Stefan para dentro de cas a, as s i m el es chegari am
mai s rápi do.
— E l ena...
E s tou es quecendo um pouco dos outros ! E l a di s s e tei mos amente, e de
repente el a não s e i mportava mai s .
E s e Stefan s e i mportas s e, el a o morderi a. M as então, como s e um fei ti ço
a ati ngi s s e, el a s enti u que morreri a s em o s eu toque. E l a queri a tocá-l o.
Queri a que el e a tocas s e. Queri a el e fos s e s eu companhei ro.
— E l ena! — Stefan pôde ouvi r o que el a es tava pens ando.
Stefan era um i ntrometi do, é cl aro, E l ena pens ou. Stefan fora um. M as
como el e ous ava s e i ntrometer ni sto? E l a vi rou-s e para encará-l o, com os ol hos
em chamas .
— Você não me quer!
— Não quero que você faça i s s o e então des cubra que eu a es ti ve
Infl uenci ando.
— Você es teve me Influenci ando? — E l a gri tou. Stefan ergueu s uas mãos
para o al to e gri tou:
— Como eu pos s o s aber quando eu a des ej o tanto? Ah. Bem, as s i m es tava
mel hor.
Houve um pequeno bri l ho no canto do ol ho de E l ena e el a percebeu que a
Sra. Fl owers havi a fechando uma j anel a s i l enci os amente.
E l ena l ançou uma ol hadel a para Stefan. E l e es tava tentando não corar.
E l a tentava fazer o mes mo, e tentava também não ri r. E ntão, el a s ubi u em
s eus pés novamente.
— Tal vez mereçamos uma hora a s ós . — Di s s e peri gos amente.
— Uma hora i ntei ra? — O s us s urro de Stefan fez parecer com que uma
hora fos s e uma eterni dade.
— Nós merecemos . — E l ena di s s e, encantada. E l a começou a rebocá-l o
novamente.
— Não. — Stefan a puxou de vol ta, erguendo-a – ao es ti l o de noi va – e
então el es es tavam s ubi ndo, bem rapi damente. E l es s ubi ram três andares e
um pouqui nho mai s e pararam na s acada de s eu quarto.
— M as es tá trancada por dentro...
Stefan deu um pi s ão na j anel a — com força. A porta des apareceu. E l ena
es tava i mpres s i onada.
E l es des ceram para o quarto de Stefan no mei o de um fei xe de l uz e
partí cul as de pó que pareci am vaga-l umes e es trel as .
— E s tou um pouco nervos a. — E l ena di s s e.
E l a des cal çou as s andál i as e des pi u s eus j eans e s eu top, i ndo l ogo em
s egui da para a cama... Somente para encontrar Stefan j á l á.
E l es s ão rápi dos , el a pens ou. M ai s rápi dos do que você pens a, s empre
bem mai s rápi dos .
E l a vi rou-s e para Stefan na cama. E l a es tava us ando uma cami s ol a e
uma cal ci nha. E l a es tava com medo.
— Não tenha. — E l e di s s e. — E u nem ao menos preci s o te morder.
— Faça i s s o. Só temo por caus a des s e l ance es tranho do meu s angue.
— Ah, s i m. — E l e di s s e, como s e ti ves s e es queci do.
E l ena poderi a apos tar que el e não havi a es queci do uma pal avra a
res pei to de s eu s angue... Que permi ti a que os vampi ros fi zes s em coi s as que
el es j amai s i magi nari am.
E l es s ão es pertos , el a pens ou.
— Stefan, as coi s as não devi am s er as s i m! E u devi a es tar des fi l ando na
s ua frente com um l i ngeri e dourado des enhado por Lady Ul ma, com j oi as de
ouro fei tas por Lucen... No qual , não pos s uo nenhum dos doi s . E devi a haver
pétal as de ros a es pal hadas pel a cama e pequenas vel as de bauni l ha s obre
ti gel as pequenas .
— E l ena — Stefan di s s e. —, vem cá.
E l a foi para o s eu braço, e res pi rou s eu aroma natural , quente e pi cante,
com um pequeno traço de prego enferruj ado.
Você é mi nha vi da, Stefan di s s e s i l enci os amente. Não i remos fazer nada esta
noi te. Mas não temos mui to tempo, e você merece a li ng eri e dourada, as rosas e as velas. Se não for
fei to por Lady Ulma, que sej a pelo esti li sta mai s famoso da Terra, no qual o di nhei ro pode
provi denci ar. Mas, por enquanto... Me bei j a?
E l ena o bei j ou com vontade, fel i z por el e querer es perar.
O bei j o foi quente e reconfortante e el a não s e i mportou com o l eve gos to
de ferrugem. E ra maravi l hos o es tar com al guém que provi denci ava
exatamente aqui l o que el a preci s ava, mes mo que fos s e vi a pens amento, mas
que a fazi a s e s enti r s egura...
E então, uma energi a os ati ngi u. Pareci a vi r de ambos ao mes mo tempo,
e em s egui da, i nvol untari amente, E l ena apertou os dentes nos l ábi os de
Stefan, ti rando-l he s angue.
Stefan col ocou s eus braços em vol ta del a, e mal es perou que el a s e
afas tas s e um pouco antes de tomar-l he s eu l ábi o i nferi or com s eus própri os
dentes e... Depoi s de um momento de tens ão que pareci a durar uma
eterni dade... M ordê-l o com força.
E l ena quas e chorou. E l a quas e que s ol tou s uas Asas da Destrui ção em
ci ma del e. M as duas coi s as a pararam. A pri mei ra, Stefan nunca, j amai s
ti nha machucado-a antes . E s egunda, el a es tava começando a mergul har em
al go anti go e mí s ti co que não podi a parar agora.
Um mi nuto depoi s , Stefan ti nha duas feri das al i nhadas . Sangue s aí a
dos l ábi os de E l ena, em conexão di reta com as feri das menos s éri as de
Stefan, caus ando um refl uxo. Seu s angue i ndo até os l ábi os del e.
E então, o mes mo aconteceu com o s angue de Stefan; um pouco del e, ri co
em Poder, correu para E l ena.
Não era perfei to. Uma gota de s angue fi cara bri l hando nos l ábi os de
E l ena. M as E l ena nem ao menos s e i mportou. Um momento mai s tarde, a
gota foi para a boca de Stefan e el a s enti u com toda a certeza o quanto el e a
amava.
E l a s e concentrava nes te pequeno s enti mento, que vi vi a dentro daquel a
tempes tade que el es es tavam vi venci ando. E s s e ti po de troca de s angue — el a
ti nha certeza di s s o — era do modo anti go, onde doi s vampi ros pudes s em
comparti l har s angue, amor e s uas al mas . E l a es tava começando a mergul har
na mente de Stefan. E l a s enti u s ua al ma, pura e l i vre, turbi l hando ao s eu
redor com mi l hões de emoções di ferente, l ágri mas do pas s ado, al egri a do
pres ente, todas abertas s em nenhum cons trangi mento para el a.
E l a s enti u a própri a al ma nes te encontro, nem tão bri l hante, mas s em
medo. Stefan, há mui to tempo atrás , vi u egoí s mo, vai dade e ambi ção nel a —
mas perdoou tudo. E l e havi a vi s to todas as s uas faces , e a amava
compl etamente, mes mo com es s es l ados rui ns .
E as s i m que el a o vi u, toda a es curi dão, ternura, qui etude, genti l eza e
por aí vai , s e proj etou como as as negras protetoras ao s eu redor...
Stefan, eu... Amor... Eu sei …
Foi quando al guém bateu na porta.
18
Depoi s do café da manhã, M att entrou onl i ne para encontrar duas l oj as ,
nenhuma em Fel l ’s Church, que vendi am a quanti dade de barro que a Sra.
Fl owers preci s ava e que havi a di to que fazi am entregas .
M as depoi s di s s o, havi a o l ance del es s e afas tarem da pens ão e
pas s arem pel os úl ti mos res tos s ol i tári os que havi am s i do Ol d Wood. E l e j á
di ri gi ra por aquel e pequeno matagal , onde Shi ni chi aparecera como o
Fl auti s ta Demoní aco de Hamel i n com as cri anças pos s uí das em s eu encal ço
— o mes mo l ocal onde o xeri fe M os s berg s umi ra depoi s de s egui -l os e nunca
mai s s ai u. Onde, mai s tarde, es tava protegi do por Pos t-It mági cos , e no qual
el e e Tyrone Al pert havi am ti rado um fêmur mas ti gado e expos to.
Hoj e, el e des cobri u que a úni ca forma de pas s ar pel o matagal era
di ri gi ndo bem devagar com o s eu carro vel ho, e el e j á ti nha mai s de s es s enta
anos quando el e o atraves s ou compl etamente. Nenhuma árvore cai u s obre el e,
nem ao menos enxames de i ns etos i mens os .
E l e s us s urrou um “Ufa”, com o al í vi o de ter chegado em cas a.E l e es tava
com medo — s ó o fato de di ri gi r por Fel l ' s Church j á era horrí vel , fazendo-o
col ocar s ua l í ngua no céu da boca. Pareci a... A ci dade boni ta e i nocente no qual
el e havi a cres ci do — como s e fos s e uma daquel as vi zi nhanças em que você vê
na TV ou na Internet que foram bombardeadas ou s ofreram por caus a de um
i ncêndi o des as tros o, ou al go as s i m. E aqui , bem que pareci a que ocorrera
i s s o, poi s uma em cada quatro cas as eram s i mpl es mente ruí nas . Al gumas
eram mei o-ruí nas , com fi tas de pol i ci ai s cercando-as , o que s i gni fi cava que o
que quer que ti ves s e aconteci do mai s cedo com el as fora o s ufi ci ente para a
pol í ci a s e i mportar — ou ao menos , tentar.
Ao redor da área quei mada, a vegetação fl ores ci a es tranhamente: um
arbus to decorati vo de uma cas a cres ceu de modo que s eus gal hos encontravam-
s e na cas a ao l ado. Vi dei ras j untavam uma árvore à outra, e à outra, como s e
fos s e uma s el va anti ga.
Sua cas a es tava bem ao mei o de um grande quartei rão de cas as chei as de
cri anças — e no verão, quando, i nevi tavel mente, os netos vi nham fazer uma
vi s i ta, havi a ai nda mai s cri anças .
M att es perava que es s a parte das féri as de verão houves s e acabado...
M as Shi ni chi e M i s ao dei xari am as cri anças i rem para cas a? M att não ti nha
i dei a. E , s e el es fos s em para cas a, el es conti nuari am es pal hando a doença
em s uas própri as ci dades ? Quando i s s o i a acabar?
M as , ao di ri gi r em s eu quartei rão, M att não vi u nada hedi ondo. Havi a
cri anças bri ncando nos gramados da frente, ou nas cal çadas , agachados s obre
o mármore ou s ubi ndo em árvores . Não havi a nenhuma evi dênci a no qual el e
pudes s e apontar com o dedo como es tranho.
E l e ai nda es tava i nqui eto. M as el e j á havi a al cançado s ua cas a agora,
aquel a com o grande e vel ho carval ho s ombreando a varanda, então el e poderi a
s ai r do carro. E l e parou bem embai xo da árvore e es taci onou próxi mo à cal çada.
E l e pegou uma grande quanti dade de roupa s uj a do banco de trás . E l e es teve
acumul ando-as durante as s emanas na pens ão e não pareci a j us to pedi r à Sra.
Fl owers para l avá-l as .
As s i m que el e s ai u do carro, trazendo as roupas cons i go, el e s ó
cons egui u ouvi r o canto dos pás s aros parar.
Um momento depoi s , el e s e perguntou o que havi a aconteci do. E l e s abi a
que al go es tava errado, al go havi a s i do i nterrompi do. Is s o fez com que o ar
fi cas s e mai s pes ado. Pareci a que até o chei ro da grama havi a mudado. E ntão,
el e percebeu. Cada pás s aro, i ncl ui ndo os corvos barul hentos que vi vi am nos
carval hos , havi am s e s i l enci ado.
Todos de uma vez.
M att s enti u uma torção em s ua barri ga ao ol har para ci ma à s ua vol ta.
Havi a duas cri anças embai xo do carval ho, bem ao l ado do s eu carro. Sua mente
tei mos amente tentava s e prender em: Cri anças . Bri ncando. Tudo bem. Seu
corpo foi mai s es perto. Sua mão j á es tava em s eu bol s o, ti rando al guns Pos t-It:
aquel es papei zi nhos que geral mente paravam a magi a negra.
M att es perava que M eredi th ti ves s e s e l embrado de pedi r à mãe de
Is obel mai s amul etos . Seus pens amentos eram l entos , e...
... E havi a duas cri anças bri ncando s ob o carval ho. Só que el as não
es tavam. E l as es tavam o encarando. Um meni no es tava de cabeça para bai xo e
o outro es tava comendo al guma coi s a... Que es tava dentro de um s aco de l i xo. O
meni no de cabeça para bai xo es tando dando-l he um ol har es tranhamente
aguçado.
— Al guma vez você j á s e perguntou como é es tar morto? — E l e perguntou.
E agora que a cabeça do outro s ai u do s aco e apareceu, mos trava um l eve
bri l ho vermel ho ao redor de s eus l ábi os . Bri l ho vermel ho...
… Sang ue. E … O que quer que es ti ves s e dentro daquel e s aco, es tava s e
mexendo. Chutando. Debatendo-s e fracamente. Tentando s ai r.
Uma onda de náus ea tomou conta de M att. Áci do ati ngi u s ua garganta.
E l e es tava pres tes a vomi tar.
O garoto do s aco es tava ol hando para el e com ol hos pretos -como-pedra. O
garoto de cabeça para bai xo es tava s orri ndo.
E então, como s e o vento ti ves s e as s oprado um hál i to quente, M att s enti u
os fi nos pel os de s ua nuca s e eri çarem. Não eram s omente os pás s aros que
havi am fi cado qui etos . Tudo havi a fi cado. Nenhuma voz de cri ança havi a
aumentado para demons trar bri ga, canto ou fal atóri o.
E l e vi rou-s e e des cobri u por que. E l es es tavam ol hando para ele.
Cada cri ança no quartei rão s i l enci os amente o encarava. E ntão, com uma
preci s ão as s us tadora, el e vi rou para ol har os garotos da árvore, o res to es tava
começando a s e aproxi mar del e.
Só que el es não es tavam andando.
E l es es tavam ras tej ando. Ao es ti l o de um l agarto. É por i s s o que al guns
pareci am es tar bri ncando com bol i nha de gude na cal çada. Todos es tavam s e
movendo da mes ma forma, barri gas próxi mas ao chão, quei xos ergui dos , mãos
s endo us adas como patas di antei ras e j oel hos abertos para os l ados .
Agora el e podi a s enti r o gos to de s ua bi l e. E l e ol hou para o outro l ado da
rua e encontrou outro grupo ras tej ando. Dando s orri s os arti fi ci ai s . Pareci a que
al guém havi a puxado s uas bochechas , puxado-as bastante, as s i m, s eus
s orri s os quas e quebravam s eus ros tos ao mei o.
M att percebeu al go a mai s . De repente, el es havi am parado, e enquanto
el e os obs ervava, el es fi caram parados . Perfei tamente i móvei s , encarando-o de
vol ta. M as quando el e ol hou para l onge, vi u mai s fi guras ras tej antes na
es qui na.
E l e não teri a Pos t-It para todos el es .
Você não pode fug i r di sto tudo. Pareci a que uma voz exteri or gri tara em s ua
cabeça.
Tel epati a. M as tal vez fos s e porque a cabeça de M att havi a s e
trans formado em uma nuvem turva e vermel ha, fl utuando pel o céu.
Fel i zmente, s eu corpo percebeu i s s o e, de repente, el e es tava dentro do
carro novamente, e pegou o meni no que es tava de cabeça para bai xo. Por um
momento, el e teve o i mpul s o de s ol tá-l o. O garoto ai nda ol hou para el e, com
ol hos mi s teri os os que es tavam i nverti dos , por caus a de s ua pos i ção. E m vez de
s ol tá-l o, M att col ocou um Pos t-It na tes ta do garoto, ao mes mo tempo em que o
col ocava na parte de trás do carro.
Uma paus a e, em s egui da, um l amento. O garoto devi a ter no mí ni mo
quatorze anos , mas cerca de tri nta s egundos depoi s após Bani r Todo o M al ( em
vers ão compacta), tudo s umi u. E l e es tava chorando — chorando de verdade.
Depoi s , todas as cri anças que ras tej avam s ol taram um s i l vo. Pareci a um
motor a vapor gi gante. Hs s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s .
E l es começaram a i ns pi rar e expi rar rapi damente, como s e
funci onas s em de outra forma.
Depoi s de ras tej ar, começaram a engati nhar. M as el es es tavam
res pi rando tão rápi do que M att pôde ver s eus troncos s ubi rem e des cerem.
Quando M att vi rava-s e para ol har um grupo del es , el es congel avam,
exceto pel a res pi ração i ncomum. M as el e pôde s enti r que os outros atrás del e
conti nuavam a s e aproxi mar.
Nes te i ns tante, o coração de M att es tava batendo em s eus ouvi dos . E l e
poderi a l utar com um grupo del es ... M as não com outro grupo em s uas cos tas .
Al guns del es pareci am ter s omente dez ou onze anos . M att l embrou o que as
meni nas pos s uí das havi am fei to na úl ti ma vez que el e as encontrara, e
s enti u uma repul s ão vi ol enta.
M as el e s abi a que fi car ol hando para aquel e meni no do s aco o dei xari a
doente. E l e podi a ouvi r as l ambi das , os s ons de mas ti gação... E el e pôde ouvi r
o as s ovi o fi no de dor que vi nha daquel a coi s i nha fraca dentro do s aco.
E l e gi rou novamente, para manter afas tado as cri anças do outro l ado, e
em s egui da ol hou para ci ma. Com um es tal o tranqui l o, o s aco de l i xo cai u
quando el e o agarrou, mas o garoto conti nuava a s egurar o que havi a em s eu
conteúdo...
Ai , meu Deus. Ele está comendo umbebê! Umbebê! Um...
E l e pegou o garoto embai xo da árvore e s uas mãos automati camente
col ocaram um Pos t-It nas cos tas do garoto. E então... E ntão, graças a Deus , el e
vi u a pel e. Não era um bebê. E ra pequeno demai s para s er um, até mes mo
para um recém-nas ci do. M as es tava comi do.
O garoto ergueu s eu ros to ens anguentado para M att, e M att vi u que era
Col e Reece, que s ó ti nha treze anos e vi vi a na cas a ao l ado. M att não o havi a
reconheci do antes .
A boca de Col e es tava bem aberta e com medo, s eus ol hos es tavam
s al tados de terror e tri s teza, e l ágri mas e catarro corri am por s ua face.
— E l e fez com que eu comes s e Toby. — E l e começou como um s us s urro
que s e trans formou em um gri to. — E l e fez com que eu comes s e meu
porqui nho da í ndi a! E l e fez... Por que, por que, por que el e fez i s s o? E U COM I
O TOBY!
E l e vomi tou em ci ma dos s apatos de M att. Vômi to vermel ho-s angue.
Uma morte mi s eri cordi os a para o ani mal . Rápi da, M att pens ou.
M as i s s o s eri a a coi s a mai s di fí ci l que el e teri a de fazer. Como el e
poderi a — pi s ar na cabeça de um ani mal ? E l e não podi a. E l e ti nha que tentar
outra coi s a, pri mei ro.
M att ti rou um Pos t-It e col ocou no ani mal , tentando não ol har para s ua
pel e. E as s i m, tudo es tava acabado. O porqui nho da í ndi a s e foi . O fei ti ço que
o manti nha vi vo até es s e ponto havi a s e des fei to.
Havi a s angue e vômi to nas mãos de M att, mas el e fez com que s e
vi ras s e para Col e. M att s e tocou de uma coi s a.
— Vocês querem um pouco di sso? — E l e gri tou, s egurando os Pos t-It como
s e fos s e revól ver que el e havi a dei xado com a Sra.
Fl owers .
E l e vi rou-s e novamente e gri tou:
— Vocês querem um pouco? E quanto a você, Jos h? — E l e es tava começando
a reconhecer os ros tos agora. — Você, M adi s on? E você, Bryn? Venham! Venham
todos! VE NHAM TO...
Al go tocou s eu ombro. E l e gi rou, com Pos t-It j á preparado.
E ntão el e parou, o al í vi o brotando nel e como brotava na água E vi an {4} ,
pres ente em al gum res taurante chi que. E l e es tava ol hando di retamente para
o ros to da Dr.ª Al pert, a médi ca da ci dade. E l a ti nha o s eu SUD es taci onado ao
l ado de s eu carro, no mei o da rua.
Atrás del a, dando-l he retaguarda, es tava Tyrone, que s eri a o próxi mo
quarterback, no ano s egui nte, na Robert E . Lee. Sua i rmã, que es tava quas e
i ndo para o s egundo ano de facul dade, es tava tentando s ai r do carro também,
mas el a parou quando Tyrone a vi u.
— Jayneela! — E l e rugi u em uma voz que s ó o Tyre-mi nator poderi a
fazer. — Vol te e aperte o ci nto. Você s abe o que a mamãe di s s e! Vol te ag ora!
M att encontrou-s e s egurando as mãos marrom-chocol ate da Dr.ª Al pert.
E l e s abi a que el a era uma boa mul her e boa zel adora, que havi a adotado s eus
fi l hos quando a mãe del es havi a morri do de câncer. Tal vez el a o aj udari a,
também. E l e começou babul ci ando:
— Ah, Deus , eu tenho que ti rar mi nha mãe daqui . M i nha mãe vi ve
aqui s ozi nha. E tenho que ti rá-l a daqui . E l e s abi a que es tava s uando. Só
es perava que não es ti ves s e chorando.
— Ok, M att. — A médi ca di s s e em s ua voz rouca. — E s tou i ndo embora
com mi nha famí l i a nes ta tarde. Vamos fi car com uns parentes ao oes te de
Vi rgí ni a. E l a é bem-vi nda, s e qui s er vi r.
Não podi a s er as s i m tão s i mpl es . M att s abi a que ti nha l ágri mas nos
ol hos agora. E l e s e recus ou a pi s car e as dei xou caí rem.
— E u não s ei o que di zer... M as s e você pudes s e... Você é uma adul ta,
entende? E l a não me dará ouvi dos . E l a ouvi rá a você. E s s e quartei rão es tá todo
i nfectado. E s s e meni no, Col e...
E l e não pôde conti nuar. M as a mul her pôde ver por s i s ó: o ani mal , o
garoto com s angue nos dentes e s ua boca ai nda vomi tava.
A Dr.ª Al pert não reagi u. E l a s ó pegou um pacote de l enços umedeci dos
de Jayneel a, que es tava dentro do SUV e s egurava o garoto, enquanto l i mpava
vi goros amente s eu ros to.
— Vá para cas a. — E l a di s s e para el e s everamente.
— Você tem que dei xar os i nfectados i rem também. — E l a di s s e para
M att, com um ol har terrí vel em s eus ol hos . — Por mai s cruel que pareça,
el es s ó trans mi ti ram a doença para poucos que ai nda es tavam bem.
M att começou a di zer a el a os efei tos dos Pos t-It, mas el a j á es tava
di zendo:
— Tyrone! Vem aqui para vocês enterrarem es te pobre ani mal . As s i m,
você poderá col ocar as coi s as da Sra. Honeycutt dentro da vã. Jayneel a, faça o que
o s eu i rmão di s s er. E u terei um convers i nha com a Sra. Honeycutt agora.
E l a não aumentou mui to s ua voz. Nem era preci s o. O Tyre-mi nator j á
es tava obedecendo, vol tando para M att, ol hando as úl ti mas cri anças
ras tej antes que s e afas taram depoi s do gri to de M att.
E l e é rápi do, M att pens ou. M ai s rápi do do que eu. Is s o pareci a um j ogo.
E nquanto você es ti ves s e ol hando para el es , el es não s e movi am.
E l es s e revezavam ao s erem aquel e que obs ervava e aquel e que
mani pul ava a pá. A terra aqui era dura i gual uma pedra, chei a de erva
dani nhas . M as , de al guma forma, el es cons egui ram cavar um buraco e o
trabal ho os aj udou mental mente. E l es enterraram Toby, e M att fi cou
arras tando os pés na grama i gual a um zumbi , tentando ti rar o vômi to de s eus
s apatos .
De repente, ao l ado del es , houve um barul ho de uma porta s e abri ndo e
M att correu, correu para s ua mãe, que es tava tentando s egurar uma mal eta
i mens a, mui to pes ada para el a, que es tava atraves s ando a porta.
M att pegou a mal eta del a e s enti u-s e engl obado num abraço del a,
mes mo que el e teve de fi car na ponta dos pés para fazer i s s o.
— M att, eu não pos s o abandoná-l o...
— E l e é um dos que es tá tentando ti rar a ci dade des ta bagunça. — A Dr.ª
Al pert di s s e, s ubs ti tui ndo-a. — E l e a col ocará em ordem. Agora, temos que
s ai r daqui antes que o dei xemos mai s abal ado ai nda. M att, s ó para você
s aber, eu ouvi di zer que os M cCul l ough es tão i ndo embora também. Parece
que o Sr. e a Sra. Sul ez ai nda não i rão parti r, nem os Gi l bert-M axwel l . — E l a
di s s e as duas úl ti mas pal avras com uma ênfas e di s ti nta.
Os Gi l bert-M axwel l eram: a ti a de E l ena, Judi th, s eu mari do, Robert
M axwel l , e a i rmã caçul a de E l ena, M argaret. Não havi a moti vo para
menci oná-l os . M as M att s abi a por que a Dr.ª Al pert os menci onou. E l e s e
lembrou de ter vi s to E l ena quando es s a confus ão toda começou. Apes ar da
puri fi cação que E l ena fez nos bos ques onde a Dr.ª Al pert es tava, a médi ca s e
l embrara.
— E u di rei ... À M eredi th. — M att di s s e, e ol hando em s eus ol hos , el e
era o mes mo que di s s es s e “E di rei à E l ena, também.”
— Al go mai s para trazer? — Tyrone perguntou.
E l e es tava s egurando uma gai ol a de canári os , com um pás s aro dentro
batendo as as as freneti camente, e uma mal a um pouco menor.
— Não, mas como poderei agradecer? — A Sra. Honeycutt di s s e.
— Agradeça depoi s … Agora, todos para dentro. — Di s s e a Dr.ª Al pert. —
E s tamos dando o fora daqui .
M att abraçou s ua mãe e deu um pequeno empurrãozi nho nel a em
di reção ao SUV, que j á ti nham a gai ol a e as mal as .
— Adeus ! — Todos es tavam gri tando.
Tyrone apareceu com s ua cabeça para fora da j anel a para di zer:
— M e l i gue quando qui s er! Quero aj udar! E então, el es s e foram.
M att mal podi a acredi tar que i s s o ti nha acabado; havi a aconteci do tão
rápi do.
E l e correu para dentro da cas a e pegou s eus têni s de corri da, s ó para o
cas o da Sra. Fl owers não cons egui r arrumar o chei ro daquel es que el e es tava
us ando.
Quando el e s ai u novamente da cas a, el e teve que pi s car. Ao i nvés do SUV
branco, havi a outro carro branco es taci onado ao l ado do s eu.
E l e ol hou ao redor do quartei rão. Sem cri anças . Nenhuma. E o canto dos
pás s aros havi a vol tado.
Havi a doi s homens dentro do carro. Um del es era branco e o outro era
negro e ambos es tavam na i dade de s erem cons i derados pai s . De qual quer
forma, el es ti nham bl oqueado s ua s aí da, pel o modo como o carro del es es tava
es taci onado. E l e não teve es col ha s enão i r até el es . As s i m que o fez, ambos
s aí ram do carro, ol hando-o como s e el e fos s e um ki ts une peri gos o.
No i ns tante em que el es fi zeram i s s o, M att s abi a que el e havi a
cometi do um erro.
— Você é M atthew Jeffrey Honeycutt? M att não ti nha es col ha a não
concordar.
— Di ga s i m ou não, por favor.
— Si m.
M att pôde ver o i nteri or do carro branco agora. E ra um carro de pol í ci a
di s creto, um com a s i rene l á dentro, pronta para s er fi xada no teto cas o os
pol i ci ai s qui s es s em que você s oubes s e des s e s egredo.
— M atthew Jeffrey Honeycutt, você es tá pres o por vi ol entar e agredi r
Carol i ne Beul a Forbes . Você tem o di rei to de permanecer em s i l ênci o. Tudo
que di s s er poderá ou s erá us ado contra você no tri bunal ...
— Vocês não vi ram aquel as cri anças ? — M att es tava gri tando. — Vocês
devem ter vi s to uma ou duas del as ! Aqui l o não s i gni fi ca nada para vocês ?
— Vá para frente do carro e col oque s uas mãos nel e.
— E l as vão des trui r toda a ci dade! Vocês es tão aj udando ao fazer i s s o!
— Você conhece os s eus di rei tos ...?
— Você entende o que es tá acontecendo com Fel l ’s Church?
Houve uma paus a des s a vez. E então, numa perfei ta entonação, um
del es di s s e:
— Somos de Ri dgemont.
19
Bonni e deci di u, em preci os os s egundos que pareceram s e es ti car por
horas , que o que quer que fos s e acontecer, aconteceri a, não i mportas s e o que
el a fi zes s e. Havi a também a ques tão do s eu orgul ho. E l a s abi a que havi a
pes s oas que i ri am ri r di s s o, mas era verdade. Ti rando os Poderes de E l ena,
Bonni e era a úni ca que es tava bem acos tumada a confrontar as trevas . E l a, de
al guma forma, s obrevi vera a tudo i s s o. E em breve, el a não s obrevi veri a. M as
do j ei to que as coi s as i am, s eu orgul ho era a úni ca coi s a que l he res tara.
E l a ouvi u gri tos bem s onoros e então el a os ouvi u parar.
Bem, i s s o foi tudo que el a pôde fazer no momento: parar de gri tar.
A es col ha havi a s i do fei ta. E l a i ri a cai r, i ntacta, des afi adora... E em
s i l ênci o.
No momento em que el a parou de gri tar, Shi ni chi fez um ges to e o ogro
que a carregava parou de l evá-l a até a j anel a.
E l a devi a s abi a. E l e era um val então. Val entões querem ouvi r dor ou
pes s oas em es tági os mi s erávei s . O ogro l evantou s eu ros to ao ní vel do de
Shi ni chi .
— Ani mada com s ua vi agem s ó de i da?
— E mpol gada. — E l a di s s e s em demons trar expres s ão.
Hey, el a pens ou, eu não s ou tão rui m nes te l ance de s er coraj os a.
M as tudo dentro del a tremi a dupl amente, o que compens ava o s eu ros to
de pedra. Shi ni chi abri u a j anel a.
— Conti nua empol gada?
Agora que i sso havi a s i do fei to, a j anel a ter s i do aberta, el a não teri a que
bater s eu ros to no vi dro até que el e s e quebras s e e el a s aí s s e voando pel o céu.
Não haveri a dor até que el a al canças s e o chão e ni nguém notari a nada, nem
mes mo el a.
Conti nue fi rme e conforme-s e, Bonni e pens ou.
A bri s a fres ca da j anel a a havi a di to que es s e... Lugar... E s s e depós i to de
es cravos ... E ra onde os cl i entes ti nham permi s s ão para vas cul har os es cravos
até que el es encontras s em al go de errado... E s tava bem venti l ado por al i .
E u es tarei fres qui nha, mes mo que por um s egundo ou mai s , el a
pens ou.
Quando uma porta próxi ma a el es fora aberta, Bonni e quas e s ai u das
garras do ogro, e quando a s ua própri a porta fora aberta, el a quas e s ai u de s ua
própri a pel e.
Será pos s í vel ? Al go l oucamente di s parou s obre el a. Estou salva! Só ti ve que
bancar um pouco a val ente e agora...
M as era a i rmã de Shi ni chi , M i s ao. M i s ao aparentava es tar
gravemente doente, com s ua pel e aci nzentada, s egurando-s e na porta para
manter-s e de pé. A úni ca coi s a que não es tava aci nzentada nel a eram s eus
bri l hantes cabel os pretos , com pontas vermel has nas extremi dades , i guai s às
de Shi ni chi .
— E s pere! — E l a di s s e a Shi ni chi . — Você nem ao menos perguntou...
— Você acha que uma cabeça de vento como el a s aberi a? M as façamos do
s eu j ei to. — Shi ni chi s entou M i s ao no s ofá, mas s ageando s eus ombros para
dei xá-l a confortável . — E u perguntarei .
E ntão era ela que es tava no quarto do es pel ho de duas vi as , Bonni e
pens ou. E l a parece es tar bem mau. Ti po, pres tes a morrer.
— O que aconteceu com a E s fera E s tel ar de mi nha i rmã? — Shi ni chi
exi gi u e então Bonni e vi u como tudo s e trans formava em um cí rcul o, com um
começo e um fi m; e ao entender i s s o, el a s abi a morreri a com um pouco de
di gni dade.
— A cul pa é mi nha. — E l a di s s e com um s orri s i nho, enquanto s e
l embrava. — Ou tenho metade da cul pa. Sage us ou-a para abri r o Portal l á na
Terra. E então...
E l a l hes contou a hi s tóri a, como nunca havi a fei to antes , col ocando
ênfas e em como ela havi a dado a Damon as pi s tas para encontrar a E s fera
E s tel ar de M i s ao, e que havi a s i do Damon quem havi a us ado-a para abri r um
Portal ao topo da Di mens ão das Trevas .
— Is s o tudo é um cí rcul o. — E l a expl i cou. — Que vol ta para vocês. E
então, apes ar da s i tuação, el a começou a ri r.
E m doi s pas s os , Shi ni chi havi a atraves s ado a s al a e começado a bater
nel a.
E l a não s oube quantas vezes el e fez i s s o. A pri mei ra vez foi o s ufi ci ente
para fazê-l a arfar e parar com os ri s os . Depoi s de s enti r s uas bochechas
i nchadas , como s e es ti ves s e com um cas o mui to dol oros o de caxumba, s eu
nari z começou a s angrar.
E l a tentou l i mpá-l o no ombro, mas não parava. Por fi m, M i s ao di s s e:
— E ca. Sol te as mãos del a e l he dê uma toal ha ou al go as s i m. O ogro s e
moveu enquanto Shi ni chi ai nda l he dava a ordem.
Shi ni chi , agora, es tava s entado ao l ado de M i s ao, fal ando com el a
del i cadamente, como s e el e es ti ves s e fal ando com um bebê ou com um adorado
ani mal de es ti mação. M as os ol hos de M i s ao, com s uas pequenas chamas
dentro del es , eram cl aros e adul tos enquanto el a ol hava para Bonni e.
— Onde mi nha E s fera E s tel ar es tá nes te momento? — E l a perguntou
com um terrí vel ol har aci nzentado e i ntens o. Bonni e, que es tava l i mpando o
nari z, s enti ndo-s e fel i z por não es tar al gemada pel as cos tas , s e perguntou por
que el a não es tava tentando pens ar em uma menti ra. Ti po, me l i berte e eu os
l evarei até el a. E ntão, l embrou que Shi ni chi ti nha s ua mal di ta tel epati a
ki ts une.
— Como eu poderi a s aber? — E l a di s s e l ogi camente. — E u es tava
tentando afas tar Damon do Portal quando ambos caí mos . E l a não vei o conos co.
Pel o o que eu s ei , a poei ra pode tê-l a derrubado e s eu l í qui do todo s e derramou.
Shi ni chi l evantou-s e para machucá-l a novamente, mas el a es tava
s i mpl es mente di zendo a verdade. M i s ao j á es tava fal ando:
— Sabemos que i s s o não aconteceu por que eu ai nda es tou... — E l a parou
para res pi rar: — Vi va. E l a vi rou s eu ros to chupado e aci nzentado para Shi ni chi
e di s s e:
— Você es tá certo. E l a é i núti l , e não pos s ui as i nformações no qual
preci s amos . Jogue-a fora. Um ogro a pegou, com toal ha e tudo. Shi ni chi chegou
pel o outro l ado.
— Você entende o que fez com mi nha i rmã? Entende?
Não há mai s tempo. Só um Segundo para pens ar s e el a i ri a bancar a
durona ou não. M as o que el a poderi a di zer para demons trar que era coraj os a?
E l a abri u s ua boca, s em ao menos s aber s e o que es tava pres tes a s ai r por al i
era um gri to ou pal avras .
— E l a vai es tar com uma aparênci a bem pi or quando meus ami gos
acabarem com el a. — E l a di s s e, e então vi u nos ol hos de M i s ao que el a havi a
acertado na mos ca.
— Jogue-a fora! — Shi ni chi gri tou, l í vi do em fúri a. E então, o ogro a
arremes s ou pel a j anel a.
M eredi th es tava s entada com s eus pai s , tentando entender o que es tava
acontecendo. E l a havi a termi nado s ua i ncumbênci a em tempo recorde: dando
zoom nas es cri tas dos j arros fei tos ; l i gando para a famí l i a Sai tou e des cobri r
que el as não es tari am em cas a antes do mei o-di a. E ntão, el a havi a
exami nado e numerado i ndi vi dual mente cada caractere que havi a nas fotos
que Al ari c havi a mandado.
As Sai tou es tavam... Tens as . M eredi th não fi cara s urpres a, uma vez que
Is obel havi a s i do uma das pri mei ras i nocentes a trans portarem aquel es
terrí vei s mal ach dos ki ts une. Uma das pi ores ví ti mas havi a s i do s eu
namorado, Ji m Bryce, que havi a adqui ri do o mal ach de Carol i ne e pas s ado
para Is obel s em s aber o que es tava fazendo. E l e mes mo havi a s i do pos s uí do
pel os mal ach de Shi ni chi e havi a demons trado ter todos os hedi ondos s i ntomas
da Sí ndrome de Les ch-Nyhan, comendo s eus própri os l ábi os e dedos , enquanto
a pobre Is obel us ou agul has enferruj adas — às vezes , al gumas tachi nhas —
em vári as partes de s eu corpo, s em fal ar que el a havi a cortado s ua l í ngua com
uma tes oura.
Is obel es tava fora do hos pi tal e es tava s e recuperando. Ai nda as s i m,
M eredi th es tava confus a. E l a obteve êxi to com o zoom nos caracteres dos j arros
por caus a das Sai tou mai s vel has : Obaas an ( avô de Is obel ) e a Sra. Sai tou ( mãe
de Is obel ) — mas el as di s cuti am, tentando entrar em um acordo, s obre cada
caractere em j aponês . E l a es tava pres tes a entrar no carro quando Is obel correu
de s ua cas a com um pacote de Pos t-It em s uas mãos .
— M amãe os fez... No cas o de vocês preci s arem. — E l a arfou em s ua
nova voz enrol ada e s uave.
M eredi th pegou o pacote del a agradeci da, murmurando al go es tranho
s obre fazer al go por el as em troca.
— Não, mas ... M as pos s o dar uma ol hadi nha nos s eus Pos t-It? — Is obel
ofegou. Por que el a es tava ofegando tanto? M eredi th s e perguntou.
M es mo s e el a ti ves s e corri do do úl ti mo andar até o carro de M eredi th
i s s o não teri a aconteci do. E então, M eredi th s e l embrou: Bonni e havi a di to
que Is obel ti nha o coração “acel erado”.
— Vej a bem — Is obel di s s e com o que pareci a s er vergonha e um pedi do
de compreens ão. — Obaas an es tá quas e cega... E faz um bom tempo des de que
M amãe es teve na es col a... M as eu es tou fazendo aul as de j aponês .
M eredi th es tava tocada. Obvi amente, Is obel s enti a-s e mal -educada por
contrari ar um adul to, quando el e es tava próxi mo. M as aqui , s entada no carro,
Is obel havi a pegado cada Pos t-It e es cri to atrás uma caractere s i mi l ar, mas
bem di ferente.
Demorou vi nte mi nutos . M eredi th s e s enti u admi rada.
— M as como você s e l embra de todos el es ? Como você não es creve outro,
por engano? — E l a dei xou es capar, depoi s de ver os s í mbol os compl i cados que
s ó s e di ferenci avam por caus a de al gumas l i nhas .
— Com aj uda de di ci onári os . — Is obel havi a di to, e, pel a pri mei ra vez,
deu uma ri s ada. — Não, es tou fal ando s éri o... Para es crever uma carta mui to
boa, você não us a um Di ci onári o de Si nôni mos , um Corretor Autográfi co ou...?
— E u us o i s s o tudo para qualquer coi sa! — M eredi th ri u.
Foi um momento bem l egal , ambas s orri ndo, rel axadas . Sem probl emas .
O coração de Is obel es tava bem.
E então, Is obel havi a corri dor para dentro, e quando el a s e foi , M eredi th
fi cou ol hando para um cí rcul o redondo e úmi do que es tava no banco do
pas s agei ro. Uma l ágri ma. M as por que Is obel es tava chorando?
Porque el a havi a s e l embrado do mal ach? Ou por caus a de Ji m?
Porque l evari a mui tas ci rurgi as pl ás ti cas antes que s uas orel has
vol tas s em a s er o que eram antes ?
Nenhuma das res pos tas que M eredi th pens ou fazi a s enti ndo. E el a teve
que correr para chegar em s ua própri a cas a — e es tava atras ada.
Foi s ó então que M eredi th foi ati ngi da por um fato. A famí l i a Sai tou
s abi a que M eredi th, M att e Bonni e eram ami gos . M as nenhuma del as
havi a perguntado s obre Bonni e ou M att.
Que es tranho.
Se el a ao menos s oubes s e o quão es tranho a vi s i ta à s ua famí l i a s eri a...
20
M eredi th s empre achava que s eus pai s eram engraçados , bobi nhos e
queri dos . E l es eram s ol enes s obre coi s as erradas , como: “Certi fi que-s e,
queri da, que você real mente conhece Al ari c... Antes que... Antes que...”
M eredi th não ti nha nenhuma dúvi da a res pei to de Al ari c, e el e era
outro daquel as pes s oas bobi nhas , queri das e val entes , que fal am s obre as
coi s as s em i rem di reto ao as s unto.
Hoj e, el a es tava s urpres a em ver que não havi a fi l ei ras de carros ao
redor da cas a ances tral . Tal vez as pes s oas ti veram que fi car em cas a para
l ugar com s eus própri os fi l hos . E l a ol hou para o Acura, cons ci ente dos
preci os os pres entes de Is obel , e tocou a campai nha. Seus pai s acredi tavam em
fechaduras .
Janet, a governanta, pareci a fel i z ao vê-l a, mas também aparentava es tar
nervos a. Aha, M eredi th pens ou, el es des cobri ram que s ua fi l ha tem
as s al tado o s ótão.
Tal vez el es quei ram a es taca de vol ta. Tal vez eu deves s e tê-l a dei xado l á
na pens ão.
M as el a s ó percebeu que as coi s as es tavam bem s éri as quando el a
entrou e vi u que a grande pol trona de des cans o La-Z-Boy, vers ão del uxe, o trono
de s eu pai , es tava vazi a.
Seu pai es tava s entado no s ofá, abraçando s ua mãe, que es tava
s ol uçando.
E l a havi a trazi do a es taca cons i go, e quando s ua mãe a vi u, el a rompeu-
s e em uma expl os ão de l ágri mas .
— Ol hem — M eredi th di s s e. —, i s s o não tem que s er trági co. E u tenho
uma boa i dei a do que es tá acontecendo. Se vocês qui s erem me contar como o vovô
e eu nos machucamos , s eri a maravi l hos o. M as eu... Al gum di a i a...
E l a parou. E l a mal pôde acredi tar. Seu pai es tava com um braço em ci ma
del a, como s e o vol ume de s uas roupas não i mportas s em. E l a foi em di reção a
el e bem devagar, des confortavel mente, e o dei xou abraçá-l a s em s e i mportar
com s eu terno Armani . Sua mãe ti nha em s ua frente um copo, no qual
s obraram al gumas gotas , do que pareci a s er Coca-Col a, mas M eredi th poderi a
apos tar que não havi a s ó Coca l á.
— E s perávamos que aqui fos s e um l ugar de paz. — Seu pai di s curs ou.
Cada s entença que s eu pai fal ava era um di s curs o. Você mei o que s e
acos tumava. — Nunca s onhamos …
E então, el e parou.
M eredi th es tava aturdi da. Seu pai nunca parava no mei o de um di s curs o.
E l e não paus ava. E , certamente, el e não chorava.
— Pai ! Pai zi nho! O que foi ? Foram as cri anças da vi zi nha, as mal ucas ?
E l as machucaram al guém?
— Temos que te contar a hi s tóri a toda, des de o começo. — Seu pai ...
Di s s e.
E l e fal ava com tanto des es pero que não pareci a nem um pouco um
di s curs o.
— Nós todos fomos ... Atacados .
— Por um vampi ro. Seu avô. Ou você s abe?
Longa paus a. E ntão, s ua mãe bebeu o res to que havi a em s eu copo e
di s s e:
— Janet, mai s um, por favor.
— Agora, Gabri el l a...? — Seu pai di s s e, repreendendo.
— Nando... E u não pos s o s uportar. Só de pens ar em mi hi j a i nocente…
M eredi th di s s e:
— Ol hem, eu acho que pos s o faci l i tar para vocês . E u j á s ei ... Bem,
pri mei ro, que eu ti nha um i rmão gêmeo. Seus pai s ol haram-na horrori zados .
E l es s e agarraram, arfando.
— Quem te contou? — Seu pai exi gi u. — Lá na pens ão, como você poderi a
s aber...? Hora de acal mar as coi s as .
— Não, não. Pai , eu des cobri ... Bem, vovô fal ou comi go. — Is s o era uma
mei a-verdade. E l e havi a fal ado. M as não s obre s eu i rmão. — De qual quer
forma, foi as s i m que eu cons egui a es taca. M as o vampi ro que nos feri u es tá
morto. E l e era um s eri al ki l l er, e foi el e que matou Vi cki e Sue. Seu nome era
Kl aus .
— Você pens ou que havi a s ó um vampi ro? — Sua mãe s e mos trou pres ente.
E l a pronunci ou as coi s as de modo hi s pâni co, no qual M eredi th s empre achou
mai s medonho.
Vahm-peer.
O uni vers o pareceu s e mover mai s devagar ao redor de M eredi th.
— Foi s ó um pal pi te. — Seu pai di s s e. — Não s abemos s e havi a
real mente mai s do que aquel e vampi ro fortão.
— M as vocês s abem s obre o Kl aus ... Como?
— Nós o vi mos . E l e era forte. E l e matou os guardas de s egurança no
portão com um s ó fôl ego. Nós mudamos para uma nova ci dade. E s perávamos
que você nunca s oubes s e que ti nha um i rmão. — Seu pai l i mpou s eus ol hos .
— Seu avô fal ou conos co, l ogo após o ataque. M as no di a s egui nte... Nada. E l e
nem ao menos podi a convers ar.
Sua mãe col ocou s eu ros to em s uas mãos . E l a s ó l evantou para di zer:
— Janet! M ai s um, por favor!
— A cami nho, madame.
M eredi th ol hou para os ol hos azui s da governanta à procura da s ol ução do
mi s téri o, mas não encontrou nada... Si mpati a, tal vez, mas nenhum s i nal de
aj uda.
Janet s ai u com o copo vazi o, com uma trança à frances i nha es correndo
pel as cos tas .
M eredi th vol tou a ol har s eus pai s , com ol hos e cabel os es curos , pel e da
cor de azei tona. E l es es tavam abraçados novamente, os ol hos grudados nel a.
— M ãe, pai , eu s ei que i s s o é bem di fí ci l . M as eu caço es s es ti pos de
pes s oa que machucaram o vovô, a vovó e o meu i rmão. É peri gos o, mas eu tenho
que fazer.
E l a fi cou em pos i ção de Taekwondo.
— Quero di zer, vocês me trei naram.
— M as contra a s ua própri a famí l i a? Você poderi a fazer i s s o? — Sua mãe
gri tou.
M eredi th s entou. E l a havi a al çado o fi m de o fi m das memóri as que el a
e Stefan havi am des coberto.
— E ntão, Kl aus não o matou as s i m como fez com a vovó. E l e l evou meu
i rmão cons i go.
— Cri s ti an. — Lamentou s ua mãe. E l e era s ó un bebé. Três anos ! Foi
quando encontramos vocês doi s ... E o s angue... Oh, o s angue…
Seu pai s e l evantou, não para di s curs ar, mas para col ocar as mãos nos
ombros de M eredi th.
— Pens amos que s eri a mai s fáci l não contar a você... Que você não teri a
qual quer l embrança daqui l o que aconteceu quando chegamos aqui . E você não
tem, não é?
Os ol hos de M eredi th es tavam chei os de l ágri mas . E l a ol hou para s ua
mãe, tentando s i l enci os amente di zer-l he que el a entendi a.
— E l e bebeu meu s angue? — E l a adi vi nhou. — Kl aus ?
— Não! — Gri tou s eu pai enquanto s ua mãe s us s urrava orações . — E l e
bebeu o de Cri s ti an, na hora. M eredi th es tava aj oel hada no chão agora,
tentando ol har para o ros to de s ua mãe.
— Não! — Gri tou s eu pai mai s uma vez. E l e es tava chocado.
— La sang re! — Arfou s ua mãe, cobri ndo os ol hos . — O s angue!
— Queri da... — Seu pai s ol uçou, e foi até el a.
— Pai ! — M eredi th foi atrás del e e s acudi u s eu braço. — Você foi al ém
das pos s i bi l i dades ! E u não entendo. Quem es tava bebendo s angue?
— Você! Você! — Sua mãe quas e gri tou. — Do seu própri o i rmão! Oh, el
aterrori zar!
— Gabri el l a! — Gemeu s eu pai .
A mãe de M eredi th s e abai xou e chorou. A cabeça de M eredi th es tava
gi rando.
— E u não s ou uma vampi ra! E u caço vampi ros e os mato.
— Ele di s s e... — Seu pai s us s urrou com voz rouca— “Certi fi quem-s e de
que el a tome uma col her de chá por s emana. Se querem que el a vi va, i s s o é o
bas tante. E xperi mentem um pudi m preto.” E l e es tava ri ndo.
M eredi th não preci s ou perguntar s e el es havi am obedeci do. E m s ua
cas a, el es ti nham s al s i cha s angrenta ou pudi m preto pel o menos uma vez por
s emana. E l a cres ceu comendo i s s o. Não era nada de es peci al .
— Por quê? — E l a quem s us s urrara com a voz rouca agora. — Por que el e
não me matou?
— E u não s ei ! Nós ai nda não s abemos ! Aquel e homem com a boca
es correndo s angue... Seu s angue, do s eu i rmão, não s abemos ! E então, no
úl ti mo mi nuto el e pegou vocês doi s , mas você mordeu bem forte s ua mão. —
Seu pai di s s e.
— E l e ri u... Ri u! Com s eus dentes à mos tra e as s uas mãozi nhas
tentando s e afas tar del e, e então di s s e: “Dei xarei es s a aqui , então, as s i m
vocês poderão s e preocupar com o que el a s e tornará. O garoto eu l evarei comi go.”
E então, de repente, pareci a que eu havi a s aí do de um fei ti ço e es tava
al cançando você novamente, pronto para l utar com el e para ter a ambos . M as
eu não pude. Uma vez que eu ti nha você, não pude me mover nem mai s um
centí metro. E el e s ai u da cas a ai nda ri ndo... E l evou s eu i rmão, Cri s ti an,
cons i go.
M eredi th pens ou: Não é de s e i magi nar que el es não queri am guardar
nenhuma des s as l embranças nos ani vers ári os nos anos s egui ntes . Sua avó
morrera, s eu avô enl ouqueceu, s eu i rmão s e perdeu e el a... O que? Não era de
s e admi rar que el es cel ebras s em s eu ani vers ári o uma s emana depoi s .
M eredi th tentou fi car cal ma. O mundo es tava s e des pedaçando em
pedaços ao s eu redor, mas el a ti nha que fi car cal ma. Fi cando cal ma havi a
dei xado el a vi va es s e tempo todo. Nem era preci s o contar que el a es tava
res pi rando profundamente, às vezes pel o nari z, às vezes pel a boca. Profundas ,
profundas e cl aras res pi rações . M andando paz para o s eu corpo. Só uma parte
s ua es tava ouvi ndo s ua mãe:
— Vi emos mai s cedo para cas a naquel a noi te por que eu ti ve uma
enxaqueca...
— Shh, queri da... — Seu pai havi a começado.
— Nós chegamos mai s cedo. — Sua mãe s e aj oel hou. Ô, Vi rg en
B endeci da, o que terí amos encontrado cas o ti vés s emos vol tado bem tarde?
Poderí amos ter perdi do você, também! M eu bebê! M eu bebê com s angue em
s ua boca…
— M as chegamos em cas a cedo o bas tante para s al vá-l a. — O pai de
M eredi th di s s e com voz rouca, como s e tentas s e acordar s ua mãe de um fei ti ço.
— Ah, g raci as, Pri ncesa Di vi na, Vi rg en pura y i mpoluto... — Sua mãe pareci a não
s er capaz de parar de chorar.
— Papai — M eredi th di s s e urgentemente, s enti ndo as dores de s ua
mãe, mas preci s ando de i nformações . — Vocês nunca mai s o vi ram
novamente? Ou ouvi ram fal ar del e? M eu i rmão, Cri s ti an?
— Si m. — Seu pai di s s e. — Ah, s i m, nós vi mos al gumas coi s as . Sua
mãe arfou.
— Nando, não!
— Uma hora, el a tem que s aber a verdade. — Seu pai di s s e.
E l e vas cul hou entre al gumas pas tas de arqui vos de papel ão que es tavam
s obre a mes a.
— Vej a! — E l e di s s e à M eredi th. — Vej a i s s o. M eredi th ol hou com
des crença abs ol uta.
Na Di mens ão das Trevas , Bonni e fechou s eus ol hos . Havi a mui to vento
do topo da j anel a daquel e prédi o al to. Is s o era tudo que s ua mente pens ou
quando el a s ai u pel a j anel a e entrou novamente; o ogro es tava ri ndo e a voz
terrí vel de Shi ni chi di s s e:
— Você não achou que fôs s emos dei xá-l a i r s em que eu termi nas s e o
m e u i nterrog atóri o, né? Bonni e ouvi u as pal avras s em que el as fi zes s em
s enti do, e então, de repente, el as fi zeram.
Seus s eques tradores i ri am machucá-l a. E l es i ri am torturá-l a. E l es
es tavam pres tes a l evar s ua bravura para l onge.
E l a pens ou que havi a gri tado al go para el e. Tudo o que el a s abi a, porém,
foi que houve uma s uave expl os ão de cal or atrás del a, e então —
i nacredi tavelmente —, l á es tava el e, ves ti ndo um manto com di s ti nti vos que
fazi am com que el e pareces s e um prí nci pe mi l i tar: Damon.
Damon.
E l e es tava tão atras ado que el a havi a des i s ti do del e há mui to tempo.
M as agora, el e es tava dando aquel e s orri s o de matar para Shi ni chi , quem
es tava ol hando como s e fos s e um retardado.
E agora, Damon es tava di zendo:
— Temo que a Srta. M cCul l ough tenha outro compromi s s o no momento.
M a s eu vol tarei para acabar com vocês … O mai s rápi do pos s í vel . Andarei pel o
quarto e matarei a todos vocês , bem devagar. Obri gado por nos dar o s eu tempo e
a s ua cons i deração.
E antes que al guém pudes s e s e recuperar do pri mei ro choque de s ua
chegada, el e e Bonni e es tavam s ai ndo pel a j anel a. E l e s ai u, não recuando
para a porta em que havi a chegado, mas s i m s empre em frente, uma mão na
frente de s eu corpo, cobri ndo-os compl etamente com o Poder negro e etéreo.
E l es pas s aram pel a j anel a de duas vi as no quarto de Bonni e e j á havi am
pas s ado por mai s da metade do outro quarto antes que a mente de Bonni e o
denomi nas s e como “vazi o”. E ntão, el es es tavam pas s ando por uma j anel a bem
el aborada — fazendo com que as pes s oas pens as s em que el es ti nham uma
vi s ão do que es tava acontecendo l á de fora —, e voaram aci ma de al guém que
es tava dei tado s obre uma cama. E ntão... Houve uma s éri e de des trui ções ,
tantas que Bonni e não cons egui u contar. E l a mal ti nha um vi s l umbre do que
es tava acontecendo em cada quarto. Fi nal mente...
As des trui ções pararam. Is s o fez com que Bonni e s e s eguras s e em
Damon ao es ti l o coal a — el a não era es túpi da — e el es foram para bem, bem
al to no céu. Na frente del es , e dos l ados , pel o o que Bonni e pôde ver, havi a
mul heres que também es tavam voando, mas com a aj uda de máqui nas que
pareci am a mi s tura de uma moto com um j et s ki . Só que s em a parte debai xo, é
cl aro. As máqui nas eram todas douradas , no qual eram da mes ma cor que o
cabel o de s uas motori s tas .
As s i m, a pri mei ra pal avra que Bonni e arfou para s eu s al vador, depoi s
del e ter fei to um i mens o túnel no prédi o da dona dos es cravos para s al vá-l a,
foi :
— Guardi ões?
— Indi s pens ávei s , cons i derando o fato de que eu não ti nha i dei a de
onde os vi l ões ti nham te l evado e s us pei tei que meu tempo es ti ves s e s e
es gotando. Na verdade, es s e foi o úl ti mo depós i to de es cravos que eu chequei .
Nós fi nal mente... Reencontramo-nos .
Para al guém que havi a ti do um reencontro, el e pareci a um pouco
es tranho. Quas e... Chocado.
Havi a água na bochecha de Bonni e, mas el a havi a s umi do rápi do
demai s para que el a pudes s e l i mpá-l a. Damon es tava s egurando-a, as s i m
el a não pôde ver s eu ros to, e el e a es tava s egurando bem, bem próxi mo ao s eu
corpo.
E s s e era o Damon. E l e havi a chamado a caval ari a e, apes ar do grande
empeci l ho que ocorri a nes te momento, el e havi a a encontrado.
— E l es te machucaram, não é, pas s ari nho? E u vi ... Vi o s eu ros to. —
Damon di s s e em s ua nova voz chocada.
Bonni e não s abi a o que di zer. M as , de repente, el a não s e i mportava o
quão forte el e a apertava. E l a mes ma encontrou-s e apertando de vol ta.
De repente, para o s eu choque, Damon s e des fez do abraço de coal a e a
puxou para ci ma, bei j ando s eus l ábi os bem genti l mente.
— Pas s ari nho! E s tou pres tes a vol tar l á, e fazer com que el es paguem
pel o o que fi zeram conti go. Bonni e ouvi u-s e di zer:
— Não, não vá.
— Não? — Damon repeti u, aturdi do.
— Não. — Bonni e di s s e.
E l a preci s ava del e j unto del a. E l a não s e i mportava com o que
aconteceri a com Shi ni chi . Havi a uma doçura correndo dentro del a, mas
também havi a adrenal i na em s ua cabeça. E ra real mente uma pena, mas em
al guns mi nutos el a es tari a i ncons ci ente.
E nquanto i s s o, el a teve três pens amentos na cabeça e todos el es es tavam
bem cl aros . E l a temi a que el es fi cas s em menos cl aros mai s tarde, depoi s
del a acordar de s eu des mai o.
— Você tem uma E s fera E s tel ar?
— Tenho vi nte e oi to E s feras E s tel ares . — Damon di s s e, e ol hou para
el a i ntri gado. Não foi i s s o que Bonni e qui s di zer; el a queri a uma para
guardar uma l embrança.
— Você pode s e l embrar de três coi s as ? — E l a di s s e a Damon.
— M e prenderei ni s to.
Des ta vez, Damon bei j ou-a del i cadamente em s ua tes ta.
— Pri mei ro, você arrui nou a mi nha morte di gna.
— Podemos vol tar e você pode tentar novamente. — A voz de Damon es tava
menos chocada agora; começando a vol tar para a s ua normal .
— Segundo, você me dei xou l á durante uma s emana...
Como s e el a pudes s e ver dentro de s ua mente, el a vi u es s e l ado del e que
pareci a bem frági l . E l e es tava s egurando-a tão genti l mente que el a mal podi a
res pi rar.
— E u... E u não fi z de propós i to. Foram s ó quatro di as , mas eu nunca
devi a ter fei to i s s o. — E l e di s s e.
— Tercei ro — A voz de Bonni e pas s ou a s er um s us s urro: — Não acho
que al guma E s fera E s tel ar tenha s i do roubada. O que nunca exi s ti u não pode
s er roubada, certo?
E l a ol hou para el e. Damon es tava ol hando s ua boca de uma forma que,
normal mente, a fari a tremer. E l e es tava obvi amente des es tres s ado. M as
Bonni e mal cons egui a s e prender cons ci ente.
— E ... Quarto... — E l a s ol tou devagar.
— Quarto? Você di s s e três coi s as . — Damon s orri u, s ó um pouqui nho.
— E u tenho que di zer i s s o... — E l a dei xou cai r s ua cabeça em di reção ao
ombro de Damon, focando toda s ua energi a, e s e concentrou.
Damon s ol tou o s eu abraço um pouqui nho. E l e di s s e:
— Só pos s o ouvi r um barul hi nho em mi nha cabeça. Di ga-me
normal mente. E s tamos l onge de todos .
Bonni e conti nuava i ns i s ti ndo. E l a es premeu todo o s eu corpi nho e então
expl odi u uma mens agem. E l a poderi a di zer que Damon a captou.
Quarto, eu sei o cami nho para os sete tesouros lendári os ki tsune, B onni e lhe envi ou. Isso
i nclui a mai or Esfera Estelar j á fei ta. Mas se a queremos, teremos que... Ir rápi do.
E ntão, s enti ndo que el a havi a contri buí do o bas tante para a convers a, el a
des mai ou.
21
Al guém ai nda es tava batendo na porta de Stefan.
— Deve s er um pi ca-pau. — E l ena di s s e quando el a pôde fal ar. — E l es
batem em portas , não é?
— Dentro de cas a? — Stefan di s s e atordoado.
— Ignore e el e vai embora.
Um momento mai s tarde, a bati do vol tou. E l ena gemeu:
— E u não acredi to ni s s o.
— Você quer que eu traga a cabeça da coi s a? Des vi ncul ando-a de s eu
pes coço, eu quero di zer?
E l ena cons i derou. E nquanto as bati das conti nuavam, el a es tava
começando a fi car mai s preocupada e menos confus a.
— É mel hor vermos s e é um pás s aro, eu acho. — E u di s s e.
Stefan afas tou-s e del a, de al guma forma col ocando o s eu j eans , e
cambal eou até a porta. Apes ar de tudo, E l ena teve pena de quem quer que
es ti ves s e do outro l ado.
As bati das começaram novamente.
Stefan chegou à porta e quas e a arrancou das dobradi ças .
— M as que di ab... — E l e parou, de repente moderando s ua voz. — Sra.
Flow ers?
— Si m. — A Sra. Fl owers di s s e, del i beradamente s em ver E l ena, quem
es tava us ando um l ençol e que es tava em s ua l i nha de vi s ão.
— Trata-s e da amada M eredi th. — A Sra. Fl owers di s s e. — E l a es tá em
choque, e preci s a vê-l o ag ora, Stefan.
A mente de E l ena l i gou os pontos como quem monta um quebra-cabeça.
M eredi th? E m choque? E xi gi ndo ver Stefan, mes mo quando, E l ena ti nha
certeza di s s o, a própri a Sra. Fl owers devi a ter i ndi cado o quão... Ocupado Stefan
es tava no momento?
Sua mente ai nda es tava s ol i damente l i gada à de Stefan. E l e di s s e:
— Obri gado, Sra. Fl owers . E s tarei l á embai xo em i ns tantes .
E l ena, quem es tava ves ti ndo s uas roupas o mai s rápi do que podi a,
enquanto agachava-s e pel o outro l ado da cama, adi ci onou uma s uges tão
tel epáti ca.
— Tal vez você pudes s e fazer para el a um bom copo de... Quero di zer,
xí cara de chá. — Stefan adi ci onou.
— Si m, queri do, boa i dei a. — A Sra. Fl owers di s s e genti l mente. — E s e
você ver E l ena, poderi a você di zer a el a que a amada M eredi th perguntou por
el a, também?
— Ambos j á vamos . — Stefan di s s e automati camente. E então el e vi rou-
s e e rapi damente fechou a porta.
E l ena deu-l he um tempo para que col ocas s e uma cami s a e s apatos , e
então ambos des ceram para cozi nha, onde M eredi th es tava bebendo uma boa
xí cara de chá, mas dando vol tas como um l eopardo enj aul ado. Stefan começou:
— O que...
— E u vou te di zer o que há de errado, Stefan Sal vatore! Não... Você me
di ga! Você es teve em mi nha mente antes , então você deve s aber. Você deve s er
capaz… De di zer… Al go s obre mi m.
E l ena ai nda es tava conectada com Stefan. E l a s enti u s eu des âni mo.
— Di zer o que s obre você? — E l e di s s e genti l mente, puxando uma
cadei ra da mes a da cozi nha para que M eredi th pudes s e s entar.
O s i mpl es ato de s entar-s e, de parar de res ponder, pareceu acal mar
M eredi th l i gei ramente. M as ai nda as s i m, E l ena pôde s enti r o s eu medo e
dor como s e uma es pada de aço es ti ves s e em s ua l í ngua.
M eredi th acei tou um abraço e tornou-s e ai nda mai s cal ma. Um pouco
mai s pareci da com s i mes ma do que como um ani mal enj aul ado. M as a
batal ha era tão vi s ceral e tão cl ara dentro del a que E l ena não pôde s uportar
dei xá-l a, mes mo quando a Sra. Fl owers depos i tou quatro canecas ao redor da
mes a e acei tou outra cadei ra que Stefan ofereceu.
E ntão, Stefan s entou. E l e s abi a que E l ena fi cari a em pé ou
comparti l hari a a cadei ra com M eredi th, mas qual quer que fos s e s ua es col ha,
s eri a el a quem deci di ri a.
A Sra. Fl owers es tava agi tando del i cadamente mel em s ua caneca de chá
e, em s egui da, pas s ou o mel j us tamente para Stefan, que deu para E l ena
para que el a col ocas s e a quanti dade que M eredi th gos tava em s ua xí cara e
então agi tou del i cadamente, também.
O s om comum e ci vi l i zado de duas col heres ti nti l ando qui etamente
pareci a acal mar M eredi th cada vez mai s . E l a pegou a caneca que E l ena deu a
el a e s orveu, e então bebeu s edentamente.
E l ena pôde s enti r o s us pi ro mental de al í vi o de Stefan enquanto
M eredi th acal mava-s e em ní vei s cada mai s bai xos . E l e educamente s orveu
de s eu própri o chá, que es tava quente, mas não quei mando, fei to de frutas
doces e ervas naturai s .
— E s tá bom. — M eredi th di s s e. E l a era quas e uma humana agora. —
Obri gada, Sra. Fl owers .
E l ena s e s enti u mai s l eve. E l a rel axou o s ufi ci ente para puxar s ua
própri a caneca de chá, des pej ar mui to mel dentro, mexer e dar um gol e.
E xcel ente! Chá cal mante!
Isso é camomi la e pepi no, Stefan l he di s s e.
— Camomi l a e pepi no. — E l ena di s s e, bal ançando a cabeça
s abi amente. — Para rel axar.
E então el a corou, porque a Sra. Fl owers s orri ra para el a e el a s abi a
exatamente o que havi a dentro daqui l o.
E l ena, às pres s as , bebeu mai s chá e vi u que M eredi th pegara mai s
também e s enti u que tudo começara a parecer quase certo. M eredi th era
compl etamente M eredi th agora, não al gum ti po de ani mal feroz. E l ena
apertou l evemente a mão de s ua ami ga.
Havi a s omente um probl ema. Os s eres humanos eram menos
as s us tadores que feras , mas ao menos el es podi am chorar. M eredi th, quem
nunca chorou, agora es tava tremendo e l ágri mas caí am em s eu chá.
— Você s abe o que é morci llo, certo? — Por fi m, el a perguntara à E l ena.
— Às vezes , tí nhamos ens opado di s to em s ua cas a, não? — E l a di s s e —
Servi do com tapas?
E l ena havi a cres ci do com chouri ço como refei ção ou l anchi nho da tarde
na cas a de s ua ami ga, e es tava acos tumada com os pequenos pedaços da
del i ci os a comi da que s ó a Sra. Sul ez s abi a fazer.
E l ena s enti u o coração de Stefan s e afundar. E l a ol hou para frente e para
trás , del e para M eredi th.
— Des cobri porque mi nha mãe nem s empre fazi a i s s o. — M eredi th
di s s e, ol hando para Stefan agora. — E meus pai s ti veram um bom moti vo para
mudarem a data do meu ani vers ári o.
— Conte-nos tudo. — Stefan s ugeri u del i cadamente.
E então, E l ena s enti u al go que nunca s enti ra antes . Uma onda... Como
uma onda mui to genti l , que fal ava di reto do centro de M eredi th, no cérebro de
M eredi th. Is s o di s s e: Conte tudo e mantenha a calma. Semrai va. Semmedo.
M as não era tel epati a. M eredi th s enti u o pens amento em s eu s angue e
os s o, mas não es cutou com os ouvi dos .
Is s o era Infl uênci a. Antes que E l ena pudes s e tacar s ua caneca em s eu
amado Stefan por us ar Infl uênci a em um de s eus ami gos , Stefan di s s e, s ó pra
el a:
Meredi th está feri da, com medo e com rai va. Ela tem seus moti vos, mas preci sa de paz.
Provavelmente, não conseg ui rei contê-la, mas tentarei .
M eredi th enxugou os ol hos .
— Des cobri que nada é como eu pens ei que fos s e... Na noi te em que
ti nha três anos .
E l a des creveu o que s eus pai s contaram a el a, s obre tudo que Kl aus
havi a fei to. Contar a hi s tóri a, mes mo qui etamente, es tava des fazendo todas as
Infl uênci as cal mantes que havi am aj udado M eredi th a manter-s e no
control e. E l a es tava começando a tremer novamente. Antes que E l ena pudes s e
s egurá-l a, el a es tava de pé e cami nhando em vol ta da s al a.
— E l e ri u e di s s e que eu preci s ari a de s angue toda s emana... Sangue
ani mal ... Ou eu morreri a. Não preci s ari a de mui to. Só uma col her ou duas . E
mi nha pobre mãe não queri a perder outro fi l ho. E l a fez o que l he fora di to.
M as o que acontece s e eu beber mai s s angue, Stefan? O que acontece s e eu
beber o seu?
Stefan es tava pens ando, des es peradamente tentando ver s e durante todos
es s es anos de experi ênci a el e havi a vi s to al go como i s s o. E nquanto i s s o, el e
res pondeu a parte fáci l :
— Se você bebes s e o s ufi ci ente do meu s angue, você s e trans formari a em
uma vampi ra. M as i s s o aconteceri a com qual quer um. Conti go... Bem, deve
preci s ar de menores quanti dades . E ntão, não dei xe que nenhum vampi ro te
engane querendo fazer uma troca de s angue. Uma vez s ó j á deve s er o
s ufi ci ente.
— E ntão, eu não s ou uma vampi ra? Nes te momento? Nenhum ti po de
vampi ro? Há di ferentes ti pos di s s o? Stefan res pondeu bem s eri amente:
— Nunca ouvi fal ar em “di ferentes ti pos ” de vampi ro em mi nha vi da,
exceto por Anti gos . Pos s o di zer que você não tem uma aura de vampi ro. E quanto
aos s eus dentes ? Você pode fazer com que s eus cani nos fi quem afi ados ?
Normal mente, é mel hor s e tes tar próxi mo a s angue humano. M as não do s eu
própri o s angue.
E l ena prontamente es tendeu s eu braço, a l ateral da vei a de s eu pul s o
vi rada para ci ma. M eredi th, com ol hos fechados em concentração, fez um
grande es forço, no qual E l ena s enti u através de Stefan. E ntão, M eredi th
abri u s eus ol hos , s ua boca também s e abri ra para uma i ns peção odontol ógi ca.
E l ena começou com s eus cani nos . E l es pareci am um pouco afi ados , mas os de
todo mundo pareci am, não é mes mo?
Cui dados amente, E l ena al cançou a ponta de s eu dedo l á dentro. E l a tocou
um dos cani nos de M eredi th. Um pouco ponti agudo.
As s us tada, E l ena s e afas tou. E l a ol hou para s eu dedo, onde uma
pequena gota de s angue começara a brotar.
Todos fi caram ol hando, hi pnoti zados . E ntão, a boca de E l ena di s s e s em
dar uma paus a para cons ul tar o s eu cérebro:
— Você tem dentes de gati nho.
A s egui r, M eredi th empurrara E l ena para o l ado e andou
freneti camente ao redor da cozi nha.
— E u não s erei i s s o! E u não s erei ! Sou uma Caçadora, não uma vampi ra!
Vou me matar s e eu for uma vampi ra! E l a es tava mui to s éri a.
E l ena s enti u Stefan s enti ndo i s s o: a perfuração rápi da da es taca entre
s uas cos tel as , em di reção ao s eu coração. E l a i ri a à i nternet s ó para encontrar
a área certa. M adei ra e ci nzas brancas perfurando s eu coração, aqui etando-o
para s empre... Acabando com o mal que era M eredi th Sul ez.
Mantenha a calma! Mantenha a calma! A Infl uênci a de Stefan pas s ou por el a.
M eredi th não es tava cal ma.
— M as antes , eu tenho que matar meu i rmão. — E l a j ogou uma
fotografi a na mes a de cozi nha da Sra. Fl owers . — Des cobri que Kl aus ou outro
al guém tem mandado uma des s as des de que Cri s ti an ti nha quatro anos ... No
di a do meu verdadei ro ani vers ári o. Durante todo esse tempo! E em todas as fotos
vocês podem ver que el e tem dentes de vampi ro. Não “dentes de gati nho”. E
então, el as pararam de chegar quando eu ti nha dez anos . M as el as
mos travam el e envel hecendo! Com dentes afi ados ! E ano pas s ado, chegou es s a
aqui .
E l ena s al tou em di reção à foto, mas el a es tava mai s próxi ma de Stefan,
que foi mai s rápi do. E l e a ol hou com es panto.
— E nvel hecendo? — E l e di s s e.
E l a pôde ver o quão trêmul o el e es tava... E com i nvej a. Ni nguém havi a
l he dado es s a opção. E l ena ol hou para M eredi th, a andante, e vol tou para
Stefan.
— M as i s s o é i mpos s í vel , não é? — E l a di s s e. — Pens ei que, uma vez
que você fos s e mordi do, acabou, não é i s s o? Você nunca mai s envel hece... Ou
cres ce.
— Foi i s s o o que eu pens ei . M as Kl aus era um Anti go e quem s abe o
que el es podem fazer? — Stefan res pondeu.
Damon vai fi car furi oso quando descobri r, E l ena di s s e a Stefan pri vati vamente,
al cançando a foto mes mo el a j á tendo vi s to-a pel os ol hos de Stefan.
Damon fi cava amargo pel a al tura vantaj os a de Stefan... Na verdade, el e
fi cava amargo com qualquer vantagem que al guém ti ves s e.
E l ena trouxe a foto para a Sra. Fl owers e ambas a ol haram. M os trava um
meni no extremamente boni to, com cabel o que era exatamente tão es curo
quanto o de M eredi th. E l e pareci a com M eredi th em s ua es trutura faci al e cor
azei tonada. E l e es tava us ando uma j aqueta de motoci cl i s ta e l uvas , mas s em
capacete, e es tava ri ndo al egremente com um conj unto compl eto de dentes
mui to brancos . Você podi a ver faci l mente que s eus cani nos eram l ongos e
pontudos .
E l ena ol hou da foto para M eredi th, repeti damente. A úni ca di ferença
que el a pôde ver era que os ol hos des s e meni no pareci am mai s cl aros . Tudo o
mai s gri tava “gêmeos ”.
— Pri mei ro, eu o mato. — M eredi th di s s e cans adamente. — E ntão, eu
me mato. E l a tropeçou de vol ta à mes a e s entou-s e, quas e derrubando s ua
cadei ra.
E l ena pai rou perto del a, pegando duas canecas da mes a, para evi tar que
o braço des aj ei tado de M eredi th j ogas s e-os no chão. M eredi th... Des aj ei tada!
E l ena j amai s vi ra M eredi th s em j ei to ou des aj ei tada antes .
Is s o era as s us tador. Is s o aconteci a devi do por el a s er — ao menos , por
parte — vampi ra? Com dentes de gati nho? E l ena vi rou s eus ol hos apreens i vos
para Stefan, e s enti u os de Stefan des ori entados .
E então, ambos , s em cons ul tarem-s e, vi raram-s e para a Sra. Fl owers .
E l a l hes deu um di s creto s orri s o de s enhora.
— Tenho que... E ncontrá-l o, matá-l o... Pri mei ramente. — M eredi th
es tava s us s urrando enquanto s ua cabeça morena es tava dei tada s obre a mes a,
fazendo de s eus braços um traves s ei ro.
— E ncontrá-l o... Onde? Vovô… Onde? Cri s ti an… M eu i rmão…
E l ena es cutou s i l enci os amente até que s ó houve uma breve res pi ração
para s e s er ouvi da.
— Você a drogou? — E l a s us s urrou para a Sra. Fl owers .
— Foi i s s o que Mama pens ou s er o mel hor. E l a é uma garota forte e
s audável . Is s o não prej udi cará o s eu s ono des ta noi te. Des cul pe por di zer i s s o,
mas temos outro probl ema em mãos .
E l ena deu uma ol hadel a para Stefan, vi u medo s urgi ndo em s eu ros to, e
exi gi u:
— O que foi ?
Abs ol utamente, nada vi nha por s ua l i gação com Stefan. E l e a havi a
des l i gado. E l ena vi rou-s e para a Sra. Fl owers .
— O que foi ?
— E s tou mui to preocupada com o queri do M att.
— M att. — Concordou Stefan, ol hando ao redor da mes a como s e i s s o
mos tras s e que M att não es tava l á. E l e es tava tentando proteger E l ena dos
cal afri os que percorri am s eu corpo.
Pel a pri mei ra vez, E l ena não es tava al armada.
— E u s ei onde el e deve es tar. — E l a di s s e i ntens amente. E l a es tava s e
l embrando de hi s tóri as que M att havi a contado s obre es tar em Fel l ’s Church
enquanto el a e os outros es tavam na Di mens ão das Trevas . — Na cas a da Dr.ª
Al pert. Ou deve ter s aí do com el a, fazendo vi s i tas hos pi tal ares domés ti cas .
A Sra. Fl owers s acudi u a cabeça, s ua expres s ão era s ombri a.
— Temo que não, E l ena queri da. Sophi a... A Dr.ª Al pert... M e l i gou e
di s s e que el a es tava l evando a mãe de M att, s ua própri a famí l i a e mui tas
outras pes s oas com el a, fugi ndo de Fel l ’s Church. E não a cul po por i s s o...
M as M att não era um des tes que es tavam i ndo. E l a di s s e que el e preferi u
fi car e l utar. Is s o foi por vol ta do mei o-di a e mei a.
Os ol hos de E l ena automati camente foram para o rel ógi o da cozi nha.
M edo tomou conta del a, revi rando s eu es tômago e repercuti ndo para fora de
s eus dedos . O rel ógi o marcava 16h35...
16h35! M as ti nha que es tar errado. E l a e Stefan havi am j untado s uas
mentes s ó há al guns mi nutos atrás . A rai va de M eredi th não durou por mui to
tempo. Is s o era i mpos s í vel !
— O rel ógi o... Não es tá certo!
E l a apel ou para a Sra. Fl owers , mas ouvi u ao mes mo tempo a voz
tel epáti ca de Stefan:
É o cruzamento de pensamentos. Eu não qui s apressar as coi sas. Mas estava perdi do demai s
ni sso... Não é sua culpa, Elena!
— É mi nha cul pa. — E l ena retrucou em voz al ta. — E u nunca qui s
es quecer de meus ami gos durante uma tarde i ntei ra! E M att... M att nunca nos
as s us tari a, dei xando a gente es perando por s ua l i gação! E u devi a ter l i gado
pra el e! E não devi a...
E l a ol hou para Stefan com ol hos tri s tonhos . A úni ca coi s a quei mando
dentro del a nes te momento era a vergonha de ter fal hado com M att.
— E u l i guei para o s eu cel ul ar. — A Sra. Fl owers di s s e bem
genti l mente. — M ama me acons el hou a fazer i s s o, então, tentei des de o
mei o-di a e mei a. M as el e não atendeu. Tenho l i gado a cada hora, des de
então. M ama não di rá mai s do que i s s o: es tá na hora de ol harmos para as
coi s as di retamente.
E l ena correu para a Sra. Fl owers e chorou s obre a renda maci a no pes coço
da vel ha s enhora.
— Você fez a nos s a obri gação. — E l a di s s e. — Obri gada. M as agora,
temos que i r encontrá-l o. E l a vi rou-s e para Stefan.
— Você pode col ocar M eredi th no quarto do pri mei ro andar? Ti re s eus
s apatos e col oque-a por ci ma das cobertas . Sra. Fl owers , s e você for fi car s ozi nha
aqui , dei xaremos Sabber e Tal on para tomar conta de você. E ntão, manteremos
contato por cel ul ar. E procuraremos em cada cas a em Fel l ’s Church... M as
acho que deví amos i r ao bos que pri mei ro…
— E s pere, E l ena, mi nha queri da. — A Sra. Fl owers ti nha s eus ol hos
fechados .
E l ena es perou, i mpaci entemente mudando de um pé para o outro. Stefan
es tava vol tando agora de col ocar M eredi th na cas a.
De repente, a Sra. Fl owers s orri u, com os ol hos ai nda fechados .
— M ama di s s e que fará todo o pos s í vel para aj udar vocês doi s , j á que
vocês es tão dedi cados a s al varem s eu ami go. E l a di s s e que M att não es tá em
l ugar nenhum em Fel l ’s Church. E el a di s s e para l evar o cachorro, Sabber. O
fal cão vai cui dar de M eredi th enquanto es ti vermos l onge.
Os ol hos da Sra. Fl owers s e abri ram.
— E mbora pos s amos col ocar Pos t-It em s ua j anel a e porta. — E l a di s s e.
— Só para garanti r.
— Não. — E l ena di s s e s ecamente. — Si nto mui to, mas não vou dei xar
M eredi th e você por conta própri a com s omente um pás s aro como proteção.
Vamos l evar as duas , coberta com amul etos , s e qui s er, e então podemos l evar
a ambos os ani mai s , também. Lá na Di mens ão das Trevas , el es trabal haram
bem j untos quando Bl oddeuwedd tentou nos matar.
— Tudo bem. — Stefan di s s e uma vez, conhecendo E l ena bem o bas tante
para s abem que uma di s cus s ão l onga es tava pres tes a acontecer e que não
fari a com E l ena s e rendes s e nem um mi l í metro.
A Sra. Fl owers deve ter s abi do di s s o também, poi s el a s e l evantou, quas e
que i medi atamente, e s ai u para s e arrumar. Stefan l evou M eredi th para o
s eu carro. E l ena deu um pequeno as s obi o para Sabber, que fi cou em pé
i medi atamente, parecendo mai or do que nunca, e el a correu com el e es cada
aci ma para o quarto de M att. E s tava decepci onantemente l i mpo... M as E l ena
pes cou um par de cuecas entre a cama e a parede. E l a deu i s s o para Sabber s e
del ei tar, mas des cobri u que não cons egui a fi car parada. Fi nal mente, el a
correu até o quarto de Stefan, pegou s eu di ári o de debai xo do col chão e começou
a es crever.
Queri do di ári o,
Eu não sei o que fazer. Matt desapareceu. Damon levou B onni e
para a Di mensão das Trevas... Mas será que ele está tomando conta
dela?
Não há como saber. Não temos como abri r um Portal e i r atrás
deles. Temo que Stefan mate Damon, e se alg o — qualquer coi sa —
acontecer a B onni e, eu vou querer matá-lo também. Ai , Deus, que
confusão!
E Meredi th... De todas as pessoas, descobri u-se que Meredi th
ti nha mai s seg redos do que todos nós j untos.
Tudo que Stefan e eu podemos fazer é nos abraçar e rezar.
Temos lutado com Shi ni chi por tanto tempo! Si nto como se o fi m
esti vesse prestes cheg ar... E estou commedo.
***
Bonni e acordou e percebeu que el a havi a es tado i ncons ci ente por apenas
al guns mi nutos . E l a começou a tremer, e uma vez que começou, não
cons egui u parar. E l a s enti u uma onda de cal or envol vendo-a, e el a s abi a que
Damon es tava tentando aquecê-l a, mas a tremedei ra não i a embora.
— O que há de errado? — Damon perguntou, e s ua voz es tava di ferente
da de cos tume.
— E u não s ei . — Bonni e di s s e. E l a não s abi a. — Tal vez por que el es
fi cavam ameaçando me j ogar pel a j anel a. E u não i a gri tar a res pei to di s s o. —
E l a adi ci onou apres s adamente, no cas o de el e as s umi r que el a gri tari a. —
M as então el es fal aram s obre me torturar...
E l a s enti u um pequeno es pas mo i ndo através de Damon. E l e es tava
abraçando-a mui to forte.
— Te torturar! E l es te ameaçaram com i s s o?
— Si m, porque, você s abe, a E s fera E s tel ar de M i s ao s e foi . E l es
s abi am que s eu l í qui do fora j orrado; eu não contei i s s o a el es . M as eu ti ve de
contar que era mi nha cul pa a úl ti ma metade ter s i do j orrada, e então el es
fi caram bravos comi go. Oh! Damon, você es tá me machucando!
— E ntão foi sua cul pa el a ter s i do j orrada, né?
— Bem, eu deduzi que fos s e. Você não teri a fei to i s s o s e eu não
es ti ves s e bêbada, e... O qu-que há de errado, Damon? Você es tá bravo também?
E l e es tava abraçando-a tanto que el a não podi a res pi rar. Devagar, el a
s enti u s eus braços s ol tarem-na um pouco.
— Um avi s o, pas s ari nho: quando as pes s oas es tão ameaçando te torturar
e te matar, é mai s ... Intel i gente... Di zer a el es que a cul pa é de outra pes s oa.
E s peci al mente s e acontecer de i s s o s er a verdade.
— E u s ei di s s o! — Bonni e di s s e i ndi gnadamente. — M as el es i am me
matar de qual quer forma. Se eu contas s e s obre você, el es teri am te machucado,
também.
Damon a puxou de vol ta para perto del e, as s i m el a teve que ol har para
s eu ros to.
Bonni e também pôde s enti r o del i cado toque de uma s onda tel epáti ca
mental . E l a não res i s ti u; el a es tava ocupada demai s s e perguntando por que
el e ti nha s ombras cores de amei xa s ob s eus ol hos . E ntão el e s acudi u a cabeça
del a um pouqui nho, e el a parou de pens ar.
— Você nem ao menos entende o bás i co de auto-pres ervação? — E l e
di s s e, e el a pens ou el e pareci a bravo agora. Certamente, el e es tava di ferente
das outras vezes que el a o havi a vi s to...
E xceto uma vez, el a pens ou, e i s s o foi quando E l ena fora “Di s ci pl i nada”
por ter s al vado a vi da de Lady Ul ma, na época em que Ul ma havi a s i do uma
es crava.
E l e ti nha a mes ma expres s ão agora, tão ameaçadora que até mes mo
M eredi th havi a ti do medo del e, e ai nda tão chei o de cul pa que Bonni e ti nha o
des ej o de confortá-l o.
M as ti nha que ter outro moti vo, a mente de Bonni e di s s e à el a. Porque
você não é a E l ena, el e nunca te tratará da forma que trata a E l ena.
Uma vi s ão da s al a marrom s urgi u di ante del a, e el a ti nha certeza que
el e nunca teri a col ocado E l ena l á. E l ena não teri a dei xado, para começo de
convers a.
— E u tenho que vol tar? — E l a perguntou, percebendo el a es tava s endo
i ns i gni fi cante e boba e o quarto marrom pareci a o paraí s o comparado com o
outro l ugar que es teve há pouco tempo atrás .
— Vol tar? — Damon di s s e, um pouco rápi do demai s . E l a teve o
pres s enti mento de el e havi a vi s to o quarto marrom também, agora, através de
s eus ol hos . — Por quê? A mul her me deu tudo daquel e quarto. E ntão, es tou
com s uas verdadei ras roupas e um monte de E s feras E s tel ares aqui , no cas o
de você não ter vi s to al guma. M as por que você pens ari a que teri a de vol tar?
— Bem, eu s ei que você es tava procurando por uma vampi ra de
qual i dade, e eu não s ou uma. — Bonni e di s s e s i mpl es mente.
— Is s o foi s ó para que eu pudes s e vol tar a s er um vampi ro. — Damon
di s s e. — E o que você pens a que es tá te s egurando no ar nes te i ns tante?
M as des ta vez Bonni e s abi a, de al guma forma, que a s ens ação das
E s feras E s tel ares “Nunca M ai s Lembrar” ai nda es tavam em s ua mente e
que Damon pareci a vê-l as também. E l e era um vampi ro novamente. E o
conteúdo daquel as E s feras E s tel ares era tão abomi nável que o i nteri or de
pedra de Damon fi nal mente s e quebrou.
Bonni e quas e pôde ver o que el e pens ava del es , e del a, tremendo
embai xo de um cobertor toda noi te. E então, para o s eu es panto, o s empre
compos to e noví s s i mo vampi ro des abafou:
— M e perdoe. E u não pens ei em como aquel e l ugar s eri a para você. Há
al go que fará você s e s enti r mel hor?
Bonni e pi s cou. E l a pens ou, s eri amente, s e el a es tava s onhando. Damon
não s e des cul pava. Damon era famoso por não s e des cul par, ou s e expl i car, ou
fal ar genti l mente com as pes s oas , ao menos que el e qui s es s e al go del as .
M as uma coi s a pareci a real . E l a não teri a mai s que dormi r no quarto
marrom.
Is s o era tão ani mador que el a corou um pouqui nho, e s e atreveu a di zer:
— Poderí amos i r ao chão? Devagar? Porque a verdade é que tenho medo de
al tura. Damon pi s cou, mas di s s e:
— Si m, acho que pos s o fazer i s s o. Há al go mai s que você gos tari a?
— Bem...Há al gumas garotas que s eri am doadoras ... Al egrementes ... Se...
Bem… Se s obrou al gum di nhei ro… Se você pudes s e s al vá-l as …
Damon di s s e um pouco brus camente:
— É cl aro que s obrou al gum di nhei ro. E u até exi gi de vol ta o di nhei ro de
s ua hos pedagem para aquel a bruxa.
— Bem, então, tem es s e s egredo que eu contei a você, mas eu não s ei s e
você s e l embra.
— Quando você acha que s e s enti rá bem para começarmos ? — Perguntou
Damon.
24
Stefan acordou bem cedo. E l e pas s ou s eu tempo des de o amanhecer até o
café da manhã ol hando E l ena, que até mes mo dormi ndo ti nha um bri l ho
i nterno pareci do com uma chama dourada através de uma vel a l i gei ramente
ros ada.
No café da manhã, todos es tavam mai s ou menos pres os em
pens amentos do di a anteri or. M eredi th mos trou a M att a foto de s eu i rmão,
Cri s ti an, o vampi ro. M att di s s e brevemente à M eredi th s obre o funci onamento
i nterno do s i s tema j udi ci al de Ri dgemont e pi ntou um retrato de Carol i ne como
l obi s omem. E s tava cl aro que ambos s e s enti am mai s s eguros na pens ão do
que em qual quer outro l ugar.
E E l ena, que havi a acordado com a mente de Stefan ao s eu redor,
abraçando-a, e com s ua própri a mente chei a de l uz, es tava bol ada demai s para
cri ar um Pl ano A ou qual quer outra coi s a. Os outros l he di s s eram genti l mente
que s ó havi a uma coi s a que fazi a s enti do.
— Stefan — M att di s s e, bebendo uma caneca de café preto como breu da
Sra. Fl owers . — E l e é o úni co capaz de us ar s ua mente ao i nvés de Pos t-It nas
cri anças .
E ...
— Stefan — Di s s e M eredi th — E l e é o úni co que Shi ni chi deve temer.
— E u não s ou uma compl eta i núti l . — E l ena di s s e tri s temente.
E l a não ti nha apeti te. E l a havi a s e ves ti do com um s enti mento de amor e
compai xão para com toda a humani dade e um des ej o de aj udar e proteger s ua
ci dade natal , mas como todos apontaram, el a teri a que pas s ar o di a i ntei ro na
di s pens a, provavel mente. Repórteres poderi am l i gar.
Eles estão certos, Stefan envi ou à E l ena. Eu sou a pessoa que deve descobri r o que está
acontecendo emFell’s Church.
E l e s ai u enquanto todos os outros termi navam o café da manhã. Somente
E l ena s oube o porquê; s omente el a pôde s enti -l o nos l i mi tes de s eu al cance
tel epáti co.
Stefan es tava caçando. E l e di ri gi u para New Wood, s ai u do carro e
fi nal mente s urpreendeu um coel ho que s aí a de um arbus to. E l e o
Infl uenci ou para que des cans as s e e não ti ves s e medo.
Di s farçadamente, nes ta fl ores ta fi na e quas e s em árvores , tomou um
pouco do s angue del e... E eng asg ou.
Ti nha o gos to de al gum ti po de l í qui do horrí vel aromati zado com roedores .
Um coel ho era um roedor? E l e havi a ti do mui ta s orte ao encontrar um rato, um
di a l á na cel a da pri s ão, e ti nha um gos to vagamente pareci do com es te.
M as agora, durante di as , el e es teve bebendo s angue humano. Não s ó
i s s o, mas s angue ri co e potente, aventurei ro e, em al guns cas os , de
i ndi ví duos tal entos os paranormal mente — crème de l a crème. Como el e pôde
ter s e acos tumado a i s s o tão rapi damente?
Is s o era uma vergonha para el e, s ó de pens ar que el e s e acos tumara. O
s angue de E l ena, é cl aro, era o s ufi ci ente para l evar qual quer vampi ro à
l oucura. E M eredi th, cuj o s angue ti nha o gos to pri mordi al de al gum oceano
profundo e vermel ho, e Bonni e, que ti nha o gos to de s obremes a. E
fi nal mente, M att, o tí pi co garoto ameri cano com s angue avermel hado.
E l es o al i mentaram durante horas , na época em que el e preci s ava
s obrevi ver.
E l es o al i mentaram até que el e começas s e a s e curar, e vendo que el e
es tava s e curando, el es o al i mentaram ai nda mai s . E i s s o conti nuou e
conti nuou, termi nando com E l ena na noi te anteri or... E l ena, cuj o cabel o caí a
em uma cas cata prateada e cuj os ol hos pareci am quas e radi ar.
Na Di mens ão das Trevas , Damon não havi a exerci do qual quer res tri ção.
E l ena também não havi a exerci do.
E s ta cas cata prateada... O es tômago de Stefan s e apertou quando el e
pens ou s obre i s s o, s obre a úl ti ma vez que el e ti nha vi s to o s eu cabel o des te
j ei to. E l a havi a s i do morta l ogo em s egui da. Por pouco tempo, mas morta do
mes mo j ei to.
Stefan dei xou o coel ho fugi r. E l e es tava fazendo outro j uramento. E l e não
devi a trans formar E l ena em uma vampi ra novamente. Is s o s i gni fi cava nada
de troca de s angue entre el es por no mí ni mo uma s emana... Tanto dando
quanto recebendo pode l evá-l a ao l i mi te.
E l e devi a s e aj us tar mai s uma vez ao gos to do s angue ani mal .
Stefan fechou os ol hos brevemente, l embrando-s e do horror da pri mei ra
vez. As câi mbras . As tremedei ras . A agoni a que s eu corpo i ntei ro pareci a di zer
que el e não es tava s endo al i mentado. O s enti mento de que s uas vei as
poderi am expl odi r em chamas a qual quer momento, e então a dor em s uas
pres as .
E l e s e l evantou. E l e ti nha s orte por es tar vi vo. M ai s s orte do que el e
poderi a ter s onhado ao ter E l ena ao s eu l ado. E l e trabal hari a no reaj us tamento
s em i ncomodá-l a ao di zer o que es tava acontecendo, el e deci di u.
Duas horas mai s tarde, Stefan es tava de vol ta à pens ão, mancando
l i gei ramente. M att, que o encontrara na pes ada porta da frente, percebeu l ogo
i s s o.
— Você es tá bem? É mel hor entrar e col ocar um gel o ni s s o.
— É s ó uma câi mbra. — Stefan di s s e brevemente. — Não es tou
acos tumado a fazer exercí ci os . Não havi a nenhum l á na... Você s abe.
E l e ol hou para l onge, corando. O mes mo fez M att, que es tava quente e
fri o, furi os o com as pes s oas que col ocaram Stefan nes ta condi ção. Vampi ros
eram bem res i s tentes , mas el e ti nha o pres s enti mento... Não, el e sabi a... Que
Stefan havi a quas e morri do em s ua cel a. Um di a em um l ocal fechado à chave
convenceu M att que ele nunca mai s queri a s er pres o novamente.
E l e s egui u Stefan até a cozi nha, onde E l ena, M eredi th e a Sra. Fl owers
es tavam bebendo — o que mai s poderi a s er? — canecas de chá.
E M att s enti u uma pontada quando E l ena i medi atamente percebeu que
el e es tava mancando e s e l evantara até Stefan, e Stefan a abraçou l evemente,
pas s ando s eus dedos tranqui l i zadores pel os cabel os del a.
M att não pôde evi tar de pens ar: aquel e gl ori os o cabel o dourado havi a s e
tornado mai s bri l hante?
M ai s pareci do com o dourado prateado que havi a s i do quando E l ena
havi a fugi do com Stefan, e então começou a s e trans formar em uma vampi ra?
Certamente, Stefan pareci a es tar i ns peci onando bem de perto, enchendo
a mão enquanto el e pas s ava s eus dedos .
— Teve s orte? — E l ena perguntou a el e, com a voz tens a.
Cans ado, Stefan bal ançou a cabeça.
— Subi e des ci as ruas e onde quer que eu encontras s e... Uma j ovem
que es ti ves s e s e contorcendo, rodando em cí rcul os , ou fazendo qual quer outra
coi s a que os documentos menci onavam, eu tentava Infl uenci á-l as . Bem, tal vez
eu não deves s e ter me preocupado com as garotas que andavam em cí rcul os .
E u não cons egui a al cançar s eus ol hos . M as no fi m, o pl acar conti nua a zero
pra gente.
E l ena vi rou-s e para M eredi th, em agi tação.
— O que fazemos ?
A Sra. Fl owers ati vamente começou a vas cul har através de fei xes de ervas
que pendi am aci ma de s eu fogão.
— Vocês preci s am de uma bel a xí cara de chá.
— E des cans ar. — M eredi th di s s e, batendo l evemente na mão del e. —
Pos s o fazer al go por você?
— Bem... E u tenho uma i dei a... M as preci s o da E s fera E s tel ar de
M i s ao para ver s e vai funci onar. Não s e preocupem. — E l e adi ci onou. — Não
us arei o Poder dentro del a; s ó preci s o ol har para a s uperfí ci e.
— E u trago. — E l ena ofereceu, l evantando-s e prontamente de s eu col o.
M att i a começar a di zer al go, mas ol hou para a Sra. Fl owers enquanto
E l ena foi até a porta da di s pens a e a abri u. Nada s e moveu e a Sra. Fl owers
s i mpl es mente as s i s ti u com benevol ênci a. Foi Stefan que s e l evantou para
aj udá-l a, ai nda mancando. E ntão, M att e M eredi th ergueram-s e, com
M eredi th perguntando:
— Sra. Fl owers , você tem certeza que devemos manter a E s fera E s tel ar
naquel e mes mo cofre?
— M ama di s s e que es tamos fazendo a coi s a certa. — A Sra. Fl owers
res pondeu s erenamente. Depoi s di s s o, as coi s as aconteceram mui to
rapi damente.
Como s e ti ves s e ens ai ado, M eredi th pres s i onou o l ugar exato para abri r
a porta da di s pens a. E l ena cai u de quatro. M ai s rápi do do que el e mes mo
ti nha i magi nado que poderi a i r, M att deu uma barri cada em Stefan com um
ombro para bai xo. A Sra. Fl owers es tava pegando freneti camente as fai xas de
ervas s ecas que pendi am s obre a mes a da cozi nha.
E , em s egui da, M att es tava batendo em Stefan com todo o poder de s eu
corpo e Stefan foi tropeçando até E l ena, s ua cabeça cai ndo e cai ndo s em
encontrar res i s tênci a no cami nho. M eredi th es tava chegando até el e de l ado
para aj udá-l o a fazer uma pi rueta compl eta no ar. As s i m que a pi rueta o l evou
até a porta da di s pens a e el e foi engati nhando em di reção às es cadas , E l ena
s e l evantou e fechou a porta e M eredi th s e encos tou a el a enquanto M att
gri tava:
— Como é que se prende umki tsune?
— Is s o deve aj udar. — Arfou a Sra. Fl owers , recheando um s aco chei o de
ervas odorí feras para col ocar embai xo da porta.
— E … Ferro! — Gri tou E l ena, e el a, M eredi th e M att correram até a
Toca do Damon onde havi a um enorme protetor de l arei ra de ferro.
De al gum j ei to, el es vol taram rapi damente à cozi nha e col ocaram-no em
frente à porta da di s pens a. Só então houve a pri mei ra trombada, mas o ferro era
pes ado e a s egunda trombada contra a porta fora mai s fraca.
— O que vocês es tão fazendo? Todos enl ouqueceram? — Stefan gri tou em
tom quei xos o, mas enquanto todo o grupo começava a col ocar Pos t-It na porta, el e
xi ngou e trans formou-s e compl etamente em Shi ni chi . — Vocês vão se arrepender,
seus maldi tos! Mi sao não está bem. Ela chora mui to. Vocês pag arão comseu sang ue, mas não antes de
eu lhes apresentar uns ami g ui nhos especi ai s meus. Do ti po que sabemcomo causar dor verdadei ra!
E l ena ergueu a cabeça, como s e ouvi s s e al guma coi s a. M att a vi u
franzi r o cenho. E ntão, di s s e a Shi ni chi :
— Nem tente s ondar Damon. E l e s e foi . E s e você tentar ras treá-l o, eu
vou fri tar s eu cérebro.
Um s i l ênci o s ombri o a cumpri mentou da di s pens a.
— M i nha deus a graci os a, o que vi rá a s egui r? — M urmurou a Sra.
Fl owers .
E l ena s i mpl es mente as s enti u com a cabeça para que os outros a
s egui s s em, e el es foram para o topo da cas a — o quarto do Stefan — e fal aram
entre s us s urros .
— Como você sabi a?
— Você us ou tel epati a?
— E u não s abi a no começo — M att admi ti u —, mas E l ena es tava
agi ndo como s e a E s fera E s tel ar es ti ves s e na di s pens a. Stefan s abi a que não
es tava l á. E u acho — E l e adi ci onou com um pouco de cul pa. — que eu o
convi dei para entrar.
— E u s oube as s i m que el e começou a apal par meu cabel o. — E l ena
di s s e com um es tremeci mento. — Stefan e D... Quer di zer, Stefan s abe que eu
s ó gos to que o toquem l evemente e nas pontas . Não atacando daquel e j ei to.
Lembram-s e das cançõezi nhas de Shi ni chi s obre cabel o dourado? E l e é um
doi do. De qual quer forma, eu pude di zer ao s enti r s ua mente.
M att s enti u-s e envergonhado. Todos os s eus pens amentos de que E l ena
tal vez pudes s e ter s e trans formado em uma vampi ra...
E aí es tava à res pos ta, el e pens ou.
— E u ol hei o s eu anel de l ápi s -l azúl i . — M eredi th di s s e. — E u o vi
com el e na s ua mão di rei ta quando el e s ai u mai s cedo. Quando el e vol tou, el e
es tava com aqui l o na mão es querda.
Houve uma breve paus a enquanto todos ol havam para el a. E l a deu de
ombros .
— Faz parte do meu trei namento, notar coi s as pequenas .
— Bem pens ado. — M att di s s e, por fi m. — Bem pens ado. E l e não s eri a
capaz de mudar à l uz do Sol .
— Como você s oube, Sra. Fl owers ? — E l ena perguntou. — Ou foi s ó por
caus a do modo que es távamos agi ndo?
— M eu Deus , não, vocês todos s ão bons atores . M as as s i m que el e
pi s ou no l i mi ar da porta, M ama gri tou para mi m: “O que vocês es tão fazendo
ao dei xar um ki ts une entrar em s ua cas a?” As s i m, eu s oube o que es tava
acontecendo.
— Nós o derrotamos ! — E l ena di s s e, s orri ndo. — Nós real mente
pegamos Shi ni chi de guarda bai xa! E u mal pos s o acredi tar.
— Acredi te. — M eredi th di s s e com s orri s o torto. — E l e es teve de guarda
bai xa por um i nstante. E l e es tará pens ando em vi ngança nes te momento.
Al guma coi s a a mai s es tava i ncomodando M att. E l e vi rou-s e para E l ena.
— E u pens ei que você ti nha di to que você e Shi ni chi ti nham chaves que
poderi am l evá-l os a qual quer l ugar, a qual quer hora. E ntão, por que el e
s i mpl es mente não di s s e: “M e l eve para dentro da pens ão onde a E s fera
E s tel ar es tá?”
— Aquel as eram di ferentes das Chaves Gêmeas em formato de rapos a.
— E l ena di s s e, s uas s obrancel has des enhadas em conj unto. — E l as s ão,
ti po, as Chaves M es tras e Shi ni chi e M i s ao ai nda têm ambas . E u não s ei por
que el e não us ou a del e. E mbora i s s o o l evas s e para outro l ugar no momento
em que el e tentas s e entrar.
— Não s e el e es ti ves s e dentro da di s pens a, e conti nuas s e l á o tempo
todo. — M eredi th di s s e. — E tal vez a Chave M es tra pas s e por ci ma da regra
de “s omente aquel es que foram convi dados a entrar”.
A Sra. Fl owers di s s e:
— M es mo as s i m, M ama teri a me contado. Al ém do mai s , não há
ferraduras na di s pens a. Nenhuma.
— E s s e l ance de fechaduras não deve i mportar, eu acho. — E l ena
res pondeu. — E u acho que el e s ó queri a mos trar o quão es perto el e foi , e
mos trar que el e poderi a nos enganar para darmos a el e a E s fera E s tel ar de
M i s ao.
Antes que outro al guém pudes s e di zer al guma pal avra, M eredi th
es tendeu a pal ma de s ua mão, com uma chave bri l hando s obre el a. A chave
era de ouro com di amantes i ns eri dos e ti nha um des i gn fami l i ar.
— E s s a é uma das Chaves M es tras ! — Gri tou E l ena. — Foi as s i m que
pens áramos que as Chaves Gêmeas em formato de rapos a s e pareceri am!
— Is s o mei o que cai u do bol s o do j eans del e quando el e fez aquel a
pi rueta. — M eredi th di s s e i nocentemente.
— Quando você es tava dando uma pi rueta nel e para ci ma de mi m, você
quer di zer. — Di s s e E l ena. — E u s uponho que você tenha es col hi do o bol s o
também.
— E ntão, ag ora, Shi ni chi não tem a chave para es capar! — M att di s s e
ani madamente.
— Sem chave para fazer fechaduras . — E l ena concordou, mos trando s uas
covi nhas .
— E l e pode s e di verti r, trans formando-s e em uma toupei ra e cavar para
s ai r da di s pens a. — M eredi th di s s e fri amente. — Is to é, s e el e ti ver es s a
habi l i dade de s e trans formar ou al go do ti po. — E l a adi ci onou, com uma
mudança conturbada em s ua voz.
— E u me pergunto... Se deví amos fazer com que M att contas s e a outra
pes s oa onde el e verdadei ramente es condeu a E s fera E s tel ar. Só... Bem, s ó por
precaução.
M att vi u vári as s obrancel has j untas ao s eu redor. M as de repente, al go
o ati ngi u e el e percebeu que ti nha que contar a al guém que el e havi a
es condi do a E s fera E s tel ar em s eu armári o. O grupo — i ncl ui ndo Stefan — o
ti nha es col hi do para es condê-l a por que el e havi a res i s ti do tei mos amente,
quando Shi ni chi es tava us ando o corpo de Damon como um fantoche para
torturá-l o um mês atrás .
M att havi a provado, então, que el e morreri a com uma dor hedi onda a pôr
em ri s co os s eus ami gos . M as s e M att fos s e morrer agora, a E s fera E s tel ar
de M i s ao poderi a s e perder do grupo para s empre. E s ó M att s abi a o quão perto
el e es teve de cai r da es cada j unto com Shi ni chi hoj e.
De um l ugar di s tante, el es ouvi ram um gri to:
— Ol á! Tem al guém em cas a? E l ena!
— E s s e é o meu Stefan — E l ena di s s e e, então, s em um pi ngo de
di gni dade, el a correu do s al ão de entrada até o s eus braços . E l e ol hou
as s us tado, mas cons egui u amortecer a queda antes que ambos caí s s em na
varanda.
— O que es tá acontecendo? — E l e di s s e, s eu corpo vi brando
i nfi ni tamente, como acontece quando s e es tá com vontade de l utar. — A cas a
i ntei ra chei ra a ki ts une!
— E s tá tudo bem. — E l ena di s s e. — Venha e vej a. E l a s ubi u com el e
as es cadas até o s eu quarto.
— Nós o prendemos na di s pens a. — E l a adi ci onou. Stefan pareci a
confus o.
— Você prendeu quem na di s pens a?
— Com ferro em frente à porta. — M att di s s e tri unfantemente. — E
ervas e amul etos por toda a parte. E , de qual quer forma, M eredi th pegou s ua
chave.
— Sua chave? Vocês es tão fal ando do… Shi ni chi ? — Stefan vi rou-s e para
M eredi th, s eus ol hos verdes arregal ados . — E nquanto eu es ti ve fora?
— Foi quas e um aci dente. E u mei o que col oquei mi nha mão em s eu
bol s o quando el e es tava pi ruetando e perdendo e equi l í bri o. Ti ve s orte e peguei
a Chave M es tra... A menos que es s a s ej a uma chave de cas a qual quer.
Stefan ol hou para aqui l o.
— E s s a é a verdadei ra. E l ena s abe di s s o. M eredi th, você é i ncrí vel !
— Si m, es s a é a verdadei ra. — E l ena confi rmou. — E u me l embro de
s eu perfi l ... Bem el aborada, não? E l a a pegou das mãos de M eredi th.
— O que você vai faz...
— E u poderi a mui to bem tes tá-l a. — E l ena di s s e com um s orri s o
traves s o.
E l a andou até a porta do quarto, fechou-a, di s s e “A Toca de l á debai xo” e
abri u a porta, entrou e fechou a porta atrás de s i . Antes que al guém pudes s e
fal ar, el a es tava de vol ta, com o ati çador de l arei ra s egurado no al to em forma
de tri unfo.
— Funci ona! — Stefan gri tou.
— Is s o é i ncrí vel . — M att di s s e. Stefan pareci a quas e febri l .
— M as vocês não percebem o que i s s o s i gni fi ca? Si gni fi ca que podemos
usar es ta chave. Podemos i r a qual quer l ugar que qui s ermos s em us ar Poder.
Até mes mo à Di mens ão das Trevas ! M as pri mei ro... E nquanto el e es ti ver
aqui … Deverí amos fazer al go a res pei to de Shi ni chi .
— Você não es tá em condi ções de fazer i s s o agora, queri do Stefan. — A
Sra. Fl owers di s s e, bal ançando a cabeça. — Des cul pe, mas a verdade é que
es tamos s endo mui to, mas mui to s ortudos . Aquel e es tranho ki ts une es tava de
guarda bai xa há poucos mi nutos . E l e não es tará agora.
— E u ai nda tenho que tentar. — Stefan di s s e s i l enci os amente. — Todos
vocês têm s i do atormentados ou ti veram de l utar... Com s eus punhos ou s uas
mentes . — E l e adi ci onou, i ncl i nando-s e l i gei ramente para a Sra. Fl owers . —
E u s ofri , mas nunca ti ve a oportuni dade de lutar com el e. E u tenho que tentar.
M att di s s e, bem s i l enci os amente:
— E u vou com você. E l ena adi ci onou:
— Todos nós podemos l utar j untos . Certo, M eredi th?
M eredi th concordou bem devagar, pegando o ati çador de Stefan de s ua
própri a l arei ra.
— Si m. Pode s er um gol pe bai xo, mas ... E s taremos j untos .
— E u di ri a que é um gol pe s uperi or, mel hor do que dei xá-l o vi ver e
feri r as pes s oas . De qual quer forma, vamos cui dar di s s o... Juntos . — E l ena
di s s e fi rmemente. — Ag ora!
M att começou a s e l evantar, mas s eu movi mento foi congel ado no ar
enquanto el e ol hava aquel a cena com horror. Si mul taneamente, com a graça de
l eoas de caça ou de duas bai l ari nas , as duas garotas chegaram mai s perto de
Stefan e, ao mes mo tempo, el as bal ançaram s eus ati çadores . E l ena o ati ngi u
na cabeça e M eredi th bateu em chei o em s ua vi ri l ha. Stefan cambal eou para
l onge do gol pe da cabeça, mas s i mpl es mente di s s e “Ai !” quando M eredi th o
acertou. M att ti rou E l ena do cami nho e então, vi rando-s e preci s amente como
s e es ti ves s e no campo de futebol , ti rou M eredi th do cami nho de “Stefan”
também.
M as es te i mpos tor obvi amente havi a deci di do não contra-atacar. A forma
de Stefan s e di s s ol veu.
M i s ao, com fol has verdes entrel açadas nos cabel os negros com pontas
es carl ates , es tava di ante del es .
Para o choque de M att, s ua cara es tava chupada e pál i da. E s tava bem
cl aro que el a es tava bem doente, mas ai nda conti nuava s endo des afi adora.
M as não havi a nenhum es cárni o em s ua voz es ta noi te.
— O que vocês fi zeram com a mi nha E s fera E s tel ar? E com o meu i rmão?
— E l a exi gi u debi l mente.
— Seu i rmão es tá s eguramente trancado. — M att di s s e, s em mui to
s aber o que el e es tava di zendo a el a. Sem contar os cri mes que M i s ao havi a
cometi do, el e não podi a evi tar de ter pena del a. E l a es tava cl aramente
des es perada e doente.
— E u sei di s s o. E u qui s di zer que meu i rmão vai matar vocês todos ... Não
s ó por es porte, mas com rai va. — Agora, M i s ao pareci a as s us tada e mi s erável .
— Vocês nunca o vi ram realmente nervos o.
— Vocês nunca vi ram Stefan nervos o também. — E l ena di s s e. — Pel o
menos , não quando el e ti nha todo o s eu Poder. M i s ao s i mpl es mente s acudi u
s ua cabeça. Uma fol ha s eca cai u de s eu cabel o.
— Vocês não entendem!
— Duvi do que entendamos al guma coi s a. M eredi th, nós fomos atrás
des ta garota?
— Não, mas certamente não foi el a quem trouxe aquel e outro... E l ena
di s s e s ecamente:
— M att, vai pegar um l i vro para l er. E u te di go quando termi narmos .
M att es tava rel utante em dar as cos tas a uma ki ts une, mes mo uma
doente. M as quando a Sra. Fl owers concordou genti l mente, el e obedeceu.
Ai nda as s i m, de cos tas ou não, el e pôde ouvi r ruí dos . E os barul hos
s ugeri ram que M i s ao es tava s endo pres a fi rmemente e revi s tada
mi nuci os amente.
— Huh-uh... huh-uh... huh-uh… huh-oops! Houve um barul ho de metal
na madei ra. M att s ó vi rou-s e quando E l ena di s s e:
— Ok, você pode ol har. Is s o es tava em s eu bol s o da frente. — E l a
adi ci onou para M i s ao, que pareci a es tar pres tes a des mai ar: — Não querí amos
ter de te s egurar e revi s tar. M as es ta chave... Onde, em nome de Deus, vocês
cons egui ram uma des ta, afi nal ?
Uma mancha ros a apareceu nas bochechas de M i s ao.
— Você acertou, no céu. E l as s ão as úni cas Chaves M es tras que
s obraram... E el as pertencem a Shi ni chi e a mi m. Eu des cobri como roubá-l as
da Corte Cel es ti al . Is s o foi ... Há mui to tempo atrás .
Nes te momento, el es ouvi ram um carro na es trada: o Pors che de Stefan.
No s i l ênci o mortal que s e s egui u, el es também puderam ver o carro
através da j anel a de Stefan enquanto el e parava na cal çada.
— Ni nguém des ce. — E l ena di s s e s ecamente. — Ni nguém o convi de
para entrar. M eredi th l ançou para el a um ol har aguçado.
— Shi ni chi pode ter s aí do por um túnel como uma toupei ra. E el e j á foi
convi dado para entrar.
— É mi nha cul pa por não ter avi s ado a todos vocês ... M as de qual quer
forma, s e for Shi ni chi e el e fi zer qual quer coi s a para machucar Stefan, el e
verá a mi m nervos a. As pal avras Asas da Destrui ção s i mpl es mente s al taram em
mi nha cabeça e al go dentro de mi m quer di zê-l as .
Houve um arrepi o na s al a.
Ni nguém fora ao encontro de Stefan, mas em i ns tantes el es todos podi am
ouvi r o barul ho de pas s os . Stefan apareceu em s ua porta, es cancarada, e vi u-s e
confrontando uma fi l a de pes s oas ol hando para el e com des confi ança.
— M as que di abos es tá acontecendo? — E l e exi gi u, encarando M i s ao,
que es tava s endo pres a entre M eredi th e M att. — M i s ao...
E l ena deu doi s pas s os em di reção a el e... E fi cou em vol ta del e,
puxando-o em um bei j o profundo. Por um momento el e res i s ti u, mas depoi s ,
pouco a pouco, s ua opos i ção entrou em col aps o, apes ar da s al a chei a de
obs ervadores .
Quando E l ena fi nal mente o s ol tou, el a s i mpl es mente encos tou-s e em
Stefan, res pi rando com di fi cul dade. Os outros es tavam todos vermel hos de
vergonha. Stefan, bas tante corado, s egurou-a fi rmemente.
— M e des cul pe. — E l ena s us s urrou. — M as você j á “chegou em cas a”
duas vezes . Na pri mei ra, era Shi ni chi e o trancamos na di s pens a. E ntão, foi
ela. — E l a apontou, s em ol har, para a encol hi da M i s ao. — E u não s abi a como
ter certeza que Shi ni chi não havi a es capado de al guma forma...
— E você tem certeza agora?
— Ah, s i m. E u reconheço você. Você es tá s empre pronto para me dei xar
entrar.
M att percebeu que el a es tava tremendo e rapi damente s e l evantou para
que el a pudes s e s entar, por no mí ni mo um mi nuto ou doi s , em paz.
A paz durou menos que um mi nuto.
— E u quero mi nha E s fera E s tel ar! — M i s ao gri tou. — Preci s o col ocar
Poder dentro del a ou eu vou enfraquecer... E então vocês vão me matar.
— E nfraquecer? O l í qui do es tá evaporando da E s fera E s tel ar ou coi s a
as s i m? — M eredi th perguntou.
M att es tava pens ando no que el e havi a vi s to na rua de s ua cas a, antes
dos pol i ci ai s de Ri dgemont o pegarem.
— Você j á reuni u Poder para col ocar nel a? — E l e perguntou s uavemente.
— Poder do di a de ontem, tal vez?
— Des de que vocês a pegaram. M as i s s o não s e une a... M i m. Une-s e
com a E s fera E s tel ar. E l a é mi nha, mas não por enquanto.
— Ti po um pouco de Poder ao fazer Col e Reece comer s eu porqui nho-da-
í ndi a enquanto el e es tava vi vo? Ao fazer as cri anças quei marem s uas própri as
cas as ? — A voz de M att es tava grave.
— O que i s to i mporta? — M i s ao res pondeu com mau humor. — E l a é
mi nha. Fora mi nhas i dei as , não s uas . Você não pode me afas tar del ...
— M eredi th, me ti re de perto dela. E u conheço aquel a cri ança, Col e,
des de que el e nas ceu. E u terei pes adel os para s empre... M i s ao ani mou-s e
i gual uma pl anta murcha ao receber água.
— Ter pes adel os , ter pes adel os . — E l a s us s urrou.
Houve um s i l ênci o. E ntão M eredi th di s s e, cui dados a e
i nexpres s i vamente, enquanto el a es tava pens ando na es taca:
— Você é uma coi s a noj enta, s abi a? Is s o é o s eu al i mento? Lembranças
rui ns , pes adel os , medo do futuro?
M i s ao es tava s i mpl es mente perpl exa. E l a não cons egui a ver onde el a
queri a chegar. Seri a o mes mo que perguntar a uma adol es cente normal e
fami nta: “Que tal um pouco de pi zza e uma Coca-Col a? É i s s o que você quer?”
M i s ao nem ao menos podi a ver que s eu apeti te era errado, então el a não podi a
menti r.
— Você es tá certa em uma coi s a. — Stefan di s s e com força. — Nós temos
s ua E s fera E s tel ar. A úni ca forma de fazer com que a devol vamos s eri a fazer
al go por nós . E u acho que podemos te control ar de qual quer forma, porque a
temos ...
— Que j ei to ul trapas s ado de s e pens ar. Obs ol eto. — M i s ao ros nou.
Houve um s i l ênci o mortal . M att s enti u s eu es tômago des pencar.
Todos el es es ti veram apos tando no “j ei to ul trapas s ado de s e pens ar”. Para
cons egui r a E s fera E s tel ar de Shi ni chi ao fazer M i s ao contar a el es onde el a
es tava.
O obj eti vo fi nal del es era control ar Shi ni chi us ando sua E s fera E s tel ar.
— Vocês não entendem. — M i s ao di s s e l amentavel mente, mas com
rai va ao mes mo tempo. — M eu i rmão vai me aj udar a preencher mi nha
E s fera E s tel ar novamente. M as o que fi zemos a es ta ci dade... Foi uma ordem,
não s ó di vers ão.
— Pode tentar nos enganar.
E l ena murmurara, mas a cabeça de Stefan s e ergueu e el e di s s e:
— Uma ordem? De quem?
— Eu... Não... Sei ! — M i s ao gri tou. — Shi ni chi é quem recebe as ordens .
E ntão el e me conta o que fazer. M as quem quer que s ej a, deve es tar fel i z
agora. A ci dade es tá quas e des truí da. E l e deveri a me dar uma aj udi nha aqui !
E l a ol hou para o grupo, e el es ol haram para trás . Sem s aber que el e i a
di zer i s to, M att di s s e:
— Vamos col ocá-l a no porão j unto com Shi ni chi . E s tou com a s ens ação de
que todos deví amos i r dormi r no armazém hoj e à noi te.
25
— Dormi r no armazém com a todas as paredes cobertas com Pos t-It. —
M eredi th acres centou s ombri amente. — Se ti ver o bas tante. E u tenho outro
pacote, mas não s ervi rá s e você es tá tentando cobri r um quarto.
— Ok. — E l ena di s s e. — Quem es tá com a chave de Shi ni chi ? M att
ergueu s ua mão.
— E s tá no meu...
— Não me di ga! — E xcl amou E l ena. — E u es tou com a del a. Não podemos
perdê-las. Stefan e eu s omos uma equi pe; vocês doi s s ão outra.
E l es mei o empurraram e mei o que deram s uporte para que M i s ao
s aí s s e do quarto de Stefan e des ces s e as es cadas . M i s ao não tentou correr
del es , confrontá-l os , ou fal ar com el es . Is s o fez com que M att s us pei tas s e
ai nda mai s del a. E l e vi u Stefan e E l ena dando ol hadel as um para outro e
s oube que el es s enti am a mes ma coi s a.
M as o que mai s s e podi a fazer com el a? Não havi a outro j ei to, humana
ou des umanamente, de contê-l a durante al guns di as . E l es ti nham a s ua
E s fera E s tel ar e, de acordo com os l i vros , i s s o permi ti ri a que el es a
control as s em, mas el a es tava certa, pareci a um j ei to obs ol eto, poi s não
funci onara. E l es havi am tentado, fazendo com que Stefan e M eredi th a
s eguras s em fi rmemente, enquanto M att pegava a E s fera E s tel ar de onde el e
a es condera: em uma cai xa de s apatos , na pratel ei ra s uperi or, aci ma das
roupas de s eu armári o.
E l e e E l ena havi am tentado fazer com M i s ao fi zes s e coi s as enquanto
s eguravam a es fera quas e vazi a: fazer M i s ao contar onde a E s fera E s tel ar de
s eu i rmão es tava, e as s i m vai . M as s i mpl es mente não funci onara.
— Tal vez, quando há tão pouco Poder dentro del a, el a não s ej a capaz de
fazer i s s o. — E l ena di s s e fi nal mente. M as i s to era um pequeno cons ol o, na
mel hor das hi pótes es .
E nquanto el es l evavam M i s ao à cozi nha, M att pens ou que aquel e havi a
s i do um pl ano ki ts une es túpi do: i mi tar Stefan duas vezes . Fazer i s s o uma
s egunda vez, quando os humanos es tavam em guarda, havi a s i do burri ce.
M i s ao não pareci a s er as s i m tão burra.
M att teve um pres s enti mento rui m.
E l ena ti nha um pres s enti mento mui to rui m s obre o que el es es tavam
fazendo. E nquanto el a ol hava para os ros tos ao s eu redor, el a vi a que el es
também ti nham. M as ni nguém vei o com uma i dei a mel hor. E l es não podi am
matar M i s ao. E l es não eram as s as s i nos que matavam a s angue fri o uma
garota fraca e doente.
E l a i magi nou que Shi ni chi deveri a ter uma audi ção mui to forte, e j á
ti nha os ouvi do cami nhar s obre o pi s o da cozi nha que rangi a. E el a deduzi u
que el e s abi a — vi a l i gação mental , l ógi ca ou qual quer outra coi s a — que el a
es tava aci ma del e.
E l es não ti nham nada a perder em gri tar através da porta:
— Shi ni chi , es tamos com s ua i rmã aqui ! Se você a qui s er de vol ta, você
deve fi car qui eto para que não preci s emos j ogá-l a es cada abai xo.
Houve s i l ênci o da di s pens a.
E l ena es col heu pens ar ni s s o como s i l ênci o de s ubmi s s ão. Pel o menos
Shi ni chi não es tava gri tando ameaças .
— Ok. — E l ena s us s urrou. E l a s e col ocou em pos i ção bem atrás de
M i s ao. — Quando eu contar até três , nós a empurramos o mai s forte que
pudermos .
— E s pera! — M att di s s e em um mi s erável mei o-s us s urro. — Você
di s s e que não a j ogarí amos es cada abai xo.
— A vi da não é j us ta. — E l ena di s s e s ombri amente. — Você acha que
el e não tem uma s urpres i nha para nós ?
— M as ...
— Dei xa pra l á, M att. — Di s s e M eredi th qui etamente.
E l a ti nha a es taca preparada em s ua mão es querda e a di rei ta es tava
preparada para apertar o pai nel que abri ri a a porta.
— Todos prontos ?
Todos concordaram. E l ena s enti u pena por M att e Stefan, que eram os
mai s hones to e s ens í vei s de todos el es .
— Um — E l a s us s urrou l evemente. —, doi s , três.
No três , M eredi th acertou o i nterruptor ocul to na parede. E então, as
coi s as começaram a acontecer de um j ei to bem devagar. No “doi s ”, E l ena j á s e
começou a empurrar M i s ao para a porta. No “três ”, os outros a acompanharam.
M as pareceu que a porta demorou uma eterni dade para abri r. E antes do
fi m da eterni dade, tudo s e compl i cou.
A vegetação ao redor do cabel o de M i s ao es pal hou gal hos em todas as
di reções . Um del es di s parou e agarrou E l ena em torno do pul s o. E l a ouvi u um
gri to de i ndi gnação de M att e s oube que outro gal ho havi a chegado nel e.
— Empurre! — M eredi th gri tou e, em s egui da, E l ena vi u que a es taca
havi a apareci do para el a.
M eredi th bateu com a es taca na vegetação que es tava l i gada à M i s ao. O
gal ho que es tava cortando o pul s o de E l ena cai u no chão.
Quai s quer dúvi das res tantes s obre l ançar M i s ao es cada abai xo
des apareceram. E l ena entrou no mei o da mul ti dão, tentando empurrá-l a para
a porta. M as havi a al go errado na di s pens a. Por um l ado, el es es tavam
empurrando M i s ao para a es curi dão total ... M as al go também es tava s e
mexendo.
A di s pens a es tava chei a de... Coi s as . Coi sas.
E l ena ol hou para s eu tornozel o e fi cou horrori zada ao ver uma l arva
gi gante que pareci a ter s e arras tado para for a da di s pens a.
Ou, pel o menos , uma l arva foi à pri mei ra coi s a que el a pôde comparar
com aqui l o... Tal vez fos s e uma l es ma s em cabeça. E ra trans l úci da, preta e
ti nha cerca tri nta centí metros de compri mento, mas era mui to gorda para el a
ter col ocado a mão em torno daqui l o. Pareci a ter duas manei ras de s e mover:
uma pel o modo de ras tej ar fami l i ar e a outra s i mpl es mente s e j untando às
outras l arvas , que foram chegando até a cabeça de E l ena como uma horrí vel
expl os ão de uma fonte. E l ena ol hou para ci ma e des ej ou não ter fei to i s s o.
Havi a uma cobra-naj a ras tej ando aci ma del es , s ai ndo da di s pens a e
i ndo à cozi nha. E ra uma cobra-naj a preta trans l úci da com l arvas grudadas , e
de vez uma caí a no chão entre o grupo e l ogo haveri a gri tos .
Se Bonni e es ti ves s e com el es , el a teri a gri tado até que os copos de vi nho
nos armári os s e quebras s em, E l ena pens ou freneti camente.
M eredi th es tava tentando atacar a cobra-naj a com a es taca e al cançar em
s eus j eans al guns Pos t-It ao mes mo tempo.
— E u pego os Pos t-It. — E l ena arfou, e contorceu s ua mão no bol s o de
M eredi th.
Seus dedos s e fecharam em maço pequeno de cartões e el a os puxou para
fora tri unfantemente.
Só então o pri mei ro verme bri l hante e gordo cai u s obre s ua pel e nua. E l a
queri a gri tar de dor enquanto s eus pezi nhos ou dentes ou pres as — ou o que
quer que fos s em — a quei mavam e pi cavam. Reti rou um pequeno cartão do
fei xe, no qual não era um Pos t-It, mas um pequeno cartão com os mes mos
s í mbol os , apes ar de mai s frágei s , e bateu-o contra a coi s a que pareci a uma
l arva.
Nada aconteceu.
M eredi th es tava enfi ando a es taca no mei o da cobra agora.
E l ena vi u outra das cri aturas quas e caí rem em s eu ros to vi rado pra ci ma
e cons egui u s e mover, fazendo com que al gumas del as caí s s em em s eu
col ari nho. E l a tentou outra carta do maço quanto es te s i mpl es mente s ai u de
s ua mão — os vermes pareci am s er pegaj os os , mas el es não eram — e então el a
deu um gri to pri mordi al e ti rou com ambas as mãos aquel as coi s as fei as que
es tavam atacando-a. E l as deram l ugar a uma pel e coberta com manchas
vermel has e s ua cami s eta ras gada no ombro.
— Os amul etos não es tão funci onando. — E l a gri tou para M eredi th.
M eredi th es tava aci ma da cabeça bal ançante da cobra-verme,
es faqui ando-a e apunhal ando-a até que chegas s e ao centro. Sua voz es tava
abafada:
— Não temos amul etos o s ufi ci ente, de qual quer forma! Há mui tas
des s as l arvas . É mel hor corrermos . Um i ns tante mai s tarde, Stefan gri tou:
— Todos s aí am daqui ! Há al guma coi s a s ól i da l á dentro!
— É i s s o o que eu es tou tentando di zer! — M eredi th gri tou de vol ta.
Freneti camente, M att berrou:
— Cadê a M i s ao?
A úl ti ma vez que E l ena a havi a vi s to, el a es tava tremendo e
mergul hando na mas s a es cura e s egmentada.
— Se foi . — E l a gri tou de vol ta. — Cadê a Sra. Fl owers ?
— Na cozi nha. — Di s s e uma voz atrás del a.
E l ena deu uma ol hadel a para trás e vi u a vel ha s enhora com ervas em
ambas as mãos .
— Ok. — Stefan gri tou. — Todo mundo dê al guns pas s os para trás . Vou
acertá-l os com Poder. Façam i s s o... Agora!
Sua voz pareci a uma chi cotada. Todo mundo deu um pas s o para trás , até
mes mo M eredi th, que es tava exami nando a cobra com s ua es taca.
Stefan fechou a mão em torno do nada, em torno do ar, e el e vi rou-s e para
a l uz de energi a bri l hante e ci nti l ante. E l e ati rou à quei ma-roupa na cobra
fei ta de vermes .
Houve uma expl os ão, e então, de repente, es tava chovendo vermes . E l ena
ti nha s eus dentes fechados , de modo a evi tar que el a gri tas s e. Os corpos ovai s
e trans l úci dos dos vermes s e abri ram no chão da cozi nha como amei xas duras ,
ou coi s a pi or. Quando E l ena s e atreveu a ol har para ci ma novamente, el a vi u
uma mancha preta no teto.
E mbai xo del a, s orri ndo, es tava Shi ni chi .
M eredi th, rápi da com um rel âmpago, tentou enfi ar-l he a es taca. M as
Shi ni chi foi mai s rápi do, s ai ndo de s eu cami nho, es qui vando de s ua
es tocada, e das outras que vi eram.
— Vocês , humanos — E l e di s s e. —, s ão todos i guai s . Todos es túpi dos .
Quando a M ei a-Noi te fi nal mente chegar, vocês verão o quão i di otas foram.
E l e di s s e “M ei a-Noi te” como s e es ti ves s e di zendo “o Apocal i ps e”.
— Fomos es pertos o bas tante para des cobri rmos que vocês não eram o
Stefan. — M att di s s e por detrás de Shi ni chi . Shi ni chi revi rou os ol hos .
— E me col ocaram em um cômodo chei o de madei ra. Vocês nem ao menos
cons eguem l embrar que os ki ts une control am todas as pl antas e árvores ? As
paredes es tão chei as de l arvas mal ach agora, s ai bam di s s o. Compl etamente
i nfes tadas . Seus ol hos bri l haram... E el e deu uma ol hadel a para trás , E l ena
percebeu, ol hando para a porta aberta da di s pens a. Seu medo aumentou ao
mes mo tempo em que Stefan gri tou:
— Saí am daqui ! Vamos para fora da cas a! Para al gum l ugar s eguro!
E l ena e M eredi th encararam-s e, paral i s adas . E l as eram de equi pes
di ferentes , mas não pareci am s er capazes de s e s epararem. E ntão, M eredi th
s e es queceu di s s o e vi rou-s e de vol ta para a cozi nha para aj udar a Sra. Fl owers .
M att j á es tava l á, fazendo a mes ma coi s a.
E então, E l ena s e encontrou arras tando s eus pés e movendo-s e
rapi damente. Stefan es tava com el a e ambos corri am para a porta da frente.
À di s tânci a, el a ouvi u Shi ni chi gri tar:
— M e tragam os os s os del es !
Um dos vermes que E l ena ti rou de s eu cami nho expl odi u e E l ena vi u
al go ras tej ar, tentando s ai r dal i .
Aquel es eram os verdadei ros mal ach, el a percebeu. Pequenas vers ões
daquel e que havi a engol i do o braço de M att e dei xou aquel es grandes e
profundos arranhões quando el e o puxou de vol ta.
E l a percebeu que havi a um pres o nas cos tas de Stefan.
Ous ada e furi os a, el a pegou aqui l o próxi mo aos pés e o puxou,
arrancando-o i mpl acavel mente apes ar de Stefan ofegar de dor. Quando aqui l o
s e s ol tou, el a teve o vi s l umbre do que pareci a s er dezenas de dentes de
cri anci nha no l ado i nferi or. E l a j ogou aqui l o contra uma parede enquanto el es
al cançavam a porta da frente.
Lá, el es quas e col i di ram com M att, M eredi th e a Sra. Fl owers , que
s aí ram da es curi dão. Stefan es cancarou a porta e, quando todos pas s aram,
M eredi th bateu-a com força. Al guns mal ach — l arvas gos mentas e al guns
voadores — s aí ram j unto com el es .
— Onde é s eguro? — Debateu M eredi th. — Quero di zer, real mente
s eguro, s eguro por al guns di as ?
Nem el a nem M att havi am i mpul s i onado a Sra. Fl owers em rel ação a
s ua vel oci dade, então E l ena deduzi u que el a devi a s er quas e tão l eve quanto
uma pal ha.
E s ta conti nua a di zer:
— M eu Deus ! Ai , graci os o!
— M i nha cas a? — M att s ugeri u. — O quartei rão es tá bem rui m, mas
es tava tudo bem des de a úl ti ma vez em a vi , e mi nha mãe s e foi j unto com a
Dr.ª Al pert.
— Ok, a cas a do M att... Us ando as Chaves M es tras . M as vamos fazer
i s s o no armazém. E u não quero abri r es ta porta da frente novamente, não
i mportando o moti vo. — E l ena di s s e.
Quando Stefan tentou pegá-l a no col o, el a s acudi u a cabeça.
— E s tou bem. Corra o mai s rápi do que puder e des trua qual quer mal ach
que você ver.
E l es chegaram até o armazém, mas agora um s om pareci do com vi pvi pvi p
— um zumbi do agudo que s ó poderi a s er produzi do por mal ach — os s egui a.
— E agora? — M att ofegou, aj udando a Sra. Fl owers a s e s entar na cama.
Stefan hes i tou.
— Você acha que a s ua cas a é real mente s egura?
— Al gum l ugar é s eguro? M as l á es tá vazi o, ou deve es tar.
E nquanto i s s o, M eredi th chamou E l ena e a Sra. Fl owers para um canto.
Para o horror de E l ena, M eredi th es tava s egurando uma daquel as l arvas
menores , agarrando-a de forma que s ua parte i nferi or es tava vi rada para ci ma.
— Ai , Deus ...
E l ena protes tou, mas M eredi th di s s e:
— Se parecem mui to com dentes de cri ança, não parecem? De repente, a
Sra. Fl owers fi cou ani mada.
— De fato, parecem! E s tá di zendo que aquel e fêmur que encontramos na
mata...
— Si m. Aqui l o era certamente humano, mas tal vez não fora mas ti gado
por humanos . Por cri anças humanas . — M eredi th di s s e.
— E Shi ni chi gri tou para que os mal ach trouxes s em para el e os nos s os
os s os … — E l ena di s s e e engol i u em s eco. E ntão, el a ol hou para a l arva
novamente.
— M eredi th, s e l i vre l ogo des ta coi s a! Is s o vai s e trans formar em um
mal ach voador.
M eredi th ol hou ao redor do armazém s em expres s ão.
— Ok... Sol te-o e eu o es magarei . — E l ena di s s e, s egurando s ua
res pi ração para conter s ua náus ea.
M eredi th s ol tou a coi s a preta, trans l úci da e gorda, que expl odi u com o
i mpacto. E l ena col ocou s eu corpo contra aqui l o, mas o mal ach i nteri or não foi
es magado. E m vez di s s o, quando el a l evantou o pé, aqui l o tentou es corregar
para debai xo da cama. A es taca o cortou perfei tamente em doi s pedaços .
— Garotos — E l ena di s s e brus camente para M att e Stefan —, temos
que i r ag ora. Lá fora há mui tos mal ach voadores ! M att vi rou-s e para el a.
— Como aquel e que...
— M enores , mas i dênti cos àquel e que te atacou, eu acho.
— Ok, aqui vai o que nós achamos — Stefan di s s e de um j ei to que
i medi atamente fez com E l ena fi cas s e i nqui eta. — Al guém tem que i r à
Di mens ão das Trevas veri fi car como es tá Bonni e. E u acho que s ou o úni co que
pode fazer i s s o, des de que s ou um vampi ro. Vocês não poderi am entrar...
— Si m, poderí amos . — M eredi th. — Com es s as chaves , podemos
s i mpl es mente di zer “Nos l eve até a cas a de Lady Ul ma na Di mens ão das
Trevas ”. Ou “Nos l eve até onde Bonni e es tá”. Por que i s to não funci onari a?
E l ena di s s e:
— Ok. M eredi th, M att e a Sra. Fl owers podem fi car aqui e tentarem
des cobri r o que é “M ei a-Noi te”. Pel o modo como Shi ni chi di s s e, parece s er
coi s a rui m. E nquanto i s s o, Stefan e eu vamos à Di mens ão das Trevas e
encontramos a Bonni e.
— Não! — Stefan di s s e. — E u não vou l evá-l a naquel e l ugar horrí vel
novamente. E l ena ol hou para el e di retamente nos ol hos .
— Você prometeu. — E l a di s s e, i ndi ferente quanto as outras pes s oas na
s al a. — Você prometeu nunca i r novamente a uma bus ca s em mi m. Não
i mportas s e o tempo que l evas s e, não i mportas s e o moti vo. Você prometeu.
Stefan ol hou para el a des es peradamente. E l ena s abi a que el e queri a
mantê-l a a s al va — mas qual mundo es tava real mente a s al vo agora? Ambos
es tavam cobertos de horror e peri go.
— De qual quer forma — E l a di s s e com um s orri s o mal i ci os o —, s ou eu
quem es tá com a chave.
26
— Agora, você s abe como i s to é fei to? — E l ena perguntou à M eredi th. —
Você col oca a chave na fechadura e di z aonde você quer i r. E ntão, abra a porta e
entre. É i s s o.
— Vocês três vão na frente — Stefan adi ci onou. — E rápi do.
— E u gi ro a chave. — M eredi th di s s e a M att. — Você toma conta da Sra.
Fl owers .
Só então E l ena pens ou em al go que el a não queri a di zer em voz al ta,
s omente para Stefan. M as el e es tava fi s i camente próxi mo, então el a s abi a
que el e entenderi a.
Sabber! E l a pens ou para Stefan. Não podemos dei xá-lo comesses malach!
Não vamos, el a ouvi u a voz de Stefan di zer em s ua mente. Eu mostrei para ele o
cami nho até a casa de Matt, e di sse para que ele fosse lá, levasse Talon e proteg esse as pessoas que
estão a cami nho.
Na mes ma hora, M att es tava di zendo:
— Ai , meu Deus ! Sabber! E l e s al vou mi nha vi da… E u não pos s o
s i mpl es mente dei xá-l o.
— Já cui dei di s s o. — Stefan l he as s egurou e E l ena deu um tapi nha nas
cos tas de M att. — E l e es tará na s ua cas a em um i ns tante, e s e você for a
al gum outro l ugar, el e s egui rá s eu ras tro.
E l ena trans formou s eus tapi nhos em pequenos empurrões .
— Sej am bonzi nhos !
— Quarto de M att Honeycutt, em Fel l ’s Church. — M eredi th di s s e,
enfi ando a chave na fechadura e abri ndo a porta. E l a, a Sra. Fl owers e M att
atraves s aram-na. A porta s e fechou.
Stefan vi rou-s e para E l ena.
— E u vou pri mei ro — E l e di s s e, s em rodei os . — M as es tarei me
s egurando em você. E u não vou dei xá-l a.
— Nunca me dei xe, nunca me dei xe. — E l ena s us s urrou em uma
i mi tação do “Ter pes adel os ” de M i s ao. E ntão, el a s e l embrou.
— Bracel etes de es cravos !
— O que? — Stefan di s s e. E ntão:
— Ah, eu me l embro, você me contou. M as como é que a aparênci a
del es ?
— Iguai s a quai s quer outros bracel etes , mas que combi nem, s e
pos s í vel . — E l ena es tava procurando pel o fundo da s al a, onde os móvei s foram
empi l hados , abri ndo e fechando gavetas . — Apareçam, bracel etes ! Apareçam!
E ra para es ta cas a ter de tudo!
— Que tal es s as coi s as que você es tá us ando em s eu cabel o? — Stefan
perguntou. E l ena ol hou para trás e el e j ogou para el a um pacote com mari as -
chi qui nhas .
— Você é um gêni o! E l as nem ao menos vão machucar meus pul s os . E
aqui tem duas brancas , então dá pra combi nar! —
E l ena di s s e, fel i z.
E l es organi zaram-s e em frente á porta, com Stefan à es querda de E l ena
para que el e pudes s e ver o que es ti ves s e do outro l ado, antes que el es
adentras s em. E l e também apertava fi rmemente braço es querdo de E l ena.
— Onde quer que es tej a a nos s a ami ga Bonni e M cCul l ough — Stefan
di s s e, e enfi ou a chave na fechadura, gi rando-a. E ntão, depoi s de dar a chave
à E l ena, el e cui dados amente abri u a porta.
E l ena não ti nha certeza no que el a es tava es perando. Um cl arão de l uz,
tal vez, enquanto el es vi aj avam entre di mens ões .
Al gum ti po de túnel em es pi ral , ou es trel as cadentes . Por fi m, uma
s ens ação de movi mento. O que el a cons egui u foi vapor. Is to embebedou s ua
cami s eta e s eu cabel o umedeci do.
E então, começou o barul ho.
— E l ena! Eleeeeeeeeeeeeeeena! Você es tá aqui !
E l ena reconheceu a voz, mas não pôde l ocal i zar quem gri tava dentro
daquel e vapor.
E ntão el a vi u uma banhei ra i mens a fei ta com peças de mal aqui ta, e
uma meni na com ol har as s us tado cui dando do bras ei ro ao pé da banhei ra,
enquanto outras duas s erventes , que s eguravam es covas de cabel os e
púmi ces , s e encol hi am contra a outra parede.
E dentro da banhei ra es tava Bonni e! E ra óbvi o que a banhei ra era
profunda, poi s Bonni e não era capaz de al cançar o fundo e então el a fi cava
mei o que s al ti tando na água como um gol fi nho em uma apres entação para
chamar atenção.
— Aí es tá você. — Arfou E l ena.
E l a cai u de j oel hos s obre um es pes s o tapete azul e maci o.
Bonni e deu um s al to es petacul ar e s ó por um momento E l ena pôde s enti r
um corpo ens aboado e es pumos o dentro de s eus braços .
E ntão, Bonni e afundou novamente e começou a ri r.
— E aquel e é o Stefan? É o Stefan! Stefan, olá! Oláááá!
Stefan deu uma ol hadel a para trás , como s e tentas s e aval i ar a s i tuação
da es puma. E l e pareceu s ati s fei to, vi rou-s e l i gei ramente e acenou.
— E i , Bonni e — E l e perguntou, a voz abafada por caus a do s om de
pi ngos contí nuos —, onde es tamos ?
— É a cas a de Lady Ul ma! Você es tá s eguro... Vocês todos es tão s eguros !
— E l a vi rou o ros ti nho chei o de es perança para E l ena. — Cadê a M eredi th?
E l ena bal ançou s ua cabeça, pens ando em todas as coi s as s obre
M eredi th que Bonni e ai nda não s abi a. Bem, el a deci di u, não é hora para
menci oná-l as .
— E l a teve de fi car para trás , para proteger Fel l ’s Church.
— Ah — Bonni e ol hou para bai xo, i ncomodada. — As coi s as ai nda es tão
mal , não es tão?
— Você não acredi tari a. É s éri o, é... Indes cri tí vel . É l á onde M att, a Sra.
Fl owers e M eredi th es tão. Si nto mui to.
— Não, eu s ó es tou fel i z por ver você! Ai , meu Deus , mas você es tá
feri da.
E l a es tava ol hando para as feri das de pequenos dentes no braço de
E l ena, e o s angue em s ua cami s eta ras gada.
— E u vou s ai r e... E i , não, você deve entrar! A s al a é grande, há mui ta
água quente e... Mui tas roupas! Lady Ul ma até mes mo cri ou al gumas para nós ,
para “quando vol tás s emos ”!
E l ena, s orri ndo tranqui l i zadoramente para as s erventes , j á es tava s e
des pi ndo o mai s rápi do que podi a.
A banhei ra, que era grande o bas tante para s ei s pes s oas nadarem,
pareci a l uxuos a demai s para s e des perdi çar, el a raci oci nou, e fazi a s enti do
es tar l i mpa quando cumpri mentas s em s ua anfi tri ã.
— Vá s e di verti r — E l a gri tou para Stefan. — Damon es tá aqui ? — E l a
adi ci onou em um s us s urro ao l ado de Bonni e, que concordou.
— Damon es tá aqui , também. — E l ena cantarol ou. — Se você encontrar
Lady Ul ma, di ga que E l ena j á es tá i ndo, mas que es tá s e l avando pri mei ro.
E l a não chegou a mergul har na água ros a perol ada e fumegante, mas
deu um pas s o para frente e fi cou des l i zando a parti r daí .
Imedi atamente, el a foi i mers a em um cal or del i ci os o que s e i nfi l trou
di reto em s eu corpo, que fez com que s eus mús cul os rel axas s em ao mes mo
tempo. Perfumes i mpregnavam o ar. E l a j ogou o cabel o para trás e vi u Bonni e
ri ndo del a.
— E ntão você s ai u daquel e buraco e es teve aqui , mergul hada em
l uxúri a, enquanto nós fazí amos o trabal ho duro? — E l ena não pôde dei xar de
ouvi r a forma como s ua voz s ubi u ao fi nal , tornando-s e uma pergunta.
— Não, eu fui raptada por umas pes s oas , e... — Bonni e parou. — Bem...
Os pri mei ros di as foram di fí cei s , mas dei xa pra l á. Graças a Deus que
chegamos à cas a de Lady Ul ma, no fi nal . Quer uma es cova de banho? Sabão
que chei ra a ros as ?
E l ena es tava ol hando para Bonni e com os ol hos l i gei ramente apertados .
E l a s abi a que Bonni e fari a qual quer coi s a por Damon. Is s o i ncl uí a dar-l he
cobertura.
Del i cadamente, durante o tempo em que apreci ava as es covas ,
unguentos e mui tos outros ti pos de s abonetes col ocados em uma pratel ei ra
para fáci l aces s o, el a começou s ua i nves ti gação.
***
***
***
A pri mei ra s emana foi entedi ante. E l es s entaram na l i tei ra de cos tas
para o thurg chamado Dazar, com a bús s ol a da mochi l a de E l ena pendurada no
tel hado. E l es geral mente manti nham todos os l ados das corti nas da l i tei ra
enrol adas , exceto a de frente para o oes te, onde o s ol vermel ho-s angue e
envai deci do — bri l hante demai s para s e ol har de uma grande al tura —
l i mpava os arredores da ci dade... Cons tantemente parado no hori zonte. A vi s ão
em vol ta del es era terri vel mente monótona — com poucas árvores e mui tos
qui l ômetros de s ecas col i nas marrons rel vados . Nada de i nteres s ante para um
não-caçador apareceu. A úni ca coi s a que mudou foi que, enquanto el es
vi aj avam para o norte, fi cava mai s fri o.
Foi di fí ci l para todos el es , vi ver tão próxi mo. Damon e E l ena acharam
um equi l í bri o — ou pel o menos a pretens ão — de s e i gnorarem, al go que
E l ena j amai s pens ou s er pos s í vel . Damon tornou as coi s as mai s fácei s ao
fazer um ci cl o de s ono di ferente dos demai s — o que os protegeu enquanto os
thurgs marchavam di a e noi te. Se el e es ti ves s e acordado quando E l ena es tava,
el e vi aj ari a do l ado de fora da l i tei ra, no enorme pes coço do thurg.
Ambos ti nham cabeça-dura, E l ena pens ou. Nenhum del es queri a s er o
pri mei ro a ceder.
E nquanto i s s o, aquel es que es tavam dentro da l i tei ra começaram a j ogar
pequenos j ogui nhos , como es col her ervas l ongas e s ecas ao l ado da es trada e
tentando tecê-l as em bonecas , fazer com que voas s em vas s ouras , chapéus e
chi cotes . Stefan provou s er aquel e que teci a mel hor, e ganhou fãs no ques i to
de venti l adores e vas s ouras voadoras .
E l es também j ogaram vári os ti pos de j ogos de carta, us ando cartões fei tos
para res ervar l ugares em eventos ( s erá que Lady Ul ma pens ou que el es
poderi am dar uma fes ta no cami nho?) como cartas de baral ho, depoi s de
cui dados amente marcá-l os com os quatro nai pes . E , é cl aro, os vampi ros
caçaram.
Às vezes pareci a que demorava tempo demai s , poi s os j ogos eram
es cas s os .
O Bl ack M agi c que Lady Ul ma havi a abas teci do aj udou a es ti car o tempo
entre as caçadas .
Quando Damon vi s i tou a l i tei ra, pareci a que el e es tava i nvadi ndo uma
fes ta pri vada e encarando de frente os anfi tri ões . Fi nal mente, E l ena não pôde
mai s aguentar, e teve Stefan fl utuando-a ao l ado do thurg ( ol har para bai xo ou
fi car s ubi ndo e des cendo não eram opções ) enquanto a magi a de voar ai nda
funci onava. E l a s entou na s el a ao l ado do Damon e reuni u s ua coragem.
— Damon, eu s ei que você tem o di rei to de es tar bravo comi go. M as não
des conte nos outros . E s peci al mente em Bonni e.
— Outro s ermão? — Damon perguntou, dando a el a um ol har que
congel ari a uma chama.
— Não, é s ó um... Um pedi do. — E l a não teve coragem de di zer “um
apel o”. Quando el e não res pondeu e o s i l ênci o tornou-s e i ns uportável , el a
di s s e:
— Damon... Nós não es tamos i ndo em bus ca de um tes ouro por ganânci a,
aventura ou qual quer razão normal . E s tamos i ndo por que preci s amos s al var a
nos s a ci dade.
— Da M ei a-Noi te. — Uma voz bem atrás del es di s s e. — Da Úl ti ma
M ei a-Noi te.
E l ena s e vi rou para ol har. E l a es perava ver Stefan s egurando Bonni e
fortemente. M as era apenas Bonni e, s ua cabeça s omente vi s í vel , pendurada
na es cada do thurg.
E l ena es queceu que el a ti nha medo de al tura. E l a s e l evantou s obre o
thurg bal ançante, preparada para des cer pel o l ado do Sol , cas o não houves s e
es paço o s ufi ci ente para Bonni e s entar-s e rapi damente na s el a do motori s ta.
M as Bonni e ti nhas os quadri s mai s fi nos da ci dade e havi a es paço para três
del es .
— A Úl ti ma M ei a-Noi te es tá chegando. — Bonni e repeti u.
E l ena conheci a aquel a voz monótona, conheci a aquel as bochechas braço-
gi z, os ol hos embranqueci dos . Bonni e es tava em trans e — e es tava s e
movendo. Devi a s er urgente.
— Damon — E l ena s us s urrou. — Se eu fal ar com el a, el a s ai rá do
trans e. Você pode perguntar tel epati camente para el a o que el a quer di zer?
Um momento mai s tarde el a ouvi u a proj eção de Damon:
O que é a Últi ma Mei a-Noi te? O que vai acontecer?
— É quando tudo começa. E tudo acabará em menos de uma hora. E ntão,
não haverá mai s mei as -noi tes .
Como é? Não haverá mai s mei as-noi tes?
— Não em Fel l ’s Church. Não s obrará ni nguém para vê-l os .
E quando i sso vai acontecer?
— Hoj e à noi te. As cri anças j á es tão prontas .
As cri anças?
Bonni e s i mpl es mente concordou, s eu ol har es tava di s tante.
Alg o vai acontecer comtodas as cri anças?
As pál pebras de Bonni e mei o que s e fecharam. E l a pareci a não ter
ouvi do a pergunta.
E l ena preci s ava s e s egurar em al guma coi s a. E de repente el a s e
s egurou. Damon havi a pas s ado por ci ma do col o de Bonni e e pego s ua mão.
B onni e, as cri anças farão alg uma coi sa à mei a-noi te? E l e perguntou. Os ol hos de
Bonni e s e fecharam e el a abai xou a cabeça.
— Temos que vol tar. Temos que i r à Fel l ’s Church. — E l ena di s s e, mal
s abendo o que el a es tava fazendo, s ol tou a mão de Damon e des ceu a es cada. O
Sol vermel ho envai deci do pareci a di ferente... M enor. E l a puxou a corti na e
quas e col i di u de frente com Stefan enquanto el e dava es paço para el a entrar.
— Stefan, Bonni e es tá em trans e e el a di s s e...
— E u s ei . E u es tava es cutando. E u nem pude s egurá-l a enquanto el a
s e l evantava. E l a s al tou em di reção à es cada e s ubi u como um es qui l o. O que
você acha que el a qui s di zer?
— Você s e l embra da experi ênci a fora do corpo que el a eu ti vemos ? Dando
uma es pi adi nha em Al ari c? É i s s o que vai acontecer à Fel l ’s Church. Todas as
cri anças , de uma vez s ó, à mei a-noi te… É por i s s o que temos que vol tar.
— Cal ma. Cal ma, amor. Lembra do que a Lady Ul ma di s s e? Quas e um
ano s e pas s ou por aqui , enquanto no nos s o mundo foram s omente al guns
di as .
E l ena hes i tou. E ra verdade, el a não podi a negar. Ai nda as s i m, el a
s enti a-s e tão fri a. Fi s i camente fri a, el a percebeu de repente, enquanto um
s opro de ar gel ado gi rava ao s eu redor, cortando s eu couro como um facão.
— Preci s amos de nos s as pel es . — E l ena arfou. — Devemos es tar perto
da rachadura.
E l es abai xaram as corti nas da l i tei ra, mantendo-os s eguros , e, em
s egui da, às pres s as , vas cul haram o armári o el egante que es tava na garupa do
thurg.
As pel es eram tão maci as que E l ena pôde col ocar duas com faci l i dade.
E l es fi caram aturdi dos com Damon entrando com Bonni e em s eus braços .
— E l a parou de fal ar. — E l e di s s e, e adi ci onou: — Quando vocês
es ti verem aqueci dos o bas tante, s ugi ro que vocês vão l á fora.
E l ena col ocou Bonni e embai xo de doi s bancos no i nteri or da l i tei ra e
empi l hou vári os cobertores s obre el a, prendendo-os em torno del a. E m
s egui da, E l ena s ubi u novamente.
Por um i ns tante el a s e s enti u cega. Não pel o Sol rí s pi do e avermel hado
— el es o dei xaram para trás depoi s de al gumas montanhas , no qual s e
trans formou em uma s afi ra cor ros a —, mas s i m pel o mundo branco.
Aparentemente i ntermi nável , uma brancura pl ana e i nexpres s i va s e
es tendeu di ante del a até que um nevoei ro obs cureceu o que quer que
es ti ves s e por detrás daqui l o.
— De acordo com a l enda, devemos s egui r para o Lago Prateado da M orte.
A voz de Damon di s s e por detrás de E l ena. E , ao l ongo de todo es s e fri o,
s ua voz era quente — quas e ami gável .
— Também conheci do como Lago do E s pel ho. M as eu não pos s o me
trans formar em um corvo para expl orar mai s adi ante. Al go es tá me i mpedi ndo.
E es s a névoa di ante de nós é i mpenetrável à s ondagem ps í qui ca.
E l ena i ns ti nti vamente ol hou ao s eu redor. Stefan ai nda es tava dentro da
l i tei ra, obvi amente ai nda cui dando de Bonni e.
— Você es tá procurando por um l ago? Como el e s e parece? Quer di zer, eu
deduzo o porquê de el e s er chamado de Prateado e Lago do E s pel ho. — E l a
di s s e. — M as e quanto à parte da “M orte”?
— Dragões aquáti cos . Pel o menos , é o que as pes s oas di zem... M as
quem j á es teve l á para contar a hi s tóri a? Damon ol hou para el a.
E l e tomou conta de Bonni e enquanto el a es tava em trans e, E l ena
pens ou. E fi nal mente el e es tá fal ando comi go.
— Dragões ... Aquáti cos ? — E l a perguntou para el e e fez com que s ua voz
fi cas s e ami gável , também. Como s e el es ti ves s em acabado de s e conhecer.
E l es es tavam recomeçando.
— E u mes mo s empre acredi tei no kronos auro. — Damon di s s e.
E l e es tava bem atrás del a agora; el a pôde s enti -l o bl oqueando o vento
gél i do... Não, mai s que i s s o. E l e es tava cri ando uma camada de cal or para que
el a fi cas s e dentro. A tremedei ra de E l ena parou. Pel a pri mei ra vez, el a s enti u
s er capaz de des cruzar os braços .
E então el a s enti u um par de braços fortes fechando-s e ao s eu redor, e o
cal or abruptamente fi cou i ntens o. Damon es tava parado atrás del a, abraçando-
a, e de repente el a es tava mui to quente mes mo.
— Damon — E l a começou, s em mui ta fi rmeza —, nós não podemos ...
— Há uma rocha aparecendo al i na frente. Ni nguém poderi a nos ver. —
O vampi ro atrás del a ofereceu, para a s urpres a abs ol uta de E l ena.
Uma s emana i ntei ra s em nem convers ar... E agora i sso.
— Damon, o cara dentro da l ei tei ra, bem atrás de nós , é meu...
— Prí nci pe? Você, então, não preci s a de um caval ei ro? — Damon res pi rou
i s s o di retamente em s eu ouvi do.
E l ena congel ou como uma es tátua. M as o que el e di s s e em s egui da
s acudi u s eu uni vers o i ntei ro.
— Você é como a hi s tóri a de Camel ot, s abi a? Só que aqui você é a rai nha,
pri nces a. Você s e cas ou com s eu prí nci pe não tão pareci do com os dos contos de
fadas , mas s egui u s eu caval ei ro, que s abi a mai s s obre s eus s egredos , el e te
chamou...
— E l e me forçou. — E l ena di s s e, vi rando-s e para encontrar di retamente
os ol hos es curos de Damon, mes mo quando s eu cérebro gri tava para dei xá-l o
i r. — E l e não es perou que eu ouvi s s e s ua propos ta. E l e s i mpl es mente...
Pegou o que el e queri a. Como trafi cantes de es cravos fazem. E u não s abi a como
l utar contra i s s o.
— Oh, não. Você l utou e l utou. Nunca vi uma humana l utar tanto. M as
mes mo enquanto você l utava, você s enti a meu coração chamando o s eu. Tente
negar i s s o.
— Damon... Por que agora… Tão de repente?
Damon fez um movi mento como s e fos s e s e afas tar, então vol tou.
— Porque amanhã podemos es tar mortos . — E l e di s s e s em rodei os . —
E u queri a que você s oubes s e o que eu s i nto por você antes de eu morrer... Ou
antes de você morrer.
— M as você não me di s s e uma pal avra s obre como você s e s ente s obre
mi m. Só s obre o que você pens a que eu s i nto s obre você. E des cul pe por eu ter
bati do em você no pri mei ro di a em que eu es ti ve aqui , mas ...
— Você foi magní fi ca. — Damon di s s e es candal os amente. — E s queça
i s s o agora. Sobre como eu me s i nto... Tal vez eu tenha a chance de mos trar-l he
al gum di a.
Al go des pertou dentro de E l ena: el es es tavam evi tando pal avras , as s i m
como el es fi zeram na pri mei ra vez em que s e conheceram.
— Al gum di a? Parece conveni ente. E por que não agora?
— O que quer di zer?
— E u tenho o hábi to de di zer coi s as s em s enti do?
E l a es tava es perando por al gum ti po de pedi do de des cul pas , al gumas
pal avras di tas de forma s i mpl es e s i ncera i guai s as que el a havi a fal ado para
el e. Ao i nvés di s s o, com uma del i cadeza extrema e s em ol har em vol ta para ver
s e al guém es tava ol hando para el es , Damon s egurou a s carf de E l ena, puxou
com os pol egares o l enço l ongo por debai xo dos l ábi os del a, e a bei j ou
s uavemente.
Suavemente — mas não de forma breve — e al go dentro de E l ena
conti nuava s us s urrando para el a que era óbvi o que el a havi a ouvi do s eu coração
l he chamando, des de a pri mei ra vez em que el a o vi u, des de a pri mei ra vez
que a aura del e chamou por el a. E l a não s abi a o que era aura naquel a época;
el a não acredi tava em auras . E l a não acredi tava em vampi ros . E l a havi a s i do
uma i di oti nha i gnorante...
Stefan! Uma voz pareci da com cri s tal s oou duas notas abai xo, em s eu
cérebro, e de repente el a foi capaz de s ai r dos braços de Damon e ol har para a
l i tei ra novamente.
Nenhum s i nal de movi mento por al i .
— E u tenho que vol tar. — E l a di s s e a Damon brus camente. — E u tenho
que s aber o que es tá acontecendo com Bonni e.
— Você quer di zer o que es tá acontecendo com Stefan. — E l e di s s e. —
Não é preci s o s e preocupar. E l e dormi u rapi damente, as s i m como nos s a
garoti nha.
E l ena fi cou tens a.
— Você os Infl uenci ou? Sem vê-l os ?
E ra um pal pi te, mas um l ado da boca de Damon s e entortou, como s e a
es ti ves s e parabeni zando.
— Como você s e atreve? — E l a di s s e.
— Para fal ar a verdade, eu não s ei bem como pude s er tão ous ado. Damon
i ncl i nou-s e novamente, mas E l ena s e es qui vou, pens ando: Stefan!
Ele não pode te ouvi r. Ele está sonhando comvocê.
E l ena fi cou s urpres a com s ua reação em rel ação a i s s o. Damon havi a
atraí do e prendi do os ol hos del a novamente. Al go dentro del a derreteu na
i ntens i dade de s eu fi rme ol har negro.
— Não es tou te Infl uenci ando. Dou mi nha pal avra. — Di s s e em um
s us s urro. — M as você não pode negar o que aconteceu entre nós da úl ti ma vez
em que es ti vemos nes ta di mens ão.
A res pi ração del e es tava s obre s eus l ábi os agora... E E l ena não des vi ou.
E l a tremi a.
— Por favor, Damon. Demons tre um pouco de res pei to. E s tou... Ai , Deus!
Meu Deus!
— E l ena? Elena! Elena! O que foi ?
Dói …
Is s o foi tudo que E l ena pôde pens ar. Uma terrí vel agoni a pas s ou através
de s eu pei to, do l ado es querdo. Como s e ti ves s e s i do apunhal ada no coração.
E l a s ufocou um gri to.
Elena, fale comi g o! Se você não conseg ue envi ar seus pensamentos, fale!
Através de s eus l ábi os dormentes , E l ena di s s e:
— Dor... Ataque cardí aco...
— Você é j ovem e s audável demai s para i s s o. Dei xe-me checar.
Damon foi ti rando s ua bl us a. E l ena dei xou. E l a não podi a fazer nada por
s i mes ma, exceto arfar:
— Ai , meu Deus! Isso dói !
As mãos quentes de Damon es tavam dentro do couro das pel es . A mão
del e des cans ou em um ponto à es querda, com s omente a cami s ol a del a
fi cando entre as mãos del e e s ua carne.
Elena, eu vou ti rar sua dor. Confi e emmi m.
E nquanto fal ava, a angús ti a do es faqueamento foi drenada. Os ol hos de
Damon s e es trei taram, e E l ena s abi a que el e ti nha tomado a dor para s i
mes mo, para anal i s á-l a.
— Não é um ataque cardí aco — E l e di s s e um momento mai s tarde. —
E s tou certo di s to. E s tá mai s para... Bem, como s e você ti ves s e l evado uma
es taca no coração. M as i s s o é bobagem. H’mm... Foi embora.
Para E l ena, a dor havi a i do embora no momento que el e havi a ti rado
del a, protegendo-a.
— Obri gada. — E l a res pi rou, de repente percebendo que el a havi a s e
agarrado a el e, em terror abs ol uto de que es ti ves s e morrendo. Ou de que el e
es tava.
E l e deu a el a um s orri s o raro, compl eto e genuí no.
— Ambos es tamos bem. Deve ter s i do uma câi mbra. — Seu ol har cai u
para s eus l ábi os . — E u mereço um bei j o?
— E u...
E l e havi a l he dado conforto; havi a ti rado s ua dor terrí vel . Como el a
poderi a di zer não?
— Só um. — E l a s us s urrou.
Uma mão s obre s eu quei xo. Suas pál pebras queri am s e fechar, mas el a
arregal ou os ol hos e não s e dei xou l evar. E nquanto os l ábi os del e tocavam os
del a, o braço del e fi cou ao s eu redor... De uma forma di ferente. E l e não es tava
mai s tentando contê-l a. Pareci a es tar querendo confortá-l a. E quando s ua outra
mão acari ci ou s eus cabel os , s uavemente nas pontas , apertando as ondas
genti l mente e del i cadamente al i s ando-as , E l ena s enti u uma onda de tremor.
Damon não es tava tentando abatê-l a del i beradamente com s ua aura, que
no momento es tava preenchi da com s eus s enti mentos por el a. O s i mpl es fato,
porém, era que el e era um vampi ro recém-cri ado, era excepci onal mente forte e
s abi a todos os truques de um experi ente. E l ena s enti u como s e es ti ves s e
pi s ando em águas cal mas e cl aras , s ó para então encontrar-s e pres a em uma
correnteza vi ol enta, s em haver nenhuma res i s tênci a, s em negoci ação e, s em
dúvi da al guma, s em pos s i bi l i dade de s e chegar à razão. E l a não teve es col ha
a não s er s e render a i s to e es perar que i s s o a l evas s e, eventual mente, a um
l ugar onde el a pudes s e res pi rar e vi ver. Cas o contrári o, el a i ri a s e afogar...
M as até mes mo es s a pos s i bi l i dade não pareci a s er tão terrí vel , agora que el a
podi a ver que a maré era fei ta de uma corrente bri l hante i gual a pérol as . E m
cada uma del as havi a um pequeno bri l ho de admi ração que Damon ti nha por
el a: pérol as de s ua coragem, pel a s ua i ntel i gênci a, pel a s ua bel eza. Pareci a
que não houvera nenhum movi mento que el a fi zera, nenhuma breve pal avra
que el a di s s era, que el e não houves s e notado e trancado em s eu coração como
um tes ouro.
Mas esti vemos bri g ando desde então, E l ena pens ou para el e, vendo na
correnteza um momento bri l hante de quando el a havi a di s cuti do com el e.
Si m... Eu di sse que você estava mag ní fi ca quando fi cou nervosa. Como uma deusa ao vi r
colocar o mundo nos ei xos.
Eu quero mesmo colocar o mundo nos ei xos. Não, os doi s mundos: a Di mensão das Trevas e o meu
mundo. Mas eu não sou uma deusa.
De repente, el a percebeu aqui l o s uti l mente. E l a era uma garota que não
havi a s equer concl uí do o ens i no médi o — e, em parte, por caus a da pes s oa
que el a es tava bei j ando l oucamente agora.
Oh, pense no que você está aprendendo nesta vi ag em! Coi sas que ni ng uémno uni verso sabe,
Damon di s s e em s ua mente.
Ag ora, preste atenção no que você está fazendo!
E l ena pres tou atenção, não porque Damon queri a, mas porque el a não
pôde evi tar. Seus ol hos s e fecharam. E l a percebeu que a manei ra de acal mar
aquel e turbi l hão de ondas havi a s e tornado parte del a, s em ceder ou forçar
Damon a fazer i s s o, mas fazendo com que el a fos s e de encontro à pai xão que
es tava na maré que es tava dentro de s eu própri o coração.
As s i m como el a, a maré s e fi cou s el vagem, e el a es tava voando e não s e
afogando. Não, era mel hor que voar, mel hor que dançar; era o que o s eu
coração s empre des ej ou. Um l ugar al to onde nada poderi a prej udi cá-l os ou
perturbá-l os .
E então, quando el a es tava mai s vul nerável , a dor vei o novamente,
perfurando s eu pei to, um pouco para a es querda. Des ta vez, Damon es tava tão
l i gado à E l ena que el e s enti u des de o começo. E el a pôde ouvi r cl aramente a
fras e na mente de Damon: estaqueamento é tão efi caz em humano quanto em vampi ros, e
então o s eu medo s úbi to de que i s s o pudes s e s er uma premoni ção.
***
***
O cami nho era es trei to... E nevoento. Tal como antes , el e começou como
um véu trans parente, cegando-os l ogo em s egui da. E l a dei xou Stefan, com
s eus refl exos fel i nos , i r à frente, e el a conti nuou carregando s ua mochi l a.
Bonni e s e agarrou a el a com um carrapi cho. Quando E l ena achava que el a i a
gri tar cas o ti ves s e que conti nuar vi aj ando naquel e cobertor branco, el e s e
di s s i pou. E l es es tavam próxi mos a uma montanha.
E l ena s ai u em di s parada l ogo depoi s de Bonni e, que s e apres s ou com a
vi s ão do ar trans parente. E l a foi rápi da o s ufi ci ente para agarrar-s e na
mochi l a da Bonni e e puxá-l a para trás , quando el a chegou ao l ugar onde a
terra termi nava.
— Nem pensar! — Bonni e gri tou, cri ando um eco l ogo abai xo. — Não tem
como eu atraves s ar i sso aqui !
Isso aqui era um abi s mo com uma ponte mui to fi na abrangendo-o.
O abi s mo era cons ti tuí do por um branco gél i do no topo, mas quando
E l ena s e agarrou nos pól os de metal da ponte gel ada e s e i ncl i nou um pouco
para frente, el a pôde ver as cores azui s e verdes gl aci ai s no fundo. Um vento
fri o ati ngi u s eu ros to.
A di s tânci a entre es te pedaço de mundo e próxi mo l ogo na frente del es
era de cerca de cem metros de compri mento.
E l ena ol hou das profundezas s ombri as para a ponte fi na, que era fei ta
de madei ra e apenas l arga o s ufi ci ente para que uma pes s oa pudes s e
cami nhar. E ra apoi ada aqui e al i por cordas que corri am pel o abi s mo e pregado
com pi nos metál i cos es térei s e gel ado no chão.
E la também mergul hava magni fi camente e depoi s se ergui a
novamente. Só mes mo de ol har pareci a um mi ni pas s ei o de montanha-rus s a
de pura emoção. O úni co probl ema era que não i ncl uí a um ci nto de s egurança,
um as s ento, doi s tri l hos e um gui a di zendo: “M antenham mãos e pés dentro
do bri nquedo tempo todo!” Havi a uma fi na e úni ca corda, fei ta de teci do de
trepadei ra para s e s egurar do l ado es querdo.
— Ol ha — Stefan es tava di zendo, tão cal ma e atentamente como E l ena
j amai s ti nha ouvi do —, podemos nos s egurar um nos outros . Podemos i r um
atrás do outro, bem devagar...
— NÃÃO! — Bonni e di s s e em gri to ps í qui co que quas e ati ngi u E l ena.
— Não, não, não, não, NÃO! Vocês não entendem! Eu não posso FAZER ISSO!
Bonni e j ogou s ua mochi l a no chão.
E ntão el a começou a ri r e a chorar ao mes mo tempo, em um ataque
perfei to de hi s teri a. E l ena teve o i mpul s o de j ogar água em s eu ros to. E l a teve
um forte i mpul s o de s e l ançar para o l ado de Bonni e e gri tar:
— Nem eu pos s o! É mal uqui ce! M as que mal poderi a fazer?
Poucos mi nutos , Damon es tava fal ando bai xi nho com Bonni e, s em s er
afetado por s ua expres s ão. Stefan es tava andando em cí rcul os . E l ena es tava
tentando pens ar em um Pl ano A, enquanto uma vozi nha cantava dentro de s ua
cabeça:
Você não pode fazer i sso, não pode fazer i sso, não pode fazer i sso também.
Aqui l o era s ó uma fobi a. E l es podi am fazer com que Bonni e a perdes s e...
Cas o, di gamos , el es ti ves s em um ano ou doi s . Stefan, em uma de s uas
pas s adas ci rcul ares próxi mo a el a, di s s e:
— Você tem medo de al tura, amor?
E l ena deci di u encarar i s s o com uma expres s ão coraj os a.
— Não s ei . Acho que pos s o fazer i s s o. Stefan pareci a s ati s fei to.
— Para s al var a s ua ci dade.
— Si m... É uma pena que nada funci one aqui . E u poderi a tentar us ar
mi nhas As as Voadoras , mas não cons i go control á-l as ...
E esse ti po de mag i a não está di sponí vel aqui , a voz de Stefan di s s e em s ua mente.
Mas telepati a está. Você pode me ouvi r, também, não pode?
E l es pens aram na mes ma res pos ta ao mes mo tempo, e E l ena vi u a
i dei a del e s e mos trando em s eu ros to, quando el a começou a fal ar.
— Influenci e a Bonni e! Faça-a pens ar que el a é uma equi l i bri s ta... Uma
arti s ta, des de que el a era uma bebê. M as não faça com que el a s ej a mui to
bri ncal hona, ou então el a nos derrubará!
Com aquel a l uz em s eu ros to, Stefan pareci a... Fel i z. E l e s egurou ambas
as mãos de E l ena, gi rou-a no ar como s e el a não pes as s e nada e a bei j ou.
E a bei j ou.
E a bei j ou até que E l ena s enti u s ua al ma s ai ndo pel a ponta de s eus
dedos .
E l es não devi am ter fei to i s s o na frente de Damon. M as a eufori a de
E l ena es tava nubl ando s eu j ul gamento, e el a não pôde s e control ar.
Nenhum del es ti nha tentado fazer uma s ondagem mai s profunda na
mente. M as tel epati a era tudo que l hes ti nha s obrado, e aqui l o era tão
del i ci os o e maravi l hos o que fez com que conti nuas s em abraçados , ri ndo,
ofegando... Com a el etri ci dade i ntermi tente entre el es .
Todo o corpo de E l ena s e s enti u como s e el a ti ves s e acabado de l evar um
choque cons i derável .
E ntão el a s ai u de s eus braços , mas j á era tarde demai s . O ol har que
parti l haram j á havi a s umi do há mui to tempo, e E l ena s enti u s eu coração
bater de medo. E l a pôde s enti r os ol hos de Damon s obre el a.
E l a mal cons egui u s us s urrar:
— Você vai contar a el es ?
— Si m — Stefan di s s e del i cadamente. — Di rei a el es .
M as el e não s e moveu até que el a vi rou-s e de vol ta para Bonni e e
Damon. Depoi s di s s o, el a fi cou es pi ando por s obre s eu ombro e ouvi ndo.
Stefan s entou-s e próxi mo à garota chorona e di s s e:
— Bonni e, você pode ol har para mi m? Is s o é tudo que eu quero. E u te
prometo, você não tem que atraves s ar aquel a ponte s e você não qui s er. Você
nem ao menos preci s a parar de chorar, mas tente ol har nos meus ol hos . Você
pode fazer i s s o? Que bom. Agora…
Sua voz, e até mes mo s eu ros to, mudou s uti l mente, tornando-s e mai s
forte… M ai s hi pnoti zante.
— Você não tem medo de al tura, ok? Você é uma acrobata que poderi a
andar por uma corda bamba s obre o Grand Canyon s em que um fi o de s eu
cabel o s aí s s e do l ugar. Você é a mel hor de toda a s ua famí l i a, Os M cCul l ough
Voadores , e eles s ão os mel hores do mundo. E nes te i ns tante, você vai es col her
s e quer atraves s ar a ponte de madei ra. Se s i m, você vai nos l i derar. Será nos s a
l í der.
Bem devagar, enquanto ouvi a a Stefan, o ros to de Bonni e mudou.
Com os ol hos i nchados fi xados em Stefan, el a pareci a es tar ouvi ndo
atentamente a al go em s ua própri a cabeça. E fi nal mente, quando Stefan di s s e
a úl ti ma fras e, el a ergueu-s e num pul o e ol hou para a ponte.
— Ok, vamos nes s a! — E l a gri tou, pegando s ua mochi l a enquanto
E l ena, s entada, ol hava para el a.
— Você pode fazer i s s o? — Stefan perguntou, ol hando pra E l ena. — Nós a
dei xaremos i r à frente... Não há como el a cai r. E u i rei l ogo em s egui da. E l ena
pode vi r atrás de mi m e agarrar-s e em mi nha ci ntura, e conto com você,
Damon, para s egurá-l a. E s peci al mente s e el a começar a des mai ar.
— E u a s egurarei . — Damon di s s e qui etamente.
E l ena queri a pedi r a Stefan que a Infl uenci as s e, também, mas tudo
es tava acontecendo rápi do demai s . Bonni e j á es tava na ponte, s ó parando
quando fora chamada por Stefan. Stefan es tava ol hando para trás , para E l ena,
di zendo:
— Será que você pode s e s egurar bem forte em mi m?
Damon es tava atrás de E l ena, col ocando uma mão forte s obre s eu ombro,
e di zendo:
— Ol he s empre para frente, não para bai xo. Não s e preocupe em
des mai ar, eu te s egurarei .
M as a ponte de madei ra era mui to frági l , e E l ena des cobri u que el a
s empre es tava ol hando para bai xo e que s eu es tômago fl utuava para fora de
s eu corpo, aci ma de s ua cabeça.
E l a deu um aperto mortal na ci ntura de Stefan com uma mão, col ocando a
outra na corda com teci do de trepadei ra. E l es chegaram a um l ugar onde uma
ri pa havi a s e s ol tado e as outras pareci am que i ri am cai r a qual quer momento.
— Cui dado aqui ! — Bonni e di s s e, ri ndo e pul ando s obre três ri pas .
Stefan col ocou o ul trapas s ou a ri pa que fal tava, col ocando o pé na próxi ma.
Crack!
E l ena não gri tou... E l a es tava al ém de qual quer gri to. E l a não pôde
ol har. O s om havi a fei to com que el a fechas s e os ol hos .
E el a não pôde s e mover. Nem um mi l í metro. E certamente nem um
centí metro. E l a s enti u os braços de Damon ao redor de s ua ci ntura. Ambos . E l a
queri a dei xá-l o s uportar s eu pes o, as s i m como el e fi zera al gumas vezes
anteri ormente.
M as Damon es tava s us s urrando para el a, pal avras que pareci am
fei ti ços que fi zeram com que s uas pernas paras s em de tremer, que s uas
dores s umi s s em e que el a paras s e de res pi rar tão rapi damente, como s e
es ti ves s e a ponto de des mai ar.
E então el e a es tava s ol tando, e os braços de Stefan es tavam ao s eu redor,
e por um momento ambos es tavam s egurando-a com fi rmeza. E m s egui da,
Stefan a ergueu e genti l mente col ocou s eus pés em ri pas fi rmes .
E l ena queri a s ubi r em ci ma del e como um coal a, mas el a s abi a que el a
não devi a fazer i s s o. E l a fari a ambos caí rem. E ntão, de al guma forma, de um
l ugar em s eu i nteri or que el a não s abi a pos s ui r, el a encontrou coragem para
equi l i brar-s e s obre s eus própri os pés e s e atrapal hou ao s egurar na
trepadei ra.
E ntão el a ergueu s ua cabeça e s us s urrou o mai s al to que pôde:
— Si gam em frente. Preci s amos dar es paço a Damon.
— Si m — Stefan s us s urrou de vol ta.
M as el e a bei j ou na tes ta, um bei j o rápi do e protetor, antes de s e vi rar e
i r em di reção a uma Bonni e i mpaci ente. Atrás del a, E l ena ouvi u — e s enti u
— Damon pul ando como s e fos s e um fel i no s obre o buraco.
E l ena ergueu s eus ol hos e encarou novamente as cos tas da cabeça de
Stefan. E l a não pôde compreender todas as emoções que es tava s enti ndo
naquel e momento: amor, terror, admi ração, entus i as mo... E , é cl aro, grati dão,
tudo ao mes mo tempo. E l a não ous ava vi rar s ua cabeça para ol har para Damon
atrás del a, mas el a s enti a exatamente as mes mas coi s as por ele.
— Só mai s al guns pas s os — E l e conti nuou. — Só mai s al guns pas s os .
Uma breve eterni dade depoi s , el es es tavam em terra fi rme, de frente
para uma caverna de tamanho médi o, e E l ena cai u de j oel hos . E l a es tava
doente e fraca, mas el a tentou agradecer a Damon quando el e pas s ou por el a
na tri l ha da montanha de neve.
— Você es tava no meu cami nho — E l e di s s e bem devagar e tão fri o
quanto o vento. — Se você ti ves s e caí do, você poderi a ter vi rado a ponte i ntei ra. E
não es tou com vontade de morrer hoj e.
— O que você es tá di zendo a el a? O que você di s s e? — Stefan, que es tava
l onge do al cance de voz, vol tou correndo. — O que el e di s s e para você?
Damon, exami nando a pal ma de s ua mão à procura de es pi nhos da
trepadei ra, di s s e s em ol har para ci ma:
— E u l he di s s e a verdade, s ó i s s o. Até agora, el a s ó fez bes tei ra nes ta
bus ca. Vamos torcer para que você cons i ga entrar na Cas a de Portai s , s e
s obrevi ver, porque s e el es es ti verem aval i ando nos s o des empenho, nós
s eremos reprovados . Ou devo di zer, um de nós s erá?
— Cale a boca ou eu farei i sso por você — Stefan di s s e em uma voz di ferente que
E l ena nunca o ouvi ra us ar antes . E l a o encarou. E ra como s e el e ti ves s e
envel heci do dez anos em um s egundo.
— Nunca mai s fal e com el a, ou s obre el a, des s e j ei to, Damon!
Damon o encarou por um momento, as pupi l as contraí das . E ntão el e
di s s e “Tanto faz” e s egui u em frente. Stefan abai xou para abraçar E l ena até
que el a paras s e de tremer.
E ntão é i s s o, E l ena pens ou.
Uma rai va gél i da a tomou. Damon não ti nha nenhum res pei to por el a;
el e não ti nha por ni nguém al ém del e mes mo. E l a não podi a proteger Bonni e
de s eus própri os s enti mentos — ou i mpedi -l o de i ns ul tá-l a. E l a não podi a
i mpedi r que Bonni e o perdoas s e. M as el a, E l ena, es tava farta de Damon.
E s s e úl ti mo i ns ul to fora a gota d’água.
A névoa vol tou enquanto el es andavam pel a caverna.
32
— Damon não pretendi a s er tão... Tão i di ota — Bonni e di s s e
expl os i vamente. — E l e s ó... Sente como s e fôs s emos nós três contra el e... E …
E…
— Bem, quem começou i s s o? Is s o acontece des de a cami nhada nos
thurgs — Stefan di s s e.
— E u s ei , mas há al go mai s — Bonni e di s s e humi l demente. — Já que
s ó tem neve, pedra e gel o... E l e... E u não s ei . E l e s e s ente pres o. Tem al go
errado.
— E l e es tá com fome — E l a di s s e, ati ngi da por uma s úbi ta percepção.
Des de cami nhada nos thurgs que não havi a nada para os vampi ros
caçarem. Não exi s ti a nada, nem rapos as , i ns etos ou ratos . É cl aro, Lady Ul ma
havi a forneci do bas tante Bl ack M agi c para el e, a úni ca coi s a que pareci a s er o
s ubs ti tuto para o s angue.
M as s ua quanti dade foi di mi nui ndo e, é cl aro, el es ti nham que pens ar
na vi agem de vol ta, também. De repente E l ena s abi a o que fari a bem para el a.
— Stefan — E l a murmurou, puxando-o para um canto da pedra rochos a
da entrada da caverna. E l a ti rou o capuz e des enrol ou a s carf o s ufi ci ente para
expor um l ado de s eu pes coço.
— Não me faça di zer “por favor” tantas vezes — E l a s us s urrou para el e.
— Não pos s o es perar mai s .
Stefan ol hou em s eus ol hos e vi u que el a es tava fal ando s éri o —
determi nada — e então bei j ou uma de s uas mãos enl uvadas .
— Já faz um bom tempo, eu acho... Não, tenho certeza, ou eu nunca
acei tari a uma coi s a como es ta — E l e s us s urrou.
E l ena i ncl i nou s ua cabeça para trás . Stefan fi cou entre el a e o vento, e
el a es tava quas e aqueci da. E l a s enti u uma dorzi nha i ni ci al e então Stefan
es tava bebendo, s uas mentes s e j untaram como duas gotas de chuva s obre
uma j anel a de vi dro.
E l e tomou s ó um pouqui nho de s angue. O s ufi ci ente para fazer a
di ferença em s eus ol hos , i ndo de um verde-pi s ci na es pumante para um
córrego eferves cente.
M as então, s eu ol har paral i s ou-s e novamente.
— Damon... — E l e di s s e, e parou des aj ei tadamente.
O que E l ena poderi a di zer? Que el a s i mpl es mente havi a cortado s uas
rel ações com el e? E ra para el es s e aj udarem mutuamente, ao l ongo des te
des afi o; para mos trarem s uas i ntel i gênci as e coragens . Se el a des s e para
trás , el a fal hari a novamente?
— M ande-o aqui rapi damente — E l a di s s e. — Antes que eu mude de
i dei a.
Ci nco mi nutos depoi s , E l ena es tava novamente naquel e canti nho,
enquanto Damon vi rava s ua cabeça para frente e para trás com uma preci s ão
des apai xonada, de repente di s parando para frente e afundando s eus dentes
em uma vei a proemi nente. E l ena s enti u s eus ol hos s e al argarem.
Uma mordi da que does s e tanto... Bem, el a j á não experi mentava i s s o
des de os di as em que el a era burra e des preparada e havi a l utado com todas as
s uas forças para s e l i bertar.
Quando a mente de Damon, havi a uma parede de aço. Já que el a ti nha
de fazer aqui l o, el a ti nha es peranças de ver o meni no que vi vi a no í nti mo da
al ma de Damon, o Protetor de todas as s uas vontades e s egredos , mas el a não
pôde nem ao menos derreter aquel e aço.
Depoi s de um mi nuto ou doi s , Stefan puxou Damon para l onge del a...
Sem del i cadeza. Damon s e afas tou emburrado, l i mpando s ua boca.
— Você es tá bem? — Bonni e perguntou em um s us s urro preocupante,
enquanto E l ena vas cul hava a cai xa de medi camentos de Lady Ul ma, à procura
de uma gaze para es tancar as feri das não ci catri zadas em s eu pes coço.
— Já es ti ve mel hor — E l ena di s s e brevemente, enquanto el a enrol ava
s ua s carf novamente. Bonni e s us pi rou.
— M eredi th é quem verdadei ramente devi a es tar aqui — E l a di s s e.
— Si m, mas M eredi th deve fi car em Fel l ’s Church, também. Só es pero
que el es cons i gam s egurar as pontas até que nós vol temos .
— Só es pero que vol temos com al go que pos s a aj udá-l os — Bonni e
s us s urrou.
***
***
A Corte Cel es ti al era... Cel es ti al . Branco perol ado com um toque de azul .
M i narete. Havi a uma l onga di s tânci a des de o portão fortemente guardado —
onde E l ena vi u um tercei ro ti po de Guardi ã, uma com um cabel o vermel ho
curto e i ncl i nado, com ol hos verdes penetrantes — até o pal áci o real , que
pareci a abranger uma ci dade i ntei ra.
M as foi quando o grupo de E l ena foi gui ado para a s al a do trono é que o
choque cul tural real mente bateu. E ra bem grande e bem mai s gl amoros o do
que qual quer outra s al a que E l ena j á i magi nara. Nenhum bai l e de gal a na
Di mens ão das Trevas poderi a tê-l a preparado para i s s o. O teto da catedral
pareci a s er fei to i ntei ramente de ouro, as s i m como a dupl a l i nha de col unas
que marchavam verti cal mente no chão.
O pi s o em s i era de mal aqui ta model adamente i ntri cada com ouro e
l ápi s -l azúl i , o ouro us ado, aparentemente, como ci mentação — fei to por mãos
habi l i dos as . As três fontes douradas no mei o da s al a ( a do mei o era a mai or e
mai s el aborada) j ogava ao ar não água, mas pétal as de fl ores del i cadamente
perfumadas que bri l havam como s e fos s em di amantes ao chegar a s eu ápi ce,
fl utuando para bai xo l ogo em s egui da. Vi trai s em cores bri l hantes que E l ena
não s e l embrava de ter vi s to antes j ogava l uzes de arco-í ri s em todas as
paredes , como s e fos s em bênçãos , dando cal or nas formas gravadas em ouro.
Sage, E l ena, Stefan e Bonni e es tavam s entados em pequenas cadei ras
confortávei s a poucos metros de um grande tabl ado, coberto com um pano
fantas ti camente teci do a ouro. Os tes ouros es tavam es pal hados na frente
del es , enquanto as s i s tentes ves ti dos de azul e ouro l evavam os obj etos , um a
um, até as três comandantes do fundo.
As governantas eram compos tas por um de cada grupo dos Guardi ões —
l oi ra, morena, rui va. Seus l ugares na tri buna as s eguravam que el as es tavam
di s tantes — bem aci ma — de s eus peti ci onári os . M as com o Poder envi ado
para s eus ol hos , E l ena pôde ver perfei tamente bem que cada uma s e s entara
em um trono de j oi as de ouro requi ntado. E l as es tavam fal ando bai xi nho,
j untas , admi rando a fl or Radhi ka Real — que era um del fí ni o azul no
momento. E ntão, a mai s morena s orri u e envi ou uma de s uas as s i s tentes
atrás de um vas o com terra para que a pl anta s obrevi ves s e.
E l ena ol hou l i gei ramente para os outros tes ouros . Um gal ão de água da
Fonte da E terna Juventude e Vi da. Sei s garrafas de vi nho Bl ack M agi c e
pequenas uvas ao s eu redor. Um arco-í ri s res pl andecente di s putava com os
vi trai s em cores bri l hantes , al guns brutos , al guns j á l api dados e pol i dos ,
mas a mai ori a del es não era s ó facetada, mas s i m es cul pi das a mão com
i ns cri ções mi s teri os as de ouro ou prata.
Havi a duas cai xas pretas e grandes , forradas com vel udo e com ci l i ndros
de papi ro ou papel dentro del as , uma com uma ros a negra dei tada ao s eu l ado;
e outra com um s pray col ori do. E l ena s abi a o que eram aquel es documentos
amarel ados com s el os de cera: as ações para os campos de ros as negras e para
o paraí s o ki ts une.
Quando você vi a os tes ouros j untos daquel e j ei to, pareci am s er coi s as
demai s , E l ena pens ou. Qual quer obj eto dos Sete… Não, agora eram Sei s …
Tes ouros Ki ts une eram o bas tante para s e comerci al i zar.
Um gal ho da Radhi ka Real , que agora es tava s endo trazi da de vol ta,
( uma l arks pur ros a que es tava s e trans formando em uma orquí dea branca)
col ocada devi damente em um novo vas o, era i mens uravel mente preci os o. Havi a
uma úni ca ros a negra avel udada, com um Poder de s egurar a mai s poderos a
das magi as .
Uma j oi a do tes ouro da caverna de mi neração, tal vez um di amante com o
dupl o tamanho de um pul s o que fari am a Grande E s trel a da Áfri ca e o
Jubi l eu de Ouro pas s ar vergonha. Um di a no paraí s o ki ts une, onde um di a
poderi a parecer uma vi da i ntei ra. Uma gota da água eferves cente que fari a um
humano vi ver tanto quanto o mai s vel ho dos Anti gos ...
É cl aro, devi a haver também a mai or E s fera E s tel ar j á vi s ta, chei a de
Poder mí s ti co, mas E l ena ti nha es perança de que os Guardi ões não
reparas s em ni s s o.
E s perança? E l a s e perguntou e s acudi u a cabeça, fazendo com que
Bonni e apertas s e s ua mão l evemente. Nada de es perança. E l a não ous ava ter
es perança. Nem uma gota.
Autro as s i s tente, rui va, deu-l hes um ol har es verdeado e gel ado,
pegando o gal ão de água de pl ás ti co que di zi a Ág ua do Setor 3 no rótul o. Sage
rugi u quando el a s ai u.
— Qu’est-ce qui lui prend? Quer di zer, qual o probl ema del a? E u gos to da água
do s etor dos vampi ros . E u não gos to daquel e l i xo de água do M undo Inferi or.
E l ena j á havi a des coberto o códi go de cor para os Guardi ões .
As l oi ras eram aquel as que mexi am nos negóci os , i mpaci entes s omente
com atras os . As morenas eram as genti s — tal vez houves s e menos trabal ho
para el as fazerem aqui no M undo Inferi or. As rui vas dos ol hos verdes eram
s i mpl es mente as megeras . Infel i zmente, a j ovem no trono do centro, l á em
ci ma do tabl ado, era rui va.
— Bonni e? — E l a s us s urrou.
Bonni e teve que engol i r e fungar antes que pudes s e fal ar.
— Si m?
— E u j á te fal ei o quanto eu adoro s eus ol hos ?
Bonni e fi cou encarando-a por um bom tempo com s eus ol hos cas tanhos
antes de começar a tremer de tanto ri r. Pel o menos aqui l o começou como uma
ri s ada, e então Bonni e enfi ou a cabeça no ombro de E l ena e s i mpl es mente
fi cou tremendo.
Stefan apertou a mão de E l ena.
— E l a tentou tanto... Por você. E l a… E l a o amava também, entenda. E u
nem s abi a. E u acho... E u acho que es ti ve cego de ambos os l ados .
E l e pas s ou a mão l i vre pel o cabel o j á des penteado. E l e pareci a mui to
j ovem, como s e fos s e um meni no que ti nha s i do s ubi tamente puni do por fazer
al go que não fora i nformado que era errado. E l ena s e l embrou del e no qui ntal
da pens ão, com el a dançando com s eus pés em ci ma dos del e, e depoi s no
quarto no s ótão, com el e bei j ando s uas mãos , os nós de s eus dedos dol ori dos
depoi s de tantas martel adas , s eus pul s os . E l a queri a di zer a el e que tudo
fi cari a bem, que o ri s o vol tari a para os s eus ol hos , mas el a não podi a aguentar
em menti r para el e.
De repente E l ena s enti u como s e fos s e uma mul her mui to, mui to
vel ha, que podi a ouvi r e ver bem vagamente, que cada movi mento l he caus ava
um dor terrí vel e que s enti a um fri o por dentro. Todas as s uas arti cul ações e
os s os es tavam cobertos de gel o.
Fi nal mente, quando todos os tes ouros , i ncl ui ndo a Chave M es tra
bri l hante com di amantes , foram l evados até as mul heres s obre os tronos para
s erem manus eados , pes ados , exami nados e di s cuti dos , s egui do com uma
ol hadel a cal oros a da mul her com pel e morena chegando até o grupo de E l ena.
— A Sentença de vocês foi deci di da. E — E l a adi ci onou em uma voz tão
s uave quanto o gol pe de uma l i bél ul a — el as es tão bas tante i mpres s i onadas .
Is s o não acontece com mui ta frequênci a. Fal em mans amente e mantenham
s uas cabeças para bai xo e acho que vocês terão s eus des ej os mai s profundos
real i zados .
Al go dentro de E l ena deu um s al to que a teri a fei to agarrar a túni ca de
uma das as s i s tentes , mas , fel i zmente, Stefan a ti nha dentro de um abraço de
ferro. A cabeça de Bonni e s ai u do ombro de E l ena, e E l ena teve que conter-s e.
E l es cami nharam, o retrato da humi l dade, até onde quatro al mofadas
vermel has bri l havam contra o teci do dourado do chão. Certa vez, E l ena teri a s e
recus ado a s e humi l har des s e j ei to. Agora, el a es tava agradeci da por ter um
l ugar maci o para des cans ar s eus j oel hos .
As s i m tão perto, el a pôde ver que as governantas us avam um col ar de
metal , no qual uma úni ca pedra es tava pendurada s obre a tes ta de cada uma.
— Nós cons i deramos o s eu pedi do — A morena di s s e, s eu di adema de
ouro branco com pi ngente de di amante ofus cava E l ena com al fi netadas de
l i l ás , vermel ho e azul mari nho.
— Oh, s i m — E l a adi ci onou, ri ndo. — Nós s abemos o que vocês
querem. Até mes mo um Guardi ão de rua teri a que s er bem rui m em s eu
trabal ho para não s aber. Vocês querem que s ua ci dade s ej a... Renovada. As
cas as quei madas recons truí das . As ví ti mas da pes te mal ach recri adas , com
s uas al mas de vol ta ao normal , e s uas memóri as ...
— M as , pri mei ro — Interrompeu a l oi ra, acenando com a mão —, nós
não temos as s untos para tratar? E s s a garota... E l ena Gi l bert... Não pode s er
qual i fi cada como porta-voz do grupo. Se el a s e tornar uma Guardi ã, el a não
pertence aos peti ci onári os .
A rui va s acudi u a cabeça como uma potranca i mpaci ente, fazendo com
que o ouro ros a de s ua di adema pi s cas s e, e s eus rubi s bri l has s em.
— Oh, vai em frente então, Ryannen. Se o s eu ní vel de recrutamento é
modes to...
A l oi ra encarregada dos negóci os i gnorou i s s o, mas i ncl i nou-s e, al guns
de s eus cabel os reti do atrás de s eu ros to devi do ao pi ngente de s afi ra.
— Que tal , E l ena? E u s ei que nos s o pri mei ro encontro foi ... Infel i z. Você
tem que acredi tar que eu s i nto mui to por i s s o. M as você es tava i ndo bem em
s e tornar uma Guardi ã compl eta quando ti vemos ordens de Lá de Ci ma para
dar-l he um corpo novo, as s i m você poderi a pegar s ua vi da humana novamente.
— Vocês fi zeram i s s o? É cl aro que fi zeram — A voz de E l ena es tava
bai xa, s uave e l i s onj ei ra. — Vocês podem fazer tudo. M as ... Nos s o pri mei ro
encontro? E u não me l embro...
— Você era j ovem demai s , e você vi u s ó um fl as h do nos s o carro aéreo
enquanto el e pas s ava pel o veí cul o de s eus pai s . E ra para s er um pequeno
aci dente com s ó uma ví ti ma... Você. M as , ao i nvés di s s o...
As mãos de Bonni e voaram até s ua boca. E l a es tava entendendo al go que
E l ena não entendi a. O “veí cul o” dos s eus pai s ...? A úl ti ma vez que di ri gi ra com
s eu pai e s ua mãe... E a pequena M argaret... Fora no di a do aci dente. No di a
em que el a havi a di s traí do s eu pai , que es tava di ri gi ndo…
— Olha, papai ! Vej a esse li ndo carr… E então houve o i mpacto.
E l ena s e es queceu de s er humi l de e de manter a cabeça bai xa. Na
verdade, el a a l evantou, encontrando ol hos azui s s al pi cados de dourado mui to
pareci dos com os del a. Seu própri o ol har, el a s abi a, era penetrante e duro.
— Vocês ... Matarammeus pai s? — E l a s us s urrou.
— Não, não! — A morena gri tou. — Foi uma operação que fal hou.
Tí nhamos que i nteragi r com a di mens ão da Terra s omente por al guns
mi nutos . M as , i nes peradamente, s eu tal ento afl orou. Você vi u o nos s o carro
aéreo. E ao i nvés de s ó uma ví ti ma aparente: você, s eu pai s e vi rou para ol har
e...
Lentamente, a voz del a fal hou enquanto E l ena vi rava os ol hos i ncrédul os
s obre el a. Bonni e es tava ol hando cegamente à di s tânci a, quas e como s e
es ti ves s e em trans e.
— Shi ni chi — E l a res pi rou. — Aquel e eni gma es tranho del e... Ou o
que quer que aqui l o s ej a. Aquel e que di z que um de nós cometeu
as s as s i nato, e que não ti nha nada a ver com vampi ros ou morte de
mi s eri córdi a...
— E u s empre pres umi que fos s e eu — Stefan di s s e s i l enci os amente.
— M i nha mãe nunca s e recuperou do meu parto. E l a morreu.
— M as i s s o não faz de você um as s as s i no! — E l ena gri tou. — Não i gual
a mi m. Não i g ual a mi m!
— Bem, é por i s s o que es tou te perguntando agora — A l oi ra dos negóci os
di s s e. — Foi uma mi s s ão i mperfei ta, mas você entende que es távamos
apenas tentando recrutá-l a, não é? É o método tradi ci onal . Nos s os genes nos
apri moraram para s ermos os mel hores s obre demôni os i rraci onai s e
peri gos os , que não res pondem à força tradi ci onal , mas que exi gem um pl ano
cal cul ado.
E l ena s ufocou um gri to. Um gri to de i ra, agoni a, des crença, cul pa... Ela
não sabi a di sso. Seus Pl anos . Seus es quemas . O j ei to que el a l i dava com os
meni nos do col égi o, nos vel hos tempos ... E s tava tudo em s ua genéti ca. E ...
Seus pai s … Por que el es morreram?
Stefan s e l evantou. Sua mandí bul a es tava dura, s eus ol hos verdes
es tavam quei mando bri l hantemente. E l e apertou a mão de E l ena e el a ouvi u:
Se você qui ser bri g ar, eu topo.
Mai s, non.
E l ena vi rou-s e e vi u Sage. Sua voz tel epáti ca era i nconfundí vel . E l a foi
obri gada a ouvi r.
Não podemos lutar com eles, estando nós em seus terri tóri os, e vencermos. Nem eu posso. O que
vocês podemfazer é fazê-las pag arem! Elena, mi nha coraj osa, os espí ri tos de seus pai s encontraram,
sem dúvi das, um novo lar. Seri a crueldade trazê-los de volta. Mas vamos exi g i r dos Guardi ões o
que você qui ser. Umano ou umdi a no passado, exi j a qualquer que sej a o seu desej o! Eu acho que todos
nós a apoi aremos.
E l ena paus ou. E l a ol hou para as Guardi ãs e ol hou para os tes ouros . E l a
ol hou para Bonni e e para Stefan, que es tavam es perando. Havi a permi s s ão nos
ol hos del es .
E ntão el a di s s e bem devagar para as Guardi ãs .
— Is s o vai cus tar mui to para vocês . E eu não quero ouvi r que nada di s s o é
i mpos s í vel . Por todos os tes ouros de vol ta e a Chave M es tra também... E u quero
mi nha vel ha vi da. Não, eu quero uma nova vi da, com a mi nha vel ha vi da
i ncl uí da. Quero s er E l ena Gi l bert, exatamente como s e eu ti ves s e me
formado com a mi nha turma, e quero i r à facul dade Dal cres t. Quero acordar na
cas a de mi nha ti a Judi th de manhã e des cobri r que ni nguém percebeu que
eu es ti ves s e fora durante quas e dez mes es . E u quero notas boas no meu
úl ti mo ano de ens i no médi o... Só para o cas o de emergênci as . E quero que
Stefan tenha vi vi do paci fi camente na pens ão o tempo todo, e que todos o acei tem
como meu namorado. E quero que cada coi s a que Shi ni chi , M i s ao e aquel a
para quem el es trabal havam s ej am desfei tas e es queci das . E u quero que es s a
pes s oa es tej a morta. E quero que tudo que Kl aus fez à Fel l ’s Church s ej a
des fei ta, também. Quero Sue Cars on de vol ta! Quero Vi cki e Bennet de vol ta!
Quero todo mundo de volta!
Bonni e di s s e fracamente:
— Até mes mo o Sr. Tanner?
E l ena entendeu. Se o Sr. Tanner não ti ves s e morri do — tendo s eu
s angue mi s teri os amente drenado —, então Al ari c Sal tzman nunca teri a s i do
chamado para Fel l ’s Church. E l ena l embrou-s e de Al ari c da experi ênci a fora
do corpo: cabel o de arei a, ol hos cas tanhos e ri s onhos . E l a pens ou em
M eredi th e s eu quas e noi vado. M as quem era el a para bri ncar de Deus ? Para
di zer s i m, es s a pes s oa poderi a morrer porque el a era des agradável e mal -
amada, mas es s a aqui ti nha que s obrevi ver porque el a era mi nha ami ga.
42
— Is s o não é um probl ema — A governanta l oi ra, Ryannen, di s s e
i nes peradamente. — Podemos fazem com que o Sr. Tanner tenha repel i do um
pos s í vel ataque de vampi ros e a es col a chamou Al ari c Sal tzman para as s umi r
s eu l ugar e i nves ti gar. Certo, Idol a? — E l a di s s e ol hando para a rui va; para a
morena, el a di s s e: — Não é, Sus urre?
E l ena não ti nha certeza. Apes ar de ter es cutado o que as mul heres
di zi am, el a não es tava pres tando mui ta atenção. Tudo que el a s abi a era que
s ua voz ti nha fi cado rouca e que l ágri mas caí am de s eus ol hos .
— E ... Pel a Chave M es tra... E u quero...
Stefan apertou s ua mão. E l ena, de repente, percebeu que el es es tavam
em pé, todos os três , l ado a l ado. E o ol har em cada ros to era o mes mo:
determi nação mortal .
— E u quero Damon de vol ta — E l a não ouvi ra es s e tom em s ua voz des de
o di a em que l he contaram que s eus pai s havi am morri do.
Se ti ves s e havi do uma mes a, el a teri a col ocado os punhos cerrados s obre
el a e fari a s eu mel hor para bater de frente com as mul heres . Como não havi a,
el a s i mpl es mente i ncl i nou-s e em di reção a el as , fal ando numa voz bai xa e
ral a.
— Se vocês fi zerem i s s o... Trazê-l o de vol ta, exatamente como el e era
antes de entrar na Cas a de Portai s ... E ntão vocês poderão pegar a Chave M es tra
e os tes ouros . Se di s s erem não... Vocês perdem tudo. Tudo. Is s o não é
negoci ável , entendem?
E l a conti nuou encarando os ol hos verdes de Idol a. E l a s e recus ava a
ol har para Sus urre, com medo de ter que abai xar s ua cabeça e começar a
es fregar s eus dedos em pequenos cí rcul os . E l a não dari a nem uma ol hadel a
para Ryannen, que es tava ol hando para el a fi rmemente, que entrou do modo
de negoci ações . E l a s i mpl es mente ol hou para aquel es ol hos verdes s ob
s obrancel has tei mos as . Idol a fez um s om de mau humor e bal ançou s ua
cabeça l i nda.
— Ol ha, al guém cl aramente cometeu um erro na preparação des s a
entrevi s ta. Uma ol hadel a para Sus urre.
— As outras coi s as que você pedi u... Tudo j unto, j á é di fí ci l de real i zar.
Você entende i s s o? Você entende que i s s o envol ve mudar l embranças de todos
os habi tantes ao redor da ci dade, mudar as l embranças dos dez mes es que s e
pas s aram? Is s o s i gni fi ca mudar quas e tudo em Fel l ’s Church... E há mui ta
coi s a para s e mudar... Sem menci onar os outros mei os de comuni cação, não?
Quer di zer, teremos que i mpl orar pel a al ma de três humanos e trazê-l os à
vi da novamente. E u nem ao menos s ei s e temos pessoal para i s s o...
Ryannen col ocou uma mão no braço da rui va.
— Nós temos . As mul heres de Sus urre têm umas coi s i nhas para fazer
no M undo Inferi or. E u poderi a empres tar tri nta por cento das mi nhas ...
Afi nal , teremos que envi ar uma peti ção para a Corte M ai or por aquel es
es pí ri tos ...
Idol a i nterrompeu.
— Certo. O que eu es tava di zendo é que s ó poderemos cumpri r i s s o... Se
vocês nos derem a Chave. No entanto, quanto a s eu companhei ro vampi ro... Não
podemos dar vi da ao i nani mado. Não funci ona com vampi ros . Uma vez que el es
morrerem… E l es morrem para s empre.
— Is s o é o que vocês di zem! — Stefan gri tou, tentando fi car na frente de
E l ena. — M as por que s omos os mai s amal di çoados , entre todas as cri aturas ?
Como vocês s abem que é i mpos s í vel ? Vocês j á tentaramalg uma vez?
Idol a es tava fazendo um ges to de repugnânci a, quando Bonni e
i nterrompeu, s ua voz tremendo:
— Is s o é ri dí cul o! Vocês podem recons trui r uma ci dade, podem matar a
pes s oa que es teve por trás do que Shi ni chi e M i s ao fi zeram, mas não podem
trazer um vampi ro de vol ta? Vocês trouxeram Elena!
— A morte de E l ena como vampi ra permi ti u que el a s e tornas s e a
Guardi ã que, ori gi nal mente, es tava predes ti nada a s er. Quando a pes s oa que
dava ordens a Shi ni chi e M i s ao: era Inari Sai tou... Obaas an Sai tou, como vocês
a conheci am... E el a j á es tá morta, graças aos s eus ami gos em Fel l ’s Church,
que a enfraqueceram... E a vocês , que des truí ram a E s fera E s tel ar del a.
— Inari ? Quer di zer, a avó de Is obel ? Você es tá di zendo que era a E s fera
E s tel ar dela que es tava no tronco da Grande Árvore? Is s o é i mpos s í vel ! —
Bonni e gri tou.
— Não, não é. É a verdade — Ryannen di s s e s i mpl es mente.
— E el a es tá morta agora?
— Depoi s de uma l onga batal ha que matou a s eus ami gos . Si m... M as o
que a matou verdadei ramente foi ter s ua E s fera E s tel ar des truí da.
— E ntão — Sus urre di s s e s i l enci os amente —, s e vocês s egui rem a
onda... De certo modo, o s eu Damon morreu para s al var Fel l ’s Church de outro
mas s acre i gual ao daquel a i l ha j apones a. E l e vi vi a di zendo que era i s s o que
el e vei o fazer aqui no M undo Inferi or. Vocês não acham que el e fi cari a...
Sati s fei to? E m paz?
— E m paz? — Stefan cus pi u com amargura, e Sage ros nou.
— M ul her — E l e di s s e —, com certeza você não conheceu Damon
Sal vatore antes .
O tom em s ua voz es tava... M ai s res onante, mai s ameaçadora, de
al guma forma... Fazendo E l ena parar de encarar Idol a. E l a s e vi rou e ol hou...
... E vi u a grande s al a s endo preenchi da pel as as as de Sage.
E l as não eram i guai s aos s eus efêmeros Poderes de As a. E l as eram,
cl aramente, parte de Sage. E ram avel udadas e repti l i anas e, abertas des s e
j ei to, s e es tendi am de parede a parede, tocando o teto grande e dourado. E l as
também demons travam o porquê de Sage não us ar cami s as com frequênci a.
E l e era boni to nes s a forma: pel e bronzeada e cabel os contra as gi gantes
as as de aparênci a del i cada. M as E l ena, depoi s de ol har uma vez para el e,
s abi a que era hora de j ogar o ás na manga. E l a vi rou-s e para encontrar
di retamente os ol hos verdes de Idol a.
— E s s e tempo todo, nós es ti vemos barganhando pel os tes ouros da Cas a
de Portai s — E l a di s s e — E ... Uma Chave M es tra.
— Uma Chave M es tra que fora roubada por ki ts une eras e eras atrás —
Sus urre expl i cou cal mante, erguendo s eus ol hos .
— E vocês di s s eram que não é s ufi ci ente para trazer Damon de vol ta —
E l ena forçou s ua voz para que não vaci l as s e.
— Nem s e es s e fos s e o s eu úni co pedi do — Ryannen j ogou um pouco de
s eu cabel o dourado aci ma do ombro.
— Is s o é o que você di z. M as ... E s e eu col ocar na negoci ação... Outra
Chave M es tra?
Houve uma paus a, e o coração de E l ena começou a bater de medo. Poi s
es s e era o ti po errado de paus a. Não houve arfadas de choque. Nenhum ol har
de s urpres a entre uma Guardi ã para a outra. Nenhum ol har de des crença.
Depoi s de um i ns tante, Idol a di s s e pres unços amente.
— Você s e refere à outra Chave roubada que s eus ami gos têm na Terra?
E l a foi confi s cada no momento em que el es a es conderam. É uma propri edade
roubada. Pertence a nós.
E l a es teve aqui tempo demai s , nas Di mens ões das Trevas , E l ena
pens ou com uma parte de s ua mente. E l a es tava s e di verti ndo.
Idol a s e i ncl i nou em di reção a el a, como s e confi rmas s e a dedução de
E l ena.
— Si mpl es mente... Não é... Pos s í vel — E l a di s s e enfati camente.
— Verdade, não é — Ryannen adi ci onou rapi damente. — Nós não
s abemos o que acontece com vampi ros . M as el es não pas s am por nós . Nós
nunca os vi mos depoi s da morte. A expl i cação mai s s i mpl es é que el es
s i mpl es mente... Somem — E l a es tal ou s eus dedos .
— Eu não acredi to ni sso! — E l ena es tava ci ente que s ua voz havi a
aumentado de vol ume. — E u não acredi to ni s s o nem por um s egundo!
Vozes , não atacando al guém em parti cul ar, expl odi ram em um cl amor de
argumentos em torno de E l ena, formando uma es péci e de poema:
Não é pos s í vel . Si mpl es mente i mpos s í vel ( Mas por favor...)
Não! Damon s e foi , e perguntar para onde, é o mes mo que pergunta
aonde a fl ama de uma vel a vai quando é apagada ( Mas vocês não devi am tentar
trazê-lo de volta, pelo menos?)
O que aconteceu com a grati dão? Vocês quatro devi am s er gratos que as
outras coi s as que vocês pedi ram pos s am s er fei tas . ( Mas em trocas de ambas as
Chaves Mestras...)
Nenhum Poder que pos s uí mos pode trazer Damon de vol ta! E l ena devi a
vol tar à real i dade. E l a j á foi mi mada demai s ! ( Mas que mal pode fazer se vocês
tentaremnovamente?)
Certo! Se vocês querem s aber, Sus urre j á nos forçou a tentar. E nada
aconteceu! Damon... Se… Foi ! Seu es pí ri to es tá em um l ugar que não pode s er
encontrado no éter! Is s o é o que acontece com vampi ros , e todos s abem di s s o!
E l ena encontrou-s e ol hando para bai xo, para s uas própri as mãos , que
es tavam bem l i mpas , mas com unhas quebradas e as j untas s angrando.
O mundo exteri or tornou-s e i rreal novamente. E l a es tava dentro de s i ,
bri gando com s ua dor, l utando contra o conheci mento que Idol a, a Guardi ã
central , não havi a menci onado antes : que el as havi am procurado pel o es pí ri to
de Damon. E que el e havi a... Sumi do.
De repente, a s al a es tava s e pres s i onando contra el a. Não havi a ar
s ufi ci ente. Só havi a es s as mul heres : es s as Guardi ãs , magi camente
poderos as , que não ti nham Poder ou magi a o s ufi ci ente para s al var Damon...
Ou, pel o menos , nem ao menos s e i mportavam em tentar uma s egunda vez.
E l a não ti nha certeza o que es tava acontecendo com el a. Sua garganta
es tava doendo, s eu pei to es tava, ao mes mo tempo, grande e apertado. Cada
bati mento de s eu coração s oava através del a como s e tentas s e s acudi -l a até a
morte.
Até a morte. E m s ua mente, el a vi u uma mão s egurando um copo de
Cl ari on Loes s Bl ack M agi c.
E então, E l ena s oube que el a ti nha que manter-s e fi rme, manter os
braços fi rmes , de certa forma, e s us s urrar as pal avras em s ua própri a mente.
M as , por úl ti mo, di zer o fei ti ço, di zê-l o em voz al ta.
Por fi m... As coi s as des acel eraram. Quando os ol hos de Idol a — um
nome perfei to para al guém que i dol atrava a s i mes mo, E l ena pens ou —, de
Ryannen e de Sus urre caí ram s obre el a, com as bocas abertas , chocadas
demai s para moverem até mes mo um dedo s erenamente, com cal ma, E l ena
di s s e:
— Asas da Destrui ...
Foi uma s ol dada, uma das vári as s ol dadas ras as , uma das morenas ,
que a parou. E l a s al tou por ci ma do tabl ado e, com uma vel oci dade des umana,
bateu com s ua mão s obre a boca de E l ena, de modo que a úl ti ma s í l aba foi um
murmúri o e o corredor dourado, verde e azul não expl odi u em fragmentos de
metal quente correndo como s e fos s em ri achos de l arva; a fonte que j orrava
fl ores não evaporou e os vi trai s não s e quebraram em átomos .
E ntão havi a mai s braços ao redor de E l ena, l evando-a para bai xo,
dei xando-a res pi rar com es cas s amente, mes mo quando el a fi cou mol e ao
tentar s ugar um pouco de ar. E l ena l utou como um ani mal , com s eus dentes e
unhas , para es capar. M as el a, com o tempo, foi compl etamente deti da, pres a
ao chão. E l a pôde ouvi r a voz profunda e furi os a de Sage e Stefan, entre es touros
tel epáti cos des es perados para el a, i mpl orando e expl i cando:
— E l a ai nda não vol tou à real i dade! E l a nem ao menos s abe o que es tá
fazendo! Só que, mai s al to, el a pôde ouvi r as vozes das Guardi ãs .
— E l a poderi a ter matado a todas nós !
— E s s as As as ... E u nunca vi al go tão mortal !
— Uma humana! E s ó com três pal avras , el a poderi a ter nos el i mi nado!
— Se Lenea não a ti ves s e deti do...
— Ou s e el a es ti ves s e a al guns centí metros mai s para trás ...
— E l a des trui u uma l ua, vocês s abem! Não há mai s nenhuma vi da l á,
e ci nzas ai nda es tão cai ndo do céu!
— Is s o não es tá em ques tão. O mai s i mportante é que el a não devi a ter
Poderes de As a. E l as devem s er cortadas .
— Is s o mes mo... Cortem s uas As as ! Façami sso!
E l ena reconheceu as vozes de Ryannen e Idol a. E l a ai nda es tava
tentando l utar, mas a agarraram com tanta força, de uma forma tão i mpi edos a,
que s ó o fato del a tentar ganhar um pouco de ar j á a dei xava exaus ta.
E então, el es arrancaram s uas As as . Foi rápi do, pel o menos , e E l ena
s enti u pouca coi s a.
O que doí a mai s era s eu coração. Um pouco de orgul ho e tei mos i a s aí ram
na hora do combate, e agora el a ti nha vergonha por ter cas a s uas As as s endo
arrancadas . Pri mei ro s aí ram as Asas da Redenção, aquel as em tons de arco-í ri s .
Depoi s , as Asas da Puri fi cação, brancas e i ri des centes como tei as de aranha. Asas
de Voo, i guai s à cor de mel . Asas da Lembrança, de cor vi ol eta e azul mei a-noi te.
E , em s egui da, as Asas de Proteção, de cor verde es meral da e ouro, as As as que
s al varam s eus ami gos do ataque de Bl oddeuwedd, na pri mei ra vez que el es
entraram nas Di mens ões das Trevas .
E fi nal mente, as Asas da Destrui ção, al tas , de cor ébano com bordas
del i cadas como renda preta.
E l ena tentou fi car em s i l ênci o enquanto cada Poder era reti rado. M as
após a pri mei ra ou a s egunda ter caí do ao s eu l ado, el a vendo s omente
s ombras , el a ouvi u uma pequena arfada, percebendo que era s ua própri a voz.
E com o próxi mo corte, um pequeno gri to i nvol untári o.
Por um momento, houve s i l ênci o. E então, de repente, houve um ruí do
es magador. E l a pôde ouvi r Bonni e l amentando, Sage rugi ndo e Stefan, o genti l
Stefan, gri tando bl as fêmi as e mal di ções para as Guardi ãs . E l ena adi vi nhou
pel o s om abafado de s ua voz que el e es tava l utando contra el as , l utando para
chegar até el a.
E l e a al cançou, de al guma forma, j us to quando as mortai s e del i cadas
Asas da Destrui ção foram arrancadas de s eus ombros e mente, e cai u como s e
fos s e uma s ombra ao chão. Foi bom el e tê-l a al cançado, poi s , no pas s ado,
E l ena era menos peri gos a do que era agora com os Poderes de As a des pertos
nel a. De repente, as Guardi ãs pareci am ter medo. E l as pararam atrás del a,
aquel as mul heres fortes e peri gos as , e s ó Stefan es tava l á para pegá-l a e
s egurá-l a em s eus braços .
Atordoada e confus a, el a era s omente uma garota comum de dezoi to anos .
E xceto por s eu s angue. E l es queri am ti rar-l he s eu s angue, também... Para
“puri fi cá-l o”. E s s as três governantas e s uas as s i s tentes j á es tavam reuni das
em um tri ângul o, determi nadas , em torno del a e es tavam trabal hando em s ua
magi a quando Sage berrou:
— Parem!
E l ena cai u nos ombros de Stefan, podendo vê-l o vagamente, s uas as as
negras avel udadas ai nda abertas de parede a parede, ai nda tocando o teto
dourado. Bonni e s e agarrou a el e como s e fos s e uma penugem de dente-de-
l eão perdi da.
— Vocês j á di mi nuí ram a aura del a a quas e nada — E l e ros nou. — Se
vocês “puri fi carem” o s angue des s a pauvre peti te compl etamente, el a morrerá... E
então el a des pertará. Vocês terão cri ado une vampi ra, Mesdames. É i s s o que vocês
querem?
Sus urre recuou. Para uma governanta tão dura e i nfl exí vel , el a pareci a
quas e genti l demai s — mas não o s ufi ci ente ao arrancar mi nhas As as ,
E l ena pens ou, contorcendo os ombros para al i vi á-l os . Tal vez el a não s oubes s e
o quanto doeri a, outra parte de s ua mente ofereceu vagamente.
E ntão, toda a s ua mente s e j untou s ua reuni ão de emergênci a. Al go
quente e fres co es tava des l i zando na parte detrás de s eu pes coço, em pequenas
gotas . Não era s angue. Não, i s s o era, defi ni ti vamente, mai s preci os o do que
as Guardi ãs l he havi a ti rado. As l ágri mas de Stefan.
E l a s e bal ançou fortemente, tentando col ocar-s e de pé. De al guma forma,
tremul amente, el a cons egui u. E l a s ó percebeu o quão trêmul a el a es tava
quanto tentou l evantar a mão e l i mpar as l ágri mas do grande ros to de Stefan
com o pol egar. Sua mão i ntei ra tremeu como s e el a es ti ves s e fazendo uma
bri ncadei ra i nfanti l . Seu pol egar ati ngi u o ros to del e com força o s ufi ci ente
para não fazê-l o es tremecer. E l a ol hou para el e com uma des cul pa muda,
chocada demai s para tentar fal ar.
Stefan es tava fal ando. M ai s e mai s .
— Não i mporta — E l e es tava di zendo. — Tudo bem, amor. Oh, mi nha
amada, tudo fi cará bem.
E l e enxugou os ol hos com uma mão que es tava fi rme como rocha, o tempo
todo ol hando s ó para el a, e — el a s abi a — pens ando s omente nel a. E l a s abi a
di s s o porque el a também conheci a aquel e momento, quando el e chegou.
Cabel os rui vos es tavam em s ua l i nha de vi s ão, des focada em mei o a
l ágri mas novas . Cabel os rui vos e ol hos verdes es trei tos , bem próxi mos a el a.
Foi quando E l ena s enti u que Stefan s e l embrou de que havi a outras coi s as
al ém de E l ena no mundo.
Seu ros to mudou. E l e não ros nou ou abri u s ua mandí bul a. A mudança
foi uma al teração compl eta, mas s e centrava em s eus ol hos , que fi caram
mortal mente es trei tos enquanto tudo o mai s s e tornava forte e feroz.
— Se você tocar nel a de novo, s ua vadi a pervers a, eu vou ras gar s ua
garganta — Stefan di s s e, cada pal avra parecendo ferro e gel o cai ndo no chão.
As l ágri mas de E l ena pararam com o choque. Stefan não fal ava as s i m
com as mul heres . Nem Damon fal ari a... Fal ava. M as as pal avras ai nda
es tavam ecoando no s i l ênci o s úbi to da s al a com aparênci a de catedral . As
pes s oas es tavam s e afas tando.
Idol a es tava s e afas tando também, mas s eus l ábi os es tavam curvados .
— Você acha que s ó porque s omos Guardi ãs não podemos prej udi cá-l a...?
E l a es tava começando, quando a voz de Stefan a cortou cl aramente.
— E u acho que s ó porque vocês s ão “Guardi ãs ” vocês matam hi pocri tamente
e s aem i mpunes di s s o — Stefan di s s e, e s eus l ábi os produzi ram pal avras
mai s convi ncentes e as s us tadoras do que as de Idol a. — Vocês teri am matado
E l ena s e Sage não ti ves s e i mpedi do. Maldi ta!
E l e acres centou em voz bai xa, mas com abs ol uta convi cção que fez com
que Idol a des s e mai s um pas s o pra trás — Si m, é mel hor você i r s e reuni r
com s uas ami gui nhas — E l e adi ci onou. — E u pos s o deci di r matar você, de
qual quer forma. E u matei meu própri o i rmão, como você deve ter percebi do.
— M as , com certeza... Is s o foi depoi s de você ter l evado um gol pe mortal .
Sus urre es tava entre os doi s , tentando i nterceder.
Stefan deu de ombros . E l e ol hou para el a com o mes mo des prezo que
ol hou para a outra governanta.
— E u ai nda podi a us ar meus braços — E l e di s s e del i beradamente. —
E u podi a ter deci di do abandonar mi nha arma, ou al i vi á- l o da dor. Ao i nvés
di s s o, eu optei por col ocar uma l âmi na di reto em s eu coração — E l a mos trou
s eus dentes num s orri s o di s ti ntamente hos ti l . — E agora eu nem ao menos
preci s o de uma arma.
— Stefan — E l a cons egui u s us s urrar no úl ti mo s egundo.
— E u s ei . E l a é mai s fraca do que eu e você não quer me ver matando-a.
É por i s s o que el a ai nda es tá vi va, amor. É o úni co moti vo.
E nquanto E l ena l evantava s eus ol hos mei o as s us tados para el e, Stefan
adi ci onou em uma voz que s ó el a pudes s e ouvi r.
É claro, há alg umas coi sas sobre mi m que você não sabe, Elena. Coi sas que eu espero que você
nunca vej a. Conhecer você... Te amar… Fez comque eu quase esquecesse di sso.
A voz de Stefan em s ua cabeça acordou al go dentro de E l ena. E l a l evantou
a cabeça e ol hou para a mas s a i ndi s ti nta de Guardi ãs em torno del es . E l a vi u
cabel os cacheados de morango s us pens os no ar. Bonni e. Bonni e l utando.
Fazendo i s s o fracamente, não s omente porque um par de Guardi ãs l oi ras e
outro par de morenas a es tavam s egurando no ar, uma de cada membro.
E nquanto E l ena a encarava, el a pareci a recuperar s uas forças e l utar mai s . E
E l ena pôde ouvi r... Al go. E s tava fraco e l onge, mas quas e s oava como… Seu
nome. Como s eu nome era pronunci ado por mei o de um s us s urro ou por mei o
de um zumbi do de pas s ar de rodas de bi ci cl etas .
Le... Na... Eee... Le...
E l ena tentou chegar i nternamente até o s om. Tentou des es peradamente
s e agarrar ao que vi nha, mas nada aconteceu. E l a tentou um truque que,
ontem, el a achari a bem fáci l : canal i zar s eu Poder para s ua tel epati a. Não
funci onou. E l a tentou s ua tel epati a.
B onni e! Você pode me ouvi r?
Não houve nem um menor s i nal de mudança na expres s ão da meni na.
E l ena havi a perdi do s ua l i gação com Bonni e.
E l a as s i s ti a enquanto Bonni e percebi a a mes ma coi s a, as s i s ti a aquel e
corpi nho bri gando para s e l i bertar. O ros to de Bonni e, arrebi tado em um pál i do
des es pero, es tava tri s te e, de al guma forma, i ndes cri ti vel mente puro e bel o,
de uma s ó vez. Isso nunca acontecerá conosco, a voz de Stefan em s ua cabeça di s s e
para el a fi rmemente. Nunca! Eu te dou mi nha... Não! E l ena pens ou de vol ta,
s upers ti ci os amente com medo de al guma mal di ção.
Se Stefan havi a j urado, al go devi a acontecer... E l a devi a s e trans formar
em uma vampi ra ou em um es pí ri to... Para as s egurar que el e não quebras s e
s ua pal avra.
E l e parou e E l ena s oube que el e a havi a ouvi do. E , de al guma forma,
es s e conheci mento, de que Stefan havi a ouvi do uma úni ca pal avra del a, a
acal mou. E l a s abi a que el e não es tava es pi onando. E l e ouvi u porque el a
envi ou o pens amento para el e. E l a não es tava s ozi nha.
E l a podi a s er comum novamente; el as poderi am até ter ti rado s uas As as ,
a mai ori a de s eus Poderes e s eu s angue, mas el a não es tava s ozi nha. E l a s e
i ncl i nou em s ua di reção, s ua tes ta contra o quei xo de Stefan.
“Ni ng uémfi ca sozi nho.”
E l a havi a di to i s s o para Damon. Damon Sal vatore, um s er que não exi s ti a
mai s . M as que ai nda era convocado por el a devi do a uma s ó pal avra, um gri to
fi nal . Seu nome.
Damon!
E l e morrera quatro di mens ões atrás . M as el a pôde s enti r Stefan
apoi ando-a, ampl i ando s ua trans mi s s ão, envi ando-a como um s i nal i zador
através da mul ti dão de mundos que os s eparavam do corpo fri o e s em vi da del e.
Damon!
Não houve nenhum s i nal de res pos ta. É cl aro que não. E l ena es tava
apenas s e enganando.
De repente, al go mai s forte do que a tri s teza, mai s forte do que a auto-
pi edade, ai nda mai s forte que a cul pa, tomou conta del a. Damon não gos tari a
que el e fos s e carregada para fora daquel e hal l , mes mo que fos s e por Stefan.
E s peci al mente por Stefan. E l e i ri a querer que el a não mos tras s e nenhum
s i nal de fraqueza para aquel as mul heres que a havi am des truí do e
humi l hado.
Si m.
E s s e era Stefan. Seu amor, mas não s eu amante, di s pos to a amá-l a a
parti r de agora e até o fi m de s eus di as ... O fi m... De s eus di as ?
E l ena es tava, de repente, fel i z por não poder proj etar tel epati camente
para es tranhos e que Stefan havi a es tabel eci do um es cudo ao redor del es ,
quando el e a ti nha tomado em s eus braços .
E l a vi rou-s e para Ryannen, que ai nda es tava as s i s ti ndo... Com cautel a,
mas ai nda com a expres s ão de negóci os em s eus ol hos .
— E u gos tari a de i r embora agora, s e vocês não s e i mportam — E l a
di s s e, pegando s ua mochi l a e a pendurando s obre o ombro, no mel hor ges to de
arrogânci a que el a pôde fazer.
Houve um rai o de agoni a enquanto o pes o da al ça acertava o l ugar onde a
mai ori a de s uas As as havi a s urgi do, mas el a manteve a cara de des prezo e
i ndi ferença.
Bonni e, de vol ta ao chão des de que el a não es tava mai s l utando, s egui u o
exempl o de E l ena. Stefan havi a dei xado s ua mochi l a na Cas a de Portai s , mas
el e genti l mente s egurou s ua mão em torno do cotovel o de E l ena, não para
gui á-l a, mas para mos trar que el e es tava l á por el a. As as as de Sage s e
dobraram para trás e foram embora.
— Você entende que, devi do ao retorno des s es tes ouros que eram nos s os
por di rei to... M as que fomos i mpedi das de recuperá-l os ... Você terá s eus
pedi dos concedi dos , exceto por al go i mpos s í ...
— E ntendo.
E l ena di s s e s em rodei os , j us to quando Stefan di s s e, mui to mai s
brus camente:
— E l a entende. Só façam i s s o l ogo, tá l egal ?
— Já es tá tudo organi zado — Os ol hos de Ryannen, ol hos azui s es curos
res pi ngados de dourado, encontraram os de E l ena com um ol har não
total mente anti páti co.
— A mel hor coi s a a s e fazer — Sus urre acres centou apres s adamente —
s eri a que nós a col ocás s emos para dormi r e a envi ás s emos para o s eu anti go e
novo quarto. No momento em que você acordar, tudo terá s i do real i zado.
E l ena forçou para que s ua expres s ão não mudas s e.
— M e envi ar para a M apl e Street? — E l a perguntou, ol hando para
Ryannen. — Para a cas a da ti a Judi th?
— E m s eus s onhos , s i m.
— E u não quero es tar dormi ndo — E l a s e aproxi mou ai nda mai s de
Stefan. — Não dei xe que el as me ponham para dormi r!
— Ni nguém fará nada que você não quei ra — Stefan di s s e, e s ua voz
pareci a um fi o de uma naval ha. Sage rugi u em s eu apoi o e Bonni e ol hou para
a mul her l oi ra, rí gi da.
Ryannen i ncl i nou a cabeça del a.
E l ena acordou.
E s tava es curo e el a es teve dormi ndo. E l a não cons egui a s e l embrar
exatamente de como el a havi a caí do no s ono, mas el a s abi a que el a não es tava
na l i tei ra e el a s abi a que el a não es tava em um s aco de dormi r.
Stefan? B onni e? Damon? E l a pens ou automati camente, mas havi a al go
es tranho com s ua tel epati a. Pareci a que el a fora confi nada em s ua própri a
cabeça.
E l a es tava no quarto de Stefan?
Devi a es tar um breu l á fora, j á que el a não cons egui a s equer ver o
al çapão que l evava ao pé do s ótão.
— Stefan? — E l a s us s urrou, enquanto vári os pedaços de i nformações s e
j untavam em s ua cabeça.
Havi a um chei ro, que era tanto fami l i ar quanto es tranho. E l a es tava
dei tada em uma cama de cas al confortável , não em uma das camas de s eda e
vel udo extravagantes de Lady Ul ma, tampouco em uma das i rregul ares da
pens ão. E l a es tava em um hotel ?
E nquanto es s es pens amentos di ferentes reuni am-s e em s eu cérebro,
houve uma bati da s uave e rápi da. Nós dos dedos batendo contra o vi dro.
O corpo de E l ena s e l evantou. E l a arremes s ou para l onge a col cha e
correu até a j anel a, evi tando os obs tácul os mi s teri os os s em nem pens ar
di rei to. Suas mãos arrancaram as corti nas do cami nho que, de al guma forma,
el a s oube quem es tava l á, fazendo s eu coração di s parar e trazendo um nome
aos s eus l ábi os .
— Da...!
E então o mundo parou e fez s eu s al to mortal mai s l ento de todos .
A vi s ão de um ros to feroz, preocupado, amoros o e, ai nda, es tranhamente
frus trado, apenas do outro l ado da j anel a do s egundo andar, trouxe as
memóri as de E l ena de vol ta.
Todas el as .
Fel l ’s Church es tava s al va. E Damon es tava morto.
Sua cabeça i ncl i nou-s e l entamente até que s ua tes ta tocou o pai nel de
vi dro fri o.
43
— E l ena? — Stefan di s s e s i l enci os amente. — Você poderi a me convi dar
para entrar? Você tem que me convi dar, cas o quei ra... Convers ar...
Convi dá-l o para entrar? E l e j á es tava dentro… Dentro de s eu coração. E l a
havi a di to às Guardi ãs que todos deves s em acei tar Stefan como s eu namorado
durante aquel es mes es todos . Não ti nha i mportânci a. E m voz bai xa, el a di s s e:
— E ntre, Stefan.
— A j anel a es tá trancada do s eu l ado, E l ena.
E ntorpeci da, E l ena abri u a j anel a. No momento s egui nte, el a foi
engl obada por braços quentes e fortes , em um abraço des es perado e fervoros o.
M as l ogo depoi s , os braços caí ram, dei xando-a congel ada e s ol i tári a.
— Stefan? O que há de errado?
Seus ol hos ti nham s e adaptado e, pel a l uz das es trel as através da
j anel a, el a pôde vê-l o hes i tando di ante del a.
— E u não pos s o... Is s o não é… Não é o que você quer — E l e di s s e às
pres s as , s oando como s e aqui l o vi es s e através de uma garganta apertada. —
M as eu queri a que você s oubes s e que... Que M eredi th, M att es tão cui dando
de Bonni e. Confortando-a, eu quero di zer. E l es es tão todos bem, as s i m como a
Sra. Fl owers . E eu pens ei que você...
— E l as me col ocaram para dormi r! E l as di s s eram que não me
col ocari am para dormi r!
— Você adormeceu, am... E l ena. E nquanto es távamos es perando que
el as nos envi as s em para cas a. Nós todos cui damos de você: Bonni e, Sage e eu.
E l e ai nda es tava fal ando formal mente, em um tom i ncomum.
— M as eu pens ei ... Bem, que você i ri a querer convers ar es s a noi te,
também. Antes de eu... E u parti r. E l e ergueu um dedo até o ros to para fazer
com que s eus l ábi os paras s em de tremer.
— Você j urou que não me abandonari a! — E l ena gri tou. — Você
prometeu: não i mportas s e o moti vo, não i mportas s e o tempo que fos s e, não
i mportas s e o quão nobre fos s e a caus a!
— M as ... E l ena… Is s o foi antes de eu entender…
— Você ai nda não entende! Você não s abe...
A mão del e voou para cobri r s ua boca e el e col ocou s eus l ábi os s obre o
ouvi do del a.
— Am... E l ena. Nós es tamos na s ua cas a. Sua ti a...
E l ena s enti u s eus ol hos se abri rem, embora, é cl aro,
s ubcons ci entemente, el a j á s oubes s e es s e tempo todo. O ar da fami l i ari dade.
E s s a cama... E ra sua cama, e aquel a col cha era s ua adorava col cha de ouro com
branco. Os obs tácul os que s abi a como evi tá-l os no es curo... A bati da em s ua
j anel a... E l a es tava em casa.
As s i m como um al pi ni s ta que es tá s ubi ndo uma rocha de aparênci a
i mpos s í vel , quas e cai ndo, l ogo em s egui da, E l ena s enti u uma onda enorme
de adrenal i na. E foi i s s o — ou tal vez s ej a o Poder do amor que fl uí a através
del a — que el a cons egui u depoi s de tanto ans i ar para s e cons egui r. E l a
s enti u s ua al ma expandi r e s ai r de s eu corpo. E encontrou a de Stefan.
E l a fi cou horrori zada com a des ol ação apres s adamente varri da para l onge
em s eu es pí ri to, humi l hada pel a onda de amor que i nundou tudo nel e com o
s i mpl es toque da mente del a.
Oh, Stefan. Só… Di g a que… Que você pode me perdoar, i sso é tudo. Se você me perdoar, eu
poderei vi ver. Talvez você possa até ser feli z comi g o novamente... Se você me der tempo ao tempo.
Eu j á sou feli z conti g o. Mas nós temos todo o tempo do mundo, Stefan l he as s egurou.
M as el a captou a s ombra de um pens amento obs curo que l ogo s umi u de vi s ta.
Ele ti nha todo o tempo do mundo. E l a, entretanto...
E l ena teve que s ufocar o ri s o, mas , em s egui da, agarrou a Stefan, de
repente.
Mi nha mochi la... Elas a levaram? Onde ela está?
B emao lado da sua mesa de cabecei ra. Eu posso peg á-la. Você a quer?
E l e foi até a es curi dão e puxou al go pes ado, duro e com um chei ro não
mui to agradável . E l ena empurrou uma mão frenéti ca para dentro del a
enquanto ai nda s egurava Stefan com a outra.
Si m! Oh, Stefan, está aqui !
E l e es tava começando a s us pei tar... M as el e s ó soube quando el a ti rou
uma garrafa com o rótul o es cri to E vi an, s egurando-a contra s eu ros to. E l a
es tava bem gel ada, embora a noi te es ti ves s e amena e úmi da. E com uma
vi ol enta eferves cênci a, el a bri l hava de uma forma que água comum
nenhuma fazi a.
Eu não queri a fazer i sso, el a di s s e a Stefan, de repente preocupada que el e
pudes s e não gos tar de s er as s oci ado com um l adrão. Pelo menos... Não no começo.
Sag e di sse para colocarmos emg arrafas a ág ua da Fonte da Eterna Juventude e Vi da. Eu havi a
peg ado uma g arrafa g rande e essa pequeni na e, de alg uma forma, eu g uardei a menor dentro da
mi nha mochi la. Eu i ri a colocar a mai or aqui dentro, também, mas não coube. E eu nempensei nessa
daqui de novo, só quando elas ti rarammi nhas Asas e mi nha telepati a.
E i sso é uma coi sa boa, Stefan pens ou. Se elas ti vessem te peg ado... Oh, mi nha amada!
Seus braços s e prenderam em E l ena, prendendo s ua res pi ração.
É por i sso que você estava tão ansi osa para i r embora!
— E l as ti raram quas e tudo que era s obrenatural em mi m — E l ena
s us s urrou, col ocando s eus l ábi os próxi mos ao ouvi do de Stefan. — E u tenho
que vi ver com i s s o, e s e el as ti ves s em me dado uma chance, eu teri a
concordado... Pel o bem de Fel l ’s Church... Se eu ti ves s e s i do l ógi ca...
E l a s e i nterrompeu, de repente, quando percebeu que, l i teral mente,
es teve fora de s i . E l a ti nha s i do pi or que uma l adra. E l a tentou us ar um
ataque mortal em um grupo que — em s ua mai ori a — era compos to de pes s oas
i nocentes . E pi or era que uma parte del a s abi a que Damon teri a entendi do
s ua l oucura, enquanto el a não ti nha certeza s e Stefan poderi a entender.
— Você não tem que me trans formar em uma... Você s abe — E l a
começou s us s urrando freneti camente de novo. — Um gol e ou doi s di s s o e eu
pos s o fi car com você para s empre. Para s empre e... Para... Sempre… Stefan…
E l a parou, tentando pegar fôl ego e equi l í bri o mental . A mão del e pai rou
s obre el a, no topo.
— E l ena.
— E u não es tou chorando. É porque es tou fel i z. Para todo o s empre,
Stefan. Nós podemos fi car j untos , s ó... Só nós doi s ... Para s empre.
— E l ena, amor — A mão del e evi tou que el a abri s s e a garrafa.
— Is s o... Is s o não é o que você quer?
Com s ua outra mão, Stefan a puxou até el e, com fi rmeza. A cabeça del a
cai u em di reção ao s eu ombro e el e des cans ou s eu pes coço em s eu cabel o.
— Is s o é tudo que eu mai s quero. E s tou... Confus o, eu acho. E u es ti ve
as s i m des de... E l e parou e tentou de novo.
— Se nós temos todo o tempo do mundo, nós temos um amanhã — E l e
di s s e em uma voz abafada pel o cabel o. — E amanhã é tempo o s ufi ci ente para
você começar a pens ar ni s s o. Há o s ufi ci ente nes s a garrafa para que, tal vez,
quatro ou ci nco pos s am bebê-l a. Você é a úni ca que tem que deci di r quem vai
beber i s s o, amor. M as não hoj e. Hoj e...
Com uma adrenal i na repenti na de al egri a, E l ena entendeu.
— Você es tá fal ando do... Damon.
Incrí vel como era di fí ci l s i mpl es mente di zer s eu nome. Pareci a quas e
como uma vi ol ação, e ai nda as s i m...
Quando ele pôde conversar... Assi m... Por um momento comi g o, ele me di sse o que ele queri a,
el a envi ou.
Stefan s e remexeu um pouco na es curi dão, mas não di s s e nada.
Stefan, ele só pedi u uma coi sa antes dele... Parti r. Que era para não ser esqueci do. Isso é tudo.
E nós somos os que mai s se lembram. Nós e B onni e.
E m voz al ta, el a adi ci onou:
— E u nunca vou es quecê-l o. E eu nunca vou dei xar ni nguém que o
conheci a o es queça... E nquanto eu vi ver. E l a s abi a que el a havi a fal ando al to
demai s , mas Stefan não tentou s i l enci á-l a.
E l e deu uma rápi da es tremeci da, s egurando-a fi rmemente, novamente,
s eu ros to enterrado no cabel o del a.
Eu me lembro, el e envi ou para el a, quando Katheri ne pedi u para ele se j untar a ela...
Quando nós três estávamos na cri pta de Honori a Fell. Eu me lembro o que ele di sse para ela. E você?
E l ena s enti u s uas al mas s e entrel açando enquanto ambos vi am a cena
através dos ol hos do outro.
É claro, eu me lembro também. Stefan s us pi rou, mei o que ri ndo.
Eu me lembro de tentar cui dar dele, mai s tarde, em Florênci a. Ele não se comportava, nem
Influenci ava as g arotas que ele se ali mentava. Outro s us pi ro.
Eu acho que ele queri a ser peg o em flag rante. Ele nem ao menos podi a me olhar nos olhos e
falar sobre você.
Eu fi z com que B onni e cheg asse até você. Certi fi quei -me de que ela fi zesse com que ambos
voltassem aqui , E l ena l he di s s e. Suas l ágri mas começaram a cai r novamente,
mas bem devagar... Genti l mente.
Seus ol hos es tavam fechados e el a s enti u um l eve s orri s o chegando em
s eus l ábi os .
Sabe...
A voz mental de Stefan havi a começado, s urpres o.
Eu me lembro de outra coi sa! De quando eu era bempequeno, talvez comtrês ou quatro anos de
i dade. Meu pai ti nha um temperamento horrí vel, especi almente depoi s que mi nha mãe morreu. E
desde então, quando eu era pequeno e meu pai fi cava furi oso e bêbado, Damon fi cava
deli beradamente entre nós. Ele di zi a alg o desag radável e... B em, meu pai acabava batendo nele
ao i nvés de emmi m. Eu não sei como eu pude ter me esqueci do di sso.
Entendo, E l ena pens ou, l embrando-s e de como el a ti nha medo de
Damon, antes del e ter s e trans formado em humano... M es mo el e tendo s e
col ocado entre el a e os vampi ros que queri am di s ci pl i ná-l a na Di mens ão das
Trevas . Ele ti nha o dom de saber exatamente o que di zer... Como olhar... O que fazer... Para
conseg ui r entrar na pele de alg uém.
E l a pôde s enti r Stefan ri ndo fraca e i roni camente.
Umdom, é?
B em, certamente eu não poderi a fazer i sso, e eu posso controlar a mai ori a das pessoas,
E l ena res pondeu del i cadamente. Ele não, entretanto. Ele nunca.
Stefan adi ci onou:
Mas ele sempre era mai s g enti l comas pessoas mai s fracas do que comas mai s fortes. Ele sempre
teve uma quedi nha por B onni e...
E l e parou, como s e ti ves s e s e as s us tado ao s e aventurar mui to perto de
al go s agrado.
M as E l ena j á ti nha s eu própri o s ofri mento. E l a es tava fel i z, tão fel i z
que, no fi m, Damon havi a morri do para s al var Bonni e. E l ena preci s ava de
mai s provas s obre os s enti mentos del e por el a. E l a s empre amari a Damon, e
j amai s permi ti ri a que qual quer coi s a pudes s e di mi nui r es s e amor.
E , de al guma forma, pareceu apropri ado que el a e Stefan deves s em s e
s entar em s eu anti go quarto e fal ar do que el es s e l embravam de Damon, em
voz al ta. E l a pl anej ou fazer o mes mo com os outros no di a s egui nte.
Quando el a fi nal mente adormeceu nos braços de Stefan, era mai s de
mei a-noi te.
44
Na menor l ua do M undo Inferi or, pequenas ci nzas caí am do céu. E l as
caí am em doi s corpos j á cobertos de ci nzas . E l as caí am na água embargada.
E l as bl oqueavam a l uz s ol ar de modo que uma mei a-noi te s em fi m cobri a a
s uperfí ci e da l ua.
E outra coi s a caí a. E m pequenas gotí cul as que s e pos s a i magi nar, um
l í qui do opal es cente cai u, com cores rodopi ando como s e para tentar compens ar
a fei ura das ci nzas . E ram gotas pequenas , mas havi a tri l hões de tri l hões
del as , cai ndo s em parar, concentrando s obre o l ocal onde ti nha s i do parte do
mai or res ervatóri o de Poder bruto em três di mens ões .
Havi a um corpo no chão, nes te l ocal — não era exatamente um cadáver. O
corpo não ti nha bati mentos cardí acos , não res pi rava e não havi a ati vi dade
cerebral . A pul s ação era compos ta por nada mai s que uma memóri a. A
memóri a de uma meni na com ol hos azui s es curos e cabel os dourados e um
ros to pequeno com ol hos cas tanhos . E o s abor: o s abor de l ágri mas de duas
donzel as .
Elena. B onni e.
Col ocar el as duas j untas formavam o que não era exatamente um
pens amento, não era exatamente uma i magem. M as para al guém que s ó
compreende pal avras , poderi a s er traduzi do como:
Elas estão esperando por mi m. Se eu pudesse descobri r quem eu sou. E i s s o des encadeou
uma feroz determi nação.
Depoi s do que pareceram s er s écul os , mas que foram s omente al gumas
horas , al go s e moveu na ci nza. Um punho cerrado. E al go s e agi tava naquel e
cérebro, uma auto-revel ação. Um nome.
Damon.
Fim
E s te ePub foi cri ado em Feverei ro de 2014 por
LeY tor
Tendo como bas e a tradução em Pdf de
Amanda Oliveir a
{1} Bō é uma arma j apones a que é bas i camente um pedaço de pau de
compri mento vari ante entre 180 cm e 210 cm. E s s e bas tão de madei ra é
geral mente fei to de bambu.
{2} Sommerl i er é um profi s s i onal es peci al i zado e encarregado em conhecer os
de frei xo ou árvore de madei ra res i s tente, com uma tes ta de ferro ou de bronze
a que s e dava em geral a forma da cabeça de carnei ro. Os arí etes eram
uti l i zados para romper portas e mural has de cas tel os ou fortal ezas .