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AUDITORIA NAS AÇÕES E POR QUE FOI

SERVIÇOS DE SANEAMENTO REALIZADA ESTA


BÁSICO DE SINOP AUDITORIA?
Objetivo: Avaliar a implementação das metas imediatas Considerando todos os recursos
e de curto prazo estabelecidas no Plano Municipal de investidos pelo Poder Público para
Saneamento Básico. elaboração do diagnóstico e dos Planos
Municipais de Saneamento Básico -
Processo: 236.233/2019 PMSB, avaliar o cumprimento das
Relatora: Conselheiro Substituto Luiz Carlos Pereira metas definidas é fundamental para
garantir a concretude do que foi
Modalidade: Relatório de Auditoria
planejado.
Objeto da fiscalização: Avaliar a implementação das
metas imediatas e de curto prazo estabelecidas no Plano Diante da impossibilidade de se atuar
Municipal de Saneamento Básico em 100% dos municípios em um
primeiro momento, foram definidos
Equipe de Auditoria: Luiz Eduardo da Silva Oliveira –
critérios para uma atuação estratégica
Auditor Público Externo
no tema, selecionando-se, para 2019,
Período de Fiscalização: junho a setembro de 2019 nove municípios da baixada cuiabana e
Jurisdicionado avaliado: Prefeitura Municipal de Sinop o município de Sinop.
Gestora: Rosana Martinelli – Prefeita Municipal

COMO O TRABALHO
QUAL A RELEVÂNCIA DESTE
FOI REALIZADO?
TEMA?
No escopo do trabalho foi avaliado o
Indispensável para a saúde humana, segundo a cumprimento das metas imediatas e de
Organização Mundial da Saúde – OMS, o saneamento curto prazo de caráter estruturante em
básico é o controle de todos os fatores do meio físico do relação aos eixos Abastecimento de
homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos Água, Esgotamento Sanitário,
sobre o bem-estar físico, mental e social. Drenagem Urbana e Resíduos Sólidos.
A importância do saneamento básico está ligada à Para subsidiar a equipe de fiscalização,
implantação de sistemas e modelos públicos que o TCE/MT formalizou termo de
promovam o abastecimento de água, esgoto sanitário e cooperação com a Universidade
destinação correta de lixo, com o objetivo de prevenção e
Federal de Mato Grosso. Com o objetivo
controle de doenças, promoção de hábitos higiênicos e de desenvolver ações específicas de
saudáveis, melhorias da limpeza pública básica e, coleta e análise de amostras de água e
consequentemente, da qualidade de vida da população. esgoto, foi formalizado Termo de
Em Mato Grosso, a deficiência dos sistemas de Cooperação Técnica com a Fundação
saneamento básico constitui um dos maiores problemas Nacional de Saúde – Funasa.
ambientais a serem enfrentados. Por outro lado, as Durante a fase de execução, foram
prefeituras têm dificuldade em administrar o problema, realizadas inspeções e visita técnica.
seja por carência de recursos, falta de pessoal Após a análise, as ações foram
especializado ou por não priorização do tema pelos classificadas em não realizada, em
gestores municipais. execução, realizada parcialmente e
concluída.

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EM RESUMO
O QUE O TCE/MT ENCONTROU? QUAIS OS BENEFÍCIOS
ESPERADOS?
No portal de transparência da Prefeitura
Municipal, inexiste informação acerca dos planos Espera-se que o trabalho
municipais de saneamento, das metas imediatas e das possa contribuir para que o
ações tomadas para dar cumprimento a essas metas. Plano Municipal de
Saneamento Básico - PMSB
Destaca-se que o Plano Municipal de executado em sua plenitude e
Saneamento Básico de Sinop foi elaborado em 2013 e deixe de ser apenas um
encontra-se desatualizado. Com base na análise dessa documento formal.
peça de planejamento, constatou-se que 30% das ações
estruturantes pertinentes ao sistema de abastecimento Busca-se, de igual forma,
de água analisadas não foram concluídas. que os gestores estimulem o
exercício do controle social no
Em relação ao esgotamento sanitário, o que se processo de implantação e
pôde evidenciar é que 21 de 27 ações estruturantes execução do PMSB.
avaliadas não foram cumpridas.
Por meio da
No que se refere ao manejo de resíduos sólidos, implementação de
destaca-se que Sinop ainda não possui Plano Municipal esgotamento sanitário no
de Manejo de Resíduos Sólidos e ainda utiliza a área do município, busca-se a redução
antigo lixão, que necessita de projeto para remediação. de doenças, a minimização do
Salienta-se que, tanto o eixo “resíduos sólidos” quanto o impacto ambiental e a
eixo “drenagem de águas pluviais urbanas” não foram valorização imobiliária e do
contemplados no PMSB. turismo.
Almeja-se que seja
Devido à ausência de Cadastro Técnico da rede
alcançada a destinação
de drenagem do município e de Plano de inspeção,
adequada e completa dos
manutenção e limpeza dos sistemas de drenagem e a
resíduos, como forma de
não priorização da gestão em corrigir tais falhas,
proteção do meio ambiente e
permanecem as deficiências do sistema de drenagem
da saúde pública.
urbana.
Por fim, espera-se um
aumento na eficiência do
sistema de drenagem de águas
pluviais do município e uma
diminuição na ocorrência de
alagamentos e do acúmulo de
lixo em guias, sarjetas e bocas
de lobo.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7
1.1 Antecedentes ......................................................................................................................... 7
1.2 Escopo e objetivo.................................................................................................................. 8
1.3 Materialidade ......................................................................................................................... 9
1.4 Relevância e riscos ............................................................................................................. 10
1.5 Metodologia ......................................................................................................................... 10

2. VISÃO GERAL ................................................................................................................................ 12

3. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO AO CONTROLE SOCIAL ....... ERRO!


INDICADOR NÃO DEFINIDO.

4. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA


...................................................................................................................................................................... 14

5. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO AO ESGOTAMENTO SANITÁRIO


...................................................................................................................................................................... 21

6. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO À INFRAESTRUTURA DA


LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS........................................... 27

7. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO À DRENAGEM DE ÁGUAS


PLUVIAIS URBANAS ........................................................................................................................ 36

8. CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 40

9. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO .............................................................................. 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Necessidades de recursos financeiros para investimentos e custeio em 109


municípios de Mato Grosso ................................................................................................... 9
Tabela 2 – Execução das ações estruturantes relativas ao Sistema de Abastecimento de
Água .................................................................................................................................... 16
Tabela 3 – Execução das ações estruturantes relativas ao Sistema de Esgotamento
Sanitário .............................................................................................................................. 24
Tabela 4 – Execução das ações estruturantes de caráter IMEDIATO relativas ao Manejo de
Resíduos Sólidos ................................................................................................................. 32
Tabela 5 – Execução das ações estruturantes de caráter IMEDIATO relativas à Drenagem
de Águas Pluviais Urbanas .................................................................................................. 38

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LISTA DE FOTOS

Figura 1 – Reservatório RAP .............................................................................................. 14


Figura 2 – Conjunto motobomba para pressurização .......................................................... 14
Figura 3 – Estação de Tratamento de Água em 2016 ......................................................... 15
Figura 4 – Sistema de captação de água ............................................................................ 15
Figura 5 – Vista dos reservatórios ....................................................................................... 19
Figura 6 – Poço subterrâneo ............................................................................................... 19
Figura 7 – Vista geral ETE .................................................................................................. 23
Figura 8 – Reator UASB ..................................................................................................... 23
Figura 9 – Limpa fossa........................................................................................................ 23
Figura 10 – Vista geral do UASB......................................................................................... 23
Figura 11 – Mapa com indicação dos locais visitados área de transbordo, lixão antigo e o de
construção civil e ainda a área do novo aterro, 2019 ........................................................... 28
Figura 12 – Material ferroso coletado por catadores ........................................................... 29
Figura 13 – Área queimada do antigo lixão ......................................................................... 29
Figura 14 – Fluxo de veículo pesado .................................................................................. 29
Figura 15 – Presença de catadores .................................................................................... 29
Figura 16 – Caçamba receptora de resíduos ...................................................................... 30
Figura 17 – Carreta bi-caçamba basculante ........................................................................ 30
Figura 18 – Novo aterro sanitário ........................................................................................ 31
Figura 19 – Sistema de microbacias e elevações de sinop ................................................. 37

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LISTA DE SIGLAS

Ager – Agência Reguladora de Sinop

CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

EPI – Equipamentos de Proteção Individual

ETA – Estação de Tratamento de Água

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

Funasa – Fundação Nacional de Saúde

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LAI – Lei de Acesso à Informação

MPC – Ministério Público de Contas

MPE/MT – Ministério Público do Estado de Mato Grosso

OMS – Organização Mundial da Saúde

PAF – Plano Anual de Fiscalização

Plansab – Plano Nacional de Saneamento Básico

PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

RITCE – Regimento Interno do Tribunal de Contas de Mato Grosso

SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

TCE/MT – Tribunal de Contas de Mato Grosso

Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

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1. INTRODUÇÃO

1. Trata-se de auditoria para avaliar o cumprimento das metas imediatas e de


curto prazo e a evolução do Município de Sinop acerca das ações estruturantes
contempladas no Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB1 nos eixos Abastecimento
de Água e Esgotamento Sanitário.

2. O PMSB de Sinop – elaborado em 2013 – estabeleceu metas para os eixos


Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário, devido exigência da Lei nº 11.445, de 5 de
janeiro de 2007 que, estabelece como condição necessária para a concessão serviços à
iniciativa privada, a existência dessas peças de planejamento.

3. Elaborado de forma setorial, o Plano Municipal de Saneamento Básico de


Sinop atende ao disposto no artigo 19 da Lei Federal nº 11.445/2007, que especifica o
conteúdo mínimo para planos dos serviços de saneamento, exceto pela ausência de ampla
divulgação das propostas de plano de saneamento básico e dos estudos que as
fundamentaram, inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas.

4. É responsabilidade do município implementar o PMSB e buscar o atingimento


das metas por ele estabelecidas. Para isso, pode exercer a gestão dos serviços de
saneamento básico pela administração direta ou delegar a prestação desses serviços (art. 8º
da Lei 11.445/2007).

5. A presente análise também incluiu visitação aos serviços de saneamento


básico (Água, Esgoto, Resíduos e Drenagem) do municípios pelas equipes do Tribunal de
Contas e da UFMT.

1.1 Antecedentes

6. As atribuições da Secex de Saúde e Meio Ambiente do Tribunal de Contas de


Mato Grosso incluem a fiscalização da gestão de saneamento básico.

7. Nesse contexto, essa auditoria foi incluída no Plano Anual de Fiscalização –


PAF após definição constante de levantamento realizado nos 141 municípios, tendo por base,
os Planos Municipais de Saneamento Básico2.

8. Diante da impossibilidade de se atuar em 100% dos municípios em um primeiro


momento, foram definidos critérios para uma atuação estratégica em 15 municípios. Para

1 Anexo 1.
2 Processo de levantamento sob protocolo nº 285.684/2018.
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2019, foram selecionados nove municípios da baixada cuiabana e o município de Sinop,
conforme demonstra-se:
População estimada
Item Municípios a serem avaliados
[2018]
1 Acorizal (amostra 2019) 5.424
2 Barão de Melgaço (amostra 2019) 7.591

3 Chapada dos Guimarães (amostra 2019) 19.588


4 Cuiabá (amostra 2019) 607.153
5 Nobres (amostra 2019) 15.338
6 Nossa Senhora do Livramento (amostra 2019) 13.231 Em termos
7 Poconé (amostra 2019) 32.768 populacionais, a
8 Rosário Oeste (amostra 2019) 32.768 representatividade
9 Sinop (amostra 2019) 139.935 da amostra é de
10 Várzea Grande (amostra 2019) 282.009 37%.
11 Cáceres (amostra 2020) 93.882
* A estimativa do IBGE em
12 Jangada (amostra 2020) 8.366
2018 para a população de
13 Nova Brasilândia (amostra 2020) 3.928 MT é de 3.441.998 pessoas.
14 Santo Antônio do Leverger (amostra 2020) 16.433

15 Planalto da Serra (amostra 2020) 2.676

Total 1.281.090
Fonte: Equipe técnica com dados do IBGE.

1.2 Escopo e objetivo

9. Por meio do levantamento nos 141 municípios3, foi demonstrada a necessidade


de aprofundar a fiscalização a fim de garantir a efetividade das metas imediatas e de curto
prazo contempladas nos PMSB.

10. No escopo do trabalho foram contempladas as metas imediatas e de curto


prazo de caráter estruturante em relação aos eixos Abastecimento de Água, Esgotamento
Sanitário, Drenagem Urbana e Resíduos Sólidos, considerando principalmente a política
tarifária, o controle social e a regulação, por meio da seguinte questão de auditoria:

- Em 2019, houve o cumprimento das metas imediatas e de curto prazo das ações estruturais
contempladas no Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB?

11. Para dar cumprimento às fiscalizações previstas no levantamento, o TCE/MT


formalizou termo de cooperação com a Universidade Federal de Mato Grosso com os
seguintes objetivos:

3 Processo de levantamento sob protocolo nº 285.684/2018.


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a) Elaborar checklist para verificação do cumprimento pelos municípios das
ações propostas pelos Planos Municipais de Saneamento no que se refere
os sistemas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de coleta,
transporte, tratamento, trasbordo e disposição final de resíduos sólidos e da
drenagem urbana dos municípios envolvidos;
b) Subsidiar a equipe de fiscalização do TCE na análise das informações
levantadas junto aos municípios. [...]

12. Além do apoio técnico da UFMT, foi formalizado Termo de Cooperação


Técnica com a Fundação Nacional de Saúde – Funasa com o objetivo de desenvolver
ações específicas de coleta e análise de amostras de água e esgoto, de forma a implementar
as diretrizes de vigilância da qualidade da água para consumo humano e avaliar a qualidade
dos efluentes lançados em corpos de água receptores.

13. Assim, a auditoria apresentará os resultados de uma avaliação conjunta entre


a equipe técnica do TCE/MT e professores especialistas da Universidade Federal de Mato
Grosso. Para a coleta e análise laboratorial de amostras de água e esgoto nos municípios da
amostra, existirá o auxílio da Funasa.

1.3 Materialidade

14. Estudo da UFMT4 em 109 municípios de Mato Grosso aponta que o total de
recursos financeiros estimados para universalização dos serviços de saneamento básico, no
prazo de 20 anos, considerando investimentos e manutenção das ações (custeio) alcança R$
8,52 bilhões.

Tabela 1 – Necessidades de recursos financeiros para investimentos e custeio em 109


municípios de Mato Grosso

Sistema de Sistema de
Limpeza drenagem
Sistema de Sistema de
Gestão Urbana e urbana e
Períodos Abastecimento Esgotamento Total
Organizacional Manejo de manejo de
de Água Sanitário
Resíduos águas
Sólidos pluviais

Períodos Valores em Reais


2017-2019 208.194.702 164.191.762 79.792.048 237.460.313 243.212.647 932.851.473

2020-2024 160.814.385 302.429.344 367.919.213 572.428.264 797.909.157 2.201.500.363

2025-2028 92.747.804 175.145.950 455.788.635 522.347.744 1.145.472.787 2.391.502.920

2029-2036 182.290.702 296.282.520 886.403.314 649.678.108 984.201.337 2.998.855.981

Somas 644.047.594 938.049.576 1.789.903.211 1.981.914.428 3.170.795.930 8.524.710.738


Fonte: Planos de Saneamento Básico de 109 municípios mato-grossenses. Compilação de dados da UFMT.

4 Proposta de acompanhamento dos planos de saneamento básico nos municípios do Estado de Mato Grosso.
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15. No que se refere ao Município de Sinop, o custo total das medidas estruturantes
ao Sistema de Abastecimento de Água e ao Sistema de Esgotamento Sanitário foi estimado
em R$ 287.886.853,64 ao longo do horizonte do PMSB elaborado em 2013. Deste total, R$
67.449.890,82 se referem ao Sistema de Abastecimento de Água e R$ 220.436.962,79 ao
Sistema de Esgotamento Sanitário.

16. Reitera-se que a peça de planejamento não aborda os eixos “Limpeza Urbana
e Manejo de Resíduos Sólidos” e “Drenagem de Águas Pluviais Urbanas”.

1.4 Relevância e riscos

17. Conforme exposto no levantamento5, na quase totalidade dos municípios não


há universalização da distribuição de água potável e a maioria da população não é servida
por sistemas de coleta e tratamento de esgoto.

18. Ainda, 94,7% dos municípios têm como disposição final de Resíduos Sólidos
Urbanos – RSU, os lixões ou lixão e queima. Deste total, 74% não possui sequer projeto para
construção de Aterro Sanitário.

19. De modo semelhante, 94% dos municípios avaliados não têm Conselho
Municipal de Saneamento Básico ou outro órgão colegiado de caráter consultivo que permita
a participação da população nas decisões sobre saneamento básico.

20. Com relação ao Município de Sinop, o sistema de abastecimento capta água


do manancial subterrâneo Sistema Aquífero Parecis por meio de 30 poços tubulares
profundos, atendendo à população urbana em 16 sistemas independentes.

1.5 Metodologia

21. Durante a fase de planejamento, com o apoio técnico da UFMT, foram


elaborados instrumentos de coleta de dados consoantes ao Plano Municipal de Saneamento
Básico de cada município, constituído por:

a) resumo com as informações do Plano Municipal de Saneamento Básico relativas


ao ano de elaboração, abordando a estrutura operacional; os aspectos econômicos
e financeiros; a Regulação e a Participação social;

b) questionários semi-estruturados para obtenção de informações da estrutura


operacional e econômico-financeira;

5 Processo de levantamento sob protocolo nº 285.684/2018.


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c) checklists e questionários (indagação escrita) de preenchimento pelos órgãos
responsáveis e posterior encaminhamento ao TCE/MT.

22. Durante a fase de execução, a equipes do Tribunal de Contas e da UFMT


acompanhada de representantes da Prefeitura Municipal realizaram visitas técnicas para
avaliar a estrutura em relação aos quatro eixos do saneamento básico: Abastecimento de
Água, Esgotamento Sanitário, Limpeza urbana e Manejo de Resíduos Sólidos e Infraestrutura
de Manejo de Águas Pluviais.

23. As visitas técnicas para verificação e registro fotográfico da infraestrutura dos


serviços e das obras em andamento foram precedidas por reuniões com gestores e técnicos
dos setores envolvidos e acompanhada por representantes da gestão municipal e/ou
concessionária.

24. Ainda, foram identificados no PMSB indicadores de desempenho que


expressam o nível atingido por determinado serviço e proporcionam uma avaliação direta da
sua eficácia e/ou eficiência.

25. Após a análise, as metas estruturantes de caráter imediato e de curto prazo em


relação aos quatro eixos previstos no Plano Municipal de Saneamento Básico foram
classificadas em: não realizada, em execução, realizada parcialmente e concluída.

26. A avaliação foi realizada com auxílio dos especialistas da UFMT com base em
observação direta, checklist de verificação e análise documental a partir das informações
apresentados pelo jurisdicionado e anexados no relatório técnico6.

6 Anexo 2.
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2. VISÃO GERAL

28. Entende-se por gestão municipal de saneamento básico, o conjunto de


procedimentos inerentes à gestão dos serviços de abastecimento de água, de esgotamento
sanitário, de manejo de águas pluviais e de manejo de resíduos sólidos, conforme estabelece
a Lei Federal do Saneamento Básico (Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007).

29. Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, o principal objetivo do


saneamento é a promoção da saúde do homem, visto que muitas doenças podem se proliferar
devido ao seu mau funcionamento. A OMS expõe que a má qualidade da água, o destino
inadequado do lixo, a má deposição de dejetos e ambientes poluídos são fatores cruciais para
proliferação de doenças.

30. Nesse contexto, dispor de saneamento é uma das principais conquistas para a
saúde e qualidade de vida de uma população, uma vez que a melhoria nos índices de
desenvolvimento humano passa pela implementação do ciclo de saneamento. Em outras
palavras, há relação direta das ações governamentais de saneamento básico e de saúde:
para otimizar as ações de saúde, há a urgência de se iniciar melhorias na infraestrutura de
saneamento.

31. Por outro lado, dados da Síntese de Indicadores Sociais – SIS, divulgados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE7, apontam que 71,6% da população do
país não possui acesso adequado aos serviços de água, lixo e esgoto.

32. Conforme informações do Instituto Trata Brasil8, o país ainda apresenta quase
35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada e quase 100 milhões de brasileiros não
têm coleta de esgotos (47,6% da população). Em Mato Grosso somente 37,6% da
população tem acesso ao serviço de esgotamento sanitário.

33. Relatório do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento


Sustentável - CEBDS denominado “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento
Brasileiro”, aponta que a renda per capita do Brasil aumentaria em 6% se todos os brasileiros
tivessem os serviços básicos. Aponta-se ainda que a universalização dos serviços básicos
valoriza em média 18% o valor dos imóveis.

7 Disponível em:<https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2018/12/07/mais-de-70-da-populacao-de-mt-nao-
possui-acesso-ao-saneamento-basico-adequado-diz-ibge.ghtml>. Acesso em: 28 ago. 2019.
8 Disponível em:<https://cebds.org/aquasfera/investimentos-em-saneamento-basico-e-agua-no-brasil-em-
queda/>. Acesso em 2 set. 2019.
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34. Contudo, apesar de importância do saneamento básico na saúde pública, há
dois fatores decisivos no Brasil para que o saneamento caminhe: 1º) planejamento, que pode
ser feito por instrumentos como o Plano Municipal de Saneamento Básico, uma vez que esse
documento aborda as necessidades sanitárias do município e os meios para alcançá-las; e
2º) investimentos nas políticas de saneamento básico.

35. No panorama nacional, contudo, em 2017, os investimentos no setor 7,8% na


comparação com o ano anterior9: foram desembolsados R$ 10,9 bilhões em saneamento,
menor valor investido nesta década e patamar 50,5% inferior à média de R$ 21,6 bilhões
necessários para o Brasil universalizar os serviços até 2033, conforme a meta prevista pelo
Plano Nacional de Saneamento Básico – Plansab.

36. Segundo o Instituto Trata Brasil, mais de 50% dos investimentos estiveram
concentrados em apenas 100 cidades (40% da população).

37. No cenário estadual, conforme exposto pela UFMT10, há um forte descompasso


na gestão pública do saneamento, com municípios apresentando deficiência ou mesmo
ausência de políticas tarifária e fiscalização e número significativo de municípios com
elevados índices de inadimplência e déficits financeiros: em 2015, por exemplo, 42,7% dos
municípios com gestão pública apresentaram déficits nas contas dos Serviços de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário.

38. Nesse sentido, esclarece-se que a municipalização dos serviços de


saneamento no Estado de Mato Grosso, processo iniciado em novembro de 1997 (Decreto
estadual 1.802/1997) teve por objetivo principal a melhoria da qualidade dos serviços de
saneamento básico. Todavia, duas décadas se passaram sem que os resultados esperados
se concretizassem na promoção das melhorias.

9 Conforme levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria – CNI com base em dados do Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS. Disponível
em:<https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/infraestrutura/investimentos-em-saneamento-caem-e-
universalizacao-dos-servicos-de-agua-e-esgoto-ficara-para-a-decada-de-2060/>. Acesso em: 2 set. 2019.
10 Proposta de acompanhamento dos planos de saneamento básico nos municípios do Estado de Mato Grosso.

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3. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Devido à omissão da Agência Reguladora em cobrar junto à concessionária o cumprimento


das cláusulas acordadas por meio do contrato de concessão, evidenciou-se o não
cumprimento de 10 das 33 ações estruturantes previstas no Plano Municipal de Saneamento
Básico.

39. O Sistema de Abastecimento de Água no município de Sinop tem como


característica básica a utilização de água subterrânea. Esta estratégia torna-se viável
economicamente devido à distância da área urbana dos grandes rios.

40. À medida em que foram surgindo novas demandas por água tratada, o Sistema
de Abastecimento foi se pulverizando em sistemas independentes de abastecimento de água
tratada da zona urbana. A base destes sistemas independentes são os poços de captação e
rede de distribuição. Na maioria das situações, já estão disponíveis unidades de reservação.

41. A captação para o abastecimento é feita através de poços tubulares profundos


extraídos do Aquífero Parecis, havendo a divisão em área de abrangência desses poços.
Atualmente são nove áreas consideradas como sistemas sem haver definição de anéis
primários, estes sistemas possuem 20 poços, sendo que dois não têm macromedidor.

42. A micromedição existe apenas em 53,20% das ligações, mas com hidrômetros
com mais de 10 anos, de acordo com dados disponíveis no PMSB elaborado em 2013 pelo
município.
Figura 1 - Reservatório Figura 2 - Conjunto motobomba para pressurização
RAP

Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019.

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43. Os poços constituem uma infraestrutura mais simplificada em relação a
mananciais superficiais que requerem a implantação de Estações de Tratamento de Água.
Porém, necessitam de um serviço permanente de operação e manutenção, baseado em
programas sistemáticos de caráter preventivo e corretivo, de forma a assegurar eficiência dos
sistemas de abastecimento da água e o atendimento ao padrão sanitário exigido.

44. Vale informar que, desde novembro de 2014, a empresa Águas de Sinop é a
concessionária dos serviços de água e esgoto no município.

45. Na visita à sede da empresa, verificou-se a existência de uma Central de


Controle de Operações com automação e integração dos sistemas de fornecimento de água
em tempo real. Essa central monitora o abastecimento de água dos sistemas, pelo controle
de válvulas na saída dos reservatórios, por meio de inversores de frequência nas elevatórias
e/ou válvulas redutoras de pressão, distribuindo apenas a vazão necessária para a demanda
do horário, reduzindo pressão.

46. O sistema permite consultar o tempo de funcionamento e o volume produzido


pelas principais unidades, esse recurso permite acompanhar/controlar o volume distribuído
diariamente, possibilitando intervenções no sistema e mudanças de estratégia de produção
de modo a proporcionar eficiência energética e evitar perdas de água. É evidenciada a
eficiência operacional do sistema.
Figura 3 - Estação de Tratamento de Água em 2016 Figura 4 - Sistema de captação de água

Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019.

47. Tendo em vista que o abastecimento de água é realizado por meio de


manancial subterrâneo, o tratamento requerido é do tipo simplificado, necessitando de
desinfecção, fluoretação e correção de pH. Conforme a avaliação dos especialistas da UFMT
que prestaram apoio técnico ao trabalho, a concessionária tem investido na setorização da
rede melhorando a distribuição da água.

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48. Apresenta-se a síntese os resultados da análise em relação à execução das
ações estruturantes do PMSB referentes ao Sistema de Abastecimento de Água de Sinop que
não foram atendidas:
Tabela 2 – Execução das ações estruturantes relativas ao Sistema de Abastecimento
de Água
Caráter
Andamento da Ação Imediato/Curto
Especificação Prazo (2017 – 2019)
Não Em Realizada Documento
Concluída
realizada execução parcialmente comprobatório
Gestor declarou como
Elaboração de Projetos em execução, mas
Básicos e Executivos; X não foi encaminhado
documento
comprobatório;
Gestor declarou como
em execução, mas
Ampliação Sistema
Produtor – poços; X não foi encaminhado
documento
comprobatório;
Gestor declarou como
Estações elevatórias de em execução, mas
água bruta e tratada X não foi encaminhado
(adequação); documento
comprobatório;
Gestor declarou como
em execução, mas
Realizar análises nos
mananciais; X não foi encaminhado
documento
comprobatório;
Relatório de
indicadores referente
Realizar análises na
saída do tratamento; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Concessionaria não
enviou
Comprovação -
Nota da UFMT:
Controle do atendimento Relatório de
a legislação vigente; X indicadores
referente ao ano de
2018
Observação nas
visitas;
Certificação ISO
9001:2015 - Laboratório X Não informado;
da Concessionária;
Adequar gestão à NBR
Não informado;
ISO/IEQ 17025:2005;
Relatório de
indicadores
Implantação de rede de referente ao ano de
distribuição; X
2018 – Anexo 5 do
relatório dos
especialistas;
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Relatório de
indicadores
Substituição de rede de referente ao ano de
distribuição; X 2018 – Anexo 5 do
relatório dos
especialistas;
Relatório de
indicadores referente
Instalação e substituição
de hidrômetros; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
indicadores referente
Elaboração de projetos
básicos e executivos; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
indicadores referente
Implantação e ampliação
da reservação; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;

Formação de agentes O gestor não enviou


multiplicadores; X comprovação;

Fomentar a criação de
bibliotecas; X -

Relatório de
Estimular a criação de indicadores referente
associação de usuários X ao ano de 2018 –
de saneamento; Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
Utilização de meios de indicadores referente
comunicação social; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
Substituição e indicadores referente
manutenção de X ao ano de 2018 –
hidrômetros; Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
Combate a fraudes e ao indicadores referente
uso não autorizado; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
Pesquisas de campo e indicadores referente
cadastrais; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
Treinamento de indicadores referente
leituristas; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;

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Relatório de
Controle de pressão na indicadores referente
rede de distribuição; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Relatório de
Instalação de válvulas indicadores referente
redutoras de pressão; X ao ano de 2018 –
Anexo 5 do relatório
dos especialistas;
Informado pela
Setorização da rede de concessionaria –
distribuição; X Anexo 20 do relatório
dos especialistas;
Criação de Distritos de
Medição e Controle – X Não informado;
DMC;
Aumentar a velocidade Relatório de
no reparo de X indicadores referente
vazamentos; ao ano de 2018;

Controle ativo dos Relatório de


vazamentos; X indicadores Referente
ao ano de 2018;
Detecção e reparo de Relatório de
vazamentos não X indicadores referente
comunicados; ao ano de 2018;
Elaboração de projeto
básico e executivo; X -

Realização e divulgação Relatório de


da pesquisa anual; X indicadores referente
ao ano de 2018;
Relatório de
Análise dos resultados. X indicadores referente
ao ano de 2018.
Fonte: Relatório técnico dos especialistas – Anexo 2.

49. Cumpre destacar que, de acordo com o PMSB de 2013, o Município de Sinop
possui baixa capacidade de investimento para fazer frente às demandas apresentadas em
cada um dos componentes do Sistema Municipal de saneamento Básico.

50. Ainda conforme o plano, para garantir o financiamento das ações, seria
necessário combinar estratégias, ampliar a capacidade de arrecadação própria, por meio de
reavaliação e implantação de cobrança de taxas e tarifas dos usuários.

51. A gestão dos serviços de distribuição de água e de coleta e tratamento de


esgoto está sob a responsabilidade da empresa Águas de Sinop, conforme contrato de
concessão nº 96/2014. A política tarifária para cobrança da prestação dos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário foi estabelecida no Edital de Concorrência
02/2008. Não foi disponibilizado o Anexo ao Edital de concessão relativo à estrutura tarifária.

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52. Atualmente, a tarifa residencial social cobrada pelo consumo de até 10 m³ é de
R$ 1,55 por m³ e para esgoto, R$ 1,24; a tarifa residencial normal para consumo de até 10 m³
é de R$ 3,10 e a tarifa de esgoto, R$ 2,48 (as tarifas cobradas pela coleta e tratamento de
esgoto correspondem a 80% do valor da tarifa de água).

53. No período 2016-2018, o total de receitas faturadas pela concessionária dos


serviços de água e esgoto – Águas de Sinop – apresentaram crescimento de 46,8%. As
receitas totais (direta + indireta) passaram de R$ 26.014.118,52 no ano de 2016 para o
montante de R$ 38.176.989,00 em 2018.

54. No mesmo período as despesas de exploração (DEx) relativas a despesas com


pessoal próprio, produtos químicos, energia elétrica, serviços de terceiros, despesas fiscais
ou tributárias computadas nas DEx e outras despesas de exploração, apresentaram
crescimento na ordem de 38,8%. Os percentuais de inadimplência registradas no período
foram de: 4,5%, 7,9% e 2,8% nos anos de 2016, 2017 e 2018, respectivamente.

55. Em termos de desempenho financeiro operacional, conforme dados do SNIS,


o sistema se apresentou superavitário nos exercícios de 2016 e 2017: as receitas diretas (pela
cobrança da água e esgoto) em 2016 foram de R$ 24.837.210,18, superando os custos de
operação que ficaram em R$ 22.369.484,12 e, em 2017, as receitas totalizaram R$
34.898.210,30 e os custos totais (DTS), o montante de R$ 29.762,388,59.

Figura 5 - Vista dos reservatórios Figura 6 - Poço subterrâneo

Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019.

56. Ressalta-se ainda que, durante a inspeção, realizada em 21.8.2019, o gerente


da Águas de Sinop relatou que as perdas no sistema estão próximas a 37% devido ao alto
número de ligações clandestinas.

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57. Com relação ao sistema regulatório, sabe-se que, para garantir o cumprimento
e a eficiência da prestação dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto,
deve haver uma avaliação por um ente regulatório.

58. A atividade de regulação poder ser considerada como uma função


administrativa desempenhada pelo poder público para normatizar, controlar e fiscalizar as
atividades econômicas ou a prestação de serviços públicos e privados.

59. Os artigos 22 e 23 da Lei nº 11.445/2007 tratam dos objetivos11 da regulação e


elencam uma série de competências normativas do ente regulador, adentrando em matérias
de ordem técnica, econômica e social.

60. Sinop conta com uma Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do
Município, a Ager Sinop. Criada em 16 de setembro de 2014 pela Lei Municipal nº 2.036/2014,
tem por atribuição exercer as atividades de regulação dos serviços públicos de abastecimento
de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e transporte
coletivo urbano, delegados pelo município.

61. Atualmente, a agência de regulação ampliou a sua atuação e passou a


constituir uma agência reguladora intermunicipal, regulando os serviços públicos
concessionados em outros cinco municípios da região: Vera, União do Sul, Matupá, Guarantã
do Norte e Carlinda.

62. Conforme o Contrato de Concessão nº 96/2014, incumbe à Entidade


Reguladora Cumprir e fazer cumprir as disposições legais, regulamentares e contratuais
pertinentes à CONCESSÃO, zelando pela boa qualidade dos SERVIÇOS PÚBLICOS DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO; [...]

63. Diante da inércia da Entidade Reguladora – que tem a obrigação de cobrar


junto à concessionária o cumprimento das cláusulas acordadas por meio do contrato de
concessão – evidenciou-se que 30% das ações estruturantes atinente ao Sistema de
Abastecimento de Água não foram cumpridas.

11 Art. 22. São objetivos da regulação:


I - estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários;
II - garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;
III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do sistema
nacional de defesa da concorrência;
IV - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como a modicidade
tarifária, mediante mecanismos que induzam a eficiência e eficácia dos serviços e que permitam a apropriação
social dos ganhos de produtividade.
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64. De acordo com o relatório produzido pelos especialistas que prestaram apoio
técnico ao presente trabalho, Salienta-se a necessidade de o município realizar a revisão dos
seus planos de água e esgoto e com isso sanar e minimizar os conflitos observados e ao
mesmo tempo permitir a atualização do plano para os novos e crescentes desafios de
crescimento da cidade.

65. Tendo em vista o Anexo 1 da Orientação Normativa nº 2/2018, que aprovou as


diretrizes para classificação e distribuição de processos de controle externo após a
reestruturação do TCE/MT, a competência para fiscalização e responsabilização para o
tema concessões foi atribuída à Secex de Contratações Públicas.

66. Com fulcro no art. 29, incisos VI e VIII da Lei 8.987/1995, na Lei nº 11.445/2007
e no Contrato de Concessão nº 96/14, Cláusula nº 23, sugere-se que seja determinado à
Agência Reguladora de Sinop que:
a) Exija da Empresa Concessionária o cumprimento das ações estruturantes
relativas ao Sistema de Abastecimento de Água previstas no Plano Municipal de
Saneamento Básico.

67. Como benefícios decorrentes da implementação das ações estruturantes


previtas no PMSB, espera-se aumento na capacidade operacional e da qualidade da água
fornecida aos habitantes do município.

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4. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO AO ESGOTAMENTO
SANITÁRIO

Devido à omissão dos gestores em cobrar junto à concessionária o cumprimento das


cláusulas acordadas por meio do contrato de concessão, evidenciou-se o não cumprimento
de 21 das 27 ações estruturantes previstas no Plano Municipal de Saneamento Básico.

68. De acordo com a Lei nº 11.445/2007, o esgotamento sanitário é constituído


pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento
e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu
lançamento final no meio ambiente.

69. A importância da implmentação de um eficiente sistema de esgotamento


sanitário se deve, principalmente, à sua relação com o controle e prevenção da poluição do
solo e dos corpos hídricos, bem como da veiculação de doenças infecciosas associadas aos
dejetos humanos. Há também importância econômica, visto que por meio dessa prevenção
há uma redução da mortalidade e das despesas com saúde pública e tratamento de água de
abastecimento.

70. Conforme o relatório dos especialistas da UFMT que prestaram apoio técnico
ao presente trabalho, Na época de elaboração do PMSB de Sinop somente o bairro
Residencial Daury Riva, um conjunto habitacional com cerca de 1.000 residências, possuía
rede de coleta e estação de tratamento de esgoto.

71. Segundo os especialistas, o primeiro projeto aprovado e contratado, com obras


em andamento, visava atender 41.238 habitantes, com a previsão de construção de novas
redes coletoras, estações elevatórias e uma estação de tratamento, o que viabilizaria o
atendimento para cerca de 40% dos domicílios existentes.

72. Conforme já foi informado, desde novembro de 2014, a empresa Águas de


Sinop é a concessionária dos serviços de água e esgoto no município.

73. De acordo com o PMSB, em alguns pontos do município foram observadas


ligações clandestinas de esgoto na rede de águas pluviais, que em sua maioria deságuam em
rios/córregos urbanos que são utilizados como fonte de captação de água bruta para
abastecimento público.

74. Durante a visita, a equipe foi informada de que a concessionária construiu uma
estação de tratamento de esgoto, ETE Curupy, com capacidade de tratamento de 60 l/s e
implantou redes coletoras em torno de 40% do município, porém esse percentual tem sido
questionado pela agência reguladora.
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75. Conforme a concessionária, a ETE Curupy, inaugurada em 2016, com recebe
apenas uma vazão de 15 l/s e atende a uma população de 22% da população. No entanto,
com a ampliação da rede de coleta de esgoto, espera-se que a estação possa operar na sua
capacidade máxima.
Figura 7 - Vista geral ETE Figura 8 - Reator UASB

Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019.

76. De acordo com o relatório dos especialistas, a ETE tem recebido o efluente
proveniente dos limpa-fossas (figura 9) – que é despejado no início do sistema sem qualquer
tipo de tratamento preliminar diferenciado – que passa pelo processo de tratamento
juntamente com o esgoto sanitário e prejudica a eficiência do sistema.
Figura 9 - Limpa fossa Figura 10 - Vista geral do UASB

Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe projeto TCE/UFMT, 2019.

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77. Em razão desse panorama na Estação de Tratamento de Esgoto, os
especialistas da UFMT sugeriram providências pontuais, tais como:
➢ Construção de um tanque de equalização para recebimento do lodo
de limpa-fossa e posterior inserção na ETE;
➢ Melhoraria na operação do Sistema ETE;
➢ Apresentação dados de qualidade dos efluentes da ETE.

78. Conforme o Contrato de Concessão nº 96/2014, incumbe à Entidade


Reguladora Cumprir e fazer cumprir as disposições legais, regulamentares e contratuais
pertinentes à CONCESSÃO, zelando pela boa qualidade dos SERVIÇOS PÚBLICOS DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO; [...]

79. Ainda conforme o relatório elaborado pelos especialistas, verificam-se conflitos


entre a concessionária e a Ager no que se refere ao atingimento das metas estabelecidas no
contrato, uma vez que a concessionária considerou em seu relatório de indicadores redes
sem as devidas ligações e destinação final adequada.

80. Em síntese, com base nas informações/documentações solicitadas e inspeção


técnica realizada no município em 22.8.19, o panorama referente ao esgotamento sanitário
atualmente é o seguinte:
Tabela 3 – Execução das ações estruturantes relativas ao Sistema de Esgotamento
Sanitário

Caráter
Imediato/Curto
Andamento da Ação
Prazo (2017 –
Especificação
2019)
Não Em Realizada Documento
Concluída
realizada execução parcialmente comprobatório
Gestor declarou
como em execução,
Elaboração de projetos mas não foi
básicos e executivos; X encaminhado
documento
comprobatório;
Não enviou
documentação
Licenciamento ambiental; X Nota da UFMT
Informado pela
concessionária;
Gestor declarou
como em execução,
Implantação de rede mas não foi
coletora; X encaminhado
documento
comprobatório;

Substituição de rede Gestor declarou


coletora; X como em execução,
mas não foi
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Página 24 de 45 AUDITORIA – AÇÕES E SERVIÇOS DE SANEAMENTO
encaminhado
documento
comprobatório;
Gestor declarou
como em execução,
Execução de Estações mas não foi
Elevatórias; X encaminhado
documento
comprobatório;
Gestor declarou
como em execução,
Execução de linhas de mas não foi
recalque; X encaminhado
documento
comprobatório;
Gestor declarou
como em execução,
Reforma e melhoria nas mas não foi
EEE existentes; X encaminhado
documento
comprobatório;
Gestor declarou
como em execução,
Implantação de novas mas não foi
ETEs; X encaminhado
documento
comprobatório;
Ampliação das ETEs O gestor não enviou
existentes; X comprovação;
Melhorias e adequações O gestor não enviou
nas ETEs existentes; X comprovação;
Monitorar o esgoto bruto O gestor não enviou
e tratado; X comprovação;
Atualizar anualmente o O gestor não enviou
plano de amostragem X comprovação;
Instalação e operação do
O gestor não enviou
sistema em todas as X comprovação;
ETEs;

Manutenção do sistema O gestor não enviou


em todas as ETEs. X comprovação.

Fonte: Relatório técnico dos especialistas – Anexo 2.

81. Tendo em vista o Anexo 1 da Orientação Normativa nº 2/2018, que aprovou as


diretrizes para classificação e distribuição de processos de controle externo após a
reestruturação do TCE/MT, a competência para fiscalização e responsabilização para o
tema concessões foi atribuída à Secex de Contratações Públicas.

82. Com fulcro no art. 29, incisos VI e VIII da Lei 8.987/1995, na Lei nº 11.445/2007
e no Contrato de Concessão nº 96/14, Cláusula nº 23, sugere-se que seja determinado à
Agência Reguladora de Sinop que:

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a) Exija da Empresa Concessionária o cumprimento das ações estruturantes
relativas ao Sistema de Esgotamento Sanitário previstas no Plano Municipal de
Saneamento Básico.

83. Como benefícios futuros decorrentes da implementação de esgotamento


sanitário no município, pode-se apontar a redução de doenças, a minimização do impacto
ambiental e a valorização imobiliária no município.

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5. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO À INFRAESTRUTURA DA
LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Devido à falta priorização em relação às políticas para o manejo de resíduos sólidos,
identificou-se a utilização de área desativada do antigo lixão; área destinada a recebimento
de resíduos de construção civil operando como lixão a “céu aberto”; e baixa efetividade da
coleta seletiva no município. Tais inconformidades trazem impactos ambientais, sanitários e
sociais ao município.

84. A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS foi aprovada por meio da Lei
Federal nº 12.305/10 e estabeleceu, entre seus princípios norteadores, a visão sistêmica,
envolvendo diversas variáveis, como ambiental, social, econômica e de saúde pública. No art.
9º, dispôs sobre as diretrizes da gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos e trouxe,
em ordem de prioridade, as seguintes ações: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento e disposição final dos rejeitos de modo ambientalmente adequado.

85. Dentre os objetivos basilares, destacam-se a proteção da saúde pública e da


qualidade ambiental. De acordo com o art. 10 da PNRS, é atribuição do município a gestão
dos resíduos gerados em seu território; já o art. 8º propõe a adoção de consórcios entre entes
federados para elevar a escala de aproveitamento e reduzir custos como instrumentos da
política de resíduos sólidos.

86. Em Sinop, a responsabilidade pelo serviço de limpeza urbana e manejo de


resíduos sólidos, bem como a coleta do resíduo doméstico e do resíduo originário da varrição
e limpeza de logradouros e vias públicas está ao encargo da Secretaria de Obras. Conforme
o gestor, no município existe um antigo lixão – atualmente desativado e destinado à disposição
de resíduos de construção civil e material verde, área de transbordo, onde veículos de maior
capacidade recebem e fazem o transporte dos resíduos coletados até um aterro sanitário
localizado no município de Sorriso (Distrito de Primaverinha), distante cerca de 120 km.
Conforme o relatório técnico dos especialistas:
Sinop possui dificuldade no manejo dos resíduos sólidos provenientes da
construção civil e do material verde (podas). Quanto ao lixo doméstico, o
município executa a coleta regular do resíduo domiciliar e sua disposição final
é feita em aterro sanitário licenciado. Os resíduos domiciliares coletados
primeiramente são encaminhados para uma área de transbordo, e,
posteriormente, seguem para o aterro sanitário de Primaverinha, totalizando
aproximadamente 2.600 toneladas por mês e custo de cerca 3 milhões de
reais por ano, somente com o transporte.

87. De acordo com a gestora, há de um aterro sanitário privado no município em


fase de licenciamento (aguardando liberação da licença de operação) junto à Secretaria de
Estado do Meio Ambiente – SEMA. Salientou a gestora que, uma vez que esse novo aterro
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estiver em operação, haverá diminuição da distância de transporte dos resíduos e
consequente redução de custos.

88. Conforme o relatório dos especialistas da UFMT:


A antiga área de disposição final de resíduos sólidos sempre funcionou a céu
aberto, na forma de lixão, foi desativada em 2016 em decorrência de ordem
judicial e está situada em propriedade privada; ocupa cerca de 70 ha, sendo
de aproximadamente 30 ha a área onde efetivamente foram depositados os
resíduos.
[...] A área em questão é mantida isolada, sofre ainda a queima dos resíduos
remanescentes ali depositados. Com a desativação do lixão e isolamento da
área, os catadores que ali trabalhavam passaram a atuar em bairros
circunvizinhos.
[...] Atualmente há no município uma área destinada a receber os resíduos de
construção civil e material de poda (matéria verde). Não há empresa
especializada e devidamente licenciada para receber esse tipo de resíduo.

Figura 11 - Mapa com indicação dos locais visitados área de transbordo, lixão antigo e o de construção civil e
ainda a área do novo aterro, 2019

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Figura 12 - Material ferroso coletado por catadores Figura 13 - Área queimada do antigo lixão

Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019.

89. A equipe também visitou a área destinada a receber os resíduos de construção


civil, material de jardinagem e poda, também conhecido como Lixão Municipal Adalgisa e
atualmente está operando com liminar da Justiça. O espaço está localizado na Estrada
Adalgisa – zona rural de Sinop – funciona há cerca de 20 anos e possui área total de 24,2
hectares, sendo cerca de 13 ha efetivamente ocupados com os resíduos depositados.

90. Conforme os especialistas que prestaram apoio técnico ao trabalho, o que se


observa é uma completa ausência de controle quanto aos tipos de resíduos depositados,
nenhuma proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, geração de maus odores, presença
de vetores, forte ocorrência de fumaça (gases e material particulado), decorrente da queima
de materiais combustíveis; acrescenta-se a isso a presença de catadores que trabalham em
situação de extrema precariedade e local de alta insalubridade.

Figura 14 - Fluxo de veículo pesado Figura 15 - Presença de catadores

Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019.

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91. Cumpre informar que em Sinop o serviço de coleta regular dos resíduos
domiciliares e comerciais, seu transporte e destinação à estação de transbordo é terceirizado,
a empresa Sanetran Saneamento Ambiental SA é a responsável. O serviço de transporte
desses resíduos da área de transbordo ao aterro sanitário, no município de Sorriso, está sobre
a responsabilidade da Ecopav Construção e Soluções Urbanas. A disposição final dos
resíduos sólidos é realizada no aterro sanitário da empresa Sanorte Saneamento Ambiental
Ltda.

92. A estação de transbordo, ou transferência, é o local de traslado dos resíduos


recolhidos pelos caminhões compactadores (15 a 20 m³) para veículos de maior capacidade
(30 a 40 m³) que os transportam para o aterro sanitário; o modelo construído é o do tipo “sem
armazenamento”. O imóvel é de propriedade da prefeitura e está localizado próximo ao bairro
Alto da Glória. Os resíduos de Sinop são transportados até o distrito de Primaverinha, no
município de Sorriso, distante cerca de 120 km.

93. De acordo com informações do responsável pela fiscalização da área de


transbordo, em 2018 foram transportadas aproximadamente 35.000 toneladas de resíduos e
em 2019 seriam transportadas 38.000 toneladas. Conforme o relato, a quantidade de resíduos
transportados vem aumentando cerca de 10% ao ano em razão do crescimento populacional
da cidade.

Figura 17 - Carreta bi-caçamba Figura 16 - Caçamba receptora de resíduos


basculante

Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019. Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019

94. A equipe técnica também visitou o futuro aterro sanitário – que é um


empreendimento privado, da Sanorte Saneamento Ambiental Ltda – para disposição final de
resíduos sólidos no Município de Sinop. O novo aterro proporcionará à região uma opção de
disposição final segura dos resíduos sólidos domiciliares, possibilitando assim o tratamento e

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a destinação final de resíduos sólidos domiciliares e comerciais, mais próximos a fontes
geradoras.

95. A área ocupada pelo maciço será de aproximadamente 13,50 hectares e terá
capacidade para receber até 6.000 toneladas por mês de resíduos sólidos. Conforme foi
informado à equipe, o tempo de vida útil do aterro será de 30 anos e oito meses.

96. Além das células para destinação de resíduos, o empreendimento contará com
uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), com o objetivo de realizar o tratamento de
todo o efluente líquido gerado no processo de decomposição dos resíduos, para posterior
retorno ao meio ambiente, além de balança, refeitório e escritório.

Figura 18 - Novo aterro sanitário

Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019.

97. Conforme o relatório técnico produzido pelos especialistas, Sinop apresenta


fragilidades em relação ao planejamento, uma vez que não possui sequer plano municipal de
gestão de resíduos sólidos, entre outros, impedindo o município de receber recursos federais
para investimento na área.

98. Tal fragilidade em relação ao planejamento pode ser corroborada pela não
inclusão do eixo “limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos” no Plano Municipal de
Saneamento Básico elaborado em 2013 e pela inexistência de Plano de Resíduos de
Construção Civil.

99. Por meio do Ofício nº 224/2019/SECEX SAUDE, encaminhado em 8.10.19, a


equipe técnica requereu a atualização do Plano Municipal de Saneamento Básico que, de
acordo com informações firnecidas pela gestão municipal na oportunidade da visita, já estava
em fase final de elaboração.

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100. Destaca-se que a atualização do PMSB de Sinop é fundamental, uma vez que
a última peça de planejamento do saneamanento básico foi elaborada em 2013 e não
contemplava os eixos de manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais.

101. Conforme o § 4º do art. 19 da Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007, Os planos


de saneamento básico serão revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro)
anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual.

102. Neste ponto, convém citar as observações trazidas pelos especialistas


que prestara, apoio o técnico à presente fiscalização. De acordo com o relatório técnico, a
gestão municipal de Sinop:
Necessita elaborar e implementar projeto para a remediação da área no antigo
lixão; precisa, com a máxima brevidade, resolver os graves problemas
(ambientais, sanitários, sociais) ocorrentes na área de depósito dos resíduos
de construção civil, incluída a presença dos catadores; desenvolver ações no
sentido da elaboração de um plano municipal para a gestão dos resíduos de
construção civil e resíduos especiais (materiais de poda, resíduos volumosos);
buscar fortalecer um programa de coleta seletiva no município, com a inclusão
de catadores.

103. Segue abaixo o resultado da avaliação das ações estruturantes de caráter


imediato pertinentes ao eixo Manejo de Resíduos Sólidos que – conforme os especialistas –
deveriam ter sido contempladas à época da elaboração do PMSB:
Tabela 4 – Execução das ações estruturantes de caráter IMEDIATO relativas à Limpeza
Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos

Caráter Imediato
Andamento da Ação
2017 - 2019
Especificação
Não Em Realizada Documento
Concluída
realizada execução parcialmente comprobatório
Necessidade da
realização de pelo
Caracterização dos
menos duas
resíduos sólidos
(composição X caracterizações anuais
dos resíduos
gravimétrica);
domiciliares produzido
no município;
Observação da equipe
UFMT
A coleta, o transporte e a
Coleta e transporte disposição final é feita
dos RSS; X por empresa privada
conforme relato da
Secretaria de Meio
Ambiente;
Melhorias dos serviços
de limpeza urbana Observação da equipe
(varrição manual, UFMT:
limpeza de
X
Durante a visita é
logradouros e vias notável a ocorrência da
públicos e outros
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Página 32 de 45 AUDITORIA – AÇÕES E SERVIÇOS DE SANEAMENTO
serviços de limpeza limpeza das vias
urbana); públicas;
Gestor declarou como
Coleta e transporte
em execução, mas não
dos RSD com
atendimento de 95% X foi encaminhado
documento
área urbana;
comprobatório;

Implantação e/ou Observação da equipe


ampliação de eco UFMT:
ponto de resíduos Durante a visita é
secos, volumosos e notável a coleta, a quase
passiveis da logística X ausência dos bolsões de
reversa, em pontos resíduos é um forte
estratégicos das áreas indicio da boa
urbana e distrito; abrangência da coleta
domiciliar;
Atualmente a Disposição
final dos Resíduos
Domiciliares em aterro
sanitário privado no
município de Sorriso –
Implantação de Aterro
Sanitário; X distrito de Primaverinha.
Está em fase de licença
de operação o novo
aterro sanitário
localizado no município
de de Sinop;
Implantação de pontos
de entrega voluntária
Não temos informação e
(PEV) de resíduos
secos, em pontos X nenhuma visita foi
realizada;
estratégicos das áreas
rurais;
Necessário a
Instituir e implantar o implementação de um
serviço de coleta X Programa de Coleta
seletiva; seletiva solidaria para o
município;
De acordo com relato da
Elaborar PRAD – secretária do Meio
Plano de Recuperação Ambiente Sra. Ivete
de Área Degradada Mallmann Franke.
para o atual local de X Entretanto se faz
destino final e o antigo necessário a elaboração
lixão; de um projeto e
implementação;
Os resíduos sólidos
Identificar áreas domiciliares e
adequadas para comerciais, são
tratamento de X encaminhados a área de
resíduos e disposição transbordo e
final de rejeitos; posteriormente ao aterro
sanitário privado;
Desenvolver política
pública específica de X -
saúde do trabalhador;
Identificar os Necessidade de
geradores de RCC X Elaboração do Plano
assim como todos os Municipal de
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transportadores deste Gerenciamento de
tipo de material e resíduos sólidos da
cadastrá-los; Construção civil e
projeto de remediação
da atual área de
recebimento de RCC;
Registro de baixa
incidência de bolsões na
cidade. Durante a visita,
no caminho para a ETE
Efetuar a limpeza dos Curupy, na margem da
bolsões; X via, foi o único bolsão de
resíduos observado pela
a equipe, assim
acredita-se que ocorre a
limpeza periódica dos
bolsões;
Necessidade de
elaboração e
implementação de um
programa de coleta
Retirar os catadores seletiva solidária (com
do local, reinserindo- X os catadores hoje
os na sociedade. existente no município
de rua) incentivando e
apoiando a formação de
associação/ cooperativa
de catadores.
Fonte: Relatório técnico dos especialistas – Anexo 2.

104. Diante deste contexto, com fulcro no art. 18 da Lei 12.305/2010 e no art. 29,
inciso II da Lei nº 11.445/2007, propõe-se que seja determinado à gestão municipal de
Sinop que:

a) Atualize o Plano Municipal de Saneamento Básico, conforme disposto no § 4º do


art. 19 da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2017;
b) Contemple no PMSB os eixos “Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos” e
Drenagem de Águas Pluviais Urbanas”, conforme os fundamentos previstos nos
incisos III e IV do art. 2º da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007;
c) Elabore um Plano Municipal para a Gestão dos Resíduos de Construção Civil e
Resíduos Especiais;
d) Elabore Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e implemente programa
de coleta seletiva solidária com o fortalecimento de associações e cooperativas de
catadores, conforme dispões o inciso II do art. 18 da Lei nº 12.305, de 2 de agosto
de 2010;
e) Elabore e implemente projeto para a remediação da área no antigo lixão, conforme
dispõe a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.

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105. Como benefícios esperados, almeja-se que seja alcançada a destinação
adequada e completa dos resíduos, como forma de proteção do meio ambiente e da saúde
pública.

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Página 35 de 45 AUDITORIA – AÇÕES E SERVIÇOS DE SANEAMENTO
6. SITUAÇÃO IDENTIFICADA EM RELAÇÃO À DRENAGEM DE ÁGUAS
PLUVIAIS URBANAS

Devido à falta de priorização em relação ao planejamento, identificou-se que o município não


possui Plano Municipal de Drenagem Urbana, Cadastro Técnico ou Plano de Inspeção do
Sistema de Drenagem.

106. Conforme a Lei Federal nº 11.445/2007, o manejo das águas pluviais urbanas
corresponde ao conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de
drenagem urbana de águas pluviais, do transporte, detenção ou retenção para o
amortecimento de vazões de cheias, do tratamento e disposição final das águas pluviais
drenadas associadas às ações de planejamento e de gestão da ocupação do espaço territorial
urbano.

107. A ocupação urbana aumenta significativamente a velocidade do escoamento


superficial, crescendo o potencial erosivo do solo, com reflexo no transporte de sedimentos e
o consequente assoreamento de rios e lagos. A redução do volume útil nesses corpos de
água diminui a capacidade de detenção, aumentando o risco de inundações.

108. Assim, é fundamental que o espaço urbano seja planejado como um todo, de
forma integrada com outras infraestruturas, de forma a evitar situações em que seja
necessário continuamente destruir/refazer a infraestrutura existente.

109. Cumpre reiterar que o Plano Municipal de Saneamento Básico elaborado em


2013 não contempla o diagnóstico e ações estruturantes acerca do eixo “drenagem de águas
pluviais urbanas”. Ademais, o município não apresentou – embora a equipe técnica tenha
solicitado por meio de Ofício – a atualização dessa peça de planejamento.

110. Assim, a avaliação que aquie se apresenta acerca deste eixo do saneamento
básico no município foi obtida a partir da inspeção in loco realizada pelas equipes técnicas do
TCE/MT e da UFMT ao município e das informações compartilhadas pelos gestores.

111. De acordo com o relatório dos especialistas que prestaram apoio técnico ao
Tribunal de Contas, o município de Sinop apresenta um relevo plano, a drenagem do centro
é feita por valas, e que o município busca recurso junto ao governo federal para fazer a
tubulação de drenagem.

112. Ainda, a drenagem no município é basicamente superficial, não dispondo de


galerias de drenagem, nem de um plano de drenagem. Contudo o município buscou realizar
novos projetos de asfalto e com ele a ampliação da rede de drenagem. A foto abaixo mostra

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o sistema de microbacias e suas elevações, assim como os principais pontos de drenagem
na área urbana de Sinop.
Figura 19 - Sistema de microbacias e elevações de sinop

Fonte: Equipe Projeto TCE/UFMT, 2019.

113. Questionados sobre as áreas de risco, pontos de inundação, o representante


da Defesa Civil informou que em Sinop existem algumas questões de invasão de área, mas
que se encontram resolvidas, não existindo áreas de risco. Quanto a processos erosivos,
reportou que existem alguns processos no perímetro urbanos em algumas estradas vicinais
em períodos chuvosos.

114. Em Sinop, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos é a responsável


pela manutenção e limpeza da rede de drenagem da cidade. Na opinião dos especialistas,
Para os componentes de manejo das águas pluviais, o município apresenta uma certa
estrutura e conhecimento dos seus problemas, porém esses estão concentrados em
determinados profissionais da secretaria e precisam ser internalizados na instituição.

115. No entanto, identificou-se que a Prefeitura não possui um Plano Municipal


de Drenagem Urbana e tampouco Cadastro Técnico da rede de drenagem. Esse
levantamento do sistema de drenagem de águas pluviais existente se faz necessário tanto
para análise da capacidade existente quanto para o planejamento de obras de ampliação e
adequação da rede.

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Página 37 de 45 AUDITORIA – AÇÕES E SERVIÇOS DE SANEAMENTO
116. Ainda, inexiste plano de inspeção, manutenção e limpeza. Destaca-se,
nesse sentido, que a limpeza e desobstrução de bueiros e bocas de lobo deve ser executada
periodicamente (com periodicidade diferenciada nos períodos secos e chuvosos), de modo
que o sistema de drenagem deve estar completamente livre de obstruções ou interferências
antes do início do período chuvoso.

117. A forma de execução desses serviços de manutenção do sistema de drenagem


pode se dar junto com a varrição de guias e sarjetas com uma frequência adequada. Já sua
ausência compromete a operacionalidade do sistema de drenagem do município, podendo
contribuir para o acúmulo de lixo e para alagamentos.

118. Segue abaixo o resultado da avaliação das ações estruturantes de caráter


imediato pertinentes ao eixo Drenagem de Águas Pluviais Urbanas que – conforme os
especialistas – deveriam ter sido contempladas à época da elaboração do PMSB:

Tabela 5 – Execução das ações estruturantes de caráter IMEDIATO relativas à


Drenagem de Águas Pluviais Urbanas

Caráter Imediato
Andamento da Ação
2017 - 2019
Especificação
Não Em Realizada Documento
Concluída
realizada execução parcialmente comprobatório
Manutenção preventiva e
corretiva dos sistemas de
microdrenagem urbana Informação
existentes, incluindo os apensa, transcrito
reparos necessários, limpeza do Anexo 19 -
de PV, bocas de lobo, proteção X Informações
de descarga e dissipador de Saneamento II –
energia, e reconstrução de TCE;
sarjeta e pavimento danificado
pela ação do escoamento
superficial;
Informação
apensa, transcrito
Implantação de galerias, bocas do Anexo 19 -
de lobo; X Informações
Saneamento II –
TCE;
Informação
apensa, transcrito
Construção de canal, pontas do Anexo 19 -
de ala e dissipadores; X Informações
Saneamento II –
TCE;
Recuperação de estradas
vicinais e vias urbanas não Planilha contida
pavimentadas dos distritos, no Anexo 19 -
visando a preservação dos X Informações
recursos hídricos Saneamento II –
(patrolamento, TCE.
encascalhamento, execução
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Página 38 de 45 AUDITORIA – AÇÕES E SERVIÇOS DE SANEAMENTO
de abertura lateral, bacias de
contenção e recuperação das
áreas degradadas das
margens).
Fonte: Relatório dos especialistas – Anexo 2.

119. Assim, diante das deficiências de planejamento em relação ao sistema de


drenagem, com fulcro na Lei nº 11.445, de 5 de janiro de 2007, propõe-se que seja
recomendado à gestão municipal:
a) Contemple o eixo “Drenagem de Águas Pluviais Urbanas” na atualização do
PMSB;
b) Elabore Plano Municipal de Drenagem Urbana;
c) Elabore o Cadastro Técnico da rede de drenagem do município;
d) Elabore o Plano de Inspeção, Manutenção e Limpeza dos sistemas de drenagem.

120. Como causa da situação encontrada em relação à drenagem, tem-se a falta de


priorização em relação ao planejamento.

121. As deficiências do sistema de drenagem permitem a ocorrência de


alagamentos, com prejuízos de bens materiais, destruição da pavimentação e possíveis
doenças por veiculação hídrica.

122. Com a implementação de tais recomendações, espera-se um aumento na


eficiência do sistema de drenagem de águas pluviais do município e uma diminuição na
ocorrência de alagamentos e do acúmulo de lixo em guias, sarjetas e bocas de lobo.

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7. CONCLUSÃO

123. Após a presente auditoria, constatou-se deficiências em relação ao


planejamento das políticas de saneamento básico em Sinop, prova disso é que o Plano
Municipal de Saneamento Básico foi elaborado em 2013 e até o momento não sofreu
atualização.

124. Ademais, na elaboração dessa peça foram contemplados apenas os eixos


“abastecimento de água” e “esgotamento sanitário”. Tal fato se deveu ao dispositivo da Lei nº
11.445/2007 que requer a existência de planos como condição para que o município faça a
concessão dos serviços à iniciativa privada.

125. Considerando esse PMSB – ainda que desatualizado –, constatou-se que 30%
das ações estruturantes pertinentes ao sistema de abastecimento de água analisadas não
foram concluídas. Vale informar que tal situação contraria o que foi compromissado por meio
do Contrato de Concessão.

126. Já em relação ao esgotamento sanitário, o que se pôde evidenciar é que 21 de


27 ações estruturantes avaliadas não foram cumpridas. Cumpre destacar os problemas
operacionais em decorrência do despejo inadequado de limpa-fossas na nova Estação de
Tratamento de Esgoto.

127. No que se refere ao manejo de resíduos sólidos, destaca-se que Sinop ainda
não possui Plano Municipal de Manejo de Resíduos Sólidos e ainda utiliza a área do antigo
lixão, que necessita de projeto para remediação. Salienta-se que, tanto o eixo “resíduos
sólidos” quanto o eixo “drenagem de águas pluviais urbanas” não foram contemplados no
PMSB.

128. Com relação à drenagem de águas pluviais, constatou-se que o município


retém o conhecimento sobre seus problemas concentrados em apenas alguns profissionais
da administração. Não possui, no entanto, peças de planejamento essenciais, tais como plano
de drenagem, cadastro técnico e plano de inspeção do sistema de drebnagem.

129. Quanto à drenagem de águas pluviais, verificou-se a realização de algumas


obras de manutenção preventiva no sistema de microdrenagem. Vale destacar que até o
momento o município não possui Cadastro Técnico do Sistema e nem Plano de Inspeção,
necessário para se avaliar a capacidade operacional de funcionamento do sistema existente.

130. No que se refere ao manejo de resíduos sólidos, o município em nada avançou.


Os resíduos sólidos urbanos continuam sendo inadequadamente destinados ao lixão “a céu
aberto”, gerando um prejuízo social e um passivo ambiental consirável para a cidade.
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131. Vale lembrar que, de acordo com o PMSB, a solução para a destinação dos
resíduos sólidos seria a construção de um aterro consorciado para atender aos municípios da
região. No entanto, esta solução requer uma articulação dos entes do consórcio e parcerias
junto ao Governo do Estado.

132. Em síntese, o município evoluiu muito pouco em relação ao PMSB. Exemplo


disso é das 41 ações estruturantes previstas no Programa de Gestão Organizacional e
Gerencial – muitas delas sem custos diretos para o erário público – apenas duas foram
concluídas.

De um total de 78 ações estruturantes necessárias aos quatro eixos do saneamento


básico, o Município de Sinop não cumpriu 38; 31 foram consideradas em execução;
quatro foram realizadas parcialmente; e cinco foram consideradas concluídas.

133. Vale trazer aqui a observação de que é necessário que Sinop atualize o Plano
Municipal de Saneamento Básico e contemple nessa nova peça de planejamento ações
estruturantes pertinentes ao Manejo de Resíduos Sólidos e Limpeza Urbana e à Drenagem
de Águas Pluviais Urbanas.

134. Objetiva-se que os resultados da presente auditoria possam auxiliar na


conscientização dos gestores municipais sobre a atualização, implementação e efetivação da
Política de Saneamento Básico para a saúde da população, proteção do meio ambiente e
desenvolvimento da economia local.

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8. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

135. Em razão da conclusão do relatório preliminar de auditoria, sugere-se nos


termos do art. 137, “c” e “d” do Regimento Interno do TCE/MT (Resolução nº 14/2007):

a) citação dos responsáveis constantes dos quadros resumos de


responsabilização seguintes para o contraditório e ampla defesa acerca das
irregularidades identificadas na análise e, de igual forma, acerca das propostas
de determinações.

136. Apresenta-se a responsabilização acerca das irregularidades expostas acerca


do Sistema de Abastecimento de Água:
Devido à omissão dos gestores em cobrar junto à concessionária o
cumprimento das cláusulas acordadas por meio do contrato de concessão,
Resumo do achado
evidenciou-se o não cumprimento de 10 das 33 ações estruturantes
previstas no Plano Municipal de Saneamento Básico.
Não cumprimento de 10 das 33 ações estruturantes previstas no Plano
Municipal de Saneamento Básico, em desacordo com a Lei nº 11.445, de 5
Fato representado
de janeiro de 2007, com o Plano Municipal de Saneamento Básico e com o
Contrato de Concessão nº 96/2014.
NB 99. Diversos_Grave_99. Irregularidade referente ao assunto
Classificação da
“Diversos”, não contemplada em classificacão específica na Resolução
irregularidade
Normativa no 17/2010 – TCE/MT.

Responsável Sr. Jaime Dalastra – Presidente da Agência de Regulação

Descrição da conduta Não fazer cumprir as disposições contratuais pertinentes ao Sistema de


punível Abastecimento de Água.
Ao se omitir e não exigir o cumprimento das disposições contratuais
pertinentes ao Sistema de Abastecimento de Água previstas no PMSB, o
Nexo de causalidade
Presidente da Entidade Reguladora contribuiu diretamente para o
descumprimento de tais ações pelo ente privado.
É razoável afirmar que caberia ao Presidente da Entidade Reguladora fazer
Culpabilidade cumprir as disposições contratuais pertinentes ao Sistema de
Abastecimento de Água do município.

137. Com fulcro no art. 29, incisos VI e VIII da Lei 8.987/1995, na Lei nº 11.445/2007
e no Contrato de Concessão nº 96/14, Cláusula nº 23, sugere-se que seja determinado à
Agência Reguladora de Sinop que:
a) Exija da Empresa Concessionária o cumprimento das ações estruturantes
relativas ao Sistema de Abastecimento de Água previstas no Plano Municipal
de Saneamento Básico.

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138. Na avaliação das ações estruturantes pertinentes ao Sistema de
Esgotamento Sanitário, a auditoria identificou irregularidades às quais foi atribuída a
seguinte responsabilização:
Devido à omissão dos gestores em cobrar junto à concessionária o
cumprimento das cláusulas acordadas por meio do contrato de concessão,
Resumo do achado
evidenciou-se o não cumprimento de 21 das 27 ações estruturantes
previstas no Plano Municipal de Saneamento Básico.
Não cumprimento de 21 das 27 ações estruturantes previstas no Plano
Municipal de Saneamento Básico, em desacordo com a Lei nº 11.445, de 5
Fato representado
de janeiro de 2007, com o Plano Municipal de Saneamento Básico e com o
Contrato de Concessão nº 96/2014.
NB 99. Diversos_Grave_99. Irregularidade referente ao assunto
Classificação da
“Diversos”, não contemplada em classificacão específica na Resolução
irregularidade
Normativa no 17/2010 – TCE-MT.

Responsável Sr. Jaime Dalastra – Presidente da Agência de Regulação

Descrição da conduta Não fazer cumprir as disposições contratuais pertinentes ao Sistema de


punível Esgotamento Sanitário.
Ao se omitir e não exigir o cumprimento das disposições contratuais
pertinentes ao Sistema de Esgotamento Sanitário previstas no PMSB, o
Nexo de causalidade
Presidente da Entidade Reguladora contribuiu diretamente para o
descumprimento de tais ações pelo ente privado.
É razoável afirmar que caberia ao Presidente da Entidade Reguladora fazer
Culpabilidade cumprir as disposições contratuais pertinentes ao Sistema de Esgotamento
Sanitário do município.

139. Com fulcro no art. 29, incisos VI e VIII da Lei 8.987/1995, na Lei nº 11.445/2007
e no Contrato de Concessão nº 96/14, Cláusula nº 23, sugere-se que seja determinado à
Agência Reguladora de Sinop que:
a) Exija da Empresa Concessionária o cumprimento das ações
estruturantes relativas ao Sistema de Esgotamento Sanitário no Plano
Municipal de Saneamento Básico.

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140. Na avaliação das ações estruturantes pertinentes à Infraestrutura Urbana e
Manejo de Resíduos Sólidos, a auditoria identificou irregularidades às quais foi atribuída a
seguinte responsabilização:
Devido à falta priorização em relação às políticas para o manejo de resíduos
sólidos, identificou-se a utilização de área desativada do antigo lixão; área
destinada a recebimento de resíduos de construção civil operando como
Resumo do achado
lixão a “céu aberto”; e baixa efetividade da coleta seletiva no município. Tais
inconformidades trazem impactos ambientais, sanitários e sociais ao
município.
Utilização de área desativada do antigo lixão; área destinada a recebimento
de resíduos de construção civil operando como lixão a “céu aberto”; e baixa
Fato representado
efetividade da coleta seletiva no município, em desacordo com a Lei nº
12.305, de 2 de agosto de 2010.
NB 99. Diversos_Grave_99. Irregularidade referente ao assunto
Classificação da
“Diversos”, não contemplada em classificacão específica na Resolução
irregularidade
Normativa no 17/2010 – TCE-MT.

Sra. Ivete Mallmann Franke – Secretária de Meio Ambiente e


Responsável
Desenvolvimento Sustentável

Descrição da conduta
Não priorizar políticas para o manejo de resíduos sólidos.
punível
É razoável afirmar que caberia à responsável pela pasta de Meio Ambiente
Nexo de causalidade zelar pelo planejamento, priorização e articulação para as ações
estruturantes relativas ao manejo de resíduos sólidos em Sinop.
Inércia da Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável em
Culpabilidade
relação à implementação de políticas para o manejo de resíduos sólidos.

141. Diante deste contexto, com fulcro no art. 18 da Lei 12.305/2010 e no art. 29,
inciso II da Lei nº 11.445/2007, sugere-se que seja determinado à Chefe do Poder
Executivo de Sinop que:

a) Atualize o Plano Municipal de Saneamento Básico, conforme disposto no § 4º do


art. 19 da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2017;
b) Contemple no PMSB os eixos “Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos” e
Drenagem de Águas Pluviais Urbanas”, conforme os fundamentos previstos nos
incisos III e IV do art. 2º da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007;
c) Elabore um Plano Municipal para a Gestão dos Resíduos de Construção Civil e
Resíduos Especiais;
d) Elabore Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e implemente programa
de coleta seletiva solidária com o fortalecimento de associações e cooperativas de
catadores, conforme dispões o inciso II do art. 18 da Lei nº 12.305, de 2 de agosto
de 2010;
e) Elabore e implemente projeto para a remediação da área no antigo lixão,
conforme dispõe a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010;
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142. Apresenta-se a responsabilização acerca das irregularidades acerca da
Drenagem de Águas Pluviais Urbanas:
Devido à falta de priorização em relação ao planejamento, identificou-se
Resumo do achado que o município não possui Plano Municipal de Drenagem Urbana,
Cadastro Técnico ou Plano de Inspeção do Sistema de Drenagem.
Inexistência de Plano Municipal de Drenagem Urbana, Cadastro Técnico e
Plano de Inspeção do Sistema de Drenagem, em desacordo com a Lei nº
Fato representado
11.445, de 5 de janeiro de 2007 e com a Lei Municipal nº 1.728, de 21 de
agosto de 2017.
NB 99. Diversos_Grave_99. Irregularidade referente ao assunto
Classificação da
“Diversos”, não contemplada em classificacão específica na Resolução
irregularidade
Normativa no 17/2010 – TCE-MT.

Sr. Josenir Augusto do Nascimento – Secretário Municipal de Obras e


Responsável
Serviços Urbanos

Não priorizar as providências de responsabilidade do Executivo Municipal


Descrição da conduta
para dar andamento às ações estruturantes pertinentes ao sistema de
punível
drenagem de águas pluviais urbanas.
É razoável afirmar que caberia ao responsável pela pasta da infraestrutura
Nexo de causalidade municipal zelar pela execução das ações estruturantes relativas à
drenagem de águas pluviais urbanas.
Inércia do gestor responsável pela pasta à qual estão vinculadas às ações
Culpabilidade
relativas ao sistema de drenagem de águas pluviais urbanas.

143. Diante das deficiências de planejamento em relação ao sistema de drenagem


de águas pluviais urbanas, com fulcro no art. 30, inciso VIII da Constituição Federal, no art.
1º, § único da Lei 6.766, de 19 de dezembro de 1979 e no Plano Municipal de Saneamento
Básico, sugere-se que seja determinado à Chefe do Poder Executivo de Sinop que:
a) Contemple o eixo “Drenagem de Águas Pluviais Urbanas” na atualização do
PMSB;
b) Elabore Plano Municipal de Drenagem Urbana;
c) Elabore o Cadastro Técnico da rede de drenagem do município;
d) Elabore o Plano de Inspeção, Manutenção e Limpeza dos sistemas de drenagem.

É o relatório preliminar.

Secretaria de Controle Externo de Saúde e Meio Ambiente do Tribunal de Contas do


Estado de Mato Grosso, em Cuiabá, 18 de dezembro de 2019.

Assinatura digital
LUIZ EDUARDO DA SILVA OLIVEIRA
Auditor Público Externo

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