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RIO - Como acontece na maioria das startups — onde o forte é o ambiente de inovação —, a equipe
da Tecverde, da área de construção civil, vivia tendo muitas ideias. Tirá-las do papel, no entanto,
era um pouco mais difícil: em muitos dos casos, ninguém ficava responsável por tocar o projeto,
que morria sem ser levado à frente. Até que a empresa resolveu investir em uma consultoria de
design thinking , conjunto de técnicas que ajuda justamente a formular melhor os pensamentos em
uma companhia, estruturando produtos, estratégias e a própria gestão do negócio.
O diferencial do design thinking está justamente na forma de apresentar, estruturar e testar ideias.
No lugar de usar apenas apresentações de Power Point, entram cartolina, maquetes e, às vezes,
até brinquedos para expressar o pensamento. É o que os designers estão acostumados a fazer com
produtos: protótipos. No caso da Tecverde, não foram necessários tantos aparatos, mas a
consultoria serviu para deixar as reuniões mais interativas, como conta Débora Rocha, gerente de
experiência de consumo da empresa paranaense, que queria melhorar a interação com seus
clientes.
— Contratamos a Designit (consultoria de design thinking ) para modelar o negócio, para que o
consumidor entendesse melhor nossos serviços. Usamos painéis de fotos, que eles chamam de
multiboards. Depois disso, eles pegaram esses insights e montaram um quadro, mostrando quais
pontos os clientes dão valor — conta a executiva, que destaca como o principal resultado o
aplicativo e a área do cliente na internet, até então uma deficiência da empresa.
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Para a especialista em design thinking Juliana Bach, que fez mestrado sobre o assunto na
Alemanha, o modelo ainda é pouco aplicado pelas empresas brasileiras, principalmente as de
menor porte.
— Infelizmente, esse tipo de pensamento não é totalmente corrente. Mas à medida que a cultura
da empresa muda, que vira a chavinha, não tem volta. Para as empresas menores, principalmente
as startups, focadas em tecnologia, o importante é que às vezes elas se focam demais na tecnologia.
O design thinking traz a ideia de que a tecnologia serve à produção — afirma Juliana. — As
pequenas empresas conseguem fazer essa mudança de mentalidade com muito menos dor. As
grandes têm mais dificuldade. Todo mundo quer ser um Google, um Facebook, mas sem abrir mão
do controle de horários dos funcionários, por exemplo.
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Além disso, empresa está desenvolvendo produtos que podem ser úteis para as pequenas e
médias, como o Groundbreaker, espécie de “bolsa de valores” de ideias. Por meio de um ambiente
virtual, funcionários podem apostar moedas virtuais em sugestões de projetos. A MJV ainda não
definiu como cobrará pelo uso da plataforma, mas destaca que é um serviço adaptável a qualquer
tipo de negócio.
VALE A PENA?
De acordo com especialistas, é comum que a aplicação de design thinking venha associada a outro
conceito, o chamado lean startup (em tradução livre, algo como “startup enxuta”), que tem como
mote o desenvolvimento acelerado, com o mínimo possível, de uma empresa. Mas é preciso que
cada empresa avalie suas próprias necessidades, como alerta o professor Marcelo Aidar, da
Fundação Getulio Vargas, destacando as diferenças entre o lean e o tradicional plano de negócios,
que prevê um desenvolvimento mais lento.
— Tem muita gente que acha que o plano de negócios não é nem mais tão útil, não sou partidário
disso. Particularmente, não gosto de modismo. Hoje, só se fala em design thinking . Acho que isso é
legal, mas eu particularmente acho que o plano de negócios tem seu papel — afirma Aidar.
Apesar da ponderação, o especialista diz que a aplicação do design thinking pode ser muito útil,
principalmente se o objetivo da empresa é criar um novo modelo de negócios, o que não é
exclusivo para startups altamente tecnológicas.
— Lavagem de carro a seco no shopping, por exemplo, pode ser um modelo de negócios inovador.
E isso não faz da empresa uma firma de base tecnológica — afirma.