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UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Departamento de Engenharia Civil

Caracterização de uma bacia hidrográfica em


Soutelinho do Amésio

Hidráulica Fluvial

Grupo 1: Realizado por:


Flávia Silva Flávia Silva nº85998
Rafael Marques Rafael Marques nº76362
Ralph Aleixo Ralph Aleixo nº81785

Ano letivo 2019/2020


2
ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
1. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA ...................................... 10
1.1. Localização ........................................................................................................ 10
1.2. Características geométricas ............................................................................... 10
1.3. Sistema de drenagem ..................................................................................... 11
1.3.1. Ordem dos cursos de água ...................................................................... 11
1.3.2. Densidade da drenagem e percurso médio de escoamento superficial ... 11
1.4. Características do relevo ................................................................................ 12
1.4.1. Curva hipsométrica e frequências altimétricas ....................................... 12
1.4.2. Declividade dos terrenos da bacia .......................................................... 13
1.5. Características geológicas .............................................................................. 14
1.6. Revestimento vegetal ..................................................................................... 15
1.7. Tempo de concentração ................................................................................. 16
1.8. Considerações gerais ...................................................................................... 17
2. PRECIPITAÇÃO .................................................................................................. 18
2.1. Identificação dos postos udométricos ............................................................ 18
2.2. Curvas IDF ..................................................................................................... 19
3. CAUDAIS MÁXIMOS NA SECÇÃO................................................................. 20
3.1. Métodos empíricos ......................................................................................... 20
3.2. Fórmulas cinemáticas ou semiempíricas ....................................................... 20
3.3. Métodos estatísticos ....................................................................................... 22
3.4. Considerações gerais ...................................................................................... 23
4. EROSÃO HÍDRICA ............................................................................................. 24
4.1. Erosão hídrica superficial .............................................................................. 24
4.1.1. Fator de erosividade da precipitação ...................................................... 24
4.1.2. Fator de erodibilidade do solo ................................................................ 24
4.1.3. Fator fisiográfico .................................................................................... 24
4.1.4. Fator de técnica cultural.......................................................................... 25
4.1.5. Fator de prática de conservação .............................................................. 25
4.2. Considerações gerais ...................................................................................... 26
5. CARACTERIZAÇÃO DA SECÇÃO TRANSVERSAL..................................... 27
5.1. Caracterização dos sedimentos ...................................................................... 28
5.1.1. Configuração do fundo ........................................................................... 28
6. TRANSPORTE SÓLIDO ..................................................................................... 29
6.1. Transporte sólido por arrastamento................................................................ 30

3
6.2. Transporte sólido por suspensão .................................................................... 30
6.3. Transporte sólido total ................................................................................... 31
7. CONCLUSÕES .................................................................................................... 32

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- bacia hidrográfica a) na carta militar b) mapa via satélite ............................ 10


Figura 2 - sistema de drenagem .................................................................................... 11
Figura 3 - Representação da curva hipsométrica e de frequências altimétricas da bacia
...................................................................................................................................... 13
Figura 4 - perfil longitudinal da linha de água principal .............................................. 13
Figura 5 - carta geológica de Vila Real ........................................................................ 14
Figura 6 – Classificação hidrológica dos solos para Portugal Continental, com
indicação da localização da bacia em estudo ................................................................ 15
Figura 7 - revestimento vegetal da bacia hidrográfica (google maps).......................... 16
Figura 8 - localização dos postos udométricos ............................................................. 18
Figura 9 - secção transversal trapezoidal ...................................................................... 27
Figura 10 - previsão de configurações de fundo ........................................................... 29
Figura 11 - - Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Minas de
Jales (1957-2008).......................................................................................................... 34
Figura 12 – Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Torre do
Pinhão (1932-2016) ...................................................................................................... 34
Figura 13 – Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Lamas de
Alvadia (1934-2008) ..................................................................................................... 35
Figura 14 – Precipitação mensal para os postos udométrico de Minas de Jales (1957-
2008), Torre do Pinhão (1932-2016) e Lamas de Alvadia (1934-2008) ...................... 35
Figura 15 – Precipitação anual para o posto udométrico de Lamas de Alvadia (1934-
2008) ............................................................................................................................. 36
Figura 16 –- Precipitação anual para o posto udométrico de Minas de Jales (1957-
2008) ............................................................................................................................. 36
Figura 17 - Precipitação anual para o posto udométrico de Torre do Pinhão (1932-
2016) ............................................................................................................................. 37

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - coeficiente de compacidade e fator de forma .............................................. 10


Tabela 2 - densidade de drenagem e percurso médio do escoamento superficial ........ 12
Tabela 3 – área acima de uma determinada cota .......................................................... 12
Tabela 4 – índice de declive médio, de Roche e global................................................ 14
Tabela 5 - tempos de concentração da bacia hidrográfica ............................................ 16
Tabela 6 - valores para os parâmetros da curva IDF .................................................... 19
Tabela 7 - valores de intensidade, altura de precipitação e caudal para diferentes
períodos de retorno ....................................................................................................... 19
Tabela 8 - valores dos caudais de ponta obtidos através de métodos empíricos .......... 20
Tabela 9 - valores do tempo de concentração de diferentes fórmulas .......................... 21
Tabela 10 - caudais de ponta obtidos pelas fórmulas cinemáticas ............................... 22
Tabela 11 - caudais de ponta obtidos pelos métodos estatísticos ................................. 22
Tabela 12 - parâmetros para o cálculo de fator fisiográfico ......................................... 25
Tabela 13 - parâmetros para a obtenção da erosão hídrica ........................................... 25
Tabela 14 – parâmetros para a caracterização transversal ............................................ 27
Tabela 15 – características para a classificação do escoamento ................................... 28
Tabela 16 – dimensões dos sedimentos ........................................................................ 28
Tabela 17 – parâmetros para a previsão da configuração do fundo ............................. 28
Tabela 18 – dados para o cálculo do transporte sólido ................................................. 29
Tabela 19 – parâmetros para o cálculo do transporte sólido por arrastamento ............ 30
Tabela 20 - parâmetros para o cálculo do transporte sólido por suspensão.................. 31

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8
INTRODUÇÃO

Este trabalho prático foi realizado por um grupo de três elementos no âmbito da Unidade
Curricular Hidráulica Fluvial.
O presente trabalho consiste no estudo de uma secção de uma linha de água para uma eventual
intervenção fluvial escolhida pelos membros do grupo.
A secção escolhida situa-se na carta militar nº88 fornecida pelo docente da Unidade Curricular,
Professor Carlos Coelho, perto de Soutelinho do Amésio no concelho de Vila Pouca de Aguiar.
A bacia hidráulica correspondente à secção em estudo foi definida limitando as linhas de
cumeada e apresenta cerca de 1.2km².
O objetivo deste relatório é estimar a possibilidade de cheia através do cálculo do caudal de
ponta na secção em questão tendo em conta as características: fisiográficas, do sistema de
drenagem, de relevo geológicas, do revestimento vegetal e térmicas da bacia.
Em estudo estarão também aspetos como a precipitação e caudais que serão analisados com
recurso a dados retirados da plataforma online do Serviço Nacional de Informação de Recursos
Hídricos (SNIRH).

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1. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA

1.1. Localização

A bacia hidrográfica em estudo situa-se a Norte de Portugal, perto de Soutelinho do Amésio


mais propriamente em Vila Pouca de Aguiar, concelho de Vila Real. Pertence à linha de água
do Rio Corgo e está delimitada a vermelho na figura 1.
Na figura 1 é possível visualizar a bacia hidrográfica (delimitada a vermelho) com as respetivas
linhas de água, a azul, na figura 1.

Figura 1- bacia hidrográfica a) na carta militar b) mapa via satélite

1.2. Características geométricas

A bacia pode ser descrita qualitativamente, pela sua forma, e quantitativamente, através do
coeficiente de compacidade e do fator de forma.
Analisando a figura 1 é possível concluir-se que, qualitativamente, a bacia pode ser descrita
como tendo uma forma arredondada, apresentando assim uma elevada tendência para a
ocorrência de cheias pois a água chega mais rápido à secção de saída, em comparação com a
forma alongada e ramificada.
Na tabela 1 é possível visualizar os valores da área (A), do coeficiente de compacidade (Kc) e o
fator de forma (Kf) correspondentes à bacia.

Tabela 1 - coeficiente de compacidade e fator de forma

Área (A) (km2) 1.20


Perímetro (P) (km) 4.60
Comprimento da linha de água principal (L) (km) 1.51
Kc (-) 1.18
Kf (-) 0.530

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1.3.Sistema de drenagem

1.3.1. Ordem dos cursos de água

É possível determinar a ordem do rio principal classificando o grau de ramificações existentes


numa bacia, sendo que a ordem mostra a extensão da ramificação da bacia. A partir da figura 2
conclui-se que o rio principal apresenta ordem três.

Legenda:
Linha de água principal
Linhas de água secundárias
Delimitação da bacia
1,2,3 – Ordens do curso de água

Figura 2 - sistema de drenagem

1.3.2. Densidade da drenagem e percurso médio de escoamento


superficial

A facilidade com que a água atinge a rede hidrográfica classifica-se analisado a densidade da
drenagem, que consiste na relação entre o comprimento total dos cursos de água da bacia e a
área total da mesma.
Valores elevados da densidade de drenagem (λ), traduzem-se numa maior probabilidade de cheia
e, consequentemente, menores tempos de concentração, sendo o tempo de concentração o tempo
que uma gota de água de uma determinada precipitação cai no ponto da bacia mais afastado da
secção de jusante leva a atingir a secção em estudo.

O percurso médio do escoamento superficial (P̅s ), consiste na distância média que uma gota de
água da chuva teria de percorrer caso o escoamento se desse em linha reta, desde o ponto de
queda até ao curso de água mais próximo, e é igual a um quarto do inverso da densidade de
drenagem de água.
Na tabela 2 estão apresentados os valores para o cálculo da densidade de drenagem e do percurso
médio do escoamento superficial.

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Tabela 2 - densidade de drenagem e percurso médio do escoamento superficial

A (km2) 1.20
Somatório do comprimento de todos os cursos de água (α) (km) 4.50
λ (km/km ) 2
3.75
𝐏̅𝐬 (km) 0.067

1.4. Características do relevo

O relevo de uma bacia hidrográfica tem uma grande influência sobre o escoamento que ocorre
ao longo da superfície. Por um lado, o relevo influencia a precipitação, temperatura e
evapotranspiração, que são dependentes da altitude. Por outro lado, influencia a velocidade do
escoamento superficial que é dependente do declive da bacia.
Na tabela 3 são apresentados os valores referentes ao relevo da bacia para a obtenção da curva
hipsométrica (figura 3), das frequências altimétricas (figura 3) e do perfil longitudinal da linha
de água principal (figura 4).

1.4.1. Curva hipsométrica e frequências altimétricas

A curva hipsométrica representa a área da bacia que fica acima de uma determinada cota em
relação ao nível médio do mar. Já a curva das frequências altimétricas relaciona a área das bacias
com as respetivas altitudes, expressa em percentagem da área total. O gráfico das duas curvas
da bacia em estudo está representado na figura 3 com base nos dados da tabela 3.

Tabela 3 – área acima de uma determinada cota

Altitude da secção que define a bacia 825


(m)
Altitude máxima da bacia 1190
Área da bacia entre os 825 e os 850 metros 0,017
Área da bacia entre os 850 e os 900 metros 0,079
Área da bacia entre os 900 e os 950 metros 0,110
Área da bacia entre os 950 e os 1000 metros 0,131
(km2)
Área da bacia entre os 1000 e os 1050 metros 0,194
Área da bacia entre os 1050 e os 1100 metros 0,162
Área da bacia entre os 1100 e os 1150 metros 0,229
Área da bacia entre os 1150 e os 1190 metros 0,278

12
% área total
0 5 10 15 20 25
1200 1170
23,13 Frequências
1150 1125
19,08 altimétricas
1100
Altitudes (m)
1075
1050 13,50
1025
1000 16,17
975 Curva
10,92 925
950 hipsométrica
9,17 875
900
6,61
850 837,5
1,43
800
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Área Acumulada (Km2)

Figura 3 - Representação da curva hipsométrica e de frequências altimétricas da bacia

1250
1200
1150
1100
Altitude (m)

1050
1000
950
900
850
800
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Distância (Km)

Figura 4 - perfil longitudinal da linha de água principal

1.4.2. Declividade dos terrenos da bacia

A declividade dos terrenos de uma bacia permite caracterizar a velocidade com que se dá o
escoamento superficial e, consequentemente, o tempo de concentração da água nos leitos fluviais
da rede de drenagem, afetando a grandeza das pontas de cheia, a maior ou menor oportunidade
de infiltração e a suscetibilidade à erosão dos solos da bacia.
Utilizando o método do retângulo equivalente pretende-se aproximar a bacia a um retângulo de
comprimento Le e largura le com perímetro P e área A tal que:
A = Le le
(1)
P = 2(Le + le )

Le = 1.50 km
le = 0.800 km

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É possível calcular-se o índice: de declive médio (i), de Roche (ip) e global (ig), estes valores
estão apresentados na tabela 5.

Tabela 4 – índice de declive médio, de Roche e global

Cota superior, Zi (m) 1100


Cota inferior, Zi-1 (m) 1050
Distância entre cotas, Xi (km) 0.489
𝐢̅ (%) 10.2
Cota correspondente a 5%, Z5% (m) 876.8
Cota correspondente a 95%, Z95% (m) 1181.4
Comprimento equivalente, Le (km) 1.50
ig (%) 20.3
Cota máxima, Z𝑚á𝑥 (m) 1190
Cota mínima, Zmin (m) 825
Comprimento equivalente, Le (km) 1.5
Ip (%) 24.3

1.5. Características geológicas

A figura 5 representa a caracterização geológica da bacia hidrográfica em estudo, retirada do


portal online do Laboratório Nacional de Engenharia Geológica (LNEG). Do ponto de vista
geológico é possível dizer que toda a bacia é composta por granito de duas micas.

Figura 5 - carta geológica de Vila Real

Do ponto de vista hidrológico, os solos podem ser classificados em quatro diferentes tipos
(figura 6):
 Tipo A (baixo potencial de escoamento superficial) – solos com elevadas intensidades
de infiltração, mesmo quando completamente humedecidos. Incluem principalmente
areias profundas, com drenagem boa ou excessiva;
 Tipo B (potencial de escoamento superficial abaixo da média) – solos com intensidades
de infiltração moderadas, quando completamente humedecidos. Incluem principalmente

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solos medianamente profundos, com textura moderadamente fina e moderadamente
grosseira e medianamente drenados;
 Tipo C (potencial de escoamento superficial acima da média) – solos com baixas
intensidades de infiltração, quando completamente humedecidos. Incluem
principalmente solos com camadas impermeáveis subjacentes e solos com textura
moderadamente fina;
 Tipo D (elevado potencial de escoamento superficial) – solos com intensidades de
infiltração muito baixas, quando completamente humedecidos. Incluem principalmente
solos argilosos expansíveis, solos com o nível freático permanentemente próximo da
superfície e solos com substratos impermeáveis a pouca profundidade.

Figura 6 – Classificação hidrológica dos solos para Portugal Continental, com indicação da
localização da bacia em estudo

Com base nas informações acima descritas conclui-se que a bacia hidrográfica em estudo se
situa em terrenos do tipo hidrológico C.

1.6. Revestimento vegetal

A vegetação tem uma grande importância no estudo do comportamento hidrológico pois, esta
reduz a velocidade de escoamento e, consequentemente, reduz os fenómenos de erosão
favorecendo assim a infiltração. Quando maior a percentagem de vegetação menor a ocorrência
de grandes cheias e maior as reservas subterrâneas.

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Analisando a figura 6, é possível identificar-se uma predominância de área florestal na área da
bacia em estudo (delimitada a vermelho).

Figura 7 - revestimento vegetal da bacia hidrográfica (google maps)

1.7.Tempo de concentração

O tempo de concentração (tc) é o tempo necessário para que toda a área da bacia contribua para
o escoamento superficial na secção de saída, ou seja, o tempo necessário para que uma gota
caída no ponto mais afastado da bacia chegue à secção de saída. Assim, o tempo de concentração
foi calculado tendo em conta as duas fórmulas cinemáticas: fórmula de Giandotti e de Kirpich,
valores apresentados na tabela 5.

Tabela 5 - tempos de concentração da bacia hidrográfica

𝐭𝐜
(𝐡𝐨𝐫𝐚𝐬)
Giandotti 0.55
Kirpich 0.16

Como os valores apresentados na tabela 5 são bastante distintos é necessário adotar um valor
para efeitos de cálculos. O valor adotado foi o valor médio entre os dois valores da tabela 5,
assim sendo:
t c = 0.35 horas

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1.8.Considerações gerais

Face às características geométricas é possível concluir-se, relativamente à tabela 1 que, como o


valor do coeficiente de compacidade é próximo de 1 e o fator de forma é baixo (0,53), a bacia
apresenta uma elevada tendência para grandes cheias estando assim de acordo com a análise em
relação à forma da mesma.
Em relação ao sistema de drenagem, como o valor da densidade de drenagem é próximo de
3,5km/km2, é possível dizer que se trata de uma bacia excecionalmente bem drenada, o que
reforça a ideia da elevada tendência para grandes cheias na secção em estudo.
Através da curva hipsométrica, figura 3, observa-se que o terreno da bacia possui declives
acentuados, que se agravam no início e no fim do perfil. No gráfico das frequências altimétricas
figura 3, sendo um gráfico que relaciona a área entre duas curvas de nível com a área total,
conclui-se que cerca de 70% da área total da bacia se situa entre os 1000 e 1200 metros de
altitude, sendo essa percentagem de área menor à medida que se vai diminuindo a altitude.
Através do perfil longitudinal e dos valores de declive médio ou índice de Roche de 24,3%, e o
índice de declive global de 20,3% retiradas as inclinações dos 5 e 95 %, calcularam-se também
outros fatores relevantes para a caracterização do relevo tais como o coeficiente de massividade
(Cm) e o coeficiente orográfico (Co), obtendo-se os valores de 193,45 m/Km2 e 44907,32
m2/Km2.
Com estes valores pode-se concluir, que a bacia é uma bacia pequena e apresenta um relevo com
grandes declives (ou seja, declives acentuados) apresentando consequentemente uma energia
potencial da água elevada.

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2. PRECIPITAÇÃO

2.1. Identificação dos postos udométricos

A fim de se determinar a precipitação é necessário recorrer a postos udométricos e


meteorológicos perto da bacia hidrográfica em estudo. A partir do Sistema Nacional de
Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) podem-se encontrar as seguintes estações:

 Gouvães da Serra (05K/01U); Altitude:971m; Latitude:41.47796ºN; Longitude: -


7.729211ºW)
 Lamas de Alvadia (05K/02UG); Altitude:964m; Latitude:41.452ºN; Longitude: -7.757ºW)
 Minas de Jales (05L/02C); Altitude:853m; Latitude:41.463795ºN; Longitude: -7.589765ºW)
 Torre do Pinhão (05L/03UG); Altitude:661m; Latitude:41.372ºN; Longitude: -7.61ºW

É importante referir que, o posto udométrico de Gouvães da Serra não foi considerado devido a
ter poucos anos de registos (em comparação aos outros postos udométricos com pelo menos 40
anos de registos) e à pouca fiabilidade dos dados retirados do SNIRH.

Gouvães da Serra Legenda:


Minas de Jales
Gouvães da Serra
Bacia hidrográfica
\
Área de influência do
posto de Minas de Jales

Área de influência do
posto de Torre do Pinhão
Lamas de Alvadia
Área de influência do
posto de Lamas de Alvadia

Área de influência do
posto de Gouvães da Serra

Torre do Pinhão

Figura 8 - localização dos postos udométricos

Pelo método de Thiessen é possível ponderar a precipitação de uma bacia com base nas
informações recolhidas pelos postos udométricos localizados perto da bacia.
Na figura 8 estão representados os postos udométricos, assim como as suas áreas de influência
e a bacia em estudo sendo possível observar que a bacia se encontra na área de influencia do
posto udométrico de Lamas de Alvadia.

18
Os valores da precipitação máxima diária anual, mensal e máxima anual foram registados para
os postos de Mina de Lajes e Torre do Pinhão. As figuras referentes aos gráficos das
precipitações encontram-se em anexo.

2.2. Curvas IDF

As curvas de Intensidade-Duração-Frequência (curvas IDF) relacionam a intensidade de


precipitação (mm/h) com a duração (minutos) para um determinado tempo de retorno. Para
determinar a intensidade e a altura de precipitação é necessário determinar os parâmetros a’ e
n’, parâmetros estes que dependem da região pluviométrica e do tempo de concentração, que se
considera em minutos. A tabela 6 mostra os valores de a’ e n’, para os determinados períodos de
retorno, considerando a região em estudo a região pluviométrica B, pois a bacia em estudo se
situa na zona de Lamas de Alvadia.
A tabela 7 mostra os valores de intensidade de precipitação (I), a altura de precipitação (h) e o
caudal (Q) para os vários períodos de retorno.

Tabela 6 - valores para os parâmetros da curva IDF

Período de
a’ n’
retorno, T(anos)
2 162.18 -0.577
5 207.41 -0.562
10 232.21 -0.549
20 254.19 -0.538
50 279.63 -0.524
100 292.5 -0.508

Tabela 7 - valores de intensidade, altura de precipitação e caudal para diferentes períodos de retorno

Período de retorno, T I h Q
(anos) (mm/h) (mm) (m3/s)
2 31.2 9.05 8.4
5 41.6 12.1 11.2
10 48.4 14.04 13.0
20 54.6 15.9 14.7
50 62.6 18.2 16.8
100 68.5 19.9 18.4

19
3. CAUDAIS MÁXIMOS NA SECÇÃO

3.1. Métodos empíricos

Os métodos empíricos são baseados em experiências, e estão relacionados com a área da bacia
em estudo. Existem três fórmulas que se relacionam apenas com a área da bacia (fórmula de:
Whistler, Plagiaro e Forti). Como a área da bacia é relativamente pequena utilizou-se a fórmula
de Plagiaro que é utilizada para áreas inferiores a 1000km2 e a de Forti que é utlizada para áreas
inferiores a 1000km2 e precipitação máxima diária inferior a 400mm.
Para além das três fórmulas que apenas se relacionam com a área da bacia, existe a fórmula de
Iskowski.
Na tabela 8 estão apresentados os valores do caudal de ponta (Qp) a partir de cada uma das
fórmulas acima referidas.

Tabela 8 - valores dos caudais de ponta obtidos através de métodos empíricos

Qp
Fórmula de:
(m3/s)
Pagliaro 38,16
Forti 11,77
Iskowski 1,90

É de notar uma grande diferença para o valor de caudal de ponta utilizando a fórmula de
Iskowski, sendo que para a aplicação desta fórmula considerou-se um terreno constituído por
montes de altura média e colinas escarpadas, em que o solo é pouco permeável e apresenta uma
área de 1,2 km2 (1 km2<A<10 km2) correspondendo por interpolação a um coeficiente m de 9,82.
Foi considerado para a precipitação média anual a média dos valores médios anuais registado
para o posto pluviométrico de Lamas de Alvadia.

3.2. Fórmulas cinemáticas ou semiempíricas

Estas fórmulas têm em consta as características do movimento da água na bacia hidrográfica


tais como: o tempo de concentração, chuvada crítica, entre outros.
Para o cálculo do tempo de concentração (tc) foram utlizadas as fórmulas de Giandotti e Kirpich,
presentes na tabela 9.

20
Tabela 9 - valores do tempo de concentração de diferentes fórmulas

tc
Fórmula de:
(horas)
Giandotii 0,55
Kirpich 0,16
Média 0,35

Devido à diferença entre os valores, o tempo de concentração adotado foi a média entre o
resultado da fórmula de Giandotti e Kirpich sendo 0,35h o que corresponde a 21 minutos.
É possível calcular o caudal de ponta (Qp) a partir da fórmula: Racional, de Giandotti, do Soil
Conservation Service (SCS) e de Mokus.

 Fórmula Racional: utilizada em bacias relativamente pequenas (com área inferior a


25km2), onde o caudal é definido em função do coeficiente de escoamento (c) que
depende das características do terreno (considerou-se c=0.5 correspondente a áreas
bosques e florestais, solos delgados sobre zona impermeável xisto), da intensidade
média que corresponde à intensidade média do valor máximo de precipitação para uma
determinada ocorrência (i̅) e da área da bacia (A).

 Fórmula de Giandotti: relaciona a área da bacia com um respetivo parâmetro (λ) que
depende da mesma (considerou-se λ=0.224), com a altura de precipitação máxima para
determinada frequência de ocorrência (h) e com o tempo de concentração (tc).

 Fórmula do Soil Conservation Service: depende do fator de ponta (k) que assume o valor
considerado habitual (k=0.75), da área da bacia, da altura de precipitação útil (hu) e o
tempo de ponta (tp). Para obter o valor do caudal de ponta é necessário recorrer-se a um
processo iterativo.

 Fórmula de Mokus: utilizada em bacias com o tempo de concentração inferior a 4horas.


É semelhante à fórmula SCS com a diferença que não necessário recorrer-se a um
processo iterativo pois admite-se que o caudal de ponta corresponde a uma precipitação
útil com duração superior a duas vezes a raiz do tempo de concentração.

Na tabela 10 estão apresentados os valores dos caudais de ponta obtidos pelas diferentes
fórmulas para diversos períodos de retorno.

21
Tabela 10 - caudais de ponta obtidos pelas fórmulas cinemáticas

Qp
Período de retorno.
(m3/s)
T
Fórmula Fórmula de Fórmula do Soil Fórmula de
(anos) Média
Racional Giandotti Conservation Service Mokus
2 3.72 7.51 1.52 2.08 3.94
5 4.99 10.1 2.69 2.81 5.45
10 5.81 11.7 3.60 3.61 6.55
20 6.57 13.3 4.53 4.45 7.61
50 7.55 15.2 5.80 5.61 9.01
100 8.29 16.7 6.91 6.64 10.2

3.3. Métodos estatísticos

Os métodos estatísticos são métodos que recorrem às noções estatísticas, aplicadas a séries de
registos ao longo do tempo. Não se aplicam só aos caudais de cheia, mas também às
precipitações. Para se obter os valores dos caudais de ponta recorreu-se ao método de Gumbel-
Chow, de Foster-Hazen e à fórmula de Loureiro.

 Método de Gumbel-Chow:
 Método de Foster-Hazen:
 Fórmula de Loureiro:

Tabela 11 - caudais de ponta obtidos pelos métodos estatísticos

Qp
Período de retorno,
(m3/s)
T
Método de Gumbel- Fórmula de Foster- Fórmula de
(anos) Média
Chow Hazen Loureiro
2 0.983 - - 0.983
5 1.51 1.51 3.30 2.11
10 1.87 - 4.31 3.09
20 2.20 2.02 - 2.11
50 2.64 - 6.11 4.38
100 2.97 2.49 7.07 4.18
1000 4.05 3.08 9.93 5.69

22
3.4. Considerações gerais

Analisando a tabela 4, 5 e 6 conclui-se que existe uma grande gama de valores, sendo uns
elevados e outros bastante diminutos. Com isto e para um período de retorno de 2 anos, visto
que seria o período que mais incertezas suscitaria no imediato, conclui-se que o caudal de ponta
de cheia mais elevado se verificou para a fórmula de Giandotti, com valor de 5.14 m3/s, enquanto
o mais baixo se verificou para o método de Gumbel-Chow e para a fórmula do SCS com valor
de 0.17 m3/s.
Conclui-se então que os métodos empíricos poderão não ser os melhores para o cálculo
dos caudais de ponta de cheia pois a maioria dos métodos apenas se relaciona com a área da
bacia hidrográfica em estudo, deixando de parte aspetos bastante importantes como, por
exemplo, a precipitação, tipo e características do solo, relevo da bacia, entre outras variáveis que
são utilizadas nos métodos cinemáticos. Sendo este um caso de estudo académico, considera-se
que os caudais de ponta de cheia a considerar serão a média dos caudais devido à discrepância
dos valores obtidos.

23
4. EROSÃO HÍDRICA

4.1. Erosão hídrica superficial

A erosão é uma das formas mais prejudiciais de degradação do solo. Além de reduzir o potencial
produtivo das culturas, pode causar sérios danos ambientais, como poluição dos meios híbridos,
com a consequente alteração dos ecossistemas aquáticos e assoreamento dos cursos de água.
Uma forma de prever a erosão hídrica superficial é utilizando a Universal Soil Loss Equation
(USLE) presente na equação 2, em que a perda de solo/erosão específica (A) é dada em função
do fator: de erosividade de precipitação (R), de erodibilidade do solo (K), de comprimento (L),
de declive (S), de técnica cultural (C), e de prática de conservação (P).
Todos os valores dos fatores como o valor da erosão hídrica estão presentes na tabela 13.
A = RKLSCP (2)

4.1.1. Fator de erosividade da precipitação

Este fator pode ser determinado através de três fórmulas estabelecidas para diferentes estações
udométricas: Vale Formoso, Portela e Sassoeiros. A estação escolhida foi a estação de Vale
Formoso pois é a estação mais próxima da bacia em estudo obtendo-se um valor de 9357.7 MJ
mm/ha/h

4.1.2. Fator de erodibilidade do solo

Este fator depende do teor em siltes ou areia fina, teor em areia, percentagem de matéria
orgânica, textura do solo e permeabilidade do solo, como todos estes parâmetros são
desconhecidos optou-se por adotar um valor de 0,05 ton h/MJ/mm. Para tal, assumiu-se um solo
com permeabilidade lenta e com uma estrutura granular fina: 3% matéria orgânica, 20% areias
e 65% para limos e areias muito finas.

4.1.3. Fator fisiográfico

Resulta do produto do fator de comprimento e de declive. Este fator calcula-se a partir de vários
aspetos como as inclinações e o comprimento acumulado de cada encosta, onde as inclinações
são ordenadas de montante para jusante, sendo ambos retirados do retângulo equivalente. Usa-
se ainda o parâmetro m e o fator de declive, parâmetro S, em que ambos os parâmetros dependem
dos declives de cada encosta. Tendo em conta estes parâmetros presentes na tabela 12, calculou-
se e obteve-se um fator fisiográfico, LS, com um valor de 34.06.

24
Tabela 12 - parâmetros para o cálculo de fator fisiográfico

Comprimento
Intervalo de Altitude Declive 𝜽𝒊 λ
em cada mi Si δi δi*Si
(m) (%) (º) (m)
intervalo (km)
1150 1190 0.347 11.53 6.64 0.500 1.44 346.88 1374.2 1981.08
1100 1150 0.286 17.47 10.11 0.500 2.45 633.13 2014.5 4934.20
1050 1100 0.203 24.69 14.44 0.500 3.69 835.63 1749.6 6455.70
1000 1050 0.243 20.62 11.98 0.500 2.99 1078.13 2391.9 7147.69
950 1000 0.164 30.53 18.06 0.500 4.71 1241.88 1779.2 8376.51
900 950 0.138 36.36 21.80 0.500 5.74 1379.38 1588.1 9116.21
850 900 0.099 50.44 31.63 0.500 8.31 1478.50 1195.5 9935.45
825 850 0.022 116.28 132.55 0.500 11.88 1500.00 264.7 3144.19
∑= 1.500 ∑= 51091.0

4.1.4. Fator de técnica cultural

O fator de técnica cultural está tabelado e toma valores entre 0 e 1 consoante o solo está
completamente coberto ou completamente nu. Tendo em conta que a bacia em estudo está numa
zona florestal adotou-se para o fator C um valor de 0.04, correspondendo a uma zona florestal
com árvores a ocupar 40% a 70% da área, estando aproximadamente 80% da área coberta por
manta morta com o sub-coberto intensamente pastado e queimado.

4.1.5. Fator de prática de conservação

O fator de prática de conservação é tabelado, sendo que este depende da inclinação do solo.
Traduz os efeitos das medidas de controlo da erosão através da redução da velocidade de
escoamento superficial. Como o valor da inclinação média do solo encontra-se no intervalo de
19% a 24% e considerou-se técnicas de cultivo em curvas de nível, admitiu-se um valor de P
igual a 0,9.

Tabela 13 - parâmetros para a obtenção da erosão hídrica

R (MJ mm/ha/h) 9357.7


K (ton h/MJ/mm) 0.05
LS 34.06
C 0.04
P 0.9
A (ton/ha/ano) 573.7

25
4.2. Considerações gerais

Tendo em conta todos os fatores acima calculados, determinou-se a perda de solo, obteve-se um
valor de 573.7 ton/ha/ano. Pode-se concluir que a bacia é muito inclinada e a zona é
desprotegida, devido à pouca vegetação rasteira. Consequentemente, conclui-se que a energia
potencial da água não vai ser parcialmente absorvida pela vegetação, o que provoca um elevado
poder erosivo sobre o solo.

26
5. CARACTERIZAÇÃO DA SECÇÃO TRANSVERSAL

De forma a se caracterizar a secção transversal da linha de água da bacia em estudo, arbitraram-


se algumas das suas características. Admitiu-se que se trata de uma secção trapezoidal com uma
base b, com um coeficiente de rugosidade KS e a inclinação da margem (H/V), tendo em conta
um caudal de ponta médio para um período de retorno de 2 anos, sendo este o mais habitual para
este tipo de leito. A partir do valor médio do caudal de ponta (QP), procedeu-se a determinação
da altura da água através da fórmula de Manning-Strickler. Na tabela 14 estão representados os
parâmetros de caracterização da secção transversal e, também, a secção trapezoidal como se
verifica na figura 8.

Figura 9 - secção transversal trapezoidal

Tabela 14 – parâmetros para a caracterização transversal

Qp (m3/s) 7.51
i (m/m) 0.203
b (m) 10.0
H:V (-) 2:1
Ks (m1/3/s) 40
Raio hidráulico, R (m) 0.145
Perímetro molhado, P (m) 10.7
Área da secção, S (m2) 1.55
h (m) 0.150
hc (m) 0.380

De seguida, procedeu-se à classificação do escoamento através do cálculo do número de


Reynolds (Re) e do número de Froude (Fr).

27
Tabela 15 – características para a classificação do escoamento

U (m/s) 4.86
2
ν (m /s) 1,00x10-6
Fr (-) 4.08
Re (-) 703674

Pela análise da tabela 15 pode-se concluir que como o número de Froude é superior a 1, o
escoamento classifica-se como rápido. Em relação ao número de Reynolds, como este é superior
a 2000 considera-se um valor muito elevado logo o escoamento é turbulento o que corresponde
a uma trajetória mal definida.

5.1. Caracterização dos sedimentos

Para a determinação das dimensões dos sedimentos, segundo os dados de uma dissertação de
estudo de incorporação de agregados, retirou-se uma curva de distribuição granulométrica de
uma areia de xisto, pois a bacia hidrográfica em estudo situa-se numa zona que é composta por
xistos.
Como esta granulometria é apenas exemplificativa, pode não corresponder à realidade da zona
onde está a bacia hidrográfica em estudo. Na tabela 16 constam os dados referentes as dimensões
dos sedimentos.

Tabela 16 – dimensões dos sedimentos

d5 d15.9 d20 d35 d50 d84.1 d90


(mm)
0.033 0.055 0.062 0.895 1.3 22 32

5.1.1. Configuração do fundo

Com base no cálculo do quadrado do número de Froude e da relação entre o número de Froude
e o inverso da rugosidade relativa obtêm-se os valores presentes na tabela 17.

Tabela 17 – parâmetros para a previsão da configuração do fundo

D50 (m) 0.0013


Fr2 17
Z 232

28
Figura 10 - previsão de configurações de fundo

Por observação da figura 10, que corresponde à previsão de configuração do fundo retirado da
sebenta fornecida pelo docente da Unidade Curricular conclui-se que o fundo da área em estudo
é regime superior.

6. TRANSPORTE SÓLIDO

Uma vez iniciado o transporte sólido por arrastamento, o escoamento da água sobre um fundo
móvel interatua com ele, modelando-o e dando origem a diferentes configurações fundo.
Recorrendo ao método de Van Rijn, determinou-se o transporte por arrastamento no fundo, em
suspensão e total. Os valores utilizados nesta estimativa estão representados na tabela 18.

Tabela 18 – dados para o cálculo do transporte sólido

Caudal unitário, q (m3/s/m) 7.51


i (m/m) 0.203
d35 0.895
d50 (mm) 1.3
d90 32
Coeficiente de graduação, τD (-) 1.5
Relação entre pesos volúmicos, S (-) 2.78
ν (m2/s) 1.00x10-6
Porosidade, p (-) 0.45
γ 27.3
(kN/m3)
γw 9.8
Densidade, p 1000
Raio hidráulico, R (m) 0.14
U (m/s) 4.86
h (m) 0.15

29
6.1. Transporte sólido por arrastamento

Para o cálculo do transporte sólido por arrastamento em volume é necessário conhecer-se o


parâmetro adimensional da dimensão das partículas (D*), o parâmetro adimensional de Shields
(YCR), a tensão crítica de arrastamento (τc), velocidade crítica de atrito junto ao fundo, (µ*,c), o
coeficiente de Chézy correspondente à rugosidade do grão (c’), velocidade de atrito junto ao
fundo associada à rugosidade do grão (μ’*).
Se a velocidade de atrito junto ao fundo associada à rugosidade do grão for superior à velocidade
crítica de atrito junto ao fundo existe transporte. Havendo transporte, calcula-se o parâmetro
adimensional de capacidade de transporte (T) e por fim, o volume de transporte sódio
transportado por arrastamento.

Tabela 19 – parâmetros para o cálculo do transporte sólido por arrastamento

D* 33.7
Ycr 0.0281
τc 0.639
μ*,c 0.0253
(-)
K’ 0.0960
C’ 22.64
μ’* 0.672
T 706.9
(m3/s/m) 3.48
qf,v
(m3/ano/m) 109771783

6.2. Transporte sólido por suspensão

Para se saber o caudal sólido em suspensão é necessário primeiro calcular-se os seguintes


parâmetros: altura (a) e concentração (Ca) de referência, diâmetro representativo do material
transportado em suspensão (Ds), velocidade de queda (ωs) e de atrito junto ao fundo (u*),
coeficiente β’ que corresponde à relação entre o coeficiente de difusão de sedimentos e a
viscosidade aparente, correlação do número de Rouse (ϕ’), número de Rousse corrigido (y’*) e
a variável auxiliar (Fr).

30
Tabela 20 - parâmetros para o cálculo do transporte sólido por suspensão

a (m) 0.096
Ca (-) 1.33
Ds (mm) 0.00618
ws (m/s) 0.327
μ* (m/s) 0.537
B’ 1.74
ϕ’ 2.24
(-)
ϕ’* 3.11
Fr 4.22
qs,v (m3/s/m) 4.09
qs,v (m3/ano/m) 128898533

6.3. Transporte sólido total

O transporte sólido total é a soma das duas parcelas: transporte por arrastamento e em suspensão,
obtendo-se um valor de 2.39x108 m3/ano/m.
É necessário salientar que estes valores foram obtidos tendo em vista a situação mais
desfavorável, onde se considerou ocorrência de precipitação durante os 365 dias anuais, num
período de retorno de 2 anos, para um caudal de ponta de cheia e com uma granulometria
arbitrada do solo que a zona em estudo pode conter. Assim, o valor do transporte sólido obtido
tem uma natureza extrema, que deverá ser superior ao valor real existente na área de estudo.

31
7. CONCLUSÕES

Finalizou-se a análise da bacia hidrográfica em estudo tendo concluindo, numa primeira fase,
que esta é de forma alongada, muito bem drenada e menos propícia à ocorrência de cheias
apresentando um declive acentuado numa zona florestal. Através da análise das precipitações
conclui-se que a bacia se situa numa zona com bastante precipitação durante os meses de Inverno
e alguma precipitação durante os meses de Verão. Sendo uma bacia em que as linhas de água
são perenes (ou seja, possuem água durante todo ano) podemos afirmar que a precipitação
ocorrida nesse local é um dos fatores que contribuem para tal facto.
O transporte sólido obtido poderá não corresponder ao valor real da bacia em estudo, pois foi
obtido fazendo cálculos para a situação mais desfavorável para um período de retorno de 2 anos.
Um dos aspetos que poderá ter, também, influenciado esse valor do transporte sólido foi a
granulometria considerada, pois foram considerados valores exemplificativos.
Em última análise, conclui-se que é necessário para o estudo de uma bacia hidrográfica o
conhecimento da geologia do local, tal como a vegetação, características do solo e do clima da
zona. Estes e outros aspetos abordados anteriormente são pontos fundamentais para a obtenção
de um estudo mais rigoroso e preciso das bacias hidrográficas indo, por si mesmo, ao encontro
de uma diminuição significativa das margens de risco de erros associados aos estudos das bacias
hidrográficas.

32
ANEXOS

33
140

120

100

80
h (mm)

60

40

20

0
15/02/1956 03/05/1964 20/07/1972 06/10/1980 23/12/1988 11/03/1997 28/05/2005

MINAS DE JALES

Figura 11 - - Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Minas de Jales (1957-2008)

200
180
160
140
120
h (mm)

100
80
60
40
20
0
01/01/1932 01/01/1947 01/01/1962 01/01/1977 01/01/1992 01/01/2007

TORRE DO PINHÃO

Figura 12 – Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Torre do Pinhão (1932-2016)

34
250

200

150
h (mm)

100

50

0
07/11/1932 17/07/1946 25/03/1960 02/12/1973 11/08/1987 19/04/2001

LAMAS DE ALVADIA

Figura 13 – Precipitação diária máxima anual para o posto udométrico de Lamas de Alvadia (1934-2008)

300,0

250,0

200,0
h (mm)

150,0

100,0

50,0

0,0
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

Lamas Minas Pinhão

Figura 14 – Precipitação mensal para os postos udométrico de Minas de Jales (1957-2008), Torre do Pinhão
(1932-2016) e Lamas de Alvadia (1934-2008)

35
4000

3500

3000

2500
h (mm)

2000

1500

1000

500

0
1949

1975
1933

1939

1944

1954

1960

1965

1970

1980

1985

1990

1996
LAMAS DE ALVADIA

Figura 15 – Precipitação anual para o posto udométrico de Lamas de Alvadia (1934-2008)

2500

2000

1500
h (mm)

1000

500

0
1957

1961

1965

1969

1973

1977

1981

1985

1989

1994

1998

2006

MINAS DE JALES
Figura 16 –- Precipitação anual para o posto udométrico de Minas de Jales (1957-2008)

36
2500

2000

1500
h (mm)

1000

500

1983
1932

1937

1942

1947

1952

1958

1963

1968

1973

1978

1988

1993

1999

2014
TORRE DO PINHÃO
Figura 17 - Precipitação anual para o posto udométrico de Torre do Pinhão (1932-2016)

37

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