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Treinamento - Site Survey

Elaborado por: André Chaves Data: 21/01/08 Rev: 1

Treinamento

Site Survey

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Treinamento - Site Survey
Elaborado por: André Chaves Data: 21/01/08 Rev: 1

Ementa
Módulo 1 – Teoria de Antena
 Príncípio de Funcionamento
 Diagrama de Irradiação
 Ângulo de Meia Potência
 Ganho
 Polarização
 Diversidade
 Downtilt
 Banda de Freqüência
 Tamanho da Antena
 Capacidade de TRX por Antena
 Desacoplamento entre Sistemas
 Azimute

Módulo 2 – Planejamento de Cobertura


 Modelos de Propagação
 Base Digital de Relevo
 Software de Predição
 Site Survey
 Ferramentas (MapInfo, Google Earth, Anatel, Bússola, GPS)

Módulo 3 – Etapas do Projeto


 Plano Nominal
 Projeto de RF (PDRF)
 Technical Site Survey (TSSR)
 Projeto Final de RF (PFRF)

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Módulo 1 – Teoria de Antena


 Príncípio de Funcionamento
Para a comunicação sem fio, é necessário conectar ao equipamento transmissor um
dispositivo que irradia a energia de radiofreqüência nas condições desejadas, e ao
equipamento receptor, outro dispositivo que capta irradiação nestas mesmas
condições. Estes dispositivos irradiantes denominamos ANTENAS.

Todas as características de antenas podem ser aplicadas para transmissão e


recepção da mesma forma (reciprocamente)

O princípio de uma antena é sempre baseado em um dipolo de meio comprimento de


onda (λ/2), que pode ser representado abrindo-se as pontas de um cabo coaxial.

É criado um campo elétrico (E) pela tensão V e um campo magnético (H) pela
corrente I. A propagação da onda eletromagnética é alcançada pela permanente
transformação da energia de magnética para elétrica e vice-versa.
Desta forma os campos elétrico e magnético estão dispostos de forma perpendicular à
direção da propagação.

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 Diagrama de Irradiação
A característica de propagação de uma antena é descrita através dos diagramas de
irradiação horizontal e vertical.

Diagrama Horizontal => observado de cima

Diagrama Vertical => observado de lado

O exemplo de diagramas acima se aplica a uma antena direcional. Para uma antena
omnidirecional, o diagrama horizontal é igual em todos os 360º, pois uma antena
omnidirecional irradia igualmente em todas as direções.

Na prática, sempre serão utilizadas antenas direcionais.

 Ângulo de Meia Potência


Este termo define a abertura da antena. O ângulo de meia potência é definido pelos
pontos no diagrama horizontal e vertical, onde a potência irradiada alcança a metade
de sua amplitude em relação à direção principal de radiação. Estes pontos também
são conhecidos como pontos de 3dB.

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Na prática, só são utilizados três tipos de ângulo de meia potência


(horizontal):

33º => em alguns casos para cobertura de estradas

65º => em áreas urbanas e suburbanas de capitais e cidades maiores


e em áreas suburbanas e rurais (cidades com apenas 1 site)

90º => em áreas suburbanas e rurais (cidades com apenas 1 site)

Obs.: O critério de utilizar antenas de 65º ou 90º em áreas suburbanas


e rurais depende da orientação da operadora antes do projeto

 Ganho
Uma antena não possui a propriedade de incrementar a quantidade de energia
irradiada. O conceito de ganho se baseia na direção da propagação. Uma antena sem
ganho irradia energia igual em todas as direções. Uma antena com ganho concentra a
energia num ângulo segmentado no espaço.

O aumento da concentração de energia é obtida através do empilhamento de dipolos.

Conclusão: ↓ ângulo de meia-potência => ↑ ganho

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Referências de ganho:

dBi => define-se como referência de ganho em relação à uma antena isotrópica
(antena ideal não existente e omnidirecional) e é mais utilizado nas especificações de
fabricantes europeus.

dBd => define-se como referência de ganho em relação ao dipolo de λ/2 e é mais
usado nas especificações de fabricantes americanos.

dBi = dBd + 2,15

Na prática, trabalhamos com o ganho da antena em dBi.

 Polarização
A polarização é definida somo sendo a direção do vetor campo elétrico:

Na prática, em telefonia celular, só são utilizadas antenas com


polarização vertical ou polarização cruzada.

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 Diversidade

A diversidade é a técnica usada para combater o problema de multipercurso, que


consiste no fato de que o sinal transmitido pela estação móvel é multi-refletido e chega
na BTS por diferentes caminhos, ou seja, com diferentes amplitudes, fases e
polarizações. Isso se deve ao fato de que é comum a estação móvel (MS) não ter
visada direta com a BTS.

A diversidade propicia uma ganho ao sistema no uplink (sentido MS - BTS), que é


chamado de ganho de diversidade, através da combinação ou comparação dos sinais
recebidos pelos diferentes caminhos.

Existem dois tipos de diversidade:

 Diversidade de espaço

 Diversidade de polarização

Diversidade de espaço

Consiste em utilizar duas antenas de recepção separadas de uma certa


distância horizontal.

Exemplo: ganho de diversidade por comparação dos sinais (sempre prevalece o de maior nível)

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Diversidade de polarização

Consiste em utilizar duas polarizações diferentes em cada antena para ter o mesmo
efeito que a utilização de duas antenas espaçadas fisicamente, ou seja, temos duas
antenas lógicas em uma antena física, tanto é que nas antenas com polarização
vertical só temos uma entrada e nas antenas com polarização H / V ou +45º / -45º
temos 2 entradas.

Na prática, a diversidade de polarização utiliza antenas de polarização


cruzada (+45º / -45º), pois possuem um ganho de diversidade maior do
que as antenas de polarização H / V.

Para se reduzir o número de antenas por setor, são utilizados dois duplexadores na
BTS. A função do duplexador é permitir que TX e RX utilizem o mesmo cabo.

Detalhes construtivos das antenas de polarização cruzada

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Na prática, é utilizada uma antena de polarização cruzada por setor.

No caso de utilização de antenas de 33º, são utilizadas duas


antenas por setor (diversidade de espaço) com polarização vertical,
pois não são fabricadas antenas de 33º de polarização cruzada

 Downtilt
O downtilt, que é mais conhecido como tilt, consiste em inclinar o feixe de irradiação
(diagrama vertical) da antena, com o intuito de se reduzir a área de cobertura de uma
célula. O tilt pode ser mecânico ou elétrico.

O tilt mecânico é conseguido através de uma ferragem (kit de downtilt) com escala de
graduação, que inclina fisicamente a antena para baixo.

O tilt elétrico é conseguido alterando-se as características elétricas da antena (fase do


sinal entre os elementos). Existem antenas com tilt elétrico fixo, que já vêm de fábrica
com o feixe inclinado, e existem antenas com tilt elétrico variável, que possuem um
dispositivo com escala de graduação que permite o ajuste.

Exemplo de dispositivo para ajuste do downtilt elétrico

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Comparação entre tilt mecânico e elétrico:

0o
0o
6o
o
8
o
10

-90o +90o

10

3 dB

MECÂNICO
Diagrama Horizontal

No tilt mecânico:

 A distribuição da energia é deformada abaixo do azimute


 O ângulo de meia potência horizontal aumenta com o aumento do ângulo de tilt
 O ganho é reduzido assim que a energia alcança o solo
 Dificulta a precisão do comportamento do diagrama em software de predição

0o
0o
6o
8o
10o

-90o +90o

10

3 dB

ELÉTRICO
Diagrama Horizontal

No tilt elétrico:

 A distribuição da energia é constante e controlada


 O ângulo de meia potência horizontal é constante independente de qual tilt
elétrico é utilizado
 A redução de ganho também ocorre e é idêntica para todas as direções de
azimute
 Está muito mais próximo da realidade em termos de distribuição de energia
para software de predição no planejamento da cobertura celular

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Na prática, todas as antenas são instaladas com o kit de downtilt


mecânico para possibilitar uma futura otimização.

Nas capitais e grandes cidades são utilizadas antenas com tilt elétrico
variável, pois são regiões mais susceptíveis à otimização.

 Bandas de Frequência

As bandas de freqüência definidas pela Anatel são:

Na prática, as bandas de frequência podem ser:

 850 MHz (TDMA, CDMA e GSM - 2G / UMTS - 3G)

 900 MHz (GSM - 2G)

 1800 MHz (GSM - 2G)

 2100 MHz (UMTS - 3G)

Quanto maior a freqüência, maior a atenuação, consequentemente, menor a área de


cobertura. A figura a seguir mostra as áreas de cobertura dadas por duas predições
para a mesma configuração, e como já esperado, a área de cobertura da célula
operando em 1800 MHz é menor que a área da célula operando em 850 MHz.

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As bandas A e B foram destinadas para as 2 primeiras operadoras de cada região.


Como utilizam a faixa de 850 MHz, tem a vantagem de maior área de cobertura para
cada site e também a possibilidade de utilizar essa faixa para o 3G.

As bandas D e E foram destinadas para as outras operadoras de cada região. Essas


bandas possuem uma largura maior em 1800 MHz (75 canais) e uma largura menor
em 900 MHz (12 canais). Na prática, utiliza-se 1800 MHz nas capitais e cidades
maiores e 900 MHz em cidades menores.
Como a quantidade de canais na faixa de 900 MHz é pequena, é comum a dualização
de um site para aumento na capacidade de tráfego. Na prática, temos um site com 3
setores 900MHz e cada setor tem 2 TRX’s (canais). Caso seja necessário aumentar a
capacidade em algum setor, temos que dualizar esse setor, ou seja, instalar TRX’s
1800 MHz. Para isso é necessário instalar uma nova antena 1800 MHz ou trocar a
antena existente por uma antena dual, que comporta as duas bandas de freqüência.
Para facilitar uma futura ampliação, pode-se também já instalar logo de início uma
antena dual.

As bandas F a J foram destinadas para a entrada do 3G, principalmente para as


operadoras das bandas D e E, pois o UMTS -3G não é padronizado para a banda de
1800 MHz.

A banda M é destinada à ampliação da faixa de 1800 MHz das bandas D e E.

Antenas:

As antenas geralmente são fabricadas com os limites de faixa abaixo:

 824 - 890 (850 MHz)


 870 - 960 (900 MHz)
 1710 - 1880 (1800 MHz)
 1710 - 2170 (1800MHz e 2100 MHz - Dual Band)
 824 - 960 / 1710 - 1880 (900MHz e 1800 MHz - Dual Band)
 824 - 960 / 1710 - 2170 (900MHz, 1800 MHz e 2100 MHz - Tri Band)

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 Tamanho da Antena
O tamanho da antena é sempre função do comprimento de onda:

comprimento de onda (m) = velocidade da luz (m/s)


freqüência (Hz)

Ex.: banda = 900 MHz banda = 1800 MHz

λ = 3 x 108 / 900 x 106 λ = 3 x 108 / 1800 x 106

λ = 33,3 cm λ = 16,7 cm

Conclusão : ↑ freqüência => ↓ comprimento de onda => ↓ tamanho da antena

 Capacidade de TRX por Antena


Utilizando um combinador, cada antena tem a capacidade de irradiar o sinal de 2
TRX’s, logo uma antena de polarização cruzada, que corresponde a 2 antenas lógicas,
tem capacidade de irradiar o sinal de 4 TRX’s.

Esquema de interligação para 4 TRX’s por antena

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Caso seja necessário mais do que 4 TRX’s num mesmo setor, existem 2 soluções:

 Instalar outra antena de polarização cruzada (conforme esquema acima)


 Substituir a antena existente por uma antena quad

Uma antena quad equivale a duas antenas de polarização cruzada em um único


radome (invólucro), ou seja, tem capacidade de irradiar o sinal de 8 TRX’s. Em uma
antena quad com tilt elétrico variável existem dois ajustes para tilt, uma
correspondente a cada antena com polarização cruzada.

 Desacoplamento entre Sistemas


É muito comum o compartilhamento de sites, onde mais de uma operadora utiliza a
mesma infra-estrutura para instalação das antenas. Nesses casos, é necessária uma
separação entre antenas de operadoras diferentes ou de faixas de freqüência
diferentes.

O valor típico de separação vertical entre operadoras é de 3m (eixo a eixo),


conforme fotos abaixo:

Para a entrada do 3G, temos a tabela de desacoplamento entre sistemas abaixo:

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 Azimute
O norte magnético da Terra não coincide com o norte verdadeiro (geográfico).

A diferença entre o norte magnético e o norte verdadeiro é chamada de declinação


magnética, que varia com o passar dos anos.

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Azimute é definido como sendo o ângulo em relação ao norte verdadeiro e é o valor


utilizado em projeto, pois todos os mapas e programas (MapInfo, Google Earth, etc.)
se baseiam no norte verdadeiro (geográfico). Cada setor de um site tem um azimute.

A diferença de azimute entre os setores não deve ser menor do que o


ângulo de meia potência da antena utilizada, para que não haja
sobreposição entre os lóbulos principais das antenas

Ex.: 3 setores com antenas de 65º => a diferença entre os azimutes dos
setores não deve ser menor do que 65º (na prática se utiliza 70º)

Como usar a bússola:

Para se achar na bússola a direção correspondente a um azimute, deve-se


somar a declinação magnética ao valor do azimute. Isso se aplica, por
exemplo, quando vamos tirar fotos panorâmicas de 30º em 30º.

bússola = azimute + declinação magnética

Ex: Encontrar o norte verdadeiro, que corresponde ao azimute = 0º (São Paulo)

1º) Somar a declinação magnética do local ao valor do azimute


bússola = 0º + 20º = 20º

2º) Ajustar esse valor (escala graduada) na direção da seta da bússola

3º) Sem mexer na escala graduada, girar a bússola para ajustar o norte magnético,
fazendo com que o ponteiro vermelho fique entre as duas setas vermelhas da bússola.

4º) O norte verdadeiro (azimute = 0º) está na direção da seta da bússola

4º passo => direção do NV (azimute = 0º)

2º passo

valor = 20º

3º passo

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Para se achar um azimute a partir da bússola, deve-se subtrair o valor


Ex: bússola na
encontrado = 200º (São da
direção Paulo)
seta da bússola pela declinação magnética. Isso
se aplica, por exemplo, quando vamos determinar os azimutes dos
azimute = 200º - 20º = 180º (valor de projeto)
setores.

azimute = bússola - declinação magnética

Ex: Encontrar o azimute de um setor (São Paulo)

1º) Apontar a seta da bússola para a direção onde se deseja apontar o setor

Obs.: Lembrar sempre do ângulo de meia potência da antena


Ex.: antena de 65º => lóbulo principal cobre 32,5º para a esquerda e 32,5º
para a direita em relação ao apontamento do setor (azimute)

2º) Sem mexer na bússola, girar a escala graduada para ajustar o norte magnético,
fazendo com que o ponteiro vermelho fique entre as duas setas vermelhas da bússola.

3º) Subtrair o valor encontrado na direção da seta da bússola pela declinação


magnética do local

bússola = 210º - 20º = 190º

4º) O azimute desse setor é o valor encontrado na subtração acima, ou seja, 190º

1º passo

3º passo

valor = 210º

2º passo

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Roteiro de PDRF

1) Encontrar um local alto onde seja possível enxergar toda a cidade ou a


maior parte dela
1.1) Tirar fotos panorâmicas (30º em 30º)
1.2) Pegar o endereço e as coordenadas do local das fotos
1.3) Caso a cidade seja plana e não haja um local alto para subir, procurar
uma caixa-d´água ou casa alta no centro da cidade para tirar as fotos
panorâmicas

2) Pegar coordenadas dos limites da cidade

3) Definir melhor local para a torre

4) Definir os azimutes para o melhor candidato

5) Indicar as torres das operadoras existentes e mais 3 novos candidatos


Pegar coordenadas, endereço e tirar fotos do acesso e da frente de
cada candidato.
Caso haja torre de alguma operadora tirar foto da torre para se verificar
o carregamento e pegar os azimutes utilizados pela operadora.

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