Você está na página 1de 7

Resumo

A Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e O objetivo do presente artigo é apresentar a
Classificação Internacional de Funcionalida-
Saúde da Organização Mundial da de, Incapacidade e Saúde (CIF), que faz par-
te da “família” de classificações desenvolvi-
Saúde: Conceitos, Usos e da pela Organização Mundial da Saúde
Perspectivas (OMS). São apresentados o histórico e o pro-
cesso de revisão da classificação anterior -
Classificação Internacional de Deficiências,
Incapacidades e Desvantagens (CIDID)- que
The International Classification of deram origem à atual classificação - CIF. O
modelo da CIF substitui o enfoque negativo
Functioning, Disability and Health: da deficiência e da incapacidade por uma
perspectiva positiva, considerando as ativi-
Concepts, Uses and Perspectives dades que um indivíduo que apresenta alte-
rações de função e/ou da estrutura do cor-
po pode desempenhar, assim como sua par-
ticipação social. A funcionalidade e a inca-
pacidade dos indivíduos são determinadas
pelo contexto ambiental onde as pessoas vi-
vem. A CIF representa uma mudança de
paradigma para se pensar e trabalhar a defi-
ciência e a incapacidade, constituindo um
instrumento importante para avaliação das
condições de vida e para a promoção de
políticas de inclusão social. A classificação
vem sendo incorporada e utilizada em di-
versos setores da saúde e equipes multidis-
ciplinares. No entanto, será mais adequada
à medida que for utilizada por um número
maior de profissionais, em locais diversos e
a partir de pessoas e realidades diferentes.

Palavras–chave: Classificação Internacio-


nal de Funcionalidade, Incapacidade e Saú-
de. Organização Mundial da Saúde. Pessoas
com deficiência.

Norma Farias1*
Cassia Maria Buchalla2
1
Instituto de Saúde - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. São Paulo, SP,
Brasil.
2
Departamento de Epidemiologia- Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil

*Correspondência: Norma Farias. Instituto de Saúde, Rua Santo Antônio, 590, 01314-000 São
Paulo, SP, Brasil. E-mail: norma@isaude.sp.gov.br

Rev Bras Epidemiol


187 2005; 8(2): 187-93
Abstract Uma das missões da Organização Mun-
dial da Saúde - OMS consiste na produção
The aim of this article is to present the Inter- de Classificações Internacionais de Saúde
national Classification of Functioning, Disabil- que representam modelos consensuais a
ity and Health (ICF), which comprises the serem incorporados pelos Sistemas de Saú-
“family” of classifications of the World Health de, gestores e usuários, visando a utiliza-
Organization (WHO). This study presents the ção de uma linguagem comum para a des-
background and the process of reviewing the crição de problemas ou intervenções em
previous classification, the International Clas- saúde1.
sification of Impairments, Disabilities, and O propósito de “A Família de Classifica-
Handicaps (ICIDH), on which the current ções Internacionais” da OMS (WHO Family
classification was based. The framework of of International Classifications - WHO-FIC)
ICF replaces the negative perspective of im- consiste em promover a seleção apropria-
pairment and disability with a positive stand- da de classificações em vários campos da
point, considering the activities that a person saúde em todo o mundo. Estas facilitam o
with alterations in body functions and/or levantamento, consolidação, análise e in-
structures can perform, and also their social terpretação de dados; a formação de bases
participation. The functioning and impairment de dados nacionais consistentes, e permi-
are determined by the environmental con- tem a comparação de informações sobre
text where people live. The ICF represents a populações ao longo do tempo entre re-
change on the paradigm for thinking and giões e países1.
working impairment and disability, establish- As condições de saúde relacionadas às
ing an important instrument to evaluate the doenças, transtornos ou lesões são classifi-
living conditions and to improve social inclu- cadas na CID-10 (Classificação Estatística In-
sion policies. The classification has been in- ternacional de Doenças e Problemas Relaci-
corporated and is being used by different pro- onados à Saúde, 10a Revisão) que fornece um
fessionals in several healthcare sectors. Nev- modelo baseado na etiologia, anatomia e
ertheless, it will become more adequate as it causas externas das lesões2. Dessa forma, a
is used by a greater number of professionals CID-10 constitui um instrumento útil para
working in different contexts and with a wider as estatísticas de saúde, tornando possível
range of patients. monitorar as diferentes causas de morbi-
dade e de mortalidade em indivíduos e po-
Key Words: International Classification of pulações.
Functioning. Disability and Health. World A necessidade de se conhecer o que
Health Organization. Persons with impair- acontece com os pacientes após o diag-
ment. nóstico, com o decorrer do tempo, princi-
palmente em relação às doenças crônicas
e aos acidentes, torna-se cada vez mais im-
portante para a área da saúde. Conhecer
as causas de morte e as doenças mais fre-
qüentes, em época que a expectativa de
vida aumenta e a tecnologia ajuda a medi-
cina a prolongar a vida humana, pode não
ser suficiente para o planejamento de ações
de saúde.
Esta comunicação tem como objetivo
apresentar os pontos fundamentais desse
novo modelo da Organização Mundial da
Saúde, a Classificação Internacional de Fun-
cionalidade, Incapacidade e Saúde, CIF.

Rev Bras Epidemiol A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde


2005; 8(2): 187-93
188 Farias, N. & Buchalla, C.M.
Histórico da CIF capacidade relacionadas às condições de
saúde, identificando o que uma pessoa “pode
Visando responder às necessidades de se ou não pode fazer na sua vida diária”, tendo
conhecer mais sobre as conseqüências das em vista as funções dos órgãos ou sistemas e
doenças, em 1976 a OMS publicou a estruturas do corpo, assim como as limita-
International Classification of Impairment, ções de atividades e da participação social
Disabilities and Handicaps (ICIDH), em ca- no meio ambiente onde a pessoa vive7,8.
ráter experimental. Esta foi traduzida para o Segundo a OMS, a CID-10 e a CIF são
Português como Classificação Internacional complementares: a informação sobre o di-
das Deficiências, Incapacidades e Desvanta- agnóstico acrescido da funcionalidade for-
gens (handicaps), a CIDID3. nece um quadro mais amplo sobre a saúde
De acordo com esse marco conceitual, do indivíduo ou populações. Por exemplo,
impairment (deficiência) é descrita como as duas pessoas com a mesma doença podem
anormalidades nos órgãos e sistemas e nas ter diferentes níveis de funcionalidade, e duas
estruturas do corpo; disability (incapacida- pessoas com o mesmo nível de funcionali-
de) é caracterizada como as conseqüências dade não têm necessariamente a mesma
da deficiência do ponto de vista do rendi- condição de saúde9.
mento funcional, ou seja, no desempenho O termo do modelo da CIF é a funciona-
das atividades; handicap (desvantagem) re- lidade, que cobre os componentes de fun-
flete a adaptação do indivíduo ao meio am- ções e estruturas do corpo, atividade e par-
biente resultante da deficiência e incapa- ticipação social. A funcionalidade é usada no
cidade4. aspecto positivo e o aspecto negativo
O modelo da CIDID descreve, como uma corresponde à incapacidade. Segundo esse
seqüência linear, as condições decorrentes modelo, a incapacidade é resultante da
da doença: interação entre a disfunção apresentada pelo
indivíduo (seja orgânica e/ou da estrutura
Doença ⇒ Deficiência ⇒ Incapacidade ⇒ do corpo), a limitação de suas atividades e a
Desvantagem restrição na participação social, e dos fato-
res ambientais que podem atuar como
O processo de revisão da ICIDH apon- facilitadores ou barreiras para o desempe-
tou suas principais fragilidades, como a falta nho dessas atividades e da participação 6,9.
de relação entre as dimensões que a com- A CIF é baseada, portanto, numa abor-
põe, a não abordagem de aspectos sociais e dagem biopsicossocial que incorpora os
ambientais, entre outras. Após várias ver- componentes de saúde nos níveis corporais
sões e numerosos testes, em maio de 2001 a e sociais 6,9. Assim, na avaliação de uma pes-
Assembléia Mundial da Saúde aprovou a soa com deficiência, esse modelo destaca-
International Classification of Functioning, se do biomédico, baseado no diagnóstico
Disability and Health (ICF)5 . etiológico da disfunção, evoluindo para um
A versão em língua portuguesa foi modelo que incorpora as três dimensões: a
traduzida pelo Centro Colaborador da Or- biomédica, a psicológica (dimensão indivi-
ganização Mundial da Saúde para a Família dual) e a social. Nesse modelo cada nível age
de Classificações Internacionais em Língua sobre e sofre a ação dos demais, sendo to-
Portuguesa com o título de Classificação In- dos influenciados pelos fatores ambientais
ternacional de Funcionalidade, Incapacida- (Figura 1). A OMS pretende incorporar tam-
de e Saúde, CIF6. bém, no futuro, os fatores pessoais, impor-
tantes na forma de lidar com as condições
Conceituações, objetivos e limitantes.
componentes da CIF O objetivo pragmático da CIF é fornecer
uma linguagem padronizada e um modelo
A CIF descreve a funcionalidade e a in- para a descrição da saúde e dos estados rela-

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde Rev Bras Epidemiol


Farias, N. & Buchalla, C.M.
189 2005; 8(2): 187-93
Figura 1 - Interação entre os componentes da CIF. Adaptação: OMS (2003) .
Figure 1 – Interaction between the components of ICF. Adapted from WHO (2003).

cionados à saúde, permitindo a comparação crevem como o indivíduo exerce suas ativi-
de dados referentes a essas condições entre dades diárias e se engaja na vida social, con-
países, serviços, setores de atenção à saúde, siderando as funções e estruturas do seu
bem como o acompanhamento da sua evo- corpo. O conteúdo desses componentes (A
lução no tempo 6. & P) é organizado desde simples tarefas e
No entanto, os conceitos apresentados na ações até áreas mais complexas da vida, sen-
classificação introduzem um novo paradigma do incluídos itens referentes à aprendizagem
para pensar e trabalhar a deficiência e a in- e aplicação do conhecimento; tarefas e de-
capacidade: elas não são apenas uma conse- mandas gerais; comunicação, mobilidade,
qüência das condições de saúde/doença, mas cuidados pessoais, atividades e situações da
são determinadas também pelo contexto do vida doméstica; relações e interações
meio ambiente físico e social, pelas diferentes interpessoais; educação e trabalho; auto-su-
percepções culturais e atitudes em relação à ficiência econômica; vida comunitária6.9.
deficiência, pela disponibilidade de serviços As limitações de atividade são as dificul-
e de legislação. Dessa forma, a classificação dades que o indivíduo pode ter para execu-
não constitui apenas um instrumento para tar uma determinada atividade. As restrições
medir o estado funcional dos indivíduos. à participação social são os problemas que
Além disso, ela permite avaliar as condições um indivíduo pode enfrentar ao se envolver
de vida e fornecer subsídios para políticas de em situações de vida6,9.
inclusão social. Os fatores ambientais constituem o “am-
biente físico, social e de atitudes” em que as
Terminologias utilizadas na CIF pessoas vivem e conduzem suas vidas. Esse
componente inclui itens referentes a produ-
Os conceitos e terminologias utilizados tos e tecnologia; ambiente natural como cli-
na CIF são apresentados no Quadro 1. ma, luz, som; apoios e relacionamentos
As funções do corpo são definidas como como a família imediata, “cuidadores” e as-
as funções fisiológicas e psicológicas dos sis- sistentes sociais; atitudes individuais e soci-
temas do corpo. As estruturas são definidas ais; normas e ideologias; serviços, sistemas e
como as partes anatômicas do corpo, como políticas de previdência social, saúde, edu-
os órgãos e seus componentes 6,9. cação, trabalho, emprego, transportes, den-
As atividades e participação (A & P) des- tre outros6,9.

Rev Bras Epidemiol A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde


2005; 8(2): 187-93
190 Farias, N. & Buchalla, C.M.
Quadro 1 - Conceituações e terminologias dos componentes relatados na CIF.
Picture 1 – Concepts and terminology of the components listed in the ICF.

Componente Funções do Corpo Atividade Participação Fatores Ambientais


Estruturas do Corpo
Definição Funções do corpo são Atividade é a execução Participação é Compreende os
as funções fisiológicas de tarefas realizadas no o envolvimento fatores externos
dos sistemas do corpo dia a dia de um numa situação do meio ambiente
( incluindo as funções indivíduo. da vida social. onde a pessoa
mentais) . vive.
Estruturas do corpo são
as partes anatômicas
do corpo.
Aspecto Integridade Atividade Participação Facilitadores
Positivo Funcional e
Estrutural
FUNCIONALIDADE
Aspecto Deficiência Limitação da Restrição da Barreiras/
Negativo Atividade Participação Obstáculos
INCAPACIDADE
Fonte: adaptada de: (1) WHO.Towards a Common Language for Functioning, Disability and Health– ICF. Geneva, 2002 e (2) OMS: Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde; coordenação da tradução: Cassia Maria Buchalla. São Paulo: EDUSP; 2003.

Os Usos da CIF tar sua aplicação, têm sido criados instru-


mentos que resumem a classificação. Nessa
A CIF tem sido apontada como uma espé- perspectiva, a OMS propôs uma lista genéri-
cie de “canivete suíço”: contém uma série de ca criada a partir da CIF, contendo as condi-
ferramentas e permite várias abordagens. Ela ções mais importantes a serem levantadas
pode ser usada em muitos setores que inclu- durante a atenção ao paciente. Essa checklist
em a saúde, educação, previdência social, é composta por 152 categorias que repre-
medicina do trabalho, estatísticas, políticas sentam os domínios mais relevantes da CIF
públicas. Sua importância pode ser colocada e classifica 38 códigos de funções do corpo,
para as práticas clínicas, ensino e pesquisa6,10. 20 códigos de estrutura do corpo, 57 de ati-
Na área clínica, ela se propõe a servir de vidade e participação e 37 códigos de fatores
modelo de atendimento multidisciplinar, ambientais.9 Além desse instrumento, des-
devendo servir para as várias equipes e os taca-se o projeto de elaboração dos Core
vários recursos de que dispõem os serviços, sets para algumas condições crônicas11. Es-
tais como médico, psicólogo, terapeuta, as- ses core sets representam as principais cate-
sistente social etc. gorias da classificação para determinadas
Uma das vantagens apontadas para a ado- doenças. Atualmente, um projeto multicên-
ção do modelo é a possibilidade de uniformi- trico internacional, coordenado pela Univer-
zação de conceitos e, portanto, da utilização sidade de Munique, em fase de coleta de
de uma linguagem padrão que permita a co- dados, tem o objetivo de validar os core sets
municação entre pesquisadores, gestores, elaborados para doze condições crônicas
profissionais de saúde, organizações da soci- sendo o Brasil um dos centros participantes.
edade civil e usuários em geral6,9. Um dos campos de estudo mais explora-
A diversidade de recursos se traduz na dos para a aplicação da CIF tem sido a área
dificuldade de uso completo da mesma. As- de Medicina Física e Reabilitação, no que
sim, como proposta de solução para facili- concerne ao acompanhamento do estado de

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde Rev Bras Epidemiol


Farias, N. & Buchalla, C.M.
191 2005; 8(2): 187-93
saúde dos pacientes em tratamento12-15. biopsicossocial e do significado e implica-
O uso da CIF tem sido considerado tam- ções da universalização como um princípio
bém na avaliação após transtornos agudos, para orientar o desenvolvimento de políti-
condições traumáticas, condições crônicas cas em relação às pessoas com deficiências.
e na geriatria16,17. Outra questão apontada concerne à
Alguns autores argumentam que a CIF classificação de atividades e participação. Se
deve ser explorada como uma base de in- diferentes estratégias de códigos são utiliza-
formações padronizadas em estudos sobre das, uma vez que existe uma variabilidade de
incapacidade profissional, quando há neces- apreciação dependente do contexto socio-
sidade de relacionar dados de saúde ocupa- cultural, isso coloca dificuldades para a com-
cional com os de previdência social18,19. paração de dados entre os países; assim, al-
Na Saúde Pública, tradicionalmente pou- guns países têm desenvolvido distinções pró-
ca atenção tem sido dada às pessoas com prias de atividade e de participação22,23.
deficiência. No entanto, ao lado de recentes O reconhecimento do papel central do
engajamentos por parte de organizações e meio ambiente no estado funcional dos indi-
de alguns governos, a publicação do modelo víduos, agindo como barreiras ou faci-
da CIF fornece as bases para as políticas e litadores no desempenho de suas atividades
disciplinas da Saúde Pública em relação à e na participação social, mudou o foco do
população que apresenta deficiências20. As- problema da natureza biológica individual da
sim, uma das possibilidades de usos da CIF redução ou perda de uma função e/ou estru-
pode ser a contribuição para responder a tura do corpo para a interação entre a
importantes questões de Saúde Pública,tais disfunção apresentada e o contexto ambiental
como: qual é o estado de saúde das pessoas onde as pessoas estão inseridas. Dessa forma,
com deficiência comparadas às demais; que o modelo da CIF deverá ser investigado nas
necessidades e que tipos de intervenções são suas dimensões sociais, políticas e culturais, o
mais adequadas para reduzir condições se- que constitui um desafio para os Sistemas.
cundárias e promover a saúde das pessoas No entanto, será mais adequado à medida
com deficiências, entre outras. que for utilizado por um número maior de
profissionais, em locais diversos e a partir de
Alguns dilemas colocados para a pessoas e realidades diferentes.
incorporação do modelo da CIF A incorporação do uso da CIF nas práti-
cas de atenção à saúde, tendo em vista que
Até o presente, apesar do interesse pela se trata da incorporação de uma nova
adoção do modelo da CIF, existem poucos tecnologia, embora já venha sendo adotada
estudos em curso sobre a avaliação do seu por diversos setores e equipes multidis-
impacto na atenção à saúde. Isso decorre de ciplinares, deve ser ainda amplamente ex-
ser uma classificação recente, complexa e plorada em relação à sua aceitabilidade e
que apresenta certo grau de dificuldade em validade em diferentes áreas; seu impacto
sua utilização. Do ponto de vista prático, sua nos cuidados de saúde; seu potencial em
aplicação requer um tempo muitas vezes medir o estado funcional dos pacientes e seu
maior do que a própria consulta, além dos uso pelos sistemas de informação para ela-
aspectos inerentes à mudanças de conduta boração de estatísticas de saúde24. Outro
por parte dos profissionais da área da saúde. campo diz respeito às legislações pertinen-
Mesmo contribuindo para o processo de tes e à implementação de políticas públicas
integração entre diversos setores da saúde, para as pessoas com deficiência.
social e da pedagogia, sua compreensão te- Recomenda-se que estudos adicionais
órica, incorporação e aplicabilidade prática sejam realizados por profissionais e pesqui-
têm refletido essas dificuldades. Um dos di- sadores de diversas disciplinas e setores da
lemas apresentados, segundo IMRIE (2004), saúde, incluindo também a participação das
diz respeito ao esclarecimento do seu papel organizações da sociedade civil.

Rev Bras Epidemiol A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde


2005; 8(2): 187-93
192 Farias, N. & Buchalla, C.M.
Referências

1. [WHO] World Health Organization. The WHO Family of 14. Arthanat S, Nochajski SM, Stone J. The international
International Classifications. Disponível em: URL < classification of functioning, disability and health and
http://www.who.int/classifications/en> [2005 May 27]. its application to cognitive disorders. Disabil Rehabil
2004; 26(4): 235-45.
2. Organização Mundial de Saúde. CID –10, tradução do
Centro Colaborador da OMS para a Classificação de 15. Rentsch HP, Bucher P, ommen NI, Wolf C, Hefti H, Fluri E
Doenças em Português. 9 ed. Rev –São Paulo: EDUSP, et al. The implementation of the International
2003. Classification of Functioning, Disability and Health (ICF)
in daily practice of neurorehabilitation: an
3. Secretariado Nacional de Reabilitação, Ministério do interdisciplinary project at the Kantonsspital of Lucerne,
Emprego e da Segurança Social. Classificação Switzerland. Disabil Rehabil 2003 ; 25(8): 411-21.
Internacional das Deficiências, Incapacidades e
Desvantagens (handicaps). Lisboa; 1989. 16. Stucki G, Ewert T, Cieza A. Value and application of the
ICF in rehabilitation medicine. Disabil Rehabil 2002:
4. Buñuales MTJ, Diego PG, Moreno JMM. La 24(17): 932-8.
Clasificación Internacional del Funcionamento de la
Discapacidad y de la Salud (CIF) 2001. Rev Esp Salud 17. Cieza A, Brockow T, Ewert T, Amman E, Kollerits B,
Publica 2002; 76: 271-9. Chatterji S. Üstun TB, Stucki G. Linking Health-status
measurements to the international classification of
5. [WHO] World Health Organization. International international classification of functioning, disability
Classification of functioning, disability and health: and health. J Rehabil Med 2002; 34: 205-10.
ICF. World Health Organization; 2001.
18. Willems H, De Kleijn-De Vrankrijker M. Work disability
6. [OMS] Organização Mundoal da Saúde, CIF: in the Netherlands: data, conceptual aspects, and
Classificação Internacional de Funcionalidade, perspectives.. J Occup Environ Med 2002; 44(6): 510-5.
Incapacidade e Saúde [Centro Colaborador da
Organização Mundial da Saúde para a Família de 19. Sjögren-Rönka T, Ojanen MT, Leskinen EK,
Classificações Internacionais, org.; coordenação da Tmustalampi S, Mälkiä, EA. Physical and Psychosocial
tradução Cassia Maria Buchalla]. São Paulo: Editora da prerequisites of functioning in relation to work ability
Universidade de São Paulo – EDUSP; 2003. and general subjective well-being among office
workers Jogren-Ronka T, Ojanen MT, Leskinen E*,
7. Battistella LR, Brito CMM. Tendência e Reflexões: Leskinen EK. Jõgren-Rönka T, Ojanem MT, Leskinen
Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF). EK, Tmustalampis.
Acta Fisiátrica 2002; 9(2): 98-101
20. MÄLKIÄ EA. Physical and psychosocial prerequisites of
8. Halbertsma, J. The ICIDH: health problems in a functioning in relation to work ability and general
medical and social perspective. Disability and subjective well-stair among office par to work ability
Rehabilitation 1995; 17(3/4): 128-34 (8). and general subjective well-being among office
workers. Scand J Work Environ Health 2002; 28(3): 184-
9. [WHO]World Health Organization.Towards a Common 90.
Language for Functioning, Disability and Health – ICF.
[WHO/EIP/GPE/CAS/01.3] Genebra; 2002. 20. LOLLAR, DJ. Public Health and Disability: Emerging
Opportunities. Public Health Reports, March-April
10. Gray DB, Hendershot GE. The ICIDH-2: 2002; 117: 131-6.
Developments for a new era of outcomes research.
Arch Phys Rehabil 2000; 81(2): S10 – S14 (9). 21. Imrie R. Demystifying disability: a review of the
International Classification of Functioning, Disability
11. Weigl M, Cieza A, Andersen C, Kollerits B, Amann E, and Health. Social Health IIIn 2004; 26(3): 287 –305.
Stucki G Identification of relevant ICF categories in
patients with chronic health conditions: a delphi 22. Peremboom RJ, Chorus Erembooom RJ, Chorus
exercise. J Rehabil Med 2004; Suppl 44: 12-21. A.Erenboom RJ, Chorus Ameremboom RJ, Chorus,
AMR: mediar a ersidERENBOOM RJ, CHORUS AM.
12. Stamm TA, Cieza A, Machold KP, Smolen JS, Stucki G. Measuring participation according to the International
Content comparison of occupation-based instruments Classification of Functioning, Disability and Health
in adult rheumatology and musculoskeletal (ICF). Disabil Rehabil 2003; ST 2003; 25(11-12): 577-87.
rehabilitation based on the International
Classification of Functioning, Disability and Health. 23. Dahl TH. International classification of functioning,
Arthritis Rheum 2004; 51(6): 917- 24. disability and health: an introduction and discussion
of its potential impact on rehabilitation services and
13. Mayo NE, Poissant L, Ahmed S, Finch L, Higgins J, research. v 2002; 34 (5): 201-4.
Salbach NM et al. Incorporating the International
Classification of Functioning, Disability and Health 24. Buchalla CM. A Classificação Internacional de
(ICF) into an electronic health record to crate indicators Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Acta Fisiátrica,
of function: proof of concept using the SF-12. J Am Med 2003; 10 (1): 29-31.
Inform Assoc 2004; 11(6): 514-22.
recebido em: 04/04/05
versão final reapresentada em: 31/05/05
aprovado em: 13/06/05

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde Rev Bras Epidemiol


Farias, N. & Buchalla, C.M.
193 2005; 8(2): 187-93

Você também pode gostar