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Doenças e UNIFICADOS

ão
e
ç
Acidentes de Trabalho
C ol

TEMA 1

Sindicato Químicos Unificados


2008
Campinas - Osasco - Vinhedo
2 COLEÇÃO

Índice
Introdução..................................... 05
Como adoecem os trabalhadores.......... 06
O que são doenças do trabalho............. 06
O que é acidente do trabalho................ 06

O que é L.E.R. ou D.O.R.T. ............ 07


Estágios da LER .............................. 08
Diagnóstico.......................................... 09
Tratamento.......................................... 09
Quais os fatores de risco?..................... 10

Como podemos previnir


as doenças do trabalho................. 12
Direito dos trabalhadores.............. 14
CAT- Comunicação de
Acidente de Trabalho.......................... 14
Auxílio-doença (seguro)......................... 16
Reabilitação.......................................... 16
Auxílio-acidente.................................... 16
Aposentadoria por invalidez acidentária.. 16
Estabilidade no emprego........................16

LER/DORT e direitos humanos...... 17


Conclusão: o que fazer?.................... 19

LER/DORT
UNIFICADOS 3

Apresentação

O Sindicato dos Químicos Uni-


ficados de Campinas, Osasco e
Vinhedo apresenta sua Coleção
sobre Doenças e Acidentes de
Trabalho. Este material tem o ob-
jetivo de ser um instrumento de
informação para trabalhadores
e trabalhadoras sobre o adoeci-
mento no e pelo trabalho.

Este primeiro tema trata de


questões relativas à LER/DORT,
hoje verdadeira epidemia em
nossa categoria.
Os demais números aborda-
rão.............., .................., .........

Você vende sua força de traba-


lho e não sua saúde ou sua vida
para a empresa. Defenda-se.
Procure o sindicato e denuncie
situações irregulares ou de risco
para a saúde em seu local de
trabalho.

A diretoria

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AS LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS/


DISTÚRBIOS OSTEO-ARTICULARES
RELACIONADOS AO TRABALHO

LER/DORT
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Introdução No dia a dia do sindicato, temos


ouvido que as empresas enxergam
As Lesões por Esforço Repetitivo estes trabalhadores adoecidos
(LER) ou Distúrbios Osteomus- como perigosos disseminadores
culares Relacionados ao Trabalho de insatisfações, queixas, dores e
(DORT), como são denominados pelo incapacidades.
Ministério da Previdência e Assistên- Os adoecidos geralmente tentam
cia Social (MPAS) e pelo Ministério se esconder achando que os sinto-
da Saúde (MS), constituem-se num mas passarão. Adiam ao máximo a
dos mais sérios problemas de saúde procura por auxílio e quando chegam
enfrentados pelos trabalhadores e à conclusão de que não conseguem
sindicatos nos últimos anos no Brasil continuar trabalhando, procuram
e no mundo. assistência médica e suas vidas se
Cerca de 80% a 90% dos casos de tornam uma eterna busca de provas
doenças relacionadas ao trabalho de seu adoecimento.
conhecidos nos 10 últimos anos no Muitos pesquisadores demonstram
país são representados pela LER/ que os dados oficiais só declaram um
DORT, o que evidencia a gravidade número muito menor do que o real.
e abrangência do problema. Esse O Estado tem negligenciado ao não
é sem dúvida um dos reflexos mais fiscalizar os ambientes de trabalho
diretos das mudanças ocorridas nas adequadamente no que toca ao gran-
condições e ambientes de trabalho, de número de riscos nos ambientes
com a introdução de processos au- de trabalho de forma geral. Ele não
tomatizados, aumento do ritmo de exige o cumprimento da legislação,
trabalho, novas formas de gestão descumprindo então o seu papel
com ênfase na produtividade e lucro, social de protetor da saúde e de um
desencadeando maior pressão para meio ambiente saudável.
a execução das tarefas. Isso sem Por este motivo, necessitamos
mencionar a redução dos postos de soluções reais que resgatem a
de trabalho, o que vem provocando dignidade e a saúde do ser humano,
cada vez mais competição entre os visto atualmente somente no aspec-
próprios trabalhadores. to produtivo.

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Esta publicação visa orientar os do próprio corpo, redução de sua


trabalhadores a identificar os pri- criatividade e liberdade de expressão
meiros sinais e sintomas da doença, com a execução de atividades repe-
a reivindicar seus direitos e garantir titivas por tempo prolongado.
que eles sejam respeitados. As LER/DORT e as doenças
Cabe aos trabalhadores organizar- mentais, entre outras, são a conse-
se e lutar para mudar este quadro, quência mais evidente de todo esse
pois somente dessa forma será pos- processo nos dias atuais.
sível mudar as situações de trabalho
causadoras das LER/DORT.

O que são doenças


Como adoecem os do trabalho?
trabalhadores? São doenças geradas pelo exer-
O processo de adoecimento dos cício de algumas atividades ou pro-
trabalhadores tem relação com o fissão e tem relação direta com as
modo de trabalhar, principalmente condições de trabalho.
em função das exigências do mer-
cado. De olho nos lucros, o capital
prioriza a diminuição dos custos de
produção, redução do emprego e o
aumento da produtividade, aumen-
O que é acidente de
tando muito a pressão por produção trabalho?
sobre os trabalhadores. Para isso,
introduz novas formas de gestão, de É o infortúnio relacionado a saúde
organização do trabalho, tecnologia e a vida que ocorre pela realização
e equipamentos, desprezando as do trabalho, podendo provocar lesão
consequências da saúde de quem corporal ou distúrbio psicológico,
trabalha. Na prática, isso tem signi- morte, perda, redução temporária
ficado a limitação da autonomia dos ou permanente da capacidade para
trabalhadores sobre os movimentos o trabalho.

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O que é LER ou DORT?

LER- Lesões por Esforço Repetitivo/


DORT – Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho
A sigla LER foi criada para identificar músculos, tendões e nervos, geralmen-
um conjunto de doenças que atingem te em membros superiores (dedos,

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mãos, punhos, antebraços, braços e l Bursite: inflamação das bursas


pescoço) e tem relação direta com as (pequenas bolsas que se situam
condições de trabalho. Pode ocorrer entre os ossos e tendões das ar-
também em membros inferiores (per- ticulações do ombro).
nas) e coluna vertebral. l Miosites: inflamação de grupos
São inflamações e lesões provoca- musculares em várias regiões do
das por atividades do trabalho, que corpo.
exigem do trabalhador realizar suas
l Síndrome do Túnel do Car-
tarefas em condições que não são
po: compressão do nervo mediano
ergonômicas (por exemplo, trabalhar
ao nível do punho.
fazendo força física, posições incô-
modas e inadequadas, repetitividade l Síndrome Cervicobraquial:
entre outros fatores). A partir da dor difusa em membros superiores
Instrução Normativa 98 do INSS (IN e região da coluna cervical.
98), este fenômeno é chamado de l Síndrome do Ombro Dolo-
LER/DORT. roso: compressão de nervos e
Assim, as LER/DORT abrangem vasos na região do ombro
doenças relacionadas a estrutura l Cisto Sinovial: tumoração
músculo esquelético cuja ocorrên- esférica no tecido perto da articu-
cia é decorrente de sobrecarga no lação ou tendão.
trabalho. l Doença de Quervain: Infla-
Abaixo relacionamos algumas do- mação da bainha de tendões do
enças que podem ter relação com o polegar.
trabalho e podem ser consideradas
LER/DORT, conforme avaliação
médica:

l Tenossinovite : inflamação de Estágios da LER:


tecido que reveste os tendões.
l Tendinite : inflamação dos ten-
As LER podem ser controladas se
dões.
forem diagnosticadas no seu início
l Epicondilite: inflamação de e tiverem o tratamento adequado.
tendões do cotovelo. É bom ressaltar que temos casos

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inclusive de cura se o caso for diag- cia Social e do Ministério de Saúde


nosticado e tratado corretamente é clínico. Isto significa dizer que
logo no começo, além, é claro, basta um médico especializado,
de ser afastado das condições que conheça sobre a doença, exa-
de risco que ocasionaram o caso. minar as pessoas corretamente,
Entretanto, a grande maioria dos para que se tenha um diagnóstico.
casos que conhecemos já são crô- Os exames subsidiários, como por
nicos, sem possibilidade de cura, exemplo, ultra-som, radiografia,
uma vez que foram diagnosticados eletroneuromiografia ou ressonân-
tardiamente. cia magnética podem auxiliar neste
processo de diagnóstico. Atual-
mente, um novo exame conhecido
como termografia cutânea tem
apresentado grandes perspectivas
Diagnóstico: de tornar o diagnóstico mais preci-
so, melhorando com isto as possi-
O diagnóstico desta doença, se- bilidades de dar um tratamento de
gundo as normativas da Previdên- saúde mais adequado.

Tratamento:

O afastamento do
trabalho é muitas ve-
zes obrigatório pois
significa poupar o
trabalhador da expo-
sição aos fatores de
risco (esforços re-
petitivos, pressões,

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excessos no ritmo e na jornada de sobre a doença além de propiciar


trabalho) e propiciar-lhe maior dispo- ações e o diagnóstico, tratamento e
nibilidade de tempo para realização reabilitação.
do tratamento . É importante também que haja uma
Os casos que forem diagnostica- abordagem multiprofissional e inter-
dos e tratados precocemente podem disciplinar (vários profissionais com
até curar. Mas, infelizmente, a maior vários conteúdos de conhecimentos
parte dos casos só é diagnosticado técnicos), pois nenhum profissional
em fases mais avançadas, e na sua de saúde detém todos os conheci-
imensa maioria já são crônicos e mentos e recursos para desenvolver
incuráveis. um programa integral de assistência
O tratamento dos pacientes com e reabilitação.
LER deve ter como objetivo melho- As imobilizações (colocar gesso,
rar sua qualidade de vida, propiciar tala gessada ou as “munhequeiras”)
alívio dos sintomas (sobretudo da têm indicações bastante restritas
dor) e recuperar a capacidade do e não devem ocorrer por períodos
trabalho . prolongados, pois favorecem o
Vários recursos terapêuticos po- surgimento de outros problemas no
dem ser utilizados, entre eles medi- membro afetado. O uso de órtese
camentos, homeopatia, acupuntura, de posicionamento deve ser cuida-
fisioterapia, eletrotermoterapia, doso e orientado por profissional
massoterapia, técnicas de terapias competente.
corporais, psicoterapia individual e
em grupo, biodança, yoga, técnicas
de respiração adequada, etc.
Os grupos de qualidade de vida
têm se mostrado um recurso eficien- Quais os fatores de
te para minorar o quadro doloroso
e de limitações dos portadores de
risco?
LER/DORT. Assim, atividades cole-
tivas como grupos informativos nos l Trabalho automatizado onde o tra-
sindicatos e instituições públicas balhador não tem controle sobre
têm permitido a socialização das suas atividades.
informações, a discussão e reflexão l Trabalho onde os funcionários tem

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que manter uma posição inadequa- realização de horas extras.


da para produzir. l Ausência de pausas e micro-pau-
l Obrigatoriedade de manter o ritmo sas durante a jornada de traba-
de trabalho acelerado para garan- lho.
tir a produção. l Trabalho realizado em ambientes
l Trabalho fragmentado em que frios, ruidosos e mal ventilados.
cada um exerce uma única tarefa l Mobiliário inadequado, que obriga
de forma repetitiva. a adoção de posturas incorretas
l Trabalho sob pressão permanente do corpo durante a jornada de
das chefias. trabalho.
l Quadro reduzido de funcionários, l Equipamentos e máquinas com de-
intensificação do trabalho com feitos ou mal adaptadas ao posto
jornada prolongada e frequente de trabalho.

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Como podemos l Pausas e micro-pausas durante


a jornada de trabalho para que
prevenir as músculos e tendões descansem,
sem que por isso haja aumento do
doenças do ritmo ou do volume de trabalho.
trabalho? l Adequação dos postos de trabalho
para evitar a adoção de posturas
Para preveni-las, é preciso reestru- corporais incorretas.
turar o processo de trabalho. l O mobiliário e as máquinas devem
Para se chegar a este estágio os ser ajustados às características físi-
trabalhadores deverão reivindicar: cas individuais dos trabalhadores.
l Controle do ritmo de trabalho pela l Ambiente de trabalho com tem-
pessoa que o executa. peratura, ruído e iluminação ade-
l Diminuição da jornada de trabalho quados, propiciando conforto
com eliminação das horas extras. ambiental.

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l Vigilância da saúde dos trabalha- ou profissionais, tratamento e


dores, com monitoramento con- reabilitação dos trabalhadores.
tínuo e programas de prevenção
l Postura ética dos médicos assis-
voltados prioritariamente para
tentes das empresas e peritos do
as doenças de maior prevalência,
INSS no atendimento aos trabalha-
para que possam ser detectados
dores vítimas de doenças profis-
precocemente (os protocolos de
sionais ou acidentes de trabalho. É
alguns países da Europa já come-
frequente o relato de trabalhadores
çam a buscar o possível portador
informando que os médicos têm
a partir da busca dos sintomáticos,
se negado a diagnosticar as LER,
o que vai levar a um diagnóstico e
enquanto o INSS, descumprindo
intervenção bastante precoces).
suas próprias normas técnicas,
l Cobrar do poder público a formu- cria obstáculos para caracterizar as
lação de política para prevenir do- lesões como doenças do trabalho.
enças relacionadas ao trabalho. O código de ética médica é claro:
l Cláusulas nos acordos coletivos o compromisso do médico deve ser
de trabalho que privilegiem a pre- com a pessoa que está a sua frente,
venção de doenças do trabalho reclamando de dor.

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Direitos dos momentos em que há diagnóstico ou


indícios de que se trata de doença
trabalhadores: do trabalho.
A comunicação de doença do tra-
balho ao INSS é importante não só
CAT- Comunicação para o tratamento, mas também para
que o trabalhador possa receber be-
de Acidente de nefícios acidentários previstos em lei,
Trabalho bem como se readaptar ao exercício
de outra função. Além disto, os dados
coletados pelas CATs podem ajudar a
Ao suspeitar que o trabalhador seja construção de eficientes programas de
portador de LER/DORT, a empresa prevenção para os trabalhadores que
é obrigada a emitir a CAT (CLT ainda não têm LER/DORT.
art. 169 e IN 98 do INSS), encami- Muitos juristas são enfáticos em
nhando-a ao INSS para notificação afirmar que a não notificação da
e regularização do afastamento do doença no trabalho é crime (art.269
trabalho quando couber. Se a empre- do código penal combinado com o
sa se recusar a emitir CAT, podem art.169 da CLT) .
fazê-lo o médico que atende o lesio- Expedida a CAT, o INSS deve ime-
nado, qualquer autoridade pública, o diatamente registrar o fato e encami-
sindicato ou o próprio trabalhador. nhar o trabalhador à perícia para carac-
A CAT é emitida em seis vias, terização do nexo causal (relação entre
sendo que uma delas deve ser en- a doença e o trabalho) e avaliação da
tregue ao próprio trabalhador e outra capacidade para o trabalho.
encaminhada ao sindicato e ao SUS Para fixação do nexo causal é
(Sistema Único de Saúde). fundamental que o trabalhador re-
A empresa que dispuser de serviço late detalhadamente as atividades
médico próprio ou de convênio terá a por ele desenvolvidas na empresa,
seu cargo o exame médico devendo desde a sua admissão até os dias
encaminhar o trabalhador ao INSS atuais. Outra reclamação comum
quando a incapacidade ultrapassar dos trabalhadores é de que, infeliz-
quinze dias. No entanto, a CAT mente, o INSS, quando muito, ouve
deve ser emitida logo nos primeiros apenas o relato do trabalho que a

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empresa faz. Este relato, em geral, trabalhador encontra-se incapacitado


não corresponde aquilo que o traba- para o trabalho. Para tanto baseia-se
lhador realmente fazia, levando-se na história ocupacional, diagnóstico
a crer que o trabalho relatado pela clínico e em exames complementares
empresa não poderia ser causador se necessário. Se caracterizada a do-
de LER/DORT. Uma sugestão dos ença como relacionada ao trabalho, o
trabalhadores que discutiram cole- trabalhador receberá o benefício do
tivamente esta cartilha é de lembrar INSS conhecido como B 91 (auxílio
que é importante protocolar a CAT doença por acidente do trabalho).
no INSS, pois mesmo que não tenha Caso o acidente de trabalho não
seu nexo causal aceita pelo perito, seja caracterizado como relacionado
este protocolo da CAT poderá servir ao trabalho, será classificado como
futuramente como prova judicial. um afastamento por doença que não
Constatada a relação entre a doen- foi adquirida no trabalho, conhecido
ça e o trabalho, o médico avalia se o como B 31 (auxílio doença).

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Auxilio-doença pago mensalmente e corresponde


a 50% do salário de benefício do
(seguro) segurado, sendo pago a partir da
data da alta médica até a concessão
É um benefício mensal em dinhei- de qualquer aposentadoria (validade
ro que corresponde a uma média a partir da edição da lei 9528 de
salarial. 11/12/97).

Reabilitação Aposentadoria por


Ao final do tratamento, entendendo invalidez acidentária
a perícia do INSS que o trabalhador
não tem mais condições de exercer sua Caso ao final do tratamento o
função mas que pode executar outras, INSS entenda que em razão da se-
o encaminhará ao CRP (Centro de Re- quela o trabalhador não reúna mais
abilitação Profissional). Após a reabili- condições de ser recuperado para
tação e encontrada nova função que o o exercício de qualquer trabalho, é
trabalhador possa exercer, é dada alta concedida a aposentadoria por inva-
médica com retorno ao trabalho em lidez acidentária, que corresponderá
uma função compatível com o estágio a 100% do salário de benefício.
atual da sua limitação.

Estabilidade no
Auxílio-acidente emprego
Se após o acidente resultar se- Se for assim caracterizado como
quela que implique em redução doença ocupacional (B 91), após a
da capacidade para o trabalho, o alta do INSS o trabalhador terá esta-
trabalhador fará jus ao recebimen- bilidade de 1 ano. Se o afastamento
to, como indenização, do benefício for menor que 15 dias, mesmo com a
denominado auxilio acidente, pago abertura de CAT, é bom lembrar que
pelo INSS. O auxílio-acidente será não há esta estabilidade.

LER/DORT
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LER/DORT E vida a partir da missão de voluntá-


rios nacionais (do Brasil) ligados
DIREITOS HUMANOS ao setor de saúde da Comissão de
Direitos Humanos da ONU, é de que
ao contrário da definição de um aci-
Em janeiro de 2004, com o apoio de dente, que ocorre devido a um fator
diversas entidades de direitos huma- desconhecido e muitas vezes não
nos e sindicais, entre elas o Sindicato previsível, a LER/DORT ocorre por
dos Químicos Unificados, ocorreu a fatores conhecidos e previsíveis.
1ª. Audiência Pública para discussão Isto significa dizer que quando um
sobre o fenômeno da LER/DORT no trabalhador é lesionado e afastado, o
mundo atual, a partir da perspectiva seu posto de trabalho será ocupado
dos princípios dos Direitos Humanos, por um outro trabalhador que neste
na Câmara Municipal de Sorocaba. primeiro momento está sadio, sem
A tese, que vem sendo desenvol- LER/DORT, mas que, após um pe-

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ríodo, tem uma chance muito grande forma, isto pode ser entendido como
de também desenvolver a doença. uma violência. E uma violência contra
E assim, mais uma vez, este ciclo um direito elementar de todo cida-
macabro se repetirá! dão: o direito a saúde!
Portanto, a LER/DORT não é um Logo, é uma violência que pode
acidente ou infortúnio, mas sim um ser traduzida como uma violação
risco conhecido que fatalmente irá aos direitos humanos relacionados
lesionar os trabalhadores. Desta a saúde!

LER/DORT
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Conclusão: o que se. Seja sindicalizado, procure seu


sindicato!
fazer?
Não há nenhuma receita mágica.
Boa luta na defesa dos
Para se proteger, os trabalhadores direitos relacionados à
e trabalhadoras deste nosso país só
têm uma alternativa: organizarem- sua saúde e sua vida!
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ANEXO 1 LER/DORT.

NR 7- Exames médicos: trata dos


Normas Regulamentadoras (NR):
exames médicos e institui o Progra-
são as normas contidas na Conso-
ma de Controle Médico de Saúde
lidação das Leis Trabalhistas -CLT-
Ocupacional - PCMSO, visando
que regulamentam, entre outras
prevenir o aparecimento de doenças
coisas, o exercício do trabalho sau-
e promover a saúde do conjunto dos
dável. Iremos aqui ressaltar algumas
trabalhadores. A empresa é obri-
importantes para prevenção das
gada a realizar os exames médicos
doenças do trabalho, como as LER
admissional, periódico, de retorno
/ DORT.
ao trabalho, de mudança de função
NR 5- CIPAS: regulamenta a CIPA
e o exame demissional. Lembre-se:
(Comissão Interna de Prevenção
um dos deveres dos médicos da
Acidentes), que é composta por
empresa, é de proteger a saúde dos
representantes do empregador e
trabalhadores.
dos empregados, que tem como
objetivo principal levantar os riscos
existentes no ambiente de trabalho
NR 17- ERGONOMIA: Estabelece
e solicitar medidas para reduzi-los
parâmetros que permitem a adap-
ou eliminá-los. Os representantes
tação das condições de trabalho às
dos trabalhadores são eleitos em
características do trabalhador, de
votação secreta e tem mandato de
modo a propiciar o máximo de con-
1 ano, com direito a estabilidade do
forto, segurança e desempenho. Ela
emprego, que vai desde o dia da
é aplicável a todas as categorias.
inscrição até 1 ano após o término
do mandato. Uma das obrigações
da CIPA, é a elaboração de mapas ANEXO 2
de risco ambientais nas empresas,
após ouvir todos os trabalhadores. Orientação para Atividades da vida
A participação coletiva permite cor- diária de pacientes portadores de
reções necessárias nos ambientes LER/DORT
de trabalho e é fundamental para
identificar fatores geradores das Arrumando a casa:

LER/DORT
UNIFICADOS 21

1 – Simplifique o trabalho, conserve 3 – Usar equipamentos corretos:


energia, reveja as tarefas e elimine adaptação de cabos (por exemplo,
os passos que forem possíveis. engrossando o cabo das facas, te-
Determine o que é necessário e por souras, cabos de panelas, cabos de
que é necessário, bem como o que escova de dente e cabelo, etc.), para
acontece se você não fizer isto. Veja diminuir a necessidade de força de
algumas sugestões: pressão.

w tecidos de tergal eliminam a 4 – Usar métodos eficientes:


necessidade de passar a ferro; w sempre que possível usar os dois
w alimentos ensopados eliminam braços em movimentos simétricos
a necessidade de picá-los; e paralelos;
w deixar a louça escorrer elimina w usar a força disponível das arti-
a necessidade de secá-las; culações próximas (mais próximas
w o passo de guardar a louça no ao tronco) ao invés das articula-
armário pode ser eliminado se ções e músculos menores e mais
usá-las diretamente do escorredor distantes;
ou da pia; w deslizar objetos ao invés de
w uso de toalhas de plástico na levantá-los;
mesa elimina a necessidade de w arrumar móveis e eletrodomés-
lavagem da mesma; ticos de modo a haver espaços
w usar a mesma panela tanto para contínuos, especialmente entre
preparar como para servir os ali- pia, fogão e geladeira. Se possível,
mentos diminui a quantidade de adaptá-los em balcões;
louças a lavar; w usar carrinho com rodas e ces-
tos para transportar coisas;
2 – Planejar com antecedência as w evitar segurar objetos por muito
atividades da semana, de modo que tempo, usando suporte ou base,
as tarefas sejam distribuídas por se possível;
todos os dias e não concentradas em w usar estabilizante como tapetes
alguns apenas. Este planejamento antiderrapantes e toalhas úmidas
deve incluir o repouso entre as ta- sobre a pia;
refas. Deve alternar trabalho ativo
e trabalho parado. 5 – Descanso:

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w a fadiga leva a mecânica cor- tesouras afiadas, que não preci-


poral falha e inconsciência sobre sam de muito esforço para serem
a segurança; suados;
w os períodos regulares de des- w lavar louça dentro da pia cheia
canso devem ser incorporados ao de água, de preferência morna (a
plano de trabalho diário; água deixa a louça mais leve);
w as mães de crianças pequenas w adaptar cabos engrossados dos
são aconselhadas a descansar dois lados das panelas;
quando a criança dorme, mesmo w usar lençóis com elásticos nas
que estejam usando este tempo extremidades para facilitar quando
para terminar uma tarefa inter- arrumar as camas;
rompida; w enrolar os cobertores ao invés
de dobrá-los;
6 – Compensação para variação de w como hora de lazer das crian-
movimento limitado: ças, ensiná-las a enrolar cober-
w se suas condições financeiras tores, amarrar sapatos e abotoar
permitem, diminua esforços uti- camisas;
lizando eletrodomésticos como w rosquear tampa usando as duas
máquina de lavar roupa, liquidifi- mãos sobre suporte antiaderente;
cador, etc. w puxar gavetas com as duas
mãos. Empurrá-las com o corpo.
7 – Compensação para as fraquezas
dos membros afetados: Estas orientações foram desenvolvidas
w comprar alimentos já picados pelo Centro de Referência em Saúde
ou moídos; do Trabalhador de São Paulo (CEREST
w utilizar utensílios leves, facas e – SP), em novembro de 1992.

LER/DORT
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Bibliografia:
Este material foi baseado na Car-
tilha sobre LER do INST (Instituto
Nacional de Saúde no Trabalho/
CUT) e na Cartilha do Sindicato dos
Bancários de São Paulo e Osasco.

EXPEDIENTE

A COLEÇÃO - DOENÇAS E ACIDENTES DE TRABALHO é uma publicação do Sindi-


cato Químicos Unificados (Campinas, Osasco e Vinhedo). O TEMA 1 - LER/DORT foi
compilado e organizado pelos doutores Mirdney Jensen e Roberto C. Ruiz.

Contatos: Regional Campinas - fone (19) 3735.4900; Regional Osasco - fone (11)
3608.5411; Regional Vinhedo (19) 3876.2915

quimicosunificados@quimicosunificados.com.br www.quimicosunificados.com.br

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Sindicato Químicos Unificados
Campinas - Osasco - Vinhedo

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