Estas práticas psicossociais em comunidade poderiam ser agrupadas em três blocos, indicando
finalidades que as diferenciariam, tendo as seguintes características:
1. Relacionam-se a programas comunitários novos ou já em andamento em um dado lugar, visando um fortalecimento da equipe de trabalho e das possibilidades de ação e intervenção psicossocial; e/ou 2. Dirigem-se a problemáticas vividas e enfrentadas por diferentes setores populacionais, indicando problemáticas desde as ligadas ao suporte e estrutura institucionais e equipamentos públicos (como moradia, saneamento, transporte, áreas de lazer, entre outros), passando por questões ligadas à violência, saúde comunitária e rede de convivência na comunidade; até problemas mais localizados mas tendo uma repercussão e impacto na dinâmica comunitária (como desemprego; diferentes tipos de violência e de formas variadas de intimidação; envelhecimento e processos psicossociais de solidão; processos de exclusão e desenraizamento psicossocial, entre outros), e/ou 3. Lidam com demandas específicas de entidades sindicais, profissionais, gremiais e comunitárias, enfatizando desde problemas localizados e em perspectiva individual, até desafios em dinâmicas comunitárias e grupais (como os problemas de precarização das condições de trabalho e suas formas de sofrimento e resistência psicossociais, repercussões psicossociais na vida cotidiana da aposentadoria, desemprego, mercado informal e sobrevivência material e simbólica, entre outros). Que desafios existem, hoje, nos trabalhos desenvolvidos no campo da psicologia social comunitária? Indagar, seja na atualidade, seja como foi feito ao longo de todos estes anos, sobre “Que papel social e profissional os psicólogos deveriam ter?”, ou “Que compromisso os profissionais deveriam assumir?”, continuam sendo desafios com os quais temos de nos defrontar, quando das intervenções psicossociais em comunidade. Ao longo da trajetória de construção deste campo e intentando fazer um balanço dos obstáculos enfrentados e de suas repercussões, poderíamos dizer que os desafios na intervenção psicossocial em comunidade situam-se em quatro tipos. Os desafios relativos à percepção sobre a realidade; a o quê fazer no dia a dia do trabalho comunitário; às relações estabelecidas e aos impactos produzidos.