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"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando


por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo
nível."
DIÁRIOS do VAMPIRO
O RETORNO
L.J. Smith
Des cobri u que queri a s er es cri tora em al gum momento entre o j ardi m de
i nfânci a e o pri mei ro ano. M ui tos de s eus l i vros foram i ns pi rados nos
própri os pes adel os . O pri mei ro romance, The Ni g ht of the Solsti ce, foi publ i cado no
ano em que el a s e formou na facul dade.
Atual mente, vi ve na Cal i fórni a com um cachorro, três gatos e cerca de dez
mi l l i vros . A s éri e Di ári os do Vampi ro foi l ançada ori gi nal mente em 1991.
s éri e Diár ios do Vamp ir o
O Despertar
O Confronto
A Fúri a
Reuni ão Sombri a

s éri e Diár ios do Vamp ir o: O Retor no


Anoi tecer
Almas Sombri as
Mei a-Noi te

s éri e Diár ios de Stefan


Ori g ens
Sede de Sang ue
The Cravi ng
The Ri pper
The Asylum
The Compelled

s éri e Diár ios do Vamp ir o: Caçador es


Espectro
Moonsong
Desti ny Ri si ng

s éri e Diár ios do Vamp ir o: A Salvação


Unseen
Unspoken
TB A

Contos de Diár ios do Vamp ir o


Matt & Elena: Pri mei ro Encontro ( s e pas s a antes da s éri e ori gi nal )
B onni e & Damon: Depoi s do Expedi ente ( s e pas s a durante a s éri e ori gi nal )
O Sang ue Di rá ( fi nal al ternati vo de Reuni ão Sombri a)
As Árvores ( s e pas s a após Reuni ão Sombri a)
Matt & Elena: Déci mo Encontro no Lag o Wi ckery ( s e pas s a antes da s éri e ori gi nal )
O Natal de Elena
L.J. Smith

DIÁRIOS do
VAMPIRO
O RETORNO

M eia-Noite
1
Queri do di ári o,
Estou comtanto medo que mal consi g o seg urar essa caneta. Estou
i mpri mi ndo ao i nvés de escrever, poi s assi mtenho mai s controle.
Do que eu tenho medo, você perg unta? E quando eu di g o “ do
Damon” você não acredi tari a na resposta, não se você ti vesse vi sto nós
doi s há alg uns di as atrás. Mas para entender, você preci sa saber de
alg uns fatos.
Você j á ouvi u falar da frase “ e os dados foramlançados” ?
Quer di zer que qualquer coi sa, qualquer coi sa, pode acontecer.
Há a possi bi li dade de a pessoa fazer apostas e conseg ui r seu di nhei ro
de volta. Porque um cori ng a entrou no j og o. Você não conseg ue
i mag i nar a chances de i sso acontecer.
É por i sso que estou aqui . É por i sso que meu coração está batendo
na mi nha g arg anta, e a mi nha cabeça, meus ouvi dos e as pontas dos
meus dedos estão trêmulos.
Os dados foramlançados.
Você pode ver o quão trêmula está a mi nha i mpressão. Vamos
supor que eu trema assi mquando for encontrá-lo? Eu poderi a derrubar
a bandej a. Eu poderi a evi tar ver o Damon, então nada di sso
aconteceri a.
Não estou di zendo coi sa comcoi sa. O que eu deveri a di zer é que
estamos de volta: Damon, Meredi th, B onni e e eu. Nós fomos para a
Di mensão das Trevas e ag ora estamos novamente em casa, com uma
Esfera Estelar –e comStefan.
Stefan fora eng anado ao i r pra lá por Shi ni chi e Mi sao, os
i rmãos ki tsune, ou os espí ri tos-raposa mali g nos, que havi am lhe di to
que se ele fosse para a Di mensão das Trevas ele poderi a remover a
maldi ção de ser umvampi ro e vi rar umhumano novamente.
Eles menti ram.
Tudo que eles fi zeram foi dei xá-lo em uma pri são fedi da, sem
comi da, semluz e desani mado... Até que ele estava prestes a morrer.
Mas Damon –que está di ferente desde então –concordou emnos
levar para tentarmos encontrá-lo. E, oh, eu mal consi g o descrever a
Di mensão das Trevas. Mas a coi sa mai s i mportante é que fi nalmente
encontramos Stefan, e i sso porque achamos as Chaves Gêmeas em
formato de raposa que preci sávamos para li bertá-lo. Mas – ele estava
mui to mag ro, coi tadi nho. Nós o trouxemos de volta emuma li tei ra, que
mai s tarde foi quei mada por Matt; ela estava i nfestada de pi olhos.
Mas essa noi te lhe demos um banho e o colocamos na cama... E então o
ali mentamos. Si m, como nosso sang ue. Todos os humanos fi zeram i sso,
ti rando a Sra. Flow ers que estava fazendo cataplasmas para pôr nos
ossos fracos dele que quase saí amde sua pele.
Eles o dei xaramfami nto até cheg arema esse ponto! Eu poderi a
matá-los commi nhas própri as mãos –ou commeus Poderes de Asa –se ao
menos eu soubesse usá-las corretamente. Mas não posso. Eu sei que há um
encantamento para as Asas da Destrui ção, mas eu não tenho i dei a de
como convocá-las.
Pelo menos eu posso ver que Stefan está melhorando quando é
ali mentado com sang ue humano. (Admi to que tenho lhe dado doses
extras do que estava prog ramado, mas eu teri a que ser mui to i di ota em
não saber que o meu sang ue é di ferente do dos outros –é mai s ri co e tem
fei to maravi lhas comStefan.)
E na manhã seg ui nte, Stefan estava tão recuperado que foi
capaz de descer as escadas para ag radecer a Sra. Flow ers por suas
poções!
Embora o resto de nós – todos humanos – estarmos completamente
exaustos. Nós nempensamos no que havi a aconteci do como buquê, porque
não sabí amos que havi a alg o especi al nele. Nós o g anhamos assi mque
estávamos sai ndo da Di mensão das Trevas, por um ti po de ki tsune
branco que estava na cela da frente de Stefan, antes de termos fei to
uma rebeli ão dos presos. Ele era tão li ndo! Nunca pensei que um
ki tsune poderi a ser tão g enti l. Mas ele havi a dado a Stefan essas
flores.
De qualquer forma, de manhã Damon estava acordado. É claro,
ele não poderi a contri bui r com seu própri o sang ue, mas eu acho que se
ele pudesse, ele fari a. E foi assi mque ele voltou ao que era antes.
E é por i sso que eu não entendo o medo que estou senti ndo nesse
exato momento. Como você pode ter medo de alg uém que havi a lhe
bei j ado tantas vezes... E lhe chamado de “ queri da” , “ amorzi nho” e
“ pri ncesa” ? E quem havi a ri do com você com aqueles olhos travessos e
dançantes? E quemlhe havi a abraçado quando você estava commedo,
e di to que não havi a nada a temer, não enquanto ele esti vesse ali .
Alg uém que só de relance sabi a o que você estava pensando? Alg uém
que havi a lhe proteg i do, não i mportando o que lhe custasse, nos di as
que se seg ui ram.
Eu conheço o Damon, conheço seus erros, mas tambémo conheço por
dentro. E ele não é aqui lo que as pessoas pensam. Ele não é fri o,
arrog ante ou cruel. Isso é uma fachada para cobri r o seu verdadei ro
eu, como se fosse roupas.
O problema é que eu não tenho certeza se ele sabe que ele não é
nada di sso. E ag ora ele está tão confuso. Ele deve ter mudado e se
transformado no que é hoj e por causa di sso – porque ele está mui to
confuso.
O que estou tentando di zer é que nessa manhã, Damon era o
úni co acordado. Ele foi o úni co que vi u o buquê. E uma coi sa que
Damon é: curi oso.
Ele desamarrou todas as fi tas mág i cas do buquê e lá no centro
havi a uma rosa neg ra. Damon tem procurado uma rosa neg ra há
mui tos anos, somente para admi rá-la, eu acho. Mas quando ele vi u
essa, ele a chei rou... E boom! A rosa desapareceu.
E de repente ele estava doente e tonto, e não conseg ui a chei rar
mai s nada, e todos os seus outros senti dos foram entorpeci dos também.
Foi aí que Sag e – oh, eu não menci onei o Sag e, mas ele é um vampi ro
alto, boni to e páli do que temsi do umbomami g o –lhe contou para sug ar
umpouco de ar e soltá-lo, para ali vi ar seus pulmões.
Humanos têmque respi rar assi m, entende?
Não sei quanto tempo demorou para que Damon se tocasse que ele
era mesmo umhumano, sembri ncadei ra, e não havi a nada que alg uém
pudesse fazer a respei to. A rosa neg ra fora fei ta para Stefan; e ela
poderi a ter reali zado seu sonho de vi rar umhumano novamente. Mas
quando Damon percebeu que a mag i a fez efei to nele...
Foi quando eu o vi me olhando fi xamente, como se só exi sti sse eu
ali naquela sala da mi nha espéci e – uma espéci e que ele começou a
odi ar e desprezar.
Desde então, eu não tenho corag em de encará-lo nos olhos
novamente. Eu sei que ele me amava há alg uns di as atrás. Eu não
sabi a que esse amor poderi a se transformar – bem, nas coi sas que ele
anda senti ndo por ele mesmo.
Você deve pensar que deve ser fáci l para Damon se transformar
de novo em vampi ro. Mas ele quer ser tão poderoso como ele costumava
ser – e não há ni ng uém assi m para poder trocar sang ue com ele. Até
mesmo o Sag e sumi u antes mesmo de ele pedi r. Então Damon está preso
assi m até achar alg um vampi ro forte, poderoso e chei o de prestí g i o
para passar por todo aquele processo de transformá-lo.
E toda vez que olho para os olhos de Stefan, aqueles quentes
olhos verde-esmeralda, chei o de confi ança e g rati dão – eu si nto
medo, também. Medo de que, de alg uma forma, ele se vá novamente –
para long e dos meus braços. E... Medo que ele descubra o que eu estou
senti ndo por Damon. Eu mesma nunca percebi o quão i mportante ele
havi a se tornado para mi m. E eu não consi g o... Parar... De me
preocupar... Comele, mesmo comele me odi ando ag ora.
Oh, por favor, Deus, faça comque ele não me odei e!
Estou sendo eg oí sta, eu sei , ao falar somente no que está
acontecendo comi g o e Damon. Quero di zer, as coi sas em Fell’s Church
estão pi ores do que nunca. Todo di a cri anças estão sendo possuí das e
aterrori zando seus pai s. Todo di a, pai s estão fi cando bravos com seus
fi lhos possuí dos. Não quero nempensar no que pode acontecer. Se nada
mudar, todo o lug ar será destruí do assi m como o últi mo lug ar que
Shi ni chi e Mi sao havi amvi si tado.
Ao menos somos sortudos em uma coi sa: temos a famí li a Sai tou.
Lembra-se de Isobel Sai tou, aquela que havi a colocado pi erci ng s nela
mesma, de um j ei to bi zarro, quando ela estava possuí da? Desde que
melhorou, ela se tornou uma boa ami g a, e sua mãe, a Sra. Sai tou, e sua
avó, Obaasan, também. Elas nos deram amuletos – encantamentos que
afastamo mal, escri tos emPost-It. Estamos g ratos por esse ti po de aj uda.
Alg umdi a, talvez, nós possamos retri bui r.

E l ena Gi l bert abai xou s ua caneta rel utantemente. Fechando s eu di ári o,


el a teve que encarar as coi s as que havi a es cri to.
De al gum j ei to, entretanto, el a s e pôs à ati va e des ceu as es cadas em
di reção à cozi nha para pegar a bandej a de comi da da Sra. Fl owers , que s orri a
para el a, encoraj ando-a.
As s i m que el a s ai u para o armazém da pens ão, el a percebeu que s uas
mãos es tavam tremendo tanto que a bandej a de comi da bal ançava. Não havi a
como aces s ar o armazém por dentro, então quem qui s es s e ver Damon teri a que
s ai r pel a porta da frente e dar a vol ta pel o j ardi m da cozi nha. Toca do Damon, era
as s i m que todos chamavam aquel e l ugar.
As s i m que el a pas s ou pel o j ardi m, E l ena ol hou de rel ance para o buraco
no mei o do campo de angél i cas que fora o Portal que l hes trouxera de vol ta da
Di mens ão das Trevas .
E l a parou na porta do armazém. E l a ai nda es tava tremendo, e s abi a que
as s i m não era o j ei to certo de encarar Damon. Rel axe, el a di s s e a s i mes ma.
Pens e em Stefan.
Stefan teve um des agradável contratempo quando des cobri u que não havi a
s obrado nenhuma ros a, mas l ogo el e havi a recobrado s ua humi l dade e graça
de s empre, tocando a bochecha de E l ena e di zendo que el e es tava agradeci do
por es tar al i com el a. E s s a aproxi mação foi tudo que el e pedi u na vi da. Roupas
l i mpas , comi da decente – li berdade – não era nada que s e val es s e a pena
l utar, poi s E l ena era mai s i mportante.
E l ogo em s egui da, E l ena ti nha chorado.
Por outro l ado, el a s abi a que Damon não ti nha i ntenção de permanecer
as s i m do j ei to que es tá por mui to tempo. E l e fari a qual quer coi s a, arri s cari a
qual quer coi s a... Para vol tar ao que era antes .
Ti nha s i do M att quem havi a s ugeri do a E s fera E s tel ar como uma
s ol ução para o probl ema de Damon. M att não havi a entendi do nada s obre a
E s fera E s tel ar ou da ros a até que l he fora expl i cado que es s a E s fera,
provavel mente a de M i s ao, conti nha a mai ori a ou todo o Poder del a, e el a havi a
s e tornado mai s bri l hante por caus a das vi das que el a havi a abs orvi do. A ros a
negra provavel mente devi a ter s i do fei ta de al gum l í qui do s i mi l ar à E s fera –
mas ni nguém s abi a o quanto ou quai s i ngredi entes havi am s i do combi nados .
M att franzi u a tes ta e perguntou:
— Se uma ros a pôde trans formar um vampi ro em um humano, uma
E s fera E s tel ar poderi a trans formar um humano em um vampi ro?
E l ena não fora a úni ca a perceber uma l eve i ncl i nação de cabeça vi nda
de Damon, e o bri l ho em s eu ol har como s e el e vi aj as s e por cada compri mento
da s al a até a E s fera chei a de Poder. E l ena, prati camente, ouvi a a l ógi ca del e.
M att poderi a es tar fora do as s unto... M as havi a um l ugar onde humanos
encontrari am vampi ros poderos os . Na Di mens ão das Trevas – e havi a um
Portal no j ardi m do armazém. O Portal es tava fechado... Por carênci a de Poder.
Ao contrári o de Stefan, Damon não s enti ri a verti gem ao pens ar no que
poderi a acontecer s e fos s e us ado todo o l í qui do da E s fera E s tel ar, podendo
caus ar a morte de M i s ao. Antes de tudo, el a fora uma das rapos as que ti nham
abandonado Stefan para s er torturado.
E os dados foramj og ados.
Ok, você es tá com medo, ag ora se conforme, E l ena di s s e a s i mes ma
ferozmente. Damon tem es tado nes s e quarto por quas e qui nze horas , e quem
s aberi a o que el e es tari a tramando para pegar a E s fera E s tel ar? E al guém
ti nha que l evar comi da para el e – e quando você di z “al guém”, admi ta, é você.
E l ena havi a fi cado parada na porta por tanto tempo que s eus j oel hos
começaram a travar. E l a deu um l ongo s us pi ro e bateu. Não houve res pos ta, e
nenhuma l uz vi nha de l á de dentro. Damon era humano. E j á es tava bas tante
es curo l á fora.
— Damon? — Is s o era pra s er bem al to, mas s ai u como um s us s urro.
Sem res pos ta. Sem l uz.
E l ena engol i u em s eco. E l e ti nha que es tar al i .
E l ena bateu mai s forte. Nada. Fi nal mente, el a tentou a maçaneta. Para
s eu horror, es tava des trancada, e o bal ançar da porta revel ou um l ugar tão
es curo quanto à noi te ao redor de E l ena, como um buraco de um poço.
Os pel os da nuca de E l ena s e eri çaram.
— Damon, es tou entrando. — E l a di s s e em um l eve s us s urro, como que
para s e convencer de que com aquel a qui etude não havi a ni nguém al i . — Vou
fi car perto da l uz da varanda. Não cons i go ver nada, as s i m você terá uma
vantagem. E s tou trazendo uma bandej a com café bem quente, bi s coi tos e bi fe,
s em tempero. Você deve s er capaz de s enti r o chei ro do café.
Is s o era mui to es tranho, no entanto. Os s enti dos de E l ena l he di zi am
que não havi a ni nguém parado na s ua frente, es perando para el a correr para
el e. Tudo bem, el a pens ou. Comece engati nhando. Pri mei ro pas s o. Segundo
pas s o. Tercei ro pas s o – eu devo es tar no mei o do quarto j á, mas ai nda es tava
mui to es curo para ver al guma coi s a. Quarto pas s o...
Um forte braço s ai u da es curi dão e a prendeu em um abraço de ferro em
vol ta de s ua ci ntura, e uma faca fora pres s i onada contra s ua garganta.
E l ena vi u uma rede ci nza l he cobri r toda, enquanto uma es curi dão
avas s al adora a cobri a compl etamente.
2
E l ena s ol tou-s e em ques tão de s egundos . Quando el a s ai u, tudo
conti nuava i gual — embora el a s e perguntas s e como el a não havi a cortado s ua
própri a garganta l etal mente com a faca.
E l a s abi a que a bandej a com os pratos e o copo havi a voado pel a es curi dão
no i ns tante em que el a não pôde evi tar de l evantar s eus braços . M as agora el a
reconheci a aquel e aperto, el a reconheci a aquel e chei ro, e compreendeu a
razão para a faca. E l a es tava fel i z por ter compreendi do, poi s el a es tava pres tes
a s e orgul har de fraquej ar, as s i m como Sage teri a fei to. E l a não era uma
fraca!
E l a rel axou nos braços de Damon, exceto onde a faca es tava. Para mostrar-
lhe que el a não era uma ameaça.
— Oi , pri nces a. — Uma voz como vel udo preto di s s e em s eu ouvi do.
E l a s enti u um arrepi o i nteri or — mas não de medo. Não, era mai s como
s e o s eu i nteri or es ti ves s e derretendo. M as el e não mudou o modo de s egurá-
l a.
— Damon... — E l a di s s e roucamente — E s tou aqui para aj udá-l o. Por
favor, me dei xe te aj udar. Para o s eu bem.
Tão abruptamente quanto ti nha chegado, o punho de ferro foi reti rado de
s ua ci ntura. A faca parou de s er pres s i onada contra s ua carne, embora aquel e
pres s enti mento, aquel a dor em s ua garganta foi o s ufi ci ente para l embrá-l a
de que Damon a ti nha dei xado preparada para uma próxi ma vez. Pres as
s ubs ti tutas .
Houve um cl i ck, e de repente o quarto es tava mui to bri l hante.
Lentamente, E l ena vi rou-s e para ol har Damon. E mes mo agora, mes mo
quando el e es tava pál i do, abati do e des fi gurado por não comer, el e es tava tão
l i ndo que s eu coração pareci a cai r na es curi dão. Seu cabel o preto, cai ndo em
todas as di reções s obre a tes ta; s uas caracterí s ti cas perfei tas e es cul pi das ,
s ua boca arrogante e s ens ual agora compri mi da em uma l i nha de
condes cendênci a...
— Onde es tá, E l ena? — E l e perguntou brevemente.
Não o que é. Onde es tá. E l e s abi a que el a não era i di ota, e, cl aro, el e
s abi a que os humanos na pens ão es tavam es condendo a E s fera E s tel ar del e
del i beradamente.
— Is to é tudo que você tem a me di zer? — E l a s us s urrou.
E l a vi u o amol ecer i ndefes o em s eus ol hos , e el e deu um pas s o em s ua
di reção como s e não pudes s e evi tar, mas no i ns tante s egui nte, el e pareci a
tri s te.
— Di ga-me, e então tal vez eu di ga mai s .
— E u... Compreendo. Bem, nós fi zemos um s i s tema, doi s di as atrás —
E l ena di s s e cal mamente — Todos ti ram um papel . E ntão, a pes s oa que
receber o papel com o X l eva-o da mes a da cozi nha e todos vão para s eus quartos
e permanecem l á até que a pes s oa com a E s fera E s tel ar a es conda. E u não
ti ve s orte hoj e, então s ei onde el a es tá. M as você pode — me tes tar.
E l ena pôde s enti r s eu corpo s e encol hendo quando el a di s s e as úl ti mas
pal avras , s enti ndo-s e mol e, i ndefes a e fáci l de s er feri da.
Damon es ti cou o braço e l entamente des l i zou a mão s ob s eus cabel os . E l e
poderi a bater a cabeça del a contra a parede, ou j ogá-l a por todo o cômodo. E l e
poderi a s i mpl es mente apertar a faca s obre s eu pes coço até que s ua cabeça
caí s s e. E l ena s abi a que el e es tava com vontade de des l i gar s uas emoções de
s er humano, mas el a não fez nada. Não di s s e nada. Apenas s e l evantou e
ol hou em s eus ol hos .
Lentamente, Damon i ncl i nou-s e s obre el a roçou s eus l ábi os —
s uavemente — contra os del a. Os ol hos de E l ena s e fecharam. M as no
momento s egui nte, Damon es tremeceu e des l i zou s ua mão para fora de s eu
cabel o.
Foi aí que E l ena s e tocou no que aconteceu com a comi da que el a es tava
trazendo para el e. O café quas e es cal dante es pi rrou s obre s ua mão e braço e
mol hou s eu j eans em uma das coxas . A xí cara e o pi res es tavam em pedaços
no chão. A bandej a e os bi s coi tos ti nham s al tado para detrás de uma cadei ra. O
prato de bi fe tártaro, no entanto, pous ou mi l agros amente no s ofá, vi rado para
ci ma. Havi a di vers os tal heres por toda parte.
E l ena s enti u a cabeça e ombros s e i ncl i narem de medo e dor. Aquel e era
o s eu uni vers o, naquel e momento — chei o de dor e medo. E s magando-a. E l a
não era uma chorona, mas el a não pôde evi tar as l ágri mas l he encherem os
ol hos .

***

M as que droga! Damon pens ou.


E ra ela. E l ena. E l e es tava tão certo que era um advers ári o a es pi oná-l o,
que um de s eus i ni mi gos o havi a s egui do e es tava montando uma
armadi l ha... Al guém que ti ves s e des coberto que el e es tava tão fraco quanto
uma cri ança agora. Não ti nha s equer l he ocorri do que poderi a s er ela, até que
el e es tava s egurando s eu corpo maci o com um braço, e chei rando o perfume de
s eus cabel os enquanto s egurava uma l âmi na l i s a em s ua garganta com a
outra. E então el e acendeu a l uz e vi u o que el e j á ti nha adi vi nhado.
Inacredi tável ! E l e não a havi a reconheci do. E l e es tava l á fora, no j ardi m,
quando el e vi u a porta do armazém es cancarada e s oube que l á havi a um
i ntrus o. M as , com s eus poderes reduzi dos , el e não foi capaz de di zer quem
es tava l á dentro.
Não havi a des cul pas que pudes s em cobri r os fatos . E l e havi a machucado
e aterrori zado E l ena. Ele a havi a machucado. E , ao i nvés de s e des cul par, el e
havi a forçado-a a di zer a verdade para os s eus própri os des ej os egoí s tas .
E agora, s ua garganta...
Seus ol hos foram atraí dos para a l i nha fi na de gotí cul as vermel has na
garganta de E l ena, onde a faca a havi a cortado quando el a s e apavorou antes de
i r a encontro a el e. E s e el a ti ves s e des mai ado? E l a poderi a ter morri do
naquel e momento, em s eus braços , s e el e não ti ves s e s i do rápi do o bas tante
para arremes s ar a faca para l onge.
E l e conti nuava di zendo a s i mes mo de que não ti nha medo del a. Que el e
es tava apenas s egurando a faca di s trai damente. E l e não havi a s e convenci do.
— E u es tava l á fora. Você s abe que nós , humanos, não podemos enxergar
mui to bem. — E le di s s e, s abendo que s oava i ndi ferente, s em
arrependi mento. — É como es tar em vol ta de um al godão o tempo todo, E l ena:
não podemos enxergar, não podemos chei rar, não podemos ouvi r. M eus
refl exos s ão como os de uma tartaruga, e es tou fami nto.
— E ntão, porque você não experi menta meu s angue? — E l ena
perguntou, s oando i nes peradamente cal ma.
— Não pos s o. — Damon di s s e, tentando não ol har para o del i cado col ar de
rubi que des ci a pel a garganta fi na e branca de E l ena.
— E u j á me cortei . — E l ena di s s e, e Damon pens ou: cortou a si mesma?
Si m, Deus , a garota era i mpagável . Como s e el a ti ves s e ti do um pequeno
aci dente de cozi nha. — As s i m, poderí amos s aber o gos to que o s angue
humano tem para você agora.
— Não.
— Você s abe que você quer. E u s ei que você s abe. M as não temos mui to
tempo. M eu s angue não vai s e derramar para s empre. Oh, Damon... Depoi s de
tudo... Na úl ti ma s emana...
E l e es tava ol hando para el a tempo demai s , el e s abi a. Não s ó por caus a do
s angue. Sua gl ori os a bel eza dourada, como s e uma cri ança que emanava rai os
s ol ares e l unares ti ves s e entrado em s eu quarto e, i nofenci vamente, ti nha-o
banhado em l uz.
Com um as s obi o, es trei tando os ol hos , Damon s egurou os braços de
E l ena. E l e es perava um recuo automáti co como quando el e a agarrou por trás .
M as não houve nenhum recuo. E m vez di s s o, era al go como um s al to ans i os o
à chama naquel es ol hos grandes e l i ndos . Os l ábi os de E l ena s e es trei taram
i nvol untari amente.
E l e s abi a que havi a s i do i nvol untári o. E l e havi a ti do mui tos anos para
es tudar o comportamento de garotas adol es centes . E l e s abi a o que s i gni fi cava
quando el a ol hou pri mei ro para s eus l ábi os antes de s egui r para s eus ol hos .
E u não pos s o bei j á-l a novamente. Não pos s o. O modo como el a o afetava,
era uma fraqueza humana. E l a não percebi a o que é s er tão j ovem e tão
i mpos s i vel mente boni ta. E l a aprenderi a; al gum di a. Na verdade, eu poderi a
ens i ná-l a agora mes mo.
Como s e el a pudes s e ouvi -l o, E l ena fechou s eus ol hos . E l a dei xou s ua
cabeça cai r para trás e, de repente, Damon s e pegou mei o que s egurando s eu
corpo. E l a es tava entregando todos os s eus pens amentos , mos trando a el e que
el a ai nda confi ava nel e, que ai nda...
... O amava.
O própri o Damon não s abi a o que i a fazer quando s e i ncl i nou s obre el a.
E l e es tava fami nto. A fome ras gava-o como garras de l obo. E l a fazi a com que s e
s enti s s e confus o, tonto e fora do control e. M ei o mi l êni o dei xou-o acredi tando
que a úni ca coi s a que l he al i vi ari a a fome era a fonte carmes i m de uma
artéri a cortada. Uma voz s ombri a que poderi a ter vi ndo da própri a Corte Infernal
s us s urrou que el e poderi a fazer o que al guns vampi ros fazi am, ras gando uma
garganta como um l obi s omem. Carne fres ca poderi a al i vi ar a fome de um
humano. O que el e poderi a fazer, es tando tão perto dos l ábi os de E l ena, tão
perto de s ua garganta s angrenta?
Duas l ágri mas s aí ram dos cí l i os negros e des l i zaram um pouco por s eu
ros to antes de cai r no cabel o dourado. Damon pegou- s e experi mentando uma
antes que pudes s e pens ar.
Ai nda uma donzel a. Bem, i s to era de s e es perar; Stefan era fraco demai s
para dar conta do recado. M as , por ci ma des te pens amento cí ni co vei o uma
i magem, e al gumas pal avras : um es pí ri to tão puro quanto à neve.
E l e, de repente, conheceu uma fome di ferente, uma s ede di ferente. O
úni co l ugar que al i vi ari a i sto es tava bem próxi mo. Des es peradamente, com
urgênci a, el e procurou e encontrou os l ábi os de E l ena. E então, el e s e vi u
perder todo o control e. O que el e mai s preci s ava es tava al i ; e E l ena poderi a
tremer, mas não chegou a afas tá-l o.
As s i m, tão perto, el e foi banhado em uma aura tão dourada quanto o
cabel o que el e es tava tocando genti l mente nas pontas . E l e es tava s ati s fei to
cons i go mes mo quando el a tremeu de prazer, e el e percebeu que podi a s enti r
s eus pens amentos . E l a era um proj etor forte, e a tel epati a del e fora o úni co
Poder que res tara. E l e não fazi a i dei a de como ai nda o ti nha, mas el e
conti nuava l á. E nes te momento, el e queri a s e s i ntoni zar com E l ena.
Porcari a! E l a não es tava pens ando em nada! E l ena havi a ofereci do s ua
garganta, entregando-s e total mente, abandonando todos os pens amentos ,
menos aquel e em que el a queri a aj udá-l o, que os des ej os del e eram os del a.
E l a es tá apai xonada por você, uma pequena parte del e que ai nda podi a
pens ar di s s e.
E l a nunca di s s e i s s o! E l a es tá apai xonada por Stefan! Agora vi s ceral
res pondeu.
E l a não preci s a di zer. E l a es tá demonstrando. Não fi nj a ao di zer que você
nunca percebeu i s to antes ! M as Stefan...!
E l a es tá pens ando em Stefan agora? E l a abri u s eus braços para a fome
de l obo que há em você. Is s o não é pouca coi s a, como uma refei çãozi nha, ou um
doador cons tante. E ra a própri a Elena.
E ntão, eu es ti ve me aprovei tando di s to. Se el a es tá apai xonada, el a não
tem como s e proteger. E l a é s ó uma cri ança. Tenho que fazer al guma coi s a.
Os bei j os chegaram a certo ponto que até mes mo a pequena voz da razão
es tava des aparecendo. E l ena ti nha perdi do a capaci dade de fi car em pé. E l e
teri a que col ocá-l a em al gum l ugar, ou dar a el a a chance de vol tar ao normal .
Elena! Elena! Mas que drog a, eu sei que você pode me ouvi r. Responda! Damon? —
f racam e n te . Oh, Damon, ag ora você entende? Perfei tamente bem, mi nha pri ncesa. Eu
Influenci ei você, eu devi a saber. Você...? Não, você está menti ndo!
Porque eu menti ri a? Por alg um moti vo, mi nha telepati a está forte como sempre. Eu ai nda
consi g o o que quero. Mas você deveri a pensar por um mi nuto, donzela. Sou humano e neste momento
estou fami nto. Mas não por essa porcari a de hambúrg uer sang rento que você me trouxe.
E l ena s ol tou-s e del e. Damon, dei xe-a i r.
— Acho que você es tá menti ndo. — E l a di s s e, encontrando di retamente
s eus ol hos , s ua boca i nchada por caus a do bei j o. Damon trancou aquel a vi s ão
del a dentro da pedra chei a de s egredos que el e carregava cons i go. E l e deu s eu
mel hor ol har vazi o.
— Porque eu menti ri a? — E l e repeti u. — E u s ó achei que você mereci a
a chance de fazer a s ua es col ha. Ou você j á deci di u abandonar meu mani nho.
E nquanto el e es tá fora de campo?
A mão de E l ena ergueu-s e, mas l ogo el a a dei xou cai r.
— Você us ou Infl uênci a s obre mi m. — Di s s e el a amargamente. — E s ta
aqui não s ou eu. E u nunca abandonari a Stefan... Pri nci pal mente quando el e
preci s a de mi m.
Aí es ta, o fogo de es s ênci a em s eu núcl eo, e a verdade de fogo dourada.
Agora, el e poderi a s entar e dei xar a amargura l he corroer, enquanto es te
es pí ri to puro s egui a com s ua cons ci ênci a.
E l e es tava pens ando ni s s o, j á s enti ndo a perda de s ua l uz rel uzente
recuando quando percebeu que j á não mai s s egurava a faca. Um i ns tante
depoi s , o medo tomou conta de s ua mão, el e ti rou a faca da garganta del a. Sua
expl os ão tel epáti ca foi i ntei ramente refl exi va:
O que di abos você está fazendo? Matar-se só por causa do que eu di sse? Essa lâmi na é i g ual
uma navalha!
E l ena vaci l ou.
— E s tava fazendo s ó um corte...
— Você quas e fez um corte que j orras s e a um metro de di s tânci a. — Pel o
menos , el e foi capaz de fal ar novamente, apes ar do aperto em s ua garganta.
— E u di s s e que s abi a que você s abi a que você teri a que experi mentar
s angue antes de comer. Parece que es tá j orrando de novo de meu pes coço. Des ta
vez, não vamos des perdi çar.
E l a s i mpl es mente di zi a a verdade. Pel o menos , el a não havi a s e feri do
l etal mente. E l e podi a ver que o s angue fres co fl uí a do novo corte que,
i mprudentemente, el a fez. Des perdi çar s eri a i di oti ce.
Agora, total mente des apai xonado, Damon pegou s eus ombros novamente.
E l e i ncl i nou s eu quei xo para ol har a garganta, maci a e arredondada. Vári os
novos cortes de rubi es tavam fl ui ndo l i vremente.
M ei o mi l êni o de i ns ti nto di zi a a Damon que aquele era o néctar e a
ambros i a. Só l á havi a s us tânci a, repous o e eufori a. Só aqui , onde s eus l ábi os
es tavam enquanto el e i ncl i nava-s e s obre el a uma s egunda vez... E el e teri a
apenas que experi mentar — que beber...
Damon recuou, tentando forçar-s e a engol i r, determi nado a não cus pi r.
Não era... Não era totalmente revol tante. E l e entendi a como os humanos , com
s eus s enti dos des graçados , podi am fazer us o das vari edades de s angue dos
ani mai s . M as essa coi s a coagul ante, com gos to de mi néri o, não era sang ue...
Não ti nha nenhum buquê perfumado, ri queza i nebri ante, o doce avel udado e
provocador que dá vi da, atri butos i ndi spensávei s de s angue.
Pareci a uma pi ada de mau gos to. E l e foi tentado a morder E l ena, apenas
roçando um cani no numa caróti ca comum, para que el e pudes s e experi mentar
a pequena expl os ão em s eu pal adar, para comparar, para ter certeza que
aquel a real i dade não es tava dentro del e, em al gum l ugar. Na verdade, el e foi
mai s que tentado; el e que fez i s to acontecer. M as nenhum s angue es tava
s ai ndo.
Sua mente parou no mei o de um pens amento. E l e havi a fei to um
arranhão bem... Superfi ci al . E l e ai nda não havi a quebrado a camada externa
da pel e de E l ena.
Dente cego.
Damon pegou-s e pres s i onando um cani no contra s ua l í ngua, des ej ando
entender, di s pondo toda s ua al ma frus trada em afi á- l o.
E ... Nada. Nada. M as el e havi a pas s ado o di a i ntei ro fazendo a mes ma
coi s a. Las ti mos amente, el e dei xou com que a cabeça de E l ena vol tas s e ao s eu
l ugar.
— Só i s s o? — E l a di s s e com voz trêmul a.
E l a es tava s e es forçando para s er bravo com el e! Pobre al ma condenada
com s eu amante demoní aco.
— Damon, você pode tentar de novo. — E l a l he di s s e. — Você pode morder
mai s forte.
— Is s o não é bom. — E l e retrucou. — Você é i núti l .
E l ena quas e es corregou para o chão. E l e a manteve de pé, enquanto
ros nava em s eu ouvi do:
— Você s abe o que eu qui s di zer. Ou você prefere s er meu j antar, ao
i nvés de s er mi nha pri nces a?
E l ena s i mpl es mente bal ançou a cabeça em s i l ênci o. E l a des cans ou em
s eu braço, s ua cabeça contra s eu ombro. Não era de s e admi rar que el a
preci s as s e des cans ar depoi s de tudo o que el e a fez pas s ar. M as , por
enquanto, el a encontrou em s eus ombros um conforto... Bem, i s s o i a al ém
del e.
Sag e! Damon envi ou furi os o pens amento aci ma de todas as freqüênci as
que el e podi a aces s ar; como el e havi a fei to o di a i ntei ro. Se ao menos el e
pudes s e encontrar Sage, todos s eus probl emas s eri am res ol vi dos . Sag e, el e
exi gi u, cadê você?
Sem res pos ta. Tudo que Damon s abi a era que Sage havi a operado o Portal
da Di mens ão das Trevas que agora es tava parado, s em poderes e i núti l no
j ardi m da Sra. Fl owers . Dei xando Damon aqui . Sage s empre fora rápi do quando
decol ava.
E por que el e havi a decol ado?
Uma Convocação Imperi al ? Às vezes , Sage as recebi a. Dos Anj os Caí dos ,
que vi vi am na Corte Infernal , aos confi ns da Di mens ão das Trevas . E quando
Sage as recebi a, el e era es perado naquel a di mens ão, s ai ndo no mei o de
al guma pal avra, no mei o de al guma carí ci a, no mei o de... Qual quer coi s a. Por
enquanto, Sage s empre havi a compri do s eu prazo, Damon s abi a di s to. E l e
s abi a, porque Sage ai nda es tava vi vo.
Na tarde da catas trófi ca i nves ti gação do buquê de Damon, Sage havi a
dei xado uma nota em ci ma da l arei ra, agradecendo à genti l Sra. Fl owers por
s ua hos pi tal i dade, dei xando s eu cachorro gi gantes co, Sabber, e s eu fal cão,
Tal on, para protegerem a cas a. Sem dúvi da a nota havi a s i do pré-preparada.
E l e havi a i do embora como s empre fazi a, tão i mprevi s í vel quanto o vento, e
s em di zer adeus . Sem dúvi da, el e pens ava que Damon o encontrari a para
res ol ver o probl ema faci l mente. Havi a mui tos vampi ros em Fel l ' s Church.
Sempre houve. As l i nhas de Poder no s ol o os chamavam, mes mo nos tempos
normai s .
O probl ema era que, agora, todos es s es vampi ros es tavam i nfes tados com
mal ach — paras i tas control ados pel os mal i gnos es pí ri tos -rapos a. E l es não
poderi am es tar mai s abai xo na hi erarqui a dos vampi ros .
E é cl aro que Stefan es tava fora de ques tão. M es mo s e el e não es ti ves s e
fraco demai s para trans formar Damon em um vampi ro, podendo matá-l o;
mes mo que s ua i ra por Damon ter " roubado s ua humani dade" pudes s e s er
ameni zada, el e s i mpl es mente nunca concordari a, poi s s enti a que o
vampi ri s mo era uma mal di ção.
Os humanos não s abi am da hi erarqui a dos vampi ros porque i s s o não era
de s uas contas , até que de repente, el es s abi am, poi s ti nham trans formados a
s i mes mos em vampi ros . A hi erarqui a dos vampi ros era ri goros a, des de o
i núti l até o ari s tocrata. Os Anti gos s e encai xavam nes ta categori a, as s i m como
outros que foram parti cul armente i l us tres ou poderos os .
O que Damon queri a era s e trans formar em um vampi ro a parti r de uma
mul her que Sage conheci a, e el e es tava determi nado a fazer Sage encontrar
uma vampi ra de qual i dade para el e, uma que val es s e a pena.
Outras duas coi s as atormentavam Damon, que gas tou doi s di as i ntei ros
s em dormi r pens ando ni s to. Seri a pos s í vel que o ki ts une branco, que havi a
dado a Stefan o buquê, havi a engenhado uma ros a que tornas s e a pri mei ra
pes s oa que a chei ras s e em um humano permanentemente? E s te teri a s i do o mai or
s onho de Stefan.
A rapos a branca havi a ouvi do di a após di a as di vagações de Stefan, não
ti nha? E l e ti nha vi s to E l ena chorando s obre Stefan. E l e havi a vi s to os doi s
pombi nhos j untos , E l ena al i mentando um Stefan quas e morto com s ua mão
através de arame farpado. Só Deus s abi a que i déi as havi am pas s ado pel a
cabeça branca e pel uda da rapos a quando el e preparou a ros a que " curou"
Damon de s ua " mal di ção" . Se i s s o s e tornas s e em uma " cura" i rrevers í vel ...
Se Sage s e tornas s e i nal cançável ...
De repente, vei o à mente de Damon que E l ena es tava fri a. Is s o era
es tranho, poi s a noi te es tava quente, mas el a es tava tremendo vi ol entamente.
E l a preci s ava de s ua j aqueta ou...
E l a não es tá com fri o, à pequena voz em al gum l ugar dentro del e di s s e.
E el a não es tá tremendo. E l a es tá ag i tada por caus a de tudo que você pôs em
s ua mente.
Elena?
Você se esqueceu completamente de mi m. Você estava me seg urando, mas esqueceu-se
completamente de mi nha exi stênci a...
Somente por... Pens ou amargamente. Você está marcada emmi nha alma.
Damon, s ubi tamente, fi cou furi os o. M as era di ferente do ódi o pel o
ki ts une, por Sage e pel o mundo. E ra o ti po de rai va que fazi a s ua garganta
fechar e fazi a com que s eu pei to pareces s e mui to apertado.
E ra uma rai va que o fez pegar a mão quei mada de E l ena, rapi damente
aparecendo manchas vermel has , e as exami nou. E l e s abi a o que teri a fei to s e
ai nda fos s e um vampi ro: acari ci ari a as quei maduras com a l í ngua de s eda
fri a, gerando produtos quí mi cos para acel erar a cura. E agora... Não havi a nada
que el e pudes s e fazer a res pei to.
— Não dói . — E l ena di s s e.
Agora, el a era capaz de fi car em pé por s i s ó.
— Você es tá menti ndo, pri nces a. — E l e di s s e. — Suas s obrancel has
es tão ergui das . Is s o é dor. E s eu pul s o es tá acel erado...
— Você pode s enti r i s s o s em me tocar?
— E u pos s o ver, através de s uas têmporas . Vampi ros... Com ênfas e, para
mos trar que ai nda era um, na es s ênci a.
—... Notam coi s as como es s as . E u fi z você s e machucar. E não pos s o fazer
nada para aj udar. Também — E l e encol heu os ombros — Você é uma bel a
menti ros a. Refi ro-me à E s fera E s tel ar.
— Você sempre pode s enti r quando es tou menti ndo?
— Anj o, — E l e di s s e cans ado — é fáci l . Você é a s ortuda que guardou a
E s fera E s tel ar hoj e... Ou s abe quem é. De novo, a cabeça de E l ena des pencou
de pavor.
— Ou então, — Damon di s s e l i gei ramente — toda es s a hi s tóri a de
papel zi nho com X é uma menti ra.
— Pens e o que qui s er. — E l ena di s s e, com um pouco de s eu fogo de
s empre. — E você pode arrumar es s a bagunça, também. Quando el a s e vi rou
para i r embora, Damon revel ou:
— A Sra. Fl owers ! — E l e excl amou.
— E rrado. — E l ena es tal ou.
Elena, eu não me referi a à Esfera Estelar. Dou a você mi nha palavra. Você sabe como é
di fí ci l menti r telepati camente... Si m, eu sei di sso, portanto, se há alg o neste mundo que você...
Prati cari a...
E l a não cons egui a termi nar. E l a não podi a di zer o di s curs o. E l ena s abi a
o quanto a pal avra val i a para Damon.
Nunca te di rei onde está! E l a envi ou tel epati camente para Damon. E j uro que a
Sra. Flow ers tambémnão.
— E u acredi to em você, mas ai nda vamos l á vê-l a.
E l e pegou E l ena faci l mente e pi s ou em ci ma do copo e pi res quebrados .
E l ena, automati camente, pegou s eu pes coço com as duas mãos para s e
equi l i brar.
— Queri do, o que você es tá fazendo? — E l ena gri tou, e então parou, com
os ol hos arregal ados e doi s de s eus dedos quei mados voaram para s eus l ábi os .
Parada na porta, a menos de doi s metros del es , es tava à pequeni na
Bonni e M cCul l ough, uma garrafa de vi nho Bl ack M agi c, não al coól i co, mas
mi s teri os amente emoci onante, ergui da em s ua mão. M as , como E l ena
obs ervara. A expres s ão de Bonni e mudara por um i ns tante. Ti nha s i do uma
al egri a tri unfante. M as agora era choque. Des crença que el a não cons egui a
conter. E l ena s abi a exatamente o que el a es tava pens ando. Toda cas a havi a
dedi cado-s e a fazer com que Damon fi cas s e confortável , enquanto Damon
roubava o que pertenci a por di rei to a Stefan: E l ena. Al ém di s s o, el e ti nha
menti do s obre não s er mai s um vampi ro. E E l ena não es tava l utando com el e.
E l a o es tava chamando de " queri do" .
Bonni e l argou a garrafa e foi embora, correndo.
3
Damon s al tou. E m al gum momento no mei o do s al to, E l ena s enti u-s e
s er tomada pel os capri chos da gravi dade. E l a tentou enrol ar-s e como uma bol a,
a fi m de que o i mpacto fos s e para uma de s uas nádegas .
O que aconteceu foi es tranho — quas e mi l agros o. E l a cai u, vi rada para
ci ma, no s ofá, bem do l ado onde o prato de bi fe tártaro es tava. O prato deu um
pequeno s al to s ozi nho, três ou quatro centí metros , tal vez, e então vol tou onde
es tava.
E l ena também foi s ortuda o bas tante de ter uma vi s ão perfei ta do fi nal do
ato herói co — que envol vi a Damon mergul hando ao chão e pegando a garrafa do
preci os o vi nho Bl ack M agi c antes que el e al canças s e o chão e s e quebras s e.
E l e podi a não ter mai s os refl exos -rel âmpagos que cos tumava ter, mas el e
es tava l onge, bem l onge de s er um humano comum. Arremes s ar a garota,
dei xando-a cai r em al go confortável , vi rar-s e para dar um mergul ho e, por
fi m, pegar a garrafa, antes que es ta s e quebras s e. Incrí vel .
M as , por outro l ado, Damon não era mai s i gual a um vampi ro... E l e não
era i nvencí vel em cai r em s uperfí ci es duras . E l ena s ó percebeu i s s o quando
el a o ouvi r arfar, tentando res pi rar e não cons egui ndo.
E l ena procurou, des control adamente, em s ua mente todos os aci dentes
que el a pudes s e s e l embrar que envol vi am atl etas , e — s i m, el a s e l embrou
de um, quando M att fi cou compl etamente s em fôl ego. O trei nador teve que
agarrá-l o pel o col ari nho e bater-l he nas cos tas .
E l ena correu para Damon e pegou s eus braços , dei xando-o de cos tas ao
chão. E l a col ocou toda s ua força para puxá-l o e dei xá-l o s entado. Fi ngi ndo s er
M eredi th, que ti nha uma médi a de 0, 225 no ti me de bei s ebol da Robert E .
Lee, el a bateu o mai s forte que pôde em Damon, batendo com os pul s os em
s uas cos tas .
E funci onou!
De repente, Damon chi ou, e depoi s res pi rou novamente. Um l aço entre
el es afl orou, E l ena aj oel hou-s e e tentou arrumar s uas roupas . As s i m que el e
cons egui u res pi rar corretamente, os membros del e dei xaram de s er tão
fl exí vei s s ob os dedos del a. Del i cadamente, el e col ocou as mãos del a nas
s uas . E l ena perguntou-s e s e era pos s í vel el es terem i do l onge demai s , onde
pal avras não eram neces s ári as , e s e era pos s í vel el es poderem vol tar ao que
eram antes .
Como aqui l o tudo aconteceu? Damon a havi a pego no col o — tal vez porque
s ua perna es tava quei mada, ou tal vez porque el e havi a deci di do que era a Sra.
Fl owers quem es tava com a E s fera E s tel ar. E l a mes ma havi a di to: " Damon, o
que você es tá fazendo?" Perfei tamente s éri a. E no mei o da s entença el a s e
ouvi u di zer " queri do" — mas quem acredi tari a nel a? — i s s o não ti nha nada a
ver com o que el es fi zeram à agora pouco. Foi um aci dente, s ua l í ngua
es corregara.
M as el a havi a di to na frente de Bonni e, a úni ca pes s oa que l evari a i s to
a s éri o e para o l ado pes s oal . E então, Bonni e s e foi antes mes mo que el a
pudes s e s e expl i car.
Queri do! Jus to quando el es havi am começado a di s cuti r.
Pareci a uma pi ada. Porque el e es tava bem s éri o em cons egui r a E s fera
E s tel ar. E l a vi u i s to em s eus ol hos .
Para chamar Damon de " queri do" , você preci s ari a es tar — es tar...
Irremedi avel mente... Impotente... Des es peradamente... Ai , Deus.
Lágri mas começaram a cai r até as bochechas de E l ena. M as es s as eram
l ágri mas de revel ação. E l a s abi a que el a não es tava na s ua mel hor forma
hoj e. Não dormi ra durante três di as s egui dos — mui tos confl i tos de emoções
— mui to medo genuí no nes te momento.
Ai nda, el a es tava com medo de des cobri r que al go fundamental havi a
mudado dentro del a.
Não era al go que el a houves s e pedi do. Tudo que el a pedi u foi que os doi s
i rmãos paras s em de bri gar. E el a havi a nasci do para amar Stefan; el a s abi a
di s s o! Uma vez, el e es tava di s pos to a s e cas ar com el a. Bem, des de então el a
foi uma vampi ra, um es pí ri to e uma nova encarnação caí da do céu, e el a
es perava que, um di a, el e es ti ves s e di s pos to a cas ar com es s a nova E l ena,
também.
M as a nova E l ena es tava confus a com s eu novo s angue que pareci a como
combus tí vel de foguete, ao i nvés de s i mpl es gas ol i na que a mai ori a das
garotas carregava em s uas vei as . Com s eus Poderes de As a, as s i m como as Asas
da Redenção, a mai ori a el a não compreendi a e não cons egui a control ar
nenhuma. E mbora, ul ti mamente, el a tenha vi s to o começo de uma nova, e el a
s abi a que eram as Asas da Destrui ção. Que, pens ou s ombri amente, poderi a s er
bas tante úti l al gum di a.
É cl aro que vári as del as j á havi am s i do útei s a Damon, que dei xara de
s er um s i mpl es al i ado, tornando-s e um i ni mi go-al i ado. E l e queri a roubar
al go que a ci dade i ntei ra preci s ava.
E l ena não pedi u para s e apai xonar por Damon... M as , ai , Deus , e s e el a
j á es ti ves s e apai xonada? E s e el a não cons egui s s e fazer com que es s es
s enti mentos paras s em? O que el a poderi a fazer?
Si l enci os amente, el a s entou e começou a chorar, s abendo que nunca
poderi a contar nada di s s o a Damon. E l e ti nha o dom de ver através das
emoções , mas dessa em parti cul ar, di s s o el a s abi a. Se el a contas s e o que es tava
em s eu coração, antes que el a des cobri s s e, el e a s eqües trari a. E l e acredi tari a
que el a havi a es queci do Stefan de uma vez por todas , as s i m como o havi a
es queci do por al guns i ns tantes es ta noi te.
— Stefan, — E l a s us s urrou — eu s i nto mui to...
E l a também não poderi a dei xar Stefan s aber di s s o... E Stefan estava em
s eu coração.

***

— Temos que nos l i vrar rapi damente de Shi ni chi e M i s ao — M att es tava
di zendo, mal -humorado. — Quero di zer, eu preci s o es tar em boas condi ções ou
a Kent State me envi ará uma carta es tampada com um " Rej ei tado" .
E l e e M eredi th es tavam s entados na cozi nha quente da Sra. Fl owers ,
mordi s cando bi s coi tos de gengi bre e vendo como el a trabal hava
apres s adamente em fazer bi fes carpacci o — a s egunda das duas recei tas de
carne crua que es tava em s eu l i vro anti go de cul i nári a.
— Stefan es tá mel horando tão rapi damente que l ogo, l ogo el e poderá
vol tar a j ogar no campo de futebol — E l e acres centou, com s arcas mo pres ente
em s ua voz. — Se ao menos a ci dade paras s e de s er es tranhamente possuí da.
Ah, s i m, s e ao menos os pol i ci ai s paras s em de me pers egui r por ter
vi ol entado Carol i ne.
Ao menci onar o nome de Stefan, a Sra. Fl owers es pi ou dentro de um
cal dei rão, que há um bom tempo es tava borbul hando e agora emi ti a um odor
terrí vel que M att não s abi a do que ter mai s pena: do cara ter de aquel a pi l ha
enorme de carne crua, ou aqui l o que havi a dentro daquel a panel a.
— E ntão... Pres umi ndo que você es tej a vi vo... Você fi cari a fel i z em
abandonar Fel l ' s Church, quando o momento chegar? — M eredi th perguntou
cal mamente.
M att s enti u como s e el a ti ves s e bati do nel e.
— Você es tá bri ncando, né? — E l e di s s e, acari ci ando Sabber com um pé
nu e bronzeado. A fera es tava fazendo uma es péci e de ronronar que cres ci a
cons tantemente. — Quero di zer, antes di s s o, s eri a l egal bater uma bol i nha
com Stefan de novo... E l e é o mel hor quarterback que eu j á conheci .
— Ou conhecerá — M eredi th l embrou-l he. — Não acho que mui tos
vampi ros s e i nteres s em por futebol , M att, então nem pens e em s ugeri r que
el e e E l ena s i gam você para a Kente State. Al ém di s s o, es tarei na s ua col a,
tentando convencê-l os a vi r à Harvard comi g o. O pi or é que ambos perdemos para
a Bonni e, porque aquel a facul dade... Tanto-faz-o-nome... É o mai s perto de
Fel l ' s Church e de todas as coi s as daqui que el es amam.
— De todas as coi s as daqui que Elena ama. — M att não pôde evi tar
corri gi -l a. — Tudo que Stefan quer é es tar j unto da E l ena.
— Chega, chega. — A Sra. Fl owers di s s e. — Vamos dei xar as coi s as
acontecerem ao s eu tempo, né, meus queri dos ? Mama di s s e que preci s amos
fi car fortes . E l a es tá preocupada comi go... Sabe, el a não pode ver tudo que
acontece. M att as s enti u, mas teve que engol i r em s eco antes de di zer à
M eredi th:
— E ntão, você des i s ti u da i dei a de i ngres s ar na Ivi ed Wal l s , é i s s o?
— Se não fos s e por Harvard... Se ao menos eu pudes s e ter um ano l i vre,
mantendo mi nha bol s a de es tudos ... — A voz de M eredi th foi s umi ndo, mas o
ans ei o era i nconfundí vel .
A Sra. Fl owers deu uma pal madi nha no ombro de M eredi th, e então
di s s e:
— E s tou preocupada com o queri do Stefan e a E l ena. Depoi s de tudo, com
todos pens ando que el a es tá morta, E l ena não pode vi ver aqui e s er vi s ta.
— Acho que el es des i s ti ram da i dei a de i rem para al gum l ugar
di s tante. — M att di s s e. — Apos to que agora el es pens am s erem os guardi ões
de Fel l ' s Church. E l es j á s ão, de al guma forma. E l ena pode ras par a cabeça.
M att es tava tentando parecer neutro, mas as pal avras afundaram-s e
as s i m como bal ões após s aí rem de s ua boca.
— A Sra. Fl owers s e referi a à uni versi dade. — M eredi th di s s e num tom
pes ado. — E l es s erão s uper-herói s à noi te e vão apenas curti r o res to do tempo?
Se el es querem i r a al gum l ugar no ano que vem, el es preci s am pens ar ni s s o
agora.
— Oh... Bem, acho que há o Dal cres t.
— Onde?
— Você s abe, o pequeno campus em Dyer. É pequeno, mas o ti me de
futebol de l á é bem... Acho que Stefan não s e i mportari a o quão bom el es s ão.
M as é apenas uma hora daqui .
— Oh, esse l ugar. Bem, os es portes podem s er fantás ti cos , mas tenho
certeza que não s ão uma Ivy, mui to menos uma Harvard. — M eredi th, a não-
s enti mental e eni gmáti ca M eredi th, s oava como s e es ti ves s e com o nari z
entupi do.
— É — M att di s s e, e s omente por um s egundo el e pegou a mão fi na e
fri a de M eredi th e a apertou. E l e fi cou ai nda mai s s urpres o quando el a
i nterl i gou s eus dedos nos del e, s egurando s ua mão.
— Mama di s s e que o quer que es tej a predes ti nado, acontecerá em breve.
— A Sra. Fl owers di s s e s erenamente. — A coi s a mai s i mportante, a meu ver,
é s al var a amada, amada ci dade. As s i m como s ua popul ação.
— Cl aro que é — M att di s s e. — Faremos o nos s o mel hor. Graças a Deus
que temos al guém que entendo de demôni os j apones es .
— Ori me Sai tou. — A Sra. Fl owers di s s e com um s orri s i nho. —
Abençoada s ej a por s eus amul etos .
— É , ambas . — M att di s s e, pens ando na avó e na mãe que di vi di am o
mes mo nome. — Acho que vamos preci s ar de mui tos des s es amul etos que
el as fazem. — E l e adi ci onou s ombri amente.
A Sra. Fl owers abri u a boca, mas M eredi th fal ou, ai nda focada em s eus
própri os pens amentos .
— Sabe, Stefan e E l ena podem não preci s ar des i s ti r tão cedo de i rem para
l onge — E l a di s s e tri s temente. — Des de que nenhum de nós s obrevi va para
fazer nos s as própri as facul dades ...
E l a deu de ombros .
M att ai nda es tava s egurando s ua mão quando Bonni e pas s ou pel a porta
da frente, veementemente. E l a tentou correr em di reção à es cada, evi tando a
cozi nha, mas M att s ol tou M eredi th e ambos bl oquearam s eu cami nho.
Ins tantaneamente, todos es tavam em modo de combate. M eredi th s egurou o
braço de Bonni e fi rmemente. A Sra. Fl owers entrou no hal l de entrada,
l i mpando as mãos num pano de prato.
— Bonni e, o que aconteceu? São Shi ni chi e M i s ao? E s tamos s endo
atacados ? — M eredi th perguntou cal mamente, mas com uma i ntens i dade de
cortar a hi s teri a.
Al go di s parou como um rai o de gel o no corpo de M att. Ni nguém s abi a
onde Shi ni chi e M i s ao es tavam agora. Tal vez no mato, que foi tudo que res tou
de Ol d Woods — tal vez bem aqui , na pens ão.
— E l ena! — E l e gri tou. — Ai , Deus , el a e Damon es tão l á fora. E l es
es tão feri dos ? Shi ni chi os pegou? Bonni e fechou os ol hos e s acudi u a cabeça.
— Bonni e, fi que comi go. Fi que cal ma. É o Shi ni chi ? É a pol í ci a? —
M eredi th perguntou. Vi rando para M att: — É mel hor você dar uma ol hada
pel as corti nas .
M as Bonni e conti nuava s acudi ndo a cabeça.
M att não vi u nenhuma s i rene de pol í ci a através das corti nas . Nem
s i nal de Shi ni chi e M i s ao atacando.
— Se não es tamos s endo atacados — M att pôde ouvi r M eredi th di zer à
Bonni e — então, o que es tá acontecendo? Irri tantemente, Bonni e s omente
bal ançou a cabeça.
M att e M eredi th ol haram-s e por ci ma dos cachos de morango de Bonni e.
— A E s fera E s tel ar — M eredi th di s s e del i cadamente, j us to quando
M att ros nou:
— Aquel e fi lho da mãe.
— E l ena não l he di ri a nada, al ém daquel a hi s tóri a. — M eredi th di s s e.
E M att concordou, tentando ti rar da cabeça uma i magem do Damon
fazendo E l ena s ofrer em agoni a.
— Tal vez s ej am as cri anças pos s uí das ... Aquel as que andam por aí
machucando a s i mes mas e agi ndo de um modo es tranho.
— M eredi th di s s e, dando uma ol hadel a em Bonni e, e apertando bem
forte a mão de M att. M att fi cou aturdi do e atrapal hou-s e nas pal avras . E l e
di s s e:
— Se aquel e F.D.P. es ti ves s e tentando pegar a E s fera E s tel ar, Bonni e
não teri a fugi do. E l a é a mai s coraj os a quando es tá com medo. E a menos que
el e tenha matado E l ena, não há razão para el a es tar as s i m... Para M eredi th,
s obrou o trabal ho pes ado:
— Fale conos co, Bonni e. — Di s s e em s ua voz mai s confortante de i rmã
mai s vel ha. — Al go deve ter aconteci do para ter dei xado você nes s e es tado.
Res pi re fundo e di ga-me o que você vi u.
E então, em uma corrente, pal avras começaram a s erem cus pi das dos
l ábi os de Bonni e.
— E l a... E l a o es tava chamando de queri do — Bonni e di s s e, col ocando a
outra mão de M eredi th entre as s uas . — E havi a s angue es pal hado por todo o
s eu pes coço. E ... Ah, eu dei xei cai r! A garrafa de Bl ack M agi c!
— Ora, poi s — A Sra. Fl owers di s s e genti l mente. — Não adi anta chorar
pel o vi nho derramado. Tudo que temos que...
— Não, você não entende — Bonni e arfou. — E u os ouvi convers ando
enquanto me aproxi mava... E u ti ve que i r devagar, porque não é di fí ci l
es corregar. E s tavam fal ando s obre a E s fera E s tel ar! Pri mei ro, eu pens ei que
el es es tavam di s cuti ndo, mas ... E l a ti nha s eus braços em vol ta do pes coço do
Damon. E todo aquel e l ance del e não s er mai s um vampi ro? E l a ti nha s angue
por todo o pes coço e el e o ti nha por toda s ua boca! As s i m que eu cheguei l á, el e
a pegou e a arremes s ou para que eu não pudes s e ver, mas el e não foi rápi do o
bas tante. E l a deve ter dado a E s fera E s tel ar para el e! E ai nda por ci ma, fi cou
chamando-o de " queri do" .
Os ol hos de M att encontraram os de M eredi th, ambos coraram e
ol haram rapi damente para outro l ugar. Se Damon fos s e um vampi ro
novamente... Se el a, de al guma forma, pegou a E s fera E s tel ar de s eu
es conderi j o... Se E l ena s ó havi a i do l á " dar-l he comi da" para dar-l he s eu
s angue...
M eredi th ai nda es tava com um ol har di s tante.
— Bonni e... Você não es tá exagerando mui to nas coi s as ? Al i ás , o que
aconteceu com a bandej a de comi da da Sra. Fl owers ?
— E s tava... Por toda parte! E l es s i mpl es mente a j ogaram para l onge.
M as el e a es tava s egurando com uma mão s ob s eus j oel hos e a outra s ob s eu
pes coço, e a cabeça del a des pencava no ar, as s i m s eu cabel o caí a s ob os ombros
del e!
Houve um s i l ênci o enquanto todos tentavam i magi nar vári as pos i ções
que corres ponderi am com as úl ti mas pal avras de Bonni e.
— Você quer di zer que el e a es tava s egurando para el a não cai r? —
M eredi th perguntou, s ua voz de repente era quas e um s us s urro.
M att entendeu o que el a qui s di zer. Stefan, provavel mente, es tava
dormi ndo no andar de ci ma, e M eredi th queri a que el e conti nuas s e as s i m.
— Não! E l es ... E s tavam tendo uma troca de olhares. — Bonni e gri tou. —
Ol hando. Um nos ol hos do outro. A Sra. Fl owers fal ou s uavemente:
— M as amada Bonni e... Tal vez E l ena tenha caí do e Damon
s i mpl es mente a aj udou a s e l evantar. Agora, Bonni e fal ava s em nenhum
remors o e fl uentemente.
— Is s o s ó acontece com aquel as mul heres nas capas daquel es l i vros de
romance... Como é mes mo que s e chama?
— Romances eróti cos ? — M eredi th s ugeri u, quando ni nguém mai s s e
pronunci ou.
— E xato! Romances eróti cos . E ra bem des s e j ei to que el e a es tava
s egurando! Quero di zer, s abemos que al go es tava acontecendo entre el es na
Di mens ão das Trevas , mas eu pens ei que i s s o parari a quando
encontrás s emos Stefan. M as não parou!
M att s enti u uma pontada em s eu es tômago.
— Quer di zer que nes te exato momento E l ena e Damon es tão... Se
bei j ando e fazendo outras coi s as ?
— E u não s ei o quê eu quero di zer! — Bonni e excl amou. — Eles estavam
falando sobre a Esfera Estelar! Ele a estava seg urando como se ela fosse uma noi va! E ela não
estava se debatendo!
Com um cal afri o de medo, M att previ u probl emas , e pôde perceber que
M eredi th previ ra também. E pi or, el es es tavam ol hando para duas di reções
di ferentes . M att es tava ol hando para as es cadas , onde Stefan havi a apareci do.
M eredi th es tava ol hando para a porta da cozi nha, que uma ol hadel a mos trou a
M att que Damon es tava entrando na cas a.
O que Damon es tava fazendo na cozi nha? M att s e perguntou. E s távamos
l á agora pouco. E el e es tava fazendo o quê, nos es pi onando do l ado de fora?
Nes ta s i tuação, M att deu um ti ro no es curo.
— Stefan! — E l e di s s e com uma voz s audável que o fez tremer por dentro.
— Preparado para engol i r s angue, ao es ti l o futebol í s ti co?
Uma pequena parte de M att pens ou: Ol he para el e. Apenas três di as
fora da pri s ão e j á tem s ua anti ga aparênci a novamente. Três noi tes atrás el e
era um es quel eto. Hoj e, el e pareci a... M agro. E s tava boni to o bas tante para
fazer com que as garotas caí s s em em ci ma del e de novo.
Stefan deu um s orri s o amarel o para el e, apoi ando-s e s obre o corri mão.
E m s eu ros to pál i do, s eus ol hos es tavam notavel mente vi vos , um verde
vi brante que fazi am bri l harem como s e fos s em j ói as . E l e não pareci a
chateado, e fez com que o coração de M att s e acel eras s e. Como el e poderi a
contar a el e?
— E l ena es tá feri da. — Stefan di s s e, e de repente houve uma paus a,
um s i l ênci o profundo, enquanto todos do reci nto congel avam. — M as Damon
não pôde aj udá-l a, então el e a trouxe para a Sra. Fl owers .
— Verdade. — Damon di s s e fri amente bem atrás de M att. — Não pude
aj udá-l a. Se eu fos s e um vampi ro... M as não s ou. Aci ma de tudo, E l ena tem
quei maduras . Tudo que pude pens ar foi em um s aco de gel o ou um pouco de
catapl as ma. Des cul pe por contes tar s uas teori as es perti nhas .
— Ai , meu Deus ! — Gri tou a Sra. Fl owers . — Quer di zer que a amada
E l ena es tá nes te momento es perando na cozi nha por um pouco de catapl as ma?
E l a s ai u da s al a, correndo em di reção à cozi nha. Stefan ai nda des ci a as
es cadas , di zendo:
— Sra. Fl owers , el a quei mou o braço e a perna... E l a di s s e que Damon
não a reconheceu na es curi dão e deu-l he um encontrão. E que el e pens ou s er
um i ntrus o em s eu quarto, e cortou s eu pes coço com a faca. O res to de nós
es tará na s al a, s e preci s ar de aj uda.
Bonni e gri tou:
— Stefan, tal vez el a s ej a i nocente... M as ele não é! De acordo com você,
el e a quei mou... Is s o é tortura... E col ocou uma faca em s eu pes coço! Tal vez el e a
tenha ameaçado para di zer a nós o que qui s és s emos ouvi r. Tal vez el a ai nda
s ej a refém del e e não s abemos .
Stefan corou.
— É di fí ci l de expl i car. — E l e di s s e del i cadamente. — E eu conti nuo
tentando entender. M as até então... Al guns dos meus Poderes têm cres ci do...
M ai s rápi do do que mi nha habi l i dade de control á-l os . Na mai ori a do tempo
es tou dormi ndo, mas i s s o não i mporta. E s tava dormi ndo até poucos mi nutos
atrás . M as acordei e E l ena es tava di zendo a Damon que a Sra. Fl owers não
ti nha a E s fera E s tel ar. E l a es tava chateada, e feri da... E eu pude s enti r onde
el a es tava feri da. E ntão, de repente, eu ouvi você, Bonni e. Você é uma tel epata
mui to forte. E ntão, ouvi o res to de você fal ando s obre a E l ena...
Ai , meu Deus . Que l oucura, M att es tava pens ando. Sua boca bal buci ava
al go pareci do como " Cl aro, cl aro, foi erro nos s o" em pal avras i ni ntel i gí vei s , e
s eus pés s egui ram os de M eredi th até a s al a, como s e el e fos s e atraí do por
aquel as s andál i as i tal i anas .
M as o s angue na boca de Damon...
Devi a haver al guma razão para o s angue, também. Damon havi a di to que
Damon a havi a feri do com a faca. O s angue poderi a ter es pi rrado; bem, i s s o
não s oava como vampi ri s mo para M att. E l e havi a s i do um doador para Stefan
uma dúzi a de vezes nos úl ti mos di as e o proces s o s empre fora mui to l i mpo.
— E u tento não ouvi r pens amentos , a menos que eu s ej a convi dado e
tenho um bom moti vo para tal . — Stefan di s s e. — M as quando al guém
menci ona E l ena, es peci al mente quando es s a pes s oa parece perturbada... E u
não cons i go evi tar. É como s e você es ti ves s e em um l ugar barul hento e mal
cons egue ouvi r, mas quando al guém di z s eu nome, você ouve
i ns tantaneamente.
— Is s o s e chama Parei dol i a — M eredi th di s s e. Sua voz es tava qui eta e
chei a de remors o, como s e el a es ti ves s e tentando acal mar uma Bonni e
atormentada.
M att s enti u outra acel eração em s eu coração.
— Bem, vocês podem chamar i s s o do que qui s erem — E l e di s s e —, mas
então quer di zer que você pode ouvi r nos s os pens amentos s empre que qui s er.
— Nem s empre. — Stefan di s s e, es tremecendo. — Quando eu es tava
bebendo s angue ani mal eu não era forte o bas tante a menos que real mente
me es forças s e. Al i ás , s ai bam, meus ami gos , que eu vol tarei a caçar ani mai s
a parti r de amanhã ou no di a s egui nte, dependendo do que a Sra. Fl owers
di s s er. — E l e adi ci onou, dando uma ol hada s i gni fi cati va em todos na s al a.
Seus ol hos pous aram em Damon, que es tava encos tado na parede perto da
j anel a, com uma aparênci a des grenhada e mui to, mui to peri gos a.
— M as i s s o não s i gni fi ca que es quecerei quem s al vou mi nha vi da
quando es tava pres tes a morrer. Por i s s o, eu res pei to e agradeço a todos vocês ...
E , bem, teremos uma fes ta um di a des s es . — E l e pi s cou vári as vezes e ol hou
para l onge.
As duas garotas ol haram-s e — até mes mo M eredi th fungou. Damon
s ol tou um s us pi ro exagerado.
— Sangue ani mal ? Ah, bri l hante. Torne-s e o mai s fraco pos s í vel ,
mani nho, mes mo com três ou quatro doares di s pos tos ao s eu redor. E ntão,
quando o confronto fi nal com Shi ni chi e M i s ao chegar, você s erá tão úti l
quanto um pedaço de papel mol hado.
— Haverá um confronto... E m breve? — Bonni e começou.
— As s i m que Shi ni chi e M i s ao es ti verem prontos . — Stefan di s s e
cal mamente. — Acho que el es preferem não me dar tempo até eu mel horar. A
ci dade i ntei ra es tá pres tes a fi car em chamas e ci nzas , vocês s abe. M as não
pos s o conti nuar pedi ndo a você, à M eredi th, a M att... E à E l ena... Para doarem
s angue para mi m. Vocês j á me manti veram vi vo nes s es úl ti mos di as , e não
s ei como recompens á-l os por i s s o.
— Nos recompens e fi cando o mai s forte pos s í vel . — M eredi th di s s e em
s ua voz qui eta e control ada. — M as , Stefan, pos s o l he fazer al gumas
perguntas ?
— Cl aro. — Stefan di s s e, apoi ando-s e em uma cadei ra. E l e não s e
s entou até que M eredi th, com Bonni e prati camente em s eu col o, ti ves s e
afundado no s ofá em formato de coração.
E ntão, el e di s s e:
— Pode começar.
4
— Pri mei ro, — M eredi th perguntou — o Damon es tá certo? Se você vol tar
para o s angue ani mal , você s erá s eri amente enfraqueci do?
Stefan s orri u.
— E s tarei do j ei to que era antes , quando eu conheci vocês . — E l e di s s e.
— Forte o bas tante para fazer i s s o.
E l e i ncl i nou-s e em di reção a um obj eto de ferro embai xo do cotovel o de
Damon, murmurando di s trai damente " Scusi lo per favore" enquanto pegava o
ati çador de l arei ra.
Damon revi rou os ol hos . M as quando Stefan, em um rápi do movi mento,
dobrou o ati çador em formato de U, des dobrando-o de novo e col ocando-o
novamente em s eu l ugar, M att podi a j urar que havi a uma expres s ão de
i nvej a no ros to Damon, que nunca expres s ava nada.
— E i s s o era ferro, que é res i s tente a todas as forças s obrenaturai s . —
M eredi th di s s e uni formemente, enquanto Stefan afas tava-s e da l arei ra.
— M as é cl aro que el e es teve bebendo de vocês três , garotas charmos as ,
nos úl ti mos di as ... Sem menci onar o poder nucl ear que a amada E l ena s e
tornou. — Damon di s s e, batendo pal mas três vezes , l entamente. — Ah...
M u tt. Sono spi acente... Quero di zer, eu não qui s adi ci onar você ao grupo de
garotas . Sem ofens as .
— Não me ofendi . — M att di s s e entre dentes .
Se el e pudes s e, s omente uma vez, ti rar aquel e s orri s i nho bri l hante do
ros to de Damon, el e morreri a fel i z, el e pens ou.
— M as a verdade é que você tem s i do um doador... M ui to... Di s pos to para
o meu Queri do Irmão, não é mes mo? — Damon adi ci onou, s eus l ábi os s e
contrai ndo um pouco, como s e o atri to o control as s e de s orri r.
M att deu doi s pas s os em di reção a Damon. E ra tudo que ele poderi a fazer
s em dar uma na cara do Damon, apes ar de al go em s eu cérebro s empre gri tar
sui cí di o quando el e ti nha pens amentos como es te.
— Tem razão. — E l e di s s e o mai s cal mamente pos s í vel . — E u tenho
doado s angue a Stefan as s i m como as garotas . E l e é meu ami go, e há al guns
di as atrás pareci a que el e ti nha acabado de s ai r de um campo de concentração.
— Cl aro. — Damon murmurou, como s e es ti ves s e s i do cas ti gado, mas
l ogo vol tou a um tom mai s s uave: — M eu mani nho s empre foi popul ar com
ambos os ... Bem, com s enhori tas pres entes , eu di rei g êneros. Até mes mo com
um ki ts une macho; que, é cl aro, é o moti vo de eu es tar nes ta confus ão.
M att vi u, l i teral mente, a cor vermel ha, como s e ol has s e para uma névoa
de s angue em ci ma Damon.
— Fal ando ni s s o, o que aconteceu com o Sage, Damon? E l e era um
vampi ro. Se pudés s emos encontrá-l o, s eu probl ema s eri a res ol vi do, não? —
M eredi th perguntou.
Foi uma boa res pos ta, as s i m como todas as res pos tas que M eredi th dava.
M as Damon fal ou com s eus ol hos negros fi xos no ros to de M eredi th:
— Quanto menos você s ouber e fal ar de Sage, s erá mel hor. E u não
fal ari a dele tão del i beradamente... E l e tem ami gos l á embai xo. M as a res pos ta
para s ua pergunta: Não, eu não dei xari a Sage me trans formar em vampi ro.
Is s o s ó compl i cari a as coi s as .
— Shi ni chi nos deu boa em des cobri r que el e é — M eredi th di s s e,
ai nda cal ma. — Você s abe o que el e qui s di zer com i s s o? Damon deu de
ombros .
— O que eu s ei é s omente da mi nha conta. E l e gas ta o tempo del e no
l ugar mai s bai xo e s ombri o da Di mens ão das Trevas . Bonni e expl odi u.
— Porque Sage s e foi ? Oh, Damon, el e s e foi por nossa caus a? Por que el e
dei xou Sabber para cui dar de nós ? E ... Oh... Oh...
Oh... Damon, s i nto mui to! Si nto mui tí ssi mo!
E l a des l i zou para fora do as s ento em formato de coração e i ncl i nou a
cabeça de modo que s omente s eus cachos de morango es tavam vi s í vei s . Com
s ua mãos pequenas e pál i das abraçando s eu corpo, el a pareci a que es tava
pres tes a col ocar a cabeça entre os pés .
— Is s o é tudo cul pa mi nha e agora todos es tão zangados ... M as aqui l o era
tão horrí vel e eu ti ve que acredi tar na pi or coi s a que eu pudes s e i magi nar.
Is s o foi um quebra-gel o. Logo, todos es tavam ri ndo. E ra tão tí pi co da
B onni e, e era uma verdade para el es . Tí pi co de humano. M att queri a pegá-l a e
col ocá-l a de vol ta no as s ento em formato de coração. M eredi th s empre fora o
mel hor remédi o para Bonni e. M as quando el e s e encontrou i ndo al cançá-l a,
el e fi cou confus o ao ver doi s pares de mãos fazendo a mes ma coi s a.
Uma eram as de M eredi th, es bel tas e morenas , e os as outras eram do
s exo mas cul i no, mai s l ongas e afi adas .
As mãos de M att s e fecharam em um punho. Dei xe M eredi th pegá-l a,
pens ou el e, e s eu punho des aj ei tado... De al gum j ei to... Fi cou no cami nho dos
de Damon. M eredi th l evantou Bonni e faci l mente e s entou novamente no
as s ento de coração. Damon l evantou os ol hos es curos para M att e M att vi u
compreens ão l á.
— Séri o, você devi a perdoá-l a, Damon. — M eredi th, s empre com
referênci a i mparci al , di s s e s em rodei os . — E u não acho que el a cons egui rá
dormi r es ta noi te de outra forma.
Damon deu de ombros , fri o como um i ceberg.
— Tal vez... Um di a.
M att podi a s enti r s eus mús cul os s e contraí rem. Que ti po de fi l ho da
mãe poderi a di zer i s s o para a Bonni ezi nha? Porque, é cl aro, el a es tava ouvi ndo.
— Vai s e ferrar. — M att di s s e em voz al ta.
— O que di s s e? — A voz de Damon não era mai s l ângui da e fal s amente
educada, mas s i m como um chi cote.
— Você me ouvi u. — M att res mungou. — E s e não ouvi u, tal vez s eri a
mel hor que fôs s emos l á fora para que eu pudes s e di zer mai s al to. — E l e
adi ci onou, s oando mai s coraj os o.
E l e i gnorou um gemi do de " Não!" de Bonni e, e um educado " Qui etos "
de M eredi th. Stefan di s s e " Os doi s ..." em uma voz de comando, mas vaci l ou e
tos s i u, dando a chance para M att e Damon s aí rem pel a porta.
E s tava bem quente l á fora, na varanda da pens ão.
— E sse s erá o terreno de matança? — Damon perguntou
pregui ços amente quando el es ti nham des ci do as es cadas e fi cado ao l ado do
cami nho de cas cal ho.
— E s tá óti mo para mi m. — Di s s e M att, s eus os s os s abendo que Damon
j ogari a s uj o.
— Si m, defi ni ti vamente é bem perto. — Di s s e Damon, dando um s orri s o
bri l hante des neces s ári o em di reção a M att. — Você pode pedi r por aj uda,
enquanto meu mani nho es tá na s al a, e el e terá tempo bas tante para s al vá-l o.
E agora, vamos res ol ver o probl ema de você s e meter na mi nha vi da e do por
que você...
M att deu-l he um s oco no nari z.
E l e não ti nha i dei a do que Damon pretendi a fazer. Se você pede para um
cara para i r l á fora, então vocês vão l á. E ntão, você vai em ci ma do cara. Você não
fi ca bate-papo. Se fi zes s e i s s o, você s eri a rotul ado de " covarde" ou de coi s a pi or.
Damon não era o ti po que s e preci s as s e di zer i s s o.
M as Damon s empre havi a s i do capaz de repel i r qual quer ataque contra
el e, enquanto el e fal ava al guns i ns ul tos ... Antes . Antes , el e teri a quebrado
cada os s o em mi nha mão e me bati do, M att deduzi u. M as agora... E s tou
quas e tão rápi do quanto el e, e el e s i mpl es mente foi pego de s urpres a.
M att fl exi onou s ua mão cautel os amente. Sempre machucava, é cl aro,
mas s e M eredi th pôde fazer i s s o com Carol i ne, então el e poderi a fazer com...
Damon?
M as que droga, eu nocauteei o Damon?
Corra, Honeycutt, el e pareci a ouvi r a voz do s eu vel ho trei nador di zendo-
l he. Corra. Fuj a da ci dade. M ude de nome. Já tentei i s s o. Não funci onou. Nem
s equer ti nha uma cami s a, M att pens ou amargamente.
M as Damon não es tava pul ando como um demôni o de fogo do i nferno,
com os ol hos de um dragão e a força de um touro furi os o para ani qui l ar M att.
Pareci a e s oava mai s como s e el e es ti ves s e chocado e i ndi gnado com s eu cabel o
des grenhado e s uas botas manchadas de terra.
— Sua... Cri ança... Ignorante... — E l e fi cava al ternando entre i ngl ês e
i tal i ano.
— Ol ha — M att di s s e. — E s tou aqui para bri gar, es tá bem? E o cara
mai s i ntel i gente que eu conheço uma vez me di s s e: " Se você vai bri gar, não
convers e. Se vai convers ar, não bri gue."
Damon tentou ros nar enquanto ergui a-s e e ti rava os es pi nhos de s eus
j eans . M as o ros nado não s e s ai u mui to bem. Tal vez s ej a por caus a da forma
de s eus cani nos . Tal vez el e s i mpl es mente não es ti ves s e com mui ta convi cção.
M att havi a vi s to garotos derrotados o s ufi ci ente para s aber que es s a bri ga
es tava acabada. Uma es tranha exal tação vei o s obre el e. E l e conti nuari a com
s eus membros e órgãos ! Aquel e era um momento mui to, mui to preci os o.
Ok, s erá que eu devo l he oferecer uma aj uda? M att s e perguntou, s endo
res pondi do l ogo por: Claro, seri a o mesmo que aj udar umcrocodi lo temporari amente aturdi do.
Para quê você preci sa de dez dedos i ntei ros, afi nal?
Ora, poi s , el e pens ou, vi rando-s e para vol tar à porta da frente. E nquanto
el e vi ves s e... O que, el e admi ti u, poderi a não s er por mui to tempo... E l e s e
l embrari a des te momento.
Quando el e entrou, el e deu um encontrão com Bonni e, que es tava
pres tes a s ai r.
— Oh, M att, oh, Matt. — E l a gri tou. E l a o aval i ava l oucamente. — Você
o machucou? Ele machucou você? M att bateu uma vez s eu punho em s ua outra
mão.
— E l e ai nda es tá caí do l á fora. — E l e adi ci onou provei tos amente.
— Oh, não! — Bonni e arfou, e s ai u pel a porta.
Ok. A parte menos es petacul ar da noi te. M as ai nda era uma boa noi te.

***

— E l es fi zeram o quê? — E l ena perguntou a Stefan.


Fri os catapl as mas pres os por bandagens apertadas foram envol tos em
torno de s eu braço, mão e coxa — a Sra. Fl owers havi a cortado s eu j eans
trans formando-o em s hort — e a Sra. Fl owers l i mpou o s angue s eco com ervas .
Seu coração es tava batendo com mai s dor. M es mo que el a não ti ves s e
percebi do que Stefan es tava em s i ntoni a com todos da cas a quando el e es tava
acordado. Tudo que el a podi a pedi r a Deus era que el e es ti ves s e dormi ndo
quando el a e Damon... Não! E l a ti nha que parar de pens ar ni s s o, e agora!
— E l es foram l á fora l utar — Stefan di s s e. — É i di oti ce, é cl aro. M as é
uma ques tão de honra, também. Não pos s o i nterferi r.
— Bem, eu pos s o... Is s o s e você ti ver termi nado, Sra. Fl owers .
— Si m, amada E l ena. — A Sra. Fl owers di s s e, prendendo um band-ai d
no pes coço de E l ena. — Agora, você não deve pegar tétano.
E l ena parou no mei o de uma ação.
— Pens ei que você contraí s s e tétano a parti r de l âmi nas enferruj adas .
— E l a di s s e. — Da... E s s a pareci a nova em fol ha.
— Tétano s e pega a parti r de lâmi nas s uj as , mi nha queri da. — A Sra.
Fl owers a corri gi u. — M as es s a... — E l a s egurava uma garrafa — É uma
recei ta da própri a Vovó a que mantém qual quer feri da l i vre de qual quer
doença durante s éc... Durante anos .
— Uau. — E l ena di s s e. — E u nunca ti nha ouvi do fal ar da Vovó. E l a era
uma... Curandei ra?
— Ah, s i m. — A Sra. Fl owers di s s e s i nceramente. — Na verdade, el a
fora acus ada de s er uma bruxa. M as no s eu j ul gamento, não s e pôde provar
nada. Aquel es que a acus aram não pareci am poder fal ar coerentemente.
E l ena ol hou para Stefan s omente para des cobri r que el e es tava ol hando
para el a. M att es tava em peri go de s er arras tado ao tri bunal ... Al egando ter
agredi do Carol i ne Forbes enquanto es tava s ob al guma droga des conheci da e
terrí vel . Nada rel aci onado com tri bunai s i nteres s ava a ambos . M as ao ol har
para o ros to preocupado de Stefan, E l ena deci di u não pros s egui r com o as s unto.
E l a apertou s ua mão.
— Temos que i r agora, mas fal aremos s obre a Vovó mai s tarde. E l a me
parece s er fas ci nante.
— E u s ó l embro-me del a como uma vel ha recl us a e excêntri ca que não
s e enganava com a fel i ci dade e que achava que todos eram tol os . — Di s s e a
Sra. Fl owers . — Acho que es tava i ndo pel o mes mo cami nho até que vocês ,
cri anças , chegaram e me fi zeram acordar. Obri gada.
— Somos nós que devemos agradecer — E l ena começou, abraçando a
vel ha s enhora, s enti ndo s eu coração parar de bater. Stefan es tava ol hando para
el a com amor. Tudo i a fi car bem... Para el a.
Estou preocupada com Matt, el a pens ou para Stefan, tes tando águas mai s
vi goros as . Damon ai nda é bemrápi do... E ele não g osta de Matt nemumpouco.
Eu acho, Stefan retornou com um s orri s o torto, que i sso é um eufemi smo bastante
i mpressi onante. Mas eu tambémacho que você não deve se preocupar até ver quemvoltou feri do.
E l ena ol hou aquel e s orri s o, e pens ou por um momento s obre o i mpul s o e
atl éti co M att. Depoi s de um i ns tante, el a s orri u de vol ta. E l a es tava s e
s enti ndo cul pada e protetora... E s al va. Stefan s empre a fazi a s e s enti r s al va. E
agora, el a queri a prej udi cá- l o.
No j ardi m da frente, Bonni e humi l hava a s i mes ma. E l a não cons egui a
dei xar de pens ar, mes mo agora, s obre o quão bel o Damon pareci a, o quão
s ombri o, s el vagem e boni to. E l a não pôde evi tar pens ar nas vezes em que el e
s orri ra para el a, ri ra para el a, vi era para s al vá-l a numa l i gação de
emergênci a. E l a ti nha o pens amento de que, um di a... M as agora, el a s enti u
como s e o s eu coração es ti ves s e quebrado em doi s .
— E u s ó queri a poder arrancar a mi nha l í ngua. — E l a di s s e. — E u não
devi a ter as s umi do nada do que vi .
— Como você teri a s abi do que eu não estava roubando E l ena de Stefan? —
Damon di s s e cans adamente. — E s s e s eri a o ti po de coi s a que eu fari a.
— Não, não é! Você fez tanta coi s a para l i bertar Stefan da pri s ão... Você
s empre encarou os mai ores peri gos ... E você evi tou que nos machucas s em.
Você fez tanta coi s a por outras pes s oas ...
De repente, os braços de Bonni e es tavam s endo s egurados por mãos tão
fortes que s ua mente foi i nundada de cl i chês . Um aperto de ferro. Forte como
ti ras de aço.
E uma voz como uma corrente gel ada vei o até el a.
— Você não s abe nada s obre mi m, ou s obre o que eu quero, ou s obre o
que eu faço. Tudo que você s abe é que eu poderi a es tar armando al guma nes te
momento. E ntão, não quero ouvi r você fal ando s obre al gumas coi s as , ou
i magi nando que eu não l he matari a s e você entras s e em meu cami nho. —
Damon di s s e.
E l e s ai u e dei xou Bonni e s entada al i , encarando-o. E el a es tava errada.
E l a não es tava chorando, no fi nal das contas .
5
— E u pens ei que você qui s es s e s ai r para que pudés s emos convers ar
com Damon — Stefan di s s e, ai nda de mãos dadas com E l ena enquanto el a
fazi a uma curva acentuada à di rei ta para a es cada bamba que os l evou para os
quartos no s egundo andar e, aci ma des te, para o s ótão de Stefan.
— Bem, a menos que el e tenha matado M att e fugi do, não há nada que
nos i mpeça de fal ar com el e amanhã. — E l ena ol hou para Stefan e mos trou-
l he s uas covi nhas — Segui s eu cons el ho e pens ei um pouco. M att é um
quarterback bem forte e ambos s ão s omente humanos , certo? E nfi m, é hora do
s eu j antar.
— Jantar? — Os cani nos de Stefan res ponderam automati camente...
E mbaraços a e rapi damente... À pal avra.
E l e es tava mes mo preci s ando dar uma pal avri nha com o Damon e fazer
com que Damon entendes s e que el e era um convi dado na pens ão — nada
mai s que i s s o —, mas era verdade: el e poderi a fazer i s s o amanhã. Poderi a até
s er mai s efi caz amanhã, quando a própri a i ra repri mi da de Damon s e fos s e.
E l e pres s i onou s ua l í ngua contra s eus cani nos , tentando forçá-l os a
vol tarem ao normal , mas a pequena es ti mul ação dei xou- os mai s afi ados ,
cortando s eus l ábi os . Agora, el es doí am com prazer. Tudo i s s o em res pos ta a
apenas uma pal avra: j antar.
E l ena deu-l he um ol har provocante e ri u. E l a era uma daquel as garotas
s ortudas com uma ri s ada boni ta. M as es ta era cl aramente uma ri s adi nha
mal i ci os a, vi nda de s eus pl anos vi ngati vos de s ua i nfânci a. Is s o fez com
Stefan ti ves s e vontade de fazer cócegas nel a s ó para poder ouvi r mai s ; i s s o fez
com que el e ri s s e com el a; fez com el e a pegas s e e exi gi s s e s aber qual era a
graça.
Ao i nvés di s s o, el e di s s e:
— O que foi , amor?
— Al guém tem dentes pontudos . — E l a res pondeu i nocentemente, ri ndo
novamente.
E l e s e perdeu em admi ração por um s egundo e também, de repente,
perdeu s ua mão.
Ri ndo como uma cas cata branca e mus i cal cai ndo s obre uma pedra, el a
correu até as es cadas em s ua frente, tanto para provocar quanto para mos trar
que el a es tava em boa forma, el e pens ou. Se el a ti ves s e tropeçado, ou vaci l ado,
el a s aberi a que el e deci di ri a que s ua doação de s angue a machucari a.
Até agora, não pareceu s er prej udi ci al para nenhum de s eus ami gos , ou
el e teri a i ns i s ti do em dar um des cans o para es s a pes s oa. M as mes mo
Bonni e, tão del i cada quanto uma l i bél ul a, não pareci a es tar pi or do que el a.
E l ena correu até as es cadas s abendo que Stefan es tava s orri ndo por trás
del a, e não havi a uma s ombra de des confi ança em s ua mente. E l a não
mereci a i s s o, mas s ó i s s o a dei xava mai s ans i os a para agradá-l o.
— Você j á teve o seu j antar? — Stefan perguntou as s i m que al cançaram
s eu quarto.
— Já faz um bom tempo; ros bi fe... Cozi do. — E l a s orri u.
— O que o Damon di s s e, as s i m que vi u que era você e vi u o que você
havi a trazi do?
E l ena ri u novamente. Não havi a probl ema em ter l ágri mas em s eus
ol hos ; s uas quei maduras e cortes doí am e o epi s ódi o com Damon j us ti fi cava
qual quer s i nal de choro.
— E l e chamou de hambúrguer s angrento; s endo que era bi fe tártaro.
M as , Stefan, eu não quero fal ar s obre el e agora.
— Não, cl aro que não quer, amor.
Stefan es tava i medi atamente arrependi do. E el e es tava tentando tanto não
parecer ans i os o para s e al i mentar... M as el e não pôde control ar s eus cani nos .
E E l ena também não es tava com di s pos i ção para bri ncadei ras . E l a s e
empol ei rou s obre a cama, ti rando com cui dado os curati vos que a Sra. Fl owers
havi a pos to. Stefan, de repente, pareceu perturbado.
Amor... E l e parou abruptamente.
O que foi ? E l a termi nou com as bandagens , es tudando o ros to de Stefan.
B em, talvez pudéssemos ti rar do seu braço dessa vez? Você j á está com dor e eu não quero
trapacear como tratamento anti - tétani co da Sra. Flow ers.
Ai nda há espaço aqui . E l ena di s s e al egremente.
Mas uma mordi da emci ma desses cortes... E l e parou de novo.
E l ena ol hou para el e. E l a conheci a o s eu Stefan. Havi a al go que el e
queri a di zer.
Di g a-me, el a o pres s i onou.
Stefan fi nal mente a ol hou nos ol hos , então col ocou s eus l ábi os em s eu
ouvi do:
— E u pos s o curar as feri das . — E l e s us s urrou. — M as ... Is s o s i gni fi ca
ter de abri -l as novamente para que pos s a s angrar. Is s o vai doer.
— Is s o pode envenená-l o. — E l ena di s s e ri s pi damente. — Você não
entende? A Sra. Fl owers col ocou Deus s abe o que ni s to... E l a pôde s enti r a
ri s ada del e, que envi ou um formi gamento quente por s ua col una vertebral .
— Não s e pode matar um vampi ro tão faci l mente. — E l e di s s e. — Só
morremos s e você atraves s ar uma es taca em nos s os corações . M as eu não
quero machucá-l a... M es mo s e i s s o a aj udar. E u te Infl uenci ar para não
s enti r nada... M ai s uma vez, E l ena o i nterrompeu.
— Não! E u não me i mporto s e doer. Contanto que você receba o tanto de
s angue que preci s a.
Stefan res pei tava E l ena o s ufi ci ente para s aber que el e não devi a fazer a
mes ma pergunta duas vezes . E el e mal podi a mai s s e conter. Vi u-a dei tar-s e
e, em s egui da, es tendi do ao s eu l ado, i ncl i nou-s e para chegar até os cortes
manchados de verde. E l e l ambeu genti l mente, num pri mei ro momento, as
feri das , e depoi s correu a l í ngua de ceti m s obre el as . E l e não ti nha i déi a de
como o proces s o funci onava ou quai s produtos quí mi cos es tavam i ndo para as
l es ões de E l ena. E ra tão automáti co quanto res pi rar para os s eres humanos .
M as depoi s de um mi nuto, el e ri u bai xi nho.
O quê foi ? O que foi ? E l a perguntou, s orri ndo como s e o s eu hál i to l he fi zes s e
cócegas .
Seu sang ue está mi sturado comerva-ci drei ra, Stefan res pondeu. A recei ta de cura da
Vovó temerva-ci drei ra e álcool! Erva- ci drei ra e vi nho!
Isso é bomou rui m? E l ena perguntou i ncerta.
É bom... Mudar o cardápi o. Mas ai nda o seu sang ue o melhor de todos. Está doendo mui to?
E l ena s enti u-s e corar. Damon ti nha curado s ua bochecha des ta forma, l á
na Di mens ão das Trevas , quando E l ena ti nha protegi do, com s eu própri o
corpo, uma es crava ens angüentada de uma chi cotada. E l a s abi a que Stefan
conheci a a hi s tóri a, e el e devi a s aber que a l i nha branca em s ua bochecha
havi a s i do apenas a carí ci a da cura.
Comparado com aqui lo, esses arranhões não são nada, el a envi ou. M as um s úbi to
arrepi o pas s ou s obre el a.
Stefan! Eu nunca i mplorei por seu perdão por ter proteg i do Ulma, correndo o ri sco de não ser
capaz de salvá-lo. Ou pi or... Por dançar enquanto você estava morrendo de fome... Para manter a
fachada até que pudéssemos peg ar as Chaves Gêmeas...
Você acha que eu me i mporto comi sso? A voz de Stefan s i mul ava rai va enquanto el e
fechava um corte em s ua garganta. Você fez o que ti nha que fazer para me encontrar...
Para me salvar... Depoi s de eu tê-la dei xado aqui sozi nha. Você acha que eu não compreendo? Eu
não mereci a ser salvo...
Agora, E l ena s enti a um pequeno s ol uço s ufocá-l a.
Nunca di g a i sso! Nunca! E eu acho... Acho que eu sabi a que você me perdoari a ou eu teri a
senti do cada j ói a que eu usei quei mar. Nós ti vemos que i r atrás de você como cães atrás de raposas...
E estávamos com tanto medo de que um passo em falso poderi a si g ni fi car o seu enforcamento... Ou o
nosso.
Stefan es tava abraçando-a mai s forte agora.
Como eu posso fazer você entender? E l e perguntou. Você desi sti u de tudo... Até de sua
li berdade... Por mi m. Vocês se transformaramemescravas. Você... Você... Foi Di sci pli nada.
E l ena perguntou des control adamente:
Como você sabe? Quemte contou?
Você me contou, amada. Em seu sono... Em seus sonhos. Mas, Stefan... Damon ti rou a dor de
mi m. Você sabi a di sso? Stefan fi cou em s i l ênci o por um i ns tante, depoi s
res pondeu: Eu... Entendo. Eu não sabi a di sso.
Cenas di vers as da Di mens ão das Trevas borbul havam na mente de
E l ena. Aquel a ci dade de bugi gangas manchada de bri l ho i l us óri o, onde uma
chi cotada que es pal hava s angue na parede era tão apreci ado quanto um
punhado de rubi s es pal hados na cal çada...
Amor, não pense ni sso. Você me seg ui u, e você me salvou, ag ora estamos aqui j untos, Stefan
di s s e.
O úl ti mo corte fora fechado, el e dei tou a bochecha s obre a del a.
Isso é tudo que me i mporta. Você e eu... Juntos.
E l ena quas e es tava tonta de tão fel i z que es tava por s er perdoada, mas
havi a al go dentro del a, al go que ti nha cres ci do e cres ci do e cresci do durante a
s emana em que el a es tava na Di mens ão das Trevas . Um s enti mento por
Damon que não foi res ul tado de s ua neces s i dade pel a aj uda del e. Um
s enti mento que E l ena pens ou que Stefan pudes s e compreender. Um
s enti mento que até poderi a mudar o rel aci onamento entre el es três : el a,
Stefan e Damon. M as agora, Stefan pareceu as s umi r que tudo vol tari a ao que
era antes del e s er s eqües trado.
Ah, bem, por que s e preocupar com o amanhã, quando es ta noi te fora
s ufi ci ente para fazê-l a chorar de al egri a?
Este era o mel hor s enti mento do mundo: o conheci mento de que el a e
Stefan es tavam j untos , e el a fez Stefan l he prometer repeti damente que el e
nunca a dei xari a para i r a outra bus ca, não i mportas s e o quão breve, não
i mportas s e a caus a.
M es mo agora, E l ena não pôde s e concentrar no que el a es tava
preocupada até poucos i ns tantes .
E l a e Stefan s empre ti nham encontrado o céu nos braços um do outro.
E l es es tavam des ti nados a fi carem j untos para s empre. Nada mai s i mportava,
agora que el a es tava em cas a.
“Cas a”, era onde el a e Stefan es tavam — j untos .
6
Bonni e não cons egui u dormi r depoi s da convers a com Damon. E l a queri a
fal ar com M eredi th, mas havi a uma mas s a uni forme e s urda na cama de
M eredi th.
A úni ca coi s a que el a pôde pens ar foi em i r à cozi nha e preparar uma
xí cara de chocol ate quente, s ozi nha em s ua mi s éri a. Bonni e não era boa em
fi car a s ós cons i go mes ma.
M as quando el a s e deci di u, quando el a chegou ao térreo, el a não foi
para a cozi nha. E l a pas s ou di reto. Tudo es tava es curo e com uma aparênci a
es tranha na penumbra s i l enci os a. Acender uma l uz s ó tornari a as coi s as
mai s es curas ai nda. M as el a cons egui u, com os dedos trêmul os , apertar o
i nterruptor que es tava ao l ado do s ofá. Agora, s e el a pudes s e encontrar um l i vro
ou coi s a pareci da...
E l a es tava agarrada ao s eu traves s ei ro como s e fos s e um urs i nho de
pel úci a, quando a voz de Damon di s s e atrás del a:
— Pobre pas s ari nho. Você não devi a es tar acordada a es s a hora, você s abe.
Bonni e começou a fal ar e mordeu s eus l ábi os .
— E s pero que você não es tej a mai s feri do. — E l a di s s e fri amente, com
toda s ua di gni dade, mas s us pei tou que não havi a s i do mui to convi ncente.
M as o que el a devi a fazer?
A verdade é que Bonni e não ti nha nenhuma chance em vencer um duel o
de es perteza com Damon — e el a s abi a di s s o. Damon qui s di zer “Feri do? Para
um vampi ro, um s oqui nho como aquel e era...”
M as , i nfel i zmente, ele também era humano. E doeu.
Não por mui to tempo, el e prometeu a s i mes mo, ol hando para Bonni e.
— Pens ei que você nunca mai s qui s es s e me ver. — Di s s e el a, com o
quei xo tremendo. Pareci a s er cruel demai s us ar um pas s ari nho vul nerável .
M as que es col ha el e ti nha?
E u vou fazer as pazes com el a de qual quer forma, al gum di a, eu j uro,
el e pens ou. E ao menos eu pos s o s er agradável agora.
— Não foi i s s o o que eu di s s e. — E l e res pondeu, es perando que Bonni e
não s e l embras s e exatamente do que el e havi a di to. Se el e pudes s e
i nfl uenci ar aquel a meni na-mul her antes del e...M as el e não podi a. E l e era
humano agora.
— Você di s s e que me matari a.
— Ol ha, eu ti nha acabado de me trans formar em humano. E u não acho
que você s ai ba o que i s s o s i gni fi que, mas i s s o não tem aconteci do comi go
des de que eu ti nha 12 anos de i dade, e ai nda era um humano comum.
O quei xo de Bonni e conti nuou tremendo, mas as l ágri mas havi am
parado. Você é a mai s coraj os a quando es tá com medo, Damon pens ou.
— E s tou mai s preocupado é com os outros . — E l e di s s e.
— Os outros ? — E l a pi s cou.
— E m qui nhentos anos de vi da, a pes s oa tende a fazer uma quanti dade
notável de i ni mi gos . Não s ei , tal vez s ej a s ó eu. Ou tal vez s ej a o s i mpl es fato
de s er um vampi ro.
— Oh. Oh, não! — Bonni e gri tou.
— Qual o probl ema, pas s ari nho? A vi da tende a s er curta, s endo el a
l onga ou breve.
— M as ... Damon...
— Não s e afl i j a, gati nha. Tenho um dos remédi os da Natureza. —
Damon ti rou de s eu bol s o do pei to um pequeno canti l que chei rava a Bl ack
M agi c.
— Oh... Você o s al vou! Que es perteza a s ua!
— Que experi mentar? Senhoras … Dei xe-me cons ertar… Jovens pri mei ro.
— Oh, eu não s ei . E u cos tumo fi car mei o bobona.
— O mundo é bobo. A vi da é uma bobagem. E s peci al mente quando você
foi condenada por s ei s pes s oas antes mes mo do café-da-manhã.
Damon abri u o canti l .
— Oh, tudo bem!
Cl aramente emoci onada em “beber com o Damon”, Bonni e tomou um
el egante gol e. Damon engas gou para encobri r uma ri s ada.
— É mel hor você tomar gol es mai ores , pas s ari nho, ou vai demorar a
noi te toda até que chegue a mi nha vez.
Bonni e res pi rou fundo, e depoi s deu um gol e profundo. Após cerca de
mai s três del es , Damon deci di u que el a es tava pronta. Bonni e ri a s em parar
agora.
— E u acho... Você acha que eu j á ti ve o bas tante?
— Que cores você es tá vendo l á fora?
— Ros a? Vi ol eta? É i s s o mes mo? Não es tamos mai s no anoi tecer?
— Bem, tal vez as Luzes do Norte es tej am nos vi s i tando. M as você es tá
certa, eu deveri a l evar você para a cama.
— Oh, não! Oh, s i m! Oh, não! Nãonãonãosi m!
— Shh...
— SHHHHHH!
Que maravi l ha, Damon pens ou, eu exagerei .
— Quero di zer, col ocar você na cama. — E l e di s s e fi rmemente. — Só
você. Aqui , eu vou l evá-l a à cama do pri mei ro andar.
— Porque eu poderi a cai r das es cadas ?
— Pode s e di zer que s i m. E es te quarto é mui to mai s agradável do que o
que você comparti l ha com M eredi th. Agora você i rá dormi r e não di rá nada a
ni nguém s obre o nos s o encontro.
— Nem mes mo para a Elena?
— Para ni nguém. Ou eu pos s o fi car com rai va de você.
— Oh, não! E u não vou, Damon. Juro pel a s ua vi da!
— Is s o é... Bem preci s o. — Di s s e Damon. — Boa noi te.

***

O l uar encaps ul ava a cas a. Um nevoei ro s e mi s turava ao l uar. Uma


fi gura es bel ta e encapuzada aprovei tou as s ombras tão habi l mente que el e
teri a pas s ado des percebi do mes mo s e al guém es ti ves s e ol hando l á para fora
— e não havi a ni nguém.
7
Bonni e es tava em s eu novo quarto do pri mei ro andar, e es tava s e s enti ndo
mui to confus a. Bl ack M agi c s empre a fazi a s e s enti r ri s onha, em s egui da,
com mui to s ono, mas de al guma forma es ta noi te s eu corpo s e recus ou a
dormi r. Sua cabeça doí a.
E l a es tava pres tes a acender a l uz da cabecei ra, quando uma voz
fami l i ar l he di s s e:
— Que tal um pouco de chá para a s ua dor de cabeça?
— Damon?
— E u peguei um pouco das ervas da Sra. Fl owers e deci di fazer um copo
para você também. Você não é uma meni na s ortuda?
Se Bonni e ti ves s e ouvi do atentamente, el a poderi a ter ouvi do al go pareci do
com avers ão por trás daquel as pal avras dócei s — mas el a não ouvi u.
— Si m — Bonni e di s s e, s e referi ndo à pri mei ra coi s a.
A mai ori a dos chás da Sra. Fl owers ti nham um chei ro bom e eram
del i ci os os . E s te aqui es tava es peci al mente gos tos o, mas granul ava em s ua
l í ngua.
Não s ó o chá es tava bom, mas Damon também fi cou para convers ar com
el a enquanto el a bebi a tudo.
O es tranho era que es te chá fei to para el a não a dei xava s onol enta, mas
s i m como s e el a s ó pudes s e s e concentrar em uma coi s a de cada vez. Damon
nadou pel o s eu campo de vi s ão.
— Senti ndo-s e mai s rel axada? — E l e perguntou.
— Si m, obri gada.
E s tranho, mui to es tranho. Até mes mo s ua voz s oava l enta e arras tada.
— Queri a me certi fi car de que ni nguém es tava pegando pes ado com você
s ó por caus a daquel e erro bobo s obre a E l ena. — E l e expl i cou.
— E l es não es tavam, é s éri o — E l a di s s e. — Na verdade, todos es tavam
mai s i nteres s ados em ver você e M att bri gando... Bonni e col ocou a mão por
ci ma de s ua boa.
— Oh, não! E u não qui s di zer i s s o. Si nto mui to!
— Tudo bem. Devo mel horar amanhã.
Bonni e não cons egui a i magi nar por que al guém es tari a com tanto medo
de Damon, que foi tão bom a ponto de pegar s ua caneca de chá e di zer que el e
i ri a col ocá-l a na pi a. Is s o era bom, porque el a es tava s e s enti ndo como s e não
fos s e capaz de l evar. Que acol hedor. Que confortável .
— Bonni e, pos s o te perguntar uma coi s i nha? Damon paus ou.
— E u não pos s o te di zer o porquê, mas ... E u tenho que des cobri r onde a
E s fera E s tel ar de M i s ao es tá guardada. — Di s s e el e s i nceramente.
— Oh... Is s o. — Bonni e di s s e vagamente. E l a deu uma ri s adi nha.
— Si m, i s to. E s i nto mui tí s s i mo ao perguntar para você, porque você é
j ovem e i nocente... M as s ei que me di rá a verdade. Após es te el ogi o e conforto,
Bonni e s enti u como s e pudes s e voar.
— Foi no mes mo l ugar o tempo todo. — Di s s e el a com um des gos to
s onol ento. — E l es tentaram me fazer pens ar que a havi am mudado de l ugar...
M as quando eu o vi des cendo à di s pens a, eu s oube que não fi zeram i s s o. No
es curo, houve uma agi tação de pequenos cachos e, em s egui da, um bocej o.
— Se el es real mente fos s em mudá-l a de l ugar... E l es deveri am ter me
mandado i r l á para fora ou al go as s i m.
— Bem, tal vez el es es ti ves s em preocupados com s ua vi da.
— Quê? — Bonni e bocej ou mai s uma vez, não tendo certeza do que el e
di s s e. — Quero di zer, um vel hí s s i mo cofre com combi nação? E u di s s e para
el es ... Que es s es cofres anti gos ... Poderi am... Ser faci l mente... — Bonni e
s ol tou al go como um s us pi rou depoi s parou.
— E s tou fel i z que ti vemos es s a convers a. — Damon di s s e no s i l ênci o.
Não houve res pos ta vi nda da cama.
Puxando a coberta de Bonni e o mai s al to pos s í vel , el e a puxou um pouco
para bai xo. E l a cobri a todo ros to del a.
Agora... “ eu o vi descendo à di spensa” . Damon pens ou enquanto el e l avava a
caneca com cui dado e col ocando-a de vol ta ao armári o. A fal a s oava es tranha,
mas el e quas e ti nha matado a charada agora, e na verdade foi tudo bem
s i mpl es . Tudo que el e preci s ava era de mai s doze cáps ul as de dormi r da Sra.
Fl owers e doi s pratos chei os de carne crua. E l e ti nha todos os i ngredi entes ...
M as nunca ti nha ouvi do fal ar de uma di s pens a.
Pouco tempo depoi s , el e abri u a porta para o porão. Não. Não corres pondi a
aos cri téri os de “di s pens a” que el e havi a vi s to em s eu cel ul ar. Irri tado e
s abendo que a qual quer momento al guém provavel mente des ceri a as es cadas
para pegar al guma coi s a, Damon deu mei a-vol ta, frus trado. Havi a um pai nel
em madei ra el aboradamente tal hado em frente ao porão, mas nada mai s .
M al di ção! E l e não s eri a i mpedi do, não nes te momento. E l e teri a s ua
vi da como vampi ro de vol ta, ou não i ri a querer nenhuma outra!
Para enfati zar es s e s enti mento, el e bateu o punho contra o pai nel de
madei ra na frente del e. A bati da s oou oca.
Imedi atamente, toda a frus tração des apareceu. Damon exami nou o
pai nel com mui to cui dado. Si m, havi a dobradi ças em s uas bordas , onde
nenhuma pes s oa em s ã cons ci ênci a es perari a del as . Não era um pai nel , mas
uma porta — s em dúvi da, para a di s pens a onde a E s fera E s tel ar es tava.
Não demorou mui to para que s eus dedos s ens í vei s — até mes mo os s eus
dedos humanos eram mai s s ens í vei s que os da mai ori a — encontras s em o
l ocal onde el e apertari a um botão e a porta s e abri ri a toda. E l e pôde ver as
es cadas . E l e col ocou s eu embrul ho embai xo do braço e des ceu.
A parti r da i l umi nação da pequena l anterna que el e ti nha pegado do
armazém, a di s pens a era como fora des cri ta: uma s al a úmi da de terra para
armazenar frutas e l egumes antes que as gel adei ras fos s em i nventadas . E o
cofre era do j ei to que Bonni e havi a di to: um anti go cofre de combi nação
enferruj ado que qual quer um o abri ri a mai s ou menos em s es s enta
s egundos . Damon l evari a cerca de s ei s mi nutos , com s eu es tetos cópi o ( el e
ti nha ouvi do di zer, uma vez, que você poderi a encontrar qualquer coi sa na pens ão,
s e você procuras s e com vontade, e pareci a s er verdade) e cada átomo do s eu s er
s e concentrando num pequeno barul ho de vi dro.
Antes , porém, havi a a Bes ta para s e conqui s tar. Sabber, o hel l bound
negro havi a s e revel ado, acordado e al erta a parti r do momento em que a porta
s ecreta ti nha s i do aberta. Sem dúvi da, el es us aram as roupas de Damon para
ens i ná-l o a ui var l oucamente ao odor de s eu perfume.
M as Damon ti nha s eu própri o conheci mento s obre ervas e ti nha
s aqueado a cozi nha da Sra. Fl owers até encontrar um punhado de hamamél i a,
uma pequena quanti dade de vi nho de morango, ani s , al guns ól eos de menta,
e al guns outros ól eos es s enci ai s que el a ti nha em es toque, doces e fortes .
M i s turou tudo, e i s to cri ou uma l oção pungente, que el e teve o cui dado de
apl i car em s i mes mo. A mi s tura fei ta para Sabber ti nha um emaranhado de
odores fortes .
A úni ca coi s a que o cão s abi a era que não era Damon quem es tava
s entado nos degraus e l ançando-l he bol has de hambúrguer e del i cadas ti ras
de fi l é mi gnon. Cada um dos quai s el e engol i u todo. Damon as s i s ti a com
i nteres s e enquanto o ani mal cons umi a a mi s tura de s oní fero e carne, com a
cauda batendo no chão.
Dez mi nutos depoi s , Sabber, o hel l bound, es tava es parramado, fel i z e
i ncons ci ente. Sei s mi nutos depoi s di s to, Damon es tava abri ndo o cofre de ferro.
Um s egundo depoi s , el e es tava puxando uma fronha do anti go cofre da
Sra. Fl owers .
Sob o bri l ho da l anterna, el e des cobri u que real mente s egurava a E s fera
E s tel ar, mas que agora el a ti nha pouco mai s que a metade de s eu Poder.
Agora, o que i s s o s i gni fi cava? Havi a um pequeno buraco perfurado na
parte s uperi or do gl obo, de modo que nenhuma gota preci os a s eri a
des perdi çada — não mai s do que o neces s ári o.
M as quem ti nha us ado o res to do l í qui do — e por quê? Damon havi a vi s to
a E s fera chei a até o topo com um l í qui do opal es cente e bri l hante há poucos
di as atrás .
De al guma forma, entre aquel e di a e agora, al guém ti nha us ado a
energi a que equi val i a à vi da de cem mi l i ndi ví duos .
Será que os outros tentaram fazer al gum ato notável com el a e fal haram,
cus tando a quei ma de tanto Poder? Stefan es tava frági l demai s para us ar i s s o
tudo, Damon es tava certo di s s o. A não s er...
Sage.
Com uma Convocação Imperi al em mãos , Sage es tava propens o a fazer
qual quer coi s a. E ntão, al gum tempo depoi s que a E s fera ti nha s i do trazi da
para a pens ão, Sage derramara quas e metade da força de vi da da E s fera
E s tel ar e, em s egui da, s em dúvi das , dei xou-a para trás , para que M utt ou
al guém a fechas s e.
E uma quanti dade tão col os s al de energi a s ó poderi a ter s i do us ada
para... Abri r o Portal para a Di mens ão das Trevas .
M ui to l entamente, Damon dei xou es capar um s us pi ro e s orri u. Havi a
apenas al gumas manei ras de s e entrar na Di mens ão das Trevas , e como
agora el e era humano, el e não poderi a di ri gi r até o Ari zona e pas s ar por um
Portal públ i co, as s i m como fi zera na pri mei ra vez com as garotas . M as agora,
el e ti nha al go ai nda mel hor: uma E s fera E s tel ar para abri r o s eu própri o
Portal pri vado. E l e não conheci a nenhuma outra formar de i r, a menos que el e
ti ves s e a s orte de s egurar umas das quas e-mí s ti cas Chaves M es tras que
permi ti am que qual quer um vagas s e pel as di mens ões à vontade.
Sem dúvi da, al gum di a no futuro, em al gum canto, a Sra. Fl owers
encontrari a outra nota de agradeci mento: des s a vez, com al go que fos s e val i os o
— al go requi ntado e de val or i nes ti mável e, provavel mente, de uma di mens ão
mui to l onge da Terra. E ra as s i m que Sage operava.
Tudo es tava qui eto l á em ci ma. Os humanos foram depender de s eu
companhei ro ani mal para mantê-l os s eguros . Damon deu uma ol hadi nha
pel a di s pens a e não vi u nada al ém de uma s al a es cura e compl etamente
vazi a, exceto pel o cofre que agora es tava fechado. Col ocando s ua própri a
parafernál i a s ob a fronha, el e deu um tapi nha em Sabber, que genti l mente
roncou, e vi rou-s e em di reção aos degraus .
Foi quando el e vi u uma fi gura em pé na porta. A fi gura, em s egui da,
es condeu-s e atrás del a, mas Damon havi a vi s to o s ufi ci ente.
E m uma mão, a fi gura s egurava uma i mens a es taca de combate. Is s o
s i gni fi cava que el a era uma caçadora. De vampi ros .
Damon conhecera vári os caçadores — brevemente — durante o tempo.
E ram, s egundo s ua opi ni ão, i ntol erantes , i rraci onai s , e ai nda mai s
es túpi dos do que a mai ori a dos humanos , porque el es geral mente havi am
s i do cri ados s ob l endas de vampi ros com dentes em forma pres as que
arrancavam as gargantas de s uas ví ti mas e as matavam. Damon s eri a o
pri mei ro a admi ti r que havi a al guns vampi ros as s i m, mas a mai ori a era
mai s conti da. Caçadores de vampi ros habi tual mente trabal havam em grupos ,
mas Damon ti nha um pal pi te de que es te es tari a s ozi nho.
Agora, el e s ubi a os degraus devagar. E l e es tava bas tante certo s obre a
i denti dade des ta caçadora, mas , s e el e es ti ves s e enganado, el e teri a que
des vi ar de uma es taca l ançada di reto para el e como s e fos s e um dardo. Não
haveri a probl ema — s e el e ai nda fos s e um vampi ro. Seri a um pouqui nho
mai s di fí ci l , es tando el e des armado e em grande des vantagem táti ca.
E l e al cançou o topo das es cadas i l es o. E s ta foi real mente a parte mai s
peri gos a da es cal ada, poi s um ti ro certei ro poderi a tê- l o l evado de vol ta para
bai xo. É cl aro que um vampi ro não s eri a permanentemente feri do por caus a
di s s o, mas — novamente — el e não era mai s um vampi ro.
M as a pes s oa que es tava na cozi nha l he permi ti u s ubi r todo o cami nho
da di s pens a s em i mpedi mentos . Uma as s as s i na com honra. Que adorável .
E l e vi rou-s e l entamente para encarar s ua caçadora. E l e fi cou
i medi atamente i mpres s i onado. Não havi a s i do a força óbvi a da caçadora, que
s eri a capaz de acabar com uma fi gura al ta como el e com aquel a es taca, que o
i mpres s i onou. Foi a arma em s i . Perfei tamente equi l i brada, el a foi fei ta para
s e s er s egurada no mei o, e o des i gn de j ói as em s eu punho mos trava que o
s eu cri ador ti nha bom gos to. As extremi dades mos travam que el e ti nha um
s ens o de humor também. As duas extremi dades da es taca foram fei tas de
madei ra-ferro para mos trar força — mas el as também foram decoradas . E m
geral , el as foram fei tas para s e as s emel har a uma das mai s anti gas armas
da humani dade: a l ança dos homens das cavernas . M as havi a pequenos
pedaços de obj etos na es taca, fi xadas fi rmemente. E s s es mi nús cul os pedaços
eram fei tos de materi ai s di ferentes : prata para l obi s omens , madei ra para
vampi ros , ci nza branca para os Anti gos , ferro para todas as outras cri aturas
mí s ti cas , e al guns que Damon não cons egui u des cobri u para que s ervi am.
— E l as s ão recarregávei s . — A caçadora expl i cou. — Agul has
hi podérmi cas i nj etadas com o i mpacto. E , é cl aro, di ferentes venenos para
di ferentes es péci es ... Rápi das e s i mpl es para contra humanos ; wol fs bane
para aquel es cachorros s arnentos , e por aí vai . Queri a tê-l a encontrado antes
do nos s o confronto com Kl aus .
E ntão, el a pareceu vol tar à nos s a real i dade.
— E aí , Damon, como é que vai s er? — Perguntou M eredi th.
8
Damon acenou com a cabeça, pens ati vo, ol hando para frente e para trás ,
entre a es taca de combate e a fronha em s ua mão. Será que el e nunca ti nha
s us pei tado de al go as s i m antes ? Subcons ci entemente? Afi nal , havi a o ataque
ao avô, que havi a fal hado, tanto na tentati va de matá-l o quanto na de apagar
s ua memóri a compl etamente. A i magi nação de Damon pôde preencher o res to:
s eus pai s , não vendo razão de arrui nar com a vi da de s ua fi l hi nha com es ta
horrí vel obri gação — com toda es s a mudança de cenári o —, então deci di ram
des i s ti r de tudo, ou s ej a, de proteger Fel l ’s Church.
Se ao menos el es a vi s s em agora.
Oh, s em dúvi da el es s e certi fi caram de que M eredi th fi zes s e aul as de
autodefes a e trei nas s e di vers as artes marci ai s des de que era pequena,
enquanto el a j uras s e s egredo abs ol uto, até mes mo de s uas mel hores ami gas .
Poi s é, Damon pens ou. O pri mei ro eni gma de Shi ni chi j á es tava
res ol vi do. “ Umde vocês esconde umseg redo de todos” . E u s empre s oube que havi a al go
com es s a meni na... E aí es tá. Apos to mi nha vi da que el a é fai xa preta.
Houve um l ongo s i l ênci o. Agora, Damon o quebrou:
Seus ancestrai s eram caçadores também? E l e perguntou, como s e el a fos s e
tel epata. E l e es perou por um momento... Ai nda s i l ênci o.
Ok. Nada de tel epati a. E s s a foi boa.
E l e acenou com a cabeça para a maj es tos a es taca.
— Is s o, certamente, foi fei to para um l orde ou para uma l ady.
M eredi th não era i di ota. E l a fal ou s em ti rar os ol hos del e. E l a es tava
pronta para que, a qual quer i ns tante, el a pudes s e entrar no modo de matar.
— Somos s omente pes s oas comuns tentando fazer nos s o trabal ho para
que as outras pes s oas pos s am fi car a s al vo.
— De s erem mortas por um vampi ro ou doi s .
— Bem, até agora a hi s tóri a de “você vai apanhar s e fi zer bes tei ra” não fez
com que os vampi ros s e tornas s em vegetari anos . Damon teve que ri r.
— É uma pena você não ter nas ci do antes para converter o Stefan. E l e
poderi a ter s i do s eu mai or tri unfo.
— Você acha i s s o engraçado, mas fazemos com que el es s e convertam.
— Si m. As pes s oas di rão qual quer coi s a enquanto vocês es ti verem
apontando um pedaço de pau para el es .
— Pes s oas que s entem que é errado Infl uenci ar outras , fazendo-as
acredi tarem que el as es tão al go em troca.
— É i s s o aí , M eredi th! Dei xe-me Infl uenci ar você. Des s a vez, foi
M eredi th quem ri u.
— Não, es tou fal ando s éri o! Quando eu for um vampi ro novamente,
dei xe-me Infl uenci ar você para não ter tanto medo de mordi das . Não demorará
mai s do que um s egundo. M as me dará tempo para l he mos trar...
— Uma grande cas a de doces que j amai s exi s ti u? Um parente morto há
mai s de dez anos que teri a s e abomi nado com a i dei a de você ti rar uma
memóri a mi nha e us á-l a como uma i s ca? Um s onho de acabar com a fome no
mundo, ao i nvés de col ocar comi da em uma boca?
E s s a garota, Damon pens ou, é peri gos a. É como s e el a fos s e do cl ube
Contra-Infl uênci a, onde i s to l he era ens i nado aos s eus membros . Querendo
que el a vi s s e que os vampi ros , ou os ex-vampi ros , ou os Vampi ros de Antes e
os Vampi ros de Depoi s , ti nham qual i dades boas — como coragem...
E l e s ol tou a fronha e agarrou o fi m da es taca de combate com as duas
mãos . M eredi th l evantou uma s obrancel ha.
— E u não te di s s e que al gumas partes des ta es taca que você acabou de
tocar s ão venenos as ? Ou você não es tava ouvi ndo? E l a ti nha automati camente
tocado na es taca também, aci ma da parte peri gos a.
— Di s s e — E l e di s s e i ncompreens i vamente.
— E u di s s e “venenos a tanto para humanos quanto para l obi s omens e
outras coi s as ”... Lembra-s e?
— Di s s e i s s o também. M as eu prefi ro morrer a vi ver como humano,
então: que os j ogos comecem. E com i s s o, Damon começou a empurrar a es taca
em di reção ao coração de M eredi th.
Imedi atamente, el a s egurou com mai s força a es taca, empurrando-a em
di reção a el e. M as el e ti nha três vantagens , ambos l ogo perceberam: el e era
um pouqui nho mai s al to e mai s forte do que a ági l e atl éti ca M eredi th; el e
s egurava mai s partes da es taca do que el a; e el e havi a as s umi do uma pos i ção
mai s agres s i va.
M es mo que el e pudes s e s enti r o veneno nas pal mas das mãos , el e
conti nuou empurrando, até chegar à área de matar, próxi mo ao coração del a.
M eredi th afas tou-s e com uma quanti dade s urpreendente de força e, de
repente, de al guma forma, el es vol taram à es taca zero.
Damon ol hou para ci ma para ver como aqui l o ti nha aconteci do, e vi u, para
s ua s urpres a, que el a também havi a compreendi do que a es taca es tava na
zona de matança. Agora, as mãos del a gotej avam s angue ao chão, as s i m como
as del e.
— M eredi th!
— O que foi ? E u l evo meu trabal ho a s éri o.
Apes ar de s ua j ogada, el e era mai s forte. Centí metro por centí metro, el e
forçou s uas mãos perfuradas com braços , para exercer pres s ão. E centí metro
por centí metro, el a foi forçada a i r para trás , recus ando-s e a des i s ti r — até que
não havi a mai s es paço para recuar.
E l á es tavam el es , toda a extens ão da es taca entre el es , e a gel adei ra
encos tada em M eredi th.
Tudo que Damon pôde pens ar foi em E l ena. Se el e, de al guma forma,
s obrevi ves s e — e M eredi th não —, o que aquel es ol hos cri s tal i nos l he
di ri am? Como el e poderi a vi ver com o que el es l he di s s es s em?
E , em s egui da, em um tempo exas perante, como um j ogador de xadrez
que derruba o s eu própri o rei , M eredi th s ol tou a es taca, cedendo s obre a força
s uperi or de Damon.
Depoi s di s s o, como s e el a não ti ves s e medo de l he dar as cos tas , el a
pegou um fras co chei o de bál s amo em um armári o da cozi nha, pegando um
bocado do conteúdo, e fez para s i nal para Damon dar-l he as mãos . E l e franzi u
o cenho. E l e nunca ti nha ouvi do fal ar de um veneno que penetras s e no
s angue e que pudes s e s er curado pel o l ado externo.
— E u não pus veneno de verdade na parte humana — E l a di s s e
cal mamente. — M as s uas mãos foram perfuradas e i s s o aqui s erá um
excel ente remédi o. E l a é anti ga, pas s ada por gerações .
— Que bondade a s ua de me contar. — Di s s e, s endo ni ti damente
i rôni co. — E agora, o que faremos ? Começaremos tudo de novo? — E l e
adi ci onou, enquanto M eredi th cal mamente começou a es fregar pomada em
s uas própri as mãos .
— Não. Caçadores têm um códi go, você s abe di s s o. Você ganhou a E s fera.
E u s uponho que você es tej a pl anej ando fazer o que o Sage fez. Abri r o Portal
para a Di mens ão das Trevas .
— Abri r o Portal para as Di mensões das Trevas . — E l e corri gi u. — É
provável que eu deves s e ter menci onado: há mai s de uma. M as tudo que eu
quero é me tornar um vampi ro novamente. E podemos convers ar enquanto
cami nhamos , uma vez que es tamos ves ti ndo nos s os traj es de l adrões .
M eredi th es tava ves ti da do mes mo j ei to que el e: cal ça j eans pretas e
uma bl us a l eve e preta. Com s eu cabel o es curo bri l hando, el a es tava
i nes peradamente boni ta. Damon, quem es tava cons i derando matá-l a com
es taca, como era a obri gação de s ua es péci e, encontrava-s e agora vaci l ando. Se
el a não l he des s e probl emas em s eu cami nho em di reção à porta, el e a
dei xari a i r, el e deci di u. E l e es tava s e s enti ndo magnâni mo — pel a pri mei ra
vez, el e havi a enfrentado e conqui s tado a as s us tadora M eredi th, e, al ém
di s s o, el a ti nha um códi go, as s i m como el e. E l e s enti u uma es péci e de
parentes co com el a. Com uma gargal hada i rôni ca, acenou com a cabeça para
el a i r à frente, mantendo a fronha e a es taca com el e.
E nquanto Damon s i l enci os amente fechava a porta da frente, vi u que o
amanhecer es tava pres tes a chegar. O ti mi ng era perfei to. A es taca pegou os
pri mei ros rai os de l uz.
— E u tenho uma pergunta para você. — Di s s e el e para os cabel os
l ongos , es curos e s edos os de M eredi th. — Você di s s e que não havi a achado
es ta l i nda es taca antes de Kl aus , aquel e Anti go mal i gno, es tar morto. M as s e
você é de uma famí l i a de caçadores , você poderi a ter s i do mai s úti l em aj udar
a des pachá-l o. Como por exempl o, es tas ci nzas brancas poderi am tê-l o matado.
— É que os meus pai s não s egui ram ati vamente com os negóci os da
famí l i a... E l es não s abi am. Ambos s ão des centes de caçadores , é cl aro... É
preci s o s er, para dei xar es s e as s unto fora dos tabl ói des e...
—... Dos arqui vos da pol í ci a...
— Você quer que eu fal e, ou prefere fi car aqui s ozi nho fazendo
pi adi nhas ?
— Vá para o as s unto pri nci pal . — Referi ndo-s e à es taca — E u ouvi rei .
— M as mes mo que el es optaram por não es tarem ati vos , el es s abi am
que um vampi ro ou um l obi s omem poderi a deci di r raptar s ua fi l ha, cas o
des cobri s s em s ua i denti dade. As s i m, durante a es col a, eu fazi a “aul as de
l uta” e “aul as de equi tação” uma vez por s emana... E u as fi z des de que ti nha
três anos . E u s ou fai xa preta em Shi han e Sas eung Taekwondo. Devo começar a
fazer Dragon Kung Fu...
— Vol tando ao ponto pri nci pal . M as como exatamente você encontrou es s a
maravi l hos a arma?
— Depoi s de Kl aus es tar morto, enquanto Stefan es tava dando uma de
babá da E l ena, de repente o vovô começou a fal ar... Somente al gumas
pal avras ... M as i s s o fez com que eu fos s e dar uma ol hada no nos s o s ótão. E u
encontrei i s s o.
— E ntão, você não s abi a como us á-l a?
— Só havi a começado a prati car quando Shi ni chi apareceu. M as , não, eu
não ti nha nenhuma i dei a de como us á-l a. E mbora eu s ej a óti ma us ando o
Bō{1} , então eu us ei a us ei do mes mo j ei to.
— Você não a us ou como s e fos s e um Bō em mi m.
— E s tava tentando persuadi r você, não matá-l o. E u não s aberi a expl i car à
E l ena como eu quebrara todos os s eus os s os . Damon s egurou-s e para não ri r
— ou quas e i s s o.
— E ntão, como é que um cas al de caçadores i nati vos acabou s e mudando
para uma ci dade com centenas de l i nhas de atração?
— E u acho que el es não s abi am o que es s a l i nha de Poder natural era.
E Fel l ’s Church pareci a pequena e pací fi ca... Até agora. E l es des cobri ram que o
Portal es tava i gual des de a úl ti ma vez que Damon havi a o vi s to: um el egante
pedaço retangul ar cortando na terra, com cerca de ci nco metros de profundi dade.
— Agora, s ente-s e l á. — E l e es conj urou para M eredi th, col ocando-a no
canto opos to de onde es tava a es taca.
— Você j á pens ou... M es mo que por um i ns tante... O que vai acontecer
com M i s ao s e você derramar todo o l í qui do l á dentro?
— Na verdade, não. Não val eri a a pena, nem por um mi cros s egundo. —
Damon di s s e al egremente. — Por quê? Você acha que el a fari a o mes mo por
mi m?
M eredi th s us pi rou.
— Não. E s s e é o probl ema com vocês doi s .
— Certamente, el a é o seu probl ema no momento, embora eu pos s a dar
uma pas s adi nha por aqui depoi s que a ci dade es ti ver des truí da para trocar
uma i dei a com o i rmão del a s obre manter o j uramento.
— Só depoi s que você es ti ver forte o bas tante para derrotá-l o.
— Bem, por que você não faz al guma coi s a? É s ua ci dade que el es es tão
devas tando, afi nal . — Damon di s s e. — Cri anças atacando a s i mes mas e aos
outros ; e agora, os adul tos atacando as cri anças ...
— Ambos es tão morrendo de medo ou s endo pos s uí dos por aquel es
mal ach que as rapos as ai nda es tão es pal hando por aí ...
— Si m, e o medo e a paranoi a conti nuam s endo es pal hados por aí
também. Fel l ’s Church pode s er pequena, comparado com os outros genocí di os
que el es caus aram, mas el a é um l ugar i mportante por es tar s i tuada aci ma...
—… Das l i nhas de atração chei as de Poder... Si m, s i m, eu s ei . M as você
nem ao menos s e i mporta? E quanto a nós ? Os nos s os pl anos para o futuro?
Nada di s s o i mporta para você? — M eredi th exi gi u.
Damon pens ou na pequena cri atura no quarto do pri mei ro andar e s enti u
um enj oo.
— E u j á di s s e — Retrucou. — Vol tarei para convers ar com Shi ni chi .
E ntão, cui dados amente, el e começou a derramas o l í qui do da E s fera
E s tel ar em um canto do retângul o. Agora que el e es tava real mente no Portal ,
el e percebeu que não ti nha i dei a do que el e devi a fazer. O procedi mento correto
poderi a s er o de entrar no buraco e derramar o l í qui do de toda a E s fera E s tel ar
no mei o. M as quatro cantos pareci am di tar quatro l ugares di ferentes para s e
derramar, e el e es tava aderi ndo a i s to.
E l e es perava que M eredi th trapaceas s e de al guma forma. Correr até a
cas a. Fazer al gum barul ho, pel o menos . Atacá-l o por trás , agora el e ti nha
dei xado cai r a es taca. M as , aparentemente, s eu códi go de honra a proi bi u.
Que meni na es tranha, el e pens ou. M as vou dei xar-l he a es taca, uma
vez que real mente pertence à s ua famí l i a e, de qual quer manei ra, el a me
matari a no i ns tante em que eu chegas s e à Di mens ão das Trevas . Um es cravo
carregando uma arma — es peci al mente uma arma como es ta — não teri a
nenhuma chance.
Sens atamente, el e derramou quase todo o l í qui do à es querda da úl ti ma
curva e deu um pas s o para trás para ver o que aconteceri a.
SSSS-bah! Branca. Uma ardente l uz branca. Foi tudo que s eus ol hos ou
s ua mente pôde perceber em pri mei ro l ugar. E então, como uma corrente de
adrenal i na, el e pens ou: Cons egui ! O Portal es tá aberto!
— Para o centro da Di mens ão das Trevas , por favor. — Di s s e el e
educadamente para o buraco em chamas . — Um beco i s ol ado, provavel mente,
s eri a mel hor, s e você não s e i mporta. E então, el e pul ou no buraco.
Só que el e não pul ou. Quando el e es tava pres tes a dobrar os j oel hos , al go
o agarrou pel a di rei ta.
— M eredi th! E u pens ei ...
M as não era M eredi th. E ra Bonni e.
— Você me enganou! Você não pode i r l á! — E l a es tava chorando e
gri tando.
— Si m, eu pos s o! Agora, me s ol ta... Antes que el e des apareça. — E l e
tentou erguê-l a, enquanto s ua mente gi rava i nuti l mente. E l e havi a dei xado
aquel a garota, ti po, uma hora ou mai s atrás , num s ono tão profundo que el a
pareci a es tar morta. Quanto s erá que es te corpi nho agüenta?
— Não! E l es vão te matar! E Elena vai me matar! M as s erei morta
pri mei ro, porque ai nda es tarei aqui ! Des perto, el e pôde montar as peças do
quebra-cabeça.
— Humana, eu di s s e para me soltar — E l e ros nou.
E l e arreganhou os dentes para el a, que s ó fez com que el a enterras s e a
cabeça em s eu cas ado, agarrando-s e no es ti l o bebê- coal a.
Umas boas bofetadas devem afas tá-l a, el e pens ou. E l e ergueu s ua mão.
9
Damon dei xou s ua mão cai r. E l e s i mpl es mente não podi a fazer i s s o.
Bonni e fraca, boba, i ndefes a, fáci l de enganar... É i s s o, el e pens ou. E u vou
us ar i s s o! E l a é tão i ngênua...
— M e s ol te s ó por um seg undo — E l e pers uadi u. — E ntão, poderei pegar
a es taca.
— Não! Você vai pul ar, s e eu fi zer i s s o! O que é uma es taca? — Bonni e
di s s e, tudo em um s ó fôl ego.
... E tei mos a e i nfl exí vel ...
— Bonni e — di s s e el e em voz bai xa — E s tou fal ando s éri o. Se você não
me s ol tar, eu farei com que me s ol te... E você não vai gos tar di s s o, é uma
promes s a.
— Faça o que el e di z — M eredi th pedi u em al gum l ugar al i perto. —
Bonni e, el e es tá i ndo para a Di mens ão das Trevas ! Você acabará i ndo com el e e
vocês doi s s e tornarão es cravos des ta vez! Pegue mi nha mão!
— Pegue a mão del a! — Damon rugi u, enquanto a l uz pi s cava, um pouco
menos bri l hante.
E l e pôde s enti r Bonni e começar a s ol tá-l o, tentando ver onde M eredi th
es tava, e então, el e a ouvi u di zer:
— E u não pos s o...
E então, el es es tavam cai ndo.
A úl ti ma vez em que ti nham vi aj ado através de um Portal , el es ti nha
s i do fechados em uma cai xa que pareci a um el evador. Des s a vez, el es es tavam
s i mpl es mente voando. Havi a uma l uz, e l á es tavam el es , tão cegos que fal ar
pareci a s er i mpos s í vel . Havi a apenas a bel a, bri l hante e fl utuante l uz...
E então, el es es tavam num beco, tão es trei to que mal permi ti a que el es
ol has s em um para o outro, e entre os edi fí ci os , tão al tos que não havi a quas e
nenhuma l uz l á embai xo, onde el es es tavam.
Não... E s s e não era o moti vo, Damon pens ou. E l e s e l embrava daquel a
l uz vermel ha-s angue que es tava s empre pres ente. E l a não es tava vi ndo de
um l ado ou de outro daquel e beco; i s s o s i gni fi cava que el es es tavam dentro
daquel e crepús cul o cor de vi nho.
— Você percebe onde es tamos ? — Damon exi gi u num s us s urro furi os o.
Bonni e concordou, parecendo fel i z por j á ter deduzi do.
— Bas i camente, es tamos nas profundezas da...
— M erda!
Bonni e ol hou ao s eu redor.
— Não s i nto chei ro de nada. — E l a di s s e com cautel a, e exami nou a
s ol as dos pés .
— Nós es tamos — Damon di s s e devagar e cal mamente, tentando
acal mar a s i mes mo durante cada pal avra. — num mundo onde podemos s er
açoi tados , es fol ados e decapi tados s i mpl es mente por es tamos pi s ando no chão.
Bonni e deu um pequeno s al to e, em s egui da, um mai s al to, como s e
di mi nui r s ua i nteração com o chão pudes s e aj udá-l os de al guma forma. E l a
ol hou para el e em bus ca de mai s i ns truções .
De repente, Damon a s egurou e a ol hou com vi vaci dade, enquanto uma
revel ação l he ocorreu.
— Você es tá bêbada! — E l e fi nal mente s us s urrou. — Você nem ao
mes mo es tá acordada! E s s e tempo todo es ti ve querendo fazer com que você
ouvi s s e a voz da razão, e você s i mpl es mente é uma s onâmbul a bêbada!
— Não s ou! — Bonni e di s s e. — E ... Di gamos que eu s ej a, você deveri a
s er um pouco mai s agradável comi go. Você que fez com que eu fi cas s e des s e
j ei to.
Al guma parte di s tante de Damon concordou, di zendo-l he que i s to era
verdade. E l e fora o úni co que ti nha embebedado a meni na e, em s egui da,
embebedado-a com s oro da verdade e remédi o para s ono.
M as i s s o era s i mpl es mente um fato, e não ti nha nada a ver com como
el e s e s enti a s obre i s s o. Com como el e s enti a não s er capaz de conti nuar com
aquel a cri atura del i cada demai s .
Cl aro, a coi s a mai s s ens ata s eri a s e afas tar del a o mai s rápi do pos s í vel ,
e dei xar a ci dade, es s a grande metrópol e do mal , engol i -l a com s uas pres as , o
que certamente aconteceri a cas o el a des s e doze pas s os pel a rua s em el e.
M as , como antes , al go dentro del e s i mpl es mente não podi a fazer i s s o.
E , el e percebeu, quanto mai s cedo el e admi ti s s e i s s o, mai s cedo el e poderi a
encontrar um l ugar para col ocá-l a e começar a cui dar de s eus própri os
negóci os .
— O que é i s s o? — Di s s e el e, pegando uma de s uas mãos .
— M eu anel de opal a. — Bonni e di s s e chei a de orgul ho. — E s tá vendo?
Combi na com tudo, por caus a de s uas cores . E u s empre o us o; para roupas
cas uai s ou de gal a.
E l a, toda fel i z, dei xou com que Damon o ti ras s e e o exami nas s e.
— São di amantes verdadei ros nas l aterai s ?
— Impecávei s , branco puro. — Bonni e di s s e, ai nda com orgul ho. — O
noi vo de Lady Ul ma, Lucen, os fez para o cas o de preci s armos ti rá-l os para
vendê-l os ...
E l a parou e di s s e l ogo em s egui da:
— Você ti rá-l os para vendê-l os ! Não! Não, não, não, não, não!
— Si m! E u preci s o, cas o você quei ra ter al guma chance de s obrevi ver. —
di s s e Damon. — E s e você di s s er mai s uma pal avra, ou dei xar de fazer
exatamente o que eu di go, eu vou dei xá-l a aqui s ozi nha. E então você vai morrer.
— E l e es trei tou s eus ol hos ameaçadores s obre el a.
Bonni e abruptamente s e trans formou em um pás s aro as s us tado.
— Tudo bem. — E l a s us s urrou, l ágri mas reuni ndo-s e em s eus cí l i os .
— Vai us á-l os em quê?

***

Tri nta mi nutos depoi s , el a es tava na pri s ão; ou aqui l o era i gual a um.
Damon a ti nha i ns tal ado no s egundo andar de um apartamento com uma
j anel a coberta por pers i ana, e l he dera i ns truções ri goros as s obre dei xá-l as
as s i m. E l e havi a penhorado o opal a e um di amante com s uces s o, e pagou para
que uma mul her azeda e mal -humorada trouxes s e a Bonni e duas refei ções
por di a, que l he l evas s e ao banhei ro quando neces s ári o, e, cas o contrári o, que
s e es queces s e de s ua exi s tênci a.
— Ouça — E l e di s s e à Bonni e, que ai nda es tava chorando em s i l ênci o
após a mul her tê-l os dei xado. —, vou tentar vol tar em três di as . Se não vi er
dentro de uma s emana, então quer di zer que es tou morto. E ntão, você... Não
chore! Pres te atenção! Então, você preci s ará us ar es tas j ói as e s eu di nhei ro para
tentar percorrer todo es s e cami nho daqui até aqui , onde es peramos que Lady
Ul ma ai nda es tej a.
E l e l he deu um mapa e um s aco chei o de j ói as e moedas que havi am
s obrado de troco do pão e da comi da.
— Se i s s o acontecer... E tenho certeza abs ol uta que não vai , s ua mel hor
oportuni dade é cami nhar durante o di a, quando todos es tarão ocupados , e
mantenha s eus ol hos abai xados , s ua aura pequena, e não fal e com ni ng uém.
Vi s ta es s as roupas e carregue es te s aco de comi da. Reze para ni nguém l he
perguntar nada, mas tente parecer como s e você es ti ves s e em uma mi s s ão
para o s eu mes tre. Ah, s i m.
Damon enfi ou a mão no bol s o do cas aco e ti rou duas pequenas pul s ei ras
ferro para es cravos , el e as comprou quando cons egui u o mapa.
— Nunca as ti re, nem quando você es ti ver dormi ndo, nem quando es ti ver
comendo... Jamai s.
E l e ol hou para el a s ombri amente, mas Bonni e j á es tava no l i mi te de
um ataque pâni co. E l a es tava tremendo e chorando, mas temeros a demai s
para di zer uma pal avra. Des de que entraram na Di mens ão das Trevas , el a
vem mantendo s ua aura tão bai xa quanto pos s í vel , s uas defes as ps í qui cas
el evadas ; não era preci s o di zer a el a para fazer i s s o. E l a es tava em peri go. E l a
s abi a di s s o.
Damon termi nou um pouco mai s tol erante:
— E u s ei que parece di fí ci l , mas eu pos s o di zer que, pes s oal mente,
não tenho a menor i ntenção de morrer. Vou tentar vi s i tá- l a, mas atraves s ar as
frontei ras dos di ferentes s etores é peri gos o, e é i s s o que terei de fazer para vi r
aqui . Bas ta ter paci ênci a, e você fi cará bem. Lembre-s e, o tempo pas s a
di ferentemente aqui do que na Terra. Podemos fi car aqui durante s emanas e
vol tarmos prati camente no i ns tante em que parti mos . E , ol he... — Damon fez
um para o contorno da s al a —... Dezenas de E s feras E s tel ares ! Você pode
as s i s ti r a todas el as .
E l as eram as mai s comuns das E s feras E s tel ares , do ti po que não
ti nham poderes , mas s i m memóri as , hi s tóri as , ou l i ções . Quando você a
s egurava em s ob s ua temporada, você era i mers o em qual quer materi al que
havi a s i do i mpres s o na E s fera.
— M ui to mel hor do que a TV — Damon di s s e.
Bonni e concordou com a cabeça l i gei ramente. E l a ai nda es tava abal ada, e
el a era tão pequena, tão fraca, s ua pel e era tão pál i da e fi na, s eu cabel o era
como uma chama que bri l hava na penumbra carmes i m que s e i nfi l trava
através das pers i anas , que, como s empre, Damon pegava-s e a encarando.
— Você tem al guma pergunta? — E l e perguntou fi nal mente.
— E ... Você vai es tar...? — Bonni e di s s e bem devagar.
— Comprando a nos s a vers ão de Quem é Quem e o Li vro da Nobreza. — Di s s e
Damon. — E s tou procurando por uma l ady de qual i dade.

***

Após Damon ter s aí do, Bonni e ol hou em vol ta da s al a.


E ra horrí vel . M arrom es curo e horrí vel ! E l a es tava tentando s al var
Damon de vol tar para à Di mens ão das Trevas porque l embrou-s e da manei ra
terrí vel que os es cravos , que em s uma eram s eres humanos , eram tratados .
M as el e agradeceu por i s s o? Agradeceu? Nem um pouco! E então, quando
el a ti nha caí do na l uz com el e, el a pens ou que, pel o menos , el es es tari am
i ndo à cas a de Lady Ul ma, a mul her com uma hi s tóri a pareci da com a da
Ci nderel a, quem E l ena havi a res gatado e que, em s egui da, recuperara s ua
ri queza e s tatus e ti nha proj etado l i ndos ves ti dos , para que as meni nas
pudes s em i r a fes tas chi ques . Poderi am ter ti do grandes camas com l ençói s de
ceti m e empregadas domés ti cas que trari am morangos e creme de l ei te no café
da manhã. Teri am a doce Laks mi para convers ar, o i mpaci ente Dr. M eggar e...
Bonni e ol hou em vol ta da s al a marrom e para aquel a coi s a vel ha e puí da
que era s eu cobertor. E l a pegou uma E s fera E s tel ar com i ndi ferença e, em
s egui da, dei xou-a cai de s eus dedos .
De repente, uma s onol ênci a grande a encheu, fazendo s ua cabeça gi rar.
E ra como s e uma névoa es ti ves s e entrando dentro del a. Não havi a razão para
res i s ti r. Bonni e tropeçou em di reção à cama, cai u s obre el a, e j á es tava
dormi ndo quas e antes de cobri r-s e com o cobertor.
***

— É mui to mai s mi nha cul pa do que s ua. — Stefan es tava di zendo à


M eredi th. — E l ena e eu es távamos ... Dormi ndo profundamente... Senão, el e
nunca teri a cons egui do executar qual quer parte des te pl ano. E u devi a ter
notado que el e es tava fal ando com Bonni e. Já devi a ter percebi do que el e es tava
te fazendo de refém. Por favor, não s e cul pe, M eredi th.
— E u devi a ter tentado avi s á-l os . Não es perava que Bonni e vi es s e
correndo e o agarras s e. — di s s e M eredi th.
Seus ol hos es curos e ci nzentos bri l havam com l ágri mas não derramadas .
E l ena apertou s ua mão, com uma pi tada de dor na boca do es tômago.
— Você não podi a es perar tentar combater Damon. — Stefan di s s e, s em
rodei os . — Sendo humano ou vampi ro, el e é trei nado, el e s abe movi mentos
que você nunca poderi a adi vi nhar. Você não pode s e cul par.
E l ena es tava pens ando a mes ma coi s a. E l a es tava preocupada com o
des apareci mento de Damon e aterrori zada por Bonni e. No entanto, em outro
ní vel de s ua mente, el a es tava pens ando nas l acerações na pal ma de
M eredi th que el a tentava aquecer. O mai s es tranho é que pareci a que as
feri das ti nham s i do tratadas , es fregadas com l oção. M as el a não i a s e
i ncomodar em perguntar à M eredi th s obre i s to num momento como es te.
E s peci al mente quando a cul pa era da E l ena. E l a fora a úni ca que ti nha
s eduzi do Stefan na noi te anteri or. Ah, el es ti nham es tado... Bem
profundamente na mente um do outro.
— De qual quer forma, s e formos cul par al guém, que cul pemos Bonni e.
— Stefan di s s e com pes ar. — M as agora es tou preocupado com el a. Damon não
vai es tar di s pos to a cui dar del a s e el e não queri a que el a fos s e.
M eredi th abai xou a cabeça.
— Será mi nha cul pa s e el a s e machucar.
E l ena mordeu o l ábi o i nferi or. Havi a al guma coi s a errada. Al go s obre
M eredi th, que M eredi th não es tava di zendo a el a. Suas mãos es tavam
real mente feri das , e E l ena não cons egui a des cobri r como el as poderi am ter
fi cado daquel a manei ra.
Quas e como s e el a s oubes s e o que E l ena es tava pens ando, M eredi th
es condeu s uas mãos de E l ena e ol hou para el as . Ol hou para ambas as
pal mas , l ado a l ado. E l as es tavam i gual mente feri das e ras gadas .
M eredi th i ncl i nou s ua cabel ei ra negra para frente, quas e s e dobrando
s obre o l ocal onde el a s e s entara. E ntão, el a s e endi rei tou, j ogando a cabeça
para trás como quem ti nha acabado de tomar uma deci s ão.
E l a di s s e:
— Há al go que eu preci s o contar a você...
— E s pere — Stefan murmurou, col ocando uma mão no ombro del a. —
Ouçam. Há um carro chegando. E l ena pres tou atenção. E m al gum momento,
el a ouvi u também.
— E l es es tão vi ndo para a pens ão. — di s s e el a, perpl exa.
— Ai nda é cedo — di s s e M eredi th — O que s i gni fi ca...
— Que deve s er a pol í ci a atrás de M att. — Stefan termi nou. — É mel hor
eu s ubi r e acordá-l o. Vou col ocá-l o na di s pens a. E l ena rapi damente arrol hou a
E s fera E s tel ar com s uas fortes ondas de l í qui do.
— E l e pode l evar i s to com el e.
E l ena havi a começado, quando M eredi th, de repente, correu para o l ado
opos to do Portal . E l a pegou um obj eto fi no e compri do que E l ena não pôde
reconhecer, mes mo com o Poder canal i zado para os ol hos . E l a vi u Stefan pi s car
e ol har fi xamente para o obj eto.
— Is to preci s a i r para a di s pens a também. — di s s e M eredi th — E
provavel mente há pi s tas de terra s ai ndo da di s pens a, e s angue na cozi nha.
Nes tes doi s l ugares .
— Sangue? — E l ena começou, furi os a com Damon, mas então el a
bal ançou a cabeça e s e reori entou.
À l uz da aurora, el a podi a ver um carro de pol í ci a, chegando na pens ão
como s e fos s e um grande tubarão.
— Vamos nes s a. — di s s e E l ena. — Vão, vão, vão!
Todos el es corri am de vol ta à pens ão, agachando-s e para fi carem rente ao
chão enquanto corri am. E nquanto el es i am, E l ena s us s urrou:
— Stefan, você tem que Infl uenci á-l os , s e puder. M eredi th, você tenta
l i mpar o chão e o s angue. Vou pegar o M att, poi s é menos provável que el e dê
um s oco em mi m quando eu di s s er que el e tem que s e es conder.
E l es apres s aram-s e para s uas funções des i gnadas . No mei o de tudo
i s s o, a Sra. Fl owers apareceu, ves ti da com uma cami s ol a de fl anel a com um
manto nebul os o e ros a s obre el a, e chi nel os come cabeças de coel hi nho.
Quando a pri mei ra bati da s oou pel a porta, el a j á ti nha s ua mão na maçaneta,
e o pol i ci al começara a gri tar:
— É A POLÍCIA! ABRAM A... — E encontrou-s e berrando di retamente
s obre a cabeça de uma vel hi nha que não poderi a ter pareci do mai s frági l ou
i nofens i va. Termi nou com um s us s urro: —... Porta?
— E s tá aberta. — A Sra. Fl owers di s s e docemente. E l a abri u um pouco
mai s , para que E l ena pudes s e ver doi s ofi ci ai s , e para que os ofi ci ai s
pudes s em ver E l ena, Stefan e M eredi th, todos aquel es que ti nham acabado
de chegar à cozi nha.
— Queremos fal ar com M att Honeycutt. — a pol i ci al di s s e. E l ena
obs ervou que a vi atura era do Departamento do Xeri fe de Ri dgemont. — A mãe
del e nos di s s e que el e es tava aqui , após a i nterrogarmos .
E l es es tavam entrando, pas s ando pel a Sra. Fl owers . E l ena ol hou para
Stefan, que es tava pál i do, com gotí cul as de s uor vi s í vei s em s ua tes ta.
E l e es tava ol hando fi xamente para a pol i ci al , mas el a não parava de
fal ar.
— A mãe del e di z que, prati camente, el e vi ve nes ta pens ão. — di s s e
el a, enquanto o outro pol i ci al real i zava al gum ti po de papel ada.
— Temos um mandado de bus ca nas i ns tal ações . — di s s e el e
categori camente.
A Sra. Fl owers pareci a duvi dos a. E l a ol hou de vol ta para Stefan, mas
dei xou s eu ol har pas s ar para os outros adol es centes .
— Tal vez s ej a mel hor s e eu fi zes s e a todos uma boa xí cara de chá?
Stefan ai nda es tava ol hando para a mul her, o ros to pál i do e mai s
el aborado do que nunca. E l ena s enti u uma embreagem de pâni co s ubi do em
s eu es tômago. Ai , Deus , mes mo com o pres ente de s eu s angue ontem à noi te...
Stefan es tava fraco, fraco demai s até mes mo para us ar a Infl uênci a.
— Pos s o fazer uma pergunta? — M eredi th di s s e em s ua voz cal ma e
bai xa. — Não s e trata do mandado — acres centou, acenando para o papel . —
Como es tá l á fora, em Fel l ’s Church? Vocês s abem o que es tá acontecendo?
E l a es tava arranj ando tempo, E l ena pens ou, e mes mo as s i m todos
pararam para ouvi r a res pos ta.
— Uma muti l ação. — a xeri fe res pondeu após um momento de paus a. —
É como s e fos s e uma zona de guerra l á fora. Pi or que i s s o, porque s ão cri anças
que es tão... — E l a parou e bal ançou a cabeça. — Is s o não é da nos s a conta.
Nos s o trabal ho é encontrar um fugi ti vo da j us ti ça. M as , pri mei ro, enquanto
es távamos vi ndo para s eu hotel , vi mos uma col una de l uz mui to bri l hante.
Não era de um hel i cóptero. Suponho que vocês s ai bam do que s e trata?
Só um Portal através do tempo e es paço, E l ena es tava pens ando, enquanto
M eredi th res pondeu, ai nda cal mamente:
— Tal vez um trans mi s s or de energi a expl odi ndo? Ou al gum ti po de
rel âmpago? Ou você s e refere... A um OVNI? — E l a abai xou ai nda mai s a voz
s uave.
— Não temos tempo para i s s o. — Di s s e o xeri fe, ol hando com noj o. —
E s tamos aqui para encontrar o s enhor Honeycutt.
— Vocês s ão bem-vi ndos para procurar. — A Sra. Fl owers di s s e. E l es j á
es tavam fazendo i s s o.
E l ena s e s enti u chocada e naus eada ao mes mo tempo. “O senhor Honeycutt”,
o senhor, não o g aroto. M att j á ti nha mai s de dezoi to. E l e ai nda era adol es cente? Se
não, o que fari am com el e, quando el e acabas s e pres o?
E então, havi a Stefan. Stefan ti nha s i do tão certei ro... Tão... Convi ncente...
E m s eus anúnci os s obre es tar bem novamente. Toda aquel a convers a s obre
vol tar à caçar ani mai s ... M as a verdade é que el e preci s ava de mai s s angue
humano para s e recuperar.
Agora, s ua mente gi rava em modo de pl anej amento, mai s e mai s rápi da.
Stefan, obvi amente, não s eri a capaz de Infl uenci ar ambos os pol i ci ai s ,
s em uma doação bem grande de s angue humano.
E s e E l ena des s e... A s ens ação de mal es tar no es tômago aumentou e
el a s enti u os pequenos pel os em s eu corpo eri çar-s e... Se el a des s e, quai s
eram as chances de el a s e tornar uma vampi ra?
Grandes, uma voz cal ma e raci onal em s ua mente res pondeu. M ui to
grandes , cons i derando que há menos de uma s emana el a havi a trocado
s angue com Damon. Frequentemente.
Des i ni bi damente.
O que fez com que s ó s obras s e um pl ano no qual el a podi a pens ar.
E s s es xeri fes não i ri am encontrar M att, mas M eredi th e Bonni e ti nham di to
a el a que outro xeri fe de Ri dgemont havi a chegado e perguntado s obre M att...
E s obre a namorada de Stefan. O probl ema é que el a, E l ena Gi l bert, havi a
“morri do” há nove mes es . E l a não deveri a es tar aqui , e el a teve a s ens ação de
que es tes ofi ci ai s s eri am curi os os .
E l es preci s avam dos Poderes de Stefan. Agora. Não havi a outro j ei to, outra
es col ha. Stefan. Poder. Sangue humano.
E l a vi rou-s e para M eredi th, que ti nha s ua cabel ei ra es cura para bai xo
e es tava i ncl i nada para o l ado como s e es ti ves s e ouvi ndo os doi s xeri fes que
s ubi am a es cada.
— M eredi th...
M eredi th vi rou-s e para el a e E l ena quas e deu um pas s o para trás , em
choque. O tom normal mente pres ente em M eredi th es tava ci nza, e s ua
res pi ração es tava vi ndo rápi da e s uperfi ci al mente.
M eredi th, a cal ma e s erena M eredi th, j á s abi a o que E l ena i a pedi r
del a. Sangue s ufi ci ente que a dei xari a fora de control e enquanto el e l he era
ti rado. E rápi do. Is s o a as s us tava. E ra mui to mai s do que medo.
E l a não cons egue fazer i s s o, E l ena pens ou. E s tamos perdi dos .
10
Damon es tava andando até bel a trel i ça coberta de ros as abai xo da j anel a
do dormi tóri o da M . l e Pri nces s Jes s al yn D’Aubi gne, uma garota mui to ri ca,
boni ta e mui to admi rada, que ti nha mai s s angue azul do que qual quer outro
vampi ro da Di mens ão das Trevas , de acordo com os l i vros que el e havi a
comprado. Na verdade, el e ouvi u i s s o dos própri os moradores e havi a rumores
de que o própri o Sage a ti nha trans formado, há doi s anos , e ti nha l he dado es te
cas tel o de j ói as para morar. Pareci do com uma j ói a, o pequeno cas tel o j á
apres entava a Damon vári os probl emas . Havi a aquel a cerca de arame farpado,
onde el e ras gara s ua j aqueta de couro; um guarda extraordi nari amente hábi l
e obs ti nado, quem el e teve pena em es trangul ar; um fos s o profundo que
quas e o pegou de s urpres a; e al guns cães que el e cui dara i gual como fi zera
com Sabber: us ando os s oní feros da Sra. Fl owers que el e havi a trazi do cons i go
da Terra. Teri a s i do mui to mai s fáci l envenená-l os , mas Jes s al yn ti nha a
fama de ter um coração mui to mol e com ani mai s e el e preci s ari a del a pel o
menos nos próxi mos três di as . Is s o deveri a s er o bas tante até que el e s e
tornas s e um vampi ro... Se el es não fi zes s em nada mai s durante es s es di as .
Agora, enquanto el e pul ava em s i l ênci o para a trel i ça, el e acres centou
mental mente aquel as grandes ros as es pi nhentas à s ua l i s ta de
i nconveni ênci as . E l e também ens ai ou s eu pri mei ro di s curs o para Jes s al yn.
E l a ti nha... Teri a... Para s empre... Dezoi to anos . M as el a ai nda era j ovem, j á
que el a s ó ti vera doi s anos de experi ênci a de s er uma vampi ra.
E l e cons ol ou-s e com i s s o enquanto entrava s i l enci os amente pel a j anel a.
Ai nda em s i l ênci o, movendo-s e l entamente para o cas o da pri nces a ter
ani mai s guarda-cos tas em s eu dormi tóri o, Damon abri u camada por camada
daquel as corti nas trans l úci das e trans parentes que i mpedi am a l uz
vermel ho-s angue do Sol de bri l har dentro da câmara. Suas botas afundavam na
pi l ha es pes s a de um tapete preto. Ti rando-o de perto das corti nas , Damon vi u
que toda a câmara fora decorada por um tema s i mpl es fei to por um mes tre do
contras te. Preto e bri l hante e preto neutro.
E l e gos tou mui to.
Havi a uma cama enorme, com mai s corti nas pretas e trans parentes
quas e a cercando. A úni ca manei ra de entrar era pel o pé da cama, onde as
corti nas trans l úci das eram mai s fi nas .
E s tando l á, no s i l ênci o que l embrava a uma catedral , na grande
câmara, Damon ol hou para a fi gura l i gei ra s ob os l ençói s de s eda preta, entre
dezenas de pequenas al mofadas .
E l a era uma j ói a, as s i m como o cas tel o. Os s os del i cados . Um ol har de
i nocênci a abs ol uta enquanto el a dormi a. Um ri o etéreo de cabel os fi nos
es carl ate derramando-s e s obre el a. E l e podi a ver cada fi o de cabel o que es tava
s obre o l ençól . E l a s e pareci a um pouco com Bonni e.
Damon es tava s ati s fei to.
E l e pegou a mes ma faca que ti nha col ocado na garganta de E l ena, e
apenas por um momento hes i tou... M as não, não era o momento para s e es tar
pens ando no cal or dourado de E l ena. Tudo dependi a des ta garota de ombros
fragéi s que es tava em s ua frente. E l e col ocou a ponta da faca em s eu pei to,
para o cas o de um pouco de s angue s er derramado... E tos s i u.
Nada aconteceu. A pri nces a, que es tava ves ti ndo uma l i ngeri e preta que
mos trava s eus frágei s , fi nos e pál i dos branços , pareci dos com porcel ana,
conti nuava a dormi r. Damon percebeu que as unhas de s eus pequenos dedos
es tavam pi ntadas da mes ma cor es carl ate que s eu cabel o.
As duas grandes vel as pretas num pi l arexal avam um perfume s edutor,
funci onando também como rel ógi os : as s i m que el as quei mavam, era pos s í vel
di zer as horas . A i l umi nação era perfei ta... Tudo es tava perfei to... E xceto que
Jes s al yn ai nda es tava dormi ndo.
Damon tos s i u novamente, mai s al to — e deu um tropi cão na cama.
A pri nces a acordou, l evantando-s e e, s i mul taneamente, ti rou duas
l âmi nas de s eu cabel o.
— Quem é? Tem al guém aí ? — E l a es tava ol hando para todas as
di reções , menos para a certa.
— Sou s ó eu, Vos s a Al teza. — Damon us ou s ua voz bai xa, mas chei a de
neces s i dade não corres pondi da. — Você não preci s a ter medo. — Acres centou,
agora que el a fi nal mente havi a chegado à di reção certa e o vi u.
E l e s e aj oel hou ao pé de s ua cama.
Seus cál cul os es tavam um pouco errados . A cama era tão grande e al ta
que o pei to e a faca fi caram mui to abai xo da l i nha de vi s ão de Jes s al yn.
— Vej a, ti rarei mi nha vi da. — Anunci ou el e, mui to al to para s e
certi fi car de que Jes s al yn es tava acompanhando a encenação. Depoi s de um
momento ou doi s , a pri nces a foi com a cabeça em di reção ao pé da cama. E l a
equi l i brou-s e entre s uas duas mãos , os ombros es tavam mai s próxi mos del a.
A es ta di s tânci a, el e podi a ver que s eus ol hos eram verdes — um verde
compl i cado cons i s ti do de mui tos anéi s e manchas .
No i ní ci o, el a apenas s i bi l ou para el e e l evantou s uas l âmi nas , cuj os
dedos mos travam as unhas vermel has . Damon s e aborreceu com el a. E l a i ri a
aprender, com o tempo, que i s to não era real mente neces s ári o, que na verdade
i s to j á ti nha s aí do de moda há decadas atrás no mundo real , e s ó era manti do
vi vo por caus a dos fi l mes anti go e de fi cção.
— Aqui , aos s eus pés , eu me matarei . — di s s e el e novamente, para ter
certeza que el a não perdera nenhuma s í l aba, ou a fras e i ntei ra, des ta
convers a.
— Você... Vai ? — E l a fi cou des confi ada. — Quem é você? Como entrou
aqui ? Por que você fari a uma coi s a des s as ?
— Cheguei aqui através de mi nha l oucura. Fi z i s s o porque s ei que é
l oucura e não pos s o mai s convi ver com el a.
— Que l oucura? E você vai fazer i s s o agora? — A pri nces a perguntou com
i nteres s e. — Porque, s e não for, eu terei que chamar meus guardas e...
E s pere um mi nuto. — E l a i nterrompeu-s e.
E l a pegou a faca antes que el e pudes s e detê-l a e a l ambeu.
— Is to é uma l âmi na metál i ca. — E l a l he di s s e, j ogando-a fora.
— E u s ei . — Damon dei xou cai r a cabeça, para que s eu cabel o cobri s s e
s eus ol hos , e di s s e dol oros amente: — E u s ou... Um s er humano, Vos s a
Al teza.
E l e s ecretamente obs ervou através de s eus cí l i os e vi u que Jes s al yn s e
i l umi nou.
— E u pens ei que você fos s e s ó al gum ti po de vampi ro fraco e i núti l . —
di s s e el a di s trai damente. — M as agora que pos s o ol har para você... — Uma
l í ngua cor-de-ros a i gual a uma pétal a s ai u e l ambeu s eus l ábi os . — Não há
razão para des perdi çar as coi s as boas , não é?
E l a s e pareci a a com Bonni e. E l a di s s era o que es tava pens ando, quando
el a pens ou. Al go dentro de Damon qui s ri r.
E l e s e l evantou novamente, ol hando para a garota na cama com todo o fogo
e pai xão que era capaz... E s enti u que não era s ufi ci ente. Pens ar na real
Bonni e, s ozi nha e i nfel i z, era... Bem, brochante. M as o que mai s el e poderi a
fazer?
De repente, el e s abi a o que podi a fazer. Antes , quando el e parou de
pens ar em E l ena, el e havi a cortado qual quer ti po de pai xão ou des ej o
autênti co. M as el e es tava fazendo i s s o tanto pela E l ena, quanto para s i mes mo.
E l a não podi a s er s ua Pri nces a das Trevas , s e el e não pudes s e s er o s eu
Prí nci pe.
Des ta vez, quando el e ol hou para a M . l e Pri nces s , era di ferente. E l e
podi a s enti r a mudança de atmos fera.
— Al teza, não tenho nem o di rei to de fal ar com você. — di s s e el e,
del i beradamente col ocal ando uma bota nos arabes cos de metal que formavam a
es trutura da cama. — Você s abe tão bem quanto eu que você pode me matar com
um úni co gol pe... Di go, aqui . — apontando para uma área em s eu quei xo. —
M as você j á me matou...
Jes s al yn pareci a confus a, mas es perou.
—... Com amor. E u me apai xonei por você no momento em que te vi . Você
poderi a quebrar meu pes coço, ou... Como eu di ri a cas o pudes s e tocar s uas
pál i das e perfumadas mãos ... Você poderi a col ocar s eus dedos ao redor do meu
pes coço e me es trangul ar. Peço a você que faça i s s o.
Jes s al yn es tava começando a fi car i ntri gada, mas ani mada. Corando, el a
es tendeu uma de s uas mãozi nhas para Damon, mas cl aramente s em
qual quer i ntenção de es trangul á-l o.
— Por favor, você deve fazer i s s o. — di s s e Damon s i nceramente, s em
nunca ti rar os ol hos del a. — E s s a é a úni ca coi s a que peço a você: que você me
mate, ao i nvés de chamar s eus guardas , para que a úl ti ma vi s ão que eu
tenha s ej a o s eu bel o ros to.
— Você es tá doente. — Jes s al yn deci di u, ai nda ol hando confus a. —
Houve vári as outras mentes des equi l i bradas que entraram pel o meu cas tel o,
embora nunca tenham entrado em meus apos entos . Vou te l evar ao médi co
para que el e pos s a fazer com que você s e s i nta mel hor.
— Por favor — di s s e Damon, que havi a forj ado s ua entrada pel as
corti nas negras e que agora es tava de pé perante a pri nces a s entada. —
Conceda-me a morte i ns tantânea, ao i nvés de dei xar-me morrer um pouco a
cada di a. Você não s abe o que eu tenho fei to. E u não cons i go parar de s onhar
com você. E u a s egui a de l oj a em l oj a. E u j á es tou morrendo agora enquanto
você me vi ol enta com s ua nobreza e es pl endor, s abendo que não s ou mai s que
pedras na cal çada em que você pi s a. Nenhum médi co pode mudar i s s o.
Jes s al yn es tava cl aramente cons i derando. Obvi amente, ni nguém nunca
havi a fal ado com el a desse j ei to.
Seus ol hos verdes fi xaram-s e nos l ábi os del e, o de bai xo ai nda es tava
s angrando. Damon deu uma ri s ada pouco i ndi ferente e di s s e:
— Um de s eus guardas me pegou e tentou me matar antes que eu
pudes s e al cançá-l a e pudes s e pertubar s eu s ono. Recei o tê-l o matado para
chegar até aqui . — di s s e el e, de pé entre um pi l ar e a garota na cama, de
forma que s ua s ombra fora j ogada s obre el a.
Os ol hos de Jes s al yn s e arregal aram de aprovação, mes mo quando o res to
pareci a mai s frági l do que nunca.
— Ai nda es tá s angrando. — el a s us s urrou. — E u poderi a...
— Você pode fazer o que qui s er. — Damon a i ncenti vou com um
capri chado s orri s o i rôni co nos l ábi os . E ra verdade. E l a podi a.
— E ntão, venha aqui . — E l a bateu em um l ugar mai s próxi mo ao
traves s ei ro da cama. — Como você s e chama?
— Damon. — di s s e el e, ti rando a j aqueta e dei tando-s e, o quei xo
apoi ada pel o cotovel o, com ar de quem não es tava a fazer tal ti po de coi s a.
— Damon? Só i s s o?
— Você pode cortá-l o para al go mai s curto. Não s ou nada al ém de
Vergonha agora. — res pondeu el e, tomando mai s um mi nuto para pens ar em
E l ena e prender hi pnoti camente os ol hos de Jes s al yn. — E u fui um
vampi ro... Um poderos o e orgul hos o... Na Terra... M as fui enganado por um
ki ts une...
E l e l he contou uma vers ão di s torci da da hi s tóri a de Stefan, omi ti ndo
E l ena ou qual quer bobagem de querer s er humano. E l e di s s e que quando
cons egui u es capar da pri s ão, que havi a ti rado s ua “vampi ri ci dade”, el e
deci di u acabar com s ua vi da humana.
M as naquel e momento, el e ti nha vi s to a pri nces a Jes s al yn e pens ou
que, ao s ervi -l a, el e fi cari a fel i z com s eu pes ar. Ai de mi m, di s s e el e, i s s o
apenas havi a al i mentado s eus s enti mentos vergonhos os por Sua Al teza.
— Agora, a mi nha l oucura me l evou a abordá-l a em s eus própri os
apos entos . Faça de mi m um exempl o, Vos s a Al teza, que fará com que os outros
mal fei tores tremam. M e quei me, me açoi te ou es quartej e, col oque mi nha
cabeça em praça públ i ca para fazer com que aquel es que pos s am te querer
mal s e i ncendeem pri mei ro.
E l e es tava, agora, na cama com el a, recos tando-s e um pouco para expor
s ua garganta nua.
— Não s ej a bobo. — Jes s al yn di s s e, s ua voz um pouco mel os a. — Até
mes mo o pi or dos meus s ervos quer vi ver.
— Tal vez os que nunca a vi ram matando. Tal vez os aj udantes de
cozi nha, ou o cochei ro, mas eu não pos s o vi ver, s abendo que nunca poderei ter
você.
A pri nces a vi u Damon termi nar, corou, ol hou por um momento em s eus
ol hos .... E então, el a o mordeu.

***

— Vou l evar Stefan até a di s pens a. — E l ena di s s e a M eredi th, que


es tava s ecando com rai va as l ágri mas dos ol hos .
— Você s abe que não podemos fazer i s s o. Com a pol í ci a aqui na cas a.
— E ntão, eu farei i s s o...
— Você não pode! Você sabe que não pode, E l ena, ou você não teri a vi ndo a
mi m! E l ena ol hou para a ami ga de perto.
— M eredi th, você foi a doadora de s angue o tempo todo. — E l a
s us s urrou. — Você nunca pareceu nem um pouco i ncomodada...
— E l e s empre bebi a menos ... Sempre ti rava menos de mi m do que dos
outros . E s empre do meu braço. E u fi ngi a que es tava ti rando s angue. Sem
probl emas . E s s a não é a parte rui m, j á que Damon es tá de vol ta à Di mens ão
das Trevas .
— M as agora... — E l ena pi s cou. — E agora, como fi ca?
— Agora — M eredi th di s s e com uma expres s ão di s tante. —, Stefan sabe
que eu s ou uma caçadora. Que eu tenho uma es taca de combate. E agora tenho
que... M e s ubmeter...
E l ena ti nha arrepi os . E l a s enti u como s e a di s tânci a entre el a e
M eredi th naquel a s al a es tava fi cando cada vez mai or.
— Uma caçadora? — Di s s e el a, perpl exa. — E o que é uma es taca de
combate?
— Não há tempo para expl i car i s s o agora! Ah, E l ena...
Se o Pl ano A era M eredi th e o Pl ano B era M att, não havi a nenhuma
outra es col ha. O Pl ano C ti nha que s er a própri a E l ena. O s angue del a era
mui to mai s forte do que qual quer outro, afi nal , tão chei o de energi a que
Stefan s ó preci s ari a de um...
— Não! — M eredi th s us s urrou ao ouvi do di rei to de E l ena, de al guma
forma para admi ni s trar a pal avra num as s obi o. — E l es es tão des cendo as
es cadas . Temos que encontrar Stefan agora! Pode di zer a el e para s e encontrar
comi go no quarti nho atrás do s aguão?
— Si m, mas ...
— Faça i s s o!
E eu ai nda não s ei o que é uma es taca de combate, E l ena pens ou,
permi ti ndo que M eredi th fos s e para o quarto. M as s ei o que parece s er uma
“caçadora”, e defi ni ti vamente não me agrada. E aquel a arma... Faz com que
uma es taca de madei ra s e pareça com uma faca de pl ás ti co para pi queni que.
Ai nda as s i m, el a envi ou a Stefan, que vol tava ao térreo com o xeri fes :
Meredi th vai doar sang ue, tanto quanto você preci se para Influenci á-los. Não há tempo para
di scuti r. Volte rapi damente e, pelo amor de Deus, saudável e tranqui lo.
M as Stefan não pareci a cooperar.
Eu não posso ti rar o sufi ci ente dela semque nossas mentes se toquem. Poderi a...
E l ena perdeu a paci ênci a. E l a es tava as s us tada, el a fi cou des confi ada
de uma de s uas mel hores ami gas ... Um s enti mento horrí vel ... E el a es tava
des es perada. E l a queri a que Stefan fi zes s e exatamente o que el a havi a di to.
Vai lá depressa! Fora tudo que el a ti nha proj etado, mas teve a s ens ação de
que el a o ati ngi u com todoas as s uas forças , porque de repente el e s e fi cou
preocupado e genti l .
Eu i rei , amor, el e di s s e s i mpl es mente.
E nquanto a ofi ci al de pol í ci a es tava procurando na cozi nha, enquanto o
ofi ci al procurava na s al a, Stefan entrou no pequeno quarto de hós pedes do
pri mei ro andar, com s ua cama de s ol tei ro amarrotada. As l âmpadas es tavam
des l i gadas , mas com s ua vi s ão noturna, el e pôde ver E l ena e M eredi th
perfei tamente pel as corti nas . M eredi th es tava s e s egurando ri gi damente
como um acrobata de bungee j ump.
B eba tudo que você preci sar sem machucá-la permanentemente... E tente colocá-la para
dormi r, também. E não i nvada sua mente tão profundamente.
Eu assumo daqui . É melhor você fi car no corredor, dei xando-os ver ao menos umde nós, amor,
Stefan res pondeu s i l enci os amente.
E l ena es tava, obvi amente, tanto as s us tada quanto na defens i va por s ua
ami ga, entrando l ogo no modo mandona. Ao menos i s s o era uma coi s a boa, s e
havi a al guma coi s a que Stefan s abi a... Se i s s o fos s e a úni ca coi s a que el e
s oubes s e... Seri a como ti rar s angue.
— Quero fazer um pedi do de paz entre nos s as famí l i a. — el e di s s e,
es ti cando uma mão para M eredi th.
E l a hes i tou e Stefan, mes mo tentando fazer s eu mel hor, não pôde evi tar
de ouvi r s eus pens amentos , como s e fos s em pequenas cri aturas de vi gi a
dentro de s ua mente. No que el a es tava s e comprometendo? E m qual s enti do
el e qui s di zer com “famí l i a”?
É si mplesmente uma formali dade, el e l he di s s e, tentando ganhar terreno em
outro l ugar: em s ua acei tação com o toque de s eus pens amentos com os del a.
Dei xa para lá.
— Não. — M eredi th di s s e. — É i mportante. Quero confi ar em você,
Stefan. Só em você, mas ... E não ti nha a es taca antes de Kl aus es tar morto.
E l e pens ou rapi damente.
— E ntão, você não s abi a que era...
— Não. E u s abi a. M as meus pai s nunca foram ati vos . Foi meu avô que
me di s s e s obre a es taca. Stefan s enti u uma onde de prazer i nes perado.
— Portanto, s eu avô es tá mel hor agora?
— Não... M ai s ou menos . — Os pens amentos de M eredi th eram
confus os .
A voz dele mudou, el a es tava pens ando. Stefan estava mesmo feli z por vovô estar
melhor. Mesmo a mai ori a dos humanos não se i mportari a... Não realmente.
— Cl aro que me i mporto. — di s s e Stefan. — Por um l ado, el e aj udou a
s al var a nos s as vi das ... E a ci dade. Por outro, el e é um homem mui to coraj os o...
Deve ter s i do um... Por s obrevi ver a um ataque de um Anti go.
De repente, a mão fri a de M eredi th es tava morna em torno de s eu punho
e pal avras foram cai ndo de s eus l ábi os em uma corri da que Stefan mal
cons egui a entender. M as s eus pens amentos es tavam bri l hantes e cl aros s ob
es s as pal avras , e através del es que el e teve o s i gni fi cado.
— Tudo que s ei s obre o que aconteceu quando era mai s j ovem, é o que
me fora di to. M eus pai s me di s s eram coi s as . M eus pai s mudaram meu
ani vers ári o... E l es real mente mudaramo di a de cel ebrarmos o meu ani vers ári o...
Porque um vampi ro atacou meu avô, e depoi s meu avô tentou me matar. E l es
s empre di s s eram i s s o. M as como el es s abem di s s o? E l es não es tavam l á...
Is s o é o que el es di zem. E o que é mai s provável , foi o meu avô quem me
atacou, ou foi o vampi ro? — E l a parou, ofegante, tremendo toda como uma corça
de rabo branco capturada na fl ores ta. Pres a, e pens ando que el a es tava
condenada, e que era i ncapaz de correr.
Stefan ti rou s ua mão que havi a trans formado as fri as de M eredi th em
quentes .
— E u não vou atacá-l a. — di s s e el e s i mpl es mente. — E eu não vou
perturbar as s uas anti gas memóri as . Tudo bem? M eredi th as s enti u. Depoi s
de s ua hi s tóri a purgati va, Stefan s abi a que el a queri a fal ar o menos pos s í vel .
— Não tenha medo. — E l e murmurrou, as s i m como el e havi a fei to para
acal mar a mente dos ani mas que el e havi a pers egui do em Ol d Wood. Está tudo
bem. Não há razão para ter medo.
E l a não podi a dei xar de ter medo, mas Stefan a acal mava i gual quando
el e acal mava os ani mai s da fl ores ta, puxando-a para o l ado mai s s ombri o do
quarto, acal mando-a com pal avras s uaves , mes mo quando s eus cani nos
gri tavam para el e a morder. E l e teve de dobrar o l ado de s ua bl us a para expor
s eu l ongo pes coço cor verde-ol i va, enquanto fazi a com que as pal avras
cal mantes s e tranformas s e em cari nhos s uaves , do ti po que tranqui l i zava
bebês .
E por fi m, quando a res pi ração de M eredi th havi a di mi nuí do e s eus
ol hos es tavam quas e s e fechando, el e, com o mai or cui dado, des l i zou s eus
dentes , que es tavam doendo, em s ua artéri a.
M eredi th quas e es tremeceu. Tudo era s uavi dade enquanto el e
faci l mente des l i zava s obre a s uperfí ci e de s ua mente, também vendo apenas
o que j á s abi a s obre el a: s ua vi da com E l ena, Bonni e e Carol i ne. Fes tas e
es col a, pl anos e ambi ções . Pi queni ques . Uma pi s ci na de natação. Ri s os .
Tranqui l i dade que s e es pal hava como uma grande pi s ci na. A neces s i dade de
cal ma, de control e. Tudo i s s ovol tava para el a, enquanto el a s e l embrava...
As mai s di s tantes profundezas que el a s e l embrava es tava aqui no
centro... Onde el a caí ra de cabeça. Stefan ti nha prometi do a s i mes mo que não
i ri a s e aprofundar em s ua mente, mas el e es tava s endo puxado, i mpotente,
s endo arras tado por aquel e vórti ce. As águas fecharam-s e s obre s ua cabeça e
el e foi atraí do em uma vel oci dade tremenda para as profundezas , es tas
memóri as nem tão tranqui l as , mas s i m rai vos as e apavorantes .
E então, el e vi u o que ti nha aconteci do, o que es tava acontecendo, o que
s empre aconteceri a... Lá, no centro da mente de M eredi th.
11
Depoi s da M . l e Pri nces s Jes s al yn D’Aubi gne ter bebi do do s angue de
Damon — e el a es tava mui to s edenta — foi a vez de Damon. E l e fez um es forço
para conti nuar paci ente quando Jes s al yn vaci l ou e franzi u a tes ta ao ver a faca
pontuda. M as Damon bri ncava e a gracej ava, correndo atrás del a naquel a
i mens a cama para ci ma e para bai xo, e quando el e fi nal mente a pegou, el a
mal s enti u o ferrão da faca em s ua garganta.
Damon es tava com a boca s obre o s angue vermel ho es curo, porém, ti rou-a
i medi atamente. Tudo que el e ti nha fei to, des de dar Bl ack M agi c à Bonni e até
derramar o l í qui do da E s fera E s tel ar nos quatro cantos do Portal para chegar
até as defes as des ta pequena j ói a, foram para chegar a este momento. E s te
momento, quando s eu pal adar humano pudes s e s aborear o néctar que era o
s angue de um vampi ro.
E era... Di vi no!
E ra a s egunda vez na vi da que el e havi a experi mentado como humano.
Kateri na — Katheri ne, como el e pens ava nel a, em i ngl ês — havi a s i do a
pri mei ra, é cl aro. E como el a pôde ter i do embora e fi ngi do ter morri do,
ves ti ndo apenas s eu pequeno ves ti do de mus s el i na, que dei xava de ol hos
arregal ados aquel e g aroti nho que fora s eu i rmão, el e j amai s compreenderi a.
Sua i nqui etação s e es pal hou para Jes s al yn. Is s o não devi a acontecer. E l a
ti nha que fi car cal ma e tranqüi l a, enquanto el e ti rava o máxi mo pos s í vel de
s eu s angue. Nem ao menos a machucava, e i s s o fazi a toda a di ferença para
el e.
Afas tando s ua cons ci ênci a do puro prazer el ementar que el e es tava
fazendo, el e começou, com mui to cui dado, mui to del i cadamente, a s e i nfi l trar
em s ua mente.
Não foi di fí ci l de chegar bem fundo. Quem quer que arrancara es ta
del i cada, frági l e os s uda meni na do mundo humano e a dotado com a natureza
de um vampi ro, não havi a l he fei to favor al gum. Não que el a ti ves s e al guma
obj eção moral ao vampi ri s mo. E l a ti nha l evado a vi da bem boa, aprovei tando de
tudo. E l a teri a s i do uma boa caçadora da natureza. M as nes te cas tel o? Com
es tes s ervos ? E ra como ter cem garçons arrogantes e duzentos s ommerl i er{2}
condes cendentes , ol hando-a s empre que el a abri s s e a boca para dar uma
ordem.
E s te quarto, por exempl o. E l a queri a um pouco de cor nel e — apenas um
res pi ngo de vi ol eta aqui , um pouco de mal va al i — natural mente, el a
percebeu que o dormi tóri o de uma pri nces a vampi ra ti nha que s er, em s ua
mai ori a, preto. M as quando el a ti mi damente menci onou o tema de cores para
uma das empregadas , a garota havi a fungado e abai xado a nari na perante
Jes s al yn, como s e el a ti ves s e pedi do para que um el efante fos s e i ns tal ado ao
l ado de s ua cama. A pri nces a não havi a ti do coragem de menci onar o as s unto
com a governanta, e dentro de uma s emana, três ces tos chei os de al mofadas
pretas bri l hantes e pretas neutras havi am chegado. E s s a era s ua “cor”. E , no
futuro, s erá que a Sua Al teza s eri a boa o bas tante para cons ul tar s ua
governanta antes de uma equi pe vi es s e aqui para fazer s eus capri chos ?
Séri o, ela havi a di to “ capri chos”, Jes s al yn pens ou enquanto el a arqueava o
pes coço para trás e corri a as unhas afi adas pel o cabel o gros s o e maci o e Damon.
E... Oh, i sso não é bom. Eu não sou boazi nha. Sou uma pri ncesa vampi ra, e posso olhar as peças, mas
não posso escolher.
Cada parte sua é de uma pri ncesa, Sua Alteza. Damon a acal mou. Você preci sa de
alg uém que faça com que cumpram suas ordens. Alg uém que não tenha dúvi das sobre a sua
superi ori dade. Seus servos são escravos?
Não, são todos li vres.
B em, i sso torna as coi sas umpouqui nho mai s compli cado, mas você sempre pode g ri tar mai s alto
comeles.
Senti u s e s enti u i nchado com s angue de vampi ro. Doi s di as com mai s
di s to e el e s eri a, s e não o s eu anti go eu, então, ao menos , al go pareci do: um
vampi ro compl eto, l i vre para cami nhar s obre a ci dade, como el e gos tava. E com
o Poder e s tatus de um prí nci pe vampi ro. E ra quas e o bas tante para equi l i brar
os horrorres que el e ti nha pas s ado nos úl ti mos di as . Pel o menos , el e poderi a
di zer a s i mes mo que tentou e acredi tou.
— E s cuta — E l e di s s e abruptamente, s ol tando o corpo l i gei ro de
Jes s al yn, ol hando-a nos ol hos na mel hor forma pos s í vel . — Vos s a Gl ori os a
Al teza, dei xe-me fazer um favor a você antes de eu morrer de amor, ou antes
de você me matar por i mprudênci a. Dei xe-me trazer “cor”... E então, dei xe-me
fi car ao s eu l ado, s e al gum de s eus l acai os não recl amar.
Jes s al yn não es tava acos tumada a es te ti po de deci s ão repenti na, mas
não podi a dei xar de s er l evada j unto com o entus i as mo ardente de Damon. E l a
arqueou a cabeça para trás novamente.
Quando el e fi nal mente s ai u do pal áci o de j ói as , Damon foi pel a porta da
frente. E l e ti nha um pouco do di nhei ro que s obrou ao penhorar as j ói as , mas
i s s o foi mai s que s ufi ci ente para o propós i to que ti nha em mente. E l e es tava
certo que da próxi ma vez que el e s aí s s e, s eri a voando.
E l e parou numa dúzi a de l oj as e gas tou até que o s eu úl ti mo tos tão s e
fos s e. E l e pretendi a fazer uma vi s i ti nha à Bonni e também enquanto es tava
fazendo s eu s ervi ço, mas o mercado era do l ado opos to ao que el e a havi a
dei xado, e no fi m, não havi a tempo. E l e não s e preocupou mui to enquanto
andava de vol ta ao cas tel o de j ói as . Bonni e, pequena e frági l como pareci a,
ti nha um núcl eo dura que el e ti nha certeza que fari a com que el a fi cas s e
dentro do quarto por três di as . E l a podi a agüentar. Damon s abi a que el a podi a.
E l e bateu no pequeno portão do cas tel o até que um guarda carrancudo a
abri u.
— O que você quer? — O guarda cus pi u.

***
Bonni e es tava entedi ada. Ti nha s e pas s ado apenas um di a des de que
Damon a ti nha dei xado — el a s ó cons egui a contar por caus a do número de
refei ções trazi das para el a, uma vez que o enorme s ol vermel ho fi cava para
s empre no hori zonte e a l uz vermel ho-s angue nunca vari ava, a menos quando
chovi a.
Bonni e queri a que es ti ves s e chovendo. E l a des ej ava es tar nevando, ou
que houves s e um i ncêndi o ou um furacão ou um pequeno ts unami . E l a ti nha
dado uma chance a uma das E s feras E s tel ares e achou um novel a ri dí cul a
que el a mal cons egui a entender.
Agora, el a queri a que nunca ti ves s e tentado i mpedi r Damon de vi r aqui .
E l a des ej ou que el e ti ves s e j ogado-a l onge antes que el es ti ves s em caí do no
buraco. E l a des ej ou que el a ti ves s e pegado a mão de M eredi th e ti ves s e
dei xado Damon i r.
E es s e havi a s i do s ó o pri mei ro di a.

***

Damon s orri u para o guarda carrancudo.


— O que eu quero? Só o que eu j á tenho. Uma porta aberta.
E l e não havi a entrado, entretanto. E l e perguntou o que M . l e Pri nces s
es tava fazendo e ouvi u que el a es tava al moçando. Um doador.
Perfei to.
Logo bateu di ferentemente no portão, no qual Damon exi gi u que fos s e
aberto. Os guardas cl aramente não gos tavam del e, poi s el es ti nham j untado o
des apareci mento daquel e que pareci a s er o capi tão da guarda com a i ntrus ão
des te homem es tranho. M as l ogo havi a al go ameaçador nel e, mes mo es tando
nes te mundo.
E l es obedeceram.
Logo depoi s , houveram vári as outras bati das cal mas e mai s outras e
mai s outras e as s i m s uces s i vamente até que doze homens e mul heres , com
os braços chei os de papel pardo e perfumado, s egui ram di s cretamente Damon
até o s ombri o quarto de M . l e Pri nces s .
Jes s al yn, entretanto, teve uma l onga e abafada reuni ão pós -al moço,
entretendo al guns de s eus cons ul tores fi nancei ros , que pareci am vel hos
demai s para el a, apes ar de terem s i do trans formados em s eus vi nte anos .
Seus mús cul os eram s uaves e com fal ta de us o, el a s e vi u pens ando. E ,
natural mente, el es ves ti am mangas compri das e cal ças pretas , exceto por um
babado em s uas gargantas , com i nteri or es carl ate por caus a do eterno Sol
vermel ho-s angue.
A pri nces a ti nha acabado de vê-l os s e reti rar de s ua pres ença quando
perguntou, ai nda mai s i rri tada, onde o humano Damon es tava. Vári os
empregados , com mal í ci a por trás de s eus s orri s os , expl i caram que el e ti nha
i do com uma dúzi a de... Seres humanos ... Até o s eu dormi tóri o.
Jes s al yn quas e voou para a es cada e s ubi u mui to rapi damente,
des l i zando, poi s el a s abi a que es te era um movi mento es perado de uma boa
vampi ra. E l a chegou às portas góti cas e ouvi u s ons abafados de des pei to,
i ndi gnados por terem de es perar. M as antes mes mo que a pri nces a pudes s e
perguntar o que es tava acontecendo, el a es tava envol ta em uma grande onda
quente de odores . Não o odor gos tos o e chei o de s us tânci a de s angue, mas al go
mai s l eve, mai s doce e, no momento, enquanto s ua s ede por s angue fora
s aci ada, mai s del i ci os a. E l a empurrou a porta dupl a. E l a deu um pas s o em
s eu dormi tóri o e depoi s parou, es pantada.
O quarto que l embrava a uma catedral negra es tava chei o de fl ores .
Havi a bancos de l í ri os , vas os chei os de ros as , tul i pas de todas as cores e tons ,
vári os abróteas e narci s os , enquanto as perfumadas madres s i l vas e os
morango s i l ves tres es tavam em arvoredos .
Os vendedores de fl ores ti nham converti do a s ombri a e convenci onal s al a
negra nes te es petácul o fantás ti co. Os mai s s agazes e pers pi cazes fi xadores de
M . l e Pri nces s havi am aj udado, trazendo grandes vas os ornamentados .
Damon, ao ver Jes s al yn entrar no quarto, foi i medi atamente s e aj oel har
aos s eus pés .
— Você ti nha i do embora quando eu acordei ! — A pri nces a di s s e,
i rri tada, e Damon s orri u, fracamente.
— Perdoe-me, Vos s a Al teza. M as j á que es tou morrendo, de qual quer
modo, eu pens ei que poderi a trazer-l he es tas fl ores . As cores e os aromas s ão
s ati s fatóri os ?
— Os aromas ? — O corpo i ntei ro de Jes s al yn pareci a derreter. — Parece...
Uma orques tra para o meu nari z! E es s as cores não s e comparam com o que eu
j á tenha vi s to antes !
E l a deu uma gargal hada, os ol hos verdes i l umi nados , com o cabel o ao
redor dos ombros , como s e fos s em cachoei ras . E ntão, el a l evou Damon a um
canto es curo. Damon teve que s e control ar para não ri r, mas i s s o pareci a mui to
com um gati nho pers egui ndo uma fol ha de outono.
M as uma vez que chegaram no canto, enrol ados na corti na, próxi mos a
uma j anel a, Jes s al yn as s umi u uma expres s ão mui to s éri a.
— E u ganharei um ves ti do, da mes ma cor que aquel es profundos e
es curos cravos roxos . — E l a s us s urrou. — E l e não é preto.
— Sua Al teza vai es tar maravi l hos a nel e. — Damon s us s urrou em s eu
ouvi do. — Tão i mpres s i onante, tão ous ado...
— Pos s o até us ar meu es parti l ho dentro do ves ti do. — E l a ol hou para el e
através de s eus pes ados cí l i os . — Ou... Is s o s eri a demai s ?
— Nada é demai s para você, mi nha pri nces a. — Damon s us s urrou de
vol ta. E l e parou um momento para pens ar s eri amente.
— O es parti l ho... Combi nari a com o ves ti do, ou s eri a preto? Jes s al yn
cons i derou.
— Que tal da mes ma cor? — E l a s e aventurou.
Damon as s enti u, s ati s fei to. E l e mes mo não s eri a pego em qual quer
outra cor a não s er preta, mas el e es tava di s pos to a aturar — até mes mo a
i ncenti var — as es qui s i ti ces de Jes s al yn. E l as poderi am l evá-l o a s e
trans formar em um vampi ro mai s rapi damente.
— E u quero o s eu s angue. — A pri nces a s us s urrou, como s e para provar
que el e es tava certo.
— Aqui ? Agora? — Damon s us s urrou de vol ta. — Na frente de todos os
s eus s ervos ?
E ntão, Jes s al yn o s urpreendeu. E l a, que havi a s i do tão tí mi da antes ,
s ai u das corti nas e bateu pal mas , pedi ndo s i l ênci o. E l e vei o i medi atamente.
— Todo mundo para fora! — E l a di s s e i mperi os amente. — Vocês
fi zeram um bel o j ardi m no meu quarto, e s ou grata. O mordomo — E l a
apontou para um j ovem que es tava todo ves ti do de preto, mas que s abi amente
col ocara uma ros a es cura s obre a l apel a — dará al go para que vocês pos s am
comer... E beber... Antes de i rem!
Ni s to, houve um murmuri nho de el ogi os que fez com que a pri nces a
coras s e.
— E u tocarei a campai nha, cas o preci s e de você. — Di s s e ao mordomo.
Na verdade, s omente doi s di as depoi s que el a chegou a al cançar e, com
uma pequena rel utânci a, a tocar a campai nha. E i s s o foi meramente para dar
a ordem de que fos s e fei to um uni forme para Damon o mai s rápi do pos s í vel .
Um uni forme de capi tão da guarda.

***

No s egundo di a, Bonni e teve que s e vi rar com as E s feras E s tel ares


enquanto el a procurava por entreteni mento. Depoi s de ver s uas vi nte e oi to
es feras , el a des cobri u que vi nte e ci nco del as eram s obre novel as , do pri mei ro
ao úl ti mo capí tul o, e duas eram de experi ênci as tão as s us tadoras e tão
hedi ondas que el a as rotul ou em s ua mente como Nunca Mai s Lembrar. As
úl ti mas s e chamavam Qui nhentas Hi stóri as Para Cri anças, e Bonni e rapi damente
des cobri u que es s as hi s tóri as poderi am s er útei s , para denomi nar as coi s as
que uma pes s oa poderi a encontrar ao redor da ci dade. O conteúdo das es feras
eram s obre uma famí l i a de l obi s omens chamada Düz-Aht-Bhi ’i ens . Bonni e
prontamente os apel i dou de Dus tbi ns . A s éri e, compos ta por epi s ódi os ,
mos trava como a famí l i a vi vi a di a-a-di a: como el es compraram um novo es cravo
no mercado para s ubs ti tui r um que havi a morri do, e onde el es foram caçar
pres as humanas , e como M ers Dus tbi n j ogava um i mportante tornei o de
bas hi k na es col a.
Hoj e, a úl ti ma hi s tóri a era quas e fel i z. M os trava a pequena M ari t
Dus tbi n i ndo à Sweetmeat Shop e comprando um bombom. O doce cus tava
exatamente ci nco dól ares . Bonni e teve a experi ênci a de comer parte del e com
M ari t, e es tava bom.
Depoi s de l er a hi s tóri a, Bonni e, com mui to cui dado, es pi ou pel a borda
da j anel a e vi u um l etrei ro numa l oj a que el a j á havi a vi s to mui tas vezes .
E ntão, el a s egurou a E s fera E s tel ar em s ua têmpora.
Si m! E ra exatamente o mes mo l etrei ro. E el a não s ó s abi a o que queri a,
mas também o quanto i ri a cus tar.
E l a es tava morrendo de vontade de s ai r de s eu quarto e tentar o que el a
acabara de aprender. M as di ante de s eus ol hos , a l uz da l oj a de doces fi cou
es cura. Deve ter fechado.
Bonni e j ogou a E s fera E s tel ar pel o quarto. E l a des l i gou um pouco a
l âmpada de gás para que s omente bri l has s e fracamente, e depoi s dei tou-s e
s obre a cama chei a de pres s a, puxou as cobertas ... E des cobri u que não
cons egui a dormi r. Tateando no crepús cul o rubi , el a encontrou uma E s fera
E s tel ar com os dedos e a col ocou na têmpora novamente.
Intercal adas com o conj unto de hi s tóri as s obre a famí l i a Dus tbi n,
havi am contos de fadas . A mai ori a del es eram tão horrí vei s que Bonni e não
cons egui a experi mentá-l os s empre, e quando era hora de dormi r, el a dei tava
tremendo s obre a cama. M as des ta vez a hi s tóri a pareci a s er di ferente. Após o
tí tul o, A Casa de Portai s dos Sete Tesouros Ki tsune, el a ouvi u uma pequena ri ma:

Emmei o a uma planí ci e de neve e g elo


Aí resi de o paraí so ki tsune.
E bemao lado, umprazer proi bi do: Mai s sei s portai s de tesouros ki tsune.

A pal avra ki tsune era as s us tadora. M as , Bonni e pens ou, a hi s tóri a


poderi a s er perti nente, de al guma forma. E u pos s o fazer i s s o, el a pens ou e
col ocou a E s fera E s tel ar em s ua têmpora.
A hi s tóri a não começou com al guma coi s a horri pi l ante. E ra s obre uma
garota e um garoto ki ts une que foram encontrar o mai s s agrado e s ecreto dos
“s ete tes ouros ki ts une”, o paraí s o ki ts une. Um tes ouro, Bonni e aprendera,
poderi a s er al go tão pequeno quanto uma j ói a; ou tão grande quanto um mundo
i ntei ro. E s te, com o pas s ar da hi s tóri a, es tava na médi a, porque o “paraí s o” era
uma es péci e de j ardi m, com fl ores exóti cas fl ores cendo por toda parte, e
pequenos ri achos borbul hantes abai xo de pequenas cachoei ras , pi s ci nas cl ãs
e profundas .
E ra tudo maravi l hos o, Bonni e pens ou, vi venci ando a hi s tóri a como s e el a
mes ma es ti ves s e vendo um fi l me torno del a, mas um fi l me que i ncl uí a as
s ens ações de tato, pal adar e ol fato. O paraí s o era um pouco como a Warm
Spri ngs , onde, às vezes , havi a pi queni ques em vol ta das cas as .
Na hi s tóri a, os ki ts une ti veram que i r ao “topo do mundo”, onde houve
al gum ti po de ruptura na cros ta que i a para o l ugar mai s al to da Di mens ão das
Trevas — onde Bonni e es tava nes te momento. E l es , de al guma forma,
cons egui ram des cer, des cendo cada vez mai s bai xo, pas s ando por vári os tes tes
de coragem e i ntel i gênci a antes de chegarem à s egui nte e mai s bai xa
di mens ão: o M undo Inferi or.
O M undo Inferi or era compl etamente di ferente da Di mens ão das
Trevas . E ra um mundo de gel o e neve es corregadi a, de gel ei ras e fendas , tudo
banhado em um crepús cul o azul de três l uas que bri l havam aci ma.
As cri anças ki ts une quas e morreram de fome no M undo Inferi or,
porque havi a mui to pouco para uma rapos a caçar. E l es s obrevi veram graças a
pequenos ani mai s do fri o: ratos e pequenas ratazanas brancas , e até i ns etos
ocas i onai s ( Ai , eca, Bonni e pens ou). E l es s obrevi veram até que, através da
névoa e nebl i na, el es vi ram um muro mui to al to e preto. E l es s egui ram a
parede até que fi nal mente chegaram à frente da Cas a que ti nha grandes
torres al tas es condi das nas nuvens . E s cri to em ci ma da porta, em uma l í gua
anti ga e quas e i l egí vel , el es vi ram as pal avras : Os Sete Portai s.
E l es entraram em uma s al a em que havi a oi to entradas ou s aí das . Uma
del es era a porta pel a qual el es havi am acabado de entrar. E enquanto el es
obs ervavam, cada Portal bri l hou para que el es pudes s em ver que os s ete
Portai s l evavam para s ete mundos di ferentes , um dos quai s era o paraí s o
ki ts une. No entanto, outro Portal l evava para um campo de fl ores mági cas , e
outro mos trava borbol etas que voavam em vol ta de uma fonte que j orrava água.
Outro i a para uma caverna es cura e chei a de garrafas de vi nho Cl ari on Loes s
Bl ack M agi c. Um Portal conduzi a a uma mi na profunda, com j ói as do tamanho
de um punho. E então, um Portal mos trou a mai s es ti mada de todas as fl ores :
a Radhi ka Real . E l a mudava de momento a momento, i ndo de ros as para
cravos , e depoi s para orquí deas .
Através do úl ti mo Portal , el es s ó cons egui ram ver uma árvore gi gantes ca,
onde havi a rumores de que o tes ouro fi nal s eri a uma i mens a E s fera E s tel ar.
Agora, o meni no e a meni na s e es queceram de tudo s obre o paraí s o
ki ts une. Cada um del es queri a al go dos outros Portai s , mas el es não
cons egui ram concordar s obre qual . A regra era que qual quer pes s oa ou grupo
poderi a entrar em apenas um e depoi s vol tar. M as enquanto a garota queri a
um rami nho da Radhi ka Real , para mos trar que ti nha compl etado s ua
mi s s ão, o meni no queri a um pouco do vi nho Bl ack M agi c, para s us tentá-l os no
cami nho de vol ta. Não i mportava o quanto el es di s cuti s s em, el es não
cons egui am chegar a um acordo. E ntão, fi nal mente, deci di ram trapacear.
E l es i ri am, s i mul taneamente, abri r uma porta e s al tar para dentro, pegar o
que queri am e s ai r antes que pudes s em s er capturados .
Quando el es es tavam pres tes a fazer i s s o, uma voz os adverti u, di zendo:
“Um Portal s omente os doi s devem entrar, e depoi s vol tar de onde vi eram.”
M as o meni no e a meni na optaram por i gnorar a voz. Imedi atamente, o
meni no entrou no Portal que dava para as garrafas de vi nha Bl ack M agi c e, no
mes mo i ns tante, a meni na entrou na porta que dava para a Radhi ka Real .
M as quando cada um s e vi rou, j á não havi a mai s nenhuma porta ou portal . O
meni no ti nha mui ta coi s a para s e beber, mas el e fora dei xado para s empre na
es curi dão e no fri o, e s uas l ágri mas congel aram em s uas bochechas . A garota
ti nha uma l i nda fl or para admi rar, mas nada para comer ou beber, e as s i m,
s ob o Sol amarel o bri l hante, el a defi nhou.
Bonni e es tremeceu; aquel e arrepi o del i ci os o que um l ei tor ti nha quando
cons egui a o que es perava. O conto ti nha uma moral : “Não s ej a gananci os o”,
as s i m como el a havi a ouvi do daquel es vel hos l i vros de contos de fada, quando
el a s e s entava no col o de s ua avó.
E l a s enti u mui ta fal ta de E l ena e M eredi th. E l a ti nha uma hi s tóri a
para contar, mas ni nguém para ouvi -l a.
12
— Stefan! Stefan! — E l ena es tava mui to nervos a para fi car fora do quarto
por mai s de ci nco mi nutos que foram neces s ári os para s e mos trar aos xeri fes .
E ra Stefan quem os ofi ci ai s queri am e não cons egui am encontrar, e el es
pareci am não cons i derar que al guém poderi a recuar e s e es conder em um
quarto que el es j á houves s em revi s tado.
E agora, E l ena não poderi a ti rar a res pons abi l i dade de Stefan, que
es tava trancado em um abraço com M eredi th, com a boca prens ada fi rmemente
nas duas pequenas feri das que el e havi a fei to.
E l ena teve que s acudi -l o pel os ombros , s acudi r a ambos , ordenando ter
al guma res pos ta.
E m s egui da, Stefan recuou de repente, mas ai nda s egurou M eredi th,
que teri a caí do. E l e rapi damente l ambeu o s angue de s eus l ábi os . Pel a
pri mei ra vez, porém, E l ena não es tava focada nel e, mas em s ua ami ga... Na
ami ga em que el a havi a dado permi s s ão para fazer i s s o.
Os ol hos de M eredi th es tavam fechados , mas havi a cí rcul os es curos ,
quas e cor de amei xa, s ob el es . Seus l ábi os s e s epararam, e s eu cabel o es curo
es tava mol hado, onde as l ágri mas havi am caí do.
— M eredi th? M erry? — O vel ho apel i do s i mpl es mente es capou dos
l ábi os de E l ena. E então, quando M eredi th não deu s i nal de tê-l a ouvi do: —
Stefan, qual o probl ema?
— E u a Infl uenci ei para que dormi s s e quando acabas s e. — Stefan
s ol tou M eredi th e a pôs na cama.
— M as o que aconteceu? Por que el a es tá chorando... E o que há de errado
conti g o? — E l a não pôde evi tar notar que, apes ar do res pl endor s audável nas
bochechas de Stefan, s eus ol hos es tavam s ombreados .
— Al go que eu vi ... Na mente del a. — Stefan di s s e brevemente, puxando
E l ena para detrás de s uas cos tas . — Aqui vai um del es . Fi que aqui .
A porta s e abri u.
E ra o xeri fe, que es tava com o ros to vermel ho e ofegante, e que ti nha
cl aramente dado uma geral na pens ão, retornando para es ta s al a depoi s de ter
procurado no pri mei ro andar i ntei ro.
— E u tenho todo num úni co quarto... Todos , menos o fugi ti vo. — O xeri fe
di s s e para um grande cel ul ar. A xeri fe deu uma breve res pos ta.
E ntão o xeri fe com ros to vermel ho vol tou a fal ar com os adol es centes :
— Agora, o l ance é o s egui nte: eu es tava procurando você — el e apontou
para Stefan —, enquanto mi nha parcei ra procurava por vocês duas. — Sua cabeça
s acudi u em di reção à M eredi th — Qual o probl ema del a, afi nal ?
— Nada que você pudes s e entender. — Stefan res pondeu cal mamente.
O xeri fe ol hava como s e el e não pudes s e acredi tar no que havi a s i do di to.
E ntão, de repente, el e ol hou como s e pudes s e, e pôde, e deu um pas s o em
di reção à M eredi th.
Stefan ros nou.
O s om fez E l ena, que es tava atrás del e, pul ar. E ra um ros nado bai xo e
s el vagem de um ani mal que es tava protegendo s ua companhei ra, s eu bando,
s eu terri tóri o.
O pol i ci al de ros to corado, de repente, pareci a pál i do e em pâni co. E l ena
deduzi u que el e es tava ol hando para uma boca chei a de dentes mui to mai s
afi ados que os s eus , e ti ngi dos com s angue também.
E l ena não queri a que i s s o vi ras s e uma merd... Quer di zer... Uma
confus ão.
E nquanto o xeri fe fal ava com s ua parcei ra: “Tal vez preci s emos de
al gumas daquel as bal as de prata, afi nal ”, E l ena fal ou com s eu amado, que
agora es tava fazendo um ruí do como s e fos s e um grande zumbi do, e vi u que
podi a s enti r i s s o até mes mo em s eus dentes .
— Stefan, o Infl uenci e! A outra es tá chegando, e el a j á pode ter l i gado
chamando reforços .
Ao s eu toque, Stefan parou de fazer aquel e s om, e então, quando el e s e
vi rou, el a pôde ver que s eu ros to havi a mudado, s ai ndo daquel e ani mal
s el vagem com dentes arreganhados e vol tando para os própri os e queri dos ol hos
verdes .
E l e deve ter ti rado mui to s angue de M eredi th, el a pens ou, com uma
pontada em s eu es tômago. E l a não ti nha certeza em como s e s enti a a res pei to
di s to.
M as não havi a como negar os efei tos caus ados . Stefan vi rou-s e para o
xeri fe e di s s e s ecamente:
— Você vai para o corredor da frente. Você permanecerá al i , em s i l ênci o,
até que eu di ga para s e mover ou fal ar.
E ntão, s e ol har para ver s e o ofi ci al es tava obedecendo ou não, el e col ocou
os cobertores mai s fi rmemente em M eredi th. E mbora E l ena es ti ves s e
ol hando o xeri fe, e el a percebeu que el e não hes i tara em nenhum i ns tante.
E l e deu mei a-vol ta e marchou para frente do hal l .
E ntão, E l ena s e s enti u s egura o bas tante para ol har para M eredi th de
novo. E l a não pôde achar al go de errado no ros to da ami ga, exceto por s ua
pal i dez anormal e aquel as s ombras vi ol etas ao redor de s eus ol hos .
— M eredi th? — E l a s us s urrou. Sem res pos ta.
E l ena s egui u Stefan para fora do quarto.
E l a fez i s s o até chegarem ao hal l , quando a xeri fe os embos cou.
Des cendo as es cadas , empurrando a frági l Sra. Fl owers em s ua frente,
el a gri tou:
— No chão! Todos vocês ! — E l a deu um duro empurrão na Sra. Fl owers .
— Pro chão, agora!
Quando a Sra. Fl owers quas e cai u es parramada no chão, Stefan pul ou e a
pegou, e então vol tou para a outra mul her. Por um momento, E l ena pens ou
que el e ros nari a de novo, mas ao i nvés di s s o, em uma voz fi rme com auto-
control e, el e di s s e:
— Junte-s e ao s eu parcei ro. Você não pode s e mover ou fal ar s em mi nha
permi s s ão. E l e l evou a trêmul a Sra. Fl owers a uma cadei ra à es querda do
hal l .
— Aquel a... M ul her... Te machucou?
— Não, não. Só ti rem el es da mi nha cas a, Stefan, queri do, e es tarei
grata. — A Sra. Fl owers res pondeu.
— Fei to. — Stefan di s s e del i cadamente. — Si nto mui to por termos
caus ado a você tantos probl emas ... Na s ua própri a cas a. E l e ol hou para ambos
os xeri fes , com ol hos penetrantes .
— Vão embora e não vol tem. Vocês procuraram na cas a, mas nenhuma
das pes s oas que vocês es tavam procurando es tava aqui . Vocês acham que a
vi gi l ânci a não vai dar em nada. Vocês acredi tam que fari am mel hor aj udando
os ... Como é mes mo? Ah, s i m, a muti lação na ci dade de Fel l ’s Church. Vocês
nunca mai s vol tarão aqui de novo. Agora, vão para o s eu carro e s umam.
E l ena s enti u os pel i nhos de s ua nuca s e eri çar. E l a pôde s enti r o Poder
por trás das pal avras de Stefan.
E , como s empre, foi grati fi cante ver pes s oas cruéi s ou rai vos as s e
tornarem dócei s s ob o Poder da Infl uênci a de um vampi ro. Aquel es doi s ai nda
fi caram parados por mai s dez s egundos , e então el es s i mpl es mente s aí ram
pel a porta da frente.
E l ena ouvi u o s om o carro dos xeri fes s e afas tando e uma grande
s ens ação de al í vi o domi nando-a que el a quas e entrou em col aps o. Stefan
col ocou s eus braços ao s eu redor, e E l ena o abraçou de vol ta com força, s abendo
que s eu coração es tava martel ando. E l a pôde s enti r em s eu pei to e nas pontas
dos dedos .
Acabou. Tudo foi resolvi do, Stefan pens ou para el a e E l ena, de repente,
s enti u al go di ferente. E l a s e s enti u orgul hos a.
Stefan havi a fei to s eu trabal ho e afas tado para l onge os ofi ci ai s .
Obri g ada, el a pens ou para Stefan.
— Acho que s eri a mel hor ti rar M att da di s pens a. — E l a adi ci onou.

***

M att es tava i nfel i z.


— Obri gado por me es conderem... M as vocês s abem o quanto demoraram?
— E l e exi gi u de E l ena enquanto s ubi am as es cadas novamente. — E não
havi a l uz, exceto pel a pequena E s fera E s tel ar. E não havi a s ons ... Não
cons egui ouvi r nada l á embai xo. E o que é i sso?
E l e s egurava aquel a madei ra l onga e pes ada, com pequenos es pi nhos
ao fi m. E l ena s enti u um pâni co s úbi to.
— Você não s e cortou, né? — E l a pegou as mãos de M att, dei xando
aquel a coi s a cai r ao chão. M as M att não pareci a ter nenhum arranhão.
— E u não s ou i di ota a ponto de s egurar nas pontas . — E l e di s s e.
— M eredi th a s egurou, por al gum moti vo. — E l ena di s s e. — Suas mãos
es tavam cobertas de feri das . E eu nem ao menos s ei o que é i s s o.
— E u s ei . — Stefan di s s e s i l enci os amente. E l e pegou a es taca.
— M as i s to é um s egredo de M eredi th, na verdade. Quero di zer, i s s o é
propri edade de M eredi th. — E l e adi ci onou apres s adamente enquanto todos os
ol hos s e fi xaram nel e ao di zer seg redo.
— Bem, eu não s ou cego. — M att di s s e em s ua manei ra di reta e franca,
ti rando al guns cabel os do ros to, a fi m de ver mel hor a coi s a. E l e ergueu s eus
ol hos azui s para E l ena. — E u s ei exatamente que chei ro é es s e, é verbena. E
eu s ei o que i s s o s e parece, com es s as pontas afi adas s ai ndo das pontas .
Parece uma arma para s e extermi nar cada mons tro Chefão que anda pel a
Terra.
— E vampi ros , também. — E l ena adi ci onou apres s adamente.
E l a s abi a que Stefan es tava de bom humor e, defi ni ti vamente, el a não
queri a ver M att, quem el a s e i mportava profundamente, dei tado no chão com o
crâni o es magado.
— Até mes mo humanos ... Acho que es s es es pi nhos i nj etam veneno.
— Veneno? — M att ol hou para s uas própri as mãos preci pi tadamente.
— Não há nada de errado conti go — E l ena di s s e. — E u me certi fi quei .
E , al ém di s s o, s eri a um veneno de rápi do efei to.
— Si m. E l es i ri am querer acabar com a l uta o mai s rápi do pos s í vel . —
Stefan di s s e. — E ntão, s e você es tá vi vo agora, é mel hor conti nuar des te j ei to.
Agora, o mons tro Chefão aqui quer vol tar para a cama. — E l e vi rou-s e em
di reção ao s ótão.
E l e deve ter ouvi do a res pi ração de E l ena, rápi da e i nvol untari amente,
porque el e l ogo s e vi rou e el a pôde ver que el e es tava arrependi do.
Seus ol hos eram de um verde-es meral da es curo, tri s tes , mas ardentes ,
s em o us o de nenhum Poder.
E u acho que teremos um café da manhã tardi o, E l ena pens ou, s enti ndo
di vers as emoções agradávei s pas s ando s obre el a. E l a apertou a mão de Stefan,
e s enti u, com prazer, el e apertando de vol ta. E l a pôde ver o que el e ti nha em
mente; el es es tavam bem próxi mos e el e es tava ocul tando o que real mente
queri a... E el a es tava tão ans i os a quanto el e para chegar l á em ci ma.
M as naquel e momento, M att, com os ol hos naquel a coi s a chei a de
es pi nhos , di s s e:
— M eredi th tem al go a ver com i sto?
— E u não devi a ter comentado nada. — Stefan res pondeu. — M as s e você
quer mes mo s aber, s eri a mel hor perguntar à própri a M eredi th. Amanhã.
— Tudo bem. — M att di s s e, fi nal mente compreendendo. E l ena es tava
com um pé à frente.
— Uma arma como es ta… Só pode ser… Para matar todos os ti pos de
mons tros que andam pel a Terra. E M eredi th...
M eredi th, que tem um corpo magro e atl éti co como o de uma bai l ari na e
é fai xa preta, e oh! Aquel as aul as ! As aul as que M eredi th s empre adi ava
quando as garotas es tavam fazendo al go naquel e exato momento, mas que
s empre, de al guma forma, cons egui a tempo para fazê-l as .
M as uma garota mal podi a carregar por aí um cravo, quem di rá uma
arma como es ta. Al ém di s s o, M eredi th di s s e que odi ava fazer es s as aul as ,
então s uas mel hores ami gas dei xaram para l á. Is s o tudo fazi a parte do
mi s téri o de M eredi th.
E aul as de equi tação? E l ena poderi a apos tar que es s as eram genuí nas .
M eredi th gos tari a de s aber como es capar rapi damente montando em al go
di s poní vel .
M as s e M eredi th não es tava prati cando para um pequeno reci tal , ou
para es trel ar na Hol l ywood Wes tern... E ntão, o que el a es tava fazendo?
Trei nando, E l ena deduzi u. Havi a mui tos doj ôs por aí , e s e M eredi th
fazi a i s to des de que aquel e vampi ro atacara o s eu avô, el a devi a s er mui to boa.
E quando l utamos conta aquel as coi s as terrí vei s , quando eu a ol hava nos
ol hos , aquel a s ombra ci nza e s uave a manti nha l onge dos hol ofotes ? Um
monte de mons tros devi am ter s i do nocauteados por el a.
A úni ca pergunta que preci s ava s er res pondi da era por que M eredi th
não mos trara para el es a es taca contra mons tros Chefões , ou por que não a us ou
em al guma l uta... Di go, contra Kl aus . E l ena não s abi a, mas el a poderi a
perguntar à M eredi th. Amanhã, quando M eredi th acordar. M as el a confi ava
que s eri a uma res pos ta bem s i mpl es .
E l ena tentou abafar um bocej o de forma el egante.
Stefan? E l a perguntou. Podemos sai r daqui … Sem que você me peg ue no colo… E vamos
para o seu quarto?
— Acho que ti vemos es tres s e o s ufi ci ente por es s a manhã. — Stefan
di s s e na s ua própri a e genti l voz. — Sra. Fl owers , M eredi th es tá no quarto do
pri mei ro andar... E l a, provavel mente, vai dormi r até tarde. M at...
— E u s ei , eu s ei . E u não s ei como vamos abordar o as s unto, mas
poderei agüentar durante a noi te. Stefan pareci a s urpres o.
Queri do, você não pode ter mui to sang ue no org ani smo, E l ena pens ou para el e,
s éri a e s em rodei os .
— A Sra. Fl owers e eu es taremos na cozi nha. — E l a di s s e em voz al ta.
Quando el as es tavam l á, a Sra. Fl owers di s s e:
— Não s e es queça de agradecer a Stefan por defender a pens ão por mi m.
— E l e fez i s s o porque aqui é nos s a cas a. — E l ena di s s e, e vol tou para o
hal l , onde Stefan es tava agradecendo um M att corado.
E então, a Sra. Fl owers chamou M att para a cozi nha e E l ena s e vi u em
braços ágei s e rí gi dos e, em s egui da, el es começaram a s ubi r a es cadari a de
madei ra, que fazi a pequenos gemi dos de protes to. E , fi nal mente, el es
es tavam no quarto de Stefan, e E l ena es tava em s eus braços .
Não havi a mel hor l ugar para s e es tar, nem al go a mai s que el a
qui s es s e agora, E l ena pens ou e l evantou s eu ros to enquanto Stefan abai xava o
s eu, e então el es deram um bei j o l ongo e l ento.
E então, o bei j o foi mai s profundo, e E l ena teve que s e agarrar a Stefan,
que j á a es tava s egurando com aquel es braços que poderi am quebrar grani to,
mas que apenas a apertava como el a des ej ava.
13
E l ena, dormi ndo s erenamente de mãos dadas com Stefan, s abi a que el a
es tava tendo um s onho extraordi nári o. Não, não era um s onho... E ra uma
experi ênci a fora do corpo. M as não era como as anti gas experi ênci as que el a
ti vera ao vi s i tar Stefan em s ua cel a. E l a es tava des l i zando pel o ar tão
rapi damente que el a não cons egui a di s ti ngui r o que es tava em s ua frente.
E l a ol hou ao s eu redor e, de repente, para o s eu es panto, outra fi gura
apareceu ao s eu l ado.
— Bonni e! — E l a di s s e... Ou mei o que tentou di zer. M as , é cl aro, não
houve s om al gum.
Bonni e pareci a uma edi ção trans parente de s i mes ma. Como s e al guém
ti ves s e fei to el a em vi dro fundi do, e então apenas col ocara tons mai s fracos em
s eus cabel os e ol hos . E l ena tentou tel epati a.
B onni e?
Elena! Oh, tenho tanta saudade de você e Meredi th! Estou presa neste buraco...
B uraco? E l ena pôde s enti r o pâni co em s ua própri a tel epati a. Is s o fez
Bonni e es tremecer.
Não um buraco de verdade. Uma poci lg a. Uma pousada, eu acho, mas estou presa e eles só me
ali mentam duas vezes ao di a, e me levam ao banhei ro somente uma vez... Meu Deus! Como você se
meteu aí ?
B em… Bonni e hes i tou. Eu acho que a culpa é mi nha.
Não i mporta! Quanto tempo você temestado lá, exatamente? H’mmm... Esse é meu seg undo di a.
Eu acho.
Houve uma paus a.
E ntão, E l ena di s s e:
B em, alg uns di as numlug ar rui mpodemparecer uma eterni dade. Bonni e tentou dei xas
as coi s as mai s cl aras .
É que eu estou tão entedi ada e sozi nha. Tenho tanta saudade de você e Meredi th! E l a
repeti u.
Eu andei pensando emvocê e Meredi th, também, E l ena di s s e.
Mas Meredi th está aí com você, não é? Ai , meu Deus, ela não cai u também, né? Bonni e
des abafou. Não, não! Ela não cai u. E l ena não s e deci di a s e devi a contar à Bonni e
s obre M eredi th ou não. Talvez, não por enquanto, el a pens ou.
E l a não cons egui a ver o que es tava à s ua frente, embora el a pudes s e
s enti r que el as es tavam des acel erando.
Você conseg ue ver alg uma coi sa?
Ei , si m, atrás de nós! Temumcarro! Devemos i r lá? Claro. Podemos i r de mãos dadas?
E l as des cobri ram que não podi am, mas i s s o s ó fez com que el as
fi cas s em mai s próxi mas uma da outra. E outro momento, el as es tavam
entrando através do tel hado do pequeno carro.
Hey! É o Alari c! Bonni e di s s e.
Al ari c Sal tzman era o namorado-quas e-noi vo de M eredi th. E l e ti nha
quas e vi nte três anos agora, e s eu cabel o de arei a e ol hos de avel ã não havi am
mudado des de que E l ena o vi ra há quas e dez mes es atrás . E l e era um
paraps i cól ogo em Duke, pres tes a fazer doutorado.
Tentamos entrar emcontato comele há mui to tempo, Bonni e di s s e.
Eu sei . Talvez, esse sej a o j ei to de contatá-lo. Onde é que devi a estar, afi nal?
Emalg umlug ar estranho no Japão. Esqueci como se chama, mas basta olhar no mapa que está
no banco do passag ei ro.
E l a e Bonni e s e fundi ram enquanto ol haram, s uas formas
fantas magóri cas atraves s ando-s e.
Unmei no Shi ma: A Ilha da Desg raça, es tava es cri to no topo de um tí tul o de um
mapa. O mapa ti nha um grande e vermel ho X com o s ubtí tul o: O Campo das
Vi rg ens Casti g adas.
O campo do quê? Bonni e perguntou i ndi gnadamente. O que i sso si g ni fi ca?
Eu não sei . Mas vej o, essa névoa é real. E está chovendo. E essa estrada é terrí vel. Bonni e
mergul hou para fora.
Ooh, que estranho. A chuva passa di reto por mi m. E não acho que i sso sej a uma estrada.
E l ena di s s e:
Volte aqui para dentro e vej o i sso. Não há outras ci dades na i lha, apenas um nome. Dr.ª
Celi a Connor, patolog i sta forense. O que é umpatolog i sta forense?
Eu acho, E l ena di s s e, que eles i nvesti g am assassi natos e coi sas assi m. E eles
desenterrammortos para descobri remcomo eles morreram.
Bonni e es tremeceu.
Eu acho que não g osto di sso.
Nemeu. Mas vej a lá fora. Isso havi a si do umvi larej o, uma vez, eu acho.
Não havi a s obrado quas e nada do vi l arej o. Somente al gumas ruí nas de
al guns prédi os de madei ra, que agora es tavam podres , e al gumas es truturas
de pedra enegreci das .
Havi a um grande edi fí ci o com uma enorme l ona amarel a s obre el e.
Quando o carro al cançou es s e prédi o, Al ari c des l i zou até parar por
compl eto, pegou o mapa e uma pequena mal eta, e correu em mei o à chuva e
l ama até chegar ao abri go.
E l ena e Bonni e o s egui ram.
E l e fora encontrado próxi mo à es trada, ao l ado de uma j ovem mul her
negra, cuj o cabel o fora cortado el egantemente em torno de s eu ros to de el fo. E l a
era pequena, nem ao menos al cançava a al tura de E l ena. E l a ti nha ol hos que
dançavam de entus i as mo, até ti nha dentes mui to brancos que fari am com que
Hol l ywood s orri s s e.
— Dr.ª Connor? — Al ari c di s s e, parecendo i mpres s i onado.
Meredi th não vai g ostar di sso, Bonni e di s s e.
— Só Cel i a, por favor. — A mul her di s s e, pegando s ua mão. — Al ari c
Sal tzman, eu pres umo.
— Só Al ari c, por favor... Cel i a.
Meredi th certamente não i ri a g ostar di sso, E l ena di s s e.
— E ntão, você i nves ti gador de fantas mas . — Cel i a es tava di zendo abai xo
del es . — Bem, preci s amos de você. E s s e l ugar tem fantas mas ... Ou j á teve.
E u não s ei s e el es ai nda es tão aqui ou não.
— Parece i nteres s ante.
— E s tá mai s para tri s te e mórbi do. Tri s te, estranho e mórbi do. Tenho
es cavado todos os ti pos de ruí nas , pri nci pal mente aquel as onde há uma
chance de genocí di o. E vou te di zer: es s a i l ha não s e parece com nenhum outro
l ugar que eu j á es ti ve — Cel i a di s s e.
Al ari c j á es tava ti rando coi s as de s ua mal eta: uma pi l ha es pes s a de
papéi s , uma câmera de ví deo pequena, um notebook. E l e l i gou a câmera e
ol hou pel o vi s or, então a apoi ou s obre al guns papéi s . Quando, aparentemente,
el e ti nha Cel i a em foco, el e pegou o notebook também.
Cel i a pareci a es tar s e di verti ndo.
— Quantos mei os você preci s a para cons egui r i nformação?
Al ari c deu um tapa no l ado de s ua cabeça e a s acudi u tri s temente.
— Todos os pos s í vei s . A memóri a começa a fal har. — E l e ol hou ao redor.
— Você não es tá s ozi nha aqui , né?
— Ti rando o zel ador e o cara que me l eva de vol ta à Hokkai do, s i m. Tudo
começou como uma expedi ção normal ... Havi a quatorze de nós . M as um por
um, os outros havi am morri do ou i do embora. E u nem ao menos pos s o re-
enterrar os es péci mes … As garotas … Que nós es cavamos .
—Quanto as pes s oas que foram embora ou morreram em s ua expedi ção…
— Bem, pri mei ro, as pes s oas morreram. E ntão, es s as coi s as
fantas magóri cas fi zeram o res to parti r. E l es es tavam temeros os por s uas vi das .
Al ari c franzi u a tes ta.
— Quem morreu pri mei ro?
— Sem s er da nos s a expedi ção? Ronal d Argyl l . E s peci al i s ta em
cerâmi ca. E l e es tava exami nando doi s j arros que haví amos encontrado... Bem,
dei xarei es s a hi s tóri a para depoi s . E l e cai u de uma es cada e quebrou o
pes coço.
As s obrancel has de Al ari c s e ergueram.
— Is s o foi fantas magóri co?
— Para um cara como el e, que es teve nes te negóci o por quas e vi nte
anos ... Si m.
— Vi nte anos ? Tal vez um ataque cardí aco? E quando el e cai u da es cada...
boom. — Al ari c fez um ges to de queda.
— Tal vez s ej a i s s o mes mo que aconteceu. Você poderi a s er capaz de nos
expl i car nos s os mi s téri os . — A mul her chi que com cabel o curto mos trou s uas
covi nhas como s e fos s e uma meni na mol eca.
E l a es tava ves ti da como uma também, E l ena percebeu: um j eans Levi ’s
e uma bl us a azul e branca com mangas arregaçadas s obre uma cami s ol a
branca.
Al ari c s e tocou, como s e ti ves s e percebi do que el e era cul pado em fi car
encarando. Bonni e e E l ena s e ol haram por ci ma de s ua cabeça.
— M as o que aconteceu com todas as pes s oas que vi veram na i l ha, em
pri mei ro l ugar? Aquel es que cons truí ram as cas as ?
— Bem, nunca houve nenhum del es , para começo de convers a. E s tou
deduzi ndo que o l ocal j á s e chamava Il ha da Des graça antes do des as tre que
mi nha equi pe es tava i nves ti gando. M as até onde eu pude des cobri r, houve
mei o que uma guerra por aqui ... Uma guerra ci vi l . E ntre cri anças e adul tos .
Des s a vez, quando Bonni e e E l ena s e ol haram, s eus ol hos es tavam
arregal ados .
Assi mcomo lá emcasa...
Bonni e começou, mas E l ena di s s e:
Shh, Ouça.
— Uma guerra ci vi l entre cri anças e s eus pai s ? — Al ari c repeti u bem
devagar. — Agora, i s s o é fantas magóri co.
— Bem, é um proces s o de el i mi nação. E ntenda, eu gos to de túmul os ,
des de os cons truí dos até os s i mpl es buracos cavados no chão. E aqui , os
moradores não parecem terem s i do i nvadi dos . E l es não morreram de fome ou
por caus a da s eca... Havi a tri gos em abundânci a no cel ei ro. Não havi a s i nai s
de doença. E u cheguei a acredi tar que eles mataram uns aos outros... Pai s matando
cri anças ; cri anças matando pai s .
— M as como você pode s aber?
— E s tá vendo es s a área quadrada na peri feri a do vi l arej o? — Cel i a
apontou para uma área num mapa mai or ai nda que o de Al ari c. — Is s o é o que
chamamos de Campo das Vi rg ens Casti g adas. É um l ugar onde fora
cui dados amente cons truí do os túmul os atuai s , então, el e foi fei to antes da
guerra vi r à tona. Até agora, es cavamos vi nte e doi s corpos de garotas ... A mai s
vel ha, ai nda na adol es cênci a.
— Vi nte e duas garotas ? Todas s ão garotas ?
— Todas s ão garotas , pel o menos nes ta área. Os garotos vi eram depoi s ,
quando os cai xões não es tavam mai s s endo fei tos . E l es não es tão tão bem
pres ervados , porque todas as cas as foram quei madas ou des abaram, e el es
foram expos tos ao tempo. As garotas foram cui dados a e, às vezes ,
el aboradamente enterradas ; mas as marcas em s eus corpos i ndi cavam que
el as foram s ubmeti das a duras puni ções fí s i cas em al gum momento próxi mo
às s uas mortes . E então… E l es l evaram es tacas em s eus corações .
Os dedos de Bonni e voaram para s eus ol hos , como s e i s s o afas tas s e a
terrí vel vi s ão. E l ena ol hou Al ari c e Cel i a com s eri edade. Al ari c engol i u em
s eco.
— Havi a es tacas em s eus corações ? — E l e perguntou i nqui etamente.
— Si m. Agora eu s ei o que você deve es tar pens ando: M as o Japão não
tem qual quer ti po de tradi ção com vampi ros . Ki ts une... Rapos as … São,
provavel mente, o mai s próxi mo anál ogo.
Agora, E l ena e Bonni e pai ravam s obre o mapa.
— E ki ts unes bebem s angue?
— Só ki ts une. A l í ngua j apones a tem um modo i nteres s ante de
expres s ar o pl ural . M as a res pos ta para a s ua pergunta: não. E l es s ão
l endári os bri ncal hões , e um exempl o do que el es fazem é pos s ui r garotas e
mul heres , e l evar homens à des trui ção... E nterrando-os em pântanos ou coi s a
pareci da. M as aqui … Bem, você quas e poder l er como s e fos s e um l i vro.
— Você faz parecer como s e fos s e um. M as não s eri a um que eu pegari a
para ter momentos de prazer. — Al ari c di s s e, e ambos ri ram fri amente.
— E ntão, conti nuando com o l ance do l i vro, parece que a doença s e
es pal hou, com o tempo, em todas as cri anças da ci dade. Houve batal has
mortai s . Os pai s nem ao menos cons egui ram chegar aos s eus barcos de pes ca
para tentarem es capar da i l ha.
Elena...
Eu sei . Pelo menos, Fell’s Church não se locali za emuma i lha.
— E temos aqui l o que achamos no s antuári o da ci dade. Pos s o te di zer
que... Foi por i s s o que Ronal d Argyl l morreu.
Ambos foram para dentro do edi fí ci o, até que Cel i a parou ao l ado de doi s
grandes j arros , que es tavam em ci ma de pedes tai s , com uma coi s a hedi onda
entre el es . Pareci a um ves ti do, que s e tornara quas e branco por caus a do
tempo, e que mos trava, através dos furos da roupa, os s os . O pi or, havi a um
os s o s em carne e bem es branqui çado em ci ma de um dos j arros .
— E ra ni s s o que Ronal d es tava trabal hando l á no campo, antes des s a
chuva toda vi r. — Cel i a expl i cou. — Provavel mente, es s a foi a úl ti ma morte dos
habi tantes ori gi nai s e foi um s ui cí di o.
— Como você pode s aber di s s o?
— M e dei xe ver s e cons i go expl i car à bas e das notas de Ronal d. A
s acerdoti s a aqui não tem qual quer outro dano do que aquel e que caus ou s ua
morte. O s antuári o fora um edi fí ci o de pedra... Um di a. Quando chegamos
aqui , encontramos s omente um andar, no qual todos os degraus de pedra
des pencaram, de todas as formas pos s í vei s . Daí o porquê de Ronal d ter caí do da
es cada. É uma coi s a bem técni ca, mas Ronal d Argyl l foi um grande
patol ogi s ta forens e e confi o em sua l ei tura da hi s tóri a.
— Que s eri a? — Al ari c es tava fi l mando o i nteri or dos j arros e os os s os
com s ua câmera.
— Al guém... Que não s abemos quem... Fez um furo em cada j arro. Is s o
foi antes do caos começar. Os regi s tros da ci dade fi zeram nota como s e fos s e
um ato de vandal i s mo, uma bri ncadei ra fei ta por uma cri ança. M as mui to
tempo depoi s , os buracos foram fechados novamente, exceto naquel e onde a
s acerdoti s a tem s uas mãos mergul hadas até o pul s o.
Com i nfi ni to cui dado, Cel i a l evantou a tampa do j arro que não ti nha um
os s o pendurado nel e para revel ar outro par de os s os al ongados , l i gei ramente
menos es branqui çados , e com ti ras do que havi am s i do s uas roupas . Pequenos
os s os dos dedos das mãos es tavam dentro do j arro.
— O que Ronal d pens ou foi que es s a pobre mul her morreu tentando
fazer um úl ti mo e des es perado ato. M ui to i ntel i gente, s e você ver por es s e
ângul o. E l a cortou s eu pul s o... Você pode ver como o tendão es tá murcho no braço
mai s pres ervado... E então, el a dei xou todo o conteúdo de s eu fl uxo s anguí neo
cai r no j arro. Sabemos que o j arro tem grandes quanti dades de s angue em s eu
i nteri or. E l a es tava tentando atrai r al guma coi s a ou, tal vez, tentando afas tar
al go. E l a morreu tentando, e, provavel mente, es perava us ar s eus úl ti mos
momentos de cons ci ênci a para s egurar s eus os s os nos j arros .
— Caramba! — Al ari c pas s ou a mão pel a tes ta, mas tremi a ao mes mo
tempo.
Ti re fotos! E l ena mandava mental mente para el e, us ando todo o s eu Poder
para trans mi ti r a ordem. E l a pôde ver que Bonni e fazi a o mes mo, de ol hos
fechados , punhos cerrados .
Como s e obedeces s e a s eus comandos , Al ari c ti rava fotos o mai s rápi do
que podi a.
Fi nal mente, el e termi nou. M as E l ena s abi a que, s em um es tí mul o,
el e não mandari a es s as i magens à Fel l ’s Church antes que el e mes mo
chegas s e à ci dade — no qual , nem mes mo M eredi th s abi a quando i ri a s er.
O que fazemos? Bonni e perguntou à E l ena, parecendo angus ti ada. B em, as
mi nhas lág ri mas eramreai s quando Stefan estava na pri são. Você quer que a g ente chore emci ma
dele?
Não, E l ena di s s e, nem tão paci ente. Mas estamos parecendo fantasmas... Vamos
ag i r como tal. Tente assoprar atrás do pescoço dele.
Bonni e as s oprou, e ambas vi ram Al ari c tremer, ol har para os l ados e
fazer com que s eu bl us ão fi cas s e mai s próxi mo de s eu corpo.
— E quanto as outras mortes , aquel as que ocorreram na s ua expedi ção?
— E l e perguntou, encol hendo-s e, ol hando à s ua vol ta, aparentemente s em
rumo.
Cel i a começou a fal ar, mas nem E l ena ou Bonni e es tavam ouvi ndo.
Bonni e conti nuou as s oprando o pes coço de Al ari c em di ferentes di reções ,
conduzi ndo s eu ol har para a úni ca j anel a que não es tava quebrada. Lá, E l ena
havi a es cri to uma fras e com s eus dedos no vi dro fri o. Uma vez que el a vi a
Al ari c ol hando para aquel a di reção, el a s ol tava s eu hál i to na s entença: mande
tudo para meredi th ag ora! Toda vez que Al ari c ol hava para a j anel a, el a as s oprava
para atual i zar as pal avras .
E fi nal mente, el e vi u.
E l e deu um pul o de quas e ci nco centí metros para trás . E ntão, bem
devagar, el e ras tej ou de vol ta à j anel a.
E l ena atual i zou a es cri ta para el e. Des s a vez, ao i nvés de pul ar, el e
s i mpl es mente pas s ou a mão s obre os ol hos e ol hou novamente.
— Hey, Sr. Caça-Fantas mas — Di s s e Cel i a. — Tá tudo bem?
— E u não s ei . — Al ari c admi ti u. E l e pas s ou a mão s obre os ol hos de
novo, mas Cel i a es tava chegando e E l ena não s oprou s obre a j anel a.
— Pens ei ter vi s to uma... Uma mens agem di zendo para mandar cópi as
das fotos des s es j arros para M eredi th. Cel i a ergueu uma s obrancel ha.
— Quem é M eredi th?
— Oh. E l a… E l a é uma de mi nhas es tudantes recém-formadas . Acho
que i s s o a i nteres s ari a. E l e ol hou para a câmera.
— Os s os e j arros ?
—Bem, você s e i nteres s ou por el es ai nda j ovem, s e s ua reputação es ti ver
correta.
— Oh, s i m. E u adorava as s i s ti r um pás s aro morto s e decompor, ou
encontrar os s os e tentar des cobri r de qual ani mal el e era.
— Cel i a di s s e, s orri ndo de novo. — Quando eu ti nha uns s ei s anos .
M as eu não era como a mai ori a das garotas .
— Bem... Nem M eredi th é. — Al ari c di s s e.
E l ena e Bonni e ol havam-s e s eri amente agora. Al ari c havi a i mpl í ci to
que M eredi th era es peci al , mas el e não havi a di to i s s o, e el e não havi a
menci onando o quas e-noi vado del es .
Cel i a chegou mai s perto.
— Você vai mandar i s s o tudo para el a? Al ari c ri u.
— Bem, toda es s a atmos fera e tudo o mai s ... E u não s ei . Deve ter s i do
mi nha i magi nação.
Cel i a vi rou-s e j us to quando el a o havi a al cançado e E l ena atual i zou
mai s um vez a mens agem. Al ari c j ogou s uas mãos para ci ma, em ges to de
des i s tênci a.
— Acho que a Il ha da Des graça não tem conexão com s atél i te. — E l e
di s s e, i mpotente.
— Não. — Cel i a di s s e. — M as a bal s a es tará de vol ta em um di a, e você
poderá mandar tudo o que qui s er... Se você real mente for fazer i s s o.
— Acho que é o mel hor a s e fazer. — Al ari c di s s e.
E l ena e Bonni e es tavam ao s eu l ado, uma de cada l ado.
M as foi aí que as pál pebras de E l ena começaram a s e fechar.
Oh, B onni e, me desculpe. Eu queri a conversar conti g o depoi s de tudo i sso, e ter certeza de que
você está bem. Mas estou cai ndo... Não consi g o...
E l a cons egui u dei xar as pál pebras abertas . Bonni e es tava em pos i ção
fetal , dormi ndo profundamente.
Tenha cui dado, E l a s us s urrou, s em s aber ao certo s e s us s urrara. E
enquanto el a fl utuava para l onge, el a pres tou atenção em Cel i a e no modo como
Al ari c fal ava com aquel a mul her l i nda e tal entos a, s omente um ano mai s
vel ha que el e. E l a teve medo por M eredi th, que es tava aci ma de qual quer
coi s a.
14
Na manhã s egui nte, E l ena percebeu que M eredi th ai nda pareci a
pál i da e l ângui da, e que s eus ol hos s e afas tavam cas o aconteces s e de Stefan
ol har para el a. M as era um momento de cri s e, e as s i m que a l ouça do café da
manhã es tava l avada, E l ena fez uma reuni ão na s al a. Lá, el a e Stefan
expl i caram o que M eredi th havi a perdi do durante a vi s i ta dos xeri fes .
M eredi th s orri u pal i damente quando E l ena contou como Stefan os havi a
bani do como s e fos s e cachorros vi ra-l atas . E ntão, E l ena contou a hi s tóri a de
s ua experi ênci a fora do corpo. Ao menos , provava que Bonni e es tava vi va e
rel ati vamente bem. M eredi th mordeu o l ábi o quando a Sra. Fl owers di s s e
i s s o, o que fez com que el a qui s es s e i r pes s oal mente à Di mens ão das Trevas
para ti rar Bonni e de l á.
M as , por outro l ado, M eredi th queri a fi car e aguardar as fotografi as de
Al ari c. Se i s s o pudes s e s al var Fel l ’s Church...
Ni nguém na pens ão poderi a ques ti onar o que havi a aconteci do na Il ha
da Des graça. E s tava acontecendo aqui , no outro l ado do mundo. Até al guns pai s
em Fel l ’s Church ti veram s eu fi l hos l evados pel o Departamento de Servi ços de
Proteção a Cri anças de Vi rgí ni a. As puni ções e os retal hamentos j á havi am
começado. Quanto tempo demorari a antes que Shi ni chi e M i s ao
trans formas s em todas as cri anças em armar l etai s ... Ou s erá que el es j á as
havi am trans formado? Quanto tempo demorari a até que um pai hi s téri co
matas s e uma cri ança?
O grupo s entado na s al a di s cuti u pl anos e métodos . No fi m, el es
deci di ram fazer j arros i dênti cos aos que E l ena e Bonni e havi am vi s to, e
rezaram para que pudes s em reproduzi r a es cri ta. E s s es j arros , el es ti nha
certeza, eram onde Shi ni chi e M i s ao foram i s ol ados ori gi nal mente do res to da
Terra.
Portanto, Shi ni chi e M i s ao caberi am nas pequenas acomodações dos
j arros . M as o que grupo de E l ena fari a para atraí -l os de vol ta para dentro?
Poder, el es deci di ram. Somente uma boa quanti dade de Poder que fos s e
i rres i s tí vel para os gêmeos ki ts une. É por i s s o que a s acerdoti s a havi a tentado
atraí -l os com s eu própri o s angue. Agora, i s s o s i gni fi cava derramar
i ntei ramente um l í qui do de uma E s fera E s tel ar... Ou derramar s angue de
um vampi ro extraordi nari amente poderos o. Ou de doi s vampi ros . Ou de três .
Todos es tavam concentrados , pens ando a res pei to. E l es não s abi am o
quanto de s angue s eri a neces s ári o... E E l ena temi a que fos s e mai s do que
el es pudes s em bancar. Havi a s i do mai s do que a s acerdoti s a pôde bancar.
E então, houve um s i l ênci o que s ó M eredi th pôde preencher:
— Tenho certeza que vocês es ti veram s e perguntando a res pei to di s s o. —
E l a di s s e, produzi ndo aquel a arma do nada, enquanto E l ena as s i s ti a.
Como el a cons egui u fazer i s s o? E l ena s e perguntou. E l a não a ti nha há
poucos s egundos , e agora l á es tava el a. Todos ol haram para a bel eza e
el egânci a que a l uz do Sol proporci onava para a arma.
— Quem quer que tenha fei to i s s o — M att di s s e —, ti nha uma grande
i magi nação.
— Foi um dos meus ances trai s . — M eredi th di s s e. — E não i rei
contes tar i s s o.
— E u tenho uma pergunta — E l ena di s s e. — Se você ti nha i s s o des de o
começo do s eu trei namento; s e você fora cri ada nes te mundo, você al guma vez
tentou matar Stefan? Você tentou me matar quando eu me trans formei em uma
vampi ra?
— Queri a poder ter uma boa res pos ta para i s s o. — M eredi th di s s e, s eus
ol hos aci nzentados s e entri s teceram. — M as não tenho. Tenho pes adel os a
res pei to di s s o. M as o que pos s o di zer que teri a fei to s e eu fos s e uma pes s oa
di ferente?
— E u não te perguntei i s s o. Perguntei , para a pes s oa que você é, s e você
fora trei nada...
— O trei namento é uma lavag em cerebral. — M eredi th di s s e s everamente. Sua
face compos ta pareci a es tar pres tes a des moronar.
— Ok, es queça. Você teri a matado Stefan, s e ti ves s e es s a coi s a?
— Se chama es taca de combate. E nós s omos chamados ... Pes s oas como
mi nha famí l i a, exceto por meus pai s que deram pra trás ... De caçadores .
Houve uma es péci e de s us pi ro ao redor da mes a. A Sra. Fl owers s ervi u
para M eredi th mai s chá de ervas , que es tava próxi mo a um tri pé.
— Caçadores . — Repeti u M att com certo del ei te. Não era di fí ci l de di zer
em quem el e es tava pens ando.
— Vocês podem nos chamar as s i m. — M eredi th es tava di zendo. — Ouvi
di zer que há Caça-As s as s i nos l á fora. M as aqui , s egui mos com a tradi ção.
E l ena, de repente, s e s enti u como s e fos s e uma garoti nha perdi da. Al i
es tava M eredi th, s ua i rmã mai s vel ha M eredi th, di zendo es s as coi s as . A voz
de E l ena es tava quas e s upl i cante.
— M as você não res pondeu quanto a Stefan.
— Não, não res pondi . E , não, eu não acho que teri a coragem de matar
al guém... A menos que ti ves s e s ofri do uma l avagem cerebral . M as eu sabi a
que Stefan te amava. Sabi a que el e nunca te trans formari a em uma vampi ra.
O probl ema era que... Não ti nha certeza abs ol uta quanto a Damon. E u não
s abi a s e você es tava bri ncando com os doi s . Acho que ni ng uém s abi a. — A voz de
M eredi th es tava angus ti ada também.
— E xceto por mi m — E l ena di s s e, corando, com um s orri s o torto. — Não
fi que tri s te, M eredi th. Tudo s e res ol veu.
— Você chama ter de abandonar s ua famí l i a e s ua ci dade, porque todos
pens am que você es tá morta, de res ol vi do?
— Si m. — E l ena res pondeu des es peradamente. — Se i s s o s i gni fi ca que
eu pos s a fi car com Stefan.
E l a fez o s eu mel hor para não pens ar em Damon.
M eredi th ol hou para el a fi xamente por um i ns tante, em s egui da col ocou
s eu ros to em s uas mãos .
— Você quer contar a el es , ou devo fazer as honras ? — E l a perguntou,
l evantando o ros to e encarando Stefan. Stefan pareci a as s us tado.
— Você s e l embra?
— Provavel mente o tanto quanto você cons egui u arrancar de mi nha
mente. Al guns pedaços . Coi s as que eu não quero l embrar.
— Ok.
Agora, Stefan s e s enti a al i vi ado, e E l ena s enti a-s e com medo. Stefan e
M eredi th ti nham um s egredo j untos ?
— Sabemos que Kl aus fez, no mí ni mo, duas vi s i tas à Fel l ’s Church.
Sabemos que el e era... Compl etamente mal i gno... E que na s egunda vi s i ta que
pl anej ava uma matança em s éri e. E l e matou Sue Cars on e Vi cki Bennett.
E l ena i nterrompeu qui etamente.
— Ou, ao menos , aj udou Tyl er Smal l wood a matar Sue, as s i m, Tyl er
pôde s er i ni ci ado como um l obi s omem. E então, Tyl er dei xou Carol i ne grávi da.
M att l i mpou a garganta, como s e al go l he ocorres s e.
— H’m... Carol i ne tem que matar al guém para s er um l obi s omem por
compl eto, também?
— Acho que não. — E l ena di s s e. — Stefan di s s e que s ó por ter um bebê
l obi s omem j á é o s ufi ci ente. De qual quer forma, s angue foi derramado.
Carol i ne s erá um l obi s omem por compl eto quando el a ti ver s eus gêmeos , mas
el a começará a s e trans formar i nvol untari amente antes di s s o. Certo?
Stefan concordou.
— Certo. M as vol tando ao Kl aus : O que el e deve ter fei to em s ua
pri mei ra vi s i ta? E l e atacou... Sem matar... Um s enhor que exerci a o ofí ci o de
Caçador.
— M eu avô. — M eredi th s us s urrou.
— E el e mexeu tanto com a cabeça do avô de M eredi th que es s e s enhor
tentou matar s ua es pos a e s ua neta de três anos . E ntão, o que há de errado
nes ta hi s tóri a?
E l ena es tava real mente apavorada agora. E l a não queri a ouvi r o que
es tava pres tes a vi r.
E l a pôde s enti r o gos to de s ua bi l e, e fi cou fel i z por ter s ó comi do uma
torrada de café da manhã. Se houves s e al guém com que s e preocupar, como a
Bonni e, el a s e s enti ri a mel hor.
— Des i s to. O que há de errado? — M att perguntou abruptamente.
M eredi th es tava com um ol har di s tante novamente.
Fi nal mente, Stefan di s s e:
— Com o ri s co de parecer uma novel a chata... M eredi th ti nha, ou tem,
um i rmão gêmeo.
Um s i l ênci o mortal cai u s obre o grupo na s al a. Até mes mo a Mama da Sra.
Fl owers não havi a di to uma pal avra.
— Ti nha ou tem? — M att fi nal mente di s s e, quebrando o s i l ênci o.
— Como podemos s aber? — Stefan di s s e. — E l e pode ter s i do morto.
Imagi ne M eredi th tendo que ver i s s o. Ou el e pode ter s i do raptado. Para s er
morto mai s tarde... Ou para s e trans formar em um vampi ro.
— E você acha mes mo que os pai s del a não contari am al go como i s s o? —
M att exi gi u. — Ou tentari am fazê-l a es quecer? Quando el a ti nha... O que, j á
três anos ?
A Sra. Fl owers , que havi a es tado qui eta o tempo todo, agora fal ava
tri s temente.
— A própri a amada M eredi th deve ter deci di do bl oquear a verdade. Para
uma cri ança de três anos , é di fí ci l de di zer. Se el as não ti verem um aj uda
profi s s i onal ... — E l a dava um ol har ques ti onador à M eredi th.
M eredi th s acudi u a cabeça.
— Contra o códi go. — E l a di s s e. — Quer di zer, es tri tamente fal ando, eu
não devi a es tar contando nada di s s o a vocês , es peci al mente a Stefan. M as não
pude agüentar mai s ... Tendo tão bons ami gos e, cons tantemente, os
enganando.
E l ena l evantou-s e e abraçou M eredi th bem forte.
— Nós entendemos . — E l a di s s e. — Não s ei o que aconteceri a no futuro
cas o você deci di s s e s er uma Caçadora ati v...
— Pos s o prometer que meus ami gos não es tari am na mi nha l i s ta de
ví ti mas . — M eredi th di s s e. — Al i ás — E l a adi ci onou. — Shi ni chi s abe. E u
s ou a pes s oa que manteve um s egredo dos meus ami gos a mi nha vi da toda.
— Não mai s . — E l ena di s s e, e a abraçou de novo.
— Pel o menos , não há mai s s egredos . — A Sra. Fl owers di s s e
genti l mente, e E l ena ol hou para el a bem ni ti damente. Nada era as s i m tão
s i mpl es . E Shi ni chi havi a fei to um punhado de previ s ões .
E ntão el a ol hou para os ol hos azui s e s uaves da vel ha mul her, e s oube
que o que mai s i mportava agora não eram verdades ou menti ras , mas
s i mpl es mente dar um conforto à M eredi th. E l a ergueu os ol hos para Stefan,
enquanto ai nda es tava abraçando M eredi th, e vi u o mes mo ol har em s eus
ol hos .
E i s s o, de al guma forma, fez com que el a s e s enti s s e mel hor.
Porque, s e fos s e verdade es s e lance de “s em mai s s egredos ”, então el a
teri a que des cobri r s eus s enti mentos s obre Damon. E el a ti nha mai s medo
di s s o do que de encarar Shi ni chi , o que era de s e es perar, na verdade.
— Pel o menos , temos o i ns trumento para s e fazer cerâmi ca... E m al gum
l ugar. — A Sra. Fl owers es tava di zendo. — E u tenho um fogãozi nho também,
embora el e es tej a coberto de Devi l ’s Shoes tri ng. Cos tumava fazer vas i nhos e
col ocá-l os no l ado de fora da pens ão, mas aí vi eram as cri anças e os
des truí ram. Acho que pos s o fazer um j arro i gual ao que você vi u s e você puder
des enhá-l o para mi m. M as , tal vez, s ej a mel hor es perar pel as fotos do Sr.
Sal tzman.
M att es tava murmurando al go para Stefan.
E l ena não pôde entender até que el a ouvi u a voz de Stefan em s ua mente.
Ele di sse que Damon uma vez lhe contara que essa casa é como uma toca, onde você pode
encontrar qualquer coi sa se procurar comvontade.
Não foi Damon que descobri u i sso! Acho que a Sra. Flow ers havi a di to pri mei ro, e ele só
repassou a mensag em, E l ena retornou ani madamente.
— Quando cons egui rmos as fotos — A Sra. Fl owers es tava di zendo
i ntens amente — podemos pedi r às Sai tou para traduzi rem a es cri ta.
Fi nal mente, M eredi th s e afas tou de E l ena.
— E até l á, podemos rezar para que Bonni e não s e meta em probl emas .
— E l a di s s e, e s ua voz e ros to es tavam cal mos novamente. — E u vou começar
agora.
Bonni e ti nha certeza que podi a fi car l onge de probl emas .
E l a havi a ti do um s onho es tranho... Um, no qual , el a s aí a de s eu corpo e
i a com E l ena para a Il ha da Des graça. Fel i zmente, pareci a s er uma real
experi ênci a fora do corpo, e não al go que el a ti ves s e de refl eti r e tentar
encontrar um s i gni fi cado ocul to. Is s o não queri a di zer que ela es tava
condenada ou coi s a as s i m.
Al ém do mai s , el a cons egui ra s obrevi ver outra noi te no quarto marrom, e
Damon vi ri a bus cá-l a l ogo. M as não antes de el a comprar um bombom. Ou
doi s .
Si m, el a havi a s enti do o gos to de um na hi s tóri a da noi te pas s ada, mas
M ari t era uma meni ni nha tão boazi nha que havi a es perado até o j antar para
comer mai s . O j antar es tava na próxi ma hi s tóri a dos Dus tbi ns , que el a
pl ugara em s ua mente na nes ta manhã. M as havi a o horror ao ver a pequena
M ari t experi mentando s ua pri mei ra caça: um pedaço de fí gado cru, ai nda
fres co. Rapi damente, Bonni e ti rou a E s fera E s tel ar de s ua têmpora, e havi a
determi nado a não fazer nada que pudes s e l evá-l a ao cani bal i s mo.
M as então, compul s i vamente, el a es taca contando o s eu di nhei ro. E l a
ti nha di nhei ro. E l a s abi a onde era a l oj a. E i s s o s i gni fi cava… Ir às compras !
Quando o horári o de i r ao banhei ro chegou, el a teve uma convers i nha
com o garoto que geral mente a l evava ao banhei ro externo. Des s a vez, el a o
dei xara bas tante corado e após dar-l he um puxão na orel ha, el a i mpl orou para
que el e des s e a chave para que el a fos s e s ozi nha — como s e el a j á não
s oubes s e o cami nho. E l e cedeu e a dei xou i r, s ó pedi ndo para que s e
apres s as s e.
E el a s e apres s ou... Indo para o outro l ado da rua, adentrando na l oj i nha,
que chei rava a chocol ate e caramel o puxado a mão, al ém de outros chei ros
del i ci os os que el a teri a des coberto de ol hos vendados .
E l a também s abi a o que queri a. E l a pôde i magi ná-l o com bas e na
hi s tóri a, s em fal ar no s abor daquel e que M ari t havi a comprado.
O bombom era redondo como uma amei xa, e el a j á havi a experi mentado
tâmaras , amêndoas , al gumas es peci ari as , mel ... E al gumas pas s as ,
também. Devi a cus tar s omente ci nco dól ares , de acordo com a hi s tóri a, mas
Bonni e havi a l evado cons i go qui nze, no cas o de al guma emergênci a.
Uma vez l á fora, Bonni e ol hou cautel os amente à s ua vol ta. Havi a mui tos
cl i entes na l oj a, tal vez s ei s ou s ete. Uma meni na com cabel o cas tanho es tava
us ando os mes mos trapos que Bonni e, e pareci a exaus ta. Di s farçadamente,
Bonni e avançou em s ua di reção e col ocou uma nota de ci nco na mão rachada da
garota, pens ando: Aqui ... Agora, el a poderá comprar um bombom também; i s s o
deve ani má-l a.
E ani mou: a garota deu-l he o ti po de s orri s o que a M ãe Dus ti n mui tas
vezes teri a dado à M ari t, cas o el a ti ves s e fei to al go adorável .
Será que devo fal ar com el a?
— Aqui parece bem movi mentado. — E l a s us s urrou, A garota s us s urrou
de vol ta:
— Tem es tado mes mo. Ontem, eu fi quei es perando o di a todo, mas
s empre apareci a um nobre quando outro s aí a.
— Quer di zer que você tem que es perar a l oj a es tar vazi a para...?
— M as é cl aro... A menos que você es tej a comprar al go para s eu amo.
— Qual o s eu nome? — Bonni e s us s urrou.
— Kel ta.
— Sou Bonni e.
Ni s s o, Kel ta expl odi u em gargal hadas s i l enci os as e convul s i vas .
Bonni e s e s enti u ofendi da.
E l a havi a dado a Kel ta um bombom... Ou ao menos , o preço de um, e
agora a garota es tava ri ndo del a.
— Des cul pe. — Kel ta di s s e quando s ua cri s e pas s ou. — M as você não
acha engraçado que, nes te tempo, mui tas garotas mudaram s eus nomes para
Al i anas , M ardeths e Bonnas ? Até al guns es cravos ti veram permi s s ão de
mudar.
— M as por quê? — Bonni e s us s urrou com verdadei ro e es panto. Kel ta
di s s e:
— Por quê? Para fi car i gual à hi s tóri a, é cl aro. Para s er nomeada as s i m
depoi s que el as mataram a vel ha Bl oddeuwedd enquanto el a voava
enl ouqueci da pel a ci dade.
— Is s o foi i mportante?
— Você não s abe? Depoi s que el a morreu, todo o s eu di nhei ro foi para o
qui nto s etor, onde vi veu; e há tanto di nhei ro que s e pôde cri ar um feri ado. E u
s ou de l á. E cos tumava ter tanto medo quando era mandada para envi ar uma
mens agem ou coi s a pareci da depoi s de es curecer, porque el a poderi a es tar
aci ma de você e você nem ao menos s aber, até... — Kel ta havi a col ocado todo s eu
di nhei ro em um bol s o e então i mi tou o com s ua mão i nocente uma garra.
— M as você é uma Bonna de verdade. — Kel ta di s s e, mos trando dentes
branquí s s i mos ao i nvés de s uj os . — Pel o menos , é o que você di z.
— Si m, — Bonni e di s s e, s enti ndo-s e vagamente tri s te. — Sou Bonna,
i s s o aí ! A s egui r, el a s e i l umi nou.
— A l oj a es tá vazi a! Vazi a! Oh, você é s i nôni mo de boa s orte, Bonna!
E s ti ve aqui es perando por doi s di as .
E l a s e aproxi mou do bal cão com uma fal ta de medo que fora encoraj ador
para Bonni e. E ntão, el a pedi u al go chamado gel ati na de s angue que l embrava
à Bonni e aquel es pacoti nhos de Jel l -O{3} , com al go bem es curo dentro. Kel ta
s orri u para Bonni e embai xo de s eus l ongos e des penteados cabel os e foi
embora.
O homem que gerenci ava a l oj a de doces conti nuava ol hando para a porta,
cl aramente es perando que al guém que fos s e l i vre — um nobre — entras s e.
Nenhum entrou, entretanto, e por fi m el e vi rou-s e para Bonni e.
— E o que você quer? — E l e exi gi u.
— Só um bombom, por favor? — Bonni e tentou fazer com que s ua voz não
tremes s e. O homem es tava entedi ado.
— M e mos tro o s eu pas s aporte. — E l e di s s e bem i rri tado.
Foi nes te momento que Bonni e, de repente, s oube que tudo es tava i ndo
mui to errado.
— Vamos , vamos , me mos tre! — Ai nda ol hando para s eus l i vros de
contabi l i dade, o homem es tal ou os dedos .
E nquanto i s s o, Bonni e corri a s ua mão pel os s eus trapos , no qual el a
s abi a que não havi a um bol s o, quem di rá um pas s aporte.
— M as eu pens ei que não fos s e preci s o, exceto para atraves s ar os
s etores . — E l a bal buci ou fi nal mente. O homem, agora, i ncl i nou-s e s obre
bal cão.
— E ntão, me mos tre o s eu pas s aporte de l i berdade. — E l e di s s e.
E ntão, Bonni e fez a úni ca coi s a que pôde pens ar. E l a vi rou-s e e correu,
mas antes que pudes s e chegar à porta el a s enti u uma ardênci a, s egui da de
uma dor, nas cos tas ; então, tudo fi cou embaçado e el a nunca s oube quando
deu de cara com o chão.
15
Bonni e acordou l entamente, e s e vi u num l ugar es curo.
E ntão, el a des ej ou não ter acordado. E l a es tava em um l ugar s em portas
— com paredes que bl oqueavam o hori zonte onde o Sol pendi a-s e para s empre.
Ao s eu redor havi a mui tas garotas , todas com aproxi madamente a s ua i dade.
Is s o era i ntri gante, para começo de tudo. Se você pegas s e al eatori amente uma
garota na rua, mui tas gri tari am por s uas mães , e não havi a ni nguém al i com
i dade de uma mãe para tomar conta del as . Até que poderi a haver de ter
al gumas mul heres mai s vel has por al i . E s s e l ugar s e pareci a...
… Ai , Deus , pareci a com um daquel es depós i tos de es cravos que el es
havi am pas s ado na úl ti ma vez que vi eram à Di mens ão das Trevas . Aquel es
que E l ena havi a ordenado para que el as não ol has s em ou ouvi s s em ao que
es tava acontecendo. M as Bonni e ti nha certeza de que es tava dentro de um, e
não havi a como ol har para os ros tos , para os ol hos amedrontados ou para as
bocas trêmul as que es tavam ao s eu redor.
E l a queri a fal ar, tentar achar um j ei to — poi s haveri a um j ei to, E l ena
i ns i s ti ri a — de s ai r dal i . M as pri mei ro, el a reuni u todo o s eu Poder ao s eu
comando, envol veu-o em um gri to, e gri tou em s i l ênci o:
Damon! Damon! Socorro! Eu preci so mui to de você!
Tudo que el a ouvi u em res pos ta foi o s i l ênci o.
Damon! É a B onni e! Estou numdepósi to de escravos! Socorro!
De repente, el a teve um pres s enti mento, e abai xou s uas barrei ras
ps í qui cas . E l a foi i medi atamente es magada. M es mo al i , na peri feri a da
ci dade, o ar es tava embargado de mens agens l ongas e curtas : gri tos de
i mpaci ênci a ou de camaradagem, de s audação ou de aj uda. Os mai s l ongos , e
menos i mpaci entes , eram convers as , des de i ns truções e provocações até
hi s tóri as .
E l a não pôde acompanhar. Tornou-s e uma onda ameaçadora de s ons
ps í qui cos que poderi am quebrar s ua cabeça, ou es magá- l a em um mi l hão de
pedaci nhos .
E então, de repente, todo o tumul to tel epáti co des apareceu.
Bonni e era capaz de focar s eus ol hos em uma garota l oi ra, um pouco
mai s vel ha que el a e quas e quatro centí metros mai s al ta.
— E u di s s e, você es tá bem? — A garota es tava repeti ndo; obvi amente, el a
es tava di zendo i s s o fazi a um bom tempo.
— Si m. — Bonni e di s s e automati camente. Não! Bonni e pens ou.
— Você deve s e preparar para andar. E l es s oaram o pri mei ro api to para o
j antar, mas você pareci a mei o des l i gada. E u es perarei pel o s egundo.
O que eu devo di zer? Obri g ada pareci a s ati s fatóri o.
— Obri gada. — Bonni e di s s e.
E ntão, s ua boca di s s e por conta própri a:
— Onde es tou?
A l oi ra pareci a s urpres a.
— No depós i to de es cravos fugi ti vos , é cl aro. Bem, aí es tá.
— M as eu não fugi . — E l a protes tou. — E s tava i ndo atrás de um
bombom.
— E u não s ei de nada. E u es tava tentando fugi r, mas el es fi nal mente
me capturaram. — A garota bateu o punho em s ua outra mão aberta. — E u
s abi a que não devi a ter confi ado naquel e carregador de l i tei ras . Trouxe-me
di reto às autori dades , me enganando des caradamente.
— Quer di zer que você havi a abai xado a corti na das l i tei ras ? — Bonni e
es tava perguntando, quando um api to es tri dente a i nterrompeu.
A l oi ra pegou s eu braço e começou a arras tá-l a para l onge.
— E s s e é o s egundo api to para o j antar... Não queremos perder es s e,
porque depoi s el es fecham tudo. Sou E ren. Você é?
— Bonni e.
E ren bufou e s orri u.
— Por mi m, tudo bem.
Bonni e dei xou-s e s er l evada es cada aci ma, para uma cafeteri a s uj a. A
l oi ra, quem pareci a s e cons i derar a guardi ã de Bonni e, pegou para el a uma
bandej a e a puxou cons i go. Bonni e não pegou nada do que el es ti nham, nem
mes mo vetar s obre o macarrão que s e contorci a um pouco, mas no fi m el a
cons egui u roubar um pãozi nho extra.
Damon!
Ni nguém havi a di to que el a não podi a fi car mandando mens agens ,
então el a conti nuava fazendo i s s o. Se el a fos s e s er puni da, el a pens ou
des afi adoramente, el a s eri a por tentar s ai r dal i .
Damon, estou numdepósi to de escravos! Aj ude-me!
A Loi ra E ren pegou um garfo, então Bonni e fez o mes mo. Não havi a
facas . Havi a fi nos guardanapos , o que dei xou Bonni e al i vi ada, poi s eram l á
que o M acarrão Contorci do termi nari a.
Sem E ren, Bonni e nunca teri a encontrado um l ugar nas mes as , que
es tavam abarrotas de j ovens garotas comendo.
— Vai pra l á, vai pra l á. — E ren conti nuava di zendo, até que houve
es paço para Bonni e e el a. O j antar era o tes te de coragem de Bonni e... E
também o quão al to el a poderi a gri tar.
— Por que você es tá fazendo i s s o tudo por mi m? — E l a di s s e em di reção
ao ouvi do de E ren, quando houve uma paus a naquel as convers as
ens urdecedoras .
— Ah, bem, por você s er rui va e tudo o mai s … Col oquei na cabeça a
mens agem de Al i ana, você s abe. Aquel a para a Bonny real . — E l a
pronunci ava es tranhamente, mei o que engol i ndo o “y”, mas pel o menos não
era Bonna.
— Qual del as ? Quero di zer, qual mens agem? — Bonni e gri tou. E ren
deu-l he um ol har de você-está-de-g ozação.
— Aj ude quando puder, acol ha quando ti ver um quarto, gui e quando você
s ouber aonde i r. — E l a di s s e numa es péci e de canto i mpaci ente, então,
envergonhada, acres centou: — E s ej a paci ente com os mai s l entos .
E l a atacou s ua comi da com ar de quem havi a di to tudo que ti nha para s e
di zer. Ai , Deus , Bonni e pens ou. Al guém devi a ter i nventado e es pal hado por
aí .
E l ena nunca havi a di to al go como i s s o.
Si m, mas ... M as tal vez el a tenha vi venci ado tudo aqui l o, Bonni e pens ou,
um formi gamento pas s ando por todo o s eu corpo. E tal vez al guém havi a vi s to e
es cri to as pal avras . Pode ter s i do aquel e cara com aparênci a es tranha que el a
ti nha dado s eu bri ncou ou bracel ete, ou coi s a as s i m. E l a havi a dado s eus
bri ncos às pes s oas que pos s uí am cartazes , também. Cartazes que di zi am:
FAÇO POE SIA E M TROCA DE COM IDA.
O res to do j antar foi de pegar a comi da com o garfo e não ol har para el a,
mas ti gar uma vez, e então deci di r de cus pi a no guardanapo ou tentava engol i r
s em nem ao menos s enti r o s abor.
Depoi s , as garotas foram marchando em di reção ao outro prédi o, es s e
chei o de pal etes de madei ra, pequenos e não tão confortávei s enquanto Bonni e
es tava dei tada s obre el es . Agora, el a ti nha medo de tentar s ai r do quarto. Lá,
el a es tava s egura, el a teri a comi da que s e pudes s e comer, poderi a s e di verti r
— até mes mo os Dus tbi ns eram uma l embrança boa e boni ta... E el a teri a a
chance de Damon encontrá-l a. Aqui , el a não ti nha nada.
M as E ren pareci a ter al guma i nfl uênci a hi pnóti ca nas garotas ao s eu
redor, ou todas a cons i deravam a própri a Al i ana, poi s quando el a gri tou “Onde
tem um pal ete? Tenho uma garota nova no meu quarto. Vocês acham que el a
vai dormi r nes te chão i mundo?” l ogo apareceu um pal ete poei rento que foi
pas s ado de mão em mão até o “quarto” de E ren: um grupo de pal etes que ti nha
s uas cabeças próxi mas uma das outras , no mei o da s al a. E então, E ren
entregou a Bonni e um guardanapo.
— É dando que s e recebe. — E l a di s s e fi rmemente, e Bonni e s e
perguntou s e el a pens ava que Al i ana havi a di to i s s o também. Um api to
es tri dente.
— Dez mi nutos para as l uzes s e apagarem. — Gri tou uma voz rouca. —
Quem não es ti ver em s eu pal ete em dez mi nutos , s erá puni da. Amanhã a
s es s ão C s ubi rá.
— Tudo bem! E s taremos s urdas antes mes mo de s ermos vendi das . —
E ren murmurou.
— Antes mes mo de s ermos vendi das ? — Bonni e repeti u es tupi damente,
mes mo el a j á s abendo o que aconteceri a, des de o pri mei ro momento em que
el a havi a reconheci do es te depós i to de es cravos .
E ren vi rou e cus pi u.
— Si m. — E l a di s s e. — As s i m, você poderá ter outro col aps o, e então
acabou. Só i rão duas por cl i ente, e amanhã você des ej ará s er uma del as .
— E u não i a perguntar i s s o. — Bonni e di s s e, com toda s ua coragem s ob
s eu control e. — Ia perguntar em como i remos s er vendi das . É um des s es
horrí vei s l ugares públ i cos em que temos que fi car na frente de uma
mul ti dão?
— Si m, é as s i m que a mai ori a de nós es tará. — Uma meni na j ovem,
que es teve chorando s i l enci os amente durante es s e tempo todo, di s s e em uma
voz del i cada. — M as aquel as que el es es col herem como i tens es peci ai s terão
que es perar. E l es nos darão banho e uma roupa es peci al , mas é s omente para
parecermos mai s apres entávei s para os cl i entes . As s i m, os cl i entes podem
nos i nspeci onar bem de perto. — E l a murmurou.
— Você es tá as s us tando a garota nova, Rati nha. — E ren repreendeu. —
Chamamos el a de Rati nha, porque el a s empre es tá com medo. — E l a di s s e à
Bonni e.
Damon!
Bonni e gri tou s i l enci os amente.

***

Damon es tava ves ti ndo s eu novo terno de capi tão da guarda. E s tava bom,
s endo preto s obre preto, com ri s cas pretas um pouco mai s cl aras ( até mes mo
Damon teve que reconhecer a neces s i dade do contras te). E l e ti nha um manto.
E el e era cem por cento vampi ro novamente, tão poderos o e tão chei o de
pres tí gi o que el e j amai s chegou a i magi nar. Por um momento, el e
s i mpl es mente del ei tou-s e com o trabal ho bem fei to.
E ntão, el e fl exi onou s eus mús cul os de vampi ro com mai s força,
chegando onde es tava Jes s al yn, vendo que el a s e encontrava no andar de ci ma,
em um s ono profundo, enquanto l i berava s eu Poder por toda a Di mens ão das
Trevas , para ver o que es tava acontecendo nos di ferentes bai rros .
Jes s al yn... Aí es tava o di l ema. Damon s enti a que devi a dei xar-l he uma
nota ou coi s a pareci da, mas não s abi a ao certo o que di zer.
O que el e poderi a di zer a el a? Que el e havi a i do embora? E l a veri a por s i
mes ma. Que el e s enti a mui to? Bem, obvi amente el e não s enti a mui to por ter
i do embora. Que el e ti nha deveres em outro l ugar? E s pera. Is s o pode até
funci onar. E l e poderi a di zer que preci s ava checar os terri tóri os del a, e ao fi car
aqui , el e duvi dava que pudes s e fazer al go. E l e poderi a di zer que vol tari a...
Logo. Logo, l ogo. Bem l ogui nho.
Damon pres s i onou s ua l í ngua contra um cani no e s enti u com ni ti dez e
grati fi cação o compri mento. E l e queri a mui to experi mentar aquel es
programas de l uta vampí ri cas . E l e queri a caçar, es s a era a verdade. É cl aro,
havi a al i mui to vi nho Bl ack M agi c, bas tava el e parar um s ervo e pedi r um
pouqui nho que l ogo o s ervo trari a uma garrafa. Damon ti nha pegado al gumas
garrafas , uma vez ou outra, mas o que el e queri a mes mo era caçar. Não queri a
um es cravo ou um ani mal, e não pareci a mui to j us to fi car vagando pel as ruas
na es perança de encontrar uma nobre e, as s i m, conhecê-l a mel hor.
Foi nes te momento que el e s e l embrou de Bonni e.
E m ques tão de três mi nutos , el e ti nha tudo pronto, i ncl ui ndo uma
entrega anual de ros as para a pri nces a em s eu nome. Jes s al yn havi a l he dado
um s al ári o bem vantaj os o, e j á ti nha adi antado o pri mei ro pagamento.
E m outros ci nco mi nutos , el e es tava voando, embora i s s o fos s e um j ei to
bem mal -educado de s e agi r na ci dade, e parou na área de comérci o.
Dentro de qui nze mi nutos , el e ti nha em s uas mãos o pes coço da dona de
onde Bonni e es tava, no qual el e havi a pagado bas tante para que el a
es queces s e tudo o que havi a aconteci do.
Dezes s ei s mi nutos depoi s , a mul her ofereci a cruel mente a vi da de s eu
j ovem e não tão i ntel i gente es cravo como recompens a. E l e ai nda es tava us ando
s eu uni forme de capi tão da guarda. E l e poderi a matar o garoto, torturá-l o, fazer
o que qui s er... E l e poderi a até ter s eu di nhei ro de vol ta...
— E u não quero o s eu es cravo i mundo. — E l e ros nou. — E u quero a
mi nha de vol ta! E l a val e... E l e parou, tentando cal cul ar quantas meni nas
comuns Bonni e val i a. Cem? M i l ?
—... E l a val e i nfi ni tamente mai s ! — E l e havi a começado, quando a
mul her o s urpreendeu ao i nterrompê-l o.
— Por que você a dei xou num l i xão como es s e, então? — el a di s s e. — Ah,
s i m, eu s ei como é a aparênci a do meu es tabel eci mento. Se el a é as s i m tão
preci os a, porque você a dei xou aqui ?
Porque el e a havi a dei xa nes te l ugar? Damon não podi a pens ar ni s s o
agora. E l e es tava em pâni co, mei o que fora de control e... Is s o que dá s er
humano outra vez. E l e es teve s ó pens ando em s i mes mo, enquanto a
Bonni ezi nha — a frági l Bonni e, o s eu pas s ari nho — es teve pres a em um
l ugar i mundo. E l e não queri a conti nuar a pens ar ni s s o. Is s o fez com que s e
s enti s s e quente e fri o ao mes mo tempo.
E l e mandou que fi zes s em uma procura nos prédi os vi zi nhos . Al guém
ti nha que ter vi s to al guma coi s a.
Bonni e havi a acordado bem cedo, s eparando-s e de E ren e Rati nha. E l a
i medi atamente teve uma vontade de perder o control e, de ter um col aps o, tudo
de uma vez. E l a es tava s e tremendo toda.
Damon! Socorro!
E ntão, el a vi u uma garota que não cons egui a l evantar de s eu pal ete, e
vi u uma mul her com braços de homem vi ndo com uma vara de ci nzas brancas
para apl i car a puni ção.
E então, al go pareceu pas s ar pel a mente de Bonni e. E l ena ou M eredi th
teri am tentado detê-l a, ou até tentado s ai r des te l ugar em que el a es tava
pres a, mas Bonni e não cons egui a. A úni ca coi s a que pôde fazer foi não tentar
entrar em col aps o.
E l a ti nha uma mús i ca grudada na cabeça, e não era uma que el a
gos tava, mas se repeti a i nfi ni tamente enquanto os es cravos eram
des umani zados , trans formando-s e em corpos mecâni cos , mas l i mpos , e s em
mentes .
E la es tava s endo l i mpa i mpi edos amente por duas mul heres
mus cul os as , cuj a toda s ua vi da, s em dúvi da, cons i s ti a em es fregar meni nas
de rua encardi das para parecem boni tas — pel o menos , por uma noi te. M as
fi nal mente s eus protes tos fi zeram com que as mul heres ol has s em para el a
— para s ua l i mpa e quas e trans l úci da pel e — e então el as s e concentraram
em l avar s eu cabel o, mas mai s pareci a que el es es tavam s endo arrancado de
s uas raí zes . Fi nal mente, el a es tava pronta e l he fora dado uma toal ha
adequada para s e s ecar. A s egui r, no que el a percebeu que pareci a mai s uma
l i nha grande de montagem, genti s mul heres rechonchudas ti raram-na a
toal ha, col ocaram-na em um s ofá e começaram uma mas s agem com ól eo. Jus to
quando el a es tava começando a s e s enti r mel hor, el a foi empurrada para que o
ól eo fos s e removi do, exceto o que havi a penetrado em s ua pel e. M ul heres ,
então, apareci am, chamando cada uma por um número, onde l ogo Bonni e fora
encami nhada para um guarda-roupa, onde três ves ti dos a es peravam em um
cabi de. Havi a um preto, um verde e um ci nza.
E u vou pegar o verde por caus a do meu cabel o, Bonni e pens ou s em
demons trar expres s ão, mas depoi s de el a ter experi mentado os três , uma
mul her havi a l evado o verde e o ci nza, dei xando Bonni e com aquel e ves ti di nho
preto e chei o de bol has , s em al ça, com um toque bri l hante de al gum ti po de
materi al branco no pes coço.
Logo à frente havi a uma grande s al a de banhei ros , onde s eu ves ti do fora
cui dados amente coberto por um robe. E l a foi l evada a uma cadei ra com s ecador
de cabel o e vári os ti pos de maqui agem, no qual uma mul her com roupa branca
havi a apl i cado em exces s o no ros to de Bonni e.
E ntão, enquanto o s ecador bal ançava s obre s ua cabeça, Bonni e, com um
l enço roubado, atreveu-s e a ti rar um pouco de maqui agem. E l a não queri a
parecer boni ta, não queri a s er vendi da. Quando el a termi nou, el a ai nda ti nha
cí l i os prateados , um toque de bl us h e batom avel udado ros a-avermel hado que
não queri am s ai r.
Só depoi s de el a ter penteado s eu cabel o com as mãos até que el es
fi cas s em s ecos é que a anti ga máqui na fez o s eu pi ng . A próxi ma es tação era
quas e i gual ao Di a de Ação de Graças dentro de uma l oj a de s apatos . As
meni nas mai s fortes ou as mai s determi nadas cons egui am os mel hores
s apatos de s uas i rmãs mai s fracas e perdi das , cons egui ndo col ocar s omente
um s ó s apato no pé, e as s i m recomeçava o proces s o novamente. Bonni e es tava
com s orte. E l a vi u um pequeno s apato preto que ti nha um arco l i gei ramente
prateado des cend até a rampa e manteve s eus ol hos nel e enquanto el e pas s ava
de meni na e meni na, até que al guém os dei xou cai r e mergul hou e os
experi mentou.
E l a não s abi a o que havi a fei to até que percebeu que o s apato coube. M as
coube, e el a foi para a próxi ma es tação para pegar o próxi mo par. E nquanto el a
es tava es perando, outras garotas es tavam experi mentando perfumes .
Bonni e vi u garotas es condendo doi s fracos de perfume em s eus
es parti l hos e s e perguntou s e el as i ri am vendê-l os ou s e envenenar com el es .
Havi a fl ores também.
Bonni e j á es tava tonta com tanto perfume e deci di u não us ar nenhum,
mas uma mul her al ta borri fou al go por ci ma de s ua cabeça e uma fragrânci a
de morango s i l ves tre fora fi xado em s eus cachos , s em ni nguém ao menos ter
pedi do.
A úl ti ma es tação era a mai s di fí ci l de s uportar. E l a não es tava us ando
nenhuma j ói a e teri a pos to s omente um bracel ete para combi nar com o ves ti do.
M as foram l he dado doi s : bracel etes de pl ás ti cos fi nos e i nquebrávei s , cada
um com um número — s ua i denti dade a parti r de agora, l he contaram.
Bracel etes de es cravos . E l a havi a s i do l avada, embal ada e cari mbada,
para que pudes s e s er conveni entemente vendi da.
Damon!
E l a gri tou s em voz, mas al go dentro del a havi a morri do, e el a s oube que
s uas chamadas não s eri am res pondi das .
— E l a foi recol hi da como uma es crava fugi ti va e foi confi s cada. — O
homem da l oj a de doces di s s e a Damon i mpaci entemente. — E i s s o é tudo que
eu s ei .
Damon s ai u com um s enti mento que el e não experi mentava geral mente.
M ui to medo. E l e es tava começando a acredi tar que todo es s e tempo fora
perdi do; que el e nunca cons egui ri a s al var o s eu pas s ari nho. Que el a veri a
cenári os terrí vei s antes que el e pudes s e s al vá-l a.
E l e não podi a fi car perdendo tempo vi s ual i zando tai s coi s as . O que el e
fari a s e não a encontras s e a tempo...?
E l e es tendeu a mão e s em o menor es forço agarrou a garganta do homem
da l oj a de doces , l evantando-o do chão.
— Preci s amos bater um papi nho. — E l e di s s e, mos trando s eus ol hos
ameaçadores para os es bugal hados de s ua pres a. — Sobre como el a fora
confi s cada. Nem tente l utar. Se você não machucou a meni na, você não tem o
que temer. Cas o contrári o...
E l e puxou o homem aterrori zado pel o bal cão e di s s e genti l mente:
— Cas o contrári o, então, teremos probl emas . De qual quer forma, não fará
di ferença al guma no fi m... Se é que você me entende.
As garotas foram pos tas nas mai ores carruagens que Bonni e j á vi ra na
Di mens ão das Trevas , três magras meni nas s entadas em doi s bancos
es trei tos em cada carruagem. E l e teve um s obres s al to des agradável , porém,
quando percebeu que aquel a coi s a s eri a puxada por s uados es cravos nos
cantos . E ra l i tei ra gi gante e Bonni e i medi atamente enterrou s eu nari z no
aroma de morango s i l ves tre em s eus cabel os .
Havi a uma função adi ci onal ao fazer i s s o: es conder s uas l ágri mas .
— Você tem al guma i dei a em quantas cas as , hal l s , s al ões de dança e
teatros as garotas s erão vendi das es ta noi te? — A Guardi ã com cabel o l oi ro
dourado di s s e para el e i roni camente.
— Se eu s oubes s e, — Damon di s s e com s eu s orri s o fri o e s i ni s tro. — E u
não es tari a aqui perguntando a você. A Guardi ã deu de ombros .
— Nos s o trabal ho é s omente manter a paz por aqui ... E você pode ver como
s omos bem s ucedi dos . É um trabal ho para pouco de nós ; es tamos com fal ta de
pes s oal . M as pos s o te dar uma l i s ta de l ocai s onde as garotas s erão vendi das .
Ai nda as s i m, como eu di s s e, duvi do que você s ej a capaz de encontrar s ua
fugi ti va antes de amanhecer. A propós i to, es tamos de ol ho em você, por caus a
des s es s eus cri téri os de procura. Se s ua fugi ti va não for uma es crava, el a s erá
propri edade Imperi al ... Nenhum humano é l i vre aqui . Se el a for, e você a
l i bertou, conforme fora reportado pel o padei ro do outro l ado da rua...
— Vendedor de doces .
— Que s ej a. E ntão, el e teve todo o di rei to de us ar uma arma
tranqui l i zante quando el a correu. M el hor pra el a, verdade, do que s er
propri edade Imperi al ; el es cos tumam s er rudes , s e é que você entende. E m
ní vei s cada vez mai s bai xos .
— M as s e el a fos s e uma es crava... Mi nha es crava…
— E ntão, você pode l evá-l a. M as há uma certa puni ção obri gatóri a antes
que você pos s a tê-l a. Queremos des es ti mul ar es s e ti po de coi s a.
Damon ol hou para el a com ol hos que a fi zeram encol her-s e e ol har para o
l ado, abruptamente perdendo s ua autori dade.
— Por quê? — E l e exi gi u. — Pens ei que você ti nha al egado s er da outra
Corte. A Cel es ti al , s abe?
— Queremos des encoraj ar fugas por que houve mui tas des de que uma
meni na chamada Al i anna chegou. — A Guardi ã di s s e, s ua vei a vi s i vel mente
em s ua têmpora. — E então, el es s ão capturados e há mai s razões para s e
tentar novamente... E todas es tão l i gadas à garota, eventual mente.
***

Não havi a ni nguém no Grande Sal ão quando Bonni e e as outras garotas


foram empurradas das grandes l i tei ras para o prédi o.
— É um prédi o novo, então não es tá nas l i s tas . — Rati nha di s s e,
i nes peradamente em s eu ombro. — Não haverá mui tas pes s oas que s aberão
di s s o, então s ó fi cará chei o bem mai s tarde, quando a mús i ca tocar bem al to.
Rati nha pareci a es tar s e agarrando nel a em bus ca de conforto. Is s o era
bom, mas Bonni e preci s ava de al gum conforto para s i s ó. No mi nuto s egui nte,
el a vi u E ren e, trazendo Rati nha cons i go, el a s e di ri gi u em di reção à l oi ra.
E ren es tava parada com as cos tas contra a parede.
— Bem, podemos fi car por aí como vári as s ol i tári as , — el a di s s e,
enquanto al guns homens s e aproxi mavam. — Ou podemos fi ngi r que
es tamos nos di verti ndo mui to. Al guém conhece uma hi s tóri a?
— Ah, eu conheço. — Bonni e di s s e di s trai damente, pens ando na E s fera
E s tel ar com a Qui nhentas Hi stóri as Para Cri anças.
Ins tantaneamente houve um tumul to.
— Conte!
— Si m, por favor, conte!
Bonni e tentou pens ar nos contos de fadas que havi a experi mentado. É
cl aro. Havi a aquel a s obre o tes ouro ki ts une.
16
— E ra uma vez — Começou Bonni e. — um cas al de garotos ... E l a foi
i medi atamente i nterrompi da.
— Quai s eram os s eus nomes ?
— E l es eram es cravos ?
— Onde el es vi vi am?
— E l es eram vampi ros ?
Bonni e quas e es queceu de s ua s i tuação e ri u.
— Seus nomes eram... Jack e… Ji l l . E l es eram ki ts une, e vi vi am bem ao
norte, na s eção ki ts une ao redor das Grandes Frontei ras ... — E el a conti nuou,
embora houves s e al gumas i nterrupções , contando a hi s tóri a que el a
cons egui ra da E s fera E s tel ar.
— E ntão — Bonni e concl ui u nervos amente, enquanto abri a s eus ol hos e
percebi a que havi a atraí do a atenção de uma mul ti dão com s ua hi s tóri a. —,
es s a é a hi s tóri a dos Sete Tes ouros , e... E acho que moral é: não s ej a mui to
gananci os o, ou você acabará termi nando s em nada.
Houve mui tos ri s os , al guns ri s i nhos nervos os das garotas e um ti po de
ri s ada “Haw! Haw! Haw!” das pes s oas atrás del as . No qual , Bonni e percebeu
que eram todas de homens .
Uma parte de s ua mente começou, i ncons ci entemente, a trabal har no
modo de paquera.
Outra parte des i s ti u da i dei a i medi atamente. E s s es não eram garotos à
procura de uma dança; es s es eram ogros , vampi ros , ki ts unes e até mes mo
homens com bi gode — e el es queri am comprá-la com o s eu ves ti do preto de
bol has , e por mai s boni to que fos s e o ves ti do, não era nada comparado com
aquel es l ongos e preci os os que Lady Ul ma fi zera para el as . E ntão, el as
vi raram pri nces as , us ando j ói as que val i am uma fortuna em s uas gargantas ,
pul s o e cabel o — al ém di s s o, el as es tavam protegi das s empre que as us avam.
M as agora, el a es tava us ando al go que l he caí a como uma cami s ol a baby
dol l e pequenos e del i cados s apatos com arcos prateados . E el a não es tava
protegi da por que es s a s oci edade di z que você preci s a ter um homem para s er
protegi da, e o pi or... E l a era uma es crava.
— E u me pergunto — di s s e um homem de cabel os dourados , movendo-
s e através das meni nas ao s eu redor, todas s ai ndo de s eu cami nho
rapi damente, exceto por Rati nha e E ren. — s e você i ri a comi go l á em ci ma e,
tal vez, me contas s e uma hi s tóri a... E m parti cul ar.
Bonni e tentou engol i r s eu s us pi ro. Agora, el a era a úni ca que es tava
dependurada em Rati nha e E ren.
— Todos os pedi dos devem vi r di rei tamente para mi m. Ni nguém l eva
uma garota para fora da s al a a menos que eu aprove.
— Anunci ou uma mul her com ves ti do de compri mento al to, com uma
cara quas e i dênti ca a de uma M adonna s i mpáti ca. — Is s o s eri a cons i derado
roubo das propri edades de mi nha patroa. E tenho certeza que ni nguém vai
querer s er pres o por s er pego carregando um troféu. — E l a di s s e e ri u
brevemente.
Houve outras ri s adas breves também, e movi mentos em di reção à
mul her — quas e como uma corri da cortês .
— Você conta boas hi s tóri as . — Rati nha di s s e em s ua voz del i cada. — É
mai s di verti do do que us ar uma E s fera E s tel ar.
— A Rati nha aqui es tá certa. — E ren di s s e, s orri ndo. — Você conta
mes mo boas hi s tóri as . Pergunto-me s e es s e l ugar real mente exi s te.
— Bem, eu ti rei a hi s tóri a de uma E s fera E s tel ar. — Bonni e di s s e. —
Uma em que a garota... H’mmm, Ji l l , col ocou s uas memóri as , eu acho... M as
então, como i s s o foi s ai r da torre? Como el a s abi a o que aconteceu com o Jack? E
l i uma hi s tóri a s obre um dragão gi gante que pareci a bem real também. Como
el es fi zeram i s s o?
— Ah, el es te enganaram. — E ren di s s e, agi tando a mão
i ndi ferentemente. — E l es ti nham al guém que fora para um l ugar bem fri o
para cri ar o cenári o... Um ogro, provavel mente, por caus a do tempo.
Bonni e concordou. E l a j á havi a vi s to pel e de ogro mal va antes . E l es s ó
eram di ferentes dos demôni os no ní vel de es tupi dez. E nes te ní vel , el es
tendem a s er es túpi dos perante a s oci edade, e el a ouvi ra Damon di zer que
aquel es que não es tavam pres entes na s oci edade eram contratados por caus a
de s eus mús cul os . Para s erem bandi dos .
— E el es fi ngi ram o res to, de al gum j ei to... E u não s ei . Nunca pens ei a
res pei to. — E ren ol hou para Bonni e. — Você é bem es tranha, não é, Bonny?
— Sou? — Bonni e perguntou.
E l a e as duas garotas deram mei a-vol ta, s em s ol tarem as mãos . Is s o
dei xou um es paço atrás de Bonni e. E l a não gos tava di s s o. M as também el a
não gos tava de s er uma es crava. E l a es tava começando a hi perventi l ar. E l a
queri a M eredi th. E l a queri a E l ena. E l a queri a sai r dali .
— H’mmm… Vocês , meni nas , não vão querer mai s s e as s oci ar comi go
então. — E l a di s s e i nconfortavel mente.
— Hã? — Di s s e E ren.
— Por quê? — Perguntou Rati nha.
— Porque vou s ai r por aquel a porta. Tenho que dar o fora. E u tenho.
— M eni na, cal ma. — E ren di s s e. — Conti nue res pi rando.
— Não, vocês não entendem. — Bonni e abai xou s ua cabeça, para
es conder-s e do mundo. — Não pos s o pertencer a al guém. E u vou endoi dar.
— Shh, Bonny, el es vão...
— E u não pos s o fi car aqui . — Bonni e expl odi u.
— Bem, s erá mel hor começarmos . — Uma voz terrí vel , bem em s ua
frente, di s s e. Não! Ai , Deus . Não, não, não, não, não!
— Quando começamos em um novo negóci o, trabal hamos arduamente. —
A voz da mul her que pareci a a M adonna di s s e. —
Procuramos por cl i entes em potenci al . Não s omos rudes , ou s omos
puni dos .
E mes mo que s ua voz fos s e doce como uma torta de noz, Bonni e s oube, de
al gum j ei to, que aquel a voz ás pera que gri tara na noi te pas s ada para que el as
achas s em um pal ete ai nda conti nua al i ; era a mes ma mul her.
E agora havi a uma mão s obre s eu quei xo e Bonni e não pôde l utar contra a
força do es tranho que empurrava s ua cabeça para ci ma, nem pôde cobri r s ua
boca quando el a começou a gri tar.
E m s ua frente, com orel has del i cadas e pontudas de rapos a, e uma
cauda que varri a o chão, mas ai nda com parecendo humano, com aparênci a de
uma cara normal ves ti ndo j eans e s uéter, es tava Shi ni chi .
E dentro de s eus ol hos , el a pôde ver uma pequena chama es carl ate que
s ó combi nava com a ponta de s ua cauda e s eu cabel o que caí a s obre a
s obrancel ha.
Shi ni chi . E l e es tava al i . É cl aro que el e podi a vi aj ar entre di mens ões ;
el e ai nda ti nha uma E s fera E s tel ar i ntacta que o grupo de E l ena não pôde
encontrar, as s i m como aquel as chaves mági cas que E l ena havi a contado à
Bonni e. Bonni e l embrou-s e da noi te terrí vel em que as árvores , árvores de
verdade, s e trans formaram em al go que podi am obedecê-l o. Sobre como el as
agarraram cada braço e perna del es , como s e es ti ves s em pl anej ando arrancá-
l os . E l a pôde s enti r l ágri mas s ai ndo de s eus cí l i os fechados .
E Ol d Wood. E l e havi a control ado cada parte de l á, cada trepadei ra, cada
árvore para que caí s s em em ci ma do s eu carro. Até que E l ena expl odi u tudo,
menos o matagal em Ol d Wood; l á es tava chei o de cri aturas -i ns eto que Stefan
chamada de mal ach.
M as então, as mãos de Bonni e es tavam em s uas cos tas e el a ouvi u al go
rápi do e mui to pareci do com um barul ho de cl i ck.
Não... Ah, por favor, não...
M as s uas mãos es tavam al gemadas . E então, al guém — um ogro ou um
vampi ro — a ergueu enquanto a adorável mul her deu a Shi ni chi uma
pequena chave de s eu mol ho chei o de outras chaves i dênti cas . Shi ni chi
entregou-a para um grande ogro, que ti nha dedos tão grandes que ecl i ps aram
a chave. E então, Bonni e, que es tava gri tando, foi l evada rapi damente quatro
l ances de es cada e uma porta pes ada fora fechada atrás del a. O ogro que a
carregava s egui a Shi ni chi , cuj a cauda es carl ate el egantemente bal ançava com
al egri a de um buraco em s eu j eans , para frente e para trás , para frente e para
trás .
Bonni e pens ou: Que s ati s fatóri o. E l e pens a que j á ganhou o j ogo.
M as a menos que Damon ti ves s e real mente s e es queci do del a, el e
machucari a Shi ni chi por caus a di s s o. Tal vez el e o matas s e. Até que i s s o era
es tranhamente reconfortante. Até mes mo ro...
Não, i s s o não é românti co, s ua i mbeci l ! Você tem que encontrar um j ei to
de s ai r des s a bagunça!
A morte não é românti ca, é horrí vel !
E l es havi am al cançado as úl ti mas portas no fi m do corredor. Shi ni chi
vi rou-s e para a di rei ta e andou até o fi m. Lá, o ogro us ou a chave para abri r a
porta.
A s al a ti nha um abaj ur a gás aj us tável . E s tava bem fraqui nho e
Shi ni chi di s s e numa fal s a voz educada:
— Podemos ter um pouco de i l umi nação, por favor?
E o ogro correu e aumentou ao máxi mo o ní vel de l umi nos i dade.
A s al a era uma es péci e de qui ti nete, do ti po que você des ej a obter em um
hotel decente. E l a ti nha um s ofá e al gumas cadei ras . Havi a uma j anel a,
fechada, no l ado es querdo da s al a. Havi a também uma j anel a do l ado di rei to
da s al a, onde todos os quartos res tantes devi am es tar al i nhados . E s s a j anel a
não ti nha corti nas ou pers i anas que pudes s em s er fechadas e refl eti a o ros to
pál i do de Bonni e de vol ta para el a. E l a s oube i medi atamente o que aqui l o era:
um es pel ho de duas vi as , onde pes s oas do outro quarto pudes s em ver o que
aconteci a nes te aqui s em serem vi s tas . O s ofá e as cadei ras es tavam
pos i ci onados para encará-l a.
Al ém da s al a de es tar, à s ua es querda, es tava a cama. Não era uma
cama mui to chi que, s omente cobertas brancas que pareci am ros as , porque
havi a uma j anel a de verdade daquel e l ado que es tava quas e em l i neamento
com o Sol , que como s empre, pendi a-s e ao hori zonte. Nes te momento, Bonni e
es tava odi ando i s s o mai s do que nunca por que s empre trans formavam as
cores do quarto em ros a ou em vermel ho. E l a i a morrer s aturada com cor de
s angue.
Al go nas profundezas de s ua mente a di s s e que el a es tava pens ando em
coi s as fútei s , que até mes mo pens ar em morrer em cores j uveni s era s ai r do
foco em ques tão: morrer a qual quer momento. O ogro que a carregava a
movi mentou pel a s al a como s e el a não pes as s e nada, e Bonni e conti nuou
pens ando — ou s erá que aqui l o eram premoni ções ? Ai , Deus , tomara que não
s ej am premoni ções ! — em s ai r pel a aquel a j anel a, j ogando-s e, o vi dro não a
i mpedi ndo devi do à força tremenda. Quantos andares el es havi am s ubi do? O
s ufi ci ente, a propós i to, para não haver es peranças de cai r ao chão s em... Bem,
morrer.
Shi ni chi s orri u, des cans ando ao l ado da j anel a vermel ha, bri ncando com
as corti nas .
— E u nem ao menos s ei o que você quer de mi m! — Bonni e encontrou-
s e di zendo a Shi ni chi . — E u nunca fui capaz de te machucar. Sempre foi você
machucando as outras pes s oas … Como eu... O tempo todo.
— Bem, há os s eus ami gos . — M urmurou Shi ni chi . — E mbora eu
raramente apl i que mi nha terrí vel vi ngança em j ovens com cabel os vermel hos
e bri l hantes .
E l e rel axou ao l ado da j anel a e a exami nou, murmurando:
— Cabel os vermel hos e bri l hantes ; coração puro e coraj os o. Tal vez, uma
rabuj enta...
Bonni e s enti u vontade de gri tar. E l e não s e l embrava del a? E l e
certamente pareci a ter s e l embrado de s eus ami gos , j á que el e menci onara
vi ngança.
— O que você quer? — E l a arfou.
— Temo que você s ej a um obs tácul o. E acho você mui to s us pei ta... E
del i ci os a. Jovens com cabel os vermel hos s empre s ão ardi l os as .
Bonni e não pôde encontrar nada para s e di zer. De tudo que el a havi a
vi s to, el a s abi a que Shi ni chi era um mal uco. Um mal uco ps i copata e mui to
peri gos o. E tudo que el e gos tava de fazer era des trui r coi s as .
A qual quer momento, el a poderi a pul ar pel a j anel a — e então el a
es tari a s us pens a no ar. E então começari a a queda. Como s eri a a s ens ação? Ou
el a j á começari a cai ndo? E l a s ó es perava que tudo termi nas s e rapi damente.
— Você aprendeu bas tante s obre o meu povo. — Shi ni chi di s s e. — M ai s do
que a mai ori a.
— Por favor — Bonni e di s s e des es peradamente. — Se es tá s e referi ndo à
hi s tóri a... Tudo que eu s ei s obre ki ts une é que vocês es tão des trui ndo mi nha
ci dade. E ...
E l a parou no mei o da fras e, percebendo que el a não podi a dei xá-l o s aber
s obre o que havi a aconteci do em s ua experi ênci a fora do corpo. E ntão, el a não
podi a menci onar s obre os j arros ou el e s aberi a que el es s abi am como capturá-
l o.
— E vocês não vão parar. — E l a termi nou des aj ei tadamente.
— E ai nda as s i m, você encontrou uma E s fera E s tel ar anti ga com
hi s tóri as s obre tes ouros l endári os .
— Quê? Você quer di zer aquel a pequena E s fera E s tel ar? Ol ha, s e você
me dei xar i r embora, eu a darei a você. — E l a s abi a exatamente onde a havi a
dei xado, também, bem ao l ado de s eu traves s ei ro.
— Ah, nós a dei xaremos i r... No s eu devi do tempo, pos s o l he as s egurar.
— Shi ni chi di s s e com um s orri s o enervante.
E l e ti nha um s orri s o i gual ao de Damon, mas aquel e não s i gni fi cava
“Ol á, eu não vou te machucar.” E s tava mai s para “Al ô! Aí es tá o meu al moço!”
— M e parece... Curi os o. — Shi ni chi conti nuou, ai nda bri ncando com as
corti nas . — M ui to curi os o que, no mei o de nos s a batal ha, você venha aqui à
Di mens ão das Trevas novamente, s ozi nha, s em nenhum temor, e di s pos ta a
barganhar pel a E s fera E s tel ar. Uma es fera que conta a l ocal i zação de nos s os
mai s preci os os tes ouros que foram roubados de nós ... Há mui to, mui to tempo
atrás .
Você não s e i mporta com ni nguém, apenas cons i go mes mo, Bonni e
pens ou. Você age com pos e de patri ota, mas em Fel l ’s Church você não fi ngi u
s e i mportar com al go al ém de machucar pes s oas .
— Na s ua ci dadezi nha, as s i m como nas outras ao l ongo da hi s tóri a, me
fora ordenado a fazer o que eu fi z. — Shi ni chi di s s e, e o coração de Bonni e
mergul hou para os s eus s apatos .
E l e era um tel epata. E l e s abi a o que el a es tava pens ando. E l e a ouvi ra
pens ar a res pei to dos j arros . Shi ni chi s orri u mal i ci os amente.
— Ci dadezi nhas como Unmei no Shi ma preci s am s er varri das da face da
Terra. — E l e di s s e. — Você não vi u o número de l i nhas de Poder embai xo
del a? Outro s orri s o mal i ci os o.
— M as é cl aro, você não es tava realmente l á, então provavel mente não vi u.
— Se você s abe di zer o que es tou pens ando, então você s abe que a hi s tóri a
dos tes ouros é apenas um conto. — Bonni e di s s e.
— E s tava dentro da E s fera E s tel ar chamada Qui nhentas Hi stóri as Para
Cri anças. Não é real.
— Que es tranho que coi nci da exatamente com os Sete Portai s Ki ts une.
— E s tava no mei o de uma pá de hi s tóri as s obre os ... Os Düz-Aht-
Bhi ’i ens . Quero di zer, s ua hi s tóri a anteces s ora fora s obre uma cri ança compra
doces . — Bonni e di s s e. — E ntão, por que você não vai l á e pega a E s fera
E s tel ar ao i nvés de tentar me as s us tar?
Sua voz es tava começando a fi car trêmul a.
— E s tá no prédi o do outro l ado da rua da l oj a em que eu fui ... Deti da. Vai
l á e pegue-a!
— É óbvi o que j á tentamos i s s o. — Shi ni chi di s s e i mpaci entemente. —
A mul her foi bem cooperati va depoi s de termos dado a el a... Uma compens ação.
Não há nenhuma hi s tóri a naquel a E s fera E s tel ar.
— Não é pos s í vel ! — Bonni e di s s e. — Onde eu cons egui ri a es s as
i nformações , então?
— É i s s o que estou perguntando a você. Com o es tômago revi rando, Bonni e
di s s e:
— Quantas E s feras E s tel ares você ol hou dentro do quarto marrom?
Os ol hos de Shi ni chi fi caram embaçados por al guns i ns tantes . Bonni e
tentou ouvi r, mas obvi amente el e es tava fal ando tel epati camente com al guém
al i perto, em uma frequênci a parti cul ar.
Fi nal mente, el e di s s e:
— Vi nte e oi to E s feras E s tel ares , preci s amente.
Bonni e s enti u como s e ti ves s e s i do es pancada. E l a não estava fi cando
l ouca... E l a não estava.
E l a poderi a ter vi venci ado aquel a hi s tóri a. E l a conheci a cada fi s s ura em
cada pedra, cada s ombra na neve. As úni cas al ternati vas eram: ou a
verdadei ra E s fera E s tel ar ti nha s i do roubada, ou... Ou, tal vez, el es não
procuraram o s ufi ci ente naquel as que pos s uí am.
— A hi s tóri a es tá l á. — E l a i ns i s ti u. — Antes , a hi s tóri a é s obre a
pequena M ari t i ndo à...
— Nós s ondamos cada conteúdo. Há uma hi s tóri a s obre uma cri ança e...
— E l e ol hou des denhos o. — Uma l oj a de doces . M as não há outra.
Bonni e s i mpl es mente bal ançou a cabeça.
— E u j uro que es tou di zendo a verdade.
— Por que eu deveri a acredi tar em você?
— Por que i s s o i mporta? Como eu poderi a i nventar al go des te ti po? E por que
eu contari a uma hi s tóri a que sabi a que me col ocari a em probl emas ? Is s o não
faz s enti do.
Shi ni chi ol hou para el a duramente. E ntão, el e deu de ombros , s uas
orel has abai xadas em s ua cabeça.
— Que pena que você conti nua di zendo i s s o.
De repente, o coração de Bonni e es tava batendo bem forte em s eu pei to, e
em s ua garganta apertada.
— Por quê?
— Porque — Shi ni chi di s s e fri amente, abri ndo total mente as corti nas
para que Bonni e fos s e abruptamente encharcada pel a cor de s angue fres co. —
Temo que agora eu tenha que te matar.
O ogro que a s egurava foi em di reção à j anel a. Bonni e gri tou. E m
l ugares como es te, el a s abi a que gri tos não eram ouvi dos . M as el a não s abi a o
que mai s el a poderi a fazer.
17
M eredi th e M att es tavam s entados na mes a de café da manhã, que
pareci a bem vazi a s em Bonni e. E ra i ncrí vel como um corpi nho como el e
pareci a preencher tanto es paço, e como todos fi cavam mai s s éri os s em s ua
pres ença. M eredi th s abi a que s e E l ena ti ves s e s e empenhado mai s , el a
poderi a ter res ol vi do i s s o. M as el a também s abi a que E l ena ti nha outra coi s a
em s ua mente, que es tava aci ma de tudo, e es s a coi s a era Stefan, quem s e
s enti a cul pado por ter dei xado s eu i rmão ter l evado Bonni e cons i go. E ntretanto,
M eredi th também s abi a que tanto el a quanto M att es tavam s e s enti ndo
cul pados também, porque hoj e el es es tari am dei xando a pens ão, mes mo que
fos s e s ó à noi te. Cada um fora convocado pel os s eus pai s para es tarem em cas a
na hora do j antar.
A Sra. Fl owers cl aramente não queri a que el es s e s enti s s em tri s tes .
— Com toda a aj uda que vocês me deram, eu poderei fazer nos s os j arros .
— E l a di s s e. — Já que M att achou a parafernál i a...
— Na verdade, eu não a achei . — M att di s s e bai xi nho. — E l a na
di s pens a o tempo todo e el a cai u em ci ma de mi m.
—… E como M eredi th recebeu as fotos ... Junto, eu pres umo, com um e-
mai l do Sr. Sal tzman... Tal vez el a pos s a dar zoom nel as ou al go as s i m.
— Cl aro; e mos trá-l as para as Sai tou, também, para termos certeza de
que os s í mbol os s i gni fi cam aqui l o de que preci s amos .
— M eredi th prometeu. — E Bonni e pode... E l a parou no mei o da fras e.
Idi ota! E l a era uma i di ota, el a pens ou. E como uma Caçadora, el a devi a
ter a mente fres ca e s empre manter o control e. E l a s e s enti u horrí vel quando
ol hou para M att e vi u que o medo es tava pres ente em s eu ros to.
— A amada Bonni e es tá l ogo, l ogo em cas a. — A Sra. Fl owers termi nou
por el a.
E todos nós s abemos que i s s o é uma menti ra, e eu não tenho que s er
ps í qui ca para detectar i s s o, M eredi th pens ou. E l a percebeu que a Sra.
Fl owers ai nda não havi a di to nada como porta-voz de M ama.
— Nós fi caremos a s al vo aqui . — E l ena di s s e, fi nal mente pegando a
dei xa ao perceber que a Sra. Fl owers a ol hava com um ol har de angús ti a. —
Vocês doi s pens am que s omos doi s bebezi nhos que preci s am de cui dados . —
E l a di s s e, s orri ndo para M att e M eredi th. — M as vocês também s ão! Vazem
daqui ! M as tenham cui dado.
E l es s e foram, M eredi th dando a E l ena uma úl ti ma ol hadel a. E l ena
concordou com a cabeça l evemente, então s e vi rou brus camente, como s e
es ti ves s e s egurando uma bai oneta. E l a es tava em pos i ção de guarda.

***

E l ena dei xou Stefan aj udá-l a a l avar a l ouça — todos o dei xavam fazer
pequenas coi s as agora que el e pareci a bem mel hor. E l es gas taram a manhã
toda tentando entrar em contato com Bonni e, de formas di ferentes . M as então,
a Sra. Fl owers pedi u à E l ena s e el a poderi a pregar as úl ti mas tábuas das
j anel as do porão, e Stefan não s e conteve. M att e M eredi th havi am fei to, até
agora, coi s as bem peri gos as .
E l es penduraram duas l onas na vi ga da cas a, cada uma pendurada de
um l ado de tel hado pri nci pal . E m cada l ona es tavam os caracteres que a mãe
de Is obel havi a col ocado em Pos t-It e l hes dado, es cri tas em l etras grandes e
es curas . Stefan fora permi ti do apenas ol har e dar s uges tões pel a j anel a de
s eu quarto no s ótão. M as agora...
— Pregaremos es s as tábuas j untos . — E l e di s s e fi rmemente, e s ai u
para pegar um martel o e pregos .
Não era um trabal ho di fí ci l , afi nal . E l a s egurou os pregos e Stefan
manej ou o martel o, e el a es perou que el e não acertas s e s eus dedos , o que
s i gni fi ca que el es rapi damente termi nari am o s ervi ço.
E ra um di a perfei to — l i mpo, ens ol arado, com uma l eve bri s a. E l ena s e
perguntou o que es tari a acontecendo com Bonni e, neste momento, e s e Damon
es tava cui dando del a apropri adamente — ou dando ao menos al gum cui dado.
E l a pareci a s er i ncapaz de es quecer s eus probl emas ul ti mamente: s obre
Stefan, Bonni e e até mes mo s obre a ci dade. Tal vez s e el a fugi s s e...
Por Deus, não! Stefan di s s e em s ua mente.
Quando el a vi rou-s e, el e es tava cus pi ndo prego e pareci a tanto
horrori zado quanto envergonhado. Pel o vi s to, el a es teve conj urando s eus
pens amentos .
— Si nto mui to. — E l e di s s e antes que E l ena pudes s e ti rar os pregos de
s ua própri a boca. — M as você s abe mel hor do que ni nguém o porquê de não
poder parti r.
— M as é i rri tante não s aber o que es tá acontecendo. — E l ena di s s e,
depoi s de ter s e l i vrado de s eus pregos . — Não s abemos de nada. O que é que
es tá acontecendo com Bonni e, qual o es tado de nos s a ci dade...
— Vamos termi nar i s s o aqui . — Stefan di s s e. — E então, dei xe-me te
abraçar.
Quando el es termi naram de pregar as tábuas , Stefan ergueu-a, não ao
es ti l o de uma noi va, mas s i m ao es ti l o de uma cri ança, col ocando os dedos do
pé del a em ci ma de s eus pés . E l es dançaram um pouco, rodopi ando al gumas
vezes , e então vol tando ao normal novamente.
— E u conheço o s eu probl ema. — E l e di s s e s obri amente. E l ena ol hou
para ci ma rapi damente.
— Conhece? — E l a di s s e, al armada. Stefan bal ançou a cabeça, e di s s e:
— É exces s o de amor. Si gni fi ca que a paci ente tem mui tas pes s oas com
que s e preocupar, e el a não fi ca fel i z enquanto cada um del es es tej a s ão e
s al vo.
E l ena del i beradamente s ai u de ci ma de s eus pés e ol hou para el e.
— Al guns mai s do que outros . — E l a di s s e hes i tantemente. Stefan
ol hou para el a e s egurou s eus braços .
— E u não s ou tão bom quanto você. — E l e di s s e enquanto o coração de
E l ena bati a com vergonha e remors o por j á ter tocado em Damon, por ter
dançado com el e, por tê-l o bei j ado. — Se você es ti ver fel i z, é tudo o que eu
quero, pri nci pal mente depoi s do que aconteceu naquel a pri s ão. Pos s o vi ver;
pos s o morrer... Paci fi camente.
— Se nós es ti vermos fel i zes . — E l ena corri gi u.
— Não vou dei xar i s s o nas mãos dos deus es . Dei xarei você deci di r.
— Não, você não pode fazer i s s o! Não entende? Se você des apareces s e
novamente, eu me preocupari a demai s e o s egui ri a. Até o Inferno, s e fos s e
preci s o.
— Levarei você comi go onde quer que eu vá. — Stefan di s s e
apres s adamente. — Se você fi zer o mes mo.
E l ena rel axou um pouco. E ra i s s o o que el a poderi a fazer, por enquanto.
E nquanto Stefan es ti ves s e com el a, el a poderi a s uportar qual quer coi s a.
E l es s e s entaram abraçados , embai xo do céu azul , próxi mos a um bordo
e l i ndas fai as que pareci am es tar acenando. E l a es tendeu s ua aura um
pouqui nho e s enti u tocar a de Stefan. Paz começou a preenchê-l a, e todos os
pens amentos s ombri os fi caram para trás .
Quase todos .
— Des de a pri mei ra vez que eu te vi , eu te amei ... M as era um amor
errado. Sabe quanto tempo eu demorei para des cobri r i s s o? — E l ena s us s urrou
no oco de s ua garganta.
— Des de a pri mei ra vez que eu te vi , eu te amei ... M as eu não s abi a
quem você era. Você pareci a um fantas ma de um s onho. M as você me pôs no
cami nho certo rapi damente. — Stefan di s s e, obvi amente fel i z por poder gabar-
s e s obre el a. — E nós s obrevi vemos ... A tudo. E l es di zem que rel aci onamentos
à l onga di s tânci a podem s er bem di fí cei s . — E l e di s s e, ri ndo, e então parou,
col ocando toda a s ua atenção nel a, parando de res pi rar para poder ouvi -l a
mel hor.
— M as então, aconteceu aqui l o com Bonni e e Damon. — E l e di s s e antes
que el a pudes s e pens ar ou di zer al guma coi s a. — Temos que encontrá-l os
l ogo... E el es fi carão bem, des de que fi quem j untos … Ou que es s a s ej a a
es col ha de Bonni e.
— Tem es s e l ance da Bonni e e do Damon. — Concordou E l ena, fel i z por
poder comparti l har s eus pens amentos s ombri os com al guém. — E u nem
cons i go pens ar nel es . E u não pos s o pens ar nel es . Temos que encontrá-l os ,
rapi damente... M as rezo para que el es es tej am com Lady Ul ma nes te momento.
Tal vez Bonni e es tej a i ndo para um bai l e ou uma fes ta. Tal vez Damon es tej a
caçando enquanto convers amos .
— Des de que ni nguém s e machuque.
— Si m. — E l ena tentou fi car mai s perto de Stefan. E l a queri a... Se
aproxi mar ai nda mai s del e, de al guma forma. Daquel e j ei to que el es es tavam
quando el a es teve fora de s eu corpo e pôde afundar-s e nel e.
M as é cl aro, com corpos normai s , el es não podi am... M as é cl aro que
podi am. Agora. Com s eu s angue...
E l ena não s oube qual del es pens ou ni s s o pri mei ro. E l a ol hou para
l onge, envergonhada por ter pens ado ni s s o — e percebeu que Stefan também
es tava com o ol har di s tante também.
— Acho que não temos o di rei to — E l a s us s urrou. — de s ermos ...
Fel i zes ... Quando todos es tão extremamente i nfel i zes . Temos que fazer coi s as
pel a ci dade, e pel a Bonni e.
— Cl aro que não temos . — Stefan di s s e fi rmemente, mas el e teve que
engol i r em s eco pri mei ro.
— Não. — E l ena di s s e.
— Não. — Stefan di s s e fi rmemente, e então, bem no mei o des te eco de
“nãos ”, el e a puxou para mai s perto e a bei j ou, s em fôl ego.
E é cl aro, E l ena não podi a dei xá-l o fazer i s s o, mes mo el a querendo
mui to.
As s i m, el a mandou, ai nda s em fôl ego, mas quas e com rai va, que el e
di s s es s e “não” novamente, e quando el e di s s e, el a o s egurou e o bei j ou.
— Você es tava fel i z. — E l a acus ou momentos depoi s . — E u s enti .
Stefan era caval hei ro demai s para acus á-l a de es tar fel i z por qual quer
coi s a que el a tenha fei to. E l e di s s e:
— Não pude evi tar. Aconteceu natural mente. Senti nos s as mentes
j untas , e i s s o me fez fi car fel i z. M as então eu l embrei da pobrezi nha da
Bonni e. E ...
— Do pobrezi nho do Damon?
— Bem, não preci s amos i r tão l onge as s i m para chamá-l o de
“pobrezi nho”. M as eu me l embrei del e, s i m. — E l e di s s e.
— Tudo bem. — E l ena di s s e.
— É mel hor nós entrarmos . — Stefan di s s e. E então, apres s adamente,
el e di s s e:
— Quer di zer, pri mei ro, vamos des cer daqui . Tal vez pos s amos pens ar
em al go a mai s para s e fazer por el es .
— Como o quê? Não há nada que eu pos s a pens ar. E u tentei medi tar e
E ntrar em Contato vi a E xperi ênci a Fora do Corpo...
— Des de às nove e mei a até às dez e mei a da manhã. — Stefan di s s e. —
Nes te mei o tempo, es ti ve tentando todas as freqüênci as tel epáti cas pos s í vei s .
Sem res pos ta.
— E ntão, tentamos com uma mes a Oui j a.
— Por quas e uma hora... Tudo que obti vemos não fazi am s enti do.
— E l a nos di s s e que o barro es tava chegando.
— E u acho que aqui l o es tava me di reci onando para o “s i m”.
— E ntão eu tentei entrar em contato com as l i nhas de Poder que cercam
Fel l ’s Church...
— Das onze até às onze e mei a, mai s ou menos . — Stefan reci tou. —
E nquanto eu tentei hi bernar para ter um s onho proféti co...
— Realmente, nós tentamos bas tante. — E l ena di s s e s everamente.
— E então nós pregamos os úl ti mos pregos do tel hado. — Stefan
adi ci onou. — O que nós trás aqui , pouco mai s de mei a- noi te e mei a.
— Você cons egue pens ar em al gum Pl ano… Devemos es tar no G ou H
agora... Que nos permi ta aj udá-l os ?
— Não, eu não cons i go. — Stefan di s s e. E ntão, el e adi ci onou,
hes i tantemente:
— Tal vez a Sra. Fl owers tenha al gum s ervi ço domés ti co para nós . Ou —
Ai nda mai s exi tante, experi mentando o terreno — podemos i r até a ci dade.
— Não! Não s omos fortes o bas tante para i s s o! — E l ena di s s e
ri s pi damente. — E não há mai s nenhum s ervi ço domés ti co. — E l a adi ci onou.
E ntão, el a j ogou tudo ao vento.
Todas as res pons abi l i dades . Toda a raci onal i dade. Bem as s i m, des s e
j ei to. E l a começou a rebocar Stefan para dentro de cas a, as s i m el es chegari am
mai s rápi do.
— E l ena...
E s tou es quecendo um pouco dos outros ! E l a di s s e tei mos amente, e de
repente el a não s e i mportava mai s .
E s e Stefan s e i mportas s e, el a o morderi a. M as então, como s e um fei ti ço
a ati ngi s s e, el a s enti u que morreri a s em o s eu toque. E l a queri a tocá-l o.
Queri a que el e a tocas s e. Queri a el e fos s e s eu companhei ro.
— E l ena! — Stefan pôde ouvi r o que el a es tava pens ando.
Stefan era um i ntrometi do, é cl aro, E l ena pens ou. Stefan fora um. M as
como el e ous ava s e i ntrometer ni sto? E l a vi rou-s e para encará-l o, com os ol hos
em chamas .
— Você não me quer!
— Não quero que você faça i s s o e então des cubra que eu a es ti ve
Infl uenci ando.
— Você es teve me Influenci ando? — E l a gri tou. Stefan ergueu s uas mãos
para o al to e gri tou:
— Como eu pos s o s aber quando eu a des ej o tanto? Ah. Bem, as s i m es tava
mel hor.
Houve um pequeno bri l ho no canto do ol ho de E l ena e el a percebeu que a
Sra. Fl owers havi a fechando uma j anel a s i l enci os amente.
E l ena l ançou uma ol hadel a para Stefan. E l e es tava tentando não corar.
E l a tentava fazer o mes mo, e tentava também não ri r. E ntão, el a s ubi u em
s eus pés novamente.
— Tal vez mereçamos uma hora a s ós . — Di s s e peri gos amente.
— Uma hora i ntei ra? — O s us s urro de Stefan fez parecer com que uma
hora fos s e uma eterni dade.
— Nós merecemos . — E l ena di s s e, encantada. E l a começou a rebocá-l o
novamente.
— Não. — Stefan a puxou de vol ta, erguendo-a – ao es ti l o de noi va – e
então el es es tavam s ubi ndo, bem rapi damente. E l es s ubi ram três andares e
um pouqui nho mai s e pararam na s acada de s eu quarto.
— M as es tá trancada por dentro...
Stefan deu um pi s ão na j anel a — com força. A porta des apareceu. E l ena
es tava i mpres s i onada.
E l es des ceram para o quarto de Stefan no mei o de um fei xe de l uz e
partí cul as de pó que pareci am vaga-l umes e es trel as .
— E s tou um pouco nervos a. — E l ena di s s e.
E l a des cal çou as s andál i as e des pi u s eus j eans e s eu top, i ndo l ogo em
s egui da para a cama... Somente para encontrar Stefan j á l á.
E l es s ão rápi dos , el a pens ou. M ai s rápi dos do que você pens a, s empre
bem mai s rápi dos .
E l a vi rou-s e para Stefan na cama. E l a es tava us ando uma cami s ol a e
uma cal ci nha. E l a es tava com medo.
— Não tenha. — E l e di s s e. — E u nem ao menos preci s o te morder.
— Faça i s s o. Só temo por caus a des s e l ance es tranho do meu s angue.
— Ah, s i m. — E l e di s s e, como s e ti ves s e es queci do.
E l ena poderi a apos tar que el e não havi a es queci do uma pal avra a
res pei to de s eu s angue... Que permi ti a que os vampi ros fi zes s em coi s as que
el es j amai s i magi nari am.
E l es s ão es pertos , el a pens ou.
— Stefan, as coi s as não devi am s er as s i m! E u devi a es tar des fi l ando na
s ua frente com um l i ngeri e dourado des enhado por Lady Ul ma, com j oi as de
ouro fei tas por Lucen... No qual , não pos s uo nenhum dos doi s . E devi a haver
pétal as de ros a es pal hadas pel a cama e pequenas vel as de bauni l ha s obre
ti gel as pequenas .
— E l ena — Stefan di s s e. —, vem cá.
E l a foi para o s eu braço, e res pi rou s eu aroma natural , quente e pi cante,
com um pequeno traço de prego enferruj ado.
Você é mi nha vi da, Stefan di s s e s i l enci os amente. Não i remos fazer nada esta
noi te. Mas não temos mui to tempo, e você merece a li ng eri e dourada, as rosas e as velas. Se não for
fei to por Lady Ulma, que sej a pelo esti li sta mai s famoso da Terra, no qual o di nhei ro pode
provi denci ar. Mas, por enquanto... Me bei j a?
E l ena o bei j ou com vontade, fel i z por el e querer es perar.
O bei j o foi quente e reconfortante e el a não s e i mportou com o l eve gos to
de ferrugem. E ra maravi l hos o es tar com al guém que provi denci ava
exatamente aqui l o que el a preci s ava, mes mo que fos s e vi a pens amento, mas
que a fazi a s e s enti r s egura...
E então, uma energi a os ati ngi u. Pareci a vi r de ambos ao mes mo tempo,
e em s egui da, i nvol untari amente, E l ena apertou os dentes nos l ábi os de
Stefan, ti rando-l he s angue.
Stefan col ocou s eus braços em vol ta del a, e mal es perou que el a s e
afas tas s e um pouco antes de tomar-l he s eu l ábi o i nferi or com s eus própri os
dentes e... Depoi s de um momento de tens ão que pareci a durar uma
eterni dade... M ordê-l o com força.
E l ena quas e chorou. E l a quas e que s ol tou s uas Asas da Destrui ção em
ci ma del e. M as duas coi s as a pararam. A pri mei ra, Stefan nunca, j amai s
ti nha machucado-a antes . E s egunda, el a es tava começando a mergul har em
al go anti go e mí s ti co que não podi a parar agora.
Um mi nuto depoi s , Stefan ti nha duas feri das al i nhadas . Sangue s aí a
dos l ábi os de E l ena, em conexão di reta com as feri das menos s éri as de
Stefan, caus ando um refl uxo. Seu s angue i ndo até os l ábi os del e.
E então, o mes mo aconteceu com o s angue de Stefan; um pouco del e, ri co
em Poder, correu para E l ena.
Não era perfei to. Uma gota de s angue fi cara bri l hando nos l ábi os de
E l ena. M as E l ena nem ao menos s e i mportou. Um momento mai s tarde, a
gota foi para a boca de Stefan e el a s enti u com toda a certeza o quanto el e a
amava.
E l a s e concentrava nes te pequeno s enti mento, que vi vi a dentro daquel a
tempes tade que el es es tavam vi venci ando. E s s e ti po de troca de s angue — el a
ti nha certeza di s s o — era do modo anti go, onde doi s vampi ros pudes s em
comparti l har s angue, amor e s uas al mas . E l a es tava começando a mergul har
na mente de Stefan. E l a s enti u s ua al ma, pura e l i vre, turbi l hando ao s eu
redor com mi l hões de emoções di ferente, l ágri mas do pas s ado, al egri a do
pres ente, todas abertas s em nenhum cons trangi mento para el a.
E l a s enti u a própri a al ma nes te encontro, nem tão bri l hante, mas s em
medo. Stefan, há mui to tempo atrás , vi u egoí s mo, vai dade e ambi ção nel a —
mas perdoou tudo. E l e havi a vi s to todas as s uas faces , e a amava
compl etamente, mes mo com es s es l ados rui ns .
E as s i m que el a o vi u, toda a es curi dão, ternura, qui etude, genti l eza e
por aí vai , s e proj etou como as as negras protetoras ao s eu redor...
Stefan, eu... Amor... Eu sei …
Foi quando al guém bateu na porta.
18
Depoi s do café da manhã, M att entrou onl i ne para encontrar duas l oj as ,
nenhuma em Fel l ’s Church, que vendi am a quanti dade de barro que a Sra.
Fl owers preci s ava e que havi a di to que fazi am entregas .
M as depoi s di s s o, havi a o l ance del es s e afas tarem da pens ão e
pas s arem pel os úl ti mos res tos s ol i tári os que havi am s i do Ol d Wood. E l e j á
di ri gi ra por aquel e pequeno matagal , onde Shi ni chi aparecera como o
Fl auti s ta Demoní aco de Hamel i n com as cri anças pos s uí das em s eu encal ço
— o mes mo l ocal onde o xeri fe M os s berg s umi ra depoi s de s egui -l os e nunca
mai s s ai u. Onde, mai s tarde, es tava protegi do por Pos t-It mági cos , e no qual
el e e Tyrone Al pert havi am ti rado um fêmur mas ti gado e expos to.
Hoj e, el e des cobri u que a úni ca forma de pas s ar pel o matagal era
di ri gi ndo bem devagar com o s eu carro vel ho, e el e j á ti nha mai s de s es s enta
anos quando el e o atraves s ou compl etamente. Nenhuma árvore cai u s obre el e,
nem ao menos enxames de i ns etos i mens os .
E l e s us s urrou um “Ufa”, com o al í vi o de ter chegado em cas a.E l e es tava
com medo — s ó o fato de di ri gi r por Fel l ' s Church j á era horrí vel , fazendo-o
col ocar s ua l í ngua no céu da boca. Pareci a... A ci dade boni ta e i nocente no qual
el e havi a cres ci do — como s e fos s e uma daquel as vi zi nhanças em que você vê
na TV ou na Internet que foram bombardeadas ou s ofreram por caus a de um
i ncêndi o des as tros o, ou al go as s i m. E aqui , bem que pareci a que ocorrera
i s s o, poi s uma em cada quatro cas as eram s i mpl es mente ruí nas . Al gumas
eram mei o-ruí nas , com fi tas de pol i ci ai s cercando-as , o que s i gni fi cava que o
que quer que ti ves s e aconteci do mai s cedo com el as fora o s ufi ci ente para a
pol í ci a s e i mportar — ou ao menos , tentar.
Ao redor da área quei mada, a vegetação fl ores ci a es tranhamente: um
arbus to decorati vo de uma cas a cres ceu de modo que s eus gal hos encontravam-
s e na cas a ao l ado. Vi dei ras j untavam uma árvore à outra, e à outra, como s e
fos s e uma s el va anti ga.
Sua cas a es tava bem ao mei o de um grande quartei rão de cas as chei as de
cri anças — e no verão, quando, i nevi tavel mente, os netos vi nham fazer uma
vi s i ta, havi a ai nda mai s cri anças .
M att es perava que es s a parte das féri as de verão houves s e acabado...
M as Shi ni chi e M i s ao dei xari am as cri anças i rem para cas a? M att não ti nha
i dei a. E , s e el es fos s em para cas a, el es conti nuari am es pal hando a doença
em s uas própri as ci dades ? Quando i s s o i a acabar?
M as , ao di ri gi r em s eu quartei rão, M att não vi u nada hedi ondo. Havi a
cri anças bri ncando nos gramados da frente, ou nas cal çadas , agachados s obre
o mármore ou s ubi ndo em árvores . Não havi a nenhuma evi dênci a no qual el e
pudes s e apontar com o dedo como es tranho.
E l e ai nda es tava i nqui eto. M as el e j á havi a al cançado s ua cas a agora,
aquel a com o grande e vel ho carval ho s ombreando a varanda, então el e poderi a
s ai r do carro. E l e parou bem embai xo da árvore e es taci onou próxi mo à cal çada.
E l e pegou uma grande quanti dade de roupa s uj a do banco de trás . E l e es teve
acumul ando-as durante as s emanas na pens ão e não pareci a j us to pedi r à Sra.
Fl owers para l avá-l as .
As s i m que el e s ai u do carro, trazendo as roupas cons i go, el e s ó
cons egui u ouvi r o canto dos pás s aros parar.
Um momento depoi s , el e s e perguntou o que havi a aconteci do. E l e s abi a
que al go es tava errado, al go havi a s i do i nterrompi do. Is s o fez com que o ar
fi cas s e mai s pes ado. Pareci a que até o chei ro da grama havi a mudado. E ntão,
el e percebeu. Cada pás s aro, i ncl ui ndo os corvos barul hentos que vi vi am nos
carval hos , havi am s e s i l enci ado.
Todos de uma vez.
M att s enti u uma torção em s ua barri ga ao ol har para ci ma à s ua vol ta.
Havi a duas cri anças embai xo do carval ho, bem ao l ado do s eu carro. Sua mente
tei mos amente tentava s e prender em: Cri anças . Bri ncando. Tudo bem. Seu
corpo foi mai s es perto. Sua mão j á es tava em s eu bol s o, ti rando al guns Pos t-It:
aquel es papei zi nhos que geral mente paravam a magi a negra.
M att es perava que M eredi th ti ves s e s e l embrado de pedi r à mãe de
Is obel mai s amul etos . Seus pens amentos eram l entos , e...
... E havi a duas cri anças bri ncando s ob o carval ho. Só que el as não
es tavam. E l as es tavam o encarando. Um meni no es tava de cabeça para bai xo e
o outro es tava comendo al guma coi s a... Que es tava dentro de um s aco de l i xo. O
meni no de cabeça para bai xo es tando dando-l he um ol har es tranhamente
aguçado.
— Al guma vez você j á s e perguntou como é es tar morto? — E l e perguntou.
E agora que a cabeça do outro s ai u do s aco e apareceu, mos trava um l eve
bri l ho vermel ho ao redor de s eus l ábi os . Bri l ho vermel ho...
… Sang ue. E … O que quer que es ti ves s e dentro daquel e s aco, es tava s e
mexendo. Chutando. Debatendo-s e fracamente. Tentando s ai r.
Uma onda de náus ea tomou conta de M att. Áci do ati ngi u s ua garganta.
E l e es tava pres tes a vomi tar.
O garoto do s aco es tava ol hando para el e com ol hos pretos -como-pedra. O
garoto de cabeça para bai xo es tava s orri ndo.
E então, como s e o vento ti ves s e as s oprado um hál i to quente, M att s enti u
os fi nos pel os de s ua nuca s e eri çarem. Não eram s omente os pás s aros que
havi am fi cado qui etos . Tudo havi a fi cado. Nenhuma voz de cri ança havi a
aumentado para demons trar bri ga, canto ou fal atóri o.
E l e vi rou-s e e des cobri u por que. E l es es tavam ol hando para ele.
Cada cri ança no quartei rão s i l enci os amente o encarava. E ntão, com uma
preci s ão as s us tadora, el e vi rou para ol har os garotos da árvore, o res to es tava
começando a s e aproxi mar del e.
Só que el es não es tavam andando.
E l es es tavam ras tej ando. Ao es ti l o de um l agarto. É por i s s o que al guns
pareci am es tar bri ncando com bol i nha de gude na cal çada. Todos es tavam s e
movendo da mes ma forma, barri gas próxi mas ao chão, quei xos ergui dos , mãos
s endo us adas como patas di antei ras e j oel hos abertos para os l ados .
Agora el e podi a s enti r o gos to de s ua bi l e. E l e ol hou para o outro l ado da
rua e encontrou outro grupo ras tej ando. Dando s orri s os arti fi ci ai s . Pareci a que
al guém havi a puxado s uas bochechas , puxado-as bastante, as s i m, s eus
s orri s os quas e quebravam s eus ros tos ao mei o.
M att percebeu al go a mai s . De repente, el es havi am parado, e enquanto
el e os obs ervava, el es fi caram parados . Perfei tamente i móvei s , encarando-o de
vol ta. M as quando el e ol hou para l onge, vi u mai s fi guras ras tej antes na
es qui na.
E l e não teri a Pos t-It para todos el es .
Você não pode fug i r di sto tudo. Pareci a que uma voz exteri or gri tara em s ua
cabeça.
Tel epati a. M as tal vez fos s e porque a cabeça de M att havi a s e
trans formado em uma nuvem turva e vermel ha, fl utuando pel o céu.
Fel i zmente, s eu corpo percebeu i s s o e, de repente, el e es tava dentro do
carro novamente, e pegou o meni no que es tava de cabeça para bai xo. Por um
momento, el e teve o i mpul s o de s ol tá-l o. O garoto ai nda ol hou para el e, com
ol hos mi s teri os os que es tavam i nverti dos , por caus a de s ua pos i ção. E m vez de
s ol tá-l o, M att col ocou um Pos t-It na tes ta do garoto, ao mes mo tempo em que o
col ocava na parte de trás do carro.
Uma paus a e, em s egui da, um l amento. O garoto devi a ter no mí ni mo
quatorze anos , mas cerca de tri nta s egundos depoi s após Bani r Todo o M al ( em
vers ão compacta), tudo s umi u. E l e es tava chorando — chorando de verdade.
Depoi s , todas as cri anças que ras tej avam s ol taram um s i l vo. Pareci a um
motor a vapor gi gante. Hs s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s s .
E l es começaram a i ns pi rar e expi rar rapi damente, como s e
funci onas s em de outra forma.
Depoi s de ras tej ar, começaram a engati nhar. M as el es es tavam
res pi rando tão rápi do que M att pôde ver s eus troncos s ubi rem e des cerem.
Quando M att vi rava-s e para ol har um grupo del es , el es congel avam,
exceto pel a res pi ração i ncomum. M as el e pôde s enti r que os outros atrás del e
conti nuavam a s e aproxi mar.
Nes te i ns tante, o coração de M att es tava batendo em s eus ouvi dos . E l e
poderi a l utar com um grupo del es ... M as não com outro grupo em s uas cos tas .
Al guns del es pareci am ter s omente dez ou onze anos . M att l embrou o que as
meni nas pos s uí das havi am fei to na úl ti ma vez que el e as encontrara, e
s enti u uma repul s ão vi ol enta.
M as el e s abi a que fi car ol hando para aquel e meni no do s aco o dei xari a
doente. E l e podi a ouvi r as l ambi das , os s ons de mas ti gação... E el e pôde ouvi r
o as s ovi o fi no de dor que vi nha daquel a coi s i nha fraca dentro do s aco.
E l e gi rou novamente, para manter afas tado as cri anças do outro l ado, e
em s egui da ol hou para ci ma. Com um es tal o tranqui l o, o s aco de l i xo cai u
quando el e o agarrou, mas o garoto conti nuava a s egurar o que havi a em s eu
conteúdo...
Ai , meu Deus. Ele está comendo umbebê! Umbebê! Um...
E l e pegou o garoto embai xo da árvore e s uas mãos automati camente
col ocaram um Pos t-It nas cos tas do garoto. E então... E ntão, graças a Deus , el e
vi u a pel e. Não era um bebê. E ra pequeno demai s para s er um, até mes mo
para um recém-nas ci do. M as es tava comi do.
O garoto ergueu s eu ros to ens anguentado para M att, e M att vi u que era
Col e Reece, que s ó ti nha treze anos e vi vi a na cas a ao l ado. M att não o havi a
reconheci do antes .
A boca de Col e es tava bem aberta e com medo, s eus ol hos es tavam
s al tados de terror e tri s teza, e l ágri mas e catarro corri am por s ua face.
— E l e fez com que eu comes s e Toby. — E l e começou como um s us s urro
que s e trans formou em um gri to. — E l e fez com que eu comes s e meu
porqui nho da í ndi a! E l e fez... Por que, por que, por que el e fez i s s o? E U COM I
O TOBY!
E l e vomi tou em ci ma dos s apatos de M att. Vômi to vermel ho-s angue.
Uma morte mi s eri cordi os a para o ani mal . Rápi da, M att pens ou.
M as i s s o s eri a a coi s a mai s di fí ci l que el e teri a de fazer. Como el e
poderi a — pi s ar na cabeça de um ani mal ? E l e não podi a. E l e ti nha que tentar
outra coi s a, pri mei ro.
M att ti rou um Pos t-It e col ocou no ani mal , tentando não ol har para s ua
pel e. E as s i m, tudo es tava acabado. O porqui nho da í ndi a s e foi . O fei ti ço que
o manti nha vi vo até es s e ponto havi a s e des fei to.
Havi a s angue e vômi to nas mãos de M att, mas el e fez com que s e
vi ras s e para Col e. M att s e tocou de uma coi s a.
— Vocês querem um pouco di sso? — E l e gri tou, s egurando os Pos t-It como
s e fos s e revól ver que el e havi a dei xado com a Sra.
Fl owers .
E l e vi rou-s e novamente e gri tou:
— Vocês querem um pouco? E quanto a você, Jos h? — E l e es tava começando
a reconhecer os ros tos agora. — Você, M adi s on? E você, Bryn? Venham! Venham
todos! VE NHAM TO...
Al go tocou s eu ombro. E l e gi rou, com Pos t-It j á preparado.
E ntão el e parou, o al í vi o brotando nel e como brotava na água E vi an {4} ,
pres ente em al gum res taurante chi que. E l e es tava ol hando di retamente para
o ros to da Dr.ª Al pert, a médi ca da ci dade. E l a ti nha o s eu SUD es taci onado ao
l ado de s eu carro, no mei o da rua.
Atrás del a, dando-l he retaguarda, es tava Tyrone, que s eri a o próxi mo
quarterback, no ano s egui nte, na Robert E . Lee. Sua i rmã, que es tava quas e
i ndo para o s egundo ano de facul dade, es tava tentando s ai r do carro também,
mas el a parou quando Tyrone a vi u.
— Jayneela! — E l e rugi u em uma voz que s ó o Tyre-mi nator poderi a
fazer. — Vol te e aperte o ci nto. Você s abe o que a mamãe di s s e! Vol te ag ora!
M att encontrou-s e s egurando as mãos marrom-chocol ate da Dr.ª Al pert.
E l e s abi a que el a era uma boa mul her e boa zel adora, que havi a adotado s eus
fi l hos quando a mãe del es havi a morri do de câncer. Tal vez el a o aj udari a,
também. E l e começou babul ci ando:
— Ah, Deus , eu tenho que ti rar mi nha mãe daqui . M i nha mãe vi ve
aqui s ozi nha. E tenho que ti rá-l a daqui . E l e s abi a que es tava s uando. Só
es perava que não es ti ves s e chorando.
— Ok, M att. — A médi ca di s s e em s ua voz rouca. — E s tou i ndo embora
com mi nha famí l i a nes ta tarde. Vamos fi car com uns parentes ao oes te de
Vi rgí ni a. E l a é bem-vi nda, s e qui s er vi r.
Não podi a s er as s i m tão s i mpl es . M att s abi a que ti nha l ágri mas nos
ol hos agora. E l e s e recus ou a pi s car e as dei xou caí rem.
— E u não s ei o que di zer... M as s e você pudes s e... Você é uma adul ta,
entende? E l a não me dará ouvi dos . E l a ouvi rá a você. E s s e quartei rão es tá todo
i nfectado. E s s e meni no, Col e...
E l e não pôde conti nuar. M as a mul her pôde ver por s i s ó: o ani mal , o
garoto com s angue nos dentes e s ua boca ai nda vomi tava.
A Dr.ª Al pert não reagi u. E l a s ó pegou um pacote de l enços umedeci dos
de Jayneel a, que es tava dentro do SUV e s egurava o garoto, enquanto l i mpava
vi goros amente s eu ros to.
— Vá para cas a. — E l a di s s e para el e s everamente.
— Você tem que dei xar os i nfectados i rem também. — E l a di s s e para
M att, com um ol har terrí vel em s eus ol hos . — Por mai s cruel que pareça,
el es s ó trans mi ti ram a doença para poucos que ai nda es tavam bem.
M att começou a di zer a el a os efei tos dos Pos t-It, mas el a j á es tava
di zendo:
— Tyrone! Vem aqui para vocês enterrarem es te pobre ani mal . As s i m,
você poderá col ocar as coi s as da Sra. Honeycutt dentro da vã. Jayneel a, faça o que
o s eu i rmão di s s er. E u terei um convers i nha com a Sra. Honeycutt agora.
E l a não aumentou mui to s ua voz. Nem era preci s o. O Tyre-mi nator j á
es tava obedecendo, vol tando para M att, ol hando as úl ti mas cri anças
ras tej antes que s e afas taram depoi s do gri to de M att.
E l e é rápi do, M att pens ou. M ai s rápi do do que eu. Is s o pareci a um j ogo.
E nquanto você es ti ves s e ol hando para el es , el es não s e movi am.
E l es s e revezavam ao s erem aquel e que obs ervava e aquel e que
mani pul ava a pá. A terra aqui era dura i gual uma pedra, chei a de erva
dani nhas . M as , de al guma forma, el es cons egui ram cavar um buraco e o
trabal ho os aj udou mental mente. E l es enterraram Toby, e M att fi cou
arras tando os pés na grama i gual a um zumbi , tentando ti rar o vômi to de s eus
s apatos .
De repente, ao l ado del es , houve um barul ho de uma porta s e abri ndo e
M att correu, correu para s ua mãe, que es tava tentando s egurar uma mal eta
i mens a, mui to pes ada para el a, que es tava atraves s ando a porta.
M att pegou a mal eta del a e s enti u-s e engl obado num abraço del a,
mes mo que el e teve de fi car na ponta dos pés para fazer i s s o.
— M att, eu não pos s o abandoná-l o...
— E l e é um dos que es tá tentando ti rar a ci dade des ta bagunça. — A Dr.ª
Al pert di s s e, s ubs ti tui ndo-a. — E l e a col ocará em ordem. Agora, temos que
s ai r daqui antes que o dei xemos mai s abal ado ai nda. M att, s ó para você
s aber, eu ouvi di zer que os M cCul l ough es tão i ndo embora também. Parece
que o Sr. e a Sra. Sul ez ai nda não i rão parti r, nem os Gi l bert-M axwel l . — E l a
di s s e as duas úl ti mas pal avras com uma ênfas e di s ti nta.
Os Gi l bert-M axwel l eram: a ti a de E l ena, Judi th, s eu mari do, Robert
M axwel l , e a i rmã caçul a de E l ena, M argaret. Não havi a moti vo para
menci oná-l os . M as M att s abi a por que a Dr.ª Al pert os menci onou. E l e s e
lembrou de ter vi s to E l ena quando es s a confus ão toda começou. Apes ar da
puri fi cação que E l ena fez nos bos ques onde a Dr.ª Al pert es tava, a médi ca s e
l embrara.
— E u di rei ... À M eredi th. — M att di s s e, e ol hando em s eus ol hos , el e
era o mes mo que di s s es s e “E di rei à E l ena, também.”
— Al go mai s para trazer? — Tyrone perguntou.
E l e es tava s egurando uma gai ol a de canári os , com um pás s aro dentro
batendo as as as freneti camente, e uma mal a um pouco menor.
— Não, mas como poderei agradecer? — A Sra. Honeycutt di s s e.
— Agradeça depoi s … Agora, todos para dentro. — Di s s e a Dr.ª Al pert. —
E s tamos dando o fora daqui .
M att abraçou s ua mãe e deu um pequeno empurrãozi nho nel a em
di reção ao SUV, que j á ti nham a gai ol a e as mal as .
— Adeus ! — Todos es tavam gri tando.
Tyrone apareceu com s ua cabeça para fora da j anel a para di zer:
— M e l i gue quando qui s er! Quero aj udar! E então, el es s e foram.
M att mal podi a acredi tar que i s s o ti nha acabado; havi a aconteci do tão
rápi do.
E l e correu para dentro da cas a e pegou s eus têni s de corri da, s ó para o
cas o da Sra. Fl owers não cons egui r arrumar o chei ro daquel es que el e es tava
us ando.
Quando el e s ai u novamente da cas a, el e teve que pi s car. Ao i nvés do SUV
branco, havi a outro carro branco es taci onado ao l ado do s eu.
E l e ol hou ao redor do quartei rão. Sem cri anças . Nenhuma. E o canto dos
pás s aros havi a vol tado.
Havi a doi s homens dentro do carro. Um del es era branco e o outro era
negro e ambos es tavam na i dade de s erem cons i derados pai s . De qual quer
forma, el es ti nham bl oqueado s ua s aí da, pel o modo como o carro del es es tava
es taci onado. E l e não teve es col ha s enão i r até el es . As s i m que o fez, ambos
s aí ram do carro, ol hando-o como s e el e fos s e um ki ts une peri gos o.
No i ns tante em que el es fi zeram i s s o, M att s abi a que el e havi a
cometi do um erro.
— Você é M atthew Jeffrey Honeycutt? M att não ti nha es col ha a não
concordar.
— Di ga s i m ou não, por favor.
— Si m.
M att pôde ver o i nteri or do carro branco agora. E ra um carro de pol í ci a
di s creto, um com a s i rene l á dentro, pronta para s er fi xada no teto cas o os
pol i ci ai s qui s es s em que você s oubes s e des s e s egredo.
— M atthew Jeffrey Honeycutt, você es tá pres o por vi ol entar e agredi r
Carol i ne Beul a Forbes . Você tem o di rei to de permanecer em s i l ênci o. Tudo
que di s s er poderá ou s erá us ado contra você no tri bunal ...
— Vocês não vi ram aquel as cri anças ? — M att es tava gri tando. — Vocês
devem ter vi s to uma ou duas del as ! Aqui l o não s i gni fi ca nada para vocês ?
— Vá para frente do carro e col oque s uas mãos nel e.
— E l as vão des trui r toda a ci dade! Vocês es tão aj udando ao fazer i s s o!
— Você conhece os s eus di rei tos ...?
— Você entende o que es tá acontecendo com Fel l ’s Church?
Houve uma paus a des s a vez. E então, numa perfei ta entonação, um
del es di s s e:
— Somos de Ri dgemont.
19
Bonni e deci di u, em preci os os s egundos que pareceram s e es ti car por
horas , que o que quer que fos s e acontecer, aconteceri a, não i mportas s e o que
el a fi zes s e. Havi a também a ques tão do s eu orgul ho. E l a s abi a que havi a
pes s oas que i ri am ri r di s s o, mas era verdade. Ti rando os Poderes de E l ena,
Bonni e era a úni ca que es tava bem acos tumada a confrontar as trevas . E l a, de
al guma forma, s obrevi vera a tudo i s s o. E em breve, el a não s obrevi veri a. M as
do j ei to que as coi s as i am, s eu orgul ho era a úni ca coi s a que l he res tara.
E l a ouvi u gri tos bem s onoros e então el a os ouvi u parar.
Bem, i s s o foi tudo que el a pôde fazer no momento: parar de gri tar.
A es col ha havi a s i do fei ta. E l a i ri a cai r, i ntacta, des afi adora... E em
s i l ênci o.
No momento em que el a parou de gri tar, Shi ni chi fez um ges to e o ogro
que a carregava parou de l evá-l a até a j anel a.
E l a devi a s abi a. E l e era um val então. Val entões querem ouvi r dor ou
pes s oas em es tági os mi s erávei s . O ogro l evantou s eu ros to ao ní vel do de
Shi ni chi .
— Ani mada com s ua vi agem s ó de i da?
— E mpol gada. — E l a di s s e s em demons trar expres s ão.
Hey, el a pens ou, eu não s ou tão rui m nes te l ance de s er coraj os a.
M as tudo dentro del a tremi a dupl amente, o que compens ava o s eu ros to
de pedra. Shi ni chi abri u a j anel a.
— Conti nua empol gada?
Agora que i sso havi a s i do fei to, a j anel a ter s i do aberta, el a não teri a que
bater s eu ros to no vi dro até que el e s e quebras s e e el a s aí s s e voando pel o céu.
Não haveri a dor até que el a al canças s e o chão e ni nguém notari a nada, nem
mes mo el a.
Conti nue fi rme e conforme-s e, Bonni e pens ou.
A bri s a fres ca da j anel a a havi a di to que es s e... Lugar... E s s e depós i to de
es cravos ... E ra onde os cl i entes ti nham permi s s ão para vas cul har os es cravos
até que el es encontras s em al go de errado... E s tava bem venti l ado por al i .
E u es tarei fres qui nha, mes mo que por um s egundo ou mai s , el a
pens ou.
Quando uma porta próxi ma a el es fora aberta, Bonni e quas e s ai u das
garras do ogro, e quando a s ua própri a porta fora aberta, el a quas e s ai u de s ua
própri a pel e.
Será pos s í vel ? Al go l oucamente di s parou s obre el a. Estou salva! Só ti ve que
bancar um pouco a val ente e agora...
M as era a i rmã de Shi ni chi , M i s ao. M i s ao aparentava es tar
gravemente doente, com s ua pel e aci nzentada, s egurando-s e na porta para
manter-s e de pé. A úni ca coi s a que não es tava aci nzentada nel a eram s eus
bri l hantes cabel os pretos , com pontas vermel has nas extremi dades , i guai s às
de Shi ni chi .
— E s pere! — E l a di s s e a Shi ni chi . — Você nem ao menos perguntou...
— Você acha que uma cabeça de vento como el a s aberi a? M as façamos do
s eu j ei to. — Shi ni chi s entou M i s ao no s ofá, mas s ageando s eus ombros para
dei xá-l a confortável . — E u perguntarei .
E ntão era ela que es tava no quarto do es pel ho de duas vi as , Bonni e
pens ou. E l a parece es tar bem mau. Ti po, pres tes a morrer.
— O que aconteceu com a E s fera E s tel ar de mi nha i rmã? — Shi ni chi
exi gi u e então Bonni e vi u como tudo s e trans formava em um cí rcul o, com um
começo e um fi m; e ao entender i s s o, el a s abi a morreri a com um pouco de
di gni dade.
— A cul pa é mi nha. — E l a di s s e com um s orri s i nho, enquanto s e
l embrava. — Ou tenho metade da cul pa. Sage us ou-a para abri r o Portal l á na
Terra. E então...
E l a l hes contou a hi s tóri a, como nunca havi a fei to antes , col ocando
ênfas e em como ela havi a dado a Damon as pi s tas para encontrar a E s fera
E s tel ar de M i s ao, e que havi a s i do Damon quem havi a us ado-a para abri r um
Portal ao topo da Di mens ão das Trevas .
— Is s o tudo é um cí rcul o. — E l a expl i cou. — Que vol ta para vocês. E
então, apes ar da s i tuação, el a começou a ri r.
E m doi s pas s os , Shi ni chi havi a atraves s ado a s al a e começado a bater
nel a.
E l a não s oube quantas vezes el e fez i s s o. A pri mei ra vez foi o s ufi ci ente
para fazê-l a arfar e parar com os ri s os . Depoi s de s enti r s uas bochechas
i nchadas , como s e es ti ves s e com um cas o mui to dol oros o de caxumba, s eu
nari z começou a s angrar.
E l a tentou l i mpá-l o no ombro, mas não parava. Por fi m, M i s ao di s s e:
— E ca. Sol te as mãos del a e l he dê uma toal ha ou al go as s i m. O ogro s e
moveu enquanto Shi ni chi ai nda l he dava a ordem.
Shi ni chi , agora, es tava s entado ao l ado de M i s ao, fal ando com el a
del i cadamente, como s e el e es ti ves s e fal ando com um bebê ou com um adorado
ani mal de es ti mação. M as os ol hos de M i s ao, com s uas pequenas chamas
dentro del es , eram cl aros e adul tos enquanto el a ol hava para Bonni e.
— Onde mi nha E s fera E s tel ar es tá nes te momento? — E l a perguntou
com um terrí vel ol har aci nzentado e i ntens o. Bonni e, que es tava l i mpando o
nari z, s enti ndo-s e fel i z por não es tar al gemada pel as cos tas , s e perguntou por
que el a não es tava tentando pens ar em uma menti ra. Ti po, me l i berte e eu os
l evarei até el a. E ntão, l embrou que Shi ni chi ti nha s ua mal di ta tel epati a
ki ts une.
— Como eu poderi a s aber? — E l a di s s e l ogi camente. — E u es tava
tentando afas tar Damon do Portal quando ambos caí mos . E l a não vei o conos co.
Pel o o que eu s ei , a poei ra pode tê-l a derrubado e s eu l í qui do todo s e derramou.
Shi ni chi l evantou-s e para machucá-l a novamente, mas el a es tava
s i mpl es mente di zendo a verdade. M i s ao j á es tava fal ando:
— Sabemos que i s s o não aconteceu por que eu ai nda es tou... — E l a parou
para res pi rar: — Vi va. E l a vi rou s eu ros to chupado e aci nzentado para Shi ni chi
e di s s e:
— Você es tá certo. E l a é i núti l , e não pos s ui as i nformações no qual
preci s amos . Jogue-a fora. Um ogro a pegou, com toal ha e tudo. Shi ni chi chegou
pel o outro l ado.
— Você entende o que fez com mi nha i rmã? Entende?
Não há mai s tempo. Só um Segundo para pens ar s e el a i ri a bancar a
durona ou não. M as o que el a poderi a di zer para demons trar que era coraj os a?
E l a abri u s ua boca, s em ao menos s aber s e o que es tava pres tes a s ai r por al i
era um gri to ou pal avras .
— E l a vai es tar com uma aparênci a bem pi or quando meus ami gos
acabarem com el a. — E l a di s s e, e então vi u nos ol hos de M i s ao que el a havi a
acertado na mos ca.
— Jogue-a fora! — Shi ni chi gri tou, l í vi do em fúri a. E então, o ogro a
arremes s ou pel a j anel a.
M eredi th es tava s entada com s eus pai s , tentando entender o que es tava
acontecendo. E l a havi a termi nado s ua i ncumbênci a em tempo recorde: dando
zoom nas es cri tas dos j arros fei tos ; l i gando para a famí l i a Sai tou e des cobri r
que el as não es tari am em cas a antes do mei o-di a. E ntão, el a havi a
exami nado e numerado i ndi vi dual mente cada caractere que havi a nas fotos
que Al ari c havi a mandado.
As Sai tou es tavam... Tens as . M eredi th não fi cara s urpres a, uma vez que
Is obel havi a s i do uma das pri mei ras i nocentes a trans portarem aquel es
terrí vei s mal ach dos ki ts une. Uma das pi ores ví ti mas havi a s i do s eu
namorado, Ji m Bryce, que havi a adqui ri do o mal ach de Carol i ne e pas s ado
para Is obel s em s aber o que es tava fazendo. E l e mes mo havi a s i do pos s uí do
pel os mal ach de Shi ni chi e havi a demons trado ter todos os hedi ondos s i ntomas
da Sí ndrome de Les ch-Nyhan, comendo s eus própri os l ábi os e dedos , enquanto
a pobre Is obel us ou agul has enferruj adas — às vezes , al gumas tachi nhas —
em vári as partes de s eu corpo, s em fal ar que el a havi a cortado s ua l í ngua com
uma tes oura.
Is obel es tava fora do hos pi tal e es tava s e recuperando. Ai nda as s i m,
M eredi th es tava confus a. E l a obteve êxi to com o zoom nos caracteres dos j arros
por caus a das Sai tou mai s vel has : Obaas an ( avô de Is obel ) e a Sra. Sai tou ( mãe
de Is obel ) — mas el as di s cuti am, tentando entrar em um acordo, s obre cada
caractere em j aponês . E l a es tava pres tes a entrar no carro quando Is obel correu
de s ua cas a com um pacote de Pos t-It em s uas mãos .
— M amãe os fez... No cas o de vocês preci s arem. — E l a arfou em s ua
nova voz enrol ada e s uave.
M eredi th pegou o pacote del a agradeci da, murmurando al go es tranho
s obre fazer al go por el as em troca.
— Não, mas ... M as pos s o dar uma ol hadi nha nos s eus Pos t-It? — Is obel
ofegou. Por que el a es tava ofegando tanto? M eredi th s e perguntou.
M es mo s e el a ti ves s e corri do do úl ti mo andar até o carro de M eredi th
i s s o não teri a aconteci do. E então, M eredi th s e l embrou: Bonni e havi a di to
que Is obel ti nha o coração “acel erado”.
— Vej a bem — Is obel di s s e com o que pareci a s er vergonha e um pedi do
de compreens ão. — Obaas an es tá quas e cega... E faz um bom tempo des de que
M amãe es teve na es col a... M as eu es tou fazendo aul as de j aponês .
M eredi th es tava tocada. Obvi amente, Is obel s enti a-s e mal -educada por
contrari ar um adul to, quando el e es tava próxi mo. M as aqui , s entada no carro,
Is obel havi a pegado cada Pos t-It e es cri to atrás uma caractere s i mi l ar, mas
bem di ferente.
Demorou vi nte mi nutos . M eredi th s e s enti u admi rada.
— M as como você s e l embra de todos el es ? Como você não es creve outro,
por engano? — E l a dei xou es capar, depoi s de ver os s í mbol os compl i cados que
s ó s e di ferenci avam por caus a de al gumas l i nhas .
— Com aj uda de di ci onári os . — Is obel havi a di to, e, pel a pri mei ra vez,
deu uma ri s ada. — Não, es tou fal ando s éri o... Para es crever uma carta mui to
boa, você não us a um Di ci onári o de Si nôni mos , um Corretor Autográfi co ou...?
— E u us o i s s o tudo para qualquer coi sa! — M eredi th ri u.
Foi um momento bem l egal , ambas s orri ndo, rel axadas . Sem probl emas .
O coração de Is obel es tava bem.
E então, Is obel havi a corri dor para dentro, e quando el a s e foi , M eredi th
fi cou ol hando para um cí rcul o redondo e úmi do que es tava no banco do
pas s agei ro. Uma l ágri ma. M as por que Is obel es tava chorando?
Porque el a havi a s e l embrado do mal ach? Ou por caus a de Ji m?
Porque l evari a mui tas ci rurgi as pl ás ti cas antes que s uas orel has
vol tas s em a s er o que eram antes ?
Nenhuma das res pos tas que M eredi th pens ou fazi a s enti ndo. E el a teve
que correr para chegar em s ua própri a cas a — e es tava atras ada.
Foi s ó então que M eredi th foi ati ngi da por um fato. A famí l i a Sai tou
s abi a que M eredi th, M att e Bonni e eram ami gos . M as nenhuma del as
havi a perguntado s obre Bonni e ou M att.
Que es tranho.
Se el a ao menos s oubes s e o quão es tranho a vi s i ta à s ua famí l i a s eri a...
20
M eredi th s empre achava que s eus pai s eram engraçados , bobi nhos e
queri dos . E l es eram s ol enes s obre coi s as erradas , como: “Certi fi que-s e,
queri da, que você real mente conhece Al ari c... Antes que... Antes que...”
M eredi th não ti nha nenhuma dúvi da a res pei to de Al ari c, e el e era
outro daquel as pes s oas bobi nhas , queri das e val entes , que fal am s obre as
coi s as s em i rem di reto ao as s unto.
Hoj e, el a es tava s urpres a em ver que não havi a fi l ei ras de carros ao
redor da cas a ances tral . Tal vez as pes s oas ti veram que fi car em cas a para
l ugar com s eus própri os fi l hos . E l a ol hou para o Acura, cons ci ente dos
preci os os pres entes de Is obel , e tocou a campai nha. Seus pai s acredi tavam em
fechaduras .
Janet, a governanta, pareci a fel i z ao vê-l a, mas também aparentava es tar
nervos a. Aha, M eredi th pens ou, el es des cobri ram que s ua fi l ha tem
as s al tado o s ótão.
Tal vez el es quei ram a es taca de vol ta. Tal vez eu deves s e tê-l a dei xado l á
na pens ão.
M as el a s ó percebeu que as coi s as es tavam bem s éri as quando el a
entrou e vi u que a grande pol trona de des cans o La-Z-Boy, vers ão del uxe, o trono
de s eu pai , es tava vazi a.
Seu pai es tava s entado no s ofá, abraçando s ua mãe, que es tava
s ol uçando.
E l a havi a trazi do a es taca cons i go, e quando s ua mãe a vi u, el a rompeu-
s e em uma expl os ão de l ágri mas .
— Ol hem — M eredi th di s s e. —, i s s o não tem que s er trági co. E u tenho
uma boa i dei a do que es tá acontecendo. Se vocês qui s erem me contar como o vovô
e eu nos machucamos , s eri a maravi l hos o. M as eu... Al gum di a i a...
E l a parou. E l a mal pôde acredi tar. Seu pai es tava com um braço em ci ma
del a, como s e o vol ume de s uas roupas não i mportas s em. E l a foi em di reção a
el e bem devagar, des confortavel mente, e o dei xou abraçá-l a s em s e i mportar
com s eu terno Armani . Sua mãe ti nha em s ua frente um copo, no qual
s obraram al gumas gotas , do que pareci a s er Coca-Col a, mas M eredi th poderi a
apos tar que não havi a s ó Coca l á.
— E s perávamos que aqui fos s e um l ugar de paz. — Seu pai di s curs ou.
Cada s entença que s eu pai fal ava era um di s curs o. Você mei o que s e
acos tumava. — Nunca s onhamos …
E então, el e parou.
M eredi th es tava aturdi da. Seu pai nunca parava no mei o de um di s curs o.
E l e não paus ava. E , certamente, el e não chorava.
— Pai ! Pai zi nho! O que foi ? Foram as cri anças da vi zi nha, as mal ucas ?
E l as machucaram al guém?
— Temos que te contar a hi s tóri a toda, des de o começo. — Seu pai ...
Di s s e.
E l e fal ava com tanto des es pero que não pareci a nem um pouco um
di s curs o.
— Nós todos fomos ... Atacados .
— Por um vampi ro. Seu avô. Ou você s abe?
Longa paus a. E ntão, s ua mãe bebeu o res to que havi a em s eu copo e
di s s e:
— Janet, mai s um, por favor.
— Agora, Gabri el l a...? — Seu pai di s s e, repreendendo.
— Nando... E u não pos s o s uportar. Só de pens ar em mi hi j a i nocente…
M eredi th di s s e:
— Ol hem, eu acho que pos s o faci l i tar para vocês . E u j á s ei ... Bem,
pri mei ro, que eu ti nha um i rmão gêmeo. Seus pai s ol haram-na horrori zados .
E l es s e agarraram, arfando.
— Quem te contou? — Seu pai exi gi u. — Lá na pens ão, como você poderi a
s aber...? Hora de acal mar as coi s as .
— Não, não. Pai , eu des cobri ... Bem, vovô fal ou comi go. — Is s o era uma
mei a-verdade. E l e havi a fal ado. M as não s obre s eu i rmão. — De qual quer
forma, foi as s i m que eu cons egui a es taca. M as o vampi ro que nos feri u es tá
morto. E l e era um s eri al ki l l er, e foi el e que matou Vi cki e Sue. Seu nome era
Kl aus .
— Você pens ou que havi a s ó um vampi ro? — Sua mãe s e mos trou pres ente.
E l a pronunci ou as coi s as de modo hi s pâni co, no qual M eredi th s empre achou
mai s medonho.
Vahm-peer.
O uni vers o pareceu s e mover mai s devagar ao redor de M eredi th.
— Foi s ó um pal pi te. — Seu pai di s s e. — Não s abemos s e havi a
real mente mai s do que aquel e vampi ro fortão.
— M as vocês s abem s obre o Kl aus ... Como?
— Nós o vi mos . E l e era forte. E l e matou os guardas de s egurança no
portão com um s ó fôl ego. Nós mudamos para uma nova ci dade. E s perávamos
que você nunca s oubes s e que ti nha um i rmão. — Seu pai l i mpou s eus ol hos .
— Seu avô fal ou conos co, l ogo após o ataque. M as no di a s egui nte... Nada. E l e
nem ao menos podi a convers ar.
Sua mãe col ocou s eu ros to em s uas mãos . E l a s ó l evantou para di zer:
— Janet! M ai s um, por favor!
— A cami nho, madame.
M eredi th ol hou para os ol hos azui s da governanta à procura da s ol ução do
mi s téri o, mas não encontrou nada... Si mpati a, tal vez, mas nenhum s i nal de
aj uda.
Janet s ai u com o copo vazi o, com uma trança à frances i nha es correndo
pel as cos tas .
M eredi th vol tou a ol har s eus pai s , com ol hos e cabel os es curos , pel e da
cor de azei tona. E l es es tavam abraçados novamente, os ol hos grudados nel a.
— M ãe, pai , eu s ei que i s s o é bem di fí ci l . M as eu caço es s es ti pos de
pes s oa que machucaram o vovô, a vovó e o meu i rmão. É peri gos o, mas eu tenho
que fazer.
E l a fi cou em pos i ção de Taekwondo.
— Quero di zer, vocês me trei naram.
— M as contra a s ua própri a famí l i a? Você poderi a fazer i s s o? — Sua mãe
gri tou.
M eredi th s entou. E l a havi a al çado o fi m de o fi m das memóri as que el a
e Stefan havi am des coberto.
— E ntão, Kl aus não o matou as s i m como fez com a vovó. E l e l evou meu
i rmão cons i go.
— Cri s ti an. — Lamentou s ua mãe. E l e era s ó un bebé. Três anos ! Foi
quando encontramos vocês doi s ... E o s angue... Oh, o s angue…
Seu pai s e l evantou, não para di s curs ar, mas para col ocar as mãos nos
ombros de M eredi th.
— Pens amos que s eri a mai s fáci l não contar a você... Que você não teri a
qual quer l embrança daqui l o que aconteceu quando chegamos aqui . E você não
tem, não é?
Os ol hos de M eredi th es tavam chei os de l ágri mas . E l a ol hou para s ua
mãe, tentando s i l enci os amente di zer-l he que el a entendi a.
— E l e bebeu meu s angue? — E l a adi vi nhou. — Kl aus ?
— Não! — Gri tou s eu pai enquanto s ua mãe s us s urrava orações . — E l e
bebeu o de Cri s ti an, na hora. M eredi th es tava aj oel hada no chão agora,
tentando ol har para o ros to de s ua mãe.
— Não! — Gri tou s eu pai mai s uma vez. E l e es tava chocado.
— La sang re! — Arfou s ua mãe, cobri ndo os ol hos . — O s angue!
— Queri da... — Seu pai s ol uçou, e foi até el a.
— Pai ! — M eredi th foi atrás del e e s acudi u s eu braço. — Você foi al ém
das pos s i bi l i dades ! E u não entendo. Quem es tava bebendo s angue?
— Você! Você! — Sua mãe quas e gri tou. — Do seu própri o i rmão! Oh, el
aterrori zar!
— Gabri el l a! — Gemeu s eu pai .
A mãe de M eredi th s e abai xou e chorou. A cabeça de M eredi th es tava
gi rando.
— E u não s ou uma vampi ra! E u caço vampi ros e os mato.
— Ele di s s e... — Seu pai s us s urrou com voz rouca— “Certi fi quem-s e de
que el a tome uma col her de chá por s emana. Se querem que el a vi va, i s s o é o
bas tante. E xperi mentem um pudi m preto.” E l e es tava ri ndo.
M eredi th não preci s ou perguntar s e el es havi am obedeci do. E m s ua
cas a, el es ti nham s al s i cha s angrenta ou pudi m preto pel o menos uma vez por
s emana. E l a cres ceu comendo i s s o. Não era nada de es peci al .
— Por quê? — E l a quem s us s urrara com a voz rouca agora. — Por que el e
não me matou?
— E u não s ei ! Nós ai nda não s abemos ! Aquel e homem com a boca
es correndo s angue... Seu s angue, do s eu i rmão, não s abemos ! E então, no
úl ti mo mi nuto el e pegou vocês doi s , mas você mordeu bem forte s ua mão. —
Seu pai di s s e.
— E l e ri u... Ri u! Com s eus dentes à mos tra e as s uas mãozi nhas
tentando s e afas tar del e, e então di s s e: “Dei xarei es s a aqui , então, as s i m
vocês poderão s e preocupar com o que el a s e tornará. O garoto eu l evarei comi go.”
E então, de repente, pareci a que eu havi a s aí do de um fei ti ço e es tava
al cançando você novamente, pronto para l utar com el e para ter a ambos . M as
eu não pude. Uma vez que eu ti nha você, não pude me mover nem mai s um
centí metro. E el e s ai u da cas a ai nda ri ndo... E l evou s eu i rmão, Cri s ti an,
cons i go.
M eredi th pens ou: Não é de s e i magi nar que el es não queri am guardar
nenhuma des s as l embranças nos ani vers ári os nos anos s egui ntes . Sua avó
morrera, s eu avô enl ouqueceu, s eu i rmão s e perdeu e el a... O que? Não era de
s e admi rar que el es cel ebras s em s eu ani vers ári o uma s emana depoi s .
M eredi th tentou fi car cal ma. O mundo es tava s e des pedaçando em
pedaços ao s eu redor, mas el a ti nha que fi car cal ma. Fi cando cal ma havi a
dei xado el a vi va es s e tempo todo. Nem era preci s o contar que el a es tava
res pi rando profundamente, às vezes pel o nari z, às vezes pel a boca. Profundas ,
profundas e cl aras res pi rações . M andando paz para o s eu corpo. Só uma parte
s ua es tava ouvi ndo s ua mãe:
— Vi emos mai s cedo para cas a naquel a noi te por que eu ti ve uma
enxaqueca...
— Shh, queri da... — Seu pai havi a começado.
— Nós chegamos mai s cedo. — Sua mãe s e aj oel hou. Ô, Vi rg en
B endeci da, o que terí amos encontrado cas o ti vés s emos vol tado bem tarde?
Poderí amos ter perdi do você, também! M eu bebê! M eu bebê com s angue em
s ua boca…
— M as chegamos em cas a cedo o bas tante para s al vá-l a. — O pai de
M eredi th di s s e com voz rouca, como s e tentas s e acordar s ua mãe de um fei ti ço.
— Ah, g raci as, Pri ncesa Di vi na, Vi rg en pura y i mpoluto... — Sua mãe pareci a não
s er capaz de parar de chorar.
— Papai — M eredi th di s s e urgentemente, s enti ndo as dores de s ua
mãe, mas preci s ando de i nformações . — Vocês nunca mai s o vi ram
novamente? Ou ouvi ram fal ar del e? M eu i rmão, Cri s ti an?
— Si m. — Seu pai di s s e. — Ah, s i m, nós vi mos al gumas coi s as . Sua
mãe arfou.
— Nando, não!
— Uma hora, el a tem que s aber a verdade. — Seu pai di s s e.
E l e vas cul hou entre al gumas pas tas de arqui vos de papel ão que es tavam
s obre a mes a.
— Vej a! — E l e di s s e à M eredi th. — Vej a i s s o. M eredi th ol hou com
des crença abs ol uta.
Na Di mens ão das Trevas , Bonni e fechou s eus ol hos . Havi a mui to vento
do topo da j anel a daquel e prédi o al to. Is s o era tudo que s ua mente pens ou
quando el a s ai u pel a j anel a e entrou novamente; o ogro es tava ri ndo e a voz
terrí vel de Shi ni chi di s s e:
— Você não achou que fôs s emos dei xá-l a i r s em que eu termi nas s e o
m e u i nterrog atóri o, né? Bonni e ouvi u as pal avras s em que el as fi zes s em
s enti do, e então, de repente, el as fi zeram.
Seus s eques tradores i ri am machucá-l a. E l es i ri am torturá-l a. E l es
es tavam pres tes a l evar s ua bravura para l onge.
E l a pens ou que havi a gri tado al go para el e. Tudo o que el a s abi a, porém,
foi que houve uma s uave expl os ão de cal or atrás del a, e então —
i nacredi tavelmente —, l á es tava el e, ves ti ndo um manto com di s ti nti vos que
fazi am com que el e pareces s e um prí nci pe mi l i tar: Damon.
Damon.
E l e es tava tão atras ado que el a havi a des i s ti do del e há mui to tempo.
M as agora, el e es tava dando aquel e s orri s o de matar para Shi ni chi , quem
es tava ol hando como s e fos s e um retardado.
E agora, Damon es tava di zendo:
— Temo que a Srta. M cCul l ough tenha outro compromi s s o no momento.
M a s eu vol tarei para acabar com vocês … O mai s rápi do pos s í vel . Andarei pel o
quarto e matarei a todos vocês , bem devagar. Obri gado por nos dar o s eu tempo e
a s ua cons i deração.
E antes que al guém pudes s e s e recuperar do pri mei ro choque de s ua
chegada, el e e Bonni e es tavam s ai ndo pel a j anel a. E l e s ai u, não recuando
para a porta em que havi a chegado, mas s i m s empre em frente, uma mão na
frente de s eu corpo, cobri ndo-os compl etamente com o Poder negro e etéreo.
E l es pas s aram pel a j anel a de duas vi as no quarto de Bonni e e j á havi am
pas s ado por mai s da metade do outro quarto antes que a mente de Bonni e o
denomi nas s e como “vazi o”. E ntão, el es es tavam pas s ando por uma j anel a bem
el aborada — fazendo com que as pes s oas pens as s em que el es ti nham uma
vi s ão do que es tava acontecendo l á de fora —, e voaram aci ma de al guém que
es tava dei tado s obre uma cama. E ntão... Houve uma s éri e de des trui ções ,
tantas que Bonni e não cons egui u contar. E l a mal ti nha um vi s l umbre do que
es tava acontecendo em cada quarto. Fi nal mente...
As des trui ções pararam. Is s o fez com que Bonni e s e s eguras s e em
Damon ao es ti l o coal a — el a não era es túpi da — e el es foram para bem, bem
al to no céu. Na frente del es , e dos l ados , pel o o que Bonni e pôde ver, havi a
mul heres que também es tavam voando, mas com a aj uda de máqui nas que
pareci am a mi s tura de uma moto com um j et s ki . Só que s em a parte debai xo, é
cl aro. As máqui nas eram todas douradas , no qual eram da mes ma cor que o
cabel o de s uas motori s tas .
As s i m, a pri mei ra pal avra que Bonni e arfou para s eu s al vador, depoi s
del e ter fei to um i mens o túnel no prédi o da dona dos es cravos para s al vá-l a,
foi :
— Guardi ões?
— Indi s pens ávei s , cons i derando o fato de que eu não ti nha i dei a de
onde os vi l ões ti nham te l evado e s us pei tei que meu tempo es ti ves s e s e
es gotando. Na verdade, es s e foi o úl ti mo depós i to de es cravos que eu chequei .
Nós fi nal mente... Reencontramo-nos .
Para al guém que havi a ti do um reencontro, el e pareci a um pouco
es tranho. Quas e... Chocado.
Havi a água na bochecha de Bonni e, mas el a havi a s umi do rápi do
demai s para que el a pudes s e l i mpá-l a. Damon es tava s egurando-a, as s i m
el a não pôde ver s eu ros to, e el e a es tava s egurando bem, bem próxi mo ao s eu
corpo.
E s s e era o Damon. E l e havi a chamado a caval ari a e, apes ar do grande
empeci l ho que ocorri a nes te momento, el e havi a a encontrado.
— E l es te machucaram, não é, pas s ari nho? E u vi ... Vi o s eu ros to. —
Damon di s s e em s ua nova voz chocada.
Bonni e não s abi a o que di zer. M as , de repente, el a não s e i mportava o
quão forte el e a apertava. E l a mes ma encontrou-s e apertando de vol ta.
De repente, para o s eu choque, Damon s e des fez do abraço de coal a e a
puxou para ci ma, bei j ando s eus l ábi os bem genti l mente.
— Pas s ari nho! E s tou pres tes a vol tar l á, e fazer com que el es paguem
pel o o que fi zeram conti go. Bonni e ouvi u-s e di zer:
— Não, não vá.
— Não? — Damon repeti u, aturdi do.
— Não. — Bonni e di s s e.
E l a preci s ava del e j unto del a. E l a não s e i mportava com o que
aconteceri a com Shi ni chi . Havi a uma doçura correndo dentro del a, mas
também havi a adrenal i na em s ua cabeça. E ra real mente uma pena, mas em
al guns mi nutos el a es tari a i ncons ci ente.
E nquanto i s s o, el a teve três pens amentos na cabeça e todos el es es tavam
bem cl aros . E l a temi a que el es fi cas s em menos cl aros mai s tarde, depoi s
del a acordar de s eu des mai o.
— Você tem uma E s fera E s tel ar?
— Tenho vi nte e oi to E s feras E s tel ares . — Damon di s s e, e ol hou para
el a i ntri gado. Não foi i s s o que Bonni e qui s di zer; el a queri a uma para
guardar uma l embrança.
— Você pode s e l embrar de três coi s as ? — E l a di s s e a Damon.
— M e prenderei ni s to.
Des ta vez, Damon bei j ou-a del i cadamente em s ua tes ta.
— Pri mei ro, você arrui nou a mi nha morte di gna.
— Podemos vol tar e você pode tentar novamente. — A voz de Damon es tava
menos chocada agora; começando a vol tar para a s ua normal .
— Segundo, você me dei xou l á durante uma s emana...
Como s e el a pudes s e ver dentro de s ua mente, el a vi u es s e l ado del e que
pareci a bem frági l . E l e es tava s egurando-a tão genti l mente que el a mal podi a
res pi rar.
— E u... E u não fi z de propós i to. Foram s ó quatro di as , mas eu nunca
devi a ter fei to i s s o. — E l e di s s e.
— Tercei ro — A voz de Bonni e pas s ou a s er um s us s urro: — Não acho
que al guma E s fera E s tel ar tenha s i do roubada. O que nunca exi s ti u não pode
s er roubada, certo?
E l a ol hou para el e. Damon es tava ol hando s ua boca de uma forma que,
normal mente, a fari a tremer. E l e es tava obvi amente des es tres s ado. M as
Bonni e mal cons egui a s e prender cons ci ente.
— E ... Quarto... — E l a s ol tou devagar.
— Quarto? Você di s s e três coi s as . — Damon s orri u, s ó um pouqui nho.
— E u tenho que di zer i s s o... — E l a dei xou cai r s ua cabeça em di reção ao
ombro de Damon, focando toda s ua energi a, e s e concentrou.
Damon s ol tou o s eu abraço um pouqui nho. E l e di s s e:
— Só pos s o ouvi r um barul hi nho em mi nha cabeça. Di ga-me
normal mente. E s tamos l onge de todos .
Bonni e conti nuava i ns i s ti ndo. E l a es premeu todo o s eu corpi nho e então
expl odi u uma mens agem. E l a poderi a di zer que Damon a captou.
Quarto, eu sei o cami nho para os sete tesouros lendári os ki tsune, B onni e lhe envi ou. Isso
i nclui a mai or Esfera Estelar j á fei ta. Mas se a queremos, teremos que... Ir rápi do.
E ntão, s enti ndo que el a havi a contri buí do o bas tante para a convers a, el a
des mai ou.
21
Al guém ai nda es tava batendo na porta de Stefan.
— Deve s er um pi ca-pau. — E l ena di s s e quando el a pôde fal ar. — E l es
batem em portas , não é?
— Dentro de cas a? — Stefan di s s e atordoado.
— Ignore e el e vai embora.
Um momento mai s tarde, a bati do vol tou. E l ena gemeu:
— E u não acredi to ni s s o.
— Você quer que eu traga a cabeça da coi s a? Des vi ncul ando-a de s eu
pes coço, eu quero di zer?
E l ena cons i derou. E nquanto as bati das conti nuavam, el a es tava
começando a fi car mai s preocupada e menos confus a.
— É mel hor vermos s e é um pás s aro, eu acho. — E u di s s e.
Stefan afas tou-s e del a, de al guma forma col ocando o s eu j eans , e
cambal eou até a porta. Apes ar de tudo, E l ena teve pena de quem quer que
es ti ves s e do outro l ado.
As bati das começaram novamente.
Stefan chegou à porta e quas e a arrancou das dobradi ças .
— M as que di ab... — E l e parou, de repente moderando s ua voz. — Sra.
Flow ers?
— Si m. — A Sra. Fl owers di s s e, del i beradamente s em ver E l ena, quem
es tava us ando um l ençol e que es tava em s ua l i nha de vi s ão.
— Trata-s e da amada M eredi th. — A Sra. Fl owers di s s e. — E l a es tá em
choque, e preci s a vê-l o ag ora, Stefan.
A mente de E l ena l i gou os pontos como quem monta um quebra-cabeça.
M eredi th? E m choque? E xi gi ndo ver Stefan, mes mo quando, E l ena ti nha
certeza di s s o, a própri a Sra. Fl owers devi a ter i ndi cado o quão... Ocupado Stefan
es tava no momento?
Sua mente ai nda es tava s ol i damente l i gada à de Stefan. E l e di s s e:
— Obri gado, Sra. Fl owers . E s tarei l á embai xo em i ns tantes .
E l ena, quem es tava ves ti ndo s uas roupas o mai s rápi do que podi a,
enquanto agachava-s e pel o outro l ado da cama, adi ci onou uma s uges tão
tel epáti ca.
— Tal vez você pudes s e fazer para el a um bom copo de... Quero di zer,
xí cara de chá. — Stefan adi ci onou.
— Si m, queri do, boa i dei a. — A Sra. Fl owers di s s e genti l mente. — E s e
você ver E l ena, poderi a você di zer a el a que a amada M eredi th perguntou por
el a, também?
— Ambos j á vamos . — Stefan di s s e automati camente. E então el e vi rou-
s e e rapi damente fechou a porta.
E l ena deu-l he um tempo para que col ocas s e uma cami s a e s apatos , e
então ambos des ceram para cozi nha, onde M eredi th es tava bebendo uma boa
xí cara de chá, mas dando vol tas como um l eopardo enj aul ado. Stefan começou:
— O que...
— E u vou te di zer o que há de errado, Stefan Sal vatore! Não... Você me
di ga! Você es teve em mi nha mente antes , então você deve s aber. Você deve s er
capaz… De di zer… Al go s obre mi m.
E l ena ai nda es tava conectada com Stefan. E l a s enti u s eu des âni mo.
— Di zer o que s obre você? — E l e di s s e genti l mente, puxando uma
cadei ra da mes a da cozi nha para que M eredi th pudes s e s entar.
O s i mpl es ato de s entar-s e, de parar de res ponder, pareceu acal mar
M eredi th l i gei ramente. M as ai nda as s i m, E l ena pôde s enti r o s eu medo e
dor como s e uma es pada de aço es ti ves s e em s ua l í ngua.
M eredi th acei tou um abraço e tornou-s e ai nda mai s cal ma. Um pouco
mai s pareci da com s i mes ma do que como um ani mal enj aul ado. M as a
batal ha era tão vi s ceral e tão cl ara dentro del a que E l ena não pôde s uportar
dei xá-l a, mes mo quando a Sra. Fl owers depos i tou quatro canecas ao redor da
mes a e acei tou outra cadei ra que Stefan ofereceu.
E ntão, Stefan s entou. E l e s abi a que E l ena fi cari a em pé ou
comparti l hari a a cadei ra com M eredi th, mas qual quer que fos s e s ua es col ha,
s eri a el a quem deci di ri a.
A Sra. Fl owers es tava agi tando del i cadamente mel em s ua caneca de chá
e, em s egui da, pas s ou o mel j us tamente para Stefan, que deu para E l ena
para que el a col ocas s e a quanti dade que M eredi th gos tava em s ua xí cara e
então agi tou del i cadamente, também.
O s om comum e ci vi l i zado de duas col heres ti nti l ando qui etamente
pareci a acal mar M eredi th cada vez mai s . E l a pegou a caneca que E l ena deu a
el a e s orveu, e então bebeu s edentamente.
E l ena pôde s enti r o s us pi ro mental de al í vi o de Stefan enquanto
M eredi th acal mava-s e em ní vei s cada mai s bai xos . E l e educamente s orveu
de s eu própri o chá, que es tava quente, mas não quei mando, fei to de frutas
doces e ervas naturai s .
— E s tá bom. — M eredi th di s s e. E l a era quas e uma humana agora. —
Obri gada, Sra. Fl owers .
E l ena s e s enti u mai s l eve. E l a rel axou o s ufi ci ente para puxar s ua
própri a caneca de chá, des pej ar mui to mel dentro, mexer e dar um gol e.
E xcel ente! Chá cal mante!
Isso é camomi la e pepi no, Stefan l he di s s e.
— Camomi l a e pepi no. — E l ena di s s e, bal ançando a cabeça
s abi amente. — Para rel axar.
E então el a corou, porque a Sra. Fl owers s orri ra para el a e el a s abi a
exatamente o que havi a dentro daqui l o.
E l ena, às pres s as , bebeu mai s chá e vi u que M eredi th pegara mai s
também e s enti u que tudo começara a parecer quase certo. M eredi th era
compl etamente M eredi th agora, não al gum ti po de ani mal feroz. E l ena
apertou l evemente a mão de s ua ami ga.
Havi a s omente um probl ema. Os s eres humanos eram menos
as s us tadores que feras , mas ao menos el es podi am chorar. M eredi th, quem
nunca chorou, agora es tava tremendo e l ágri mas caí am em s eu chá.
— Você s abe o que é morci llo, certo? — Por fi m, el a perguntara à E l ena.
— Às vezes , tí nhamos ens opado di s to em s ua cas a, não? — E l a di s s e —
Servi do com tapas?
E l ena havi a cres ci do com chouri ço como refei ção ou l anchi nho da tarde
na cas a de s ua ami ga, e es tava acos tumada com os pequenos pedaços da
del i ci os a comi da que s ó a Sra. Sul ez s abi a fazer.
E l ena s enti u o coração de Stefan s e afundar. E l a ol hou para frente e para
trás , del e para M eredi th.
— Des cobri porque mi nha mãe nem s empre fazi a i s s o. — M eredi th
di s s e, ol hando para Stefan agora. — E meus pai s ti veram um bom moti vo para
mudarem a data do meu ani vers ári o.
— Conte-nos tudo. — Stefan s ugeri u del i cadamente.
E então, E l ena s enti u al go que nunca s enti ra antes . Uma onda... Como
uma onda mui to genti l , que fal ava di reto do centro de M eredi th, no cérebro de
M eredi th. Is s o di s s e: Conte tudo e mantenha a calma. Semrai va. Semmedo.
M as não era tel epati a. M eredi th s enti u o pens amento em s eu s angue e
os s o, mas não es cutou com os ouvi dos .
Is s o era Infl uênci a. Antes que E l ena pudes s e tacar s ua caneca em s eu
amado Stefan por us ar Infl uênci a em um de s eus ami gos , Stefan di s s e, s ó pra
el a:
Meredi th está feri da, com medo e com rai va. Ela tem seus moti vos, mas preci sa de paz.
Provavelmente, não conseg ui rei contê-la, mas tentarei .
M eredi th enxugou os ol hos .
— Des cobri que nada é como eu pens ei que fos s e... Na noi te em que
ti nha três anos .
E l a des creveu o que s eus pai s contaram a el a, s obre tudo que Kl aus
havi a fei to. Contar a hi s tóri a, mes mo qui etamente, es tava des fazendo todas as
Infl uênci as cal mantes que havi am aj udado M eredi th a manter-s e no
control e. E l a es tava começando a tremer novamente. Antes que E l ena pudes s e
s egurá-l a, el a es tava de pé e cami nhando em vol ta da s al a.
— E l e ri u e di s s e que eu preci s ari a de s angue toda s emana... Sangue
ani mal ... Ou eu morreri a. Não preci s ari a de mui to. Só uma col her ou duas . E
mi nha pobre mãe não queri a perder outro fi l ho. E l a fez o que l he fora di to.
M as o que acontece s e eu beber mai s s angue, Stefan? O que acontece s e eu
beber o seu?
Stefan es tava pens ando, des es peradamente tentando ver s e durante todos
es s es anos de experi ênci a el e havi a vi s to al go como i s s o. E nquanto i s s o, el e
res pondeu a parte fáci l :
— Se você bebes s e o s ufi ci ente do meu s angue, você s e trans formari a em
uma vampi ra. M as i s s o aconteceri a com qual quer um. Conti go... Bem, deve
preci s ar de menores quanti dades . E ntão, não dei xe que nenhum vampi ro te
engane querendo fazer uma troca de s angue. Uma vez s ó j á deve s er o
s ufi ci ente.
— E ntão, eu não s ou uma vampi ra? Nes te momento? Nenhum ti po de
vampi ro? Há di ferentes ti pos di s s o? Stefan res pondeu bem s eri amente:
— Nunca ouvi fal ar em “di ferentes ti pos ” de vampi ro em mi nha vi da,
exceto por Anti gos . Pos s o di zer que você não tem uma aura de vampi ro. E quanto
aos s eus dentes ? Você pode fazer com que s eus cani nos fi quem afi ados ?
Normal mente, é mel hor s e tes tar próxi mo a s angue humano. M as não do s eu
própri o s angue.
E l ena prontamente es tendeu s eu braço, a l ateral da vei a de s eu pul s o
vi rada para ci ma. M eredi th, com ol hos fechados em concentração, fez um
grande es forço, no qual E l ena s enti u através de Stefan. E ntão, M eredi th
abri u s eus ol hos , s ua boca também s e abri ra para uma i ns peção odontol ógi ca.
E l ena começou com s eus cani nos . E l es pareci am um pouco afi ados , mas os de
todo mundo pareci am, não é mes mo?
Cui dados amente, E l ena al cançou a ponta de s eu dedo l á dentro. E l a tocou
um dos cani nos de M eredi th. Um pouco ponti agudo.
As s us tada, E l ena s e afas tou. E l a ol hou para s eu dedo, onde uma
pequena gota de s angue começara a brotar.
Todos fi caram ol hando, hi pnoti zados . E ntão, a boca de E l ena di s s e s em
dar uma paus a para cons ul tar o s eu cérebro:
— Você tem dentes de gati nho.
A s egui r, M eredi th empurrara E l ena para o l ado e andou
freneti camente ao redor da cozi nha.
— E u não s erei i s s o! E u não s erei ! Sou uma Caçadora, não uma vampi ra!
Vou me matar s e eu for uma vampi ra! E l a es tava mui to s éri a.
E l ena s enti u Stefan s enti ndo i s s o: a perfuração rápi da da es taca entre
s uas cos tel as , em di reção ao s eu coração. E l a i ri a à i nternet s ó para encontrar
a área certa. M adei ra e ci nzas brancas perfurando s eu coração, aqui etando-o
para s empre... Acabando com o mal que era M eredi th Sul ez.
Mantenha a calma! Mantenha a calma! A Infl uênci a de Stefan pas s ou por el a.
M eredi th não es tava cal ma.
— M as antes , eu tenho que matar meu i rmão. — E l a j ogou uma
fotografi a na mes a de cozi nha da Sra. Fl owers . — Des cobri que Kl aus ou outro
al guém tem mandado uma des s as des de que Cri s ti an ti nha quatro anos ... No
di a do meu verdadei ro ani vers ári o. Durante todo esse tempo! E em todas as fotos
vocês podem ver que el e tem dentes de vampi ro. Não “dentes de gati nho”. E
então, el as pararam de chegar quando eu ti nha dez anos . M as el as
mos travam el e envel hecendo! Com dentes afi ados ! E ano pas s ado, chegou es s a
aqui .
E l ena s al tou em di reção à foto, mas el a es tava mai s próxi ma de Stefan,
que foi mai s rápi do. E l e a ol hou com es panto.
— E nvel hecendo? — E l e di s s e.
E l a pôde ver o quão trêmul o el e es tava... E com i nvej a. Ni nguém havi a
l he dado es s a opção. E l ena ol hou para M eredi th, a andante, e vol tou para
Stefan.
— M as i s s o é i mpos s í vel , não é? — E l a di s s e. — Pens ei que, uma vez
que você fos s e mordi do, acabou, não é i s s o? Você nunca mai s envel hece... Ou
cres ce.
— Foi i s s o o que eu pens ei . M as Kl aus era um Anti go e quem s abe o
que el es podem fazer? — Stefan res pondeu.
Damon vai fi car furi oso quando descobri r, E l ena di s s e a Stefan pri vati vamente,
al cançando a foto mes mo el a j á tendo vi s to-a pel os ol hos de Stefan.
Damon fi cava amargo pel a al tura vantaj os a de Stefan... Na verdade, el e
fi cava amargo com qualquer vantagem que al guém ti ves s e.
E l ena trouxe a foto para a Sra. Fl owers e ambas a ol haram. M os trava um
meni no extremamente boni to, com cabel o que era exatamente tão es curo
quanto o de M eredi th. E l e pareci a com M eredi th em s ua es trutura faci al e cor
azei tonada. E l e es tava us ando uma j aqueta de motoci cl i s ta e l uvas , mas s em
capacete, e es tava ri ndo al egremente com um conj unto compl eto de dentes
mui to brancos . Você podi a ver faci l mente que s eus cani nos eram l ongos e
pontudos .
E l ena ol hou da foto para M eredi th, repeti damente. A úni ca di ferença
que el a pôde ver era que os ol hos des s e meni no pareci am mai s cl aros . Tudo o
mai s gri tava “gêmeos ”.
— Pri mei ro, eu o mato. — M eredi th di s s e cans adamente. — E ntão, eu
me mato. E l a tropeçou de vol ta à mes a e s entou-s e, quas e derrubando s ua
cadei ra.
E l ena pai rou perto del a, pegando duas canecas da mes a, para evi tar que
o braço des aj ei tado de M eredi th j ogas s e-os no chão. M eredi th... Des aj ei tada!
E l ena j amai s vi ra M eredi th s em j ei to ou des aj ei tada antes .
Is s o era as s us tador. Is s o aconteci a devi do por el a s er — ao menos , por
parte — vampi ra? Com dentes de gati nho? E l ena vi rou s eus ol hos apreens i vos
para Stefan, e s enti u os de Stefan des ori entados .
E então, ambos , s em cons ul tarem-s e, vi raram-s e para a Sra. Fl owers .
E l a l hes deu um di s creto s orri s o de s enhora.
— Tenho que... E ncontrá-l o, matá-l o... Pri mei ramente. — M eredi th
es tava s us s urrando enquanto s ua cabeça morena es tava dei tada s obre a mes a,
fazendo de s eus braços um traves s ei ro.
— E ncontrá-l o... Onde? Vovô… Onde? Cri s ti an… M eu i rmão…
E l ena es cutou s i l enci os amente até que s ó houve uma breve res pi ração
para s e s er ouvi da.
— Você a drogou? — E l a s us s urrou para a Sra. Fl owers .
— Foi i s s o que Mama pens ou s er o mel hor. E l a é uma garota forte e
s audável . Is s o não prej udi cará o s eu s ono des ta noi te. Des cul pe por di zer i s s o,
mas temos outro probl ema em mãos .
E l ena deu uma ol hadel a para Stefan, vi u medo s urgi ndo em s eu ros to, e
exi gi u:
— O que foi ?
Abs ol utamente, nada vi nha por s ua l i gação com Stefan. E l e a havi a
des l i gado. E l ena vi rou-s e para a Sra. Fl owers .
— O que foi ?
— E s tou mui to preocupada com o queri do M att.
— M att. — Concordou Stefan, ol hando ao redor da mes a como s e i s s o
mos tras s e que M att não es tava l á. E l e es tava tentando proteger E l ena dos
cal afri os que percorri am s eu corpo.
Pel a pri mei ra vez, E l ena não es tava al armada.
— E u s ei onde el e deve es tar. — E l a di s s e i ntens amente. E l a es tava s e
l embrando de hi s tóri as que M att havi a contado s obre es tar em Fel l ’s Church
enquanto el a e os outros es tavam na Di mens ão das Trevas . — Na cas a da Dr.ª
Al pert. Ou deve ter s aí do com el a, fazendo vi s i tas hos pi tal ares domés ti cas .
A Sra. Fl owers s acudi u a cabeça, s ua expres s ão era s ombri a.
— Temo que não, E l ena queri da. Sophi a... A Dr.ª Al pert... M e l i gou e
di s s e que el a es tava l evando a mãe de M att, s ua própri a famí l i a e mui tas
outras pes s oas com el a, fugi ndo de Fel l ’s Church. E não a cul po por i s s o...
M as M att não era um des tes que es tavam i ndo. E l a di s s e que el e preferi u
fi car e l utar. Is s o foi por vol ta do mei o-di a e mei a.
Os ol hos de E l ena automati camente foram para o rel ógi o da cozi nha.
M edo tomou conta del a, revi rando s eu es tômago e repercuti ndo para fora de
s eus dedos . O rel ógi o marcava 16h35...
16h35! M as ti nha que es tar errado. E l a e Stefan havi am j untado s uas
mentes s ó há al guns mi nutos atrás . A rai va de M eredi th não durou por mui to
tempo. Is s o era i mpos s í vel !
— O rel ógi o... Não es tá certo!
E l a apel ou para a Sra. Fl owers , mas ouvi u ao mes mo tempo a voz
tel epáti ca de Stefan:
É o cruzamento de pensamentos. Eu não qui s apressar as coi sas. Mas estava perdi do demai s
ni sso... Não é sua culpa, Elena!
— É mi nha cul pa. — E l ena retrucou em voz al ta. — E u nunca qui s
es quecer de meus ami gos durante uma tarde i ntei ra! E M att... M att nunca nos
as s us tari a, dei xando a gente es perando por s ua l i gação! E u devi a ter l i gado
pra el e! E não devi a...
E l a ol hou para Stefan com ol hos tri s tonhos . A úni ca coi s a quei mando
dentro del a nes te momento era a vergonha de ter fal hado com M att.
— E u l i guei para o s eu cel ul ar. — A Sra. Fl owers di s s e bem
genti l mente. — M ama me acons el hou a fazer i s s o, então, tentei des de o
mei o-di a e mei a. M as el e não atendeu. Tenho l i gado a cada hora, des de
então. M ama não di rá mai s do que i s s o: es tá na hora de ol harmos para as
coi s as di retamente.
E l ena correu para a Sra. Fl owers e chorou s obre a renda maci a no pes coço
da vel ha s enhora.
— Você fez a nos s a obri gação. — E l a di s s e. — Obri gada. M as agora,
temos que i r encontrá-l o. E l a vi rou-s e para Stefan.
— Você pode col ocar M eredi th no quarto do pri mei ro andar? Ti re s eus
s apatos e col oque-a por ci ma das cobertas . Sra. Fl owers , s e você for fi car s ozi nha
aqui , dei xaremos Sabber e Tal on para tomar conta de você. E ntão, manteremos
contato por cel ul ar. E procuraremos em cada cas a em Fel l ’s Church... M as
acho que deví amos i r ao bos que pri mei ro…
— E s pere, E l ena, mi nha queri da. — A Sra. Fl owers ti nha s eus ol hos
fechados .
E l ena es perou, i mpaci entemente mudando de um pé para o outro. Stefan
es tava vol tando agora de col ocar M eredi th na cas a.
De repente, a Sra. Fl owers s orri u, com os ol hos ai nda fechados .
— M ama di s s e que fará todo o pos s í vel para aj udar vocês doi s , j á que
vocês es tão dedi cados a s al varem s eu ami go. E l a di s s e que M att não es tá em
l ugar nenhum em Fel l ’s Church. E el a di s s e para l evar o cachorro, Sabber. O
fal cão vai cui dar de M eredi th enquanto es ti vermos l onge.
Os ol hos da Sra. Fl owers s e abri ram.
— E mbora pos s amos col ocar Pos t-It em s ua j anel a e porta. — E l a di s s e.
— Só para garanti r.
— Não. — E l ena di s s e s ecamente. — Si nto mui to, mas não vou dei xar
M eredi th e você por conta própri a com s omente um pás s aro como proteção.
Vamos l evar as duas , coberta com amul etos , s e qui s er, e então podemos l evar
a ambos os ani mai s , também. Lá na Di mens ão das Trevas , el es trabal haram
bem j untos quando Bl oddeuwedd tentou nos matar.
— Tudo bem. — Stefan di s s e uma vez, conhecendo E l ena bem o bas tante
para s abem que uma di s cus s ão l onga es tava pres tes a acontecer e que não
fari a com E l ena s e rendes s e nem um mi l í metro.
A Sra. Fl owers deve ter s abi do di s s o também, poi s el a s e l evantou, quas e
que i medi atamente, e s ai u para s e arrumar. Stefan l evou M eredi th para o
s eu carro. E l ena deu um pequeno as s obi o para Sabber, que fi cou em pé
i medi atamente, parecendo mai or do que nunca, e el a correu com el e es cada
aci ma para o quarto de M att. E s tava decepci onantemente l i mpo... M as E l ena
pes cou um par de cuecas entre a cama e a parede. E l a deu i s s o para Sabber s e
del ei tar, mas des cobri u que não cons egui a fi car parada. Fi nal mente, el a
correu até o quarto de Stefan, pegou s eu di ári o de debai xo do col chão e começou
a es crever.

Queri do di ári o,
Eu não sei o que fazer. Matt desapareceu. Damon levou B onni e
para a Di mensão das Trevas... Mas será que ele está tomando conta
dela?
Não há como saber. Não temos como abri r um Portal e i r atrás
deles. Temo que Stefan mate Damon, e se alg o — qualquer coi sa —
acontecer a B onni e, eu vou querer matá-lo também. Ai , Deus, que
confusão!
E Meredi th... De todas as pessoas, descobri u-se que Meredi th
ti nha mai s seg redos do que todos nós j untos.
Tudo que Stefan e eu podemos fazer é nos abraçar e rezar.
Temos lutado com Shi ni chi por tanto tempo! Si nto como se o fi m
esti vesse prestes cheg ar... E estou commedo.

— E l ena! — O gri to de Stefan vei o de l á de bai xo. — E s tamos todos


prontos !
E l ena rapi damente col ocou s eu di ári o de vol ta s ob o col chão. E l a
encontrou Sabber es perando nas es cadas , e o s egui u, correndo. A Sra. Fl owers
ti nha doi s cas acos cobertos de amul etos .
Lá fora, um l ongo as s obi o de Stefan foi de encontro com um keeeeeeee {5}
vi ndo do céu, e E l ena vi u um pequeno corpo es curo ci rcul ando ao redor do céu
branco de Agos to.
— E l a entende. — Stefan di s s e brevemente, e s entou no banco do
motori s ta.
E l ena foi para o banco de atrás que fi cava atrás del e, e a Sra. Fl owers
pegou o banco do pas s agei ro. Uma vez que Stefan havi a afi vel ado M eredi th no
banco do mei o, s obrara o banco da j anel a para Sabber col ocar a s ua cabeça e al i
fi car ofegando.
— Agora — Stefan di s s e, ao l ongo do ronronar do motor —, onde é que
es tamos i ndo, exatamente?
22
— M ama di s s e que el e não es tá em Fel l ’s Church. — A Sra. Fl owers
repeti u para Stefan. — Is s o s i gni fi ca que el e não es tá no bos que.
— Tudo bem. — Stefan di s s e. — Se el e não es tá aqui , então onde el e
es tá?
— Bem — E l ena di s s e devagar. —, deve es tar com a pol í ci a, não? E l es
devem tê-l o capturado. Pareci a que s eu coração es tava em s eu es tômago.
A Sra. Fl owers s us pi rou.
— Suponho que s i m. M ama deve ter me di to i s s o, mas a atmos fera
es tava chei a de i nfl uênci as es tranhas .
— M as o departamento de pol í ci a é em Fel l ’s Church. O que s obrou
del e. — E l ena protes tou.
— E ntão — A Sra. Fl owers di s s e. —, que tal uma pol í ci a de outra
ci dadezi nha próxi ma? Ti po aquel a que vei o procurar por el e antes ...
— Ri dgemont — E l ena di s s e fortemente. — É de l á que aquel es
pol i ci ai s que procuraram na pens ão vi eram. É de l á que aquel e M os s berg
vei o, M eredi th me di s s e. — E l a ol hou para M eredi th, que nem ao menos
murmurava. — E é de l á que o pai de Carol i ne tem ami gos poderos os ... As s i m
como o pai de Tyl er Smal l wood. E l es pertencem àquel es cl ubes s ó para
homens , com apertos de mão s ecretos e es s es ti pos de coi s a.
— E temos al gum ti po de pl ano para quando chegarmos l á? — Stefan
perguntou.
— E u mei o que tenho um Pl ano A. — E l ena admi ti u. — M as não sei s e
vai funci onar... Você deve s aber mel hor do que eu.
— M e conte.
E l ena contou. Stefan ouvi u e teve que repri mi r uma ri s ada.
— E u acho — E l e di s s e s obri amente depoi s . — que i s s o pode funci onar.
E l ena i medi atamente começou a pens ar em Pl anos B e C, as s i m el es
não fi cari am emperrados no l ugar cas o o Pl ano A fal has s e.
E l es ti veram que di ri gi r por Fel l ’s Church para chegar à Ri dgemont.
E l ena vi u, através de s uas l ágri mas , cas as quei madas e árvores enegreci das .
E s s a era s ua ci dade, a ci dade na qual , como es pí ri to, el a havi a ol hado e
protegi do. Como i s s o pôde acontecer?
E , pi or, como tudo poderi a vol tar ao normal ? E l ena começou a tremer
i ncontrol avel mente.
M att s entou tri s temente na s al a de reuni ões do j úri . E l e a havi a
expl orado há mui to tempo atrás , e havi a des coberto que a j anel as foram
fechadas por tábuas pel o l ado de fora. E l e não es tava s urpres o, j á que todas as
j anel as de Fel l ’s Church es tavam as s i m, e al ém di s s o, el e havi a
experi mentado es s as tábuas e s abi a que poderi a s ai r dal i s e qui s es s e.
E l e não qui s .
E ra hora de el e enfrentar s eus probl emas pes s oai s . E l e teri a encarado
i s s o antes , na época em que Damon l evou as garotas à
Di mens ão das Trevas , mas M eredi th havi a convers ado com el e s obre
i s s o.
M att s abi a que o Sr. Forbes , pai de Carol i ne, ti nha todos os s eus ami gos
da pol í ci a e do s i s tema pol í ti co aqui . As s i m como o Sr. Smal l woord, o pai do
verdadei ro cul pado.
E ra pouco provável que el es l he des s em um j ul gamento j us to. M as , em
qual quer ti po de j ul gamento, em al gum momento el es teri am ao menos que
ouvi -lo.
E o que el es ouvi ri am era a pl ena verdade. E l es poderi am não acredi tar
nel e agora. M as mai s tarde, quando os gêmeos de Carol i ne ti ves s em um
pouco de control e s obre s ua forma de l obi s omem e ti ves s em s ua fama por s uas
pres as ... Bem, aí el es pens ari am em M att e no que el e di s s era.
E l e es tava fazendo a coi s a certa, el e as s egurou a s i mes mo. M es mo
quando, nes te momento, s uas entranhas pareci am s erem fei tas de chumbo.
Qual a pi or coi s a que el es podem fazer comi go? E l e s e perguntou.
“Eles podem te colocar na pri são, Matt. Numa pri são de verdade, j á que você tem mai s de
dezoi to anos. E enquanto i sso possa ser uma boa notí ci a para os anti g os e verdadei ros cri mi nosos,
vi ci ados, enormes, com tatuag ens casei ras e bí ceps que parecem g alhos de árvore, não será uma boa
notí ci a para você.”
E depoi s de al gumas horas na i nternet:
“ Matt, aqui na Ví rg i ni a, i sso pode dar pri são perpétua. Ou no mí ni mo ci nco anos. Matt, por
favor, eu i mploro, não dei xe que eles façam i sso com você! Às vezes, a di scri ção é a melhor parte da
corag em, é verdade. Eles têmtodas as cartas e nós estamos andando de olhos vendados, no escuro...”
E l a ti nha trabal ho bas tante ni s s o, mi s turando s uas metáforas e tudo o
mai s , M att pens ou des ani mado. M as não é exatamente como s e eu es ti ves s e
me oferecendo para fazer i s s o. E apos to que el es s abem que es s as tábuas s ão
bas tante frágei s , e s e eu s ai r, s erei pers egui do daqui até Deus -s abe-onde. E
s e eu fi car parado, poderei di zer a verdade, pel o menos .
Por um bom tempo, nada aconteceu. M att pôde ver o Sol pel as fendas das
tábuas e vi u que j á era de tarde. Um homem vei o e ofereceu uma vi s i ta ao
banhei ro e uma Coca-Col a. M att acei tou a ambos , mas também exi gi u s eu
advogado e o s eu tel efonema.
— Você terá um advogado. — O homem res mungou enquanto M att s aí a
do banhei ro. — Um s erá des i gnado para você.
— E u não quero i s s o. Quero um advogado de verdade. Um que eu escolha.
O homem ol hou enoj ado.
— Cri anças como você não têm di nhei ro al gum. Você terá o advogado
des i gnado a você.
— M i nha mãe tem di nhei ro. E l a i ri a querer um advogado contratado, e
não um garoto de facul dade de Di rei to.
— Own. — O homem di s s e. — Que l i ndi nho. Você quer que a M amãe
cui de de você. E apos to que el a es tej a fora de Cl ydes dal e nes te i ns tante, com
aquel a doutora negra. M att congel ou.
Trancado de vol ta na s al a de reuni ões do j úri , el e tentou pens ar
freneti camente. Como el es s abi am onde s ua mãe e a Drª.
Al pert ti nham i do?
E l e tentou pronunci ar “aquela doutora neg ra” com s ua l í ngua e des cobri u
que s oava rui m, al go como coi s a de vel ho mundo e s i mpl es mente bem
es tranho. Se a médi ca fos s e homem e caucas i ano, s oari a al go bobo de s e di zer.
“ … vá comaquela médi ca branquela.”
M ei o que pareci do com um fi l me anti go de Tarzan.
Uma grande rai va es tava cres cendo em M att. E j unto com i s s o, um
grande medo. Pal avras des l i zaram por s ua cabeça:
vi g i lânci a, espi onag em, conspi ração e acobertamento. E eng anação.
E l e deduzi u que eram ci nco horas , depoi s de todos que normal mente
trabal havam na corte s aí rem, e então el e foi l evado para a s al a de
i nterrogatóri o.
E l es es tão apenas bri ncando, el e pens ou.
Os doi s pol i ci ai s tentaram fal ar com el e em um quarto apertado com uma
pequena câmera de ví deo em um canto da parede, perfei tamente óbvi a, embora
fos s e mi nús cul a.
E l es fi zeram turnos , um gri tando que el e devi a confes s ar tudo, o outro
s i mpati zou e di s s e coi s as como:
— As coi s as s aí ram um pouco do control e, não é? Temos uma foto do
chupão que el a te deu. E l a é uma coi s i nha l i nda, né? — Duas pi s cadel as . —
E u entendo. M as então el a começou a te dar s i nai s confus os ...
M att al cançou o ponto que queri a.
— Não, não es távamos em um encontro; não, el a não me deu um chupão,
e quando eu di s s er ao Sr. Forber que você a chamou de “coi si nha li nha”, dando
pi s cadel as , el e vai te demi ti r, s enhor. E u pos s o ouvi r “não” tão bem quanto você,
e i magi no que “não” s i gni fi que “não”!
Depoi s di s s o, el es bateram um pouco nel e.
M att es tava s urpres o, mas cons i derando o modo como el e os havi a tratado,
s endo i ns ol ente, não fi cara mai s tão s urpres o. E então el es pareceram
des i s ti r del e, dei xando-o s ozi nho na s al a de i nterrogatóri o, que, ao contrári o da
s al a do j úri , não havi a j anel as .
M att di s s e repeti das vezes para a câmera de ví deo:
— E u s ou i nocente e es tão s e negando a me darem meu tel efonema e
um advogado. Sou i nocente...
Por fi m, el es vi eram e o bus caram. E l e foi empurrado pel o o pol i ci al bom
e pel o rui m para um tri bunal compl etamente vazi o. Não, não es tá vazi o, el e
percebeu. Na pri mei ra fi l ei ra es tavam al guns repórteres , um ou doi s com
cadernos de ras cunho preparados .
Quando M att vi u i s s o, as s i m como num j ul gamento de verdade,
i magi nou as fotos que el es ti nham es boçado — exatamente como el e havi a
vi s to na TV. O chumbo em s eu es tômago s e trans formou em um s enti mento de
pâni co vi brante.
M as era i s s o que el e queri a, não era? Para que a hi s tóri a s e
es pal has s e?
E l e foi l evado a uma mes a vazi a. Havi a outra mes a, com mui tos homens
bem ves ti dos , todos com pi l has de papéi s em s uas frentes .
M as a coi s a que prendeu a atenção de M att foi que na mes a es tava
Carol i ne. E l e não a havi a reconheci do na pri mei ra vez. E l a es tava us ando um
ves ti do de al godão ci nza. Ci nza! Sem nenhum ti po de j oi a, e com maqui agem
s uti l . A úni ca cor es tava em s eu cabel o: um cas tanho bronze. Pareci a com o s eu
anti go cabel o, e não aquel a cor mal hada que havi a s i do quando el a es tava
começando a s e tornar um l obi s omem. E l a havi a cons egui do control ar s ua
forma, afi nal ? Is s o era más notí ci as . Bem rui ns .
E fi nal mente, com ar de quem pi s a em ovos , entrou o j úri .
E l es devi am s aber o quão i rregul ar i s to era, mas el es conti nuaram
entrando, s ó doze del es , o bas tante para preencher os as s entos do j úri .
M att de repente percebeu que havi a um j ui z s entado na mes a mai s al ta
em s ua frente. E l e es teve aí o tempo todo? Não...
— Todos de pé pel a pres ença de Jus ti ce Thomas Hol l oway. — Di s parou
um ofi ci al da j us ti ça. M att l evantou e s e perguntou s e o j ul gamenti o i ri a
real mente começar s em o s eu advogado.
M as antes que todos pudes s em s e s entar, portas s e abri ram e grandes
pernas com tonel adas de papéi s entraram no tri bunal , trans formando-s e em
uma mul her nos s eus vi nte e poucos anos ; e então el a j ogou os papéi s s obre a
mes a ao l ado del e.
— Gwen Sawi cki aqui ... Pres ente. — A j ovem mul her arfou.
O pes coço do Jui z Hol l oway di s parou como o de uma tartaruga, trazendo-a
para o s eu campo de vi s ão.
— Você foi des i gnada em nome da defes a?
— Se for de s eu agrado, M eri tí s s i mo; s i m, M eri tí s s i mo... Há pouco
menos de mei a-hora. Não fazi a i dei a de que fazí amos s es s ões à noi te,
M eri tí s s i mo.
— Não s ej a atrevi da comi go! — O Jui z Hol l oway rebateu.
E nquanto el e pas s ava a permi ti r que os advogados de acus ação s e
apres entas s em, M att ponderou s obre a pal avra “atrevi da”. E s s a era outra
daquel as pal avras , el e pens ou, que nunca eram us adas para homens . Um
homem atrevi do s eri a engraçado. Já uma mul her atrevi da s oava bem. M as por
quê?
— M e chame de Gwen. — Uma voz s us s urrou ao s eu l ado, e M att ol hou
para ver uma garota com ol hos cas tanhos e cabel os da mes ma cor pres os num
rabo de caval o.
E l a não era exatamente l i nda, mas el a pareci a hones ta e í ntegra, o que
fez com que el a fos s e a coi s a mai s l i nda da s al a.
— Sou M att... Bem, é óbvi o. — M att di s s e.
— E s s a é s ua namorada? Carol yn?
Gwen es tava s us s urrando, mos trando uma foto da vel ha Carol i ne em
al guma fes ta, com pernas bronzeadas que s ubi am até quas e i r de encontro
com uma mi ni s s ai a preta e rendada. E l a us ava uma bl us a branca tão
apertada em s eu bus to que di fi ci l mente conti nha s eus bens naturai s . Sua
maqui agem era exatamente o opos to do s uti l .
— Seu nome é Carol i ne e el a nunca foi mi nha namorada, mas es s e é...
O s eu verdadei ro eu. — M att s us s urrou. — Antes de Kl aus chegar e fazer
al go com s eu namorado, Tyl er Smal l wood. M as eu preci s o te contar o que
aconteceu quando el a des cobri u que es tava grávi da... E l a enl ouqueceu, foi
i s s o que aconteceu. Ni nguém s abi a onde Tyl er es tava... M orto, proval mente,
depoi s da l uta fi nal contra Kl aus , ou s ó s e trans formou em l obi s omem e
fugi u; que s ej a. As s i m, Carol i ne tentou s e fi rmar com M att... Até que
Shi ni chi apareceu e vi rou s eu namorado. M as Shi ni chi e M i s ao es tavam
fazendo um j ogui nho cruel com el a, fi ngi ndo que Shi ni chi s e cas ari a com el a.
Foi depoi s que el a percebeu que Shi ni chi não dava a mí ni ma que Carol i ne
havi a s e trans formado em al go bas i l í s ti co, e tentou fazer com que M att
tampas s e o buraco em s ua vi da.
M att fez o s eu mel hor para expl i car i s s o à Gwen para que el a pudes s e
expl i car ao j úri , até a voz do j ui z o i nterrompeu.
— Vamos di s pens ar os argumentos de abertura — Di s s e o Jui z Hol l oway
—, j á es tá bem tarde. A acus ação chamará s ua pri mei ra tes temunha?
— E s pera! Obj eção! — M att gri tou, i gnorando os puxões de braço de
Gwen e s eu s i l vo.
— Você não pode se opor às deci sões do j ui z!
— E o j ui z não pode fazer i s s o comi go. — M att di s s e, ti rando s ua
cami s eta que es tavam entre os dedos del a. — E u ai nda nem ti ve a chance de
conhecer o meu defens or públ i co!
— Tal vez você deves s e ter acei to um defens or públ i co mai s cedo. —
Repl i cou o j ui z, bebendo um copo d’água. E l e então vi rou s ua cabeça para M att
e rebateu:
— E então?
— Is s o é ri dí cul o — Gri tou M att. — Vocês não me dei xaram dar um
tel efonema para eu ter um advogado!
— Você chegou a pedi r por um tel efonema? — O Jui z Hol l oway rebateu,
s eus ol hos vi aj ando pel a s al a.
Os doi s ofi ci ai s que havi am bati do em M att s e l evantaram s ol enemente
e s acudi ram s uas cabeças . Ni s s o, o ofi ci al de j us ti ça, a quem M att de repente
reconheceu como o cara que havi a manti do el e na s al a do j úri por cerca de
quatro horas , começou a abanar a cabeça negati vamente. Todos os três
bal ançavam, quas e como que em uní s s ono.
— E ntão, você perdeu es s e di rei to. — O j ui z rebateu. Pareci a que es s e
era o úni co j ei to de s e fal ar. — Você não pode exi gi r i s s o no mei o de um
j ul gamento. Agora, como eu es tava di zendo...
— Obj eção! — M att gri tou ai nda mai s al to. — E l es es tão menti ndo! Ol he
nas fi tas nas quai s el es es tão me i nterrogando. E u s empre conti nuei
di zendo...
— Advogada — O j ui z rebateu para Gwen. —, control e o s eu cl i ente ou
você s erá pres a por des acato ao tri bunal .
— Você tem que calar a boca. —Gwen s i bi l ou para M att.
— Você não pode me cal ar a boca! Você não pode ganhar es s e j ul gamento
enquanto vocês es ti verem quebrando as regras !
— Calado! — O j ui z cantou a pal avra em um vol ume s urpreendente. —
A próxi ma pes s oa que fi zer um comentári o s em a mi nha autori zação expres s a
deverá s er pres a por des acato e pas s ará uma noi te na cadei a, com fi ança de
qui nhentos dól ares .
E l e paus ou para ol har ao redor para ver s e havi a s i do compreendi do.
— Agora — E l e di s s e. —, acus ação, chame s ua pri mei ra tes temunha.
— Chamamos Carol i ne Beul a Forbes para fi car em pé.
A fi gura de Carol i ne havi a mudado. Seu es tômago era uma es péci e de
abacate de cabeça para bai xo. M att ouvi u murmúri os .
— Carol i ne Beul a Forbes , você j ura que s eu tes temunho conterá a
verdade, s ó a verdade e nada mai s que a verdade?
E m al gum l ugar l á dentro, M att es tava tremendo. E l e não s abi a s e era
mai s por rai va, medo ou s e era uma combi nação de ambos . M as el e s e s enti u
como um gêi s er pres tes à expl odi r — não neces s ari amente por que el e
queri a, mas porque forças al ém do s eu control e es tavam tomando conta del e. O
Genti l M att, o Qui eto M att, o Obedi ente M att... E l e havi a dei xado tudo i s s o
para trás , em al gum l ugar. O Furi os o M att e o Vi ol ento M att, i s s o era o que
el e es tava pres tes a s e trans formar.
No mundo obs curo l á fora, vozes vi nham entrando em s eus devanei os . E
uma voz o pi cou como uma urti ga.
— Você reconhece o garoto que você nomeou como o s eu namorado,
M atthew Jeffrey Honeycutt, aqui nes ta s al a?
— Si m. — A voz de urti ga es pi nhos a di s s e s uavemente. — E l e es tá
s entado na mes a da defes a, com cami s eta ci nza. A cabeça de M att s e ergueu.
E l e ol hou para Carol i ne di reto nos ol hos .
— Você sabe que i s s o é uma menti ra. — E l e di s s e. — Nunca s aí mos
j untos em um encontro. Nunca. O j ui z, que pareci a es tar dormi ndo, agora
acordara.
— M ei ri nho! — E l e rebateu. — Contenha o réu i medi atamente.
M att fi cou tens o. E nquanto Gwen Sawi cki gemi a, M att de repente
encontrou-s e s endo s egurado e uma fi ta ades i va fora envol vi da em vol ta de s ua
boca.
E l e l utou. E l e tentou l evantar. As s i m, el es o amarraram na cadei ra com
a fi ta em vol ta de s ua ci ntura. Quando el es fi nal mente o dei xaram s ozi nho, o
j ui z di s s e:
— Se el e s ai r da cadei ra, você pagará com o s eu própri o s al ári o, Srta.
Sawi cki .
M att pôde s enti r Gwen Sawi cki tremendo ao l ado del e. M as não de medo.
E l e pôde reconhecer a expres s ão expl os i va e percebeu que el a s eri a a próxi ma.
E ntão, o j ui z a prenderi a com des prezo, e quem fal ari a por el e?
E l e encontrou s eus ol hos e s acudi u s ua cabeça fi rmemente para el a.
M as el e também s acudi u a cabeça para cada menti ra que Carol i ne di zi a.
— Ti vemos que manter em s egredo, a nos s a rel ação. — Carol i ne es tava
di zendo modes tamente, encarando s eu ves ti do ci nza. — Porque Tyl er
Smal l wood, meu anti go namorado, poderi a des cobri r. E ntão el e... Quero di zer,
eu não queri a nenhum ti po de confus ão entre el es .
Si m, M att pens ou com amargura. É mel hor tomar cui dado... Porque o pai
de Tyl er, provavel mente, tem tantos bons ami gos aqui quanto o s eu pai . Ou
até mai s .
M att s e des l i gou até que ouvi u o promotor di zer:
— E al go i ncomum aconteceu na noi te em ques tão?
— Bem, s aí mos j untos em s eu carro. Fomos para perto da pens ão...
Ni nguém nos veri a al i ... Si m, eu... E u recei o que el e… Não entendeu o que eu
queri a. M as depoi s di s s o eu queri a i r embora, mas el e não parou. E u tentei
l utar com el e. E u o arranhei com mi nhas unhas ...
— A acus ação oferece a Prova 2: uma foto de profundos arranhões no braço
do réu...
Os ol hos de Gwen, ao encontrar os de M att, pareci am aborreci dos .
Abati dos . E l a mos trou a M att uma foto e el e s e l embrou: as marcas profundas
fei tas pel o dentes de um grande mal ach quando el e ti rara s eu braço de s ua
boca.
— A defes a i rá es ti pul ar...
— Admi s s í vel .
— M as não i mportava o quanto eu gri tas s e e l utas s e... Bem, el e era
mui to forte e eu... E u não pude... — Carol i ne s acudi u a cabeça em uma
vergonha agoni zante. Lágri mas s aí am de s eus ol hos .
— M eri tí s s i mo, tal vez a ré preci s e de uma paus a para retocar a
maqui agem. — Gwen s ugeri u amargamente.
— Jovem, você es tá me dando nos nervos. A acus ação pode cui dar de s eus
própri os cl i entes ... Di go, tes temunhas ...
— E l a é tes temunha. — Di s s e a acus ação.
M att rabi s cou o quanto pôde a verdadei ra hi s tóri a em um pedaço de papel
branco, enquanto o teatro de Carol i ne conti nuava.
Gwen es tava l endo agora.
— E ntão — E l a di s s e — o s eu ex, Tyl er Smal l wood, não é e nunca foi
um... — E l a engol i u em s eco. — Um l obi s omem. Através de s uas l ágri mas de
vergonha, Carol i ne ri u l i gei ramente.
— Cl aro que não. Lobi s omens não s ão reai s .
— Como vampi ros .
— Vampi ros também não s ão reai s , s e é i s s o que você quer di zer. Como
el es poderi am s er? Carol i ne es tava ol hando para cada s ombra na s al a enquanto
di zi a i s s o.
Gwen es tava fazendo um bom trabal ho, M att percebeu. A más cara de
modés ti a de Carol i ne es tava começando a cai r.
— E pes s oas nunca vol tam dos mortos ... Nos tempos modernos , eu quero
di zer. — Gwen di s s e.
— Bem, quanto a i s to — M al í ci a penetrou na voz de Carol i ne —, s e você
for para a pens ão em Fel l ’s Church, você verá que há uma garota chamada
E l ena Gi l bert, que devi a ter s e afogado ano pas s ado. No Di a dos Fundadores ,
depoi s da fes ta. E l a foi M i s s Fel l ’s Church, é cl aro.
Houve um murmúri o entre os repórteres . Coi s as s obrenaturai s vendi am
mel hor do que qual quer coi s a, es peci al mente s e uma l i nda meni na
es ti ves s e envol vi da. M att pôde ver s orri s os em cada l ado.
— Ordem! Srta. Sawi cki , você conti nuará com os fatos nes te cas o!
— Si m, M eri tí s s i mo. — Gwen pareci a frus trada. — Ok, Carol i ne,
vamos vol tar ao di a da s upos ta agres s ão. Depoi s dos eventos que você narrou,
você ao menos l i gou para a pol í ci a depoi s ?
— E u es tava… M ui to envergonhada. M as quando eu percebi que poderi a
es tar grávi da ou poderi a ter uma doença terrí vel , eu s abi a que ti nha de contar.
— M as es s a doença terrí vel não era l i cantropi a... Ser um l obi s omem,
certo? Porque i s s o não poderi a s er verdade.
Gwen ol hou ans i os amente para M att e M att ol hou s ombri amente para
el a. E l e ti nha es perança de que, cas o Carol i ne fos s e forçada a conti nuar a
fal ar s obre l obi s omens , eventual mente el a começari a a s e contorcer. M as el a
aparentava ter o compl eto control e s obre s i mes ma agora.
O j ui z pareci a furi os o.
— Jovem, eu não quero mai s que meu tri bunal fi que fazendo graci nhas
s obre coi s as s obrenaturai s e s em s enti do!
M att ol hou para o tel hado. E l e i ri a para a cadei a. Por um l ongo tempo. Por
al go que el e não fi zera. Por al go que el e nunca fari a. E al ém di s s o, agora,
haveri a repórteres que i ri am à pens ão i ncomodar E l ena e Stefan. Droga!
Carol i ne havi a cons egui do di zer, apes ar do j uramento de s angue que a
proi bi a de contar o s egredo. Damon havi a as s i nado o j uramento também. Por
um momento, M att des ej ou que Damon es ti ves s e de vol ta, para s e vi ngar
del a. M att não s e i mportari a com todas ás vezes el e o chamara de “M utt”, s e
el e ao menos apareces s e. M as el e não apareceu.
M att percebeu que a fi ta ades i va em vol ta de s eu pei to es tava frouxa o
bas tante para que el e pudes s e bater s ua cabeça contra a mes a da defes a. E l e
fez i s s o, fazendo um pequeno boom.
— Se o s eu cl i ente des ej a s er i mobi l i zado compl etamente, Srta. Sawi cki ,
i s s o poderá s er...
M as então el es todos ouvi ram. Como um eco, s ó que atras ado. E mui to
mai s al to que uma cabeça batendo contra uma mes a. BOOM !
E de novo.
B OOM!
E então, o s om di s tante e perturbador de portas s endo abertas , como s e
el as es ti ves s em s endo ati ngi das por um arí ete {6} .
Nes te momento, as pes s oas no tri bunal ai nda podi am s e es pal har. M as
para onde el as i am? BOOM !
Outra porta mai s próxi ma fora aberta.
— Ordem! Ordem no tri bunal !
Pas s os s oavam pel o pi s o de madei ra do corredor.
— Ordem! Ordem!
M as ni nguém, nem mes mo o j ui z, pôde parar as pes s oas de
res mungar. E s endo tarde da noi te, pres os no tri bunal , depoi s de convers arem
s obre vampi ros e l obi s omens ...
Pas s os fi cavam mai s próxi mos . Uma porta, bem próxi ma, s e abri u e
rangeu. Uma onde de... Al guma coi s a... Pas s ava pel o tri bunal .
Carol i ne s us pi rou, apertando s eu es tômago s al i ente.
— Barrem aquel as portas ! M ei ri nho! Tranque-as !
— Barrá-l as como, M eri tí s s i mo? E el as s ó s e trancam pel o l ado de fora!
O que quer que fos s e, es tava chegando mai s perto...
A porta do tri bunal s e abri u, rangendo. M att col ocou uma mão cal mante
no pul s o de Gwen, torcendo s eu pes coço para ver o que ti nha atrás del e.
Parado na porta es tava Sabber, parecendo, como s empre, tão grande quanto
um ponei zi nho. A Sra. Fl owers andava ao l ado del e; Stefan e E l ena s e
encontravam atrás de s eu tras ei ro.
Sabber dava pas s os pes ados enquanto, s ozi nho, i a em di reção à Carol i ne,
que es tava ofegante e trêmul a.
O mai s abs ol uto s i l ênci o enquanto todo mundo ti nha uma vi s ão da bes ta
gi gante, de s eu cas aco preto de ébano, com ol hos es curos e úmi dos enquanto
el e dava um ol har a l as er pel o tri bunal .
E ntão, nas profundezas de s eu pei to, Sabber fez hmmf.
Ao redor de M att, as pes s oas es tavam ofegantes e s e contorcendo, como s e
el es s e coças s em pel o corpo todo. E l e ol hou e vi u que Gwen encarava enquanto
os ofegos s e trans formavam em um arquej o.
Fi nal mente, Sabber i ncl i nou o nari z para o teto e ui vou.
O que aconteceu depoi s não foi nada boni to, pel o ponto de vi s ta de M att.
E l e não vi u a boca e o nari z de Carol i ne s e s obres s aí rem para fazerem um
foci nho. Não vi u s eus ol hos recuarem em pequenos e profundos buracos .
E s uas mãos e s eus dedos s e encol hendo em patas , di fundi das com
unhas pretas . Is s o não foi nada boni to.
M as o ani mal no fi m era l i ndo. M att não s abi a s e el a havi a abs orvi do
s eu ves ti do ci nza, arrancado-o ou al go pareci do. E l e s abi a aquel e bel o l obo
ci nzento s al tara da cadei ra do réu e l ambera as cos tel etas de Sabber, rol ando
pel o chão para bri ncar ao redor do grande ani mal , que obvi amente pareci a s er o
l obo al fa.
Sabber fez outro hmmf profundo.
O l obo que havi a s i do Carol i ne es fregou s eu foci nho amoros amente
contra s eu pes coço.
E i s s o es tava acontecendo em outros l ugares na s al a. Ambos os
promotores , três dos j urados ... Até mes mo o j ui z...
E l es todos es tavam s e trans formando, não para atacar, mas para forçar
l aços s oci ai s com aquel e grande l obo, um al fa, s e é que al i j á não houves s e
um.
— Já fal amos com el e s obre i s s o. — E l ena expl i cou enquanto xi ngava a
fi ta ades i va no cabel o de M att. — Sobre não s er agres s i vo e não arrancar
cabeças ... Damon me di s s e que el e fez i s s o uma vez.
— Não queremos um monte de mortes . — Stefan concordou. — E
s abí amos que nenhum ani mal poderi a s er tão grande quanto el e. E ntão, nos
concentramos em trazer o máxi mo pos s í vel de s eu l obo i nteri or... E s pera,
E l ena... E u peguei uma pedaço de fi ta aqui des te l ado. Des cul pe por i s s o,
M att.
Um forte puxão de fi ta o l i bertou… E M att col ocou a mão em s ua boca.
A Sra. Fl owers es tava s ol tando a fi ta ades i va que o prendi a à cadei ra. De
repente, el e es tava i ntei ramente l i vre e s enti a-s e como s e fos s e gri tar. E l e
abraçou Stefan, E l ena e a Sra. Fl owers , di zendo:
— Obri g ado!
Gwen, i nfel i zmente, es tava vomi tando numa l ata de l i xo.
Na verdade, M att pens ou, el a teve s orte em ter um l ugar s eguro. Um
j urado vomi tava em ci ma da bancada.
— E s s a é a Srta. Sawi cki . — M att di s s e orgul hos amente. — E l a chegou
depoi s que o j ul gamento começara, e real mente fez um óti mo trabal ho.
— E l e di s s e “E l ena” — Gwen s us s urrou quando el a pôde fal ar.
E l a es tava ol hando para o pequeno l obo, com manchas de queda de
cabel o, que vei o mancado da cadei ra do j ui z para fi car em torno de Sabber, que
es tava acei tando todos es s es ges tos com di gni dade.
— E u s ou E l ena. — Di s s e E l ena, enquanto dava abraços poderos os em
M att.
— Aquel a que... Devi a es tar morta?
E l ena l evou um momento para poder abraçar Gwen.
— E u pareço es tar morta?
— E u... E u não s ei . Não. M as ...
— M as eu tenho uma l ápi de bem boni ta no cemi téri o de Fel l ’s Church.
— E l ena l he as s egurou; então, de repente, com uma mudança de s embl ante:
— Carol i ne te di s s e i s s o?
— E l a di s s e para a s al a toda. E s peci al mente para os repórteres . Stefan
ol hou para M att e s orri u i roni camente.
— Você deverá vi ver o s ufi ci ente para ter s ua vi ngança contra Carol i ne.
— E u não quero mai s vi ngança. E u s ó quero i r pra cas a. Quer di zer... —
E l e ol hou com medo para a Sra. Fl owers .
— Se pode pens a em mi nha cas a como s eu “l ar” enquanto s ua amada
mãe es ti ver fora, eu es tou fel i z. — Di s s e a Sra. Fl owers .
— Obri gado. — M att di s s e s i l enci os amente. — E u real mente qui s
di zer i s s o. M as Stefan... O que os repórteres vão es crever?
— Se el es forem es pertos , não es creverão nada.
23
No carro, M att s entou-s e ao l ado da M eredi th adormeci da com Sabber
amontoado em s eus pés , ouvi ndo chocado e com medo enquanto el es
recontavam a hi s tóri a de M eredi th. Quando el es termi naram, el e foi capaz de
fal ar s obre s uas própri as experi ênci as .
— Terei pes adel os a mi nha vi da i ntei ra em rel ação ao Col e Reece. —
E l e admi ti u. — M es mo depoi s de eu ter col ocado um amul eto nel e, e el e ter
chorado, a Dr.ª Al pert di s s e que el e ai nda es tava i nfectado. Como podemos l utar
com uma coi s a que es tá tão fora do control e?
E l ena s abi a que el e es tava ol hando para el a. E l a afundou s uas unhas
na pal ma de s uas mãos .
— Não é que eu não tenha tentado us ar as Asas da Puri fi cação s obre toda a
ci dade. E u tentei tanto que s i nto que vou expl odi r. M as i s s o não é bom. E u
nem ao menos pos s o control ar meus Poderes de As a! E u acho... Depoi s do que
eu aprendi com M eredi th… Que tal vez eu preci s e trei nar. M as como eu faço
i s s o? Onde? Com quem?
Houve um l ongo s i l ênci o no carro. Por fi m, M att di s s e:
— E s tamos todos no es curo. Vej a aquel e tri bunal ! Como el es podem ter
tantos l obi s omens em uma s ó ci dade?
— Lobos s ão s oci ávei s . — Stefan di s s e s i l enci os amente. — Parece que
há uma comuni dade i ntei ra de l obi s omens em Ri dgemont. Vi vendo j unto com
os Cl ubi nhos de Urs os , Al ces e Leões , é cl aro. Para es pi onar as úni cas
cri aturas que el es temem: os humanos .
Na pens ão, Stefan carregou M eredi th para o quarto do pri mei ro andar e
E l ena puxou as cobertas para ci ma del a. E ntão, el a foi à cozi nha, onde a
convers a conti nuava.
— E quanto àquel as famí l i as de l obi s omens ? Suas es pos as ? — E l a
exi gi u enquanto el a es fregou os ombros de M att, onde el a s abi a que os
mús cul os devi am es tar fortemente machucados depoi s de s erem al gemados às
s uas cos tas .
Seus dedos maci os acal maram as contus ões , mas s uas mãos eram
fortes , e el a conti nuou mas s ageando e mas s ageando até que s eus própri os
mús cul os do ombro começaram a recl amar... M ui to.
Stefan a i nterrompeu:
— Vai pra l á, amor, eu tenho a magi a mal i gna de um vampi ro. E s s e é
um tratamento médi co neces s ári o. — E l e adi ci onou s everamente para M att:
— E ntão você vai ter que aguentar não i mporte o quanto doa.
E l ena ai nda pôde s enti -l o, fracamente, através de s ua conexão e el a vi u
como el e anes tes i ava a mente de M att e, em s egui da, cravara s eus dedos nos
ombros chei os de nós como s e es ti ves s e amas s ando mas s a de pão dura,
enquanto al cançava s eus Poderes de cura.
A Sra. Fl owers chegou, então, com canecas de chá de canel a quentes e
doces . M att bebeu de s ua caneca e s ua cabeça cai u para trás l i gei ramente.
Seus ol hos es tavam fechados , s eus l ábi os abertos .
E l e n a senti u uma grande onda de dor e tens ão fl ui r para fora del e. E
então el a abraçou a ambos os garotos e chorou.
— E l es me capturaram enquanto eu vi nha para cá. — M att admi ti u
enquanto E l ena fungava. — E l es s egui ram o códi go de pol í ci a, mas nem s e
deram ao trabal ho de... Ol har o caos que es tava ao s eu redor.
A Sra. Fl owers s e aproxi mou novamente, parecendo s éri a.
— Queri do M att, você teve um di a terrí vel . O que você preci s a é de um
l ongo des cans o. — E l a deu uma ol hadel a para Stefan, como s e para ver como
i s s o i mpactari a nel e, j á que havi a tão poucos doadores de s angue.
Stefan s orri u tranqui l i zadoramente para el a.
M att, ai nda com a cabeça i ncl i nada, s i mpl es mente concordou. Depoi s
di s s o, s ua cor começou a vol tar e um s orri s i nho for a pl antado em s eus l ábi os .
— Aí es tá meu garoto — E l e di s s e quando Sabber pas s ou entre as
pes s oas para i r di retamente ao ros to de M att. — Ami gão, eu amo es s e s eu bafo
de cachorro. — E l e decl arou. — Você me s al vou. E l e pode ganhar uma
recompens a, Sra. Fl owers ? — E l e perguntou, vi rando s eus ol hos azui s
des focados para el a.
— E u s ei exatamente o que el e gos tari a. Tenho metade de um bi fe
dei xado no freezer que s ó preci s a s er aqueci do um pouqui nho. — Apertando os
botões de s ua bl us a, di s s e: — M att, gos tari a de fazer as honras ? Lembre-s e
de l evar o os s o para fora... E l e deve i r correr atrás del e.
M att pegou o grande bi fe, no qual , depoi s de aqueci do, chei rava tão bem
que o fez perceber que el e es tava fami nto. E l a s enti u s ua moral entrar em
col aps o.
— Sra. Fl owers , você acha que eu devi a fazer um s anduí che antes de dar
i s to a el e?
— Oh, pobre garoto! — E l a gri tou. — E eu nem ao menos pens ei ... Cl aro,
el es não te dari am al moço ou j anta.
A Sra. Fl owers pegou pão e M att fi cou fel i z o s ufi ci ente com i s s o: pão e
carne, o pão mai s s i mpl es i magi nável ... E tão bom que fez s eus dedos
tremerem.
E l ena chorou um pouqui nho mai s . E ra tão fáci l fazer duas cri aturas
fel i zes com uma coi s a tão s i mpl es . M ai s do que duas ... Todos es tavam fel i zes
por verem M att a s al vo e ver Sabber ganhando s ua própri a recompens a.
O enorme cão s egui u cada movi mento do bi fe com os ol hos , a cauda
s acudi ndo para frente e para trás no chão. M as quando M att, ai nda
mas ti gando, ofereceu a el e um pedaço grande de carne que s obrara, Sabber
s i mpl es mente s acudi u a cabeça para um l ado, ol hando como s e di s s es s e:
“Você deve es tar bri ncando comi go”.
— Si m, é para você. Vá em frente e pegue. — A Sra. Fl owers di s s e
fi rmemente.
Fi nal mente, Sabber abri u s ua enorme boca para pegar o fi m do bi fe, a
cauda bal ançando como hél i ce de hel i cóptero. Sua l i nguagem corporal era tão
cl ara que M att ri u bem al to.
— Uma vez, i s s o es teve aqui no chão. — A Sra. Fl owers adi ci onou
magni fi camente, es pal hando um grande tapete pel o chão da cozi nha.
A al egri a de Sabber s ó era ul trapas s ada por s uas boas manei ras . E l e
col ocou o bi fe no tapete e então trotou para ci ma de cada humano para col ocar
s eu nari z mol hado nas mãos ou ci ntura ou embai xo do quei xo del es , e então
trotou de vol ta para atacar s eu prêmi o.
— E u me pergunto: s erá que el e s ente fal ta de Sage? — E l ena
murmurou.
— Eu s i nto fal ta de Sage. — M att i ndi s ti ntamente. — Preci s amos de toda
aj uda mági ca que cons egui rmos .
E nquanto i s s o, a Sra. Fl owers es tava andando pel a cozi nha fazendo
s anduí ches de pres unto e quei j o e embal ando-os como s e fos s em l anches
para o i nterval o da es col a.
— Al guém que acordar tarde da noi te com fome deve ter alg o para s e
comer. — E l a di s s e. — Pres unto e quei j o, s al ada de frango, al guns bons
pedaços de cenouras e um grande pedaço de torta de maçã.
E l ena foi aj udá-l a.
E l a não s abi a por que, mas el a queri a chorar um pouco mai s . A Sra.
Fl owers a cons ol ou.
— Todos nós es tamos nos s enti ndo... É … Cansados. — E l a anunci ou
gravemente. — Quem não s enti r que vai di reto para cama, é porque deve ter
mui ta adrenal i na correndo em s uas vei as . Tenho al go que aj udará ni s s o. E
acho que podemos confi ar em nos s os ami gos ani mai s e nos amul etos no
tel hado para nos dei xar a s al vos es ta noi te.
M att es tava prati camente dormi ndo em pé.
— Sra. Fl owers ... Al gum di a, eu vou retri bui r… M as por enquanto, não
cons i go fi car de ol hos abertos .
— E m outras pal avras : “É hora de dormi r, cri anças .” — Stefan di s s e.
E l e fechou as mãos de M att fi rmemente em um pacote que conti nha um
s anduí che, então o di reci onou em di reção às es cadas . E l ena pegou mui tos
mai s l anches , bei j ou a Sra. Fl owers duas vezes e s ubi u para o quarto de
Stefan.
E l a ti nha a cama no s ótão em s ua frente e es tava abri ndo o pacote de
pl ás ti co quando Stefan chegou, após col ocar M att na cama.
— E l e es tá bem? — E l a di s s e ans i os amente. — Quer di zer, el e fi cará
bem amanhã?
— E l e es tará bem com o s eu corpo. E u curei a mai ori a dos danos .
— E em s ua mente?
— É uma coi s a di fí ci l . E l e acaba s e encarar a Vi da Real . Pres o, s abendo
que poderi a s er l i nchado, s em s aber s e al guém s eri a capaz de des cobri r o que
acontecera a el e. E l e pens ou que mes mo s e o ras treás s emos , poderi a haver
uma bri ga, no qual s eri a di fí ci l de vencer... Com tão pouco de nós , e s em tanta
magi a a di s pos i ção.
— M as Sabber deu um j ei to del es . — E l ena di s s e.
E l a ol hava pens adoramente para os s anduí ches que el a havi a dei xado
em ci ma da cama.
— Stefan, você quer s al ada de frango ou pres unto? — E l a perguntou.
Houve um s i l ênci o. M as foi momentos antes de E l ena ol har para el e,
atôni ca.
— Oh, Stefan... E u... E u real mente esqueci . É que… Hoj e foi tão es tranho…
E u esqueci …
— E s tou l i s onj eado. — Stefan di s s e. — E você es tá s onol enta. O que
quer que s ej a que a Sra. Fl owers tenha col ocado em s eu chá...
— Acho que o governo s e i nteres s ari a ni s to. — E l a ofereceu. — Para
es pi onagem e coi s as as s i m. M as por enquanto... E l a ergueu s eus braços , a
cabeça i ncl i nada para trás , com o pes coço expos to.
— Não, amor. E u me l embro des ta tarde, cas o você não s e l embre. E
j urei que i ri a começar a caçar, e eu vou. — Stefan di s s e fi rmemente.
— Você vai me dei xar? — E l ena di s s e as s us tada. E l es encararam um ao
outro.
— Não vá. — E l ena di s s e, ti rando s eu cabel o de s eu pes coço. — E u
tenho tudo pl anej ado, como você vai beber, e como i remos dormi r abraçadi nhos .
Por favor, não vá, Stefan.
E l a s abi a o quão di fí ci l era para el e dei xá-l a. M es mo s e el a esti vesse
s orri ndo mal i ci os amente e nua, mes mo s e el a esti vesse us ando j eans grunge e
ti ves s e a parte debai xo das unhas s uj as . E l a era i nfi ni tamente l i nda e
i nfi ni tamente poderos a e mi s teri os a para el e. E l e foi para el a. E l ena pode
s enti r i s s o através de s eu l aço, no qual es tava começando a fazer um zumbi do,
começando a s e aquecer, começando a aproxi má-l o.
— M as E l ena. — E l e di s s e.
E l e es tava tentando s er s ens í vel ! E l e não s abi a que el a não queri a
s ens i bi l i dade nes te momento em parti cul ar?
— Bem aqui . — E l ena bateu num ponto maci o em s eu pes coço.
A l i gação del es es tava cantando como uma l i nha de Poder el étri co agora.
M as Stefan era tei mos o.
— Você preci s a comer, preci s a. Você tem que manter s ua força. — E l ena
i medi atamente pegou um s anduí che de s al ada de frango e o mordeu.
H’mm... Del í ci a. E s tava real mente mui to bom. E l a teri a que dar à Sra.
Fl owers um buquê de fl ores . E l es es tavam s endo tão bem cui dados aqui . E l a
ti nha que pens ar num j ei to de aj udar mai s .
Stefan a as s i s ti u comer. Is s o fez com que el e fi cas s e fami nto, mas i s s o
por que el e es tava acos tumado a comer a es s a hora, e não cos tumava fazer
exercí ci os . E l ena pôde ouvi r tudo através de s ua conexão e el a o ouvi u pens ar
que el e es tava fel i z por ver E l ena renovada. Que el e havi a aprendi do a l i ção;
que não fari a mal al gum i r para cama senti ndo fome s ó por uma noi te. E l e
abraçari a s ua adorável e s onhadora E l ena a noi te toda.
Não! E l ena es tava horri zada.
Des de que el e es teve apri s i onado na Di mens ão das Trevas , tudo que
s ugeri a que el e fi cas s e s em comer a aterrori zava. De repente, el a teve
di fi cul dade em engol i r a mordi da que havi a dado.
— Aqui , aqui ... Por favor? — E l a i mpl orou para el e.
E l a não queri a ter de s eduzi -l o a fazer i s s o, mas el a fari a s e el e a
forças s e. E l a l avari a s uas mãos em rel ação àqui l o, e col ocari a uma cami s ol a
l onga e agarrada, afagari a s eus cani nos tei mos os entre bei j os , i a tocá-l os
s uavemente com a ponta de s ua l í ngua, apenas na bas e, onde el es não a
cortari am enquanto el es res pondes s em àquel e s i nal e cres ces s em. E então
el e es tari a tonto, el e es tari a fora do control e, el e s eri a s eu compl etamente.
Tudo bem! Tudo bem! Stefan pens ou para el a. Tenha pi edade!
— E u não quero ter pi edade. E u não quero que você me dei xe. — E l a
di s s e, abri ndo s eus braços para el e, e ouvi u s ua própri a voz s uave, maci a e
ans i os a. — Quero que você me abrace e fi que comi go para s empre, as s i m
como eu quero abraçá-l o e fi car conti go para s empre.
A face de Stefan havi a mudado. E l e ol hou para el a com o ol har que el e
havi a us ado na pri s ão, quando el a havi a i do vi s i tá-l o com roupas decentes —
ao contrári o daquel a s uj ei ra que el a es tava us ando agora — e el e di s s e,
aturdi do:
— Tudo i s s o... É pra mi m?
Naquel a época, havi a arame farpado entre el es . Agora, não havi a nada
para s epará-l os e E l ena pôde ver o quanto Stefan queri a vi r para el a. E l a s e
aproxi mou um pouqui nho e, em s egui da, Stefan entrou no cí rcul o de s eus
braços e s egurou-a fi rmemente, mas com um i nfi ni to cui dado para não us ar
força o s ufi ci ente para machucá-l a. Quando el e rel axou e encos tou a tes ta na
del a, E l ena percebeu que el a nunca s e cans ari a ou fi cari a tri s te ou
as s us tada, s em s er capaz de pens ar nes te s enti mento que el e i ri a defender
para o res to de s ua vi da.
Por fi m, el es afundaram no conj unto de l ençói s , confortaram um ao outro
em medi das i guai s , e trocaram bei j os doces e quentes . Com cada bei j o, E l ena
s enti u o mundo exteri or e todos os s eus horrores s e afas tando cada vez mai s .
Como al go podi a es tar errado quando el a própri a s enti a que o céu es tava
próxi mo? M att, M eredi th, Bonni e e Damon certamente es tari am s eguros e
fel i zes também. E nquanto i s s o, cada bei j o a trazi a para mai s perto do paraí s o,
e el a s abi a que Stefan s e s enti u da mes ma forma. E l es es tavam tão fel i zes
j untos que E l ena s abi a que l ogo todo o uni vers o ecoari a com a al egri a del es ,
que trans bordari a como uma l uz e trans formari a tudo que tocas s e.

***

Bonni e acordou e percebeu que el a havi a es tado i ncons ci ente por apenas
al guns mi nutos . E l a começou a tremer, e uma vez que começou, não
cons egui u parar. E l a s enti u uma onda de cal or envol vendo-a, e el a s abi a que
Damon es tava tentando aquecê-l a, mas a tremedei ra não i a embora.
— O que há de errado? — Damon perguntou, e s ua voz es tava di ferente
da de cos tume.
— E u não s ei . — Bonni e di s s e. E l a não s abi a. — Tal vez por que el es
fi cavam ameaçando me j ogar pel a j anel a. E u não i a gri tar a res pei to di s s o. —
E l a adi ci onou apres s adamente, no cas o de el e as s umi r que el a gri tari a. —
M as então el es fal aram s obre me torturar...
E l a s enti u um pequeno es pas mo i ndo através de Damon. E l e es tava
abraçando-a mui to forte.
— Te torturar! E l es te ameaçaram com i s s o?
— Si m, porque, você s abe, a E s fera E s tel ar de M i s ao s e foi . E l es
s abi am que s eu l í qui do fora j orrado; eu não contei i s s o a el es . M as eu ti ve de
contar que era mi nha cul pa a úl ti ma metade ter s i do j orrada, e então el es
fi caram bravos comi go. Oh! Damon, você es tá me machucando!
— E ntão foi sua cul pa el a ter s i do j orrada, né?
— Bem, eu deduzi que fos s e. Você não teri a fei to i s s o s e eu não
es ti ves s e bêbada, e... O qu-que há de errado, Damon? Você es tá bravo também?
E l e es tava abraçando-a tanto que el a não podi a res pi rar. Devagar, el a
s enti u s eus braços s ol tarem-na um pouco.
— Um avi s o, pas s ari nho: quando as pes s oas es tão ameaçando te torturar
e te matar, é mai s ... Intel i gente... Di zer a el es que a cul pa é de outra pes s oa.
E s peci al mente s e acontecer de i s s o s er a verdade.
— E u s ei di s s o! — Bonni e di s s e i ndi gnadamente. — M as el es i am me
matar de qual quer forma. Se eu contas s e s obre você, el es teri am te machucado,
também.
Damon a puxou de vol ta para perto del e, as s i m el a teve que ol har para
s eu ros to.
Bonni e também pôde s enti r o del i cado toque de uma s onda tel epáti ca
mental . E l a não res i s ti u; el a es tava ocupada demai s s e perguntando por que
el e ti nha s ombras cores de amei xa s ob s eus ol hos . E ntão el e s acudi u a cabeça
del a um pouqui nho, e el a parou de pens ar.
— Você nem ao menos entende o bás i co de auto-pres ervação? — E l e
di s s e, e el a pens ou el e pareci a bravo agora. Certamente, el e es tava di ferente
das outras vezes que el a o havi a vi s to...
E xceto uma vez, el a pens ou, e i s s o foi quando E l ena fora “Di s ci pl i nada”
por ter s al vado a vi da de Lady Ul ma, na época em que Ul ma havi a s i do uma
es crava.
E l e ti nha a mes ma expres s ão agora, tão ameaçadora que até mes mo
M eredi th havi a ti do medo del e, e ai nda tão chei o de cul pa que Bonni e ti nha o
des ej o de confortá-l o.
M as ti nha que ter outro moti vo, a mente de Bonni e di s s e à el a. Porque
você não é a E l ena, el e nunca te tratará da forma que trata a E l ena.
Uma vi s ão da s al a marrom s urgi u di ante del a, e el a ti nha certeza que
el e nunca teri a col ocado E l ena l á. E l ena não teri a dei xado, para começo de
convers a.
— E u tenho que vol tar? — E l a perguntou, percebendo el a es tava s endo
i ns i gni fi cante e boba e o quarto marrom pareci a o paraí s o comparado com o
outro l ugar que es teve há pouco tempo atrás .
— Vol tar? — Damon di s s e, um pouco rápi do demai s . E l a teve o
pres s enti mento de el e havi a vi s to o quarto marrom também, agora, através de
s eus ol hos . — Por quê? A mul her me deu tudo daquel e quarto. E ntão, es tou
com s uas verdadei ras roupas e um monte de E s feras E s tel ares aqui , no cas o
de você não ter vi s to al guma. M as por que você pens ari a que teri a de vol tar?
— Bem, eu s ei que você es tava procurando por uma vampi ra de
qual i dade, e eu não s ou uma. — Bonni e di s s e s i mpl es mente.
— Is s o foi s ó para que eu pudes s e vol tar a s er um vampi ro. — Damon
di s s e. — E o que você pens a que es tá te s egurando no ar nes te i ns tante?
M as des ta vez Bonni e s abi a, de al guma forma, que a s ens ação das
E s feras E s tel ares “Nunca M ai s Lembrar” ai nda es tavam em s ua mente e
que Damon pareci a vê-l as também. E l e era um vampi ro novamente. E o
conteúdo daquel as E s feras E s tel ares era tão abomi nável que o i nteri or de
pedra de Damon fi nal mente s e quebrou.
Bonni e quas e pôde ver o que el e pens ava del es , e del a, tremendo
embai xo de um cobertor toda noi te. E então, para o s eu es panto, o s empre
compos to e noví s s i mo vampi ro des abafou:
— M e perdoe. E u não pens ei em como aquel e l ugar s eri a para você. Há
al go que fará você s e s enti r mel hor?
Bonni e pi s cou. E l a pens ou, s eri amente, s e el a es tava s onhando. Damon
não s e des cul pava. Damon era famoso por não s e des cul par, ou s e expl i car, ou
fal ar genti l mente com as pes s oas , ao menos que el e qui s es s e al go del as .
M as uma coi s a pareci a real . E l a não teri a mai s que dormi r no quarto
marrom.
Is s o era tão ani mador que el a corou um pouqui nho, e s e atreveu a di zer:
— Poderí amos i r ao chão? Devagar? Porque a verdade é que tenho medo de
al tura. Damon pi s cou, mas di s s e:
— Si m, acho que pos s o fazer i s s o. Há al go mai s que você gos tari a?
— Bem...Há al gumas garotas que s eri am doadoras ... Al egrementes ... Se...
Bem… Se s obrou al gum di nhei ro… Se você pudes s e s al vá-l as …
Damon di s s e um pouco brus camente:
— É cl aro que s obrou al gum di nhei ro. E u até exi gi de vol ta o di nhei ro de
s ua hos pedagem para aquel a bruxa.
— Bem, então, tem es s e s egredo que eu contei a você, mas eu não s ei s e
você s e l embra.
— Quando você acha que s e s enti rá bem para começarmos ? — Perguntou
Damon.
24
Stefan acordou bem cedo. E l e pas s ou s eu tempo des de o amanhecer até o
café da manhã ol hando E l ena, que até mes mo dormi ndo ti nha um bri l ho
i nterno pareci do com uma chama dourada através de uma vel a l i gei ramente
ros ada.
No café da manhã, todos es tavam mai s ou menos pres os em
pens amentos do di a anteri or. M eredi th mos trou a M att a foto de s eu i rmão,
Cri s ti an, o vampi ro. M att di s s e brevemente à M eredi th s obre o funci onamento
i nterno do s i s tema j udi ci al de Ri dgemont e pi ntou um retrato de Carol i ne como
l obi s omem. E s tava cl aro que ambos s e s enti am mai s s eguros na pens ão do
que em qual quer outro l ugar.
E E l ena, que havi a acordado com a mente de Stefan ao s eu redor,
abraçando-a, e com s ua própri a mente chei a de l uz, es tava bol ada demai s para
cri ar um Pl ano A ou qual quer outra coi s a. Os outros l he di s s eram genti l mente
que s ó havi a uma coi s a que fazi a s enti do.
— Stefan — M att di s s e, bebendo uma caneca de café preto como breu da
Sra. Fl owers . — E l e é o úni co capaz de us ar s ua mente ao i nvés de Pos t-It nas
cri anças .
E ...
— Stefan — Di s s e M eredi th — E l e é o úni co que Shi ni chi deve temer.
— E u não s ou uma compl eta i núti l . — E l ena di s s e tri s temente.
E l a não ti nha apeti te. E l a havi a s e ves ti do com um s enti mento de amor e
compai xão para com toda a humani dade e um des ej o de aj udar e proteger s ua
ci dade natal , mas como todos apontaram, el a teri a que pas s ar o di a i ntei ro na
di s pens a, provavel mente. Repórteres poderi am l i gar.
Eles estão certos, Stefan envi ou à E l ena. Eu sou a pessoa que deve descobri r o que está
acontecendo emFell’s Church.
E l e s ai u enquanto todos os outros termi navam o café da manhã. Somente
E l ena s oube o porquê; s omente el a pôde s enti -l o nos l i mi tes de s eu al cance
tel epáti co.
Stefan es tava caçando. E l e di ri gi u para New Wood, s ai u do carro e
fi nal mente s urpreendeu um coel ho que s aí a de um arbus to. E l e o
Infl uenci ou para que des cans as s e e não ti ves s e medo.
Di s farçadamente, nes ta fl ores ta fi na e quas e s em árvores , tomou um
pouco do s angue del e... E eng asg ou.
Ti nha o gos to de al gum ti po de l í qui do horrí vel aromati zado com roedores .
Um coel ho era um roedor? E l e havi a ti do mui ta s orte ao encontrar um rato, um
di a l á na cel a da pri s ão, e ti nha um gos to vagamente pareci do com es te.
M as agora, durante di as , el e es teve bebendo s angue humano. Não s ó
i s s o, mas s angue ri co e potente, aventurei ro e, em al guns cas os , de
i ndi ví duos tal entos os paranormal mente — crème de l a crème. Como el e pôde
ter s e acos tumado a i s s o tão rapi damente?
Is s o era uma vergonha para el e, s ó de pens ar que el e s e acos tumara. O
s angue de E l ena, é cl aro, era o s ufi ci ente para l evar qual quer vampi ro à
l oucura. E M eredi th, cuj o s angue ti nha o gos to pri mordi al de al gum oceano
profundo e vermel ho, e Bonni e, que ti nha o gos to de s obremes a. E
fi nal mente, M att, o tí pi co garoto ameri cano com s angue avermel hado.
E l es o al i mentaram durante horas , na época em que el e preci s ava
s obrevi ver.
E l es o al i mentaram até que el e começas s e a s e curar, e vendo que el e
es tava s e curando, el es o al i mentaram ai nda mai s . E i s s o conti nuou e
conti nuou, termi nando com E l ena na noi te anteri or... E l ena, cuj o cabel o caí a
em uma cas cata prateada e cuj os ol hos pareci am quas e radi ar.
Na Di mens ão das Trevas , Damon não havi a exerci do qual quer res tri ção.
E l ena também não havi a exerci do.
E s ta cas cata prateada... O es tômago de Stefan s e apertou quando el e
pens ou s obre i s s o, s obre a úl ti ma vez que el e ti nha vi s to o s eu cabel o des te
j ei to. E l a havi a s i do morta l ogo em s egui da. Por pouco tempo, mas morta do
mes mo j ei to.
Stefan dei xou o coel ho fugi r. E l e es tava fazendo outro j uramento. E l e não
devi a trans formar E l ena em uma vampi ra novamente. Is s o s i gni fi cava nada
de troca de s angue entre el es por no mí ni mo uma s emana... Tanto dando
quanto recebendo pode l evá-l a ao l i mi te.
E l e devi a s e aj us tar mai s uma vez ao gos to do s angue ani mal .
Stefan fechou os ol hos brevemente, l embrando-s e do horror da pri mei ra
vez. As câi mbras . As tremedei ras . A agoni a que s eu corpo i ntei ro pareci a di zer
que el e não es tava s endo al i mentado. O s enti mento de que s uas vei as
poderi am expl odi r em chamas a qual quer momento, e então a dor em s uas
pres as .
E l e s e l evantou. E l e ti nha s orte por es tar vi vo. M ai s s orte do que el e
poderi a ter s onhado ao ter E l ena ao s eu l ado. E l e trabal hari a no reaj us tamento
s em i ncomodá-l a ao di zer o que es tava acontecendo, el e deci di u.
Duas horas mai s tarde, Stefan es tava de vol ta à pens ão, mancando
l i gei ramente. M att, que o encontrara na pes ada porta da frente, percebeu l ogo
i s s o.
— Você es tá bem? É mel hor entrar e col ocar um gel o ni s s o.
— É s ó uma câi mbra. — Stefan di s s e brevemente. — Não es tou
acos tumado a fazer exercí ci os . Não havi a nenhum l á na... Você s abe.
E l e ol hou para l onge, corando. O mes mo fez M att, que es tava quente e
fri o, furi os o com as pes s oas que col ocaram Stefan nes ta condi ção. Vampi ros
eram bem res i s tentes , mas el e ti nha o pres s enti mento... Não, el e sabi a... Que
Stefan havi a quas e morri do em s ua cel a. Um di a em um l ocal fechado à chave
convenceu M att que ele nunca mai s queri a s er pres o novamente.
E l e s egui u Stefan até a cozi nha, onde E l ena, M eredi th e a Sra. Fl owers
es tavam bebendo — o que mai s poderi a s er? — canecas de chá.
E M att s enti u uma pontada quando E l ena i medi atamente percebeu que
el e es tava mancando e s e l evantara até Stefan, e Stefan a abraçou l evemente,
pas s ando s eus dedos tranqui l i zadores pel os cabel os del a.
M att não pôde evi tar de pens ar: aquel e gl ori os o cabel o dourado havi a s e
tornado mai s bri l hante?
M ai s pareci do com o dourado prateado que havi a s i do quando E l ena
havi a fugi do com Stefan, e então começou a s e trans formar em uma vampi ra?
Certamente, Stefan pareci a es tar i ns peci onando bem de perto, enchendo
a mão enquanto el e pas s ava s eus dedos .
— Teve s orte? — E l ena perguntou a el e, com a voz tens a.
Cans ado, Stefan bal ançou a cabeça.
— Subi e des ci as ruas e onde quer que eu encontras s e... Uma j ovem
que es ti ves s e s e contorcendo, rodando em cí rcul os , ou fazendo qual quer outra
coi s a que os documentos menci onavam, eu tentava Infl uenci á-l as . Bem, tal vez
eu não deves s e ter me preocupado com as garotas que andavam em cí rcul os .
E u não cons egui a al cançar s eus ol hos . M as no fi m, o pl acar conti nua a zero
pra gente.
E l ena vi rou-s e para M eredi th, em agi tação.
— O que fazemos ?
A Sra. Fl owers ati vamente começou a vas cul har através de fei xes de ervas
que pendi am aci ma de s eu fogão.
— Vocês preci s am de uma bel a xí cara de chá.
— E des cans ar. — M eredi th di s s e, batendo l evemente na mão del e. —
Pos s o fazer al go por você?
— Bem... E u tenho uma i dei a... M as preci s o da E s fera E s tel ar de
M i s ao para ver s e vai funci onar. Não s e preocupem. — E l e adi ci onou. — Não
us arei o Poder dentro del a; s ó preci s o ol har para a s uperfí ci e.
— E u trago. — E l ena ofereceu, l evantando-s e prontamente de s eu col o.
M att i a começar a di zer al go, mas ol hou para a Sra. Fl owers enquanto
E l ena foi até a porta da di s pens a e a abri u. Nada s e moveu e a Sra. Fl owers
s i mpl es mente as s i s ti u com benevol ênci a. Foi Stefan que s e l evantou para
aj udá-l a, ai nda mancando. E ntão, M att e M eredi th ergueram-s e, com
M eredi th perguntando:
— Sra. Fl owers , você tem certeza que devemos manter a E s fera E s tel ar
naquel e mes mo cofre?
— M ama di s s e que es tamos fazendo a coi s a certa. — A Sra. Fl owers
res pondeu s erenamente. Depoi s di s s o, as coi s as aconteceram mui to
rapi damente.
Como s e ti ves s e ens ai ado, M eredi th pres s i onou o l ugar exato para abri r
a porta da di s pens a. E l ena cai u de quatro. M ai s rápi do do que el e mes mo
ti nha i magi nado que poderi a i r, M att deu uma barri cada em Stefan com um
ombro para bai xo. A Sra. Fl owers es tava pegando freneti camente as fai xas de
ervas s ecas que pendi am s obre a mes a da cozi nha.
E , em s egui da, M att es tava batendo em Stefan com todo o poder de s eu
corpo e Stefan foi tropeçando até E l ena, s ua cabeça cai ndo e cai ndo s em
encontrar res i s tênci a no cami nho. M eredi th es tava chegando até el e de l ado
para aj udá-l o a fazer uma pi rueta compl eta no ar. As s i m que a pi rueta o l evou
até a porta da di s pens a e el e foi engati nhando em di reção às es cadas , E l ena
s e l evantou e fechou a porta e M eredi th s e encos tou a el a enquanto M att
gri tava:
— Como é que se prende umki tsune?
— Is s o deve aj udar. — Arfou a Sra. Fl owers , recheando um s aco chei o de
ervas odorí feras para col ocar embai xo da porta.
— E … Ferro! — Gri tou E l ena, e el a, M eredi th e M att correram até a
Toca do Damon onde havi a um enorme protetor de l arei ra de ferro.
De al gum j ei to, el es vol taram rapi damente à cozi nha e col ocaram-no em
frente à porta da di s pens a. Só então houve a pri mei ra trombada, mas o ferro era
pes ado e a s egunda trombada contra a porta fora mai s fraca.
— O que vocês es tão fazendo? Todos enl ouqueceram? — Stefan gri tou em
tom quei xos o, mas enquanto todo o grupo começava a col ocar Pos t-It na porta, el e
xi ngou e trans formou-s e compl etamente em Shi ni chi . — Vocês vão se arrepender,
seus maldi tos! Mi sao não está bem. Ela chora mui to. Vocês pag arão comseu sang ue, mas não antes de
eu lhes apresentar uns ami g ui nhos especi ai s meus. Do ti po que sabemcomo causar dor verdadei ra!
E l ena ergueu a cabeça, como s e ouvi s s e al guma coi s a. M att a vi u
franzi r o cenho. E ntão, di s s e a Shi ni chi :
— Nem tente s ondar Damon. E l e s e foi . E s e você tentar ras treá-l o, eu
vou fri tar s eu cérebro.
Um s i l ênci o s ombri o a cumpri mentou da di s pens a.
— M i nha deus a graci os a, o que vi rá a s egui r? — M urmurou a Sra.
Fl owers .
E l ena s i mpl es mente as s enti u com a cabeça para que os outros a
s egui s s em, e el es foram para o topo da cas a — o quarto do Stefan — e fal aram
entre s us s urros .
— Como você sabi a?
— Você us ou tel epati a?
— E u não s abi a no começo — M att admi ti u —, mas E l ena es tava
agi ndo como s e a E s fera E s tel ar es ti ves s e na di s pens a. Stefan s abi a que não
es tava l á. E u acho — E l e adi ci onou com um pouco de cul pa. — que eu o
convi dei para entrar.
— E u s oube as s i m que el e começou a apal par meu cabel o. — E l ena
di s s e com um es tremeci mento. — Stefan e D... Quer di zer, Stefan s abe que eu
s ó gos to que o toquem l evemente e nas pontas . Não atacando daquel e j ei to.
Lembram-s e das cançõezi nhas de Shi ni chi s obre cabel o dourado? E l e é um
doi do. De qual quer forma, eu pude di zer ao s enti r s ua mente.
M att s enti u-s e envergonhado. Todos os s eus pens amentos de que E l ena
tal vez pudes s e ter s e trans formado em uma vampi ra...
E aí es tava à res pos ta, el e pens ou.
— E u ol hei o s eu anel de l ápi s -l azúl i . — M eredi th di s s e. — E u o vi
com el e na s ua mão di rei ta quando el e s ai u mai s cedo. Quando el e vol tou, el e
es tava com aqui l o na mão es querda.
Houve uma breve paus a enquanto todos ol havam para el a. E l a deu de
ombros .
— Faz parte do meu trei namento, notar coi s as pequenas .
— Bem pens ado. — M att di s s e, por fi m. — Bem pens ado. E l e não s eri a
capaz de mudar à l uz do Sol .
— Como você s oube, Sra. Fl owers ? — E l ena perguntou. — Ou foi s ó por
caus a do modo que es távamos agi ndo?
— M eu Deus , não, vocês todos s ão bons atores . M as as s i m que el e
pi s ou no l i mi ar da porta, M ama gri tou para mi m: “O que vocês es tão fazendo
ao dei xar um ki ts une entrar em s ua cas a?” As s i m, eu s oube o que es tava
acontecendo.
— Nós o derrotamos ! — E l ena di s s e, s orri ndo. — Nós real mente
pegamos Shi ni chi de guarda bai xa! E u mal pos s o acredi tar.
— Acredi te. — M eredi th di s s e com s orri s o torto. — E l e es teve de guarda
bai xa por um i nstante. E l e es tará pens ando em vi ngança nes te momento.
Al guma coi s a a mai s es tava i ncomodando M att. E l e vi rou-s e para E l ena.
— E u pens ei que você ti nha di to que você e Shi ni chi ti nham chaves que
poderi am l evá-l os a qual quer l ugar, a qual quer hora. E ntão, por que el e
s i mpl es mente não di s s e: “M e l eve para dentro da pens ão onde a E s fera
E s tel ar es tá?”
— Aquel as eram di ferentes das Chaves Gêmeas em formato de rapos a.
— E l ena di s s e, s uas s obrancel has des enhadas em conj unto. — E l as s ão,
ti po, as Chaves M es tras e Shi ni chi e M i s ao ai nda têm ambas . E u não s ei por
que el e não us ou a del e. E mbora i s s o o l evas s e para outro l ugar no momento
em que el e tentas s e entrar.
— Não s e el e es ti ves s e dentro da di s pens a, e conti nuas s e l á o tempo
todo. — M eredi th di s s e. — E tal vez a Chave M es tra pas s e por ci ma da regra
de “s omente aquel es que foram convi dados a entrar”.
A Sra. Fl owers di s s e:
— M es mo as s i m, M ama teri a me contado. Al ém do mai s , não há
ferraduras na di s pens a. Nenhuma.
— E s s e l ance de fechaduras não deve i mportar, eu acho. — E l ena
res pondeu. — E u acho que el e s ó queri a mos trar o quão es perto el e foi , e
mos trar que el e poderi a nos enganar para darmos a el e a E s fera E s tel ar de
M i s ao.
Antes que outro al guém pudes s e di zer al guma pal avra, M eredi th
es tendeu a pal ma de s ua mão, com uma chave bri l hando s obre el a. A chave
era de ouro com di amantes i ns eri dos e ti nha um des i gn fami l i ar.
— E s s a é uma das Chaves M es tras ! — Gri tou E l ena. — Foi as s i m que
pens áramos que as Chaves Gêmeas em formato de rapos a s e pareceri am!
— Is s o mei o que cai u do bol s o do j eans del e quando el e fez aquel a
pi rueta. — M eredi th di s s e i nocentemente.
— Quando você es tava dando uma pi rueta nel e para ci ma de mi m, você
quer di zer. — Di s s e E l ena. — E u s uponho que você tenha es col hi do o bol s o
também.
— E ntão, ag ora, Shi ni chi não tem a chave para es capar! — M att di s s e
ani madamente.
— Sem chave para fazer fechaduras . — E l ena concordou, mos trando s uas
covi nhas .
— E l e pode s e di verti r, trans formando-s e em uma toupei ra e cavar para
s ai r da di s pens a. — M eredi th di s s e fri amente. — Is to é, s e el e ti ver es s a
habi l i dade de s e trans formar ou al go do ti po. — E l a adi ci onou, com uma
mudança conturbada em s ua voz.
— E u me pergunto... Se deví amos fazer com que M att contas s e a outra
pes s oa onde el e verdadei ramente es condeu a E s fera E s tel ar. Só... Bem, s ó por
precaução.
M att vi u vári as s obrancel has j untas ao s eu redor. M as de repente, al go
o ati ngi u e el e percebeu que ti nha que contar a al guém que el e havi a
es condi do a E s fera E s tel ar em s eu armári o. O grupo — i ncl ui ndo Stefan — o
ti nha es col hi do para es condê-l a por que el e havi a res i s ti do tei mos amente,
quando Shi ni chi es tava us ando o corpo de Damon como um fantoche para
torturá-l o um mês atrás .
M att havi a provado, então, que el e morreri a com uma dor hedi onda a pôr
em ri s co os s eus ami gos . M as s e M att fos s e morrer agora, a E s fera E s tel ar
de M i s ao poderi a s e perder do grupo para s empre. E s ó M att s abi a o quão perto
el e es teve de cai r da es cada j unto com Shi ni chi hoj e.
De um l ugar di s tante, el es ouvi ram um gri to:
— Ol á! Tem al guém em cas a? E l ena!
— E s s e é o meu Stefan — E l ena di s s e e, então, s em um pi ngo de
di gni dade, el a correu do s al ão de entrada até o s eus braços . E l e ol hou
as s us tado, mas cons egui u amortecer a queda antes que ambos caí s s em na
varanda.
— O que es tá acontecendo? — E l e di s s e, s eu corpo vi brando
i nfi ni tamente, como acontece quando s e es tá com vontade de l utar. — A cas a
i ntei ra chei ra a ki ts une!
— E s tá tudo bem. — E l ena di s s e. — Venha e vej a. E l a s ubi u com el e
as es cadas até o s eu quarto.
— Nós o prendemos na di s pens a. — E l a adi ci onou. Stefan pareci a
confus o.
— Você prendeu quem na di s pens a?
— Com ferro em frente à porta. — M att di s s e tri unfantemente. — E
ervas e amul etos por toda a parte. E , de qual quer forma, M eredi th pegou s ua
chave.
— Sua chave? Vocês es tão fal ando do… Shi ni chi ? — Stefan vi rou-s e para
M eredi th, s eus ol hos verdes arregal ados . — E nquanto eu es ti ve fora?
— Foi quas e um aci dente. E u mei o que col oquei mi nha mão em s eu
bol s o quando el e es tava pi ruetando e perdendo e equi l í bri o. Ti ve s orte e peguei
a Chave M es tra... A menos que es s a s ej a uma chave de cas a qual quer.
Stefan ol hou para aqui l o.
— E s s a é a verdadei ra. E l ena s abe di s s o. M eredi th, você é i ncrí vel !
— Si m, es s a é a verdadei ra. — E l ena confi rmou. — E u me l embro de
s eu perfi l ... Bem el aborada, não? E l a a pegou das mãos de M eredi th.
— O que você vai faz...
— E u poderi a mui to bem tes tá-l a. — E l ena di s s e com um s orri s o
traves s o.
E l a andou até a porta do quarto, fechou-a, di s s e “A Toca de l á debai xo” e
abri u a porta, entrou e fechou a porta atrás de s i . Antes que al guém pudes s e
fal ar, el a es tava de vol ta, com o ati çador de l arei ra s egurado no al to em forma
de tri unfo.
— Funci ona! — Stefan gri tou.
— Is s o é i ncrí vel . — M att di s s e. Stefan pareci a quas e febri l .
— M as vocês não percebem o que i s s o s i gni fi ca? Si gni fi ca que podemos
usar es ta chave. Podemos i r a qual quer l ugar que qui s ermos s em us ar Poder.
Até mes mo à Di mens ão das Trevas ! M as pri mei ro... E nquanto el e es ti ver
aqui … Deverí amos fazer al go a res pei to de Shi ni chi .
— Você não es tá em condi ções de fazer i s s o agora, queri do Stefan. — A
Sra. Fl owers di s s e, bal ançando a cabeça. — Des cul pe, mas a verdade é que
es tamos s endo mui to, mas mui to s ortudos . Aquel e es tranho ki ts une es tava de
guarda bai xa há poucos mi nutos . E l e não es tará agora.
— E u ai nda tenho que tentar. — Stefan di s s e s i l enci os amente. — Todos
vocês têm s i do atormentados ou ti veram de l utar... Com s eus punhos ou s uas
mentes . — E l e adi ci onou, i ncl i nando-s e l i gei ramente para a Sra. Fl owers . —
E u s ofri , mas nunca ti ve a oportuni dade de lutar com el e. E u tenho que tentar.
M att di s s e, bem s i l enci os amente:
— E u vou com você. E l ena adi ci onou:
— Todos nós podemos l utar j untos . Certo, M eredi th?
M eredi th concordou bem devagar, pegando o ati çador de Stefan de s ua
própri a l arei ra.
— Si m. Pode s er um gol pe bai xo, mas ... E s taremos j untos .
— E u di ri a que é um gol pe s uperi or, mel hor do que dei xá-l o vi ver e
feri r as pes s oas . De qual quer forma, vamos cui dar di s s o... Juntos . — E l ena
di s s e fi rmemente. — Ag ora!
M att começou a s e l evantar, mas s eu movi mento foi congel ado no ar
enquanto el e ol hava aquel a cena com horror. Si mul taneamente, com a graça de
l eoas de caça ou de duas bai l ari nas , as duas garotas chegaram mai s perto de
Stefan e, ao mes mo tempo, el as bal ançaram s eus ati çadores . E l ena o ati ngi u
na cabeça e M eredi th bateu em chei o em s ua vi ri l ha. Stefan cambal eou para
l onge do gol pe da cabeça, mas s i mpl es mente di s s e “Ai !” quando M eredi th o
acertou. M att ti rou E l ena do cami nho e então, vi rando-s e preci s amente como
s e es ti ves s e no campo de futebol , ti rou M eredi th do cami nho de “Stefan”
também.
M as es te i mpos tor obvi amente havi a deci di do não contra-atacar. A forma
de Stefan s e di s s ol veu.
M i s ao, com fol has verdes entrel açadas nos cabel os negros com pontas
es carl ates , es tava di ante del es .
Para o choque de M att, s ua cara es tava chupada e pál i da. E s tava bem
cl aro que el a es tava bem doente, mas ai nda conti nuava s endo des afi adora.
M as não havi a nenhum es cárni o em s ua voz es ta noi te.
— O que vocês fi zeram com a mi nha E s fera E s tel ar? E com o meu i rmão?
— E l a exi gi u debi l mente.
— Seu i rmão es tá s eguramente trancado. — M att di s s e, s em mui to
s aber o que el e es tava di zendo a el a. Sem contar os cri mes que M i s ao havi a
cometi do, el e não podi a evi tar de ter pena del a. E l a es tava cl aramente
des es perada e doente.
— E u sei di s s o. E u qui s di zer que meu i rmão vai matar vocês todos ... Não
s ó por es porte, mas com rai va. — Agora, M i s ao pareci a as s us tada e mi s erável .
— Vocês nunca o vi ram realmente nervos o.
— Vocês nunca vi ram Stefan nervos o também. — E l ena di s s e. — Pel o
menos , não quando el e ti nha todo o s eu Poder. M i s ao s i mpl es mente s acudi u
s ua cabeça. Uma fol ha s eca cai u de s eu cabel o.
— Vocês não entendem!
— Duvi do que entendamos al guma coi s a. M eredi th, nós fomos atrás
des ta garota?
— Não, mas certamente não foi el a quem trouxe aquel e outro... E l ena
di s s e s ecamente:
— M att, vai pegar um l i vro para l er. E u te di go quando termi narmos .
M att es tava rel utante em dar as cos tas a uma ki ts une, mes mo uma
doente. M as quando a Sra. Fl owers concordou genti l mente, el e obedeceu.
Ai nda as s i m, de cos tas ou não, el e pôde ouvi r ruí dos . E os barul hos
s ugeri ram que M i s ao es tava s endo pres a fi rmemente e revi s tada
mi nuci os amente.
— Huh-uh... huh-uh... huh-uh… huh-oops! Houve um barul ho de metal
na madei ra. M att s ó vi rou-s e quando E l ena di s s e:
— Ok, você pode ol har. Is s o es tava em s eu bol s o da frente. — E l a
adi ci onou para M i s ao, que pareci a es tar pres tes a des mai ar: — Não querí amos
ter de te s egurar e revi s tar. M as es ta chave... Onde, em nome de Deus, vocês
cons egui ram uma des ta, afi nal ?
Uma mancha ros a apareceu nas bochechas de M i s ao.
— Você acertou, no céu. E l as s ão as úni cas Chaves M es tras que
s obraram... E el as pertencem a Shi ni chi e a mi m. Eu des cobri como roubá-l as
da Corte Cel es ti al . Is s o foi ... Há mui to tempo atrás .
Nes te momento, el es ouvi ram um carro na es trada: o Pors che de Stefan.
No s i l ênci o mortal que s e s egui u, el es também puderam ver o carro
através da j anel a de Stefan enquanto el e parava na cal çada.
— Ni nguém des ce. — E l ena di s s e s ecamente. — Ni nguém o convi de
para entrar. M eredi th l ançou para el a um ol har aguçado.
— Shi ni chi pode ter s aí do por um túnel como uma toupei ra. E el e j á foi
convi dado para entrar.
— É mi nha cul pa por não ter avi s ado a todos vocês ... M as de qual quer
forma, s e for Shi ni chi e el e fi zer qual quer coi s a para machucar Stefan, el e
verá a mi m nervos a. As pal avras Asas da Destrui ção s i mpl es mente s al taram em
mi nha cabeça e al go dentro de mi m quer di zê-l as .
Houve um arrepi o na s al a.
Ni nguém fora ao encontro de Stefan, mas em i ns tantes el es todos podi am
ouvi r o barul ho de pas s os . Stefan apareceu em s ua porta, es cancarada, e vi u-s e
confrontando uma fi l a de pes s oas ol hando para el e com des confi ança.
— M as que di abos es tá acontecendo? — E l e exi gi u, encarando M i s ao,
que es tava s endo pres a entre M eredi th e M att. — M i s ao...
E l ena deu doi s pas s os em di reção a el e... E fi cou em vol ta del e,
puxando-o em um bei j o profundo. Por um momento el e res i s ti u, mas depoi s ,
pouco a pouco, s ua opos i ção entrou em col aps o, apes ar da s al a chei a de
obs ervadores .
Quando E l ena fi nal mente o s ol tou, el a s i mpl es mente encos tou-s e em
Stefan, res pi rando com di fi cul dade. Os outros es tavam todos vermel hos de
vergonha. Stefan, bas tante corado, s egurou-a fi rmemente.
— M e des cul pe. — E l ena s us s urrou. — M as você j á “chegou em cas a”
duas vezes . Na pri mei ra, era Shi ni chi e o trancamos na di s pens a. E ntão, foi
ela. — E l a apontou, s em ol har, para a encol hi da M i s ao. — E u não s abi a como
ter certeza que Shi ni chi não havi a es capado de al guma forma...
— E você tem certeza agora?
— Ah, s i m. E u reconheço você. Você es tá s empre pronto para me dei xar
entrar.
M att percebeu que el a es tava tremendo e rapi damente s e l evantou para
que el a pudes s e s entar, por no mí ni mo um mi nuto ou doi s , em paz.
A paz durou menos que um mi nuto.
— E u quero mi nha E s fera E s tel ar! — M i s ao gri tou. — Preci s o col ocar
Poder dentro del a ou eu vou enfraquecer... E então vocês vão me matar.
— E nfraquecer? O l í qui do es tá evaporando da E s fera E s tel ar ou coi s a
as s i m? — M eredi th perguntou.
M att es tava pens ando no que el e havi a vi s to na rua de s ua cas a, antes
dos pol i ci ai s de Ri dgemont o pegarem.
— Você j á reuni u Poder para col ocar nel a? — E l e perguntou s uavemente.
— Poder do di a de ontem, tal vez?
— Des de que vocês a pegaram. M as i s s o não s e une a... M i m. Une-s e
com a E s fera E s tel ar. E l a é mi nha, mas não por enquanto.
— Ti po um pouco de Poder ao fazer Col e Reece comer s eu porqui nho-da-
í ndi a enquanto el e es tava vi vo? Ao fazer as cri anças quei marem s uas própri as
cas as ? — A voz de M att es tava grave.
— O que i s to i mporta? — M i s ao res pondeu com mau humor. — E l a é
mi nha. Fora mi nhas i dei as , não s uas . Você não pode me afas tar del ...
— M eredi th, me ti re de perto dela. E u conheço aquel a cri ança, Col e,
des de que el e nas ceu. E u terei pes adel os para s empre... M i s ao ani mou-s e
i gual uma pl anta murcha ao receber água.
— Ter pes adel os , ter pes adel os . — E l a s us s urrou.
Houve um s i l ênci o. E ntão M eredi th di s s e, cui dados a e
i nexpres s i vamente, enquanto el a es tava pens ando na es taca:
— Você é uma coi s a noj enta, s abi a? Is s o é o s eu al i mento? Lembranças
rui ns , pes adel os , medo do futuro?
M i s ao es tava s i mpl es mente perpl exa. E l a não cons egui a ver onde el a
queri a chegar. Seri a o mes mo que perguntar a uma adol es cente normal e
fami nta: “Que tal um pouco de pi zza e uma Coca-Col a? É i s s o que você quer?”
M i s ao nem ao menos podi a ver que s eu apeti te era errado, então el a não podi a
menti r.
— Você es tá certa em uma coi s a. — Stefan di s s e com força. — Nós temos
s ua E s fera E s tel ar. A úni ca forma de fazer com que a devol vamos s eri a fazer
al go por nós . E u acho que podemos te control ar de qual quer forma, porque a
temos ...
— Que j ei to ul trapas s ado de s e pens ar. Obs ol eto. — M i s ao ros nou.
Houve um s i l ênci o mortal . M att s enti u s eu es tômago des pencar.
Todos el es es ti veram apos tando no “j ei to ul trapas s ado de s e pens ar”. Para
cons egui r a E s fera E s tel ar de Shi ni chi ao fazer M i s ao contar a el es onde el a
es tava.
O obj eti vo fi nal del es era control ar Shi ni chi us ando sua E s fera E s tel ar.
— Vocês não entendem. — M i s ao di s s e l amentavel mente, mas com
rai va ao mes mo tempo. — M eu i rmão vai me aj udar a preencher mi nha
E s fera E s tel ar novamente. M as o que fi zemos a es ta ci dade... Foi uma ordem,
não s ó di vers ão.
— Pode tentar nos enganar.
E l ena murmurara, mas a cabeça de Stefan s e ergueu e el e di s s e:
— Uma ordem? De quem?
— Eu... Não... Sei ! — M i s ao gri tou. — Shi ni chi é quem recebe as ordens .
E ntão el e me conta o que fazer. M as quem quer que s ej a, deve es tar fel i z
agora. A ci dade es tá quas e des truí da. E l e deveri a me dar uma aj udi nha aqui !
E l a ol hou para o grupo, e el es ol haram para trás . Sem s aber que el e i a
di zer i s to, M att di s s e:
— Vamos col ocá-l a no porão j unto com Shi ni chi . E s tou com a s ens ação de
que todos deví amos i r dormi r no armazém hoj e à noi te.
25
— Dormi r no armazém com a todas as paredes cobertas com Pos t-It. —
M eredi th acres centou s ombri amente. — Se ti ver o bas tante. E u tenho outro
pacote, mas não s ervi rá s e você es tá tentando cobri r um quarto.
— Ok. — E l ena di s s e. — Quem es tá com a chave de Shi ni chi ? M att
ergueu s ua mão.
— E s tá no meu...
— Não me di ga! — E xcl amou E l ena. — E u es tou com a del a. Não podemos
perdê-las. Stefan e eu s omos uma equi pe; vocês doi s s ão outra.
E l es mei o empurraram e mei o que deram s uporte para que M i s ao
s aí s s e do quarto de Stefan e des ces s e as es cadas . M i s ao não tentou correr
del es , confrontá-l os , ou fal ar com el es . Is s o fez com que M att s us pei tas s e
ai nda mai s del a. E l e vi u Stefan e E l ena dando ol hadel as um para outro e
s oube que el es s enti am a mes ma coi s a.
M as o que mai s s e podi a fazer com el a? Não havi a outro j ei to, humana
ou des umanamente, de contê-l a durante al guns di as . E l es ti nham a s ua
E s fera E s tel ar e, de acordo com os l i vros , i s s o permi ti ri a que el es a
control as s em, mas el a es tava certa, pareci a um j ei to obs ol eto, poi s não
funci onara. E l es havi am tentado, fazendo com que Stefan e M eredi th a
s eguras s em fi rmemente, enquanto M att pegava a E s fera E s tel ar de onde el e
a es condera: em uma cai xa de s apatos , na pratel ei ra s uperi or, aci ma das
roupas de s eu armári o.
E l e e E l ena havi am tentado fazer com M i s ao fi zes s e coi s as enquanto
s eguravam a es fera quas e vazi a: fazer M i s ao contar onde a E s fera E s tel ar de
s eu i rmão es tava, e as s i m vai . M as s i mpl es mente não funci onara.
— Tal vez, quando há tão pouco Poder dentro del a, el a não s ej a capaz de
fazer i s s o. — E l ena di s s e fi nal mente. M as i s to era um pequeno cons ol o, na
mel hor das hi pótes es .
E nquanto el es l evavam M i s ao à cozi nha, M att pens ou que aquel e havi a
s i do um pl ano ki ts une es túpi do: i mi tar Stefan duas vezes . Fazer i s s o uma
s egunda vez, quando os humanos es tavam em guarda, havi a s i do burri ce.
M i s ao não pareci a s er as s i m tão burra.
M att teve um pres s enti mento rui m.
E l ena ti nha um pres s enti mento mui to rui m s obre o que el es es tavam
fazendo. E nquanto el a ol hava para os ros tos ao s eu redor, el a vi a que el es
também ti nham. M as ni nguém vei o com uma i dei a mel hor. E l es não podi am
matar M i s ao. E l es não eram as s as s i nos que matavam a s angue fri o uma
garota fraca e doente.
E l a i magi nou que Shi ni chi deveri a ter uma audi ção mui to forte, e j á
ti nha os ouvi do cami nhar s obre o pi s o da cozi nha que rangi a. E el a deduzi u
que el e s abi a — vi a l i gação mental , l ógi ca ou qual quer outra coi s a — que el a
es tava aci ma del e.
E l es não ti nham nada a perder em gri tar através da porta:
— Shi ni chi , es tamos com s ua i rmã aqui ! Se você a qui s er de vol ta, você
deve fi car qui eto para que não preci s emos j ogá-l a es cada abai xo.
Houve s i l ênci o da di s pens a.
E l ena es col heu pens ar ni s s o como s i l ênci o de s ubmi s s ão. Pel o menos
Shi ni chi não es tava gri tando ameaças .
— Ok. — E l ena s us s urrou. E l a s e col ocou em pos i ção bem atrás de
M i s ao. — Quando eu contar até três , nós a empurramos o mai s forte que
pudermos .
— E s pera! — M att di s s e em um mi s erável mei o-s us s urro. — Você
di s s e que não a j ogarí amos es cada abai xo.
— A vi da não é j us ta. — E l ena di s s e s ombri amente. — Você acha que
el e não tem uma s urpres i nha para nós ?
— M as ...
— Dei xa pra l á, M att. — Di s s e M eredi th qui etamente.
E l a ti nha a es taca preparada em s ua mão es querda e a di rei ta es tava
preparada para apertar o pai nel que abri ri a a porta.
— Todos prontos ?
Todos concordaram. E l ena s enti u pena por M att e Stefan, que eram os
mai s hones to e s ens í vei s de todos el es .
— Um — E l a s us s urrou l evemente. —, doi s , três.
No três , M eredi th acertou o i nterruptor ocul to na parede. E então, as
coi s as começaram a acontecer de um j ei to bem devagar. No “doi s ”, E l ena j á s e
começou a empurrar M i s ao para a porta. No “três ”, os outros a acompanharam.
M as pareceu que a porta demorou uma eterni dade para abri r. E antes do
fi m da eterni dade, tudo s e compl i cou.
A vegetação ao redor do cabel o de M i s ao es pal hou gal hos em todas as
di reções . Um del es di s parou e agarrou E l ena em torno do pul s o. E l a ouvi u um
gri to de i ndi gnação de M att e s oube que outro gal ho havi a chegado nel e.
— Empurre! — M eredi th gri tou e, em s egui da, E l ena vi u que a es taca
havi a apareci do para el a.
M eredi th bateu com a es taca na vegetação que es tava l i gada à M i s ao. O
gal ho que es tava cortando o pul s o de E l ena cai u no chão.
Quai s quer dúvi das res tantes s obre l ançar M i s ao es cada abai xo
des apareceram. E l ena entrou no mei o da mul ti dão, tentando empurrá-l a para
a porta. M as havi a al go errado na di s pens a. Por um l ado, el es es tavam
empurrando M i s ao para a es curi dão total ... M as al go também es tava s e
mexendo.
A di s pens a es tava chei a de... Coi s as . Coi sas.
E l ena ol hou para s eu tornozel o e fi cou horrori zada ao ver uma l arva
gi gante que pareci a ter s e arras tado para for a da di s pens a.
Ou, pel o menos , uma l arva foi à pri mei ra coi s a que el a pôde comparar
com aqui l o... Tal vez fos s e uma l es ma s em cabeça. E ra trans l úci da, preta e
ti nha cerca tri nta centí metros de compri mento, mas era mui to gorda para el a
ter col ocado a mão em torno daqui l o. Pareci a ter duas manei ras de s e mover:
uma pel o modo de ras tej ar fami l i ar e a outra s i mpl es mente s e j untando às
outras l arvas , que foram chegando até a cabeça de E l ena como uma horrí vel
expl os ão de uma fonte. E l ena ol hou para ci ma e des ej ou não ter fei to i s s o.
Havi a uma cobra-naj a ras tej ando aci ma del es , s ai ndo da di s pens a e
i ndo à cozi nha. E ra uma cobra-naj a preta trans l úci da com l arvas grudadas , e
de vez uma caí a no chão entre o grupo e l ogo haveri a gri tos .
Se Bonni e es ti ves s e com el es , el a teri a gri tado até que os copos de vi nho
nos armári os s e quebras s em, E l ena pens ou freneti camente.
M eredi th es tava tentando atacar a cobra-naj a com a es taca e al cançar em
s eus j eans al guns Pos t-It ao mes mo tempo.
— E u pego os Pos t-It. — E l ena arfou, e contorceu s ua mão no bol s o de
M eredi th.
Seus dedos s e fecharam em maço pequeno de cartões e el a os puxou para
fora tri unfantemente.
Só então o pri mei ro verme bri l hante e gordo cai u s obre s ua pel e nua. E l a
queri a gri tar de dor enquanto s eus pezi nhos ou dentes ou pres as — ou o que
quer que fos s em — a quei mavam e pi cavam. Reti rou um pequeno cartão do
fei xe, no qual não era um Pos t-It, mas um pequeno cartão com os mes mos
s í mbol os , apes ar de mai s frágei s , e bateu-o contra a coi s a que pareci a uma
l arva.
Nada aconteceu.
M eredi th es tava enfi ando a es taca no mei o da cobra agora.
E l ena vi u outra das cri aturas quas e caí rem em s eu ros to vi rado pra ci ma
e cons egui u s e mover, fazendo com que al gumas del as caí s s em em s eu
col ari nho. E l a tentou outra carta do maço quanto es te s i mpl es mente s ai u de
s ua mão — os vermes pareci am s er pegaj os os , mas el es não eram — e então el a
deu um gri to pri mordi al e ti rou com ambas as mãos aquel as coi s as fei as que
es tavam atacando-a. E l as deram l ugar a uma pel e coberta com manchas
vermel has e s ua cami s eta ras gada no ombro.
— Os amul etos não es tão funci onando. — E l a gri tou para M eredi th.
M eredi th es tava aci ma da cabeça bal ançante da cobra-verme,
es faqui ando-a e apunhal ando-a até que chegas s e ao centro. Sua voz es tava
abafada:
— Não temos amul etos o s ufi ci ente, de qual quer forma! Há mui tas
des s as l arvas . É mel hor corrermos . Um i ns tante mai s tarde, Stefan gri tou:
— Todos s aí am daqui ! Há al guma coi s a s ól i da l á dentro!
— É i s s o o que eu es tou tentando di zer! — M eredi th gri tou de vol ta.
Freneti camente, M att berrou:
— Cadê a M i s ao?
A úl ti ma vez que E l ena a havi a vi s to, el a es tava tremendo e
mergul hando na mas s a es cura e s egmentada.
— Se foi . — E l a gri tou de vol ta. — Cadê a Sra. Fl owers ?
— Na cozi nha. — Di s s e uma voz atrás del a.
E l ena deu uma ol hadel a para trás e vi u a vel ha s enhora com ervas em
ambas as mãos .
— Ok. — Stefan gri tou. — Todo mundo dê al guns pas s os para trás . Vou
acertá-l os com Poder. Façam i s s o... Agora!
Sua voz pareci a uma chi cotada. Todo mundo deu um pas s o para trás , até
mes mo M eredi th, que es tava exami nando a cobra com s ua es taca.
Stefan fechou a mão em torno do nada, em torno do ar, e el e vi rou-s e para
a l uz de energi a bri l hante e ci nti l ante. E l e ati rou à quei ma-roupa na cobra
fei ta de vermes .
Houve uma expl os ão, e então, de repente, es tava chovendo vermes . E l ena
ti nha s eus dentes fechados , de modo a evi tar que el a gri tas s e. Os corpos ovai s
e trans l úci dos dos vermes s e abri ram no chão da cozi nha como amei xas duras ,
ou coi s a pi or. Quando E l ena s e atreveu a ol har para ci ma novamente, el a vi u
uma mancha preta no teto.
E mbai xo del a, s orri ndo, es tava Shi ni chi .
M eredi th, rápi da com um rel âmpago, tentou enfi ar-l he a es taca. M as
Shi ni chi foi mai s rápi do, s ai ndo de s eu cami nho, es qui vando de s ua
es tocada, e das outras que vi eram.
— Vocês , humanos — E l e di s s e. —, s ão todos i guai s . Todos es túpi dos .
Quando a M ei a-Noi te fi nal mente chegar, vocês verão o quão i di otas foram.
E l e di s s e “M ei a-Noi te” como s e es ti ves s e di zendo “o Apocal i ps e”.
— Fomos es pertos o bas tante para des cobri rmos que vocês não eram o
Stefan. — M att di s s e por detrás de Shi ni chi . Shi ni chi revi rou os ol hos .
— E me col ocaram em um cômodo chei o de madei ra. Vocês nem ao menos
cons eguem l embrar que os ki ts une control am todas as pl antas e árvores ? As
paredes es tão chei as de l arvas mal ach agora, s ai bam di s s o. Compl etamente
i nfes tadas . Seus ol hos bri l haram... E el e deu uma ol hadel a para trás , E l ena
percebeu, ol hando para a porta aberta da di s pens a. Seu medo aumentou ao
mes mo tempo em que Stefan gri tou:
— Saí am daqui ! Vamos para fora da cas a! Para al gum l ugar s eguro!
E l ena e M eredi th encararam-s e, paral i s adas . E l as eram de equi pes
di ferentes , mas não pareci am s er capazes de s e s epararem. E ntão, M eredi th
s e es queceu di s s o e vi rou-s e de vol ta para a cozi nha para aj udar a Sra. Fl owers .
M att j á es tava l á, fazendo a mes ma coi s a.
E então, E l ena s e encontrou arras tando s eus pés e movendo-s e
rapi damente. Stefan es tava com el a e ambos corri am para a porta da frente.
À di s tânci a, el a ouvi u Shi ni chi gri tar:
— M e tragam os os s os del es !
Um dos vermes que E l ena ti rou de s eu cami nho expl odi u e E l ena vi u
al go ras tej ar, tentando s ai r dal i .
Aquel es eram os verdadei ros mal ach, el a percebeu. Pequenas vers ões
daquel e que havi a engol i do o braço de M att e dei xou aquel es grandes e
profundos arranhões quando el e o puxou de vol ta.
E l a percebeu que havi a um pres o nas cos tas de Stefan.
Ous ada e furi os a, el a pegou aqui l o próxi mo aos pés e o puxou,
arrancando-o i mpl acavel mente apes ar de Stefan ofegar de dor. Quando aqui l o
s e s ol tou, el a teve o vi s l umbre do que pareci a s er dezenas de dentes de
cri anci nha no l ado i nferi or. E l a j ogou aqui l o contra uma parede enquanto el es
al cançavam a porta da frente.
Lá, el es quas e col i di ram com M att, M eredi th e a Sra. Fl owers , que
s aí ram da es curi dão. Stefan es cancarou a porta e, quando todos pas s aram,
M eredi th bateu-a com força. Al guns mal ach — l arvas gos mentas e al guns
voadores — s aí ram j unto com el es .
— Onde é s eguro? — Debateu M eredi th. — Quero di zer, real mente
s eguro, s eguro por al guns di as ?
Nem el a nem M att havi am i mpul s i onado a Sra. Fl owers em rel ação a
s ua vel oci dade, então E l ena deduzi u que el a devi a s er quas e tão l eve quanto
uma pal ha.
E s ta conti nua a di zer:
— M eu Deus ! Ai , graci os o!
— M i nha cas a? — M att s ugeri u. — O quartei rão es tá bem rui m, mas
es tava tudo bem des de a úl ti ma vez em a vi , e mi nha mãe s e foi j unto com a
Dr.ª Al pert.
— Ok, a cas a do M att... Us ando as Chaves M es tras . M as vamos fazer
i s s o no armazém. E u não quero abri r es ta porta da frente novamente, não
i mportando o moti vo. — E l ena di s s e.
Quando Stefan tentou pegá-l a no col o, el a s acudi u a cabeça.
— E s tou bem. Corra o mai s rápi do que puder e des trua qual quer mal ach
que você ver.
E l es chegaram até o armazém, mas agora um s om pareci do com vi pvi pvi p
— um zumbi do agudo que s ó poderi a s er produzi do por mal ach — os s egui a.
— E agora? — M att ofegou, aj udando a Sra. Fl owers a s e s entar na cama.
Stefan hes i tou.
— Você acha que a s ua cas a é real mente s egura?
— Al gum l ugar é s eguro? M as l á es tá vazi o, ou deve es tar.
E nquanto i s s o, M eredi th chamou E l ena e a Sra. Fl owers para um canto.
Para o horror de E l ena, M eredi th es tava s egurando uma daquel as l arvas
menores , agarrando-a de forma que s ua parte i nferi or es tava vi rada para ci ma.
— Ai , Deus ...
E l ena protes tou, mas M eredi th di s s e:
— Se parecem mui to com dentes de cri ança, não parecem? De repente, a
Sra. Fl owers fi cou ani mada.
— De fato, parecem! E s tá di zendo que aquel e fêmur que encontramos na
mata...
— Si m. Aqui l o era certamente humano, mas tal vez não fora mas ti gado
por humanos . Por cri anças humanas . — M eredi th di s s e.
— E Shi ni chi gri tou para que os mal ach trouxes s em para el e os nos s os
os s os … — E l ena di s s e e engol i u em s eco. E ntão, el a ol hou para a l arva
novamente.
— M eredi th, s e l i vre l ogo des ta coi s a! Is s o vai s e trans formar em um
mal ach voador.
M eredi th ol hou ao redor do armazém s em expres s ão.
— Ok... Sol te-o e eu o es magarei . — E l ena di s s e, s egurando s ua
res pi ração para conter s ua náus ea.
M eredi th s ol tou a coi s a preta, trans l úci da e gorda, que expl odi u com o
i mpacto. E l ena col ocou s eu corpo contra aqui l o, mas o mal ach i nteri or não foi
es magado. E m vez di s s o, quando el a l evantou o pé, aqui l o tentou es corregar
para debai xo da cama. A es taca o cortou perfei tamente em doi s pedaços .
— Garotos — E l ena di s s e brus camente para M att e Stefan —, temos
que i r ag ora. Lá fora há mui tos mal ach voadores ! M att vi rou-s e para el a.
— Como aquel e que...
— M enores , mas i dênti cos àquel e que te atacou, eu acho.
— Ok, aqui vai o que nós achamos — Stefan di s s e de um j ei to que
i medi atamente fez com E l ena fi cas s e i nqui eta. — Al guém tem que i r à
Di mens ão das Trevas veri fi car como es tá Bonni e. E u acho que s ou o úni co que
pode fazer i s s o, des de que s ou um vampi ro. Vocês não poderi am entrar...
— Si m, poderí amos . — M eredi th. — Com es s as chaves , podemos
s i mpl es mente di zer “Nos l eve até a cas a de Lady Ul ma na Di mens ão das
Trevas ”. Ou “Nos l eve até onde Bonni e es tá”. Por que i s to não funci onari a?
E l ena di s s e:
— Ok. M eredi th, M att e a Sra. Fl owers podem fi car aqui e tentarem
des cobri r o que é “M ei a-Noi te”. Pel o modo como Shi ni chi di s s e, parece s er
coi s a rui m. E nquanto i s s o, Stefan e eu vamos à Di mens ão das Trevas e
encontramos a Bonni e.
— Não! — Stefan di s s e. — E u não vou l evá-l a naquel e l ugar horrí vel
novamente. E l ena ol hou para el e di retamente nos ol hos .
— Você prometeu. — E l a di s s e, i ndi ferente quanto as outras pes s oas na
s al a. — Você prometeu nunca i r novamente a uma bus ca s em mi m. Não
i mportas s e o tempo que l evas s e, não i mportas s e o moti vo. Você prometeu.
Stefan ol hou para el a des es peradamente. E l ena s abi a que el e queri a
mantê-l a a s al va — mas qual mundo es tava real mente a s al vo agora? Ambos
es tavam cobertos de horror e peri go.
— De qual quer forma — E l a di s s e com um s orri s o mal i ci os o —, s ou eu
quem es tá com a chave.
26
— Agora, você s abe como i s to é fei to? — E l ena perguntou à M eredi th. —
Você col oca a chave na fechadura e di z aonde você quer i r. E ntão, abra a porta e
entre. É i s s o.
— Vocês três vão na frente — Stefan adi ci onou. — E rápi do.
— E u gi ro a chave. — M eredi th di s s e a M att. — Você toma conta da Sra.
Fl owers .
Só então E l ena pens ou em al go que el a não queri a di zer em voz al ta,
s omente para Stefan. M as el e es tava fi s i camente próxi mo, então el a s abi a
que el e entenderi a.
Sabber! E l a pens ou para Stefan. Não podemos dei xá-lo comesses malach!
Não vamos, el a ouvi u a voz de Stefan di zer em s ua mente. Eu mostrei para ele o
cami nho até a casa de Matt, e di sse para que ele fosse lá, levasse Talon e proteg esse as pessoas que
estão a cami nho.
Na mes ma hora, M att es tava di zendo:
— Ai , meu Deus ! Sabber! E l e s al vou mi nha vi da… E u não pos s o
s i mpl es mente dei xá-l o.
— Já cui dei di s s o. — Stefan l he as s egurou e E l ena deu um tapi nha nas
cos tas de M att. — E l e es tará na s ua cas a em um i ns tante, e s e você for a
al gum outro l ugar, el e s egui rá s eu ras tro.
E l ena trans formou s eus tapi nhos em pequenos empurrões .
— Sej am bonzi nhos !
— Quarto de M att Honeycutt, em Fel l ’s Church. — M eredi th di s s e,
enfi ando a chave na fechadura e abri ndo a porta. E l a, a Sra. Fl owers e M att
atraves s aram-na. A porta s e fechou.
Stefan vi rou-s e para E l ena.
— E u vou pri mei ro — E l e di s s e, s em rodei os . — M as es tarei me
s egurando em você. E u não vou dei xá-l a.
— Nunca me dei xe, nunca me dei xe. — E l ena s us s urrou em uma
i mi tação do “Ter pes adel os ” de M i s ao. E ntão, el a s e l embrou.
— Bracel etes de es cravos !
— O que? — Stefan di s s e. E ntão:
— Ah, eu me l embro, você me contou. M as como é que a aparênci a
del es ?
— Iguai s a quai s quer outros bracel etes , mas que combi nem, s e
pos s í vel . — E l ena es tava procurando pel o fundo da s al a, onde os móvei s foram
empi l hados , abri ndo e fechando gavetas . — Apareçam, bracel etes ! Apareçam!
E ra para es ta cas a ter de tudo!
— Que tal es s as coi s as que você es tá us ando em s eu cabel o? — Stefan
perguntou. E l ena ol hou para trás e el e j ogou para el a um pacote com mari as -
chi qui nhas .
— Você é um gêni o! E l as nem ao menos vão machucar meus pul s os . E
aqui tem duas brancas , então dá pra combi nar! —
E l ena di s s e, fel i z.
E l es organi zaram-s e em frente á porta, com Stefan à es querda de E l ena
para que el e pudes s e ver o que es ti ves s e do outro l ado, antes que el es
adentras s em. E l e também apertava fi rmemente braço es querdo de E l ena.
— Onde quer que es tej a a nos s a ami ga Bonni e M cCul l ough — Stefan
di s s e, e enfi ou a chave na fechadura, gi rando-a. E ntão, depoi s de dar a chave
à E l ena, el e cui dados amente abri u a porta.
E l ena não ti nha certeza no que el a es tava es perando. Um cl arão de l uz,
tal vez, enquanto el es vi aj avam entre di mens ões .
Al gum ti po de túnel em es pi ral , ou es trel as cadentes . Por fi m, uma
s ens ação de movi mento. O que el a cons egui u foi vapor. Is to embebedou s ua
cami s eta e s eu cabel o umedeci do.
E então, começou o barul ho.
— E l ena! Eleeeeeeeeeeeeeeena! Você es tá aqui !
E l ena reconheceu a voz, mas não pôde l ocal i zar quem gri tava dentro
daquel e vapor.
E ntão el a vi u uma banhei ra i mens a fei ta com peças de mal aqui ta, e
uma meni na com ol har as s us tado cui dando do bras ei ro ao pé da banhei ra,
enquanto outras duas s erventes , que s eguravam es covas de cabel os e
púmi ces , s e encol hi am contra a outra parede.
E dentro da banhei ra es tava Bonni e! E ra óbvi o que a banhei ra era
profunda, poi s Bonni e não era capaz de al cançar o fundo e então el a fi cava
mei o que s al ti tando na água como um gol fi nho em uma apres entação para
chamar atenção.
— Aí es tá você. — Arfou E l ena.
E l a cai u de j oel hos s obre um es pes s o tapete azul e maci o.
Bonni e deu um s al to es petacul ar e s ó por um momento E l ena pôde s enti r
um corpo ens aboado e es pumos o dentro de s eus braços .
E ntão, Bonni e afundou novamente e começou a ri r.
— E aquel e é o Stefan? É o Stefan! Stefan, olá! Oláááá!
Stefan deu uma ol hadel a para trás , como s e tentas s e aval i ar a s i tuação
da es puma. E l e pareceu s ati s fei to, vi rou-s e l i gei ramente e acenou.
— E i , Bonni e — E l e perguntou, a voz abafada por caus a do s om de
pi ngos contí nuos —, onde es tamos ?
— É a cas a de Lady Ul ma! Você es tá s eguro... Vocês todos es tão s eguros !
— E l a vi rou o ros ti nho chei o de es perança para E l ena. — Cadê a M eredi th?
E l ena bal ançou s ua cabeça, pens ando em todas as coi s as s obre
M eredi th que Bonni e ai nda não s abi a. Bem, el a deci di u, não é hora para
menci oná-l as .
— E l a teve de fi car para trás , para proteger Fel l ’s Church.
— Ah — Bonni e ol hou para bai xo, i ncomodada. — As coi s as ai nda es tão
mal , não es tão?
— Você não acredi tari a. É s éri o, é... Indes cri tí vel . É l á onde M att, a Sra.
Fl owers e M eredi th es tão. Si nto mui to.
— Não, eu s ó es tou fel i z por ver você! Ai , meu Deus , mas você es tá
feri da.
E l a es tava ol hando para as feri das de pequenos dentes no braço de
E l ena, e o s angue em s ua cami s eta ras gada.
— E u vou s ai r e... E i , não, você deve entrar! A s al a é grande, há mui ta
água quente e... Mui tas roupas! Lady Ul ma até mes mo cri ou al gumas para nós ,
para “quando vol tás s emos ”!
E l ena, s orri ndo tranqui l i zadoramente para as s erventes , j á es tava s e
des pi ndo o mai s rápi do que podi a.
A banhei ra, que era grande o bas tante para s ei s pes s oas nadarem,
pareci a l uxuos a demai s para s e des perdi çar, el a raci oci nou, e fazi a s enti do
es tar l i mpa quando cumpri mentas s em s ua anfi tri ã.
— Vá s e di verti r — E l a gri tou para Stefan. — Damon es tá aqui ? — E l a
adi ci onou em um s us s urro ao l ado de Bonni e, que concordou.
— Damon es tá aqui , também. — E l ena cantarol ou. — Se você encontrar
Lady Ul ma, di ga que E l ena j á es tá i ndo, mas que es tá s e l avando pri mei ro.
E l a não chegou a mergul har na água ros a perol ada e fumegante, mas
deu um pas s o para frente e fi cou des l i zando a parti r daí .
Imedi atamente, el a foi i mers a em um cal or del i ci os o que s e i nfi l trou
di reto em s eu corpo, que fez com que s eus mús cul os rel axas s em ao mes mo
tempo. Perfumes i mpregnavam o ar. E l a j ogou o cabel o para trás e vi u Bonni e
ri ndo del a.
— E ntão você s ai u daquel e buraco e es teve aqui , mergul hada em
l uxúri a, enquanto nós fazí amos o trabal ho duro? — E l ena não pôde dei xar de
ouvi r a forma como s ua voz s ubi u ao fi nal , tornando-s e uma pergunta.
— Não, eu fui raptada por umas pes s oas , e... — Bonni e parou. — Bem...
Os pri mei ros di as foram di fí cei s , mas dei xa pra l á. Graças a Deus que
chegamos à cas a de Lady Ul ma, no fi nal . Quer uma es cova de banho? Sabão
que chei ra a ros as ?
E l ena es tava ol hando para Bonni e com os ol hos l i gei ramente apertados .
E l a s abi a que Bonni e fari a qual quer coi s a por Damon. Is s o i ncl uí a dar-l he
cobertura.
Del i cadamente, durante o tempo em que apreci ava as es covas ,
unguentos e mui tos outros ti pos de s abonetes col ocados em uma pratel ei ra
para fáci l aces s o, el a começou s ua i nves ti gação.

***

Stefan s ai u da s al a chei a de vapor antes que fi cas s e encharcado. Bonni e


es tava a s al vo e E l ena es tava fel i z. E l e des cobri u que havi a entrado em outro
quarto, no qual havi a um grande número de s ofás fei tos de um materi al
maci o e es ponj os o. Para s ecarem cabel o? Fazer mas s agem? Quem s aberi a?
A próxi ma porta que el e entrou ti nha l anternas a gás que es tavam
aces as o bas tante para dar l uz ao l ocal . Aqui havi a mai s três s ofás — el e não
ti nha i dei a para quê s ervi am —, um es pel ho compri do e prateado, e mai s
es pel hos em frente a cadei ras . Obvi amente, um l ugar para maqui agem e
embel ezamento.
E s te úl ti mo quarto s e abri a para um corredor. Stefan deu um pas s o para
fora e hes i tou, es pal hando pequenas partes de s eu Poder em di reções
di ferentes , na es perança de encontrar Damon antes que Damon o encontras s e.
A Chave M es tra havi a provado que s uperava o fato de que el e não havi a
s i do convi dado al i . Is s o s i gni fi cava que el e poderi a... Naquel e i ns tante, el e
teve uma res pos ta e reti rou a s onda i medi atamente, as s us tado. E l e ol hou para
o l ongo corredor. E l e podi a ver Damon, pas s eando dentro de um quarto, no fi nal
do corredor, fal ando com al guém que Stefan não pôde ver por detrás da porta.
Stefan ras tej ou s i l enci os amente pel o corredor, à es prei ta. E l e chegou à
porta, s em que s eu i rmão notas s e, e l á vi u que a pes s oa com quem Damon
es tava fal ando era uma mul her que ves ti a o que pareci a s er uma cal ça de
camurça e cami s eta, grudada ao corpo, e uma aura que pareci a engl obar toda a
ci dade, não s omente aquel e quarto.
Damon es tava di zendo:
— Certi fi que-s e de que há roupas quentes o s ufi ci ente para a garota.
E l a não é do ti po forti nha, você s abe...
— E ntão, para onde você es tá l evando el a... E por quê? — Stefan
perguntou, encos tando-s e ao batente da porta.
E l e teve s orte — des ta vez — de ter pegado Damon de guarda-bai xa. Seu
i rmão ol hou para ci ma, e então retraí u-s e como um gato as s us tado. Damon
tentou s e recompor, até que deci di u us ar a más cara de amabi l i dade aus ente.
Stefan deduzi u que ni nguém nunca ti nha col ocado tanto es forço para
cami nhar até uma cadei ra, s entar-s e e s e forçar a rel axar.
— Ora, ora! M ani nho! Você vei o dar uma vi s i ti nha! Que... Legal . É uma
pena, porém, que eu es tej a prati camente s ai ndo pel a porta em uma j ornada, e
não há quartos para você.
E ntão, a mul her com roupa col ada, que es tava fazendo anotações — e que
l evou um s us to quando Stefan entrou no quarto —, fal ou:
—Ah, não, meu l orde. Os thurgs não vão s e i mportar com o pes o extra
des te caval ei ro. Provavel mente, el es nem notarão. Se a mal a del e es ti ver pronta
até amanhã, você pode começar de manhã cedi nho, como pl anej ado.
Damon deu o s eu mel hor ol har de “cal e a boca ou morra”. E l a s e cal ou.
Com os dentes cerrados , Damon cons egui u di zer:
— E s ta é Pel at. E l a é a coordenadora da nos s a pequena expedi ção. Ol á,
Pel at. Adeus , Pel at. Você pode i r.
— Como qui s er, meu l orde.
Pel at i ncl i nou-s e e s ai u.
— Você não es tá l evando es ta coi s a de “meu l orde” um pouqui nho l onge
demai s ? — Stefan perguntou. — E o que é es ta fantas i a que você es tá ves ti ndo?
— É o uni forme de capi tão da guarda da M adame l e Pri nces s Jes s al yn
D’Aubi gne. — Damon di s s e fri amente.
— Você tem um empreg o?
— É uma posi ção. — Damon arreganhou os dentes . — E nada di s to é da
s ua conta.
— Cons egui u s eus cani nos de vol ta, também, pos s o ver.
— E i s s o também não é da s ua conta. M as s e você qui ser que eu pi s e
s obre o s eu corpo de morto-vi vo, eu o farei com prazer. Al go es tava errado, Stefan
pens ou. Damon j á devi a ter pas s ado da fas e dos i ns ul tos e i do pi s ar nel e nes te
i ns tante. Só fazi a s enti do s e...
— E u j á convers ei com Bonni e. — E l e di s s e. E fal ou mes mo, para
perguntar onde el e es tava. M as para uma mente cul pada, mui tas vezes a
pres ci ênci a fazi a maravi l has .
Damon apres s adamente di s s e o que Stefan es perava que el e não
di s s es s e.
— E u pos s o expl i car!
— Ai , Deus . — Stefan di s s e.
— Se el a ti ves s e fei to o que eu di s s era para el a...
— E nquanto você es teve fora, vi rando capi tão da guarda de uma pri nces a?
E el a es tava... Onde?
— E l a es tava a s al vo, pel o menos ! M as , não, el a ti nha que s ai r na rua
e então entrar naquel a l oj a...
— Impres s i onante! E l a s ai u na rua? Damon rangeu os dentes .
— Você não s abe como s ão as coi s as por aqui … Ou como funci ona o
comérci o de es cravos . Todo di a... Stefan bateu as duas mãos s obre a mes a, agora
verdadei ramente zangado.
— E l a foi pega por trafi cantes de escravos? E nquanto você es tava curti ndo
com uma pri ncesa?
— A Pri nces s Jes s al yn não é des te ti po. — Damon di s s e fri amente. —
Nem eu. E , de qual quer forma, tudo acabou bem, poi s agora s abemos onde os
Sete Tes ouros Ki ts une es tão.
— Que tes ouros ? E quem s e i mporta com tes ouros quando há uma ci dade
s endo des truí da por ki ts une? Damon abri u s ua boca, fechou-a, então ol hou
es trei tamente para Stefan.
— Você di s s e que fal ou com Bonni e a res pei to de tudo i s s o.
— E u falei mes mo com a Bonni e. — Stefan di s s e, s em rodei os . — E u
di s s e ol á.
Os ol hos de Damon quei maram. Por um momento, Stefan pes ou que el e
es tava pres tes a ros nar ou começar uma bri ga. M as então, com os dentes
cerrados , el e di s s e:
— Is s o tudo é por caus a daquel a mal di ta ci dade, não entende? Aquel es
tes ouros i ncl uem a mai or E s fera E s tel ar j á preenchi da com Poder. E aquel e
Poder pode s er o s ufi ci ente para s al var Fel l ’s Church. E acabar de uma vez por
todas com aquel a ani qui l ação. Tal vez, até matar cada mal ach que exi s te e
des trui r Shi ni chi e M i s ao, s ó com um s opro. É nobre o s ufi ci ente para você,
mani nho? É moti vo o s ufi ci ente?
— M as l evar Bonni e...
— Você pode fi car aqui com el a s e qui s er! Vi vam s uas vi das aqui ! Devo
menci onar que s em el a eu não teri a s i do capaz de fazer es s a expedi ção, e que
el a es tá determi nada a i r. Al ém di s s o, não vamos vol tar da mes ma forma. Tem
que ter uma rota mai s fáci l da Cas a de Portai s até a Terra. Não s obrevi verí amos
s e tentás s emos vol tar, então é mel hor rezarmos para que haj a um j ei to.
Stefan es tava s urpres o. E l e nunca havi a ouvi do s eu i rmão fal ar com tanta
pai xão s obre al go que envol ves s e humanos . E l e es tava pres tes a res ponder,
quando atrás del e vei o um gri to de pura rai va. E es tava com medo... E
preocupado, também, por que Stefan reconheceri a aquel a voz em qual quer
l ugar, a qual quer hora. E ra a voz de E l ena.
27
Stefan vi rou-s e e vi u Bonni e, com apenas uma toal ha enrol ada em torno
del a, tentando conter E l ena fi s i camente, que es tava i gual mente ves ti da. Al go
fez com que el a s aí s s e da banhei ra e corres s e di retamente para o corredor.
Stefan fi cou s urpres o com a reação de Damon. Havi a uma faí s ca de
preocupação naquel es ol hos i nfi ni tamente negros , que ti nham permaneci do
i mpas s í vei s as s i s ti ndo a mi l des as tres , cal ami dades e cruel dades ?
Não, não podi a s er. M as certamente pareci a i s s o mes mo.
E l ena es tava s e aproxi mando. Sua voz s oou cl aramente através do
corredor, que era es paços o o s ufi ci ente para l he dar um l i gei ro eco.
— Damon! Estou te vendo! E s pere aí , nes te l ugar... Estou i ndo matar você!
Des ta vez, a os ci l ação era i nconfundí vel . Damon ol hou para a j anel a, que
es tava parci al mente aberta.
E nquanto i s s o, Bonni e ti nha perdi do a l uta e E l ena es tava correndo como
uma gazel a pel o es cri tóri o. Seus ol hos , no entanto, não s e pareci am como tal .
Stefan os vi u bri l harem peri gos amente enquanto E l ena s e es qui vava del e —
pri nci pal mente porque el e não s e atreveu a agarrá-l a pel a toal ha, e qual quer
outra parte del a es tava es corregadi a.
E l ena es tava enfrentando Damon, que havi a l evantado de s ua cadei ra.
— Como você pôde? — E l a gri tou. — Usar Bonni e des te j ei to... Infl uenci á-
l a, drogá-l a... Tudo para cons egui r aqui l o que não te pertenci a! Us ar quas e
todo o Poder que s obrou na E s fera E s tel ar de M i s ao... O que você pens ou que
Shi ni chi fari a quando você fez i s s o? E l e vei o atrás de nós , foi i s s o o que el e
fez... E vai s aber s e a pens ão ai nda conti nua em pé?
Damon abri u s ua boca, mas E l ena ai nda não termi nara.
— E então trazer Bonni e à Di mens ão das Trevas com você... E u não me
i mporto s e você queri a ou não des perdi çar uma abertura do Portal . Você sabi a
que não devi a trazê-l a para cá.
Damon es tava nervos o agora.
— E u...
M as E l ena o cortou s em nem ao menos hes i tar.
— E ntão, uma vez que você a trouxe aqui , você a abandonou. Você a
dei xou com medo, s ozi nha, em um quarto onde el a nem ti nha permi s s ão de
ol har pel a j anel a, com uma col eção de E s feras E s tel ares que você nem ao
menos s e deu ao trabal ho de exami nar... Que s ão compl etamente i mprópri as e
fez com que el a ti ves s e pes adel os ! Você...
— Se a i di oti nha ti ves s e o bom s ens o de aguardar qui etamente...
— O quê? O quê você di sse?
— E u di s s e: “Se a i di oti nha ti ves s e o bom s ens o de aguardar...”
Stefan, que j á es tava em movi mento, fechou os ol hos por al guns
i ns tantes . Abri u-os a tempo de ver o tapão e s enti r E l ena col ocando toda s ua
força nel e. Is s o fez com que a cabeça de Damon gi ras s e.
O que o s urpreendeu — apes ar de el e s e pos i ci onar para o cas o de i s s o
acontecer — era ver a mão de Damon s e l evantar tão rapi damente quanto uma
cobra pres tes a atacar. Não houve reação, mas Stefan j á havi a pegado E l ena
pel a ci ntura e a l evando a certa di s tânci a.
— M e s ol ta! — E l ena gri tou, l utando para s ai r dos braços de Stefan, ou
ao menos col ocar s eus pés no chão. — E u vou matá- lo!
A próxi ma coi s a s urpreendente — i nterrompendo a fúri a cega que Stefan
pôde s enti r percorrendo pel a aura de E l ena — era que E l ena es tava
real mente ganhando a l uta, apes ar do fato de que el e era bem mai s forte do
que el a. Parte di s s o ti nha a ver com a toal ha, que es tava ameaçando cai r a
qual quer momento. A outra parte era que E l ena ti nha adqui ri do um es ti l o
úni co de l uta para oponentes mai s fortes — pel o menos , aquel es que ti nham
cons ci ênci a. E l a s e ati rou del i beradamente contra qual quer ponto que
pudes s e machucá-l a e detê-l a, e el a não des i s ti u. E ventual mente, el e teri a
de es col her entre machucá-l a ou s ol tá-l a.
Nes te i ns tante, porém, E l ena parou de s e mexer. E l a congel ou, a cabeça
vi rada enquanto el a ol hava para trás del e. Stefan ol hou para l á também, e
s enti u um choque el étri co percorrer através del e.
Bonni e es tava parada di retamente atrás del es , ol hando para Damon,
s eus ol hos entreabertos em angús ti a, l ágri mas em s eus grandes ol hos
cas tanhos es corri am por s eus ros to.
Ins tantaneamente, antes mes mo que el e pudes s e regi s trar o ol har
s upl i cante de E l ena, Stefan a s ol tou. E l e entendi a: s eu humor e s ua
di nâmi ca da s i tuação havi am mudado.
E l ena aj us tou s ua toal ha e vi rou-s e para Bonni e, mas então Bonni e
es tava correndo corredor afora. Os pas s os l ongos de E l ena l he permi ti ram
chegar até Bonni e rapi damente, e el a s egurou a meni na e a abraçou, não com
mui ta força, mas com um magneti s mo fraternal .
— Não l i gue para aquel a cobra — A voz de E l ena vol tou a s er cl ara, como
s e el a qui s es s e fazer i s s o mes mo. — E l e é um... E aqui , E l ena s ol tou
al guns pal avrões bem cri ati vos .
Stefan pôde ouvi r tudo i s s o de uma forma cl ara e notou que as pal avras s e
trans formaram em pequenos s us s urros enquanto E l ena vi rava-s e para o s al ão
de banho.
Stefan ol hou de s os l ai o para Damon. E l e não s e i mportari a em bri gar com
s eu i rmão nes te i ns tante; el e es tava chei o de rai va em nome de Bonni e. M as
Damon o i gnorou como s e el e fos s e parte do papel de parede, ol hando para o
nada com uma expres s ão de fúri a gél i da.
Nes te momento, Stefan ouvi u um s om fraco de l á do fi m do corredor, que
es tava a uma di s tânci a razoável . M as s eus s ens ores de vampi ro o i nformaram
que certamente a pes s oa era uma mul her que, cons equentemente, devi a s er
s ua anfi tri ã. E l e adi antou-s e para que, pel o menos , el a pudes s e s er recebi da
por al guém que es ti ves s e us ando roupas .
De qual quer forma, no úl ti mo i ns tante, E l ena e Bonni e apareceram na
frente del e, us ando ves ti dos — robes , na verdade — que eram cas uai s e fei tos
por um gêni o. O de E l ena era um robe i nformal de l ápi s -l azúl i profundo, com
s eus cabel os s ecando em uma mas s a maci a e dourada ao redor de s eus
ombros . Bonni e es tava ves ti ndo al go mai s curto e mai s bri l hante: vi ol eta
pál i da, com ti ras em formato de fi os prateados , s em nenhum padrão
es pecí fi co. Ambos os traj es , Stefan compreendeu de repente, fi cari am tão bem
à l uz do Sol i ntermi nável quanto em uma s al a fechada, s em j anel a e com
l âmpadas a gás .
E l e l embrou-s e das hi s tóri as que E l ena havi a contado s obre Lady Ul ma
proj etar ves ti dos para el a, e el e percebeu que, o que quer que s ua anfi tri ã
fos s e, el a era um gêni o na cos tura.
E então E l ena es tava correndo, s uas del i cadas s andál i as de ouro à
mos tra, os chi nel os de prata de Bonni e a s egui am, e Stefan começou a correr
também, temendo al gum peri go des conheci do.
E l es todos chegaram ao fi m do corredor ao mes mo tempo, e Stefan vi u que
a mul her parada l á es tava ves ti da ai nda mai s es pl endoros amente do que as
garotas .E l a es tava us ando um ves ti do de s eda vermel ho es curo com um pes ado
col ar de di amantes e rubi s e vári os anéi s — mas s em nenhum bracel ete.
No próxi mo mi nuto, ambas as garotas es tavam fazendo reverênci a: uma
profunda e graci os a reverênci a. Stefan fez o s ua mel hor mes ura.
Lady Ul ma es tendeu as duas mãos para E l ena, que pareci a es tar quas e
frenéti ca por al go que Stefan não entendi a. E l ena es tendeu as mãos ,
res pi rando rápi da e s uperfi ci al mente.
— Lady Ul ma... Você es tá tão magra...
Só então o bal buci ar de um bebê pôde s er ouvi do. O ros to de E l ena s e
i l umi nou e el a s orri u para Lady Ul ma, dei xando es capar um s us pi ro. Uma
j ovem funci onári a — mai s j ovem que Bonni e — genti l mente col ocou um
pacoti nho mi nús cul o nos braços de Lady Ul ma. Tanto E l ena quanto Bonni e
pi s caram para s ol tarem as l ágri mas , o tempo todo s orri ndo para a cri ança e
fazendo barul hi nhos s em s enti do. Stefan podi a compreender i s s o: el as
conheci am Lady Ul ma des de que el a era uma es crava que apanhava de
chi cote, tentando fazer de tudo para não abortar.
— M as como...? — E l ena começou a bal buci ar. — Vi mos você há al guns
di as atrás , mas es te bebê parece j á ter mes es de i dade...
— Al guns di as ? Só i s s o é que parece para vocês ? — Perguntou Lady Ul ma.
— Para nós , s e pas s aram al guns mes es . M as a magi a ai nda funci ona,
E l ena! Sua magi a permaneceu! Foi um parto fáci l ... Bem fáci l ! E então o Dr.
M eggar di s s e que você me s al vou antes que el a s ofres s e al gum prej uí zo por
caus a dos abus os que pas s ei . E l a j á es tá até tentando fal ar! É você, E l ena, e
s ua magi a!
Ni s s o, Lady Ul ma fez um movi mento como s e fos s e s e aj oel har aos pés
de E l ena. Porém, el a não des ceu mai s que al guns centí metros , porque E l ena
pegou s uas mãos , gri tando: “Lady Ul ma, não!” enquanto Stefan, na s ua
mel hor vel oci dade, correu para o l ado da s ervente e pegou a mul her pel os
ombros , s uportando s eu pes o.
— E eu não s ou mági ca — E l ena adi ci onou. — Stefan, di z para el a que
eu não s ou mági ca. Obedi entemente, Stefan i ncl i nou-s e à al tura do ouvi do da
mul her.
— E l ena é a mai s mági ca que eu j á encontrei . — E l e s us s urrou. —
E l a tem Poderes que nem eu pos s o entender.
— Ahh!
E l ena fez uma excl amação muda de frus tração.
— Sabe como eu vou chamá-l a? — Lady Ul ma conti nuou. Seu ros to, s e não
fos s e convenci onal mente boni to, s eri a i mpres s i onante, com uma combi nação
de nari z romano ari s tocráti co e maçãs do ros to s al i entes .
— Não. — E l ena s orri u. E então:
— Não! — E l ena gri tou. — Por favor! Não a condene a uma vi da de
expectati vas e de terror. Não faça com que el a s ofra enquanto ai nda for uma
cri ança. Oh, Lady Ul ma!
— M as , mi nha amada s al vadora...
E m s egui da, E l ena começou a pens ar. Uma vez que el a tomou conta da
s i tuação, não havi a como as coi s as acontecerem de forma di ferente.
— Lady Ul ma — E l a di s s e cl aramente —, me des cul pe por i nterferi r
em s eus as s untos . M as Bonni e me contou...
E l a parou, hes i tando.
— Sobre as j ovens fortes e es peranços as , a mai ori a pobre ou es cravi zada,
que col ocaram em s i mes mas um dos nomes das três mul heres mai s
coraj os as que j á pas s aram pel o nos s o mundo. — Lady Ul ma termi nou por el a.
— Al go pareci do com i s s o. — E l ena di s s e, corando.
— Ni nguém adqui ri u o nome “Damon” — Apontou uma j ovem
enfermei ra de bom grado e com boa vontade. — Nem garotos ou g arotas.
Stefan poderi a tê-l a bei j ado.
— Oh, Laks hmi ! — E l ena abraçou a adol es cente de aparênci a al egre. —
E u nem pude col ocar meus ol hos em você apropri adamente. Dei xe-me ol har
para você. — E l a s egurou a meni na pel o compri mento do braço. — Sabi a que
você cres ceu no mí ni mo mei o centí metro des de a úl ti ma vez em que te vi ?
Laks hmi s orri u.
E l ena vi rou-s e de vol ta para Lady Ul ma.
— Si m, eu temo por es s a cri ança. Por que não a chama de Ul ma? A
mul her ari s tocrata mei o que fechou os ol hos .
— Porque, mi nha amada E l ena, Hel ena, Al i ena, Al l i ana, Layni e,
E l l a... E u não des ej ari a que ni nguém s e chamas s e “Ul ma”, mui to menos
mi nha adorável fi l ha.
— Por que não a chama de Adara? — Laks hmi apontou de repente. — E u
s empre achei es s e nome boni to, des de que era cri ança.
Houve um s i l ênci o — um s i l ênci o quas e es pantos o. E ntão, E l ena
di s s e:
— Adara... É um nome adorável.
— E nem um pouco peri gos o. — Bonni e di s s e. Stefan di s s e:
— Não i ri a detê-l a de começar uma revol ução, s e el a qui s es s e.
Houve uma paus a. Todos ol havam para Damon, que es tava ol hando para
fora da j anel a, s em expres s ão. Todos es peraram. E l e fi nal mente vi rou-s e.
— Ah, excel ente. — E l e di s s e vagamente, cl aramente s em ter i dei a, ou
i nteres s e, no que el es es tavam fal ando.
— Ah, qual é, Damon — Os ol hos de Bonni e ai nda es tavam i nchados ,
mas el a fal ou i ntens amente. — Dê o voto unâni me! As s i m, Lady Ul ma terá
certeza.
Bom Deus , Stefan pens ou, el a deve s er a garota mai s tol erante do
uni vers o.
— Pode s er, então. — Damon di s s e i ndi ferentemente.
— Nos perdoe. — E l ena di s s e fi rmemente para a s al a em geral . —
Todos nós pas s amos por tempos di fí cei s . Is s o deu à Lady Ul ma uma dei xa.
— É cl aro que s i m. — E l a di s s e, dando um s orri s o de quem conheci a o
s ofri mento i mpl acável . — Bonni e nos di s s e s obre a des trui ção da s ua ci dade.
E u s i nto mui tí s s i mo. O que vocês preci s am agora é de comi da e des cans o. E u
pedi rei a al guém que os l eve até s eus quartos .
— E u devi a ter apres entado o Stefan l ogo no i ní ci o, mas es tava tão
preocupada que es queci . — E l ena di s s e. — Stefan, es ta é Lady Ul ma, que foi
mui to boa para nós . Lady Ul ma... Bem, você s abe quem el e é.
E l a foi na ponta dos pés para bei j ar Stefan demoradamente.
Demoradamente o bas tante para que Stefan ti ves s e de s e afas tar del a
genti l mente, col ocando-a no chão. E l e es tava quas e as s us tado com es s a
exi bi ção de maus modos . E l ena es tava realmente i rri tada com Damon. E s e el a
não o perdoas s e, as coi s as s ó i ri am pi orar — e el e ti nha razão: E l ena es tava
perto de s er capaz de aci onar as Asas da Destrui ção.
E l e nem ao menos cons i derou em pedi r a Damon que s e des cul pas s e
com todos . Depoi s que as meni nas ti nham s us s urrado novamente al gumas
coi s i nhas para a bebê, el es foram conduzi dos para câmaras com camas
l uxuos as , cada uma mobi l i ada com excel ente gos to, até as menores
decorações . Como de cos tume, porém, el es s e reuni ram em um quarto, que
pas s ou a s er de Stefan.
Havi a es paço mai s que s ufi ci ente na cama para os três poderem s entar
ou rol ar. Damon não es tava pres ente, mas Stefan podi a apos tar s ua vi da de
morto-vi vo que el e es tava ouvi ndo tudo.
— Certo — E l ena di s s e rapi damente, e entrou no modo de contar
hi s tóri as .
E l a expl i cou à Bonni e tudo que havi a aconteci do para el es cons egui rem
as Chaves M es tras de Shi ni chi e M i s ao, até que chegaram ao s al ão de banho
de Lady Ul ma.
— Ter tanto Poder s endo ti rado de você de repente...
Bonni e ti nha s ua cabeça bai xa, e não foi di fí ci l adi vi nhar em quem el a
es tava pens ando. E l a ol hou para ci ma.
— Por favor, E l ena. Não fi que tão i rri tada com Damon. E u s ei que el e fez
al gumas coi s as rui ns ... M as el e tem es tado tão i nfel i z...
— Is s o não é des cul pa — E l ena começou. — E , francamente, eu...
Elena, não! Não di g a a ela que você tem verg onha dela por aturar i sso! Ela j á está se
senti ndo humi lhada!
— Fi quei s urpres a. — E l ena di s s e com a menor hes i tação. —E u s ei
que el e s e i mporta mui to com você. E l e até te deu um apel i do: pas s ari nho.
Bonni e fungou.
— Você s empre di s s e que apel i dos s ão i di otas .
— Bem, mas eu qui s di zer nomes ti po... Oh... Se el e te chamas s e de
“Bonbon” ou al go do gênero. A cabeça de Bonni e s e ergueu.
— E s s e nome s eri a bom para um bebê. — E l a di s s e, com l i gei ro
s orri s o, como um arco-í ri s após uma tempes tade.
— Ah, s i m, el a não é adorável ? Nunca vi um bebê tão fel i z. M argaret
cos tumava te ol har com ol hos bem abertos . Adara... Se el a for Adara... Deve ter
uma bel a vi da.
Stefan recos tou-s e na cabecei ra. E l ena ti nha a s i tuação s ob control e.
Agora el e poderi a s e preocupar onde Damon es tava i ndo. Depoi s de um
momento, el e vol tou a erguer a cabeça e encontrou Bonni e fal ando s obre o
tes ouro.
— E el es conti nuaram me perguntando e perguntando e perguntando e
eu não podi a entender o porquê, s endo que a E s fera E s tel ar com a hi s tóri a
dentro del a ai nda es tava l á. Só que a hi s tóri a s umi u... Damon checou. Shi ni chi
es tava pres tes a me j ogar pel a j anel a, e foi aí quando Damon me s al vou, e os
Guardi ões me perguntaram s obre a hi s tóri a também.
— Que es tranho — Stefan di s s e, s entado e al erta. — Bonni e, me di ga
como você pri mei ramente s enti u es s a hi s tóri a: onde você es tava e tudo o mai s .
Bonni e di s s e:
— Bem, pri mei ro eu vi uma hi s tóri a s obre uma meni ni nha chamada
M ari t i ndo comprar um bombom... Por i s s o que eu tentei fazer a mes ma coi s a
no di a s egui nte. E então eu fui para cama, mas não cons egui a dormi r.
As s i m, eu peguei a E s fera E s tel ar novamente e el a me mos trou a hi s tóri a
s obre os tes ouros ki ts une. As hi s tóri as foram mos tradas em ordem, então ti nha
que es tar naquel a depoi s da l oj a de doces . E então, de repente, eu es tava fora
do meu corpo, e es tava voando com E l ena para dentro do carro de Al ari c.
— Você fez al go entre ver a hi s tóri a e i r para a cama? — Stefan perguntou.
Bonni e pens ou; s ua boca ros ada franzi da.
— E u devo ter des l i gado a l âmpada a gás . Toda noi te eu a des l i gava para
que s ol tas s e s omente um l ampej o.
— E você l i gou-a novamente quando você não cons egui u dormi r e
al cançou a E s fera E s tel ar novamente?
— H’m... Não. M as el as não s ão l i vros ! Você não preci s a ver para
experi mentar a hi s tóri a.
— Não foi i s s o que eu qui s di zer. Como você encontrou a E s fera E s tel ar
naquel e quarto es curo? E ra a úni ca E s fera E s tel ar perto de você?
As s obrancel has de Bonni e s e j untaram.
— Bem... Não. Havi a vi nte e s ei s . As duas outras eram hedi ondas
demai s ; eu as j oguei um canto. Vi nte e ci nco eram novel as ... Bem chatas . E u
não ti nha pratel ei ras ou outra coi s a para col ocá-l as .
— Bonni e, você quer s aber o que eu acho que aconteceu? Bonni e pi s cou e
concordou.
— E u acho que você l eu uma hi s tóri a para cri anças e então foi para
cama. E então você cai u no s ono bem rapi damente, embora você tenha s onhado
que você es tava acordada. E ntão você teve uma premoni ção... Bonni e gemeu.
— Outra daquel as ? M as não havi a ni nguém para quem eu pudes s e
contar!
— E xatamente. M as você queri a contar a al guém, e es s e ans ei o trouxe
você... Seu es pí ri to... Onde E l ena es tava. M as E l ena es tava tão preocupada em
ter uma convers i nha com Al ari c que ela teve uma experi ênci a fora do corpo. E l a
es tava dormi ndo também, tenho certeza di s s o.
Stefan ol hou para E l ena.
— O que você acha de tudo i s s o?
28
E l ena es tava concordando bem devagar.
— Is s o poderi a expl i car com o que aconteceu comi go. E s tava s ozi nha na
mi nha experi ênci a fora de corpo, mas então vi Bonni e ao meu l ado. Bonni e
mordeu s eu l ábi o.
— Bem... A pri mei ra coi s a que eu vi foi E l ena e onde es távamos voando.
E u es tava um pouco atrás del a. M as , Stefan, por que você acha que caí no s ono
e dormi a hi s tóri a i ntei ra? Por que a mi nha vers ão não pode s er a verdadei ra?
— Porque eu acho que a pri mei ra coi s a que você fari a s eri a acender a
l uz... Se você real mente es ti ves s e dei tada, acordada. Cas o contrári o, você poderi a
ter pegado uma novel a… Bem chata!
Por fi m a tes ta de Bonni e s e s uavi zou.
— Is s o expl i cari a por que ni nguém acredi tou em mi m quando eu contei
exatamente onde a hi s tóri a es tava! M as por que eu não contei à E l ena s obre o
tes ouro?
— E u não s ei . M as , às vezes , quando você acorda… E eu acho mes mo
que você acordou para ter a experi ênci a fora do corpo... Você s e es quece do s onho
s e al go i nteres s ante es tá acontecendo. M as então você deve s e l embrar del e
mai s tarde, s e al go faz com que você pens e nel e.
Bonni e ol hou para l onge, pens ati va. Stefan es tava em s i l ênci o, s abendo
que s ó el a poderi a des vendar es te eni gma. Por fi m, Bonni e concordou.
— Pode s er i s s o mes mo! E u acordei e a pri mei ra coi s a que eu pens ei foi
na l oj a de doces . E depoi s di s s o eu nunca mai s pens ei no s onho s obre o
tes ouro até que al guém me perguntou a res pei to de hi s tóri as . E el a
s i mpl es mente apareceu na mi nha cabeça.
E l ena puxou a col cha de vel udo azul -verde de uma manei ra que o
trans formou em verde, para então trans formá-l o na cor azul .
— E u es tava pres tes a proi bi r Bonni e de i r nes ta expedi ção. — E l a, a
es crava que não ti nha uma j ói a em s eu corpo, exceto pel o pi ngente de Stefan
que pendi a em uma corrente fi na em vol ta do pes coço, e era bem mai s
s i mpl es que o robe, di s s e. — M as s e i s to for al go que temos de fazer, eu
preferi ri a fal ar com Lady Ul ma. Parece que o tempo é preci os o.
— Lembre-s e: o tempo que pas s a aqui é di ferente do que pas s a na
Terra. M as devemos s ai r pel a manhã. — Bonni e di s s e.
— E ntão, eu defi ni ti vamente preci s o fal ar com el a... Nes te i ns tante.
Bonni e pul ou, ani mada.
— E u vou aj udar.
— E s pere — Stefan col ocou s ua mão genti l mente no braço de Bonni e. —
E u tenho que di zer i s s o. E u acho que você é um mi l agre, Bonni e!
Stefan s abi a que s eus ol hos devi am es tar bri l hando de um j ei to que
mos tras s e que el e não podi a conter s ua ani mação. Apes ar do peri go... Apes ar
dos Guardi ões ... Apes ar de tudo... Até mes mo da E s fera E s tel ar... Chei a de
Poder!
E l e deu um s úbi to abraço i mpetuos o em Bonni e, ti rando-a da cama
gi rando-a no ar antes de col ocá-l a no chão novamente.
— Você e s uas profeci as !
— Oooh... — Bonni e di s s e atordoada, ol hando para el e. — Damon es tava
ani mado, também, quando eu di s s e a el e s obre o Portal dos Sete Tes ouros .
— E você s abe por que, Bonni e? Porque todos j á ouvi ram fal ar s obre es s es
s ete tes ouros ... M as ni ng uém ti nha i dei a de onde el es es tavam... Até que você
s onhou com el es . Você s abe exatamente onde el es es tão?
— Si m, s e a profeci a for verdadei ra. — Bonni e es tava corada de prazer. —
E você concorda que aquel a E s fera E s tel ar gi gante s al vará Fel l ’s Church?
— E u apos tari a mi nha vi da ni s to!
— Woo-hoo! — Gri tou Bonni e, erguendo os punhos . — Vamos nes s a!
— E ntenda — E l ena es tava di zendo —, vamos preci s ar do dobro de tudo.
Não s ei como podemos começar amanhã.
— E i , ei , E l ena. Como des cobri mos , onze mes es atrás , quando vocês s e
foram, todo trabal ho pôde s er fei to rapi damente enquanto convocávamos mãos o
s ufi ci ente. Agora, eu s ou a empregadora regul ar de todas aquel as mul heres
que cos tumávamos chamar para fazer ves ti dos para os s eus bai l es .
E nquanto Lady Ul ma fal ava, el a rapi da e graci os amente ti rou as
medi das de E l ena — por que fazer apenas uma coi s a quando você pode fazer
duas ao mes mo tempo?
— Ai nda do mes mo j ei to des de a úl ti ma vez em que te vi . Você deve l evar
uma vi da bem s audável , E l ena. E l ena ri u.
— Lembre-s e, para nós s e pas s aram s omente al guns di as .
— Ah, s i m.
Lady Ul ma ri u, também, e Laks hmi , que es tava s entada em um
banqui nho, entretendo a bebê, fez o que E l ena s oube que era um úl ti mo
apel o.
— E u poderi a i r com vocês . — E l a di s s e s i nceramente, ol hando para
E l ena. — E u pos s o fazer todos os ti pos de coi s as útei s . E eu s ou durona...
— Laks hmi — Lady Ul ma di s s e genti l mente, mas em uma voz que
mos trava autori dade. —, nós j á es tamos dobrando o tamanho do guarda-roupa
para acomodar E l ena e Stefan. Você não gos tari a de tomar o l ugar de E l ena,
não é?
— Ah, não, não. — A j ovem di s s e às pres s as . — Ah, bem — E l a di s s e.
—, eu tomarei conta da pequena Adara para que el a não te i ncomode enquanto
você s upervi s i ona as roupas de E l ena e Stefan.
— Obri gada, Laks hmi — E l ena di s s e de coração, notando que Adara
pareci a s er o nome ofi ci al da bebê.
— Bem, não podemos fazer com que as roupas de Bonni e cai bam em você,
mas podemos chamar reforços e teremos uma s éri e compl eta de roupas prontas
para você e Stefan de manhã. São s ó al guns couros e pel es para dei xá-l os
aqueci dos . Uti l i zamos as pel es dos ani mai s no norte.
— E l as não vêm de fi l hotes de ani mai s agradávei s e fofi nhos . —
Bonni e di s s e. — Vêm de coi s as cruéi s e des agradávei s que s ão us adas para
trei namento, ou el as podem vi r de outra di mens ão e atacar todas as pes s oas na
peri feri a do norte daqui . E quando el as fi nal mente s ão mortas , os caçadores
de recompens a vendem o couro e pel es para Lady Ul ma.
— Ah, bem... Que bom. — E l ena di s s e, deci di ndo não fazer um
di s curs o aos di rei tos dos ani mai s agora.
A verdade era que el a ai nda es tava trêmul a com s uas ações — s uas
reações — contra Damon. Por que el a ti nha que agi r daquel e j ei to? Foi s ó um
modo de extravas ar a pres s ão? E l a ai nda podi a s enti r como s e el a pudes s e
machucá-l o por l evar a coi tada da Bonni e, dei xando-a s ozi nha l ogo em s egui da.
E ... E ... Por l evar a pobrezi nha da Bonni e… E não ter levado ela!
Damon devi a odi á-l a agora, el a pens ou, e de repente o mundo fez um
movi mento doenti o e fora do control e, como s e el a es ti ves s e tentando s e
equi l i brar em uma gangorra. E Stefan... O que mai s el e poderi a pens ar a não
que el a era uma mul her des prezada, com o ti po de fúri a que não havi a nem
no i nferno? Como el e pôde s er tão genti l , tão cari nhos o, quando todos teri am o
di rei to de pens ar que el a s ó havi a fi cado brava por caus a do ci úme? Bonni e
também não entendi a. Bonni e era uma meni na, não uma mul her. Apes ar,
apes ar de el a ter amadureci do, de al guma forma… Na bondade, na
compreens ão. E l a era del i beradamente cega, as s i m como Stefan. M as ... Is s o
não s i gni fi cava que a pes s oa ti nha maturi dade?
Será que Bonni e podi a s er mai s mul her do que el a, E l ena?
— M andarei um j antar pri vado para os s eus quartos . — Lady Ul ma
es tava di zendo, enquanto el a rápi da e habi l mente us ava a fi ta métri ca em
Stefan. — Vocês preci s am de uma boa noi te de s ono; os thurgs ... E os guarda-
roupas ... E s tarão es perando amanhã de manhã.
E l a s orri u para todos el es .
— E u poderi a... Quer di zer, há um pouco de Bl ack M agi c? — E l ena
tropeçou. — Que ani mação... Vou dormi r s ozi nha no meu quarto. Quero ter
uma boa noi te de s ono. Vamos em uma j ornada, s abi a?
E ra a verdade, mas ai nda as s i m era uma menti ra.
— Cl aro, eu mandarei uma garrafa para... — Lady Ul ma hes i tou e então
rapi damente recuperou-s e: — Para o s eu quarto, mas por que nós todos não
tomamos uma bebi da agora? O tempo s empre é o mes mo l á fora — E l a
adi ci onou para Stefan, o recém-chegado —, mas es tá bem tarde.
E l ena bebeu s eu pri mei ro copo de uma s ó vez. A s ervente teve que
reenchê-l o i medi atamente.
E novamente, um momento mai s tarde. Depoi s di s s o, s eus nervos
pareci am rel axar um pouco. M as o s enti mento de es tar em uma gangorra não
a abandonou compl etamente, e embora el a tenha dormi do s ozi nha em s eu
quarto, Damon não a vi s i tou para bri gar com el a, zombar del a, matá-l a... E
certamente nem para bei j á-l a.

***

Thurgs , E l ena des cobri u, eram al go pareci do com doi s el efantes


cos turados j untos . Cada um ti nha doi s troncos que fi cavam l ado a l ado e pres as
com a aparênci a pervers a. Cada um também ti nha uma al ta, grande e l onga
cauda enrugada, como um répti l . Seus pequenos ol hos amarel os foram
col ocados ao redor de s uas cabeças abobadadas para que pudes s em ver 360
graus ao s eu redor, ol hando para os predadores . Predadores que poderi am
derrubar um thurg!
E l ena i magi nou uma es péci e i mens a de gato com dentes de s abre,
branco como o l ei te e grande o s ufi ci ente para carregar as vári as roupas del a e
de Stefan. E l a fi cou s ati s fei ta com s uas novas roupas . Cada uma era
es s enci al mente uma túni ca e cal ça, mal eávei s e maci as , com couro do l ado de
fora; e pel es acol hedouras e l uxuos as por dentro.
M as el as não s eri am cri ações genuí nas de Lady Ul ma s e el as s ó
fos s em fei tas daqui l o. O macacão i nteri or da pel e branca era revers í vel e
removí vel para que você pudes s e mudar, dependendo do cl i ma. Havi a o tri pl o
da es pes s ura na área do col ari nho, que era pres o por trás ou poderi am s er
trans formado em uma s carf que tampari a o ros to até a área dos ol hos . As pel es
brancas s ol tavam couro pel os pul s os para fazer l uvas para que você não às
perdes s e.
Os garotos ti nham túni cas retas de couro que acabavam onde fi cavam as
cal ças , e que s e fechavam com botões . As túni cas das garotas eram mai s
l ongas e di l atavam-s e um pouco. E l as eram perfei tamente franj adas , não
manchadas ou ti ngi das , exceto pel a de Damon, que, é cl aro, era preto com pel e
de zi bel i na.
Um thurg carregari a os vi aj antes e s uas bagagens . O s egundo, mai or e
com aparênci a mai s s el vagem, carregari a pedras pré- aqueci das para aj udar a
cozi nhar a comi da dos humanos e toda a comi da ( que pareci a feno vermel ho)
que doi s thurgs comeri am até chegarem ao M undo Inferi or.
Pel at mos trou a el es como mover as gi gantes cri aturas , com o mai s l eve
dos toques de uma vara mui to l onga, que poderi a arranhar um thurg por detrás
das orel has que pareci am a de um hi popótamo, ou dar um toque feroz em um
ponto s ens í vel , as s i nal ando que era para s e apres s ar.
— É s eguro, s endo que Bi ratz es tá carregando toda a comi da de thurg?
Pens ei ter ouvi do você di zer que el a era i mprevi s í vel .
— Bonni e perguntou à Pel at.
— Ora, s enhori ta, eu não a dari a para você s e el a não fos s e s egura. E l a
es tará amarrada a Dazer, então, tudo o que el a tem de fazer é s egui -l o. — Pel at
res pondeu.
— Vamos andar ni s to? — Stefan di s s e, es ti cando o pes coço para dar uma
ol hada na pequena e fechada l i tei ra em ci ma do ani mal mui to grande.
— É preci s o. — Damon di s s e s em rodei os . — Di fi ci l mente poderí amos
andar o cami nho todo. Não temos permi s s ão de us ar magi a como aquel a Chave
M es tra chi que que vocês us aram para chegar aqui . Nenhuma magi a, a não
s er tel epati a, funci ona no topo da Di mens ão das Trevas . E s s as di mens ões s ão
pl anas como pratos e, de acordo com Bonni e, há uma ruptura, no extremo
norte... Não tão l onge daqui , em outras pal avras . A rachadura é pequena para
os padrões di mens i onai s , mas grande o bas tante para nós pas s armos . Se
qui s ermos al cançar a Cas a de Portai s dos Sete Tes ouros Ki ts une, começaremos
pel os thurgs .
Stefan deu de ombros .
— Certo. Faremos do s eu j ei to.
Pel at es tava col ocando uma es cada. Lady Ul ma, Bonni e e E l ena, j untas ,
es tavam chorando e ri ndo em ci ma da bebê. E l as ai nda es tavam ri ndo quando
el es parti ram.

***

A pri mei ra s emana foi entedi ante. E l es s entaram na l i tei ra de cos tas
para o thurg chamado Dazar, com a bús s ol a da mochi l a de E l ena pendurada no
tel hado. E l es geral mente manti nham todos os l ados das corti nas da l i tei ra
enrol adas , exceto a de frente para o oes te, onde o s ol vermel ho-s angue e
envai deci do — bri l hante demai s para s e ol har de uma grande al tura —
l i mpava os arredores da ci dade... Cons tantemente parado no hori zonte. A vi s ão
em vol ta del es era terri vel mente monótona — com poucas árvores e mui tos
qui l ômetros de s ecas col i nas marrons rel vados . Nada de i nteres s ante para um
não-caçador apareceu. A úni ca coi s a que mudou foi que, enquanto el es
vi aj avam para o norte, fi cava mai s fri o.
Foi di fí ci l para todos el es , vi ver tão próxi mo. Damon e E l ena acharam
um equi l í bri o — ou pel o menos a pretens ão — de s e i gnorarem, al go que
E l ena j amai s pens ou s er pos s í vel . Damon tornou as coi s as mai s fácei s ao
fazer um ci cl o de s ono di ferente dos demai s — o que os protegeu enquanto os
thurgs marchavam di a e noi te. Se el e es ti ves s e acordado quando E l ena es tava,
el e vi aj ari a do l ado de fora da l i tei ra, no enorme pes coço do thurg.
Ambos ti nham cabeça-dura, E l ena pens ou. Nenhum del es queri a s er o
pri mei ro a ceder.
E nquanto i s s o, aquel es que es tavam dentro da l i tei ra começaram a j ogar
pequenos j ogui nhos , como es col her ervas l ongas e s ecas ao l ado da es trada e
tentando tecê-l as em bonecas , fazer com que voas s em vas s ouras , chapéus e
chi cotes . Stefan provou s er aquel e que teci a mel hor, e ganhou fãs no ques i to
de venti l adores e vas s ouras voadoras .
E l es também j ogaram vári os ti pos de j ogos de carta, us ando cartões fei tos
para res ervar l ugares em eventos ( s erá que Lady Ul ma pens ou que el es
poderi am dar uma fes ta no cami nho?) como cartas de baral ho, depoi s de
cui dados amente marcá-l os com os quatro nai pes . E , é cl aro, os vampi ros
caçaram.
Às vezes pareci a que demorava tempo demai s , poi s os j ogos eram
es cas s os .
O Bl ack M agi c que Lady Ul ma havi a abas teci do aj udou a es ti car o tempo
entre as caçadas .
Quando Damon vi s i tou a l i tei ra, pareci a que el e es tava i nvadi ndo uma
fes ta pri vada e encarando de frente os anfi tri ões . Fi nal mente, E l ena não pôde
mai s aguentar, e teve Stefan fl utuando-a ao l ado do thurg ( ol har para bai xo ou
fi car s ubi ndo e des cendo não eram opções ) enquanto a magi a de voar ai nda
funci onava. E l a s entou na s el a ao l ado do Damon e reuni u s ua coragem.
— Damon, eu s ei que você tem o di rei to de es tar bravo comi go. M as não
des conte nos outros . E s peci al mente em Bonni e.
— Outro s ermão? — Damon perguntou, dando a el a um ol har que
congel ari a uma chama.
— Não, é s ó um... Um pedi do. — E l a não teve coragem de di zer “um
apel o”. Quando el e não res pondeu e o s i l ênci o tornou-s e i ns uportável , el a
di s s e:
— Damon... Nós não es tamos i ndo em bus ca de um tes ouro por ganânci a,
aventura ou qual quer razão normal . E s tamos i ndo por que preci s amos s al var a
nos s a ci dade.
— Da M ei a-Noi te. — Uma voz bem atrás del es di s s e. — Da Úl ti ma
M ei a-Noi te.
E l ena s e vi rou para ol har. E l a es perava ver Stefan s egurando Bonni e
fortemente. M as era apenas Bonni e, s ua cabeça s omente vi s í vel , pendurada
na es cada do thurg.
E l ena es queceu que el a ti nha medo de al tura. E l a s e l evantou s obre o
thurg bal ançante, preparada para des cer pel o l ado do Sol , cas o não houves s e
es paço o s ufi ci ente para Bonni e s entar-s e rapi damente na s el a do motori s ta.
M as Bonni e ti nhas os quadri s mai s fi nos da ci dade e havi a es paço para três
del es .
— A Úl ti ma M ei a-Noi te es tá chegando. — Bonni e repeti u.
E l ena conheci a aquel a voz monótona, conheci a aquel as bochechas braço-
gi z, os ol hos embranqueci dos . Bonni e es tava em trans e — e es tava s e
movendo. Devi a s er urgente.
— Damon — E l ena s us s urrou. — Se eu fal ar com el a, el a s ai rá do
trans e. Você pode perguntar tel epati camente para el a o que el a quer di zer?
Um momento mai s tarde el a ouvi u a proj eção de Damon:
O que é a Últi ma Mei a-Noi te? O que vai acontecer?
— É quando tudo começa. E tudo acabará em menos de uma hora. E ntão,
não haverá mai s mei as -noi tes .
Como é? Não haverá mai s mei as-noi tes?
— Não em Fel l ’s Church. Não s obrará ni nguém para vê-l os .
E quando i sso vai acontecer?
— Hoj e à noi te. As cri anças j á es tão prontas .
As cri anças?
Bonni e s i mpl es mente concordou, s eu ol har es tava di s tante.
Alg o vai acontecer comtodas as cri anças?
As pál pebras de Bonni e mei o que s e fecharam. E l a pareci a não ter
ouvi do a pergunta.
E l ena preci s ava s e s egurar em al guma coi s a. E de repente el a s e
s egurou. Damon havi a pas s ado por ci ma do col o de Bonni e e pego s ua mão.
B onni e, as cri anças farão alg uma coi sa à mei a-noi te? E l e perguntou. Os ol hos de
Bonni e s e fecharam e el a abai xou a cabeça.
— Temos que vol tar. Temos que i r à Fel l ’s Church. — E l ena di s s e, mal
s abendo o que el a es tava fazendo, s ol tou a mão de Damon e des ceu a es cada. O
Sol vermel ho envai deci do pareci a di ferente... M enor. E l a puxou a corti na e
quas e col i di u de frente com Stefan enquanto el e dava es paço para el a entrar.
— Stefan, Bonni e es tá em trans e e el a di s s e...
— E u s ei . E u es tava es cutando. E u nem pude s egurá-l a enquanto el a
s e l evantava. E l a s al tou em di reção à es cada e s ubi u como um es qui l o. O que
você acha que el a qui s di zer?
— Você s e l embra da experi ênci a fora do corpo que el a eu ti vemos ? Dando
uma es pi adi nha em Al ari c? É i s s o que vai acontecer à Fel l ’s Church. Todas as
cri anças , de uma vez s ó, à mei a-noi te… É por i s s o que temos que vol tar.
— Cal ma. Cal ma, amor. Lembra do que a Lady Ul ma di s s e? Quas e um
ano s e pas s ou por aqui , enquanto no nos s o mundo foram s omente al guns
di as .
E l ena hes i tou. E ra verdade, el a não podi a negar. Ai nda as s i m, el a
s enti a-s e tão fri a. Fi s i camente fri a, el a percebeu de repente, enquanto um
s opro de ar gel ado gi rava ao s eu redor, cortando s eu couro como um facão.
— Preci s amos de nos s as pel es . — E l ena arfou. — Devemos es tar perto
da rachadura.
E l es abai xaram as corti nas da l i tei ra, mantendo-os s eguros , e, em
s egui da, às pres s as , vas cul haram o armári o el egante que es tava na garupa do
thurg.
As pel es eram tão maci as que E l ena pôde col ocar duas com faci l i dade.
E l es fi caram aturdi dos com Damon entrando com Bonni e em s eus braços .
— E l a parou de fal ar. — E l e di s s e, e adi ci onou: — Quando vocês
es ti verem aqueci dos o bas tante, s ugi ro que vocês vão l á fora.
E l ena col ocou Bonni e embai xo de doi s bancos no i nteri or da l i tei ra e
empi l hou vári os cobertores s obre el a, prendendo-os em torno del a. E m
s egui da, E l ena s ubi u novamente.
Por um i ns tante el a s e s enti u cega. Não pel o Sol rí s pi do e avermel hado
— el es o dei xaram para trás depoi s de al gumas montanhas , no qual s e
trans formou em uma s afi ra cor ros a —, mas s i m pel o mundo branco.
Aparentemente i ntermi nável , uma brancura pl ana e i nexpres s i va s e
es tendeu di ante del a até que um nevoei ro obs cureceu o que quer que
es ti ves s e por detrás daqui l o.
— De acordo com a l enda, devemos s egui r para o Lago Prateado da M orte.
A voz de Damon di s s e por detrás de E l ena. E , ao l ongo de todo es s e fri o,
s ua voz era quente — quas e ami gável .
— Também conheci do como Lago do E s pel ho. M as eu não pos s o me
trans formar em um corvo para expl orar mai s adi ante. Al go es tá me i mpedi ndo.
E es s a névoa di ante de nós é i mpenetrável à s ondagem ps í qui ca.
E l ena i ns ti nti vamente ol hou ao s eu redor. Stefan ai nda es tava dentro da
l i tei ra, obvi amente ai nda cui dando de Bonni e.
— Você es tá procurando por um l ago? Como el e s e parece? Quer di zer, eu
deduzo o porquê de el e s er chamado de Prateado e Lago do E s pel ho. — E l a
di s s e. — M as e quanto à parte da “M orte”?
— Dragões aquáti cos . Pel o menos , é o que as pes s oas di zem... M as
quem j á es teve l á para contar a hi s tóri a? Damon ol hou para el a.
E l e tomou conta de Bonni e enquanto el a es tava em trans e, E l ena
pens ou. E fi nal mente el e es tá fal ando comi go.
— Dragões ... Aquáti cos ? — E l a perguntou para el e e fez com que s ua voz
fi cas s e ami gável , também. Como s e el es ti ves s em acabado de s e conhecer.
E l es es tavam recomeçando.
— E u mes mo s empre acredi tei no kronos auro. — Damon di s s e.
E l e es tava bem atrás del a agora; el a pôde s enti -l o bl oqueando o vento
gél i do... Não, mai s que i s s o. E l e es tava cri ando uma camada de cal or para que
el a fi cas s e dentro. A tremedei ra de E l ena parou. Pel a pri mei ra vez, el a s enti u
s er capaz de des cruzar os braços .
E então el a s enti u um par de braços fortes fechando-s e ao s eu redor, e o
cal or abruptamente fi cou i ntens o. Damon es tava parado atrás del a, abraçando-
a, e de repente el a es tava mui to quente mes mo.
— Damon — E l a começou, s em mui ta fi rmeza —, nós não podemos ...
— Há uma rocha aparecendo al i na frente. Ni nguém poderi a nos ver. —
O vampi ro atrás del a ofereceu, para a s urpres a abs ol uta de E l ena.
Uma s emana i ntei ra s em nem convers ar... E agora i sso.
— Damon, o cara dentro da l ei tei ra, bem atrás de nós , é meu...
— Prí nci pe? Você, então, não preci s a de um caval ei ro? — Damon res pi rou
i s s o di retamente em s eu ouvi do.
E l ena congel ou como uma es tátua. M as o que el e di s s e em s egui da
s acudi u s eu uni vers o i ntei ro.
— Você é como a hi s tóri a de Camel ot, s abi a? Só que aqui você é a rai nha,
pri nces a. Você s e cas ou com s eu prí nci pe não tão pareci do com os dos contos de
fadas , mas s egui u s eu caval ei ro, que s abi a mai s s obre s eus s egredos , el e te
chamou...
— E l e me forçou. — E l ena di s s e, vi rando-s e para encontrar di retamente
os ol hos es curos de Damon, mes mo quando s eu cérebro gri tava para dei xá-l o
i r. — E l e não es perou que eu ouvi s s e s ua propos ta. E l e s i mpl es mente...
Pegou o que el e queri a. Como trafi cantes de es cravos fazem. E u não s abi a como
l utar contra i s s o.
— Oh, não. Você l utou e l utou. Nunca vi uma humana l utar tanto. M as
mes mo enquanto você l utava, você s enti a meu coração chamando o s eu. Tente
negar i s s o.
— Damon... Por que agora… Tão de repente?
Damon fez um movi mento como s e fos s e s e afas tar, então vol tou.
— Porque amanhã podemos es tar mortos . — E l e di s s e s em rodei os . —
E u queri a que você s oubes s e o que eu s i nto por você antes de eu morrer... Ou
antes de você morrer.
— M as você não me di s s e uma pal avra s obre como você s e s ente s obre
mi m. Só s obre o que você pens a que eu s i nto s obre você. E des cul pe por eu ter
bati do em você no pri mei ro di a em que eu es ti ve aqui , mas ...
— Você foi magní fi ca. — Damon di s s e es candal os amente. — E s queça
i s s o agora. Sobre como eu me s i nto... Tal vez eu tenha a chance de mos trar-l he
al gum di a.
Al go des pertou dentro de E l ena: el es es tavam evi tando pal avras , as s i m
como el es fi zeram na pri mei ra vez em que s e conheceram.
— Al gum di a? Parece conveni ente. E por que não agora?
— O que quer di zer?
— E u tenho o hábi to de di zer coi s as s em s enti do?
E l a es tava es perando por al gum ti po de pedi do de des cul pas , al gumas
pal avras di tas de forma s i mpl es e s i ncera i guai s as que el a havi a fal ado para
el e. Ao i nvés di s s o, com uma del i cadeza extrema e s em ol har em vol ta para ver
s e al guém es tava ol hando para el es , Damon s egurou a s carf de E l ena, puxou
com os pol egares o l enço l ongo por debai xo dos l ábi os del a, e a bei j ou
s uavemente.
Suavemente — mas não de forma breve — e al go dentro de E l ena
conti nuava s us s urrando para el a que era óbvi o que el a havi a ouvi do s eu coração
l he chamando, des de a pri mei ra vez em que el a o vi u, des de a pri mei ra vez
que a aura del e chamou por el a. E l a não s abi a o que era aura naquel a época;
el a não acredi tava em auras . E l a não acredi tava em vampi ros . E l a havi a s i do
uma i di oti nha i gnorante...
Stefan! Uma voz pareci da com cri s tal s oou duas notas abai xo, em s eu
cérebro, e de repente el a foi capaz de s ai r dos braços de Damon e ol har para a
l i tei ra novamente.
Nenhum s i nal de movi mento por al i .
— E u tenho que vol tar. — E l a di s s e a Damon brus camente. — E u tenho
que s aber o que es tá acontecendo com Bonni e.
— Você quer di zer o que es tá acontecendo com Stefan. — E l e di s s e. —
Não é preci s o s e preocupar. E l e dormi u rapi damente, as s i m como nos s a
garoti nha.
E l ena fi cou tens a.
— Você os Infl uenci ou? Sem vê-l os ?
E ra um pal pi te, mas um l ado da boca de Damon s e entortou, como s e a
es ti ves s e parabeni zando.
— Como você s e atreve? — E l a di s s e.
— Para fal ar a verdade, eu não s ei bem como pude s er tão ous ado. Damon
i ncl i nou-s e novamente, mas E l ena s e es qui vou, pens ando: Stefan!
Ele não pode te ouvi r. Ele está sonhando comvocê.
E l ena fi cou s urpres a com s ua reação em rel ação a i s s o. Damon havi a
atraí do e prendi do os ol hos del a novamente. Al go dentro del a derreteu na
i ntens i dade de s eu fi rme ol har negro.
— Não es tou te Infl uenci ando. Dou mi nha pal avra. — Di s s e em um
s us s urro. — M as você não pode negar o que aconteceu entre nós da úl ti ma vez
em que es ti vemos nes ta di mens ão.
A res pi ração del e es tava s obre s eus l ábi os agora... E E l ena não des vi ou.
E l a tremi a.
— Por favor, Damon. Demons tre um pouco de res pei to. E s tou... Ai , Deus!
Meu Deus!
— E l ena? Elena! Elena! O que foi ?
Dói …
Is s o foi tudo que E l ena pôde pens ar. Uma terrí vel agoni a pas s ou através
de s eu pei to, do l ado es querdo. Como s e ti ves s e s i do apunhal ada no coração.
E l a s ufocou um gri to.
Elena, fale comi g o! Se você não conseg ue envi ar seus pensamentos, fale!
Através de s eus l ábi os dormentes , E l ena di s s e:
— Dor... Ataque cardí aco...
— Você é j ovem e s audável demai s para i s s o. Dei xe-me checar.
Damon foi ti rando s ua bl us a. E l ena dei xou. E l a não podi a fazer nada por
s i mes ma, exceto arfar:
— Ai , meu Deus! Isso dói !
As mãos quentes de Damon es tavam dentro do couro das pel es . A mão
del e des cans ou em um ponto à es querda, com s omente a cami s ol a del a
fi cando entre as mãos del e e s ua carne.
Elena, eu vou ti rar sua dor. Confi e emmi m.
E nquanto fal ava, a angús ti a do es faqueamento foi drenada. Os ol hos de
Damon s e es trei taram, e E l ena s abi a que el e ti nha tomado a dor para s i
mes mo, para anal i s á-l a.
— Não é um ataque cardí aco — E l e di s s e um momento mai s tarde. —
E s tou certo di s to. E s tá mai s para... Bem, como s e você ti ves s e l evado uma
es taca no coração. M as i s s o é bobagem. H’mm... Foi embora.
Para E l ena, a dor havi a i do embora no momento que el e havi a ti rado
del a, protegendo-a.
— Obri gada. — E l a res pi rou, de repente percebendo que el a havi a s e
agarrado a el e, em terror abs ol uto de que es ti ves s e morrendo. Ou de que el e
es tava.
E l e deu a el a um s orri s o raro, compl eto e genuí no.
— Ambos es tamos bem. Deve ter s i do uma câi mbra. — Seu ol har cai u
para s eus l ábi os . — E u mereço um bei j o?
— E u...
E l e havi a l he dado conforto; havi a ti rado s ua dor terrí vel . Como el a
poderi a di zer não?
— Só um. — E l a s us s urrou.
Uma mão s obre s eu quei xo. Suas pál pebras queri am s e fechar, mas el a
arregal ou os ol hos e não s e dei xou l evar. E nquanto os l ábi os del e tocavam os
del a, o braço del e fi cou ao s eu redor... De uma forma di ferente. E l e não es tava
mai s tentando contê-l a. Pareci a es tar querendo confortá-l a. E quando s ua outra
mão acari ci ou s eus cabel os , s uavemente nas pontas , apertando as ondas
genti l mente e del i cadamente al i s ando-as , E l ena s enti u uma onda de tremor.
Damon não es tava tentando abatê-l a del i beradamente com s ua aura, que
no momento es tava preenchi da com s eus s enti mentos por el a. O s i mpl es fato,
porém, era que el e era um vampi ro recém-cri ado, era excepci onal mente forte e
s abi a todos os truques de um experi ente. E l ena s enti u como s e es ti ves s e
pi s ando em águas cal mas e cl aras , s ó para então encontrar-s e pres a em uma
correnteza vi ol enta, s em haver nenhuma res i s tênci a, s em negoci ação e, s em
dúvi da al guma, s em pos s i bi l i dade de s e chegar à razão. E l a não teve es col ha
a não s er s e render a i s to e es perar que i s s o a l evas s e, eventual mente, a um
l ugar onde el a pudes s e res pi rar e vi ver. Cas o contrári o, el a i ri a s e afogar...
M as até mes mo es s a pos s i bi l i dade não pareci a s er tão terrí vel , agora que el a
podi a ver que a maré era fei ta de uma corrente bri l hante i gual a pérol as . E m
cada uma del as havi a um pequeno bri l ho de admi ração que Damon ti nha por
el a: pérol as de s ua coragem, pel a s ua i ntel i gênci a, pel a s ua bel eza. Pareci a
que não houvera nenhum movi mento que el a fi zera, nenhuma breve pal avra
que el a di s s era, que el e não houves s e notado e trancado em s eu coração como
um tes ouro.
Mas esti vemos bri g ando desde então, E l ena pens ou para el e, vendo na
correnteza um momento bri l hante de quando el a havi a di s cuti do com el e.
Si m... Eu di sse que você estava mag ní fi ca quando fi cou nervosa. Como uma deusa ao vi r
colocar o mundo nos ei xos.
Eu quero mesmo colocar o mundo nos ei xos. Não, os doi s mundos: a Di mensão das Trevas e o meu
mundo. Mas eu não sou uma deusa.
De repente, el a percebeu aqui l o s uti l mente. E l a era uma garota que não
havi a s equer concl uí do o ens i no médi o — e, em parte, por caus a da pes s oa
que el a es tava bei j ando l oucamente agora.
Oh, pense no que você está aprendendo nesta vi ag em! Coi sas que ni ng uémno uni verso sabe,
Damon di s s e em s ua mente.
Ag ora, preste atenção no que você está fazendo!
E l ena pres tou atenção, não porque Damon queri a, mas porque el a não
pôde evi tar. Seus ol hos s e fecharam. E l a percebeu que a manei ra de acal mar
aquel e turbi l hão de ondas havi a s e tornado parte del a, s em ceder ou forçar
Damon a fazer i s s o, mas fazendo com que el a fos s e de encontro à pai xão que
es tava na maré que es tava dentro de s eu própri o coração.
As s i m como el a, a maré s e fi cou s el vagem, e el a es tava voando e não s e
afogando. Não, era mel hor que voar, mel hor que dançar; era o que o s eu
coração s empre des ej ou. Um l ugar al to onde nada poderi a prej udi cá-l os ou
perturbá-l os .
E então, quando el a es tava mai s vul nerável , a dor vei o novamente,
perfurando s eu pei to, um pouco para a es querda. Des ta vez, Damon es tava tão
l i gado à E l ena que el e s enti u des de o começo. E el a pôde ouvi r cl aramente a
fras e na mente de Damon: estaqueamento é tão efi caz em humano quanto em vampi ros, e
então o s eu medo s úbi to de que i s s o pudes s e s er uma premoni ção.

***

Na s al a bal ançante, Stefan es tava dormi ndo, s egurando Bonni e ao s eu


l ado, com um grande Poder engol fando os doi s . E l ena, que teve um bom
control e na s ubi da da es cada da l i tei ra, entrou. E l a col ocou uma mão no ombro
de Stefan e el e acordou.
— O que foi ? Há al go de errado com el a? — E l a perguntou, com uma
tercei ra pergunta: — Você s abe? Houve um zumbi do dentro de s ua cabeça.
M as quando Stefan l evantou s eus ol hos verdes para el a, el es es tavam
s i mpl es mente preocupados . E ra evi dente que el e não es tava i nvadi ndo s ua
mente. E l e es tava i ntei ramente focado em Bonni e. Graças a Deus que el e era
um caval hei ro, E l ena pens ou pel a mi l és i ma vez.
— E s tou tentando dei xá-l a aqueci da — Stefan di s s e. — Depoi s que el a
s ai u do trans e, el a es tava tremendo. E ntão el a parou de tremer, mas quando
eu peguei s ua mão, es tava mui to fri a. Agora eu a cobri com uma camada de
cal or ao s eu redor. Acho que cochi l ei um pouco depoi s di s s o. — E l e adi ci onou.
— Vocês acharam al guma coi s a?
E u achei os l ábi os de Damon, E l ena pens ou s el vagemente, mas el a s e
forçou a es quecer a l embrança.
— E s tamos procurando pel o Lago Prateado da M orte. — E l a di s s e. —
M as tudo que eu pude ver foi uma brancura. A neve e a névoa s eguem
eternamente.
Stefan as s enti u.
E m s egui da, el e cui dados amente atraves s ou a di s tânci a de ar e abai xou
a mão para tocar a bochecha de Bonni e.
— E l a es tá fi cando mai s quente. — E l e di s s e, e s orri u.
Demorou um tempo antes que Stefan es ti ves s e convenci do de que Bonni e
es tava aqueci da. Quando el e s e convenceu, el e genti l mente a des embrul hou
do ar quente que havi a formado um “envel ope” e a col ocou em um banco, vi ndo
s entar-s e com E l ena, no outro. E ventual mente Bonni e s us pi rou, pi s cou e
abri u os ol hos .
— E u cochi l ei . — E l a di s s e, obvi amente ci ente de que el a havi a perdi do
a noção do tempo.
— Não exatamente. — E l ena di s s e, mantendo s ua voz genti l e
reconfortante. Vamos ver, como M eredi th fari a i s s o?
— Você entrou em trans e, Bonni e. Você s e l embra de al go s obre i s s o?
Bonni e di s s e:
— Sobre o tes ouro?
— Para quê o tes ouro s erve — Stefan di s s e qui etamente.
— Não... Não...
— Você di s s e que es s a era a Úl ti ma M ei a-Noi te. — E l ena di s s e.
O tanto que el a pôde s e l embrar era que M eredi th s eri a bem di reta.
— M as acho que você es tava fal ando em vol tarmos para cas a — E l a
adi ci onou apres s adamente, vendo medo nos ol hos de Bonni e.
— A Úl ti ma M ei a-Noi te... Sem uma manhã no di a s egui nte. — Bonni e
di s s e. — E u acho... Que j á ouvi al guém di zendo es s as pal avras . M as não
l embro quem.
E l a es tava tão ari s ca quanto um potro s el vagem. E l ena l embrou-s e s obre
como o tempo pas s ava de forma di ferente entre os doi s mundos , mas não
pareci a cons ol á-l a. Fi nal mente, E l ena apenas s entou-s e ao l ado del a e a
abraçou.
Sua cabeça gi rava com pens amentos s obre Damon. E l e a ti nha perdoado.
Is s o era bom, embora el e ti ves s e l evado um tempo para fazer i s s o. M as a
verdadei ra mens agem era que el e es tava di s pos to a comparti lhar i s s o com el a.
Ou, pel o menos , di s pos to a di zer que el e fari a de tudo para que el a o vi s s e com
bons ol hos . Se el a o conheces s e por compl eto, s e el a ti ves s e concordado. Ai ,
Deus , el e poderi a ter matado Stefan. De novo. Afi nal , foi i s s o que el e fez
quando Katheri ne havi a ti do o mes mo s enti mento.
E l a nunca poderi a pens ar nel e s em s enti r s audade. E l a nunca poderi a
pens ar nel e s em pens ar em Stefan. E l a não ti nha i dei a do que fazer.
E l a es tava em apuros .
29
— Oi ! — Damon gri tou do l ado de fora da l i tei ra. — Al guém mai s es tá
vendo i s s o?
E l ena es tava. Tanto Stefan quanto Bonni e es tavam com s eus ol hos
fechados ; Bonni e es tava embrul hada em cobertas e s e ani nhara próxi mo à
E l ena. E l es havi am fechado todas as corti nas da l i tei ra, exceto por uma.
M as E l ena ti nha vi s to através da úni ca j anel a, e vi u como o nevoei ro
ti nha começado a s e formar aos poucos , como pequenos pedaços de névoa, mas ,
em s egui da, ao l onge, como véus mai s chei os e, fi nal mente, como cobertores ,
engol i ndo-os por compl eto. Pareci a que el es es tavam s endo expul s os da
peri gos a Di mens ão das Trevas , que el es es tavam pas s ando por uma frontei ra
de um l ugar onde el es não devi am conhecer, mui to menos entrar.
— Como vamos s aber que es tamos i ndo na di reção certa? — E l ena gri tou
para Damon depoi s de Stefan e Bonni e acordarem. E l a es tava fel i z por s er capaz
de fal ar novamente.
— Os thurgs s abem. — Damon gri tou de vol ta. — Você os col oca em l i nha
reta e el es andam nes ta di reção até que al guém os pare, ou...
— Ou o quê? — E l ena berrou para a abertura.
— Ou até que cheguemos a um l ugar como es te.
E s s a, obvi amente, devi a ter s i do a pal avra-chave, poi s nem Stefan ou
E l ena poderi am i ns i s ti r em não entendê-l a... E s peci al mente quando os
thurgs começaram a parar.
— Fi ca aqui . — E l ena di s s e à Bonni e.
E l a fechou uma corti na e encontrou-s e ol hando para bai xo, para o chão
branco. Nos s a, es s es thurgs eram mes mo grandes .
No próxi mo s egundo, porém, Stefan es tava no chão, com os braços abertos .
— Pul e!
— Você não pode vi r aqui e me fl utuar para bai xo?
— Des cul pe. Al go nes te l ugar i ni be Poder.
E l ena fi cou mui to tempo pens ando. E l a l ançou-s e no ar e Stefan a pegou
perfei tamente. E s pontaneamente, el a s e agarrou a el e e s enti u o conforto
fami l i ar em s eu abraço.
E ntão el e di s s e:
— Vem ver i s s o.
E l es chegaram a um l ugar onde a terra acabava e a névoa tomava conta,
como corti nas em todos os l ugares . Bem na frente del es ti nha um l ago
congel ado. Um l ago prateado congel ado, quas e perfei tamente redondo.
— Lago do E s pel ho? — Damon di s s e, i ncl i nando a cabeça para um l ado.
— E u s empre pens ei que fos s e um conto de fadas . — Stefan di s s e.
— Sej am bem-vi ndos aos contos de fadas de Bonni e.
O Lago do E s pel ho formava um vas to conj unto de águas na frente del es ,
congel adas em uma camada de gel o abai xo de s eus pés , ou era as s i m que
pareci a. E l e pareci a um es pel ho — um es pel hi nho de bol s a após ter s i do
s uavemente baforado por al guém.
— M as e os thurgs ? — E l ena di s s e, ou mei o que s us pi rou. E l a não
pôde evi tar de s us pi rar.
— O l ago s i l enci os o pres s i onou-s e s obre el a, as s i m como a fal ta de
qual quer ti po de s om natural : não houve o canto dos pás s aros , nem o ruí do dos
arbus tos . Sem arbus tos ! Sem árvores ! Ao i nvés di s s o, apenas havi a a névoa em
torno da água gel ada.
— Os thurgs — E l ena repeti u em uma voz l i gei ramente mai s al ta. —
E l es não poderão pas s ar por ci ma di s s o!
— Depende da es pes s ura do l ago — Damon di s s e, radi ando s eu vel ho
s orri s o de duzentos e ci nquenta qui l owatts para el a. — Se for es pes s o o
bas tante, vai s er i gual andar s obre a terra para el es .
— E s e não for?
— H’m... Thurgs boi am?
E l ena deu-l he um ol har exas perado e vi rou-s e para Stefan.
— O que você acha?
— E u não s ei — E l e di s s e hes i tantemente. — E l es s ão ani mai s mui to
grandes . Vamos perguntar para a Bonni e s obre as cri anças no conto de fadas .
Bonni e, ai nda envol ta em cobertas de pel e, que começaram a ganhar
pequenos pedaços de gel o enquanto el es des ci am ao chão, ol hava para o l ago
s everamente.
— A hi s tóri a não entra em detal hes . — E l a di s s e. — Só di s s e que el es
andaram, andaram e andaram, e que el es ti veram de pas s ar por tes tes para
provarem s ua coragem... E ... E ... Pers pi cáci a... Antes de chegarem l á.
— Fel i zmente — Damon di s s e, s orri ndo —, eu tenho o bas tante de
ambos para compens ar a fal ta des tas qual i dades em meu i rmão...
— Para com i s s o, Damon! — E l ena expl odi u.
No momento em que el a ti nha vi s to o s orri s o, el a vi rou-s e para Stefan,
puxando-o para mai s perto de s i , e começou a bei j á- l o. E l a s abi a o que Damon
veri a quando el e vi ras s e em di reção a el es : el a e Stefan, pres os em um
abraço, Stefan mal notando o que s e es tava s endo di to. Pel o menos el es ai nda
podi am s e tocar com s uas mentes .
E i s s o era i ntri gante, E l ena pens ou, a boca de Stefan es tá quente
quando todo o res to do mundo es tá fri o.
E l a ol hou rapi damente para Bonni e, para ter certeza que el a não es tava
chateada, mas Bonni e pareci a bem al egre. Quanto mai s eu pareço me afas tar
de Damon, mai s fel i z el a fi ca, E l ena pens ou. Ai , Deus ... Is s o é um probl ema.
Stefan fal ou qui etamente:
— Bonni e, você deve es col her o que devemos fazer. Não tente us ar a
coragem ou pers pi cáci a, s omente s eus s enti mentos i nternos . Aonde vamos ?
Bonni e deu uma ol hadi nha de vol ta nos thurgs , então ol hou para o l ago.
— Por aqui — Bonni e di s s e, s em hes i tar, e el a apontou di reto para o
l ago.
— É mel hor l evarmos as pedras pré-aqueci das , comi da e mochi l as com
ração dentro. — Stefan di s s e. — As s i m, s e o pi or acontecer, ai nda teremos
s upri mentos bás i cos .
— Al ém di s s o — Di s s e E l ena —, i s s o al i vi ará a carga dos thurgs ... Pel o
menos um pouco.
Pareci a um cri me col ocar uma mochi l a na Bonni e, mas el a i ns i s ti u.
Fi nal mente, E l ena di s tri bui u para todos as roupas de pel e quente e
curi os amente l eves . Todo mundo carregava pel es , al i mentos e es terco —
es terco s eco de ani mai s que de agora em di ante s eri a o úni co combus tí vel .
Foi di fí ci l no começo. E l ena ti nha pouca experi ênci a com gel o — i s s o era
mai s um moti vo para el a s er cautel os a —, e uma des s as poucas vezes quas e
havi a s i do des as tros o para M att. E l a es tava pronta para pul ar e rodopi ar a
qual quer s i nal de rachadura... Qual quer s i nal de gel o s endo quebrado. M as
não houve rachaduras ; nem água fl ui ndo para mol har s uas botas .
Os thurgs é que pareci am s erem fei tos para andarem s obre águas
gel adas .
Seus pés eram pneumáti cos , e podi am cres cer para quas e metade do s eu
tamanho ori gi nal , evi tando col ocar demas i ada pres s ão s obre qual quer ponto de
gel o.
A traves s i a do l ago foi demorada, mas E l ena não vi u nada de mui to l etal
ni s s o. O gel o era o mai s s uave e mai s l i s o que el a j á ti nha vi s to. Suas botas
queri am pati nar.
— Hey, pes s oal !
Bonni e es tava pati nando, exatamente como s e es ti ves s e em um ri nque,
para frente, para trás e para os l ados .
— Is s o é di verti do!
— Não es tamos aqui para nos di verti r! — E l ena gri tou de vol ta.
E l a queri a experi mentar, mas ti nha medo de fazer cortes — ou até
mes mo arranhões — no gel o. E , al ém di s s o, Bonni e es tava gas tando duas
vezes mai s energi a do que o neces s ári o. E l a es tava pres tes a di zer i s s o a
Bonni e, quando Damon, em uma voz de i rri tação, di s s e tudo o que el a es tava
pens ando, e um pouco mai s .
— Não es tamos aqui para fazer um cruzei ro agradável — E l e di s s e
l entamente. — É para evi tarmos o des ti no da s ua ci dade.
— Como s e você s e i mportas s e. — E l ena murmurou, dando-l he as cos tas
e tocando a mão da i nfel i z Bonni e, tanto para dar- l he conforto quanto para
poder dei xá-l a na al tura da s ua. — Bonni e, você s ente al go mági co em rel ação
ao l ago?
— Não.
M as então a i magi nação de Bonni e pareci a voar em al ta vel oci dade.
— M as tal vez aqui s ej a o l ugar onde os mí s ti cos de ambas as
di mens ões s e j untam para trocar fei ti ços . Ou, tal vez, onde el es us am o gel o
como um verdadei ro es pel ho mági co para ver l ugares e coi s as di s tantes .
— Tal vez ambas as coi s as . — E l ena di s s e, s ecretamente s e di verti ndo,
mas Bonni e concordara s ol enemente. E foi aí que chegou. O s om que E l ena
es tava es perando.
Nem era um ruí do di s tante que poderi a s er i gnorado ou di s cuti do. E l es
es tavam andando s eparados por um compri mento de um braço para evi tar a
perturbação do gel o, enquanto os thurgs andavam para todos os l ados — como
um bando de gans os s em l í deres .
E s s e ruí do era uma rachadura terri vel mente próxi ma, como o ti ro de
uma arma. Imedi atamente, s oou novamente, como uma chi cotada e, em
s egui da, houve uma rachadura.
E es tava no l ado es querdo de E l ena, ao l ado de Bonni e.
— Pati ne, Bonni e — E l a berrou. — Pati ne o mai s rápi do que puder.
Gri te s e vê terra.
Bonni e não fez nenhuma pergunta. E l a parti u como uma pati nadora
ol í mpi ca na frente de E l ena, e E l ena vi rou-s e rapi damente.
E ra Bi ratz, o thurg s obre o qual Bonni e havi a perguntado à Pel at. E l a
ti nha s ua perna mons truos a afundada no gel o, e enquanto s e debati a, mai s
gel o s e parti a.
Stefan! Você pode me ouvi r? Vag amente. Estou i ndo até você.
Si m... Mas cheg ue o mai s próxi mo possí vel para que você possa Influenci ar a thurg . Influenci ar
a...?
Acalme-a, ti re-a de lá, sei lá. Ela está quebrando o g elo e i sso só vai tornar mai s di fí ci l de
aj udá-la!
Des s a vez houve uma paus a antes que a res pos ta de Stefan vi es s e. E l a
s abi a, porém, pel os l eves ecos , que el e es tava fal ando com outro al guém
tel epati camente.
Certo, amor, eu farei i sso. Eu cui darei da thurg , também. Você deve seg ui r a B onni e.
E l e es tava menti ndo. Ou não, mas manti nha al go es condi do del a.
A pes s oa para quem el e es teve mandando pens amentos era Damon. E l es
es tavam s endo i ndul gentes com el a. E l es nem ao menos queri am aj udar.
Nes s e momento el a ouvi u um gri to es tri dente — não mui to l onge dal i . Se
Bonni e es ti ves s e com probl emas ... Não! Bonni e havi a achado terra!
E l ena não perdeu nem mai s um s egundo. E l a dei xou s ua mochi l a no
gel o e pati nou di reto para a thurg.
Lá es tava el a, tão grande, tão patéti ca, tão i mpotente. A mes ma coi s a que
os manti nha a s al vo dos outros mons tros Chefões da Di mens ão das Trevas —
em s ua mai ori a —, agora es tava s e vol tando contra el a.
E l ena s enti u s eu pei to apertar como s e es ti ves s e us ando um es parti l ho.
M es mo quando obs ervava, porém, o ani mal tornava- s e mai s cal mo. E l a parou
de tentar ti rar s ua perna para fora da água, o que s i gni fi ca que el a parou de
fazer es forço.
Agora Bi ratz es tava em uma es péci e de pos i ção de agachamento, tentando
arras tar s uas três pernas s ecas . O probl ema era que el a es tava tentando
mui to, e não havi a nada para s e empurrar exceto o gel o quebradi ço.
— E l ena! — Stefan es tava ao al cance da voz agora. — Não chegue mai s
perto!
M as enquanto el e di zi a i s s o, E l ena vi u um Si nal . Apenas a poucos
metros de di s tânci a, dei tada s obre o gel o, es tava a vara de fazer cócegas que
Pel at ti nha us ado para fazer com que os thurgs andas s em.
E l a a pegou, enquanto el a pati nava até l á, e vi u outro Si nal . Feno
vermel ho e o reves ti mento ori gi nal para o feno — uma l ona gi gante —
es tavam dei tados atrás da thurg. Juntos , el es formavam um l argo cami nho que
não era nem mol hado, nem es corregadi o.
— E l ena!
— Is s o vai s er fáci l , Stefan!
E l ena ti rou um par de mei as s ecas de s eu bol s o e col ocou-as embai xo
s uas botas . E l a prendeu a vara de cócegas em s eu ci nto. E então el a começou a
correr para caramba.
Suas botas eram de pel e com al go a mai s por bai xo, e com as mei as para
aj udá-l as , el as s e prenderam na l ona, aj udando-a a s egui r em frente. E l a s e
i ncl i nou para a l ona, vagamente des ej ando que M eredi th es ti ves s e al i , para
que el a pudes s e fazer aqui l o em s eu l ugar, mas o tempo todo el a es tava
chegando mai s perto. E então el a vi u s ua meta: o fi m da l ona e, al ém del a,
pedaços fl utuantes de gel o.
M as a thurg pareci a es tar em uma pos i ção de es cal ada. O fi nal de s uas
cos tas es tava i ncl i nado, parecendo um di nos s auro no mei o de um poço de
pi che, mas , s ubi do em s ua es pi nha dors al , fazi a uma curva. Se el a ao menos
ti ves s e um mei o de chegar até l á...
Doi s pas s os até s al tar. Um pas s o até s al tar.
SALTE!
E l ena pul ou com o pé di rei to, voou pel o ar por tempo i ntermi nável e...
Ati ngi u a água.
Imedi atamente el a es tava encharcada da cabeça aos pés , e o choque
térmi co da água gel ada era i nacredi tável . Is s o a agarrou como s e fos s e um
mons tro com um punhado de fragmentos de gel o. Is s o a cegou com s eu própri o
cabel o, ti rando todo o s om do uni vers o.
De al guma forma, arranhando s eu ros to, el a cons egui u ti rar os cabel os
de s eus ol hos e boca. E l a percebeu que el a es tava a poucos metros abai xo da
s uperfí ci e da água, e i s s o foi tudo que el a preci s ou para empurrar-se para ci ma
até que s ua boca chegas s e à s uperfí ci e e el a pudes s e s ugar aquel e ar
del i ci os o, e depoi s ter um ataque de tos s e.
Pri mei ra vez, el a pens ou, l embrando-s e da vel ha s upers ti ção de que
uma pes s oa que es tava pres tes a s e afogar s ubi a à s uperfí ci e três vezes antes
de afundar para s empre.
M as o es tranho era que el a não es tava afundando. Havi a uma dor em
s ua coxa, mas el a não es tava i ndo para bai xo. Lentamente, bem l entamente,
el a percebeu o que havi a aconteci do. E l a havi a errado a parte de trás da thurg,
mas pous ou em s ua es pes s a cauda repti l i ana. Uma parte ponti aguda da cauda
a havi a cortado, mas a manteve es tável . E ntão... Agora... Tudo o que tenho que
fazer é s ubi r na thurg, el a arqui tetou l entamente.
Tudo pareci a es tar mai s l ento porque havi a i cebergs fl utuando ao redor
de s eus ombros .
E l a ergueu uma mão forrada com l uvas e al cançou a próxi ma barbatana.
A água, após s ua i mers ão, dei xou s uas roupas mai s pes adas , e s eu corpo deu
um pouco de apoi o. E l a cons egui u puxar-s e até a barbatana s egui nte. E na
s egui nte. E então el a es tava na garupa, e el a ti nha que tomar cui dado: não
havi a mai s pontos de apoi o. E m vez di s s o, el a pegou al go com s ua mão
es querda. Uma al ça quebrada da trans portadora de feno.
Não foi uma boa i dei a, pens ando bem.
Durante uns mi nutos , que el a qual i fi cou como os pi ores de s ua vi da,
choveu feno em ci ma del a, el a fora abati da por pedras e s ufocada pel a poei ra
do es terco vel ho.
Quando fi nal mente termi nou, el a ol hou ao redor, es pi rrando e tos s i ndo,
para des cobri r que ai nda es tava na thurg. A vara de cócegas havi a s i do
quebrada, mas o s ufi ci ente permaneceu para el a us á-l a. Stefan es tava
perguntando freneti camente, tanto em voz al ta quanto por tel epati a, s e el a
es tava bem. Bonni e es tava pati nando para frente e para trás como a fada
Si ni nho, e Damon es tava xi ngando Bonni e para que el a vol tas s e a terra e
permaneces s e l á.
E nquanto i s s o, E l ena es tava avançando na garupa da thurg. E l a
cons egui u por caus a da ces ta de al i mentos es magada. E l a fi nal mente ati ngi u
o cume da thurg, e s e es tabel eceu l ogo atrás da cabeça redonda, no banco onde
o condutor vai s entado.
E então el a fez cócegas atrás da orel ha da thurg.
— E l ena! — Stefan gri tou. E então:
Elena, o que você está tentando fazer?
— E u não s ei ! — E l a gri tou de vol ta. — Tentando s al var a thurg!
— Você não pode — Damon i nterrompeu a res pos ta de Stefan em uma voz
tão fri a e qui eta quanto o l ugar em que el es es tavam.
— E l a pode cons egui r! — E l ena di s s e ferozmente, preci s amente, poi s
el a mes ma ti nha dúvi das s e o ani mal cons egui ri a. — Vocês podem aj udar
puxando as rédeas .
— É i núti l — Damon gri tou, deu mei a-vol ta e andou rapi damente em
mei o à névoa.
— E u tentarei . Jogue aqui na frente del a — Stefan di s s e.
E l ena j ogou as rédeas o mai s l onge que pôde. Stefan teve de correr quas e
até a borda do gel o para agarrá-l as antes que el as caí s s em dentro da água.
E m s egui da, el e a s egurou no ar tri unfantemente.
— Cons egui !
— Ok, puxe! Dê a el a uma di reção para s egui r.
— Farei i s s o.
E l ena bateu novamente atrás da orel ha di rei ta de Bi ratz. Houve um
barul ho vi ndo do ani mal e depoi s nada. E l a pôde ver Stefan fazendo es forço nas
rédeas .
— Vamos lá — E l ena di s s e, e bateu fortemente com a vara.
A thurg l evantou um pé gi gante, col ocando-o mai s adi ante, no gel o, s e
es forçando. As s i m que el a fez i s s o, E l ena bateu mai s forte atrás da orel ha
es querda.
E s s e era um momento cruci al . Se E l ena pudes s e evi tar com que Bi ratz
es magas s e todo o gel o em s uas pernas tras ei ras , el es poderi am ter uma
chance.
A thurg ti mi damente l evantou a perna es querda e es ti cou-a até que el a
fi zes s e contato com o gel o.
— Boa, Bi ratz! Ag ora! — E l ena gri tou. Agora, s e Bi ratz fos s e mai s para
frente...
Houve uma grande revol ução embai xo del a. Por vári os mi nutos E l ena
pens ou que tal vez Bi ratz ti ves s e quebrado o gel o com todas as s uas quatro patas .
E m s egui da, o j ogo vi rou e, de repente, es tonteantemente, E l ena s oube que
ti nha venci do.
— Cal ma, agora, cal ma. — E l a di s s e para o ani mal , dando-l he uma
cos qui nha genti l com a vara.
E l entamente, pes adamente, Bi ratz avançou. Sua cabeça abobadada cai u
al gumas vezes enquanto el a i a, e el a afundou em outra área da névoa,
quebrando novamente o gel o. M as el a s ó afundou al guns centí metros antes de
des cobri r que era, na verdade, era l ama.
M ai s al guns pas s os e el as es tavam em terra fi rme. E l ena ti nha que
s ugar a res pi ração para abafar um gri to enquanto a cabeça abobadada da thurg
des pencava, dando-l he um pas s ei o curto e as s us tador enquanto el a pas s ava
próxi mo às pres as recurvadas . De al guma forma, el a des l i zou di reto entre el as
e s ai u rapi damente do corpo de Bi ratz.
— Fazer i s s o foi i núti l , s abi a? — Damon di s s e de al gum l ugar dentro da
névoa ao l ado del a. — Arri s car s ua própri a vi da.
— O q-que você quer di zer com i -i núti l ? — E l ena exi gi u. E l a não es tava
com medo; el a es tava congel ando.
— Os ani mai s vão morrer, de qual quer forma.
— E l es não vão cons egui r pas s ar pel a próxi ma prova e, mes mo s e
cons egui s s em, es te l ugar não fl ores ce nada. E m vez de uma morte rápi da e
l i mpa na água, el es morrerão de fome, l entamente.
E l ena não res pondeu. A úni ca res pos ta que el a podi a pens ar era: “Por
que você não me contou i s s o mai s cedo?” E l a havi a parado de tremer, o que era
uma boa coi s a, poi s um mi nuto atrás s eu corpo pareci a que tremeri a até que
s e parti s s e em doi s .
Roupas , el a pens ou vagamente.
E s s e era o probl ema. Certamente não poderi a es tar tão fri o aqui no ar
quanto es tava l á na água. E ram s uas roupas que fazi am com que el a s enti s s e
tão fri o.
E l a começou, com os dedos dormentes , a ti rá-l as . Pri mei ro, el a s ol tou
s ua j aqueta de couro. Não havi a zí peres aqui , s ó botões . Is s o foi um grande
probl ema. Seus dedos pareci am cachorros -quentes congel ados , fazendo coi s as
com di fi cul dade. M as de uma forma ou de outra el a cons egui u des abotoar e o
couro cai u no chão com um baque s urdo — havi a formado uma camada de pel e
em s eu i nteri or. E ca. O chei o de pel o mol hado. Agora, agora el a ti nha que...
M as el a não podi a. E l a não podi a fazer nada por que al guém es tava
s egurando s eus braços . Quei mando s eus braços . Aquel as mãos eram
i rri tantes , mas por fi m el a s oube a quem el as pertenci am. E l as eram fi rmes
e bem genti s , mas bem fortes . Tudo i s s o era coi s a de Stefan.
Lentamente, el a l evantou a cabeça que ai nda pi ngava para pedi r a Stefan
que paras s e de quei mar s eus braços .
M as não pôde. Porque no corpo de Stefan es tava a cabeça de Damon. Agora,
i s s o era estranho. E l a havi a vi s to mui tas coi s as que vampi ros podi am fazer,
mas não es s e l ance de troca de cabeças .
— Stefan-Damon... Por favor, para. — E l a engas gou entre gri tos
hi s téri cos de ri s o. — Dói . E s tá mui to quente!
— Quente? Você es tá congel ando, i s s o s i m.
As hábei s mãos es fregavam e i am de ci ma para bai xo em s eus braços ,
empurrando s ua cabeça para trás para mas s agear s uas bochechas . E l a dei xou
i s s o acontecer, poi s mes mo que fos s e a cabeça de Damon, ai nda eram as mãos
de Stefan.
— Você es tá gel ada, mas não es tá tremendo? — Uma voz s ombri a de
Damon di s s e de al gum l ugar.
— Si m, como pode ver, eu devo es tar me aquecendo.
E l ena não s e s enti a mui to aqueci da. E l a percebeu que ai nda ti nha uma
peça de roupa de pel e, que ati ngi a os j oel hos del a. E l a s e atrapal hou com
ci nto.
— Você não es tá s e aquecendo. Você es tá i ndo para o próxi mo es tági o da
hi potermi a. E s e você não s e s ecar e s e aquecer nes te i ns tante, você morrerá.
Sem mai s nem menos , el e i ncl i nou s eu quei xo para que el e ol has s e
em s eus ol hos .
— Você es tá del i rando agora... Cons egue me entender, E l ena? Você
realmente preci s a s e aquecer. Cal or era um concei to tão vago e di s tante quanto
s ua vi da antes de el a conhecer Stefan.
M as , del i rantemente, el a entendeu. Is s o não era uma boa coi s a. O que
s e podi a fazer a não s er ri r?
— Certo. E l ena, s ó es pere um mi nute. Dei xe-me achar... Rapi damente
el e es tava de vol ta.
Não rápi do o s ufi ci ente para i mpedi -l a de ti rar a pel e por debai xo da
ci ntura, mas vol tou antes que el a pudes s e reti rar a cami s ol a.
— Aqui . — E l e ti rou a pel e úmi da e a envol veu em uma s eca e quente,
s obre s ua cami s ol a. Depoi s de um mi nuto ou doi s , el a começou a tremer.
— E s s a é mi nha garota. — A voz de Damon di s s e. Segui do de: — Não
l ute comi go, E l ena. E s tou tentando s al var s ua vi da. Is s o é tudo. Não farei nada
mai s . Dou mi nha pal avra.
E l ena es tava confus a. Por que el a deveri a pens ar que Damon — i s s o é,
s e fos s e real mente o Damon, el a deci di u — queri a machucá-l a?
E mbora el e pudes s e s er um i di ota às vezes ...
E el e es tava ti rando s uas roupas .
N ã o . Isso não devi a es tar acontecendo. Defi ni ti vamente não.
E s peci al mente quando Stefan devi a es tar por aqui perto. M as agora, E l ena
es tava tremendo demai s para fal ar.
E agora que el a es tava com s ua roupa í nti ma, el e es tava fazendo com que
el a dei tas s e s obre as pel es , enfi ando outras pel es ao s eu redor. E l ena não
entendeu nada do que es tava acontecendo, mas tudo começou a não parecer
i mportante. E l a es tava fl utuando em al gum l ugar fora de s i , as s i s ti ndo s em
nenhum i nteres s e.
E m s egui da, outro corpo des l i zou para dentro das pel es . E l a retornou do
l ugar em que es tava fl utuando.
M ui to brevemente, el a deu uma ol hada no pei to nu. E então, um corpo
quente e compacto des l i zou para o s aco de dormi r i mprovi s ado, para j unto del a.
Braços quentes e rí gi dos foram em torno del a, mantendo-a em contato com todo
aquel e corpo.
Através da névoa, el a vagamente ouvi u a voz de Stefan:
— O que di abos você está fazendo?
30
— Ti re s uas roupas e entre no outro l ado — Damon di s s e.
Sua voz não es tava nem i rri tada ou arrogante. E l e adi ci onou l entamente:
— E l ena es tá morrendo.
As três úl ti mas pal avras pareci am afetar Stefan parti cul armente,
embora E l ena não pudes s e entendê-l as . Stefan não es tava s e movendo,
apenas res pi rando com di fi cul dade, os ol hos arregal ados .
— Bonni e e eu es ti vemos recol hendo feno e combus tí vel e es tamos bem.
— Vocês es ti veram s e exerci tando... Se movendo... Ves ti ndo roupas que os
manti veram aqueci dos . E l a es teve i mers a em água gel ada e... Pegando
fri agem. E u fi z com que o outro thurg quebras s e al gumas madei ras das
árvores mortas des te l ugar para fazer uma foguei ra. Agora, entra l ogo aqui ,
Stefan, e dê a el a um pouco de cal or corporal , ou eu vou trans formá-l a em
vampi ra.
— Nnn — E l ena tentou di zer, mas Stefan não pareceu entender.
Damon, de qual quer j ei to, di s s e:
— Não s e preocupe. E l e vai te aquecer do outro l ado. Você não tem que s e
trans formar em vampi ra, por enquanto. Pel o amor de Deus — E l e adi ci onou de
repente, expl os i vamente —, el e é o prí nci pe que você es col heu! A voz de Stefan
es tava qui eta e tens a.
— Você tentou col ocá-l a em uma camada térmi ca?
— Cl aro que tentei , i di ota! Nenhuma magi a funci ona após ul trapas s armos
o Lago, exceto a tel epati a.
E l ena não ti nha noção de que o tempo es tava pas s ando, mas de repente
houve um corpo fami l i ar s endo pres s i onado contra o s eu, do outro l ado.
E de al gum l ugar di reto em s ua mente:
Elena? Elena? Você está bem, não está, Elena? Não li g o se você esti ver bri ncando comi g o.
Mas você está bemmesmo, não está? Só me di g a i sso, amor.
E l ena não era capaz de res ponder nada.
Vagamente, pequenos fragmentos de s om foram chegando aos s eus
ouvi dos :
— Bonni e... No topo del a e... Fazer que nós fi cás s emos em ambos os l ados
del a.
E s enti mentos maçantes agi taram s eu s ens o de toque: um corpo
pequeno, quas e s em pes o, pareci do com um cobertor gros s o, pres s i onado
embai xo del a. Al guém chorando, as l ágri mas es correndo para s eu pes coço. E
cal or vi ndo de ambos os l ados .
E s tou dormi ndo com vári os fi l hoti nhos de gato, el a pens ou, cochi l ando.
Tal vez nós tenhamos um s onho agradável .
— Gos tari a de poder s aber como el es es tão — M eredi th di s s e, dando
uma paus a para ter um daquel es s urtos es ti mul antes .
— Gos tari a de poder s aber o que nós es tamos fazendo — M att di s s e
cans adamente enquanto el e col ocava outro amul eto em forma de cartão em uma
j anel a. E mai s outro.
— Sabem, meus queri dos , eu fi quei ouvi ndo uma cri ança chorar na
noi te pas s ada, em meus s onhos . — A Sra. Fl owers di s s e l entamente.
M eredi th s e vi rou, as s us tada.
— E u também! Lá na varanda da frente, é o que pareci a. M as eu es tava
cans ada demai s para l evantar.
— Não deve s er... Nada de mai s . — A Sra. Fl owers fez uma careta.
E l a es tava fervendo a água da tornei ra para o chá. A el etri ci dade era
es porádi ca. M att e Sabber ti nham vol tado à pens ão, mai s cedo naquel e di a,
para que M att pudes s e reuni r os i ns trumentos mai s i mportantes para Sra.
Fl owers : s uas ervas para chás , compres s as e catapl as mas . E l e não teve
coragem de contar a el a s obre o es tado da pens ão, ou o que aquel as l arvas
mal ach havi am fei to a el a. E l e teve de encontrar uma tábua s ol ta na garagem
para poder entrar no corredor da cas a, i ndo até a cozi nha. Não havi a mai s o
tercei ro andar, tão pouco o s egundo.
Pel o menos el e não teve de fugi r de Shi ni chi .
— O que eu es tava di zendo é que, tal vez, há uma cri ança de verdade l á
fora. — M eredi th di s s e.
— Sozi nha na noi te? Parece mai s com um zumbi do Shi ni chi . — M att
di s s e.
— Tal vez. M as tal vez não s ej a. Sra. Fl owers , você tem al guma i dei a de
quando você ouvi u o choro? Cedo ou tarde da noi te?
— Dei xe-me pens ar, amada. E u acho que eu ouvi a sempre que eu
acordava... E pes s oas vel has acordam com grande frequênci a.
— E u ouvi próxi mo à manhã… M as eu dormi s em s onhar durante as
pri mei ras horas e acordei cedo. A Sra. Fl owers vi rou-s e para M att.
— E quanto a você, M att queri do? Você ouvi u al gum s om pareci do com
um choro?
M att, que del i beradamente s e s obrecarregou nes tes úl ti mos di as
tentando ter um s ono decente, di s s e:
— E u ouvi gemi dos e choros ao vento próxi mo à mei a-noi te, eu acho.
— Parece que um fantas ma nos vi s i tou a noi te toda, meus queri dos — A
Sra. Fl owers di s s e cal mamente, s ervi ndo-l hes um pouco de chá.
M att vi u a ol hadel a i nqui eta que M eredi th deu para el e... M as
M eredi th não conheci a a Sra. Fl owers tão bem quanto el e.
— Você não acha que s ej a um fantas ma. — E l e di s s e.
— Não, não acho. M ama não s e pronunci ou a res pei to, e aqui é s ua
cas a, M att queri do. Não deve haver as s as s i natos hedi ondos ou s egredos em
s eu pas s ado, eu pens o. Vamos ver...
E l a fechou s eus ol hos e dei xou M att e M eredi th bebendo s eus chás .
E ntão el a os abri u e deu-l he um s orri s o i ntri gante.
— M ama di s s e: “Procurem pel a cas a o s eu fantas ma.” E ntão, ouçam
bem o que el e tem a di zer.
— Ok — M att di s s e s em demons trar expres s ão. — Já que é mi nha
cas a, acho que é mel hor eu i r procurá-l o. M as onde? Deve fazer al gum códi go?
— Acho que o mel hor j ei to de nos arrumarmos , é por mei o de turnos . —
A Sra. Fl owers di s s e.
— Ok — M eredi th concordou prontamente. — E u pego o turno do mei o,
da mei a-noi te até às quarto; M att fi ca com o pri mei ro; e Sra. Fl owers , você pode
pegar o da manhã, e ti rar um cochi l o es s a tarde s e qui s er.
M att s e s enti u des confortável .
— Por que não fazemos s ó doi s turnos e vocês duas di vi dem um? E u fi co
com o outro.
— Porque, queri do M att — M eredi th di s s e —, não queremos s er
tratadas como “mul herzi nhas ”. E não di s cuta — E l a ergueu a es taca de
combate —, porque s ou eu quem es tá com a arti l hari a pes ada.
Al go es tava fazendo o quarto tremer. Fazendo M att tremer j unto. Ai nda
mei o adormeci do, el e col ocou s ua mão embai xo de s eu traves s ei ro e ti rou de l á
um revól ver. Uma mão pegou a s ua e el e ouvi u uma voz.
— M att! Sou eu, a M eredi th! Acorde, ok?
Sonol ento, M att es tendeu a mão para o i nterruptor de l uz. M ai s uma vez,
dedos fortes e magros o i mpedi ram de fazer o que queri a.
— Nada de l uz — M eredi th s us s urrou. — E s tá bem fraqui nho, mas s e
você vi er comi go s i l enci os amente, você poderá ouvi r. O choro.
Is s o fez com que M att acordas s e por compl eto.
— Agora?
— Agora.
Fazendo s eu mel hor para andar s i l enci os amente pel o corredor es curo,
M att s egui u M eredi th para a s al a de es tar do andar de bai xo.
— Shh! — M eredi th avi s ou. — Ouça.
M att es cutou. E l e pôde ouvi r al guns s ol uços perfei tamente, e tal vez
al gumas pal avras , mas não pareci a s er um fantas ma para el e. E l e encos tou o
ouvi do na parede e ouvi u. O choro es tava mai s al to.
— Você tem uma l anterna? — M att perguntou.
— E u tenho duas , meus queri dos . M as es ta é uma hora da noi te mui to
peri gos a. — A Sra. Fl owers era uma s ombra contra a es curi dão.
— Por favor, dê as l anternas para nós . — Di s s e M att. — Não acho que
nos s o fantas ma s ej a mui to s obrenatural . Que horas s ão, afi nal ?
— Quas e mei a-noi te e quarenta — M eredi th res pondeu. — M as por
que você acha que não s ej a s obrenatural ?
— Porque i s to es tá vi vendo em nos s o porão — M att di s s e. — E u acho que
é o Col e Reece. A cri ança que comeu s eu porqui nho-da-í ndi a.
Dez mi nutos depoi s , com a es taca, duas l anternas e Sabber, el es havi a
capturado o fantas ma.
— E u não qui s fazer nenhum mal . — Col e s ol uçou, quando el es o
atraí ram para ci ma com promes s as de doces e chás “mági cos ” que fari am com
que el e dormi s s e.
— E u não machuquei ni nguém, j uro — E l e engas gou, devorando uma
barra de chocol ate atrás de outra da Hers hey como s ua pri mei ra reação. —
Tenho medo que el e es tej a atrás de mi m. Porque depoi s que você me ati ngi u
com aquel e papel zi nho, eu não fui mai s capaz de ouvi -l o em mi nha cabeça. E
então eu vi vocês chegando aqui — E l e ges ti cul ou ao redor da cas a de M att —
e vocês ti nham amul etos e deduzi que s eri a mel hor fi car aqui dentro. Ou
s eri a a mi nha Úl ti ma M ei a-Noi te também. E l e es tava bal buci ando. M as al go
s obre as úl ti mas pal avras fi zeram M att di zer:
— O que você quer di zer com “s ua Úl ti ma M ei a-Noi te também”?
Col e ol hou para el e com medo. Havi a um pouco de chocol ate derreti do em
torno de s eus l ábi os , fazendo com que M att s e l embras s e da úl ti ma vez em
que ti nha vi s to o garoto.
— Você não s abe? — Col e vaci ol ou. — Sobre as mei as -noi tes ? A contagem
regres s i va? Vi nte di as antes da Úl ti ma M ei a- Noi te? Onze di as antes da
Úl ti ma M ei a-Noi te? E agora... Hoj e é o úl ti mo di a até a Úl ti ma M ei a-Noi te.
E l e começou a s ol uçar novamente, mes mo com chocol ates em s ua boca.
E s tava cl aro que el e es tava fami nto.
— M as o que acontece na Úl ti ma M ei a-Noi te? — M eredi th perguntou.
— Você não s abe? — É quando... Você s abe.
Irri tantemente, Col e pareci a pens ar que el es o es tavam tes tando.
M att col ocou s uas mãos s obre os ombros de Col e e, para s eu horror, s enti r
os os s os s ob s eus dedos .
O garoto es tava com mui ta fome mes mo, pens ou el e, perdoando-l he por
todas aquel as barras de chocol ate. Seus ol hos encontraram os da Sra. Fl owers e
el a i medi atamente foi para a cozi nha.
M as Col e não es tava res pondendo; el e es tava murmurando
i ncoerentemente. M att forçou-s e a pres s i onar mai s força naquel es ombros
os s udos .
— Col e, fal e mai s al to! O que é es s a Úl ti ma M ei a-Noi te?
— Você s abe. É quando... Todas as cri anças … Você s abe, el es es peram até
a mei a-noi te... E l es pegam facas ou armas . Você s abe. E nós vamos até o
quarto de nos s os pai s enquanto el es es tão dormi ndo e...
Col e cal ou-s e novamente, mas M att notou que el e s em querer di s s e
“nós ” e “nos s os ” no fi nal . M eredi th fal ou em s ua voz cal ma e fi rme:
— As cri anças vão matar s eus própri os pai s , não é?
— E l e nos mos trou onde gol pear ou es faquear. Ou, s e houver uma
arma... M att havi a ouvi do o bas tante.
— Você pode fi car... No porão. — E l e di s s e. — E aqui es tá al guns
amul etos . Col oque-os em você s e você s enti r que es tá em peri go.
E l e deu a Col e um pacote i ntei ro de Pos t-It.
— Não tenha medo. — M eredi th adi ci onou, enquanto a Sra. Fl owers
vi nha com um prato de s al s i chas e batatas fri tas para Col e.
A qual quer outro momento, o chei ro teri a fei to com que M att fi cas s e com
fome.
— É i gual àquel a i l ha no Japão — E l e di s s e. — Shi ni chi e M i s ao
fi zeram aqui l o acontecer, e el es vão fazer i s s o novamente.
— O tempo es tá correndo. Na verdade, j á é o di a da Úl ti ma M ei a-Noi te...
Já é quas e uma e mei a da manhã. — M eredi th di s s e. — Temos menos de
vi nte e quatro horas . Devemos dar o fora de Fel l ’s Church ou fazer al go para
organi zar um confronto.
— Um confronto? Sem E l ena, Damon ou Stefan? — M att di s s e. —
Seremos mortos . E s queceu-s e do xeri fe M os s berg?
— E l e não ti nha i s s o — M eredi th j ogou s ua es taca de combate no ar,
pegou-a perfei tamente, col ocando-a de l ado. M att s acudi u s ua cabeça.
— Ai nda as s i m, Shi ni chi vai te matar. Ou uma das cri anças i rá, com
uma s emi -automáti ca do armári o de s eus pai s .
— Temos que fazer alg uma coi sa.
M att pens ou. Sua cabeça l atej ava. Fi nal mente el e di s s e, com a cabeça
bai xa:
— Quando eu fui pegar as ervas , eu peguei a E s fera E s tel ar de M i s ao,
também.
— Você tá de bri ncadei ra. Shi ni chi ai nda não a ti nha encontrado?
— Não. E tal vez nós pos s amos fazer al go com el a.
M att ol hou para M eredi th, que ol hava para a Sra. Fl owers . A Sra. Fl owers
di s s e:
— Que tal s e j ogás s emos o l í qui do em di ferentes l ugares em Fel l ’s
Church? Só uma goti nha aqui e al i ? Podí amos pedi r para o Poder dentro del a que
proteges s e a ci dade. Tal vez el e ouça. M eredi th di s s e:
— E s s e era o pri nci pal moti vo de queremos as E s feras E s tel ares de
Shi ni chi e M i s ao. As E s feras E s tel ares control am s eus donos , de acordo com
a l enda. M att di s s e:
— Pode s er um j ei to ul trapas s ado de s e pens ar, mas concordo. M eredi th
di s s e:
— E ntão vamos fazer i s s o neste i nstante.
Quanto às outras duas es peravam, M att foi pegar a E s fera E s tel ar de
M i s ao. Havi a mui to, mui to pouco l í qui do dentro do gl obo.
— Depoi s da Úl ti ma M ei a-Noi te, el a pl anej a preenchê-l a até o topo com
a energi a das novas vi das ti radas — M eredi th di s s e.
— Bem, el a não terá a chance de fazer i s s o — M att di s s e s em rodei os .
— Quando termi narmos , nós a des trui remos .
— M as nós deví amos nos apres s ar. — M eredi th adi ci onou. — Vamos
j untar al gumas armas : al go de prata, al go l ongo e pes ado, como um ati çador.
Os zumbi s de Shi ni chi não fi carão fel i zes ... E quem s abe quem mai s es tará
do l ado del e?
31
E l ena acordou s e s enti ndo dura e apertada. M as i s s o não era de s e
s urpreender. Três outras pes s oas pareci am es tar em ci ma del a.
Elena? Você pode me ouvi r?
Stefan?
Si m! Você está acordada?
Estou toda apertada... E quente. Uma voz di ferente i nterrompeu.
Só nos dê um mi nuto e você não fi cará mai s apertada. E l ena s enti u Damon s e
afas tar. Bonni e pegou s eu l ugar. M as Stefan a agarrou por um momento.
Elena, si nto mui to. Eu não ti nha percebi do as condi ções emque você estava. Graças a Deus que
você ti nha o Damon. Você
pode me perdoar?
Apes ar do cal or, E l ena s e aconchegou ai nda mai s perto del e.
Só se você me perdoar por colocar todos emperi g o. Eu fi z i sso, não fi z? Eu não sei . Eu não li g o.
Tudo o que eu sei é que eu te amo.
Demorou al gum tempo antes que Bonni e acordas s e. E ntão el a di s s e
debi l mente:
— Hey! O que vocês es tão fazendo na mi nha cama?
— Tentando s ai r del a. — E l ena di s s e, e tentou s e afas tar e l evantar.
O mundo es tava vaci l ante. E l a es tava vaci l ante... E feri da. M as Stefan
não es tava mai s do que al guns centí metros de di s tânci a, abraçando-a,
s egurando-a quando el a começou a cai r. E l e a aj udou a s e ves ti r s em fazê-l a
s e s enti r como s e fos s e um bebê. E l e ol hou dentro da mochi l a del a, que
fel i zmente não havi a i do embora j unto com a água, e então el e ti rou al go
pes ado de l á de dentro.
E l e col ocou as coi s as pes adas em s ua própri a mochi l a.
E l ena s e s enti u mui to mel hor depoi s de comer um pouco, e após ver os
thurgs — ambos — comendo também; el es es ti cavam s eus grandes troncos
dupl os até quebrarem pedaços de madei ra das árvores es térei s , ou es cavavam
a neve para encontrar grama s eca por debai xo del a.
E s tava cl aro que el es não morreri am no fi nal das contas .
E l ena s abi a que todos es tavam ol hando para el a, aval i ando s e el a es tava
ou não di s pos ta a pros s egui r vi agem naquel e di a. E l ena correu para termi nar
de beber s eu chá aqueci do s obre uma foguei ra de es terco, tentando es conder o
fato de que s uas mãos tremi am.
Após forçá-l as a s e abai xarem, el a di s s e em uma voz al egre:
— E ntão, o que faremos agora?
Como você se sente? Stefan perguntou a el a.
— Um pouco dol ori da, mas fi carei bem. Acho que todos es tão es perando
que eu tenha uma pneumoni a, mas eu nem ao menos es tou tos s i ndo.
Damon, depoi s de um ol har demorado para Stefan, pegou s uas duas
mãos e ol hou para el a.
E l a não pôde — el a não ous ava — encontrar s eus ol hos , então el a s e
focou em Stefan, que es tava ol hando para el a reconfortantemente.
Por fi m Damon s ol tou as mãos de E l ena abruptamente.
— E u fui o mai s l onge que cons egui . Você deve s aber o quão l onge é —
Damon adi ci onou para Stefan. — Seu nari z es tá entupi do e s ua pel e es tá
bri l hante.
Stefan pareci a que i a l he dar um s oco, mas E l ena pegou s ua mão
s uavemente.
— E s tou s audável — E l a di s s e. — E ntão, s ão doi s votos para eu
conti nuar em mi nha bus ca para s al var Fel l ’s Church.
— E u s empre acredi tei em você — Stefan di s s e. — Se você acha que pode
conti nuar, então você pode. Bonni e fungou.
— Só tome mai s cui dado, ok? — E l a di s s e — Você me as s us tou.
— E u s i nto mui tí s s i mo. — E l ena di s s e genti l mente, s enti u o vazi o da
aus ênci a de M eredi th. M eredi th s eri a perfei ta para aj udá-l os nes te
momento.
— E ntão, vamos conti nuar? E aonde vamos ? E s tou perdi di nha. Damon s e
l evantou.
— E u acho que devemos s ó s egui r em frente. O cami nho é es trei to a
parti r daqui ... E quem s abe qual s erá nos s o próxi mo des afi o?

***

O cami nho era es trei to... E nevoento. Tal como antes , el e começou como
um véu trans parente, cegando-os l ogo em s egui da. E l a dei xou Stefan, com
s eus refl exos fel i nos , i r à frente, e el a conti nuou carregando s ua mochi l a.
Bonni e s e agarrou a el a com um carrapi cho. Quando E l ena achava que el a i a
gri tar cas o ti ves s e que conti nuar vi aj ando naquel e cobertor branco, el e s e
di s s i pou. E l es es tavam próxi mos a uma montanha.
E l ena s ai u em di s parada l ogo depoi s de Bonni e, que s e apres s ou com a
vi s ão do ar trans parente. E l a foi rápi da o s ufi ci ente para agarrar-s e na
mochi l a da Bonni e e puxá-l a para trás , quando el a chegou ao l ugar onde a
terra termi nava.
— Nem pensar! — Bonni e gri tou, cri ando um eco l ogo abai xo. — Não tem
como eu atraves s ar i sso aqui !
Isso aqui era um abi s mo com uma ponte mui to fi na abrangendo-o.
O abi s mo era cons ti tuí do por um branco gél i do no topo, mas quando
E l ena s e agarrou nos pól os de metal da ponte gel ada e s e i ncl i nou um pouco
para frente, el a pôde ver as cores azui s e verdes gl aci ai s no fundo. Um vento
fri o ati ngi u s eu ros to.
A di s tânci a entre es te pedaço de mundo e próxi mo l ogo na frente del es
era de cerca de cem metros de compri mento.
E l ena ol hou das profundezas s ombri as para a ponte fi na, que era fei ta
de madei ra e apenas l arga o s ufi ci ente para que uma pes s oa pudes s e
cami nhar. E ra apoi ada aqui e al i por cordas que corri am pel o abi s mo e pregado
com pi nos metál i cos es térei s e gel ado no chão.
E la também mergul hava magni fi camente e depoi s se ergui a
novamente. Só mes mo de ol har pareci a um mi ni pas s ei o de montanha-rus s a
de pura emoção. O úni co probl ema era que não i ncl uí a um ci nto de s egurança,
um as s ento, doi s tri l hos e um gui a di zendo: “M antenham mãos e pés dentro
do bri nquedo tempo todo!” Havi a uma fi na e úni ca corda, fei ta de teci do de
trepadei ra para s e s egurar do l ado es querdo.
— Ol ha — Stefan es tava di zendo, tão cal ma e atentamente como E l ena
j amai s ti nha ouvi do —, podemos nos s egurar um nos outros . Podemos i r um
atrás do outro, bem devagar...
— NÃÃO! — Bonni e di s s e em gri to ps í qui co que quas e ati ngi u E l ena.
— Não, não, não, não, NÃO! Vocês não entendem! Eu não posso FAZER ISSO!
Bonni e j ogou s ua mochi l a no chão.
E ntão el a começou a ri r e a chorar ao mes mo tempo, em um ataque
perfei to de hi s teri a. E l ena teve o i mpul s o de j ogar água em s eu ros to. E l a teve
um forte i mpul s o de s e l ançar para o l ado de Bonni e e gri tar:
— Nem eu pos s o! É mal uqui ce! M as que mal poderi a fazer?
Poucos mi nutos , Damon es tava fal ando bai xi nho com Bonni e, s em s er
afetado por s ua expres s ão. Stefan es tava andando em cí rcul os . E l ena es tava
tentando pens ar em um Pl ano A, enquanto uma vozi nha cantava dentro de s ua
cabeça:
Você não pode fazer i sso, não pode fazer i sso, não pode fazer i sso também.
Aqui l o era s ó uma fobi a. E l es podi am fazer com que Bonni e a perdes s e...
Cas o, di gamos , el es ti ves s em um ano ou doi s . Stefan, em uma de s uas
pas s adas ci rcul ares próxi mo a el a, di s s e:
— Você tem medo de al tura, amor?
E l ena deci di u encarar i s s o com uma expres s ão coraj os a.
— Não s ei . Acho que pos s o fazer i s s o. Stefan pareci a s ati s fei to.
— Para s al var a s ua ci dade.
— Si m... É uma pena que nada funci one aqui . E u poderi a tentar us ar
mi nhas As as Voadoras , mas não cons i go control á-l as ...
E esse ti po de mag i a não está di sponí vel aqui , a voz de Stefan di s s e em s ua mente.
Mas telepati a está. Você pode me ouvi r, também, não pode?
E l es pens aram na mes ma res pos ta ao mes mo tempo, e E l ena vi u a
i dei a del e s e mos trando em s eu ros to, quando el a começou a fal ar.
— Influenci e a Bonni e! Faça-a pens ar que el a é uma equi l i bri s ta... Uma
arti s ta, des de que el a era uma bebê. M as não faça com que el a s ej a mui to
bri ncal hona, ou então el a nos derrubará!
Com aquel a l uz em s eu ros to, Stefan pareci a... Fel i z. E l e s egurou ambas
as mãos de E l ena, gi rou-a no ar como s e el a não pes as s e nada e a bei j ou.
E a bei j ou.
E a bei j ou até que E l ena s enti u s ua al ma s ai ndo pel a ponta de s eus
dedos .
E l es não devi am ter fei to i s s o na frente de Damon. M as a eufori a de
E l ena es tava nubl ando s eu j ul gamento, e el a não pôde s e control ar.
Nenhum del es ti nha tentado fazer uma s ondagem mai s profunda na
mente. M as tel epati a era tudo que l hes ti nha s obrado, e aqui l o era tão
del i ci os o e maravi l hos o que fez com que conti nuas s em abraçados , ri ndo,
ofegando... Com a el etri ci dade i ntermi tente entre el es .
Todo o corpo de E l ena s e s enti u como s e el a ti ves s e acabado de l evar um
choque cons i derável .
E ntão el a s ai u de s eus braços , mas j á era tarde demai s . O ol har que
parti l haram j á havi a s umi do há mui to tempo, e E l ena s enti u s eu coração
bater de medo. E l a pôde s enti r os ol hos de Damon s obre el a.
E l a mal cons egui u s us s urrar:
— Você vai contar a el es ?
— Si m — Stefan di s s e del i cadamente. — Di rei a el es .
M as el e não s e moveu até que el a vi rou-s e de vol ta para Bonni e e
Damon. Depoi s di s s o, el a fi cou es pi ando por s obre s eu ombro e ouvi ndo.
Stefan s entou-s e próxi mo à garota chorona e di s s e:
— Bonni e, você pode ol har para mi m? Is s o é tudo que eu quero. E u te
prometo, você não tem que atraves s ar aquel a ponte s e você não qui s er. Você
nem ao menos preci s a parar de chorar, mas tente ol har nos meus ol hos . Você
pode fazer i s s o? Que bom. Agora…
Sua voz, e até mes mo s eu ros to, mudou s uti l mente, tornando-s e mai s
forte… M ai s hi pnoti zante.
— Você não tem medo de al tura, ok? Você é uma acrobata que poderi a
andar por uma corda bamba s obre o Grand Canyon s em que um fi o de s eu
cabel o s aí s s e do l ugar. Você é a mel hor de toda a s ua famí l i a, Os M cCul l ough
Voadores , e eles s ão os mel hores do mundo. E nes te i ns tante, você vai es col her
s e quer atraves s ar a ponte de madei ra. Se s i m, você vai nos l i derar. Será nos s a
l í der.
Bem devagar, enquanto ouvi a a Stefan, o ros to de Bonni e mudou.
Com os ol hos i nchados fi xados em Stefan, el a pareci a es tar ouvi ndo
atentamente a al go em s ua própri a cabeça. E fi nal mente, quando Stefan di s s e
a úl ti ma fras e, el a ergueu-s e num pul o e ol hou para a ponte.
— Ok, vamos nes s a! — E l a gri tou, pegando s ua mochi l a enquanto
E l ena, s entada, ol hava para el a.
— Você pode fazer i s s o? — Stefan perguntou, ol hando pra E l ena. — Nós a
dei xaremos i r à frente... Não há como el a cai r. E u i rei l ogo em s egui da. E l ena
pode vi r atrás de mi m e agarrar-s e em mi nha ci ntura, e conto com você,
Damon, para s egurá-l a. E s peci al mente s e el a começar a des mai ar.
— E u a s egurarei . — Damon di s s e qui etamente.
E l ena queri a pedi r a Stefan que a Infl uenci as s e, também, mas tudo
es tava acontecendo rápi do demai s . Bonni e j á es tava na ponte, s ó parando
quando fora chamada por Stefan. Stefan es tava ol hando para trás , para E l ena,
di zendo:
— Será que você pode s e s egurar bem forte em mi m?
Damon es tava atrás de E l ena, col ocando uma mão forte s obre s eu ombro,
e di zendo:
— Ol he s empre para frente, não para bai xo. Não s e preocupe em
des mai ar, eu te s egurarei .
M as a ponte de madei ra era mui to frági l , e E l ena des cobri u que el a
s empre es tava ol hando para bai xo e que s eu es tômago fl utuava para fora de
s eu corpo, aci ma de s ua cabeça.
E l a deu um aperto mortal na ci ntura de Stefan com uma mão, col ocando a
outra na corda com teci do de trepadei ra. E l es chegaram a um l ugar onde uma
ri pa havi a s e s ol tado e as outras pareci am que i ri am cai r a qual quer momento.
— Cui dado aqui ! — Bonni e di s s e, ri ndo e pul ando s obre três ri pas .
Stefan col ocou o ul trapas s ou a ri pa que fal tava, col ocando o pé na próxi ma.
Crack!
E l ena não gri tou... E l a es tava al ém de qual quer gri to. E l a não pôde
ol har. O s om havi a fei to com que el a fechas s e os ol hos .
E el a não pôde s e mover. Nem um mi l í metro. E certamente nem um
centí metro. E l a s enti u os braços de Damon ao redor de s ua ci ntura. Ambos . E l a
queri a dei xá-l o s uportar s eu pes o, as s i m como el e fi zera al gumas vezes
anteri ormente.
M as Damon es tava s us s urrando para el a, pal avras que pareci am
fei ti ços que fi zeram com que s uas pernas paras s em de tremer, que s uas
dores s umi s s em e que el a paras s e de res pi rar tão rapi damente, como s e
es ti ves s e a ponto de des mai ar.
E então el e a es tava s ol tando, e os braços de Stefan es tavam ao s eu redor,
e por um momento ambos es tavam s egurando-a com fi rmeza. E m s egui da,
Stefan a ergueu e genti l mente col ocou s eus pés em ri pas fi rmes .
E l ena queri a s ubi r em ci ma del e como um coal a, mas el a s abi a que el a
não devi a fazer i s s o. E l a fari a ambos caí rem. E ntão, de al guma forma, de um
l ugar em s eu i nteri or que el a não s abi a pos s ui r, el a encontrou coragem para
equi l i brar-s e s obre s eus própri os pés e s e atrapal hou ao s egurar na
trepadei ra.
E ntão el a ergueu s ua cabeça e s us s urrou o mai s al to que pôde:
— Si gam em frente. Preci s amos dar es paço a Damon.
— Si m — Stefan s us s urrou de vol ta.
M as el e a bei j ou na tes ta, um bei j o rápi do e protetor, antes de s e vi rar e
i r em di reção a uma Bonni e i mpaci ente. Atrás del a, E l ena ouvi u — e s enti u
— Damon pul ando como s e fos s e um fel i no s obre o buraco.
E l ena ergueu s eus ol hos e encarou novamente as cos tas da cabeça de
Stefan. E l a não pôde compreender todas as emoções que es tava s enti ndo
naquel e momento: amor, terror, admi ração, entus i as mo... E , é cl aro, grati dão,
tudo ao mes mo tempo. E l a não ous ava vi rar s ua cabeça para ol har para Damon
atrás del a, mas el a s enti a exatamente as mes mas coi s as por ele.
— Só mai s al guns pas s os — E l e conti nuou. — Só mai s al guns pas s os .
Uma breve eterni dade depoi s , el es es tavam em terra fi rme, de frente
para uma caverna de tamanho médi o, e E l ena cai u de j oel hos . E l a es tava
doente e fraca, mas el a tentou agradecer a Damon quando el e pas s ou por el a
na tri l ha da montanha de neve.
— Você es tava no meu cami nho — E l e di s s e bem devagar e tão fri o
quanto o vento. — Se você ti ves s e caí do, você poderi a ter vi rado a ponte i ntei ra. E
não es tou com vontade de morrer hoj e.
— O que você es tá di zendo a el a? O que você di s s e? — Stefan, que es tava
l onge do al cance de voz, vol tou correndo. — O que el e di s s e para você?
Damon, exami nando a pal ma de s ua mão à procura de es pi nhos da
trepadei ra, di s s e s em ol har para ci ma:
— E u l he di s s e a verdade, s ó i s s o. Até agora, el a s ó fez bes tei ra nes ta
bus ca. Vamos torcer para que você cons i ga entrar na Cas a de Portai s , s e
s obrevi ver, porque s e el es es ti verem aval i ando nos s o des empenho, nós
s eremos reprovados . Ou devo di zer, um de nós s erá?
— Cale a boca ou eu farei i sso por você — Stefan di s s e em uma voz di ferente que
E l ena nunca o ouvi ra us ar antes . E l a o encarou. E ra como s e el e ti ves s e
envel heci do dez anos em um s egundo.
— Nunca mai s fal e com el a, ou s obre el a, des s e j ei to, Damon!
Damon o encarou por um momento, as pupi l as contraí das . E ntão el e
di s s e “Tanto faz” e s egui u em frente. Stefan abai xou para abraçar E l ena até
que el a paras s e de tremer.
E ntão é i s s o, E l ena pens ou.
Uma rai va gél i da a tomou. Damon não ti nha nenhum res pei to por el a;
el e não ti nha por ni nguém al ém del e mes mo. E l a não podi a proteger Bonni e
de s eus própri os s enti mentos — ou i mpedi -l o de i ns ul tá-l a. E l a não podi a
i mpedi r que Bonni e o perdoas s e. M as el a, E l ena, es tava farta de Damon.
E s s e úl ti mo i ns ul to fora a gota d’água.
A névoa vol tou enquanto el es andavam pel a caverna.
32
— Damon não pretendi a s er tão... Tão i di ota — Bonni e di s s e
expl os i vamente. — E l e s ó... Sente como s e fôs s emos nós três contra el e... E …
E…
— Bem, quem começou i s s o? Is s o acontece des de a cami nhada nos
thurgs — Stefan di s s e.
— E u s ei , mas há al go mai s — Bonni e di s s e humi l demente. — Já que
s ó tem neve, pedra e gel o... E l e... E u não s ei . E l e s e s ente pres o. Tem al go
errado.
— E l e es tá com fome — E l a di s s e, ati ngi da por uma s úbi ta percepção.
Des de cami nhada nos thurgs que não havi a nada para os vampi ros
caçarem. Não exi s ti a nada, nem rapos as , i ns etos ou ratos . É cl aro, Lady Ul ma
havi a forneci do bas tante Bl ack M agi c para el e, a úni ca coi s a que pareci a s er o
s ubs ti tuto para o s angue.
M as s ua quanti dade foi di mi nui ndo e, é cl aro, el es ti nham que pens ar
na vi agem de vol ta, também. De repente E l ena s abi a o que fari a bem para el a.
— Stefan — E l a murmurou, puxando-o para um canto da pedra rochos a
da entrada da caverna. E l a ti rou o capuz e des enrol ou a s carf o s ufi ci ente para
expor um l ado de s eu pes coço.
— Não me faça di zer “por favor” tantas vezes — E l a s us s urrou para el e.
— Não pos s o es perar mai s .
Stefan ol hou em s eus ol hos e vi u que el a es tava fal ando s éri o —
determi nada — e então bei j ou uma de s uas mãos enl uvadas .
— Já faz um bom tempo, eu acho... Não, tenho certeza, ou eu nunca
acei tari a uma coi s a como es ta — E l e s us s urrou.
E l ena i ncl i nou s ua cabeça para trás . Stefan fi cou entre el a e o vento, e
el a es tava quas e aqueci da. E l a s enti u uma dorzi nha i ni ci al e então Stefan
es tava bebendo, s uas mentes s e j untaram como duas gotas de chuva s obre
uma j anel a de vi dro.
E l e tomou s ó um pouqui nho de s angue. O s ufi ci ente para fazer a
di ferença em s eus ol hos , i ndo de um verde-pi s ci na es pumante para um
córrego eferves cente.
M as então, s eu ol har paral i s ou-s e novamente.
— Damon... — E l e di s s e, e parou des aj ei tadamente.
O que E l ena poderi a di zer? Que el a s i mpl es mente havi a cortado s uas
rel ações com el e? E ra para el es s e aj udarem mutuamente, ao l ongo des te
des afi o; para mos trarem s uas i ntel i gênci as e coragens . Se el a des s e para
trás , el a fal hari a novamente?
— M ande-o aqui rapi damente — E l a di s s e. — Antes que eu mude de
i dei a.
Ci nco mi nutos depoi s , E l ena es tava novamente naquel e canti nho,
enquanto Damon vi rava s ua cabeça para frente e para trás com uma preci s ão
des apai xonada, de repente di s parando para frente e afundando s eus dentes
em uma vei a proemi nente. E l ena s enti u s eus ol hos s e al argarem.
Uma mordi da que does s e tanto... Bem, el a j á não experi mentava i s s o
des de os di as em que el a era burra e des preparada e havi a l utado com todas as
s uas forças para s e l i bertar.
Quando a mente de Damon, havi a uma parede de aço. Já que el a ti nha
de fazer aqui l o, el a ti nha es peranças de ver o meni no que vi vi a no í nti mo da
al ma de Damon, o Protetor de todas as s uas vontades e s egredos , mas el a não
pôde nem ao menos derreter aquel e aço.
Depoi s de um mi nuto ou doi s , Stefan puxou Damon para l onge del a...
Sem del i cadeza. Damon s e afas tou emburrado, l i mpando s ua boca.
— Você es tá bem? — Bonni e perguntou em um s us s urro preocupante,
enquanto E l ena vas cul hava a cai xa de medi camentos de Lady Ul ma, à procura
de uma gaze para es tancar as feri das não ci catri zadas em s eu pes coço.
— Já es ti ve mel hor — E l ena di s s e brevemente, enquanto el a enrol ava
s ua s carf novamente. Bonni e s us pi rou.
— M eredi th é quem verdadei ramente devi a es tar aqui — E l a di s s e.
— Si m, mas M eredi th deve fi car em Fel l ’s Church, também. Só es pero
que el es cons i gam s egurar as pontas até que nós vol temos .
— Só es pero que vol temos com al go que pos s a aj udá-l os — Bonni e
s us s urrou.

***

M eredi th e M att pas s aram des de as duas da manhã até o amanhecer


derramando pequenas gotas da E s fera E s tel ar de M i s ao pel as ruas da
ci dade, pedi ndo ao Poder para que el e, de al guma forma, os aj udas s e na l uta
contra Shi ni chi . E s te movi mento de i r de um l ugar para o outro também
rendeu um bônus s urpres a: cri anças . Não cri anças l oucas . As normai s , com
medo de s eus i rmãos e i rmãs e de s eus pai s , não s e atrevendo a entrar em
cas a por caus a das coi s as terrí vei s que vi ram l á. M eredi th e M att os ti nham
abarrotado no SUV de s egunda mão da mãe de M att e os trouxeram até s ua
cas a.
No fi m, el es eram mai s que tri nta cri anças , de ci nco a dezes s ei s anos ,
todos com medo de bri ncar, fal ar, ou até mes mo de pedi r al guma coi s a. M as
el es ti nham comi do tudo que a Sra. Fl owers pôde encontrar que não es tava
es tragado na gel adei ra ou na des pens a de M att, e nas des pens as das cas as
des ertas de ambos os l ados da dos Honeycutt.
M att, obs ervando uma meni na de dez anos enfi a a pão branco comum na
boca com uma fome de l obo, com l ágri mas es correndo pel o s eu ros to s uj o
enquanto el a mas ti gava e engol i a, di s s e bai xi nho à M eredi th:
— Será que há al guém i nfi l trado aqui ?
— E u apos tari a mi nha vi da ni s to — E l a res pondeu s i l enci os amente. —
M as o que vamos fazer? Col e não s abe nada que pos s a nos aj udar. Só podemos
orar que as cri anças não pos s uí das s ej am capazes de nos aj udar quando os
s ervos de Shi ni chi atacarem.
— E u acho que a mel hor opção, quando formos confrontar as cri anças
pos s uí das que podem es tar armadas , s eri a correr. M eredi th as s enti u
di s trai damente, mas M att notou que el a l evava a es taca em todos os l ugares
que el a i a agora.
— E u j á cri ei um pequeno tes te para el es . E u vou col ocar em cada um
del es um Pos t-It e verei o que acontece. Cri anças que fi zeram coi s as pel a qual
l amentam vão fi car hi s téri cas ; cri anças que j á es tão aterrori zadas , obterão
al gum conforto; e os i nfi l trados atacarão ou correrão.
— E u tenho que ver i s s o.
O tes te de M eredi th s ó mos trou doi s i nfi l trados na mul ti dão toda: um
meni no de treze anos e uma meni na de qui nze. Ambos gri taram e correram
pel a cas a, berrando des control adamente. M att não pôde detê-l os . Quando tudo
acabou e as cri anças mai s vel has foram confortar as mai s novas , M att e
M eredi th termi naram de col ocar amul etos nas j anel as e entre as tábuas .
E l es pas s aram a noi te es tocando al i mentos , ques ti onando as cri anças s obre
Shi ni chi e a Úl ti ma M ei a-Noi te, e aj udando a Sra. Fl owers no tratamento de
l es ões . E l es tentaram dei xar um del es de guarda o tempo todo, mas j á que
el es es tavam em movi mento des de a uma da manhã, el e fi caram bem
cans ados .
Ás qui nze para as onze M eredi th chegou em M att, que es tava l i mpando
os arranhões de um garoto l oi ro de oi to anos de i dade.
— Ok — E l a di s s e s i l enci os amente. — E u vou pegar meu carro e
cons egui r novos amul etos que a Sra. Sai tou di s s e que fez para mi m agora. Você
s e i mporta s e eu l evar Sabber?
M att bal ançou s ua cabeça.
— Não, eu faço i s s o. E u conheço mel hor as Sai tou, afi nal .
M eredi th deu-l he o que, para uma pes s oa menos refi nada, poderi a s er
chamado de bufão.
— E u as conheço o s ufi ci ente para di zer: “Com l i cença, Inari -Obaas an;
com l i cença, Ori me-s an; s omos os caus adores de probl emas que vi vem
pedi ndo por grandes quanti dades de amul etos anti demôni os , mas vocês não s e
i mportam, não é mes mo?”
M att s orri u l evemente, dei xando o garoto i r embora, e di s s e:
— Bem, el as podem s e i mportar menos s e você as chamar pel o própri o
nome. “Obaas an” s i gni fi ca “avó”, certo?
— Si m, cl aro.
— E “s an” é s ó uma coi s a que você col oca no fi nal do nome para s er mai s
educado. M eredi th concordou, adi ci onando:
— E “uma coi s a que você col oca no fi nal do nome” é chamado de “s ufi xo
honros o”.
— Si m, s i m, mas es s es nomes pel o qual você as chamou s ão errados .
E l as s ão a avó Ori me e a mãe Ori me, mãe de Is obel . E ntão fi ca Ori me-
Obaas an e Ori me-s an, também.
M eredi th s us pi rou.
— Ol ha, M att, B onni e e eu as conhecemos pri mei ro. A avó s e apres entou
como Inari . Agora eu s ei que el a é um pouco mal uca, mas el a certamente
s aberi a o própri o nome, né?
— E el a s e apres entou para mi m e não di s s e que s eu nome era Ori me,
mas que s ua fi l ha s e chamava as s i m. Fal e com el a s obre i s s o quando você for.
— M att, pos s o us ar meu notebook? E s tá na pens ão...
M att deu uma ri s ada curta e aguda — quas e um s ol uço. E l e ol hou para
s e certi fi car de que a Sra. Fl owers es tava por perto e então s i l vou:
— E s tá em al gum l ugar no centro da Terra, tal vez. Não há mai s pens ão.
Por um momento pareci a s i mpl es mente chocada, mas então el a franzi u
a tes ta. M att ol hou para el a s ombri amente. Não aj udou mui to pens ar que s ó
havi a el es doi s de s eu grupo para bri gar. Lá es tavam el es , e M att
prati camente podi a ver as faí s cas voando.
— Certo — M eredi th di s s e fi nal mente. — E u s ó vou l á e perguntar à
Ori me-Obaas an, então di zê-l as que foi s ua cul pa quando el as começarem a
ri r.
M att bal ançou a cabeça.
— Ni nguém vai ri r, poi s você não vai l á.
— Ol ha, M att — M eredi th di s s e —, eu andei navegando na Internet e
conheço o nome Inari . Vei o de al gum l ugar. E sei que tem... Tem al guma
conexão… — Sua voz foi s umi ndo.
Quando M att vol tou s eus ol hos para o teto, el e começou a di zer al go. O
ros to de M eredi th es tava pál i do e el a es tava res pi rando rapi damente.
— Inari ... — E l a s us s urrou. — E u conheço mes mo es te nome, mas … De
repente el e s egurou o pul s o de M att com tanta força que doeu.
— M att, o s eu computador ai nda es tá funci onando?
— E s tava quando a el etri ci dade vol tou. M as agora até o gerador s e foi .
— M as você tem um cel ul ar que s e conecta com a i nternet, não é? A
urgênci a em s ua voz fez M att, rapi damente, l evá-l a a s éri o.
— Cl aro — E l e di s s e. — M as es tá s em bateri a, por no mí ni mo um di a.
Sem el etri ci dade, não pos s o recarregá-l o. E mi nha mãe l evou o del a. E l a não
cons egue vi ver s em el e. Stefan e E l ena devem ter dei xado os s eus na pens ão...
— E l e s acudi u s ua cabeça ao ver a expres s ão es peranços a de M eredi th e
s us s urrou: — Ou devo di zer, onde a pens ão cos tumava s er.
— M as temos que encontrar um cel ul ar ou um computador que
funci one! Nós temos ! Preci s o que funci one por s ó um mi nuto! — M eredi th
di s s e freneti camente, pas s ando por el e como s e es ti ves s e tentando bater um
recorde mundi al .
M att a es tava encarando com es panto.
— M as por quê?
— Porque nós temos que achar. E u preci so, mes mo que s ej a s ó por um
mi nuto! M att s ó pôde ol há-l a, perpl exo. Fi nal mente el e di s s e:
— E u acho que podemos perguntar para as cri anças .
— As cri anças ! Uma del as deve ter um cel ul ar que pres te! Vamos , M att,
nós temos que fal ar com el as neste i nstante. — E l a parou e di s s e, com voz rouca:
— Rezo para que você es tej a certo e eu, errada.
— Hã?
M att não ti nha i dei a do que es tava acontecendo.
— E u di s s e que es pero es tar errada! Reze você, também, M att... Por favor!
33
E l ena es tava es perando que a névoa s e di s pers as s e. E l a s empre vol tava,
aos pouqui nhos , e agora el a s e perguntava s e i s s o i ri a embora, ou s e i s s o era,
na verdade, outro des afi o. E ntão, quando, de repente, el a pôde ver a cami s a de
Stefan na frente del a, el a s enti u s eu coração bater de fel i ci dade. E l a não
ti nha es tragado nada ul ti mamente.
— E u cons i go ver! — Stefan di s s e, puxando-a para o s eu l ado. E então:
— Voi l à... — M as não pas s ou de um s us s urro.
— O que é, o que é? — Bonni e gri tou, dando um s al to para frente. E
então el a parou também.
Damon não acel erou o pas s o. Só cami nhou. M as E l ena es tava ol hando
para Bonni e nes te momento, el a vi u s ua expres s ão quando el e vi u.
Na frente del es havi a uma es péci e de cas tel o pequeno, com grandes
torres que penetravam as nuvens bai xas que pai ravam aci ma del e. Havi a
al gum ti po de es cri ta s obre as enormes portas pretas , que pareci am as de uma
catedral , mas E l ena nunca vi ra al go pareci do com aquel es rabi s cos , devendo
s er de al guma l í ngua es trangei ra.
E m ambos os l ados do prédi o havi a paredes pretas que eram quas e tão
al tas quanto às torres . E l ena ol hou da es querda para a di rei ta e percebeu que
el as des apareci am quas e que i ntei ramente. E s em magi a, s eri a i mpos s í vel
s obrevoá-l as . O quê o garoto e a garota da hi s tóri a havi am des coberto depoi s de
di as , s egurando-s e na parede, el es s i mpl es mente havi am andado
di retamente para i s to.
— E s ta é a Cas a de Portai s dos Sete Tes ouros , não é, Bonni e? Não é? Ol he!
— E l ena gri tou.
Bonni e j á es tava ol hando, com ambas as mãos pres s i onadas contra s eu
coração, e pel a pri mei ra vez s em ter o que di zer. E nquanto E l ena as s i s ti a, a
garota menor cai u de j oel hos na neve cl ara e fi na. M as Stefan res pondeu. E l e
s egurou Bonni e e E l ena ao mes mo tempo e rodopi ou as duas no ar.
— É , s i m.
E l e di s s e, j us to quando E l ena es tava di zendo “É , s i m” e Bonni e, a
expert, arfou:
— Oh, é el e mes mo, é el e mesmo! — E l a di s s e, com l ágri mas congel ando
em s uas bochechas . Stefan col ocou s eus l ábi os na orel ha de E l ena.
— E você s abe o que i s s o s i gni fi ca, não s abe? Se es s a for a Cas a de
Portai s dos Sete Tes ouros , você s abe onde es tamos parados nes te i ns tante?
E l ena tentou i gnorar a quente s ens ação de formi gamento, que i a da s ol a
de s eus pés até a percepção da res pi ração de Stefan em s ua orel ha. E l a tentou
focar em s ua pergunta.
— Ol he para ci ma — Stefan s ugeri u. E l ena ol hou... E arfou.
Aci ma del es , ao i nvés das camadas de névoa ou da i nces s ante l uz do Sol
envai deci do que s e pendi a para s empre no hori zonte, havi a três l uas . Uma era
enorme, cobri ndo, tal vez, um s exto do céu, bri l hando em redemoi nhos de
branco e azul , s endo nebul os a nas bordas . Na frente del a havi a uma l ua
l i nda e prateada que devi a s er no mí ni mo três quartos tão grande quanto a
pri mei ra.
Por fi m, havi a uma pequena l ua em órbi ta, branca como um di amante,
que pareci a manter del i beradamente uma di s tânci a das outras duas . Todas
el as es tavam mei o chei as e davam um bri l ho genti l na neve ao redor de
E l ena.
— E s tamos no M undo Inferi or — E l ena di s s e, trêmul a.
— Oh... É i gual a hi s tóri a — Bonni e arfou. — E xatamente i gual . Até
mes mo a des cri ção. Até mes mo a quanti dade de neve!
— Exatamente i gual a hi s tóri a? — Stefan perguntou. — Até mes mo a fas e
das l uas ? E m que fas e el as es tão?
— E xatamente i gual . Stefan concordou.
— E u pens ei que s eri a mes mo. A hi s tóri a era uma profeci a, dada a você
com o propós i to de nos aj udar a encontrar a mai or E s fera E s tel ar j á fei ta.
— Bem, vamos entrar! — Gri tou Bonni e. — E s tamos perdendo tempo!
— Ok... M as todos em guarda. Não queremos que nada dê errado —
Stefan di s s e.
E l es foram para a Cas a de Portai s dos Sete Tes ouros nes ta ordem:
Bonni e, que havi a encontrado as grandes portas pretas que s e abri ram com um
s ó toque, mas aí el a não pôde ver nada, poi s el a es tava vi ndo de um l ugar
i l umi nado; Stefan e E l ena, de mãos dadas ; e Damon, que es perou do l ado de
fora por um l ongo tempo, E l ena pens ou que el e devi a es tar j ul gando aqui
como um “ti po di ferente de fes ta”.
E nquanto i s s o, os outros es tavam tendo o mai or choque de prazer da vi da,
s ó comparando com quando el es pegaram as Chaves M es tras dos ki ts une.
— Sage... Sage! — Bonni e es gani çou as s i m que s eus ol hos s e aj us taram.
— Oh, ol he, E l ena, é o Sage! Sage, como você es tá? O que você es tá fazendo
aqui ? Oh, é tão bom te ver!
E l ena pi s cou duas vezes , e a es curi dão do i nteri or da s al a octogonal
entrou em foco. E l a ol hou para o móvel úni co na s al a: uma mes a grade, que
fi cava no centro.
— Sage, você s abe quanto tempo faz que não nos vemos ? Você s abi a que
Bonni e quas e foi vendi da em um l ei l ão públ i co? Você s oube do s onho del a?
Sage es tava i gual , do j ei to que E l ena s empre o vi u: o corpo bronzeado e
em forma, pareci do com o de um Ti tã, o pei to nu e os pés des cal ços , o j eans
Levi ’s preto, os cabel os l ongos , emaranhados e em es pi rai s cor de bronze, e
es tranhos ol hos de bronzes que poderi am cortar aço, ou s er tão genti l como um
cordei ri nho de es ti mação.
— Mes deux peti ts chatons — Sage es tava di zendo. — M i nhas duas gati nhas ,
vocês me as s us taram. E u es ti ve vendo s uas aventuras . O Guardi ão dos Portai s
não é provi do de mui to entreteni mento e não é permi ti do s ai r des ta fortal eza,
mas vocês foram as mai s coraj os as e as mai s engraçadas . Je vous féli ci te.
E l e bei j ou pri mei ro a mão de E l ena e depoi s a de Bonni e, então abraçou
Stefan, dando-l he aquel e bei j o l ati no em s uas duas bochechas . E ntão
as s umi u s eu as s ento.
Bonni e es tava s ubi ndo em ci ma de Sage como s e el a fos s e mes mo uma
gati nha de verdade, aj oel hando-s e s obre a coxa del e.
— Você pegou a E s fera E s tel ar chei a de Poder de M i s ao? — E l a exi gi u.
— Você us ou metade del a, eu quero di zer? Para vol tar para cá?
— Mai s oui , eu us ei . M as eu também dei xei um pouco para a M adame
Fl owers ...
— Você não s oube que Damon us ou a outra metade para abri r o Portal
novamente? E que eu caí também, mes mo el e não me querendo aqui ? E por
caus a di s s o eu quas e fui vendi da como uma es crava? E que Stefan e E l ena
ti veram que vi r atrás de mi m, para s e certi fi carem que eu es tava bem? E que
a cami nho daqui E l ena quas e cai u da ponte, e que nós não temos certeza s e os
thurgs vão s obrevi ver? Você s abi a que a Úl ti ma M ei a-Noi te es tá chegando em
Fel l ’s Church, e não s abemos ...
Stefan e E l ena trocaram ol hares por um tempo, ol hares chei os de
s i gni fi cados e então Stefan di s s e:
— Bonni e, temos que fazer a pergunta mai s i mportante ao Sage — E l e
ol hou para Sage. — É pos s í vel s al varmos Fel l ’s Church? Temos tempo o
s ufi ci ente?
— Eh bi en. Pel o o que eu s ei s obre o vórtex cronol ógi co, vocês têm tempo o
bas tante e mai s um pouco para gas tar. O s ufi ci ente para uma taça de Bl ack
M agi c para acal mar vocês . M as antes di s s o, nada de vadi agem!
E l ena s enti u como s e fos s e um pedaço de papel amas s ado e que ti nha
s i do es ti cado e s uavi zado. E l a res pi rou profundamente. E l es podi am fazer
i s s o. Is s o permi ti u que el a s e l embras s e do s eu comportamento ci vi l i zado.
— Sage, como você acabou fi cando pres o aqui ? Ou você es teve nos
es perando?
— Hélas, não... E s tou aqui como uma forma de puni mento. Ti ve uma
Convocação Imperi al que não podi a s er i gnorada, mes ami s — E l e s us pi rou e
adi ci onou: — E u s ou novamente o Cara dos Favores . E ntão, agora, eu s ou o
embai xador do M undo Inferi or, como vocês podem ver — E l e ergueu as mãos
para o redor da s al a. — B i envenue.
E l ena não notou que o tempo es tava pas s ando, que preci os os mi nutos
es tavam s endo perdi dos . M as tal vez o própri o Sage fi zes s e al guma coi s a por
Fel l ’s Church.
— Você tem que fi car mes mo aqui ?
— M as é cl aro, até que mon père... M eu pai — Sage di s s e a pal avra
s el vagem e res s enti damente — ceda e eu pos s a retornar para a Corte Infernal ,
ou, bem mel hor, pos s a s egui r meu cami nho e nunca mai s vol tar. Ou, por
fi m, até que al guém tenha pena de mi m e me mate.
E l e ol hou curi os amente para o grupo, então s us pi rou e di s s e:
— Sabber e Tal on, el es es tão bem?
— E s tavam, até a hora de i rmos embora — E l ena di s s e, ans i os a por
conti nuar a fal ar s obre s eus própri os probl emas .
— B i en — Sage di s s e, ol hando para el a genti l mente —, mas deví amos
ter o grupo i ntei ro para um tour, não?
E l ena ol hou para as portas e então de novo para Stefan, mas Sage j á
es tava di zendo — tanto com s ua voz quanto com s ua tel epati a:
— Damon, mon pous s i net, você não quer se j untar aos seus camaradas?
Houve uma l onga paus a, e então as portas s e abri ram e um Damon
mui to mal humorado adentrou. E l e não res pondeu ao “B i envenue” ami gável de
Sage, ao i nvés di s s o, di s s e:
— E u não vi m aqui para s oci al i zar. Quero ver os tes ouros a tempo de
s al var Fel l ’s Church. E u não me es queci daquel a mal di ta ci dade, apes ar dos
outros terem s e es queci do.
— Alors mai ntenant — Sage di s s e, parecendo ofendi do — Vocês todos
pas s aram nos tes tes a cami nho daqui e podem dar uma ol hadi nha nos
tes ouros . Vocês podem até us ar magi a novamente, embora eu não tenha certeza
s e i s s o vá aj udar. Is s o tudo depende de qual tes ouro vocês es tão procurando.
Féli ci tati ons!
Todos , menos Damon, fi zeram um ges to que mos trou es tarem
envergonhados .
— Agora — Sage conti nuou —, eu devo mos trar cada Portal para vocês
antes que vocês pos s am es col her um. Tentarei s er rápi do, mas tenham
cu i dado, s’i l vous plaî t. Uma vez que vocês es col herem um tes ouro, es ta s erá a
úni ca porta que s erá aberta novamente para vocês .
E l ena encontrou-s e s egurando a mão de Stefan — que j á es tava à procura
da s ua — enquanto cada uma das portas bri l hava uma l uz fraca e prateada.
— Atrás de vocês — di s s e Sage —, es tá o grande portão que fez com que
vocês entras s em nes ta s al a, não? M as ao l ado del a, ah...
Uma porta bri l hou para mos trar uma caverna i mpos s í vel de s er
aces s ada. Impos s í vel por caus a das pedras preci os as caí das ao chão ou s ai ndo
das paredes da caverna. Rubi s , di amantes , es meral das , ameti s tas ... Cada
uma tão grande quanto o pul s o de E l ena, dei tadas s obre grandes pi l ares .
— É l i ndo, mas … Não, é cl aro! — E l a di s s e fi rmemente, e es ti cou s eu
braço para col ocar uma mão no ombro de Bonni e. A próxi ma porta apareceu,
bri l hando, então bri l hou ai nda mai s ai nda, parecendo que i a des aparecer.
— E aqui — Sage s us pi rou —, é o famos o paraí s o ki ts une.
E l ena pôde s enti r s eus ol hos aumentarem. E ra um di a ens ol arado no
mai s l i ndo parque que el a j á havi a vi s to. No fundo, havi a uma cachoei ri nha
que caí a s obre um ri acho, que corri a por uma col i na verde, enquanto bem na
frente del a havi a um banco de pedra, apenas do tamanho para que duas
pes s oas pudes s em s e s entar, debai xo de uma árvore que pareci a uma
cerej ei ra em pl ena fl oração.
Fl ores voavam conforme uma bri s a que agi tava a cerej ei ra e um
pes s eguei ro que es tava al i por perto — caus ando uma chuva de pétal as .
E mbora E l ena s ó ti ves s e vi s to o l ugar por um momento, el e j á pareci a s er
fami l i ar para el a. E l a s ó preci s ava andar em di reção a el e...
— Não, Stefan!
E l a teve que tocar s eu braço. E l e es tava andando di reto para o j ardi m.
— O quê? — E l e di s s e, bal ançando s ua cabeça como al guém que acaba
de acordar de um s onho. — E u não s ei o que aconteceu. Pareceu que eu es tava
i ndo para vel ha, vel ha cas a... — Sua voz s e cortou. — Sage, conti nue, por favor.
A próxi ma porta j á es tava bri l hando, mos trando vári as pratel ei ras com
vi nho Cl ari on Loes s Bl ack M agi c. À di s tânci a, E l ena pôde ver uma vi nha com
l uxuos os cachos de uva que pareci am s er bem pes ados , frutos que nunca
veri am a l uz do Sol até que s e fos s e fei to o famos o l í qui do.
Todos j á es tavam bebendo Bl ack M agi c de s uas taças , então foi fáci l
di zer “não” até mes mo para as l uxuos as uvas . As s i m que a próxi ma porta
bri l hou, E l ena ouvi u-s e arfar.
E ra o mei o do di a, mui to bri l hante. Cres cendo numa cerca até onde el a
pôde ver havi a grandes arbus tos com i mens as ros as — nas quai s , as pétal as
ti nham a aparênci a negra, quas e avel udada.
As s us tada, el a vi u que todos ol havam para Damon, quem havi a dado um
pas s o para frente como s e fos s e i nvol untari amente. Stefan es ti cou s eu braço,
i mpedi ndo s ua pas s agem.
— E u não pude ol har bem — Damon di s s e —, mas acho que es s as s ão
i guai s a que eu... Des truí . E l ena vi rou-s e para Sage.
— E l as s ão i guai s , não s ão?
— Poi s não — Sage di s s e, parecendo i nfel i z. — E s s as s ão todas ros as da
M ei a-Noi te, noi r pur... Iguai s a que es tava no buquê do ki ts une branco. M as
es tas não pos s uem fei ti ços. Os ki ts une s ão os úni cos que podem col ocar fei ti ços
nel as ... Ti po a remoção da mal di ção do vampi ro.
Houve um s us pi ro de des apontamento em todos os ouvi ntes , mas Damon
apenas pareceu es tar mai s s ombri o. E l ena es tava pres tes a fal ar, a di zer que
Stefan não devi a s er s ubmeti do a i s to, quando as pal avras de Sage entraram
em s i ntoni a com o bri l ho do próxi mo portão, e s enti u uma i mens a onda de
i nvej a.
— Acho que vocês a chamari am de “La Fontai ne da E terna Juventude e
Vi da” — Sage di s s e.
E l ena pôde ver uma fonte ornamentada j orrando, a s pray de água
eferves cente no topo formava um arco-í ri s . Pequenas borbol etas de todas as
cores voavam ao redor del a, pous adas nas fol has do pavi l hão que embal avam a
vegetação.
M eredi th, com s ua cabeça no l ugar e l ógi ca pres ente, não es tava al i ,
então E l ena afundou s uas unhas nas pal mas de s uas mãos e gri tou: “Não! A
próxi ma!” o mai s rápi da e forçadamente pos s í vel .
Sage es tava fal ando novamente. E l a fez-s e ouvi r.
— A Fl or Radhi ka Real , no qual a l enda di z que fora roubada da Corte
Cel es ti al há mui tos mi l êni os atrás . E l a muda de forma. Uma coi s a era di zer…
Outra, total mente di ferente, era ver...
E l ena vi u aqui l o es pantada, enquanto uma dúzi a ou mai s de fl ores com
has tes es pes s as e entrel açadas , coroadas com um l i ndo l í ri o branco,
tremul ava um pouco. No momento s egui nte el a es tava ol hando para um
agl omerado de vi ol etas com fol has de vel udo e uma gota de orval ho bri l hando
s obre uma pétal a. Um momento depoi s , os caul es foram cobertos com radi antes
boca-de-l eões da cor vermel ha — com a gota de orval ho ai nda no l ugar. Antes
que el a pudes s e s e l embrar em não es tender as mãos para tocá-l os , as boca-
de-l eões tornaram-s e ros as vermel has profundas e total mente abertas .
Quando as ros as s e trans formaram em uma fl or exóti ca de ouro que E l ena
nunca ti nha vi s to, el a teve de vi rar as cos tas .
E l a encontrou-s e pul ando em di reção a um pei to mas cul i no forte e nu
enquanto forçava-s e a vol tar à real i dade. A M ei a-Noi te es tava chegando... E
não era como um mar de ros as .
Fel l ’s Church preci s ava de toda a aj uda que pudes s e cons egui r e l á
es tava el a ol hando as fl ores . Abruptamente, Sage ti rou os pés del a do chão e
di s s e:
— Uma tentação, es peci al mente para uma la beauté adorável i gual você,
belle madame. M as que regra boba, es s a, que não a dei xa nem pegar uma
mudi nha! M as há al go mui to mai or e mai s puro que a bel eza, E l ena. Você, o
s eu nome. Na Anti ga Gréci a, E l ena s i gni fi cava “l uz”! A es curi dão es tá s e
aproxi mando rapi damente… A Úl ti ma M ei a-Noi te Já Vi s ta! Bel eza não i rá
afas tá-l a; i s to é uma bagatel a, uma bugi ganga, i núti l em tempos de
des as tre. M as luz, E l ena, a luz conqui s tará a es curi dão! E u acredi to ni s to tanto
quanto eu acredi to na s ua coragem, na s ua hones ti dade e no s eu coração
amoros o e genti l .
Com i s s o, el e a bei j ou na tes ta e a col ocou de vol ta ao chão.
E l ena es tava confus a. De todas as coi s as que el a s abi a, el a s abi a
mel hor do que todos que não poderi a derrotar a es curi dão que es tava s e
aproxi mando — pel o menos , não s ozi nha.
— M as você não es tá s ozi nha — Stefan s us s urrou, e el a percebeu que
el e es tava bem ao l ado del a, e que el a es tava com s ua mente aberta, proj etando
s eus pens amentos tão cl aramente como s e es ti ves s e fal ando.
— E s tamos aqui com você — Bonni e di s s e em uma voz duas vezes mai s
al ta que el a. — Não temos medo do es curo. Houve uma paus a enquanto todos
tentavam não ol har para Damon.
Por fi m, el e di s s e:
— De al guma forma, eu vou di zer es ta i ns ani dade... Ai nda me pergunto
o que aconteceu para eu di zer i s to, mas eu j á cheguei l onge demai s para agora
dar pra trás .
Sage vi rou-s e em di reção à ul ti ma porta e el a bri l hou. Não tanto, porém.
Pareci a s er a s ombra de uma árvore mui to grande. O que era es tranho,
entretanto, era que não cres ci a nada embai xo del a. Nada de s amambai as ,
arbus tos ou mudas , nem ao menos as normal mente pres entes trepadei ras e
ervas dani nhas . Havi a al gumas fol has mortas no chão, mas , ti rando i s s o,
havi a apenas s uj ei ra.
Sage di s s e:
— Um pl aneta com apenas uma forma corpórea de vi da s obre el e. A
Grande Árvore que cobre um mundo i ntei ro. A copa cobre tudo, menos os l agos
com água fres ca que el a preci s a para s obrevi ver.
E l ena ol hou para o coração do mundo crepus cul ar.
— Vi emos tão l onge, e tal vez, j untos ... Tal vez pos s amos encontrar a
E s fera E s tel ar que s al vará nos s a ci dade.
— Vocês es col hem es ta porta? — perguntou Sage.
E l ena ol hou para o res to do grupo. E l es todos pareci am es tar es perando
por s ua confi rmação.
— Si m... Sej amos rápi dos . Temos que nos apres s ar.
E l a fez o movi mento de abai xar s ua taça e el a des apareceu. E l a s orri u,
agradeci da, para Sage.
— E s tri tamente fal ando, eu não devi a aj udá-l os — E l e di s s e —, mas
s e vocês ti verem uma bús s ol a... E l ena ti nha uma. E l a es tava s empre pres a à
s ua mochi l a, poi s el a s empre tentava l ê-l a.
Sage col ocou a bús s ol a em s ua mão e traçou uma l i nha s obre el a. E l e
deu a bús s ol a de vol ta para E l ena e el a vi u que a agul ha j á não mai s apontava
para o norte, mas para um ângul o a nordes te.
— Si ga a s eta — E l e di s s e. — E l a os l evará para o tronco da Grande
Árvore. Se eu ti ves s e que adi vi nhar onde encontrar a mai or E s fera E s tel ar, eu
i ri a para es te cami nho. M as tenham cui dado! Outros j á tentaram es te
cami nho. Seus corpos têm al i mentado a Grande Árvore... Como ferti l i zante.
E l ena mal pôde ouvi r as pal avras . E l a es tava com medo ao pens ar em
procurar pel o pl aneta i ntei ro por uma E s fera E s tel ar. É cl aro, devi a s er um
mundo bem pequeno, i gual ... Igual ...
Ig ual a pequena lua de di amante que você vi u aci ma do Mundo Inferi or?
A voz na mente de E l ena era, ao mes mo tempo fami l i ar e es tranha. E l a
deu uma ol hadel a para Sage, que s orri u. E ntão el a ol hou para ao redor da s al a.
Pareci a que todos es tavam es perando que el a des s e o pri mei ro pas s o.
E l a deu.
34
— Vocês foram al i mentados e cui dados do mel hor j ei to que cons egui mos
— M eredi th di s s e, ol hando para todos os j ovens com ros tos as s us tados e tens os ,
quando todos s e vi raram para el a, no porão. — E agora, s ó há uma coi s a que
pedi mos em troca.
E l a fez um es forço e fi rmou s ua voz.
— Quero s aber s e al guém tem um cel ul ar que s e conecta com a
i nternet, ou um computador que ai nda es tej a funci onando. Por favor, por favor...
Se vocês até mes mo pensam s aber onde há um funci onando, me di ga.
A tens ão pareci a um cordão de borracha es pes s a, arras tando M eredi th
para cada um dos ros tos pál i dos e tens os , que a ol havam do mes mo j ei to.
Jus to quando M eredi th es tava es s enci al mente equi l i brada, cerca de
doze mãos s e l evantaram i medi atamente, e uma meni na s ol i tári a de ci nco
anos de i dade di s s e:
— M i nha mamãe tem um. E meu papai também.
Houve uma paus a e antes que M eredi th pudes s e di zer “Al guém conhece
es s a meni na?”, uma meni na mai s vel ha di s s e:
— E l a quer di zer que el es ti nham um, antes da chegada do Homem das
Chamas .
— O Homem das Chamas é o Shi ni chi ? — M eredi th perguntou.
— Cl aro. Às vezes el e fazi a as partes vermel has de s eu cabel o
quei marem até o topo de s ua cabeça.
M eredi th guardou es te fato embai xo de “Coi sas que eu não quero ver,
si nceramente, de coração, nunca mesmo.”
E l a s e s acudi u para ti rar a i magem de s ua cabeça.
— Garotos e garotas , por favor, por favor, pens em. E u s ó preci s o de um:
um cel ul ar com aces s o à i nternet, que ai nda tenha bateri a, neste i nstante. Um
notebook ou computador que ai nda es tej a funci onando agora, tal vez por caus a
de um gerador que ai nda dê el etri ci dade. Só de uma famí l i a com gerador que
ai nda es tej a funci onando. Al guém?
As mãos es tavam abai xadas agora.
Um garoto que el a pens ou reconhecer como o i rmão de Lori ng, tal vez com
dez ou onze anos , di s s e:
— O Homem das Chamas di s s e que cel ul ares e computadores eram
coi s as rui ns . É por i s s o que meu i rmão teve uma bri ga mano-a-mano com o
meu pai . E l e j ogou todos os cel ul ares da cas a na pri vada.
— Ok, ok, obri gada. M as al guém vi u um cel ul ar funci onando ou um
computador? Ou um gerador?
— Ora, s i m, mi nha amada, eu tenho um — A voz vei o do topo das
es cadas .
A Sra. Fl owers es tava parada l á, ves ti da com um s obretudo.
E s tranhamente, el a es tava com s ua bol s a vol umos a em uma das mãos .
— Você tem… Tem um gerador? — M eredi th perguntou, s eu coração
acel erando.
Que perda de tempo! Se a ci dade vi es s e abai xo por caus a del a, M eredi th,
el a ai nda não teri a termi nado s ua própri a pes qui s a! Os mi nutos es tavam
pas s ando, e s e al guém em Fel l ’s Church morres s e, s eri a cul pa del a. Cul pa
dela. E l a não achava que poderi a vi ver com i s s o. M eredi th tentou, durante toda
a s ua vi da, al cançar o es tado de cal ma, concentração e equi l í bri o que era o
outro l ado da moeda das s uas habi l i dades de l uta das di vers as di s ci pl i nas
que el a havi a aprendi do. E el a havi a fi cado boa ni s to: uma boa obs ervadora,
uma boa fi l ha, até mes mo uma boa al una entre todas do ex-grupi nho popul ar
de E l ena. E l e era compos to por: E l ena, M eredi th, Carol i ne e Bonni e, que,
j untas , pareci am quatro peças de um quebra-cabeça. M eredi th, às vezes ,
s enti a fal ta dos vel hos tempos de ous adi a e de bri ncadei ras ps eudo-
s ofi s ti cadas , que nunca machucaram ni nguém — exceto aquel e garotos bobos
que fi cavam em vol ta del a como formi gas fi cam em vol ta de um pi queni que.
M as agora, ol hando para s i mes ma, el a es tava confus a. Quem era el a?
Uma garota hi s pâni ca com o nome da mel hor ami ga gal ega de s ua mãe, dos
tempos de facul dade. Uma caçadora de vampi ros que ti nha dentes de gati nho,
um i rmão gêmeo vampi ro, e um grupo de ami gos que i ncl uí a Stefan, um
vampi ro; E l ena, uma ex-vampi ra... E , pos s i vel mente, outro vampi ro, embora
el a es ti ves s e extremamente hes i tante em chamar Damon de “ami go”.
E aonde chegamos com tudo i s s o?
Com uma garota tentando fazer o s eu mel hor para manter o equi l í bri o e a
concentração, em um mundo que havi a enl ouqueci do. Uma garota que ai nda
es tava s e curando das verdades que el a aprendera s obre s ua própri a famí l i a, e
agora s e torturava, tentando confi rmar uma s us pei ta terrí vel .
Pare de pens ar. Pare! Você tem que contar à Sra. Fl owers que s ua pens ão
fora des truí da.
— Sra. Fl owers ... Sobre a s ua pens ão… E u tenho que te di zer…
— Por que você não us a o meu Bl ackBerry pri mei ro? — A Sra. Fl owers
des ceu as es cadas do porão cui dados amente, ol hando para s eus pés , e então as
cri anças foram para frente del a como ondas do M ar Vermel ho.
— O s eu...? — M eredi th encarou, chocada.
A Sra. Fl owers abri u s ua enorme bol s a e agora s egurava um pequeno
obj eto preto para el a.
— Ai nda tem bateri a — A vel ha s enhora expl i cou enquanto M eredi th
pegava o obj eto com as duas mãos trêmul as , como s e es ti ves s e pegando um
obj eto s agrado. — Acabei de l i gá-l o e es tá funci onando. E agora, es tou na
i nternet! — E l a di s s e, orgul hos amente.
O mundo de M eredi th fora engol i do por uma tel i nha anti quada, ci nza e
pequena.
E l a es tava tão s urpres a e ani mada por ver aqui l o que quas e es queceu o
porquê del a preci s ar del e. M as s eu corpo s abi a. Seus dedos s e fi rmaram;
s eus pol egares dançaram s obre as tecl as . E l a entrou na s ua pági na favori ta de
bus cas e di gi tou a pal avra “Ori me”. Apareceram vári as pági nas — a mai ori a
em j aponês . E ntão, s enti ndo s eus j oel hos tremerem, el a di gi tou “Inari ”.
6.530.298 res ul tados .
E l a foi para no pri mei ro l i nk que apareceu e vi u uma web page com uma
defi ni ção. Pal avras -chave pareci am voar para ci ma del a como s e fos s em
abutres . Inari era uma di vi ndade Shi nto j apones a do arroz... E ... Das rapos as .
Na entrada de um s antuári o de Inari há… E s tátuas de doi s ki ts une… Um do
s exo mas cul i no e outra do femi ni no… Ambos com uma chave ou com uma j oi a
na boca ou na pata… E s s es es pí ri tos -rapos a s ão os s ervos e os mens agei ros de
Inari . E l es s eguem as ordens de Inari …
Havi a também uma foto com um par de es tátuas de ki ts une, na forma de
rapos a. Ambos ti nham em s uas patas uma E s fera E s tel ar.
Três anos atrás , M eredi th havi a fraturado s ua perna quando el a es tava
em uma vi agem de es qui com s eus pri mos , nas M ontanhas Bl ue Ri dge.
E l a havi a dado de encontro di reto com uma árvore. Nenhuma arte marci al
poderi a tê-l a s al vado no úl ti mo mi nuto; el a es tava es qui ando em áreas
peri gos as , onde el a s abi a que poderi a trombar com qual quer coi s a: barrancos ,
abi s mos , rochas . E , é cl aro, árvores . M ui tas árvores . E l a era uma óti ma
es qui adora, mas el a es tava i ndo rápi do demai s , i ndo para a di reção errada, e a
próxi ma coi s a que el a percebeu foi que havi a uma árvore em s eu cami nho.
Agora, el a ti nha a mes ma s ens ação de acordar depoi s de dar de cara com
a árvore. O choque, a tontura e a náus ea que eram, i ni ci al mente, pi ores que a
dor. M eredi th podi a aguentar a dor. M as a martel ada em s ua cabeça, a
cons ci ênci a de que el a havi a cometi do um g rande erro e que el a teri a que
pagar por i s s o era i ns uportável . Al ém di s s o, havi a o medo curi os o em s aber
que s uas própri as pernas poderi am não aguentá-l a por mui to tempo. Até
mes mo as mes mas perguntas i nútei s corri am pel o s eu s ubcons ci ente, ti po:
“Como eu pude s er tão burra?” “Será que i s s o é um s onho?” e “Por favor, Deus ,
s erá que é pos s í vel eu apertar o botão Ctrl + Z?
M eredi th de repente percebeu que el a es tava apoi ada tanto na Sra.
Fl owers quanto em uma meni na de dezes s ei s anos , Ava Wakefi el d. O cel ul ar
es tava no chão de concreto do porão. M ui tas cri anças es tavam gri tando pel o
nome de M att.
— Não... E u... E u cons i go fi car em pé.
Tudo que el a mai s queri a no mundo era s e enfi ar em um buraco e fugi r
des te horror. E l a queri a que s uas pernas ti ras s em uma fol ga e que s ua
mente fi cas s e em branco, as s i m el a poderi a fugi r...
M as el a não podi a fugi r. E l a pegou a es taca; el a ti nha uma obri gação,
i gual s eu avô. Qual quer coi s a s obrenatural que ti rava o s os s ego de Fel l ’s
Church, e que es ti ves s e em s ua mi ra, era s eu probl ema. E o probl ema é que
s ua obri gação nunca acabava.
M att des ceu correndo as es cadas , carregando uma meni na de s ete anos
de i dade, Hai l ey, que conti nuava s e contorcendo em pequenas convul s ões .
— M eredi th! — E l a pôde ouvi r a i ncredul i dade na voz del e. — O que foi ?
O que você des cobri u, pel o amor de Deus ?
— Venha... Ver.
M eredi th es tava l embrando-s e de detal he por detal he que deveri am ter
aci onando um al erta em s ua cabeça. M att, de al guma forma, j á es tava ao s eu
l ado, enquanto el a s e l embrava da pri mei ra des cri ção de Bonni e s obre Is obel
Sai tou.
— Ela é do ti po qui eti nha. Di fí ci l de se conhecer bem. Tí mi da. E... Gente boa.
E a pri mei ra vi s i ta à cas a das Sai tou. Da meni na qui eti nha, tí mi da e
gente boa, s urgi u outra Is obel Sai tou: a Deus a dos Pi erci ngs , com s angue e
pus s ai ndo de vári os buracos em s eu corpo. E quando el es havi am tentado
l evar o j antar para s ua vel ha avó, M eredi th havi a percebi do que o quarto de
Is obel era bem embai xo do da vel ha s enhora. Depoi s de ver Is obel toda chei a de
pi erci ngs e cl aramente des control ada, M eredi th pres umi u que al guma
i nfl uênci a mal i gna devi a es tar tentando s e es pal har e, no fundo de s ua
mente, el a s e preocupou com a vel hi nha. M as o mal poderi a s i mpl es mente
ter vi ndo de l á de ci ma. Tal vez Ji m Bryce não tenha trans mi ti do o mal ach para
Is obel , no fi nal das contas . Tal vez ela tenha trans mi ti do para ele, e el e havi a
trans mi ti do para Carol i ne e para s ua i rmã.
E aquel a bri ncadei ra de roda! A mús i ca cruel e mal dos a que a
Obaas an... Que Inari -Obaas an havi a cantado: “Uma raposa e uma tartarug a uma
corri da foram apostar...” E s uas pal avras : “Há um ki tsune envolvi do ni sto de alg uma
manei ra.” E l a havi a ri do del es , s e di verti ndo! Al ém di s s o, foi de Inari -
Obaas an que M eredi th havi a ouvi do pel a pri mei ra vez a pal avra “ki ts une”.
E uma cruel dade adi ci onal , que M eredi th s ó havi a s i do capaz de
perdoar, antes , porque pens ou que Obaas an ti ves s e uma vi s ão mui to rui m.
Naquel a noi te, M eredi th es tava de cos tas para a porta, as s i m como Bonni e
também es tava... E l as es tavam concentradas na “pobre Obaas an”. M as
Obaas an es tava ol hando para a porta, e el a era a úni ca que poderi a ter vi s to —
que deveri a ter vi s to — Is obel vi r de fi ni nho por detrás de Bonni e. E então,
quando a mús i ca terrí vel di s s e à Bonni e para el a ol har para trás ...
Is obel havi a apareci do al i , pronta para l amber a tes ta de Bonni e com uma
l í ngua ros a e bi furcada...
— Por quê? — M eredi th pôde ouvi r s ua própri a voz di zendo — Por que eu
fui tão burra? Como eu não pude ter vi s to des de o começo?
M att havi a recuperado o Bl ackBerry e l i a a web page. E ntão el e
s i mpl es mente parou, fi xo, s eus ol hos azui s arregal ados .
— Você es tava certa — E l e di s s e, depoi s de um l ongo momento.
— E u quero tanto es tar errada...
— M eredi th... Shi ni chi e M i s ao s ão servos de Inari ... Se es s a mul her for
Inari , nós es ti vemos correndo atrás das pes s oas erradas , gas tando es forços ...
— Aquel es mal di tos Pos t-It — M eredi th fi cou chocada. — Aquel es fei tos
por Obaas an. E l es s ão i nútei s , s em efei to. Todo aquel e maço que el a
abençoou não deve ter nenhum pi ngo de bondade... M as , tal vez, el a os tenha
abençoado... Como s e fos s e um j ogui nho. Is obel até chegou em mi m e mudou
todos os caracteres que a vel ha s enhora fez para os j arros para prender
Shi ni chi e M i s ao. E l a di s s e que a Obaas an es tava quas e cega. E l a dei xou
uma l ágri ma no banco do meu carro. E u não pude entender o porquê del a es tar
chorando.
— E u ai nda não entendo. E l a é neta del a... Provavel mente a tercei ra
geração de um mons tro! — M att expl odi u. — Por que el a chorari a? E por que os
Pos t-It funci onam?
— Porque el es foram fei tos pel a mãe de Is obel — A Sra. Fl owers di s s e
s i l enci os amente. — Queri do M att, eu tenho mi nhas dúvi das de que aquel a
mul her s ej a real mente uma parenta das Sai tou. Sendo el a uma di vi ndade...
Ou um s er mági co poderos o com o nome de uma di vi ndade... E , s em dúvi das ,
uma ki ts une, el a deve ter s e mudado com el as para cá e as us ado es te tempo
todo. Is obel e s ua mãe não ti nham es col ha a não s er conti nuar com a fars a,
com medo do que el a poderi a fazer com el as , cas o el as não conti nuas s em.
— M as , Sra. Fl owers , quando Tyrone e eu puxamos aquel e fêmur do
mato, você não ti nha di to que as Sai tou fazi am excel entes amul etos ? E você não
di s s e que poderí amos pedi r aj udar a el as na tradução das pal avras para os
j arros de barro, quando Al ari c mandou aquel as fotos daquel a i l ha j apones a?
— Quanto a mi nha crença nas Sai tou, bem, eu vou ter que mudar umas
coi s i nhas aqui — A Sra. Fl owers di s s e. — Não ti nha como eu s aber que es s a
Obaas an era mal i gna, mas ai nda há duas del as que s ão genti s e boas , e que
têm nos aj udado tremendamente... M es mo col ocando-s e em um grande ri s co.
M eredi th podi a s enti a o gos to amargo da bi l e em s ua boca.
— Is obel poderi a ter nos salvado. E l a poderi a ter di to: “M i nha fal s a avó é,
na verdade, um demôni o”.
— Oh, mi nha queri da M eredi th, os j ovens de hoj e s ão i mpl acávei s .
E s ta Inari deve ter s e i ns tal ado na cas a del a quando el a era uma cri ança.
Tudo que el a s abi a, pri mei ramente, era que a vel ha era uma ti rana com o
nome de uma deus a. E ntão, tal vez, com al guma demons tração de poder... O
que deve ter aconteci do com o mari do de Ori me, eu me pergunto, para fazer
com que el e vol tas s e ao Japão... Is to é, s e fato el e foi para l á? E l e pode mui to
bem es tar morto agora. E então, Is obel foi cres cendo: tí mi da, qui eta,
i ntroverti da... Com medo. Aqui não é o Japão; não há outras s acerdoti s as no qual
s e pos s a confi ar. E você vi u as cons equênci as quando Is obel es tendeu a mão
para al guém fora de s ua famí l i a... O que aconteceu com s eu namorado, Ji m
Bryce.
— E conos co... Bem, com você e com Bonni e — M att di s s e à M eredi th.
— E l a col ocou Carol i ne atrás de você.
M al s abendo o que el es es tavam fazendo, el es começaram a fal ar mai s
e mai s rápi do.
— Temos que i r agora mes mo — Di s s e M eredi th. — Shi ni chi e M i s ao
podem s er aquel es que trarão a Úl ti ma M ei a-Noi te, mas é Inari quem dá as
ordens . E , quem s abe? E l a também pode s er aquel a que atri bui às puni ções .
Nós não s abemos qual é o tamanho de sua E s fera E s tel ar.
— E nem s abemos onde el a es tá — Di s s e a vel ha s enhora.
— Sra. Fl owers — M att di s s e apres s adamente —, s eri a mel hor você
fi car aqui com as cri anças . A Ava aqui é confi ável , e onde es tá o Jacob
Lagherty?
— Aqui — Di s s e um garoto que pareci a ter mai s de qui nze anos E l e era
tão al to quanto M att, s ó que mai s des engonçado.
— Ok. Ava, Jake, você es tão s ob os comandos da Sra. Fl owers . Dei xaremos
o Sabber com vocês também.
O cão era um grande s uces s o entre as cri anças , em s eu mel hor
comportamento, mes mo quando os mai s j ovens mordi am s ua cauda.
— Vocês doi s devem ouvi r a Sra. Fl owers e...
— M att, queri do, eu não vou fi car aqui . M as o ani mal s erá de grande
aj uda para proteger as cri anças .
M att a encarou. M eredi th s abi a o que el e es tava pens ando. Será que a
Sra. Fl owers , quem havi a s i do confi ável até agora, i ri a para al gum l ugar s e
es conder? Será que el a i ri a abandoná-l os ?
— E eu vou preci s ar que um de vocês me l eve até a cas a das Sai to...
Rapi damente! M as o outro pode fi car aqui e proteger as cri anças , também.
M eredi th es tava, ao mes mo tempo, al i vi ada e preocupada, e M att es tava
cl aramente do mes mo j ei to.
— Sra. Fl owers , haverá uma batalha. Você pode s e machucar ou s er fei ta
de refém tão faci l mente...
— Queri do M att, es ta é a mi nha batal ha. M i nha famí l i a vi veu em
Fel l ’s Church durante mui tas gerações , des de a época do pi onei ri s mo. E u
acredi to que es ta s ej a a batal ha pel a qual eu nas ci . Certamente a úl ti ma,
devi do a mi nha i dade.
M eredi th congel ou. Na penumbra do porão, a Sra. Fl owers pareci a es tar
di ferente, de al guma forma. Até mes mo s eu corpi nho pareci a es tar mudando,
cres cendo, fi cando bem mai s al to.
— M as como você vai l utar? — M att perguntou, parecendo atordoado.
— Com i s s o. Aquel e bel o j ovem, Sage, dei xou i s to para mi m com um
bi l hete de des cul pas por us ar a E s fera E s tel ar de M i s ao. E u cos tumava s er
bem habi l i dos a com i s to, quando era mai s j ovem.
Da s ua bol s a es paços a, a Sra. Fl owers ti rou al go pál i do, l ongo e fi no, e
quando aquel a coi s a s e des enrol ou, a Sra. Fl owers bateu com aqui l o na
parede, fazendo um barul ho bem al to no porão. Aqui l o ati ngi u uma bol a de
pi ngue-pongue, enrol ando-s e em vol ta del a, vol tando l ogo em s egui da para a
mão aberta da Sra. Fl owers .
Um chi cote. Fei to de al gum materi al prateado. Indubi tavel mente mági co.
Até mes mo M att pareci a ter medo del e.
— Por que Ava e Jake não ens i nam as cri anças a como j ogar pi gue-
pongue, enquanto es ti vermos fora? E devemos i r l ogo, meus queri dos .Não
temos tempo a perder. Uma terrí vel tragédi a es tá chegando, Mama me di s s e.
M eredi th es teve as s i s ti ndo... Senti ndo-s e tão atordoada quanto M att.
M as agora el a di s s e:
— E u tenho uma arma também — E l a pegou a es taca e di s s e: — E u
l utarei , M att. Ava, as cri anças es tão s ob s eus cui dados .
— E s ob os meus — Jacob di s s e, e i medi atamente mos trou s ua
uti l i dade, adi ci onando: — Aqui l o al i pendurado não é um machado, perto da
fornal ha?
M att correu e o agarrou. M eredi th podi a ver, pel a s ua expres s ão, o que
el e es tava pens ando: Si m! Um machado pes ado, um pouco enferruj ado, mas
ai nda forte o s ufi ci ente. Agora, s e os ki ts une mandaram pl antas ou árvores
contra el es , el e es tari a armado.
A Sra. Fl owers j á es tava no topo das es cadas do porão. M eredi th e M att
trocaram um rápi do ol har e então el es correram para encontrá-l a.
— Você di ri ge o SUV de s ua mãe. E u s entarei no banco de trás . E u es tou
um pouco... Bem, tonta, eu acho. M eredi th não gos tava de admi ti r uma
fraqueza pes s oal , mas era mel hor do que bater com o carro.
M att concordou e el e era bom o bas tante para não comentar o porquê del a
s e s enti r tonta. E l a ai nda não podi a acredi tar em s ua própri a es tupi dez.
A Sra. Fl owers s ó di s s e uma coi s i nha:
— M att, queri do, quebre al gumas regras de trâns i to.
35
E l ena s e s enti u como s e não ti ves s e fei to nada em toda s ua vi da, exceto
andar s ob a s ombra de uma árvore com ramos al tos . Não es tava fri o l á, mas
s i m quente. Não es tava es curo, mas s i m opaco. Ao i nvés da l uz carmes i m
cons tante do Sol vermel ho i nchado na Di mens ão das Trevas , el es andavam s ob
um crepús cul o cons tante. E ra enervante s empre ol har para ci ma, para o céu, e
nunca ver a l ua... Ou l uas ... Ou o pl aneta... Que poderi a mui to bem es tar l á
em ci ma. Ao i nvés de céu, não havi a nada a não s er gal hos de árvores
emaranhados , cl aramente pes ados e i ntri ns ecamente entrel açados como que
para ocupar o es paço todo aci ma.
E l a es tava fi cando l ouca, ao pens ar que el es tal vez pudes s em es tar na
l ua, na pequena l ua bri l hante de di amante, que você poderi a ver do l ado de
fora do Portal do M undo Inferi or? E l a era mui to pequena para ter uma
atmos fera? Pequena demai s para ter uma gravi dade adequada? E l a havi a
percebi do que el a s e s enti a mai s l eve aqui , e que Bonni e pareci a mai s al ta.
Será que el a poderi a...? E l a fl exi onou s uas pernas , s ol tou a mão de Stefan, e
pulou.
Foi um s al to l ongo, mas não a l evou a qual quer l ugar próxi mo à copa de
gal hos entrel açados aci ma. E el a também não pous ou devi damente com os
s eus pés .
E l a es correu em di reção às fol has e des l i zou de bumbum por, tal vez,
noventa centí metros antes que pudes s e cravar s eus dedos e pés e, por fi m,
parar.
— E l ena! Você es tá bem?
E l a pôde ouvi r Stefan e Bonni e di zerem i s s o por detrás del a, s egui do de
um rápi do e i mpaci ente: “Você é louca?“ de Damon.
— E u es tava tentando des cobri r onde nós es tamos tes tando a gravi dade —
E l a di s s e, erguendo-s e s ozi nha e ti rando as fol has de s eus j eans ,
humi l hada.
M as que droga! Aquel as fol has havi am fi cado pres as nas cos tas de s ua
cami s eta, entrando até mes mo em s ua cami s ol a. O grupo havi a dei xado a
mai ori a de s uas pel es l á na Cas a de Portai s , onde Sage poderi a guardá-l as , e
E l ena nem s equer ti nha uma roupa res erva.
Is s o foi i di oti ce, el a di s s e a s i mes mo, real mente brava agora.
E nvergonhada, el a tentou andar e s e s acudi r ao mes mo tempo, para
tentar ti rar as fol has tri turadas de s eu corpo. Fi nal mente el a teve que di zer:
— Garotos , vocês poderi am ol har para o outro l ado? Bonni e, você poderi a vi r
aqui me aj udar?
Bonni e fi cou fel i z em aj udar e E l ena fi cou es pantada com o tanto de
tempo que l evou para ti rarem todas as fol has de s uas cos tas .
Na próxi ma vez que você qui ser uma opi ni ão ci entí fi ca, tente perg untar, a tel epati a
des denhos a de Damon comentou. E m voz al ta, el e adi ci onou:
— E u di ri a que a gravi dade é cerca de oi tenta por cento i gual à da Terra e
devemos es tar na l ua. Não que i s s o s i gni fi que al guma coi s a. Se Sage não nos
ti ves s e aj udado com es s a bús s ol a, nunca s erí amos capazes de encontrar o
tronco da árvore... Pel o menos , não a tempo.
— E l embrem-s e — E l ena di s s e — que a i dei a de que a E s fera
E s tel ar es tá próxi ma ao tronco é s ó um pal pi te. Temos que manter nos s os
ol hos bem abertos !
—M as o que devemos procurar?
Bonni e gemeu uma vez. M as agora el a s i mpl es mente perguntou
s i l enci os amente.
— Bem... — E l ena vi rou-s e para Stefan — E l a vai bri l har, não vai ?
Contra es ta horrí vel penumbra?
— Contra es ta horrí vel penumbra de camufl agem verde — Stefan
concordou. — E l a deve s er s emel hante a uma l uz pouco bri l hante em
des l ocamento.
— M as pens em as s i m — Damon di s s e, andando de vol ta para trás e
dando-l hes por um s egundo o s eu graci os o e bri l hante s orri s o de duzentos e
ci nquenta qui l owatts —, s e não s egui rmos a s uges tão de Sage, nós nunca
encontraremos o tronco. Se tentarmos vagar al eatori amente ao redor des te
mundo, nunca encontraremos nada... Nem o nos s o cami nho de vol ta. E então,
não s erá s ó Fel l ’s Church que dei xará de exi s ti r, nós todos morreremos , nes ta
ordem: pri mei ro, os doi s vampi ros dei xaram de l ado o s eu comportamento
ci vi l i zado, por caus a da fome...
— Não o Stefan — Gri tou E l ena. E Bonni e di s s e:
— Você é tão mau quanto o Shi ni chi , com es s as s uas “revel ações ” s obre
nós ! Damon s orri u s uti l mente.
— Se eu fos s e tão mau quanto o Shi ni chi , pas s ari nho, você j á es tari a
s endo amas s ada como uma cai xa de s uco vazi a... Ou eu es tari a l á, s entado ao
l ado de Sage, s aboreando Bl ack M agi c...
— Ol ha, i s s o é i núti l — Stefan di s s e. Damon fi ngi u s i mpati a.
— Tal vez você pos s a ter... Probl emas … Com s ua área cani na, mas eu não
tenho, mani nho.
E l e del i beradamente os tentou o s orri s o, des ta vez para que todos
pudes s em ver os dentes afi ados . Stefan não mordeu a i s ca.
— E i s s o es tá nos atras ando...
— E rrado, mani nho. Al guns de nós domi namos a arte de fal ar e andar
ao mes mo tempo.
— Damon... Pare com i s s o. Pare! — E l ena di s s e, es fregando s ua tes ta
quente com s eus dedos fri os . Damon deu de ombros , ai nda movendo-s e para
trás .
— Você s ó ti nha que pedi r — E l e di s s e, com uma l eve ênfas e na
pri mei ra pal avra. E l ena não di s s e nada de vol ta. E l a s e s enti a febri l .
Não era um cami nho em l i nha reta. Frequentemente havi a enormes
montes de raí zes retorci das no cami nho, que devi am s er es cal ados . Às vezes ,
Stefan ti nha que us ar o machado em s ua mochi l a para fazer pontos de apoi o.
E l ena começou a odi ar a penumbra verde mai s do que tudo. E l a pregava
peças em s eus ol hos , as s i m como o s om abafado de s eus pés no chão coberto de
fol has pregava peças em s eus ouvi dos . Vári as vezes el a parou... E uma vez
Stefan di s s e:
— Tem mai s al guém aqui ! E s tá no s egui ndo!
E m todas às vezes el es todos ti veram de parar para ouvi r atentamente.
Stefan e Damon envi aram s ondas tel epáti cas de Poder o mai s l onge que
puderam chegar, em bus ca de outra mente. M as ou el a es tava bem
di s farçada, a ponto de s er i nvi s í vel , ou el a nem ao menos exi s ti a.
E então, depoi s de E l ena s e s enti r como s e ti ves s e andado durante s ua
vi da toda, e que teri a que andar até que eterni dade chegas s e ao fi m, Damon
parou abruptamente. Bonni e, bem atrás del e, prendeu a res pi ração. E l ena e
Stefan correram para frente para verem o que era.
O que E l ena vi u fez-l a di zer, s em fi rmeza:
— E u acho que perdemos o tronco e... E ncontramos ... A bei rada do
mundo...
No chão em frente del a, e até onde el a podi a ver, havi a uma es curi dão
repl eta de es trel as do es paço. M as ti rando as es trel as , havi a um pl aneta
gi gante e duas l uas enormes , uma azul e branca que rodava e a outra
prateada.
Stefan es tava s egurando s ua mão, comparti l hando s eus pens amentos
com el a, e um formi gamento correu s obre o braço del a e de repente s eus
j oel hos fi caram fracos , s ó pel o l eve toque dos dedos del e.
E ntão Damon di s s e s arcas ti camente:
— Ol hem para ci ma.
E l ena ol hou e arfou. Por um i ns tante s eu corpo pareceu compl emente
mai s l eve. E l a e Stefan automati camente enrol aram s eus braços em torno de
s i . E então E l ena percebeu o que el es es tavam vendo, tanto em ci ma como
embai xo.
— É água — E l a di s s e, encarando a pi s ci na es pal hada bem aci ma
del es .
— Uma das águas que o Sage nos di s s e. E não toquem ni s to. Nem
as s oprem.
— M as parece mes mo que es tamos naquel a l ua menor — Stefan di s s e
s uavemente, s eus ol hos aparentavam i nocênci a enquanto el e ol hava para
Damon.
— Si m, bem, então há al go exces s i vamente mai s pes ado no centro des ta
pequena l ua, para permi ti r que haj a oi to déci mos da gravi dade que
experi mentamos normal mente, e para haver atmos fera... M as quem s e
i mporta com a l ógi ca? E s te é um mundo que al cançamos através do M undo
Inferi or. Por que apl i carí amos l ógi ca? E l e ol hou para E l ena com s eus ol hos
um pouco s emi cerrados .
— Onde es tá a tercei ra? A s éri a?
A voz vei o detrás del es ... E l e pens ou.
E l a es tava... E l es todos es tavam... Vi rando-s e para ol har a bri l hante l uz
no mei o daquel a penumbra. Tudo bri l hava e dançava di ante de s eus ol hos .

“ A séri a Meredi th; a B onni e ri sonha; E Elena comcabelos dourados.


Elas sussurrame então fi camemsi lênci o... Elas aprontame eu não dou mai s a mí ni ma... Mas
eu devo conqui star Elena,
Elena comos Cabelos Dourados...”
— Bem, você não vai me conqui s tar! — Gri tou E l ena. — E es ta ci tação
es tá compl etamente i ncorreta, de qual quer forma. E u me l embro del a na
mi nha aul a de i ngl ês do pri mei ro ano. E você é maluco!
M es mo com s ua rai va e medo, el a s e perguntou s obre Fel l ’s Church. Se
Shi ni chi es tava al i , el e poderi a trazer a Úl ti ma M ei a- Noi te para lá? Ou
M i s ao poderi a s i mpl es mente trazê-l a?
— M as eu vou te conqui s tar, E l ena dourada — O ki ts une di s s e. Tanto
Stefan quanto Damon ti raram s uas facas .
— É aí que você s e engana, Shi ni chi — Stefan di s s e. — Você nunca,
nunca mai s tocará na E l ena novamente.
— E u tenho que tentar. Vocês ti raram todo o res to de mi m. O coração de
E l ena es tava batendo fortemente agora.
Se el e for fal ar al go que tenha s enti do para al guém, s erá comi go, el a
pens ou.
— Você não devi a es tar s e preparando para a Úl ti ma M ei a-Noi te,
Shi ni chi ? — E l a perguntou num tom ami gável , temendo, em s eu i nteri or,
que el e di s s es s e: “Já termi nou.”
— Ela não preci s a de mi m. Ela não protegeri a M i s ao. Por que eu deveri a
aj udar ela?
Por um i ns tante E l ena não pôde fal ar. Ela? Ela? Outra al ém de M i s ao,
outra “Ela” es tava envol vi da ni s to? Damon s egurava uma bes ta agora, com uma
fl echa carregada. M as Shi ni chi s i mpl es mente s e es qui vou.
— M i s ao não cons egue mai s s e mover. E l a havi a col ocado todo s eu Poder
dentro da E s fera E s tel ar, entendem? E l a nunca mai s ri u ou cantou... Nunca
mai s aprontou comi go. E l a s i mpl es mente... Fi cou parada — E l e di s s e. —
Fi nal mente, el a me pedi u para col ocá-l a dentro de mi m. E l a pens ou que nos
tornarí amos um s ó des te j ei to. E ntão el a s e di s s ol veu e i ncorporou-s e di reto
em mi m. M as i s s o não aj udou. Agora... E u mal pos s o ouvi -l a. E u vi m para
bus car mi nha E s fera E s tel ar. E u a tenho us ado para vi aj ar através das
di mens ões . Se eu col ocar M i s ao na mi nha E s fera E s tel ar, el a vai s e
recuperar. E ntão e a es conderei novamente... M as não onde eu a dei xei da
úl ti ma vez. E u a col ocarei num l ugar bemmai s alto, onde ni nguém mai s poderá
encontrá-l a.
E l e pareci a es tar focado em s eus ouvi ntes .
— E ntão eu acho que s omos M i s ao e eu que es tão fal ando com vocês
nes te i ns tante. E xceto que eu es tou mui to s ol i tári o... E u não pos s o mai s senti -
la.
— Você não vai tocar na E l ena — Stefan di s s e s i l enci os amente.
Damon es tava ol hando s ombri amente para o res to do grupo, para as
pal avras de Shi ni chi : “... E u a col ocarei num l ugar bemmai s alto...”
— Vai , Bonni e, conti nue andando — Stefan adi ci onou. — Você também,
E l ena. Nós as s egui remos . E l ena dei xou Bonni e i r al guns centí metros à
frente antes de di zer tel epati camente:
Não podemos nos separar, Stefan; só há uma bússola. Cui dado, Elena! Ele pode te ouvi r!
Vei o à voz de Stefan, e Damon adi ci onou s em rodei os :
Calema boca!
— Não s e i ncomode em mandá-l a cal ar a boca — Shi ni chi di s s e. — Você
é l ouco s e pens a que eu s ó cons i go pegar os pens amentos que vocês es tão
pens ando agora. E u não pens ei que você fos s e tão burro.
— Não s omos burros — Bonni e di s s e acal oradamente.
— Não? E ntão vocês des cobri ram os eni gmas que eu fi z para vocês ?
— Não é hora para i s s o — E l ena rebateu.
Is s o foi um erro, poi s fez com que Shi ni chi s e focas s e nel a novamente.
— Você contou a el es o que você pens a s obre a tragédi a de Camel ot,
E l ena? Não, eu não pens ei que você teri a coragem. E u di rei , então, pos s o? E u
l i enquanto você es crevi a em s eu di ári o.
— Não, você não pode ter l i do meu di ári o! De qualquer forma... Não se apli ca mai s
aqui ! — E l ena os tentou.
— Dei xe-me ver… E s s as s ão as s uas própri as pal avras ...
E l e as s umi u uma voz de l ei tura. “Queri do di ári o,
Um dos eni gmas de Shi ni chi era o que eu pens ei s er s obre Camel ot.
Você s abe, a l enda do Rei Arthur, a Rai nha Gui nevere e o caval ei ro que el a
amava, Lancel ot. E aqui vai o que eu pens ei : mui tas pes s oas i nocentes
morreram e fi caram mi s erávei s por que três pes s oas egoí s tas — um rei , uma
rai nha e um caval ei ro — não s e comportavam ci vi l i zadamente. E l es não
cons egui am compreender que quanto mai s você ama, mai s amor você encontra.
M as es s es três não poderi am des i s ti r do amor, e s i mpl es mente o
comparti l haram... Os três ...
— Cal a a boca! — Berrou E l ena. — Cala a boca!
Meu Deus, Damon di s s e, mi nha vi da é i sso aí . A mi nha também. Stefan pareci a
tonto.
Só esqueçami sso tudo, E l ena di s s e a el es . Não é mai s verdade. Stefan, eu sou sua para
sempre, e eu sempre fui . E ag ora temos que nos li vrar deste i di ota e correr para o tronco.
— M i s ao e eu cos tumávamos fazer i s s o — Shi ni chi di s s e. — Fal ar com
nós mes mos , em uma frequênci a es peci al . Você certamente é uma boa
mani pul adora, E l ena, ao evi tar que el es s e matem por s ua caus a.
— Si m, é uma frequênci a es peci al que eu chamo de verdade — E l ena
di s s e. — M as eu não s ou metade da mani pul adora que Damon é. Agora, nos
ataque ou dei xe-nos i r embora. E s tamos com pres s a!
— Atacar vocês ?
Shi ni chi pareci a es tar pens ando na i dei a. E então, mai s rápi do do que
E l ena pôde acompanhar, el e foi em di reção à Bonni e. Os vampi ros , que
es tavam es perando que el e fos s e até E l ena, foram pegos de guarda bai xa,
mas E l ena, que havi a vi s to o bri l ho dos ol hos del e em di reção à garota mai s
fraca, j á es tava pul ado em di reção a el e. E l e vol tou tão rápi do que el a
encontrou-s e i ndo di reto para as s uas pernas , mas então el a percebeu que el a
ti nha uma chance de ti rar-l he o equi l í bri o. E l a del i beradamente foi com o
obj eti vo de dar uma cabeçada em s eu j oel ho, ao mes mo tempo em que dari a
uma facada no pé del e.
Perdão, B onni e, el a envi ou, s abendo o que el e fari a. Seri a o mes mo que
havi a fei to o s eu fantoche, Damon, na época em que el e havi a fei to E l ena e
M att de reféns ... E xceto que el e não preci s ava de um gal ho de pi nhei ro para
fazer dor. Uma energi a negra s urgi u em s uas mãos , i ndo di retamente para o
corpi nho de Bonni e.
M as havi a outro fator que el e não havi a l evado em conta. Quando el e fez
Damon atacar M att e E l ena, el e teve o bom s ens o de fi car l onge enquanto
Damon di reci onava agoni a para os corpos del es . Des ta vez, el e agarrou o corpo
de Bonni e e col ocou s uas mãos em vol ta del a. E Bonni e era uma tel epata
excel ente, pri nci pal mente nas proj eções . Quando a pri mei ra onda de agoni a a
ati ngi u, el a gri tou... E redi reci onou a dor para Shi ni chi .
E ra como s e houves s e compl etado um ci rcui to. Não fez com que Bonni e s e
machucas s e menos , mas s i gni fi cava que tudo que Shi ni chi fi zes s e a el a, el e
s enti ri a em s eu própri o corpo, ampl i fi cado por caus a do medo de Bonni e. Foi
nes te s i s tema que E l ena entrou com tudo. Quando s ua cabeça deu de i mpacto
com o j oel ho del e, o os s o des ta regi ão es tava bem frági l , e al go l á dentro
quebrou. Atordoada, el a concentrou-s e em mi rar a faca em di reção aos pés no
s ol o abai xo.
Não teri a funci onado s e el a não ti ves s e doi s vampi ros extremamente
ágei s bem atrás del a. Já que Shi ni chi não havi a caí do, el a teri a de l evantar e
fi car ao ní vel de s eu pes coço para poder es faqueá-l o al i .
M as Stefan es tava a uma fração de s egundos atrás del a. E l e a agarrou e
es tavam fora do al cance de Shi ni chi antes que o ki ts une pudes s e aval i ar
mel hor a s i tuação.
— M e s ol ta — E l ena arfou para Stefan. E l a es tava determi nada a s al var
Bonni e.
— E u dei xei cai r mi nha faca — E l a acres centou as tuci os amente,
encontrando um moti vo mai s concreto para forçar Stefan a s ol tá-l a para que
pudes s e vol tar à bri ga.
— Onde?
— Próxi mo aos pés del e, é cl aro.
E l a pôde s enti r Stefan tentando s egurar uma ri s ada exagerada.
— Acho que aquel e é um bom l ugar para dei xá-l a. Pegue uma das
mi nhas — E l e adi ci onou.
Se vocês j á termi naramde papear, é melhor vocês vi remaqui para acabarmos comele, vei o à
fri a tel epati a de Damon. Nes te momento Bonni e des mai ou, mas com s eu
própri o ci rcui to tel epáti co ai nda bem aberto e di reci onado de vol ta para Shi ni chi .
E agora Damon havi a fi cado no modo ofens i vo, como s e el e não s e i mportas s e
como o bem-es tar de Bonni e, contanto que el e a ti ras s e das garras de Shi ni chi .
Stefan, rápi do como uma cobra, foi em di reção a uma das mui tas caudas
que bal ançavam atrás de Shi ni chi , anunci ando s eu tremendo Poder. A mai ori a
del as era trans l úci da, e el as cercavam s ua verdadei ra cauda — a cauda
vermel ho-vi vo que toda rapos a ti nha.
A faca de Stefan cortou uma e a cauda fantas ma cai u ao chão e então
des apareceu. Não houve s angue, mas Shi ni chi aj oel hou-s e chei o de fúri a e
dor.
Damon, por s ua vez, foi i mpi edos amente atacar de frente. Como Stefan
havi a di s traí do o ki ts une por trás , Damon cortou ambos os pul s os do ki ts une —
um de forma rápi da, enquanto o outro como s e qui s es s e arrancar-l he o
membro. E ntão el e deu outro gol pe, no momento em que Stefan, com E l ena
s egurando-s e em s eu quadri l como s e fos s e um bebê, arrancava outra cauda
fantas ma.
E l ena es tava l utando. E l a es tava s eri amente preocupada que Damon
pu des s e matar Bonni e para chegar até Shi ni chi . Al ém di s s o, el a não s eri a
tratada como uma peça de bagagem! A ci vi l i zação havi a s umi do em torno del a
enquanto el a reagi a ao s eus i ns ti ntos mai s profundos : proteger Stefan,
proteger Bonni e, proteger Fel l ’s Church. Derrotar o i ni mi g o. E l a mal percebeu
que, em s eu es tado, el a havi a afundado s eus dentes fracos , mas ai nda
dentes humanos , no ombro de Stefan.
E l e es tremeceu um pouco, mas el e a ouvi u.
B em, tente peg ar a B onni e, então... Vej a se você pode aj udá-la.
E l e a s ol tou j us to quando Shi ni chi vi rou-s e para encará-l o, canal i zando
a dor negra di retamente para Stefan que, na Terra, havi a s i do l ançada s obre os
pés de M att e E l ena.
E l ena, após s er l ançada, des cobri u que todos es tavam agi ndo em turnos ,
como que para protegê-l a e, de repente, el a vi u uma oportuni dade. E l a pegou a
forma mol e de Bonni e e Shi ni chi dei xou cai r à meni na menor nos braços del a.
Pal avras es tavam ecoando no cérebro de E l ena. Tente peg ar a B onni e. Vej a se
você pode aj udá-la.
Bem, el a es tava com a Bonni e agora. Seus s enti dos di vi di ram as ordens
de Stefan.
... afaste-se de Shi nchi . Ela é uma refémde valor i nesti mável.
E l ena des cobri u que el a poderi a quas e gri tar de tão furi os a que es tava
agora. E l a ti nha que manter Bonni e a s al vo... M as i s s o s i gni fi cava abandonar
Stefan, o nobre Stefan, à mercê de Shi ni chi . E l a afas tou Bonni e para l onge —
tão pequena e del i cada — e ao mes mo tempo deu uma ol hada para trás , para
Stefan. E l e es tava com uma l eve carranca de concentração agora, mas el e não
es tava s ó s endo es magado pel a dor; el e es tava avançando ao ataque.
M es mo quando a cabeça de Shi ni chi começou a fi car em chamas . As
pontas vermel has e bri l hantes de s eu cabel o preto ti nham expl odi do em
chamas , como s e nada mai s pudes s e expres s ar s ua i ni mi zade e s ua certeza
de vencer.
Pareci a que el e es tava uma coroa de fogo, uma auréol a i nfernal .
Ni s to, a rai va de E l ena trans formou-s e em arrepi os que des ceram s ua
es pi nha enquanto el a as s i s ti a a al go que a mai ori a das pes s oas nunca vi veu
para anal i s ar: doi s vampi ros atacando j untos , perfei tamente em s i ntoni a.
Havi a a s el vageri a el ementar, como nas aves ou nos l obos , mas havi a também
a bel eza i mpres s i onante de duas cri aturas que trabal havam como um úni co e
uni fi cado corpo.
Pel as expres s ões de Stefan e de Damon, podi a-s e perceber que aquel a
era a batal ha fi nal . A carranca ocas i onal de Stefan e o s orri s o cruel de Damon
s i gni fi cavam que Shi ni chi es tava envi ando s eu Poder abras ador e obs curo para
os doi s . M as não eram humanos fracos com quem Shi ni chi es tava l i dando
agora. Ambos era vampi ros com corpos que s e curavam quas e que
i ns tantaneamente — e vampi ros que havi am s e al i mentado recentemente...
Dela, E l ena. Seu s angue extraordi nári o era como um combus tí vel para el es .
E ntão eu j á s ou parte di s to, E l ena pens ou. E u os es tou aj udando nes te
i ns tante.
Is to teri a que s ati s fazer a s el vageri a que es ta l uta s em barrei ras
provocava nel a. Arrui nar a perfei ta s i ncroni a que os doi s vampi ros ti nham
para mani pul ar Shi ni chi s eri a um cri me, es peci al mente quando Bonni e
ai nda es tava mol e em s eus braços .
Sendo nós duas humanas , s omos pas s i vas , el a pens ou. E Damon não
hes i tari a em me di zer i s s o, mes mo quando tudo o que eu queri a era entrar
para dar um s ó gol pe.
B onni e, acorda, B onni e, el a pens ou. Seg ure-se emmi m. Estamos dando o fora daqui .
E l a pegou a garota menor s ob as axi l as e a arras tou. E l a arras tou-s e para
a penumbra ol i va que s e es tendi a em todas as di reções . Quando el a tropeçou
em uma rai z e, aci dental mente, s e s entou, el a deci di u que havi a i do l onge o
bas tante, manobrando Bonni e para o s eu col o.
E ntão el a col ocou s uas mãos em torno do ros ti nho em formato de coração
de Bonni e e pens ou nas coi s as mai s reconfortantes que pôde. Um mergul ho
em Warm Spri ngs . Uma banho quente na cas a de Lady Ul ma e, em s egui da,
uma mas s agem, dei tadas confortavel mente em um s ofá com o chei ro de
i ncens o fl oral s ubi ndo ao s eu redor. Um afago em Sabber na pens ão da Sra.
Fl owers . A decadênci a de dormi r tarde e acordar em s ua própri a cama... Com
s ua própri a mãe, pai e i rmã em cas a.
As s i m que E l ena pens ou ni s s o, el a não pôde evi tar ao dar um pequeno
s us pi ro, e uma l ágri ma cai u na tes ta de Bonni e. Os cí l i os de Bonni e s e
abri ram.
— Não fi que tri s te — E l a s us s urrou. — E l ena?
— E u tenho você, e ni nguém vai machucá-l a novamente. Você ai nda não
s e s ente bem?
— E s tou um pouqui nho mel hor. M as eu pude te ouvi r, na mi nha
mente, e i s s o fez com que eu me s enti s s e mel hor. E u quero l ongo banho e
uma pi zza. E s egurar a bebê Adara. E l a quas e pode andar, você s abe. E l ena…
Você não es tá me es cutando!
E l ena não es tava. E l a es tava as s i s ti ndo ao des fecho da l uta entre Stefan,
Damon e Shi ni chi . Os vampi ros havi am fei to o ki ts une s e aj oel har e agora
es tavam di s putando s obre el e como s e fos s em um cas al de fi l hotes de
pas s ari nho ao l ongo de um verme parti cul armente s aboros o. Ou, tal vez, como
um cas al de fi l hotes de dragão... E l ena não ti nha certeza s e pás s aros
s i bi l avam um para o outro.
— Oh, não... E ca!
Bonni e vi u o que E l ena es tava as s i s ti ndo e entrou em col aps o,
es condendo s ua cabeça contra o ombro de E l ena.
Ok, E l ena pens ou. E u entendo. Não há nenhum ti po de s el vageri a em
você, há, Bonni e? M al í ci a, s i m, mas nada como a s ede de s angue. E i s s o é
bom.
M es mo enquanto el a pens ava ni s s o, Bonni e s entou, erguendo-s e em
l i nha reta e batendo no quei xo de E l ena, apontando à di s tânci a.
— E s pera! — E l a gri tou. — Você es tá vendo i sso?
Isso era uma l uz mui to bri l hante, que quei mava cada vez mai s à medi da
que cada vampi ro encontrava um l ugar a s eu gos to para ati ngi r Shi ni chi , ao
mes mo tempo.
— Fi que aqui — E l ena di s s e um pouco gros s a, poi s quando Bonni e
havi a col i di do com s eu quei xo, el a aci dental mente mordeu a l í ngua.
E l a correu de vol ta para os doi s vampi ros e bateu em s uas cabeças o mai s
forte que pôde. E l a ti nha que ganhar s uas atenções antes que el es fi cas s em
compl etamente no modo de al i mentação.
Como não era de s e s urpreender, Stefan vol tou ao normal pri mei ro, e
então a aj udou a puxar Damon para l onge de s eu i ni mi go derrotado.
Damon ros nou e começou a andar, nunca ti rando os ol hos de Shi ni chi
enquanto o ki ts une abati do l entamente s e s entou. E l ena percebeu gotas de
s angue es pal hadas . E ntão el a vi u, es condi do no ci nto de Damon, al go preto,
vermel ho e l us tros o: a cauda verdadei ra de Shi ni chi .
A s el vageri a s e foi ... Rapi damente. E l ena queri a es conder a cabeça no
ombro de Stefan, mas vi rou o ros to para um bei j o. Stefan fi cou cons trangi do.
E ntão E l ena s e afas tou e el es formaram um tri ângul o em vol ta de
Shi ni chi .
— Nem pens e em atacar — Damon di s s e agradavel mente. Shi ni chi deu
l evemente de ombros .
— Atacar vocês ? Por que me i ncomodari a? Vocês não terão nada para por
que vol tar, mes mo s e eu morrer. As cri anças es tão pré-programadas para
matar. M as — Com uma veemênci a s úbi ta —, eu queri a que nunca
ti vés s emos i do à s ua mal di ta ci dade... E eu queri a que nunca ti vés s emos
s egui do as ordens Dela. E u queri a nunca ter dei xado M i s ao s e aproxi mar
Dela! E u queri a que...
E l e parou de fal ar de repente.
Não, é mai s do que i s s o, E l ena pens ou.
E l e cong elou, com os ol hos bem abertos , encarando.
— Oh, não — E l e s us s urrou. — Oh, não, eu não qui s di zer i s s o! E u
não qui s ! E u não me arrependo...
E l ena teve o pres s enti mento de al go es tava vi ndo até el es numa
vel oci dade tremenda, tão rápi da, na verdade, que el a s ó teve tempo de abri r
s ua boca antes daqui l o ati ngi r Shi ni chi .
O que quer que fos s e, o matou e foi embora s em tocar em mai s
ni nguém. Shi ni chi cai u de cara na s uj ei ra.
— Não s e i ncomode — E l ena di s s e del i cadamente, enquanto Stefan
refl exi vamente moveu-s e em di reção ao cadáver. — E l e es tá morto. E l e fez i s to
a s i mes mo.
— M as como? — Stefan e Damon exi gi ram em coro.
— E u não s ou uma expert — E l ena di s s e. — M eredi th é a expert ni s to.
M as el a me di s s e que ki ts une s ó podem s er mortos ao des trui rmos s uas
E s feras E s tel ares , ou dando-l hes um ti ro com uma bal a abençoada... Ou pel o
“Pecado do Arrependi mento”. M eredi th e eu não s abí amos o que i s s o
s i gni fi cava naquel a época... Is s o foi antes de nós i rmos à Di mens ão das
Trevas . M as eu acho que acabamos de vê-l o em ação.
— E ntão você não pode s er um ki ts une e s e arrepender de al guma coi s a
que você tenha fei to? Is s o é... Des agradável — Stefan di s s e.
— Nem tanto — Damon di s s e s ecamente. — M as s e i s s o funci onas s e
com vampi ros , não há dúvi das de que você fi cari a permanentemente morto
quando acordas s e no j azi do de nos s a famí l i a.
— Antes — Stefan di s s e s em demons trar expres s ão —, eu ti nha me
arrependi do de ter te dado o gol pe mortal , enquanto eu es tava morrendo. Você
s empre di s s e que eu me s i nto mui to cul pado, mas i s to é uma coi s a que eu
gos tari a de poder mudar.
Houve um s i l ênci o que s e es tendeu e s e es tendeu. Damon es tava na
frente do grupo agora, e ni nguém al ém de Bonni e podi a ver s eu ros to.
De repente E l ena pegou a mão de Stefan.
— Nós ai nda temos uma chance! — E l a di s s e para el e.
— Bonni e e eu vi mos al go bri l hando por ali ! Vamos correr!
E l e e E l ena ul trapas s aram Damon correndo e el e pegou a mão de Bonni e
também.
— Igual o vento, Bonni e!
— M as com Shi ni chi morto... Bem, temos mes mo que encontrar a E s fera
E s tel ar del e, ou a mai or E s fera E s tel ar, ou s ei -l á-o- quê que es tá es condi da
nes te l ugar horrí vel ? — Bonni e perguntou.
Certa vez, el a teri a gemi do, E l ena pens ou. Agora, apes ar de qual quer dor
que el a s enti s s e, el a es tava correndo.
— Recei o que temos mes mo que encontrá-l a — Stefan di s s e. — Porque,
s egundo o que el e di s s e, Shi ni chi não es tava no comando, no fi nal das contas .
E l e e s ua i rmã es tavam trabal hando para al guém, al guém do s exo femi ni no.
E quem quer que Ela s ej a, Ela deve es tar atacando Fel l ’s Church agora.
— As probabi l i dades apenas mudaram — E l ena di s s e. — Nós temos
uma i ni mi ga des conheci da.
— M as ai nda as s i m...
— A s orte — E l ena di s s e — es tá l ançada.
36
M att quebrou mui tas regras de trâns i to a cami nho da rua das Sai tou.
M eredi th s e i ncl i nou s obre o cons ol e entre os doi s bancos da frente para que
el a pudes s e ver o rel ógi o di gi tal que marcava mei a-noi te, e para que el a
pudes s e as s i s ti r a trans formação da Sra. Fl owers . Fi nal mente, s ua mente
recentemente s ã e s ens í vel forçou pal avras para s ua boca.
— Sra. Fl owers ... Você es tá mudando.
— Si m, M eredi th, amada. Um pouco di s to deve-s e ao pres enti nho que
Sage dei xou para mi m. Outro pouqui nho é da mi nha própri a vontade... Para
vol tar aos di as em que es tava na fl or da i dade. E u acredi to que es ta s erá
mi nha úl ti ma batal ha, então eu não me i mporto em us ar toda a mi nha
energi a nel a. Fel l ’s Church deve s er s al va.
— M as ... Sra. Fl owers … O povo daqui … Bem, el es não têm s i do…
E xatamente l egai s com… — M att gaguej ou até que parou de fal ar.
— O povo daqui é i gual ao povo de outros l ugares — A Sra. Fl owers di s s e
cal mamente. — Trate-os como você gos tari a de s er tratado, e as coi s as fi carão
bem. Is s o s ó começou quando eu me dei xei trans formar em uma vel ha
s ol i tári a e amarga, s empre res s enti da com o fato de que eu ti ve de trans formar
mi nha cas a em uma pens ão s ó para pagar as des pes as , para que as pes s oas
começas s em a me tratar... Bem, na mel hor das hi pótes es , como uma vel ha
mal uca s ol i tári a.
— Oh, Sra. Fl owers ... E nós temos s i do um i ncômodo para você! —
M eredi th des cobri u que as pal avras vi nham s em el a querer.
— Vocês têm s i do uma s al vação para mi m, meni na. O queri do Stefan foi
o começo, mas como você pode i magi nar, el e não qui s expl i car todas as s uas
di ferenças para mi m, e eu es tava s us pei tando del e. M as el e foi s empre
cordi al e res pei tos o e E l ena era como a l uz do Sol , e Bonni e como uma ri s ada.
E ventual mente, quando eu dei xei mi nhas barrei ras caí rem, vocês , j ovens ,
fi zeram o mes mo. E u não di rei nada s obre vocês aqui pres entes para não
envergonhá-l os , mas vocês fi zeram um bem danado para mi m.
M att ul trapas s ou outro s i nal de pare e l i mpou s ua garganta. E m
s egui da, com o vol ante os ci l ando um pouco, el e a l i mpou novamente.
M eredi th as s umi u:
— E u acho que o que M att e eu queremos di zer é... Bem, é que você s e
tornou al guém mui to es peci al para nós , e não queremos vê-l a feri da. E s s a
batal ha...
— É a batal ha pel o qual eu tenho es perado, queri da. Durante todas as
mi nhas l embranças . Des de a época em que eu era uma meni ni nha e a
pens ão fora cons truí da... E ra s ó uma cas a, na época, e eu era bem fel i z.
Quando j ovem, eu era mui to fel i z. E agora eu vi vi o bas tante para s er uma
vel ha... Bem, ti rando vocês , j ovens , eu ai nda tenho ami gos como a Sophi a
Al pert e a Ori me Sai tou. E l as s ão mul heres que curam os outros , e s ão mui to
boas ni s to. Ai nda fal amos nos di ferentes us os de mi nhas ervas .
M att es tal ou os dedos .
— E s s e foi outro moti vo de eu ter fi cado confus o — E l e di s s e.
— Porque a Dr.ª Al pert di s s e que você e a Sra. Sai tou eram gente boa. E u
pens ei que el a s e referi a à vel ha Sra. Sai tou...
— Que nem é uma “Sra. Sai tou” — A Sra. Fl owers di s s e, quas e
brus camente. — E u não tenho i dei a de qual s ej a s eu nome verdadei ro...
Tal vez s ej a mes mo Inari , a di vi ndade que fi cou mal i gna. Dez anos atrás , eu
não s abi a o que havi a fei to Ori me Sai tou fi car tão di ferente e qui eta de
repente. Agora eu percebo que começou no tempo que em s ua “mãe” mudou-s e
para l á. E u gos tava mui to da j ovem Is obel , mas de repente el a s e tornou...
Res ervada... Não s endo o j ei to de uma cri ança de s er. Agora eu entendo. E
es tou determi nada a l utar por el a… E por vocês … E por uma ci dade que val e a
pena s er s al va. Vi das humanas s ão mui to, mui to preci os as . E agora... Aqui
es tamos .
M att acabara de vi rar no quartei rão das Sai tou. M eredi th l evou um
momento para ol har atentamente para a fi gura no banco do pas s agei ro.
— Sra. Fl owers ! — E l a excl amou.
Is s o fez com que M att s e vi ras s e para ol har, e o que el e vi u fez com que
el e es taci onas s e o Vol ks wagen Jetta na cal çada.
— Sra... Fl owers ?
— Por favor, es taci one, M att. Vocês não preci s am me chamar de Sra.
Fl owers s e não qui s erem. E u vol tei ao tempo quando eu era Theophi l i a...
Quando meus ami gos me chamavam de Theo.
— M as ... Como... Por quê…? — M att gaguej ou.
— E u te di s s e. E u s enti que era hora. Sage me dei xou um pres ente que
me aj udou a mudar. Um i ni mi go al ém dos s eus poderes para l utar s urgi u.
E u s enti i s s o l á na pens ão. E s te é o momento pel o qual eu es tava es perando.
A úl ti ma batal ha com verdadei ro i ni mi go de Fel l ’s Church.
O coração de M eredi th pareci a mes mo que es tava pres tes a voar para fora
de s eu pei to. E l a ti nha que s e acal mar... Se acal mar e pens ar l ogi camente.
E l a havi a vi s to magi a mui tas vezes . E l a s abi a como el a s e pareci a, como
s enti -l a. M as frequentemente el a es tava ocupada demai s confortando Bonni e,
ou preocupada demai s aj udando Bonni e para poder ter i dei a do que es tava
enfrentando.
Agora eram s ó el a e M att... E M att ti nha um ol har abati do e es tupefato,
como s e el e não ti ves s e vi s to magi a o s ufi ci ente antes ... Como s e el e es ti ves s e
a ponto de quebrar.
— M att — E l a di s s e bem al to, e então ai nda mai s al to: — Matt!
E l e s e vi rou, por fi m, para ol har para el a, com s eus ol hos azui s
s el vagens e obs curos .
— E l es vão matá-la, M eredi th! — E l e di s s e. — Shi ni chi e M i s ao... Você
não s abe como é...
— Qual é — M eredi th di s s e. — Nós temos que nos certi fi car que i s to
não a mate. O ol har atordoado pas s ou pel os ol hos de M att.
— Nós temos que fazer i s s o — E l e s i mpl es mente concordou.
— Certo — Di s s e M eredi th, fi nal mente s ol tando-o.
Juntos , el es s aí ram do carro para encarar a Sra. Fl owers ... Não, para
encarar Theo.
Theo ti nha cabel os que pedi am até quas e a ci ntura, do modo que era
j unto el es parecem de prata s ob a l uz do l uar. Seu ros to es tava... E l etri zante.
E l a era j ovem; j ovem e orgul hos a, com as caracterí s ti cas cl ás s i cas e um ol har
tranqui l o de determi nação.
De al guma forma, durante a vi agem, s uas roupas havi am mudado
também. Ao i nvés do s obretudo coberto com pedaços de papel , el a es tava us ando
um ves ti do branco s em mangas , que termi navam com um l eve babado. Pel o
es ti l o, M eredi th l embrou-s e do ves ti do de s erei a que el a mes ma havi a us ado
para i r a um bai l e, na Di mens ão das Trevas .
M as o ves ti do de M eredi th s ó fora fei to para el a parecer s ens ual . Theo
pareci a... M agní fi ca. Quanto aos Pos t-It… De al guma forma o papel havi a
des apareci do e a es cri ta havi a cres ci do enormemente, trans formando-s e em
rabi s cos mui to grandes que fi cavam em vol ta do ves ti do branco. Theo es tava
del i beradamente envol ta de uma s ecreta al ta cos tura de proteção.
E embora el a es ti ves s e es bel ta, el a es tava mai s al ta. M ai s al ta que
M eredi th, mai s al ta que M att, até mes mo mai s al ta que Stefan, onde quer
que el e es tej a na Di mens ão das Trevas . E l a es tava al ta, não porque el a havi a
cres ci do demai s , mas porque o babado em s eu ves ti do es tava apenas rel ando
no chão. E l a havi a venci do i ntei ramente a gravi dade. O chi cote, pres ente de
Sage para el a, es tava enrol ado em um cí rcul o em vol ta de s ua ci ntura,
bri l hando como prata, as s i m como o cabel o del a.
M att e M eredi th s i mul taneamente fecharam as portas do SUV. M att
dei xou o motor l i gado para uma fuga rápi da.
E l es andaram ao redor da garagem as s i m el es poderi am ver a frente da
cas a. M eredi th, que não s e i mportou em como el a es tava, ou s e pareci a es tar
bem ou s ob control e, l i mpou as mãos , uma após a outra, em s eus própri os
j eans . E s ta s eri a a pri mei ra — e pos s i vel mente a úni ca — verdadei ra
batal ha da es taca. O que contava não era a aparênci a, mas s i m o des empenho.
Tanto el a quanto M att pararam quando vi ram uma fi gura parada aos
fundos da varanda. Não era al guém que el es pudes s em i denti fi car como
moradora da cas a. M as , em s egui da, l ábi os vermel hos s e abri ram, as mãos
del i cadas ergueram-s e até que os cobri s s em por compl eto e um s i nal s onoro e
s el vagem vei o de al gum l ugar detrás das mãos .
Por um i ns tante el es s ó puderam fi car encarando, fas ci nados com es ta
mul her que es tava ves ti da toda de preto. E l a es tava tão al ta quanto Theo, tão
es bel ta e graci os a, e el a es tava i gual mente l onge do chão. M as o que
M eredi th e M att es tavam encarando era o fato de que o cabel o del a era i gual
ao de M i s ao e ao de Shi ni chi — s ó que ao contrári o. E nquanto el es ti nham
cabel o preto com pontas vermel has , es ta mul her ti nha cabel o vermel ho...
M ui to, mui to grande, com pontas pretas no fi m.
Não era s ó i s s o, mas el a ti nha del i cadas orel has negras de rapos a
emergi ndo de s eu cabel o, e uma l onga e el egante cauda vermel ha, com pontas
negras .
— Obaas an? — M att excl amou i ncrédul o.
— Inari ! — M eredi th voci ferou.
A adorável cri atura nem ao menos ol hou para el es . E l a es tava ol hando
para Theo, com des prezo.
— Uma bruxi nha em uma ci dade pequena — E l a di s s e. — Você quas e
us ou todo o s eu Poder s ó para fi car ao meu ní vel . O quão boa você é?
— E u tenho mui tos poucos Poderes — Theo concordou. — M as s e a
ci dade não val e nada, por que demorar tanto para des truí -l a? Por que você
as s i s ti u ao outros tentarem... Ou onde es tão todos os s eus peões , Inari ?
Katheri ne, Kl aus , o pobre e j ovem Tyl er... E l es eram s eus peões , Deus a
Ki ts une?
Inari ri u — um ri s o de meni ni nha vi nha por detrás de s eus dedos .
— E u não preci s o de peões ! Shi ni chi e M i s ao eram meus s ervos , como
todos os ki ts une s ão! Se eu os dei um pouco de l i berdade, é para que el es
ganhas s em experi ênci a. Nós i remos para ci dades mai ores agora, e as
devas taremos .
— Você terá que des trui r Fel l ’s Church pri mei ro — Theo di s s e
fi rmemente. — E eu não dei xarei você fazer i s s o.
— Você não entende, não é? Você é uma humana, com quas e nenhum
Poder! O meu vem da mai or E s fera E s tel ar dos mundos ! E u s ou uma Deus a!
Theo abai xou a cabeça e, em s egui da, l evantou-a para ol har Inari nos
ol hos .
— Você quer s aber o que eu pens o que s ej a verdade, Inari ? — E l a di s s e.
— E u acho que você chegou ao fi m de uma l onga, l onga vi da, mas não é
i mortal . E u acho que você di mi nui u de forma e, por fi m, preci s ou us ar uma
grande quanti dade de Poder da s ua E s fera E s tel ar... Onde quer que el a
es tej a... Para aparecer des ta forma. Você é uma mul her mui to, mui to anti ga e
você tem envi ado cri anças a l utarem contra s eus própri os pai s , e es tes contra
s uas cri anças , em todo o mundo, porque você i nvej a a j uventude das cri anças .
Você até mes mo i nvej a Shi ni chi e M i s ao, e os dei xou s erem feri dos como um
ato de vi ngança.
M att e M eredi th ol haram para ambas com ol hos arregal ados . Inari
es tava res pi rando rapi damente, mas pareci a que el a não podi a pens ar em
nada para di zer.
— Você ai nda fi ngi u ter entrado em uma “s egunda i nfânci a” para s e
comportar femi ni namente. M as nada di s to a s ati s faz, porque a verdade nua e
crua é que você chegou ao fi m de s ua l onga, l onga vi da... Não i mporta o quão
grande s ej a o s eu Poder. Todos nós devemos ter um fi m da j ornada, e é a s ua
vez agora.
— M enti ros a! — Gri tou Inari , pareceu por um momento mai s gl ori os a,
mai s radi ante do que antes .
E então M eredi th vi u por que. Seu cabel o es carl ate, na verdade, começou
a arde, emol durando s eu ros to em uma l uz vermel ha dançante. E fi nal mente,
el a fal ou venenos amente:
— Bem, então, s e você acha que es ta é mi nha úl ti ma batal ha, eu devo
me as s egurar em caus ar toda a dor que eu puder. Começando com você, bruxa.
Tanto M eredi th quanto M att arfaram. E l es temi am por Theo,
es peci al mente quando o cabel o de Inari começou a entrel açar- s e em cordas
gros s as , como s e fos s em s erpentes fl utuantes em torno de s ua cabeça, como s e
el a fos s e a M edus a.
As arfadas foram um erro... E l as chamaram a atenção de Inari . M as el a
não s e moveu. E l a s omente di s s e:
— Sentem es te chei ro doce ao vento? Um s acri fí ci o as s ado! E u acho que o
res ul tado s erá oi shi i ... Del i ci os o! M as tal vez vocês doi s quei ram fal ar com
Ori me ou Is obel uma úl ti ma vez. Temo que el as não pos s am s ai r para vê-l os .
O coração de M eredi th es tava batendo vi ol entamente em s ua garganta,
enquanto el a percebi a que a cas a das Sai tou es tava em chamas . Pareci a que
vári as pequenas chamas quei mavam, mas el a temi a pel a i ns i nuação de
Inari de que el a j á houves s e fei to al go para a mãe e fi l ha.
— Não, M att! — E l a gri tou, pegando o braço de M att.
E l e teri a corri do di reto para a mul her ri s onha ves ti da de preto e tentado
atacar s eus pés — e os s egundos ti nham um val or i nes ti mável agora.
— Venha me aj udar a encontrá-l as !
Theo vei o em s eu auxí l i o. Gi rando o chi cote branco, el a o l ançou uma vez
em di reção à cabeça da mul her e preci s amente ati ngi u uma das mãos de
Inari , dei xando um corte s angrento nel a. E nquanto Inari s e enfureci a e
vi rava-s e para el a, M eredi th e M att correram.
— A porta dos fundos — M att di s s e enquanto el es corri am em vol ta da
cas a.
M ai s a frente, el es vi ram uma cerca de madei ra, mas nenhum portão.
M eredi th es tava pens ando em us ar a es taca como s e es ti ves s e em uma
competi ção de s al to com vara, quando M att ofegou “Aqui !”, fazendo um s uporte
com s ua mão para aj udá- l a a entrar.
— E u vou te dar i mpul s o!
M eredi th hes i tou s ó por um mi nuto. E ntão, quando el e parou de fal ar,
el a col ocou s eus pés nos dedos entrel açados del e. De repente, el a es tava
voando. E l a aprovei tou o máxi mo que pôde, pous ando, ao es ti l o fel i no, no topo
pl ano da cerca e então des cendo para o outro l ado. E l a pôde ouvi r M att l utando
para s ubi r na cerca, quando el a repenti namente fi cou rodeada por uma
fumaça preta. E l a s al tou al guns centí metros para trás e gri tou:
— M att, a fumaça é peri gos a! Abai xe-s e; s egure s ua res pi ração. Fi que
aqui fora para aj udá-l a quando eu vol tar.
M eredi th não ti nha i dei a s e M att a ouvi u ou não, mas el a obedeceu às
s uas própri as ordens , agachando-s e e prendendo a res pi ração, abri ndo os
ol hos rapi damente para tentar encontrar a porta.
E ntão s ua al ma quas e s ai u de s eu corpo ao s om de um machado batendo
na madei ra, fazendo com que a madei ra s e es ti l haças s e, e então o machado
entrou em ação novamente. E l a abri u os ol hos e vi u que M att não a ti nha
es cutado, mas el a es tava fel i z porque el e havi a encontrado a porta. Seu ros to
es tava preto de ful i gem.
— E s tá trancada — E l e expl i cou, erguendo o machado.
Qual quer ti po de oti mi s mo de M eredi th s e es ti l haçou i gual à porta
quanto el a vi u l á dentro chamas e mai s chamas . M eu Deus , el a pens ou,
al guém l á deve estar as s ando, es tando, provavel mente, j á morto.
M as de onde é que vei o es s e pens amento? De s eu conheci mento, ou de
s eu medo? M eredi th não podi a s i mpl es mente parar agora. E l a deu um pas s o
em di reção ao cal or es cal dante e gri tou:
— Is obel ! Sra. Sai tou! Onde es tão vocês ? Houve um gri to fraco e as fi xi ado.
— Devem es tar na cozi nha — E l a di s s e. — M att, é a Sra. Sai tou! Por
favor, vá aj udá-l a! M att obedeceu, mas di s s e por ci ma dos ombros :
— Não entre mui to fundo.
M eredi th ti nha que entrar. E l a s e l embrou onde é que o quarto de Is obel
era. Bem embai xo do da “avó”.
— Is obel ! Is obel ! Você pode me ouvi r? — Sua voz es tava tão bai xa e rouca
por caus a da fumaça que el a s abi a que ti nha que conti nuar.
Is obel devi a es tar i ncons ci ente ou rouca demai s para poder res ponder.
M eredi th cai u de j oel hos , s e arras tando no chão onde o ar era bem mai s l i mpo
e mai s arej ado.
Ok. Quarto da Is obel . E l a não qui s tocar na maçaneta da porta com s ua
mão, então el a enrol ou s ua cami s eta em torno del a. A maçaneta não gi rou.
Trancada. E l a não s e i ncomodou em i nves ti gar, el a s i mpl es mente vi rou-s e e
chutou a porta, bem ao l ado da maçaneta, como s e fos s e uma mul a. Um pouco
de madei ra l as cou. Outro chute e a porta s e abri u com um grande es trondo.
M eredi th es tava s e s enti ndo tonta, mas el a preci s ava ver o quarto i ntei ro.
E l a deu doi s pas s os para frente e... Lá es tava! Sentada na cama da s al a
enfumaçada e quente, mas , em outro cas o, es crupul os amente arrumada,
es tava Is obel . E nquanto M eredi th s e aproxi mava da cama, el a vi u — o que a
dei xou furi os a — que a garota es tava amarrada na cabecei ra da cama de bronze
com fi ta ades i va. Doi s cortes com a es taca a l i bertaram. E ntão, s urpreendente,
Is obel s e moveu, l evantando o ros to enegreci do para o de M eredi th.
Foi quando a fúri a de M eredi th chegou ao auge. A meni na ti nha fi ta
ades i va em s ua boca, o que a i mpedi a de fazer qual quer pedi do de s ocorro.
E s tremecendo e mos trando que el a s abi a que s eri a dol oros o, M eredi th
agarrou a fi ta ades i va e a arrancou de uma vez. Is obel não gri tou; ao i nvés
di s s o, el a res pi rou profundamente vári as vezes o ar enfumaçado.
M eredi th tropeçou em di reção ao armári o, pegou duas cami s as brancas
de aparênci a i dênti ca e vol tou até Is obel . Havi a um copo chei o de água ao l ado
del a, na mes a de cabecei ra. M eredi th s e perguntou s e aqui l o fora col ocado
del i beradamente para aumentar a agoni a de Is obel , mas não hes i tou em us á-
l o. E l a fez com que Is obel bebes s e um breve gol e, dando outro gol e el a
mes ma, e então encharcou cada cami s eta. E l a s egurou uma em s ua própri a
boca e Is obel a i mi tou, s egurando a cami s a mol hada por ci ma de s eu nari z e
boca. E ntão M eredi th a s egurou e a gui ou de vol ta até a porta.
Depoi s di s s o, a j ornada de vol ta s i mpl es mente s e tornou um pes adel o,
poi s el a ti nha que s e aj oel har, ras tej ar e tentar não s e as fi xi ar, puxando
Is obel j unto com el a o tempo todo. M eredi th pens ou que nunca i ri a acabar,
poi s cada centí metro para frente tornou-s e cada vez mai s di fí ci l . A es taca ti nha
um pes o i ns uportável para s e carregar j unto del a, mas el a s e recus ou a
abandoná-l a.
E l a é preci os a, s ua mente di s s e, mas val e mai s que s ua vi da?
Não, M eredi th di s s e. Não val e mai s que mi nha vi da, mas quem s abe o
que mai s es tará l á fora s e eu cons egui r ti rar Is obel des ta es curi dão?
Você nunca a s al vará s e morrer, s ó por caus a de... Um obj eto. Não é um
obj eto!
Dol oros amente, M eredi th us ou a es taca para ti rar al guns des troços
fumegantes de s eu cami nho.
E l a pertenceu ao meu avô na época em que el e es tava s ão. E l a s e
encai xa em mi nha mão. Não é s ó um obj eto! Faça do s eu j ei to, a voz di s s e, e
des apareceu.
M eredi th es tava começando a correr s obre mai s des troços agora. Apes ar
da cól i ca em s eus pul mões , el a ti nha certeza que poderi a cons egui r chegar até
a porta dos fundos . E l a s abi a que deveri a haver uma l avanderi a à s ua di rei ta.
E l as devi am s er capazes de res pi rar ar fres co l á.
E , de repente, no es curo, al go bateu com tudo contra s ua cabeça. Is s o fez
com que s ua vi s ão es cureces s e por um l ongo tempo antes que el a pudes s e dar
um nome à coi s a que a havi a machucado: uma pol trona.
De al guma forma, el as havi am s e arras tado demai s . Al i era a s al a de
es tar.
M eredi th s e i nundou de medo. E l as ti nham i do l onge demai s e não
podi am s ai r pel a porta da frente por caus a da batal ha mági ca. E l as teri am que
vol tar, e des ta vez s e certi fi carem em encontrar a l avanderi a, a porta para a
l i berdade.
M eredi th s e vi rou, puxando Is obel com el a, es perando que a meni na
mai s j ovem entendes s e o que el as ti nham que fazer. E l a dei xou a es taca no
chão da s al a de es tar em chamas .
E l ena s ol uçou para recuperar o fôl ego, mes mo quando el a permi ti a que
Stefan a aj udas s e agora. E l e correu, s egurando Bonni e por um l ado, e E l ena
pel o outro. Damon es tava em al gum l ugar l á na frente... Vi gi ando.
Não deve es tar l onge agora, el a conti nuou pens ando. Bonni e e eu vi mos
um bri l ho... Nós duas vi mos . E então, como uma l anterna col ocada contra uma
j anel a, E l ena vi u novamente.
E l a é grande, es te é o probl ema. E u fi co pens ando s e cons egui remos
al cançá-l a, poi s tenho a i dei a errada de qual s ej a o s eu verdadei ro tamanho.
Quanto mai s perto chegamos , mai or fi ca.
E i sso é bom para nós . Preci s aremos de mui to Poder. M as preci s amos
chegar l á l ogo, ou todo o Poder do uni vers o não s erá de grande aj uda. Seri a tarde
demai s .
Shi ni chi havi a i ndi cado de que el es poderi am es tar atras ados ... M as
Shi ni chi nas ceu como um menti ros o. Ai nda as s i m, um pouco al ém des te
es tari a...
Oh, meu bom Deus , el a pens ou. É uma E s fera E s tel ar.
37
E ntão M eredi th vi u al go que não era fumaça ou fogo. O pequeno
vi s l umbre de uma porta... E um pequeno s opro de ar fres co. Com es s a
es perança para s e apoi ar, el a correu em di reção à porta, arras tando Is obel atrás
del a.
Quando el a pas s ou pel o l i mi te da porta, el a s enti u, de al guma forma,
uma água fri a e abençoada cai ndo em s eu corpo. Quando el a puxou Is obel para
fora, a meni na fez o pri mei ro s om vol untári o durante todo o traj eto: um s ol uço
de agradeci mento, s em pal avras .
As mãos de M att es tavam l á para aj udá-l a, ti rando-l he o pes o que era
Is obel . M eredi th s e ergueu e começou a cambal ear em cí rcul os , e então cai u
de j oel hos . Seu cabel o es tava em chamas ! E l a es tava s e l embrando dos
ens i namentos s obre parar, dei tar e rol ar, quando el a s enti u a água fri a
cai ndo s obre el a. A manguei ra d’água s ubi u e des ceu s obre s eu corpo e el a s e
vi rou, del ei tando-s e com a s ens ação de fres cor, até que el a ouvi u a voz de M att
di zer:
— As chamas s e foram. Você es tá bem agora.
— Obri gada, M att. Obri gada — Sua voz es tava rouca.
— Hey, foi você que teve de i r até o quarto del a e vol tar. Sal var a Sra. Sai tou
foi bem fáci l ... Ti nha a pi a da cozi nha chei a de água, então, as s i m que eu a
l i bertei , nós nos refres camos e caí mos fora.
M eredi th s orri u e ol hou em vol ta rapi damente. Is obel havi a s e tornado
s ua res pons abi l i dade agora. Para s eu al í vi o, el a vi u que a meni na es tava
s endo abraçada por s ua mãe.
E tudo i s s o por caus a de uma es col ha es tranha entre um obj eto, por mai s
preci os o que fos s e, e uma vi da. M eredi th ol hou para mãe e fi l ha e s e al egrou.
E l a poderi a arranj ar outra es taca. M as nada poderi a s ubs ti tui r Is obel .
— Is obel di s s e para te dar i s s o — M att es tava di zendo.
M eredi th vi rou-s e para el e, uma l uz bri l hante fazendo com que o
mundo s e tornas s e uma l oucura, e por um momento el a não acredi tou em
s eus ol hos . M att es tava s egurando a es taca na frente del a.
— E l a deve tê-l a pegado com s ua mão l i vre e... Oh, M att, e el a es tava
quas e morta quando começamos ... M att di s s e:
— E l a é tei mos a. Igual a outra pes s oa que eu conheço.
M eredi th não s abi a mui to bem o que el e qui s di zer com i s s o, mas el a
s abi a de uma coi s a:
— É mel hor i rmos l á para frente. E u duvi do que o corpo de bombei ros
venha. Al ém di s s o... Theo…
— E u farei com que el as andem. Você vai à frente e nos es col ta — M att
di s s e.
M eredi th l ogo chegou ao qui ntal da frente, que es tava horri vel mente
i l umi nado por caus a da cas a, agora total mente em chamas . Fel i zmente, o
páti o l ateral não es tava. M eredi th abri u o portão com a es taca. M att es tava bem
atrás del a, aj udando a Sra. Sai tou e Is obel .
M eredi th rapi damente correu pel a garagem em chamas e depoi s parou.
Atrás del a, el a ouvi u um gri to de horror. Não havi a tempo para tentarem
acal mar quem es ti ves s e chorando, nem havi a tempo para s e pens ar.
As duas mul heres que l utavam es tavam ocupadas demai s para notarem
s ua pres ença... E Theo es tava preci s ando de aj uda. Inari pareci a mes mo uma
M edus a fl amej ante, com os cabel os s e contorcendo, parecendo cobras . Somente
a parte carmes i m quei mava, e era es ta parte que el a es tava us ando como um
chi cote, us ando uma das cobrar para arrebatar o chi cote de prata de Theo, e
depoi s outra para envol ver-s e em torno da garganta de Theo, s ufocando-a. Theo
es tava des es peradamente tentando ti rar aqui l o de s eu pes coço.
Inari es tava ri ndo.
— Você es tá s ufocando, bruxi nha? Tudo acabará em s egundos ... Para você
e para a ci dade i ntei ra! A Úl ti ma M ei a-Noi te fi nal mente chegou!
M eredi th ol hou de vol ta para M att... E i s s o foi tudo o que el a fez. E l e
correu, ul trapas s ando-a, i ndo di reto até as duas mul heres . E então el e s e
i ncl i nou um pouco, fechando s ua mão em uma concha.
Depoi s di s s o, M eredi th correu, col ocando toda s ua energi a numa curta
corri da, mas dei xando o s ufi ci ente para s al tar e col ocar um pé nas mãos de
M att. E ntão, el a s enti u-s e voando bem al to, apenas uma curta di s tânci a para
cortar preci s amente com s ua es taca uma das cobras que es tava s ufocando Theo.
Logo M eredi th es tava em uma queda l i vre, com M att tentando pegá-l a l á
embai xo. E l a pous ou mai s ou menos em ci ma del e e ambos vi ram o que
aconteceu a s egui r.
Theo, que es tava feri da e s angrando, bateu com s uas mãos no ves ti do
que es tava começando a pegar fogo. E l a es tendeu a mão para o chi cote de prata
e el e voou até s eus dedos . M as Inari não es tava atacando. E l a es tava agi tando
os braços freneti camente, como s e es ti ves s e entrando em col aps o, e, de
repente, el a gri tou: um s om tão angus ti ante que M eredi th res pi rou
brus camente. E ra um gri to de morte.
E m frente aos s eus ol hos , el a es tava vol tando a s er a vel ha Obaas an:
pequena, i mpotente e com aparênci a del i cada que el es conheci am. M as no
momento em que es te corpo enfraqueci do cai u no chão, el e j á es tava duro e
morto, com s ua expres s ão s ai ndo da mal í ci a i mperti nente e trans formando-s e
em medo.
Foi quando Is obel e a Sra. Sai tou vi eram para encarar o corpo, s ol uçando
al i vi adas . M eredi th ol hou para el as e então para Theo, que es tava pous ando
bem devagar no chão.
— Obri gada — Theo di s s e com o mai s fraco dos s orri s os . — Vocês me
s al varam... De novo.
— M as o que vocês acham que aconteceu com el a? — M att perguntou. —
E por que Shi ni chi e M i s ao não vi eram aj udá-l a?
— E u acho que el es todos devem es tar mortos , não acha? — A voz de Theo
era s uave, em comparação aos rugi dos das chamas . — Quanto à Inari ... E u
acho que, tal vez, al guém tenha des truí do s ua E s fera E s tel ar. Recei o não ter
s i do forte o s ufi ci ente para detê-l a.
— Que horas s ão? — M eredi th gri tou abruptamente, l embrando-s e.
E l a correu para o vel ho SUV, que ai nda es tava l i gado. Seu rel ógi o
mos trava que era mei a-noi te em ponto.
— Nós s al vamos os ci dadãos ? — M att perguntou des es peradamente.
Theo vi rou s eu ros to em di reção ao centro da ci dade. Por quas e um mi nuto
el a fi cou as s i m, como s e ouvi s s e al guma coi s a. Por fi m, quando M eredi th
s enti u como s e fos s e s e es ti l haçar de tanta tens ão, el a s e vi rou e di s s e
s i l enci os amente:
— A amada Mama, a Vovó e eu s omos uma agora. E u s i nto as cri anças ,
que s e acharam s egurando facas ... E al gumas s egurando armas . E u as s i nto
enquanto el as es tão paradas nos quartos de s eus pai s , i ncapazes de s e
l embrar como el as foram chegar al i . E eu s i nto s eus pai s , al guns es condi dos
em armári os , um s egundo atrás com medo por s uas própri as vi das , agora
vendo armas s endo abai xadas e cri anças cai ndo ao chão, s ol uçantes e
confus as .
— Cons egui mos , então. Você cons egui u. Você a conteve — M att ofegou.
Ai nda genti l e cal ma, Theo di s s e:
— Outro al guém... Bem l onge... Fez mui to mai s . E u s ei que a ci dade
preci s a de reparos . M as a Vovó e a Mama concordam em al go: Por caus a des te
al guém, nenhuma cri ança matou s eu pai es ta noi te, ou nenhum pai matou
s eu fi l ho. O l ongo pes adel o de Inari e s ua Úl ti ma M ei a-Noi te acabou.
M eredi th, encardi da e enl ameada, s enti u al guma coi s a cres cendo e
i nchando dentro del a, cada vez mai s , até que el a não pôde mai s s e conter e
es queceu todo o s eu trei namento. E l a expl odi u, dando um gri to de al egri a.
E l a des cobri u que M att es tava gri tando também. E l e es tava tão encardi do
e enl ameado quanto el a, mas el e a agarrou pel as mãos e gi raram, fazendo
uma gl ori os a dança da vi tóri a.
E foi di verti do gri tar e gi rar como s e fos s em duas cri anças . Tal vez...
Tal vez, na tentati va s e manter cal ma, el a s empre agi a como uma adul ta,
perdendo a es s ênci a de di vers ão, no qual el a s empre s enti a como s e fos s e
uma qual i dade s ó para cri anças .
M att não ti nha probl emas em expres s ar s eus s enti mentos , quai s quer
que el es fos s em: cri anci ce, maturi dade, tei mos i a, fel i ci dade. M eredi th
encontrou-s e admi rando i s s o, também pens ando que fazi a um bom tempo
des de a úl ti ma vez que el a ol hara real mente para M att. E agora, el a s enti u
uma onda de s enti mentos por el e. E el a pôde ver que M att s enti a-s e da
mes ma forma por el a. Como s e el e nunca ti ves s e ol hado apropri adamente para
el a antes .
E s te era o momento... E m que el es devi am s e bei j ar. M eredi th havi a
vi s to i s to em al guns fi l mes , e l i do em al guns l i vros , que i s s o era quas e
i nevi tável .
M as es ta era a vi da real , não uma hi s tóri a. E quando o momento
chegou, M eredi th encontrou s egurando os ombros de M att, enquanto el e
s egurava os del a, e el a pôde ver que el e es tava pens ando exatamente a mes ma
coi s a s obre o bei j o.
O momento s e prol ongou...
E ntão, com um s orri s o, o ros to de M att mos trou que el e s abi a o que devi a
s er fei to. M eredi th também s abi a.
Ambos s e aproxi maram, e s e abraçaram. Quando el es recuaram, ambos
es tavam s orri ndo. E l es s abi am o que el es eram: el es eram mui to di ferentes ,
eram ami g os í nti mos . M eredi th es perava que el es s empre fos s em.
Ambos s e vi raram para ol har para Theo, e M eredi th s enti u uma pontada
no coração, o pri mei ro des de que el a ti nha ouvi do fal ar que el es havi am
poupado a ci dade. Theo es tava mudando. E foi o ol har em s eu ros to, enquanto
el a os obs ervava, que fez com que M eredi th ti ves s e a pontada.
Depoi s de s er j ovem, e enquanto as s i s ti a s ua j uventude no auge, el a foi
envel hecendo mai s uma vez, enrugando, o cabel o fi cando branco ao i nvés de
prata s ob o l uar. Por fi m, el a era uma mul her de i dade ves ti ndo uma capa de
chuva coberta com pedaços de papel .
— Sra. Fl owers !
E ra perfei tamente s eguro e certo bei j ar essa pes s oa. M eredi th l ançou os
braços s obre a frági l i dos a, ti rando s eus pés do chão, emoci onada. M att s e
j untou a el a, e el es a ergueram mai s al to, aci ma de s uas cabeças . E l es a
carregaram des te j ei to até as Sai tou, mãe e fi l ha, que es tavam as s i s ti ndo ao
i ncêndi o.
Lá, fi cando s éri os , el es a col ocaram no chão.
— Is obel ! — M eredi th di s s e. — Deus ! E u s i nto mui to... Sua cas a...
— Obri gada — Is obel di s s e em s ua voz s uave e arras tada. E ntão, el a s e
vi rou e s e afas tou.
M eredi th s enti u um arrepi o. E l a es tava começando a s e arrepender da
cel ebração, quando a Sra. Sai tou di s s e:
— Sabi a que es s e é o mel hor momento da hi s tóri a da nos s a famí l i a?
Durante centenas de anos , aquel a vel ha ki ts une... Ah, s i m, nós s empre
s oubemos o que el a era... E s teve prej udi cando humanos i nocentes . E nos
úl ti mos três s écul os , tem s i do a mi nha famí l i a, des cendentes de s amurai s
mi kos , quem el a tem aterrori zado. Fi nal mente meu mari do poderá vol tar para
cas a.
M eredi th ol hou para el a, s urpres a. A Sra. Sai tou as s enti u.
— E l e tentou des afi á-l a e el a o bani u de cas a. Des de que Is obel nas ceu,
eu temo por el a. E agora, por favor, perdoem-na. E l a tem probl emas em
expres s ar o que s ente.
— E u s ei di s s o — M eredi th di s s e s i l enci os amente. — E u terei uma
convers i nha com el a, s e es ti ver tudo bem para você. Se al guma vez em s ua vi da
el a nunca teve a chance de di zer a um ami go como era bom s e di verti r, el a
pens ou, a oportuni dade era es s a.
38
Damon havi a parado e es tava aj oel hado atrás de um enorme gal ho de
árvore quebrado. Stefan agarrou as duas meni nas e, j untos , pul aram e
pous aram bem atrás de s eu i rmão.
E l ena encontrou-s e encarando o grande tronco da árvore. M es mo s endo
grande, el e era mai s l argo do que el a es perava. E ra verdade: el es quatro não
poderi am fi car de mãos dadas em vol ta del e. M as no fundo de s ua mente
havi a i magens de l uas , árvores e gal hos que eram tão al tos quanto arranha-
céus , onde uma E s fera E s tel ar poderi a es tar es condi da em qual quer “andar”
ou “s al a”.
Aquel a era uma grande árvore com tronco de carval ho, com uma es péci e
de cí rcul o mági co — com, tal vez, vi nte metros de di âmetro, no qual não havi a
fol has vi vas em vol ta. Pos s uí a uma cor mai s cl ara que o barro pel o qual
percorri a, e bri l hava em al guns l ugares . No geral , E l ena fi cou al i vi ada.
M ai s que i s s o, el a pôde até mes mo ver a E s fera E s tel ar. E l a temi a —
j unto com outras coi s as — que el a pudes s e es tar mui to al ta, num l ugar onde
não s e pudes s e es cal ar, em um emaranhado de raí zes e ramos que, hoj e,
certamente depoi s de centenas ou mi l hares de anos , s eri a i mpos s í vel de s e
cortar. M as l á es tava el a, a mai or E s fera E s tel ar j á fei ta, devendo s er do
tamanho de uma bol a de prai a, ani nhada no pri mei ro s uporte da árvore.
Sua mente conti nuou em ação. E l es cons egui ram; el es acharam a
E s fera E s tel ar. M as quanto tempo l evari a para l evá-l a de vol ta até onde Sage
es tava? Automati camente, el a ol hou para s ua bús s ol a e vi u, para s ua
s urpres a, que agora a agul ha apontava para s udoes te — em outras pal avras ,
de vol ta para a Cas a de Portai s . Is s o foi uma j ogada de mes tre, vi ndo de Sage.
E , tal vez, el es não teri am que fazer todo o cami nho de vol ta; el es podi am
s i mpl es mente us ar a Chave M es tra e vol tar para Fel l ’s Church, e então...
Bem, a Sra. Fl owers s aberi a o que fazer com el a.
Se el es a pegas s em, tal vez el es pudes s em s i mpl es mente chantageá-l a,
quem quer que Ela fos s e, fazendo com que el a fos s e embora para s empre em
troca da E s fera E s tel ar. E mbora... Será que el es poderi am vi ver com o
pens amento de que el a poderi a fazer i s s o de novo... E de novo... E de novo com
outras ci dades ?
E nquanto el a fazi a s eus pl anos , E l ena vi u a expres s ão de s eus
companhei ros : o ros to i nfanti l , em formato de coração e chei o de dúvi das de
Bonni e; os ol hos aval i ati vos e i nteres s ados de Stefan; o s orri s o peri gos o de
Damon.
E l es es tavam vendo, por fi m, a recompens a de um trabal ho árduo.
M as el a não podi a fi car ol hando por mui to tempo. Coi s as ti nham de s er
fei tas. M es mo enquanto el es ol havam, a E s fera E s tel ar bri l hava, mos trando
tantas cores i ncandes centes e bri l hantes que E l ena quas e fi cou cega. E l a
protegeu s eus ol hos j us to quando ouvi u Bonni e i nal ar profundamente.
— O que foi ? — Stefan perguntou, com uma mão na frente de s eus
ol hos , que, é cl aro, eram bem mai s s ens í vei s à l uz que ol hos humanos .
— Al guém a es teve us ando agora mes mo! — Bonni e res pondeu. —
Quando el a bri l hou des s e j ei to, el a envi ou Poder! À uma di s tânci a bem, bem
l onga!
— As coi s as es tão es quentando na pobre e vel ha Fel l ’s Church — Di s s e
Damon, que es tava ol hando para os ramos aci ma del e.
— Não di ga i s s o! — Bonni e excl amou. — É nos s a cas a. E agora,
fi nal mente podemos defendê-l a!
E l ena pôde prati camente ver o que Bonni e es tava pens ando: abraços em
famí l i a; vi zi nhos s orri ndo para s eus vi zi nhos novamente; a ci dade i ntei ra
trabal hando para arrumar aquel a confus ão.
É as s i m que grandes tragédi as , às vezes , acontecem. Há pes s oas com
um úni co obj eti vo, ai nda que não es tej am em s i ncroni a. Pretens ões .
Pres unções . E , tal vez, mai s i mportante de tudo, a i ncapaci dade de s entarem
para convers ar.
Stefan tentou s e aproxi mar, embora E l ena pudes s e ver que el e ai nda
es tava cego devi do ao bri l ho da E s fera E s tel ar. E l e di s s e s i l enci os amente:
— Vamos convers ar a res pei to e tentarmos entrar em um acordo em como
vamos pegá-l a... M as Bonni e es tava ri ndo del e, não de um modo genti l . E l a
di s s e:
— E u pos s o s ubi r l á tão rápi do quanto um es qui l o. Tudo o que eu preci s o
é de al guém forte para pegá-l a quando eu a j ogá-l a.
E u s ei que não poderei des cer com el a em mãos . E u não s ou tão burra.
Qual é, pes s oal , vamos nes s a!
E foi as s i m que aconteceu. Di ferentes pers onal i dades , di ferentes modos
de pens ar. E uma ri s ada de uma meni na bri l hante, que não teve uma
premoni ção quando fora neces s ári o.
E l ena, que es tava i nvej ando a es taca de combate de M eredi th, nem
s equer vi u quando começou. E l a es tava ol hando para Stefan, que es tava
pi s cando rapi damente para ter s ua vi s ão de vol ta.
E Bonni e es tava des cendo rapi damente como el a havi a di to, de ci ma
daquel e gal ho de árvore morta que os abri gava. E l a até deu um ri s i nho para
el es antes de s al tar para dentro do cí rcul o es téri l e bri l hante em torno da
árvore.
E ntão, mi cros s egundos s e es tenderam i nfi ni tamente. E l ena senti u s eus
ol hos s e abri rem l entamente, mes mo que el a soubesse que el es havi am s e
aberto bem rápi do. E l a vi u Stefan tentar al cançar vagaros amente os pés de
Bonni e, mes mo sabendo que o que el a vi u foi uma garra-rel âmpago tentando
pegar os tornozel os da meni na. E l a até mes mo ouvi u a tel epati a i ns tantânea
de Damon: “Não, sua toli nha!”, como s e el e es ti ves s e fal ando as pal avras em s eu
cos tumei ro tom pregui ços o de s uperi ori dade.
E então, ai nda em câmera l enta, os j oel hos de Bonni e s e fl exi onaram e
el a pul ou por ci ma do cí rcul o.
M as el a nunca tocou o chão. De al guma forma, uma ti ra preta e
i ncri vel mente rápi da, até mes mo para o fi l me de terror em câmera l enta que
E l ena es tava pres enci ando, apareceu onde Bonni e devi a pous ar. E então
Bonni e es tava s endo lançada, s endo arremes s ada rápi do demai s para que os
ol hos de E l ena pudes s em acompanhar, para fora do cí rcul o es téri l e, em
s egui da, houve um ruí do s urdo... M ui to rápi do para que E l ena pudes s e di zer
que fos s e a aterri s s agem de Bonni e.
Bem cl aramente, el a ouvi u Stefan gri tar “Damon!” em uma voz horrí vel .
E , em s egui da, E l ena vi u obj etos fi nos — pareci dos com l anças — s endo
arremes s ados l á embai xo. Outra coi s a que s eus ol hos não puderam
acompanhar. Quando s ua vi s ão de aj us tou, el a vi u que eram l ongos ramos
negros es pal hados i gual mente ao redor da árvore, como s e fos s em tri nta
pernas de aranha, tri nta l anças l ongas que deveri am apri s i onar al guém
dentro del as , i gual às grades de uma cel a, ou prendê-l os na arei a es tranha
no chão.
“Prender” era uma boa pal avra. E l ena gos tava do s om del a. E nquanto el a
es tava ol hando para as farpas afi adas nos ramos , des ti nadas a manterem
qual quer coi s a que el as pegas s em no chão, el a pens ou em como Damon
fi cari a aborreci do s e uma del as perfuras s e s ua j aqueta de couro. E l e s ol tari a
pal avrões , e Bonni e tentari a fi ngi r que el e não fez i s s o... E ...
E l a es tava bem perto agora, percebendo que aqui l o não era tão fáci l . O
ramo, que devi a s er do tamanho de uma l ança, havi a ati ngi do o ombro de
Damon, e devi a ter doí do para caramba, al ém de ter es pi rrado gotas de s angue
no canto de s ua boca. M as o mai s i rri tante era o fato de que el e havi a fechado
s eus ol hos . Foi as s i m que E l ena pens ou. E l e os havi a fechado
del i beramente... Tal vez porque el e es tava com rai va; tal vez por caus a da dor em
s eu ombro. M as i s s o fez com que el a s e l embras s e da parede de ferro que el a
encontrou, na úl ti ma vez em que tentara tocar s ua mente... E , caramba, s erá
que el e não podi a admi ti r que el e es tava as s us tado?
— Abra s eus ol hos , Damon — E l a di s s e, corando, porque era i s s o que
el e queri a que el a di s s es s e. E l e era o mai or mani pul ador do mundo.
— Abra s eus ol hos , eu di s s e! — Agora el a es tava real mente i rri tada. —
Não banque o engraçadi nho, porque você não engana ni nguém, e nós j á nos
cansamos di s s o!
E l a es tava pres tes a i r l á dar-l he uma s acudi da quando al go preencheu
o ar, fazendo com que el a ol has s e para Stefan. Stefan es tava com dor, mas com
certeza com menos dor do que Damon. E l a ol hou de novo para Damon, para
xi ngá-l o, quando Stefan di s s e brus camente:
— E l ena, el e não pode!
Durante o menor tempo pos s í vel , as pal avras s oaram como um abs urdo
para el a. Não s ó confus as , mas s em s enti do, como di zer a al guém que paras s e
o s eu apêndi ce de fazer... O que quer que s ej a que um apêndi ce faça. E s s e
pequeno i nterval o foi tudo que el a teve, e então el a teve de encarar o que s eus
ol hos es tavam mos trando para el a.
Damon não havi a s i do feri do em s eu ombro. E l e havi a s e machucado no
canto es querdo, l i gei ramente no centro de s eu tors o. E xatamente onde s eu
coração es tava.
Pal avras s e vol tavam para el a. Pal avras que al guém havi a di to uma vez...
E mbora el a não pudes s e s e l embrar de quem agora.
“Você não pode matar um vampi ro tão faci lmente. Só morremos se você atravessar uma estaca
emnossos corações...” M orto? Damon, morto? Is s o devi a s er um engano…
— Abra, seus olhos!
— Elena, ele não pode!
M as el a s abi a, s em s aber como, que Damon não es tava morto. E l a não
fi cou s urpres a que Stefan não s oubes s e di s s o; i s s o, es s e zumbi do, fazi a parte
da frequênci a es peci al entre el a e Damon.
— Vamos , rápi do, me dê um machado.
E l a di s s e tão des es peradamente e com tanto ar de conheci mento que
Stefan o entregou s em di zer nada, obedecendo também quando el a l he di s s e
para s egurar o ramo em ci ma e embai xo. Depoi s , com al gumas pancadas
rápi das do machado, el a cortou o ramo preto, que era es pes s o o s ufi ci ente para
i mpedi -l a de apertar s uas mãos em vol ta del e. Is s o foi fei to num s urto de
adrenal i na pura, mas el a s abi a que Stefan havi a fi cado admi rado e a
permi ti u que conti nuas s e.
Quando el a termi nou, el a ti nha um ramo frouxo que cai u e vol tou até a
árvore, rapi damente... E al go que pareci a uma es taca j unto a Damon.
Só quando el a começou a puxar a es taca que um Stefan horrori zado fez com
que el a paras s e.
— E l ena! E l ena! E u não menti ri a para você! E s s es ramos foram fei tos
para i s s o. M atar i ntrus os que s ão vampi ros . Ol he, amor... Vej a.
E l e es tava mos trando a el a outro ramo que es tava j unto à arei a, com as
farpas s obre el a. As s i m como aquel as l anças pri mi ti vas de pedra.
— E s s es ramos foram fei tos para s erem as s i m — Stefan es tava di zendo.
— E s e você conti nuar a puxá-l a, você vai acabar... Puxando pedaços ... Do
coração del e.
E l ena congel ou. E l a não ti nha certeza s e podi a compreender as
pal avras ... E l a podi a s e permi ti r a entender, ou poderi a vi s ual i zá-l as . M as
não i mportava.
— E u vou des trui r i s s o de outra forma — E l a di s s e bem devagar,
ol hando para Stefan, mas não s endo capaz de ver os ol hos verdes del e por caus a
l uz ol i va. — E s pere. Só es pere e vej a. E u encontrarei um Poder de As a que
des trui rá es s a... E s s a... Maldi ta abomi nação.
E l a podi a pens ar em vári os outros nomes que s ervi ri am para aquel a
es taca, mas el a ti nha que s e manter no control e.
— E l ena — Stefan s us s urrou s eu nome como s e el a mal pudes s e
entendê-l o.
M es mo s ob o crepús cul o, el a pôde ver l ágri mas em s eu ros to. E l e
conti nuou, mental mente:
Elena, olhe para os olhos dele. Essa Árvore é uma vi ci ada emmatança, comuma Madei ra que
eu nunca vi , mas que j á ouvi falar a respei to. Está... Está se espalhando. Dentro dele.
— Dentro del e? — E l a repeti u es tupi damente.
Por suas artéri as e vei as… E nervos… Tudo conectado comseu coração. Ele... Oh, Deus, Elena,
só olhe nos olhos dele!
E l ena ol hou. Stefan havi a s e aj oel hado e genti l mente l evantou as
pál pebras de Damon e, então, E l ena começou a gri tar.
Nas pupi l as profundas que antes carregavam um céu noturno chei o de
es trel as , agora havi a um vi s l umbre... Não havi a mai s es trel as , mas s i m al go
verde. Pareci a bri l har com s ua própri a l umi nes cênci a i nfernal .
Stefan ol hou para el a com agoni a e compai xão. E agora, com um
movi mento genti l , Stefan es tava fechando aquel es ol hos ... Para s empre, el a
s abi a que el e es tava pens ando.
Tudo pareci a es tranho, quas e como s e fos s e um s onho. Nada mai s fez
s enti do.
Stefan es tava dei tando cui dados amente a cabeça de Damon... E l e es tava
fazendo com que el e parti s s e em paz. M es mo em s eu mundo di s torci do e
confus o, E l ena s oube que el a nunca poderi a ter fei to i s s o.
E então, um mi l agre aconteceu. E l ena ouvi u uma voz em s ua mente que
não era a del a.
Isso tudo foi bastante i nesperado. Eu ag i , pela pri mei ra vez, sem pensar. E essa foi mi nha
recompensa.
A voz era um zumbi do na frequênci a es peci al del es , do Damon e del a.
E l ena s ai u dos braços de Stefan, que es tavam tentando contê-l a, e cai u,
s egurando os ombros de Damon com as mãos .
Eu sabi a! Eu sabi a que você não podi a estar morto!
Foi s ó então que el a percebeu que s eu ros to es tava todo mol hado, então
el a us ou s uas l uvas de couro maci o para l i mpá-l o.
Oh, Damon, você me assustou tanto! Nunca, nunca mai s faça i sso de novo!
Eu acho que posso te dar mi nha palavra sobre i sso, Damon envi ou... E m tons
di ferentes daquel es que s empre us ava... Cal mo, mas excêntri co.
Mas você temque me dar alg o emtroca.
Si m, é claro, E l ena di s s e. Dei xe só eu ti rar um pouco de meu cabelo do meu pescoço.
Funci onou melhor assi m quando Stefan estava dei tado... Quando nós o ti ramos daquela pri são,
naquela li tei ra…
Não é i sso, Damon l he di s s e. Pela pri mei ra vez, anj o, eu não quero o seu sang ue. Eu
quero que você me dê sua mai s solene palavra de que você tentará ser forte. Se aj udar em alg uma
coi sa, eu sei que mulheres são melhores que homens neste aspecto. Elas são menos covardes em
encarar... O que vocês terão de encarar ag ora.
E l ena não gos tou do tom des s as pal avras . A verti gem que es tava fazendo
s eus l ábi os fi carem dormentes es tava vi aj ando por todo o s eu corpo. Não havi a
nenhuma bravura. Damon podi a aguentar a dor. E l a encontrari a um Poder de
As a que des trui ri a toda aquel a madei ra que o es tava envenenando. Podi a doer,
mas s al vari a a vi da del e.
Não fale assi m! E l a retrucou s everamente, antes que el a pudes s e s e
l embrar de s er genti l .
Tudo começou a fl utuar, e el a não cons egui a s e l embra do porquê de s er
genti l , mas havi a um moti vo. Ai nda as s i m, foi di fí ci l , poi s el a es tava us ando
toda a s ua concentração e s ua força para procurar um Poder de As a que el a
nunca ouvi ra fal ar antes . Puri fi cação? Is s o ti rari a a madei ra ou fari a com que
Damon fi cas s e s em o s eu s orri s o mal i ci os o? Não fari a mal tentar, de qual quer
forma, e el a es tava fi cando des es perada... Porque o ros to de Damon es tava
fi cando pál i do.
M as nem mes mo as Asas da Puri fi cação l he foram útei s .
De repente, um grande tremor — uma convul s ão — tomou conta do corpo
i ntei ro de Damon. E l ena ouvi u pal avras cortadas vi ndo detrás del a.
— Amor, amor... Você tem que dei xá-l o i r. E l e es tá vi vendo com... Com
uma dor i ntol erável , s ó porque você es tá mantendo-o aqui — Uma voz di s s e, e
era a de Stefan.
Stefan, quem nunca menti ri a para el a.
Só por um i ns tante é que E l ena hes i tou, mas então uma rai va ardente
começou a percorrer por todo o s eu corpo. Is s o fez com que el a ti ves s e forças para
gri tar com a voz rouca:
E u ... Não! Eu não vou abandoná-lo! Droga, Damon, você tem que l utar!
Dei xe-me te aj udar! Meu sang ue... E l e é es peci al . E l e te dará força. B eba-o!
E l a s e atrapal hou com a faca. Seu s angue era mági co. Tal vez, s e el a
des s e s angue o s ufi ci ente, el a dari a a Damon força para l utar contra as fi bras
da madei ra que ai nda es tavam s e es pal hando por s eu corpo.
E l ena cortou s ua garganta. Tal vez, s ubcons ci entemente, el a evi tou cortar
s ua artéri a caróti ca, mas i s s o foi al go i ntei ramente s em i ntenção. E l a
s i mpl es mente es tendeu a mão, encontrou uma faca de metal e, com um gol pe
rápi do, s angue começou a j orrar. Sangue vermel ho que, mes mo na penumbra,
era a cor da es perança.
— Aqui , Damon. Aqui ! Beba i s s o. O quanto você qui s er… Tudo que você
preci s ar para s e curar.
E l a fi cou na mel hor pos i ção que pôde, ouvi ndo, mas ao mes mo tempo não
ouvi ndo, o s us pi ro horrori zado de Stefan atrás del a, por caus a da i mprudênci a
de s eu corte, não concordando com i s s o.
M as ... Damon não es tava bebendo. Nem mes mo o s angue de s ua
Pri nces a das Trevas ... E como a fras e conti nuava? E ra al go como um
combus tí vel de foguete, s e comparado como o s angue encontrado nas vei as das
outras garotas . Agora el e s ó es corri a pel os l ábi os del e. E l e corri a pel o s eu ros to
pál i do, encharcando s ua cami s a preta e formando uma poça em s ua j aqueta de
couro.
Não...
Damon, E l ena envi ou, por favor. Estou... Te i mplorando. Por favor. Estou te
i mplorando; faça por mi m, Elena. Por favor, beba. Podemos fazer i sso... Juntos.
Damon não s e mexeu.
Sangue derramou-s e da boca que el a havi a aberto, enchendo-a, até que
começou a trans bordar novamente. E ra como s e Damon es ti ves s e i ns ul tando-a,
di zendo:
— Você não qui s que eu desi sti sse de sang ue humano? B em, eu desi sti ... Para sempre. Oh,
bom Deus , por favor...
E l ena es tava mai s atordoada do que nunca agora. E ventos externos
pas s aram s em el a dar mui ta i mportânci a ao s eu redor, como uma pes s oa que
vai ao mar pul ar umas ondas . Sua atenção es tava i ntei ramente em Damon.
M as uma coi s a el a s enti u. A bravura del a... Damon es tava errado quanto
a i s s o. Sol uços enormes es tavam s ubi ndo de al gum l ugar profundo dentro del a.
E l a ti nha fei to com que Stefan a s ol tas s e e agora el a não cons egui a mai s s e
conter.
E l a cai u s obre s eu própri o s angue e s obre o corpo de Damon. Sua
bochecha es tava contra a del e.
E a bochecha del e es tava fri a. M es mo s ob o s angue, es tava fri a.
E l ena nunca s oube quando s ua hi s teri a começou. E l a s i mpl es mente s e
encontrou gri tando e chorando, batendo nos ombros de Damon, xi ngando-o. E l a
nunca o havi a xi ngado apropri adamente antes , pel o menos não de frente.
E nquanto el a gri tava, não era s ó um s om. E l a começou a gri tar novamente
para que el e achas s e al go para qual l utar.
E fi nal mente, el a começou com as promes s as . Promes s as que, do fundo
do s eu coração, el a s abi a que eram menti ras . E l a achari a um j ei to de curá-l o,
a qual quer momento. E l a até j á s enti u um novo Poder de As a chegando para
s al vá-l o.
Tudo para não ter de encarar a verdade.
— Damon? Por favor? — Houve uma paus a na gri tari a, quando el a
começou a us ar s ua nova voz, s ua voz rouca. — Damon, s ó faça uma coi s a por
mi m. Só aperte mi nha mão. E u s ei que você pode fazer i s s o. Só aperte uma de
mi nhas mãos .
M as não houve nenhum aperto em nenhuma de s uas mãos . Somente
s angue, que começava a fi car pegaj os o.
E então, o mi l agre aconteceu e el a mai s uma vez pôde ouvi r a voz de
Damon — bem fraqui nha — em s ua cabeça.
Elena? Não... Chore, queri da. Não é… Tão rui m como Stefan di sse. Eu não si nto quase
nada, exceto no meu rosto. Eu... Si nto suas lág ri mas. Cheg a de chorar... Por favor, anj o.
Por caus a des s e mi l agre, E l ena paral i s ou-s e. E l e havi a chamado Stefan
de “Stefan” e não de “mani nho”. M as el a ti nha outras coi s as para pens ar agora.
E l e ai nda podi a s enti r coi s as em s eu ros to! Is s o era uma i nformação
i mportante, uma i nformação val i os a. E l ena i medi atamente cobri u s eu cabel o
com as mãos e o bei j ou nos l ábi os .
Eu acabei de te bei j ar. Estou te bei j ando novamente. Você pode senti r i sso?
Para sempre, Elena, Damon di s s e. Eu… Levarei i sso comi g o. Faz parte de mi m ag ora…
Você entende?
E l ena não qui s entender. E l a bei j ou s eus l ábi os — gél i dos — de novo.
E de novo. E l a queri a dar-l he al go mai s . Al go bom para s e pens ar.
Damon, você se lembra da pri mei ra vez emque nos conhecemos? Na escola, depoi s que as luzes se
apag aram, quando eu estava mexendo na decoração da Casa Mal-Assombrada. Eu quase dei xei
que você me bei j asse, naquela época... Antes mesmo de eu sequer saber o seu nome... Quando você sai u
si lenci osamente da escuri dão.
Damon, s urpreendentemente, a res pondeu i medi atamente.
Si m... E você... Você me surpreendeu por ser a pri mei ra g arota que eu não conseg ui
Influenci ar de i medi ato. Nós... Nos di verti mos j untos... Não é? Alg umas vezes? Nós fomos à uma
festa… E dançamos j untos. Eu levarei i sso comi g o, também.
Através de s eu torpor, E l ena teve um pens amento. Não confundi -l o ai nda
mai s . E l es ti nham i do àquel a “fes ta” s omente para s al varem a vi da de Stefan.
E l a l he di s s e:
Nos di verti mos, si m. Você é um bom dançari no. Imag i ne a g ente valsando! Damon
envi ou l entamente, vagamente:
Si nto mui to... Eu tenho si do horrí vel ulti mamente. Di g a... Di g a i sso a ela. B onni e. Di g a
a ela… E l ena es tabi l i zou-s e.
Eu di rei . Estou te bei j ando novamente. Você pode senti r eu te bei j ando?
E ra uma pergunta retóri ca, então el a fi cou em choque quando Damon s ó
res pondeu devagar e s onol entamente:
Eu... Fi z alg umj uramento para você, onde eu di g o somente a verdade?
Si m, el a menti u i ns tantaneamente. E l a preci s ava da verdade vi nda
del e.
Então... Para ser honesto, não... Eu não consi g o senti r. Parece que eu não tenho mai s... Um
corpo. É confortável e quente, e nada mai s machuca. E... Eu quase si nto como se não esti vesse sozi nho.
Não ri a.
Você não está sozi nho! Oh, Damon, você não sabi a di sso? Eu nunca, nunca te dei xari a
sozi nho.
E l ena fi cou em choque, s e perguntando como fazer com que el e
acredi tas s e nel a. Pel o menos , s ó por mai s al guns s egundos ...
Aqui , el a envi ou em um s us s urro tel epáti co, eu te darei meu seg redo mai s
preci oso. Eu nunca o di sse para mai s ni ng uém. Você se lembra daquele motel emque fi camos, naquela
nossa vi ag em de carro, e como todos — i nclusi ve você — se perg untaram o que havi a aconteci do
naquela noi te?
Um... Motel? Uma vi ag emde carro? E l e es tava s oando mui to i ns eguro agora. Oh,
si m. Eu me lembro. E… Na manhã seg ui nte… Eu fi quei comdúvi das.
Porque Shi ni chi roubou sua memóri a, E l ena di s s e, es perando que aquel e nome
odi ado reavi vas s e Damon. M as não teve efei to. As s i m como Shi ni chi , Damon
havi a termi nado s ua mi s s ão na Terra.
E l ena i ncl i nou s eu ros to contra o del e, que es tava fri o e s angrento.
Eu te abracei , queri do, bem desse j ei to... B em, quase assi m. A noi te toda. Era i sso que você
queri a, não se senti r sozi nho.
Houve uma l onga paus a, e E l ena começou a fi car em pâni co nas poucas
partes de s eu corpo que j á não es tavam entorpeci das ou hi s téri cas . M as ,
então, as pal avras vi eram até el a bem devagar.
Obri g ado... Elena. Obri g ado... Por me di zer o seu seg redo mai s preci oso.
Si m, eu te di rei alg o ai nda mai s preci oso. Ni ng uémestá sozi nho. Nunca. Ni ng uémj amai s
fi ca sozi nho. Você está comi g o... É tão quente... Nada mai s comque se preocupar...
Nada mai s, E l ena prometeu a el e. E eu sempre estarei conti g o. Ni ng uém está
sozi nho; eu te prometo.
Elena... As coi sas estão começando a fi car estranhas ag ora. Não há mai s dor. Mas eu preci so
te contar... O que você j á sabe... Como eu me apai xonei por você... Você vai se lembrar, né? Você não
vai me esquecer?
E s quecê-l o? Como eu poderi a te esquecer?
M as Damon j á es tava fal ando e, de repente, E l ena s oube que el e j á não
podi a ouvi -l a, nem ao menos tel epati camente.
Você vai se lembrar? Por mi m? Só i sso… Eu amei uma vez… Só uma vez, séri o, na mi nha vi da
toda. Você pode se lembrar de que eu te amei ? Isso faz comque mi nha vi da… Valha… Alg uma coi sa.
Sua voz des apareceu.
E l ena es tava tonta demai s agora. E l a s abi a que ai nda es tava perdendo
s angue rapi damente. Bem rápi do. Sua mente es tava confus a. E el a, de
repente, foi ati ngi da por uma tempes tade de s ol uços . Pel o menos , el a não i ri a
gri tar novamente... Não havi a ni nguém para s e gri tar. Damon j á havi a parti do.
E l e havi a i do s em el a.
E l a queri a s egui -l o. Nada era real . E l e não entendi a? E l a não podi a
i magi nar um uni vers o, não i mporta quantas di mens ões exi s tam, s em Damon
l á. Não havi a mundo para el a, s e não houves s e Damon.
E l e não podi a fazer i s s o com el a.
Sem s aber ou s e i mportar com o que el a es tava fazendo, el a mergul hou
fundo, bem fundo na mente de Damon, empunhando s ua tel epati a como s e
fos s e uma es pada, cortando as conexões de madei ra que el a encontrou em toda
a parte. E , por fi m, el a encontrou-s e mergul hando na mai s profunda parte
del e... Onde um meni ni nho, a metáfora i ncons ci ente de Damon, que j á havi a
s i do amarrado s ob correntes e que fora des i gnado a guardar a grande pedra que
Damon manti nha s eus s enti mentos .
Oh, Deus , el e deve es tar com tanto medo, el a pens ou. Sej a qual for o
cus to, el e não deve ter permi s s ão de parti r enquanto es ti ver com medo...
Agora el a o vi a. O Damon-cri ança. Como s empre, el a pôde ver naquel e
ros to docemente arredondado, o homem forte e robus to que Damon s e tornari a,
com grandes ol hos negros e um ol har i ns ondável em potenci al .
M as , apes ar de el e não es tar s orri ndo, o ol har da cri ança es tava aberto e
acol hedor, de uma forma que Damon j amai s es ti vera. E as correntes havi am
s umi do. A grande pedra também s e fora.
— E u s abi a que você vi ri a — O garoto s us s urrou, e E l ena o pegou no
col o.
Cal ma, E l ena di s s e a s i mes ma. Cal ma, el e não é real . E l e é o que
s obrou da mente de Damon, a parte mai s profunda de s eu cérebro. M as ai nda
as s i m, el e é mai s j ovem que M argaret, e el e é tão maci o e quente. Não
i mporta o que cus te, mas por favor, meu Deus , faça com que el e não s ai ba o
que real mente aconteceu.
M as havi a conheci mento naquel es grandes ol hos negros que
começaram a encarar o ros to del a.
— E s tou tão fel i z em te ver — E l e confi denci ou. — E u pens ei que
nunca fal ari a conti go novamente. E ... Ele... Você s abe… E l e dei xou al guns
recados comi go. E u não acho que el e pos s a di zer mai s al guma coi s a, então el e
as envi ou para mi m.
E l ena entendeu. Se havi a al go que a madei ra não houves s e al cançado,
s eri a a úl ti ma parte de s eu cérebro: a parte mai s pri mi ti va. Damon ai nda
podi a fal ar com el a... Através de s ua parte i nfanti l .
M as antes que el a pudes s e fal ar, el a vi u que havi a l ágri mas nos ol hos
da cri ança e, em s egui da, o corpo del e s ofreu um es pas mo e el e mordeu os
l ábi os com força... Para evi tar que s ol tas s e um gri to, el a adi vi nhou.
— Dói ? — Perguntou el a, tentando acredi tar que não does s e. Tentando
acredi tar des es peradamente.
— Não mui to.
M as el e es tava menti ndo, el a percebeu. Ai nda as s i m, el e não havi a
s ol tado nenhuma l ágri ma. E l e ti nha s eu orgul ho, es s e Damon-cri ança.
— E u tenho um recado es peci al para você — E l e di s s e. — E l e pedi u
para que eu di s s es s e a você que el e s empre es tará conti go. E que você nunca
es tará s ozi nha. Que ni nguém fi ca s ozi nho.
39
E l ena puxou a cri ança para mai s próxi ma de s i . Damon havi a
entendi do, mes mo em s eu es tado atordoado e confus o. Todo mundo es tava
conectado. Ni nguém es tava s ozi nho.
— E el e pedi u outra coi s a. E l e perguntou s e você poderi a me abraçar,
des s e j ei to... Se eu dormi r — Os ol hos negros de vel udo encararam o ros to de
E l ena. — Você fari a i s s o?
E l ena tentou s e manter es tável .
— E u vou te abraçar — E l a prometeu.
— E nunca vai me s ol tar?
— E eu j amai s vou te s ol tar — E l ena l he di s s e, poi s el e era uma cri ança
e não havi a moti vos para as s us tá-l o.
E porque, tal vez, porque es s a parte de Damon — es s a pequeni na e
i nocente parte — poderi a s er do ti po que “vi ves s e para s empre”. E l a ouvi ra
di zer que vampi ros não vol tavam, não reencarnavam i gual os humanos . Os
vampi ros da Di mens ão das Trevas ai nda es tavam “vi vos ” — os aventurei ros , os
caça-fortunas e os condenados à pri s ão pel a Corte Cel es ti al .
— E u vou te abraçar — E l ena prometeu novamente. — Para todo o
s empre.
Nes s a hora, s eu corpi nho começou a ter outro es pas mo, e el a vi u
l ágri mas nos cí l i os negros del e, e s angue em s eus l ábi os . M as antes que
el a pudes s e di zer al guma coi s a, el e adi ci onou:
— E u tenho outros recados . E u os s ei de cor. M as ... — Seus ol hos
i mpl oraram por perdão — E u tenho que dá-l os aos outros . Quê outros ? E l ena
pens ou pri mei ramente, aturdi da.
E ntão el a s e l embrou. Stefan e Bonni e. Havi a outros entes queri dos .
— E u pos s o… Dar-l hes o recado — E l a di s s e hes i tantemente, e el e l he
deu um s orri s i nho, o s eu pri mei ro, bem no canto dos l ábi os .
— E l e me dei xou um pouco de tel epati a, também — E l e di s s e. — Para o
cas o de eu preci s ar fal ar com você. Ai nda ferozmente i ndependente, E l ena
pens ou.
Tudo o que el a di s s e foi :
— Vá em frente, então.
— O pri mei ro é para o meu i rmão, Stefan.
— Você pode di zer i s to a el e em pouco tempo — E l ena di s s e.
E l a s e agarrou àquel e corpi nho dentro da al ma de Damon, s abendo que
es s a era a úl ti ma coi s a que havi a s obrado. E l a poderi a s acri fi car al guns
preci os os mi nutos , então Stefan e Bonni e poderi am s e des pedi r. E l a fez um
tremendo es forço para s e aj us tar ao s eu corpo real ... Seu corpo fora da mente de
Damon, e encontrou-s e abri ndo s eus ol hos , pi s cando para tentar focar s ua
vi s ão.
E l a vi u o ros to de Stefan, branco e afl i to.
— E l e es tá...?
— Não. M as l ogo es tará. E l e pode ouvi r tel epati a, s e você pens ar
cl aramente, como s e você es ti ves s e fal ando. E l e pedi u para fal ar conti go.
— Comi go?
Stefan s e curvou l entamente e col ocou s uas bochechas contra as do i rmão.
E l ena fechou os ol hos novamente, gui ando-o através da es curi dão, onde uma
pequena l uz ai nda es tava bri l hando.
E l a s enti u os pens amentos de Stefan quando el e a vi u l á, ai nda
s egurando o meni no com cabel os es curos em s eus braços . E l ena não havi a
percebi do que, por mei o de s ua l i gação com a cri ança, el a poderi a s er capaz de
ouvi r cada pal avra pronunci ada. Ou que os recados de Damon vi ri am em
pal avras de uma cri ança. O garoti nho di s s e:
— Você deve pens ar que eu s ou um i di ota.
Stefan começou a fal ar. E l e nunca ti nha vi s to ou ouvi do o Damon-cri ança
antes .
— E u nunca pens ari a i s s o — E l e di s s e bem devagar, maravi l hado.
— M as i s s o é uma coi s a bem tí pi ca... Dele, você s abe... Tí pi ca... Mi nha.
— E u acho — Stefan di s s e vaci l ante — que é bem tri s te... E u nunca ter
real mente conheci do vocês doi s .
— Por favor, não fi que tri s te. Foi i s s o que el e me pedi u para di zer. Que
você não devi a fi car tri s te... Ou com medo. E l e di s s e que é quas e como s e el e
fos s e dormi r, quas e como s e el e fos s e voar.
— E u... M e l embrarei di s s o. E … Obri gado, i rmãozão.
— E u acho que i s s o é tudo. Você s abe como cui dar das nos s as garotas ...
Houve um outro terrí vel es pas mo que dei xou a cri ança s em ar.
Stefan di s s e rapi damente:
— Cl aro. E u tomarei conta de tudo. Pode i r.
E l a pôde s enti r al go pes ar no coração de Stefan, mas s ua voz es tava
cal ma.
— Voe para l onge, i rmão. Voe bem l onge.
E l ena s enti u al go através de s ua l i gação... Bonni e tocando o ombro de
Stefan. E l e rapi damente as cendeu para que el a pudes s e vi r aqui . Bonni e
es tava quas e hi s téri ca com os s ol uços , mas el a havi a fei to uma coi s a boa,
E l ena vi u. E nquanto E l ena es teve em s eu mundi nho com Damon, Bonni e
havi a pegado um punhal e cortado uma l onga mecha do cabel o de E l ena. E ntão
el a havi a cortado uma de s eus própri os cachos de morango e as amarrou entre
s i — formando um ondul ado dourado, um entros amento vermel ho e amarel o
—, col ocando-as no pei to de Damon. Is s o era tudo que el es poderi am fazer
nes te l ugar s em fl ores , para honrá-l o e para que el e ti ves s e al go para s empre
j unto del e.
E l ena pôde ouvi r Bonni e, também, através de s ua l i gação com Damon,
mas , pri mei ro, tudo o que Bonni e pôde fazer foi s ol uçar.
— Damon, por favor! Oh, por favor! E u não s abi a… E u nunca pens ei …
Que al guém poderi a s e machucar! Você s al vou mi nha vi da! E agora... Oh, por
favor! E u não pos s o di zer adeus !
E l a não entendi a, E l ena pens ou, que el a es tava fal ando com uma
cri ança. M as Damon havi a envi ado à cri ança uma mens agem que devi a s er
repeti da.
— E u devi a te di zer adeus , então — Pel a pri mei ra vez, a cri ança pareci a
des confortável . — E ... E eu devi a te pedi r des cul pas , também. E l e pens ou que
você s aberi a o que i s s o quer di zer e que você me perdoari a. M as ... Se você não
s ouber... E u não s ei o que vai acontecer... Oh!
Outro es pas mo hedi ondo pas s ou pel a cri ança. E l ena o abraçou com mai s
força, mordendo s eus própri os l ábi os até que s angue s aí s s e; ao mes mo tempo
em que tentava proteger o garoti nho dos própri os s enti mentos del a. E no fundo
da mente de Damon, el a vi u a expres s ão de Bonni e mudar, i ndo da peni tênci a
com l ágri mas ao medo es pantado, s egui ndo para o control e cui dados o.
Como s e Bonni e ti ves s e amadureci do em um mi nuto.
— É cl aro... Cl aro que eu entendo! E eu te perdoo... M as você não fez nada
de errado. E u s ou uma meni na mui to boba... E u...
— Nós não achamos que você s ej a uma meni na boba — A cri ança di s s e,
parecendo i mens amente al i vi ada. — M as obri gado por me perdoar. Há um
nome es peci al que eu devi a te chamar, também... M as ...
E encos tou-s e em E l ena.
— E u acho... Que es tou... Fi cando com s ono…
— Seri a “pas s ari nho”? — Bonni e perguntou cui dados amente, e o ros to
pál i do do garoti nho s e ergueu.
— É i s s o. Você j á s abi a. Você é… Tão l egal e tão es perta. Obri gado... Por
faci l i tar... M as eu pos s o di zer mai s uma coi s a? E l ena es tava pres tes a
res ponder, quando el a, abruptamente, es tava compl etamente fora da mente de
Damon, de vol ta à real i dade. A Árvore havi a aproxi mado mai s um ramo,
apri s i onando o corpo de Damon entre doi s cí rcul os de madei ra.
E l ena es tava s em pl anos . Sem i dei as de como pegar a E s fera E s tel ar
pel a qual Damon morrera. Ou a Árvore era i ntel i gente, ou el a es tava l i gada a
di vers as defes as efi cazes . E l es es tavam dei tados onde era evi dente que
mui tas , mas mui tas pes s oas havi am tentado pegar a E s fera E s tel ar —
dei xando s eus corpos para trás , no chão de arei a.
Sendo as s i m, el a pens ou, eu me pergunto por que el a não vei o atrás de
nós , também... E s peci al mente Bonni e. E l a es teve l á dentro, e então s ai u,
vol tando novamente para l á; no qual , eu nunca a dei xari a ter fei to i s s o, cas o
eu não es ti ves s e pens ando em Damon. Por que el a não foi atrás de Bonni e
novamente?
Stefan es tava tentando s er forte, tentando organi zar al go no mei o des s e
des as tre, que fora tão i mpres s i onante que fez com que E l ena s e s entas s e.
Bonni e es tava s ol uçando novamente, fazendo s ons comoventes .
Os doi s cí rcul os de madei ra es tavam s e es pal hando — fi cando cada vez
mai s próxi mos que nem mes mo Bonni e pôde pas s ar as mãos por al i . O grupo
de E l ena es tava efi ci entemente l onge de qual quer coi s a que vi es s e daquel e
pi s o de arei a, as s i m como es tavam l onge da E s fera E s tel ar.
— O machado! — Stefan a chamou. — Jogue-o para mi m…
M as não havi a tempo. Uma radí cul a havi a s e enrol ado em torno do
machado, arras tando-o rapi damente para os ramos s uperi ores .
— Stefan, me des cul pe! E u es tou l erda demai s !
— Aqui l o foi rápi do demai s ! — Stefan corri gi u.
E l ena prendeu a res pi ração, es perando uma úl ti ma col i s ão vi nda de
ci ma, uma que matari a a todos el es . Quando el a percebeu que el a não vei o,
el a percebeu uma coi s a. A Árvore não era s ó i ntel i gente, mas também s ádi ca.
E l es deveri am fi car pres os aqui , l onge de qual quer s upri mento, morrendo
l entamente de fome e de s ede, ou enl ouquecer ao ver os outros morrerem.
O mel hor que el es podi am es perar era que Stefan matas s e tanto Bonni e
quanto el a — mas el e nunca cons egui ri a es capar. E s tes ramos de madei ra
des ceri am de novo e novo, quantas vezes a Árvore achas s e neces s ári o, até que
os os s os es magados de Stefan s e j untas s em aos outros que havi am formado
aquel a arei a fi na.
É por i s s o, el es todos perceberam, que el a es tava prendendo Damon; el a
es tava zombando de s ua morte. Aquel a coi sa que es tava i nchando dentro de
E l ena há al gumas s emanas , ao ouvi r as hi s tóri as das cri anças que comeram
s eus ani mai s de es ti mação, aquel as cri aturas que s e del ei tavam com a dor,
j unto com o s acri fí ci o de Damon, fi nal mente fi cou de tal tamanho que el a não
cons egui u mai s contê-l a.
— Stefan, Bonni e... Não toque nos ramos — E l a arfou. — Certi fi quem-s e
de que vocês não es tão tocando em nenhuma parte dos ramos .
— E u não es tou, amor, e Bonni e também não es tá. M as por quê?
— E u não cons i go mai s s egurar! E u preci s o encarar i s s o…
— E l ena, não! Is s o...
E l ena não cons egui u mai s pens ar. A odi os a penumbra es tava l evando-a
a l oucura, fazendo com que el a s e l embras s e do ponti nho verde nas pupi l as de
Damon, a l uz verde e horrí vel da Árvore.
E l a entendeu exatamente o s adi s mo da Árvore para com os s eus
ami gos ... E nos cantos de s eus ol hos , el a pôde ver al go preto... Pareci do com
uma boneca de pano. Só que não era uma boneca; era Damon. Damon, com todo
o s eu es pí ri to s el vagem e i ntel i gente des truí do. Damon... Que devi a ter parti do
daqui , e de todos os mundos , nes te i ns tante.
O ros to del e es tava coberto com o s angue del a. Não havi a nada pací fi co ou
di gno del e. Não havi a nada que a Árvore j á não ti ves s e ti rado.
E l ena perdeu a cabeça.
Com um gri to cru e s angrento que vei o de s ua es pi nha dors al , s ai ndo
rouco de s ua garganta, E l ena agarrou um ramo de árvore que ti nha matado
Damon, que ti nha as s as s i nado s eu amado e que a matari a, as s i m como aos
outros doi s que el a também amava.
E l a não pens ou. E l a não era capaz de pens ar. M as , i ns ti nti vamente,
el a s egurou bem al to o gal ho da Árvore e dei xou a fúri a s ai r de dentro del a, a
fúri a de um amor as s as s i nado.
Asas da Destrui ção.
E l a s enti u as As as s aí rem de s uas cos tas , como rendas e pérol as negras
de ébano, e por um momento el a s enti u com s e fos s e uma deus a fatal ,
s abendo que es te pl aneta nunca mai s abri gari a qual quer forma de vi da.
Quando o ataque s ai u, fez com que todo o crepús cul o ao redor del a fi cas s e
preto fos co.
Que cor adequada. Damon vai adorar, el a pens ou confus a, e então el a s e
l embrou de novo, i s s o batendo com força s obre el a, dando-l he Poder para
des trui r a Árvore des s e mundi nho. Aqui l o a havi a des truí do por dentro, mas
el a dei xou com que aqui l o conti nuas s e vi ndo. Nenhuma dor fí s i ca podi a s e
comparar com o que el a ti nha em s eu coração, com a dor de perder o que el a
havi a perdi do. Nenhuma dor fí s i ca podi a expres s ar o que el a s enti a.
As enormes raí zes no s ol o abai xo del es ai nda res i s ti am, como s e
houves s e um terremoto, e então...
Houve um s om ens urdecedor, enquanto a Grande Árvore expl odi a,
s ubi ndo em l i nha reta como s e fos s e um foguete, des i ntegrando-s e em ci nzas
enquanto s ubi a. Os ramos ao s eu redor s i mpl es mente des apareceram j unto
com a copa aci ma. Al go na mente de E l ena obs ervou que mui to l onge a mes ma
des trui ção es tava acontecendo, trans formando os gal hos e as fol has em pedaços
mi nús cul os que pai ravam no ar como s e fos s e fumaça.
— A E s fera E s tel ar! — Bonni e gri tou no s i l ênci o l úgubre, angus ti ada.
— Vapori zada! — Stefan pegou E l ena enquanto el a caí a de j oel hos , s uas
as as negras etéreas des aparecendo. — M as nós nunca a tí nhamos , de
qual quer forma. Aquel a Árvore a es teve protegendo durante centenas de anos !
Tudo que ganharí amos s eri a uma morte l enta.
E l ena vi rou-s e novamente para Damon. E l a não havi a tocado na es taca
que o havi a atraves s ado... E m s egundos , el a s eri a o úni co ves tí gi o da Árvore
naquel e mundo. E l a mal podi a ous ar ter es peranças de que houves s e uma
centel ha de vi da ai nda nel e, mas a cri ança ti nha vontade de fal ar com el a e
el a fari a o pos s í vel para vê-l o, ou morreri a tentando. E l a quas e s enti a os
braços de Stefan em torno del a.
M ai s uma vez, el a pl ugou-s e nas profundezas da mente de Damon.
Des s a vez el a s abi a exatamente aonde i r.
E l á es tava el e, devi do a um mi l agre, embora es ti ves s e s enti ndo uma
dor hedi onda. Lágri mas caí am de s eu ros to e el e es tava tentando não s ol uçar.
Seus l ábi os es tavam machucados . As As as del a não foram capazes de des trui r
a madei ra dentro del e... E l a j á havi a fei to es tragos venenos os . E não havi a
j ei to de reverter i s s o.
— Oh, não. Oh, Deus ! — E l a col ocou a cri ança em s eu col o. Uma
l ágri ma cai u em s ua mão.
E l a o bal ançou, mal s abendo o que el a es tava di zendo:
— O que eu pos s o fazer para aj udar?
— Você es tá aqui de novo — E l e di s s e e, em s ua voz, el a ouvi u a
res pos ta. Is s o era tudo o que el e queri a. E l e era s ó uma cri ança.
— E u es tarei aqui ... Sempre. Sempre. E u nunca vou te abandonar.
Is s o não teve o efei to que el a des ej ava. O garoto engas gou, tentando
s orri r, mas foi di l acerado com um es pas mo horrí vel que quas e arqueou s eu
corpo dos braços del a.
E E l ena percebeu que el a es tava trans formando a dor i nevi tável em uma
tortura l enta e excruci ante.
— E u vou te abraçar — E l a modi fi cou s uas pal avras para el e —, até
quando você qui s er. Tudo bem? E l e concordou. Sua voz es tava s em fôl ego, com
dor:
— Você poderi a... Poderi a fechar meus ol hos ? Só… Só por um i ns tante?
E l ena s abi a, apes ar do meni no não s aber, o que aconteceri a s e el a
paras s e de i ns i s ti r e o dei xas s e dormi r. M as el a não podi a aguentar vê-l o
s ofrendo mai s , e nada era real novamente, e não havi a mai s ni nguém no
mundo para el a, e el a não s e i mportava em fazer i s s o s e i s s o s i gni fi cas s e que
el a o s egui ri a para a morte.
E s tabi l i zando s ua voz cui dados amente, el a di s s e:
— Tal vez... Nós doi s pos s amos fechar nos s os ol hos . Não por mui to tempo…
Não! M as ... Só por um i ns tante.
E l a conti nuou bal ançando aquel e corpi nho em s eus braços . E l a ai nda
pôde s enti r um pul s o fraco de vi da... Não um bati mento cardí aco, mas ai nda
as s i m, uma pul s ação. E l a s abi a que el e ai nda não havi a fechado s eus ol hos ;
que el e ai nda es tava l utando contra a tortura.
Por el a. Por nada mai s . Somente por el a.
Col ocando s eus l ábi os na orel ha del e, el a s us s urrou:
— Vamos fechar nos s os ol hos j untos , certo? Vamos fechá-l os ... Quando
eu contar três . Tudo bem? Houve um pouco de al í vi o e um pouco de amor na voz
del e.
— Si m. Juntos . E s tou pronto. Você pode contar agora.
— Um.
Nada i mportava exceto s egurá-l o e manter a s i mes ma cal ma.
— Doi s . E ...
— E l ena?
E l a s e as s us tou. A cri ança al guma vez j á havi a di to o s eu nome antes ?
— Si m, queri do?
— E l ena... E u... Te amo. Não s ó por caus a del e. Eu te amo também.
E l ena teve que es conder s eu ros to no cabel o del e.
— E u te amo, também, pequeni no. Você s empre s oube di s s o, não s oube?
— Si m... Sempre.
— Si m. Você s empre s oube. E agora… Bem, fechemos nos s os ol hos … Só
por um i ns tante. Três.
E l a es perou até que o úl ti mo movi mento paras s e, e a cabeça del e cai u
para trás , s eus ol hos es tavam fechados e a s ombra do s ofri mento s e fora. E l e
pareci a, não pací fi co, mas s i mpl es mente genti l e amável , e E l ena pôde ver
em s eu ros to as caracterí s ti cas adul tas de Damon e a expres s ão s emel hante.
M as agora, até mes mo aquel e pequeno corpo es tava evaporado dentro dos
braços de E l ena. Oh, el a era tão es túpi da. E l a havi a s e es queci do de fechar os
ol hos com el e. E l a es tava bem tonta, mes mo com Stefan tendo parado o
s angramento do s eu pes coço. Fechando os ol hos ... Tal vez, el a fi cari a do mes mo
j ei to que el e. E l a fi cou contente que el e ti nha parti do genti l mente, no fi m.
Tal vez as trevas fos s em genti s com el a, também.
Tudo es tava qui eto agora. E ra hora de arrumar os bri nquedos e fechar as
corti nas . Hora de i r para a cama. Um úl ti mo abraço... E agora s eus braços
es tavam compl etamente vazi os .
Não havi a nada mai s para s e fazer, nada mai s para s e l utar. E l a fi zera o
s eu mel hor. E , no fi m, a cri ança não es tava com medo. Hora de apagar a l uz
agora. Hora de fechar s eus própri os ol hos .
As trevas foram bem genti s com el a, e el a entrou ni s s o s uavemente.
40
M as depoi s de um tempo s em fi m na es curi dão genti l e s uave, al go
es tava forçando E l ena a vol tar para a l uz. A l uz de verdade. Não a l uz verde da
penumbra formada pel a Árvore. M es mo com as pál pebras fechadas el a pôde
s enti -l a, s enti r s eu cal or. Um s ol amarel o. Onde el a es tava? E l a não podi a s e
l embrar.
E el a não s e i mportava. Al go dentro del a es tava di zendo que a genti l
es curi dão era mel hor. M as então el a s e l embrou de um nome.
Stefan.
Stefan es tava…?
Stefan era um daquel es … Daquel es que el a amava. M as el e nunca
entendera que aquel e amor não era s i ngul ar. E l e nunca entendera que el a
podi a es tar apai xonada por Damon e que i s s o nunca mudari a um átomo de s eu
amor por el e. E es s a fal ta de entendi mento era tão vi ol enta e dol oros a que el a
s e s enti a di vi di da por duas pes s oas di ferentes , às vezes .
M as agora, antes mes mo del a abri r os ol hos , el a percebeu que el a
es tava bebendo al go.
E l a es tava bebendo s angue de vampi ro, e es s e vampi ro não era Stefan.
Havi a al go úni co nes s e s angue. E ra mai s profundo, temperado e pes ado, tudo
de uma vez.
E l a não pôde evi tar de abri r os ol hos . Por al guma razão el a não entendeu:
el es s e abri ram e el a tentou de i medi ato s e concentrar no aroma, cor e
s enti mento de quem es tava debruçado s obre el a, abraçando-a.
E l a não cons egui u entender, tampouco, s eu s ens o de decepção quando
el a, l entamente, percebeu que era Sage debruçado s obre el a, abraçando-a
s uavemente, mas de forma s egura em s eu pes coço, com o pei to nu de bronze e
quente do s ol .
M as el a es tava dei tada bem reta, na grama, pel o o que el a pôde s enti r
através de s uas mãos ... E , por al gum moti vo, s ua cabeça es tava fri a. M ui to
fri a.
Fri a e úmi da.
E l a parou de beber e tentou engol i r. O punho de l uz tornou-s e mai s
fi rme. E l a ouvi u a voz de Sage fal ar, e s enti u o es trondo de s eu pei to enquanto
el e di zi a:
— Ma pauvre peti te, você deve beber por mai s al guns mi nutos ou mai s . E
s eu cabel o ai nda tem um pouco de ci nza.
Ci nzas ? Ci nzas? Você não havi a pos to ci nzas na s ua cabeça para… O que el a
es tava pens ando? E ra como s e s ua mente ti ves s e s i do bl oqueada, afas tando-a
de… Al go. M as ni nguém di ri a para el a o que fazer.
E l ena s e s entou.
E l a es tava — s i m, el a ti nha certeza — no paraí s o ki ts une e, até um
momento atrás , s eu corpo havi a s i do arqueado para trás , de modo que s eu
cabel o era um fl uí do cl aro que i a até o chão. Stefan e Bonni e es tavam l avando
al go mui to preto de s eus cabel os . Ambos es tavam s uj os também: Stefan ti nha
uma grande mancha em uma de s uas maçãs do ros to e Bonni e pos s uí a l i s tras
tênues de ci nza abai xo de s eus ol hos .
Chorando. Bonni e es teve chorando. E l a ai nda es tava chorando, com
s ol uços pequenos que el a es tava tentando s upri mi r. E agora que E l ena podi a
ver mai s cl aramente, el a pôde ver que as pál pebras de Stefan es tavam
i nchadas e que el e havi a chorado também.
Os l ábi os de E l ena es tavam dormentes . E l a dei tou-s e novamente na
grama, ol hando para ci ma, para Sage, que es tava l i mpando os ol hos
furti vamente. A garganta del a doí a, não s ó por dentro, onde os s ol uços e as
arfadas a fari am doer, mas fora, também. E l a ti nha uma i magem del a
mes ma cortando s eu pes coço com uma faca.
Através de s eus l ábi os dormentes , el a s us s urrou:
— E u s ou uma vampi ra?
— Pas encore — Sage di s s e vaci l ante. — Ai nda não. M as Stefan e eu,
ambos demos a você grandes quanti dades de s angue. Você deve tomar cui dado
nos próxi mos di as . Você es tá no l i mi te.
Is s o expl i cava como el a s e s enti a. Provavel mente, Damon es tari a
es perando que el a s e tornas s e uma, aquel e pervers o. Ins ti nti vamente, el a
es tendeu a mão para Stefan. Tal vez el a pudes s e aj udá-l o.
— Não poderemos fazer nada durante um tempo — E l a di s s e. — Você
não preci s a fi car tri s te.
M as el a mes ma s e s enti a errada. E l a não s e s enti a as s i m des de que
el a havi a vi s to Stefan na pri s ão e pens ou que el e morreri a a qual quer
momento.
Não... E ra pi or... Porque, com Stefan, havi a es perança e E l ena, agora,
s enti a como s e a es perança ti ves s e i do embora. Tudo s e foi . E l a es tava oca: a
garota que pareci a s ól i da, mas s eu i nteri or es tava compl etamente vazi o.
— E s tou morrendo — E l a s us s urrou. — E u s ei di s s o… Vocês todos vão s e
des pedi r agora?
E com i s s o, Sage — Sage! — engas gou e começou a s ol uçar. Stefan, ai nda
parecendo es tranhamente des penteado, com aquel es traços de ful i gem no ros to
e nos braços e s eu cabel o e roupa mol hados , di s s e:
— E l ena, você não vai morrer. A menos que quei ra.
E l a nunca vi ra Stefan des s e j ei to antes . Nem mes mo na pri s ão. Sua
chama, aquel e fogo i nteri or que el e não mos trava para ni nguém a não s er
E l ena, havi a s umi do.
— Sage nos s al vou — E l e di s s e, devagar e cui dados amente, como s e l he
cus tas s e um grande es forço para fal ar. — As ci nzas es tavam cai ndo... E você e
Bon n i e morreri am s e res pi ras s em daqui l o mai s um pouco. M as Sage col ocou
uma porta de vol ta para a Cas a de Portai s bem na nos s a frente. E u mal pude
vê-l a; meus ol hos es tavam chei os de ci nzas e as coi s as es tavam pi orando
naquel a l ua.
— Ci nzas — E l ena s us s urrou.
Havi a al go no fundo de s ua mente, mas mai s uma vez s ua memóri a
fal hou. E ra quas e como s e el a ti ves s e s i do Infl uenci ada para es quecer. M as
i s s o era ri dí cul o.
— Por que es tava cai ndo ci nzas ? — E l a perguntou, percebendo que s ua
voz es tava rouca, ás pera, como s e el a ti ves s e gri tado durante um j ogo i ntei ro de
futebol .
— Você us ou as Asas da Destrui ção — Stefan di s s e vagamente, ol hando para
el a com s eus ol hos i nchados . — Você s al vou nos s as vi das . M as você matou a
Árvore... E a E s fera E s tel ar s e des i ntegrou.
Asas da Destrui ção. E l a devi a ter perdi do a paci ênci a. E el a matara um
mundo.
E l a era uma as s as s i na.
E agora a E s fera E s tel ar es tava perdi da. Fel l ’s Church. Oh, Deus . O
que Damon di ri a para el a? E l a havi a fei to tudo… Tudo errado. Bonni e es tava
s ol uçando agora, com s eu ros to vi rado para l onge.
— Si nto mui to — E l a di s s e, s abendo o quão i nadequado aqui l o era. Pel a
pri mei ra vez, el a ol hou ao s eu redor mi s eravel mente.
— Damon? — E l a s us s urrou. — E l e não vai fal ar comi go? Por caus a do
que eu fi z? Sage e Stefan s e entreol haram.
Gel o des ceu pel a es pi nha de E l ena.
E l a começou a s e l evantas , mas s uas pernas não eram aquel as que el a
s e l embrava. E l as travaram na regi ão do j oel ho. E l a es tava encarando o chão,
para s uas própri as roupas manchadas e mol hadas ... E , em s egui da, al go
pareci do com l ama des ceu s obre s ua tes ta. Lama ou s angue coagul ado.
Bonni e di s s e al go. E l a ai nda es tava s ol uçando, mas es tava fal ando,
também, em uma voz mui to rouca que fez com que el a pareces s e mai s vel ha.
— E l ena... Nós não ti ramos as ci nzas de s eu cabel o. Sage teve que te dar
uma trans fus ão de emergênci a.
— E u mes ma ti ro — E l a di s s e, s em rodei os .
E l a fl exi onou s eus j oel hos . E l a cai u s obre el es , s acudi ndo s eu corpo.
E ntão, el a i ncl i nou em di reção ao pequeno ri acho e dei xou s ua cabeça cai r
para frente. Através do choque gel ado, el a pôde vagamente ouvi r as
excl amações das pes s oas aci ma d’água, e Stefan di zendo: “Elena, você está bem?”
em s ua cabeça.
Não, el a pens ou de vol ta. Mas eu também não estou me afog ando. Estou lavando meu
cabelo. Talvez Damon, ao menos, olhe para mi mse eu esti ver apresentável. Talvez ele volte conosco e
lute por Fell’s Church.
Dei xe-me aj udá-la a levantar, Stefan envi ou s i l enci os amente.
E l ena s ubi u ao ar. E l a puxou a cabeça pes ada para fora da água e
s acudi u s eu cabel o encharcado, mas l i mpo, de modo que el e cai u s obre s uas
cos tas . E l a ol hou para Stefan.
— Por quê? — E l a di s s e.
E então, com um pâni co s úbi to:
— E l e j á foi embora? E l e es tava bravo… Comi go?
— Stefan — Sage di s s e, cans adamente.
Stefan, que es tava ol hando com s eus ol hos verdes como s e fos s e um
ani mal acuado, fez um s us pi ro fraco.
— A Infl uênci a não es tá funci onando — Sage di s s e. — E l a vai s e
l embrar de tudo.
41
Stefan não s e mexeu ou fal ou durante l ongos momentos . O coração de
E l ena i nchou. De repente, el a es tava com tanto medo quanto el e. E l a foi até
el e e pegou s uas duas mãos , que es tavam tremendo.
Queri do, não chore, el a envi ou. Deve haver tempo para salvarmos Fell’s Church. Deve ter.
Não pode acabar assi m. E, além di sso, Shi ni chi se foi ! Podemos cheg ar até as cri anças; podemos
quebrar o fei ti ço…
E l a parou. E ra como s e a pal avra “fei ti ço” ecoas s e em s eus ouvi dos . Os
ol hos verdes de Stefan es tavam preenchendo s ua vi s ão. Sua mente es tava...
E s tava fi cando di fus a. Tudo es tava s e tornando i rreal de novo. E m um mi nuto
el a s eri a capaz de…
E l a arregal ou os ol hos , res pi rando com di fi cul dade.
— Você es teve me Infl uenci ando — E l a di s s e. E l a pôde ouvi r a rai va em
s ua própri a voz.
— Si m — Stefan s us s urrou. — E s ti ve Infl uenci ando você por quas e
mei a-hora.
Como você ousa? E l ena pens ou, s ó para el e.
— Vou acabar com i s s o... Agora — Stefan di s s e s i l enci os amente.
— E u também — Sage adi ci onou, parecendo exaus to.
E o uni vers o fez um movi mento l ento e E l ena s e l embrou de tudo que
el es es tavam es condendo del a.
Com um s ol uço s el vagem, el a s e l evantou, es pal hando gotas d’água, que
chegavam até os s eus pés como s e fos s e uma deus a da vi ngança. E l a ol hou
para Sage. E l a ol hou para Stefan.
E Stefan provou o quão coraj os o el e era, o quanto el e a amava. E l e l he
contou o que el a j á s abi a.
— Damon morreu, E l ena. E u s i nto mui to. Des cul pe-me s e... E u a
i mpedi de fi car com el e, como você queri a. Si nto mui to por ter fi cado entre vocês .
E u não entendi a... O quanto vocês s e amavam. E u compreendo agora.
E então, el e col ocou s uas mãos em s eu ros to. E l a queri a i r até el e. Pare
repreendê-l o, para abraçá-l o. Para di zer a Stefan que el a o amava do mes mo
j ei to, gota por gota, grão por grão. M as s eu corpo fi cara dormente, e a es curi dão
es tava ameaçando vol tar novamente... Tudo que el a poderi a fazer era s e abraçar
enquanto encol hi a na grama. E então, de al guma forma, Bonni e e Stefan
es tavam al i , todos s ol uçando: E l ena por caus a da i ntens i dade da nova
des coberta; Stefan fazendo s ons es tranhos que E l ena j amai s vi ra antes ; e
Bonni e, com uma exaus tão s eca e vi ol enta que pareci a querer quebrar s eu
corpi nho.
O tempo perdeu todo o s eu s i gni fi cado. E l ena queri a l amentar por cada
momento da morte dol oros a de Damon, e por cada momento de s ua vi da,
também. Tanto havi a s i do perdi do. E l a não podi a col ocar s ua cabeça no l ugar, e
el a não queri a fazer nada al ém de chorar até que as trevas tomas s em conta
del a de novo.
Foi aí que Sage quebrou o s i l ênci o.
E l e pegou E l ena e a ergueu no ar, s acudi ndo s eus ombros . Is s o fez com
que a cabeça del a fos s e para frente e para trás .
— Sua ci dade es tá em ruí nas ! — E l e gri tou, como s e i s s o fos s e cul pa
del a. — M ei a-Noi te pode trazer ou não um des as tre. Oh, s i m, eu vi i s s o tudo
na s ua mente quando eu a Infl uenci ei . A pequena Fel l ’s Church j á es tá
devas tada. E você nem ao menos vai l utar por el a!
Al go bri l hou através de E l ena. Is s o fez com que o torpor derretes s e, j unto
com a fri eza.
— Si m, eu l utarei por el a! — E l a berrou. — E u l utarei por el a com cada
os s o de meu corpo, até que eu detenha a pes s oa que fez i s s o, ou até que el es
me matem!
— E agora, pui s-j e savoi r, vocês vol tarão a tempo? Se vocês forem do j ei to que
vi eram, el a es tará des truí da! Stefan es tava ao l ado del a, apoi ando-a, ombro a
ombro.
— E ntão, nós o forçamos a nos envi ar de vol ta... As s i m, poderemos
chegar a tempo.
E l ena fi cou encarando. Não. Não. Stefan não poderi a ter di to i s s o. Stefan
não forçari a a barra… E el a não teri a fei to com que el e mudas s e. E l a vol tou-s e
para Sage.
— Não há razão para bri garmos ! E u tenho uma Chave M es tra na mi nha
mochi l a, e magi a funci ona aqui dentro da Cas a de Portai s ! — E l a gri tou.
M as Stefan e Sage es tavam s e encarando, ambos ferozes e obj eti vamente.
E l ena queri a i r até Stefan, mas o mundo es tava fazendo outro de s eus
movi mentos l entos . E l a temi a que Sage atacas s e Stefan, e que el a nem ao
menos pudes s e l utar por el e.
M as , ao i nvés di s s o, de repente, Sage j ogou s ua cabeça para trás e ri u
s el vagemente. Ou, tal vez, tenha s i do al go entre um ri s o e um choro
es trondos o. E ra tão mi s teri os o quanto o l ati do de um l obo, e el a s enti u o braço
pequeno de Bonni e abraçá-l a... Para confortar a ambas .
— M as que di abos ! — Sage berrou, e agora havi a um ol har s el vagem em
s eus ol hos , também. — Mai s oui , quem s e i mporta? E l e ri u novamente.
— Afi nal , eu s ou o Guardi ão dos Portai s , e j á quebrei as regras ao
dei xar vocês pas s arem por duas portas di ferentes .
Stefan ai nda es tava res pi rando com di fi cul dade. Agora el e havi a ergui do
as mãos e agarrou Sage pel os ombros , sacudi ndo-o com a força de um vampi ro
enl ouqueci do.
— O que você es tá di zendo? Não há tempo para convers ar!
— Ah, mas há, mon ami . M eus ami gos , há s i m. O que vocês preci s am é
de uma arti l hari a pes ada do céu para s al var Fel l ’s Church... E para
des fazerem o es trago j á fei to. Para el i mi ná-l o de vez, fazer como s e nunca
ti ves s e aconteci do. E — Sage adi ci onou del i beradamente, ol hando di retamente
para E l ena — tal vez… Só tal vez… Des fazer os eventos aconteci dos hoj e, também.
De repente, cada centí metro da pel e de E l ena es tava formi gando. Seu
corpo i ntei ro es tava es cutando Sage, i ncl i nando-s e para el e, ans i ando,
enquanto s eus ol hos s e arregal avam com a outra úni ca pergunta que
i mportava.
Sage di s s e bem devagar, bem tri unfantemente:
— Si m. E l es podem dar vi da aos mortos . E l es têm es s e Poder. E l es
podem trazer de vol ta mon peti t tyran Damon… E nquanto el es te l evam de vol ta à
ci dade.
Stefan e Bonni e es tavam s egurando E l ena. E l a não cons egui a fi car em
pé s ozi nha.
— M as por que el es aj udari am? — E l a s us s urrou dol oros amente.
E l a nem ao menos s e permi ti a res pi rar um pouco de es perança, não até
que el a entendes s e tudo.
— Darí amos em troca o que foi roubado del es há mi l êni os atrás — Sage
res pondeu. — Vocês es tão na fortal eza do i nferno, vocês s abem. É i s s o que a
Cas a de Portai s é. Os Guardi ões não podem entrar aqui . E l es não podem
i nvadi r uma porta e exi gi r o que es tá l á dentro... Os Sete... Pardon, agora s ão
Sei s ... Tes ouros Ki ts une.
Nada de es peranças . Nem um pouqui nho. M as E l ena ouvi u-s e dando
uma ri s ada s el vagem.
— Como podemos dar a el es um parque? Ou um campo de ros as negras ?
— Podemos dar a el es o di rei to ao parque e ao campo de ros as que es tá em
ci ma del e.
Nem um pi ngui nho de es perança, mes mo que ambos os l ados do corpo
de E l ena es ti ves s em tremendo agora.
— E como vamos oferecer a el es a Fonte da E terna Juventude e Vi da?
— Não vamos . E ntretanto, eu tenho aqui vári as embal agens que es tão
ans i os as para s erem preenchi das . A ameaça de uma garrafa de La Fontai ne
s endo es pal hada na Terra de vocês ... Os devas tari a. E , é cl aro — Sage
adi ci onou —, eu conheço os ti pos de pedras preci os as com encantamentos que
el es mai s ans ei am. Aqui , me dei xe abri r todos os Portai s de uma vez!
Aprovei tem e peguem tudo que puderem!
Seu entus i as mo era contagi ante. E l ena deu mei a-vol ta, prendendo a
res pi ração, arregal ando os ol hos ao ver o pri mei ro bri l ho de l uz da porta.
— E s perem — A voz de Stefan es tava gros s a de repente.
Bonni e e E l ena vi raram-s e de vol ta e congel aram, abraçando-s e,
tremendo.
— O que o s eu... Seu pai ... Vai fazer quando el e des cobri r que você
permi ti u i s s o?
— E l e não vai me matar — Sage di s s e brus camente, o tom s el vagem de
vol ta em s ua voz. — E l e pode achar i s s o tão amusant quanto eu acho, e es taremos
comparti l hando ri s adas amanhã.
— E s e el e não achar i s s o engraçado? Sage, eu não acho... Damon não i ri a
querer...
Sage vi rou-s e e, pel a pri mei ra vez des de que el a o conhecera, E l ena pôde
acredi tar que el e era real mente fi l ho de s eu pai . Seus ol hos até pareci am ter
mudado de cor, para um amarel o fl amej ante, com pupi l as de di amante, como
s e fos s e um gato.
Sua voz era como aço es ti l haçado, mai s duro que a de Stefan.
— O que acontece comi go e meu pai é as s unto nos s o... M eu! Fi que aqui
s e qui s er. Ele nunca s e i mporta com vampi ros , de qual quer forma… E l e di z
que el es j á es tão amal di çoados . M as eu farei tudo que puder para trazer mon
chéri Damon de vol ta.
— A qual quer cus to?
— Pode cus tar o i nferno i ntei ro!
Para s urpres a de E l ena, Stefan agarrou os ombros de Sage por um
momento e, depoi s , s i mpl es mente o abraçou, o máxi mo que pôde.
— E u s ó queri a ter certeza — E l e di s s e s i l enci os amente. — Obri gado,
Sage. Obri gado.
E ntão el e s e vi rou e cami nho até a pl anta Radhi ka Real e, com um
puxão, a arrancou do chão.
E l ena, com o coração batendo em s eus l ábi os , garganta e ponta dos dedos ,
correu para recol her embal agens e garrafas que Sage es tava ti rando de uma
nona porta que havi a apareci do entre o campo de ros as negras . E l a pegou um
gal ão e uma garrafa de água E vi an, ambos com as tampas de s egurança
i ntactas . E l as eram de pl ás ti co, o que era bom, poi s el a havi a dei xado ambas
caí rem a cami nho da fonte borbul hante. Suas mãos es tavam tremendo demai s ;
e, o tempo todo, el a es tava envi ando orações monótonas .
Oh, por favor. Oh, por favor. Oh, por favor!
E l a, agora, ti nha água da Fonte dentro das garrafas , com as tampas
l acradas . E , então, el a percebeu que Bonni e ai nda es tava parada no mei o da
Cas a de Portai s . E l a pareci a confus a, as s us tada.
— Bonni e?
— Sage? — Bonni e di s s e. — Como vamos l evar es s as coi s as até a Corte
Cel es ti al , para barganharmos ?
— Não s e preocupe — Sage di s s e genti l mente. — Tenho certeza que os
Guardi ões es tão es perando por nós do l ado de fora para nos prender. E l es nos
l evarão à Corte.
Bonni e não parou de tremer, mas el a concordou e s e apres s ou em aj udar
Sage a pegar garrafas de Bl ack M agi c... E des truí - l as .
— Um s i nal — E l e di s s e. — Un si g ne do que nós faremos com es s a área
cas o el es não concordarem. Tome cui dado para não cortar s uas l i ndas mãos .
E l ena, então, achou ter ouvi do a voz rouca de Bonni e, e el a não es tava em
um tom fel i z. M as o murmúri o s urdo de Sage foi reconfortante. E l ena não i ri a
s e permi ti r ter es peranças ou entrar em des es pero. E l a ti nha uma tarefa em
mãos , um es quema. E l a ti nha um Pl ano Secreto para a Corte Cel es ti al .
Quando el a e Bonni e pegaram tudo que cons egui ram carregar, com s uas
mochi l as bem chei as , também; Stefan, com duas cai xas pretas es trei tas que
evi tavam fazer mui tos movi mentos ; e Sage, que pareci a uma mi s tura de Papai
Noel com um Hércul es l i ndo, bronzeado e com cabel os cumpri dos , enquanto
el e carregava doi s s acos fei to de l ençói s , el es deram uma úl ti ma ol hada na
Cas a de Portai s devas tada.
— Certo — Sage di s s e, então. — É hora de encararmos os Guardi ões . E l e
s orri u tranqui l i zadoramente para Bonni e.
Como s empre, Sage es tava certo. No momento em que el es s aí ram,
Guardi ãs de duas di mens ões di ferentes es tavam es perando por el es . A duas
pri mei ras pareci am vagamente com E l ena: cabel o l oi ro, ol hos azui s es curos ,
es bel tas . As Guardi ãs do M undo Inferi or pareci am s er mai s vel has , com
uma pel e tão es cura que era quas e ébano, com cabel o enrol ado fi rmemente
s ob um boné em s uas cabeças . Atrás del as havi a carros aéreos dourado
bri l hantes .
— Vocês es tão pres os — Uma das mai s morenas di s s e, parecendo não
gos tar de s eu trabal ho — por removerem do s antuári o tes ouros que, por di rei to,
pertencem à Corte Cel es ti al , onde foi concordado que el es deveri am s er
manti dos aí , nos termos das l ei s de ambas as nos s as di mens ões .
E então, foi s ó uma ques tão de tempo até que el es entras s em no carro
aéreo.

***

A Corte Cel es ti al era... Cel es ti al . Branco perol ado com um toque de azul .
M i narete. Havi a uma l onga di s tânci a des de o portão fortemente guardado —
onde E l ena vi u um tercei ro ti po de Guardi ã, uma com um cabel o vermel ho
curto e i ncl i nado, com ol hos verdes penetrantes — até o pal áci o real , que
pareci a abranger uma ci dade i ntei ra.
M as foi quando o grupo de E l ena foi gui ado para a s al a do trono é que o
choque cul tural real mente bateu. E ra bem grande e bem mai s gl amoros o do
que qual quer outra s al a que E l ena j á i magi nara. Nenhum bai l e de gal a na
Di mens ão das Trevas poderi a tê-l a preparado para i s s o. O teto da catedral
pareci a s er fei to i ntei ramente de ouro, as s i m como a dupl a l i nha de col unas
que marchavam verti cal mente no chão.
O pi s o em s i era de mal aqui ta model adamente i ntri cada com ouro e
l ápi s -l azúl i , o ouro us ado, aparentemente, como ci mentação — fei to por mãos
habi l i dos as . As três fontes douradas no mei o da s al a ( a do mei o era a mai or e
mai s el aborada) j ogava ao ar não água, mas pétal as de fl ores del i cadamente
perfumadas que bri l havam como s e fos s em di amantes ao chegar a s eu ápi ce,
fl utuando para bai xo l ogo em s egui da. Vi trai s em cores bri l hantes que E l ena
não s e l embrava de ter vi s to antes j ogava l uzes de arco-í ri s em todas as
paredes , como s e fos s em bênçãos , dando cal or nas formas gravadas em ouro.
Sage, E l ena, Stefan e Bonni e es tavam s entados em pequenas cadei ras
confortávei s a poucos metros de um grande tabl ado, coberto com um pano
fantas ti camente teci do a ouro. Os tes ouros es tavam es pal hados na frente
del es , enquanto as s i s tentes ves ti dos de azul e ouro l evavam os obj etos , um a
um, até as três comandantes do fundo.
As governantas eram compos tas por um de cada grupo dos Guardi ões —
l oi ra, morena, rui va. Seus l ugares na tri buna as s eguravam que el as es tavam
di s tantes — bem aci ma — de s eus peti ci onári os . M as com o Poder envi ado
para s eus ol hos , E l ena pôde ver perfei tamente bem que cada uma s e s entara
em um trono de j oi as de ouro requi ntado. E l as es tavam fal ando bai xi nho,
j untas , admi rando a fl or Radhi ka Real — que era um del fí ni o azul no
momento. E ntão, a mai s morena s orri u e envi ou uma de s uas as s i s tentes
atrás de um vas o com terra para que a pl anta s obrevi ves s e.
E l ena ol hou l i gei ramente para os outros tes ouros . Um gal ão de água da
Fonte da E terna Juventude e Vi da. Sei s garrafas de vi nho Bl ack M agi c e
pequenas uvas ao s eu redor. Um arco-í ri s res pl andecente di s putava com os
vi trai s em cores bri l hantes , al guns brutos , al guns j á l api dados e pol i dos ,
mas a mai ori a del es não era s ó facetada, mas s i m es cul pi das a mão com
i ns cri ções mi s teri os as de ouro ou prata.
Havi a duas cai xas pretas e grandes , forradas com vel udo e com ci l i ndros
de papi ro ou papel dentro del as , uma com uma ros a negra dei tada ao s eu l ado;
e outra com um s pray col ori do. E l ena s abi a o que eram aquel es documentos
amarel ados com s el os de cera: as ações para os campos de ros as negras e para
o paraí s o ki ts une.
Quando você vi a os tes ouros j untos daquel e j ei to, pareci am s er coi s as
demai s , E l ena pens ou. Qual quer obj eto dos Sete… Não, agora eram Sei s …
Tes ouros Ki ts une eram o bas tante para s e comerci al i zar.
Um gal ho da Radhi ka Real , que agora es tava s endo trazi da de vol ta,
( uma l arks pur ros a que es tava s e trans formando em uma orquí dea branca)
col ocada devi damente em um novo vas o, era i mens uravel mente preci os o. Havi a
uma úni ca ros a negra avel udada, com um Poder de s egurar a mai s poderos a
das magi as .
Uma j oi a do tes ouro da caverna de mi neração, tal vez um di amante com o
dupl o tamanho de um pul s o que fari am a Grande E s trel a da Áfri ca e o
Jubi l eu de Ouro pas s ar vergonha. Um di a no paraí s o ki ts une, onde um di a
poderi a parecer uma vi da i ntei ra. Uma gota da água eferves cente que fari a um
humano vi ver tanto quanto o mai s vel ho dos Anti gos ...
É cl aro, devi a haver também a mai or E s fera E s tel ar j á vi s ta, chei a de
Poder mí s ti co, mas E l ena ti nha es perança de que os Guardi ões não
reparas s em ni s s o.
E s perança? E l a s e perguntou e s acudi u a cabeça, fazendo com que
Bonni e apertas s e s ua mão l evemente. Nada de es perança. E l a não ous ava ter
es perança. Nem uma gota.
Autro as s i s tente, rui va, deu-l hes um ol har es verdeado e gel ado,
pegando o gal ão de água de pl ás ti co que di zi a Ág ua do Setor 3 no rótul o. Sage
rugi u quando el a s ai u.
— Qu’est-ce qui lui prend? Quer di zer, qual o probl ema del a? E u gos to da água
do s etor dos vampi ros . E u não gos to daquel e l i xo de água do M undo Inferi or.
E l ena j á havi a des coberto o códi go de cor para os Guardi ões .
As l oi ras eram aquel as que mexi am nos negóci os , i mpaci entes s omente
com atras os . As morenas eram as genti s — tal vez houves s e menos trabal ho
para el as fazerem aqui no M undo Inferi or. As rui vas dos ol hos verdes eram
s i mpl es mente as megeras . Infel i zmente, a j ovem no trono do centro, l á em
ci ma do tabl ado, era rui va.
— Bonni e? — E l a s us s urrou.
Bonni e teve que engol i r e fungar antes que pudes s e fal ar.
— Si m?
— E u j á te fal ei o quanto eu adoro s eus ol hos ?
Bonni e fi cou encarando-a por um bom tempo com s eus ol hos cas tanhos
antes de começar a tremer de tanto ri r. Pel o menos aqui l o começou como uma
ri s ada, e então Bonni e enfi ou a cabeça no ombro de E l ena e s i mpl es mente
fi cou tremendo.
Stefan apertou a mão de E l ena.
— E l a tentou tanto... Por você. E l a… E l a o amava também, entenda. E u
nem s abi a. E u acho... E u acho que es ti ve cego de ambos os l ados .
E l e pas s ou a mão l i vre pel o cabel o j á des penteado. E l e pareci a mui to
j ovem, como s e fos s e um meni no que ti nha s i do s ubi tamente puni do por fazer
al go que não fora i nformado que era errado. E l ena s e l embrou del e no qui ntal
da pens ão, com el a dançando com s eus pés em ci ma dos del e, e depoi s no
quarto no s ótão, com el e bei j ando s uas mãos , os nós de s eus dedos dol ori dos
depoi s de tantas martel adas , s eus pul s os . E l a queri a di zer a el e que tudo
fi cari a bem, que o ri s o vol tari a para os s eus ol hos , mas el a não podi a aguentar
em menti r para el e.
De repente E l ena s enti u como s e fos s e uma mul her mui to, mui to
vel ha, que podi a ouvi r e ver bem vagamente, que cada movi mento l he caus ava
um dor terrí vel e que s enti a um fri o por dentro. Todas as s uas arti cul ações e
os s os es tavam cobertos de gel o.
Fi nal mente, quando todos os tes ouros , i ncl ui ndo a Chave M es tra
bri l hante com di amantes , foram l evados até as mul heres s obre os tronos para
s erem manus eados , pes ados , exami nados e di s cuti dos , s egui do com uma
ol hadel a cal oros a da mul her com pel e morena chegando até o grupo de E l ena.
— A Sentença de vocês foi deci di da. E — E l a adi ci onou em uma voz tão
s uave quanto o gol pe de uma l i bél ul a — el as es tão bas tante i mpres s i onadas .
Is s o não acontece com mui ta frequênci a. Fal em mans amente e mantenham
s uas cabeças para bai xo e acho que vocês terão s eus des ej os mai s profundos
real i zados .
Al go dentro de E l ena deu um s al to que a teri a fei to agarrar a túni ca de
uma das as s i s tentes , mas , fel i zmente, Stefan a ti nha dentro de um abraço de
ferro. A cabeça de Bonni e s ai u do ombro de E l ena, e E l ena teve que conter-s e.
E l es cami nharam, o retrato da humi l dade, até onde quatro al mofadas
vermel has bri l havam contra o teci do dourado do chão. Certa vez, E l ena teri a s e
recus ado a s e humi l har des s e j ei to. Agora, el a es tava agradeci da por ter um
l ugar maci o para des cans ar s eus j oel hos .
As s i m tão perto, el a pôde ver que as governantas us avam um col ar de
metal , no qual uma úni ca pedra es tava pendurada s obre a tes ta de cada uma.
— Nós cons i deramos o s eu pedi do — A morena di s s e, s eu di adema de
ouro branco com pi ngente de di amante ofus cava E l ena com al fi netadas de
l i l ás , vermel ho e azul mari nho.
— Oh, s i m — E l a adi ci onou, ri ndo. — Nós s abemos o que vocês
querem. Até mes mo um Guardi ão de rua teri a que s er bem rui m em s eu
trabal ho para não s aber. Vocês querem que s ua ci dade s ej a... Renovada. As
cas as quei madas recons truí das . As ví ti mas da pes te mal ach recri adas , com
s uas al mas de vol ta ao normal , e s uas memóri as ...
— M as , pri mei ro — Interrompeu a l oi ra, acenando com a mão —, nós
não temos as s untos para tratar? E s s a garota... E l ena Gi l bert... Não pode s er
qual i fi cada como porta-voz do grupo. Se el a s e tornar uma Guardi ã, el a não
pertence aos peti ci onári os .
A rui va s acudi u a cabeça como uma potranca i mpaci ente, fazendo com
que o ouro ros a de s ua di adema pi s cas s e, e s eus rubi s bri l has s em.
— Oh, vai em frente então, Ryannen. Se o s eu ní vel de recrutamento é
modes to...
A l oi ra encarregada dos negóci os i gnorou i s s o, mas i ncl i nou-s e, al guns
de s eus cabel os reti do atrás de s eu ros to devi do ao pi ngente de s afi ra.
— Que tal , E l ena? E u s ei que nos s o pri mei ro encontro foi ... Infel i z. Você
tem que acredi tar que eu s i nto mui to por i s s o. M as você es tava i ndo bem em
s e tornar uma Guardi ã compl eta quando ti vemos ordens de Lá de Ci ma para
dar-l he um corpo novo, as s i m você poderi a pegar s ua vi da humana novamente.
— Vocês fi zeram i s s o? É cl aro que fi zeram — A voz de E l ena es tava
bai xa, s uave e l i s onj ei ra. — Vocês podem fazer tudo. M as ... Nos s o pri mei ro
encontro? E u não me l embro...
— Você era j ovem demai s , e você vi u s ó um fl as h do nos s o carro aéreo
enquanto el e pas s ava pel o veí cul o de s eus pai s . E ra para s er um pequeno
aci dente com s ó uma ví ti ma... Você. M as , ao i nvés di s s o...
As mãos de Bonni e voaram até s ua boca. E l a es tava entendendo al go que
E l ena não entendi a. O “veí cul o” dos s eus pai s ...? A úl ti ma vez que di ri gi ra com
s eu pai e s ua mãe... E a pequena M argaret... Fora no di a do aci dente. No di a
em que el a havi a di s traí do s eu pai , que es tava di ri gi ndo…
— Olha, papai ! Vej a esse li ndo carr… E então houve o i mpacto.
E l ena s e es queceu de s er humi l de e de manter a cabeça bai xa. Na
verdade, el a a l evantou, encontrando ol hos azui s s al pi cados de dourado mui to
pareci dos com os del a. Seu própri o ol har, el a s abi a, era penetrante e duro.
— Vocês ... Matarammeus pai s? — E l a s us s urrou.
— Não, não! — A morena gri tou. — Foi uma operação que fal hou.
Tí nhamos que i nteragi r com a di mens ão da Terra s omente por al guns
mi nutos . M as , i nes peradamente, s eu tal ento afl orou. Você vi u o nos s o carro
aéreo. E ao i nvés de s ó uma ví ti ma aparente: você, s eu pai s e vi rou para ol har
e...
Lentamente, a voz del a fal hou enquanto E l ena vi rava os ol hos i ncrédul os
s obre el a. Bonni e es tava ol hando cegamente à di s tânci a, quas e como s e
es ti ves s e em trans e.
— Shi ni chi — E l a res pi rou. — Aquel e eni gma es tranho del e... Ou o
que quer que aqui l o s ej a. Aquel e que di z que um de nós cometeu
as s as s i nato, e que não ti nha nada a ver com vampi ros ou morte de
mi s eri córdi a...
— E u s empre pres umi que fos s e eu — Stefan di s s e s i l enci os amente.
— M i nha mãe nunca s e recuperou do meu parto. E l a morreu.
— M as i s s o não faz de você um as s as s i no! — E l ena gri tou. — Não i gual
a mi m. Não i g ual a mi m!
— Bem, é por i s s o que es tou te perguntando agora — A l oi ra dos negóci os
di s s e. — Foi uma mi s s ão i mperfei ta, mas você entende que es távamos
apenas tentando recrutá-l a, não é? É o método tradi ci onal . Nos s os genes nos
apri moraram para s ermos os mel hores s obre demôni os i rraci onai s e
peri gos os , que não res pondem à força tradi ci onal , mas que exi gem um pl ano
cal cul ado.
E l ena s ufocou um gri to. Um gri to de i ra, agoni a, des crença, cul pa... Ela
não sabi a di sso. Seus Pl anos . Seus es quemas . O j ei to que el a l i dava com os
meni nos do col égi o, nos vel hos tempos ... E s tava tudo em s ua genéti ca. E ...
Seus pai s … Por que el es morreram?
Stefan s e l evantou. Sua mandí bul a es tava dura, s eus ol hos verdes
es tavam quei mando bri l hantemente. E l e apertou a mão de E l ena e el a ouvi u:
Se você qui ser bri g ar, eu topo.
Mai s, non.
E l ena vi rou-s e e vi u Sage. Sua voz tel epáti ca era i nconfundí vel . E l a foi
obri gada a ouvi r.
Não podemos lutar com eles, estando nós em seus terri tóri os, e vencermos. Nem eu posso. O que
vocês podemfazer é fazê-las pag arem! Elena, mi nha coraj osa, os espí ri tos de seus pai s encontraram,
sem dúvi das, um novo lar. Seri a crueldade trazê-los de volta. Mas vamos exi g i r dos Guardi ões o
que você qui ser. Umano ou umdi a no passado, exi j a qualquer que sej a o seu desej o! Eu acho que todos
nós a apoi aremos.
E l ena paus ou. E l a ol hou para as Guardi ãs e ol hou para os tes ouros . E l a
ol hou para Bonni e e para Stefan, que es tavam es perando. Havi a permi s s ão nos
ol hos del es .
E ntão el a di s s e bem devagar para as Guardi ãs .
— Is s o vai cus tar mui to para vocês . E eu não quero ouvi r que nada di s s o é
i mpos s í vel . Por todos os tes ouros de vol ta e a Chave M es tra também... E u quero
mi nha vel ha vi da. Não, eu quero uma nova vi da, com a mi nha vel ha vi da
i ncl uí da. Quero s er E l ena Gi l bert, exatamente como s e eu ti ves s e me
formado com a mi nha turma, e quero i r à facul dade Dal cres t. Quero acordar na
cas a de mi nha ti a Judi th de manhã e des cobri r que ni nguém percebeu que
eu es ti ves s e fora durante quas e dez mes es . E u quero notas boas no meu
úl ti mo ano de ens i no médi o... Só para o cas o de emergênci as . E quero que
Stefan tenha vi vi do paci fi camente na pens ão o tempo todo, e que todos o acei tem
como meu namorado. E quero que cada coi s a que Shi ni chi , M i s ao e aquel a
para quem el es trabal havam s ej am desfei tas e es queci das . E u quero que es s a
pes s oa es tej a morta. E quero que tudo que Kl aus fez à Fel l ’s Church s ej a
des fei ta, também. Quero Sue Cars on de vol ta! Quero Vi cki e Bennet de vol ta!
Quero todo mundo de volta!
Bonni e di s s e fracamente:
— Até mes mo o Sr. Tanner?
E l ena entendeu. Se o Sr. Tanner não ti ves s e morri do — tendo s eu
s angue mi s teri os amente drenado —, então Al ari c Sal tzman nunca teri a s i do
chamado para Fel l ’s Church. E l ena l embrou-s e de Al ari c da experi ênci a fora
do corpo: cabel o de arei a, ol hos cas tanhos e ri s onhos . E l a pens ou em
M eredi th e s eu quas e noi vado. M as quem era el a para bri ncar de Deus ? Para
di zer s i m, es s a pes s oa poderi a morrer porque el a era des agradável e mal -
amada, mas es s a aqui ti nha que s obrevi ver porque el a era mi nha ami ga.
42
— Is s o não é um probl ema — A governanta l oi ra, Ryannen, di s s e
i nes peradamente. — Podemos fazem com que o Sr. Tanner tenha repel i do um
pos s í vel ataque de vampi ros e a es col a chamou Al ari c Sal tzman para as s umi r
s eu l ugar e i nves ti gar. Certo, Idol a? — E l a di s s e ol hando para a rui va; para a
morena, el a di s s e: — Não é, Sus urre?
E l ena não ti nha certeza. Apes ar de ter es cutado o que as mul heres
di zi am, el a não es tava pres tando mui ta atenção. Tudo que el a s abi a era que
s ua voz ti nha fi cado rouca e que l ágri mas caí am de s eus ol hos .
— E ... Pel a Chave M es tra... E u quero...
Stefan apertou s ua mão. E l ena, de repente, percebeu que el es es tavam
em pé, todos os três , l ado a l ado. E o ol har em cada ros to era o mes mo:
determi nação mortal .
— E u quero Damon de vol ta — E l a não ouvi ra es s e tom em s ua voz des de
o di a em que l he contaram que s eus pai s havi am morri do.
Se ti ves s e havi do uma mes a, el a teri a col ocado os punhos cerrados s obre
el a e fari a s eu mel hor para bater de frente com as mul heres . Como não havi a,
el a s i mpl es mente i ncl i nou-s e em di reção a el as , fal ando numa voz bai xa e
ral a.
— Se vocês fi zerem i s s o... Trazê-l o de vol ta, exatamente como el e era
antes de entrar na Cas a de Portai s ... E ntão vocês poderão pegar a Chave M es tra
e os tes ouros . Se di s s erem não... Vocês perdem tudo. Tudo. Is s o não é
negoci ável , entendem?
E l a conti nuou encarando os ol hos verdes de Idol a. E l a s e recus ava a
ol har para Sus urre, com medo de ter que abai xar s ua cabeça e começar a
es fregar s eus dedos em pequenos cí rcul os . E l a não dari a nem uma ol hadel a
para Ryannen, que es tava ol hando para el a fi rmemente, que entrou do modo
de negoci ações . E l a s i mpl es mente ol hou para aquel es ol hos verdes s ob
s obrancel has tei mos as . Idol a fez um s om de mau humor e bal ançou s ua
cabeça l i nda.
— Ol ha, al guém cl aramente cometeu um erro na preparação des s a
entrevi s ta. Uma ol hadel a para Sus urre.
— As outras coi s as que você pedi u... Tudo j unto, j á é di fí ci l de real i zar.
Você entende i s s o? Você entende que i s s o envol ve mudar l embranças de todos
os habi tantes ao redor da ci dade, mudar as l embranças dos dez mes es que s e
pas s aram? Is s o s i gni fi ca mudar quas e tudo em Fel l ’s Church... E há mui ta
coi s a para s e mudar... Sem menci onar os outros mei os de comuni cação, não?
Quer di zer, teremos que i mpl orar pel a al ma de três humanos e trazê-l os à
vi da novamente. E u nem ao menos s ei s e temos pessoal para i s s o...
Ryannen col ocou uma mão no braço da rui va.
— Nós temos . As mul heres de Sus urre têm umas coi s i nhas para fazer
no M undo Inferi or. E u poderi a empres tar tri nta por cento das mi nhas ...
Afi nal , teremos que envi ar uma peti ção para a Corte M ai or por aquel es
es pí ri tos ...
Idol a i nterrompeu.
— Certo. O que eu es tava di zendo é que s ó poderemos cumpri r i s s o... Se
vocês nos derem a Chave. No entanto, quanto a s eu companhei ro vampi ro... Não
podemos dar vi da ao i nani mado. Não funci ona com vampi ros . Uma vez que el es
morrerem… E l es morrem para s empre.
— Is s o é o que vocês di zem! — Stefan gri tou, tentando fi car na frente de
E l ena. — M as por que s omos os mai s amal di çoados , entre todas as cri aturas ?
Como vocês s abem que é i mpos s í vel ? Vocês j á tentaramalg uma vez?
Idol a es tava fazendo um ges to de repugnânci a, quando Bonni e
i nterrompeu, s ua voz tremendo:
— Is s o é ri dí cul o! Vocês podem recons trui r uma ci dade, podem matar a
pes s oa que es teve por trás do que Shi ni chi e M i s ao fi zeram, mas não podem
trazer um vampi ro de vol ta? Vocês trouxeram Elena!
— A morte de E l ena como vampi ra permi ti u que el a s e tornas s e a
Guardi ã que, ori gi nal mente, es tava predes ti nada a s er. Quando a pes s oa que
dava ordens a Shi ni chi e M i s ao: era Inari Sai tou... Obaas an Sai tou, como vocês
a conheci am... E el a j á es tá morta, graças aos s eus ami gos em Fel l ’s Church,
que a enfraqueceram... E a vocês , que des truí ram a E s fera E s tel ar del a.
— Inari ? Quer di zer, a avó de Is obel ? Você es tá di zendo que era a E s fera
E s tel ar dela que es tava no tronco da Grande Árvore? Is s o é i mpos s í vel ! —
Bonni e gri tou.
— Não, não é. É a verdade — Ryannen di s s e s i mpl es mente.
— E el a es tá morta agora?
— Depoi s de uma l onga batal ha que matou a s eus ami gos . Si m... M as o
que a matou verdadei ramente foi ter s ua E s fera E s tel ar des truí da.
— E ntão — Sus urre di s s e s i l enci os amente —, s e vocês s egui rem a
onda... De certo modo, o s eu Damon morreu para s al var Fel l ’s Church de outro
mas s acre i gual ao daquel a i l ha j apones a. E l e vi vi a di zendo que era i s s o que
el e vei o fazer aqui no M undo Inferi or. Vocês não acham que el e fi cari a...
Sati s fei to? E m paz?
— E m paz? — Stefan cus pi u com amargura, e Sage ros nou.
— M ul her — E l e di s s e —, com certeza você não conheceu Damon
Sal vatore antes .
O tom em s ua voz es tava... M ai s res onante, mai s ameaçadora, de
al guma forma... Fazendo E l ena parar de encarar Idol a. E l a s e vi rou e ol hou...
... E vi u a grande s al a s endo preenchi da pel as as as de Sage.
E l as não eram i guai s aos s eus efêmeros Poderes de As a. E l as eram,
cl aramente, parte de Sage. E ram avel udadas e repti l i anas e, abertas des s e
j ei to, s e es tendi am de parede a parede, tocando o teto grande e dourado. E l as
também demons travam o porquê de Sage não us ar cami s as com frequênci a.
E l e era boni to nes s a forma: pel e bronzeada e cabel os contra as gi gantes
as as de aparênci a del i cada. M as E l ena, depoi s de ol har uma vez para el e,
s abi a que era hora de j ogar o ás na manga. E l a vi rou-s e para encontrar
di retamente os ol hos verdes de Idol a.
— E s s e tempo todo, nós es ti vemos barganhando pel os tes ouros da Cas a
de Portai s — E l a di s s e — E ... Uma Chave M es tra.
— Uma Chave M es tra que fora roubada por ki ts une eras e eras atrás —
Sus urre expl i cou cal mante, erguendo s eus ol hos .
— E vocês di s s eram que não é s ufi ci ente para trazer Damon de vol ta —
E l ena forçou s ua voz para que não vaci l as s e.
— Nem s e es s e fos s e o s eu úni co pedi do — Ryannen j ogou um pouco de
s eu cabel o dourado aci ma do ombro.
— Is s o é o que você di z. M as ... E s e eu col ocar na negoci ação... Outra
Chave M es tra?
Houve uma paus a, e o coração de E l ena começou a bater de medo. Poi s
es s e era o ti po errado de paus a. Não houve arfadas de choque. Nenhum ol har
de s urpres a entre uma Guardi ã para a outra. Nenhum ol har de des crença.
Depoi s de um i ns tante, Idol a di s s e pres unços amente.
— Você s e refere à outra Chave roubada que s eus ami gos têm na Terra?
E l a foi confi s cada no momento em que el es a es conderam. É uma propri edade
roubada. Pertence a nós.
E l a es teve aqui tempo demai s , nas Di mens ões das Trevas , E l ena
pens ou com uma parte de s ua mente. E l a es tava s e di verti ndo.
Idol a s e i ncl i nou em di reção a el a, como s e confi rmas s e a dedução de
E l ena.
— Si mpl es mente... Não é... Pos s í vel — E l a di s s e enfati camente.
— Verdade, não é — Ryannen adi ci onou rapi damente. — Nós não
s abemos o que acontece com vampi ros . M as el es não pas s am por nós . Nós
nunca os vi mos depoi s da morte. A expl i cação mai s s i mpl es é que el es
s i mpl es mente... Somem — E l a es tal ou s eus dedos .
— Eu não acredi to ni sso! — E l ena es tava ci ente que s ua voz havi a
aumentado de vol ume. — E u não acredi to ni s s o nem por um s egundo!
Vozes , não atacando al guém em parti cul ar, expl odi ram em um cl amor de
argumentos em torno de E l ena, formando uma es péci e de poema:

Não é pos s í vel . Si mpl es mente i mpos s í vel ( Mas por favor...)
Não! Damon s e foi , e perguntar para onde, é o mes mo que pergunta
aonde a fl ama de uma vel a vai quando é apagada ( Mas vocês não devi am tentar
trazê-lo de volta, pelo menos?)
O que aconteceu com a grati dão? Vocês quatro devi am s er gratos que as
outras coi s as que vocês pedi ram pos s am s er fei tas . ( Mas em trocas de ambas as
Chaves Mestras...)
Nenhum Poder que pos s uí mos pode trazer Damon de vol ta! E l ena devi a
vol tar à real i dade. E l a j á foi mi mada demai s ! ( Mas que mal pode fazer se vocês
tentaremnovamente?)
Certo! Se vocês querem s aber, Sus urre j á nos forçou a tentar. E nada
aconteceu! Damon... Se… Foi ! Seu es pí ri to es tá em um l ugar que não pode s er
encontrado no éter! Is s o é o que acontece com vampi ros , e todos s abem di s s o!

E l ena encontrou-s e ol hando para bai xo, para s uas própri as mãos , que
es tavam bem l i mpas , mas com unhas quebradas e as j untas s angrando.
O mundo exteri or tornou-s e i rreal novamente. E l a es tava dentro de s i ,
bri gando com s ua dor, l utando contra o conheci mento que Idol a, a Guardi ã
central , não havi a menci onado antes : que el as havi am procurado pel o es pí ri to
de Damon. E que el e havi a... Sumi do.
De repente, a s al a es tava s e pres s i onando contra el a. Não havi a ar
s ufi ci ente. Só havi a es s as mul heres : es s as Guardi ãs , magi camente
poderos as , que não ti nham Poder ou magi a o s ufi ci ente para s al var Damon...
Ou, pel o menos , nem ao menos s e i mportavam em tentar uma s egunda vez.
E l a não ti nha certeza o que es tava acontecendo com el a. Sua garganta
es tava doendo, s eu pei to es tava, ao mes mo tempo, grande e apertado. Cada
bati mento de s eu coração s oava através del a como s e tentas s e s acudi -l a até a
morte.
Até a morte. E m s ua mente, el a vi u uma mão s egurando um copo de
Cl ari on Loes s Bl ack M agi c.
E então, E l ena s oube que el a ti nha que manter-s e fi rme, manter os
braços fi rmes , de certa forma, e s us s urrar as pal avras em s ua própri a mente.
M as , por úl ti mo, di zer o fei ti ço, di zê-l o em voz al ta.
Por fi m... As coi s as des acel eraram. Quando os ol hos de Idol a — um
nome perfei to para al guém que i dol atrava a s i mes mo, E l ena pens ou —, de
Ryannen e de Sus urre caí ram s obre el a, com as bocas abertas , chocadas
demai s para moverem até mes mo um dedo s erenamente, com cal ma, E l ena
di s s e:
— Asas da Destrui ...
Foi uma s ol dada, uma das vári as s ol dadas ras as , uma das morenas ,
que a parou. E l a s al tou por ci ma do tabl ado e, com uma vel oci dade des umana,
bateu com s ua mão s obre a boca de E l ena, de modo que a úl ti ma s í l aba foi um
murmúri o e o corredor dourado, verde e azul não expl odi u em fragmentos de
metal quente correndo como s e fos s em ri achos de l arva; a fonte que j orrava
fl ores não evaporou e os vi trai s não s e quebraram em átomos .
E ntão havi a mai s braços ao redor de E l ena, l evando-a para bai xo,
dei xando-a res pi rar com es cas s amente, mes mo quando el a fi cou mol e ao
tentar s ugar um pouco de ar. E l ena l utou como um ani mal , com s eus dentes e
unhas , para es capar. M as el a, com o tempo, foi compl etamente deti da, pres a
ao chão. E l a pôde ouvi r a voz profunda e furi os a de Sage e Stefan, entre es touros
tel epáti cos des es perados para el a, i mpl orando e expl i cando:
— E l a ai nda não vol tou à real i dade! E l a nem ao menos s abe o que es tá
fazendo! Só que, mai s al to, el a pôde ouvi r as vozes das Guardi ãs .
— E l a poderi a ter matado a todas nós !
— E s s as As as ... E u nunca vi al go tão mortal !
— Uma humana! E s ó com três pal avras , el a poderi a ter nos el i mi nado!
— Se Lenea não a ti ves s e deti do...
— Ou s e el a es ti ves s e a al guns centí metros mai s para trás ...
— E l a des trui u uma l ua, vocês s abem! Não há mai s nenhuma vi da l á,
e ci nzas ai nda es tão cai ndo do céu!
— Is s o não es tá em ques tão. O mai s i mportante é que el a não devi a ter
Poderes de As a. E l as devem s er cortadas .
— Is s o mes mo... Cortem s uas As as ! Façami sso!
E l ena reconheceu as vozes de Ryannen e Idol a. E l a ai nda es tava
tentando l utar, mas a agarraram com tanta força, de uma forma tão i mpi edos a,
que s ó o fato del a tentar ganhar um pouco de ar j á a dei xava exaus ta.
E então, el es arrancaram s uas As as . Foi rápi do, pel o menos , e E l ena
s enti u pouca coi s a.
O que doí a mai s era s eu coração. Um pouco de orgul ho e tei mos i a s aí ram
na hora do combate, e agora el a ti nha vergonha por ter cas a s uas As as s endo
arrancadas . Pri mei ro s aí ram as Asas da Redenção, aquel as em tons de arco-í ri s .
Depoi s , as Asas da Puri fi cação, brancas e i ri des centes como tei as de aranha. Asas
de Voo, i guai s à cor de mel . Asas da Lembrança, de cor vi ol eta e azul mei a-noi te.
E , em s egui da, as Asas de Proteção, de cor verde es meral da e ouro, as As as que
s al varam s eus ami gos do ataque de Bl oddeuwedd, na pri mei ra vez que el es
entraram nas Di mens ões das Trevas .
E fi nal mente, as Asas da Destrui ção, al tas , de cor ébano com bordas
del i cadas como renda preta.
E l ena tentou fi car em s i l ênci o enquanto cada Poder era reti rado. M as
após a pri mei ra ou a s egunda ter caí do ao s eu l ado, el a vendo s omente
s ombras , el a ouvi u uma pequena arfada, percebendo que era s ua própri a voz.
E com o próxi mo corte, um pequeno gri to i nvol untári o.
Por um momento, houve s i l ênci o. E então, de repente, houve um ruí do
es magador. E l a pôde ouvi r Bonni e l amentando, Sage rugi ndo e Stefan, o genti l
Stefan, gri tando bl as fêmi as e mal di ções para as Guardi ãs . E l ena adi vi nhou
pel o s om abafado de s ua voz que el e es tava l utando contra el as , l utando para
chegar até el a.
E l e a al cançou, de al guma forma, j us to quando as mortai s e del i cadas
Asas da Destrui ção foram arrancadas de s eus ombros e mente, e cai u como s e
fos s e uma s ombra ao chão. Foi bom el e tê-l a al cançado, poi s , no pas s ado,
E l ena era menos peri gos a do que era agora com os Poderes de As a des pertos
nel a. De repente, as Guardi ãs pareci am ter medo. E l as pararam atrás del a,
aquel as mul heres fortes e peri gos as , e s ó Stefan es tava l á para pegá-l a e
s egurá-l a em s eus braços .
Atordoada e confus a, el a era s omente uma garota comum de dezoi to anos .
E xceto por s eu s angue. E l es queri am ti rar-l he s eu s angue, também... Para
“puri fi cá-l o”. E s s as três governantas e s uas as s i s tentes j á es tavam reuni das
em um tri ângul o, determi nadas , em torno del a e es tavam trabal hando em s ua
magi a quando Sage berrou:
— Parem!
E l ena cai u nos ombros de Stefan, podendo vê-l o vagamente, s uas as as
negras avel udadas ai nda abertas de parede a parede, ai nda tocando o teto
dourado. Bonni e s e agarrou a el e como s e fos s e uma penugem de dente-de-
l eão perdi da.
— Vocês j á di mi nuí ram a aura del a a quas e nada — E l e ros nou. — Se
vocês “puri fi carem” o s angue des s a pauvre peti te compl etamente, el a morrerá... E
então el a des pertará. Vocês terão cri ado une vampi ra, Mesdames. É i s s o que vocês
querem?
Sus urre recuou. Para uma governanta tão dura e i nfl exí vel , el a pareci a
quas e genti l demai s — mas não o s ufi ci ente ao arrancar mi nhas As as ,
E l ena pens ou, contorcendo os ombros para al i vi á-l os . Tal vez el a não s oubes s e
o quanto doeri a, outra parte de s ua mente ofereceu vagamente.
E ntão, toda a s ua mente s e j untou s ua reuni ão de emergênci a. Al go
quente e fres co es tava des l i zando na parte detrás de s eu pes coço, em pequenas
gotas . Não era s angue. Não, i s s o era, defi ni ti vamente, mai s preci os o do que
as Guardi ãs l he havi a ti rado. As l ágri mas de Stefan.
E l a s e bal ançou fortemente, tentando col ocar-s e de pé. De al guma forma,
tremul amente, el a cons egui u. E l a s ó percebeu o quão trêmul a el a es tava
quanto tentou l evantar a mão e l i mpar as l ágri mas do grande ros to de Stefan
com o pol egar. Sua mão i ntei ra tremeu como s e el a es ti ves s e fazendo uma
bri ncadei ra i nfanti l . Seu pol egar ati ngi u o ros to del e com força o s ufi ci ente
para não fazê-l o es tremecer. E l a ol hou para el e com uma des cul pa muda,
chocada demai s para tentar fal ar.
Stefan es tava fal ando. M ai s e mai s .
— Não i mporta — E l e es tava di zendo. — Tudo bem, amor. Oh, mi nha
amada, tudo fi cará bem.
E l e enxugou os ol hos com uma mão que es tava fi rme como rocha, o tempo
todo ol hando s ó para el a, e — el a s abi a — pens ando s omente nel a. E l a s abi a
di s s o porque el a também conheci a aquel e momento, quando el e chegou.
Cabel os rui vos es tavam em s ua l i nha de vi s ão, des focada em mei o a
l ágri mas novas . Cabel os rui vos e ol hos verdes es trei tos , bem próxi mos a el a.
Foi quando E l ena s enti u que Stefan s e l embrou de que havi a outras coi s as
al ém de E l ena no mundo.
Seu ros to mudou. E l e não ros nou ou abri u s ua mandí bul a. A mudança
foi uma al teração compl eta, mas s e centrava em s eus ol hos , que fi caram
mortal mente es trei tos enquanto tudo o mai s s e tornava forte e feroz.
— Se você tocar nel a de novo, s ua vadi a pervers a, eu vou ras gar s ua
garganta — Stefan di s s e, cada pal avra parecendo ferro e gel o cai ndo no chão.
As l ágri mas de E l ena pararam com o choque. Stefan não fal ava as s i m
com as mul heres . Nem Damon fal ari a... Fal ava. M as as pal avras ai nda
es tavam ecoando no s i l ênci o s úbi to da s al a com aparênci a de catedral . As
pes s oas es tavam s e afas tando.
Idol a es tava s e afas tando também, mas s eus l ábi os es tavam curvados .
— Você acha que s ó porque s omos Guardi ãs não podemos prej udi cá-l a...?
E l a es tava começando, quando a voz de Stefan a cortou cl aramente.
— E u acho que s ó porque vocês s ão “Guardi ãs ” vocês matam hi pocri tamente
e s aem i mpunes di s s o — Stefan di s s e, e s eus l ábi os produzi ram pal avras
mai s convi ncentes e as s us tadoras do que as de Idol a. — Vocês teri am matado
E l ena s e Sage não ti ves s e i mpedi do. Maldi ta!
E l e acres centou em voz bai xa, mas com abs ol uta convi cção que fez com
que Idol a des s e mai s um pas s o pra trás — Si m, é mel hor você i r s e reuni r
com s uas ami gui nhas — E l e adi ci onou. — E u pos s o deci di r matar você, de
qual quer forma. E u matei meu própri o i rmão, como você deve ter percebi do.
— M as , com certeza... Is s o foi depoi s de você ter l evado um gol pe mortal .
Sus urre es tava entre os doi s , tentando i nterceder.
Stefan deu de ombros . E l e ol hou para el a com o mes mo des prezo que
ol hou para a outra governanta.
— E u ai nda podi a us ar meus braços — E l e di s s e del i beradamente. —
E u podi a ter deci di do abandonar mi nha arma, ou al i vi á- l o da dor. Ao i nvés
di s s o, eu optei por col ocar uma l âmi na di reto em s eu coração — E l a mos trou
s eus dentes num s orri s o di s ti ntamente hos ti l . — E agora eu nem ao menos
preci s o de uma arma.
— Stefan — E l a cons egui u s us s urrar no úl ti mo s egundo.
— E u s ei . E l a é mai s fraca do que eu e você não quer me ver matando-a.
É por i s s o que el a ai nda es tá vi va, amor. É o úni co moti vo.
E nquanto E l ena l evantava s eus ol hos mei o as s us tados para el e, Stefan
adi ci onou em uma voz que s ó el a pudes s e ouvi r.
É claro, há alg umas coi sas sobre mi m que você não sabe, Elena. Coi sas que eu espero que você
nunca vej a. Conhecer você... Te amar… Fez comque eu quase esquecesse di sso.
A voz de Stefan em s ua cabeça acordou al go dentro de E l ena. E l a l evantou
a cabeça e ol hou para a mas s a i ndi s ti nta de Guardi ãs em torno del es . E l a vi u
cabel os cacheados de morango s us pens os no ar. Bonni e. Bonni e l utando.
Fazendo i s s o fracamente, não s omente porque um par de Guardi ãs l oi ras e
outro par de morenas a es tavam s egurando no ar, uma de cada membro.
E nquanto E l ena a encarava, el a pareci a recuperar s uas forças e l utar mai s . E
E l ena pôde ouvi r... Al go. E s tava fraco e l onge, mas quas e s oava como… Seu
nome. Como s eu nome era pronunci ado por mei o de um s us s urro ou por mei o
de um zumbi do de pas s ar de rodas de bi ci cl etas .
Le... Na... Eee... Le...
E l ena tentou chegar i nternamente até o s om. Tentou des es peradamente
s e agarrar ao que vi nha, mas nada aconteceu. E l a tentou um truque que,
ontem, el a achari a bem fáci l : canal i zar s eu Poder para s ua tel epati a. Não
funci onou. E l a tentou s ua tel epati a.
B onni e! Você pode me ouvi r?
Não houve nem um menor s i nal de mudança na expres s ão da meni na.
E l ena havi a perdi do s ua l i gação com Bonni e.
E l a as s i s ti a enquanto Bonni e percebi a a mes ma coi s a, as s i s ti a aquel e
corpi nho bri gando para s e l i bertar. O ros to de Bonni e, arrebi tado em um pál i do
des es pero, es tava tri s te e, de al guma forma, i ndes cri ti vel mente puro e bel o,
de uma s ó vez. Isso nunca acontecerá conosco, a voz de Stefan em s ua cabeça di s s e
para el a fi rmemente. Nunca! Eu te dou mi nha... Não! E l ena pens ou de vol ta,
s upers ti ci os amente com medo de al guma mal di ção.
Se Stefan havi a j urado, al go devi a acontecer... E l a devi a s e trans formar
em uma vampi ra ou em um es pí ri to... Para as s egurar que el e não quebras s e
s ua pal avra.
E l e parou e E l ena s oube que el e a havi a ouvi do. E , de al guma forma,
es s e conheci mento, de que Stefan havi a ouvi do uma úni ca pal avra del a, a
acal mou. E l a s abi a que el e não es tava es pi onando. E l e ouvi u porque el a
envi ou o pens amento para el e. E l a não es tava s ozi nha.
E l a podi a s er comum novamente; el as poderi am até ter ti rado s uas As as ,
a mai ori a de s eus Poderes e s eu s angue, mas el a não es tava s ozi nha. E l a s e
i ncl i nou em s ua di reção, s ua tes ta contra o quei xo de Stefan.
“Ni ng uémfi ca sozi nho.”
E l a havi a di to i s s o para Damon. Damon Sal vatore, um s er que não exi s ti a
mai s . M as que ai nda era convocado por el a devi do a uma s ó pal avra, um gri to
fi nal . Seu nome.
Damon!
E l e morrera quatro di mens ões atrás . M as el a pôde s enti r Stefan
apoi ando-a, ampl i ando s ua trans mi s s ão, envi ando-a como um s i nal i zador
através da mul ti dão de mundos que os s eparavam do corpo fri o e s em vi da del e.
Damon!
Não houve nenhum s i nal de res pos ta. É cl aro que não. E l ena es tava
apenas s e enganando.
De repente, al go mai s forte do que a tri s teza, mai s forte do que a auto-
pi edade, ai nda mai s forte que a cul pa, tomou conta del a. Damon não gos tari a
que el e fos s e carregada para fora daquel e hal l , mes mo que fos s e por Stefan.
E s peci al mente por Stefan. E l e i ri a querer que el a não mos tras s e nenhum
s i nal de fraqueza para aquel as mul heres que a havi am des truí do e
humi l hado.
Si m.
E s s e era Stefan. Seu amor, mas não s eu amante, di s pos to a amá-l a a
parti r de agora e até o fi m de s eus di as ... O fi m... De s eus di as ?
E l ena es tava, de repente, fel i z por não poder proj etar tel epati camente
para es tranhos e que Stefan havi a es tabel eci do um es cudo ao redor del es ,
quando el e a ti nha tomado em s eus braços .
E l a vi rou-s e para Ryannen, que ai nda es tava as s i s ti ndo... Com cautel a,
mas ai nda com a expres s ão de negóci os em s eus ol hos .
— E u gos tari a de i r embora agora, s e vocês não s e i mportam — E l a
di s s e, pegando s ua mochi l a e a pendurando s obre o ombro, no mel hor ges to de
arrogânci a que el a pôde fazer.
Houve um rai o de agoni a enquanto o pes o da al ça acertava o l ugar onde a
mai ori a de s uas As as havi a s urgi do, mas el a manteve a cara de des prezo e
i ndi ferença.
Bonni e, de vol ta ao chão des de que el a não es tava mai s l utando, s egui u o
exempl o de E l ena. Stefan havi a dei xado s ua mochi l a na Cas a de Portai s , mas
el e genti l mente s egurou s ua mão em torno do cotovel o de E l ena, não para
gui á-l a, mas para mos trar que el e es tava l á por el a. As as as de Sage s e
dobraram para trás e foram embora.
— Você entende que, devi do ao retorno des s es tes ouros que eram nos s os
por di rei to... M as que fomos i mpedi das de recuperá-l os ... Você terá s eus
pedi dos concedi dos , exceto por al go i mpos s í ...
— E ntendo.
E l ena di s s e s em rodei os , j us to quando Stefan di s s e, mui to mai s
brus camente:
— E l a entende. Só façam i s s o l ogo, tá l egal ?
— Já es tá tudo organi zado — Os ol hos de Ryannen, ol hos azui s es curos
res pi ngados de dourado, encontraram os de E l ena com um ol har não
total mente anti páti co.
— A mel hor coi s a a s e fazer — Sus urre acres centou apres s adamente —
s eri a que nós a col ocás s emos para dormi r e a envi ás s emos para o s eu anti go e
novo quarto. No momento em que você acordar, tudo terá s i do real i zado.
E l ena forçou para que s ua expres s ão não mudas s e.
— M e envi ar para a M apl e Street? — E l a perguntou, ol hando para
Ryannen. — Para a cas a da ti a Judi th?
— E m s eus s onhos , s i m.
— E u não quero es tar dormi ndo — E l a s e aproxi mou ai nda mai s de
Stefan. — Não dei xe que el as me ponham para dormi r!
— Ni nguém fará nada que você não quei ra — Stefan di s s e, e s ua voz
pareci a um fi o de uma naval ha. Sage rugi u em s eu apoi o e Bonni e ol hou para
a mul her l oi ra, rí gi da.
Ryannen i ncl i nou a cabeça del a.
E l ena acordou.
E s tava es curo e el a es teve dormi ndo. E l a não cons egui a s e l embrar
exatamente de como el a havi a caí do no s ono, mas el a s abi a que el a não es tava
na l i tei ra e el a s abi a que el a não es tava em um s aco de dormi r.
Stefan? B onni e? Damon? E l a pens ou automati camente, mas havi a al go
es tranho com s ua tel epati a. Pareci a que el a fora confi nada em s ua própri a
cabeça.
E l a es tava no quarto de Stefan?
Devi a es tar um breu l á fora, j á que el a não cons egui a s equer ver o
al çapão que l evava ao pé do s ótão.
— Stefan? — E l a s us s urrou, enquanto vári os pedaços de i nformações s e
j untavam em s ua cabeça.
Havi a um chei ro, que era tanto fami l i ar quanto es tranho. E l a es tava
dei tada em uma cama de cas al confortável , não em uma das camas de s eda e
vel udo extravagantes de Lady Ul ma, tampouco em uma das i rregul ares da
pens ão. E l a es tava em um hotel ?
E nquanto es s es pens amentos di ferentes reuni am-s e em s eu cérebro,
houve uma bati da s uave e rápi da. Nós dos dedos batendo contra o vi dro.
O corpo de E l ena s e l evantou. E l a arremes s ou para l onge a col cha e
correu até a j anel a, evi tando os obs tácul os mi s teri os os s em nem pens ar
di rei to. Suas mãos arrancaram as corti nas do cami nho que, de al guma forma,
el a s oube quem es tava l á, fazendo s eu coração di s parar e trazendo um nome
aos s eus l ábi os .
— Da...!
E então o mundo parou e fez s eu s al to mortal mai s l ento de todos .
A vi s ão de um ros to feroz, preocupado, amoros o e, ai nda, es tranhamente
frus trado, apenas do outro l ado da j anel a do s egundo andar, trouxe as
memóri as de E l ena de vol ta.
Todas el as .
Fel l ’s Church es tava s al va. E Damon es tava morto.
Sua cabeça i ncl i nou-s e l entamente até que s ua tes ta tocou o pai nel de
vi dro fri o.
43
— E l ena? — Stefan di s s e s i l enci os amente. — Você poderi a me convi dar
para entrar? Você tem que me convi dar, cas o quei ra... Convers ar...
Convi dá-l o para entrar? E l e j á es tava dentro… Dentro de s eu coração. E l a
havi a di to às Guardi ãs que todos deves s em acei tar Stefan como s eu namorado
durante aquel es mes es todos . Não ti nha i mportânci a. E m voz bai xa, el a di s s e:
— E ntre, Stefan.
— A j anel a es tá trancada do s eu l ado, E l ena.
E ntorpeci da, E l ena abri u a j anel a. No momento s egui nte, el a foi
engl obada por braços quentes e fortes , em um abraço des es perado e fervoros o.
M as l ogo depoi s , os braços caí ram, dei xando-a congel ada e s ol i tári a.
— Stefan? O que há de errado?
Seus ol hos ti nham s e adaptado e, pel a l uz das es trel as através da
j anel a, el a pôde vê-l o hes i tando di ante del a.
— E u não pos s o... Is s o não é… Não é o que você quer — E l e di s s e às
pres s as , s oando como s e aqui l o vi es s e através de uma garganta apertada. —
M as eu queri a que você s oubes s e que... Que M eredi th, M att es tão cui dando
de Bonni e. Confortando-a, eu quero di zer. E l es es tão todos bem, as s i m como a
Sra. Fl owers . E eu pens ei que você...
— E l as me col ocaram para dormi r! E l as di s s eram que não me
col ocari am para dormi r!
— Você adormeceu, am... E l ena. E nquanto es távamos es perando que
el as nos envi as s em para cas a. Nós todos cui damos de você: Bonni e, Sage e eu.
E l e ai nda es tava fal ando formal mente, em um tom i ncomum.
— M as eu pens ei ... Bem, que você i ri a querer convers ar es s a noi te,
também. Antes de eu... E u parti r. E l e ergueu um dedo até o ros to para fazer
com que s eus l ábi os paras s em de tremer.
— Você j urou que não me abandonari a! — E l ena gri tou. — Você
prometeu: não i mportas s e o moti vo, não i mportas s e o tempo que fos s e, não
i mportas s e o quão nobre fos s e a caus a!
— M as ... E l ena… Is s o foi antes de eu entender…
— Você ai nda não entende! Você não s abe...
A mão del e voou para cobri r s ua boca e el e col ocou s eus l ábi os s obre o
ouvi do del a.
— Am... E l ena. Nós es tamos na s ua cas a. Sua ti a...
E l ena s enti u s eus ol hos se abri rem, embora, é cl aro,
s ubcons ci entemente, el a j á s oubes s e es s e tempo todo. O ar da fami l i ari dade.
E s s a cama... E ra sua cama, e aquel a col cha era s ua adorava col cha de ouro com
branco. Os obs tácul os que s abi a como evi tá-l os no es curo... A bati da em s ua
j anel a... E l a es tava em casa.
As s i m como um al pi ni s ta que es tá s ubi ndo uma rocha de aparênci a
i mpos s í vel , quas e cai ndo, l ogo em s egui da, E l ena s enti u uma onda enorme
de adrenal i na. E foi i s s o — ou tal vez s ej a o Poder do amor que fl uí a através
del a — que el a cons egui u depoi s de tanto ans i ar para s e cons egui r. E l a
s enti u s ua al ma expandi r e s ai r de s eu corpo. E encontrou a de Stefan.
E l a fi cou horrori zada com a des ol ação apres s adamente varri da para l onge
em s eu es pí ri to, humi l hada pel a onda de amor que i nundou tudo nel e com o
s i mpl es toque da mente del a.
Oh, Stefan. Só… Di g a que… Que você pode me perdoar, i sso é tudo. Se você me perdoar, eu
poderei vi ver. Talvez você possa até ser feli z comi g o novamente... Se você me der tempo ao tempo.
Eu j á sou feli z conti g o. Mas nós temos todo o tempo do mundo, Stefan l he as s egurou.
M as el a captou a s ombra de um pens amento obs curo que l ogo s umi u de vi s ta.
Ele ti nha todo o tempo do mundo. E l a, entretanto...
E l ena teve que s ufocar o ri s o, mas , em s egui da, agarrou a Stefan, de
repente.
Mi nha mochi la... Elas a levaram? Onde ela está?
B emao lado da sua mesa de cabecei ra. Eu posso peg á-la. Você a quer?
E l e foi até a es curi dão e puxou al go pes ado, duro e com um chei ro não
mui to agradável . E l ena empurrou uma mão frenéti ca para dentro del a
enquanto ai nda s egurava Stefan com a outra.
Si m! Oh, Stefan, está aqui !
E l e es tava começando a s us pei tar... M as el e s ó soube quando el a ti rou
uma garrafa com o rótul o es cri to E vi an, s egurando-a contra s eu ros to. E l a
es tava bem gel ada, embora a noi te es ti ves s e amena e úmi da. E com uma
vi ol enta eferves cênci a, el a bri l hava de uma forma que água comum
nenhuma fazi a.
Eu não queri a fazer i sso, el a di s s e a Stefan, de repente preocupada que el e
pudes s e não gos tar de s er as s oci ado com um l adrão. Pelo menos... Não no começo.
Sag e di sse para colocarmos emg arrafas a ág ua da Fonte da Eterna Juventude e Vi da. Eu havi a
peg ado uma g arrafa g rande e essa pequeni na e, de alg uma forma, eu g uardei a menor dentro da
mi nha mochi la. Eu i ri a colocar a mai or aqui dentro, também, mas não coube. E eu nempensei nessa
daqui de novo, só quando elas ti rarammi nhas Asas e mi nha telepati a.
E i sso é uma coi sa boa, Stefan pens ou. Se elas ti vessem te peg ado... Oh, mi nha amada!
Seus braços s e prenderam em E l ena, prendendo s ua res pi ração.
É por i sso que você estava tão ansi osa para i r embora!
— E l as ti raram quas e tudo que era s obrenatural em mi m — E l ena
s us s urrou, col ocando s eus l ábi os próxi mos ao ouvi do de Stefan. — E u tenho
que vi ver com i s s o, e s e el as ti ves s em me dado uma chance, eu teri a
concordado... Pel o bem de Fel l ’s Church... Se eu ti ves s e s i do l ógi ca...
E l a s e i nterrompeu, de repente, quando percebeu que, l i teral mente,
es teve fora de s i . E l a ti nha s i do pi or que uma l adra. E l a tentou us ar um
ataque mortal em um grupo que — em s ua mai ori a — era compos to de pes s oas
i nocentes . E pi or era que uma parte del a s abi a que Damon teri a entendi do
s ua l oucura, enquanto el a não ti nha certeza s e Stefan poderi a entender.
— Você não tem que me trans formar em uma... Você s abe — E l a
começou s us s urrando freneti camente de novo. — Um gol e ou doi s di s s o e eu
pos s o fi car com você para s empre. Para s empre e... Para... Sempre… Stefan…
E l a parou, tentando pegar fôl ego e equi l í bri o mental . A mão del e pai rou
s obre el a, no topo.
— E l ena.
— E u não es tou chorando. É porque es tou fel i z. Para todo o s empre,
Stefan. Nós podemos fi car j untos , s ó... Só nós doi s ... Para s empre.
— E l ena, amor — A mão del e evi tou que el a abri s s e a garrafa.
— Is s o... Is s o não é o que você quer?
Com s ua outra mão, Stefan a puxou até el e, com fi rmeza. A cabeça del a
cai u em di reção ao s eu ombro e el e des cans ou s eu pes coço em s eu cabel o.
— Is s o é tudo que eu mai s quero. E s tou... Confus o, eu acho. E u es ti ve
as s i m des de... E l e parou e tentou de novo.
— Se nós temos todo o tempo do mundo, nós temos um amanhã — E l e
di s s e em uma voz abafada pel o cabel o. — E amanhã é tempo o s ufi ci ente para
você começar a pens ar ni s s o. Há o s ufi ci ente nes s a garrafa para que, tal vez,
quatro ou ci nco pos s am bebê-l a. Você é a úni ca que tem que deci di r quem vai
beber i s s o, amor. M as não hoj e. Hoj e...
Com uma adrenal i na repenti na de al egri a, E l ena entendeu.
— Você es tá fal ando do... Damon.
Incrí vel como era di fí ci l s i mpl es mente di zer s eu nome. Pareci a quas e
como uma vi ol ação, e ai nda as s i m...
Quando ele pôde conversar... Assi m... Por um momento comi g o, ele me di sse o que ele queri a,
el a envi ou.
Stefan s e remexeu um pouco na es curi dão, mas não di s s e nada.
Stefan, ele só pedi u uma coi sa antes dele... Parti r. Que era para não ser esqueci do. Isso é tudo.
E nós somos os que mai s se lembram. Nós e B onni e.
E m voz al ta, el a adi ci onou:
— E u nunca vou es quecê-l o. E eu nunca vou dei xar ni nguém que o
conheci a o es queça... E nquanto eu vi ver. E l a s abi a que el a havi a fal ando al to
demai s , mas Stefan não tentou s i l enci á-l a.
E l e deu uma rápi da es tremeci da, s egurando-a fi rmemente, novamente,
s eu ros to enterrado no cabel o del a.
Eu me lembro, el e envi ou para el a, quando Katheri ne pedi u para ele se j untar a ela...
Quando nós três estávamos na cri pta de Honori a Fell. Eu me lembro o que ele di sse para ela. E você?
E l ena s enti u s uas al mas s e entrel açando enquanto ambos vi am a cena
através dos ol hos do outro.
É claro, eu me lembro também. Stefan s us pi rou, mei o que ri ndo.
Eu me lembro de tentar cui dar dele, mai s tarde, em Florênci a. Ele não se comportava, nem
Influenci ava as g arotas que ele se ali mentava. Outro s us pi ro.
Eu acho que ele queri a ser peg o em flag rante. Ele nem ao menos podi a me olhar nos olhos e
falar sobre você.
Eu fi z com que B onni e cheg asse até você. Certi fi quei -me de que ela fi zesse com que ambos
voltassem aqui , E l ena l he di s s e. Suas l ágri mas começaram a cai r novamente,
mas bem devagar... Genti l mente.
Seus ol hos es tavam fechados e el a s enti u um l eve s orri s o chegando em
s eus l ábi os .
Sabe...
A voz mental de Stefan havi a começado, s urpres o.
Eu me lembro de outra coi sa! De quando eu era bempequeno, talvez comtrês ou quatro anos de
i dade. Meu pai ti nha um temperamento horrí vel, especi almente depoi s que mi nha mãe morreu. E
desde então, quando eu era pequeno e meu pai fi cava furi oso e bêbado, Damon fi cava
deli beradamente entre nós. Ele di zi a alg o desag radável e... B em, meu pai acabava batendo nele
ao i nvés de emmi m. Eu não sei como eu pude ter me esqueci do di sso.
Entendo, E l ena pens ou, l embrando-s e de como el a ti nha medo de
Damon, antes del e ter s e trans formado em humano... M es mo el e tendo s e
col ocado entre el a e os vampi ros que queri am di s ci pl i ná-l a na Di mens ão das
Trevas . Ele ti nha o dom de saber exatamente o que di zer... Como olhar... O que fazer... Para
conseg ui r entrar na pele de alg uém.
E l a pôde s enti r Stefan ri ndo fraca e i roni camente.
Umdom, é?
B em, certamente eu não poderi a fazer i sso, e eu posso controlar a mai ori a das pessoas,
E l ena res pondeu del i cadamente. Ele não, entretanto. Ele nunca.
Stefan adi ci onou:
Mas ele sempre era mai s g enti l comas pessoas mai s fracas do que comas mai s fortes. Ele sempre
teve uma quedi nha por B onni e...
E l e parou, como s e ti ves s e s e as s us tado ao s e aventurar mui to perto de
al go s agrado.
M as E l ena j á ti nha s eu própri o s ofri mento. E l a es tava fel i z, tão fel i z
que, no fi m, Damon havi a morri do para s al var Bonni e. E l ena preci s ava de
mai s provas s obre os s enti mentos del e por el a. E l a s empre amari a Damon, e
j amai s permi ti ri a que qual quer coi s a pudes s e di mi nui r es s e amor.
E , de al guma forma, pareceu apropri ado que el a e Stefan deves s em s e
s entar em s eu anti go quarto e fal ar do que el es s e l embravam de Damon, em
voz al ta. E l a pl anej ou fazer o mes mo com os outros no di a s egui nte.
Quando el a fi nal mente adormeceu nos braços de Stefan, era mai s de
mei a-noi te.
44
Na menor l ua do M undo Inferi or, pequenas ci nzas caí am do céu. E l as
caí am em doi s corpos j á cobertos de ci nzas . E l as caí am na água embargada.
E l as bl oqueavam a l uz s ol ar de modo que uma mei a-noi te s em fi m cobri a a
s uperfí ci e da l ua.
E outra coi s a caí a. E m pequenas gotí cul as que s e pos s a i magi nar, um
l í qui do opal es cente cai u, com cores rodopi ando como s e para tentar compens ar
a fei ura das ci nzas . E ram gotas pequenas , mas havi a tri l hões de tri l hões
del as , cai ndo s em parar, concentrando s obre o l ocal onde ti nha s i do parte do
mai or res ervatóri o de Poder bruto em três di mens ões .
Havi a um corpo no chão, nes te l ocal — não era exatamente um cadáver. O
corpo não ti nha bati mentos cardí acos , não res pi rava e não havi a ati vi dade
cerebral . A pul s ação era compos ta por nada mai s que uma memóri a. A
memóri a de uma meni na com ol hos azui s es curos e cabel os dourados e um
ros to pequeno com ol hos cas tanhos . E o s abor: o s abor de l ágri mas de duas
donzel as .
Elena. B onni e.
Col ocar el as duas j untas formavam o que não era exatamente um
pens amento, não era exatamente uma i magem. M as para al guém que s ó
compreende pal avras , poderi a s er traduzi do como:
Elas estão esperando por mi m. Se eu pudesse descobri r quem eu sou. E i s s o des encadeou
uma feroz determi nação.
Depoi s do que pareceram s er s écul os , mas que foram s omente al gumas
horas , al go s e moveu na ci nza. Um punho cerrado. E al go s e agi tava naquel e
cérebro, uma auto-revel ação. Um nome.
Damon.
Fim
E s te ePub foi cri ado em Feverei ro de 2014 por
LeY tor
Tendo como bas e a tradução em Pdf de
Amanda Oliveir a
{1} Bō é uma arma j apones a que é bas i camente um pedaço de pau de

compri mento vari ante entre 180 cm e 210 cm. E s s e bas tão de madei ra é
geral mente fei to de bambu.
{2} Sommerl i er é um profi s s i onal es peci al i zado e encarregado em conhecer os

vi nhos e todos os as s untos rel aci onados . Cui da da compra, armazenamento e


rotação de adegas e el abora cartas de vi nho em res taurantes .
{3} Jel l -O é uma marca de gel ati na famos a nos E UA.
{4} M arca de água de mi neral frances a, cara para caramba e pres ente nos

mel hores res taurantes .


{5} Is s o s eri a aquel e barul ho que as águi as fazem, e é um s i nal de que

Tal on es tá al i — e s ó para cons tar: Tal on é fêmea.


{6} Um arí ete é uma anti ga máqui na de guerra cons ti tuí da por um forte tronco

de frei xo ou árvore de madei ra res i s tente, com uma tes ta de ferro ou de bronze
a que s e dava em geral a forma da cabeça de carnei ro. Os arí etes eram
uti l i zados para romper portas e mural has de cas tel os ou fortal ezas .

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