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Hidráulica Fluvial
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
1. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA ...................................... 10
1.1. Localização ........................................................................................................ 10
1.2. Características geométricas ............................................................................... 10
1.3. Sistema de drenagem ..................................................................................... 11
1.3.1. Ordem dos cursos de água ...................................................................... 11
1.3.2. Densidade da drenagem e percurso médio de escoamento superficial ... 11
1.4. Características do relevo ................................................................................ 12
1.4.1. Curva hipsométrica e frequências altimétricas ....................................... 12
1.4.2. Declividade dos terrenos da bacia .......................................................... 13
1.5. Características geológicas .............................................................................. 14
1.6. Revestimento vegetal ..................................................................................... 15
1.7. Tempo de concentração ................................................................................. 16
1.8. Considerações gerais ...................................................................................... 17
2. PRECIPITAÇÃO .................................................................................................. 18
2.1. Identificação dos postos udométricos ............................................................ 18
2.2. Curvas IDF ..................................................................................................... 19
3. CAUDAIS MÁXIMOS NA SECÇÃO................................................................. 20
3.1. Métodos empíricos ......................................................................................... 20
3.2. Fórmulas cinemáticas ou semiempíricas ....................................................... 20
3.3. Métodos estatísticos ....................................................................................... 22
3.4. Considerações gerais ...................................................................................... 23
4. EROSÃO HÍDRICA ............................................................................................. 24
4.1. Erosão hídrica superficial .............................................................................. 24
4.1.1. Fator de erosividade da precipitação ...................................................... 24
4.1.2. Fator de erodibilidade do solo ................................................................ 24
4.1.3. Fator fisiográfico .................................................................................... 24
4.1.4. Fator de técnica cultural.......................................................................... 25
4.1.5. Fator de prática de conservação .............................................................. 25
4.2. Considerações gerais ...................................................................................... 26
5. CARACTERIZAÇÃO DA SECÇÃO TRANSVERSAL..................................... 27
5.1. Caracterização dos sedimentos ...................................................................... 28
5.1.1. Configuração do fundo ........................................................................... 28
6. TRANSPORTE SÓLIDO ..................................................................................... 29
6.1. Transporte sólido por arrastamento................................................................ 30
3
6.2. Transporte sólido por suspensão .................................................................... 30
6.3. Transporte sólido total ................................................................................... 31
7. CONCLUSÕES .................................................................................................... 32
4
5
ÍNDICE DE FIGURAS
6
ÍNDICE DE TABELAS
7
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho prático foi realizado por um grupo de três elementos no âmbito da Unidade
Curricular Hidráulica Fluvial.
O presente trabalho consiste no estudo de uma secção de uma linha de água para uma eventual
intervenção fluvial escolhida pelos membros do grupo.
A secção escolhida situa-se na carta militar nº88 fornecida pelo docente da Unidade Curricular,
Professor Carlos Coelho, perto de Soutelinho do Amésio no concelho de Vila Pouca de Aguiar.
A bacia hidráulica correspondente à secção em estudo foi definida limitando as linhas de
cumeada e apresenta cerca de 1.2km².
O objetivo deste relatório é estimar a possibilidade de cheia através do cálculo do caudal de
ponta na secção em questão tendo em conta as características: fisiográficas, do sistema de
drenagem, de relevo geológicas, do revestimento vegetal e térmicas da bacia.
Em estudo estarão também aspetos como a precipitação e caudais que serão analisados com
recurso a dados retirados da plataforma online do Serviço Nacional de Informação de Recursos
Hídricos (SNIRH).
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1. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA
1.1. Localização
A bacia pode ser descrita qualitativamente, pela sua forma, e quantitativamente, através do
coeficiente de compacidade e do fator de forma.
Analisando a figura 1 é possível concluir-se que, qualitativamente, a bacia pode ser descrita
como tendo uma forma arredondada, apresentando assim uma elevada tendência para a
ocorrência de cheias pois a água chega mais rápido à secção de saída, em comparação com a
forma alongada e ramificada.
Na tabela 1 é possível visualizar os valores da área (A), do coeficiente de compacidade (Kc) e o
fator de forma (Kf) correspondentes à bacia.
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1.3.Sistema de drenagem
Legenda:
Linha de água principal
Linhas de água secundárias
Delimitação da bacia
1,2,3 – Ordens do curso de água
A facilidade com que a água atinge a rede hidrográfica classifica-se analisado a densidade da
drenagem, que consiste na relação entre o comprimento total dos cursos de água da bacia e a
área total da mesma.
Valores elevados da densidade de drenagem (λ), traduzem-se numa maior probabilidade de cheia
e, consequentemente, menores tempos de concentração, sendo o tempo de concentração o tempo
que uma gota de água de uma determinada precipitação cai no ponto da bacia mais afastado da
secção de jusante leva a atingir a secção em estudo.
O percurso médio do escoamento superficial (P̅s ), consiste na distância média que uma gota de
água da chuva teria de percorrer caso o escoamento se desse em linha reta, desde o ponto de
queda até ao curso de água mais próximo, e é igual a um quarto do inverso da densidade de
drenagem de água.
Na tabela 2 estão apresentados os valores para o cálculo da densidade de drenagem e do percurso
médio do escoamento superficial.
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Tabela 2 - densidade de drenagem e percurso médio do escoamento superficial
A (km2) 1.20
Somatório do comprimento de todos os cursos de água (α) (km) 4.50
λ (km/km ) 2
3.75
𝐏̅𝐬 (km) 0.067
O relevo de uma bacia hidrográfica tem uma grande influência sobre o escoamento que ocorre
ao longo da superfície. Por um lado, o relevo influencia a precipitação, temperatura e
evapotranspiração, que são dependentes da altitude. Por outro lado, influencia a velocidade do
escoamento superficial que é dependente do declive da bacia.
Na tabela 3 são apresentados os valores referentes ao relevo da bacia para a obtenção da curva
hipsométrica (figura 3), das frequências altimétricas (figura 3) e do perfil longitudinal da linha
de água principal (figura 4).
A curva hipsométrica representa a área da bacia que fica acima de uma determinada cota em
relação ao nível médio do mar. Já a curva das frequências altimétricas relaciona a área das bacias
com as respetivas altitudes, expressa em percentagem da área total. O gráfico das duas curvas
da bacia em estudo está representado na figura 3 com base nos dados da tabela 3.
12
% área total
0 5 10 15 20 25
1200 1170
23,13 Frequências
1150 1125
19,08 altimétricas
1100
Altitudes (m)
1075
1050 13,50
1025
1000 16,17
975 Curva
10,92 925
950 hipsométrica
9,17 875
900
6,61
850 837,5
1,43
800
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Área Acumulada (Km2)
1250
1200
1150
1100
Altitude (m)
1050
1000
950
900
850
800
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Distância (Km)
A declividade dos terrenos de uma bacia permite caracterizar a velocidade com que se dá o
escoamento superficial e, consequentemente, o tempo de concentração da água nos leitos fluviais
da rede de drenagem, afetando a grandeza das pontas de cheia, a maior ou menor oportunidade
de infiltração e a suscetibilidade à erosão dos solos da bacia.
Utilizando o método do retângulo equivalente pretende-se aproximar a bacia a um retângulo de
comprimento Le e largura le com perímetro P e área A tal que:
A = Le le
(1)
P = 2(Le + le )
Le = 1.50 km
le = 0.800 km
13
É possível calcular-se o índice: de declive médio (i), de Roche (ip) e global (ig), estes valores
estão apresentados na tabela 5.
Do ponto de vista hidrológico, os solos podem ser classificados em quatro diferentes tipos
(figura 6):
Tipo A (baixo potencial de escoamento superficial) – solos com elevadas intensidades
de infiltração, mesmo quando completamente humedecidos. Incluem principalmente
areias profundas, com drenagem boa ou excessiva;
Tipo B (potencial de escoamento superficial abaixo da média) – solos com intensidades
de infiltração moderadas, quando completamente humedecidos. Incluem principalmente
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solos medianamente profundos, com textura moderadamente fina e moderadamente
grosseira e medianamente drenados;
Tipo C (potencial de escoamento superficial acima da média) – solos com baixas
intensidades de infiltração, quando completamente humedecidos. Incluem
principalmente solos com camadas impermeáveis subjacentes e solos com textura
moderadamente fina;
Tipo D (elevado potencial de escoamento superficial) – solos com intensidades de
infiltração muito baixas, quando completamente humedecidos. Incluem principalmente
solos argilosos expansíveis, solos com o nível freático permanentemente próximo da
superfície e solos com substratos impermeáveis a pouca profundidade.
Figura 6 – Classificação hidrológica dos solos para Portugal Continental, com indicação da
localização da bacia em estudo
Com base nas informações acima descritas conclui-se que a bacia hidrográfica em estudo se
situa em terrenos do tipo hidrológico C.
A vegetação tem uma grande importância no estudo do comportamento hidrológico pois, esta
reduz a velocidade de escoamento e, consequentemente, reduz os fenómenos de erosão
favorecendo assim a infiltração. Quando maior a percentagem de vegetação menor a ocorrência
de grandes cheias e maior as reservas subterrâneas.
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Analisando a figura 6, é possível identificar-se uma predominância de área florestal na área da
bacia em estudo (delimitada a vermelho).
1.7.Tempo de concentração
O tempo de concentração (tc) é o tempo necessário para que toda a área da bacia contribua para
o escoamento superficial na secção de saída, ou seja, o tempo necessário para que uma gota
caída no ponto mais afastado da bacia chegue à secção de saída. Assim, o tempo de concentração
foi calculado tendo em conta as duas fórmulas cinemáticas: fórmula de Giandotti e de Kirpich,
valores apresentados na tabela 5.
𝐭𝐜
(𝐡𝐨𝐫𝐚𝐬)
Giandotti 0.55
Kirpich 0.16
Como os valores apresentados na tabela 5 são bastante distintos é necessário adotar um valor
para efeitos de cálculos. O valor adotado foi o valor médio entre os dois valores da tabela 5,
assim sendo:
t c = 0.35 horas
16
1.8.Considerações gerais
17
2. PRECIPITAÇÃO
É importante referir que, o posto udométrico de Gouvães da Serra não foi considerado devido a
ter poucos anos de registos (em comparação aos outros postos udométricos com pelo menos 40
anos de registos) e à pouca fiabilidade dos dados retirados do SNIRH.
Área de influência do
posto de Torre do Pinhão
Lamas de Alvadia
Área de influência do
posto de Lamas de Alvadia
Área de influência do
posto de Gouvães da Serra
Torre do Pinhão
Pelo método de Thiessen é possível ponderar a precipitação de uma bacia com base nas
informações recolhidas pelos postos udométricos localizados perto da bacia.
Na figura 8 estão representados os postos udométricos, assim como as suas áreas de influência
e a bacia em estudo sendo possível observar que a bacia se encontra na área de influencia do
posto udométrico de Lamas de Alvadia.
18
Os valores da precipitação máxima diária anual, mensal e máxima anual foram registados para
os postos de Mina de Lajes e Torre do Pinhão. As figuras referentes aos gráficos das
precipitações encontram-se em anexo.
Período de
a’ n’
retorno, T(anos)
2 162.18 -0.577
5 207.41 -0.562
10 232.21 -0.549
20 254.19 -0.538
50 279.63 -0.524
100 292.5 -0.508
Tabela 7 - valores de intensidade, altura de precipitação e caudal para diferentes períodos de retorno
Período de retorno, T I h Q
(anos) (mm/h) (mm) (m3/s)
2 31.2 9.05 8.4
5 41.6 12.1 11.2
10 48.4 14.04 13.0
20 54.6 15.9 14.7
50 62.6 18.2 16.8
100 68.5 19.9 18.4
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3. CAUDAIS MÁXIMOS NA SECÇÃO
Os métodos empíricos são baseados em experiências, e estão relacionados com a área da bacia
em estudo. Existem três fórmulas que se relacionam apenas com a área da bacia (fórmula de:
Whistler, Plagiaro e Forti). Como a área da bacia é relativamente pequena utilizou-se a fórmula
de Plagiaro que é utilizada para áreas inferiores a 1000km2 e a de Forti que é utlizada para áreas
inferiores a 1000km2 e precipitação máxima diária inferior a 400mm.
Para além das três fórmulas que apenas se relacionam com a área da bacia, existe a fórmula de
Iskowski.
Na tabela 8 estão apresentados os valores do caudal de ponta (Qp) a partir de cada uma das
fórmulas acima referidas.
Qp
Fórmula de:
(m3/s)
Pagliaro 38,16
Forti 11,77
Iskowski 1,90
É de notar uma grande diferença para o valor de caudal de ponta utilizando a fórmula de
Iskowski, sendo que para a aplicação desta fórmula considerou-se um terreno constituído por
montes de altura média e colinas escarpadas, em que o solo é pouco permeável e apresenta uma
área de 1,2 km2 (1 km2<A<10 km2) correspondendo por interpolação a um coeficiente m de 9,82.
Foi considerado para a precipitação média anual a média dos valores médios anuais registado
para o posto pluviométrico de Lamas de Alvadia.
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Tabela 9 - valores do tempo de concentração de diferentes fórmulas
tc
Fórmula de:
(horas)
Giandotii 0,55
Kirpich 0,16
Média 0,35
Devido à diferença entre os valores, o tempo de concentração adotado foi a média entre o
resultado da fórmula de Giandotti e Kirpich sendo 0,35h o que corresponde a 21 minutos.
É possível calcular o caudal de ponta (Qp) a partir da fórmula: Racional, de Giandotti, do Soil
Conservation Service (SCS) e de Mokus.
Fórmula de Giandotti: relaciona a área da bacia com um respetivo parâmetro (λ) que
depende da mesma (considerou-se λ=0.224), com a altura de precipitação máxima para
determinada frequência de ocorrência (h) e com o tempo de concentração (tc).
Fórmula do Soil Conservation Service: depende do fator de ponta (k) que assume o valor
considerado habitual (k=0.75), da área da bacia, da altura de precipitação útil (hu) e o
tempo de ponta (tp). Para obter o valor do caudal de ponta é necessário recorrer-se a um
processo iterativo.
Na tabela 10 estão apresentados os valores dos caudais de ponta obtidos pelas diferentes
fórmulas para diversos períodos de retorno.
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Tabela 10 - caudais de ponta obtidos pelas fórmulas cinemáticas
Qp
Período de retorno.
(m3/s)
T
Fórmula Fórmula de Fórmula do Soil Fórmula de
(anos) Média
Racional Giandotti Conservation Service Mokus
2 3.72 7.51 1.52 2.08 3.94
5 4.99 10.1 2.69 2.81 5.45
10 5.81 11.7 3.60 3.61 6.55
20 6.57 13.3 4.53 4.45 7.61
50 7.55 15.2 5.80 5.61 9.01
100 8.29 16.7 6.91 6.64 10.2
Os métodos estatísticos são métodos que recorrem às noções estatísticas, aplicadas a séries de
registos ao longo do tempo. Não se aplicam só aos caudais de cheia, mas também às
precipitações. Para se obter os valores dos caudais de ponta recorreu-se ao método de Gumbel-
Chow, de Foster-Hazen e à fórmula de Loureiro.
Método de Gumbel-Chow:
Método de Foster-Hazen:
Fórmula de Loureiro:
Qp
Período de retorno,
(m3/s)
T
Método de Gumbel- Fórmula de Foster- Fórmula de
(anos) Média
Chow Hazen Loureiro
2 0.983 - - 0.983
5 1.51 1.51 3.30 2.11
10 1.87 - 4.31 3.09
20 2.20 2.02 - 2.11
50 2.64 - 6.11 4.38
100 2.97 2.49 7.07 4.18
1000 4.05 3.08 9.93 5.69
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3.4. Considerações gerais
Analisando a tabela 4, 5 e 6 conclui-se que existe uma grande gama de valores, sendo uns
elevados e outros bastante diminutos. Com isto e para um período de retorno de 2 anos, visto
que seria o período que mais incertezas suscitaria no imediato, conclui-se que o caudal de ponta
de cheia mais elevado se verificou para a fórmula de Giandotti, com valor de 5.14 m3/s, enquanto
o mais baixo se verificou para o método de Gumbel-Chow e para a fórmula do SCS com valor
de 0.17 m3/s.
Conclui-se então que os métodos empíricos poderão não ser os melhores para o cálculo
dos caudais de ponta de cheia pois a maioria dos métodos apenas se relaciona com a área da
bacia hidrográfica em estudo, deixando de parte aspetos bastante importantes como, por
exemplo, a precipitação, tipo e características do solo, relevo da bacia, entre outras variáveis que
são utilizadas nos métodos cinemáticos. Sendo este um caso de estudo académico, considera-se
que os caudais de ponta de cheia a considerar serão a média dos caudais devido à discrepância
dos valores obtidos.
23
4. EROSÃO HÍDRICA
A erosão é uma das formas mais prejudiciais de degradação do solo. Além de reduzir o potencial
produtivo das culturas, pode causar sérios danos ambientais, como poluição dos meios híbridos,
com a consequente alteração dos ecossistemas aquáticos e assoreamento dos cursos de água.
Uma forma de prever a erosão hídrica superficial é utilizando a Universal Soil Loss Equation
(USLE) presente na equação 2, em que a perda de solo/erosão específica (A) é dada em função
do fator: de erosividade de precipitação (R), de erodibilidade do solo (K), de comprimento (L),
de declive (S), de técnica cultural (C), e de prática de conservação (P).
Todos os valores dos fatores como o valor da erosão hídrica estão presentes na tabela 13.
A = RKLSCP (2)
Este fator pode ser determinado através de três fórmulas estabelecidas para diferentes estações
udométricas: Vale Formoso, Portela e Sassoeiros. A estação escolhida foi a estação de Vale
Formoso pois é a estação mais próxima da bacia em estudo obtendo-se um valor de 9357.7 MJ
mm/ha/h
Este fator depende do teor em siltes ou areia fina, teor em areia, percentagem de matéria
orgânica, textura do solo e permeabilidade do solo, como todos estes parâmetros são
desconhecidos optou-se por adotar um valor de 0,05 ton h/MJ/mm. Para tal, assumiu-se um solo
com permeabilidade lenta e com uma estrutura granular fina: 3% matéria orgânica, 20% areias
e 65% para limos e areias muito finas.
Resulta do produto do fator de comprimento e de declive. Este fator calcula-se a partir de vários
aspetos como as inclinações e o comprimento acumulado de cada encosta, onde as inclinações
são ordenadas de montante para jusante, sendo ambos retirados do retângulo equivalente. Usa-
se ainda o parâmetro m e o fator de declive, parâmetro S, em que ambos os parâmetros dependem
dos declives de cada encosta. Tendo em conta estes parâmetros presentes na tabela 12, calculou-
se e obteve-se um fator fisiográfico, LS, com um valor de 34.06.
24
Tabela 12 - parâmetros para o cálculo de fator fisiográfico
Comprimento
Intervalo de Altitude Declive 𝜽𝒊 λ
em cada mi Si δi δi*Si
(m) (%) (º) (m)
intervalo (km)
1150 1190 0.347 11.53 6.64 0.500 1.44 346.88 1374.2 1981.08
1100 1150 0.286 17.47 10.11 0.500 2.45 633.13 2014.5 4934.20
1050 1100 0.203 24.69 14.44 0.500 3.69 835.63 1749.6 6455.70
1000 1050 0.243 20.62 11.98 0.500 2.99 1078.13 2391.9 7147.69
950 1000 0.164 30.53 18.06 0.500 4.71 1241.88 1779.2 8376.51
900 950 0.138 36.36 21.80 0.500 5.74 1379.38 1588.1 9116.21
850 900 0.099 50.44 31.63 0.500 8.31 1478.50 1195.5 9935.45
825 850 0.022 116.28 132.55 0.500 11.88 1500.00 264.7 3144.19
∑= 1.500 ∑= 51091.0
O fator de técnica cultural está tabelado e toma valores entre 0 e 1 consoante o solo está
completamente coberto ou completamente nu. Tendo em conta que a bacia em estudo está numa
zona florestal adotou-se para o fator C um valor de 0.04, correspondendo a uma zona florestal
com árvores a ocupar 40% a 70% da área, estando aproximadamente 80% da área coberta por
manta morta com o sub-coberto intensamente pastado e queimado.
O fator de prática de conservação é tabelado, sendo que este depende da inclinação do solo.
Traduz os efeitos das medidas de controlo da erosão através da redução da velocidade de
escoamento superficial. Como o valor da inclinação média do solo encontra-se no intervalo de
19% a 24% e considerou-se técnicas de cultivo em curvas de nível, admitiu-se um valor de P
igual a 0,9.
25
4.2. Considerações gerais
Tendo em conta todos os fatores acima calculados, determinou-se a perda de solo, obteve-se um
valor de 573.7 ton/ha/ano. Pode-se concluir que a bacia é muito inclinada e a zona é
desprotegida, devido à pouca vegetação rasteira. Consequentemente, conclui-se que a energia
potencial da água não vai ser parcialmente absorvida pela vegetação, o que provoca um elevado
poder erosivo sobre o solo.
26
5. CARACTERIZAÇÃO DA SECÇÃO TRANSVERSAL
Qp (m3/s) 7.51
i (m/m) 0.203
b (m) 10.0
H:V (-) 2:1
Ks (m1/3/s) 40
Raio hidráulico, R (m) 0.145
Perímetro molhado, P (m) 10.7
Área da secção, S (m2) 1.55
h (m) 0.150
hc (m) 0.380
27
Tabela 15 – características para a classificação do escoamento
U (m/s) 4.86
2
ν (m /s) 1,00x10-6
Fr (-) 4.08
Re (-) 703674
Pela análise da tabela 15 pode-se concluir que como o número de Froude é superior a 1, o
escoamento classifica-se como rápido. Em relação ao número de Reynolds, como este é superior
a 2000 considera-se um valor muito elevado logo o escoamento é turbulento o que corresponde
a uma trajetória mal definida.
Para a determinação das dimensões dos sedimentos, segundo os dados de uma dissertação de
estudo de incorporação de agregados, retirou-se uma curva de distribuição granulométrica de
uma areia de xisto, pois a bacia hidrográfica em estudo situa-se numa zona que é composta por
xistos.
Como esta granulometria é apenas exemplificativa, pode não corresponder à realidade da zona
onde está a bacia hidrográfica em estudo. Na tabela 16 constam os dados referentes as dimensões
dos sedimentos.
Com base no cálculo do quadrado do número de Froude e da relação entre o número de Froude
e o inverso da rugosidade relativa obtêm-se os valores presentes na tabela 17.
28
Figura 10 - previsão de configurações de fundo
Por observação da figura 10, que corresponde à previsão de configuração do fundo retirado da
sebenta fornecida pelo docente da Unidade Curricular conclui-se que o fundo da área em estudo
é regime superior.
6. TRANSPORTE SÓLIDO
Uma vez iniciado o transporte sólido por arrastamento, o escoamento da água sobre um fundo
móvel interatua com ele, modelando-o e dando origem a diferentes configurações fundo.
Recorrendo ao método de Van Rijn, determinou-se o transporte por arrastamento no fundo, em
suspensão e total. Os valores utilizados nesta estimativa estão representados na tabela 18.
29
6.1. Transporte sólido por arrastamento
D* 33.7
Ycr 0.0281
τc 0.639
μ*,c 0.0253
(-)
K’ 0.0960
C’ 22.64
μ’* 0.672
T 706.9
(m3/s/m) 3.48
qf,v
(m3/ano/m) 109771783
30
Tabela 20 - parâmetros para o cálculo do transporte sólido por suspensão
a (m) 0.096
Ca (-) 1.33
Ds (mm) 0.00618
ws (m/s) 0.327
μ* (m/s) 0.537
B’ 1.74
ϕ’ 2.24
(-)
ϕ’* 3.11
Fr 4.22
qs,v (m3/s/m) 4.09
qs,v (m3/ano/m) 128898533
O transporte sólido total é a soma das duas parcelas: transporte por arrastamento e em suspensão,
obtendo-se um valor de 2.39x108 m3/ano/m.
É necessário salientar que estes valores foram obtidos tendo em vista a situação mais
desfavorável, onde se considerou ocorrência de precipitação durante os 365 dias anuais, num
período de retorno de 2 anos, para um caudal de ponta de cheia e com uma granulometria
arbitrada do solo que a zona em estudo pode conter. Assim, o valor do transporte sólido obtido
tem uma natureza extrema, que deverá ser superior ao valor real existente na área de estudo.
31
7. CONCLUSÕES
Finalizou-se a análise da bacia hidrográfica em estudo tendo concluindo, numa primeira fase,
que esta é de forma alongada, muito bem drenada e menos propícia à ocorrência de cheias
apresentando um declive acentuado numa zona florestal. Através da análise das precipitações
conclui-se que a bacia se situa numa zona com bastante precipitação durante os meses de Inverno
e alguma precipitação durante os meses de Verão. Sendo uma bacia em que as linhas de água
são perenes (ou seja, possuem água durante todo ano) podemos afirmar que a precipitação
ocorrida nesse local é um dos fatores que contribuem para tal facto.
O transporte sólido obtido poderá não corresponder ao valor real da bacia em estudo, pois foi
obtido fazendo cálculos para a situação mais desfavorável para um período de retorno de 2 anos.
Um dos aspetos que poderá ter, também, influenciado esse valor do transporte sólido foi a
granulometria considerada, pois foram considerados valores exemplificativos.
Em última análise, conclui-se que é necessário para o estudo de uma bacia hidrográfica o
conhecimento da geologia do local, tal como a vegetação, características do solo e do clima da
zona. Estes e outros aspetos abordados anteriormente são pontos fundamentais para a obtenção
de um estudo mais rigoroso e preciso das bacias hidrográficas indo, por si mesmo, ao encontro
de uma diminuição significativa das margens de risco de erros associados aos estudos das bacias
hidrográficas.
32
ANEXOS
33
140
120
100
80
h (mm)
60
40
20
0
15/02/1956 03/05/1964 20/07/1972 06/10/1980 23/12/1988 11/03/1997 28/05/2005
MINAS DE JALES
Figura 11 - - Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Minas de Jales (1957-2008)
200
180
160
140
120
h (mm)
100
80
60
40
20
0
01/01/1932 01/01/1947 01/01/1962 01/01/1977 01/01/1992 01/01/2007
TORRE DO PINHÃO
Figura 12 – Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Torre do Pinhão (1932-2016)
34
250
200
150
h (mm)
100
50
0
07/11/1932 17/07/1946 25/03/1960 02/12/1973 11/08/1987 19/04/2001
LAMAS DE ALVADIA
Figura 13 – Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Lamas de Alvadia (1934-2008)
300,0
250,0
200,0
h (mm)
150,0
100,0
50,0
0,0
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Figura 14 – Precipitação mensal para os postos udométrico de Minas de Jales (1957-2008), Torre do Pinhão
(1932-2016) e Lamas de Alvadia (1934-2008)
35
4000
3500
3000
2500
h (mm)
2000
1500
1000
500
0
1949
1975
1933
1939
1944
1954
1960
1965
1970
1980
1985
1990
1996
LAMAS DE ALVADIA
2500
2000
1500
h (mm)
1000
500
0
1957
1961
1965
1969
1973
1977
1981
1985
1989
1994
1998
2006
MINAS DE JALES
Figura 16 –- Precipitação anual para o posto udométrico de Minas de Jales (1957-2008)
36
2500
2000
1500
h (mm)
1000
500
1983
1932
1937
1942
1947
1952
1958
1963
1968
1973
1978
1988
1993
1999
2014
TORRE DO PINHÃO
Figura 17 - Precipitação anual para o posto udométrico de Torre do Pinhão (1932-2016)
37