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TEORIA GERAL DO DIREITO E DO ESTADO Hans Kelsen cot cringe indice Preficio. 7 XXVII PRIMEIRA PARTE:O DIREITO Eouicajuridica 1, OCONCEITO DE DIREITO, A. Direitejustiga a z 2. A conduta humana como objeto de regras bb Definigto centifcae defnigio politics de Dircto aan «© Oconecte de Dirsto ew dia de justia. 1. A justga como um jlgamento subjetve de valor. 2. Dircto natura 3.0 dualismo de Direto positive e Dircito natural. 4. Justia paz 5 Justiga legalidade B. eriterio de Direito (0 Diteito come uma ‘tenia social especiica) 4 Motivagio dirt e indie. ',SangdestranscendentaseSociaimente or nizadas «.Punigdoerecompensa 0 19 a 23 2s 4.0 Direito come ordem coereitva €, Direito, moralidade religito. 4. A monopoizagae do uso da fore. Dieta e pur 1 Compulsto psiguica 1 As motivagdes do comportament iit. 4 Argumentos contra a definigho do Dizeito ‘oma ordem coerctva I. Ateoria de Eugen Ehrlich 2. A see ininta de sangbes. C. Validade eefedela Aor 1.0 Direto como comando, Le, expressio terse ou pss Cenalzaioedescenalizago tii ¢ pare «4 Citios dow graus 3 conmzag © es conalizagio ais 40 20 at 42 42 425 425 226, 225 re a7 428 428 29 429 30 430 31 431 a2 43 3 4 a4 as 436 “7 2. Método de restrigdo da esfera territorial de validade €.0 concelto dindimico de centralizagioe des- centralizaso. 8 Crapo de normas entalizadae desentra- Tieada by. Forma de goveroe forma de rganizagio «, Democraciae descentralizagio 4 Centralizagio e descentralizago pereitas © imperfeitas. ¢,Descentralizagao administativa £. Descentalizago por autonomia local Desoentalizagdo por provncis auténomas, D. Estado federal econfederagio de Estados. 1 Centralizago de legislagio 1. Estado federal 2. Confederaio de Estados bb Centralzagio de exeeusio 1. Estado federal 2. Confederagio de Estados «.Distribuigo de competéncia num Esta fe eral enuma confedarago de Estados 4. Cidadania « Obrigago eautorizagho diets eindrtas £ Intemacionalizacio e eetralizago. fg. Transformagio de um Estado nitro num Estado federal ou numa confederaso de Es- tacos E. A comunidade jridica internacional. 4 Nenhuma froncira absoluta ene © Dieito nacional eo Direit internacional .0 Direito nacional como ordem jurdica re Tativamente centralizada «A descenalizago do Dito internacion. 1. Deseentalizagd estiticn 2, Descenttalizagio dinimica, 438 45, 4 46 48 450 4st 3st 451 454 456 456 456 487 458 358 ‘460 461 4a 462 463 464 464 465 '3. Centralia eelaiva pelo Divito iner- nacional particular VI. DIREITO NACIONAL E INTERNACIONAL A. cariter juridico do Direito internacional. 2, Delta e sang do iret internacional bb Represliase guerra 6 Assdaas interpretages da guerra. {8A doutrina de bellum stam 1. Opinio publica internacional 2. Aida de bel justum no Dieitoiter- nacional positvo. 5. Adela de Bellu jst na Sociedade pi 4, Ateoria de bellum astm na Antiguidade, ‘na Made Médiae nos tempos modernos. «. Argumentoscontraaeoia de bum stam f. Ardem jurdica primitiva £0 Direitoitemacional come Dire primitive B. Direito internacional e Estado 2 Os suits do Direto internacional: obriga- ‘oe autorizagoinireta de individvos pelo Direto internacional ». As normas do Direto internacional so nor- ‘nas incompletas. «. Obrigago eautorizaio dreta de indviduos pele Dirt intmacional, I Individvs como suet dretos de deve- 2 Indvidvos como sjltos diets de diei= {4.0 Direito nacional “dlegado” pelo Divito internacional. «A fungi essencial do Direto internacional £8 determinagao da esfera de validade da or- dem jurdica nacional pla ordem juriica in termacional 467 467 467 470 a an an, 474 476 an 478 48 483 486 86 488 489 89 4 495 396 498 A unidade do Dirito nacional 2 0 Estado como dro da ordem juris ite nacional (A eriagdo do iret internacional) h. Aresponssbilidade internacional do Estado, 1. Responsabilidade coletiva do Estado eres. pontablidade individual dos individvos rz condigiode sujeitos do Direto interns. sional, 2, Dever de eparag. 3.A chamada responsabildade “indieta® ‘ov substi”, 4, Responsabilidade absoluta do Estado. Internacional (monismoe pu A teoria moaista ea toora pluralist, 1A matiria do Direito nacional e do Direto intemacional «A“fonte” do Direto nacional e do Dirsito internacional 6.0 fundamen de validade Jo Diteitomacio- nal edo Direito internacional 10 fundamento de valida da ordom jr ica nacional determina pelo Dieta i> teenacional 2 Revolugio e coup d'état como fatos era ores de Dirsto segundo 6 Dieta inter- nacional 3. A norma fundamental do Direito interna sional 4. A visto histiica e liga juridica. «©, Coaflitos entte Direito nacianal ¢ Direto internacional £ Aunidade do Direito nacional e do Direto Internacional como um postulado da teoria juwiiea TTA rela possivel nie das sistemas de 2. Arelagio entre Direito postive e moral dade, 499 sot 3. Choque de deveres 4. Normatvidadeeefetvidade «Primazia do ireito nacional ou primazi do Dineito internacional 1. Personaldade nacional internacional do Estado 2, Transformagio do Diteito internacional cm Dito nacional 3. Apes uma ordem juries nacional como sistema de normas vias 4, Oreconecimenta do iret internacional 5. Aprimazia do Diteto nacional bs Soberania 1A soberania como qualidade de uma or- ‘dem normatva 2. A soberania como qualidade exclusiva de ‘uma nica order i, A signficag filosbtiaejurdica das duas hipseses monistas. 1, Subjtvisme e objetivo 2. Usosindevidos das duashipeses 5, Acscalha entre as dus hipteses Apéndice ADOUTRINA DO DIREITO NATURAL EO POSITIVISMO JURIDICO |. AIDEIA DE DIREITO NATURAL E A ESSEN- CIA DO DIREITO POSITIVO A. A teora social eo problema da justia 0 principio de validade no Dieito natural ¢ 1 Dielto postvo; 0 fator da eoersio; Di tito Estado (€. 0 “dover ser”: validade absotutae atv 333 SM 335 37 539 sa sa 4 saa 3st 37 558 360 D. A norma fundamental do Dirsito positive E. A imutabitidade do Direto natural , Alimitaedo da ila de Direto natural 0 DIREITO NATURAL E 0 DIREITO POSITI- ‘VOCOMO SISTEMAS DE NORMAS. ‘A. Aunidade dos dois sistemas de normas B.O principio estitico do Direto natural ¢ 0 principio dindmico do Direto positive . A imitagio do positivism. D. 0 Direitopositivo como uma ordem signti- E. 0 significado subjetivo ¢ objetivo do mate- rial Jaridico. F. A importincia metodoligien da norma fun- ‘damental no Direto positive, ‘A RELACAO DO DIREITO NATURAL COM O DIREITO POSITIVO. A SIGNIFICACAO POLL TICA DA TEORIA DO DIREITO NATURAL, ‘A.A validade exclusiva de um sistema de nor- ‘mas: © principio Higico de contradiglo na ‘sfera da validade normativa, B.A norma como um “dever ser” ¢ como umn {ato psicoligico: choque de deveresecontra- gio denormas. . Digeito ¢ moral: 0 postulado d . A impossbiidade da coersténcia do Dirsito positive edo Direito natura . A impossibilidade de uma relagdo de dele- aco entre o Direto natural eo Direlto po- vo. lade de 563 565 566 569 569 310 sm 7 319 S81 58 su 586 ss7 F. 0 Direitopositivo como mero fato na sua re- lagio com o Dielto natural como norma. G.A relagio do Direto natural com o Direto positive na doutrina histiria do Direlto na tural 1.0 Dieeito natural como jusificativa do Di- reitopostvo, 1. 0 cariter supostamente revolucionitio da ddoutrina do Direto natural (08 FUNDAMENTOS EPISTEMOLOGICOS (ME- ‘TAFISICOS}E PSICOLOGICOS. A.O dustismo metaisico 4 duplcago do objeto de copnigi na este- yada ealidade natural; teria da imagem, 1A duplicagho do objeto de cognicio no do mini ds valores. «A teoria da natreza edo Disito cate os pric 40 dualism metafisicorligioso « Duslismno pessimists: ipo e personalidade ceaiude metaisica, £. Dualismo pessimist: Sua toora socials & posigiorevolucions 1 Daalisme otimista: tipo de personalidad © stitudemetafisica ‘bs, Dualismo otimist: a sua filosofa politica & {jrdica;conservaderism, i, Otipo conciiador do dualismo metaisice | Otipoconcliador: personalidadee metafsica 1.0 tipo concliador sua atte juridico-po: litica, Coneitiagdoe psig evolucionéria B. Afilosofia cieniico-eritia 4. Ofim do dialismo metafisco A epistemologia da perspectvacietifia, © ‘su fundamentopsiclogico 589) sl 593 395 599 599 599 oor 603 ns oor co 610 612 6a is ois 619 619 on «© positivism jridico:Direitoe poder. A doutina jusnaturalists logico-tanseen- dental A iniferenga politica do positivism Jidico € Dideal de justigatoma:Se um padeio lice. FE. Ometod dotipo ideal A conereizagdo dos tipo ieais na histia inteleetual 1.0 idealism crtico de Kant © positivism iurdico oa was a7 ra oss as Preficio A intengo do present livo 6 antes reformular que merd= mente republicar pensamentoseidas reviamente expessos tem alemio francs! O objetivo foi duplo: em primeir lugar, fpresenar os elementos essencias dagilo que 0 autor veio a ‘hamar “teria pura do Dirito" de modo a aproximila dos lei- tores que eresceram em meio as tadigdes 4 atmosfera do Di- ‘eitoconsuetudndrio; em segundo lug, da a essa teora uma ormulagio tal que a capacitasse a abranger os problemas © as instiigbes do Direito inglés e american, além dagucies dos ‘paises que adotam oDiret civil, para os quis ela fi oiginal- mente formulad, Espera-se que tal reformalagio tena resul> tado em progresso. 'A toon que ser exposta na primeira parte deste livro & ‘uma tora gral do Diretopositivo, O Ditetopostva € sem ‘pre o Direito do uma comunidade definida: 0 Direlo dos Es fados Unidos, o Direito da Frang,o Direto mexicano o Ditei to internacional. Cnseguir uma exposig cientiicadessasor- ens jurdicas paciis que constitu a5 comunidades juridi- ‘as crrespondentes¢o init da teria geal do Direito aqui txpost, Fsta tora, resultado de uma andlise compaasva das ‘vera ordensjuridcaspositivas,fornece os conceitos funds ‘mentais por meio dos quis o Ditto positive de uma camun ‘dade jurdieadefinida pode ser deserito, So tema de uma teo- ‘ase i908 ene ete). Ca waa pte Seba fin dese. Xxvitl ‘eon GERAL DODIREITO EDO ESTADO ria eral do Dirito as normasjuridicas, os seus elementos, & ‘Sts inferelago, a ordem jridica como um odo, ela en- tne as diferentes ondensjurdicese,finalmente, a unidade do Direito na pluralidade das oxdensjuridieaspostvs, ‘Como o objetivo desta tora eral do Dirito & capacitar 0 jvista interesa numa ordem jridica particular, o advogndo, ‘juz olegislador uo professor de Direto a compreender Sksreer modo to eat gun pose oe pra Di ‘eit tal tora tem de extairos seus concetosexcusivaments {0 conteido de norms juridias postvas. Ela no deve ser fnfluenciada pelasmotvagdes de autoridadeslegsladoas ou pelos desejoseinteresses de indviduos no teante formas fo Dieito ao qual eles esto sujeitos, exceto ma media em gue fessas mativages e intengBes, esses desjos © interesss,sjam ‘evelados no material produrdo pelo processolegslatvo. O {que no pode ser encontrado no conte de normas jurdieas postvasnio pode fazer parte de um conceit judi. tora perl, tal como € apresentada nese livro, est volada antes pata Uma andise estutural do Dirio positive que para uma ex- plicagiopsicoldgiea ou econémica das suas condigGes ov uma ‘valiagSo moral ou politica dos seus fins, ‘Quando esta doutrina &chamada “tora pura do Direito", pretende-se dizer com isso que ela esti sendo conservada livre fl elementos estanhos ao métedoespecifico de ums cigncia ‘uo nieo propdit & a cogniio do Dirito, eno a sua for ‘macio’. Lina cigncia que procisa deserever 0 seu objeto tal Como ee efetivamente eo prescrever como ele devera ser do ponto de vista de alguns julgamentos de valor especificos Est ilo € um problema da politica, como tal diz respeito ‘arte do goveno, uma aividade vollada para valores, no um objeto d eign, voltaa para realidad ‘Contudo,areafidade para a qual estévoltada a citnca do Direito no eaidade da ntureza, que constitu objeto de 2 taut Eom Prope, 1835109, Courbatos Craton of Tiana of he Fama Sh ofthe ew rk ort prersicio XIX ume cléncia natural. Se & noosssvio separar a cigncia do Direito da politics, no € menos necessiro separi-a da ciéncia ‘natural, Uma das tres mais importantes de uma tora gral 4o Direito€determinar a realidadeespectiea do seu objeto ¢ sdemonsrar a dferenga que existe entre a realdadejuridica ea realdade natural. A relidadeespeifia do Direto nose ma ‘ifesta na condta efetva dos individvos sujitos&ordem ju ica. Esta conduta pode ou no estar em conformidade com a ‘ordem cuja exstncia 6a realidad em questo, A ondem ju ‘ica determina o que #conduta dos homens deve ser. E um sis tema de normas, uma ordem normatia, A conduta dos indi ‘duos, tal como ela € efetivamente, &determinada por lis da natueza de acordo com o principio de causalidade. Isto area- lidade natural. E ne medida em que asociologia lida com a sua realidade tal como determinada por ls causa, a Sociologia € ‘um ramo da cinia natural. ealdade jurdia, a existencia specific do Direito, manifesta-se num fendmeno designado seralmente como positidade do Direito. O objeto especifico de uma eincia juridica& 0 Direto positive ou real em contra- posigdoa um Direto ideal, abjtivo da politic. Exatamente ‘Como a condutaefetiva dos individvos pode ou no corespon- der 8s normas do Direito postivo que regula esta condua, 0 Diretoposivo pode ou no corresponder a um Dieito ideal, apresentado como justiga ou Dirito “natura. E na sua rela: ‘ho com o Direito idea, chamado justca ou Ditet “natural que surge a realdade do Dircto postivo. A sua exstncia & Independente da sua conformidade ou no conormidade com ajustiga ou o Direto “natura” ‘A teoia pura do Ditto considera o seu objeto no como ‘uma cépia mais ou menos imperfeita de uma ida transcen- {Loo steno ebm ema roc jn poi otal in ‘Zrhanam CF or Ai Thorton an Pree oper 7 » Definsio ciemttieae definigh politica de Dirito Qualquer tentative de definigdo de um coneeito deve ado- tac como ponto de parti o uso comum da palavra,denotando ‘© conteido em questo. Para definirmes oconcete de Dieta, cr, us pre ttaidade is pssoss. A pespectvacln- fica cdeu apart perspective pits, adapta exis onions rd, oq, om cer, et incesolo er onecrsrogt segundo a al deve grocer. E cere gue os jst considera esas ers tab emo regras de cond tums cls lear il erpetiva por mei eum lamer to precipita, Eas querem der qo ar eres sepundo sas ‘oe tbunse tam deseo rgrs pls gas o omens lever regular su condita, Aus acrescntae una Vagh novia de ue, com » desert do tempo, es homens eee ‘epulri sn condita de cord om as eras segundo a ua ‘thus poferem suas sentengas. Ora € verde be um ‘egra de cond € apenas uma ropa segundo a gal 05 estenshausmente regula sn cond, mas bir ua rer sand a al os Hamens deer ao no eran tse de uma pesiposigi de odo iadmissel «de que esc "eve sje determina exclusiva, ou mesino preponderant: en, pene roa. Aexperiniacotdan esinao cont fo, Cstamentningém nos gues deinesjuriias ioc. ‘Sim 3 condata dos homens, mas devemos, en pimeioIat, ‘nkgar até que poo soc verdadeke ede quasscreunstincias sso depend | ‘A resposta de Ehrlich a essa questo € que as decisdes judiciatsinfuenciam a conduta dos homens apenas num nt tito bastante limitado. As regras de acordo com as qutis 0 trbunas e outros 6rgaos da comunidade decidem os Iitigios, ‘com iso queremes dizer as egras que prevéem ats core Ui, Sst aw, 10 opmera 2 tivos como sangBes, slo apenas uma parts, e nem 20 menos ‘uma parte essencial, do Diteito, o qual 6 a regra ova comple- xo de regas de acordo com 0 qual os homens ~ inclusive 0s ‘que no so res da comunidade ~ eftivamente se condu- zm, Mas nem toda regra segundo qual os homens se con ‘duzem & uma regra juridiea, Qual € a diferenga especifica ‘entre as repas Juridica eas utras regras da condutahuma- na? Em outras palares: qual € 0 eritério de Direto, qual 0 ‘objeto especifico de uma sociolopia do Direito em contrapo= ‘siglo ao abet da sociologa ger? Para essa pergunta Erlich tema seguiteresposta: Tes elemento, posta, devem, sob guisqercrens tinct, se exclldos do conceit de Dirt coo ode com para mila peo Fado um conceit ao qual 2 cos Jura tacconl tm se agaradotentaments om substi, pest de em see fio quaio forma. Ni é um ele ‘ent este do conceto de Dirt oft de eel ado ‘el Estndo, ude constitu a base paras decisis das cores ‘outs buna, nem ode sera base de ura compat legal Felons de alguna desas dite Resa um qua elemen- tosccane devers cero pono de partis, 0 Dirt Gum ore- Imeno. Podemos considera come provado aie, dente do Lebo do concede asociag,o Diet una oranizaco, ‘sj, uma era qu ib a todo e cada membre d asci- ‘loss pong nn comunidades ela de daminas2 ou ue {io (Uiherordmng, Unteordnurg, © seus deve. € a {nla ¢abeoltmenteimpossvelpressapor qu o Dic eis- ta deo dese esis pincialimente com o props de Soluionr contoversns qoe emerge da ayo comma. A norma uric seaundo qual st decididos 0 gis jurid- Cora orma de decsi, € meramente una espcie de norma rien com anges proposes ima (0 resultado da tenativa de Eilich de emancipar a defini io de Diteito do clemento de coero a sepuitedefnigde: 0 12 Eth Saf aw 28-4 “0 {TEORLA GERAL DO BIREITO EDO ESTADO Direto& um ordenamento da conduts humana, Mas esse uma Adefinigdo de Sociedade, ndo de Direto. Todo complexo de re- tas orderando a condutareciproc dos homens é uma order ‘u orgnizasio que consti uma comunidade ou assciagto © ‘qe aria todo ¢ cada membo da associ sa posgio nt comunidad e seus doves”. Existem virasordens de tl tp ‘qe ado possuem carter urdico, Mesmo que lmitemos o.com cto de ordem ou organiza a ordensreltivamenteeentali- ‘zadas que instituem orglosespeciais para a criagdo ea apica- ‘oda ordem,o Direito no & safcientemente determinad pelo Conceito de ordem, O Direito & uma ordem gue aribui a todo ‘membro da comunidade seus deverese,desse modo, sta posi- ‘lo na comunidade, por meio de na tenicaespecitica, pre- vendo um ate de coero, uma sansodirigida contra 0 mem- bro da comunidade que no cumpre seu dever. Se ignoramos ese elemento, ado temoscapacidad para diferencaraordem Juridica das outrasordens seis 2-A série infnita de sangdes utr anzumento contra dotrina de gue coer € um clemento essencal do iret, ou de que as sande constiuem tam elemento necessria dentro da esta juridica, diz o3¢- auinte: se €necesscio garam a eed de uma norma que presereve certo comportamento por meio de outa norma que Dresereve uma sango para 0 caso de a primera no ter sido fbedeida,€ inevitivel uma sri infinita de sangSes, um re resus ad infimum, Pois a fim de assegrat a fica de una ‘egra do enésimo gra, uma rgra do graun+ I énecessra”. ‘Higue a ordom juriica pode er consituia apenas por um ni ‘mero definido de regres, as normas que preserevem sanges pressupdem normas que ndo preserevem Sangdes. A coer ‘no um elemento necessrio, mas apenas possivel, do Dirito. TDN Tia A odsion he Sis of Lm 1939 24 Denson Rui, To of nl Sao el opmerro al EB corretaaassereo de que, a fim de asseguraraeficcia de wma repr de enésimo gra, €necessria uma regra de gra fn | eque, portant, impossivel assegurar a eficicia de ods ‘ss regrsjuridica través deregras que prevéemsangGes, mas a regra de Direito no & uma regra cua eficvia €asepurada por ‘uta epra que prevé uma Sango, mesmo queaefieicia des ‘era lo sje asseguraa por outa regra. Uma regra é uma fe- ‘1a jurdien nlo porque sua eficdcia € assegurada por outa egra que prevé uma Sango; uma repra € uma rgrajurdica ‘porque ela prevé uma sang, O problema da coergio(consran- Eimento,stngao) ao ode assegurar fica das repras, mas sm odo conoid das regras. Ofato dese impossvelaseg Tara eficdcia de todas a regras d= uma ordem urd através de regrs prevendo sangdes nlo exchi a possibiidade de ‘considera apenas as regras preven Sines como ers ideas, Todas a normas de uma ordem juries So norma coet- cits, normas que prevéem sangdes; mas ele e845 not= ‘mas existem algumas cjaeicéia mo €assegurada por normas coeteitivas. A norma n, por exemplo, diz 0 seguinte: se um ini- ‘iduo roubar ou individuo, um érgo ds comunidad ir pur iso, A efiecia dessa norma ¢assegurada pela norma n+ 1:8 ‘0 Gro no pir lado, our dro puni Geo que vio- lar seu dever de puni lado, Nao existe uma norma n +2 sssegurando a fica da norma n+ I. Anorma coercitivaa+ 1 “eo orgie ao pum o adr, outo E30 punto 6rz0 vio- Iador da lei no garanida por ura norma do graun-+2. Mas {oda as ordens dessa otdem juridica Sio normascoecithvas Por fim, fazemse objegdes & doutina de que a coersto sejaum elemento esseneial do Ditto alegando-se que entre as rnormas de uma orem juriiea ha varias que no prevéer san- 0 alguma. As normas da consituigio slo feqientemente Aestacadas como ondens juriicas apesr de preverem sanges “Trataemos dese argumento num capitulo posterior” a spc ae tn eno ms 2 16ORIA GERALDO DIREITOE DO-ESTADO .VALIDADE E EFICACIA O elemento de “coerg20", que €essencial a Ditto, con- sine, desse modo, ado na cbamada “compulso psiguica” mas no fato de que ats especificos de coergo, como sangtes, 0 prevstos em casos espeificos pelas regras que formam a ‘ordem juridica.O elemento de coergio & relevant apenas como parte doconteido da norma juridica, apenas como um ato esti- pulado por essa norma, nio como um processo na mente do Individuo sujito 4 norma. As regras que constitu um siste- ‘ma de moralidade no possucm tal signifiagio. Se os homens Se comportam efetnamente ou nio de maneira 8 evtar@ «eo com que a norma jurdia os ameaga,e sea sangio& efei- ‘amentelevada a cabo, caso sss condigiessejam coneretiza- das, slo questbes concernentes i eficcia do Direito. Mas no & ‘fica esim a validade do Dieito que se enconra em ques- Ho gui 8. “norma” (Qual éa natureza da validade do Direito, considera ds tina de sua efiedcia? A diferenga pode ser iustrada por um exemplo: una regra juridicaproibe o roubo,preserevend que todo ladrdo deve ver punido plo juiz. Essa regra& “vida” pr todasas pessoas, paraosindividuos que tém de obedcet 8 regra, 0s sujet aos quis, desse modo, oroubo& probe, ‘A tesa juridica & “vida” eim particular para os que efi mente roubam eo faz-o,“violan” a repr. Ou se, a regra juries € valid até mesmo nos casos em gue he falta “efie «ia, E precisamentenesse caso que cla tem de ser “aplicada” pelo juiz A regra em questo ¢ vida, no apenas para os st jeitos, mas também para os Gros que apicam afi. No enta- to, aregra conserva sua validade mesmo que o ldrio consiga Fgh, eo juz se vejanaimpossibldade de puni-lo, de aplicar aregrajuridica. Assim, no caso priculay, a egra vida para ‘0juizmesmo quando sem eficcia no sentido de que as condi opmero 8 es presertas pela ogra foram concretizadas ainda assim, 0 {ize achaimpossibitado de ordonar a san. Qual eno, (significado di afirmacdo de que a regr vila mestioguan= «do, num caso conereto, ela earee de eicicia, mio €obedecida ‘undo aplicada? Por “vaidade” queremos designar a exsténciaespecifica de normas. Dizer que uma norma € vida € dizer que press- mos sua existénci ou~ 0 que redunds no mesmo ~pressupo tos que ela possi “frga de obrigatoredado™ para aqueles ‘uj condta regula As epasjurdicas, quando vies, sho nor- ‘as. So, mais precisamente,normas que estipulam sangbes. ‘Maso que uma norma? 1.0 Direito coma comand, i, expresso de uma vontade Em nossa tentativa de explicar a natureza da norma, supo- nanos provisoriamente que a norma scja um comando, E assim que Austin cracetiza 0 Diteto, Ele di: “Toda ei ou regra...¢ um comando. Ou melbor, les ou regras, assim apro> Priadamentechamadas, slo uma espécte de comando." Um ‘omando ¢ expresso da voatade ou desejo de um individu, cj abjeta € a eonduta de outro individuo. Se ev quero (ou ‘ese que alguém se conduza de certo modo, ese expresso ‘minha vontade (ou dsejo) ao outro de um modo particular fentio esa expressio de minha vontade (00 dese) constiut ‘um comando, Um comando difere em forma de um pedido ou riza-se ela afirmogao de que a lei danatueza nio pode ter excosbes, ao passo que uma norma pode. Isso, porém, no & comet. A regra normativa “se alguém roubar, deve ser punido” Permanece vilida mesmo se, num dado eso, umladrio nz for Ppunido. Esse fo nfo implica uma excesio ao enunciado de ever ser que exprime a norma; ele€ uma excegdo ao enunciado «de "ser" que exprimearegra de qu, se alguém roubar, sed cfe- tivamentepunido. A validade de ma norma permanece inc ld- ‘me s, num caso concrct, um fto no corerponder norms, opmero 63 ‘Um fato temo carter de “exeeg0™®ra, eo enuncado que estabelece 0 fato esver em contradgio ldgica com a reer ‘Come a norma no é um enunciado de elidae, nen en ciao ds ur fato real pode estar em contradigio com a norma, Por conseguinte, nfo pode haverexcegdes nor. A norma & por sua propria natueza, inviolivel. Dizer que a norma é"vio- Tada” por cert condata & uma expresso figuada, ea figura sada nessa afimagio & incorreta. Pogue a afirmagio no diz nada sobre a norma; ela apenas caracteriza a condutaefetiva ‘como contra conduta preseita pla norma ‘ei da natureza, no entanto, no &inviolivel. Excogies verdadeias @ uma regra da natureza no esto excluidas. A plicada ques da norma moral. A norma juriicanio se refere, oma Porma meal condua de um nico indidyo, mas & ‘onda de dois indviduos pelo menos 0 indviduo que come- te ou pode cometero delito eo individuo que deve executat a sano. Se a sang fi drigida conta ou individu que nBo ‘delingiente imediato, a norma juriica se efere ats indivi ‘duos, concsto de dover juridical com efetivamenteusado na jurispradénciae tl como defnido sabretudo por Austin, refere-te apenas ao individo conta o qual é dirgida a sang3o to caso deel cometer 0 delito. Fle esta juidicamente briga- doa se abstr do delito seo delto for ceria ao posta, ele & ‘obrigado a no empreendr esa agio. Um individ e sicamenteobrigado& condutacujo oposto a sang diigida conta ele (ou conta indivduos que tém com ele cera relagdo os ‘ORM GBkAL bo DIREITO EDO ESTADO jridicament determinada). Ele “viola” seu dever (ou obiga- (0), o4,o que edunda no mesino, ele comete um delito qu to se comporia de maneia tl que su condutasejaacondigio de ume sanglo; ele cumpre seu dover (obigagio), cu, 0 que redunda no mesmo, se abstém de cometer ut deliv, quando sua condua €oposta a ese. Assim, esta juridicamenteobriga- doacerta condua significa queacondutaconriria & um deito como tl, & 2 condigdo de uma sangio estipulada por ums ‘norma juridica; asim, estar jurdicamentecbrigado significa ser sujetepotencal de um deito, um delingentepotencial. CContudo, apenas no caso de a sangio ser dinigida contra © elingente imediato & que o sujeito do dever, agusle que & passvel de uma sangdoestiplada por uma norma jurdic, 0 Sbjct potencial da Sango. Quando a sango& dingida contra ‘outro indviduo que no o delinglente imediato, 0 sujeito do

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