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HISTÓRIA SOCIAL DOS MEIOS - Segunda Parte
HISTÓRIA SOCIAL DOS MEIOS - Segunda Parte
I. Como pensar a relação entre comunicação, ação e poder proposta por Thompson?
Thompson nos propõe a encarar a comunicação não como uma tarefa onde apenas se relatam ou descrevem
os estados de alguma coisa, e sim como uma ação, desde que se assumiu que expressar algo é executar uma
ação, que dependerá da contextualização. Comunicar é interagir, entender e interpretar. Ele trás a ideia de
uma comunicação como possibilidade de ação, pela qual entendemos e construímos o mundo em que
vivemos. Thompson em sua obra trás a ideia de campos de interação, que é definido como “o conjunto de
circunstâncias previamente estabelecidas que permearão as ações dos indivíduos, dando diferentes
possibilidades de inclinações e oportunidades”, isto é, são as circunstâncias sociais que vão influenciar a
forma como os indivíduos agem em sua realidade. Dentro desses campos de interação, os indivíduos vão
ocupar determinadas posições que são dadas a partir da quantidade de recursos que o mesmo dispõe. Isso
está diretamente ligado ao poder, visto que Thompson traz a ideia de poder como “a capacidade de agir para
alcançar os próprios objetivos e interesses, capacidade de intervir no curso dos acontecimentos e suas
consequências”. No exercício do poder, os indivíduos se valem dos mais variados recursos que possuem, e
quanto mais recurso maior será seu poder. Sendo assim, podemos definir o poder como um “fenômeno
social penetrante característico dos mais diversos tipos de ação e encontros”.
O meio técnico é definido por Thompson como o elemento material que permite a transmissão dos
produtos simbólicos do produtor para o receptor. Um dos atributos do meio técnico, relacionados à fixação
desses produtos simbólicos é o seu grau de durabilidade. Por exemplo, em uma conversação (seja ela face a
face, ou por meio de telefones) possui uma durabilidade menor, visto que a fixação dependerá da memória
do indivíduo. Enquanto que produtos simbólicos transmitidos, por exemplo, em livros ou aplicativos,
possuam durabilidade maior. Outro importante ponto a ser analisado é que a variação do meio técnico
também influência na possibilidade de alteração desses produtos simbólicos. Torna-se muito mais difícil
corrigir uma fala gravada, do que nas conversações face a face do cotidiano. Devido a sua durabilidade, os
meios técnicos são vistos como mecanismos de armazenamento de informações e conteúdos simbólicos.
Um segundo aspecto dos meios técnicos é a sua capacidade de reprodução (reprodutibilidade). Por
reprodução, falamos da capacidade de multiplicar cópias de uma forma simbólica. Alguns meios possuem
maior grau de dificuldade quando falamos em reprodução, enquanto outros, como folhas impressas,
apresentam um grau de reprodutibilidade maior. Esse aspecto liga-se diretamente com a característica
mercantil dos meios técnicos. Agregam-se valores econômicos a produtos simbólicos que circulam pela
sociedade. Quando falamos de redução, também falamos da discussão que se cria acerca da originalidade.
Em livros, por exemplo, agrega-se um valor simbólico e econômico nas primeiras edições. É muito difícil
de falar em um produto original visto o auto grau de reprodutibilidade.
Um terceiro aspecto é o distanciamento espaço-temporal que os meios técnicos permitem. Isto é, eles
permitem que o produto simbólico seja separado do seu contexto de produção e de recepção. O produto
será produzido em determinado contexto/tempo, e será recebido em outro contexto/tempo, que é o que
caracteriza esse distanciamento espaço temporal.
Durante a discussão do texto de BRAGA, vemos que a interação mediada não é tão de via única. O
receptor não é passivo a informação. Ele age e reage sobre ela. Por exemplo, as cartas do leitor/espectador
são uma forma de interação que quebra com o ideal de via única de Thompson.
A primeira característica se refere a institucionalização, refere-se ao fato de que as inovações técnicas são
feitas ou apropriadas por instituições. Thompson traz à tona as indústrias da mídia, que são organizações
que se interessam pelas inovações técnicas, e com isso permitem a difusão e produção generalizadas de
formas simbólicas. Como a segunda característica, temos a mercantilização das formas simbólicas, ou
seja, todos os materiais simbólicos começam a ganhar valor econômico, e quando maior seu valor
simbólico maior será seu valor econômico. A terceira característica refere-se a dissociação entre a
produção e a recepção. O receptor não participa da produção do material simbólico. Ele não compartilha
o mesmo contexto nem o mesmo tempo, o que promove um distanciamento entre a produção e recepção. A
quarta característica é referente a disponibilidade das formas simbólicas que se tornam cada vez mais
acessíveis no espaço tempo, ainda que sejam diferentes da sua produção. A quinta característica é referente
a circulação pública, o que remete a pluralidade de indivíduos aos quais os produtos simbólicos são
destinados.
Ele nos propõe a encarar a recepção como uma atividade, sendo ela determinante na comunicação. Ele diz
que existem alguns elementos que influenciam nesse processo, como o contexto, a cultura, a existência de
uma formação acadêmica o não.
VII. Tendo em vista a discussão de Thompson (e outras realizadas ao longo da disciplina), como pensar
a relação entre comunicação, mídia e sociedade?
Thompson diz que é a partir da comunicação que o sujeito entende a si mesmo como pessoa. A
comunicação constrói a sociedade.
Quando Debray faz essa alternativa, ele refere-se ao fato de que não damos o devido valor ao suporte que
está tão presente em nossos cotidianos. O suporte que é o material, além de ser um elemento ativo na
escrita, sendo ela dependente do suporte, não recebe a devida importância acerca de sua atuação. Somos
dependentes do suporte, contudo não o percebemos nem valorizamos. Ele é o que permite a
propagação/difusão da informação.
O papel veio como uma espécie de “milagre”. Ele não só acelerou a produção, como reduziu os custos e
ajudou na propagação da informação. Inicialmente era usadas peles de animais, o que em certo ponto fez
com que se tivesse que escolher entre a alimentação e a cristianização. O papel permitiu a desnaturalização
do suporte, bem como reprodução das mensagens e acelerador da história. O papel também permitiu uma
comercialização da memória. Os produtos simbólicos começaram a ganhar valor econômico da qual surgiu
uma importante relação banqueiro-impressor-livreiro. Foi o responsável pelo primeiro comércio de
memórias e informações.
III. Como refletir sobre o progresso técnico, a partir das reflexões de Debray?
Ele traz a distinção entre evolução, que é imperceptível, não observável e não previsível, e sobre
progresso que é previsível, justificável, possui mudança lenta (retomada do antigo com aprimoramento) e
possui uma questão de demanda. O progresso técnico é resultado de uma demanda da sociedade, que o faz
aprimorar. Ele é previsível, e pode ser acelerado. Portanto se fala de progresso e não evolução.
A desmaterialização trata-se da redução, da simplificação dos suportes. Ela provém de uma demanda de se
guardar cada vez mais informação em menos espaço físico. Trata-se da flexibilidade do suporte. Por
exemplo, é muito mais fácil guardar muitas informações em um pen drive do que em livros, visto que o pen
drive tem uma maior capacidade de armazenamento, e ocupa menos espaço físico. Ela também causa a
descentralização do poder.
V. Como compreender a tendência a fragilização dos vestígios?
Ao suporte não é dado seu devido valor, eles tendem a ter caráter efêmero. Chegam a desaparecer. Os
suportes são criados para não durarem (obsolência programada). São feitos para durarem menos, ocorre
uma desvalorização do arquivo. A cultura se torna uma salvaguarda da nostalgia. Tudo isso está
relacionado a uma questão de custo, sendo a indústria como mediadora. Por mais que a capacidade de
armazenamento seja maior, a perca também é.
VI. A partir das reflexões do autor, como pensar a democratização comunicativa na evolução dos
suportes?
Torna-se insustentável os vários tipos de suporte, o que causa uma minimização dos mesmos. Há uma
concentração de informação, contudo os novos suportes desmaterializados permitem maior acessibilidade.
A democratização se refere a essa facilidade de acesso. Ocorre também uma produção maior de conteúdo, e
todos tendem a ter acesso a mesma informação, sendo o que difere, a forma como cada um decodifica a
informação.
O cinema que foi inicialmente projetado para fins de estudo do movimento, teve seu sucesso por
conseguir criar a ilusão da realidade. Isso acontece no cinema, porque diferente das pinturas e
fotografias, foi acrescentado a ele o movimento que se tornou essencial para perceber o real.
Portanto, ao se falar da história do cinema, fala-se da busca de uma representação do real.
O cinematógrafo de Auguste e Louis, era um sistema de reprodução de imagens fotográficas que
promoviam a ilusão do movimento, em que eram registradas em filme e projetadas sobre uma tela.
Ao analisar a história do cinema lembramos sobre os momentos da proposição tecno-midiática que
Braga cita em seu texto. Inicialmente uma tecnologia desenhada para certos interesses, acaba
transbordando para outros papeis, o que gera o desenvolvimento de novos meios.
O cinema, que imita o real, é uma invenção da burguesa. A invenção surgiu em resposta a diversas
pesquisas que tinham como demanda a criação de aparelhos que conseguissem proporcionar a
ilusão do real, coisa que interessava a burguesia.
A ideia de vermos o real é uma visão romantizada. O que vemos são sequências de fotografias, que
são percebidas como ligadas por nós já que nossos olhos não conseguem ver tão rapidamente, e a
ilusão se cria porque a imagem anterior ainda está fixada em nossa mente.
Segundo o autor, não podemos dizer que o cinema é a realidade, visto que isso seria ignorar a
pessoa ou classe que transmite, a partir dele, suas ideologias. Aquele que quer dominar não pode se
dispor apresentar como sua a ideologia que se tem, mas deve se esforçar para que ela seja tida e
mostrada como verdade. O cinema é um constante exercício e interpretação, mas ele não é a
realidade.
Outro ponto que o autor chama a atenção é acerca da importação de produtos cinematográficos
estrangeiros, visto que é muito mais barato do que realizar projetos nacionais. O cinema não é
acessível a todos, já que existem barreiras econômicas, sociais, culturais, ideológicas e políticas que
impossibilitam esse acesso.
A TV surge como uma ideia de transmitir imagens à longa distância. Ela surge se beneficiando da
estrutura previamente estabelecida pelo rádio, se apropriado, por exemplo, de programas de
auditório. A grande dificuldade de estudar a história da TV, contudo, apresenta-se no fato de não
possuirmos registros audiovisuais, visto que as programações não eram gravadas.
Inicialmente, a TV, era um bem público, no qual possuía rígida fiscalização e regulamentação. Foi
nos EUA que a TV assumiu seu caráter extremamente comercial. Em determinado ponto de sua
história, a TV era vista como símbolo de status, visto que seu custo era exorbitante. No modelo de
TV britânico, a TV era pública.
Dois dos avanços que o surgimento da TV possibilitou, viria a mudar completamente o rumo dessas
mídias. O videoteipe e o videocassete permitiam que as programações fossem gravadas, permitindo
registro (o que mais tarde seria incorporado no rádio, onde se gravavam as músicas para reproduzir
em sua programação). Contudo, ainda com essas invenções, o acesso a essas informações é muito
restrito, seja porque muitas vezes se gravava por cima do já gravado, ou porque se perdeu com o
tempo.
A televisão então, segundo Freire, incorpora 5 aspectos:
♣ TV como instituição: moldada pela política governamental e pela administração
coorporativa;
♣ TV como realização: foco na cultura e nas práticas profissionais;
♣ TV como representação e forma: enquadramento estético que toma emprestado o
vocabulário da crítica literária, cinematográfica e teatral;
♣ TV como fenômeno sociocultural: interconectada com a política, esfera pública e com a
sociedade civil. Com como a cultura popular e de massa, com o caráter mutável do lar e dos
valores domésticos.
♣ TV como tecnologia: experimento científico que se tornou um item doméstico, mas
também importante na mutação da estética social.
No Brasil a TV assume um caráter multifacetado (industrial, social, cultural e estético). A televisão
é construída a partir de fatores internos e externos, se valendo de um vasto número de atores e
instituições nos mais diversos setores como a criação, realização, divulgação, regulamentação,
debate e consumo de seu serviço e produto.
A TV foi importante na formação e desenvolvimento de gêneros, bem como no desenvolvimento da
técnica de gravação. O autor destaca a importância de não tratar os programas de forma monolíticas
ou deterministas.
A publicidade moderna ocorre num contexto de extrema ligação com os meios midiáticos. Ela que
fornece o financiamento para propagar e perpetuar os suportes privilegiados que as mídias se
tornaram.
Ainda que a crise tenha impedido um desenvolvimento mais rápido, a publicidade se fez presente
principalmente entre as grandes guerras, quando desempenhou um papel de criação de um
sentimento de lealdade para com a pátria, persuadindo os homens a se juntarem a guerra, e as
mulheres a trabalharem nas indústrias militares.
O problema industrial encontrado hoje não é o de produzir, e sim de vender. A publicidade então
entra num papel de impedir a criação de estoques e estagnação da economia. Ela não vende
produtos a partir de um discurso direto. Ela cria necessidades e realidades, fazendo um trabalho de
diferenciação.
A publicidade está em extremo contato com a sociedade e a cultura. Ao mesmo passo que ela
exerce uma ação social, seja firmando estereótipos ou ideologias, ela também tem seu discurso
limitado através do contexto sociocultural na qual está inserida.
O papel de uma boa comunicação se faz necessário, por exemplo, em campanhas eleitorais. A
publicidade, ao fazer um bom trabalho de marketing pessoal, cria uma imagem benévola de si,
quando na verdade esses investimentos geram lucros no setor publicitário político e governamental.
A TV, por exemplo, se faz tão presente na vida dos indivíduos que é importante analisarmos como
ela influencia no comportamento dos indivíduos para com as outras mídias. Essa imposição dessas
mídias, como a TV, faz com que seja criada uma ligação extrema dos processos comunicativos com
essas mídias, quando na verdade esses processos vão além dessa ligação. Quando falamos em
comunicação, logo pensamentos em TV, Rádio e Internet, quando na verdade vai além disso.
Mundanidade mediada: acesso ao mundo sem que seja necessário se compartilhar o mesmo
espaço físico
Historicidade mediada: O sentido da história sendo construído pela mídia. Como conhecemos a
ditadura militar? Por meio da internet e livros, visto que não vivemos nela.
Socialidade mediada: Modo como construímos o sentimento ao mundo/grupos através da mídia.