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Coligação do Folclore

Resgatando o elo ancestral

Coletânea da Professora
APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA

Ao longo da História Brasileira, nosso território foi cuidado por tribos indígenas
que possuíam seus próprios contos, costumes, enfim sua própria cultura. Com a
chegada dos colonizadores, o país passou a ser habitado por outros povos e, a partir
do século XVI, o folclore começou a receber influências dos escravos africanos, colonos
portugueses e de outras culturas que tiveram contato com nossos colonizadores, como
os muçulmanos.
O projeto “Coligação do Folclore: Resgatando o elo ancestral” tem como
objetivo resgatar a história e a cultura que o munícipio de Americana carrega junto à
população, tendo em vista a ligação de memórias e experiências que trazemos em
nossa essência, mesmo que estejam guardadas lá no fundinho de nossa consciência.
Essa coletânea trará os personagens folclóricos que vimos no projeto e imagens
para colorir, para que possamos lembrar com carinho tanto aprendizado,
possibilitando que o conteúdo possa ser anexado como consulta em sala e
complemento nas atividades.
Tudo isso tendo em vista que estamos protagonizando e trocando vivências
históricas e culturais a favor do fortalecimento desse elo com nossos antepassados,
para que assim presenciaremos um futuro consciente da importância em movimentar
nossas memórias, favorecendo e ajudando cada um de nós.
Meus sinceros agradecimentos a todos que ajudaram a dar encaminhamento
neste projeto tão importante, em especial a minha Coordenadora do Projeto Raízes
Elizabete Carla Guedes, a Diretora Municipal de Turismo Roseli dos Santos e a
Secretária Municipal de Educação Evelene Ponce Medina. Linda equipe formada por
mulheres que fazem acontecer.

Americana, 21 de Fevereiro de 2020

Julia Marina da Silva


Pedagoga em formação;
Estagiária do Projeto Raízes; e
Autora do Projeto

Observação 
Não deixe de procurar e praticar um pouco mais
sobre o que aprendemos !
Lendas abordadas no Projeto
“Coligação do Folclore”
SACI - PERERÊ

Uma das lendas mais conhecidas do Brasil e que mostra todo esse encontro de
culturas é a do Saci-pererê, um ser tão presente na cultura brasileira que possui uma
data de celebração para si, no dia 31 de outubro.
A origem do mito do Saci-pererê é totalmente
ligada à miscigenação no Brasil, mostrando elementos
da cultura indígena, negra, e também elementos
cristãos, como ter medo de cruzes e deixar um cheiro
sulfuroso, que são atributos clássicos do diabo na
religião cristã.
O mito do Saci-pererê começa no folclore
indígena, de onde vem seu nome que deriva de Ŷaci-
ŷaterê, na língua Tupi-Guarani. A lenda do Saci
provavelmente se originou entre os povos indígenas do
sul do Brasil durante o período colonial, onde ele era
retratado como um menino índio que morava na
floresta, com sua pele bronzeada e uma cauda. Ele era
originalmente uma criatura da noite, e seu nome mostra isso pelo fato de ŷaci (jasi)
significar "Lua" no velho Tupi.
No entanto, quando o mito migrou para o norte, o personagem recebeu fortes
influências africanas dos escravos que foram trazidos para o Brasil, que contavam
histórias do Saci para divertir e assustar as crianças. Nesses contos, o Saci passou a ser
descrito como um jovem negro com apenas uma perna, porque, de acordo com o
mito, ele perdeu a outra em uma luta de capoeira.
Foi por volta desta época que o Saci começou a ser representado usando uma
touca vermelha mágica e fumando um cachimbo, típico da cultura africana. Seu nome
se transformou durante o tempo, sendo conhecido também como Saci Taperê e Sá
Pereira.
Algumas histórias também dizem que a origem do seu
gorro foi inspirado em um chapéu que era usado pelos
camponeses portugueses (imagem ao lado).
Já a ideia de aprisionar um ser sobrenatural em uma
garrafa e de forçá-lo a conceder desejos em troca de sua
liberdade têm grandes semelhanças com a história de Aladim e o
gênio da lâmpada. E isso pode ser mais do que apenas uma coincidência, uma vez que
muitos escravos eram muçulmanos e, portanto, eram familiarizados com os contos
árabes.
O Saci-pererê é conhecido por adorar pregar peças nas pessoas, como trançar
os pelos dos animais, esconder brinquedos de crianças, deixar os animais soltos e
provocar os cachorros. Além disso, quando ele está na cozinha, ele derrama o sal,
azeda o leite e queima o feijão. Em outras palavras, qualquer coisa que dê errado
dentro e fora da casa pode ser culpado pelo Saci-pererê.
Para o ajudar nessas brincadeiras, o Saci possui certos poderes mágicos. Ele
ganha suas habilidades mágicas de seu gorro vermelho, que permite que ele
desapareça e reapareça sempre que ele quiser e, embora ele tenha apenas uma perna
ele ainda é muito ágil, pois ele pode criar tornados para se mover, além de selar
cavalos muito bem.
Entretanto, de acordo com o mito, o Saci não faz apenas esses truques. Ele é
um importante conhecedor de ervas, chás e da fabricação de medicamentos feitos de
plantas. Aqueles que entram nas florestas em busca de plantas medicinais devem
pedir sua permissão ou arriscar-se a se tornar uma vítima de seus truques.
Uma das maneiras de escapar de um Saci é atravessar por água corrente,
geralmente por um rio. Ele não se atreverá a atravessar porque perderá todo seu
poder. Outra maneira de se escapar dele é soltar uma corda cheia de nós no caminho,
porque então ele será obrigado a parar para desfazê-los. Algumas pessoas também
tentam acalmá-lo deixando cachaça ou tabaco para o seu cachimbo.
Além de fugir de seus truques, a lenda
conta que também é possível capturar um Saci.
Segundo o mito, cada tornado da floresta é
causado pela dança de um Saci invisível, e para
capturá-lo, é preciso jogar uma peneira nesse
redemoinho de vento. Com cuidado, a pessoa
deverá colocar o Saci capturado dentro de uma
garrafa de vidro escuro, que deve ser fechada
com uma rolha.
IARA

A Lenda da Iara, também conhecida como Lenda da Mãe d’água, faz parte do
folclore brasileiro. Trata-se de uma estória de origem indígena, oriunda da região
amazônica, localizada no norte do País.
Iara ou Yara, do indígena Iuara, significa “aquela que mora nas águas”. É uma
sereia (metade mulher, metade peixe) que vive nas águas amazônicas.
A história da Iara conta que ela é dona de uma beleza invejável. Reza a lenda
que os irmãos sentiam inveja de Iara, também considerada corajosa guerreira e, por
isso, resolvem matá-la.
Todavia, no momento do embate, pelo fato de possuir habilidades guerreiras,
Iara consegue inverter a situação e acaba matando seus irmãos.
Diante disso, com muito medo da punição de seu pai, o pajé da tribo, Iara
resolve fugir, mas seu pai consegue encontrá-la. Como castigo pela morte dos irmãos,
ele resolve lançá-la ao rio.
Os peixes do rio resolvem salvar a bela jovem transformando-a na sereia Iara.
Desde então, Iara habita os rios amazônicos conquistando homens e depois levando-os
ao fundo do rio, os quais morrem afogados.
Acredita-se que se o homem consegue escapar dos encantos de Iara ele fica
louco, num estado de torpor e somente um pajé poderá curá-lo.
ANHANGÁ

Anhá-Angá, “anhang” do tupi-guarani. “Ang” significando Alma e “Anhá”,


correr, ou seja, uma alma que corre. Pode ser traduzido por alma errante dos mortos,
sombra, espírito ou, como fala o caboclo, visagem, que é o mesmo que espectro,
fantasma e assombração.
Anhangá é alma protetora das matas e, assim como o Curupira, é protetor de
todos os animais. A ele parecem estar afetos o destino da caça e da pesca.
Anhangá, na cultura indígena é a divindade protetora da floresta e dos animais,
o ente espiritual defensor do meio ambiente, o guardião do planeta.
Deus da caça no campo, Anhangá persegue e castiga os índios que cometem
excessos, os que acossam e matam animais por puro divertimento. A caça é admitida
desde que realizada em função da sobrevivência e da segurança alimentar. Qualquer
outra possibilidade é tratada como crime ambiental e recebe do espírito protetor da
natureza punição exemplar. Os que se dedicam à caça de filhotes ou de animais
prenhes ou que estejam amamentando recebem as punições mais rigorosas.
Anhangá é um animal metamorfo, ou seja, adquire diversas formas, mas
quando na forma de veado, sua figura mais popular, a de um cervo branco com olhos
de fogo e uma cruz na testa, atende pelo nome de Suaçu-Anhangá, quando o espírito
se materializa como tatu, passa a ser denominado Tatu-Anhangá. Adora se transformar
em touro para gozar da força desproporcional deste animal, ocasiões em que é
conhecido como Tapira-Anhangá; na forma do maior peixe da Amazônia é chamado de
Pirarucu-Anhangá. Já quando adota a aparência humana, Anhangá passa a ser
conhecido como Mira-Anhangá.
O PIANO MISTERIOSO

Em 1903, Hermann, o filho mais velho do Comendador Franz Müller, trabalhava


duro na fábrica ajudando o pai quando decidiu se casar com Erna, sua noiva alemã.
Como Hermann queria ficar perto da tecelagem e da família, ele começou a construir
uma casa na própria vila. Seis anos depois, em 1909, era inaugurada a primeira versão
da casa. Em 1910, a casa é ampliada com um andar superior e um observatório, que
mais tarde torna-se o mirante.
Preocupados em dar a melhor educação para seus filhos, a família passa os
ensinamentos e o apreço pela música, tanto que eles tinham um cômodo
especialmente para tal estudo, a “Sala de Música”.
Nesta sala continha um grande e
elegante Piano de Cauda, na qual trazia
grande harmonia que podia ser ouvida até
pelos arredores da casa.
Porém com o passar das gerações e
suas necessidades, em 1939 a família do
Hermann sai de Carioba, e a casa passa por
mudanças de posse. Os moradores de
Carioba sentiram tanta falta da família que
garantiam para quem conhecesse a história
da casa que ainda é audível o som melódico
do piano e de uma criança cantando, som
tão belo e parecido quanto ao talento dos
filhos de Erna e Hermann Müller.
A CAVEIRA DE VIDRO

O bairro de Carioba contava com o Grupo


Escolar, dedicado aos filhos dos funcionários das
Fábricas de Tecidos Carioba, este já construído
desde o ano de 1909.
Ouve-se relatos de que lá no sótão da Escola
havia um esqueleto medonho de uma caveira de
vidro, que rangia os dentes fazendo um barulho
forte e estridente. Este era o lugar onde as crianças
eram levadas e colocadas de castigo, sabe-se lá o
que acontece então...

A FIGUEIRA ASSOMBRADA

Antigos moradores de Carioba relembram o


seguinte conto:

Um índio morto foi enterrado ao pé de uma figueira


próxima a Rua Carioba. Quando as pessoas passavam
próximo dela, ouviam um lamurio choroso.
Assustados, evitavam andar no local, principalmente à
noite, após os bailes no Clube Carioba.

Quem sabe a figueira ainda exista?


“QUEM CONTA UM CONTO...
AUMENTA UM PONTO”

A partir daqui mais contos de origem indígena


CAIPORA

A índia (ou índio, a depender da


versão) é um ser pequeno, de cabelos e
pelos vermelhos que habita e protege as
florestas. O próprio nome vem do Tupi-
guarani, caapora, que quer dizer
“habitante do mato”.
A lenda surgiu nas
primeiras civilizações indígenas. Depois
de um tempo, passou a ser presente na
cultura de lugares que ficavam aos
arredores da floresta nas regiões Norte e
Nordeste do Brasil. Ainda hoje, a lenda é
bastante viva em alguns desses lugares.
Geralmente, a Caipora aparece na
mata em cima de um porco com uma
lança bastante afiada nas mãos. Para
atrair as pessoas, ela produz alguns
barulhos, como gritos e uivos, na tentativa de confundir eles.
Carregando muitas similaridades com o curupira, a caipora também protege os
animais de caçadores e as florestas de quem quer derrubar ou incendiá-la. Com seus
poderes de dominar os animais, ela ataca, assusta, desorienta e faz emboscadas para
quem tenta fazer mal à natureza. Outra semelhança com o curupira é o fato de que a
caipora aceita presentes de quem quer cruzar a floresta, sendo fumo seu mimo
favorito.
O folclore brasileiro é rico em personagens lendários e o curupira (ou
caipora) é um dos principais. De acordo com a lenda, contada principalmente no
interior do Brasil, o curupira habita as matas brasileiras. De estatura baixa, possui
cabelos avermelhados (cor de fogo) e seus pés são voltados para trás.

Nomes comuns: Caipora, Curupira, Pai do Mato, Mãe do Mato, Caiçara (nome dado
pelos jesuítas), Caapora, Anhanga (nome oriundo entre os tupis guaranis), etc.
O GUARANÁ

A lenda do Guaraná tem origem na região norte do Brasil e é uma das mais
populares do nosso folclore.
O guaraná é um fruto originário da Amazônia. Segundo a lenda folclórica da
região, ele é originalmente os olhos de um indiozinho que foi mordido por uma
serpente quando estava apanhando frutos na floresta.
Tudo aconteceu quando um casal de índios que não tinha filhos pediu ao deus
Tupã que tornasse possível o seu desejo de serem pais. O pedido foi atendido e o casal
teve um menino bonito e saudável que era estimado em toda a tribo.
Invejoso de suas qualidades, Jurupari, o deus da escuridão, resolveu matar o
indiozinho. Um dia, enquanto o menino colhia frutos na floresta, Jurupari se
transformou em serpente. Tupã mandou trovões ensurdecedores alertando os pais do
perigo que o menino corria, mas não houve tempo até que a serpente matasse o
menino com o seu veneno.
Assim, Tupã mandou plantar os olhos da criança para que deles nascesse uma
planta. O fruto dessa planta deveria ser dado para as pessoas comerem com o objetivo
de lhes dar energia. No local onde os olhos foram plantados, nasceu o guaraná,
frutinha que apresenta o aspecto de olhos.
MANI E A LENDA DA MANDIOCA

De acordo com a lenda, uma índia tupi deu a luz a uma indiazinha e a chamou
de Mani. A menina era linda e tinha a pele bem branca. Vivia feliz brincando pela tribo.
Toda tribo amava muito Mani, pois ela sempre transmitia muita felicidade por onde
passava.
Porém, um dia Mani ficou doente e toda tribo ficou preocupada e triste. O pajé
foi chamado e fez vários rituais de cura e rezas para salvar a querida indiazinha.
Porém, nada adiantou e a menina morreu.
Os pais de Mani resolveram enterrar o corpo da menina dentro da própria oca,
pois esta era a tradição e o costume cultural do povo indígena tupi. Os pais regaram o
local, onde a menina tinha sido enterrada, com água e muitas lágrimas.
Depois de alguns dias da morte de Mani, nasceu dentro da oca uma planta cuja
raiz era marrom por fora e bem branquinha por dentro (da cor de Mani). Em
homenagem a filha, a mãe deu o nome de Maniva à planta.
Os índios passaram a usar a raiz da nova planta para fazer farinha e uma bebida
(cauim). Ela ganhou o nome de mandioca, ou seja, uma junção de Mani (nome da
indiazinha morta) e oca (habitação indígena).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOS CONTOS

Saci: https://www.hipercultura.com/lenda-do-saci-perere/
Iara: https://www.todamateria.com.br/lenda-da-iara/
Anhangá: Livro - Anhangá, o espírito protetor da natureza: a lenda indígena, autor
Antônio Carlos dos Santos.
https://www.recantodasletras.com.br/artigos/1436255
O Piano Misterioso, A Caveira de Vidro e A Figueira Assombrada: Autoral com base
em http://cidadedeamericanasp.blogspot.com/2010/11/lendas-da-cidade.html
Caipora: https://escolaeducacao.com.br/caipora/;
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/caipora;
https://noamazonaseassim.com.br/a-lenda-do-curupira/
O Guaraná: https://www.todamateria.com.br/lenda-do-guarana/
Mani e a Lenda da Mandioca:
https://www.suapesquisa.com/folclorebrasileiro/lenda_mandioca.htm

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