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Orixás na Umbanda - Semana 01
SUMÁRIO
Capítulo 01
Quem é Deus?.............................................03
Capítulo 02
A Umbanda é Monoteísta.............................10
Capítulo 03
Divindades e Divindades..............................16
Capítulo 04
Um Deus e Muitas Divindades......................21
Capítulo 05
Tronos de Deus............................................26
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Orixás na Umbanda - Semana 01
CAPÍTULO 01
Quem é Deus?
por Alexandre Cumino
Bhagavad Gita
“Nem a falange dos Deuses e nem mesmo os grandes sábios conhecem Minha origem, pois em todos
os aspectos sou a fonte original, tanto de todos os Deuses como de todos os sábios”.
Alexandre Cumino
“Deus se apresenta, se manifesta, de forma simples nas mentes simples, de forma complexa, nas
mentes complexas, apenas não se apresenta ou manifesta deforma clara nas mentes confusas”
Oráculo de Delfos
“Conhece-te a ti mesmo que conhecerás o Universo e os Deuses”
Pai de todos nós, que de lá de cima acompanha e ajuda a todos os seus filhos aqui na Terra.
Para a criança, essa resposta é suficiente, pois ela tem a mente simples e limitada aos poucos
valores e informações que se resumem a realidade de um mundo infantil, onde a realidade maior é seu
Pai e sua Mãe.
Essa criança somos nós, que na maturidade, após termos absorvido mais valores e conheci-
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Orixás na Umbanda - Semana 01
mentos acerca da realidade em que vivemos, já não nos contentamos com respostas simples e limi-
tadas. Nossa mente não é mais tão simples, e na sua complexidade busca a utilização de todas as
variáveis possíveis e existentes para construir nossos valores.
Sentimos a necessidade de usar todos os elementos possíveis adquiridos para explicar o Cria-
dor, embora saibamos que nunca alcançaremos esse objetivo nesta realidade humana, pois o Ser
Supremo transcende todas as realidades.
Assim, vamos construindo respostas cada vez mais complexas, que possam satisfazer nossos
limites humanos. Deus passa a ser muito mais que o Papai do Céu, passa a ser o Senhor do Univer-
so, do Micro e do Macro Cosmos e assim o homem evolui em sua busca por explicar o mundo que o
cerca.
O adulto crê estar muito além da criança, mas para o Criador, que é eterno, atemporal e in-
criado, nossas respostas não são muito diferentes das de uma criança. Logo, Ele assume todo um
contexto grandioso na mente madura, sem deixar de ser o eterno Papai do Céu.
Por mais que nos julguemos adultos ou maduros, em comparação ao Eterno, O Ancião dos
Dias, somos sempre crianças. Quando reconhecemos quanto somos infantis perante Ele, nos senti-
mos mais à vontade para nos dirigirmos a Ele com a mesma pureza e simplicidade de nossa infância
carnal.
O Mestre e místico Sufi Hazrat Inayat Khan em seu livro “O Coração do Sufismo” (Ed.Cultrix)
conta uma história sobre Moisés:
“Certo dia, ele estava passando por uma fazenda e viu um menino camponês sentado tran-
quilamente e falando para si mesmo, dizendo: “Ó Deus, eu o amo tanto; se eu o visse aqui nesses
campos, eu traria a você macias roupas de cama e deliciosas iguarias para comer, eu cuidaria para
que nenhum animal selvagem pudesse chegar perto de você. Você me é tão querido e eu o anseio
tanto por vê-lo; se você apenas soubesse o quanto eu o amo, tenho certeza de que você apareceria
para mim!”
Moisés ouviu isso e disse: “Jovem, como ousa falar de Deus dessa maneira? Ele é o Deus sem
forma, e nenhuma besta selvagem nem pássaro poderia injuriá-lo, Ele que guarda e protege tudo.”
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Orixás na Umbanda - Semana 01
O jovem curvou a cabeça tristemente e chorou. Alguma coisa se perdera para ele, que passou
a se sentir totalmente infeliz. E então uma revelação veio a Moisés como uma voz interior, que lhe dis-
se: “Moisés, o que você fez? Você separou de mim um amante sincero. Que importa do que Eu Sou
chamado ou como Eu Sou chamado? Não estou em todas as formas?”
Essa história projeta uma grande luz sobre essa questão, e ensina que apenas os ignorantes
acusam uns aos outros de uma concepção errada de deus. Ela nos ensina quão gentis devemos ser
com a fé de outra pessoa; enquanto ela tiver a centelha do amor de Deus...”
Cada cultura e/ou religião define o Criador de uma forma diferente. O que temos aqui é uma
síntese das definições, adjetivos, atributos e atribuições com os quais o Ser Supremo tem sido apre-
sentado.
Esperamos colaborar para um melhor entendimento, que esteja acima dos limites desta ou
daquela filosofia ou religião.
Definirmos Deus, Olorum (O Senhor do Alto), em toda sua opulência é muita pretensão, pois
estamos muito aquém do Mistério Maior, MIstério dos Mistérios, O Altíssimo do Alto.
Logo abaixo apresento algumas definições mais conhecidas, junto a outras não tão conheci-
das, que se encontram nos Livros e textos sagrados, bem como no coração, nas palavras e na mente
dos povos. Pois não há povo ou cultura que desconheça o culto, a veneração e adoração ao Ser
Supremo.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
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Orixás na Umbanda - Semana 01
O calor do fogo,
O frescor da brisa,
O poder dos poderosos,
A força dos fortes,
A inteligência dos sábios,
A iluminação dos santos.
É o sopro da vida.
É o prazer que transcende a matéria,
O estado de Buda, da iluminação ou Samadhi.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
É o Tudo e o nada.
Luz e trevas
É o bem e o mal.
Nascimento e morte.
Princípio sem princípio.
Causa sem causa.
O ser e o não ser.
Feminino e masculino.
Dia e noite.
Positivo e negativo.
Distante e próximo.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
É o Senhor da dança cósmica no Universo, pois a partir dEle tudo se movimenta harmoniosa-
mente.
Fonte de Vida, Poder Infinito e Ilimitado.
Na Física, ele é a “Teoria do Tudo”, estando presente nas “Super Cordas” que se “desdobram”
em vibrações formadoras das partículas subatômicas, sustentadoras do microcosmo assim
como do macrocosmo.
Na Ciência Divina, é o Criador de Tudo e de Todos, na qual estão presentes os Tronos Maiores,
geradores das “Ondas Fatorais”, que se “desdobram” em vibrações formadoras dos fatores
divinos presentes em tudo na criação.
Deus é energia e consciência presente em todos os lugares e mesmo assim nos entende como
se fosse uma única pessoa com a atenção voltada para nós. Por isso é a Suprema Pessoa, que
entende a todos ao mesmo tempo como se fosse UM para cada um de nós de forma particular
e coletiva ao mesmo tempo. É como alguém que pára tudo o que está fazendo, só para nos dar
atenção. Sempre nos ouve, Ele é o mental universal, onde tudo habita.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
CAPÍTULO 02
A Umbanda é Monoteísta
por Rubens Saraceni
Já vem de alguns milhares de anos uma discussão sem fim, usada pelos seguidores do filo
religioso judaico-cristão-islamita para convencer a humanidade de que, religiosamente são os únicos
adoradores do Deus único e verdadeiro. E que os seguidores das outras religiões são adoradores de
deuses “pagãos”, de “demônios”, de “falsos deuses” de “ídolos de pedras”, etc.
As assacadas pejorativas são tantas que não vamos perder tempo com elas, e sim, comenta-
remos o monoteísmo umbandista.
O fato é que, em se tratando de religião, a “disputa” pela primazia é acirrada e a “concorrência”
é desleal e antiética porque cada uma se apresenta como a verdadeira religião e atribui às outras a
condição de “falsas religiões”, enganadoras da boa fé, etc.
Já demonstramos em outras ocasiões que as religiões não são fundadas por Deus e sim por
homens, certo? Portanto, todas são discutíveis ou questionáveis pelos seguidores de uma contra as
outras.
Esse embate sempre existiu e tem servido para os mais diversos fins, entre eles, o de dominar
a mente e a consciência do maior número de pessoas possível; de expansão do poder político; de
expansão econômica; territorial, militar, etc.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Fato esse, que tem levado pessoas tidas como religiosas ou “santas” a induzirem seus segui-
dores no sentido de cometerem terríveis atrocidades e genocídios. Isto é História com H maiúsculo
mesmo! Essa realidade tem levado muitas pessoas observadoras desses acontecimentos a optarem
pelo ateísmo ou pela abstinência religiosa.
Cientes de que os “interesses pessoais” muitas vezes sobrepõe-se sobre a religiosidade das
pessoas, não devemos influenciar-nos pelo que os seguidores de outras religiões dizem sobre a nossa
e devemos relegar suas críticas, calúnias e difamações à vala comum dos desequilibrados no sentido
da fé, pois o mesmo Deus que nos criou também criou os vermes, os fungos e as bactérias decompo-
sitoras que devoram o corpo dos que desencarnam, sejam eles seguidores de uma ou outra religião
ou sejam ateístas.
Deus está acima das picuinhas entre seguidores das muitas religiões e nós temos que discernir
o Deus verdadeiro dos que dele se apossam e passam a usá-lo em beneficio próprio e com o propó-
sito de enfraquecer as religiões e as religiosidades alheias.
Esses procedimentos mesquinhos são típicos dos seres desequilibrados no sentido da fé e não
devemos dar-lhes ouvido, e muito menos atenção.
Devemos sim é demonstrar que estão errados, assim como que pouco sabem sobre Deus e
não estão aptos a discuti-lo ou questionarem a fé e a religiosidade alheias.
QUEM, EM SÃ CONSCIÊNCIA,
PODE AFIRMAR COMO É DEUS?
QUEM, RACIONALMENTE
CONSCIENTE, PODERIA AFIRMAR QUE VIU DEUS?
Cremos que ninguém pode afirmar com convicção como Ele é, e que já o viu; ou mesmo que
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Deus, entre muitas formas de descrevê-lo, também pode ser descrito como o estado divino da
vida e da criação, fato esse que O torna presente em nós através da nossa “vida” e torna-se sensível
através dos nossos mais elevados sentimentos de fé.
Isso, pessoas bondosas seguidoras de todas as religiões conseguem porque o sentem presen-
te em suas vidas e com Ele interagem através dos sentimentos virtuosos. Deus tanto está em todos
através do dom da vida, como com todos interage através dos sentimentos nobres e virtuosos.
E como isso não é propriedade de nenhuma religião, e sim algo que pertence à todos os que
Nele crêem e agem de acordo com suas leis reguladoras da vida e seus princípios sustentadores do
nosso caráter da moral, das virtudes, dos verdadeiros sentidos da vida.
Cada um, independente da religião que segue, sente e entende Deus ao seu modo e segundo
sua percepção e seu estado de consciência.
Na Umbanda, todos os seus seguidores crêem na existência de Deus e não questionam a sua
existência e nem o inferiorizam, colocando-o ao mesmo nível das divindades Orixás, e sim, o enten-
dem e o situam como o divino criador Olorum, que tudo criou e que criou até os Sagrados Orixás.
O entendemos como a Origem de tudo e como o Sustentador de tudo o que criou e confiou a
governabilidade dos Sagrados Orixás, os governadores dos muitos aspectos da Criação e estados da
Criação.
Acreditamos na existência dos seres divinos e os entendemos como nossos superiores mas
em nenhum momento os situamos acima do divino Criador Olorum, ou como iguais ou superiores a
Ele. Na Umbanda, tudo é hierarquizado e muito bem definido, sendo que na origem e acima de tudo e
de todos está Olorum, o supremo regente da criação, indescritível através de palavras e impossível de
ser modelado em uma imagem porque não é um ser e sim um poder supremo que rege sobre tudo e
todos, inclusive rege os Orixás divinos, também entendidos como inefáveis. Porque são Ele, Olorum,
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Orixás na Umbanda - Semana 01
SENÃO, VEJAMOS:
Olorum manifesta-se através das suas qualidades divinas. Em cada uma das suas qualidades
Ele gera um Orixá, que por sua vez, traz em si todas as qualidades de Olorum e geram-nas em suas
hierarquias divinas, naturais e espirituais.
Ou não é verdade que, por exemplo, Ogum é uma qualidade de Deus? Ogum é uma qualidade
ordenadora de Olorum, certo?
Portanto, Olorum que é o todo individualizou-se na sua qualidade ordenadora e gerou Ogum
que, mesmo sendo em si só a qualidade ordenadora dele, traz em si as suas outras qualidades divinas
e, ao manifestá-las, gera uma infinidade de hierarquias divinas naturais e espirituais, todas classifica-
das pelas qualidades divinas contidas na qualidade ordenadora de Ogum, que só em Ogum é uma
qualidade original.
Já nos “Oguns” qualificados pelas outras qualidades de Olorum, neles a qualidade ordenadora
é uma herança divina herdada de Ogum, fato esse que os qualificam como “Oguns”.
A hierarquização é tão rígida que há Olorum, há Ogum e há os “Oguns” que, estes sim, são as
outras qualidades de Olorum herdadas por Ogum.
E esses “Oguns” são identificados, classificados e hierarquirizados pelas outras qualidades de
Olorum fazendo surgir as hierarquias de Ogum, tais como:
• OGUM ordenador da Fé e da religiosidade dos seres;
• OGUM ordenador do Amor e da concepção das novas vidas;
• OGUM ordenador da razão ou da Justiça divina e regulador dos “limites” de cada coisa cria-
da;
• OGUM ordenador da Lei e do caráter de todas as coisas existentes;
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Orixás na Umbanda - Semana 01
E o mesmo se repete com todos os Orixás, onde cada um dos Orixás originais é em si uma
qualidade original de Olorum, mas com cada um trazendo em si e nessa sua qualidade original que
o classifica, o nomeia e o hierarquiza todas as outras qualidades do divino criador Olorum, pois este
também individualizou-se em cada um dos seus Orixás originais, sendo que estes também hierarqui-
zam-se em cada uma das suas qualidades divinas que herdaram do divino criador Olorum, multipli-
cando-se ao infinito e fazendo surgir um novo Orixá para cada uma das qualidades herdadas Dele, o
divino criador Olorum.
Daí surgem as muitas “Oxuns”, os muitos “Xangôs”, as muitas “Iemanjás”, etc., todas hierarqui-
zadas e responsáveis pela aplicação das qualidades divinas na vida dos seres espirituais, dos seres
naturais, dos seres elementais, dos seres instintivos, dos seres elementares e de tudo o mais que
existe e que é identificado e classificado pela qualidade divina do Orixá original que o rege e em cada
um individualizou-se e o qualificou com uma das muitas qualidades do divino criador Olorum.
Assim, na Umbanda cultua-se e adora-se a um único Deus e ao Deus único. Mas também
cultua-se a adora-se os Orixás porque eles são manifestações e individualizações divinas do divino
criador Olorum, origem de tudo e de todos.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
A idealização de Deus pela Umbanda guarda a essência da matriz religiosa nagô e a elaborou à
partir da hierarquização existente na criação, hierarquização esta só não visível aos desatentos ou de-
sinformados pois até nas linhas de trabalho, formada pelos espíritos humanos, ela está se mostrando
o tempo todo através dos nomes simbólicos usados pelos guias espirituais.
Ou não é verdade que existem muitas linhas de caboclos de Ogum; de Oxossi; de Xangô; de
Oxalá; de Oxum; de Iemanjá; de Iansã, etc.?
A Umbanda é monoteísta, mas tal como acontece em todas as outras religiões, ela também crê
na existência de um universo divino, povoado por seres divinos que zelam pelo equilíbrio da criação e
pelo bem estar dos seres espirituais criados por Deus, o divino criador Olorum. Ou não é verdade que
no monoteístico filo religioso judaico-cristão-islamita também se crê na existência de um único Deus e
numa corte de seres divinos denominados como anjos, arcanjos, querubins, serafins, etc?
Religiões são como famílias e para existir uma nova família é preciso de um homem, uma mu-
lher, uma casa e filhos.
Não há outra forma de ter uma família organizada e auto sustentável fora desse modelo. E o
mesmo acontece com as religiões: um único modelo organizacional para todas.
Uma vez que Deus é um só e a forma de “tê-lo” em nós e Dele nos aproximarmos é a mesma
para todos, assim como é o destino dos corpos enterrados nos cemitérios. Então nesse caso não
há nada de novo ou diferente desde que o mundo começou a existir. Apenas existem diferenças nas
formas de apresentação das religiões, pois umas são rústicas, práticas e simples. Outras são elabora-
díssimas, iniciáticas e complexas, como é o caso da Umbanda, compreendida por uma minoria.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Mas no fundo da alma das religiões criadas pelos homens, e dos seres criados por Deus, que
só há um, que é o divino criador Olorum, que as habita.
Esperamos ter fundamentado e justificado o monoteísmo existente na Umbanda, certo? Quan-
to ao que possam dizer os seguidores de alguma outra religião que sente-se “proprietário” de Deus e
atribuam-nos o politeísmo, olvide-os porque, como bem disse o mestre Jesus, não vale a pena “dar
pérolas aos porcos”.
Texto Publicado no
Jornal de Umbanda Sagrada de Fevereiro de 2010, Nº117
CAPÍTULO 03
Divindades e Divindades
Hierarquias dos Tronos de Deus
por Alexandre Cumino
Existem muitas classes de divindades e também uma hierarquia de divindades, Rubens Sara-
ceni em sua obra costuma colocar as divindades de Deus na classe de Tronos de Deus e nos escla-
rece que existem:
Quando falamos das Divindades Orixás na Umbanda temos por exemplo Ogum que representa
a Lei Divina, portanto é uma forma humanizada e cultural do Trono da lei, Ogum tem regência sobre
Sete Oguns, se seguirmos o raciocínio das sete vibrações, onde Ogum Maior tem sob sua hierarquia:
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Estes são identificados apenas pela vibração e sentido em que atuam, ainda têm eles muitos
outros Oguns que também estão abaixo na hierarquia onde entram nomes mais populares e mais hu-
manizados como:
• Ogum Matinata
• Ogum Iara
• Ogum Rompe-Mato
• Ogum das Pedreiras
• Ogum de Lei
• Ogum Megê
• Ogum Marinho
Podemos ainda citar muitos outros Oguns e até espíritos humanos que respondem a estes
Oguns, em hierarquisa humanas que se cruzam com as hierarquias naturais, isso pode ser observado
Existem também as entidades naturais e encantados de Ogum, que são de outras realidades,
não-humanas, regidas por Ogum e que podem transitar de lá para cá em certas ocasiões e com a
licença de Ogum Maior.
No livro “Mitos de Luz Metáforas Orientais do Eterno” de Joseph Campbel, Editora Madras –
2006, encontramos uma lenda hindiana sobre Indra muito interessante que mostra nesta cultura o que
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Orixás na Umbanda - Semana 01
“Certa vez, um monstro chamado Vrtra cumpriu a tarefa de represar (seu nome quer dizer “cer-
cador”) todas as águas do universo e houve, então, uma grande seca que durou milhões de anos.
Bem, Indra, o Zeus do panteão hindu, finalmente teve uma idéia para solucionar o problema: “Por que
não lançar um raio nesse sujeito e explodi-lo?” Então, Indra, que era aparentemente meio lerdo de ra-
ciocínio, pegou um raio e o atirou bem no meio de Vrtra, e... Bum! Vrtra explode, a água flui novamente
e a Terra e o universo têm sua sede saciada.
Bem, daí Indra pensa: “Como sou poderoso”, e então vai até a montanha cósmica, Monte
Meru, o Olimpo dos deuses hindus, e percebe que todos os palácios por lá estavam em decadência.
“Bem, agora vou construir uma cidade inteiramente nova aqui – uma que seja merecedora da minha
dignidade”. Então, obtém o apoio de Vishvakarman, o artífice dos deuses, e conta-lhe seus planos.
Ele diz: “Olha, vamos começar a trabalhar aqui para construir essa cidade. Acho que podería-
mos ter palácios aqui, torres acolá, flores de lótus aqui, etc., etc”.
Então, Vishvakarman começa as obras. Porém, toda vez que Indra volta para lá, ele aparece
com novas idéias, melhores e mais grandiosas a respeito do palácio e Vishvakarman começa a pen-
sar: “Meu Deus, ambos somos imortais, então esse negócio não vai terminar nunca. O que eu posso
fazer?”
Então, decide procurar Brahma e queixar-se a ele, o assim chamado criador do mundo dos fe-
nômenos. Brahma está sentado em um lótus (o trono dele é assim) e Brahma e o lótus crescem a partir
do umbigo de Vishnu, que se acha flutuando no espaço cósmico, montado em uma grande serpente,
chamada Ananta (que significa “eterno”).
Portanto, eis a cena. Lá fora, na água, Vishnu dorme, e Brahma, está sentado no lótus. Vish-
vakarman entra, e, após muita reverência e embaraço, diz: “Ouçam estou em apuros”. Daí, conta sua
história a Brahma, que diz: “Tudo bem. Eu darei um jeito nisso”.
Na manhã seguinte, o porteiro da entrada de um palácio que está sendo construído nota um
jovem brâmane azul-escuro, cuja beleza chamou a atenção de muitas crianças em torno de si. O por-
teiro vai a Indra e lhe diz: “Acho que seria de bom grado convidar este belo jovem brâmane a conhecer
o palácio e dar-lhe uma boa acolhida”. Indra está sentado em seu trono e, após as cerimônias de bo-
as-vindas, diz: “Bem, meu jovem. O que o traz ao palácio?”
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Com uma voz semelhante ao som de um trovão no horizonte, o rapaz diz: “Ouvi dizer que você
está construindo o maior palácio que um Indra já conseguiu e, agora, depois de conhece-lo, posso
dizer-lhe que, de fato, nenhum Indra construiu um palácio como este antes”.
Confuso, Indra diz: “Indras anteriores a mim? Do que você está falando?”
“Sim, Indras anteriores a você” diz o jovem. “Pare e pense, o lótus cresce do umbigo de Vishnu,
então, desabrocha e nele se senta Brahma. Brahma abre os olhos e nasce um novo universo, gover-
nado por um Indra. Ele fecha os olhos. Abre-os novamente – outro universo. Fecha os olhos... e, du-
rante 365 anos brâmicos, Brahma faz isso. Então o lótus murcha e, após uma eternidade, outro lótus
desabrocha, aparece Brahma, abre os olhos, fecha os olhos... Indras, Indras e mais Indras.
Agora, vamos considerar cada galáxia do universo um lótus, todas com seu Brahma. Até pode-
ria haver sábios em sua corte que se apresentariam como voluntários para contar as gotas d’água do
oceano e os grãos de areia das praias do mundo. Mas quem contaria esses Brahmas, sem falar nos
Indras?”
Enquanto ele falava, um formigueiro, marchando em colunas perfeitas, aproximou-se pelo piso
do palácio. O rapaz as olha e ri. Indra fica com a barba coçando, suas suíças ficam eriçadas, e ele diz:
“Ora essa, do que você está rindo?”
O jovem diz: “Não me pergunte o por quê, a menos que queira ficar magoado”.
O rapaz aponta para as fileiras de formigas e diz: “Todas, antigos Indras. Passaram por inume-
ráveis encarnações, subiram de posto nos escalões do Céu, chegaram ao elevado trono de Indra e
mataram o dragão Vrtra. Então, todos eles dizem: ‘Como sou poderoso’, e lá se vão eles”.
Nesse momento, um velho iogue excêntrico, usando apenas uma tanga, entra segurando um
guarda-chuva feito de folhas de bananeira. Vê-se em seu peito um pequeno tufo de cabelos, em forma
de círculo e o jovem olha para ele e faz as perguntas que, na verdade, estão na mente Indra: “Quem é
você? Qual o seu nome? Onde você mora? Onde vive sua família? Onde é a sua casa?”
“Eu não tenho família, eu não tenho casa. A vida é curta. Este guarda-chuva é o suficiente pra
mim. Eu devoto minha vida a Vishnu. Quanto a esses cabelos, é curioso: toda vez que morre um Indra,
cai um fio de cabelo. Metade deles já caiu. Logo, logo, todos vão cair. Porque construir uma casa?”
Bem esses dois eram, na verdade, Vishnu e Shiva. Eles apareceram para a instrução de Indra
e, já que ele ouviu, foram-se embora. Bem Indra sentiu-se totalmente arrasado, e quando Brhaspa-
ti, o sacerdote dos deuses, entra, ele diz: “Eu vou me tornar um iogue. Serei um devoto aos pés de
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Vishnu”.
Então, aproxima-se de sua esposa, a grande rainha Indrani, e diz: “Querida, vou deixa-la. Vou
entrar na floresta e me tornar iogue. Vou parar com essa palhaçada toda a respeito de reinado na Terra
e me converterei em um devoto aos pés de Vishnu”.
Bem, ela o fita por um instante; então, vai procurar Brhaspati e conta-lhe o ocorrido: “Ele meteu
na cabeça que vai embora para se tornar um iogue”.
Daí, o sacerdote toma sua mão e a leva para se sentarem diante do trono de Indra, e lhe diz:
“Você está no trono do universo e representa a virtude e o dever – dharma - e encarna o espírito di-
vino em seu papel terreno. Já lhe escrevi um livro importante sobre a arte da política - como manter
o Estado, como vencer guerras, etc. Agora vou lhe escrever um livro sobre a arte do amor, para que
o outro aspecto de sua vida, com você e Indrami juntos, aqui, possa vir a ser uma relação do espírito
divino que habita em todos nós. Qualquer um pode ser iogue; porém, o que acha de representar nesta
vida terrena a imanência desse mistério da eternidade?”
Então, Indra foi poupado do problema de ter de abandonar tudo e tornar-se um iogue, poderia
dizer o leitor. Na verdade, em seu íntimo, ele já sabia de tudo isso, da mesma forma que nós. Tudo o
que temos a fazer é despertar para o fato de que somos uma manifestação do eterno.
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Uma das grandes tentações de Buda foi a luxúria. A outra, o medo da morte, que, por sinal, é
um belo tema para meditação. A vida lança à nossa volta essas tentações, essas perturbações men-
tais, e o problema consiste em encontrar o centro imutável dentro de nós. Então, pode-se sobreviver
a qualquer coisa. O mito vai ajuda-lo a fazer isso. Não queremos dizer que você não deveria sair em
passeatas e protesto contra a pesquisa atômica. Vá em frente, mas faça-o de maneira divertida. O
universo é a diversão de Deus.”
CAPÍTULO 04
Um Deus e Muitas Divindades
por Alexandre Cumino
Não há como estudar os Orixás sem antes estudar Deus, ou ao menos abordar a questão,
simplesmente pelo fato de que os Orixás são individualizações de Deus, são manifestações da pre-
sença de Deus.
Seguindo este raciocínio é como pensar a trindade católica em que Deus é UM que se mani-
festa por meio de três “pessoas”: Pai, Filho e Espírito Santo. O mesmo vemos na trindade hindu em
que Braman (Deus) se manifesta por meio de uma trindade Brama, Vishnu e Shiva, cada um deles
é Deus individualizado e voltado as qualidades e características especificas. Cada um deles tem um
par feminino, uma consorte, sua “Shankt”, aquela que lhe dá movimento ou seja: Brama e Sarasvati,
Vishnu e Lakshimi, Shiva e Parvati. Mas não são apenas estes pares Shiva faz par ainda com Durga
e Kaly, o que para muitos significa que Durga é a mesma Parvati guerreira e Kaly a mesma Parvati
furiosa que desce as trevas para por ordem na “bagunça”. Há controversas quanto a este olhar, no
entanto em muitas culturas se fala sobre “A” Deusa e quem seria afinal a Deusa, ela é todas as divin-
dades femininas ao mesmo tempo e pode ser qualquer uma delas de forma isolada, assim a Deus é
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Orixás na Umbanda - Semana 01
Parvati, Durga, Kaly, Sarasvati, Lakshimi e todas as outras diversas que fazem parte do panteão hindu.
Mas este conceito podemos estender ainda para além das fronteiras culturais e dizer que A Deusa é
todas as divindades femininas de todas as culturas e cada uma delas de forma isolada. Seguindo este
raciocínio Deus (masculino) é todas as divindades masculinas de todas as culturas e cada um deles
de forma isolada também. E Deus (pai e mãe) é ao mesmo tempo todas as divindades masculinas e
femininas e cada um deles(as) ao mesmo tempo.
Traga este conceito para o universo dos Orixás e você vai entender o que é um Orixá, o que é
uma divindade, o que é um trono e porque todos eles são Pais e Mães, simplesmente porque Deus é
Pai e Mãe e se manifesta por meios dos orixás e de todas as divindades de todas as outras culturas e
religiões.
Para auxiliar esta compreensão podemos entender que Deus é “Essência” que se manifesta
por diferentes “Formas”, como a água que pode ocupar diferentes copos feitos de materiais (culturas)
diferentes e formas (Divindades) diferentes. Podemos ainda dizer que esta água pode se dividir em
diversos tipos de águas para cada copo sem deixar de ser agua tão somente e que Deus é esta agua
que terá sabores diferentes em copos ou taças diferentes.
As formas mudam e assim podemos dizer que uma forma não é igual a outra ou que são “coi-
sas” distintas, sem medo de errar, mas ao mesmo tempo podem ser de mesma essência.
Poderão dizer que Alá é diferente de Adonai e este de Braman, Tupã, Olorum, Zambi, Aton,
Wakan Tanka, Jah... sim, são diferentes na forma, desde a diferença na lingua e cultura de origem até
a diferença ritual e doutrinaria de cada religião, ao se conectar ou relacionar-se com Deus, por estas
formas variadas. Logo, UM não é a “mesma coisa” que OUTRO, mas guardam a mesma “essência
primeira” e “original”. É Deus em suas variadas formas, em todos os casos acima e muitos outros es-
tamos nos referindo ao mesmo “Principio – Essêncial”.
Podemos dizer que Deus está acima de todas as formas e culturas e que ao mesmo tempo
ele faz parte de todas as formas e culturas. Deus é e está em todas as suas representações de forma
coletiva e em cada uma delas de forma individual. Assim posso concluir que Deus está acima destas
“mascaras” que são Alá, Adonai, Olorum, Braman, Zambi, Tupã e etc. E ao mesmo tempo Ele (Deus)
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Orixás na Umbanda - Semana 01
está manifesto em todos Eles e também posso dizer que Ele é cada um d’Eles de forma individual. Na
pratica posso dizer que só Alá é Deus e ao mesmo tempo dizer que Alá é Deus e Zambi também. Esta
forma de raciocinar Deus é algo como a física quântica, tomando cuidado para não viajar na maionese:
Na física clássica o contrario de uma verdade é uma mentira e na física quântica o contrario de uma
verdade pode ser uma outra verdade. Na física clássica tudo é muito certo, ocupa o seu lugar, sua
gaveta e seu quadrado, na física quântica tudo é relativo, tudo pode mudar segundo o ponto de vista
do observador onde cabe ainda a teoria da incerteza na qual fica claro que o homem nunca dará conta
de explicar todos os mistérios da criação.
Então explicando quando se diz que Alá é o único Deus está certo pois Zambi não é outro Deus
e sim um outro nome para o mesmo Deus, logo posso dizer que Zambi e Alá são o único Deus o que
inclui todos os outros nomes para Deus Unico.
DIVINDADES
O mesmo fenômeno se dá com as divindades de Deus, embora todas são Deus devemos ob-
servar que a diferença entre Deus e a Divindade é que esta á uma individualização de Deus em uma
de suas qualidades ou características. Vejamos: Deus é Tudo e uma divindade do Amor é tudo o que
Deus é no campo ou no sentido do Amor. Uma divindade do Amor é o amor de Deus. Deus é infinito
em todas as suas qualidades uma Divindade de Deus é infinita na qualidade que manifesta. Assim
Deus é infinito no amor, na fé, na justiça e etc. A Divindade do amor é infinita no Amor. Da mesma forma
uma divindade da justiça é a Justiça de Deus, é Deus individualizado na Justiça e é infinita na Justiça
Divina.
Podemos dizer que existe algo como uma Matrix de Deus que se manifesta por muitas formas
e muitos nomes.
Também podemos dizer que existem Matrizes de todas as divindades que se manifestam por
meio de diversos nomes e culturas.
Há então uma divindade feminina do Amor que é o amor de Deus no aspecto feminino, que
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é Deus individualizado na sua qualidade feminina do amor e que se manifesta por meio de diversas
formas, nomes e culturas. Como exemplo de divindades femininas do amor podemos citar Oxum,
Afrodite, Vênus, Lakshimi, Hathor, Freija e outras mais. Pai Benedito de Aruanda por meio da obra de
Rubens Saraceni foi quem nos explicou este conceito e nos deu esta visão e forma de olhar para as
divindades de Deus e os orixás em especifico. A estas divindades na sua essência mais pura, acima
dos nomes e roupagens culturais ele, Pai Benedito, chama de Tronos de Deus.
Por isso aqui quando falamos em Trono Feminino do Amor estamos falando desta divindade
que na Umbanda é Oxum e que em outras culturas é Afrodite, Vênus, Lakshimi e etc. Logo Oxum é
uma das formas do Trono Feminino do Amor se manifestar. Trono é aquilo que está assentado, Tronos
de Deus são aquilo que está assentado em Deus ou em uma outra leitura o que está diante ou unido
ao Trono de Deus. Tronos em outras palavras são as individualizações de Deus, são a presença de
Deus nas suas diversas qualidades.
Agora que você leu tudo isso, respira um pouco, bebe uma água, reflete, medita e não tenha
pressa em entender tudo de uma vez. Estes conceitos são como “fichas” que as vezes demoram
a cair, mas que quando caem parece ter um sentido tão grande e tão amplo que se estabelece
como uma verdade na qual inclui os diversos olhares ou os olhares diversos num único olhar mais
amplo que nos permite ver todos os outros olhares com inclusão e respeito. Ufa, respira mais um
pouquinho que este conceito é o “pulo do gato” para entender Deus, Divindade e Orixás de uma
forma totalmente universalista e inclusiva.
REFLEXÕES
O maior mitólogo de todos os tempos, Joseph Campbell, afirma que “os mitos se repetem nas
culturas diversas”, quer dizer que vemos os mesmos heróis e as mesmas histórias com pequenas
alterações de uma cultura para outra, apresentando arquétipos (modelos) que revelam e ocultam as
“chaves de interpretação” de nossa realidade, do transcendente e do sagrado.
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Segundo Carl Gustav Jung estes arquétipos estão no inconsciente coletivo, ou seja em uma
“memória inconsciente” que não pertence a ninguém e ao mesmo tempo pertence a todos, permeia a
forma comparada, afirma que os “fatos religiosos” se repetem ao infinito, em culturas e religiões dife-
rentes.
Na nossa interpretação, estas repetições se dão porque tudo tem uma mesma origem divina
à qual as divindades são parte inseparável e o homem é “imagem e semelhança” por meio de sua
origem divina.
Rubens Saraceni e Pai Benedito afirma que “Deus cria e se multiplica o tempo todo”, “Deus cria
em si e a partir de si, em si mesmo Ele cria as Divindades e a partir de si cria os seres em evolução e
suas realidades ou mundos”, ao mesmo tempo ele está em tudo e todos pois: “somos uma parte d’Ele
Como os estudos de religião e a interpretação dos fatos religiosos evoluem, surgem novas
formas de abordar e interpretar os mistérios, de dentro para fora da religião e de fora para dentro da
mesma. Também surgem novas palavras para definir estes novos conceitos até então inéditos, como
os exemplos abaixo:
PANENTEÍSMO
Há uma diferença entre afirmar que “Tudo é Deus” e afirmar que “Deus está em Tudo”, a primei-
podemos dizer que nós Umbandistas somos “panenteistas” pois “vemos” e reconhecemos Deus em
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MONO-POLITEÍSMO
Da mesma forma reconhecemos um Deus único e suas Divindades, quem crê em um Deus
Único é “Monoteista”, quem crê em muitos deuses é “Politeista”, também há um “neo-logismo” para
quem crê em um Deus único e muitas Divindades, que manifestam suas qualidades, “Mono-poli-te-
ís¬mo”. Também Podemos dizer que somos, nós umbandistas, “Mono-politeistas”, Monoteistas com
relação ao Deus Único e Politeistas com relação as suas divindades.
Apenas para refletirmos que há novas formas de pensar e compreender mistérios antigos e an-
cestrais, uma outra forma é esta, em identificar um “Trono” como divindade primeira que se manifesta
por meio de muitos nomes e roupagens diferentes nas diversas culturas, reconhecendo que estamos
sempre reverenciando ao mesmo Deus com outros nomes e às mesmas divindades (Tronos de Deus)
por outras formas.
Este saber inclusivo1 nos faz reconhecer o outro como igual e a religião do outro tão sagrada
como a nossa, o que faz valer todas as vertentes religiosas e a nenhuma diminui. Também é neolo-
gismo atribuir novo significado a certa palavra para dar sentido dentro de um contexto novo, o que
acontece aqui com a palavra “Trono”.
CAPÍTULO 05
Tronos de Deus
por Alexandre Cumino
Abordaremos o tema “Tronos” com a consciência de que muitos destes são os nossos
amados Orixás, Divindades que manifestam as qualidades de Olorum.
Por uma questão de didática, começaremos por definir Trono, da forma como Pai Benedito de
Aruanda expressa na obra de Rubens Saraceni: Tronos são a classe de Divinda
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Por uma questão de didática, começaremos por definir Trono, da forma como Pai Benedito
de Aruanda expressa na obra de Rubens Saraceni: Tronos são a classe de Divindades responsáveis
por nossa evolução, assentam-se em um mistério de DEUS e a partir daí passam a manifestá-lo. Por
mistérios de Deus, entendamos as suas próprias qualidades divinas que a nós chegam por meio dos
Tronos de Deus ou Orixás ( Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração).
Podemos dizer que existe um Trono Masculino da Fé que se assenta em Deus no mistério da
Fé, e a partir daí irradia este mistério para tudo e todos. O termo “assentar” dá sentido ao conceito da
palavra Trono: um trono se assenta na Fé em Deus e portanto ele é a Fé de Deus e ao mesmo tempo
é o manifestador divino do sentido da Fé, ele é a Divindade da Fé. E neste sentido como nos outros
temos no mínimo duas divindades ou dois Tronos assentados: Um feminino e outro masculino.
Desde que este mundo é mundo, o Trono da Fé existe e sempre vai existir. O que mudam são
as raças, a cultura e a época, e portanto as formas e os nomes diversos pelos quais um mesmo Tro-
no pode ser identificado e é adorado ou cultuado. Por herança da cultura africana Nagô-yorubá nós,
umbandistas, identificamos o Trono Masculino da Fé como OXALÁ, nosso amado Pai, assentado na
primeira linha de Umbanda, a Linha da Fé ou Cristalina. Estes Tronos formam hierarquias divinas, atra-
vés das quais eles estão ligados uns aos outros.
Abaixo dos Tronos Maiores assentados em Deus estão os tronos menores, intermediários, in-
termediadores e regentes de níveis organizados em uma hierarquia, natural, que se estende do alto da
criação até nós seres humanos encarnados.
Por exemplo: O Trono Masculino da Fé é regente de outros Sete Tronos Menores da Fé, ou se
preferir Tronos Intermediários, que são:
• Trono da Fé e da Fé
• Trono da Fé e do Amor
• Trono da Fé e do Conhecimento
• Trono da Fé e da Justiça
• Trono da Fé e da Lei
• Trono da Fé e da Evolução
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• Trono da Fé e da Geração
Ser um Trono da fé é a essência do Trono (seu atributo), o segundo “elemento” é o campo em
que está atuando (sua atribuição).
Cada um destes intermediários é regente de outros Sete intermediadores que estão abaixo
deles, como por exemplo o Trono Masculino da Justiça e do Amor é regente destes Sete abaixo:
• Trono Masculino da Justiça e do Amor no campo da Fé
• Trono Masculino da Justiça e do Amor no campo do Amor
• Trono Masculino da Justiça e do Amor no campo do Conhecimento
• Trono Masculino da Justiça e do Amor no campo da Justiça
• Trono Masculino da Justiça e do Amor no campo da Lei
• Trono Masculino da Justiça e do Amor no campo da Evolução
• Trono Masculino da Justiça e do Amor no campo da geração
E abaixo destes estão um numero infinito de seres evoluindo nos diversos planos da vida e nas
diversas realidades e dimensões paralelas.
As divindades, os Tronos não estão em evolução, são desdobramentos de Deus, quem está
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