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O Camaleão Confuso

Numa folha brilhante e verde estava um pequeno e verde camaleão. Mal se via.
Moveu-se para uma árvore castanha e ficou castanho. Depois, descansou numa
flor vermelha e ficou vermelho. Quando o camaleão andava lentamente pela
areia amarela, ficava amarelo. Mas quando tinha frio e fome, ficava cinzento e
triste, sem se mexer, à espera. Só os olhos se moviam – para cima, para baixo,
para os lados – até encontrar uma mosca. Era então que a sua língua pegajosa
e comprida se desenrolava para a apanhar. Sempre que se aquecia e comia,
ficava verde brilhante. Não era muito emocionante, mas essa era a sua vida. Até
que um dia o camaleão viu um jardim zoológico. Nunca tinha visto tantos animais
bonitos e pensou:
- Sou tão pequeno, tão lento e fraco! Gostava de ser grande e branco como um
urso polar.
E o desejo do camaleão realizou-se. Mas será que ficou satisfeito? Não!
- Gostava de ser elegante como um flamingo. Gostava de ser astuto como uma
raposa. Gostava de nadar como um peixe. Gostava de correr como uma gazela.
Gostava de ver o que está longe, como uma girafa. Gostava de me esconder
numa carapaça, como uma tartaruga. Gostava de ser forte como um elefante.
Gostava de ser divertido como uma foca. Gostava de ser como as pessoas.
Foi então que apareceu uma mosca voando à sua volta. O camaleão estava
cheio de fome. Ele era agora um pouco de cada animal, estava muito confuso e
não a conseguia apanhar.
- Gostava de voltar a ser como era…
O desejo do camaleão tornou-se realidade e finalmente conseguiu comer a
mosca.
Eric Carle, O camaleão confuso (tradução de Hélder Rocha)

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