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BELÉM – PA
2018
DNILSON SILVA BRAGA
MARIO ANTONIO DE SENA JUNIOR
BELÉM – PA
2018
INTRODUÇÃO
Enquanto o homem evoluía em sua vivência primitiva, foram começando a ter
necessidades dos usos de materiais, como por exemplo, para a caça e para a produção de
materiais bélicos para as lutas territoriais. Na perspectiva da evolução física humana —
com os homens tendo cada vez menos pelos no corpo — foi tendo a necessidade do uso
de vestimentas e, com isso, foram sendo usadas a pele e ossos de animais para esse fim;
foi surgindo a necessidade do uso de matérias-primas para fins caseiros e, quanto mais a
sociedade evoluía, mais eficientes eram os equipamentos produzidos.
A utilização dos materiais sempre foi tão importante que os períodos antigos eram
denominados de acordo com os materiais utilizados pela sociedade primitiva, como a
Idade da Pedra, Idade do Bronze, Idade do Ferro, etc. Atualmente estamos na Era da
Nanotecnologia.
FORMAÇÃO DA TERRA
A Terra é uma unidade do sistema solar que se formou a partir de uma nebulosa
fria, com temperaturas pouco acima do zero absoluto. Sob essas condições, grande parte
da matéria, incluindo certos elementos que normalmente ocorrem como gases,
encontravam-se no estado sólido. Essa nuvem, formada por bilhões de pequenas
partículas sólidas e material gasoso, com composição aproximadamente igual à do Sol,
entrou em contração gravitacional há cerca de 4,7 bilhões de anos.
A contração causou aumento da densidade e resultou na agregação dessa
matéria, dando origem aos planetas. Esse processo de agregação da matéria para a
formação dos planetas é denominado de acresção e ocorreu em vários estágios,
originando gerações de corpos progressivamente maiores. Esses corpos são
denominados de planetesimais e suas dimensões variavam desde poucos metros a até
tamanhos semelhantes ao do planeta Marte. Nos primeiros estágios da acresção
formaram-se corpos de tamanhos centimétricos, os quais, por sucessivos processos de
colisão e aglutinação, originaram planetesimais com diâmetros de poucos quilômetros.
Esse processo prosseguiu até o ponto em que esses corpos apresentassem massa
suficiente para atrair uns aos outros, devido a forças gravitacionais, originando uma
outra geração de planetesimais, com diâmetros entre dezenas e centenas de quilômetros.
A partir desse momento, os planetesimais maiores começaram a atuar como grandes
“aspiradores”, atraindo todos os corpos menores e a matéria ainda remanescente que se
encontrava no campo de atuação dessas forças. Resultados de simulações efetuadas por
computador indicam que na zona em que se originaram os quatro planetas mais
próximos ao Sol (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) havia cerca de 100 planetesimais
com dimensões da Lua, 10 do tamanho de Mercúrio e de 3 a 5 com as dimensões de
Marte. Vênus e a Terra incorporaram a maioria deles, já que Marte e Mercúrio são bem
menores.
Embora o processo de acresção tenha sido muito mais intenso no passado, não
podemos afirmar que tenha cessado completamente. Uma prova disso é que meteoritos
caem freqüentemente na superfície terrestre, os quais, quando observados em queda, são
popularmente denominados de “estrelas cadentes”. Além disso, mesmo sendo
desprezível em comparação com a massa da Terra (6,0 x 1024 kg), a quantidade de
material extraterrestre, principalmente na forma de poeira cósmica, que cai diariamente
sobre a superfície do nosso planeta varia entre 100 e 1.000 toneladas.
A COMPOSIÇÃO DA TERRA
Acredita-se que, nos primeiros 500 milhões de anos da história da Terra, havia
uma “chuva” contínua de planetesimais, gerando no impacto uma enorme quantidade de
calor e, conseqüentemente, provocando um aumento significativo da temperatura.
A cada choque formava-se uma camada de poeira e fragmentos de diversos
tamanhos que encobria as camadas anteriores. Como os materiais rochosos (silicatos)
possuem condutividade térmica baixa, uma parte significativa do calor produzido foi
sendo armazenado nas partes mais profundas da Terra, o que fez a sua temperatura
aumentar progressivamente.
A atmosfera terrestre atua hoje como uma espécie de blindagem contra a queda
de corpos extraterrestres, destruindo os menores e/ou diminuindo a velocidade de
impacto dos maiores. Como a Terra primitiva não possuía atmosfera, o grande número
de impactos em sua superfície provocou um aumento ainda maior da temperatura nas
fases iniciais do planeta.
Embora não haja mais registros superficiais desse processo, devido à dinâmica
interna e externa do planeta, o maior impacto sofrido pela Terra ocorreu logo após a
fase principal de acresção, quando um corpo com massa semelhante à do planeta Marte
colidiu com o nosso planeta e, nesse choque, foi originada a Lua. Na colisão esse corpo
praticamente foi pulverizado e sua matéria mais densa acabou sendo incorporada na
Terra, enquanto as menos densas acabaram sendo aglutinadas formando a Lua.
Esse processo promoveu também um aumento significativo da temperatura em
seu interior profundo. Estima-se que a acresção e o processo de compressão foram
responsáveis por um aumento de temperatura da ordem de 1.000 a 1.200°C na parte
mais interna da Terra.
CATÁSTROFE DO FERRO
Essas temperaturas foram o estopim para a catástrofe do ferro, que foi a fusão do
ferro metálico presente, o qual se tornou móvel e devido à sua alta densidade foi
deslocando-se progressivamente para o interior da Terra, enquanto os materiais menos
densos (silicatos e outros compostos contendo oxigênio, água e gases) migraram para as
regiões mais superficiais, sendo que boa parte de elementos e compostos voláteis foram
perdidos. E gerou também uma enorme quantidade de calor pela transformação da
energia potencial gravitacional do ferro, que migrou para o centro da Terra.
Cálculos demonstram que esse processo foi responsável pelo aumento de 1.500 a
2.000°C, fazendo com que uma boa parte do material dos silicatos que constituíam o
nosso planeta também entrasse em fusão. Após a catástrofe do ferro, a Terra, que
inicialmente era homogênea, tornou-se quimicamente estratificada, ou seja,
diferenciada. Uma vez que houve um episódio de alta temperatura na Terra, sua
composição, que era originalmente igual à dos meteoritos condríticos, foi modificada
devido à perda de gases através de intenso vulcanismo. Dessa forma, admite-se hoje que
a composição da Terra é condrítica, exceto no conteúdo de voláteis, como, por exemplo,
vapor de água, dióxido de carbono, metano e amônia. Esses gases deram origem à
atmosfera primitiva da Terra.
Os dados geofísicos mostram que a Terra possui um núcleo constituído
basicamente por ferro metálico, envolto por um material rochoso de menor densidade,
que constitui o manto e a crosta. A existência de ferro no núcleo terrestre é também
corroborada pela existência de um grupo de meteoritos, denominados de sideritos,
essencialmente constituídos por ferro e níquel metálicos, sendo que este último
representa cerca de 15% da liga.
Os sideritos representam porções do núcleo de planetesimais, com diâmetros
entre 140 e 400 km, que após sofrerem aquecimento e diferenciação foram
fragmentados e acabaram caindo na superfície terrestre. As densidades do núcleo
interno da Terra reforçam que o níquel deve estar também presente nessa região na
mesma proporção observada nos meteoritos.
Os dados geofísicos, especialmente informações provenientes das ondas
sísmicas que se propagam no interior terrestre, mostram também que o núcleo interno é
sólido e que o externo é líquido, sendo que neste último é gerado o campo
geomagnético. A geração do campo magnético terrestre requer energia e sabe-se hoje
que a principal fonte de energia é o movimento do fluido de baixa viscosidade e
condutor de eletricidade que compõe o núcleo externo. Esse movimento é denominado
de convecção gravitacional e é causado pelo próprio resfriamento do núcleo, com a
cristalização de ligas metálicas de ferro e níquel, que, por serem mais densas que o
fluido, mergulham em direção ao centro da Terra, enquanto o material menos denso,
que constitui o núcleo externo composto principalmente por ferro, níquel e enxofre,
migra para as regiões mais superficiais, junto à interface manto-núcleo, a qual é
denominada de Descontinuidade de Gutenberg.
É importante destacar que sulfetos de ferro e níquel apresentam menores
temperaturas de fusão que a liga metálica de ferro e níquel, explicando assim o fato de o
núcleo externo ser líquido e o núcleo interno, sólido. A indicação de que já havia campo
geomagnético há cerca de 3,5 bilhões de anos, conforme registro deixado em rochas
dessa idade, mostra que a convecção do núcleo externo é um processo que ocorre desde
as fases iniciais do planeta.
Através dele o núcleo externo está atualmente diminuindo, enquanto o núcleo
interno está aumentando. Ao mesmo tempo que a “catástrofe do ferro” estava
ocorrendo, com a liberação de grande quantidade de calor, houve intenso vulcanismo na
superfície da Terra, com a extrusão de grandes quantidades de lava, que após
resfriamento deram origem à crosta primitiva. Devido às características geoquímicas
dos elementos presentes no manto primitivo, a crosta primordial possuía densidade
menor que a do manto, apresentando maiores concentrações de silício, alumínio, sódio,
potássio, dentre outros.
A continuidade desse processo, incluindo também refusão da própria crosta, fez
com que ela fosse ficando cada vez mais distinta do manto ao longo do tempo
geológico, ou seja, cada vez mais diferenciada. Atualmente, os principais elementos que
constituem a crosta são: oxigênio (46%), silício (28%), alumínio (8%), ferro (6%),
magnésio (4%), cálcio (2,4%), potássio (2,3%) sódio (2,1%), sendo que os demais
elementos perfazem o total restante (< 1%).
Como a Terra é um sistema dinâmico e também pelo fato de ter sido muito
bombardeada por planetesimais em sua fase inicial, a crosta primitiva desapareceu
completamente. Datações radiométricas mostram que as rochas crustais mais antigas
possuem idade de 3,96 bilhões de anos. Entretanto, datações efetuadas em zircões, que
são minerais muito resistentes ao intemperismo, indicam que já havia crosta continental
há cerca de 4,1 a 4,2 bilhões de anos, ou seja, segmentos crustais formaram-se bem no
início da história da Terra.
Atualmente há uma diferença bem marcante entre a composição química e
mineralógica da crosta e do manto. O limite que separa essas duas regiões é
denominado de Descontinuidade de Mohorovicic, ou apenas Moho, sabemos hoje que a
crosta não é homogênea, podendo ser dividida em dois grandes domínios. A crosta
oceânica é constituída por rochas basálticas, apresentando densidades de 2,9 g/cm3 ,
espessura média em torno de 6 km e idades máximas de 180 milhões de anos, que são
muito pequenas em comparação com a idade da Terra.
Por outro lado, a crosta continental possui densidade de cerca de 2,7 g/cm3 e
espessura que varia de 20 a 80 km, e é constituída por diferentes tipos de rochas (ígneas,
sedimentares e metamórficas) que se formaram ao longo do tempo geológico, sendo as
mais antigas encontradas no Canadá (Gnaisse de Acasta), com idade de 3,96 bilhões de
anos. Abaixo da crosta encontra-se o manto, composto por silicatos mais densos devido
às maiores concentrações de ferro e magnésio, cujas rochas são denominadas de
peridotitos.
AS ROCHAS
TIPOS DE ROCHAS
Rochas Sedimentares
Para explicar como funciona o Ciclo das Rochas vamos começar pelo
intemperismo, o processo de transformação ou modificação das rochas quando expostas
à atmosfera e à hidrosfera. Alguns fatores determinam, ao longo do tempo, o tipo e a
intensidade do intemperismo, a saber: o clima, devido ao calor do Sol e à umidade das
intempéries (que por sinal lhe emprestam o nome), o crescimento de organismos (fauna
e flora), e os acidentes de relevo, devido à infiltração e drenagem da água ou sua
movimentação superficial, que pode ser mais ou menos rápida, dependendo da
inclinação das encostas. O último fator essencial a ser considerado é o tempo, pois
quanto mais longo o tempo que a rocha fica exposta a esses agentes, mais intensas e
profundas serão as transformações. O calor, a umidade, os organismos e o relevo
determinam o grau de atuação de cada um dos três processos básicos de intemperismo:
físico, químico e biológico.
Nas montanhas cobertas pela neve, quando a capa é muito espessa, a geleira se
move para baixo, removendo partes dos solos ou sedimento. Esses seixos e pedaços de
rochas riscam a superfície das rochas resistentes abaixo da geleira, que faz, portanto,
uma autêntica “raspagem” superficial. O poder destrutivo do gelo não pode ser
comparado a qualquer outro agente superficial, como no caso das avalanches de neve,
um tipo de erosão glacial extremamente rápida, em que a neve despenca do alto das
montanhas, retira o material das encostas e destrói tudo que ficar no caminho. Por outro
lado, na maior parte da história da Terra os registros indicam que as áreas cobertas por
geleiras são muito restritas.
Rochas Ígneas
O derradeiro processo que nos resta expor são os movimentos da litosfera que
promovem o aparecimento das rochas na superfície. Quando partes das cadeias de
montanhas são erodidas, o alívio de peso da parte superior da crosta faz com que exista
um “empuxo” da parte inferior e a superfície da crosta seja soerguida. Os processos
erosivos revigoram sua atuação e o Ciclo das Rochas é realimentado.
As rochas dos continentes e dos fundos dos oceanos constituem registros das
transformações relacionadas ao Ciclo das Rochas, que funciona desde os primórdios da
história geológica da Terra, e acompanham a evolução do planeta. Para entender qual é
o motor que realiza as transformações, é preciso tratar das fontes de energia dos
processos terrestres. As fontes são, essencialmente, três: a energia proveniente do Sol, a
energia (calor) proveniente do interior do planeta e a gravidade. O ciclo envolve, pois,
as três fontes de energia mencionadas.
Os materiais terrestres estão continuamente sob a ação de um ou mais agentes
que provocam desequilíbrios. As transformações, por sua vez, representam respostas a
fluxos de energia na Terra. Se por um lado é bem aceita a constatação de que o Sol
constitui a fonte primária de energia dos processos intempéricos, erosivos e de
sedimentação, o reconhecimento da fonte dos processos internos do planeta não foi uma
tarefa assim tão simples.
Admitindo a influência do calor interno da Terra, Hutton introduziu o conceito
de plutonismo (de Plutão, deus do fogo na mitologia greco-romana) a partir de
observações de metamorfismo de contato entre rochas ígneas e sedimentares, bem como
detalhadas descrições de amostras examinadas ao microscópio. A relação dinâmica
entre os agentes e as configurações da parte mais externa do planeta, interligadas
naturalmente à Tectônica Global, constitui o motor do Ciclo das Rochas.
As relações envolvidas no Ciclo das Rochas são mais complexas do que a
concepção simplificada dos modelos acima. Diversos produtos não foram
representados, como, por exemplo, as variações de tipos de rochas formadas por
precipitação química, as inúmeras possibilidades de composição mineralógica dos
magmas (basáltico, granítico, alcalino etc.) e os variados tipos de rochas metamórficas
que podem ser geradas, de acordo com a natureza da rocha original. Abordar em
pormenores as amplas relações envolvidas no Ciclo das Rochas depende de
conhecimentos geológicos específicos que ultrapassamos objetivos do presente artigo.
FELDSPATO 59,5%
QUARTZO 12%
MICAS 3,8%
OUTROS 7,0%
Silicatos
Piroxênios
Enstatita MgSi03
Grupo do quartzo
Quartzo Si02
Tridimita Si02
Cristobalita Si02
Opala Si02*NH20
Ortoclásio KAISi3O8
Microclínio KAISi3O8
Albita KAISi3O8
Hornblenda Ca2 Na (Mg, Fe)4 (AI, Fe, Ti) (AI, Si)8 O22 (O, OH)2
Carbonatos
As folhas de íons carbonato na calcita são separadas por camadas de íons cálcio,
como é o caso do mineral dolomita, cuja fórmula é CaMg(CO3)²
Figura 4: (A) Calcario (B) Constituinte básico do carbonato, que é constituído por um íon
carbono circundado, em um triângulo, por três íons oxigênio, (C) Carbonato de Calcio (Fonte:
PRESS, 2006).
Óxidos
Os minerais do grupo dos óxidos são compostos nos quais o oxigênio é ligado a
átomos ou cátions de outros elementos, normalmente íons metálicos como o ferro
(Fe2+ou Fe3+). A maioria dos óxidos tem ligações iônicas e suas estruturas são
variáveis de acordo com o tamanho dos cátions metálicos. A hematita (Fe203),
mostrada na Figura 5, é o principal minério de ferro.
Figura 5: Minerais que fazem parte do grupo dos oxidos : hematita (esquerda); espinélio
(direita). (Fonte: PRESS, 2006).
Sulfetos
Outro sulfato de cálcio, a anidrita (CaS04), difere da gipsita por não conter água.
Seu nome é derivado da palavra anidro, que significa "sem água". A gipsita é estável
nas baixas temperaturas e pressões na superfície terrestre, enquanto a anidrita é estável
em temperaturas e pressões mais elevadas.
Figura 7: gipsita
WARSHALL, P. Four ways to look at earth. In: R.L.. Earth matters: the Earth
Sciences, phylosophy and the claims of community. Upper Saddle River, Prentice
Hall, Frodeman, ed. 2000.