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Introdução

Psicologia Comunitária 

A Psicologia Comunitária é uma disciplina científica e um movimento social que tem como
objectivo primordial a melhoria efectiva do bem-estar das populações, em particular das
pessoas que se encontram em situação de maior vulnerabilidade social. O envolvimento
cívico, o sentimento de comunidade, a participação e envolvimento comunitário,
o empowerment e a liderança comunitária, funcionam como fonte inspiradora. (SILVA,
2012).

É preconizado pela Psicologia Comunitária que, através de intervenções em contextos


comunitários, pode contribuir-se decisivamente para o aumento da participação cívica e para o
aprofundamento da democracia em todos os grupos sociais, independentemente do género, da
idade, do grupo social de origem ou da orientação sexual. (SILVA, 2012).

O Psicólogo na comunidade

O que faz um psicólogo comunitário?

 Um psicólogo comunitário contribui para a construção de programas inovadores de


intervenção social, baseados em metodologias colaborativas de investigação-acção,
promotoras de empowerment e facilitadoras da mudança social;
 Estrutura, implementa ou avalia programas de prevenção na área da violência,
particularmente no domínio da violência contra as mulheres e/ou crianças, na
violência entre pares (bullying);
 Apoia os grupos e as organizações na comunidade (colectividades, organizações não-
governamentais ou outras) para que funcionem de forma mais eficaz, cumprindo os
objectivos a que se propõem ao nível da cultura, do bem-estar físico e do
desenvolvimento integral dos grupos que pretendem beneficiar;
 Pode também contribuir para a consultoria na criação de grupos ou organizações de
ajuda mútua, onde as pessoas podem ajudar-se a si próprias e a outras na resolução dos
seus problemas de forma natural, integrada e que promove o sentimento de integração
e de pertença. (SILVA, 2012).

Segundio Silva (2012) diz que o papel do psicólogo na comunidade é de fundamental


importância, pois este profissional faz o uso de seus conhecimentos para poder ajudar as
pessoas que sofrem pela falta de melhores condições. O psicólogo depara-se com diversas
situações que na maioria das vezes chocam, mas que é necessário abrir novos espaços para a
resolução desses problemas sociais, buscando melhores condições de vida.

Algumas coisas que um psicólogo comunitário pode fazer incluem:

 Encontrar maneiras de ajudar os indivíduos desfavorecidos ou marginalizados a se


sentirem mais conectados com as suas comunidades locais;

 O entendimento de questões sociais entre grupos minoritários;

 Desenvolvimento, implementação e avaliação de programas baseados na comunidade


orientadas para a ação;

 Construir relacionamentos entre indivíduos e grupos comunitários;

 Avaliar organizações, governos e comunidades, a fim de promover a participação e


diversidade;

 Psicólogos comunitários podem ser empregados em uma série de áreas, incluindo


educação, governo, grupos sem fins lucrativos, organizações comunitárias e
consultoria privada. Dentro do sistema educacional, psicólogos comunitários muitas
vezes trabalham em faculdades e universidades para ministrar cursos e conduzir
pesquisas. Em um ambiente governamental, eles podem trabalhar na área da saúde e
serviços humanos para os governos locais, estaduais e federais. (AZEVEDO, 2016).

Falar de Comunidade é falar sobre vida cotidiana, vida em comum, coletividade. Segundo
Campos, (1994, p. 9) “é na Comunidade que grande parte da vida do sujeito é vivida”.
Durante muito tempo desde o golpe militar no Brasil, o conceito de Comunidade esteve
distante do discurso psicológico, mas por volta dos anos 70, surge um interesse sobre essa
temática dentro da Psicologia Social, é neste momento que ela denomina-se Comunitária
(SAWAIA, 1994, p 35).

A Profissão de Psicólogo foi reconhecida no Brasil em 1962, dois anos antes do golpe militar
que impôs ao país um regime ditatorial. A prática psicológica neste período baseava-se em
intervenções desenvolvimentistas oriundas de uma repressão política, o que resultou em um
modelo individualizado de atuação. O pensamento ideológico desenvolvimentista causava na
população brasileira, mais especificamente na classe média, um comportamento consumista e
um posicionamento conformista frente ao sistema político. Predominava-se o individualismo
que afetava as práticas psicológicas e a produção de novos conhecimentos.

Nessa época, os movimentos sociais eram impedidos pelo controle e repressão da ditadura, e
isto fazia com que os cidadãos não tomassem um “posicionamento crítico em relação à
realidade vivida”. (SCARPARO, GUARESCHI, 2007, p.8).

Durante a ditadura, os trabalhos dos psicólogos eram direcionados pelo modelo clinico,
intervenções aconteciam em escolas e trabalhos eram feitos na área de recrutamento e seleção.
Nesse período ditatorial a psicologia estava sendo refém de necessidades políticas e
econômicas geradas pelo governo militar. O Brasil estava sujeito a um modelo de governo
que privava o indivíduo dos seus direitos básicos, tais como: moradia, educação, emprego. A
partir desse processo social, vários profissionais começaram a atuar junto à população
(CRUZ; FREITAS; AMORETTI, 2010).

Os primeiros cursos de psicologia aqui no Brasil sofreram grande influência norte-americana,


professores e alunos de graduação desejavam desenvolver trabalhos junto aos setores
desfavorecidos, com o propósito de construir um saber ligado com as necessidades
socais,tornando a psicologia mais próxima do povo (CRUZ, 2010).

Sendo assim, é neste cenário de deselitização da Psicologia, da preocupação com as questões


sociais, com as formas de relações de desigualdades que conseqüentemente dava margem ao
autoritarismo, que surgem base para a consolidação e fundamentação da Psicologia Social
Comunitária (AMORETTI; CRUZ; FREITAS, 2010).

Dessa forma, ia se criando uma nova forma de pensar sobre a prática psicológica, isso
acontecia em um contexto de repressão que a sociedade estava vivenciando. As intervenções
de forma individualizantes não conseguiam da conta  de questões que eram de ordem macro
social. Essa mudança de enfoque que ocorreu na America Latina em relação aos modelos
tradicionais de formação acadêmica na área possibilitou uma postura diferenciada dos
profissionais que “maximizava a saúde dos cidadãos e que essa saúde só poderia ser
alcançada com a educação, a cultura, a habitação, ao lazer” (CRUZ; FREITAS; AMORETTI,
2010, p. 78). O propósito disso era atingir relações mais justas e igualitárias.

Um dos primeiros passos para a mudança das práticas psicológicas era pensar sobre elas, o
outro era fundamentar esse novo olhar fora do pensamento original. No entanto, nos Estados
Unidos que surge a nomenclatura “Psicologia Comunitária”, referindo-se a profissionais que
trabalhavam com populações desfavorecidas, esses trabalhos possuíam um forte caráter
assistencialista, contudo sem uma análise crítica, o que gerou poucos resultados (LANE,
1996, p. 18)

Requisitos de treinamento e educacionais

Segundo Azevedo (2016), algumas das disciplinas relevantes a um aspirante a psicólogo


comunitário são:

 Comportamento social;

 Métodos de pesquisa;

 Estatística;

 Saúde pública;

 Desenvolvimento organizacional;

 Desenvolvimento de programas de prevenção;

 Psicologia do desenvolvimento;

 Sociologia;

 Problemas sociais;

 Desenvolvimento comunitário.
Conclusão

O trabalho concluiu-se que o papel do psicólogo é de fundamental importância, pois este


profissional faz o uso de seus conhecimentos para poder intervir nos sistemas, contribuindo
pela busca de melhores condições às comunidades e seus membros. O psicólogo depara-se
com diversas situações que na maioria das vezes chocam, mas que é necessário abrir novos
espaços para a resolução desses problemas sociais, buscando melhores condições de vida.
Tomaremos como base ao nosso discurso a inserção profissional no espaço saúde, para
refletirmos o que vem sendo construído e o que nos falta concretizar para podermos afirmar
que as políticas públicas na saúde estão sendo realmente aplicadas e quais vem sendo as
contribuições de nossa classe profissional para que isso aconteça.
Referencias Bibliograficas

1. CAMPOS, Regina Helena de Freitas (orgs). Psicologia Social Comunitária: da


solidariedade á autonomia. 15ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009.
2. ANSARA, S. & DANTAS, B. S. A. (2010). Intervenções psicossociais na
comunidade: desafios e práticas. Psicologia & Sociedade, 22(1), 95-103.
3. FREITAS, Maria de Fátima Quintal de. Inserção na comunidade e análise de
necessidades: reflexões sobre a prática do psicólogo. Psicologia: Reflexão Crítica,
Porto Alegre, v.11, n.1, 1998.
4. CRUZ, Lílian Rodrigues da; FREITAS, Maria de Fátima Quintal de; AMORETTI,
Juliana. Breve história e alguns desafios da psicologia social Comunitária, Cap.3,
2010, p 76-96.
5. MONTERO, M. Introdução à psicologia comunitaria: Desenvolvimento, conceitos e
processos. Buenos Aires: Paidós. 2004.
6. SILVA, E. M. S. Ser Psicólogo Social: quais desafios enfrentamos para atuar na
comunidade, com a comunidade. 2012.
7. AZEVEDO, Tiago. Psicologia Comunitária: O que é, o que estuda e o que faz. 2016.
Disponivel em: http://psicoativo.com/2016/07/psicologia-comunitaria-o-que-e-o-que-
estuda-e-o-que-faz.html, Acessado a 21/08/2017, às 12h45min.

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