Ja

Abraão Vicente

Geração inquieta
espera muito de 2011
“É fundamental que o povo cabo-verdiano
tenha o discernimento de perceber que
estamos num momento histórico. Porque
vamos definir o que pode vir a ser o nosso
futuro”. Inteletual da nova geração, pintor,
SEMANÁRIO GRATUITO fotógrafo, figura pública e apresentador de
ANO I • N.º 21 • 10 Dezembro 2010 televisão, Abraão Vicente tem visão crítica
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
sobre Cabo Verde. Centrais

Wikileaks: tudo em pratos limpos

Neves não tem

a confiança do
“amigo
americano”
O website do australiano Julian Assange divulgou documentos que não deixam dúvidas: Cabo Verde e os seus
dirigentes estão sob atenta vigilância da espionagem dos EUA.
Tráfico de droga e ligações aos cartéis sul-americanos, vulnerabilidades do sistema de telecomunicações, corrupção, direitos humanos, saúde, segurança
alimentar, atividades da banca, lavagem de dinheiro e fluxos migratórios, são aspetos que preocupam Washington. Pág. 14

Na rota dos dias Sem perdão Sem tirar nem pôr Bai-bai Recenseamento na Diáspora

Monte Cara Fundo Cóbom Ilha do Vulcão B.Leza A grande

desperta e sai à rua
Fez-se história em Mindelo: a
sociedade civil de São Vicente
provou que está viva e recomenda-
se. Respondendo a um apelo, a que
os partidos foram alheios, 2 500
pessoas saíram à rua para protestar
contra o abandono a que ilha do
Monte Cara foi votada. Pág. 3
pior que filme de cóbois lavas de corrupção
Pelo ambiente de violência que lá O delegado do Ministério de Agri-
se vive, Fundo Cóbom tornou-se o cultura, em DjarFogo, obtém do
bairro mais crítico da cidade da Estado nove mil contos a fundo
Praia. O som de armas de guerra perdido para instalar uma empresa
fez-se normalidade e já ninguém agro-pecuária, de que é também-
chama a polícia: não merece a sócio um filho do controverso
pena, até porque a polícia foge de Presidente da Câmara Municipal
lá ir. Pág. 4 de S. Filipe. Pág. 8
“mora” em Lisboa
Lisboa recordou B.Leza, com
homenagem, 70 anos depois da
sua chegada à grande cidade do
Tejo. Foi então que os portugueses
“descobriram”, deslumbrados, a
grande música de Cabo Verde. Por
cá, lamentavelmente, deixa-se que
a memória apodreça. Pág. 20
mentira
À medida que se conhecem pormenores de
como tem decorrido o recenseamento nas
comunidades da Diáspora, fica a descober-
to a injúria cometida contra os emigrantes
pelo governo de José Maria Neves: kits que
se avariam e não são substituídos, nem
reparados; embaixadores que recusam
apoio ao recenseamento – há de tudo. Tendo
perdido terreno entre a emigração, orques-
trou-se a farsa: restringir o recenseamento o
mais possível aos da confiança do governo.
E como estes são a larga maioria, o re-
censeamento “esquece” a maioria da Diás-
pora. Pág. 7
2 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
O polvo
O polvo natural, que
antecipadamente anunciou a vitória
dos galegos no jogo contra os
holandeses nas últimas competições
do Mundial de Futebol 2010,
realizadas recentemente na África do
Sul, ultimamente acabou por morrer.
Com as sondagens "okas" do PAICV,
pelos vistos acabou de ressuscitar,
desde logo, anunciando que o país,
se aproxima da hora "H".
Ora bem! Como sabem o Dr. Carlos
Veiga, elegeu com prioridade, e já
vem debatendo em público, a luta
contra o desemprego, a luta contra
uma economia desastrosa, sufocante
e sobretudo anémica do poder de
JMN, mas também priorizou a
Inovação e Educação entre outros
temas, como sendo dois pilares
decisivos para a cultura de
desenvolvimento das nossas
populações as well as, para mais
justiça social, principalmente para os
mais pobres e dos mais necessitados
(crianças abandonadas nas ruas e os
sem teto), em todas as regiões do
arquipélago, ou seja, de Santo Antão
à Brava.
Pelas mesmas razões, estas políticas
e tais medidas urgentes, poderão in
loco serem consideradas como sendo
um desígnio nacional, enquanto que
a mudança (mestid muda), cada dia e
cada vez se afirma como sendo
"imperativo nacional". Mas,
infelizmente, o partido que suporta o
Correção
Venho por este meio requerer que seja reposta a verdade ao abrigo da Lei da Comunicação Social em vigor, relativamente à edição
nº 20 de 13 de Dezembro do vosso semanário. Na PG 17 na notícia sobre os CVMA. Na legenda da foto do artista Kido Semedo
aparece a seguinte legenda: "Kido Semedo e jornalistas da ACI", facto que não corresponde à verdade. Eu sou Gisela Coelho jor-
nalista do jornal A NAÇÃO e grupo Alfa Comunicações e não jornalista da ACI, como vocês informam. A outra colega Soraia Deus
é que é jornalista da ACI.
Por uma questão de Ética para com a empresa onde trabalho gostaria da reposição da verdade.
Gisela Coelho, jornalista/Editora, jornal A NAÇÃO e ALFA COMUNICAÇÕES
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As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
desgoverno de José Maria Neves, ao
contrário dessas medidas e políticas
urgentes e benéficas a bem das
populações, preferem a "caça aos
votos". Basta de vergonha!
Por isso, está na hora de cada cabo-
verdiano e cada cabo-verdiana
meditarem e posicionarem-se
firmemente nessa luta a fim de
erradicarmos de vez esta "doença
chamada corrupção"! Pois bem, o
teto já furou e o povo cabo-verdiano
não pode continuar a hipotecar com
o seu voto humilde o futuro do País,
dos seus filhos e, porque não, dos
seus os netos!
De notar que ultimamente o Iémen
assumiu a responsabilidade de
operações (USA) de combate contra
Al-Qaeda. Cabe agora ao povo cabo-
verdiano a responsabilidade de
combate moral e sem tréguas à
"doutrina corrupta" do Governo de
José Maria Neves, e desde logo,
"erradicar a doença" chamada
"Corrupção" instalada no País desde
1975!
Por isso, caros concidadãos, é a hora
"H" para pensarmos tudo isto e
decidirmos de vez com o nosso voto
de não ao desgoverno de JMN. A
contagem é decrescente, falta apenas
61 dias, como se não bastasse a crise
de energia elétrica, o desemprego, a
inexistência de políticas e de planos
de saneamento básico, o isolamento
das várias ilhas que compõem o País,
sem ligação e sem meios de
transportes marítimo e aéreo, a
20 000 exemplares!
falência da cidade cultural de
"Monte Cara", em São Vicente, a
falência da classe empresarial
nacional, a instalação e instituição
de uma cultura imoral, sem
disciplina de trabalho e partidarizada
que invade e enferma a nossa
administração pública, a
desmotivação estampada no "ego"
das pessoas pela perda do seu poder
de compra e baixamento do seu nível
de vida, a perseguição e o sufoco
fiscal aos contribuintes, o terrorismo
psicológico das pessoas e sobretudo
dos jovens, entre várias peripécias
nojentas que enfermam, entristecem
e envergonham o País todo, pois que
"prometeu chuva e deu tempestade”.
Agora é a vez de tomarmos posição
firme face a tudo isto, e de vez, para
invertermos a tentação do governo
de JMN continuar a empregar as
gentes da cor do seu partido e da sua
cor "amarelada", em boa verdade
pessoas que saíram do Estado por
vias de aposentação e reforma
antecipadamente, pelos vistos são de
novo recrutados e reconduzidos para
setores públicos do Estado, entre
outros organismos e setores
coordenados pelo governo, situação
que, de resto, vem ganhando corpo e
que contribui taxativamente para a
quebra de oportunidade de emprego,
principalmente dos jovens à procura
do seu primeiro emprego.
Armindo Francisco Monteiro Silva,
"Zingapinga"
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio da Silva Ferreira,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
semanarioja@gmail.com
Os elefantes brancos
O
discurso do ainda Poder ganhou cores tecnocráticas: começou a
falar-se, a torto e a direito, de obras e investimentos
“estruturantes”, aparentemente adotando-se um conceito sem
haver consciência do seu significado. Uma boa estrada asfaltada tanto pode
ser “obra estruturante”, como pode não ser nada ou ser apenas um elefante
branco. Ser estruturante não depende da obra em si, depende da sua
conexão com o processo de desenvolvimento económico, depende dos
“inputs” (para usar um jargão tecnocrático) e potencialidades que essa
estrada traz para o corpo económico de uma sociedade.
Exemplificando: a circular da Praia não é estruturante – não se insere num
projeto de desenvolvimento sustentado, não se descobrem (para já e em
seu torno) perspetivas de assentamento de empresas cujos produtos se
sirvam dessa via para o escoamento até aos mercados e até aos locais de
transporte para a exportação. O que se vê é o trânsito muito espaçado de
poucas viaturas, quase sempre de apressados viajantes que se deslocam a
algum lado, em lazer. A circular da Praia não estrutura nada: apenas existe
e serve para encher o olho.
O aeroporto internacional de S. Pedro, em S. Vicente, onde apenas aterra,
de quando em vez, um avião da TACV, não é (por enquanto) uma obra
estruturante, por muito que José Maria Neves e Manuel Inocêncio berrem
o contrário.
São dois “cases study”. A equipa de José Maria Neves cometeu o erro de
pensar que “fazer coisas” é governar, é desenvolver, é construir futuro.
Lançou-se a depositar primeiras pedras, cimento, betão, asfalto sem
enquadrar isso num programa convenientemente estribado, sem projetos de
desenvolvimento nacional ou locais, nos quais tais obras se insiram. Existe
um plano elaborado, discutido, sensibilizando agentes económicos,
nacionais e estrangeiros, para o desenvolvimento do Turismo em S.
Vicente? Não. Nessas circunstâncias, o aeroporto internacional de S. Pedro
é um investimento inútil, é dinheiro deitado à rua. O aeroporto
internacional é um elefante branco, que custa manter, e não promove
progresso.
O investimento (ou a obra) estruturante não depende do seu tamanho. Até
pode ser pequeno, muito pequeno e ter efeitos multiplicadores
extraordinários.
Vindos da Economia Planificada, que fizeram as delícias do partido único
em tempos que já lá vão, JMN e seus pares quiseram converter-se ao
liberalismo económico, ao neo-liberalismo. Fizeram-no apressadamente,
sem assimilarem a sua essência. Agarraram os conceitos, colaram-nos nas
testas, decoraram os chavões e com eles encheram a boca como se fossem
cuspo. Os resultados estão à vista.
Com todo o dinheiro atirado à rua para obras pseudo-estruturantes (apenas
estruturam a sua propaganda), ter-se-ia resolvido o problema energético de
Cabo Verde. Resolvido isso, criavam-se as necessárias condições para o
fomento, para que se criassem empresas, para que houvesse mais
investimento e, em consequência, mais trabalho, menos desemprego, mais
mercado, mais desenvolvimento, mais progresso efetivo.
Passando à história, Neves e o seu grupo deixam atrás de si uma manada
de elefantes brancos, oscilando as ameaçadoras trombas e urrando para que
lhe alimentem a voraz gula da sua dívida pública. E, enquanto isso, apesar
das basofarias deste grupo sem política e sem projeto, Cabo Verde continua
por estruturar.

Telefone: (00238) 2623817
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 Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 3

na rota dos dias

Manifestação com atitude

São Vicente
também é
Cabo Verde No Mindelo fez-se história: através de uma rede social, cerca de 2 500
pessoas saíram à rua para protestar contra o abandono a que São Vicente
foi votado. A Associação Cívica “Cordá Monte Cara” tem pernas para
andar com atitudes deste tipo

A
Associação Cívica “Cordá
Monte Cara” conseguiu co-
locar nas ruas de Mindelo
cerca de 2.500 pessoas. A organização
rejubila: “Ficámos satisfeitos com o
número de pessoas e com as pessoas
que estiveram na manifestação. É
claro que as pessoas ligadas direta-
mente aos partidos políticos não com-
pareceram”. Para Milanka Vera-Cruz,
“o primeiro passo desta longa camin-
hada, que iniciámos hoje, foi dado
com sucesso e estamos satisfeitos:
Soncent já cordá!”.
Outro desafio ganho pelo Movi-
mento: pessoas disseram que sim no
Facebook e vieram do ciberespaço
com cartazes para as ruas de Mindelo.
Apesar de muitos considerem o
número reduzido, há quem entenda
que “2.500 pessoas num universo de
50 mil eleitores é muito bom, tratan-
do-se de uma primeira manifestação
de protesto de um grupo que não tem
sequer dois meses de existência”.
Os organizadores fugiram das cono-
tações partidárias como o diabo foge
da cruz e, com isso, afastaram da ma-
nifestação muitas pessoas quer do
MpD quer do PAICV que, no entanto,
estão de acordo com a postura cívica
do grupo. “Corda Monte Cara” sensi-
biliza o universo partidário e pode ter
repercussões que ultrapassam o
Movimento propriamente dito.
Outra vitória do Movimento: con-
seguiu trazer para as ruas do Mindelo
a “antiga sociedade civil mindelen-
se”, representada por muita gente aci-
ma dos 60 anos que há muito deixou
de reivindicar. Junto dos mais velhos
estava uma juventude desconhecida e
não absorvida pelas juventudes par-
tidárias, que gritou e levou cartazes,
pedindo a “regionalização já” ou exi-
gindo: “Chega de abandono. São Vi-
cente também é Cabo Verde”. Ou ain-
da “eu voto em branco”. Forte aviso
aos partidos: ou prestam atenção à
ilha do Monte Cara ou então…
O pessoal do Facebook também saiu
do ciberespaço e fez história. Es-
teve–se na presença do primeiro
protesto em Cabo Verde nascido e
promovido por uma rede social.

Junto dos mais velhos estava uma juventude desconhecida e não absorvida pelas juventudes partidárias, que gritou e levou cartazes,
pedindo a “regionalização já” ou exigindo: “Chega de abandono. São Vicente também é Cabo Verde”. Ou ainda “eu voto em branco”.
Forte aviso aos partidos: ou prestam atenção à ilha do Monte Cara ou então…
4 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010
sem perdão
Com escoriações no corpo
Jurista agredido acusa tambarinas
O
jurista Laurindo Neves,
acompanhado da esposa, San-
dra Teixeira Neves, procurou
a redação do Já para denunciar perse-
guições e agressões de que foram am-
bos vítimas na segunda-feira, dia 6, por
cinco indivíduos que os aguardavam
nas escadas do prédio onde moram.
Conta o referido jurista que tem vindo
a ser, ultimamente, alvo de ameaças
por parte de elementos do PAICV que
o têm afrontado em sua própria casa
com tentativas de arrombamento e
ameaças de lhe por fogo.
Ilha do Sal
Cidadãos exigem segurança
Já lá vai o tempo em que Djad’Sal era considerado ilha turística, pacata e com qualidade de vida. Com o assassinato das turistas
italianas, em 2007, foi manchete em jornais do mundo inteiro pela negativa
D esde essa altura, somam-se os
casos de polícia: crimes, vio-
lações, abusos sexuais a menores, tráfi-
co de droga, assaltos à mão armada,
agressões, enfim, um mau cartaz para
uma ilha com condições naturais, úni-
cas no País, para o boom turístico.
Segundo Laurindo Neves, as coisas,
desta vez, ultrapassaram todos os limi-
tes: quando chegou a casa na compa-
nhia da esposa, por volta do meio dia,
logo que abriu a porta do prédio onde
reside foi surpreendido por um grupo
de indivíduos que começaram a agre-
di-los com socos, pontapés, e um
chicote que entretanto ele conseguiu
agarrar.
Por sua vez, a esposa do jurista con-
tou-nos que do grupo fazia parte uma
mulher que a surpreendeu pelas
costas, agarrando-a pelos cabelos e
Na semana passada, mais casos: um
jovem de 21 anos, de nome Ericson,
foi encontrado inconsciente em Chã de
Matias com várias fraturas, causadas
por violentas agressões. A delegada de
Saúde reconheceu a gravidade da
situação: “ele deu entrada na Delegacia
de Saúde inconsciente. Teve um trau-
ma craniano muito grave. Portanto, é
um paciente que está em estado crítico
no momento”, referia a médica Ana
Paula Santos.
A Polícia Nacional investiga o caso,
mas desconhece-se se há suspeitos,
que armas foram utilizadas para
agredir Ericson e as causas de tamanha
violência.
esbofeteando-a.
Desta agressão resultaram escoriações
várias e hematomas no corpo de Lau-
rindo e mulher, ainda bem visíveis
quando se deslocaram à nossa redação.
Segundo o jurista, que identifica os
agressores como elementos do PAICV,
não se descortinam motivos para os
ataques perpetrados por paus manda-
dos. Mas admite que possam estar rela-
cionados com uma ação judicial em
que, defendendo a ANAC, litigia con-
tra a CV Móvel. Não tem dúvidas
sobre a identidade dos agressores e
Como também se desconhecem desen-
volvimentos na investigação do assalto
à mão armada no posto de combustível
da Enacol de Santa Maria, do passado
30 de Novembro, quando três homens
(dois deles encapuzados), munidos
com armas de fogo, assaltaram o posto
de combustível, fizeram refém o fun-
cionário e levaram cerca de 170 con-
tos. O funcionário do posto, que é mais
conhecido por Rala, foi agredido com
uma coronhada na cabeça e com pon-
tapés. Rala reconheceu o terceiro indi-
víduo – o que não usava capuz.
É a terceira vez que a bomba da Enacol
em Santa Maria é assaltada, totalizan-
do os roubos já mais de 1200 contos.
adianta que ele irá apresentar provas,
junto das entidades policiais, que cor-
roboram as suas acusações.
Já tem conhecimento de outros atos de
ameaças e violência, cuja autoria é
igualmente imputada à mesma origem,
sabendo-se que têm sido apresentadas
queixas na Polícia Judiciária.
O casal, que diz ter tentado relatar o
caso na TCV, lamenta que a televisão
nacional, depois de se ter prontificado
a ouvi-los, tenha deixado de ter
câmeras disponíveis quando ouviram
falar no PAICV.
O dono da empresa, Duca, não sabe o
que fazer. Só nas suas empresas con-
tabiliza mais de 2200 contos de prejuí-
zo devido a assaltos. Aliás, ele não é o
primeiro a pôr o trabalho da polícia em
causa. Numa ilha em franco cresci-
mento, o governo continua a menos-
prezar e a assobiar para o lado quando
se fala de segurança das pessoas e da
propriedade privada: não aumenta o
número de efetivos no Sal e não dá os
meios necessários para combater o
crime. “O ministro Lívio Lopes só vem
cá para propaganda do governo. Sal
deixou de ser só turismo. Os maiores
problemas surgem nos bairros onde
não há policiamento”, finaliza.
Fundo Cobom
Mais violento
que os filmes
de cobóis
Fundo Cobom é exemplo da
elevada insegurança e
criminalidade existentes na
capital. Ali, aos
fins-de-semana, o som de
armas de grosso calibre,
contrastando com o dos
“Boca Bedjo”, é “melodia”
com a qual têm de viver os
moradores. Tornou-se
normalidade e já ninguém
corre a chamar a Polícia,
que “foge” de visitar tais
paragens
Q uando há tiroteio em Fundo
Cobom, só uma coisa importa
aos que lá moram: saber de que lado é
que estão os tiros a ser disparados. E
há razões para este comportamento.
Sabendo em que zona há disparos, é
mais fácil procurar outro caminho,
mais seguro, e assim evitar ser atingi-
do por alguma bala perdida; por outro
lado, não se presencia nenhuma “cena
triste” e as pessoas resguardam-se de
problemas com depoimentos nas
esquadras e nos tribunais. Fica mais
cómodo e dispensa outros dissabores e
riscos inerentes a estas situações.
Por isso, em Fundo Cobom há uma
“regra de ouro”: ninguém vê nada,
ninguém sabe nada. E mesmo que se
saiba, a prudência leva a dizer que não.
É como se costuma dizer: o seguro
morreu de velho e o desconfiado está
vivo.
Há relatos elucidativos dos “anima-
dos” fins-de-semana em Fundo Co-
bom, capazes de fazer disparar a adre-
nalina ao mais ousado. Já ouviu um
ex-chefe da Polícia Nacional (que
pediu anonimato, não vá o diabo tecê-
-las) contar que, no passado fim de
semana, teve que fazer 6 (seis) dis-
paros para se safar de um assalto à
porta da sua casa.
Outro caso no mesmo fim-de-semana:
o hiace da pastelaria Doçura “acor-
dou” sem os pára-brisas.
Mais: dois jovens foram atingidos por
chumbos de “boca bedjo”.
A juntar aos casos que assinalamos em
Fundo Cobom este fim de semana,
ficam outros ocorridos noutros locais
que parecem querer disputar a palma
ao mal afamado Cobom: em Sucupira,
zaragata entre dois lavadores acaba em
punhaladas na presença de um agente
policial que, de pistola em punho, quis
impedir as vias de facto. Um dos
lavadores foi levado, em estado crítico,
para o hospital.
Em São Francisco, a polícia prendeu
um grupo de thugs envolvidos em
vários atos de delinquência.

sem perdão
Propaganda e PN escondem dados sobre crimes em S. Vicente
Acordem o ministro
da Administração Interna!
Multiplicam-se os casos de violência na ilha do Monte Cara. Mindelo vive em pânico. Mas aqueles que deviam garantir segurança, viram a cara para
o lado para não ver os combates de ruas, os cidadãos esfaqueados, os automóveis apedrejados
A
propaganda oficial e os jor-
nais amigos tentam mostrar
que a onda de violência que
varre São Vicente é invenção de
(alguns) jornalistas. A Polícia Nacional
não fornece dados reais da situação e
diz que se estão a fazer filmes de
ficção. A realidade prova, todavia, que
essa propaganda, os jornais amigos e a
PN estão a fantasiar e a impingir ao
governo um Mindelo de paz e tranqui-
lidade que já não existe. Uns e outros
querem que acreditemos que os gangs
dos bairros periféricos do Mindelo são
bons rapazes e basta estarem identifi-
cados, que os bandos de marginais se
limitam a “brigar por causa de namora-
das”.
Sendo assim, vamos então aos tais fac-
tos que a propaganda, a PN e “amigos”
não querem ver.
Gangs tomam conta da
Praça Nova
27 de Novembro: as pessoas que se
encontravam na Praça Nova viveram
minutos de terror e medo. Eram
23h45min, quando o grupo BBH (Cra-
quinha) se envolveu em confrontos
com os rivais de Cova e do Pintchá
Andor (Ilha Madeira) com arremessos
de pedras, garrafas e uso de catanas.
Stephanie Ramos descreveu o que viu:
“estava no quiosque da Dona Vitória e,
de repente, ouviram-se estilhaços de
garrafas na parede do quiosque. Ouvi
pessoas a gritarem para corrermos por-
que grupos de gang tinham invadido a
Praça Nova. O tumulto foi grande, me-
teu facas, garrafas e pedras que nin-
guém sabia de onde vinham. Alguns
estrangeiros que estavam no local en-
traram em pânico e, para nos safarmos,
tivemos que correr. Vi, ao lado da Tele-
com, uma rapariga a sangrar da cara.
Mas também ouvi dizer que vários ele-
mentos dos gangs foram feridos e al-
guns capturados pela Policia de Inter-
venção”.
Isto foi um facto. Aconteceu em Min-
delo, mas a propaganda, os jornais
amigos e a TV amiga não falaram do
assunto. Pudera!, o caso nem constou
das ocorrências do PN. O ministro da
Administração Interna certamente
agradeceu e os homens que fazem as
estatísticas também: Lívio Lopes não
teve que fingir que ignorava e os das
estatísticas tiveram menos trabalho a
lançar dados.
Homem esfaqueado por 40
indivíduos
29 de Novembro: Itero Bary, 54 anos,
natural da Guiné-Bissau, foi atacado na
zona de Fernando Pó. Foi esfaqueado e
apedrejado. No Hospital Batista de
Sousa foi suturado com 54 pontos.
De acordo com a versão que ele mes-
mo contou, Bary regressava de São Pe-
dro e resolveu passar por Fernando Pó.
Aconteceu-lhe o infortúnio: o combus-
tível do carro secou. Teve que deixar a
viatura e vir a pé até à Rotunda da Ri-
beira Bote. No regresso ao local, viu
um grupo de jovens próximo da sua
viatura. Começaram a apedrejá-lo.
“Desviei-me das pedras. Mas aproxi-
maram-se cinco rapazes tentando agre-
dir-me com facas. Consegui desarmar
três e eles logo começaram a atuar em
grupo, com facas, pedras e paus. Perce-
bi que se tratava de um gang; esfaquea-
ram-me quase todo o corpo. Gritei, pe-
dindo socorro, mas ninguém apareceu
em meu auxílio. Cai prostrado no chão
e ainda ouvi alguém dizer ‘deixa-me
dar-lhe mais uma facada para acabar
com ele’. Fingi que estava morto, ele
veio e pegou no meu braço, deixei o
braço cair para o chão. Ele então gritou
que já não era preciso esfaquear-
Uns e outros -me mais porque eu já estava morto e
foram embora com o meu carro”.
querem que A propaganda serviu-se dos jornais
amigos para passar a imagem que se
acreditemos que os tratou de um assalto vulgar que podia
acontecer em qualquer lugar. Esquece-
gangs dos bairros ram-se de assinalar a gravidade da si-
tuação: o assalto foi de uma violência
periféricos do atroz e cometido por um grupo de cer-
Mindelo são bons ca de 40 pessoas. Não estamos na pre-
sença de um simples caço-body. Não
rapazes e basta acha, Sr. Ministro da Administração
Interna? Não acham, senhores jornalis-
estarem tas ao serviço da propaganda oficial.
identificados, que os Carros apedrejados na
bandos de marginais estrada cidade / Baia das
Gatas
se limitam a “brigar Pelo menos quatro viaturas foram
apedrejadas na estrada Cidade/Baía
por causa de das Gatas, na passagem junto às zo-
namoradas” nas de Lameirão/Pé de Verde. Dia 2
de Dezembro: o advogado João
Gomes vinha da Baia das Gatas
Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 5
quando sentiu uma pedra bater no
farolim da frente e depois mais outra
a bater na porta traseira.
O advogado disse que a sua primeira
reação foi parar, “mas o instinto dis-
se-me que não o fizesse. Acelerei”.
Se tivesse parado, “não sei o que
poderia ter acontecido, pois não
tenho dúvidas que o ataque teve por
objetivo fazerem parar o carro e
depois assaltarem-me”.
Pelo menos outras três viaturas foram
atacadas na mesma zona, uma
pertencente a um graduado da Po-
licia. Tivemos igualmente a infor-
mação que o carro do cidadão Rito
Melo foi apedrejado no mesmo local,
Alguns habituais utentes desta estra-
da dizem-se “assustados”. No seu
entender, “este é um novo tipo de
assalto para o qual não estávamos
preparados. E é muito perigoso, pois
pode provocar acidentes terríveis.
Imagine que as pedras atingem os
motoristas…”.
O medo também está instalado em
quem circula durante a noite na estra-
da Baía das Gatas/Cidade, junto da
zona de Pedra Rolada /Pé de Verde.
Perante este clima de insegurança
que, com razão, atemoriza os ci-
dadãos, o que fazem o Ministério da
Administração Interna, as Polícias, a
propaganda? Proclamam: haja tran-
quilidade por que este é o “melhor
dos mundos”.
6 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010

cá se fazem notícias do jet-set

David Cardoso Face a Face

Dany Silva no palco do Teleton

Maria de Barros Ricky Boy e Djodje Jovens deficientes na abertura da noite a eles dedicada

Teleton provou
A inclusão é mesmo possível
Ao contrário do que queria S. Tomé, nem sempre é preciso ver para acreditar: Teleton prova que os praienses estão maia do que recetivos à ideia de que “a
inclusão é possível”. Querem-na. E por isso aderiram à festa da noite de 4 de Novembro

A
Electra fez questão de mar-
car presença no evento co-
memorativo do Dia Inter-
nacional do Deficiente. Fê-lo com
um corte estratégico de energia à
hora em que as pessoas se aperal-
tavam para sair de casa: lá se foi a luz
em toda a cidade.
Valeu que o praiense há muito lida
com cortes de luz, em que a Electra é
especialista (diz-se agora que é por
falta de combustível) e lá acendeu as
velas que tinha em casa, pôs perfu-
me, e rumou à Assembleia Nacional.
Sob o lema “Acreditamos que a
inclusão é possível”, e ainda com a
casa semi-cheia, começou mais uma
edição do Teleton. Era noite de sába-
do, dia 4.
Abrindo o espetáculo, um grupo for-
mado por jovens deficientes interpre-
tou três temas - com muita perícia.
Como disse a representante da
Associação Acarinhar, “foi um de-
safio e nós não temos medo de
desafios”.
Esta edição do Teleton, que a princí-
pio parecia votada ao fracasso foi um
sucesso: apesar do apagão da Electra,
rapidamente a plateia encheu-se e os
artistas que se sucederam fizeram
questão em justificar com a sua pre-
sença o porquê de tanta gente.
Espetáculo muito bem organizado,
com uma banda de luxo onde se
destacava, entre outros, o teclista
Duca (ex-Bulimundo) e que logo
cativou o público. Banda após banda,
esqueceu-se o apagão e o entrosa-
mento palco-público aconteceu com
intensidade.
Pelo meio, alguns discursos com
destaque para o do Presidente da
Associação de Deficientes, David
Cardoso, que relembrou que em-
prego e educação são dos maiores
desafios para os deficientes em Cabo
Verde.
Atuaram neste evento o grupo Face a
Face, que veio das Antilhas; Djodje
& Ricky Boy; e de Lisboa, especial-
mente para este espectáculo, Dany
Silva. Com as atuações de Dany e
Maria de Barros a plateia foi ao
rubro. Dany encantou o público com
temas como “Lua” de B. Leza e
“Sodade de funaná”. E Maria de
Barros encerrou, cantando e dançan-
do como só ela sabe fazer.
Nota alta.

Uma plateia que vibrou desde o primeiro momento Deficientes visuais à procura do 1.º CD

sem tirar nem pôr
Associação de Media Cabo-verdiano nos States
Recenseamento
Polémica
na escolha do Presidente
é espelho
do fracasso
governamental
A Assembleia da Associação de Media Comunitário Cabo-Verdiano Americana, que se realiza
amanhã, 11, em Pawtucket, Rhode Island nos EUA, promete ser um encontro “animado” tendo
em conta todo o ambiente que envolveu a sua preparação
A
iniciativa é inédita nesta
comunidade e ela partiu do
consulado de Cabo Verde em
Boston. Para já, será uma Associação
entre os media (jornalistas, técnicos de
som, locutores, camera-men, fotó-
grafos e web-designers), mas a escolha
do presidente da direção da Associação
está longe de ser consensual, conforme
apurou o Já.
Cecílio Cabral, irmão de Amílcar
Cabral e de Luís Cabral, tem manifes-
tado a sua disponibilidade em concor-
rer ao cargo de presidente mas há
vozes discordantes no seio da classe
que alegam este ser apenas ativista
comunitário e colaborador de progra-
mas de rádio (para além de dirigente do
PAICV), e não estar a exercer nenhu-
ma atividade exigida para ser membro
da associação.
Uma das vozes discordantes é a de
Alberto Pina (representante da
FORCV) “principalmente nesta altura
de campanha, muitos vão tentar usar a
associação para interesses partidários”,
escreveu num email que Já teve aces-
so, defendendo igualmente para o
sucesso do projeto ser necessário que
ela seja “isento de influências par-
tidárias e defender só e somente o inte-
resse comum dos seus membros”.
Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 7
Guiné-Bissau e Reino Unido, mais dois casos
O Recenseamento Eleitoral Geral no Estrangeiro (REGE)
redundou num autêntico fracasso muito por incúria,
incompetência e irresponsabilidade do governo. Para
além dos casos revelados na última edição do nosso
jornal, há outros que foram surgindo ao longo da semana
equipa que deveria regressar ime-
diatamente, chegou tarde e a más
horas transportando os Kits numa
rua de Londres, coberta de neve, e
praticamente às costas.
Mesmo assim, e não obstante os
inúmeros telefonemas de Emanuel
Duarte à Diretora de Apoio ao Pro-
cesso Eleitoral, Arlinda Chantre, não
se dignou disponibilizar os recursos
necessários para garantir o aluguer
N a Guiné-Bissau, o único kit de um espaço com alguma dig-
Ao que parece, Cecílio Cabral não vai (Diretor da Rádio Nacional de Cabo colocado na capital esteve nidade para instalação da CRE e
concorrer sozinho pois fala-se na Verde - RCV) e Álvaro Ludgero avariado durante 4 horas. As pes- nem responder aos variados emails e
hipótese de Pedro Chantre também Andrade (Diretor da TCV). soas acabaram por desistir e não telefonemas do Presidente da CRE.
avançar (é profissional do jornal O Núcleo inicial foi composto por poderão exercer o seu direito de vo- Posto isto, a CRE do Reino Unido
“Comunidade em Retrospectiva” e Carlos Brito (programa de rádio “Di to. A oposição diz claramente que o ficou com apenas dois dias e meio
colaborador de “Visãonews.com”). Nôs” e “Sodade”), Casimiro Moreno executivo sabe que perdeu terreno para recensear os cabo-verdianos
A 14 de Novembro, o Núcleo para (programa de rádio “Voz Crioulo”), na Diáspora, “daí essas manobras de Londres, Cardiff, Peterborough,
criação da Associação reviu a proposta Cecilio Cabral (activista comunitário e maquiavélicas”. Birmingham, Li-
de estatutos a ser apresentada em colaborador de programas de rádio); No Reino Unido, a
A CRE do Reino Unido ficou
verpool e Manches-
Assembleia Geral deste Luis Silva (programas mesma coisa. De- instalada num espaço ter. A CRE do Rei-
sábado, e decidiu ainda Uma das vozes é a de de tv e portal pois de muita insis- cedido de favor, por um no Unido ficou
que irá convidar o “Nobidade Tv” e da tência, o Parlamento instalada num
Cônsul-Geral em Bos- Alberto Pina rádio “Cape Verdean aprovou no dia 2 de
líder comunitário, em
espaço cedido de
ton, Pedro Carvalho, (representante da Afro Beats”), Omar Novembro a nova Collindell, zona de alto risco favor, por um líder
para participar na aber- Oliveira (“Caboswing Comissão de Recen- que acabou por limitar a comunitário, em
tura e encerramento da FORCV) contra o Tv”), Pedro Chantre seamento na Bél- deslocação de muita gente. Collindell, zona de
mesma. posicionamento de (jornal “Comunidade gica e no Reino Uni- alto risco que
A última reunião entre a em Retrospectiva” e do que só veio a ser publicada no acabou por limitar a deslocação de
classe, aconteceu em Cabral, colaborador de grupo Boletim Oficial vinte dias depois, a muita gente; e os jovens operadores
Dezembro do ano pas- “principalmente nesta de portais “Visão- 22 de Novembro. de Kits tiveram de disponibilizar as
sado, aquando da visita news.com”), Tony An- A CRE do Reino Unido, por indis- suas viaturas para deslocação das
aos EUA de uma dele- altura de campanha drade (ex-programa de
ponibilidade na agenda da Embai- brigadas, nomeadamente, de
gação da Rádio Tele- que muitos vão tentar rádio nos E.U.A. “En- xadora Maria de Jesus Masca- Londres para Manchester (quatro
visão Cabo-verdiana, contro das Ilhas” e renhas, foi empossada em 27 No- horas e meia de viagem, em
RTC, com a partici- usar a associação para dono da futura estação vembro e no mesmo dia o Presi- estradas totalmente cobertas de
pação de cerca de 35 avançar interesses de rádio em Cabo dente da Comissão, Emanuel Duar- neve).
elementos. Essa dele- Verde “Atlântico te, teve de se deslocar a Bruxelas Estas são as condições propor-
gação foi chefiada partidários” FM”), Valdir Alves acompanhado dos seis operadores cionadas pelo governo e o partido
pelos seus mais altos (programas de rádio de Kits para formação de apenas que o sustenta para o recenseamen-
dirigentes como Horácio Semedo “Porton de Nôs Ilha” e tv “Cabo um dia quando em condições nor- to no Reino Unido e na Guiné
(Presidente do Conselho de Vídeo”) e Vuca Pinheiro (músico e mais devia ser de uma semana. A Bissau.
Administração), Carlos Santos colaborador de programas de rádio).
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8 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010
sem tirar nem pôr
Mais negócios dos filhos Eugénio Veiga
Dinheiros do Estado
adubam
Entre esfarrapados desmentidos de Eugénio Veiga a notícias sobre a sua intenção de não se recandidatar a S. Filipe nas autárquicas de 2012 e o aparecimento
de uma empresa agro-pecuária de que são sócios o seu filho e o delegado do Ministério da Agricultura, do vulcão do Fogo continuam a jorrar lavas de corrupção
D Desmentido atrapalhado
a ilha do Fogo continuam a
chegar ao Já notícias de
insólitos. E esta é para valer.
Luís Veiga, filho de Eugénio Veiga,
edil de S. Filipe na ilha do Fogo, tem
uma empresa fundada de parceria
com o delegado do Ministério de
Agricultura, João Gonçalves. Trata-
-se de empresa agro-pecuária deno-
minada Suin-Fogo.
O insólito desta novidade resulta do
facto de um delegado do Ministério
de Agricultura ter obtido cerca de
nove mil contos a fundo perdido para
instalar uma empresa de que é sócio,
juntamente com o filho do
Presidente da Câmara Municipal de
S. Filipe e esse fundo provir dos
cofres do Estado de Cabo Verde. A
isto chama-se nem mais nem menos
que “corrupção”. Entretanto, agricul-
tores de DjarFogo procuram finan-
ciamentos para projetos de rega
gota-a-gota e este mesmo João
Gonçalves responde que não há ver-
bas porque o Ministério não tem
meios para financiá-los. É mais que
óbvio: José Maria Veiga, titular deste
Ministério, não desconhece esta
situação. Ao fim e ao cabo, ela é
similar a outras que se verificam na
Ribeira Grande de Santiago, em
Santa Cruz e noutros lados, carateri-
zando a política agrária do governo
de José Maria Neves.
Uma fonte questionou Já como é
que o governo tem meios financeiros
para ajudar um dirigente do Mi-
nistério de Agricultura a fundar uma
empresa com fundos a título perdido
e não consegue reanimar a agricul-
tura numa ilha que depende essen-
cialmente desse setor. “Que a empre-
sa de Luís Veiga existe, existe. E a
sua existência resulta de fundos
provenientes do Estado”, refere essa
fonte, acrescentando que a Suin-Fo-
go tem como sócio também Mané de
Tchininha, diretor do Instituto de
Estradas no Fogo, um quadro que
apenas possui a antiga 4.ª classe.
Na praia do Ladrão
A agravar a denúncia: o delegado do
Ministério de Agricultura é igual-
mente vereador para a área do
Ambiente na Câmara Municipal de
S. Filipe, concelho onde a situação
de degradação ambiental é bem
visível, sendo a apanha desenfreada
de areia uma realidade promovida
pelo edil local. “Na praia do Ladrão,
empresa agro-pecuária
a apanha de areia é promovida por
Eugénio Veiga, e a Câmara Mu-
Agricultores de nicipal faz a cobrança. Esta é uma
das maiores fontes de receita do
DjarFogo procuram Município… mas faz-se silêncio
financiamentos para sobre a degradação ambiental”,
comenta a mesma fonte, que nos deu
projetos de rega conta de que o delegado Marítimo do
Fogo apresentou queixa contra a
gota-a-gota e João edilidade local, e Eugénio Veiga,
enquanto visado, recusou compa-
Gonçalves, delegado recer perante a intimação da Co-
marca.
do Ministério da Eugénio Veiga insiste na “sua políti-
ca de casmorrice”, diz o nosso infor-
Agricultura, diz que mador que define a situação sócio-
politica da ilha como degradante,
não há verbas para os com um líder que dá cartas conforme
as conveniências e o Primeiro-Mi-
financiar. Mas para a nistro, apesar de principal suporte de
Eugénio Veiga, é constantemente
empresa de que é desautorizado e as chefias intermé-
dias não são tidas nem achadas para
sócio com um filho a resolução de questões vitais para a
comunidade. “Basta ouvir Eugénio
de Eugénio Veiga Veiga a dizer que a exploração de
orla marítima é da responsabilidade
chegam os dinheiros da Câmara Municipal e a Delegação
marítima bem como o Ministério do
do Governo Ambiente serem completamente
ignorados”.
A nossa fonte diz não compreender a
inércia das autoridades locais e
nacionais. “Em DjarFogo tem existi-
do o império de um partido. Se as
pessoas não despertarem para acabar
com este estado de coisas, a democ-
racia vai levar ainda anos para
chegar à ilha do Vulcão, onde o
nepotismo e a corrupção são quem
mais ordenam.
Entretanto, Eugénio Veiga “desmen-
tiu” notícias publicadas em jornais
da Praia, entre eles o Já, que davam
conta da sua intenção de, em 2012,
não se recandidatar à Câmara Mu-
nicipal de S. Filipe, optando por o
fazer na Câmara de Mosteiros, reti-
rando Fernandinho Teixeira de cena.
O nosso jornal sabe que estas notí-
cias deixaram em polvorosa a ilha do
Vulcão, obrigando Eugénio a recuar
nos seus intentos. Apesar do “des-
mentido” (Já não retira uma vírgula
ao que relatou, com base em fontes
credíveis), Eugénio Veiga sempre
adiantou que a ideia de se candidatar
por Mosteiros era “bem pensada”.
Portanto, um “desmentido” que
pouco ou nada desmente. Fernan-
dinho Teixeira que se cuide.

sem tirar nem pôr
O “Magalhães” das golpadas
Outro parceiro
de JMN
com problemas
na Justiça
Cada cavadela, uma minhoca! A propensão de JMN para
escolher parceiros portugueses com problemas na justiça
é triste fado
D
epois da Mota Engil e da
Parque Expo, a empresa JP
Sá Couto – que fabrica os
computadores Magalhães, que iriam
desaguar aos milhares nas escolas
cabo-verdianas e continuam a ser
miragem - também ela é alvo de sus-
peitas de fraude fiscal.
As investigações começaram há qua-
tro anos e envolvem várias empresas
suspeitas de um esquema de fraude
fiscal com IVA em que o Estado terá
sido lesado em 5 milhões de euros.
As instalações da JP Sá Couto no
Norte de Portugal foram “visitadas”
pela PJ tendo sido analisada vária
documentação e levados computa-
dores.
Outro processo envolvendo esta
empresa pode terminar no Tribunal
Europeu de Justiça. A queixa partiu
da Comissão Europeia, que, ao ana-
lisar os programas de distribuição de
computador a alunos, professores e
estagiários, concluiu que Portugal
“não cumpriu a lei, ao não abrir à
concorrência os contratos para o
fornecimento dos computadores por-
táteis e serviços de internet".
O Governo português escolheu a JP
Sá Couto sem concurso público, por
simples adjudicação direta (prática
que JMN adotou em Cabo Verde) e
“encharcando” a empresa com capi-
tais públicos. A tramóia aconteceu
quando Mário Lino, ministro PS dos
Transportes e Comunicações, autori-
zou a transferência de 30 milhões de
euros para a Fundação para as
Comunicações Móveis (FCM): 22,5
milhões foram para pagar parte das
dívidas aos operadores de telecomu-
nicações com o programa e-escolas,
verbas em parte canalizadas para a JP
Sá Couto e que se destinaram a fa-
bricar o Magalhães.
A UE notificou o governo Sócrates
sobre os motivos que levaram as
autoridades portuguesas a desres-
peitar a regulação comunitária que
prevê concursos públicos interna-
cionais devidamente publicitados
para casos de fornecimento de
grandes quantidades de equipamen-
tos e/ou prestação de serviços. À falta
de resposta convincente por parte do
governo de Sócrates, a UE pode levar
o assunto ao Tribunal Europeu.
Coincidências gravosas
A Comissão de Inquérito Par-
lamentar criada, que juntou deputa-
dos de todas as forças políticas, dete-
tou “contradições insanáveis",
"soluções dúbias, negativas e incor-
retas", e "coincidências extrema-
mente gravosas" no processo de
escolha do fornecedor do computa-
dor Magalhães e na gestão de muito
dinheiro que mais de duas dezenas
de audições não conseguiram
esclarecer. Por isso, os partidos da
oposição mostram-se dispostos a
enviar para o Ministério Público
(MP) as conclusões da Comissão de
Inquérito Parlamentar sobre a atua-
ção do Governo na FCM. O inquéri-
to decorre em paralelo à auditoria
que o Tribunal de Contas instaurou
sobre a mesma polémica concessão
do fabrico de computadores à JP Sá
Couto.
Estas trapalhadas não demovem a
empresa de prosseguir os seus obje-
tivos. Aos críticos, que apontam a
falta de transparência no negócio
Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 9
Após a visita do ministro português, o Magalhães vai, finalmente,”descobrir”
terras crioulas. Nos editais de vários municípios, já começaram a surgir anúncios
para a venda do aparelho
com o governo português, os seus Cabo Verde parece estar emperrado e nos chegaram, em editais afixados
responsáveis respondem que os com- é bem provável que a recente visita à em vários municípios do arquipélago
putadores "não foram fornecidos ao Praia do ministro português Silva surgiram anúncios da venda desses
Estado mas às operadoras de teleco- Pereira, convidado para o III Fórum computadores, o que perspetiva que
municações". Acontece que a Co- da Sociedade de Informação, possa a promessa eternamente adiada por
missão Europeia considerou as con- ter a ver com o desbloqueamento do JMN possa agora ser concretizada. A
trapartidas devidas pelas operadoras impasse. Segundo informações que que preço?
- que ascendem a cerca de 1300
milhões de euros - dinheiros públi-
cos e, como tal, estão sujeitas às
regras de concursos públicos.
O amigo português é
para as ocasiões
A par disto, a JP Sá Couto viu-se
recentemente confrontada com acu-
sações do deputado do PCP, Honório
Novo, de perseguir e despedir traba-
lhadores sindicalizados e de pagar
salários abaixo dos valores estabele-
cidos no contrato coletivo das indús-
trias elétricas, mantendo “155 traba-
lhadores na mais aviltante pre- Indiferente às queixas em Tribunal e na UE, sobre não
cariedade”. cumprimento das leis comunitárias da concorrência, às
Uma situação nebulosa que se arras-
ta há vários meses, só entendível por visitas da PJ e às auditorias do Tribunal de Contas, os
a JP Sá Couto gozar de amplas pro- responsáveis da JP Sá Couto lá vão fabricando o
teções do governo socialista. E é Magalhães, sempre sob a tutela do governo socialista
mais este parceiro português, de re-
putação duvidosa, da mesma esfera português. Resta saber, quais os propósitos de tanto
política, com quem José Maria “marketing”? Será de facto o interesse nacional, o
Neves negoceia. O processo de interesse particular ou o interesse partidário?
venda de 150 mil computadores para
10 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010
pela boca
vamos definir
o futuro
Inteletual da nova geração, pintor,
fotógrafo, figura pública e
apresentador de televisão, traça-nos
retrato muito crítico da sociedade
cabo-verdiana. Mas, ao mesmo tempo,
acredita no futuro do jovem país e nas
capacidades do seu povo
grande entrevista
2011 é um momento histórico:
António Alte Pinho (texto) | José Ramos (fotos)
Vamos começar por aquilo que te tornou uma figura
pública, a televisão e, nomeadamente, “Nha Terra, Nha
Cretcheu”.
Regressei a Cabo Verde em 2006, depois de acabar o meu
curso em Lisboa. Antes disso, ainda vivi três anos em
Barcelona. Vim de férias e acabei por ficar. Ou melhor, voltei
a Barcelona e regressei.
Fizeste sociologia na Universidade Nova…
E a minha tese foi, exactamente, sobre arte. A minha paixão,
o meu interesse pela arte já estava lá. Quando digo arte, digo
literatura porque a arte não é só pintura. Mas nunca quis ser
sociólogo de profissão. Foi um campo de conhecimento em
que me interessava formar, porque todos os cabo-verdianos
se querem formar em alguma área. E, ao regressar a Cabo
Verde, surgiu, na altura, a oportunidade de fazer um progra-
ma de televisão, o “Casa de Cultura”.
Um programa que passava onde?
Na TCV, às sextas-feiras à noite. Andava pela cidade, pelo
País à procura de que acontecia, corria tudo, entrevistava as
grandes figuras. A grande vantagem de se estar em Cabo
Abraão Vicente
Verde é que se pode conviver, de facto, com as grandes figu-
ras de proa. E ser figura pública – como muita gente diz que
sou – em Cabo Verde é irónico. Porque é um meio tão
pequeno…
Quase todas as figuras são públicas.
[risos] Exatamente. E por ser isso, é um País que apela à
humildade. Porque se andas com manias de que és impor-
tante, não consegues viver o Cabo Verde real. Percebi isso
logo no início. E a seguir ao “Casa de Cultura” fiz o progra-
ma “Intimidades”. O “Nha Terra, Nha Kretcheu” veio depois.
E é um programa de sucesso porque tem uma equipa muito,
muito boa, isso é importante dizer.
As tuas grandes áreas de atividade, para além da for-
mação académica, são a fotografia, a pintura e a literatu-
ra. O que é que surge primeiro.
Surge a pintura. Sou o sexto irmão de uma família de oito. O
meu irmão mais velho já pintava, já desenhava e eu herdei
isto de família.
É genético…
Nada é genético, tudo é cultivado. Sou um filho do interior,
um filho de Santa Catarina. E sou muito badio, apesar do meu
tom um pouco mais claro. Sou muito cabo-verdiano, tenho

“ É preciso ser claro: Cabo Verde não dignifica os seus artistas.
Os políticos enriquecem fácil,
ostentam coisas que são
passageiras. Porque os cargos são
muito efémeros
esse sentido do bairro, gosto muito de Assomada. E a pintura
surge como uma necessidade natural de expressar, de criar. A
fotografia surge mais tarde, em Barcelona.
Barcelona não é avessa às diferenças.
É isso. Nunca me senti estrangeiro em Barcelona. Na altura,
usava rasta, falava espanhol e estava a aprender catalão. E
Barcelona tem também essa particularidade: oferece aulas
gratuitas de catalão.
Há um grande orgulho nacional.
Muito. E isso ensinou-me… Voltei a Cabo Verde com uma
responsabilidade muito grande. Porque, ainda em Barcelona,
comecei a pensar que não tinha o direito de estar fora do País,
quando tive a oportunidade de ser formado a partir de Cabo
Verde, de receber uma bolsa de mérito – na altura, uma bolsa
de mérito significava que não tinha de voltar para pagar. Algo
que agora o primeiro-ministro decidiu alterar, desresponsabi-
lizando os bolseiros do pagamento.
A história das bolsas tem muito para contar…
Já o disse num programa de rádio, portanto, não vai ser inédi-
to nesta entrevista, não concordo que o governo desrespon-
sabilize, as pessoas têm de pagar porque Cabo Verde é um
país pequeno, pobre, que vive de recursos externos.
A responsabilização ajuda a construir cidadania.
Exato. Quem volta a Cabo Verde não pode voltar a meias.
Voltar e estar sempre a pensar no que deixou no estrangeiro.
Quem volta tem de se desligar de tudo, porque aqui é outra
realidade. É a nossa realidade. Temos de vir e dar um contri-
buto concreto.
Quem vivencia essas experiências, quem viaja, tem outra
visão do Mundo?
Sem dúvida. Mas quem volta com manias não consegue rein-
tegrar-se. E penso, até, que há muito mais estrangeiros inte-
grados do que cabo-verdianos que regressaram da sua for-
mação académica. A classe média, muitas vezes, perde o con-
tato com o real, é muito arrogante.
E preocupa-te a ostentação de riqueza?
Preocupa muito e denota a inexistência de valores. A violên-
cia, a delinquência, a prostituição, alguma vontade de
enriquecimento fácil, têm a ver com exemplos que, muitas
vezes, – e, atenção, há que sublinhar isso (!) – vêm da políti-
ca. Os políticos enriquecem fácil, ostentam coisas que são
passageiras. Porque os cargos são muito efémeros. Mas tento
ser otimista e pensar que isto é uma fase transitória em que os
cabo-verdianos ainda não perceberam o que é essencial. E
isso tem a ver com valores. E a minha visão é a de um homem
de esquerda que acredita no mérito.
Esquerda e direita é dicotomia que aqui não quer dizer a
mesma coisa que na Europa da revolução francesa.
Apesar de acreditar na igualdade, na fraternidade e tudo isso,
acredito que as pessoas têm de ter um forte espírito pró-ativo,
valores e referências éticas. E preocupa-me não haver igual-
dade de oportunidades. Há uma classe cabo-verdiana que
acaba por abocanhar grande parte das oportunidades que
surgem, e a burocracia acaba por disfarçar as desigualdades.
Porque através da burocracia escondem-se os privilegiados.
Os concursos públicos, o acesso a bolsas de estudo em locais
estratégicos. ´
A tua exposição dá-te a possibilidade de lançar alguns
“avisos à navegação”.
Para a História ficam os grandes artistas, os grandes pen-
sadores. O Arménio Vieira ganhou o Prémio Camões. Os
diretores-gerais, os ministros, os deputados… ninguém se vai
lembrar deles.
Há uma citação de Amílcar Cabral, que li recentemente,
muito crítica à ostentação de alguns dirigentes
africanos, na altura, recém-chegados ao poder. Onde
defende que os dirigentes deveriam viver em conformi-
dade com a vida do povo.
Pois, mas aqui é o contrário. Amílcar foi morto por isso, por
defender esses valores. Tenho essa firme convicção. Cabral
desligou-se muito cedo da pretensão do poder. E não consigo
imaginar como ele seria no poder. Mas uma coisa sei: José
Maria Neves está completamente desligado do que dizia Ca-
bral. Por exemplo, ele deveria estar calado sobre a Wikileaks.
Todo o mundo sabe que as grandes nações espiam as peque-
nas nações, mas daí até um primeiro-ministro dizer publica-
mente que é normal um país espiar outro, e que estando a es-
piar de certeza obteve boas informações, é ridículo.
Há um apagamento da História?
Porque é cíclico. Cabral não existe porque é incómodo. Mas
há outras referências: Aristides Pereira vive na Paria comple-
tamente discreto. Sou frequentador assíduo de uma livraria na
Achada de Santo António e ele vai uma, duas vezes por se-
mana comprar livros, e lê-os, não é para encher a estante. É
um homem que admiro imenso, independentemente da
releitura da História que pode ser feita sob várias perspetivas.
É uma figura viva e uma referência. Porque seria impossível
vivermos hoje, sem termos vivenciado a Primeira República,
os sabores da democracia… Temos que aprender a digerir a
História, divorciando-nos das paixões pessoais.
E a realidade política cabo-verdiana é muito entrecruza-
da de paixões.
E por isso é que estou muito expetante em relação a 2011. O
PAICV já teve a sua révanche pelos anos 90, o MpD já esteve
no poder e está na oposição - estamos agora em igualdade de
posições. E é fundamental que o povo cabo-verdiano tenha,
neste momento, o discernimento de perceber que estamos
num momento histórico. Porque vamos definir, em termos
estratégicos, tudo o que pode vir a ser o nosso futuro.
O poder funciona por ciclos. E, independentemente da
opinião que se possa ter desta governação tambarina de
dez anos, sente-se no ar uma ideia geral de desgaste
deste poder e de descontentamento das pessoas.
Sem dúvida. É preciso – e já disse isso nas minhas crónicas –
que o maior partido da oposição tenha a capacidade de se ren-
ovar e renovar a ideia da democracia, senão corremos o rico
de termos um partido que repete aquilo que aconteceu nos
anos 70 e oitenta. E José Maria Neves não é um homem
humilde – insisto que ponhas isto -, porque eu tenho sido
muito crítico desde que regressei, e também tenho criticado a
oposição quando não aproveita as suas deixas. José Maria
Neves não é humilde a ponto de reconhecer que há novas li-
deranças e que estas não são só políticas.
Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 11
Tu colocas-te na posição do inteletual, de contra-poder.
Alguma vez te verias no poder? Sei lá, imagina que te
convidavam para ministro da Cultura…
Aceitaria imediatamente. Com a rede de contatos que tenho,
com as habilitações que tenho, seria um bom ministro da
Cultura. Sei disso, mas não estou a pedir a ninguém que me
convide para o cargo. Mas gosto de desafios e não consigo
recusá-los. Todas as oportunidades em que possa servir a
minha comunidade e o País, eu vou! E, portanto, aceitaria.
Mas sob determinadas condições, que seriam, desde logo,
limpar o Ministério, renová-lo imprimindo uma boa gestão
cultural.
Que opinião tens de Carlos Veiga?
É um homem extremamente inteligente e perspicaz. Tive
oportunidade de apresentar o seu livro. E o embate entre ele
e José Maria Neves vai ser extremamente interessante. O
Carlos Veiga está renovado.
Os dez anos de afastamento político fizeram-lhe bem?
Fizeram. E estou ansioso no embate porque o povo cabo-ver-
diano tem a capacidade de surpreender. Mas os partidos estão
a descurar a nova geração, que vai ser decisiva no resultado
eleitoral.
Dizem que és arrasador na tua visão da sociedade cabo-
verdiana.
Sim. Somos cínicos, somos hipócritas até dizer chega. E, no
entanto, amo Cabo Verde e sou muito feliz aqui. Mas, por ter-
mos os políticos que temos – que são mesmo muito maus -,
até dá vontade de entrar na política. E a imprensa, normal-
mente, é muito medíocre porque elogia a mediocridade.
Falta-nos sentido crítico, a capacidade de deitar abaixo. E
temos uma classe média inculta, que não tem um único livro
em casa e se pavoneia com o último luxo.
A propósito de “O Trampolim” – o teu livro agora publicado -, uma
recriação do português nessa dimensão de liberdade que é a linguagem
de rua, com crioulo à mistura, disseste uma coisa muito interessante: “se
calhar, um livro para se ler em voz alta”.
Isso tem muito a ver com as minhas vivências urbanas. Tanto em Barcelona
como em Lisboa, convivi com pessoas africanas que viviam lá e não falavam
o português, falavam uma mistura de crioulo, quimbundo… e iam recriando o
português com estas influências. Ao escrever “O Trampolim” tinha duas ima-
gens: o Cláudio e o Bruno. O Cláudio é filho de pai português e mãe angolana,
que nasceu em Angola e, em adulto, foi a Lisboa à procura do pai. É branco,
com cabelo crespo e fala aquele português muito angolano, cheio de modis-
mos, de musicalidade. O Bruno é um preto, filho de pais cabo-verdianos, que
nasceu em Alcântara e viveu uma vida inteira no Bairro Alto.
12 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010
isto vimos
Aguadinha (S. Miguel) com energia solar
Algumas casas
A potência instalada em cada
habitação é de 750 wat,
suficientes para iluminar
uma residência. Cada casa
recebe um kit, que consiste
num painel solar, um
conversor, uma bateria e
reguladores de voltagens. É a
Câmara de S. Miguel a
apostar no bem estar da
população
E
nquanto sucedem e multipli-
cam-se os apagões na cidade
da Praia – e um pouco por
todo o país -, a equipa do presidente
João Gomes Duarte, no município de
São Miguel, no interior da ilha de
Santiago, vai dando cartas e mostra
como se deve trabalhar apostando nas
pessoas e no seu bem-estar.
Na distante localidade de Aguadinha,
aldeia praticamente encravada, para lá
das ribeiras de Principal e Grande, e
na encosta da Serra Malagueta, onde o
futuro figura ser, ainda, uma miragem,
abrem-se novas perspetivas com a
chegada da energia eléctrica. Ela não
chega a reboque da propaganda.
Chega no silêncio. E compreende-se
porquê. O MpD é poder local em São
Miguel. E evita-se falar das boas
ações dos autarcas do Movimento
para a Democracia.
A pensar no bem-estar das famílias
micaelenses e perante a ausência de
uma política de electrificação das
comunidades do concelho, a Câmara
Municipal de São Miguel desen-
volveu e pôs em marcha um projeto de
electrificação desta distante aldeia.
São 47 casas que recebem electrifi-
cação através de painéis solares, um
investimento superior a 150 mil euros,
inteiramente financiado pelos gover-
já têm luz
nos de Espanha e Canárias.
Por estes dias, técnicos provenientes
de Tenerife ultimam os trabalhos nas
residências. Entretanto, em algumas
casas a luz é já realidade. E há satis-
fação nas famílias. “Já podemos ligar
rádio, TV e DVD”, congratula-se um
jovem que deve ter pouco mais de 25
anos.
Para além destes equipamentos, o
investimento feito pela Câmara
Municipal permite ainda ligar outros
aparelhos de baixo consumo. A potên-
cia instalada em cada habitação é de
750 wat, suficientes para iluminar
uma residência. Cada casa recebe um
kit, que consiste num painel solar, um
conversor, uma bateria e reguladores
Em algumas casas a luz é
já realidade.
E há satisfação nas
famílias: “Já podemos
ligar rádio, TV e DVD”
de voltagem.
Há muito que a Câmara Municipal
vem desenvolvendo este projeto nas
casas de Aguadinha, que seria uma
prenda por ocasião das festas do
Município – 29 de Setembro – mas
questões que se prendem com os
transportes adiaram esta pretensão da
equipa camarária, que teve de recorrer
à via aérea para transportar os cerca de
4 toneladas de equipamentos, o que
significa um esforço financeiro suple-
mentar da autarquia.
O presidente João Duarte não olha
para as dificuldades em torno deste
projeto, e prefere, sim, enaltecer as
oportunidades que se abrem com a
electrificação das casas. “As pessoas
precisam de uma nova dinâmica nas
suas vidas” em Aguadinha, admitindo
que este investimento vai abrir uma
“nova fase” na aldeia.
A Câmara Municipal tudo vem fazen-
do para concluir este projecto até mea-
dos de Dezembro, e assim permitir
que as famílias possam festejar o
Natal com energia nas respetivas
casas.
Câmara leva água
às populações
Chafarizes
amovíveis
inaugurados
na Praia
A Câmara Municipal da
Praia (CMP) inaugurou sete
chafarizes amovíveis por
diversos bairros da capital,
na passada sexta-feira,
para facilitar o
abastecimento de água nas
casas dos munícipes
D e acordo com o edil
Ulisses Correia e Silva,
esta é uma forma que a sua
equipa encontrou para dar
respostas aos moradores desses
bairros, obrigados a grandes
deslocações à procura do pre-
cioso líquido.
"Com essas inaugurações, agora
não vão ter que percorrer
grandes distâncias para terem
acesso a água potável",
adiantou, resumindo que em
cada 100 pessoas, só 55 têm
água canalizada no maior centro
populacional de Cabo Verde, daí
a aposta em atingir o maior
número possível de canalização
de água nas casas dos mu-
nícipes.
Os bairros contemplados foram
Agostinho Alves, Jamaica, Alto
Calabaceira, Simão Ribeiro,
Santaninha, Alto da Gloria
(Terra Branca) e Monte Ve-
rmelho.
A CMP está neste momento a
negociar um financiamento com
a União Europeia, juntamente
com a Guiné-Bissau, num valor
de 122 mil contos, dos quais 80
mil irão ser disponibilizados ao
município da Praia para a cana-
lização, rede de esgotos e água.
 Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 13

nota$ solta$ China Todos os grandes estaleiros navais, a nível mundial, estão a informar os seus potenciais
clientes que, nos próximos dois anos, não podem atender a mais nenhuma encomenda. A sua
capacidade de construção encontra-se totalmente ocupada para responder à solicitação de
construção de numerosos navios por um único cliente: a China. Beijing (Pequim) prepara-se para
ser, a muito curto prazo, a primeira potência mundial em termos de transportes marítimos.

Em pé de guerra com o SITTHUR

Moura Company
é sufocada pelo governo
A maior transportadora rodoviária de Cabo Verde vive num sufoco: o governo faz subir o preço
dos combustíveis, mas recusa-se a atualizar as tarifas. Enquanto isso, os sindicatos “apertam”
a empresa e a concorrência ilegal e desleal campeia

A
Moura Campany, empresa de
transportes urbanos, e o go-
verno estão costas voltadas.
Desde Janeiro do ano ora findo, a
Agência de Regulação Económica,
ARE, tem vindo sistematicamente a
anunciar o aumento das tarifas dos
transportes urbanos, mas a verdade é
que tudo não passa de manobras.
“Anunciaram que esse aumento seria
no passado mês de Janeiro, depois dis-
seram que seria no mês de Março. De
seguida marcaram para 30 de Maio, e
até então nada”, desabafa o empresário
António Moura, acrescentando que a
ARE programou um atelier sobre o
custo do transportes em S. Vicente,
convidou a empresa que enviou lá uma
representação e, afinal, não houve ate-
liê nenhum. Segundo António Moura,
a ARE garantiu que ia assumir as des-
pesas da deslocação, mas até agora não
houve qualquer cumprimento da pro-
messa.
“A empresa encontra-se em situação
de sufoco financeiro, pois a ARE só
trabalha no sentido de aumentar o pre-
ço dos combustíveis”, sublinha Antó-
nio Moura. À empresa é exigido trans-
portar a Policia Nacional, os ficais das
Finanças, os guardas florestais, e o go-
verno não concede um subsidio à Mou-
ra, tal como fazia com a Transcor, a fim
de poder amortecer as despesas. Rela-
tivamente ao transporte gratuito desses
agentes, António Moura estranha essa
imposição, já que, pelos contatos que
tem feito, sabe que esta prática não
existe noutras paragens.
Ministras: sim, mas...
“Enfrentamos uma concorrência feroz
nesta praça: são os homens dos hiaces
(há cerca de 120 hiaces), são os taxis-
tas, enfim são esses que, na cara das au-
toridades, usurpam a nossa área de in-
tervenção”, protesta Moura. E regista
que tem todas as suas contas com o Es-
tado de Cabo Verde em dia. “Pagamos
todos os impostos. Se eu não pagasse,
estaria preso”, argumenta, acrescentan-
do que já contatou as ministra das
Finanças e da Economia, expondo
estas situações e ambas reconhecem
que a razão está do lado da empresa,
mas nada fazem para alterar a situação.
António Moura diz-se ainda afrontado
com o SITTHUR e acusa Carlos Lopes
de introduzir o vírus da política na sua
empresa. “Ele acusa-nos de salários em
atraso, e a verdade é esta: temos cerca
de 240 trabalhadores e há um problema
específico que está sendo resolvido.
Estranhamos como é que Carlos Lopes
também não faça pedagogia junto dos
trabalhadores para os ajudar a com-
preender melhor o exercício dos seus
deveres”. Moura mostra-se desaponta-
do por ter de resolver certos problemas
quando a empresa está sendo sufocada
pelo governo. “AARE anunciou várias
vezes a atualização das tarifas. Estamos
já no fim do ano e, com eleições em
Fevereiro, este assunto parece por ora
encerrado”.

Economista sério e respeitado Administração da Electra que se cuide…

Ernâni Lopes Governo quer fim dos

apoiou Cabo Verde “apagões”: vêm aí eleições
U m dos mais conceituados economistas portugueses, Ernâni Rodrigues
Lopes faleceu a 2 de Dezembro. Contava 68 anos de idade. Se a história
da Democracia portuguesa em parte se funde com a intervenção deste econ-
omista e político, a sua ação chegou a Cabo Verde, aspeto que tem surgido
I ndependentemente dos preços dos
combustíveis virem a aumentar ou
diminuir esta semana, os praienses po-
aos caloteiros (pelo menos aos clientes
amigos do poder instalado, - “as Câma-
ras Municipais que se lixem”, dizem).
pouco referido: nos anos 90, já depois de ter desempenhado funções de minis- Esta decisão do governo vai permitir
dem ficar descansados: o governo aca-
tro das Finanças e do Plano em Portugal (de 1983 a 1985, Governo do “Bloco respirar de alívio a direção do Liceu
ba de ordenar a proibição de apagões
Central” – Mário Soares/Mota Pinto) e de ter conduzido, como embaixador e Domingos Ramos (há mais de 3 sem-
na capital do País, pelo menos até às
chefe de missão em Bruxelas, as negociações para a adesão de Portugal à anas sem energia, sem aulas de infor-
eleições, conforme apurou o Já.
Comunidade Europeia, hoje União Europeia, Ernâni Lopes colaborou com mática e sem aulas noturnas) e a Dire-
Segundo as nossas fontes, a dívida
Cabo Verde (Governo MpD/Carlos Veiga), ajudando à formulação de algu- ção Geral de Agricultura, Sivicultura e
contraída junto do BAI (cerca de 700
mas políticas económicas que então permitiram um salto em frente no desen- Pecuária (há mais de 3 meses sem
mil contos) serviu para pagar a dívida
volvimento do País. O Governo cabo-verdiano da época não recusava acon- energia e a funcionar com gerador) a
às gasolineiras e uma das contrapar-
selhamentos por parte de técnicos com capacidade reconhecida. contas com cortes, por falta de paga-
tidas exigidas à Enacol (empresa pri-
Respeitado em Portugal e na Europa, Ernâni Lopes era ouvido com muita mento de faturas.
vada mas com capitais públicos) é que
atenção quando, com o seu rigor, dava opinião sobre os cenários da economia Mas não é só isso: o governo resolveu
mantenham o fornecimento normal de
e do desenvolvimento. As suas últimas intervenções foram muito críticas para abrir os cordões à bolsa e pagar todas
combustível, sabendo o governo de
a política económica seguida pelo governo de José Sócrates, tendo o quadro as dívidas do Imposto Único sobre o
antemão que os cortes constantes de
hoje conhecido da economia portuguesa dado razão aos seus avisos. Foi a Rendimento, como vem sendo feito e
energia, principalmente na Praia, têm
seriedade de que sempre deu provas, a par do apego aos valores da democra-
desgastado o executivo, que também deverá ser concluído nos próximos
Liceu da Praia
cia, que justificaram a sua nomeação para o então muito difícil, mas crucial, dias. Tudo para não chatear a malta em há três semanas
faz pressões junto do Conselho de
para o posto de embaixador português em Bona (República Federal da
Alemanha) entre 1975 e 1979.
Administração da Electra para haver tempo de eleições e com a crise, a inse- sem energia
maior contenção nos cortes de energia gurança e a pobreza por todos os lados.
14 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010

coisas do mundo
Os ficheiros secretos revelados pela Wikileaks, entretanto encerrada
(ou censurada?), denunciam que Washington exigiu aos seus serviços de
informação em Cabo Verde relatórios abrangentes sobre dirigentes políticos,
militares, oposição política e membros da sociedade civil. Até dos seus números
de telefones e faxes, num claro propósito de montar escutas. Em vez de se
insurgir face a esta inadmissível intromissão na soberania de um país, José
Maria Neves despeja a bílis sobre a forma como estes dados foram divulgados.

Ficheiros da Wikileaks não deixam dúvidas Os ficheiros secretos

divulgados pelo Website do
australiano Julian Assange
não deixam dúvidas: Cabo
Verde e os seus dirigentes
estão sob atenta vigilância da
espionagem dos EUA.
A inconfidência
internacionalmente feita, com
documentos indesmentíveis,
destruiu mais uma mentira do
governo e mostra que
Washington desconfia de José
Maria Neves

Neves sob suspeita

do “amigo americano”
O
s documentos expostos pela
Wikileaks apontam as áreas
de maior risco: o tráfico de
droga e ligações aos cartéis sul-ameri-
canos, vulnerabilidades do sistema de
telecomunicações, presença de eventu-
ais terroristas no arquipélago, corrup-
ção, direitos humanos, saúde, seguran-
ça alimentar, atividades da banca, la-
vagem de dinheiro e fluxos migra-
tórios.
Em suma, apesar de JMN desvalorizar
a importância dos dados agora divul-
gados, fica claro como água que o
“amigo americano” suspeita da sua
governação, facto que se tornou evi-
dente, quando, há poucas semanas, a
Administração de Barack Obama
decidiu congelar a conta da embaixada
de Cabo Verde nos EUA (agora
percebe-se porquê; os desmentidos
governamentais não convenceram
ninguém). Ou quando a embaixadora
no arquipélago, Marianne Myles,
deixou o cargo há meses e ainda não
foi substituída.
Suspeitas que se adensam ainda mais
ao serem conhecidos os casos de nar-
cotráfico envolvendo familiares próxi-
mos dos dirigentes do partido no poder
como José Maria Neves ou Felisberto
Vieira (aliás, o ex-sub-inspector da PJ,
Alino Vieira, continua desaparecido
em parte incerta depois de sumir com
várias dezenas de quilos de cocaína
subtraídos do cofre da sede da polícia
científica), sendo certo que os tambari-
nas têm ligações “amigáveis” com
“barões da droga” da ilha de Santiago,
que chegaram mesmo a “oferecer”
viaturas à Polícia.
A propaganda de Neves e
os factos revelados
São factos que contradizem o aparente
bom relacionamento institucional
entre os dois países, que JMN não
deixa de propagandear aos quatro ven-
tos, não se eximindo a inserir no site
oficial do PAICV uma foto sua ao lado
de Hillary Clinton. Curiosamente, é a
própria secretária de Estado norte-
-americana que, nos ficheiros secretos
agora divulgados, evidencia grande
preocupação com a situação em alguns
países africanos, incluindo no rol Cabo
Verde: ”O Departamento do Estado
está desesperado por informações
sobre o Burkina-Faso, Cabo Verde,
Chade, Gâmbia, Mali, Mauritânia,
Niger e Senegal. Queremos saber tudo
acerca de agitações sociais, tráfico de
drogas, padrões de governação e deta-
lhes sobre o sistema de telecomuni-
cações”, sublinhou aquela responsável
governamental em carta enviada aos
embaixadores nos países sahelianos, a
16 de Abril de 2009, quatro meses
antes de Hillary se ter deslocado ao
continente africano, com passagem
por Cabo Verde.
Ou seja, quando por cá passou e se
avistou com JMN, Hillary Clinton já
sabia ao que vinha e trazia na mala as
exigências da Casa Branca no que
respeitava a Cabo Verde em várias
áreas: segurança, governação, econo-
mia e sistemas de telecomunicações;
nível de aprumo das Forças Armadas,
a possibilidade de as mesmas coope-
rarem com os EUA e a sua capacidade
para integrarem forças de manutenção
de paz, indicadores sobre a eventuali-
dade de instalação de campos de refu-
giados e, last but not the least, saber se,
em caso de crise mundial, o Pentágono
pode ter em território cabo-verdiano
uma base de apoio militar, o que, a
concretizar-se sem prévia consulta par-
lamentar, não deixa de ser fator que
pode ferir a soberania, se aspetos fun-
damentais com que se prendem, não
forem acautelados.
Tudo sob o “chapéu” abrangente (e,
portanto, ínvio) das contrapartidas
políticas e da solidariedade social...
Nesse capitulo, o que também se ficou
a saber é que o “amigo americano” não
dá ponto sem nó no que respeita a
Cabo Verde.
As preocupações
norte-americanas
Percebem-se as preocupações norte-
-americanas neste capítulo: é que, ao
abrigo do programa aprovado pelo
MCA, já foram canalizados para Cabo
Verde 110 milhões de dólares e está na
forja um segundo pacote, visando as
ajudas no aumento da produção agrí-
cola, construção de estradas rurais e
pontes, ampliação do Porto da Praia e
ao desenvolvimento do setor privado.
O “amigo” quer saber se o investimen-
to foi bom e o que pode lucrar no
futuro. Conclusão óbvia…
Percebe-se por isso que, em vez de se
revoltar com o teor das suspeitas sobre
si lançadas pela Administração norte-
-americana, que o consideram como
alvo a vigiar – a par de dirigentes
políticos nacionais, militares e agentes
económicos, sobre os quais os serviços
de espionagem dos EUA pedem infor-
mações sobre números de telefone,
celulares, faxes e contatos, cartões de
crédito, o que objetivamente é clara
ingerência num Estado de Direito -,
Neves prefira, ao invés, lançar as cul-
pas para o “mensageiro” que “desta-
pou” todo este escândalo. É a posição
dos fracos e comprometidos.
Tudo revelado, ressalta a evidência:
Washington não deposita confiança
em José Maria Neves.

Antes de ser recebida por José

Maria Neves, durante o seu
périplo pelo continente africano,
Hillary Clinton já estava a par das
preocupações da Administração
norte-americana sobre Cabo
Verde e os seus dirigentes
políticos e económicos e, nesse
sentido, dera instruções para os
seus serviços de informações
entrarem em ação
Embaixada tenta apagar “fogo”
Numa nota divulgada esta semana, a Embaixada dos EUA em Cabo Verde
considera que a divulgação destes ficheiros secretos “apresenta riscos reais
para pessoas reais, e muitas vezes para pessoas particulares que dedicaram
suas vidas para proteger outros”. Diante disto, “o governo dos EUA está
comprometido em manter a segurança das nossas comunicações diplomáti-
cas e dar passos para assegurar que são mantidos em segredo”,adianta aque-
la representação diplomática
A Embaixada sublinha, no que respeita a Cabo Verde, que “continuará a tra-
balhar para fortalecer a nossa parceria” e “para fazer progressos em matérias
que são importantes para os nossos dois países”. Uma nota bem diplomáti-
ca, como facilmente se conclui, que não tira uma vírgula à ideia subjacente
nos documentos agora revelados: os “states” desconfiam de Cabo Verde.
 Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 15

polichinelo Aviso à navegação:

polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-língua, pura
e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!

!?!
Palhaçadas
Aconteceu no sábado. A trupe governamentalista, com Fátima Fialho, em trajes de ministra, a servir de
Palitadas
Estava José Maria
!!
cicerone e acompanhada de comitiva vestida de amarelo, fez-se à estrada para curta viagem da Praia à
Caiada. Objetivo do ilustre cortejo, onde pontificava certa e rechonchuda figura que já presidiu à Câmara
Neves ansioso (ele
anda sempre
kasu-bodi
Municipal da capital, destacando-se aí por muita negociata em que se envolveu, corrupção a rodos e por ansioso, desde
devorar os pombos da cidade: “inaugurar” a rede elétrica que descobriu que “Temos uma economia
da localidade. Lâmpadas, não havia; postes de eletrici- a vida lhe corre em crescendo, que vai
dade, também nada; eletricidade muito menos. Em tem-
mal e que “a coisa investindo fortemente no
pos de dores de barriga, o governo inaugura tudo. Até o
está preta”), olhos postos
que não existe.
no seu fiel escudeiro José Maria
sector do turismo, das
Na mesma noite, certamente para festejar o aconteci-
mento e talvez para mostrar às gentes da vizinha Caiada Veiga, ministro, também ansioso indústrias, do
como será quando lá levar a sua eletricidade, a Electra pelos mesmos motivos. desenvolvimento
decidiu pôr toda a Praia às escuras, enquanto, fazendo - Já não tenho mais nada para
inaugurar. E já me falta
empresarial, e é preciso
eco da propaganda do governo, os praienses clamavam:
“oh, como é bom assistir aos apagões da Electra do imaginação para levar até ao fim ter mão-de-obra
governo!”. E os estrangeiros, radicados na capital, bati- esta cega-rega de inaugurar, inaugurar, qualificada para esses
am palmas e proclamavam: “Cabo Verde está na moda. inaugurar coisas que, algumas delas, não
sectores. O importante é
Temos que levar para os nossos países esta maravilha – valem dez escudos de grogue…
ter eletricidade sem luz”. - Pois é, chefe, também pensei e não qualificar jovens para o
descubro nada. Dou voltas ao miolo e não mercado de trabalho.”
dá nada. Octávio Tavares, na inauguração da
- Pudera, atalhou Neves. Começas a dar
Bafuradas
Aconteceu há dias em Calheta, ilha de Santiago. Nas andanças por todo o lado, a mostrar presença (dar
voltas ao que não tens… Assim não pode
surgir nada de jeito.
Escola de Turismo
Polichinelo: é preciso ter lata.
Então o dito ministro da
JM Veiga pôs os olhos no chão,
nas vistas é precioso nos dias que correm), chegou a S. Miguel prestimosa caravana amarela de “pares envergonhado. Estendeu a mão ao paliteiro, Educação nem sequer sabe ler
da Nação” (é assim que diz por outras paragens). A Delegação Escolar quis apresentar aos ilustres as para sacar algo com que entreter os dentes. os relatórios do Banco de
“coisas boas” que estão ao seu cuidado. O WC, era suposto, estaria impecável:
Talvez isso o ajudasse a pensar. Foi então Cabo Verde e do INE? Há
sempre encerrado, deveria brilhar que nem um espelho. Acesso vedado aos
que JM Neves desfechou um grito: mais de 1 400 formados no
alunos (que fizessem a “coisa” na rua, pois claro, que latrina é luxo recusá-
- Espera aí! Espera aí! Não estragues isso! desemprego (números oficiais)
vel aos filhos do povo), tinha-se por certo que as casas de banho seriam
exemplares. Vai daí, as empregadas receberam ordens para mostrar o - Mas isso o quê, chefe?
e o cujo vem dizer que é
“retiro” aos “senhores doutores”. E isso fizeram. Eis senão quando, por- - O palito, homem! O palito! Chama a TCV,
os jornais do clube, põe carros de som pelas preciso “qualificar jovens para
tas abertas, sai de lá um fedor de assustar. Tanto que o “Barbinha” quase
ruas da cidade. É isso. É isso!!! Vamos o mercado de trabalho”!
desmaiou. Alegrias que dão a gestão às ordens de Octávio Tavares,
ministro. inaugurar o palito! “Economia em crescendo”?

Macacadas
boka bedjo Caíram os quei-
xos às gentes da
Ribeira Grande
de Santiago

O Circo mais caro do Mundo quando toma-

ram conheci-
mento de que a
Cooperação Luxem-
burguesa entregara dinheiro para
construção de um segundo piso na
escola EBI de Chã Gonçalves. O
dinheiro, que em princípio devia
ser encaminhado para a Câmara da
Ribeira Grande de Santiago, foi
confiado a certa criatura bastante
conhecida do partido que apoia o
governo, colocada como respon-
sável pela coordenação desta
cooperação. O dinheiro nunca
chegou ao seu destino, a Autarquia
nunca foi disso informada, o tal
segundo piso da escola de Chã
Gonçalves nunca foi construído e
o montante acabou por ser de-
volvido à origem. Motivo de tão
estranho comportamento? É bom
de ver: a referida Câmara é gerida
por autarcas que não alinham com
as cores do governo. Deste modo,
os governamentalistas provam que
servir o povo de Cabo Verde não
está nos seus propósitos. Mais uma
macacada governamentalista a
juntar a muitas outras.
16 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010

em jogo
Regional de S. Vicente “Bola de Ouro 2010”

Leões comem Xavi, Iniesta e Messi

são os finalistas
Falcões atrevidos pelo Falcões que procurava abrir o pla-
car. Houve várias perdas de bola e mui-
tos passes errados. Almara continuava
de braços cruzados perante a inoperân-
cia da sua equipa, o que deixava os
seus adeptos furiosos.
Mas a resposta surgiu aos 62’, com o Os espanhóis Xavi Hernández e Andrés Iniesta e o argentino
maestro Fufura desfez o nulo após um
cruzamento com peso e medida de Pa-
Leo Messi, três jogadores do Barcelona, são os finalistas do
lela, um golo que fez delirar os adeptos. “Bola de Ouro da FIFA”, anunciou esta semana a revista France
A partir daí só deu Mindelense, pois o Football. O vencedor será conhecido a 10 de Janeiro, em
meio campo do Falcões desorganizou- Zurique, na Suíça
se e os laterais dos encarnados que até
então tinham subido pouco no terreno,
passaram a utilizar muito bem os seus
corredores.
O novo formato da
distinção, nascido
da fusão dos prémios
mesmo clube disputam
as primeiras posições,
depois do Milan de
A dupla que participou no primeiro go- Bola de Ouro, entregue 1988 e 1989, onde
lo voltou a estar em destaque aos 70’. desde 1956 pela publi- jogava o trio holandês
O Mindelense derrotou o Falcões do Norte por 3-0, no jogo da Nova jogada de Palela na direita, que cação francesa, e o (Marco van Basten,
1.ª jornada no regional de futebol, em S. Vicente. Os “Leões” passou a bola a Fufura, a rematar cru- FIFA World Player, cri- Ruud Gullit e Frank
zado, sem hipóteses para Djodje. ado em 1991, home- Rijkaard).
da Rua Praia venceram com bis de Fufura e um de Djassa
O segundo golo foi uma machadada nageia deste modo a A votação do melhor

O
técnico do Falcões, Eurico
Évora, utilizou um 4-3-3 com
o capitão Djimmy e Duninho
a apoiarem o atacante Elio. Por seu la-
do, Almara repetiu o 4-2-4 com entra-
da de Vozinha, Nhambú, Guga e Betch,
no onze inicial.
Nos primeiros dez minutos, as duas
equipas procuraram impor o seu fute-
bol. Mas a partir do minuto 15, os “Le-
ões” da Rua da Praia proporcionaram
bons lances de ataque, embora pecando
na finalização. Completamente instala-
do no seu meio campo, o Falcões viu-se
obrigado a defender em bloco, com al-
gum sucesso. A partir daí, o jogo perdeu
qualidade e os intervenientes come-
teram muitas faltas. Porém, aos 35’, o
jogo ganhou vivacidade e ambas as
equipas foram atrás do primeiro golo.
Num lance ofensivo conduzido pelo la-
teral Vinha, o Falcões esteve quase a
inaugurar o marcador. No minuto se-
guinte cheirou golo no Adérito Sena.
Numa jogada de entendimento entre o
médio Sténio e Fufura, a bola seguiu pa-
ra o atacante que ganhou posição sobre
um defesa, e Fufura rematou para uma
espetacular defesa de Djodje, para fora.
No início da segunda parte inverteram-
se os papéis. O técnico Eurico fez en-
trar Duba, o talismã do Falcões do
Norte. A substituição trouxe mais qua-
lidade para o jogo, e este teve nos pés
três oportunidades para marcar, mas os
seus remates foram travados pelo guar-
da-redes Vozinha.
Até aos 60’, o Mindelense praticamen-
te via o adversário jogar, porque os jo-
gadores sentiram a pressão exercida
para os Falcões de Chã D´Alecrim que
perderam o controlo do jogo. Impoten-
te, Eurico limitou-se a ver os seus atle-
tas tentarem pelos menos reduzir o re-
sultado. Mas tal não iria acontecer. Foi
o Mindelense quem aumentou o score
à passagem dos 74’. Num trabalho
individual o extremo Djassa passou
por três adversários, rematou para o
fundo da baliza do Falcões fixando o
resultado em 3-0.
Até ao apito final do árbitro Victor Li-
ma (que fez um excelente trabalho), só
deu Mindelense, que obrigou o Falcões
a refugiar-se no seu meio campo.
Nos outros jogos da jornada Académi-
ca e Batuque empataram a zero, resul-
tado registado também no embate entre
o Derby e o Amarante. Ponta d’Pom
ganhou ao Salamansa por 1 a 0.
selecção de Espanha, jogador do mundo em
campeã do mundo, e o 2010 teve a partici-
jogo bonito do Bar- pação dos técnicos e
celona, o tiki-taka. capitães das selecções
Os espanhóis Vicente nacionais das 208 fede-
del Bosque e Pep Guar- A votação do melhor rações da FIFA (in-
diola e o português jogador do mundo em cluindo Cabo Verde),
José Mourinho são os 2010 teve a participação além de um painel de
três finalistas na cate- 154 jornalistas interna-
goria de melhor trei- dos técnicos e capitães cionais.
nador. das selecções nacionais O holandês Wesley
Na categoria feminina, das 208 federações da Sneijder, que conquis-
a brasileira Marta, ven- tou a Liga dos Cam-
cedora nos últimos
FIFA (incluindo Cabo peões, o campeonato e
quatro anos, disputará Verde), além de um a Taça de Itália, e o
o prémio com as ale- painel de 154 jornalistas uruguaio Diego Forlán,
mãs Birgit Prinz e melhor jogador da
internacionais
Fatmire Bajramaj. Copa do Mundo da
Esta é a terceira vez na história do África do Sul-2010, estavam cotados,
“Bola de Ouro” que três jogadores do mas ficaram fora da lista final.

Santiago Sul

Taça deu goleadas na Praia

Goleadas, muitas goleadas na primeira eliminatória da Taça de Santaiago-Sul, nos dez jogos disputados no fim-de-semana passado

O Boavista, campeão em título, cilindrou o Celtic por

6 a 0, resultado com que o Bairro goleou os Unidos
do Norte. No domingo, a Académica apanhou um susto
mas mesmo assim conseguiu superiorizar-se frente à
equipa de Komunidade, fechando o resultado em 5 a 2.
Nos restantes jogos, não houve surpresas. Mas, destaca-
se a vitória dos Travadores sobre o Varanda, por 1 a 0, o
que poderá significar o crescendo de forma da equipa,
cujos dirigentes prometem uma época diferente aos adep-
tos “índios”.
O Sporting superou o Desportivo pela margem mínima (1
a 0), o Garridos (de S. Domingos) empatou a uma bola
com o Tchadense, mas foi eliminada nos penalties por 4
a 3.
O Vitória qualificou-se para a fase seguinte por falta de
comparência do Vila Nova.
Equipas apuradas à segunda eliminatória da Taça
Santiago Sul: Fiorentina, Travadores, Ribeira Grande,
Sporting da Praia, Boavista, Académica, Tchadense, ASA
Grande, Bairro e Vitória.

olhem para elas
Saúde bucal na nha terra
Biossegurança
O simples facto de o seu dentista conseguir,
tecnicamente, devolver o seu sorriso ou tirar
a sua dor, não significa que ele se preocupe,
realmente, consigo, sobretudo se durante os
procedimentos que levaram ao seu lindo
Zarina Santos
sorriso ele não seguiu as regras minimas de
Biossegurança. Neste caso, poderá ter saído
do consultório com um lindo sorriso e com
Graduanda em Odontologia uma possivel infeção
P
or isso é que, nos nossos
dias, é cada vez maior a
preocupação com a bios-
segurança (ou seja, um conjunto
de medidas que visa o controlo
da infeção na clínica odontoló-
gica e cujos princípios básicos
pretendem prevenir de doenças
"infeção cruzada" e proteção
biológica da equipe e paciente).
Na década de 80, com o advento
do SIDA, os profissionais senti-
ram necessidade de melhorar o
ambiente de trabalho não só para
se protegerem a si mesmos de
possíveis infeções cruzadas, mas
também a sua equipa e os seus
pacientes.
Do mais simples ao mais sofisti-
cado, todos os instrumentos
odontológicos escondem um
universo imenso de microrganis-
mos patogénicos. É dramático
procurar um dentista para que se
restabeleça a saúde e, ao invés
disso, ser-se exposto a agentes
patogénicos.
Os dados são alarmantes: apro-
ximadamente 18 mil profissio-
nais são infetados pelo vírus de
hepatite B todos os anos, somen-
te nos EUA; a infeção pelo HBV
resulta em um total anual de 200
mortes de profissionais ligados à
área de saúde, isto porque existe
vacina para hepatiteB.
A hepatite C é assintomática em
mais de 90% dos casos, trata-
mento complexo e caro, não há
vacinas disponíveis e além do
mais é de fácil transmissão. Foi
eleita pela Organização Mundial
da Saúde como a doença do ter-
ceiro milénio.
Acho que não preciso de mais
motivos para dizer o porquê de
se seguir um protocolo de Bios-
segurança. Durante a próxima
consulta, avalie se o seu dentista
trabalha nas seguintes condi-
ções, as básicas das básicas:
Lavar as mãos
É uma das principais medidas,
sendo capaz de reduzir em até
80% as infeções cruzadas. A la-
vagem deve ser realizada antes e
após o contato com o paciente,
com o instrumental e com arti-
gos que possam estar contami-
nados. O uso de sabonete sólido
não é aconselhado, propicia o
crescimento de microorganis-
mos, melhor será o uso de sabo-
netes liquidos.
Após o dia de trabalho, o uso de
cremes hidratantes, à base de
ureia a 10%, evita o ressecamen-
to da pele e rachaduras que pos-
sibilitam a adesão de microrgan-
ismos e dificulta a sua remoção.
Uso de equipamentos de
protecção individual (EPI) -
Obrigatório para toda a
equipe
Luvas para atendimento clínico
e cirúrgico, que devem ser des-
cartadas a cada paciente; avental
de protecção, descartável; más-
caras descartáveis; óculos de
proteção tanto do profissional
como do paciente; e gorro.
Importante: os EPI devem ser
utilizados somente no local de
atendimento.
Uso de sobre luvas (luvas
plásticas)
Mãos, calçadas com luvas já
contaminadas ou não, devem ser
Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 17
Lavar os cabelos
exige técnica
protegidas com uma sobre-luva
plástica, também descartável,
antes de tocar em qualquer coi-
sa: o profissional não deve abrir
gavetas, atender telefone, pegar
L avar os cabelos em casa, durante o banho, parece algo que todo mundo sabe fazer.
Mas não é assim.
• A água muito quente faz mal aos cabelos, pois deixa-os fracos e sem brilho. Procure lavar
em canetas, blocos, etc., com a os cabelos com água morna ou fria. Aliás, a água fria funciona como hidratação natural;
mesma luva que vai colocar na • Escolha o tipo de shampoo de acordo com seu couro cabeludo. Mesmo que os fios sejam
sua boca. As sobre-luvas são es- secos, se a raiz for oleosa, opte por shampoo para cabelos oleosos;
senciais. • Nunca aplique massagem no couro cabeludo mesmo que os seus cabelos sejam secos. A
massagem, embora indispensável, desequilibra o PH do couro cabeludo e produz
Proteção de superfícies descamações ou óleo em excesso;
Inspecione as superfícies toca- • Após aplicar a massagem nos cabelos, enxague bastante os fios. Não os deixe com
das durante o procedimento, co- máscara de tratamento. O excesso destes produtos torna o cabelo opaco;
mo a cadeira, o alta e baixa rota- • A hidratação é sempre bem-vinda. As máscaras de tratamento devem permanecer nos
ção (motorzinho), o gancho para cabelos durante 20 minutos, em média, e dispensam o uso de toucas térmicas.
segurar o refletor de luz que de- Receita natural com babosa - é um antibiótico natural que trata do couro cabeludo e deixa
vem estar protegidos com filme os fios com bastante brilho.
plástico (igual ao utilizado para
colocar comida no frigorifico),
deve ser trocado a cada paciente.
Não tenha vergonha, questione o
dentista! A sua saúde está em
risco.
ReceitaCaseira
Vacinas
É aconselhável que o profissio-
nal e sua equipa estejam vacina-
Beringela
dos contra hepatite B, sarampo,
rubéola, parotidite e tétano
(mesmo que o risco seja quase
no forno
nulo). Enquanto na população
em geral a hepatite B apresenta-
se em torno de 4%, entre os pro-
fissionais de odontologia gira
em torno de 13%.
Este artigo foi todo baseado no
que a Agência Nacional de Vigi-
lância Sanitária brasileira preco-
niza e o mundo todo, quando
digo todo é todo… e isto inclui
Cabo Verde. A inspeção tanto do
que foi escrito aqui, como de ou-
tras coisas mais (instalação do
Ingredientes: Modo de preparo
• 2 beringelas grandes, com casca 1 - Pique as beringelas, aboborinhas, tomates e
consultório, esterilização de ma-
• 2 aboborinhas médias, com casca cebolas em cubos médios.
teriais, rX) deve ser feito pela vi-
• 2 tomates médios maduros, com 2 - Misture bem numa forma alta, coloque o
gilância sanitária, mas todos
casca e sem sementes alho, sal e orégão a gosto.
sabemos que parece não existir • 2 cebolas pequenas, sem casca
no nosso tão adorável Cabo Ver- 3 - Regue com pouco azeite e leve ao forno alto,
• alho a gosto, picado
de, onde “cada um por si e deus cobrindo com papel de alumínio, durante 1 hora.
• 30 g de azeitonas pretas
por todos”. Esteja então você • sal e orégãos 4 - Tire o papel de alumínio, mexa tudo, corrija
atento a estes aspetos básicos • 2 colheres (sopa) de azeite de oliveira, o sal e leve ao forno sem o papel, por mais meia
aqui referidos. A sua saúde e a da para regar hora.
sua família estão em jogo.
18 • Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010

cachupada
Conto infantil

Horóscopo De 12 a 18 de Dezembro

Carneiro Leão Sagitário

21-3 a 20-4
Carta Dominante: 10 de Paus, que significa
Sucessos Temporários, Ilusão.
Amor: Evite precipitar-se nas decisões que
toma. Pense bem para que não se arrependa
mais tarde.
Saúde: Poderá constipar-se. Agasalhe-se
bem.
Dinheiro: Analise as suas finanças e veja
como rentabilizá-las.
Número da Sorte: 32
Números da Semana: 14, 23, 11, 13, 28, 7
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Vivo o presente com
confiança!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
23-7 a 22-8
Carta Dominante: 5 de Espadas, que
significa Avareza.
Amor: A sua experiência de vida poderá
ajudar um amigo a orientar a sua vida. Seja
solidário com quem solicitar o seu apoio.
Saúde: Procure o seu médico assistente com
maior regularidade. Faça análises de rotina.
Dinheiro: Seja mais dedicado ao trabalho.
Procure não desistir dos seus objectivos.
Número da Sorte: 55
Números da Semana: 8, 8, 14, 21, 22, 28
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Eu sei que posso mudar
a minha vida.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
21-11 a 20-12
Carta Dominante: Os Enamorados, que
significa Escolha.
Amor: O amor marcará esta semana. Faça
os possíveis para manter essa estabilidade.
Saúde: Propensão para uma pequena
indisposição. Se achar necessário consulte o
seu médico.
Dinheiro: As suas qualidades profissionais
serão reconhecidas e poderá ser
recompensado.
Número da Sorte: 6
Números da Semana: 6, 5, 41, 2, 5, 22
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: O Amor enche de alegria
o meu coração!
Horóscopo Diário - Ligue já! 760 30 10 19

Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: Valete de Espadas, que
significa Vigilante e Atento.
Amor: Procure não ter o seu coração tão
fechado. Dê a si mesmo a oportunidade para
conquistar a felicidade.
Saúde: Previna-se contra as constipações.
Dinheiro: Reflicta sobre uma proposta
profissional que lhe poderá ser feita. Número
da Sorte: 61
Números da Semana: 5, 41, 36, 33, 11, 12
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Eu tenho pensamentos
positivos e a Luz invade a minha vida!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: 7 de Copas, que
significa Sonhos Premonitórios.
Amor: Procure fazer uma surpresa à sua
cara-metade criando um ambiente
romântico.
Saúde: Procure descansar um pouco mais.
Dinheiro: Evite comentar os seus planos
profissionais. Guarde as suas intenções a sete
chaves.
Número da Sorte: 43
Números da Semana: 8, 7, 41, 45, 49, 6
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: procuro ser
compreensivo com todas as pessoas que me
rodeiam.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: Rei de Espadas, que
significa Poder, Autoridade.
Amor: Período favorável ao romance.
Poderá surgir uma pessoa que se tornará
importante na sua vida.
Saúde: Cumpra o horário das refeições.
Evite estar muitas horas sem comer.
Dinheiro: Acautele-se contra possíveis
perdas de dinheiro. Previna-se para não
sofrer dissabores.
Número da Sorte: 64
Números da Semana: 8, 9, 4, 11, 13, 5
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: O Amor invade o meu
coração.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: 6 de Ouros, que
significa Generosidade.
Amor: o pessimismo e a falta de confiança
não favorecem a realização pessoal.
Saúde: Descanse o máximo que puder. Se
tiver oportunidade faça sessões de
massagem.
Dinheiro: Coloque em marcha um projeto
muito importante para a sua carreira
profissional.
Número da Sorte: 70
Números da Semana: 1, 7, 4, 29, 3, 17
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Sou optimista, espero
que me aconteça o melhor!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: O Julgamento, que
significa Novo Ciclo de Vida.
Amor: Poderá suscitar paixões
arrebatadoras, mas pense bem naquilo que
realmente quer.
Saúde: Cuidado com aquilo que come.
Poderá colocar em risco a sua dieta.
Dinheiro: Defenda-se de um colega mal
intencionado, sendo honesto e consciente das
suas capacidades.
Número da Sorte: 20
Números da Semana: 5, 8, 7, 4, 1, 10
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Eu tenho força mesmo
nos momentos mais difíceis!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: Ás de Paus, que significa
Energia, Iniciativa.
Amor: Mantenha a alegria e o optimismo
que o caracterizam. Motivará as pessoas que
estão ao seu redor.
Saúde: Maior tendência para se sentir
sonolento e sem vigor físico.
Dinheiro: Poderão surgir alguns problemas
profissionais. Mantenha a calma, de modo a
resolver os imprevistos da melhor maneira.
Número da Sorte: 23
Números da Semana: 26, 35, 14, 28, 6, 9
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Eu acredito que todos os
desgostos são passageiros, e todos os
problemas têm solução.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
Capricórnio
21-12 a 20-1
Carta Dominante: 3 de Ouros, que significa
Poder.
Amor: Dedique mais tempo a si mesmo.
Planeie um período de descanso a dois.
Saúde: A sonolência e a preguiça irão
marcar a sua semana. Tente travar essa
tendência.
Dinheiro: Seja mais compreensivo com os
seus colegas de trabalho. Se agir dessa forma
conseguirá conquistar um bom ambiente.
Número da Sorte: 67
Números da Semana: 3, 6, 9, 19, 28, 4
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: Vivo de acordo com a
minha consciência.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
21-1 a 18-2
Carta Dominante: 5 de Copas, que
significa Derrota.
Amor: Semana favorável ao convívio.
Convide alguns amigos para saírem consigo.
Saúde: Poderá sentir-se mais cansado que o
habitual. Tome um duche quente e relaxe.
Dinheiro: Assente os pés na terra e saiba
aquilo com que conta. Pense bem antes de
agir.
Número da Sorte: 41
Números da Semana: 45, 44, 40, 2, 26, 3
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: O meu único Juiz é
Deus.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Peixes
19-2 a 20-3
Carta Dominante: Rei de Copas, que
significa Poder de Concretização, Respeito.
Amor: Aproveite os momentos com a
família pois dar-lhe-ão um grande bem-estar
emocional.
Saúde: Cuide da sua alimentação com maior
vigor.
Dinheiro: Estará financeiramente estável,
por isso, poderá satisfazer um capricho seu.
Número da Sorte: 50
Números da Semana: 8, 5, 2, 10, 20, 3
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Esforço-me por dar o
meu melhor todos os dias.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
Mia,
a baleia do Bairro Manguí - XVIII
A casa do avô Irondino estava fechada e às escuras quando os quatro ami-
guinhos lá chegaram! Provavelmente, o avô teria ido à pesca, ou com-
prar tabaco para o cachimbo. Por isso, os meninos foram diretamente para o
cais na esperança de aí encontrar a Mia sereia.
O mar estava muito calmo e a Lua enorme, cheia de luz a brincar com as
estrelas. A Mia é que não estava lá! Um de cada vez, começaram a chamar:
Miiiiaaa, Miiiaaa…. Mas nada! Nem Mia, nem avô Irondino, ninguém apare-
cia. Juninho, Nixon, Iva e Nádi voltaram para o bairro já às escuras.
Chegados ao bairro, perceberam que no Largo da Igrejinha, junto ao café do
Zeca Cachupa, havia discussão e burburinho e aproximaram-se, sorrateiros,
para ouvir o que falavam os homens enquanto bebiam o groguinho da noite.
- O velho já antigamente tinha sido levado por causa das suas ideias
- Ele já sabia que isto é assim. Essa coisa da liberdade é só para alguns, não
se pode falar muito, senão…
- Mas havia que ter respeito pelo velhote. Afinal é uma figura do bairro, e já
tem aquela idade toda.
- E o que terá ele dito para o levarem assim p’ra cadeia?!
- Política foi de certeza, e não há-de ter sido a favor do governador, ai isso não…
A verdade é que os amiguinhos não estavam a perceber nada da conversa,
mas que alguém tinha sido preso, isso perceberam. Mas quem?! Tinham que
saber e, por isso, Nixon foi ter com o tio que estava lá e perguntou-lhe: Ó tio,
kuse ki sta passa li? Tem ómi na cadeia? Quem?
- Ó moço, kuse ki bu sta faze li? É tcheu tarde, rapaz. Oubi li, polícia levou
avô Irondino preso.
- Quê??? Ka podi ser… pa modi?
- Pa modi un alguém ouviu ele a fla di política contra governador.
Nixon voltou a correr para junto dos amiguinhos, com o coração a sair-lhe do
peito e as lágrimas a saltarem-lhe dos olhos. Quase não conseguia falar.
- Então, o que se passa Nixon? – perguntaram todos
- O… o avô Irondino….foi preso. Polícia levou ele por falar contra o gover-
nador!
- Nãaaaooo!
- Sim, foi, meu tio viu. E agora? Que vamos fazer? Como vamos tirá-lo de lá?
- Agora vamos para casa pensar e amanhã de manhã, bem cedo, toda a gente
aqui para combinar o que fazer – disse Nixon.
Arrepiados, aflitos e com as lágrimas a correr pela carita abaixo, os amigui-
nhos do bairro Manguí foram para casa a pensar no avô Irondino, a querer
abraçar o seu velho amigo e confidente, e também revoltados contra aquele
governador que apenas pensava em fazer mal a quem discordava dele. Não
podia ser. E Mia, onde estava Mia, agora que eles precisavam tanto dela e
estavam aflitos e sozinhos?
Que irão fazer os amiguinhos para libertar o avô Irondino?
José Braga-Amaral
 Já • Sexta-feira 10 Dezembro 2010 • 19

cachupada
Telenovelas PALAVRAS CRUZADAS
RECORD • Ribeirão do Tempo
Horizontais:
1 – Trabalho ligeiro e recreativo.
2 – Armadilho; Também.
3 – Sujar com baba; Rasto luminoso dos
cometas.
4 – Estúpida; Grande quantidade.
5 – Salsa-do-monte; Coisa sem valor.
6 – Seguir; Estreito; Ainda.
7 – Com; Partidas.
8 – Semelhante; Vadiara.
9 – Bravo; Trabalho.
10 – Que importa despesas e sacrifícios;
Joca, armado, quer saber quem é Ferrolho Pessoa maçadora.
11 – Apuraram.
S ónia diz a André que não vai aguentar se acontecer alguma coisa de mal
com o pai dela e sugere que eles dêem um tempo. André fica inconforma-
do. Joca deixa claro para Arminda que não falou nada sobre o senador e Verticais:
Karina à Diana. Diana vê André meio cabisbaixo e vai conversar com ele. Ele 1 – Obscura.
conta que está sofrendo por amor. Ela anota o seu telefone. Um agente da 2 – Corcovos; Terra maninha reduzida a
polícia diz a Lincon que vai apurar a verdade sobre Ajuricaba. Lincon conta cultura.
a Patrícia que está feliz porque estão a investigar o delegado. Diana sonha 3 – Raiva; Substância albuminosa que
com André. Filomena diz a Ellen que deu tudo errado na conversa com Tito envolve a gema do ovo.
e chora. Karina diz a Zuleide que Nicolau dá em cima dela e ressalta que não 4 – Iraniano; Qualidade.
vai negar fogo. A patricinha admite que ainda pensa em Tito. Ellen confessa 5 – Sarrafo; Grande quantidade.
a Filó que ela mesma se enganou e aconselha a amiga a lutar pelo amor que 6 – Único; Vernier; Mofa.
sente. Filó diz à amiga que vai mudar e conquistar Tito. Nicolau liga a
7 – Aqui; Alqueive. IRADO; LABOR. 10 – CARO; R; RELA. 11 – ALAMBICARAM.
Arminda, que não atende. Este liga para o solar e Arminda diz a Elza que não
8 – Claridade solar; Pairara. IR; CANAL; IN. 7 – S; CO; IDAS; H. 8 – TAL; MOINARA. 9 –
quer falar com ninguém. Filomena tenta participar da conversa de Tito, BABAR; CAUDA. 4 – ASININA; ROR. 5 – L; AIPO; PO; A. 6 –
Mateus, Newton e outros paraquedistas, mas Tito não dá muita atenção. Joca 9 – Apenas; Ter muitos conhecimentos.
Horizontais: 1 – CURIOSIDADE. 2 – APAR; O; IDEM. 3 –
pega na sua arma e prepara-se para sair. Joca mostra a foto de Ferrolho a Léia 10 – Pequena quantidade; Embriaguez.
11 – Complicaram.
Soluções:
e diz que precisa descobrir quem é o homem. Joca vai até a favela onde Mário
mora e diz ao amigo que precisa da sua ajuda. Mário vê a foto e diz a Joca
que acha que sabe quem é Ferrolho. Filomena procura Arminda e diz que
quer mudar o visual. A executiva promete ajudá-la. Mário diz a Joca que
Ferrolho é um piloto de avião que trabalhava para traficantes de drogas. PUB

SIC • Passione
Farmácias
de serviço
Praia
10/12 – Farmácia Santa
Isabel
11/12 – Farmácia
Universal
12/12 – Farmácia 2000
13/12 – Farmácia
Moderna
14/12 – Farmácia Central
Berilo é preso e Jéssica fica desesperada 15/12 – Farmácia Santo

A gnello e Jéssica discutem e o italiano vai-se embora. Agostina confes-

sa que se sente sozinha e Mimi a consola. Candê emociona-se ao ser
chamada de mãe por Amendoim. Valentina entrega as fotos que tirou para
António
16/12 – Farmácia
Jovino com o intuito de se vingar de Candê. Talarico entrega a Diogo a cópia Africana
da chave da pensão de Valentina. Kelly confidencia com Diogo que Gemma 17/12 – Farmácia Avenida
não gosta de Clara.
Agnello avisa que denunciou Berilo à polícia e Agostina fica furiosa.
Mônica diz a Telma que vai atrapalhar o romance entre Sinval e Fátima. S. Vicente
Felícia conta a Candê sobre a noite que teve com Totó. Lurdinha diz à Mimi
10/12 – Farmácia Jovem
que vai sair do emprego e tentar a carreira no teatro. Berilo é preso e Jéssica
fica desespera. Cavarzere confirma a Mauro que Saulo tinha um cúmplice. 11/12 – Farmácia
Noronha ameaça denunciar Laura se ele for descoberto. Cavarzere mostra a Mindelo
Mauro as fotos das propriedades adquiridas por Noronha com o dinheiro que 12/12 – Farmácia
ele desviou da metalúrgica.
Mimi comenta sobre a paixão que o seu tio sente por Gemma. Brígida fla- Avenida
gra Benedetto e Antero falando sobre Gemma. Bete pergunta se Stela sabia 13/12 – Farmácia Leão
de um cúmplice que movimentasse a conta de Saulo na Suíça e ela lembra 14/12 – Farmácia Nena
de Fred. Mauro chama Noronha e exige que fale sobre o desvio do dinheiro
que ele e Saulo fizeram. Jéssica e Agostina vão à delegacia para tentar lib- 15/12 – Farmácia Higiene
ertar Berilo. Clara quer a todo o custo encontrar a chave que Valentina 16/12 – Farmácia Jovem
procurava na sua bolsa. Diogo vai à casa de Gemma.

bai-bai
do meio-tom à imortalidade B.Leza
Nos 105 anos do nascimento de Francisco Xavier da Cruz, as comemorações centraram-se em Lisboa (no Centro InterculturaCidade). Por cá – apaga-
da e vil tristeza -, B. Leza continua esquecido da agenda cultural do Estado e, para os mais jovens, o seu nome vai-se varrendo nas memórias do tempo
C
orria o ano de 1940, B. Leza
atraca em Lisboa, a então
capital do triste e pobre
império. Na bagagem, a
viola, a voz e o engenho de poeta,
crioulo sim, mas revelando-se “compo-
sitor de fados”… Sessenta anos depois,
na suposição nunca segura da vida eter-
na [a dúvida, sempre a eterna dúvida],
poderíamos imaginá-lo em alegres
cavaqueiras com amigos também já
ausentes. Gente de Lisboa, claro: Raul
Solnado, José Viana, Hermínia Silva…
Amigos, pois, de cantorias e guitarradas
noite adentro, rompendo os silêncios de
Lisboa e as contingências de um poder
instalado onde “o respeitinho é muito
bonito” e a estroina dos artistas alfineta
a educação conveniente dos “bem-nasci-
dos”.
E a referência, estranha, porém tão
óbvia, da alusão a nomes portugueses,
gente das artes do país distante de
Camões. Pois, porque é em Lisboa que
estes 105 anos da natalidade do génio
estão a ser comemorados – e dia 17 irá
ser colocado um painel de azulejos,
reproduzindo um quadro de António
B.Leza com Nho Balta, quadro de António Firmino
Fotos de Marta Teles
Homenagem a B.Leza no Centro InterculturaCidade, organizada pela ONG Etnia
Estranha, sim, a bizarra
circunstância de a capital
do velho colono não ter
esquecido o homem e o
artista, e a capital de sua
pátria, nos tera, o olvidar
na patine do tempo. Como
se fora foragido da sua
gente, desterrado para
parte incerta
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Sexta-feira 10 Dezembro 2010
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Firmino, na casa onde viveu, no Poço dos
Negros -, sem que por cá, pátria de
Francisco Xavier da Cruz, um único ato
público assinale a efeméride.
Estranha, sim, a bizarra circunstância de
a capital do velho colono não ter esqueci-
do o homem e o artista, e a capital de sua
pátria, nos tera, o olvidar na patine do
tempo. Como se fora foragido da sua
gente, desterrado para parte incerta.
Eclipse, Miss Perfumado, Lua Nha
Testemunha… Lembram-se? É B. Lesa,
magistralmente interpretado pela sobri-
nha Cesária, a diva que não cansa de
levar o mestre às quatro partes do mundo,
de lhe dar a voz que a terra mãe nega.
Influenciado, também – porque a diversi-
dade acrescenta? – pelos sons do mundo,
B. Leza deixou vasto espólio de fados,
mornas-tango, coladeiras e mazurkas, a
par de uma obra literária que exigia olhar
atento e reedição célere. “Flores
Murchas”, “Fragmentos – Retalhos de
um Poema Perdido no Náufrago da
Vida”… Quem se lembra? Quantos
homens e mulheres deste país já leram a
poesia maior de Francisco Xavier da
Cruz?