DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA HISTÓRIA DO BRASIL VII DOCENTE: ISABEL GUILLEN DISCENTE: MANUEL SILVESTRE DA SILVA JÚNIOR
RESENHA REIS, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
O texto nos apresenta uma visão crítica da ditadura militar e o
papel da esquerda e da sociedade brasileira e sua importância na História do país. O autor sugere a reconstrução deste período ocorrido, analisando os principais fatores para o início da ditadura como também seus principais agentes, mostrando que os valores democráticos, mesmo sendo derrotados no golpe de 64, conteve apoio da sociedade, e por conta disto iniciou a luta armada por alguns grupos de esquerda. Expondo fatos que iniciaram a ditadura e o Golpe de 64, Daniel Aarão Reis passa pela metamorfose do período. Com a repressão em baixa após a segunda metade da década de 70, houve um ressurgimento das esquerdas na sociedade, voltando a fazer parte da vida política do país. A Ditadura Militar no Brasil é uma memória que incomoda a população brasileira, onde os ditadores são demonizados. O autor cita que na ditadura predominou a truculência, o reino da exceção, os anos de chumbo conhecidos, onde a gênese destes movimentos foi à derrubada de João Goulart em 1964, este que pretendia colocar em prática as reformas de base, causou tremor nos militares, e estes que, de acordo com o autor, “desferiu um golpe no projeto político nacional-estatista que o líder trabalhista encarnava e encerrou a experiência republicana iniciada com o fim do Estado Novo, em 1945.” (REIS, p.11-12) Fazendo um apanhado da conjuntura mundial, quando da interna, o autor nos ensina que houve várias ideias do que se fazer após o golpe, entre elas seriam simplesmente tirar Jango da presidência, alguns queriam uma limpeza mais profunda. Prevaleceu após 64, a Junta Militar que autodenominava Comando Supremo da Revolução, sendo o AI-1 (Ato Institucional Número Um), que com este ato foi possível caçar mandados de políticos, iniciando assim as prisões, censura e intimidações. Os trabalhadores foram bastante afetados por causa da inflação, entretanto, muitos dos movimentos trabalhistas eram reprimidos pela repressão da força militar, sendo esta não sendo favorável aos valores democráticos. Muitos setores que anteriormente eram favoráveis ao regime começam a se descontentar com a hostilização do governo, surgindo também movimentos estudantis, estes que sofriam com a falta de apoio da população e da queda dos partidos políticos. A parte intelectual teve bastante importância na ditadura, com criticas contrárias e também a favor do regime militar. Compositores como Geraldo Vandré e Chico Buarque tinham em suas músicas protestos contra a ditadura. Uma “oposição mais ortodoxa” (REIS, p.47) estava com Caetano Veloso e seu tropicalismo. O cinema também com Glauber Rocha e Rui Guerra. A população nacional estava mais ligada aos programas de TV, que começariam a participar do cenário político e da luta. Destaque também para o chamado milagre econômico, que gerou bastante desigualdade na população e em regiões do país, embora conseguisse beneficiar muitos setores modernos, com acesso a casa própria e ao primeiro automóvel, e também um período bastante favorável de funcionários públicos. Os ideais contra a ditadura começam a ganhar com o fim do AI-5, voltando a ter manifestações civis, principalmente de estudantes e com a Lei da Anistia, que também foi em favor dos torturadores.