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Direitos da

Personalidade
Direitos da Personalidade

Conceito:
Direitos subjetivos que têm por objeto
os bens e valores essenciais da
pessoa, no seu aspecto físico, moral e
intelectual. (Francisco Amaral)
Direitos da Personalidade

 Na definição de Carlos Alberto Bittar (apud


ELESBÃO, 2002, p. 17):
"são da personalidade os direitos
reconhecidos à pessoa humana tomada em
si mesma e em suas projeções na
sociedade, previstos no ordenamento
jurídico, exatamente para a defesa de
valores inatos ao homem, como a vida, a
higidez física, a intimidade, a honra, a
intelectualidade e outros.”
Direitos da Personalidade
 Os direitos da personalidade têm por
finalidade a proteção dos direitos
indispensáveis à dignidade e integridade da
pessoa.
 Ensina Pontes de Miranda (2000, p. 216)
sobre o tema: "o direito de personalidade, os
direitos, as pretensões e ações que dele se
irradiam são irrenunciáveis, inalienáveis,
irrestringíveis. São direitos irradiados dele os de
vida, liberdade, saúde (integridade física e
psíquica), honra, igualdade".
Direitos da Personalidade

 É ilimitado o número de direitos da


personalidade, malgrado o Código Civil, nos
arts. 11 a 21, tenha se referido apenas a
alguns.
 Reputa-se tal rol meramente
exemplificativo, pois não esgota o seu elenco,
visto ser impossível imaginar-se um numerus
clausus nesse campo. (GONÇALVES, Carlos Roberto.
Direito Civil Brasileiro 1. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 187).
Direitos da Personalidade

Exemplos:
Direito à vida, a higidez física, a
intimidade, a honra, a liberdade, a
intelectualidade e outros...
Direitos da Personalidade

Proteção Constitucional:
CF/88 Art. 5º, X
[...] X – são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação.
Direitos da Personalidade
Características:
a) São inatos ou originários porque se
adquirem ao nascer, independendo de qualquer
vontade;
b) são vitalícios, perenes ou perpétuos,
porque perduram por toda a vida. Alguns se
refletem até mesmo após a morte da pessoa. Pela
mesma razão são imprescindíveis porque
perduram enquanto perdurar a personalidade,
isto é, a vida humana. Na verdade, transcendem
a própria vida, pois são protegidos também após
o falecimento; são imprescritíveis;
Direitos da Personalidade
Características:

c) são inalienáveis, ou mais propriamente,


relativamente indisponíveis, porque em
princípio, estão fora do comércio e não
possuem valor econômico imediato;
d) são absolutos, no sentido de que podem ser
opostos erga omnes
Direitos da Personalidade – Código Civil

Art. 11. Com exceção dos casos previstos


em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
Direitos da Personalidade – Código Civil

Todo aquele que se sentir lesado ou


ameaçado em seus direitos da personalidade,
pode exigir que cesse a ameaça ou a lesão,
assim como pode reclamar indenização pelos
danos sofridos, diante do que prescreve o art.
12, do Código Civil, e especialmente pelo que
lhe assegura a Constituição Federal, quando
prevê a dignidade da pessoa humana como
fundamento do Estado Democrático de Direito
brasileiro.
Direitos da Personalidade – Código Civil
 Embora o dano moral consista na lesão a um
interesse que visa a satisfação de um bem
jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da
personalidade, como a vida, a honra, o decoro, a
intimidade, a imagem, etc., a pretensão à sua
reparação está sujeita aos prazos prescricionais
estabelecidos em lei, por ter caráter patrimonial.
Já decidiu, com efeito, o Superior Tribunal de
Justiça que o “direito de ação por dano moral é
de natureza patrimonial e como tal, transmite-se
aos sucessores da vítima (RSTJ, 71/183).
(GONÇALVES, Carlos Roberto).
Direitos da Personalidade – Código Civil
 Toda e qualquer lesão ou ameaça aos direitos
da personalidade é rechaçada, oportunizando-se
ao lesado o direito de reclamar perdas e danos,
abrangendo aquilo que efetivamente foi perdido,
como o que razoavelmente deixou-se de ganhar.
Adotou-se no país o sistema da reparação
integral dos danos morais e materiais causados
pelo agente, em prestígio tanto do desestímulo e
reprovação ao ilícito, como do retorno da vítima
ao status quo ante, na medida do possível e
justo. Veda-se o locupletamento indevido do
ofendido e o abuso de direito.
Direitos da Personalidade – Código Civil
 O cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente
em linha reta ou colateral até o quarto grau, no
caso de morto, terá legitimidade para pleitear
as perdas e danos ocasionados pela lesão ao
direito da personalidade:
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a
ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de
morto, terá legitimação para requerer a
medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em
linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Direitos da Personalidade – Código Civil
 A lei autoriza os casos de disposição gratuita
do corpo para fins de transplante, nos casos de
órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou
partes do corpo cuja retirada não impeça o
organismo do doador de continuar vivendo sem
risco para a sua integridade e não represente
grave comprometimento de suas aptidões vitais e
saúde mental e não cause mutilação ou
deformação inaceitável, e corresponda a uma
necessidade terapêutica comprovadamente
indispensável à pessoa receptora. (Lei n. 9.434/97, que
dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo
humano para fins de transplante e tratamento e dá outras
providências - regulamentada pelo Decreto 2.268/97)
Direitos da Personalidade – Código Civil
 A Constituição Federal, por sua vez, veda
expressamente a comercialização de órgãos do
corpo humano.
 Para depois da morte, é livre a disposição
gratuita do próprio corpo, parcial ou total, para
fins científicos ou altruísticos. Entretanto, esse
ato de disposição altruístico pode a qualquer
tempo ser livremente revogado.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é
defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou
contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste
artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em
lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo
científico, ou altruístico, a disposição
gratuita do próprio corpo, no todo ou
em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição
pode ser livremente revogado a
qualquer tempo.
Direitos da Personalidade – Código Civil
 Nos casos de risco de vida ninguém poderá ser
compelido a se submeter a tratamento médico ou
intervenção cirúrgica.
 Assim, nos casos mais graves devem os
médicos colher a autorização expressa de seus
pacientes, sob pena de responsabilidade civil
quando demonstrada a incúria do profissional.
 A cirurgia de urgência e emergência realizadas
em UTI’s e CTI’s para tentativa de salvar a vida
do paciente gravemente ferido constitui-se em
exercício regular de direito.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a
submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica.
NOME
 Para Caio Mário da Silva Pereira, o nome
civil é “elemento designativo do indivíduo e
fator de sua identificação na sociedade, o
nome integra a personalidade, individualiza a
pessoa e indica a grosso modo a sua
procedência familiar.”
NOME
 De acordo com o professor Sílvio de Salvo Venosa:
 O nome é, portanto, uma forma de
individualização do ser humano na sociedade,
mesmo após a morte.
 Sua utilidade é tão notória que há exigência para
que sejam atribuídos nomes a firmas, navios,
aeronaves, ruas, praças, acidentes geográficos,
cidades etc.
 O nome, afinal, é o substantivo que distingue as
coisas que nos cercam, e o nome da pessoa a
distingue das demais, juntamente com os outros
atributos da personalidade, dentro da sociedade.
 É pelo nome que a pessoa fica conhecida no seio
da família e da comunidade em que vive. Trata-se
da manifestação mais expressiva da personalidade.
NOME
 No direito brasileiro, o nome compõe-se, de
forma genérica, de dois elementos: o prenome e o
sobrenome, nos termos do art. 16 do Código Civil:

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome,


nele compreendidos o prenome e o
sobrenome.
NOME
 Prenome
O Prenome é o nome próprio de cada pessoa e tem
como função a distinção de membros da própria
família, podendo ser simples (João, José) ou
composto (Carlos Eduardo, Pedro Henrique).
 Pode ser livremente escolhido pelos pais, devendo
prevalecer o bom senso na escolha para não expor o
filho ao burlesco. Isso porque a Lei 6.015/73,
denominada Lei dos Registros Públicos – LRP aduz
que os oficiais do registro civil não registrarão nomes
suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores.
 Quando os pais não se conformarem com a recusa
do oficial, este submeterá por escrito o caso,
independente da cobrança de quaisquer
emolumentos, à decisão do juiz competente.
NOME
 Sobrenome ou patronímico
 O Sobrenome, também conhecido como apelido
de família, cognome ou patronímico, é o sinal que
define e identifica a origem da pessoa, de forma a
indicar sua filiação ou estirpe. É característico da
família sendo, assim, transmissível por sucessão.
 Embora ele possa ser formado pelo sobrenome
do pai ou da mãe, recomenda-se o registro de
sobrenome duplo, a fim de reduzir os riscos de uma
possível homonímia, comum nos grandes centros .
Os apelidos de família são adquiridos ipso iure,
com o simples fato do nascimento, pois a sua
inscrição no Registro competente tem caráter
puramente declaratório.
NOME
 Sobrenome ou patronímico
 Cabe aos pais, no ato de registro do nascimento,
declarar o sobrenome do registrando, fazendo a
escolha de qual formará o nome da pessoa. “A
aquisição do sobrenome pode decorrer também de
ato jurídico, como adoção, casamento ou por ato de
interessado, mediante requerimento ao magistrado”.
 Caso não haja a indicação do sobrenome por parte
do declarante do registro de nascimento, que não o pai
ou a mãe, o oficial de registro lançará adiante do
prenome do registrando, o sobrenome dos pais, com a
ressalva que o sobrenome do pai somente será incluído
quando este for casado com a mãe do registrando, nos
termos do art. 55 da LRP, com a devida releitura
constitucional.
NOME
 Sobrenome ou patronímico
 Existe, ademais, a possibilidade de aquisição de
patronímico familiar mediante um ato jurídico de
efeitos reflexos no nome, como nos casos de
adoção e casamento, em que a inscrição do apelido
de família tem eficácia constitutiva.
NOME
 Agnome
 O Agnome tem a função de diferenciar pessoas
da mesma família que possuem o mesmo prenome
e sobrenome.
 São nomes do tipo Filho, Neto, Sobrinho, ou
ainda Segundo, Terceiro.
 Ele não se transmite e deve ser inscrito ou no
momento do registro de nascimento, haja vista
fazer parte do nome civil, ou por meio de
autorização judicial, posteriormente, se for o caso.
NOME
 Nome vocatório ou Alcunha
 O nome vocatório caracteriza-se por ser aquele
pelo qual o indivíduo é comumente conhecido.
 Pode ser escolhido pela própria pessoa ou por
terceiros, sendo certo que o sujeito poderá
insurgir-se contra esse nome quando utilizado de
forma indevida ou ofensiva.
 Como exemplo podemos citar o mestre
"Venosa", assim conhecido, tendo como nome
Sílvio de Salvo Venosa, ou ainda "Bilac",
verdadeiramente Olavo Bilac.
NOME
 Da imutabilidade do nome
 No direito brasileiro, a regra predominante é a
da imutabilidade do nome civil.
 Entretanto, ela permite mudança em
determinados casos:
 vontade do titular no primeiro ano seguinte
ao da maioridade civil;
 decisão judicial que reconheça motivo
justificável para a alteração;
 substituição do prenome por apelido notório;
 substituição do prenome de testemunha de
crime;
 adição ao nome do sobrenome do cônjuge e
adoção.
NOME
 Ainda que não haja intenção difamatória o nome
da pessoa não pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao
desprezo público.
 Ressalvado o direito à informação e à liberdade
de imprensa, no interesse da coletividade,
repudiada a exploração e exposição levadas a efeito
por programas televisivos de gosto duvidoso que
transformam a notícia em espetáculo para se
elevarem os índices de audiência.
NOME
 O nome alheio só poderá ser utilizado em
propaganda comercial mediante autorização de seu
titular.
 É inegável o prestígio e sedução que algumas
personalidades e celebridades exercem sobre a
sociedade, cativando diversos consumidores.
 Gozam esses famosos do direito à exploração
econômica pelo uso de seu nome em propagandas,
produtos e serviços colocados na cadeia produtiva e
no mercado de consumo.
 Importa em enriquecimento ilícito a não
retribuição por esse uso, o uso indiscriminado ou o
uso desautorizado pela pessoa natural.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao
desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar
o nome alheio em propaganda comercial.
NOME
 Gozará da mesma proteção a que se confere
ao nome o pseudônimo adotado para as
atividades lícitas.
 “Pelé”, “Xuxa” e “Lula” talvez sejam os
maiores exemplos consagrados de pseudônimos
no País, dada a trajetória e biografia desses
personagens da história política e cultural
brasileira.
Art. 19. O pseudônimo adotado para
atividades lícitas goza da proteção que se
dá ao nome.
NOME
 Quando atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais, a divulgação de escritos, a transmissão
da palavra, ou a publicação, a exposição ou a
utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, salvo se autorizadas, ou se
necessárias à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública.
 Gozam de legitimidade para requerer essa
proteção, no caso do morto, o cônjuge, os
ascendentes ou os seus descendentes.
NOME
 Os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
são públicos, podendo a lei limitar a presença
apenas em determinados atos às próprias partes
e a seus advogados em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse
público à informação.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem
pública, a divulgação de escritos, a transmissão da
palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a
seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de
ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é
inviolável, e o juiz, a requerimento do
interessado, adotará as providências
necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma.

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