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HISTÓRIA SOCIAL DOS MEIOS

DENIS McQUAIL
Segundo Denis McQuail, a comunicação é aquele processo realizado
conjuntamente. Ou seja, dois ou mais indivíduos interagem entre si,
havendo uma troca de informação e uma resposta, além de uma
compreensão por parte dos dois.

McQuail estabelece que os meios de comunicação são aqueles


instrumentos que viabilizam o acontecimento da comunicação, ou seja,
da troca de informações.

O termo MASSA se refere á uma amplitude homogênea. Ou seja,


conjunto de indivíduos que, entre si, possuem opiniões, gostos,
interpretações iguais do que os ronda.

Os meios de comunicação permitem que haja uma hibridez na sua


constituição. Também ocorre uma valorização do senso estético, do
que é belo e mais adequado.

Se tornou interesse sociológico a partir do momento que os mesmos


desempenharam papéis impactantes na história, para a formação da
sociedade. Tendo como objeto de estudo a tecnologia versus a
sociedade, além da materialização da comunicação.

Em sua obra “Teorias da comunicação de massa”, McQuail nos remota


ao início das sociedades e nos explica que a comunicação humana é
um processo muito mais antigo que os meios de comunicação de
massa, principalmente se referindo aos que hoje vigoram. Além de
estudar o papel que esses meios desempenham na sociedade.

Um ponto chave trazido por McQuail, se trata do uso dos meios em


civilizações antigas. Na Idade Média, por exemplo, a Igreja utilizou
desses meios como forma de controle, e com o advento da imprensa,
surgiu o temor de uma finalização desse controle social que a Igreja
desempenhava.

Pode-se dizer então, que os meios de comunicação de massa, podem


desempenhar diversos papéis, mas entre os principais, o de controlador
e libertador. Como vemos durante a Reforma e a Contra Reforma. Se a
existência dos meios de comunicação de massa fosse nula naquele
período, os ideais promovidos por Martinho Lutero não teriam
alcançado tantos indivíduos. E também, se não existissem esses meios, a
Igreja não poderia tentar se reerguer como tentou durante a Contra
Reforma, se apropriando desses meios para, também, promover seus
ideias, durante aquele período que colocara em jogo o seu poder de
controle da sociedade.

Na obra, McQuail estabelece uma série de nuances ao longo da


história da mídia. Começando pela necessidade das mesmas, e os usos
a aos quais fora aplicada. Cada sociedade ou grupo social
estabeleceu o grau de necessidade que a mídia desempenharia, e se
apropriou da mesma nos mais diversos campos. Sejam eles no ramo da
propaganda, da informação, do controle, etc.

A seguir, vemos como as tecnologias (formas e técnicas de saber),


ligadas à produção do saber, influenciaram as mídias. A transformação
que cada meio midiático sofreu ao longo do desenvolvimento de
tecnologias cada vez mais precisa. Podemos citar a redução do uso de
algumas mídias, à medida que outras se tornaram cada vez mais
presentes.

As formas de organização social compõe a terceira nuance a ser


estudada ao longo da história da mídia. Como cada composição
social, cada forma de se organizar, inflige nas maneiras de produção e
distribuição ao longo da história. E por fim, como a quarta nuance.
McQuail ressalta as formas de regulamentação e controle que
influenciam na história da mídia.

Vale lembrar que, em sua obra, Denis McQuail tem uma visão/viés
ocidental de ver as coisas, sendo criticado por isso.

A periodização da mídia se dá da seguinte forma:

1. Livros (primeiramente manuscritos, e com o surgimento da


imprensa, se tornam impressos)
2. O jornal (que teve a carta como sua precursora)
3. Cinema
4. Radiofusão (tv, rádio, música)
5. Novas mídias (internet)

É importante destacar, que nem todas as mídias surgiram com o papel


que desempenham hoje. O cinema por exemplo, nasceu com o intuito
de estudar o movimento e hoje se tornou uma das principais formas de
entretenimento na modernidade.
Também é importante frisar, que nenhuma forma de mídia fez com que
outra deixasse de existir. Existia/existe uma adequação das anteriores, e
até mesmo uma fusão de mídias. Então não se fala de substituição, e
sim de adequação.

Um ponto importante destacado na obra de McQuail é sobre a


Unidirecionalidade versus a Interatividade. Até que ponto as mídias
promoviam essa interação com o público? A informação vinha, mas
geralmente não recebiam a resposta/reação daquele que a recebia. A
interação então seria essa possibilidade de compreensão na qual a
informação chega, e se é possível enviar uma resposta. Coisa que as
novas mídias, como a internet, permitem.

A convergência das tecnológicas, ou seja, sua crescente evolução e


surgimento, era mais observado em sociedades consideradas mais
livres. Onde o pensamento permitia que as pesquisas fossem realizadas
e tivessem tais consequências.

McQuail, ao estudar a relação entre a mídia e a sociedade, chama


atenção para alguns pontos importantes.

 A mídia em seu caráter libertador, educador e construtor, ou seja,


promotora de ideias de liberdade, de expressão. E em
contraposição, a mídia em seu caráter controlador, como fora
usada por muito tempo pela Igreja, e também nos movimentos
de ditadura.
 Usos e recepções. As mais diversas utilidades atribuídas as mídias,
e como elas foram percebidas por aqueles que assistiam seu
surgimento e desenvolvimento
 A propaganda institucional: promoção e diferenciação de
estratégias, ideias e objetivos de empresas no seu caráter de
papel social.
 Os novos meios e a forma como os antigos se adaptam às
transformações.
PIERRE LÉVY – As tecnologias da inteligência
P. Lévy em sua obra, nos contempla com o desenvolvimento das formas
de saber ao longo da história. Passando pelas sociedades nas quais a
oralidade era a forma mais efetiva de saber, até as sociedades atuais,
que contam com a escrita para armazenar e perpetuar o
conhecimento.

Inicialmente é importante frisar as definições que Lévy atribui à


tecnologias (formas de se produzir o conhecimento = técnicas +
instrumentos do saber) e tecnologias da inteligência (como construímos
nosso pensamento). Sendo importante destacar a existência de diversas
formas de saber e conhecer.

Nas obras estudadas, o assunto principal é o Polo da Oralidade. Que se


destaca em dois:

1. Oralidade Primária: O papel da fala antes do surgimento da


escrita, tendo como função básica a gestão da memória social.
2. Oralidade Secundária: Estabelecimento da palavra como
complementar a fala, tendo como função a comunicação
prática.

Pierre então vai destacar a memória como um termo presente nas duas
distinções que encontramos no polo da oralidade. Em suas obras ele
destaca a importância da memória e verifica que a mesma se divide
em duas categorias, sendo cada uma delas associada à um momento
da evolução da oralidade.

A memória de longo prazo, segundo Lévy, é verificada nas sociedades


que se valem da oralidade primária. Esse tipo de memória estabelece a
função social de instrumento que vai permitir a perpetuação e
transmissão de saber ao longo da história.

Pierre destaca que a memória à longo prazo só é possível a partir de


uma grande rede associativa, onde o indivíduo estabelece uma cadeia
de relações entre o mundo e o signo, se valendo de pretextos
emocionais por exemplo.

Antes do advento da escrita, nas sociedades orais, é importante frisar


que o tempo é circular, o que Pierre chama de “Horizonte do Eterno
Retorno”. Isso significa que, ao longo da história, o saber e o
conhecimento é sempre passado de forma a se repetir. O pai que
ensinou para o filho, que ensina para o neto e por ai vai.
É importante destacar que nessas sociedades, existiam meios de
perpetuar o saber, como os mitos (narrações de origens) e as narrativas
(modo de expressão da temporalidade humana).

As mudanças não podem ser medidas, já que com o tempo circular,


não se é possível estabelecer um marco fixo.

Durante as aulas, vemos a aplicação dos conceitos da oralidade


primária no filme Narradores de Javé, que conta a história de um
pequeno vale onde os moradores acreditam que a única forma de
salvar o local, é se valendo das histórias que cada um conta.

Vemos então a importância dessa cadeia associativa para que o saber


se perpetue ao longo da história. Um dos mecanismos que permite essa
existência de uma cadeia associativa, é a ligação emocional que cada
morador atribuiu a história que contou. Como foi o caso de dois
personagens que se disseram parentes dos heróis de suas histórias.

É importante realçar que uma sociedade oral primária não é menos


desenvolvida que uma sociedade oral secundária. Ela apenas possui
uma maneira diferenciada de se comunicar.

Nas sociedades de oralidade primária, é visível a necessidade de uma


imediatez e deu um compartilhamento do espaço/tempo para que o
saber seja compartilhado, o que não ocorre nas sociedades de
oralidade secundária, que, como veremos a seguir, contam com a
escrita e a amplitude na difusão dos saberes com a chegada da
imprensa. O leitor pode ler sem sair do lugar.

No campo da oralidade secundária, Pierre destaca que nas sociedades


que se valiam dessa forma de saber, a memória tinha seu caráter de
curto prazo. Já não era necessário armazenar todo o conhecimento na
mente, já que com o advento da escrita, o saber poderia ser contido
em papéis e perpetuado ao longo do tempo.

Justamente pela transformação do tempo, que agora assumiu um


caráter linear, que se associa a HISTÓRIA ao período em que a escrita
surgiu. Tudo o que veio antes, é associado a PRÉ-HISTÓRIA.

Com a escrita, Pierre destaca a ideia de uma objetificação,


materialização da memória. E com isso novas formas de pensar e saber
surgiram, como o surgimento da Filosofia, das Ciências e da História.

Vale lembrar a escrita vai desempenhar um papel na organização das


sociedades.
A IMPRENSA
Antes da imprensa de Gutemberg, já existiam formas de se propagar o
saber, como a Xilografia e a Litografia, além dos manuscritos. No
entanto essas formas não permitiam uma propagação mais ágil do
saber, como a imprensa pós Gutemberg (pai da tipografia) permitirá
futuramente.

Mais ou menos no ano de 1455, surge a técnica da tipografia, que vai


estar presente em diversos contextos sociais.

O mais forte deles, destacado por Peter Burke em sua obra, acontece
no contexto da Reforma Protestante, por Matinho Lutero, que saúda a
nova técnica de impressão como “a maior graça de deus”. Isso
acontece porque sem a impressão, os ideais promovidos por M. Lutero,
não teriam alcançado tantos indivíduos como alcançou.

Peter Burke então vai trazer a importância da propaganda oral e visual


dos panfletos, que desempenhavam naquele contexto o papel de
fortalecimento de ideais. Podemos então falar sobre o surgimento da
publicidade institucional. E é nesse contexto que o conceito de Esfera
pública vai ganhar força.

Segundo Harbemas. A Esfera Pública é um local (locus) de debate,


discussão, questionamento e crítica.

A difusão da imprensa se deu num contexto de grandes movimentos


sociais, como a Contra Reforma, que mais tarde, se valeu da imprensa
(a qual temia, repudiava) para tentar se reerguer, ao criar o Índex dos
Livros Proibidos.

Também estava presente no contexto do Renascimento, onde a


imprensa permitiu a difusão e perpetuação das obras ao longo do
tempo, e provocou bastante inquietação, com o receio da perda e o
medo do excesso.

Peter Burke então trás a ideia da Imprensa como um quarto poder,


devido ao seu poder manipulador, de transmissão de informação, e de
apropriação de valores.

Em sua obra, Burke também destaca o desenvolvimento da


publicidade e da censura. E o papel dos diversos meios de
comunicação. Além de frisar a importante da oralidade nas
sociedades.
Na história do Jornal, podemos destacar inicialmente as publicações
manuscritas. Essas eram irregulares e avulsas. Com o surgimento da
imprensa, surgiram os primeiros jornais, incialmente com semanários, até
se tornarem diários.

Thompson em sua obra, destaca a existência de 4 poderes:

 Econômico
 Político
 Coercivo
 Cultural e Simbólico (ao qual foi dada maior importância nas
aulas, e também é foco de Thompson): Esse poder nasce na
atividade de produção, difusão e recepção das formas
simbólicas (dotadas de significado).

Segundo Thompson, nas sociedades modernas, houveram 3 mudanças


na organização social a partir do poder simbólico:

a) Papel das instituições religiosas


b) Expansão dos sistemas de conhecimento
c) Mudança da escrita para a impressão e surgimento das industrias
da mídia

Essas mudanças geraram diversas implicações na sociedade, como a


difusão do protestantismo, do renascimento. Além da maior
acumulação e difusão de saberes, e o surgimento da esfera pública
burguesa.

Uma das críticas de Thompson à Harbemas, é que ele se refere à esfera


pública harbesiana como focada em mídias tradicionais.

Segundo Harbemas, há 3 fases na evolução da imprensa:

a) Imprensa organizada em pequenos grupos artesanais


b) Imprensa de informação, onde há o locus de debate e
questionamento, com a aparição da esfera pública autêntica
c) Imprensa moderna comercial, onde os interesses privados e
capitalistas se inferem nos meios de transmissão, pondo fim na
esfera pública autêntica, e cria a esfera pública midiática

Thompson critica Harbenas em diversos pontos, em alguns deles, ele


destaca a negligencia de Harbemas ao tratas das formas de discursos,
principalmente dos plebeus. Thompson questiona a forma restrita da
esfera pública de Harbemas, e sobre o declínio da esfera pública
burguesa com a refeudalização da mesma.
O conceito de refeudalização se trata sobre questões para aclamação.
Não se promovia o debate, e sim o entretenimento.

Thompson então destaca que os receptores não são passivos, ou seja,


eles pensam, agem e transformam. Sendo assim, posteriormente,
Harbemas revê seus conceitos sobre a Esfera Pública, criando o
conceito de Esfera Pública Abstrata, destacando a importância da
imprensa na tematização e criação de espaços de debates.

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