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Indústria do cimento

Histórico

O cimento pode ser descrito de forma básica como aglomerante ativo e


hidráulico, isso se deve ao fato dele ser um material que aglutina seus grãos
(aglomerante) a partir de um elemento externo (ativo) no caso a água (hidráulico)1.

Partindo dessa definição, os primeiros usos de alguma espécie de cimento são


datados há mais de 4500 anos atrás. Egípcios e romanos utilizam solos de origem
vulcânica como cimento, já que quando misturados com água esses solos endureciam2.

O cimento usado atualmente foi patenteado em 1824 pelo inglês Joseph Aspdin,
que o denominou de “Cimento Portland”, pois a mistura obtida possuía propriedades,
como cor e durabilidade, que se assemelham as rochas da ilha inglesa de Portland. Esse
inventor queimou argila e pedras calcárias, obtendo um pó cinza, que após o contato
com água e secar se tornava extremamente duro e essa mistura não era dissolvida pela
água2.

Uma das primeiras tentativas de se criar uma indústria de cimentos no Brasil foi
em 1897, a Usina Rovalho, no estado de São Paulo, entretanto essa empreitada
enfrentou diversos desafios, como o sistema de transporte precário no pais na época e a
facilidade de importar cimento, já que não existia tarifa alfandegaria, assim a fabrica
encerrou as atividade no ano de 19203.

O primeiro sucesso na instalação de uma planta produtora de cimento se deu


pela Companhia Brasileira de Cimento Portland, no bairro Perus em São Paulo,
aproveitando-se das reservas de calcário e a proximidade do maior centro consumidor a
fábrica foi um marco no segmento no país3.

Em 1936 a Votorantim S.A, que viria a ser uma das empresas mais importantes
do segmento, inaugurou sua primeira fabrica em Sorocaba no estado de São Paulo. A
partir da década de 1930 a indústria do cimento se fortaleceu no Brasil devido ao
crescimento urbano, entrada de capital e tecnologia estrangeira, e maior apoio
governamental, o que levou a uma drástica redução da importação, como ilustra a figura
01.
Figura 1. Produção e importação nacional de cimento de 1901 a 1947, em milhares de toneladas.

Fonte: IPEADATA.

Mercado

Desde o começo do século vem ocorrendo no Brasil um crescimento quase que


continuo do consumo de cimento, com exceção ao ano de 2009, graças ao crescimento
econômico, programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida, grandes obras de
infraestrutura como a usina de Belo Monte e eventos internacionais como as Olimpíadas
e a Copa do Mundo de Futebol. Isso levou a um maior investimento dos grupos atuantes
nesse segmento, que somavam 12 no ano de 2010. Essa concentração em poucos grupos
é explicada pelo fato do alto custo de implementação de uma planta desse produto e
consequente demora em obter lucros3.

A produção no Brasil é divida da seguinte forma: Sudeste (48%), Nordeste


(19%), Sul (17%), Centro-Oeste (10%), Norte (6%), já o consumo por região é: Sudeste
(51%), Nordeste (19%), Sul (15%), Centro-Oeste(11%), Norte (4%). Isso reflete a
organização social e econômica do país, entretanto recentemente o consumo vem
aumentando no interior do país levando a mais projetos de industrias nesses lugares,
como mostra a tabela 013.
Tabela 1. Fábricas de cimento em funcionamento, em construção e previstas no Brasil.

Fonte: SANTOS, 2011.


Já a produção em números absolutos por região é ilustrada na tabela 02.

Tabela 2. Produção regional, por grupos, no Brasil.

Fonte: SANTOS, 2011.

De forma geral o Brasil importa pouco cimento, cerca de 4% desse produto


consumido no Brasil, em 2013, foi importado, devido ao fato do país ter uma boa
capacidade instalada de produção, com tendência de aumenta-la, bem como o alto valor
que o dólar vem registrando4. Enquanto que a exportação representou apenas 0,2% da
produção brasileira. A figura 02 ilustra os fluxos de cimento no território nacional.
Figura 2. Fluxo do cimento no Brasil.

Fonte: SANTOS, 2011.

Cerca de 90% de todo o cimento produzido é consumido no país de origem,


devido as restrições na produção desse insumo, já que é necessário haver grandes
reservas de argila e calcário, em composições ideais, próximas a área de produção,
sendo assim os maiores países produtores são aqueles que apresentam essas condições e
consumem muito cimento4. A tabela 03 mostra por país a produção de cimento.
Tabela 3. Produção, por país, de cimento em 2013.

Países Produção em 103 t Porcentagem


China 2.300.000 57,5%
Índia 280.000 7,0%
Estados Unidos 77.800 1,9%
Irã 75.000 1,9%
Turquia 70.000 1,8%
Brasil 69.975 1,7%
Vietnã 65.000 1,6%
Rússia 65.000 1,6%
Japão 53.000 1,3%
Arábia Saudita 50.000 1,3%
Coreia do Sul 49.000 1,2%
Outros países 845.000 21,1%
Total 4.000.000 100%
Fonte: adaptado de SNIC, 2013.

A tendência é o crescimento desse segmento industrial, de concreto e seus


aditivos. O CAGR, que é a taxa anual de crescimento composta, para essa indústria é de
8,16% para o período de 2018-2023, ou seja, o caminho indica um aumento substancial
na produção mundial, sendo o principal fator a urbanização acelerada na Ásia, que exige
cada vez mais matérias primas para construção5.
[1] https://www.portaldoconcreto.com.br/o-que-e-cimento

[2] https://abcp.org.br/basico-sobre-cimento/historia/uma-breve-historia-do-cimento-
portland/?politica=sim

[3] http://www.scielo.br/pdf/sn/v23n1/07.pdf

[4] http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/cimento-sumario-mineral-2014

[5] https://www.marketresearchfuture.com/press-release/cement-and-concrete-additives-
market

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