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VIDA

TRANSFORMADA

CURSO DE MATURIDADE CRISTÃ – CMC


MÓDULO I – DISCIPLINA CMC-01

“Maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).


EMG – Escola Ministerial Glória CMC - VIDA TRANSFORMADA

APRESENTAÇÃO

Vivemos num mundo que foi profundamente afetado pela queda do homem. O homem
não foi corrompido por causa da terra, mas a terra foi abalada por causa da queda do
homem. Ao entrar no mundo, o pecado trouxe consigo conseqüências que assolam a
humanidade, desde Adão até os últimos recém-nascidos nas maternidades, neste
momento mesmo.

É na alma que as conseqüências do pecado e dos ataques do inimigo mais deixam


seqüelas. Mas Deus, por causa do Seu grande amor, mandou Jesus para morrer na cruz
e efetuar a salvação de toda a humanidade. Mandou o Espírito Santo para nos assistir
em nossas fraquezas, habitando em nós. Providenciou cura para todos aqueles que
querem andar em vitória, acima de todas as fraquezas e escravidão do inimigo.

O grande segredo para a plena vitória sobre a carne, o mundo e o diabo está claramente
descrito na epístola aos Efésios, que contém um mandamento muito claro de Deus para
nós: Enchei-vos do Espírito (Efésios 5.18). Esta é a vontade de Deus para nós, apesar
de muitos crentes não saberem o que é uma vida cheia do Espírito.

Neste curso você aprenderá como o inimigo trabalha para tentar dominar a nossa mente
e manter a nossa alma aprisionada aos seus intentos. Mas aprenderá também a se opor
a ele e marchar em vitória, em nome de Jesus.

Você verá também que quando um crente deixa o Espírito Santo encher sua vida, ele
vai descobrir o poder e a autoridade do nome de Jesus. Ele vai aprender a pisar
serpentes e escorpiões, com segurança e garantia do seu Senhor.

Pela cura da alma e o enchimento do Espírito Santo você ganhará ousadia e coragem
para evangelizar. O Espírito Santo vai enchê-lo de confiança e intrepidez, como ocorreu
com os cristãos de Jerusalém no dia de Pentecostes.

Você será suprido de saúde emocional e espiritual. Perceberá que a vida em


abundância que Jesus garantiu que veio nos trazer em João 10.10 só é possível para
quem é cheio do Espírito. Esse andar no espírito vai dotá-lo de sabedoria e
discernimento para andar em vitória no dia a dia. Saiba, com toda certeza, que nosso
Deus quer que todos nós vivamos cheios do Seu Espírito.

Este curso, feito debaixo da dependência e submissão a Deus, será útil para ajudar você
e o Espírito Santo no processo de trazer mais transformação para a sua alma, mais luz
para a sua mente, mais revelação dos tesouros escondidos na Palavra de Deus e mais
liberdade no Espírito Santo. E ainda mais, será útil para equipá-lo para ministrar a outros.

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SUMÁRIO

PARTE UM

Apresentação .................................................................................................... 02
Sumário ............................................................................................................. 03
A Terra Da Mente .............................................................................................. 05
Modos De Dar Território Ao Inimigo ................................................................... 06
Características De Influência Maligna Na Mente ............................................... 07
Sinais De engano ............................................................................................... 08
Sintomas De Passividade .................................................................................. 10
Solução Para a Passividade Da Mente .............................................................. 13
Características De Uma Mente Livre ................................................................. 17
Princípios que Regem a Mente .......................................................................... 17
A Terra Da vontade ........................................................................................... 21
A Prisão Da Vontade .......................................................................................... 24
O Perigo Da Passividade Da Vontade ............................................................... 25
Sintomas Da Passividade .................................................................................. 26
Libertação Da Vontade ...................................................................................... 27
A Terra Das Emoções ........................................................................................ 30
As Feridas Produzidas Por Satanás .................................................................. 30
A Prisão Das Mágoas ........................................................................................ 34
Ferida & Amargura ............................................................................................. 35
A Amargura é o Veneno Da Alma ...................................................................... 35
O Malefício Dos Relacionamentos Quebrados .................................................. 37
A Destruição Gerada Pela Falta De Perdão ...................................................... 38
Sendo Libertos Das Feridas ............................................................................... 38
O Perdão Libera a Ação De Deus ...................................................................... 41
A Fonte Da Rejeição .......................................................................................... 44
Resultados Da Rejeição ..................................................................................... 47
Passos Para a Saída Da Rejeição ..................................................................... 50
Ferida e Cura ..................................................................................................... 56
A Chave Para a Cura Interior ............................................................................. 58
A Substância Da Cura Interior ........................................................................... 59

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Passos Para a Cura Interior ............................................................................... 59


Precaução .......................................................................................................... 60
Advertência ........................................................................................................ 61
A Sua Parte Na Cura Interior ............................................................................. 61
Raízes De Rebelião .......................................................................................... 62
Raízes De Orgulho ............................................................................................. 63

PARTE DOIS
Alimentando-se Corretamente No Espírito ........................................................ 67
Funções Do Espírito Da Alma e Do Corpo ........................................................ 69
As Funções Da Alma ......................................................................................... 69
As Funções Do Corpo ........................................................................................ 71
As Funções Do Espírito ..................................................................................... 72
Princípios Para A Revelação No Espírito .......................................................... 74
O Logos e o Rhema ........................................................................................... 78
Princípios Para Alguém Ser Guiado Pelo Espírito ............................................. 80
Andar no Espírito ............................................................................................... 82
Como Descobrir A Maravilhosa Vida Cheia Do Espírito .................................... 83
Como andar No Espírito Santo .......................................................................... 89
Andar Segundo O Espírito: Dois Modos De Andar Na Vida .............................. 97
CONCLUSÃO .................................................................................................. 110
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 111

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Capítulo 01: A TERRA DA MENTE

A ordem do Senhor é que possuamos a terra pelo lado de dentro. A primeira terra "pelo
lado de dentro" que vamos considerar é a terra da mente. As demais são: a terra da
vontade, a terra das emoções e a terra do corpo. Nosso Espírito é recriado pelo Espírito
Santo, que passa a habitar nele.

Somos transformados em santuário, mas a nossa alma precisa ser restaurada. Nosso
Espírito se expressa através da nossa personalidade, dos nossos pensamentos, nossos
sentimentos, nossas atitudes, nosso corpo. E se não pusermos nossa mente em linha
com a Palavra de Deus, bem como nossas emoções, nossa vontade e nosso corpo, a
vida do Espírito dentro de nós será sufocada. Mas o propósito de Deus é que o inimigo
permaneça do lado de fora. Chegou a hora de erradicarmos essas obras malignas, que
Paulo chama "obras da carne." Se não tem havido mudanças em sua vida, desde o seu
novo nascimento, algo está errado. Quem nasce precisa crescer, desenvolver-se e
caminhar, progressivamente, rumo à maturidade.

Consideremos, portanto, a situação da mente, a sede da alma. A mente, ou pensamento,


ou intelecto é algo muito importante, extraordinário. Deus deu ao homem uma
capacidade de pensar, raciocinar, refletir, criar. Basta olharmos para todas as
construções e realizações que nos cercam e veremos as marcas dessa inteligência,
dessa mente. Ele tem criado maneiras de superar muitas das suas limitações. Por
exemplo: ele queria fazer com que seus pensamentos fossem gravados e criou o
alfabeto, a imprensa, as máquinas; quis comunicar-se com as multidões e criou um modo
de ampliar a sua voz, o que fez surgir o microfone; quis comunicar-se com outras
pessoas à distâncias e criou a carroça, a bicicleta, o avião, etc.; quis vencer o problema
de escuridão e descobriu a eletricidade e fez uso dela. Desde a roupa que nos cobre ao
teto que nos abriga, tudo traz atrás de si as marcas dessa inteligência. Que coisa
tremenda é a mente!

Mas também que coisa terrível é a mente humana sem Deus! A mente do homem está
corrompida por causa do pecado que lhe é inerente. A natureza pecaminosa herdada de
Adão se manifesta também em suas criações e realizações. É aí que temos as armas
mortíferas que destroem seu próximo. Essas são as marcas da mente do homem,
criando o bem e criando o mal.

A mente deve ser conquistada até que cada pensamento seu seja sujeito à obediência
de Cristo Jesus. Em outras palavras, até que cada idéia, pensamento ou raciocínio esteja
em perfeita harmonia com a Palavra de Deus. O comando da Palavra é claro:

"Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma,
de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças" (Marcos 12.30).

ÁREA DE BATALHAS: OS PENSAMENTOS


A mente não apenas é a sede da alma, mas é também um campo de batalha. Nela
alcançamos a vitória ou a derrota. Ela é tão importante que se constituiu o primeiro alvo
de Satanás no Jardim do Éden. E o modo pelo qual ele iniciou seu ataque foi através de
imagens e pensamentos. A imagem gera o pensamento. Em outras palavras, a imagem
é a mãe do pensamento. Essas duas coisas (imagens e pensamentos) são os elementos
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básicos com que Satanás trabalha na mente do homem para destruí-lo. Essas imagens
serão sempre geradas no reino físico e os pensamentos serão sempre misturados com
o engano: um pouco de verdade e um pouco de erro, para que o homem seja levado ao
engano quanto ao caráter de Deus, quanto ao próprio homem e quanto a Satanás.

Os pensamentos que o inimigo gera na mente do homem dar-lhe-ão uma idéia distorcida
de quem Deus é, de quem o diabo é e de quem o homem é. Nesses bombardeios ele
pode levar o homem a dois extremos: ou ao orgulho ou à auto-depreciação. Tanto o
complexo de superioridade como o complexo de inferioridade, embora pareçam opostos
entre si, têm uma só raiz: a distorção da imagem do homem, provocada por ataques
inimigos na área dos pensamentos.

A principal tática de Satanás é a distorção da verdade de Deus na mente do homem. Só


há um caminho de se contrapor a esse tipo de ataque: é com a Palavra da Verdade
implantada na mente e no coração. Para que se possa discernir um engano há de ter um
ponto de referência, e este é a Palavra da Verdade.

MODOS DE DAR TERRITÓRIO AO INIMIGO

Possuir Uma Mente Não Renovada

Isto significa ter uma mente não ajustada aos padrões expressos na Palavra de
Deus. Paulo diz que o "Deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos" (II
Coríntios 4.4). Por que razão ele cega o entendimento? Porque antes que a mensagem
penetre o Espírito ela terá que atingir o entendimento. Em II Coríntios 3.14, Paulo declara
que os filhos de Israel não entendiam a leitura do velho pacto porque "o entendimento
lhes ficou endurecido", pelo que um véu estava em seus olhos, impedindo a revelação
da Palavra. Uma mente não renovada é cega e endurecida. Se fazemos a vontade dos
nossos próprios pensamentos, estaremos no caminho perigoso da passividade da mente
e uma mente passiva, como veremos mais tarde, é campo aberto para a infestação
maligna.

Quando chegamos a Jesus o que temos armazenado em nossa mente muitas vezes
nada tem a ver com nossa vida. Nossa mente funciona como um computador: só sai o
que entrou como programa. O programa que está na mente precisa ser mudado, pois
muitas vezes está tão escondido, e ainda assim nos momentos mais inconvenientes vem
à tona. O que fazer? Reprogramar a mente com o programa da Palavra de Deus.

Uma Mente Carnal


Uma mente que está baseada na carne, nos sentidos. "A inclinação da carne é
morte" (Romanos 8.6). A versão Amplificada assim traduz: "agora a mente da carne
(que é o senso e raciocínio sem o Espírito Santo) é morte..." Nossa mente pode ser
inclinada para a carne ou para o Espírito. Inclinar-se para a carne significa ser dominado
pelo reino dos sentidos, isto é, o que se ouve o que se vê e o que se sente. Inclinar-se
para o Espírito quer dizer pensar nas coisas de Deus, na Sua Palavra. Ser carnal é agir
de acordo com os próprios pensamentos, o próprio raciocínio, tomar as decisões
baseadas na vontade própria alheia a Deus, seguir seu próprio caminho.

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Admitir Mentiras e Enganos Na Mente

Isso acontece quando nós aceitamos raciocínios divergentes da revelação bíblica,


muitas vezes por simples ignorância. Os erros doutrinários são encontrados em toda a
parte. Geralmente as pessoas não buscam na Palavra um confronto com a verdade e se
expõem a tudo quanto ouvem, sem questionar, faltando-lhes a diligência no estudo e a
comparação do que ouvem com o que está escrito na Bíblia. Aceitam tradições de
homens ou expressões da sua incredulidade como se fossem a verdade de Deus.

A Passividade Da Mente
Isso ocorre quando a pessoa deixa seus próprios poderes de pensar em inércia e recebe
todo pensamento que vem de fora ou que vem desse estado de passividade. É um
grande engano pensar que para andarmos no Espírito teremos que suprimir a mente, as
emoções ou a vontade. Deus nos deu uma alma para que seja usada e não supressa.
Nosso culto a Deus, nossa submissão à sua vontade, é algo inteligente, racional,
resultado de uma análise, uma resposta, uma escolha, uma decisão da vontade. O
propósito de Deus é que nossa alma seja restaurada e não suprimida.

CARACTERÍSTICAS DE INFLUÊNCIA MALIGNA NA MENTE


Os pensamentos de maus espíritos sempre invadem pelo lado de fora, entrando pela
mente. Nós temos capacidade de pensar, refletir, raciocinar. Escolhemos em que colocar
nosso pensamento. Aqueles, porém, invadem pelo lado de fora, com pensamentos fora
da nossa escolha ou controle. Se não forem abortados imediatamente, minarão nossa
mente e estabelecerão um domínio na área invadida.

A segunda característica a considerar é que os pensamentos de maus espíritos forçam,


empurram e coagem o homem a agir imediatamente. Suponhamos que alguém está em
casa e de repente vem um impulso acompanhado de um pensamento: "atire-se da
janela." Isso é pensamento de demônios suicida. Se ele tem a mente passiva será
levado a obedecer tal impulso. Se, por exemplo, estamos numa reunião e o pastor está
pregando e se levanta um crente e traz uma palavra fora da hora e diz "Foi o Espírito
que me obrigou a falar; eu não me pude conter", pode ter a certeza de que estamos
diante da manifestação de um outro espírito, que não é o de Deus.

A terceira característica é que seus pensamentos confundem e paralisam a mente e


fazem com que a pessoa já não pense de modo claro. Confusão mental, "branco na
mente", é sintoma de influência estranha. Tudo isso tem um objetivo: o controle da alma
para dominá-lo sem problemas. Sabendo, no entanto, discernir esses sintomas,
facilmente poderemos recusar tudo quanto vem de fora, com o auxílio do Espírito Santo
e um sólido conhecimento da Palavra de Deus.

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A ESTRATÉGIA DE SATANÁS: ENGANO E PASSIVIDADE

A passividade da mente é o principal alvo de Satanás, a fim de dominar o homem. Para


que ele exerça esse domínio, precisa de uma mente passiva, que se habitua a não
raciocinar, filtrar o que ouve, pois assim acontecendo tudo quanto é lançado nela fica e,
conseqüentemente, produzirá seu fruto. Alcançando seu alvo, ele prende sua vítima pelo
engano. O que é o engano? É uma convicção errada acerca de qualquer coisa, sem que
a pessoa tenha a menor consciência de erro.

Até mesmo certos ensinos bíblicos, que são tão importantes, como a rendição do nosso
"eu" a Deus e a nossa "morte em Cristo", podem ser levados a extremos e degenerar
em passividade da mente, da vontade e do corpo. Satanás quer um homem passivo,
escravizado à sua vontade, para que possa facilmente manipulá-lo, enquanto Deus apela
à nossa vontade e espera uma rendição inteligente, uma decisão de obedecer de boa
mente Sua Palavra.

As forças das trevas gostariam de transformar o homem num autômato (uma máquina),
alguém passivamente dirigido por suas garras estranhas e invisíveis. Deus, porém, quer
ver um homem livre, inteligente, que coopera com Ele, um ser que reflete a imagem de
Deus, em pleno domínio de seus poderes, que não se deixa dominar por nenhuma força
alheia à sua vontade. Sua própria rendição ao Criador é feita no pleno uso desses
poderes. Sem uma clara compreensão dessas coisas será fácil ao inimigo lançar-nos no
engano.

SINAIS DE ENGANO

Atitude Fanática
Um Espírito Fanático é o primeiro sinal de alerta. Ele se manifesta em muito entusiasmo
e energia, mas fechado para raciocinar, duro, dogmático. O espírito fanático é o que não
consegue ver as coisas por um ângulo mais aberto. Muitas vezes, desde a infância a
pessoa recebeu uma orientação, e passa a vida sem questioná-la. Se ela ouvir algo
diferente, fechará sua mente e logo o rejeitará.

O fanatismo religioso tem sido a causa de muita tragédia na história da Igreja, de


confrontos, conflitos e até mortes. Discussões acaloradas em volta de pontos de vista
doutrinários, quando os interlocutores (aquele que fala em nome de outro) se agridem
com palavras e fervem por dentro, são uma clara evidência desse Espírito fanático. Há
um zelo cego no fanático, que o leva à briga e à intolerância. A mente sã pode ter
pensamentos diferentes dos demais, mas não se deixa por entusiasmos descontrolados.

O fanatismo é o responsável pelo legalismo religioso, bem como o tradicionalismo cego.


Olhando para as páginas do Novo Testamento vemos como ele mostrou suas garras
algozes. Jesus foi constantemente afligido por ele. Porque Jesus curava no sábado os
líderes religiosos se insurgiam contra ele, acusando-O de quebrar a lei, quando Jesus
quebrava apenas suas tradições humanas.

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Revelação e Direção Vindas Através De Uma Mente Passiva estão


Sujeitas Ao Engano
A Palavra nos adverte: "Amados, não creias a todo Espírito, mas provai se os Espíritos
vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo" (I João 4.1). Para
que possamos provar os Espíritos, teremos que usar não só nossas faculdades
espirituais, mas também as intelectuais, pois as impressões do Espírito são transmitidas
à mente e compete-lhe analisá-las à luz da Palavra escrita, o que exige uma mente ativa.
Se isso não ocorre, todo tipo de engano não terá dificuldades em se infiltrar. A pessoa
pode receber uma direção que parece divina, mas não é.

Há quem julgue que não se deve questionar aquilo que parece ser revelação e direção
sobrenatural. Se ele recebe uma profecia de alguém, logo aceita. Acontece que isso é
pecar contra o mandamento de provar todos os espíritos. Todos os canais humanos, por
mais usados que sejam por Deus, são imperfeitos e não se pode aceitar cegamente uma
palavra, sem prová-la. Todos os sonhos, visões, pensamentos, revelações e direções
devem ser primeiro testados à luz da Palavra escrita e as convicções que Deus nos traz
ao coração. Tudo quanto vem de Deus suporta o teste.

O Mau Entendimento Da Verdade


Este é outro sintoma de engano, produzido pela passividade da mente. A pessoa ouve
uma mensagem e isola uma frase de todo um contexto, sem um esforço intelectual de
análise do que foi ouvido e chega a conclusões que nada têm a ver com o que foi ouvido.
O mesmo ocorre com a leitura da Palavra. Pode ocorrer ainda que ouça certos chavões
ou ensinos baseados em apenas uma parte da verdade e, por falta do uso da análise à
luz de toda a revelação bíblica, ela sucumbe ao engano. Vejamos alguns exemplos:

"Sou mais que vencedor" (Romanos 8.37). Engano: não terei lutas nem dificuldades.
Verdade: Toda a vitória implica necessariamente na existência de uma luta que lhe
precedeu. Se venço, é porque lutei. Sei que a luta virá, mas não temo porque no meio
dela Cristo me dará vitória.

"Eu tenho a mente de Cristo" (I Coríntios 2.16). Engano: "Eu não devo ter a minha
própria mente". Verdade: Ninguém tem automaticamente a mente de Cristo. Ela é
residente no cristão porque o Espírito Santo habita nele, mas isso não retira a mente do
cristão e a transforma na de Cristo.

"Deus me falou". Engano: "Eu sou liderado pelo Espírito, logo não preciso da mente".
Verdade: Deus fala através do meu Espírito e minha mente deve estar em linha com
meu Espírito e entender o que Deus está falando.

A Verdade Não Equilibrada Com Outras Verdades Se Torna Erro


Um sistema de doutrina construído sobre uma única faceta da verdade pode levar ao
engano. O equilíbrio está em "todo o conselho de Deus" (Atos 20.27). Se alguém só
prega poder, ou só cura, ou só libertação, ou só batismo no Espírito Santo, uma única
faceta da verdade, seja ela qual for, o engano facilmente se estabelecerá. O ensino da
Bíblia abrange todos os aspectos da vida cristã e todos nós temos de ser instruídos em

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todos eles, como Jesus mesmo declarou: "...Ensinando-os a guardar todas as coisas
que Eu vos tenho ordenado..." (Mateus 28.20).

Todas as doutrinas bíblicas estão interligadas e se completam num todo harmônico,


dentro de um plano estabelecido por Deus. Quando olhamos para a Bíblia como um todo,
descobrimos a presença de um Deus de plano, de propósito, de objetividade, de beleza,
de harmonia. Todos os ensinos se encaixam perfeitamente dentro desse plano geral. Eis
a razão porque quando alguém toma uma única doutrina e sobre ela constrói todo um
sistema, labora em erro e leva aquela verdade a extremos.

Mente Fechada à Luz e à Verdade


Este é outro sinal seguro de engano. Toda mente fechada demonstra prisão. Ela adota
a atitude de "tenho tudo", "tenho a última revelação", "eu sou o único certo", "pelo meu
ministério virá avivamento". Quem julga ter a última palavra em todas as coisas e adota
uma atitude de intolerância em relação aos que entendem de modo diferente alguma
doutrina, revela estar dominado pelo erro ou engano. Quando Deus traz uma luz sobre
algum aspecto da revelação bíblica, não a traz para uma só pessoa. O testemunho
interior quanto àquela verdade virá a muitos. Se alguém é a única pessoa a entender
uma verdade de um modo diferente dos demais, existe uma boa probabilidade de
engano.

Um dos enganos em nossos arraiais teológicos é estudar a Bíblia a partir de conclusões


de uma pessoa em um dado período da História da Igreja. Até mesmo as conclusões de
concílios são passíveis de erro. Existem vários ensinos que têm sido passados de
geração em geração, a partir dessas conclusões. Contudo, qualquer comentário Bíblico,
qualquer livro, qualquer compêndio teológico revela apenas o entendimento da pessoa
que o escreveu e seu nível de experiência na fase da vida em que ela escreveu. A
revelação de Deus é dinâmica, o mover do Espírito é dinâmico e temos que acompanhá-
lo.

SINTOMAS DE PASSIVIDADE DA MENTE


Muitas vezes a passividade da mente é provocada por uma falta de compreensão do
lugar da mente na vida de uma pessoa rendida à vontade de Deus e submissa à
direção do Espírito Santo. Há quem julgue que a submissão exclui o uso das faculdades
mentais, que Deus não precisa do nosso intelecto. A realidade, porém, é que Ele usa o
que o homem tem. Ele tanto precisa de um Pedro pescador, sem muita cultura, como de
um Paulo bem treinado, para atingir filósofos e governantes. O trabalho ou
desenvolvimento da mente não embaraça a operação de Deus na nossa vida.

O homem é um ser ativo, dotado de ações e reações. Quando existe inatividade onde
uma ação se fazia necessária, estamos diante de uma clara manifestação de passividade
da mente. Quando alguém diz: "não posso pensar", "não consigo lembrar", "não
consigo me concentrar", em outras palavras, onde há uma incapacidade de domínio
da situação, alguma coisa está errada. A mente está pesada, prisioneira, a pessoa sente
como se algo a amarrasse.

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A esta altura você já deve estar pensando: "será que minha mente é passiva?" Como
saber se a passividade mental está se infiltrando em mim? Analisando os sintomas.
Vejamos alguns deles.

Pensamentos Repentinos

A mente é invadida por pensamentos, idéias e imagens que bombardeiam e chegam


sem aviso prévio. É algo que vem de fora. Não procede de uma reflexão ou
concentração, que é fruto de uma decisão de se debruçar sobre um determinado
assunto. Os sintomas da passividade envolvem pensamentos que são verdadeiros
intrusos que penetram sem serem convidados. Quando isso acontece com freqüência e
a mente não os rejeita de pronto, aí, então, poderemos considerá-la afetada pela
passividade.

Paradas Repentinas Do Pensamento


A parada repentina é o que poderíamos chamar de "branco na mente". Nas horas mais
inconvenientes, sem qualquer explicação plausível, a mente pára e o pensamento, ou
raciocínio, ou análise, é interrompido. Existe aí uma nítida interferência externa. Convém
enfatizar que, na vida do cristão, os ataques não procedem de um coração impenitente,
que já foi redimido, recriado pela obra regeneradora do sacrifício de Jesus por nós e pela
operação do Espírito Santo. Eles procedem de uma fonte exterior, Satanás, ou da carne,
que não foi redimida, ou ainda de uma mente não renovada.

Pensamentos Prisioneiros De Certos Padrões


Por exemplo: pensamentos de rejeição. A pessoa vê tudo, analisa tudo a partir da
rejeição. Sua conclusão das circunstâncias e atitudes das pessoas é irreal, mas em sua
mente aquilo é uma realidade. Isso acontece em relação ao medo ou preocupação ou
outra área qualquer. O julgamento das coisas não reflete uma análise da realidade, mas
conclusões tiradas a partir desses pensamentos de rejeição, medo, preocupação,
complexo, etc. Todo o modo de pensar é marcado por esses sentimentos negativos, que
convivem com a pessoa e tornam de fato seus pensamentos a eles cativos.

Idéias Absurdas e Sem Sentido


Outro problema é a presença de pensamentos absurdos, sem qualquer fundamento, que
não passam de fantasia e engano, como por exemplo: "Sou mais espiritual que os
demais"; "meu trabalho abalará o mundo"; "meu ministério é a resposta para os
problemas do mundo"; "eu tenho a solução para tudo"; "devo me lançar à vida de fé e
deixar de trabalhar"; "vou fazer uma grande obra"; "sou um grande servo de Deus". São
verdadeiros chavões enganosos que assaltam a mente e não são confrontados. A mente
passiva os deixa entrar e nada faz a respeito. Esse tipo de raciocínio é perigoso.
Manifesta uma mente aberta a noções sem qualquer sentido ou fundamento bíblico.

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Imaginação Descontrolada

Aqui falamos de uma imaginação falsa sobre as pessoas e coisas, fora da realidade.
Uma mente dominada por fantasias constantes. Diante das circunstâncias e das pessoas
a imaginação fica sem rédeas e conseqüentemente, impede uma reflexão clara e
acertada da situação.

Sonhos e Divagações
Uma mente dada a divagações, a construção de "castelos no ar", cheia de fantasias.
Todos já tiveram a experiência de divagar uma vez ou outra, mas a mente passiva é
assolada com freqüência pelas fantasias, sem controle.

Insônia
Muita insônia é motivada por pensamentos descontrolados ou mesmo pelos sonhos e
fantasias, ou ainda pelo hábito de pensamentos de medo, rejeição e preocupação. No
momento em que a pessoa vai dormir esses pensamentos povoam a mente, produzem
tensão e afastam o sono natural.

Esquecimento
Um esquecimento freqüente é sintoma de passividade mental. É evidência da falta de
concentração, de ordem e análise na mente. Isso não quer dizer que um esquecimento
casual possa revelar a presença de passividade. Falamos daquilo que se torna um
padrão, uma constante. É claro que aos primeiros sintomas daremos o grito de alerta e
assumiremos o controle da nossa mente para que ela não seja dominada por forças
estranhas.

Falta De Concentração
O problema aqui se manifesta na incapacidade de concentrar a mente ou atenção por
muito tempo em alguma coisa. Parece que os pensamentos estão sempre "voando", ao
saber do "vento". Existe uma atenção passiva, que é facilmente despertada, mas uma
pessoa normal tem controle sobre sua mente e é capaz de dirigir sua atenção ao que ela
deseja. Quando isso não acontece estamos diante de um sintoma de passividade.

Perda Da Habilidade De Comunicação


Aqui tratamos de um grau elevado de passividade. A habilidade de comunicar os
pensamentos e idéias vai sendo afetada. Os pensamentos são confusos e torna-se difícil
expressá-los e fazer-se entender.

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Incapacidade De Raciocinar
Todos os seres humanos são dotados de raciocínio. Quando existe um bloqueio mental
a tal ponto que a pessoa não desenvolve um raciocínio claro, estamos diante de um sinal
de perigo. De fato todos os sintomas abordados evidenciam uma obra maligna, que visa
suprimir o uso da faculdade de pensar, raciocinar, refletir, julgar, comparar, decidir, com
o fim de dominá-la.

SOLUÇÃO DE DEUS PARA A PASSIVIDADE

Coloque A Armadura De Deus

Ela nos foi dada para proteção. Dentro dessa armadura destacamos três peças
importantes na luta contra a passividade: O Capacete da salvação, que protege a mente
contra o engano; o cinto da verdade, que protege contra as mentiras de Satanás e a
Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Todas essas peças têm a ver com a
aplicação da verdade, que é o antídoto do erro. O engano é exposto pela verdade. Por
ela somos capazes de discerni-lo e vencê-lo. "Conhecereis a verdade e a verdade vos
liberará" (João 8.32). Quando isso acontece experimentamos a realidade da promessa:

"Tu conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque Ele confia
em Ti" (Isaías 26.3). Se firmo a minha mente em Deus, Satanás não me removerá
facilmente (Leia Filipenses 4.6-8).

Expulsão do Engano Pela Palavra


Se a mente é aberta, um confronto com a verdade a leva a discernir o erro e trabalhar
na sua libertação. A verdade está expressa na Palavra de Deus. Paulo nos exorta a
"não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus"
(Rom.12:2). E como saber a vontade de Deus? Na Sua Palavra. Como descobrimos que
temos um erro em nossa vida? Quando nos confrontamos com a verdade. A Palavra traz
luz ao nosso entendimento e discerne os propósitos do coração, como está escrito:

"Porque a Palavra que Deus fala é viva e cheia de poder (tornando-a ativa, operante,
energizadora e efetiva); ela é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes,
penetrando até a linha divisória do fôlego da vida (alma) e (o imortal) Espírito, e juntas e
medulas (das partes mais profundas de nossa natureza), expondo e peneirando e
analisando e julgando os verdadeiros pensamentos e propósitos do coração" (Hebreus
4.12 - Versão Amplificada).

Se você for honesto, tomar a Bíblia porque quer crescer e conhecer a revelação, numa
disposição de obediência, pronto para o confronto com a verdade e a mudança
necessária, o Espírito Santo lhe trará luz e você irá crescer e aquilo que porventura você
incorporou ao longo do caminho, que contraria a verdade de Deus. Esses estranhos
serão expostos, reconhecidos e rejeitados, porque onde penetra a verdade, o engano é
exposto. Consideremos, pois algumas medidas práticas:

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Localize a fonte de problema e sofrimento. Não tente fugir. É doloroso perceber que
fomos vítimas da passividade e do engano, mas não há o que temer. Deus está conosco
para nos conduzir à luz e à vitória. O caminho é encarar de frente a dificuldade, pedindo
ao Espírito que revele o coração do problema.

Espere para ser iluminado pela luz de Deus, expressa em Sua Palavra, sob a
direção do Seu Espírito. Não admita ser simplesmente assolado por um Espírito de
dúvida, mas espere no Senhor enquanto analisa a questão e estuda a Palavra. A luz virá
por certo.

Resista cada mentira lançada em sua mente com textos da Bíblia que se ajustam
ao seu caso. Saiba que é um confronto real entre a verdade e o erro. Satanás tentará
segurar a área que antes dominava, mas pela sua resistência, sua determinação e
firmeza no combate por uma completa libertação, as forças contrárias serão abaladas e
demolidas.

Lance fora, uma a uma, cada mentira e suas obras. À medida que você é convencido
de uma verdade, rejeite a mentira que se lhes opôs e que estava em sua mente. Cada
um dos ensinos errados que você recebeu deverá ser lançado fora, com determinação,
com o auxílio do Espírito Santo, à medida que a luz chega.

Deixe a luz da Palavra penetrar cada área de sua vida. Deus conhece os propósitos
do seu coração. Onde há sinceridade e busca, Deus vem em seu socorro. Se você se
expõe sinceramente à luz de Deus, ela irá penetrar. Não se assuste com o processo.
Parecerá às vezes doloroso, às vezes demorado, mas o doce Consolador estará ao seu
lado para orientá-lo em cada área e conduzi-lo em triunfo.

Renovação da Mente
Depois de ter colocado a armadura de Deus, tendo-se preparado para a batalha, exposto
sua mente à verdade de Deus, começa um sério trabalho de renovação. Nosso padrão
de pensamentos depende daquilo que tem sido lançado na mente. Portanto, a
primeira coisa a ser feita, no que concerne à renovação, é examinar a fonte de seus
pensamentos. Muitas vezes estamos sendo alimentados pelos pensamentos do mundo,
pela mídia, por doutrinas erradas, ocultismo e coisas do gênero.

Para que isso possa acontecer, você precisa de um conhecimento sólido da Bíblia.
Qualquer exame exige um ponto de referência. O estudo regular e sistemático da Bíblia
é fundamental na renovação da mente. Para que um princípio seja assimilado e
estabelecido, temos que nos expor a ele repetidamente. Está provado que precisamos
ler alguma coisa de oito a dez vezes para poder assimilá-la. Isso significa que um
conhecimento razoável da Bíblia exige uma leitura repetida. Além disso vem o estudo, a
memorização, a meditação, como um modo de viver. As coisas que fazemos
automaticamente são aquelas que se incorporam aos nossos hábitos pela repetição.

Traga cada pensamento em obediência a Cristo (II Coríntios 10.5). A palavra de Deus
deve ser a fonte dos nossos pensamentos. Cada pensamento intruso que não está em
perfeita linha com ela deve ser levado prisioneiro a Cristo. O que isso significa? Tomar
consciência imediata de cada pensamento estranho e "dar o grito": "Alto lá, rejeito este
pensamento e o sujeito a Jesus Cristo!" Convém salientar que II Coríntios 10.4,5 fala de
fortalezas construídas com pensamentos:

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"Porque as armas da nossa luta não são físicas (armas de carne e sangue), mas elas
são poderosas em Deus para a derrubada e destruição de fortalezas, (visto que)
refutamos argumentos e teorias e raciocínios e toda coisa orgulhosa e arrogante, que se
levanta contra o (verdadeiro) conhecimento de Deus: e levamos cada pensamento e
propósito cativo à obediência de Cristo (O Messias, o Ungido)” (v. Ampliada).

A tática de Satanás é edificar em nossa mente verdadeiras fortalezas através de


raciocínios, argumentos, teorias, pensamentos, imaginações, idéias, enfim um padrão
de pensamento contrário à Palavra de Deus. Usando a própria verdade, torná-los-emos
prisioneiros de Cristo Jesus.

Liberte sua mente da carne (Romanos 8.7). Muitos vivem voltados para os sentidos, o
mundo da matéria, a carne produz a morte. Vivendo numa sociedade que tudo faz para
gratificar a carne, entregue aos seus prazeres, convém vigiar e encher a mente com as
imagens extraídas da Palavra de Deus e não da enxurrada de sensualidade que é
despejada sobre nós através de todos os meios de comunicação.

O crente tem a responsabilidade de renovar sua mente. Não há modo de dar expressão
à vida de Deus em nosso Espírito, sem um programa de renovação da mente com a
Palavra de Deus. A salvação tem que atingir nossa mente, do contrário não haverá posse
da terra, das bênçãos destinadas aos filhos de Deus.

Deixe que o arrependimento tenha a sua perfeita obra. Sem arrependimento jamais
haverá mudanças permanentes. Libertação não é substituto de arrependimento, como
já demonstramos. Se há cadeias em nossa mente é porque um lugar foi dado ao
adversário. É imprescindível, agora, localizá-lo, expor-nos ao arrependimento e deixar
que ele produza sua obra purificadora e pacificadora em nós.

A PASSIVIDADE É EXPELIDA PELA ATIVAÇÃO DA MENTE

Tome uma decisão


A mente será ativada, em primeiro lugar, por uma decisão da vontade. Tudo quanto
fazemos na vida passa necessariamente por uma tomada de posição. Diga para si
mesmo: "esta mente é minha e vou usá-la. Não permitirei que forças estranhas a
controlem." Satanás só tem o direito que nós lhe damos. No momento em que
assumimos uma posição firme, intransigente, sem retorno, contra ele e seus princípios e
a favor de Deus e Seus princípios, ele não tem alternativa senão recuar.

Exercite a mente tomando iniciativas


Em cada ação que se faz necessário, não dependa de outros para tomarem a decisão
por você. Tome a iniciativa de decidir de acordo com o seu julgamento da situação. Se
você não tem exercitado sua mente em tomar decisões, talvez lhe pareça difícil, a
princípio, mas prossiga e você estará dando passos para a libertação da passividade
mental, à alma, ao Espírito e ao corpo.

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Muitos se sentem incapazes de tomar decisões até quanto ao que comprar, ao que vestir
e ao que comer. Pais super-protetores, que educaram seus filhos tomando as decisões
que lhes competia, são uma das causas para esse tipo de problema. Não entre em
pânico se isso vier a acontecer. É melhor errar em campo do que ficar do lado de fora,
como expectador, sem nunca entrar nele por medo de errar.

Exercite a mente pensando

Desenvolva o hábito de pensar, raciocinar, lembrar, entender. Faça exercícios com a


mente, organizando seu dia, refletindo sobre textos da Palavra, analisando o que ouve,
o que faz, fazendo planos. Não viva cada dia sem refletir, sem planejar. A mente
responde ao exercício, à semelhança do corpo. Quando se começa um sistema de
exercícios físicos, haverá dores nos músculos, letargia no corpo, mas depois de algum
tempo os músculos estarão respondendo sem dificuldade. Pense, pense, pense e Deus
virá em seu auxílio.

Não deixe sua mente solta, a divagar; não permita o "branco" na mente. Force-a a
pensar. Há muitas ocasiões de ociosidade (período desocupado) mental que poderão
ser usadas nesse exercício. Por exemplo, enquanto viaja em qualquer tipo de transporte,
caminha pelas ruas, faz um trabalho manual, rotineiro, que não exige concentração
mental. Que tempo maravilhoso para direcionar os pensamentos para a Palavra de Deus,
para a intercessão, o louvor, a adoração, a meditação da Palavra! Um bom hábito, para
quem tem carro, é colocar uma mídia e ouvir a leitura da Bíblia ou mensagens gravadas
e até mesmo hinos que estimulam à oração. Quem trabalha em casa, na cozinha ou em
outra atividade manual, pode fazer o mesmo. O importante é usar o tempo disponível
para conduzir a mente ao lugar onde ela será edificada, controlada e renovada.

Determine o estado de normalidade e lute por ele até o fim


Qual o ideal? Qual o plano de Deus para você? Como deve ser nossa mente?
Descobrindo a resposta a essas perguntas, você tomará consciência de como deve ser
e, então, é só trabalhar no sentido de se aproximar cada vez mais do ideal. Convém
lembrar que tudo isso obedece a um processo que pode ser mais ou menos lento, de
acordo com a atitude e o investimento de tempo e esforço de cada um na sua própria
restauração.

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CARACTERÍSTICAS DE UMA MENTE LIVRE

Pensamentos Sujeitos a Cristo


"Derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e
levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo" (II Coríntios 10.5). Levar os
pensamentos cativos à obediência de Cristo significa fazer com que cada pensamento
abrigado em nossa mente esteja em linha com a Palavra de Deus. A palavra "obedecer"
no grego é "hupakoe", que vem de hupo = "sob", e akouo = "ouvir". A palavra significa
ouvir atentamente, ouvir com condescendente submissão, assentir e concordar. É usada
para obediência em geral, obediência aos comandos de Deus e obediência a Cristo.

Mente Em Linha Com o Seu Espírito Recriado


Kenneth S. Wuest assim traduz Romanos 8.5-8: "Os que são habitualmente
dominados pela natureza pecaminosa colocam suas mentes nas coisas da
natureza pecaminosa, mas aqueles que são habitualmente dominados pelo
Espírito, colocam suas mentes nas coisas do Espírito. Porque ter a mente
dominada pela natureza pecaminosa é morte, mas ter a mente dominada pelo
Espírito é vida e paz; porque a mente dominada pela natureza pecaminosa é hostil
a Deus, pois ela não se sujeita às ordens da lei de Deus, nem é capaz de fazê-lo.
Portanto, todos quantos estão na esfera da natureza pecaminosa não são capazes
de agradar a Deus".

Mente Livre Para Se Concentrar, Perceber, Lembrar, Raciocinar e


Compreender
Deus nos fez seres inteligentes e toda mente sadia pode se concentrar naquilo que
quiser e por tempo considerável. Compreender as coisas, ser capaz de análise, reflexão,
julgamento e raciocínio é algo normal. A mente livre não tem dificuldade em nenhuma
dessas áreas. Ela está em plena posse dos seus poderes inerentes, outorgados por
Deus.

PRINCÍPIOS QUE REGEM A MENTE

O Espírito Santo revela a vontade de Deus no Espírito do homem para


que este a conheça
O homem interior, isto é, seu Espírito, é o lugar onde as comunicações de Deus
acontecem. "O Espírito do homem é a lâmpada do Senhor" (Provérbios 20.21). "O
Espírito mesmo testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus" (Romanos
8.16). Em nosso Espírito acontece o entendimento das coisas espirituais, aí são
recebidas as impressões, a luz e direção de Deus para os Seus filhos. Não é no corpo,
nem na mente que o plano de Deus para nossa vida é revelado e sim em nosso Espírito

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humano recriado pelo Espírito de Deus. O veículo dessa comunicação é o Espírito de


Deus.

Através da mente o cristão compreende o significado da revelação e


age de acordo com ela
A mente não é aniquilada, mas ela recebe e decodifica as mensagens do Espírito. O
Espírito humano recriado e habitado pelo Espírito Santo recebe a comunicação, a
impressão, a luz e, por sua vez, transmite-a à mente. É na mente que a direção será
analisada à luz da Palavra; aí tudo será julgado de acordo com a revelação escrita. A
mente renovada com a Palavra não terá problema em entender a revelação acontecida
no Espírito, decidindo, portanto, andar de acordo com ela.

Com Sua Vontade O Homem Age De Acordo Com A Revelação


A cooperação do Espírito e da mente é necessária à compreensão da vontade de Deus.
Só então o homem pode tomar uma decisão consciente a respeito da direção espiritual.
Haverá sempre uma submissão inteligente, no pleno uso de suas faculdades aos
propósitos de Deus revelados no homem interior.

O Homem Busca Aquilo Em Que Ele Coloca A Sua Mente: Na Carne


Ou No Espírito (Romanos 8.6)
É ele quem determina onde ela habitará. Se atender ao conselho bíblico, estará nas
coisas do alto: "Se, pois, fostes ressuscitados com Cristo (para uma nova vida,
compartilhando, portanto, Sua ressurreição da morte),objetivai e procurai (os ricos,
eternos tesouros) que estão no alto, onde Cristo está, sentado à direita da mão de Deus.
(Salmo 110:1) "E colocai vossas mentes e conservai-as no que está no alto (as coisas
mais elevadas), não nas coisas que são da terra" (Colossenses 3.1,2 - Versão Ampliada).

O Espírito Produz Vida e Paz Mas a Carne Produz Morte


O que o homem vai manifestar em suas atitudes dependerá de onde ele colocar sua
mente. Manifestamos em nossas atitudes o tipo de alimento que damos à nossa mente.
Se coloco a mente no Espírito, minha personalidade manifestará a vida e a paz de Deus;
se a inclino para a morte, suas marcas se farão presentes.

Toda Direção De Deus é Transmitida No Espírito


Para que o homem receba direção de Deus, é evidente que sua mente terá que estar
voltada para o Espírito. A própria Palavra de Deus é entendida no reino do Espírito. A fé
opera no reino do Espírito e é nesse reino que a Palavra funciona e é compreendida. Ela
é de inspiração divina e só pelo Espírito será recebida. A Bíblia não é como os demais
livros, que são entendidos meramente pelo intelecto. Ela é de inspiração divina, nasceu
no reino espiritual e toda direção transmitida através dela é primeiro recebida no Espírito.

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A Direção Recebida Nos Dá A Oportunidade De Fazer Uma Escolha

A direção recebida por aí só não chega. Ela exige agora uma decisão de aceitá-la ou
rejeitá-la. Quando o conhecimento da Palavra de Deus nos chega, nós temos a
possibilidade de ignorá-lo ou mudar nossa atitude a fim de que esta seja ajustada a tal
conhecimento. Por exemplo: se você se expuser ao ensino contido nestas páginas, mas
nada fizer a respeito, as verdades aqui expressas não afetarão a sua vida. Mas havendo
uma escolha de abraçá-las e viver de acordo com elas, tudo será diferente.

Uma Mente Perturbada é Danosa à Vida Espiritual (Filipenses 4.6-8;


Isaías 26.3)
A Palavra, no entanto, apresenta a solução para que a mente seja clara, livre de toda
forma de perturbação. Em Filipenses 4.6-8, está um grande segredo.

Todo pensamento que não passa na peneira de Filipenses 4.8, seja estrangulado,
abortado. Um bom hábito é memorizar este versículo e analisar cada pensamento à luz
do que nele está escrito.

A Mente Não Deve Ser Governada Pelas Emoções


Paulo declara em II Timóteo 1.7, de acordo com a Versão Amplificada, que assim traduz:
"Porque Deus não nos deu um Espírito de timidez (de covardia, de temor e medo
servil e bajulador), mas (Ele nos tem dado um Espírito) de poder, de amor e de
calma e mente equilibrada e disciplina e autocontrole”.

A Mente Deve Se Preservar Humilde


Leia Atos 20.28,19. Uma atitude humilde era marca do apóstolo. Se formos capazes de
conservar uma mente humilde, Deus poderá fazer alguma coisa através de nós. Se
alguém está cheio de si, nunca se desenvolverá. Se alguém tem um conceito exagerado
de si mesmo, dominado por uma mente orgulhosa e auto suficiente, jamais prosperará.
A atitude do "tenho tudo", "sou o melhor", é sintoma de prisão e engano. Contudo,
desenvolvendo uma mente humilde, haverá possibilidade de progresso.

A Palavra De Deus Deve Ser Colocada Na Mente (Hebreus 8.10)


Há uma promessa na Bíblia muito interessante, falando do tempo em que a Palavra de
Deus não mais estaria apenas na pedra, mas no próprio entendimento e no coração
(Hebreus 8.10). A versão Amplificada assim traduz: "Porque esta é a aliança que farei
com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: imprimirei minhas leis sobre
suas mentes, até mesmo sobre os seus pensamentos mais profundos e entendimento,
e as gravarei em seus corações, e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo."

Temos no texto acima a presença da mente e do Espírito. Coração é sinônimo de


Espírito. Os dois estão juntos. A palavra escrita chega primeiro à mente e desce depois

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ao Espírito, onde é compreendida. As impressões de Deus chegam primeiro ao nosso


Espírito, mas a Palavra escrita chega primeiro à mente. Portanto, a Palavra deve ser
gravada na mente, para que ela chegue ao coração.

A Mente Não Deve Operar Independente Da Liderança Do Espírito

Mente e Espírito devem caminhar de mãos dadas. Ignorar um ou outro é laborar em erro.

Nossa conclusão é: O crescimento espiritual e a renovação da mente vêm quando


deixamos a verdade de Deus penetrar em cada parte do nosso pensamento. A palavra
diz: "transformai-vos pela renovação da vossa mente..." (Romanos 12.2) e "e vos renovar
no Espírito da vossa mente" (Efésios 4.23). Ser renovados no Espírito da nossa
mente é um imperativo. Essa renovação vem quando permitimos a verdade de Deus
permear cada área do nosso ser. "Lavrai o campo de pousio" (Oséias 10.12). Quando
isso acontece, não somente nossa forma de pensamento é alterada, mas, acima de tudo,
nossas atitudes passam a se conformar com os princípios divinos que agora dominam
nosso sistema de pensamento, extraído da própria Palavra de Deus.

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Capítulo 02: A TERRA DA VONTADE

A vontade do homem é a essência do que ele é. Escolhas são feitas que determinam
sua vida diária e seu destino eterno. O Criador deu ao homem uma vontade livre e nunca
coage, força ou controla. A vontade é o que fica entre o bem e o mal, aquela parte do
homem que quando ligada à vontade de Deus, traz uma união que gera uma harmonia
entre a criatura e o Criador e liberta o poder de Deus e completa salvação. A vontade do
homem é tão sagrada que Deus respeita a sua decisão.

O Potencial Da Vontade
A vontade do homem é o seu órgão de decisão. "Nossa emoção expressa como
sentimentos, nossa mente dizemos o que pensamos, nossa vontade comunica o que
queremos" (Watchman Nee).

Dissemos que a terra por dentro deve ser conquistada, isto é, a terra da mente, da
vontade, das emoções e do corpo. Qualquer área a ser tratada envolve o uso da vontade.
Nossas decisões determinarão onde passaremos a eternidade e que tipo de pessoas
seremos na terra. Logo, é de suma importância a conquista da vontade, para que ela
seja um instrumento de Deus e não do mal em nossa vida, permitindo-nos usar esse
órgão de decisão para nosso próprio bem.

Deus criou o homem com capacidade para tomar decisões. Podemos fazer nossas
escolhas. Por causa da imagem de Deus no homem, ele possui o que chamamos de
"livre arbítrio", isto é, a capacidade de tomar decisões. Daí porque a estratégia de
Satanás contra ele consiste em trazer prisões à mente e enfraquecer a vontade, para
que ela não seja usada em todo o seu potencial.

Deus deu ao homem uma vontade livre. Se a vontade de alguém se torna prisioneira,
é por causa da sua própria atitude de não lançar mão dela. Ainda assim é possível ao
homem mudar de rumo, escolhendo o caminho da liberdade que lhe é oferecido em
Cristo.

Cada um de nós está usufruindo as conseqüências de nossas próprias escolhas. E a


maior tragédia é lançar mão de um privilégio divino, como o da escolha, para nossa
destruição.

O homem permanece no pecado pelo uso de sua vontade livre. Ninguém pode eximir-se
da culpa de viver contrário a Deus. O homem tem uma tendência herdada de nossos
primeiros pais, de responsabilizar outros, ou as circunstâncias, pelas suas escolhas, mas
isso é irreal. O homem é livre para escolher e, portanto, responsável.

A vontade do homem é seu “eu” real. Ela está na origem de todas as escolhas e
decisões. De fato a vontade revela o caráter do próprio homem. É impossível separá-lo
dela, pois ela é a expressão dele mesmo. Não existe qualquer área em sua vida que não
seja por ela afetada. Vale a pena, portanto, investir em sua restauração, para que ela se
harmonize com o propósito divino para o qual ela foi dada.

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A Vida Espiritual Começa Com Uma Escolha

Jesus declarou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a
minha vontade, mas a tua" (Lucas 22.4). Jesus tinha vontade? Tinha. Qual era? Fazer
a vontade do Pai. Aqui Ele não revela ausência de vontade própria, mas a disposição de
abrir mão da Sua própria a favor da vontade do Pai, reconhecendo-a como a melhor para
a Sua vida. Conquistar a vontade é alcançar a plena liberdade para rejeitar o mal e seguir
o bem, a verdade, o caminho proposto pelo Pai.

Entregamo-nos a Jesus por uma escolha. Nossa entrada no caminho da salvação passa
por uma escolha, uma tomada de decisão. Vivemos na Sua presença e O servimos por
uma escolha. É verdade que Deus é quem toma a iniciativa de nos buscar, mas somos
nós que respondemos, escolhendo aceitar ou rejeitar Sua oferta de amor.

Quando ouvimos o Evangelho, este entrou pelos nossos ouvidos, nossa mente o
entendeu, nossos sentimentos foram despertados, desceu ao nosso Espírito e a vontade
disse sim. Por causa dessa escolha Deus nos tornou livres. E Sua vontade é que todo o
potencial do que Ele nos deu seja plenamente usado para nosso bem e Sua glória.

A vontade de Deus deve-se tornar o alvo da nossa vida, e não o “eu”. Todo o desejo
e propósito de um Pai que nos ama tanto a ponto de nos enviar o que de mais precioso
tinha, Seu Filho Amado, Jesus Cristo, é o melhor, é para o nosso bem. Abraçar Sua
vontade como nosso alvo supremo, é fazer a nós mesmos o maior bem da vida. O que
é o arrependimento, senão o abandono da vida centralizada no eu, a favor da vontade
do Criador e Pai?

A vida espiritual é mais do que emoções e intelecto. Deus quer a salvação da nossa
vontade. Isso quer dizer que estaremos em condições de analisar dois caminhos,
reconhecer qual é o melhor e poder decidir a favor deste. A vontade salva, ou restaurada,
ou ainda conquistada, é aquela que é livre para escolher e seguir firmemente o caminho
de Deus.

A Vontade Do Homem Unida À Vontade De Deus


A união com Deus implica em harmonia. Essa harmonia envolve uma identidade na
visão, princípios e vontade. Quando a vontade do homem se une à de Deus, a
conseqüência natural é a obediência. Um só coração com Deus. Ele logo se torna o
supremo bem da nossa vida, nosso amor maior.

Desobediência significa simplesmente rejeitar a vontade divina e seguir a sua própria.


Para seguir-se o caminho de Deus, tem que desistir de suas próprias obras.

Da união com Deus brota um único coração. Haverá uma harmonia entre a vontade
do homem e a de Deus. Falhar em se tornar "um coração" com Deus, traz fracasso,
como no caso da esposa de Ló e de Balaão. Aquela terminou transformada em uma
estátua de sal e este, destruído pela espada.

Vale a pena aqui ressaltar um grande princípio: "Não faça provisão para o ‘eu’”. Ele é
cruel e não se dá por satisfeito. Terá que encontrar o caminho da cruz, como disse o
Mestre: "E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim"
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(Mateus 10.38). Tomar a cruz é desistir de si mesmo, abrir mão da sua independência e
da vontade pecaminosa, rendendo-a incondicionalmente a Deus. Isso não quer dizer um
aniquilar da vontade, mas uma rendição voluntária e consciente. "Não mais eu, mas
Cristo vive em mim" (Gálatas 2.20).

A Vontade Se Torna Um Censor Para Todos Os Pensamentos Do


Subconsciente
Nosso subconsciente é um reservatório de experiências passadas. Não acontece que
muitas vezes coisas do passado aparecem nos sonhos? Estão lá dentro,
inconscientemente nos afetando. Qual a estratégia inimiga? Ele usa aquilo que está
armazenado no porão do subconsciente, na nossa alma, para nos combater. É daí que
vêm as imagens do passado, que machucam, ferem, entristecem, produzem suores frios,
palpitações, depressões e toda sorte de sofrimento emocional, mental, físico, e espiritual.

Quando o inimigo usa o subconsciente para projetar pensamentos em nossa


mente consciente, estamos diante de uma guerra declarada contra nós. É aqui que
entra o uso de uma vontade restaurada. A vontade terá que resistir e pôr fora de ação
esses pensamentos, cujo propósito é minar nossa resistência e afastar-nos da
comunhão com Deus.

Quando a vontade cessa de resistir a Satanás em alguma área, ele assume o


controle da mesma. Se a vontade não se posiciona contra esses intrusos, eles se
instalam na mente e produzem seu fruto daninho. Mas há que resistir sempre. A Bíblia
nos adverte que o diabo anda à volta, a busca de uma brecha.

Uma das maneiras práticas de usar a vontade nesse tipo de batalha é orar e ler em voz
alta. Ao perceber uma interferência, tome logo uma decisão, aja. A vitória não é
necessariamente daqueles que não caem, mas dos que se recusam a permanecer no
chão.

Satanás não terá condições de destruir o servo de Deus que aprende a lançar mão da
sua vontade para seguir o caminho proposto por Deus. Deus nos chama a ingressar no
exército dos últimos dias, que trava uma batalha ferrenha. Ele quer nos treinar para que
na luta não sejamos destruídos, mas vitoriosos.

A renovação da mente traz força à vontade e liberta do jugo. É assim que se torna
impossível uma vontade restaurada sem o saudável hábito da renovação da mente,
levando-a a se conformar com os princípios expressos na Palavra de Deus. É através
dessa renovação que nos conscientizamos do que somos e temos em Cristo, bem como
das estratégias inimigas e o modo de vencê-las.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 23


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A PRISÃO DA VONTADE

A vontade tem toda a possibilidade de se tornar prisioneira, como acontece com a mente
ou qualquer outra área da nossa vida. O homem que não conhece a Deus já vive sob o
domínio do pecado e no reino das trevas, ainda que não seja consciente do fato. Agora,
porém, estamos falando do cristão, daquele que já teve uma experiência com Cristo.

A Vontade Do Homem é Levada à Prisão Pelo Engano


A mentira ou engano á a estratégia mais comum usada pelo inimigo para tornar o filho
de Deus prisioneiro em alguma área de sua vida. Esse engano é instilado dentro dos
seus próprios conceitos da Palavra de Deus. O objetivo final é impedir a ação, o uso da
vontade, uma tomada de posição. Assim como Satanás estabelece uma estratégia para
a passividade da mente, o faz em relação à vontade e toda a personalidade do homem,
para tornar mais fácil o seu controle. Analisemos alguns exemplos de como uma verdade
bíblica pode ser torcida e provocar a prisão da própria vontade.

1. "Cristo vive em mim" (Gálatas 2.20)


Conceito errado: Eu não vivo de modo algum. Se não vivo, não tenho que fazer uso da
minha vontade.

Conceito correto: Eu vivo pela fé no Filho de Deus. Não deixo de viver; o modo de viver
é que é diferente, não mais de acordo com um "eu" insubmisso, mas em união com
Cristo, meu Senhor, a quem racional, consciente e livremente me entrego.

Princípio: Deus não requer a auto- aniquilação para que Sua vida se manifeste.

2. "Eu estou crucificado com Cristo" (Gálatas 2.20).


Conceito errado: Estou morto e devo praticar a morte. Não tenho mais vontade.

Conceito correto: Morri com Cristo, mas ressuscitei com Ele para viver. Não ando em
morte, mas na vida ressurreta de Jesus.

Princípio: O propósito de Deus para o crente não é a morte e sim a vida. Houve uma
morte para o pecado, mas hoje há uma completa novidade de vida.

3. "Em tudo dai graças" (I Tessalonicenses 5.18).


Conceito errado: Aceitarei todas as circunstâncias como sendo a vontade de Deus.

Conceito correto: Eu me submeterei a Deus em todas as circunstâncias, porque no


meio de todas elas Ele me dará vitória.

Princípio: Submissão a Deus e resistência ao mal devem caminhar juntos (Tiago 4.7).

4. "Quando estou fraco, então é que sou forte" (II Coríntios 12.10)

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Conceito errado: Desejo ser fraco, para que possa ser forte.

Conceito correto: O crente não escolhe a fraqueza; o crente fraco será fortalecido por
Deus. No meio das lutas ele encontra em Deus a sua força.

Princípio: Deus é suficiente em qualquer estado em que possamos nos encontrar.

5. "Seja feita a Tua vontade"

Conceito errado: Deus escolhe por mim; eu não tenho que escolher.
Conceito correto: Eu tenho vontade, mas confronto a minha com a de Deus e decido
escolher fazer a Sua vontade. Em outras palavras, faço a vontade de Deus no exercício
da minha própria vontade.

Princípio: Deus nunca substitui Sua vontade pela do homem. Ele apela à decisão deste.

O PERIGO DA PASSIVIDADE DA VONTADE

Toda obra demoníaca na vida do homem obedece a um processo que se agrava com o
passar do tempo, caso algo não seja feito para detê-la e erradicá-la. A passividade faz
parte do processo. A pessoa deixa de ser ativa no uso de sua vontade. Se ela não usa
sua vontade, suas ações serão determinadas por outras fontes.

Deus não pode usar o crente de vontade passiva, porque ele não está mais funcionando
e Deus não força ninguém a agir. Ele apela a uma decisão livre da vontade. Ele convida,
o homem responde; Ele pede, o homem entrega; Ele dá, o homem recebe. Tudo implica
no uso da vontade e no tomar de uma decisão consciente.

Princípios Básicos De Distinção


Ao estudarmos a Bíblia vemos as características individuais de cada escritor. Todos eles
foram inspirados pelo Espírito Santo de Deus, ainda assim cada um deixou as marcas
da sua personalidade. Basta lermos os evangelhos, que narram a vida de Jesus, e logo
veremos o cuidado de Mateus em respaldar com o Velho Testamento as revelações do
que ele estava escrevendo; o estilo mais seco e irreverente de Pedro, no Evangelho de
Marcos; a mente treinada e organizada de Lucas, acompanhada de uma maior
reverência ao relatar os fatos. Em João está presente a mescla de si mesmo com o
Mestre, de modo que às vezes passa quase despercebido onde terminam as palavras
de Jesus e onde começa seu próprio comentário. Cada um com características próprias,
mas todos usados por Deus, preservando-lhes a identidade.

Nos demais escritores está igualmente essa distinção. Há um Jonas teimoso, a quem
Deus não força, mas convence; um Jeremias chorão que luta com sua própria vontade,
mas termina dizendo: "Persuadiste-me, Senhor, e eu persuadido fiquei" (Jeremias
20.7); um Paulo de vontade férrea, e ainda assim submisso a Deus, portador de uma
personalidade multifacetária, mas de coração totalmente inclinado ao Pai. Há um
Barnabé tolerante e paciente, contrastando com a firmeza e intransigência de Paulo no
incidente com Marcos.

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Deus quer hoje um exército de homens e mulheres de vontade firme, determinada, que
não se deixa andar ao sabor das ondas de pressões das circunstâncias, mas sabe o que
quer e persegue o alvo com uma determinação que não vacila.

SINTOMAS DA PASSIVIDADE DA VONTADE

Inércia Ou Indolência Na Vontade


Essa inércia é caracterizada pela incapacidade de dominar uma situação. A vida é
movida por muita confusão, grandes obstáculos. O momento exige uma tomada de
posição, mas a pessoa protela para uma manhã que nunca chega. Tem dificuldade em
decidir.

Inconstância: Muitas Tarefas Inacabadas


A inconstância é a ausência de continuidade. Você começa um projeto e o interrompe
no meio, se é que não fica de lado logo no início. Começa uma coisa, larga-a pelo
caminho; começa outra, deixa-a para trás; a estrada está cheia de construções
inacabadas. Um dia você quer uma coisa, no dia seguinte quer outra. Em suma, não
sabe o que quer e não termina o que começa.

Incapacidade De Concentração Da Mente


Não exerce domínio sobre os pensamentos. Isso revela uma vontade passiva, porque
não há uma decisão firme de se concentrar. A vontade tem poder de ordenar à mente:
"concentra-te!"

Inércia Física, Ações Mecânicas


A passividade da vontade pode-se revelar até no corpo. A pessoa é dominada por uma
inapetência física, agindo mecanicamente, em resposta a estímulos externos e não a
decisão da sua vontade. Essa atitude favorece grandemente a permanência da
depressão.

Incapacidade De Tomar Decisões Ou Iniciativa


As pessoas querem que se tome as decisões por elas, até nas pequenas coisas, como
o que comprar, o que comer, o que vestir, onde ir, e assim por diante. Quando deixamos
que outros tomem as decisões que nos dizem respeito, estamos fugindo da
responsabilidade das conseqüências de tais decisões. Deus, porém, estabeleceu o
princípio pela qual o homem é livre para escolher e é responsável pelas conseqüências
de suas próprias escolhas, tanto boas quanto más.

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LIBERTAÇÃO DA VONTADE

Não existe prisão que não possa ser quebrada, quando nos expomos às verdades da
Palavra de Deus. Vejamos alguns passos para que a libertação seja efetivada.

Exposição Do Engano Pelo Recebimento Da Verdade


O engano é decretado pelo confronto com a verdade, Só o conhecimento desta pode
levar à libertação da passividade da vontade. A liberdade sem esse conhecimento é
absolutamente impossível. Jesus declarou taxativamente: "Conhecereis a verdade e a
verdade vos libertará" (João 8.32).

Disponha-se a saber a verdade sobre si mesmo. Admita que o crente é suscetível ao


engano. Se alguém se esconde atrás da capa de invulnerabilidade, jamais terá chance
de progresso ou de libertação. Somos todos suscetíveis ao engano e por isso precisamos
adotar uma posição de humildade e coragem de enfrentar os problemas de frente,
dispostos a saber a verdade sobre nós mesmos, para que algo seja feito para o devido
conserto.

Uma das maneiras de conhecer-se a verdade sobre si mesmo, é analisar as observações


e críticas daqueles que são mais chegados. Provavelmente haverá algo de verdade e
que merece ser considerado.

A Quebra Da Passividade Pela Ativação Da Vontade


A vontade é ativada respondendo-se à vontade de Deus. Cada vez que você toma
conhecimento de algo que agrada a Deus e decide fazê-lo, está ativando sua vontade.
Um modo prático de fazer isto é ler a Bíblia e marcar as ordens e princípios encontrados
na leitura, e depois praticar aquilo que está escrito. Por exemplo, a Bíblia diz: "bendizei
os que vos perseguem" (Mateus 5.44). Tomando conhecimento disso, você faz uma
lista daqueles que o perseguem, e passa a abençoá-los.

A vontade energizada pela fé. A fé sempre ativa. É pela obediência, pela ação, pela
resposta, que a fé se manifesta. Quando você está andando em fé, está ativando a
vontade, pois não há nada na fé; ela sempre exige uma ação.

A vontade é fortalecida pela verdade. Quanto mais você se expõe à verdade, tanto
mais é fortalecido em sua vontade, pois, sabendo qual é a verdade acerca de
determinada coisa, conseqüentemente o engano é erradicado naquela área, e isso leva
à tomada de decisões.

O poder do Espírito Santo em nosso Espírito é a força que pode expulsar as


prisões da vontade. Reconheça cada uma e volte sua vontade contra elas, até a vitória
total, com a força do Espírito que está à sua disposição.

O Exercício Da Vontade Pela Tomada De Decisões

A pessoa passiva não age por vontade própria. A libertação desse cativeiro passa
por uma deliberação da vontade. Firme-se, portanto, em suas decisões e rompa com

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a inconstância. Você tem tido dificuldades nessa área? Comece com pequenos alvos
para a semana. Decida fazer algo que não costuma fazer e vá até ao fim. Pode ser a
leitura de um livro. Comece com um pequeno e vá estabelecendo alvos maiores, à
medida que se atém ao que se decidiu.

Esteja disposto a tomar decisões erradas. Esta afirmação até parece estranha, mas
é indispensável à vitória. Quem não entra em campo por medo de errar, nunca sai da
posição de expectador passivo. Nada faz. Não permita que o inimigo use um erro seu
para destruir sua vida. Podemos errar, pois ainda não alcançamos a perfeição, mas do
erro aprendemos e na próxima oportunidade já não cometeremos a mesma falta. O risco
de se cometer erros não deve ser obstáculos à tomada de decisões na vida.

Aceite a responsabilidade de tomar decisões. Há muitos que temem tomar decisões,


por medo das conseqüências. Não seja assim com você. É verdade que a decisão traz
responsabilidade, mas Deus dotou o homem não só do poder de decidir, mas também
da responsabilidade. O homem é responsável pelo que escolhe.

Pare de ser guiado por circunstâncias. Não seja movido pelos ventos que sopram de um
lado ou de outro. Muitos preferem ser guiados por circunstâncias a fazer uma escolha,
mas isso torna os grilhões sobre a vontade mais cruéis e destruidores. A passividade
sugere que Deus está tomando todas as decisões para a pessoa, mas a realidade é que
ela está sendo levada ao sabor de forças que fogem ao seu controle.

A Vontade Tem Uma Batalha A Ser Travada: "Resistir Ao Diabo"


(Tiago 4.7b)

Oponha-se ao domínio do inimigo. Resista-o com determinação. Enquanto você não


se levantar em seu homem interior, dominado por um Espírito de resistência e
perseverança, a passividade continuará instalada e o domínio inimigo estabelecido.
Rebele-se agora contra toda a prisão da alma.

Recupere todo o terreno perdido. Se o diabo ocupou alguma área da sua vida, não se
dê por vencido. Cristo e todos os Seus recursos da graça estão à sua disposição para
vencer. Recupere a área sob domínio inimigo e determine vencer cada nova investida.
Em Cristo, "mais que vencedor!"

Trabalhe ativamente com Deus para o uso de cada parte de sua personalidade.
Desenvolva pensamentos sadios, emoções santas e decisões certas. Deus está
trabalhando em você, pela operação do Seu doce Espírito e Sua maravilhosa Palavra.
Use o potencial que Deus lhe deu e deixe sua personalidade desabrochar como a flor
sob a luz do Seu olhar, e a semelhança do Senhor Jesus começará a se manifestar em
sua vida.

No estágio inicial do combate, os sintomas parecerão tornar-se piores do que antes. É


como se quanto mais se luta, menos força se tem. Apesar, porém, desse sentimento de
piora, na realidade há uma melhora. A vitória está diante de você, se persistir em seguir
o caminho proposto por Deus.

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A Vontade No Controle Do Espírito, Mente e Corpo, Garante


Liberdade
Uma vontade rendida a Deus é de grande valor, pois ela exercerá domínio sobre todas
as áreas da personalidade e da vida, em perfeita harmonia com Deus.

O Espírito precisa do controle da vontade. "Como a cidade derribada, que não tem
muros, assim é o homem que não pode conter o seu Espírito" (Provérbios 25.28).

A mente precisa estar sujeita à vontade. "Derribando raciocínios e todo baluarte


que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento
à obediência de Cristo" (II Coríntios 10.5).

O corpo deve ser instrumento e servo do homem. "Antes subjugo o meu corpo e
o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha
a ficar reprovado" (I Coríntios 9.27).

Uma Vontade Ativa é Necessária Para Manter a Libertação


É por essa razão que a estratégia do inimigo contra a vontade é a passividade. A pessoa
se torna complacente e indefesa. A ordem do Senhor, porém, é: "Possuí a terra!"
Haverá momentos de verdadeiro conflito e dor, porque onde há conquista, há luta.
Quando alguém se dispõe a reconquistar território perdido, as forças invisíveis das
trevas, que mantinham suas garras nas áreas que estão sendo conquistadas, tentarão
agarrar-se ao território uma vez possuído, mas com firmeza na luta, sabendo que os
poderes do céu estão do nosso lado, a vitória é uma realidade.

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Capítulo 03: A TERRA DAS EMOÇÕES

A primeira intenção de Satanás é ferir cada pessoa que nasce neste mundo. Esse
propósito se torna mais evidente quando se vê que as feridas lhes dão um instrumento
de destruição de vidas. De fato, sua estratégia começa ainda no ventre materno. E não
será pela psicologia ou psiquiatria que a personalidade do homem será restaurada.
Poderá haver algum alívio, mas mudança permanente e harmonia real, só Deus pode
dar ao homem. Ele o criou e o conhece bem, podendo imediatamente localizar a causa
dos problemas e aplicar-lhes o remédio sarador.

Queremos logo declarar que o Espírito Santo no cristão, esse Assistente, Consolador,
Guia e Mestre, se nos abrirmos a Ele e à Palavra de Deus, irá revelar a causa do nosso
comportamento. Portanto, temos que buscar a Deus e Sua Palavra; temos que depender
do Espírito Santo para efetuar a cura da nossa alma. Coloque, pois, isto em seu Espírito:
Todos os problemas têm uma origem espiritual e há recursos em Deus para a sua
solução. Se Satanás planejou ferir todos os homens, saiba que Cristo, que é o mesmo
ontem, hoje e o será eternamente, veio "por em liberdade os feridos" (Lucas 4.18).

Se ainda no ventre materno são criadas circunstâncias que afetam o desenvolvimento


sadio das emoções, o problema no nascimento e infância se agrava ainda mais. O medo,
a insegurança, a amargura, a rejeição, são evidências dessa obra. E a opressão do
inimigo permanece até que ela seja revelada e desfeita.

Há muitas almas prisioneiras no Corpo de Cristo, não só no mundo lá fora, mas também
dentro da própria Igreja. As feridas conservam o corpo dividido. O propósito da cura
interior é que o corpo de Cristo seja sarado. Quando o corpo está junto, a vida do Cabeça
fluirá através de cada membro.

AS FERIDAS PRODUZIDAS POR SATANÁS


Nós somos o produto de todas as experiências de nossa vida. É verdade que
quando nascemos, trazemos os traços hereditários, mas são as diversas experiências,
especialmente no início da vida, que vão formar o caráter. Satanás aproveita-se de cada
experiência negativa para impedir o crescimento emocional, a fim de que a pessoa não
atinja o potencial projetado por Deus para o ser humano. Aí está a razão porque crianças
inocentes são o primeiro alvo para as feridas de Satanás, a fim de distorcer a sua
personalidade.

O que é a personalidade? Aquilo que a pessoa é. O que faz de um ser vivo uma
pessoa? Sua capacidade de pensar, de sentir e de decidir. Em outras palavras, ele tem
uma mente que pensa, raciocina, reflete, analisa; tem emoções e pode sentir alegria,
amor, paz, tristeza, saudade; tem vontade e pode escolher, decidir. A personalidade,
portanto, é o mundo dos pensamentos, dos sentimentos e das decisões. Deus é uma
pessoa e possui todos esses poderes em além. Ele criou o homem "conforme a Sua
imagem e semelhança" (Gênesis 1.26).

Quando alguém é ferido nas suas emoções, pára de crescer. Pode crescer fisicamente,
mas o crescimento físico não revela a maturidade emocional. Nossas reações diante
do presente são determinadas pelas experiências do passado. Se analisarmos o

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que há por trás de cada reação de agressividade, medo, fuga, passividade, isolamento,
desconfiança, insegurança, amargura, timidez, ausência de perdão, depressão e coisas
afins, descobriremos a existência de profundas feridas na alma, infligidas no passado,
particularmente na área das emoções. Por que a pessoa se sente machucada com
qualquer atitude? Rejeições passadas.

Nossa percepção do tempo presente pode ser distorcida pelas mágoas do


passado. Quando isso acontece, a avaliação das circunstâncias e das pessoas que nos
cercam é distorcida. Atrás de um temperamento que se fere com qualquer coisa, está
um passado marcado por feridas emocionais.

A incapacidade de reagir normalmente às situações do presente revela prisão ao


passado. E isso vai se manifestar em todos os relacionamentos e situações. Glória a
Deus que há provisão em Cristo para quebrar todas as cadeias e lançar a alma em plena
liberdade. Vejamos o que Ele diz: "... Enviou-me a curar os quebrantados de
coração..." (Isaías 61.1) "Para pôr em liberdade os oprimidos..." (Lucas 4.18). E
quando nossa alma está restaurada, liberta das prisões passadas, nenhum problema
terá o poder de nos abater.

O Propósito De Satanás é Ferir


Foi profetizado no princípio que Satanás feriria a descendência da mulher. Isto tem uma
referência primária a Jesus, mas, por extensão, a todos os nascidos de mulher. "Porei
inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este
te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gênesis 3.15).

Jó experimentou as feridas de Satanás. Lendo o relato da Bíblia sobre as provas


porque Jó passou, vemos a crueldade inimiga, que se compraz em esmagar a alma
humana. Quando Deus fez um elogio ao seu servo, Satanás acusou-o de insinceridade
e motivos egoístas ocultos. Deus permitiu-lhe tocar nos bens e na saúde de Jó. Ele,
então, foi abatido, mal compreendido pelos amigos e, aparentemente maltratado por
Deus. Satanás só deixou a esposa, que se tornou seu instrumento de mais ferida,
dizendo: "amaldiçoa o teu Deus e morre!" e os amigos que, igualmente, serviram de
instrumento de calúnia e acusação.

Em tudo isto está o retrato dos projetos infames de Satanás para esmagar a alma
humana. Ele tem prazer em ferir, quebrar, esmagar, espezinhar, oprimir, diminuir, acusar.
Mas, louvado seja Deus, porque a história de Jó também revela que o homem crente se
levantará do pó e, mesmo em meio a toda prova, dirá em confiança: "Eu sei que o meu
Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu
corpo da minha pele, em minha carne, verei a Deus" (Jó 19.25,26 SSB). Além disso,
crescerá no meio da luta, e poderá também dizer: "Eu te conhecia só de ouvir, mas
agora os meus olhos Te vêem" (Jó 42.5 SSB). E no fim do capítulo, a mais espetacular
vitória: "O Senhor virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e
o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía" (Jó 42.10).

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Jesus Foi Ferido

"...Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das
nossas iniqüidades..." (Isaías 53.5). "...Ao Senhor agradou moê-lo..." (Isaías 53.5b).
O diabo feriu, mas a ferida de Jesus se tornou o nosso instrumento de cura. Todo o
sofrimento de Jesus na cruz do Calvário foi como nosso substituto, a fim de quebrar o
domínio de Satanás sobre nossas vidas e comprar-nos uma eterna redenção, que é
extensiva a todas as áreas do nosso ser. Isso em direito legal quer dizer que, se Jesus
foi o nosso substituto, não temos direito de sofrer o que Ele já sofreu em nosso lugar.
Vejamos o que aconteceu com Ele:

Traído por um amigo íntimo, seu tesoureiro, um discípulo escolhido. "O que mete
comigo a mão no prato, esse me trairá" (Mateus 26.23). Você foi traído? Jesus o foi
em seu lugar e sabe o que isso significa e estende Suas mãos marcadas para lhe trazer
a cura. Ele está com você no meio da traição e lhe curará as feridas.

Jesus foi Rejeitado. Isaías declara: "Era desprezado, e rejeitado dos homens;
homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os
homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos Dele caso algum"
(Isaías 53.3). João disse que "Ele veio para o que era Seu e os seus não O
receberam" (João 1.11). Até sua família O rejeitou. Seus irmãos disseram que Ele
estava louco (João 7.1-5; Marcos 3.21).

Jesus foi acusado. Uma das acusações era que Ele era um mensageiro de Satanás:
"Mas os fariseus, ouvindo isso, disseram: Este não expulsa os demônios senão
por Belzebu, príncipe dos demônios" (Mateus 12.24). Se você está sofrendo
acusação ou mesmo o seu ministério, saiba que antes que isso acontecesse, acusaram
Jesus e o Seu ministério. Ele sabe o que é ser acusado injusta e caluniosamente e pode
trazer-lhe alívio.

Jesus foi odiado. Na sua condenação à morte vemos o ódio nas autoridades e na voz
do próprio povo: "é réu de morte!" "Mata-O!" "Crucifica-o!" "Fora com este!" Você
foi vítima de um ódio feroz? Alguém querido teve sua vida ceifada por causa dele? Jesus
sabe o que é isto e pode agora dar-lhe vitória.

Jesus foi esquecido, abandonado. Na hora extrema, julgado e crucificado, muitos


seguidores desapareceram e os próprios discípulos fugiram, deixando-O a enfrentar Seu
sofrimento sem o conforto de sua presença amiga e companheira. Apenas um dos doze
estava ao pé da cruz, juntamente com as mulheres. As desprezadas e rejeitadas
mulheres foram as que não se ausentaram e foram testemunhas do seu sofrimento,
morte, sepultura e, como recompensa, da Sua ressurreição, tendo sido as primeiras a
ver o Cristo ressurreto e ouvir-Lhe a doce voz.

Jesus foi rejeitado, acusado, odiado, esquecido, abandonado. Sofreu todo tipo de ferida
na alma, antes que nós fôssemos atingidos. Ele sabe o que é ser rejeitado, ele sabe o
que é ser ferido. Ele conhece o que você está enfrentando. Ele pode dizer: "Eu sei
exatamente o que você está passando, porque eu já passei pela mesma coisa. Eu sei
como você se sente. Por isso Eu posso sarar o seu coração, e você pode dizer: "O
castigo que me traz a paz estava sobre Ele e pelas suas feridas eu sou sarado"
(Isaías 53.5).

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Satanás Sabe Como Aleijar Uma Pessoa, Ferindo-a

As crianças inocentes são seu primeiro alvo: Uma criança não tem condições de
analisar as circunstâncias. Ela se torna uma vítima indefesa e, por esta razão, um alvo
para ataques inimigos.

As feridas podem se formar antes mesmo do nascimento. Os filhos ilegítimos


inevitavelmente são feridos. Uma criança que cresce sem saber quem é o pai, está
marcada para o resto da vida. Leva em sua alma uma profunda ferida e crescerá com
muitas carências emocionais. Uma criança que sofreu a tentativa de um aborto passa
por um trauma que aleija sua personalidade.

Há quem julgue que a criança nada percebe, mas isso é um engano. Em muitas
civilizações, mesmo pagãs, as mulheres grávidas são protegidas para que não sejam
vítimas de emoções fortes e choques que poderiam afetar o feto no ventre materno. Hoje
sabemos que tudo quanto ocorre durante a gestação, tem reflexo sobre a criança. As
tensões entre o casal, morte, separação, divórcio, maus tratos, rejeição da gravidez, tudo
afeta a saúde emocional do bebê.

A infância é afetada através de pais cruéis, abusos físicos e sexuais e castigos


desumanos. Quando olhamos para as crianças de rua, marginalizadas, no vício, no
roubo e até mesmo no crime, estamos apenas diante dos resultados dessas feridas.
Satanás se aproveita delas e as brutaliza, aleija sua personalidade e domina-as por
completo.

A rejeição também pode vir na infância, quando há a presença de muitos filhos. A criança
pode se sentir isolada, preterida, e vai crescendo com feridas, pois ela não consegue
analisar a situação e entender a falta do amor, carinho e atenção de que ela precisa para
um desenvolvimento sadio.

Uma terrível conseqüência das feridas através dos pais é que transferimos para Deus a
imagem dos relacionamentos terrenos, tornando-se difícil, portanto, um relacionamento
correto com o Pai celestial. Se houve um pai cruel, essa é a imagem que a criança
terminará transferindo para Deus. Se não houve a presença de um pai, se o pai a
abandonou, será difícil um relacionamento com Deus como Pai, mesmo na idade adulta.
Poderá até ver a Deus como Senhor, mas para vê-Lo como um Pai de amor, só mediante
uma cura dessas feridas passadas.

Temos uma boa notícia: você não tem que transferir para Deus a imagem dos seus pais.
O Espírito de Deus lhe dará verdadeira revelação do Pai e você poderá chegar diante
Dele e dizer: "Aba! Paizinho!" e terá um relacionamento restaurador de todo o seu ser.

Os filhos de Deus são os primeiros visados por Satanás. No momento em que


alguém nasce de novo, a primeira coisa que recebe de outros é rejeição, ferida. As
críticas ferinas entram logo em ação, em casa, na escola ou no trabalho. São táticas
satânicas para trazerem a calúnia, o desprezo, o ódio, a mágoa, a rejeição, com o fim de
levar a pessoa a desistir de seguir a Jesus. Se não consegue, fará tudo para machucar.

Alguém está sendo poderosamente usado por Deus em alguma área de ministério, e
logo as investidas se fazem sentir, trazendo calúnia, crítica, rejeição através até de
colegas, amigos e colaboradores. Quando os golpes são bem sucedidos, o ministério
pode até ser destruído por mentiras e divisões.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 33


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Aí está a estratégia de Satanás: ferir, ferir, ferir. Ele aleija através da incompreensão,
falsa acusação, rejeição e medo. Mas existe uma posição em Deus em que nenhuma
das suas investidas terá mais poder de nos ferir e nos destruir. As setas poderão vir, mas
não faltará a água da Palavra para apagar esses dardos inflamados do maligno, e nós
não seremos abatidos, nem destruídos, nem espezinhados.

Diante de tudo isso poderá dizer: Como posso não ser atingido? Até Jesus sofreu
agonias da alma e disse: "Minha alma está abatida até a morte!" Sim, mas Ele levou
sobre Si todas as nossas feridas, para que não tenhamos que levá-las outra vez. "Pelas
Suas feridas somos sarados!".

A PRISÃO DAS MÁGOAS

Vimos que todos os homens serão alvo das feridas de Satanás. As feridas, se não forem
tratadas, degeneram-se em mágoas. Atrás, portanto, das feridas, se esconde um plano
maquiavélico: tornar-nos prisioneiros da mágoa. No entanto, se Cristo nos libertou pelo
poder da Sua morte, sepultura e ressurreição, não nos deixaremos ser prisioneiros de
nada nem ninguém.

A recomendação da Palavra de Deus é: "Deixemos todo embaraço e o pecado que


tão de perto nos rodeia..." (Hebreus 12.1). O autor de Hebreus está usando a figura
de uma corrida. No capítulo onze ele mostra uma galeria de heróis que correram e
venceram e agora torcem pelos que estão no campo, para que também vençam.

As Feridas Prendem
O que as aceita, torna-se prisioneiro. Primeiro, prisioneiro da pessoa que o feriu. Se
você está magoado com alguém, tornou-se seu escravo. Você o carrega atrelado à sua
mente e sentimentos o tempo todo. Vai para a cama, dorme anda com ele, não se aparta
dele em momento algum, e por isso é atormentado por um companheiro indesejado.
Solte-o! Quando você o libera, a primeira pessoa a ser liberada é você mesmo.

Em segundo lugar, prisioneiro da amargura da ferida. Os sentimentos são alimentados


com a mágoa. É como se você tomasse um prego enferrujado e começasse a mexer
uma ferida. O sangramento será cada vez maior.

Uma terceira prisão é a incapacidade de amar e ser amado. Hoje, há muitos lares
destruídos porque duas pessoas feridas e magoadas partiram para o casamento e
nenhuma delas tinha capacidade de amar.

O pecado nem sempre é a ocasião ou motivo imediato pelo qual Satanás ocupa
um lugar na vida de uma pessoa. As feridas podem se transformar nessa ocasião,
caso sejam aceitas e alimentadas.

Jesus veio libertar aqueles que estão feridos. Ele veio libertar aqueles que estão
presos por dentro. As prisões espirituais são quebradas por princípios espirituais, logo,
a completa liberdade está em Jesus.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 34


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O crescimento e o ministério cristão podem ser embaraçados pelos pesos e amarras das
feridas e mágoas. Os relacionamentos humanos também são prejudicados por elas. Não
existe maneira de passarmos pelo mundo sem que Satanás tente nos destruir. Portanto,
o que temos de fazer é aprender a lidar com a situação e sair vitoriosos diante de cada
nova investida.

FERIDA & AMARGURA


Vimos como satanás tem uma estratégia de ferir todos os homens. As feridas produzem
mágoas e estas, por sua vez, desencadeiam a amargura e problemas vários, que se
agravam cada vez mais. A amargura é o terreno propício para toda sorte de mal. O que
é a amargura? É um sentimento produzido pela ferida de mal estar, ressentimento e
mágoa. Esse sentimento dá lugar à quebra de comunhão e relacionamentos.

Como se alimenta uma ferida? Sempre que sua mente se detém em lembranças
desagradáveis, revivendo-as e valorizando-as ao extremo, você está abrindo o caminho
para que a ferida se degenere em amargura.

A palavra de Deus diz taxativamente: "Que ninguém seja faltoso, separando-se da


graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e,
por meio dela, muitos sejam contaminados" (Hebreus 12.15). A amargura é
apresentada aqui como uma raiz e que, portanto, vai se aprofundando, crescendo e
produzindo seu fruto, afetando todo o estado de alma com a perturbação e contaminação
dos circunstantes.

Note o que temos dito: Satanás nunca constrói nenhuma base em nenhuma área da
nossa vida, sem que primeiro conquiste para isto um direito legal. Ele vem me ferir.
Qual é o seu objetivo? Possuir-me. Compete a mim aplicar o perdão, a Palavra de Deus
e estar por cima da situação. Se eu recebo a ferida, e alimento a mágoa, vem a amargura.

A AMARGURA É O VENENO DA ALMA

A Amargura é Resultado De Feridas Emocionais


Em primeiro lugar, provenientes do relacionamento entre pais e filhos, como já visto.
A estratégia é usar os mais próximos de nós, porque quanto mais próximos, tanto mais
profundas as feridas. Se fosse apenas uma questão de estranhos nos machucarem,
seria mais fácil lidar com a situação. Os próprios pais, de quem não se pode separar, e
cuja memória é impossível de ser apagada, são os instrumentos mais eficazes dessas
feridas que provocam a amargura na alma.

Provenientes de relacionamento marido e mulher. Depois do relacionamento pais e


filhos, o mais próximo é entre os cônjuges. Atrás da maioria das paredes das casas do
mundo inteiro, ocorrem as mais diferentes cenas que deixam atrás de si um rastro de
dor, lágrimas, sofrimento e sentimentos amargurados. Graças a Deus por Jesus Cristo,
que nos proveu um grande livramento e nos conduzirá à glória eterna.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 35


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A Amargura Contamina Todo o Sistema Da Pessoa

Manifesta-se no que ela fala. A pessoa amargurada deixa extravasar em sua conversa
o que vai na alma. É por isso que ela se torna contagiosa, contaminando o ambiente que
lhe cerca.

A amargura manifesta-se ainda através de enfermidades físicas, tais como problemas


nervosos, insônia, dor de cabeça, esgotamento, artrite, pressão alta, palpitações,
taquicardia, úlceras, doenças de pele, e tantas outras. A maioria das enfermidades, hoje,
é de fundo emocional e revela a incapacidade das pessoas de lidarem com os problemas
da vida.

A Amargura Contamina Os Outros


A contaminação de outros acontece porque freqüentemente a amargura se manifesta
numa atitude crítica. A conversa do amargurado gira em torno de suas próprias feridas,
reais ou imaginarias, e o ambiente à sua volta se torna desagradável e provoca mal estar.
Hebreus 12.15, na Linguagem de Hoje, diz: "cuidado, para que ninguém se torne
como uma planta amarga que cresce e prejudica muita gente com o seu veneno."

A Amargura Constrói Paredes De Isolamento


Primeiro porque as pessoas se afastam, por não se sentirem bem. Se cada vez que a
pessoa fala, despeja um "rosário de amarguras" nos ouvidos dos que lhe cercam, estes
tenderão a evitá-la, e assim o amargurado traz sobre si um novo mal, o do isolamento,
pelo que sua dor se agrava ainda mais. O remédio não é buscar alguém em quem
descarregar nossas mágoas, mas ir a Jesus para sarar nossas feridas.

O amargurado também se isola, por medo de ser mais ferido. Quando alguém faz
declarações como: "Não confio em ninguém", "não creio em ninguém", "eu prefiro ter um
cachorro amigo do que um amigo cachorro," ele está refletindo as raízes de amargura,
que o levam a fechar-se em seu mundo. É uma forma de proteção. Há um medo e
desconfiança das pessoas.

O medo de que as feridas internas e fraquezas sejam reveladas, também estão por
trás do isolamento. Escondem-se atrás de uma máscara. Quem não tem o que esconder,
não teme o convívio das pessoas.

A solidão é outra forma de isolamento. A solidão não é marcada pelo número de


pessoas que está à nossa volta, mas é um estado da alma. Alguém pode se sentir só
em meio a uma multidão. Mas ninguém pode sentir-se só quando tem um relacionamento
sadio com Deus.

A Amargura Sempre Resulta Em Relacionamentos Quebrados

Quando alguém dá lugar à amargura, seu relacionamento com a família e os amigos


sofre constantes choques. Isso afasta dela as pessoas, e o diálogo é evitado, para não

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provocar maiores problemas. Quantas vezes isso resulta na separação definitiva entre
pais e filhos e entre marido e mulher. Uma atitude crítica para com os outros faz com que
o amargurado seja evitado. Há uma ordem muito clara na Palavra de Deus, que precisa
ser obedecida: "Exercitai a precaução e estai de sobreaviso para vigiar (um ao
outro), para que ninguém se aparte e falhe em reter a graça de Deus (seu favor
imerecido e benção espiritual), a fim de que nenhuma raiz de ressentimento
(rancor, amargura, ou ódio) brote e provoque problemas e amargo tormento, e
muitos sejam contaminados e manchados por ela" (Hebreus 12.15 - V.
Amplificada).

O MALEFÍCIO DOS RELACIONAMENTOS QUEBRADOS

O Relacionamento Ou Comunhão Quebrados Causam Cegueira


A palavra de Deus declara: "Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmão, até
agora está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não
há tropeço. Mas aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas,
e não sabe para onde vai; porque as trevas lhe cegaram os olhos" (I João 2.9-11).

Veja aqui a cadeia: a ferida traz a mágoa, a mágoa traz a amargura, a amargura provoca
o quebrar dos relacionamentos e os relacionamentos quebrados entre os irmãos, traz
cegueira espiritual. Não andar em comunhão é andar em trevas e isso tem como
conseqüência:

Primeiro, a cegueira nos impede de agir sabiamente. Se andarmos em trevas, não


saberemos como agir. Não teremos suficiente luz para analisar a situação e agiremos
por impulso do momento, julgamentos precipitados, sem a luz da Palavra.

Em segundo lugar, essa cegueira vai impedir-nos de ver-nos a nós mesmos pelos
olhos da Palavra, ou como de fato somos. A pessoa em trevas torna-se o centro de sua
própria vida. Ela se vê apenas como injustiçada, coitadinha, machucada, desprezada,
enfim, uma vítima.

A cegueira impede-nos ainda de ver os outros como eles realmente são. Por pior
que alguém seja, há algo de bom nele. Conta-se uma lenda que Jesus certo dia
caminhava com seus discípulos e passaram por uma caveira de jumento, no fim da
decomposição do seu corpo. O mau cheiro era insuportável e os discípulos reclamaram,
tapando o nariz. Jesus, olhando para ela, disse: "Vejam que dentadura tão bonita!"

O Relacionamento Quebrado Causa Insensibilidade


A vida se torna egocêntrica. Gira em torno de si mesma. Os demais são excluídos. Isso
resulta numa indiferença para com as necessidades dos outros. Quem vive voltado para
dentro de si, revivendo suas mágoas e problemas, fica alheio ao que se passa ao seu
redor, em diferença total. E essa atitude egoísta chega até a provocar morte.

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O Relacionamento Quebrado Prende Na Imaturidade

O crescimento emocional é interrompido por ocasião da ferida, e só é retomado quando


a cura ocorre. Imaturidade significa agir como criança e não como adulta. Já dissemos
que a personalidade não amadurece com o corpo. A maturidade emocional é distinta da
física. Para que ela ocorra, há que ocorrer a cura e a libertação de todas as feridas e
mágoas.

A DESTRUIÇÃO GERADA PELA FALTA DE PERDÃO


A amargura só tem lugar onde faltou o perdão. Viver nela é viver sem perdão e isso
traz terríveis conseqüências. Quando o perdão não ocorre logo no momento da ferida,
esta vai produzir o ressentimento. O ressentimento se transforma em amargura, que, por
sua vez, leva à acusação.

Você pode se sentir magoado com os outros, consigo mesmo e com Deus. Essa
mágoa o torna culpado e onde há culpa, há sintomas. Quais são eles?

Se você tem mágoas de si mesmo, os sintomas são: sentimento de culpa, de


inferioridade, de complexo, de indignidade, de vergonha, de ódio, podendo levar a atitude
extrema do suicídio.

Se você tem mágoas de outros, os sintomas são: ressentimentos, amargura, mágoa,


raiva, ódio, vingança, retribuição, podendo até chegar ao assassinato.

Se você tem mágoa de Deus, os sintomas são: dúvida, incredulidade e rebelião. Você
duvidará da Palavra, não acreditará nela e, em última instância, terminará em rebelião
contra Deus.

A prevenção contra tal ataque é permanecer continuamente no Espírito de perdão.


Quando Satanás vier para ferir, não aceite a ferida. Libere-a através do perdão. Faça-o
imediatamente. Não veja a pessoa que o fere. Nossa luta não é contra pessoas, mas
contra as forças das trevas que usam as pessoas (Efésios 6.12).

SENDO LIBERTOS DAS FERIDAS


Muitos cristãos estão sendo atormentados por causa da falta de perdão. A falta de
perdão dá ao inimigo uma reivindicação legal e ele entra a fim de oprimir e atormentar.
Amargura, que é o resultado da falta de perdão, é o terreno para a semeadura de toda a
obra do maligno. Satanás não respeita o crente que vive com mágoa e falta de perdão.
Mas o perdão é o caminho para a libertação da amargura, da mágoa e da ferida.

Pelo perdão, abrimos o caminho para Deus trazer à nossa alma a cura interior. Logo,
vamos tomar uma decisão de entrar no passado e perdoar todos quantos nos feriram, e
nos armar para que, da próxima vez, não guardemos mais o ressentimento; liberaremos
a pessoa antes que o diabo tome proveito daquela atitude, daquela palavra, daquela
circunstância, para nos destruir, e estaremos vivendo em vitória, pois andar em perdão
é andar em vitória.

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Estamos lidando com uma conquista. Confesse em voz alta agora: "Eu vou me levantar
e reinar no meio dos meus adversários. Não permitirei que o Espírito da amargura me
domine. Eu tenho a autoridade do nome de Jesus e vou usá-la para expulsar todo intruso
e deixar que a Palavra de Deus entre e me purifique de toda a contaminação desses
intrusos na minha alma. E a partir daí vou encarnar a Palavra de Deus até que as feridas
do diabo não consigam mais entrar dentro de mim."

Há uma lei de semeadura e ceifa ensinada na Bíblia. Portanto, liberte e seja liberto.
Quando você liberta os que o ofenderam, o primeiro a experimentar libertação é você
mesmo. Vejamos o que Jesus diz sobre o assunto:

"Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida
e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que
medirdes, vos medirão a vós" (Lucas 6.37,38).

Muitas vezes o versículo trinta e oito é usado com referência a ofertas. Pode haver uma
aplicação aí, por causa da lei de semeadura e ceifa, mas o assunto primário aqui é outro.
Tem a ver com julgamento, com perdão, com misericórdia; tem a ver com "amai os
vossos inimigos", com "Orai pelos que vos perseguem." "Dai, dai". Dai o quê? Dai
misericórdia, dai perdão; "dai e ser-vos-á dado. Boa medida." De quê? De amor, de
perdão, de misericórdia. O que isto quer dizer? Que em troca você vai ser amado,
perdoado, o perdão, portanto, é a chave para a libertação da amargura.

UMA DEFINIÇÃO DE PERDÃO


1."Apoluo"- Libertar, livrar alguém de alguma coisa, deixar ir. "Mulher, estás livre da tua
enfermidade" (Lucas 13.12)

"E o Senhor daquele servo... mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida" (Mateus 18.27).

2. "Aphiami"- Deixar ir, mandar embora. "Então, despedindo as multidões" (Mateus


13.36).

Perdoar, portanto, é deixar livre, soltar, libertar, despedir, mandar embora, aquele que
nos feriu. É não levar em conta o mal causado; é não reter consigo a mágoa ou ferida; é
agir como se o incidente nunca houvesse acontecido.

O Perdão Liberta Das Feridas Do Passado

O Que Conserva Feridas Fica Preso Ao Passado

Aquele que conserva a ferida é incapaz de viver no presente. Daí porque ele se fere
tanto, pois diante de cada atitude ele revela dificuldade em analisar a situação como de
fato ela é no momento. Ele encara o presente com os olhos do passado.

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A Amargura Do Passado Flui Nos Relacionamentos Presentes

Muitas vezes alguém se revela ferido com um incidente e o suposto autor da ferida leva
um susto, pois não consegue conceber como a pessoa possa ter-se magoado com
aquilo. O problema não é o incidente no momento, e sim um coração amargo, que traz
o passado para o agora e isso cria sérios problemas nos relacionamentos do presente.

O Que Conserva Feridas Está Preso A Pessoas Do Passado

Quem se recusa a perdoar, não somente é prisioneiro do seu passado, como também
das pessoas do passado. Essa atitude, no reino do Espírito, pode conservar alguém em
seu pecado por falta de perdão. São tremendas as palavras de Jesus em João 2.22-23:
"E havendo dito isto, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
Aqueles a quem perdoardes os pecados, são lhes perdoados; e aqueles a quem
os retiverdes, são lhes retidos". Isto implica que o perdoado está livre, mas a quem
não se perdoa é conservado em prisão.

Muitas vezes os pais são responsáveis por esse tipo de atitude. Não concordam com o
casamento de um filho, ou uma profissão, e conservam-no retido em sua falta de perdão.
O filho é prejudicado. Isso também pode ocorrer até com a liderança de uma Igreja, que
retém um membro transgressor, e o diabo se aproveita para esbofetear ainda mais
aquela pessoa.

Por conservar o pecado de alguém, você se torna como ele. E aqui vai um princípio:
Perdoe, e se torne como Deus, que é perdoador; retenha o pecado e se torne como
o que feriu. Portanto, seja perdoador. Lembre-se: a falta de perdão não se altera com
o tempo. Quanto mais se demora a perdoar, tanto mais enraizada ficará a amargura,
que é alimentada pela ausência do perdão.

O Que Conserva A Ferida é Atormentado

Em Mateus 18.21-35, Jesus aborda o assunto do perdão e deixa uma séria


recomendação a ser seguida: devemos perdoar setenta vezes sete, isto é,
ilimitadamente (vv. 22,23). Logo depois Ele mostra as implicações da recusa de um servo
em perdoar.

Trazendo a história para nossos dias, Ele fala de um servo que devia o equivalente ao
salário de sessenta milhões de dias de trabalho (dez mil talentos. Um talento valia seis
mil dias de trabalho, ou denários). Não tendo com que pagar, pediu misericórdia ao
credor. Este perdoou-lhe toda a dívida. Mas o servo encontrou-se com alguém que lhe
devia o equivalente ao salário de cem dias de trabalho, que, por sua vez, pediu-lhe
misericórdia, por não ter com que pagar. Ele não lhe deu ouvidos, lançando seu conservo
na prisão. O relato bíblico a partir daí declara:

"Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado,


perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste; não devias tu também ter
compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti? E,
indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que
devia. Assim vos fará vosso Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um
a seu irmão" (Mateus 18.32-35).

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O Senhor chama de "servo malvado" o que não perdoa e o seu fim é ser entregue aos
"verdugos", isto é, aos atormentadores. Quem são estes? Verdadeiros demônios. Deus
é um Deus de legalidade. Sua bênção só pode fluir livremente sobre um servo, quando
este anda de acordo com a Constituição do Reino. Se a desobediência ocorre, ele fica
fora da proteção divina e, em vez das bênçãos abundantes, vêm os atormentadores.

À luz da graça de Deus, qual deveria ser a nossa atitude para com os que nos ofendem?
A mesma de graça, perdão e misericórdia, que nosso Pai celeste expressa no trato para
conosco. Há uma força no perdão, que nos torna livres em Deus. Veja que a oração de
libertação, ensinada por Jesus, vem depois do perdão: "...e perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como nós também temos perdoados aos nossos devedores; e não
nos deixes entrar em tentação, mas livra-nos do mal" (Mateus 6.9-13).

O PERDÃO LIBERA A AÇÃO DE DEUS

O Nosso Perdão Libera O Perdão De Deus Para Nós

Jesus é taxativo ao declarar: "Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas,


também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos
homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas" (Mateus 6.14-15).

Em Marcos 11.23-26, encontramos o tremendo ensino da autoridade e fé para remover


montanhas; o poder da oração de fé em operações, pelo uso da palavra confiante. Mas
tudo isso está na dependência de um coração perdoador. A fé sem perdão, não opera;
a autoridade sem perdão é um desastre. Jesus é categórico ao dizer: "Quando
estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que
também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas. Mas se vós não
perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas
ofensas" (Marcos 11.25,26).

O Pecado Não Perdoado Dá Lugar A Satanás

Para andarmos na bênção, deixando as mãos de Deus livres para nos cumular dos
tesouros da Sua graça, teremos necessariamente que andar perdoados diante dele, dos
outros e de nós mesmos. O caminho é este: sempre perdoados e sempre perdoando,
pois A redenção é compatível com o perdão (Efésios 1.7).

O Nosso Perdão Libera o Perdão De Deus Para Os Outros


Mateus 18.18 declara que o que ligamos na terra, é ligado no céu, e o que desligamos
na terra é desligado no céu. Isso implica em que minha atitude na terra tem influência no
reino do Espírito. Meu perdão a alguém abre o caminho não só para as bênçãos fluírem
sobre minha vida, mas também sobre a vida do ofensor.

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O Perdão Libera a Cura De Deus Para Você

Existem muitas enfermidades provenientes da falta de perdão. Vimos como as mágoas,


que são a mãe da falta de perdão, envenenam todo o sistema orgânico e provocam
muitos tipos de doenças. Para as enfermidades assim produzidas, só há um meio de
cura: o perdão.

Talvez você precise perdoar a si mesmo. Não importa quem seja o alvo da falta de
perdão, os efeitos são iguais. Você pode prender a si mesmo pela falta de perdão por
erro que você cometeu. Quantas vezes a mente é atormentada por causa de acusações,
pecados passados, transgressões!

Satanás muitas vezes lança mão de uma queda do passado para lhe esbofetear, mas
não importa qual tenha sido seu pecado; não importa o tamanho da sua transgressão,
Deus é maior do que ela e "onde abundou o pecado, superabundou a graça"
(Romanos 5.20). O perdão de Deus é uma tremenda provisão para você: "Se
confessarmos os nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda injustiça" (I João 1.9). E se Deus lhe perdoa, você também vai
se perdoar, porque não é maior do que Ele.

“De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos
exortasse. Rogamos-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus. Aquele
que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus" (II Coríntios 5.20,21).

Perdoado, agora você está em condições de perdoar aos outros. Já falamos muito
sobre o assunto, mas convém lembrar alguns princípios: Se o meu relacionamento com
o irmão não for edificado na base do perdão, Deus não aceitará minha oferta, meu
serviço a Ele. As palavras do Mestre são contundentes:

"Se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí lembrares de que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, deixa ali a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com
teu irmão, e depois vem apresentar tua oferta" (Mateus 5.23,24). Por quê? Porque
se Deus aceita minha oferta, é sinal de que Ele aceita minha comunhão; se Ela aceita
minha comunhão, significa que eu estou andando na luz. Andar na luz é andar no amor,
mas, se estou com a comunhão quebrada com meu irmão, a Bíblia diz que eu estou
andando em trevas, logo, a minha oferta não será aceita por Deus.

O Perdão De Deus Deve Ser o Nosso Padrão


"Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns
aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Efésios 4.32).

"Suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra


outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também" (Colossenses
3.13).

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O Perdão é Um Ato Da Vontade

Você decide perdoar. O sentimento virá depois. Não diga: "eu não sinto nada." Não é o
que você sente que determina sua ação, mas o que você decide, e quando você entra
em ação, o poder de Deus virá em sua assistência. Ao liberar a pessoa que o ofendeu,
Deus tirará a sua ferida e a cura cedo brotará.

Como está sua alma? Agora mesmo, o Espírito de Deus está com você, para ajudá-lo a
liberar o perdão. Tome, pois, uma decisão de perdoar todos os que no passado lhe
ofenderam; perdoe-se por ter-se deixado praticar o que você condena; aceite o perdão
de Deus em sua vida e se Ele já lhe deu o Seu perdão, você não é maior do que Deus,
para reter a culpa. Libere os outros e seja liberado.

Aplicação Prática
1. Faça uma lista dos relacionamentos do passado que foram ou são maus. Coloque
cada nome. Deixe que o Espírito Santo o dirija, trazendo à lembrança o que deve ser
lembrado.

2. Analise cada um dos relacionamentos e descubra as razões porque eram maus.


Anote-as. Não tente fugir da realidade.

3. Lide com cada relacionamento e libere a pessoa pelo perdão. Traga cada caso diante
de si e diante de Deus e, nominalmente, por uma deliberação da sua vontade, perdoe a
cada um.

4. Você poderá descobrir que nem sempre a culpa foi do outro, como você julgava, e
deverá pedir perdão àqueles a quem você ofendeu. Caso a pessoa já tenha morrido,
faça-o apenas diante de Deus.

5. Você precisa pedir perdão à pessoa pela sua atitude não perdoadora, caso ela tenha
conhecimento disso. Se sua atitude é desconhecida, não é sábio abordar o assunto com
a pessoa, pois ela pode não estar preparada feridas poderiam ser causadas. Confesse
a falta a Deus e mude de atitude. Lembrte-se: "Deus é amor" (I João 4.3).

A falta de amor provoca a rejeição. A rejeição é uma ferida profunda que pode destruir a
vida da pessoa. Naturalmente há graus de rejeição cujos efeitos são proporcionais. Mas
lembre-se que Jesus foi plenamente rejeitado. A grande rejeição de Jesus foi
transformada no caminho da nossa salvação. Aleluia!

Em Isaías 53.2,3 deparamo-nos com o quadro da rejeição sofrida por Jesus como nosso
substituto, para que, através de tudo quanto ela representou, fôssemos sarados. O
versículo três declara: "Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores,
e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o
rosto, era desprezado, e não fizemos Dele caso algum."

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Capítulo 04: A FONTE DA REJEIÇÃO

Relacionamento Pais e Filhos

As mesmas fontes usadas para trazer feridas na alma, são instrumentos de rejeição. Na
família temos a primeira fonte. As necessidades de amor, a Deus e compreensão devem
ser primeiro satisfeitas no aconchego do lar. Se isso não ocorre, estamos diante da
formação de um problema. Vejamos onde a rejeição pode se manifestar:

Antes do nascimento
Uma gravidez indesejada, por quaisquer que sejam os motivos: fruto de adultério,
relações antes do casamento, estupro dentro e fora do casamento, problemas
econômicos, enfermidade. Não importa o motivo, o fato da mãe não desejar a criança,
deixa nela as marcas de rejeição, mesmo que ela jamais tome conhecimento disso. O
estado psicológico da mãe se reflete na criança, antes mesmo de nascer.

No nascimento
Há muitas circunstâncias no nascimento que podem provocar a rejeição, como os
traumatismos de parto; uma falta de leito que força a mãe a se comprimir; uma dificuldade
que leva ao uso de aparelhos que machucam; um parto sem assistência; a morte da mãe
na hora do parto; a rejeição do pai da criança, etc. A ausência de amor na hora do
nascimento marca o bebê, que crescerá com raízes de rejeição.

Crianças adotadas
A criança gerada está ligada à mãe tanto pelo sangue quanto pelas emoções. Se ela é
entregue a outros, que não os verdadeiros pais, não importa o quanto seja amada, uma
marca fica em sua alma.

Pais que não conseguem comunicar amor


Muitos pais não receberam demonstrações de amor e não são demonstrativos. Isso
provoca raízes de rejeição nos filhos. A criança não entende a comida na mesa como
amor. Para ela amor é toque, abraços, beijos, atenção. Ela quer sentir o amor através
de atitudes de carinho, a Deus e compreensão. Ela quer ser carregada nos braços,
sentar-se no colo dos pais, ouvir expressões de amor e carinho. Se isso não acontece,
ela se sentirá rejeitada.

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Pais que sofrem de rejeição


Aqueles que foram rejeitados e não experimentaram uma cura, são tendentes a
manifestar a rejeição, e cria-se uma cadeia: os pais foram rejeitados, não demonstram
amor aos filhos e estes, por sua vez, quando formam os seus lares, fazem o mesmo.

Alcoolismo dos pais


O alcoólatra e drogado age muitas vezes fora de si e se torna violento, tornando-se
instrumento de rejeição para seus filhos.

Substituição do amor por coisas


Num mundo onde todos correm e trabalham tanto, muitas vezes as crianças são
entregues a creches ou à sua própria sorte. Pode não lhes faltar brinquedo, roupa,
comida e escola, mas faltando-lhe o amor demonstrado em tempo gasto com ela, a
rejeição se instala.

Pais preocupados
A criança precisa de atenção. Se os pais estão tão preocupados com tanta coisa, que
não tem paciência ou tempo para ela, está aí mais uma candidata a ser portadora das
raízes de rejeição.

Crítica e exigência de perfeição


Há pais que só se dirigem aos filhos em tom de crítica e exigência. Estão sempre gritando
com elas e exigindo que elas ajam como adultos. Aí está outra fonte de rejeição.

Alvos paternos para a criança (compensação)


Às vezes os pais queriam seguir uma determinada profissão, mas, por algum motivo,
não o conseguiram. Agora querem forçar o filho a seguir a carreira desejada, como uma
forma de compensação. Isso prejudica o filho. Ele crescerá com rejeição.

Como é importante aos pais tudo fazerem para demonstrarem amor, compreensão e
dedicação a Deus e aos filhos, falando com eles, abraçando-os, beijando-os, colocando-
os no colo, dando-lhes atenção, tratando-os com respeito, com carinho e com amor, pois
assim fazendo, estarão contribuindo para formação de uma personalidade mais sadia.

Se você já está descobrindo que foi vítima da rejeição, não se abata. Estamos analisando
o problema, para encontrar a saída. Deus está derramando abundantemente do Seu
amor sobre você, e amor de Deus é o remédio perfeito para saída da rejeição.

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A imagem do pai é o modelo sobre o qual a criança estabelece seu relacionamento com
Deus. Se ela não provocou o amor do pai, precisará de cura para experimentar o amor
de Deus.

Relacionamentos na escola

Depois do lar, a escola é o lugar mais importante na formação da personalidade, pois a


criança passa grande parte de sua vida. Ali pode estar uma fonte de rejeição, quando os
professores não são sensíveis às necessidades das crianças.

Críticas cruéis de professores


Isso traz embaraço e vergonha à criança no meio dos colegas. Castigos imerecidos, por
falta de uma investigação dos fatos e sensibilidade. A criança que é vítima sente-se
rejeitada.

Grupinhos e exclusivismo na escola


Isso pode vir através de problemas de regionalismo, raça, posição social, roupa. A
criança é discriminada. Uma palavra de crítica, uma atitude de rejeição.

Fracassos
Fracasso na escola também pode causar rejeição. Uma criança que não consegue
praticar esporte como os demais, termina se isolando e sentindo-se rejeitada. Um
problema de memória ou mesmo de visão pode levá-la a um mau aproveitamento e seu
fracasso deixa marcas.

A Sociedade
Relacionamentos frustrados no geral também pode contribuir para infligir raízes de
rejeição. Os preconceitos raciais e de classe, por exemplo, podem deixar marcas nas
pessoas.

O homem é suscetível à rejeição por causa do pecado


A culpa do pecado traz auto-rejeição e leva o homem a fugir de Deus, por se sentir
rejeitado. Quando os pais dizem ao filho que não faça uma determinada coisa, e ele
desobedece, o sentimento de culpa o leva a evitar a sua presença.

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RESULTADOS DA REJEIÇÃO

Imaturidade Emocional
No momento da ferida, o crescimento emocional é interrompido. O mesmo ocorre com a
rejeição. Se o amor leva a um crescimento emocional adequado, a rejeição bloqueia
esse crescimento e a pessoa rejeitada permanece imatura. E ele convive com o
problema em todas as esferas do seu dia a dia. Não sabe agir com equilíbrio e bom
senso diante das situações da vida.

Aqui está a causa para muitos conflitos no casamento, e, vezes sem conta, sua
destruição: há um menino e uma menina que entram para um tipo de
relacionamento que exige maturidade. São adultos no físico, mas, porque levam um
quadro de rejeição, agem como crianças. As carências afetivas e a incapacidade de lidar
com as pressões e exigências normais da vida, logo virão à tona. Se cada um espera ter
do outro o que não lhe foi dado na infância, a dificuldade se agravará, pois se cada um
não pensar no que tem pra dar ao outro, em vez de no que o outro tem para lhe dar, o
ajustamento do casal se tornará muito difícil.

Uma menina que não teve o amor de pai, provavelmente buscará aquele no
casamento. Um menino que não teve o amor mãe, também poderá ser vítima do mesmo
engano. Contudo, nenhum marido poderá ser pai para a esposa, e nenhuma mulher
poderá ser mãe para seu marido. Os cuidados que uma criança indefesa exige dos pais,
não poderão ocorrer no casamento.

Um Amor "Aspirador"
Esse tipo de amor se caracteriza por uma excessiva dependência emocional, que leva a
pessoa a tentar sugar do outro toda a atenção e amor, sem, contudo, nunca se satisfazer,
pois essa é uma atitude doentia. Ninguém consegue preencher tal tipo de amor. Nem a
família, nem os amigos.

O amor "aspirador" no casamento provoca sérios problemas. O autor dos Provérbios,


falando sobre coisas que fazem estremecer a terra, cita "a mulher desdenhada quando
se casa" (Provérbios 30.23). Em outras palavras, a mulher rejeitada. A pessoa tenta
preencher o vazio deixado pela rejeição.

O marido, por sua vez, tem o mesmo problema: quer encontra a mãe na esposa. Que
ela cuide dele como uma mãe cuida do seu bebê. E como ela não lhe traz a "mamadeira",
o conflito se instala. São duas crianças. E, não raro, tem início a guerra do silêncio, das
palavras monossilábicas, da cara feia, o jogo das lágrimas, das agressões, exigências e
cobranças.

O amor "aspirador" se torna também problemático nas amizades. Nunca se satisfaz,


sempre buscando receber atenção e tentando impedir que o amigo dê atenção a outros.
É daí que vêm os ciúmes doentios. Ninguém conseguirá preencher esse tipo de amor.

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A Pessoa Se Torna Asfixiante Em Suas Relações

Não dá fôlego, sempre em cima do outro, numa tentativa de monopolizar a atenção,


como faz uma criança. Parece sugar a vida da outra pessoa.

Outro sintoma é uma atitude adoradora. O centro de sua vida gera em torno daquele
de quem a pessoa emocionalmente imatura busca extrair o amor.

A vítima do "amor aspirador" pode facilmente odiar aquele de quem ela não conseguiu
receber o que queria. Ela é escrava de seus próprios sentimentos. Se alguém se tornou
vítima de tal coisa, o caminho não é a busca de preencher um vazio impreenchível, mas
receber cura para essa terrível doença da alma.

Busca Insaciável De Deus


Alvos e coisas não podem preencher o vazio. Atrás de uma busca exagerada de
coisas, pode bem se esconder uma raiz de rejeição. A pessoa está procurando preencher
uma falta que nem sempre sabe do quê. Ela se atira à busca de possessões. Ela pode
ainda partir para o intelectualismo. Isso poderá atrair a atenção das pessoas. Enfim,
coisas, coisas, coisas. Mas seu mundo interior continua carente, pois coisa nenhuma
neste mundo satisfará uma alma rejeitada, até que se encontre com Deus e descubra
Nele o verdadeiro amor e seja restaurada no mais profundo do seu ser.

Poderíamos concluir de tudo isso que uma dedicação extrema bem pode indicar um
vazio interior. Isso leva a pessoa a ser totalmente egocêntrica. Seu vazio pode ainda
levá-la a busca do prazer, da auto-gratificação, onde puder encontrá-la. Muitos se
entregam ao sexo, à lascívia, à perversão sexual, ao dinheiro, à fama, tudo a busca de
uma satisfação da alma, que nunca acontece.

Solidão e Medo
Todos os homens já sofreram uma ou outra forma de rejeição. Dissemos que as
conseqüências dependem do grau da ferida. Mas um dos sintomas desse mal é o
sentimento de solidão e medo, que leva alguém a construir muros para se proteger
de novas feridas e rejeições.

A manifestação do sintoma em pauta pode variar de uma atitude interior a uma exterior:
Interiormente, cheio de insegurança, solidão, temores, auto-compaixão. Pode até
parecer despercebido à maioria dos que o rodeiam, mas lá por dentro há um mundo de
desestrutura e sofrimento, que se manifestará nos relacionamentos mais próximos.

Exteriormente, isola-se dos demais ou se torna competidor. Tudo porque ele está
dominado pelo medo da rejeição.

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Auto-Rejeição

A consciência de que se foi rejeitado por outros, já é desagradável. A perda do valor


próprio é mortífera.

A auto-imagem negativa é outra marca da auto-rejeição. A pessoa tende a comparar-


se com outros, o que é um terrível engano. Isso provoca um complexo de inferioridade,
que a infelicita ainda mais.

A auto-rejeição pode ainda provocar o criticismo. Este, na maioria dos casos, pode ter
duas manifestações: a autocrítica doentia, em que a recriminação está presente, e a
crítica aos outros, em forma de julgamento e condenação. A solução, portanto, não se
encontra no mundo exterior, porém em Deus mesmo e Sua Palavra que, pelo poder do
Espírito Santo, mudará a imagem interior.

Deus ama você exatamente como você é, não importa sua estatura, seu peso, sua cor,
sua cultura, seus traços físicos, suas rejeições. Você é único para Ele; por você Ele deu
Jesus a fim de pagar o preço da sua redenção e mais completa libertação. Deus precisa
de você sarado, com uma personalidade bela, refletindo a glória de Jesus.

Perda Da Identidade Própria

A rejeição destrói a identidade própria. O rejeitado busca se identificar com outra


pessoa. Em vez de desenvolver todo seu potencial para que seja o melhor que ele pode
ser, busca imitar outros. Por vezes se projeta na pessoa de um ídolo, ou do grupo.
Adolescentes buscam com freqüência identificar-se com seu grupo. Adultos buscam sua
identidade em uma profissão, na igreja, no clube, etc.

O homem foi feito à imagem de Deus. Ninguém na terra jamais viu o Pai, mas Jesus veio
como homem e nos revelou como um filho de Deus deve ser. A boa notícia é que Ele
providenciou tudo quanto é necessário para descobrirmos nossa identidade Nele e
crescermos em Sua semelhança.

Relacionamento Instável Com Deus

A pessoa com rejeição não se relaciona adequadamente com Deus. Tende a se


relacionar pelas obras, como uma forma de conquista. Com freqüência tenta-se substituir
o amor pelo ativismo. Todavia, nosso relacionamento com Deus é baseado na Sua graça
e no que Cristo fez por nós.

A rejeição mina a fé. Um relacionamento instável com Deus, pode bem revelar um
problema de rejeição.

Incapacidade De Amar e Receber Amor


Tendemos transferir para nossos relacionamentos atuais o que nos afetou em nossa
formação. Se nos faltou a expressão de amor, temos dificuldade também em manifestá-
la. As inibições em expressar amor e a dificuldade em recebê-lo de outros, é apenas um
reflexo de raízes de rejeição. Mas existe cura!
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PASSOS PARA SAIR DA REJEIÇÃO

Perdoe Os Que o Rejeitaram


O perdão aplicado aos que nos ferem é o mesmo a ser aplicado aos que nos rejeitam,
pois a própria rejeição traz ferida e também provoca raízes de amargura. Qualquer
libertação passa necessariamente pelo perdão. Ele tem uma força invencível. Há um
poder espiritual no perdão, que abre os recursos do céu a nosso favor e detém os
poderes do inferno.

Convém relembrar que perdoamos por um ato da vontade. Quando dizemos: "Quero
perdoar, e vou perdoar," o Espírito Santo, com todo o Seu poder, já estará ali para nos
assistir. Por essa razão, em vez de você dizer "não posso perdoar," vai dizer: "Eu posso,
em Cristo que me fortalece" (Filipenses 4.13).

E agora, com o amor do Pai, libere o perdão àqueles que o feriram. Foi Satanás quem
tentou destruí-lo. As feridas e as rejeições que lhe vieram, foi ele quem tentou lhe infligir.
Portanto libere o amor e o perdão de Deus a todos quantos o rejeitaram e feriram. É
importante que você cite cada nome que o Espírito traz à sua lembrança, diante de Deus.
Coragem! O Pai está com você nesse ato de obediência à Sua Palavra. Ore e libere
perdão, citando as pessoas, nome por nome.

Entregue Toda Rejeição Para Cristo


Em Isaías 53.3 Jesus é apresentado como o mais rejeitado entre os homens. A versão
na Linguagem de Hoje, assim se expressa: "Ele foi rejeitado e desprezado por todos;
Ele suportou dores e sofrimentos sem fim. Era como alguém que não queremos
ver; nós nem mesmo olhávamos para Ele e O desprezávamos. "Em suma, Jesus
sofreu nossa rejeição. Não se esqueça: Ele estava na cruz tomando o seu lugar, por sua
causa, pagando a penalidade da sua culpa, sofrendo todo tipo de ferida que o diabo
projetou contra você, com o objetivo de trazer-lhe salvação, vitória, cura, restauração e
todas as bênçãos.

Um dos nomes mais lindos de Jesus é: Emanuel, que quer dizer, "Deus conosco". Que
expressão de amor, de compreensão da parte de Deus! Deus conosco não indica apenas
Sua presença no mundo dos homens, mas presente em nossas dores, lutas e
desesperos. Identificação!

Se você acha que tem sido rejeitado, Jesus experimentou essa dor num grau
indescritível. No Jardim do Getsêmani, Ele disse: "A minha alma está profundamente
triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo" (Mateus 26.38 - SBB). Em meio às
terríveis angústias da alma, tão intensas que o levaram a transpirar sangue, quis a
companhia dos discípulos, mas estes dormiram na sua indiferença à dor do Mestre. Você
e eu éramos o motivo de tal sofrimento; aquele era o preço da nossa cura.

Jesus "nos dias da Sua carne, tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas,
orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa
da Sua reverência, ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo
que sofreu" (Hebreus 5.7,8). Abriu a Sua boca e chorou em alta voz, diante dos portais
da morte, nossa morte, o preço da nossa redenção.
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O quadro da rejeição de Jesus na cruz é muito dramático. Discípulos fugitivos, multidões


enfurecidas, os poderes do inferno em manifestação. Mas a maior agonia vem quando
Jesus se sente abandonado pelo Pai. Ele lança mão do Salmo 22 e faz sua oração:

"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que estás afastado de me
auxiliar, e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, porém Tu
não me ouves; também de noite, mas não acho sossego...

Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a
cabeça, dizendo: Confiou no Senhor; que O livre; que Ele O salve, pois que Nele
tem prazer..." (Salmo 22.1-3,7,8).

A ausência de Deus no meio do sofrimento é a pior forma de rejeição. Foi o que o Mestre
enfrentou. Naquele momento era a oferta queimada pelo seu pecado e pelo meu que
estava no altar do sacrifício. As trevas, dores, vergonha, angústia e rejeição eram o que
o pecado trouxe ao homem e Jesus estava ali em nosso lugar, para que "pelas suas
feridas fôssemos sarados".

O que lhe resta agora? Libertar sobre Jesus toda a rejeição da sua vida. Você não precisa
mais carregá-la, pois o Senhor da Glória já a levou sobre Si e venceu. Faça agora uma
troca. Entregue-Lhe a rejeição que o atormenta e receba, em troca, Seu amor inaudito e
Sua paz sem fim.

Aceite o Fato De Que Você é Amado


Há um amor maior do que tudo quanto você já experimentou e pensa ser possível. É o
amor de Deus. "Deus é amor" (I João 4.8). Amar é a essência do Seu ser e Seu amor
não depende do ser amado, mas de Si mesmo, que é a fonte e a essência do verdadeiro
amor. Deixe-se banhar agora nesse amor divino, impossível de se descrever.

Amor que dá o melhor para resgatar o ser amado: "Porque Deus amou o mundo
(você) de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna" ( João 3.16). Jesus veio ao mundo por causa
de você. Ele é a maior dádiva do Pai em sua vida. Ele faz a diferença.

Amor que suporta o tempo e a prova. "Sabendo Jesus que era chegada a Sua hora
de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os seus que estavam no
mundo, amou-os até o fim" (João 13.1). Você é um discípulo de Jesus? Nada diminuirá
Seu amor por aquele que é Sua possessão.

Amor sem igual. "Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida
pelos seus amigos" (João 15.13). E olhe que Ele entregou por você Sua vida na infame
cruz. Não o fazia por alguém santo, que O amava e o servia. "Mas Deus dá prova do
Seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu
por nós" (Romanos 5.8).

Amor que conquista. Jesus não se dá por satisfeito enquanto não o vir totalmente
liberto das marcas de Satanás, e em glória com Ele, tudo por causa do Seu imenso amor.
"Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo se entregou por ela, a fim de a santificar, tendo-

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a purificado com a lavagem da água, pela Palavra, para apresentá-la a Si mesmo


Igreja gloriosa, sem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível" (Efésios 5.25b-27). Você é parte dessa Igreja e alvo desse amor.

Amor que toma a iniciativa. Você nem sequer teria condições de iniciar uma busca.
Por isso Deus tomou a iniciativa em lhe procurar. "Nisto está o amor: não em que
tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou a nós, e enviou Seu Filho
como propiciação pelos nossos pecados. Nós amamos, porque Ele nos amou
primeiro" (I João 4.10,19). Seu relacionamento com Ele depende apenas de uma
resposta. Ele fez tudo, você só precisa aceitar esse amor com tudo o que ele envolve.

Amor que promove um perdido à posição de filho. A Bíblia declara enfaticamente:


"Eis que eu nasci em iniqüidade e em pecado me concebeu minha mãe" (Salmo 51.5);
que "todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo de
imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como vento,
nos arrebatam" (Isaías 64.6); que "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus"
(Romanos 3.23); que "não há justo, nem sequer um. Todos se extraviaram; juntamente
se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nenhum só" (Romanos 3.10,12).

Mesmo assim, o amor de Deus nos encontra para nos arrancar da lama, purificar, redimir,
sarar, restaurar e, acima de tudo, elevar-nos à gloriosa posição de filhos. "Vede que
grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus; e nós o
somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a Deus. Amados,
agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim
como é, O veremos" (I João 3.1,2).

Deus olha para você agora com aquele coração de Pai que só Ele pode ter, e com aquele
amor extravagante que só Ele conhece, e diz: "Foste precioso(a) aos meus olhos, e és
digno(a) de honra e eu te amo. Atraí-te com cordas humana, com laços de amor, pois
que com amor eterno te amei e com benignidade te atraí. Eis que nas palmas das minhas
mãos te gravei; os teus muros estão continuamente diante de Mim. Pode uma mulher
esquecer-se do seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu
ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti.
Quando teu pai e tua mãe te rejeitarem, Eu o Senhor, te recolherei. Meu amor por ti não
é menor do que o amor que tenho pelo meu Filho Jesus. Não temas, porque eu sou
contigo. De maneira alguma te deixarei, nem te desampararei. Eu estarei contigo todos
os dias da tua vida e, por fim, te conduzirei à glória. Embriaga-te, portanto, no meu amor
e ele te será cura, libertação, gozo, vitória e paz.
(Isaías 43.4; Oséias11.4; Jeremias 31.3; Isaías 49.15,16; Salmo 27.10; João17.3; Hebreus13.5; Mateus
28.20; João14.2,3).

Encontre a Sua Identidade Em Cristo


Se você entregou sua vida a Jesus, agora é um filho de Deus, co-herdeiro com Cristo
(Romanos 8.16,17). Os tesouros da graça foram colocados à sua disposição. Você foi
feito segundo a imagem de Deus, para o louvor da Sua glória (Gênesis 1.26; Efésios
1.4).

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É verdade que o pecado maculou a imagem de Deus no homem. Mas Jesus assumiu a
forma humana e era na terra a verdadeira imagem do Pai, "o resplendor da Sua glória e
a expressa imagem do Seu ser (Hebreus 1.3; Colossenses 1.15). Hoje o propósito de
Deus, em Cristo, é restaurar essa imagem no homem, para que ele encontre sua real
identidade de filho de Deus, com tudo o que isso representa (Romanos 8.29). Paulo vai
além expressando-se sobre o assunto:

"E todos nós, com rostos descobertos, (porque nós) continuamos a completar (na
Palavra de Deus) como em um espelho a glória do Senhor, estamos sendo
constantemente transfigurados na Sua verdadeira imagem num sempre crescente
esplendor e de um degrau de glória a outro; (pois isto vem) do Senhor (que) é o
Espírito" (II Coríntios 3.18 - V. amplificada).

Você é "feitura Sua". Em outras palavras, Deus o criou em Cristo. Paulo declara:
"Porque somos feitura Sua, criadas em Cristo Jesus para as obras, as quais Deus
antes preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2.10). Quando você nasceu de
novo, sofreu uma profunda operação do Espírito Santo e da Palavra de Deus, pela qual
o domínio do pecado e a reivindicação que Satanás tinha sobre sua vida, foram
quebrados.

Você é uma nova criação. NO momento em que você passa pela experiência de
conversão a Deus, há uma tremenda obra do Espírito Santo em seu homem interior, que
Jesus chama de novo nascimento. É como se o passado não mais contasse e houvesse
um recomeço. A Palavra é clara ao dizer: "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (II Coríntios
5.17).

Quando você começa a aceitar sua nova identidade em Cristo, mudará a auto-imagem.
Deixará de se ver pelos olhos de seus próprios fracassos, e começará a ter a visão do
que Deus quer fazer em sua vida. Saiba que Deus não está impressionado com o que
você possa ser ou parecer ser agora.

Um dos modos para encontrar sua nova identidade, é estudar as Epístolas da Bíblia e
apropriar-se de todos os versículos que falam do que o crente é e deve ser em Cristo.
Tome posse do que a Palavra diz que é seu. Faça, em Cristo, o que a Palavra diz que
você pode fazer, e você estará dizendo "adeus para sempre" às raízes de rejeição, pois
terá a consciência de que é amado e aceito por Deus.

Aceite a Si Mesmo
Já falamos sobre a necessidade de aceitar o perdão de Deus e perdoar-se a si mesmo.
Queremos aqui apenas reforçar. Se Deus me aceita como sou, introduz-me em Sua
família, ama-me com um amor eterno e me tem como Sua propriedade exclusiva, devo
aceitar a mim mesmo. É verdade que ainda estou longe de ser o ideal de Deus. A
estatura do Varão Perfeito, Cristo Jesus, é o meu alvo. Mas vou prosseguir de fé em fé,
de vitória em vitória e de glória em glória. Ele aperfeiçoará o que me concerne e me
conduzirá, em Cristo, em constante triunfo, porque "em todas as coisas, em Cristo,
somos mais do que vencedores" (Romanos 8.37).

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Clame Por Libertação e Receba Restauração

Os ouvidos do Pai estão atentos ao seu clamor. A operação do Seu Espírito em você
eliminará as raízes de rejeição e seu crescimento será retomado. A prisão e a opressão
resultantes dessas raízes serão quebradas, bem como os enganos de Satanás. Os
poderes demoníacos que trabalham nessas áreas serão vencidos em nome de Jesus.
Lembre-se de que em Deus não há rejeição.

Entre agora no seu passado. Você não veio ao mundo pela escolha do homem. Você
veio ao mundo pela escolha de Deus. Antes que seus pais nascessem, Ele já lhe havia
chamado pelo nome. O Senhor esteve presente na sua gestação. Ele não o rejeitou. Ele
ama você. Quando você nasceu, Ele estava ali e comissionou um anjo para lhe
acompanhar. Ao longo dos anos da infância, da adolescência, da juventude, da
maturidade ou da velhice, Ele tem estado presente.

Receba agora assistência do Espírito Santo Consolador. Talvez você nunca tenha
conversado com Ele. Tem sido um companheiro esquecido, ignorado. No entanto você
é filho de Deus e Ele habita e seu coração. "Não discernis e entendeis que vós (toda
a Igreja de Corinto) sois o templo de Deus (Seu santuário), e que o Espírito de Deus
tem Sua habitação permanente em vós (para estar em cada, coletivamente e como
uma Igreja e também individualmente)?" (I Coríntios 3.16).

Portanto, você não está só; o doce Espírito Santo está ao seu lado. Fale com Ele agora:

"Amado companheiro, eu não sabia que podia me relacionar contigo. Quantas


vezes te esqueci! Que bom que estás comigo! Conselheiro amigo, quedo-me aos
teus pés, para ouvir os conselhos que transmites ao meu coração. Mestre amado,
ensina-me, pois quero aprender de Ti. Tu inspirastes a Palavra, portanto Tu ma
ensinarás.

Ajudador amigo, as tarefas às vezes me parecem difíceis, mais olho agora para Ti,
em busca de ajuda. Advogado divino, que maravilha saber que defendes minha
causa, como se ela fosse Tua! Não consigo compreender tão grande amor, mas
meu coração aceita a dádiva do Pai. Eu te amo, Espírito de Deus, querido
Companheiro, Confortador, Consolador, Guia, Mestre, Advogado, Ajudador,
Fortalecedor. És a fonte da minha vida!

Pai, eu me sinto confortável em Tua presença, com a consciência de que sou teu
filho amado, aceito por Ti. Coloco-me despido diante de Ti, com o coração
escancarado. Deixo de lado toda resistência; tiro as máscaras. Nada posso
esconder de Ti; tudo é patente aos Teus olhos. Pela operação do Teu Espírito,
revela-me as causas dos problemas que me atormentam. Reconheço que queres
realizar Tua obra completa dentro de mim, e me submeto a Ti sem reservas. Tens
liberdade em mim. Quero seguir-Te até que minha personalidade inteira seja
inundada pela Tua presença e a imagem de Jesus vá se refletindo em meu caráter,
e eu seja absorvido pela glória do Cordeiro.

Querido Jesus, olho para o Calvário e comtemplo-Te na cruz sangrando, vertendo


sangue inocente por causa dos meus pecados. A coroa de espinhos ferindo Tua
fronte bendita; Tuas costas dilaceradas pelos açoites algozes; Teus pés e mãos
varados pelos pregos; toda dor, zombaria, escárnio, afronta, vergonha e horror da
cruz. Vejo as trevas que envolveram a terra toda e a ausência do Pai que te causou

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tanta agonia! Tudo por mim! Que tremendo o preço da minha redenção! Que amor
indizível! Que graça sem medida! Que misericórdia inaudita! Jesus, eu me rendo
aos Teus pés com tudo quanto tenho e sou. Aliás, tudo quanto sou e tenho provém
de Ti e a Ti devolvo com uma gratidão maior que as palavras e um amor profundo,
que mesmo imperfeito, é Teu. Senhor Jesus, vejo sobre Ti, naquela cruz, todos os
meus pecados, minhas quedas, fracassos e derrotas; vejo ali minha maldição,
condenação e morte; vejo sobre teu corpo sangrento minhas mágoas, amarguras,
ressentimentos, ódios e rejeições; todas as minhas dores e misérias espirituais,
emocionais e físicas, vejo-as na cruz. Meu coração quebrando diante de Ti não vê
mais sentido de eu carregar toda essa infâmia maldita sobre minha vida.
Humildemente aceito a Tua oferta de amor e deixo aos Teus pés todas as
conseqüências do pecado que marcaram a minha vida. Em troca de todo o mal,
recebo Tua própria vida e Te confesso como meu único Senhor e Deus”.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 55


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Capítulo 05: FERIDA & CURA

O Espírito Santo está preparando a Noiva (Igreja) para o noivo (Cristo). O ministério de
cura interior é o embelezamento da noiva. O Espírito deseja tirar as "manchas" e
"rugas" e trazer a Igreja unida como um só corpo. Vemos o ministério de cura interior
capacitando cada junta a ser unida à outra junta no corpo e cada junta coberta com a
paz e o amor.

Quando falamos de cura interior, estamos falando de uma obra de libertação,


restauração e cura de todas as áreas da nossa personalidade, para que possamos nos
levantar e demonstrar, na própria experiência, os efeitos transformadores da operação
do Espírito Santo e da Palavra, não só no nosso Espírito, mas também na mente, nas
emoções e na vontade.

Recapitulando alguns princípios analisados no presente estudo, diríamos:

1. Deus quer que nós nos levantemos e reinemos no meio dos nossos adversários;

2. Há adversários que operam do lado de dentro e outros do lado de fora e todos devem
ser conquistados;

3. A terra é nossa. Em outras palavras, tudo quanto Cristo comprou na cruz do Calvário
é nosso, por direito de Redenção;

4. Apesar do novo nascimento, há gigantes que ainda podem permanecer na alma. Estes
devem ser subjugados, expulsos e o terreno deve ser limpo de suas marcas. A presença
e obras do inimigo devem ser removidas;

5. O dar é de Deus, e o possuir é do homem. Todas as bênçãos são legalmente minhas,


mas só se tornam parte da minha experiência quando delas me aproprio, uma a uma;

6. Conquistar a terra pelo lado de fora é deixar que os demônios permaneçam longe do
nosso território;

7. Conquistar a terra é possuir a mente, as emoções, a vontade e o corpo, sujeitando-os


aos padrões da Palavra;

8. A missão de Satanás é ferir, com o propósito de destruição. Ele o faz usando pessoas
chegadas;

9. Feridas imediatamente tratadas, logo saram. Do contrário são infeccionadas e


invadidas por elementos estranhos. (opressão de demônios);

10. As feridas são tratadas pela aplicação imediata do perdão de Deus;

11. Alimentar a mente com lembranças desagradáveis do passado é porta aberta para a
mágoa e amargura. Isso infecciona a ferida;

12. O tratamento de uma ferida infeccionada exige a limpeza dos elementos estranhos,
isto é, libertação, mediante a expulsão dos intrusos: ódio, mágoa, ressentimento e afins;

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13. O modo de permanecermos livres das feridas e suas conseqüências é exercitar o


perdão como um modo de viver;

14. A rejeição é uma forma de ferida de Satanás, que nega as necessidades básicas da
vida humana: amor, compreensão e dedicação a Deus;

15. A rejeição é eliminada pela presença e a Deus do amor de Deus;

16. Deus tudo proveu para uma vida livre, cheia do Seu amor, perdão e graça. Jesus é
a provisão de Deus para nós;

17. O propósito de Deus para Seu filho é que ele cresça de tal modo a alcançar a estatura
de Jesus Cristo, conformando-se à Sua semelhança. Para isto Ele investe em cada um
individualmente.

O nosso Pai tem um grande cuidado com você e comigo! A Palavra diz mais: "Pai de
órfãos e juiz de viúvas é Deus em Sua santa morada. Deus faz que o solitário viva
em família; liberta os presos e os faz prosperar" (Salmo 68.23,24).

Você bem pode dizer: "Nunca estou só. Nunca enfrento nada sozinho. Aquele que me
ama muito e fez um registro dos meus dias está sempre comigo. Nunca me deixará, nem
me abandonará. Ainda que meu pai, minha mãe ou cônjuge, ou amigos me abandonarem
o Senhor me recolherá. Ainda que uma mãe se esqueça do seu filho, o Senhor não me
esquecerá."

A cura interior visa, em primeiro lugar, quebrar as correntes que prendem a alma.

Em segundo lugar, Ele vai acabar com as feridas da escravidão que Satanás trouxe
ao Seu povo.

Em terceiro lugar, Ele vai quebrar o poder dos que maltratam o seu povo, o cetro do
opressor. Tudo porque nos ama, tem interesse em nós. Deus quer sarar o Seu povo. Se
Satanás veio ferir, Deus vai sarar. Cura faz parte do ministério de Jesus. Não somente
cura espiritual e física, mas também a emocional, como diz a Palavra:

"O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim, porque o Senhor Me escolheu para
levar as boas notícias da salvação aos desanimados e aflitos. Ele me mandou
consolar os que têm o coração partido, anunciar liberdade aos presos e dar vista
aos cegos... Ele me mandou consolar os que estão chorando e dar a todos os que
estão de luto em Israel, uma bela coroa em vez de cinzas sobre a cabeças, perfume
de alegria em vez de lágrimas de tristeza no rosto, roupas de festa e louvor em vez
de um Espírito triste e abatido. Porque o Senhor vai plantar esse povo; eles serão
fortes e belos como carvalhos, e darão glória a Ele" (Isaías 61.1,2b,3 - A Bíblia
Viva).

A CHAVE PARA A CURA INTERIOR


A principal chave para a cura interior é lidar com o passado na presença do Senhor: A
libertação do passado, com todas as suas tortuosidades, é imprescindível à cura.
"...esquecendo-nos das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão
adiante” (Filipenses 3.13).

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 57


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Quando liberamos o passado, ele não mais tem força de nos oprimir no presente e não
será embaraço para o futuro. E glória a Deus, porque temos recursos para entrar em
nosso passado e alcançar vitória para que ele não me afete no presente, e eu possa
andar na mais completa novidade de vida, diante de Deus e dos irmãos.

Convém ainda lembrar que esse passado não vai apenas até o nosso nascimento, mas
até a terceira e quarta geração. As maldições de família que nos afetaram também
poderão ser quebradas pelo poder de Jesus Cristo, que nos resgatou de todas elas,
fazendo-se maldição em nosso lugar e nos garantindo libertação.

A CHAVE PARA A CURA INTERIOR


O Perdão Nos Liberta Do Passado

Como já estudamos, no momento em que exercitamos o perdão, três coisas acontecem:

 As feridas liberadas. Não mais machucam nem doem.


 As pessoas são liberadas. Não mais mágoa, mas amor.
 Nós somos liberados. Não mais prisão, mas liberdade.

Deixe Jesus Curar As Feridas Do Passado


Você fez sua parte perdoando, tomando uma posição. Porém você sabe que não é a sua
força ou esforço, que soluciona o problema. É com a força de Jesus que você perdoa e
ama. Nele somente está a solução. O que você não pode fazer, Ele faz. Você se coloca
em Suas mãos e Ele aplica a cura necessária. Jesus transcende o tempo. Ainda o que
ficou escondido Ele traz à tona e quebra sua prisão.

A Cura Interior Não Elimina a Lembrança, Mas Remove a Dor Da


Memória
Não há amnésia, mas o sofrimento que o incidente provoca quando recordado,
desaparece.

O Alvo Da Cura Interior é a Paz

Paz com os outros, paz consigo mesmo, paz com Deus.

"E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações
e as vossos pensamentos em Cristo Jesus" (Fl.4:7). "Tu conservarás em perfeita
paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti" (Isaías 26.3).

Jesus é o Príncipe da Paz. Onde há um toque da Sua mão, a paz se faz sentir. A paz é
um estado de Espírito, que não se abala mesmo quando os ventos são contrários. Ela é
liberada em nosso homem interior pelo Espírito de Deus.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 58


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Quando a alma está sarada, a guerra pode nos cercar, mas nós estamos em paz. Alguém
se levanta contra nós, estamos em paz. No meio do perigo, tranqüilos; há uma dívida a
ser paga, estamos serenos; há uma crise na vida, estamos calmos. Ele diz: "Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou; Eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o
vosso coração, nem se atemorize" (João 14.27).

A SUBSTÂNCIA DA CURA INTERIOR

A Presença Do Senhor Jesus Na Experiência


Profundas feridas surgem quando sofremos sozinhos. Sofrer sozinho traz rejeição,
solidão e insegurança, no entanto a presença de Jesus traz libertação imediata.

O Amor Do Senhor Na Experiência


A pessoa precisa ver-se curada na hora do sofrimento. O amor é mais forte do que a dor.
A cura, portanto, vem quando se invoca a presença e o amor do Senhor na experiência.

PASSOS PARA A CURA INTERIOR

Localize Os Problemas
Distinga entre a superfície e a raiz dos problemas. Geralmente o que vemos é o incidente
do momento. Acontece que este não é de fato o problema, mas um sintoma. Se apenas
a questão em pauta for tratada, não há solução permanente, pois aquele conflito é
somente uma manifestação do que foi construído no mundo interior.

Limpe a Ferida
Amarre e expulse os elementos estranhos que entraram na ferida, infeccionando-a. Isso
é feito no uso da autoridade do Senhor Jesus. Você pode resistir aos inimigos que se
instalam na alma. Abra a boca e ordene a cada um que se retire. Enfrente-os com
firmeza, sabendo que quando resistimos o diabo ele vai fugir de nós (Tiago 4.7).

Quebre Todos Os Laços De Sangue Até a Terceira e Quarta Geração


Se você verifica que hoje está enfrentando um tipo de problema que era característico
dos seus pais, avós e bisavós, provavelmente houve uma transferência, por causa dos
laços de sangue. Até quando você vai ao médico com algum problema físico, ele
interroga se há outros casos na família. Existe uma transmissão tanto de bênçãos quanto
de maldições, de geração em geração. Entre, portanto, no seu passado, aplicando os
direitos de redenção nessas heranças indesejadas.

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Libere o Passado

Através do perdão, como já foi amplamente estudado. Caminhe com Jesus no seu
passado, e deixe que Ele sare cada memória desagradável, com o auxílio do Espírito
Santo.

Torne-se como uma criança diante de Deus. Aquiete-se na Sua presença com
humildade, confiança e simplicidade, como uma criança o faria nos braços de sua mãe,
e deixe que Ele aplique o bálsamo sarador onde este se faz necessário (Mateus 18.3).

Deixe alguém orar com você (Mateus 18.19). Há um poder na oração de concordância.
Um conselheiro, algum crente amadurecido pode ajudá-lo. Isso não quer dizer que você
não possa orar sozinho. O Espírito de Deus está presente. Mas se o problema tem se
agravado muito e você tem se sentido incapaz de sozinho alcançar vitória, busque ajuda.

Quebre o Jugo De Satanás

Suas obras estão ligadas a raízes. Apesar de pessoas terem sido instrumento de ferida,
Satanás está por trás desses incidentes. Isso deve ser reconhecido de pronto, para que
os olhos sejam tirados das pessoas e a luta seja travada com o verdadeiro arquiteto do
mal. Seu jugo através das raízes de mágoa, rejeição, orgulho, rebeldia e ocultismo, deve
ser quebrado na autoridade de Jesus.

PRECAUÇÃO
1. Cura interior não é cavar todo o lixo do passado. O que já foi vencido não deve ser
desenterrado;

2. Não se envolva em introspecção. Lide apenas com aquilo que você lembra e o com
aquilo que o Espírito Santo traz à tona. A introspecção pode tornar-se doentia. Quando
alguém se coloca diante de Deus e roga: "Sonda-me, ó Deus," Ele o fará. As coisas que
Ele apontar devem ser tratadas;

3. O ministério de cura é o ministério do Senhor, portanto devemos ser sensíveis ao que


Ele está fazendo;

4. Não sistematize a obra do Espírito. Cada pessoa tem uma experiência diferente e o
modo do Espírito Santo lidar com cada uma delas, pode ser diferente;

5. A fé da pessoa deve ser fortalecida para enfrentar a realidade de uma memória que
dói. Não empurre; não pressione. A submissão ao Espírito e obediência à Palavra são a
parte do homem. A cura vem de Deus.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 60


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ADVERTÊNCIAS

1. Haverá batalha espiritual. Aquele que dominou por tanto tempo uma área, não sairá
sem resistência. Resista até o fim e a vitória será sua. E não se esqueça que as batalhas
precedem a vitória. Depois de cada uma delas você estará qualificado para níveis mais
elevados de confronto. Portanto, não se assuste (I Pedro 5.9; Filipenses 4.13; João 8.36);

2. Cura interior é um processo. Não é algo que acontece instantaneamente uma única
vez. É um processo de reprogramação de todo o modo de viver e encarar as situações
da vida. E hoje uma área pode ser exposta e tratada, mas mais tarde a obra naquela
mesma área será aprofundada. Deus, na Sua sabedoria, não traz tudo à tona de uma
vez;

3. Lembre-se que é uma cirurgia. Depois dela você precisa de repouso. Descobrir raízes
na alma, áreas sob controle inimigo e lidar com elas, deixa uma necessidade de repouso
e recuperação. Descanse em Deus. Um tempo de sossego onde você possa comungar
com o Pai em calma e descanso, será um grande bem.

4. Deus já fez a Sua parte para o curar; o irmão fez a sua, ministrando-lhe. Agora você
tem que fazer a sua parte. Se você não agir e fizer a parte que lhe compete, conforme o
ensino da Bíblia, nada acontecerá.

5. Não se esqueça de que Deus ama você. A contínua consciência desse fato ajudará
no processo de cura e restauração, ao longo da vida.

"Ó Senhor, deveras sou teu servo; sou teu servo, filho da tua serva; soltaste as
minhas cadeias" (Salmo 116.16).

A SUA PARTE NA CURA INTERIOR


1. Ore sem cessar (I Tessalonicenses 5.17). Em todo o lugar conserve-se em
oração;
2. Tenha um programa de leitura, meditação e estudo da Bíblia;
3. Louve sempre ao Senhor, a despeito das circunstâncias;
4. Submeta-se diariamente a Deus.
5. Dedique sua casa ao Senhor. Não o trate como hóspede, mas como Rei.
6. Fique firme contra Satanás;
7. Una-se a uma Igreja local, onde a Palavra de Deus é pregada e o Espírito
Santo tem liberdade;
8. Arranje um parceiro de oração.
9. Aceite a cura interior de Deus.
10. Perdoe e restaure constantemente.
11. Ande no Espírito.
12. Alcance outros.

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RAÍZES DE REBELIÃO

Deus criou o homem conforme Sua imagem. O propósito divino era relacionar-se com o
homem. Através da transgressão, a rebeldia se tornou parte da própria natureza do
homem e a comunhão com o Criador foi quebrada. O homem sem esse relacionamento
fica quebrado, perdido, desestruturado, vivendo em solidão e egoísmo.

"Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria e a obstinação é como a idolatria


e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a Palavra do Senhor, Ele também te
rejeitou a ti, para que não sejas rei" (Salmo 15.23).

Graus De Rebelião

Da ferida ao ressentimento → Do ressentimento à amargura → Da amargura ao ódio


→ Do ódio à rebelião.

A Rebelião Recusa a Autoridade

 A rebelião recusa a autoridade de Deus.


 A rebelião recusa a autoridade dos pais.
 A rebelião recusa a autoridade do governo.
 A rebelião recusa a autoridade na Igreja.

Essas áreas devem ser tratadas para se chegar às raízes de rebelião. Humanismo é a
recusa do homem de se submeter à autoridade de Deus.

Rebelião e Rejeição Produzem Esquizofrenia


Esquizofrenia, "Schizein": fender-se, partir. "Phren:" mente.

A rejeição torna a pessoa voltada para dentro de si, introspectiva. Isso produz abertura
para a solidão, timidez, acanhamento, auto-compaixão, fantasia, lascívia, insegurança,
auto-imagem negativa, auto-rejeição, auto-ódio, medo de rejeição, inveja, ciúme,
depressão e suicídio.

A rebelião torna a pessoa voltada para fora, exteriorizando suas reações como o ódio,
violência, assassínio, amargura, falta de perdão, Espírito controlador, possessivo,
vontade própria, fechado ao ensino, orgulho, auto-ilusão, engano, perversão.

1. A esquizofrenia (dupla personalidade) passa de um extremo a outro, de uma


atitude fechada, de isolamento, para uma atitude hostil. Os sintomas acima
descritos acompanham cada raiz;

2. O esquizofrênico perde a identidade e se esconde atrás de uma raiz ou de outra;

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3. A libertação envolve o tratamento dessas duas raízes, além de levar a pessoa a


assumir sua identidade em Cristo, que se tornará sua cobertura (I Coríntios 6.17);

4. Encontrar a identidade é a chave para manter a libertação.

RAÍZES DE ORGULHO

O orgulho fala da própria atitude do coração do homem, a qual determina a direção de


sua vida. No coração da maldade e do engano está o orgulho. Nos passos da queda de
Lúcifer, a Bíblia diz: "Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor..." (Ezequiel 28.17).

"E tu mesmo dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante
ao Altíssimo" (Isaías 14.13,14).

Note os cinco verbos na primeira pessoa que denotam o orgulho.

O Orgulho Tem Sua Raiz e Força Num Poder Espiritual

O Deus deste mundo caiu através do orgulho (Isaías 14.13-14). A rebelião e orgulho de
Satanás são manifestos em cinco declarações contra Deus, cujo centro é o eu. Com elas
ele insinua que tomará o lugar de Deus. Os versículos 15-20, porém, revelam que Deus
tem a última palavra. Ele faz cinco declarações: Satanás será:

1º- Lançado no inferno, ao mais profundo abismo.


2º- Exposto ao espetáculo.
3º- Escarnecido, zombado.
4º- Lançado fora da tua sepultura como cadáver.
5º- Deixado só.

A "última palavra" de Deus sobre Satanás ainda é aplicável a todo aquele que se exalta,
seguindo o Espírito de Satanás.

"A queda de Satanás foi ocasionada por duas coisas: orgulho que o levou a presumir
que suplantaria o governo de Deus com o seu próprio, e vontade própria, que buscava
independência do Altíssimo" (Spirit Filled Bible).

O mundo opera num princípio de orgulho (I João 2.15-16). A raiz de todo o pecado e mal
é o orgulho. Enquanto o orgulho tem sua raiz no espírito deste século, a humildade é a
essência de Jesus Cristo. O orgulho deve ser trocado pela humildade.

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O Perfeccionismo é Conseqüência Do Orgulho

O perfeccionismo é a "tendência obsessivamente exagerada para atingir a perfeição na


realização de alguma coisa." Perfeccionista é aquele que coloca diante de si alvos que
estão acima da exigência normal. Pelo alcance dos mesmos, ele se coloca acima dos
demais, tornando-se crítico dos que não aceitam ou alcançam os mesmos padrões.

O resultado do perfeccionismo é: Uma atitude dura para consigo mesmo e com os outros,
o que resulta em severidade de caráter.

Um Espírito muito crítico. Falta de perdão. Justiça própria e orgulho religioso. Pobre
relacionamento com Deus. Transmissão da rejeição aos filhos. A criança nunca se
sentirá aceita a não ser na base da realização.

O perfeccionista olhará para Deus como sendo também perfeccionista. Tenderá


relaciona-se com Deus na base de suas realizações e estabelecerá, portanto, padrões
elevados demais para si mesmo.

Para o perfeccionista a Deus de Deus é recebida na base de obras. Ele terá uma vida
cheia de obras, mas na realidade sem relacionamento com Deus.

Orgulho Gera Competição

Competição é a luta constante para se sobressair, ser o primeiro, o melhor, ser


reconhecido. Ele se manifestará através do egoísmo, vontade própria, auto-exaltação,
ambição e inveja.

Resultados da competição:

Inimizade entre os homens (Gálatas 5. 26; 6.3).


Comparação constante de si mesmo com os outros (II Coríntios 10.12).
Descontentamento com a vida e as realizações passadas. Ciúme e inveja.

O orgulho é uma raiz que nunca pode ser satisfeita. Uma luta constante com Deus traz
ao homem um Espírito de competição que o impedirá de cumprir seu chamado e
verdadeiro papel no mundo.

A Falta De Perdão

Falta de perdão é a incapacidade de desculpar falhas, devido a um espírito amargo, ultra-


sensível, indisposto, melindroso, zangado.

Os resultados da falta de perdão


Culpa e condenação: A pessoa não libera os outros e, conseqüentemente, não recebe
a liberação de Deus (perdão). Ela não pode perdoar o passado. Não pode receber o
perdão de Deus, dentro dos princípios da Palavra, que condiciona o perdão Divino ao
nosso próprio perdão aos que nos tem ofendido.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 64


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Nota: O orgulho impede a pessoa de perdoar a si mesma, por ter quebrado a auto-
imagem que o orgulho construiu.

Cegueira e engano: Ela falha em ver-se como realmente é. Falha em ver outros como
eles realmente são.

A Descrença
A natureza do orgulho é ser independente e auto-suficiente. Para alguém crer precisa
reconhecer uma necessidade, uma deficiência, uma limitação. Portanto, a incredulidade
procura estabelecer sua independência para que mais ninguém seja necessário. O
orgulho, pois, é a raiz da incredulidade. Um homem orgulhoso, a despeito de todas as
razões lógicas que atestam a realidade de um fato, recusa-se a crer, pois seu problema
não é a falta de evidência, mas seu eu enfatuado.

Lançando mão de princípios de fé para alcançar alvos pessoais, em vez de buscar a


vontade de Deus em sua própria vida.

Fé e humildade têm a mesma raiz. Como exemplos de fé e humildade temos o caso do


centurião: "Não sou digno!" A mulher siro-fenícia: "Os cachorrinhos comem das
migalhas". A fé não cresce na raiz de orgulho.

Como Destruir a Raiz Do Orgulho

 Peça a Deus que lhe revele o engano do orgulho;


 Arrependa-se;
 Rejeite o engano do orgulho;
 Mude a motivação da vida, do orgulho para o amor;
 Humilhe-se diante de Deus.

A raiz de todo o pecado e todo o mal é o orgulho. A raiz de toda a virtude é a humildade.
O orgulho nos impede à altivez, o que Deus abomina. A rejeição nos impele para o
acabrunhamento, o que Deus rejeita. Devemos ser libertos de ambos, deixando que
Deus mesmo nos exalte.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 65


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PARTE DOIS

ANDANDO NO ESPÍRITO

COMO SER E ANDAR GUIADO PELO ESPÍRITO


SANTO DE DEUS NO VIVER DIÁRIO

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 66


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Capítulo 06: ALIMENTANDO-SE


CORRETAMENTE NO ESPÍRITO

A primeira coisa que uma criança recém-nascida aprende a fazer é alimentar-se. Logo
ao nascer, a criança já sabe para onde deve voltar-se a fim de se alimentar. O mesmo
se dá conosco no novo nascimento. Já nas primeiras horas o nosso espírito sabe que é
voltando-se para dentro que poderá alimentar-se. Ocorre que o diabo, o ensino religioso
e exterior além de nossa própria tendência material, nos fazem voltar para fora.

Muitos cristãos não sabem relacionar-se com Deus e nem alimentar-se no seu espírito
em função de desconhecerem os princípios divinos a respeito. Como alimentar-se? De
que modo prático isso pode acontecer? Quando? Com quem? Onde? Por quê? Estas
perguntas são respondidas nos artigos que se seguem.

NOSSA ESTRUTURA TRIÚNA

Todo homem é espírito, alma e corpo. A concepção geral das pessoas é a de que o
homem é apenas corpo e alma. Todavia, é importante ressaltarmos que o homem é um
ser triúno: corpo, alma e espírito. Em I Tessalonicenses 5.23 lemos: ''O mesmo Deus da
paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros
e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo''.

Espírito e alma não são a mesma coisa. Caso fossem a mesma coisa, qual a
necessidade de separá-los? Pois em Hebreus 4.12, Paulo nos diz que a Palavra de Deus
é viva e eficaz e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito. Alma e espírito, portanto,
não são uma mesma coisa.

Mas, qual a necessidade de estudarmos sobre esse assunto? Porque precisamos saber
que o homem é espírito, alma e corpo. Isso é fundamental sob muitos aspectos. Essa é
a base para a compreensão de todo o fundamento da fé. Vejamos algumas razões pelas
quais nos é imprescindível aprendermos, não apenas que o homem possui uma
dimensão tríplice, mas também a necessidade de sabermos discernir o nosso próprio
espírito humano.

Em primeiro lugar, Deus é espírito. Em João 4.24, lemos: ''Porque Deus é


espírito...''Ora, para que possamos ter contato com a matéria precisamos ser matéria, do
mesmo modo, para que possamos ter contato com Deus que é Espírito, precisamos ser
um espírito. Não podemos ouvir de Deus com os nossos ouvidos físicos, nem tão pouco
olhá-lo com nossos olhos da carne. Todavia, nós podemos conhecer a Deus. Como
viemos a conhecê-lo? Evidentemente, pelo espírito. É por meio do nosso espírito que
entramos em contato com Deus. Se falharmos em discernir o nosso próprio espírito,
poderemos conhecer a Deus?

Em segundo lugar, o próprio conhecimento espiritual é adquirido no espírito. Em I


Coríntios 2.14, lemos: ''Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe são loucura, e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente''.

Em terceiro lugar, o novo nascimento é algo que ocorre inteiramente em nosso


espírito. ''O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito''
(João 3.6). Quando Adão pecou, ele morreu, e bem assim toda a sua descendência. A
morte de Adão não foi de imediato uma morte física, mas espiritual. O seu espírito morreu
para Deus. Não que o homem natural não tenha espírito, mas o seu espírito está morto,
incapaz de manter contato com Deus. O novo nascimento é o renascer deste espírito
para Deus.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 67


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Em quarto lugar, a adoração é algo que é feito no espírito. Se falharmos em perceber


o nosso próprio espírito, a nossa adoração será comprometida. O máximo que iremos
alcançar será um louvor no nível da mente, da alma. Deus é espírito e deve, portanto,
ser adorado em espírito (João 4.24).

Esse é o centro da vida cristã: Deus habita em nós na pessoa do Espírito Santo, nos
moldando e nos guiando em toda verdade. Isso não pode ser mera doutrina, tem de ser
revelação em nosso espírito. Esse é o ápice da revelação de Deus, que Cristo Jesus
habita em nós sendo a nossa própria vida. A vida cristã consiste em duas substituições:
a primeira na Cruz, onde ele morreu em nosso lugar, e a outra no nosso dia a dia, onde
ele vive a vida cristã por nós. Tudo é feito por sua graça: a salvação e a santificação .

Em sexto lugar, a Palavra de Deus diz que somos seres espirituais. Eu sou um ser
espiritual, eu sou da natureza de Deus, fui feito à sua imagem e semelhança (Salmo
82.6). Não devemos pensar que somos o nosso corpo. Nós somos espírito. E é por isso
que nós somos aptos para ter comunhão com Ele, para ouvir e falar com Ele.

Em I Coríntios 14.14, Paulo diz: ''Se eu orar em outra língua, então meu espírito ora...''
Veja a forma como ele diz: ''se eu orar... então meu espírito ora'' veja que o ''EU'' e o
''espírito'' são a mesma coisa, mostrando que Paulo se via como um ser espiritual.

Nós somos um ser triúno. A divisão que ora fazemos é apenas visando facilitar a
aprendizagem. Eu sou apenas um homem e não três. Espírito, alma e corpo são partes
de um único ser: o homem. Entretanto, o nosso corpo será glorificado, pois o corpo que
hoje possuímos é apenas a casa onde moramos nessa terra. Paulo nos diz em II
Coríntios 5:1-2 que o corpo é apenas a nossa casa terrestre.

Em sétimo e último lugar, somos exortados a orar sem cessar no espírito (Efésios
6.18, I Coríntios 15.15). Existe um tipo de oração que é feito no nível do espírito. Como
poderei fazer esse tipo de oração, se eu nem mesmo sei que possuo um espírito? A
adoração é no espírito, mas a oração também o é.

Toda a nossa vida cristã consiste em aprendermos a exercitar o nosso espírito humano
recriado para contactar o Senhor e sermos por ele guiados. Tudo o que nós
necessitamos para alcançarmos uma vida cristã plena e frutífera já nos foi dado pelo
Espírito Santo que habita em nós.
Revelação não é descobrir algo que ninguém nunca tenha visto antes, pelo
contrário, não existe nada novo, tudo já está escrito. Quando a luz de Deus brilha
no nosso espírito então há revelação. Se desejamos obter revelação de Deus e de
sua Palavra, precisamos aprender a perceber o nosso espírito.

Por todo o Novo Testamento, nós podemos ver que a maior preocupação de Paulo era
a de que os crentes tivessem revelação de Deus. Se observarmos atentamente as
orações de Paulo, mencionadas nas epístolas, constataremos que o seu alvo de oração
era único: revelação. Paulo não orava pelo crescimento da Igreja. Paulo não orava por
novos líderes nem por algo semelhante. Como seria mudada a nossa prática de igreja
se tomássemos como nossas as orações de Paulo? Simplesmente porque quando há
revelação, naturalmente as pessoas serão transformadas pela ação da Palavra.

Filipenses 1:9: ''E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em
pleno conhecimento e toda a percepção...''.

Se observamos todas estas orações, veremos que o tema é único: revelação. Muitos
crentes vivem só como homens naturais, não podem discernir as coisas do espírito, pois
não sabem usar os seus próprios espíritos para discernir a verdade de Deus.

O Espírito Santo habita em nós, ele fala conosco. O Senhor Jesus, em João 16.13
promete: ''Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 68


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verdade...'' Como o Espírito nos guia a toda a verdade? Falando conosco através de
nosso espírito recriado. Se não temos ouvido a sua voz, é porque o rádio está mal
sintonizado. O Senhor sempre está falando, nós é que não o ouvimos.

O nosso espírito, muitas vezes, é chamado de “coração” na Bíblia (parece que os dois
termos são intercambiáveis). Em Romanos 2.28-29, lemos: “Porque não é judeu quem o
é exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele
que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não segundo a letra,
e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus”. Podemos perceber Paulo
explicando que o coração é o espírito, ou pelo menos é o meio pelo qual ele pode ser
percebido.

FUNÇÕES DO ESPÍRITO, DA ALMA E DO CORPO


Pela Palavra de Deus e pela experiência, podemos ver que o homem possui três partes
e que cada uma delas possui a sua função específica. O corpo é a parte material, onde
estão os nossos sentidos físicos. A sua função básica é manter contato com o mundo
material através dos cinco sentidos. A alma, por sua vez, é a parte que nos permite ter
contato conosco mesmos. Diríamos que é a parte que nos permite ter autoconsciência,
ou seja, consciência de nós mesmos. A alma é o ''EU'', e, portanto, o centro da
personalidade. O espírito é aquela parte pela qual temos comunhão com Deus. É o
elemento que nos dá consciência de Deus. A alma é o centro da personalidade, mas o
espírito é a parte mais importante e o centro de todo o nosso ser. É pelo espírito que
podemos adorar a Deus e receber revelação. Deus habita em nosso espírito.

1. AS FUNÇÕES DA ALMA
A Palavra de Deus nos mostra clara e inequivocamente, que a alma humana é composta
por três partes: a mente, a vontade e a emoção. A alma é a sede da nossa personalidade,
é o nosso ''EU''. É por esse motivo que, em muitos lugares, a Palavra de Deus chama o
homem de ''alma''. As principais características do homem estão na sua alma, tais como
ideais, pensamentos, amor, etc. O que constitui a personalidade do homem são as três
faculdades: mente, vontade e emoções.

 A Função Da Vontade

''Disponha agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes o Senhor Deus'' (I
Crônicas 22.19). Buscar é uma função da vontade, e a vontade está na alma. Em Jó 6.7,
lemos: ''Aquilo que minha alma recusava em tocar... ''. Recusar é uma função da
vontade. ''Pelo que a minha alma escolheria, antes, ser estrangulada... '' (Jó 7.17).
Escolher também é uma função da vontade.

A vontade é o instrumento para nossas decisões e indisposições: queremos ou não


queremos. Sem ela o homem seria reduzido a um autômato. É a vontade do homem que
também resolve pecar ou servir a Deus. É na nossa alma que está o nosso poder de
escolha.

 A Função Da Mente

Provérbios 2.10, 19.2 e 24.14, sugerem que a alma necessita de conhecimento. O


conhecimento é uma função da mente, logo, a mente é uma função da alma.
''As suas obras são admiráveis e a minha alma o sabe muito bem''. Salmo 139.14. Saber
é uma função da mente, e, portanto, também da alma. Lamentações 3.20 diz que a alma

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 69


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pode se lembrar e sabemos que a lembrança é função da mente. Por isso podemos
afirmar que a mente é uma função da nossa alma.

A mente é a função mais importante da alma. Se a nossa mente for obscurecida, nunca
poderemos chegar ao pleno conhecimento da verdade. A nossa mente renovada, para
poder experimentar e entender a vontade de Deus, que é revelada em nosso espírito.

 A Função da Emoção

A emoção é uma parte importante da experiência humana. As emoções dão cor à nossa
vida, todavia jamais podemos nos deixar ser guiado por elas. Isto porque a emoção é
uma parte da alma. As emoções se manifestam de muitas formas: amor, ódio, alegria,
tristeza, pesar, saudade, desejo, etc.

Em I Samuel 18.1, Cantares 1.7 e Salmo 42.1 percebemos que o amor é alguma coisa
que surge em nossa alma. Provando, portanto, que dentro da alma existe uma função
como a emoção.

Quanto ao ódio, podemos ver em II Samuel 5.8, Ezequiel 36.5 e Salmo 117.18
expressões tais como: menosprezo, aborrecimento e desprezo. Estas são expressões
de ódio e, em todas elas vemos que procedem da alma. A alma, portanto, tem a função
de ter emoções, tais como o ódio.

Toda a fundamentação apresentada nos prova que alma tem três funções: a mente, a
vontade e a emoção. E percebemos também que o espírito do homem tem também três
funções ou partes distintas: a consciência, a comunhão e a intuição.

O carnal é aquele que sinceramente tenta fazer a vontade de Deus e conhecer a sua
vontade, todavia, ele o faz exercitando a alma.

Nesse sentido, os cristãos que vivem segundo o padrão da alma tendem a seguir aquela
função da alma que lhes é mais peculiar. Por exemplo, pessoas mais emotivas tendem
a usar as emoções como critério de vida espiritual. Se sentem calafrios e fortes emoções,
conseguem fazer a obra de Deus, mas, se estas emoções se vão, também seu ânimo
se esvai. Há outros, porém, que recusam esta emotividade da alma e andam segundo o
padrão da mente. Estes chegam mesmo a criticar os emotivos como sendo carnais. O
que eles não percebem é que andar segundo a mente também é da alma. Há ainda um
terceiro tipo de cristão da alma, são aqueles que andam segundo a empolgação da
vontade. Poderíamos chamá-los de crentes ''oba-oba''. Parecem muito piedosos, mas se
trata apenas de desculpas da carne para não servir a Deus. Se andarmos segundo a
alma, invariavelmente cairemos em um destes três pontos, ou em todos eles. Os que
andam na carne não podem agradar a Deus. (Romanos 8.8).

Não devemos pensar que a nossa alma é ruim; isto não é verdade. O erro é caminharmos
confiados na sua capacidade de pensar, entender e sentir. Se andarmos pela alma, já
não andamos por fé. Existe algo, entretanto, que devemos fazer com a alma: devemos
transformá-la. O novo espírito é como uma lâmpada que se acendeu dentro de nós. Ela
está acesa e nunca mais se apagará. O novo nascimento aconteceu num instante, mas
a nossa alma agora deve ser transformada. O processo de transformação da alma é algo
que dura a vida inteira.

2. AS FUNÇÕES DO CORPO
A Palavra de Deus nos diz que o nosso corpo é apenas a nossa casa terrestre. É o lugar
onde moramos nesse mundo. A função básica do corpo é ter contato com o mundo físico.
Paulo nos diz em II Coríntios 5.1-4 que o nosso corpo é a nossa casa terrestre, mas
haverá um dia em que seremos revestidos da nossa habitação celestial. O nosso corpo

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não tem conserto e nem salvação. Precisamos receber outro corpo. No céu não teremos
uma nova alma, mas teremos um novo corpo.

 Função Da Sensação

A função de sensação são as portas do nosso ser. Ela se constitui nos cinco sentidos do
corpo. Tudo o que entra em nossa alma, entra através dos cinco sentidos. Se desejamos
obter vitória sobre o pecado, precisamos disciplinar o nosso corpo para que através dele
não entre nada sujo ou pecaminoso.

 A Função De Locomoção

Evidentemente, é função do nosso corpo se locomover. O nosso corpo é a parte mais


inferior, pois é ele que tem contato com o mundo físico, e para o corpo é impossível
perceber as coisas espirituais.

 Função De Instinto

Os instintos são reações do organismo que não dependem do comando da nossa alma.
São reações automáticas e em si mesmas não pecaminosas. Entretanto, elas são a base
de concupiscência da carne. Deus criou os instintos bons, mas, por causa do pecado,
eles foram degenerados e hoje precisamos exercer domínio sobre eles.

Há três grupos de instintos básicos: de sobrevivência, de defesa e sexual. O instinto de


sobrevivência inclui o comer, o beber e as necessidades fisiológicas.

Esses instintos são inatos. Ninguém precisa ensinar a criança a mamar, ela já nasce
sabendo. O pecado transformou esse instinto natural em glutonaria e bebedices.

O instinto de defesa inclui os atos reflexos de proteção, como esquivar-se, esconder-se


proteger-se. O pecado o transformou em brigas, facções, iras e todo tipo de violência.

O instinto sexual foi corrompido para se transformar em adultério, fornicação,


prostituição, sodomia e coisas parecidas. Não devemos permitir que esses instintos
naturais, que permanecem em nós, mesmo depois que somos convertidos, nos
controlem. O corpo deve ser um servo e não um Senhor.

A Palavra de Deus diz que há algo que devemos fazer com o nosso corpo. ''Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresentais os vossos corpos por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional''. Devemos ofertar
o nosso corpo a Deus e trazê-lo debaixo de austera disciplina. Disciplinar não é usar de
ascetismo, mas é simplesmente não fazer a vontade do corpo. O nosso corpo, junto com
a nossa alma, são a parte do nosso ser natural que, no seu conjunto, é chamada de
carne no Novo Testamento. O carnal, então, é aquele que vive no nível do natural, ou
seja, no nível da alma e do corpo.

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3. AS FUNÇÕES DO ESPÍRITO

O espírito humano possui três funções básicas: intuição, consciência e comunhão.

 A Função Da Intuição
''E vós possuís a unção que vem do Santo, e todos tendes conhecimento'' (I João 1.20).

''Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine, mas, como a sua unção vos ensina a respeito
de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela
vos ensinou'', (I João 2.27).

A intuição é a capacidade do espírito humano de conhecer, de saber,


independentemente de qualquer influência exterior. É o conhecimento que chega até
nós, sem qualquer ajuda da mente ou da emoção; ele chega intuitivamente. As
revelações de Deus e todas as ações do Espírito Santo se tornam conhecidas por nós
pela intuição do espírito. A nossa mente simplesmente nos ajuda a entender aquilo que
o Espírito Santo revela ao nosso espírito.

''Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão dizendo:
conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles. Diz
o Senhor'' (Jeremias 31.34).

A intuição se manifesta pela restrição e pelo constrangimento. Por exemplo, podemos


estar pensando em fazer determinada coisa. Parece muito razoável, gostamos dela, e
resolvemos ir em frente. Mas algo dentro de nós, uma sensação pesada, opressiva,
parece opor-se ao que a nossa mente pensou, nossa emoção aceitou e nossa vontade
decidiu. Parece dizer-nos que tal coisa não deve ser feita. Este é o impedimento, ou a
restrição da intuição.

É importante ainda frisarmos que há uma diferença entre o conhecer e o entender. O


conhecer está no espírito enquanto o entender está na mente. Conhecemos uma coisa
através da intuição do espírito, a nossa mente é então iluminada para entender o que a
intuição conheceu. Na intuição do espírito conhecemos a persuasão do Espírito Santo,
na mente entendemos a orientação do Espírito Santo.

O conhecimento da intuição é chamado na Bíblia de revelação. Revelação não é nada


mais que o desvendar, pelo Espírito Santo, da verdadeira realidade de alguma coisa.
Este tipo de conhecimento é muito mais profundo que o conhecimento da mente. A unção
do Senhor nos ensina a respeito de todas as coisas, pelo espírito de revelação e de
entendimento.

 A Função Da Consciência

É fácil entender a consciência. Todos nós estamos familiarizados com ela. É a


capacidade de discernir entre o certo e o errado, não segundo os critérios da mente, mas
segundo uma sensação do espírito. (Romanos 9.1 – Atos 17.16).

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Quando comparamos Romanos 9.1 e Atos 17.16, vemos que a consciência está
localizada no espírito humano. Testificar, confirmar, recusar, acusar, são funções da
consciência. Em I Coríntios 5.3, Paulo diz que, em seu espírito, julgou uma pessoa
pecaminosa. Julgar significa condenar ou justificar, que são ações da consciência.

Muito freqüentemente, a consciência condena coisas que a nossa mente aprova. O


julgamento da consciência não é segundo o conhecimento mental, mas segundo a
direção do próprio Espírito Santo.

Precisamos ser absolutos para com aquilo que Deus condena em nossa consciência.
Nunca devemos tentar explicar o pecado, justificando-o. Sempre que em nossa
consciência houver uma recusa, devemos parar imediatamente. Alguns tentam se
justificar dizendo que não têm muita convicção se determinada coisa é errada ou não.
Romanos 14.23 nos diz que tudo o que não vem de plena certeza e fé é pecado.

Só podemos servir a Deus estando com a nossa consciência limpa. Todos nós podemos
testificar que a ação da nossa consciência não depende de nosso conhecimento da
Bíblia. Muitas vezes sentíamos que algo era errado e só depois descobríamos aquela
proibição na Bíblia. Sem que ninguém nos ensinasse, sabíamos que o nosso namoro
estava errado, que as nossas finanças estavam desajustadas.

 A Função De Comunhão

''O que se une ao Senhor é um só espírito com ele'' (I Coríntios 6.17).

Comunhão é adorar a Deus. Toda comunhão genuína com Deus é feita no nível do nosso
espírito. Deus não é percebido pelos nossos pensamentos, sentimentos e intenções,
pois Ele só pode ser conhecido diretamente em nosso espírito. Aqueles que não
conseguem perceber o seu próprio espírito, não conseguem também adorar a Deus em
espírito. Deus é espírito, e somente o nosso espírito pode entrar em comunhão com Ele.

É no nosso espírito que nos unimos ao Senhor e mantemos comunhão com Ele. Tudo o
que Deus faz Ele faz a partir do nosso espírito. É sempre de dentro para fora. Esta é uma
maneira bem prática de sabermos o que vem de Deus e o que vem do diabo. O diabo
sempre começa agir pelo corpo, de fora, tentando atingir dentro da alma. É de
fora para dentro. Deus, por sua vez, age de dentro para fora.

Sempre que formos adorar a Deus, devemos nos voltar para o nosso coração, pois é no
nosso coração que percebemos o nosso espírito. Não procure exercitar a mente na hora
de adorar, exercite o espírito, mediante o coração. É por isso que a adoração com
cânticos em línguas é mais eficiente, pois a nossa mente fica infrutífera e podemos
exercitar o espírito livremente.

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Capítulo 07: PRINCÍPIOS PARA A


REVELAÇÃO NO ESPÍRITO

Na vida cristã, o ponto mais importante é o conhecimento espiritual, a revelação. Como


já mostramos anteriormente, a maior preocupação de Paulo em todas as suas epístolas,
era por revelação (Efésios 1.15-19, Efésios 3.14-19).

É interessante vermos que Paulo não orava pelo crescimento das igrejas locais. Em
nenhum lugar, Paulo faz votos pelo crescimento numérico de nenhuma igreja. Paulo não
ora pelo prédio onde os irmãos deveriam se reunir. Paulo tinha uma única oração: por
revelação.

Precisamos entender que o Novo Testamento tem um ponto central. O ponto central de
todo o Novo Testamento é Cristo. Mas, não apenas Cristo, mas Cristo dentro de nós, em
nosso espírito. O que tem valor, realmente, é conhecermos a Cristo, por revelação em
nosso espírito. Se possuirmos revelação de Cristo, espontaneamente, todas as áreas de
nossa vida serão afetadas e transformadas.

Quando a revelação de Deus vem, então há crescimento, há discipulado, há maturidade


cristã, há missões, há novos líderes, tudo o mais é apenas conseqüência de termos as
nossas vidas impactadas pela luz do Espírito Santo.

''...Fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor
Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno
conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes, qual é a
esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e
qual a suprema grandeza do seu poder...'' (Efésios 1.15-19).

Paulo não ora simplesmente para que os efésios tenham revelação, ele também
especifica revelação do quê. Em primeiro lugar revelação ao Senhor, em segundo lugar,
saber qual a esperança do seu chamamento e a suprema grandeza do seu poder neles.
Na medida em que nossos olhos espirituais se abrem e entendemos com todos os santos
a medida do seu poder dentro de nós, então há uma explosão de poder e autoridade.

''Por esta causa me ponho de joelhos... a fim de poderdes compreender... qual é a


largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Deus que
excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus”
(Efésios 3.14-19).

Veja bem que Paulo diz que o amor de Deus excede todo entendimento. Por isso ele ora
por revelação, pois a mente sozinha não pode entender. O desejo de Paulo era que os
crentes fossem tomados de toda a plenitude de Deus. Para que isso acontecesse, eles
precisavam apenas ter revelação do amor de Deus. O Espírito Santo é o ''dúnamis'' de
Deus, é o poder de Deus. Esse poder está habitando agora dentro de nós, esperando
apenas ser liberado pela fé. Quando a revelação vem, então há fé para liberar o poder
de Deus que está na pessoa do Espírito Santo, que habita em nós.

''E também faço esta oração: que o vosso amor aumente... em pleno conhecimento e
toda percepção...'' (Filipenses 1.9-11). Esta percepção, da qual Paulo fala, é algo

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espiritual e não mental. A vida cristã não consiste em acúmulo de conhecimento mental,
mas num avançar em níveis novos de revelação no espírito.

''Por esta razão... não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno
conhecimento... em toda sabedoria e entendimento espiritual... a fim de viverdes de
modo digno do evangelho...'' (Colossenses 1.9-12). Mais uma vez Paulo está orando
para que os crentes transbordem de revelação a fim de terem uma vida santa. Veja bem
que Paulo está dizendo aqui que a vida santa é apenas conseqüência de revelação.

O PONTO CENTRAL DO EVANGELHO É CRISTO DENTRO DE NÓS


O Espírito Santo habita dentro de nós. O poder de Deus está em nós. A saúde de Deus
está em nós. A natureza de Deus está em nós. A bondade, a justiça, o amor de Deus,
tudo isso é residente dentro do nosso espírito recriado. Não precisamos buscar estas
coisas, precisamos é de ter revelação que elas já estão dentro de nós.

Precisamos entender no Espírito que tudo o que necessitamos para uma vida com Deus
já nos foi dado por meio do Espírito Santo que em nós habita. Se precisamos de poder,
Ele é o poder. Se precisamos de amor, Ele é o amor que foi derramado em nossos
corações. Se precisamos de entendimento, todos os tesouros da sabedoria estão ocultos
Nele. Portanto, todas as coisas já estão completadas em nosso espírito.

PRINCÍPIOS PARA SE OBTER REVELAÇÃO


Existem princípios nos quais devemos estar inseridos se desejamos alcançar revelação
da parte do Senhor. Eu não posso forçar a luz de Deus a vir, mas eu posso estar
habilitado a percebê-la sempre que ela se manifestar.

A principal questão para se alcançar revelação é tratar com o coração. É no coração que
a luz de Deus resplandece (II Coríntios 4.6). Se o nosso coração estiver com problemas,
não perceberemos a luz de Deus.

Um Coração Consagrado a Deus


Em Juízes 16.20-21 lemos que Sansão foi derrotado pelos filisteus e estes lhe cegaram
os olhos. Por que Sansão foi derrotado? Porque ele era nazireu consagrado ao Senhor,
e o sinal da sua consagração era o seu cabelo. Quando o seu cabelo foi cortado, então
a sua consagração também foi cortada. Todas as vezes que a nossa consagração e
obediência a Deus são quebradas, uma nuvem escura vem sobre nós. Tornamo-nos
como cegos para as coisas espirituais.

O pecado é algo terrível que produz insensibilidade em nosso coração e nos incapacita
a ouvir e receber de Deus. O alvo do diabo, como já dissemos, é impedir que vejamos;
ele quer que sejamos cegos sobre Deus e Seu propósito. Quando o pecado entra em
nossas vidas, o diabo tem espaço para nos cegar e, assim, somos impedidos de obter

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revelação de Deus. A revelação do Senhor é para aqueles que obedecem, que têm um
coração consagrado, dado, ofertado a Deus.

Existem muitos servos de Deus que não conseguem entender as coisas do espírito como
se fossem homens não convertidos. Por que acontece isso? Porque são servos que
erram no coração. Esse não é o único, mas talvez seja o principal motivo da cegueira no
meio do povo de Deus.

Um Coração Ensinável
Com relação ao ensino, há dois tipos de crentes na casa de Deus. Há aqueles que são
portadores de uma doença que eu costumo chamar de complexo de Adão. Eles julgam
que não devem aprender nada com ninguém, pois Deus vai ensinar tudo para eles. Na
sua presunção, estes irmãos jogam fora séculos de história e de mover de Deus, e
esperam que Deus comece tudo outra vez com eles.

Por outro lado, há um segundo tipo - que são os piores: aqueles que julgam que já sabem
tudo. Quem já sabe tudo não precisa mesmo aprender com ninguém, e nem mesmo
precisa buscar revelação. Eles detêm todo o conhecimento da humanidade.

Tais irmãos não devem esperar algo no Senhor, pois Deus os resiste. Tudo isso é
soberba e Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde. (I Pedro 5.5). Em
Apocalipse 3.18, o Senhor aconselha a igreja de Laodicéia a comprar colírio para que
possa ver. Este ver é algo no espírito. Colocar colírio nos olhos significa buscar um
coração ensinável.

Revelação é simplesmente desvendar, é revelar algo que estava oculto.


Mas não basta apenas revelar o que está oculto, é preciso que haja luz,
caso contrário, não poderei enxergar. Eu posso revelar o que está oculto
em uma caixa, mas, se não houver luz, de nada vai adiantar. O desvendar é
importante e a luz é imprescindível, mas, se em mim não há olhos para
enxergar, então tudo foi em vão.

O ministro deve abrir a palavra e isto acompanhado de muita luz do Senhor, mas, se das
pessoas, os olhos estiverem cegos, de nada adiantará. Antes de tudo é preciso que
tenhamos olhos para enxergar. Se não, cairemos no mesmo problema dos fariseus:
tinham olhos, mas não viam, tinham ouvidos, mas não ouviam.

Eu não devo buscar aprender sozinho aquilo que meu irmão já sabe, pois Deus não vai
me ensinar. Mas se eu me disponho a aprender com meu irmão, então a luz de Deus
virá através dele. Se em nossa cidade Deus está se movendo em algum lugar, eu devo
me dispor a ir até lá para aprender, pois se eu não o fizer e tentar aprender sozinho,
Deus poderá me resistir. Deus resiste ao soberbo.

Que o Senhor nos dê colírio para que possamos enxergar e alcançar revelação dentro
da sua Palavra.

Um Coração Limpo

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Em Mateus 5.8, Jesus disse que os limpos de coração poderiam ver a Deus. Veja bem
que esse ver é uma promessa para o futuro, mas também se refere ao tempo presente
quando podemos ver, por revelação, a Deus (I Coríntios 2.9-10).

Há muitos que não podem ter revelação pelo simples fato de terem um coração impuro
diante de Deus. Não é suficiente ter um coração limpo precisamos ter um coração puro.
Ser limpo significa não ter pecado oculto. Significa a apropriação completa do perdão do
sangue de Jesus.

Ter um coração puro significa ter um coração sem misturas. Se o nosso coração está
cheio de coisas profanas fica difícil enxergarmos as coisas do espírito. Existem muitas
coisas que não são pecaminosas, mas que tornam o nosso coração impuro. Por
exemplo, uma pessoa que acaba de abrir uma loja. Apesar do seu coração não estar
sujo, ele estará cheio de interesse pelo comércio. Durante todo o dia, ele vai estar voltado
para as coisas da loja. Se em nosso coração há um interesse pelo Senhor, mas um
interesse igualmente grande por outras coisas, o nosso coração está impuro.

Ter um coração puro é ter um coração para Deus. "Quem mais tenho eu no céu? Não
há outro em que eu me compraza na terra" (Salmo 73.25). Davi foi chamado de o homem
segundo o coração de Deus por causa do seu prazer inteiramente colocado em Deus.
Quando o nosso coração está inteiramente voltado para o Senhor, e podemos dizer que
o nosso prazer está Nele, então as janelas do céu se abrem e a luz de Deus vem sobre
a sua Palavra.

Não basta dizer que queremos ter revelação e começarmos a ler a Palavra. É preciso
também que entremos nos princípios da Palavra. Em primeiro lugar, precisamos ter um
coração consagrado a Deus. Em segundo lugar, um coração ensinável e, em terceiro
lugar, precisamos ter um coração para o Senhor, apaixonado por Ele. Na medida em que
estas condições vão sendo cumpridas, a luz de Deus vem ao nosso espírito.

Um Coração Sem Véu


Em II Coríntios 3.15, lemos: "Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre
o coração deles". Paulo está nos dizendo aqui que há um véu sobre o coração dos judeus
que os impede de enxergar a revelação de Jesus. Que véu é esse? O véu do
tradicionalismo. Por que há tantos que não se rendem às evidências do batismo no
Espírito Santo? A história comprova, o crescimento das igrejas, os sinais o comprovam,
a maturidade das vidas o comprova. Por que, então, ainda dizem que tudo é mentira?
Só pode ser por causa deste véu que está posto sobre o seu coração. Não é Deus quem
coloca o véu, somos nós mesmos.

Ser tradicional é estar fechado para qualquer nova que Deus esteja falando. E nesse
sentido, existem tradicionais que oram baixo e outros que oram alto. Há tradicionais que
oram em línguas e outros que não oram. Tradicional é aquele que está preso ao passado.

Veja que um coração correto é básico. Se desejamos revelação, é fundamental nos


enchamos com a Palavra de Deus.

Encher-se com a Palavra de Deus

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 77


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Evidentemente, se eu desejo crescer em revelação da Palavra, eu preciso gastar tempo


lendo-a, enchendo a minha mente com ela. Há um princípio em I Coríntios 15:46: "Não
é primeiro o espiritual, e sim, o natural, depois o espiritual". A nossa mente tem uma
função muito importante, se a mente for obscura e problemática, a revelação no espírito
vai ficar comprometida. Primeiro, a minha mente deve saber, para depois o meu espírito
ter luz. Por que há muitos que não têm revelação? Porque as suas mentes não estão
cheias com a Palavra.

O Logos e o Rhema
Lendo nossas Bíblias em Português, não conseguimos distinguir dois termos usados no
original que são igualmente traduzidos como "Palavra" em nosso idioma. Estes dois
termos são logos e rhema. Estes termos são traduzidos unicamente como "Palavra"
porque são vistos como sinônimos, porém, o Espírito Santo escolheu tais termos para
nos mostrar a tremenda diferença que existe entre a Palavra escrita e a Palavra viva.

O Logos
Logos é a Palavra escrita. É aquilo que Deus falou e que foi registrado para nossa
orientação. Ela contém o que Deus falou anteriormente pelos profetas e por meio do
Filho (Hebreus1.1-2). É esta a Palavra que nós ministramos; não ministramos palavra de
homens. Precisamos estar familiarizados com esta Palavra, pois o conhecimento da letra
da Bíblia é extremamente importante. Vejamos alguns textos em que no original se usa
o termo Logos e qual deve ser a nossa atitude para com a palavra escrita.

"Se alguém me ama guardará a minha palavra (logos)" (João 14.23).


"Lembrai-vos da palavra que vos disse (logos)" (João 15.20).
"Santifica-os na verdade, a tua palavra (logos) é a verdade" (João 17.17).
"Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra (logos)" (Atos 6.4).
"A palavra (logos) de Deus crescia" (Atos 6.7).
"Retendo a palavra (logos) da vida" (Filipenses 2.16).
"...Criado com as boas palavras (logos) da fé" (I Timóteo 4.6).
"...Que maneja bem a palavra (logos) da verdade" (II Timóteo 2.15).
"Prega a palavra (logos)" (II Timóteo 4.2).
"Porque a palavra (logos) é viva e eficaz" (Hebreus 4.12).
"...Não está experimentado na palavra (logos) da justiça" (Hebreus 5.13).
"E sede praticantes da palavra (logos)" (Tiago 1.22).
"A palavra (logos) de cristo, habite em vós abundantemente (ricamente)"
(Colossenses 3.16).

A Palavra escrita deve habitar em nós ricamente. Deve estar dentro de nós
abundantemente. Devemos ler, meditar e decorar esta Palavra. Isto é fundamental, pois
sem o conhecimento da Palavra escrita, nunca chegaremos à experiência da Palavra
viva (Rhema). O logos é o fundamento do rhema. Como já aprendemos anteriormente,

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 78


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primeiro é o natural, depois o espiritual. Primeiro devemos ter a mente cheia do logos,
para que o Espírito Santo nos traga o rhema.

"Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes e a palavra (logos) de Deus está em vós e já
vencestes o maligno". A característica dos jovens é a força, mas não a força natural, e
sim a espiritual. O jovem aqui em sua luta contra o Diabo, é como Senhor Jesus quando
foi tentado por Satanás. O inimigo citou para ele trechos das escrituras, porém o Senhor
o combateu, usando a própria escritura, afirmando: "Está escrito" (Mateus 4.4,7,10).

O Rhema

Apesar de ser traduzida, à semelhança do Logos, como “Palavra” em nossas Bíblias, o


Rhema tem um significado muito diferente de Logos. Enquanto o Logos é a Palavra
falada no passado e que se tornou escrita, o Rhema é a Palavra que Deus está falando
conosco pessoalmente, é aquela palavra que está queimando em nosso coração.
Vejamos algumas passagens do Novo Testamento em que a palavra Rhema é usada.

Em Mateus 4.4, Jesus respondeu: "Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de
toda palavra (rhema) que procede da boca de Deus". O termo usado aqui no original
grego é o Rhema. Isto significa que o Logos, a palavra escrita, não pode nos alimentar,
somente o Rhema pode nos nutrir em nosso espírito. Tanto o Logos como o Rhema são
a Palavra de Deus, mas a primeira é a Palavra escrita na Bíblia, enquanto a última é a
Palavra de Deus falada a nós em uma ocasião específica.

"A fé vem pelo ouvir (literal) e o ouvir pela palavra (Rhema) de Cristo" (Romanos 10.17).
Aqui novamente a Palavra é Rhema e não Logos. Isto nos mostra que o que gera fé não
é simplesmente ler a Bíblia, mas é ter a palavra queimando em nosso coração pelo
Espírito Santo.

Todos conhecemos muitos trechos da Bíblia. Certo dia, porém, um texto que já antes
conhecíamos e até sabíamos de cor, assume um frescor, uma vida, uma cor diferente.
Aquela verdade começa a nos aquecer o coração, gerando fé. Deus está falando
conosco. Antes sabíamos genericamente, mas agora Deus falou individualmente
conosco. Todo Rhema é baseado no Logos. Não podemos ter o Logos sem o Rhema.

"As palavras (Rhema) que eu vos digo são espírito e são vida" (João 6.63). Somente o
Rhema é espírito e vida, na verdade o Logos sozinho não pode dar vida, pode até mesmo
matar, porque a letra mata.

Em Lucas 1.38, Maria disse: "Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim
conforme a tua palavra (rhema)". Antes, Maria tinha as palavras do profeta Isaías 7.14:
"Eis que a virgem conceberá e dará luz um filho", mas agora ela tem a Palavra falada
especificamente a ela: "Você conceberá e dará à luz um filho". Foi por ter recebido esta
Palavra que Maria concebeu e tudo se cumpriu. Deus falou com ela o mesmo texto que
estava escrito, mas quando Deus falou, a Bíblia usa a expressão Rhema indicando que
é a palavra viva.

Em Lucas 2.29, Simeão disse: "Agora, Senhor despedes em paz o teu servo, segundo a
tua palavra". A Palavra aqui é Rhema. Antes de o Senhor Jesus vir, Deus falou a Simeão
que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Mas, no dia em que Simeão viu o
Senhor Jesus, ele disse: "Agora, Senhor despedes em paz o teu servo conforme a tua

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palavra". Simeão tinha o Rhema do Senhor. Não era segundo certo capítulo ou certo
versículo da Bíblia, mas foi conforme a palavra dita a ele naquele dia. Ter somente a
palavra escrita não é útil. Somente a palavra que o Senhor fala a nós é útil. E isto é
Rhema.

Lucas 5.5: "Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada
apanhamos, mas sobre a tua palavra lançarei a rede". A Palavra aqui era algo falado
pelo Senhor naquela ocasião. Era o Senhor falando pessoalmente a Simão. Este é o
Rhema. O Senhor não falou num certo capítulo e versículo que Simão deveria lançar as
redes. Se alguém, baseado em Mateus 14.29, tentasse andar sobre o mar, ele
certamente afundaria. Se Deus não falar conosco pessoalmente, não adianta usar um
trecho da Bíblia para justificar a nossa prática.

Em Lucas 24.8, lemos: "Então se lembraram das suas palavras (rhema)". Veja bem que
é exatamente isto o Rhema: quando Deus nos faz lembrar de algo. Rhema é quando
Deus fala conosco nos fazendo lembrar do logos.

Uma coisa que sempre valorizamos é o fato de que Deus fala hoje. Ele não falou apenas
a Paulo ou a Pedro, mas ele também está falando hoje. Todas às vezes que os
pregadores se levantarem, eles devem ter a palavra Rhema do Senhor, caso contrário
vão ministrar morte. O Rhema é a palavra revelada. Quantos têm pregado sem que o
Senhor diga uma só palavra através deles. Isto é lastimável. Não é que preguem uma
mensagem errada, o problema é que não há Rhema.

PRINCÍPIOS PARA ALGUÉM SER GUIADO PELO ESPÍRITO

1. Siga o Impulso da Intuição


Devemos lembrar que o homem tem três partes: espírito, alma e corpo. O nosso corpo
tem três funções: movimento, sensação e instinto. A alma também tem três funções:
mente , vontade, e emoções. No nosso espírito tem também três funções: intuição,
consciência e comunhão. A intuição é como um impulso dentro do coração. Não é uma
voz percebida audivelmente, mas é um impulso.

Em Marcos 1.12, lemos que o Espírito impeliu a Jesus... A Palavra impeliu é boa, pois
denota bem a sensação interior. É perigoso eu ser mal interpretado nesse ponto, pois é
certo que existem impulsos do corpo, das emoções e mesmo impulso de demônios.
Entretanto, se somos nascidos de novo aprendemos a diferenciar todas essas vozes
daquela que vem do espírito.

Siga o Testificar do Espírito


"O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos
8.16). I Coríntios 6.17 diz que "aquele que se une ao Senhor é um só espírito com Ele".
Isso significa que o nosso espírito, depois que nascemos de novo, é como que
amalgamado, unido por uma argamassa, vinculado com o Espírito Santo.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 80


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O testificar do espírito é uma convicção profunda que não tem origem em nada natural.
Muitas vezes a nossa mente rejeita essa convicção pelo temor e insegurança. Deus fala
conosco todo o dia, nós é que não damos crédito, pensando que são coisas da nossa
mente. Que Senhor separe a nossa alma do espírito!

Se o Senhor vem com um testificar em nosso espírito, a melhor coisa a fazer é checar a
convicção com outros irmãos mais amadurecidos. Mas se mesmo depois disso não
tivermos clareza na direção, o melhor é correr o risco. Provavelmente cometeremos
muitos erros, mas estaremos exercitando o nosso espírito, e chegará o ponto em que
virtualmente não cometeremos equívocos.

Siga a Paz do Espírito


"Seja a paz de Cristo o árbitro nos corações..." (Colossenses 3.15). A paz é o árbitro em
nosso coração. O árbitro é o juiz, aquele que decide. Com o coração podemos entender
o nosso espírito. Nós percebemos o nosso espírito no coração. Existe uma paz que
excede todo entendimento. O testificar muitas vezes vem como um fogo que queima no
coração, a paz, porém, é como manancial de águas tranqüilas. É como se o mundo
estivesse desabando, mas dentro do coração as águas estão tranqüilas.

Seguir a Vida

A quarta maneira é seguirmos a vida interior do coração. É uma sensação no meio da


barriga, no ventre. Esse constrangimento sempre aparece quando entramos em uma
direção que Deus não aprova. Tudo o que me diz respeito é importante para o Senhor.
Ele está preocupado com cada detalhe da minha vida.

Não deveríamos ensinar leis de certo e errado para os novos convertidos, mas estimulá-
los a perceberem a direção de Deus pela vida no nosso espírito. Se somos rápidos em
dizer aos outros o que é certo e o que é errado, estamos tirando preciosas oportunidades
deles mesmos entrarem em contato com o Senhor.

Ser cristão não é ser guiado por um código de conduta,


nem por um conjunto de normas e éticas sociais.
Ser cristão é ser guiado pelo Espírito de Deus.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 81


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Capítulo 08: ANDAR NO ESPÍRITO

O livro de Efésios não apenas nos revela a Economia de Deus, o Seu plano eterno. Deus
deu espírito de sabedoria e revelação para Paulo nos mostrar 5 tipos de andar: andar na
Graça (Efésios 4.1-3; Efésios 2.1,5b-7); andar na Verdade (Efésios 4.15,17); andar no
Amor (Efésios 5.2); andar na Luz (Efésios 5.8) e andar no Espírito (Efésios 5.18).

1. Andar na Graça: é receber algo de Cristo, que será capaz de nos levar a "fazer" o
que Ele quer que seja feito. Andar na Graça, de maneira prática, é receber a Sua
suficiência para servirmos a Ele (II Coríntios 3.5,6; cf. João 1.14,17);

2. Andar na Verdade: é ter comunhão com o Senhor através da leitura da Bíblia, é


receber suprimento da Sua palavra. Dizer que cremos no Senhor, que amamos o Senhor,
mas sem conhecê-Lo através da Bíblia, além de "vaidade", é mentira. Portanto, andar na
verdade, de maneira prática, é ler a Bíblia (João 17.17);

3. Andar no Amor: é, sem dúvida, amar os irmãos. Amar a Deus que não vemos, é amar
os irmãos que vemos. Quando o Senhor Jesus, em ressurreição, procurou por Pedro no
mar de Tiberíades, disse a Pedro: "Tu me amas? Então apascenta..." Amar o Senhor é
apascentar os santos. Logo, andar no amor é amar os irmãos de maneira prática -
visitando, telefonando, se preocupando... (I João 4.20);

4. Andar na Luz: é ter comunhão com os irmãos e com Deus. Quando estamos na luz,
como Ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado. Tal comunhão nos ajuda a ter a realidade do Corpo,
a sensação de que não estamos sozinhos, de que somos um. Ter comunhão é diferente
de "comunicar" uma série de coisas que já decidimos fazer, mas é levar à consideração
do Corpo se devemos ou não fazer. Andar na luz, portanto, é, em outras palavras, ter
comunhão uns com os outros (I João 1.6);

5. Andar no Espírito: é praticar as cinco ferramentas que nos ajudam a estar no espírito
mesclado. Embora o apóstolo Paulo tenha mencionado um deles em Efésios 5.19, é bom
considerarmos que: invocar, orar-ler, falar-cantar, profetizar e ruminar, são as
ferramentas práticas para permanecermos no espírito. Logo, andar no espírito é
exercitarmos o espírito, invocando o nome do Senhor, orando-lendo a palavra, falando-
cantando os hinos, profetizando e ruminando (João 7.38).

O Espírito é maravilhoso, pois nos deu tal revelação objetiva, praticável e que é capaz
de produzir uma reação positiva em nós. Ao desfrutar disto, todos nós sentimos a
necessidade de andar... andar... andar... andar... e andar... praticando a graça, o amor,
a verdade, a luz e o espírito (Mateus 7.24).

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 82


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Capítulo 09: COMO DESCOBRIR A


MARAVILHOSA VIDA CHEIA DO ESPÍRITO
A Bíblia diz que há três espécies de pessoas:

1. O Homem Natural
Aquele que ainda não recebeu a Cristo. "O homem que não tem o Espírito não aceita
as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de
entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente" (I Coríntios 2.14).

VIDA CONTROLADA PELO "EU"


O "EU" no centro da vida. CRISTO do
lado de fora da vida. Ações e atitudes
controladas pelo "EU”, resultando
em discórdias e frustrações.

2. O Homem Espiritual

Aquele recebeu a Cristo e tem a sua vida dirigida pelo Espírito de Deus. "O homem
espiritual discerne todas as coisas" (I Coríntios 2.15,16).

VIDA CONTROLADA POR CRISTO


CRISTO no centro da vida. O "EU"
fora do centro. Ações a atitudes
controladas por CRISTO,
resultando em harmonia com o plano
de Deus.

3. O Homem Carnal

Aquele que já recebeu a Cristo, mas vive em derrota, porque confia em seus próprios
esforços para viver a vida cristã.
"Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a
crianças em Cristo. Dei-lhes leite e não alimento sólido, pois vocês não estavam
em condições para isso. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque
ainda são carnais. Pois, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo
carnais e agindo como mundanos?” (I Coríntios 3.1-3).

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 83


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VIDA CONTROLADA PELO "EU". O


"EU" entronizado. CRISTO
destronado. Ações e atitudes
controladas pelo "EU", resultando
em discórdias e frustrações.

1. Deus Providenciou para nós Uma Vida Frutífera e Abundante

 Disse Jesus: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente" (João
10.10).

 "Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele,
esse dá muito fruto; pois sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma" (João
15.5).

 "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade,


fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei" (Gálatas
5.22,23).

 "Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão
minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins
da terra" (Atos 1:8).

O Homem Espiritual
Algumas características pessoais resultantes da sua confiança em Deus:
 É Cristocêntrico
 É dirigido pelo Amor
Espírito Santo Alegria
Paz
 Conduz outros a
Paciência
Cristo
Bondade
 Possui vida

efetiva de Oração
Fidelidade
 Conhece a Mansidão
Palavra de Deus Domínio
 Confia em Deus próprio
 Obedece a Deus

À medida que o cristão vai confiando no Senhor em todos os detalhes da sua existência
e segundo a sua maturidade em Cristo, essas características se manifestam em sua
vida. Aquele que está apenas começando a compreender o ministério do Espírito Santo
não deve desanimar, se não é tão frutífero como cristãos mais maduros que já
experimentaram esta verdade por um período mais extenso.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 84


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Por que a maior parte dos cristãos não está experimentando esta "vida
abundante"?

2. O Homem Carnal não pode experimentar a vida cristã abundante


e frutífera
O Homem carnal confia em seus próprios esforços para viver a vida cristã:

1. Ou ele não está informado a respeito do amor de Deus, seu perdão e poder ou se
esqueceu deles (Romanos 5.8-10; Hebreus 10.1-25; I João 1; I João 2.1-3; II
Pedro 1.9; Atos 1.8).

2. Tem uma experiência espiritual cheia de altos e baixos.

3. Não entende a si mesmo - deseja fazer o que é certo, mas não consegue.

4. Deixa de receber o poder do Espírito Santo para viver a vida cristã.


(I Coríntios 3.1-3; Romanos 7.15-24; 8.7; Gálatas 5.16-18).

O Homem Carnal
Algumas ou todas as características seguintes identificam o cristão que não confia
plenamente em Deus:
 Ignorância de  Atitudes
sua herança legalistas
espiritual  Pensamentos
 Incredulidade impuros
 Desobediência  Ciúmes
 Perda do amor  Inveja
para com Deus  Preocupação
e com os  Desânimo
outros  Espírito de
 Vida pobre de crítica
oração  Frustração
 Falta de desejo  Falta de
de estudar a propósito na
Bíblia vida

A pessoa que se declara cristã, mas continua na prática do pecado, deve compenetrar-
se de que talvez não seja verdadeiramente cristã, de acordo com (I João 2.3; 3.6, 9;
Efésios 5.5).

3. Jesus prometeu a vida abundante e frutífera como resultado da


plenitude (controle e poder) do Espírito Santo

A vida cheia do Espírito é a vida dirigida por Cristo, pela qual Cristo vive sua vida em nós
e através de nós, no poder do Espírito Santo (João 15).

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 85


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 Uma pessoa se torna cristã através do poder do Espírito Santo, conforme João
3.1-8. Desde o nascimento espiritual de novo o Espírito Santo permanentemente
no cristão (João 1.12; Colossenses 2.9, 10; João 14.16,17). Embora o Espírito
Santo habite em todos os cristãos, nem todos os cristãos são cheios (vivem
sob o controle e poder) do Seu poder.

 O Espírito Santo é a fonte da vida transbordante (João 7.37-39).

 O Espírito Santo veio para glorificar a Cristo (João 16:1-15). Quando alguém é
cheio do Espírito Santo, ele é um verdadeiro discípulo de Cristo.

 Antes de ascender aos céus, Cristo prometeu enviar-nos o poder do Espírito


Santo para nos capacitar a fim de sermos suas testemunhas (Atos 1.1-9).

Então, como alguém pode ser cheio do Espírito Santo?

4. Somos cheios do Espírito Santo pela fé


Podemos, então, experimentar a vida abundante e frutífera que Cristo prometeu a todo
cristão. Você pode ser cheio do Espírito Santo agora mesmo, se você:

 Desejar sinceramente ser controlado e fortalecido pelo Espírito Santo (Mateus 5.6;
João 7.37-39).

 Confessar os seus pecados. Pela fé agradeça a Deus o fato de lhe haver


perdoado todos os pecado - passados, presentes e futuros - porque Cristo morreu
por você (Colossenses 2.13-15; I João 1; 2.1-3; Hebreus 10.1-17).

 Apresente cada área de sua vida a Deus (Romanos 12.1-2).

 Pela fé tome posse da plenitude do Espírito Santo, de acordo com:

1. Sua Ordem - Seja cheio do Espírito Santo. "E não vos embriagueis
com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito"
(Efésios 5.18)

2. Sua Promessa - Ele responderá quando orarmos de acordo com


Sua vontade. "E esta é a confiança que temos Nele, que, se
perdirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E,
se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que
alcançamos as petições que lhe fizemos". (I João 5.14,15).

A fé pode ser expressa através da oração…

Como orar com fé para ser cheio do Espírito Santo


Somos cheios do Espírito Santo pela fé. Entretanto, a verdadeira oração é um
modo de expressar a sua fé. Sugerimos a seguinte oração:

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 86


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"Querido Pai, eu preciso de Ti. Reconheço que tenho procurado dirigir a minha
própria vida e como resultado, tenho pecado contra Ti. Te agradeço pelo perdão
dos meus pecados através da morte de Cristo na cruz. Agora convido a Cristo
para tomar novamente a direção da minha vida. Enche-me do teu Espírito como
ordenastes que eu fosse cheio e como prometeste em Tua Palavra que farias se
pedisse com fé. Peço isto no nome de Jesus. Como expressão da minha fé,
agradeço-te agora por dirigir a minha vida e encher-me do teu Espírito Santo.
Amém"

Esta oração expressa o desejo do seu coração? Se é assim ore a Deus e confie
em que Ele o encherá do Espírito Santo agora mesmo.

Como saber que você está cheio do Espírito Santo?


Você pediu a Deus que o enchesse do Espírito Santo? Você sabe que está cheio
do Espírito Santo agora? Baseado em quê? (Na fidelidade do próprio Deus e Sua
Palavra), (Hebreus 11.6; Romanos 14.22, 23).

A nossa autoridade é a promessa da Palavra de Deus, a Bíblia, e não as nossas


emoções. O cristão vive pela fé (confiança) na fidelidade de Deus e de Sua
Palavra. O diagrama do trem ilustra a relação entre fato (Deus e Sua Palavra), fé
(nossa confiança em Deus e em Sua Palavra), e emoção (o resultado da nossa
fé e obediência) (João 14.21).

A locomotiva correrá com o vagão ou sem ele. Entretanto, seria inútil o vagão
tentar puxar a locomotiva. Da mesma forma, nós, como cristãos, não
dependemos de sentimentos ou emoções, mas colocamos a nossa fé
(confiança) na fidelidade de Deus e nas promessas de Sua Palavra.

Como andar no Espírito


A fé (confiança em Deus e em Suas Promessas) é o único meio pelo qual um
cristão pode viver uma vida dirigida pelo Espírito Santo. À medida que você
continua confiando em Cristo momento após momento:

1. Sua vida demonstrará mais e mais o fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23) e


será cada vez mais transformado à imagem de Cristo (Romanos 12.2; II
Coríntios 3.18).

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 87


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2. Sua vida de oração e seu estudo da Palavra de Deus se tornarão mais


significativos.

3. Você experimentará o Seu poder ao testemunhar (Atos 1.8).

4. Você estará preparado para o confronto espiritual contra o mundo (1 João


2.15-17); contra a carne (Gálatas 5.16-17); e contra Satanás (I Pedro 5.7-
9; Efésios 6.10-13).

5. Você experimentará o poder de Deus para resistir à tentação e ao pecado


(I Coríntios 10.13; Filipenses 4.13; Efésios 1.19-23; II Timóteo 1.7;
Romanos 6.1-16).

Respiração Espiritual
Pela fé você pode continuar a experimentar o amor de Deus e Seu perdão.

Se você percebe que algo em sua vida (atitudes ou ações) desagrada a Deus,
mesmo que esteja andando com Ele e sinceramente deseje servi-lo, agradeça a
Deus o perdão dos seus pecados - passados, presentes e futuros - mediante a
morte de Cristo na cruz. Pela fé receba o amor e perdão de Deus e continue a ter
comunhão com Ele.

Se você retomar o trono de sua vida através de algum pecado – o que é um ato
definido de desobediência – respire espiritualmente.

Respiração Espiritual
Exalar o que é impuro e inalar o que é puro é um exercício de fé que permite a
você continuar a experimentar o amor e o perdão de Deus.

1. Exale - confesse o pecado - reconheça que este pecado (ou pecados) é errado
e desagrada a Deus e agradeça-lhe pelo seu perdão, de acordo com I João 1.9
e Hebreus 10.1-25. A confissão também envolve arrependimento – uma mudança
de atitude que gera um mudança de ação.

2. Inale - submeta o controle de sua vida a Cristo e pela fé aproprie-se da


plenitude do Espírito Santo. Confie em que agora Ele o dirige e fortalece de
acordo com a ordem de Efésios 5.18, e a promessa de I João 5.14,15.

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Capítulo 10: COMO ANDAR NO ESPÍRITO


David Wilkerson. Copyright © 1999 by World Challenge, Lindale, Texas, USA.

O apóstolo Paulo disse: "Andai no Espírito, e jamais satisfareis à concupiscência da


carne." (Gálatas 5.16). E disse também: "Se vivemos no Espírito, andemos também no
Espírito." (versículo 25).

Como cristãos, ouvimos esta frase a vida inteira: "Ande no Espírito". Muitos crentes
dizem que andam no Espírito – porém não conseguem dizer o que isto realmente
significa. Agora, podemos nos voltar para eles com uma pergunta: Você anda e vive no
Espírito? E o que isto significa para você?

Não existem muitos de nós que tenham a mais leve noção do que significa "andar no
Espírito". Permanece um conceito vago para muitos cristãos, incluindo líderes religiosos.
Mas Paulo deixa claro o quão importante é viver e andar no Espírito.

Com certeza "andar no Espírito" pode ser definido em uma sentença:

Andar no Espírito é Simplesmente Permitir que o Espírito Santo Realize


em Nós o que Deus O Enviou Para Realizar.

Qualquer de nós, cristãos militantes, não permitirá que Ele realize esta obra até que
entenda por que Deus enviou o Espírito Santo.

Jesus, a respeito do Pai, disse: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a
fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode
receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco
e estará em vós" (João 14.16,17).

O Espírito Santo foi enviado a nós, pelo Pai, para cumprir um, e apenas um propósito
eterno. E a menos que compreendamos a Sua missão e a Sua obra em nós,
cometeremos um dos seguintes erros:

Primeiro erro: Fixar-nos numa pequena porção de Sua obra, como alguns dos dons
espirituais, erroneamente pensando que isso é tudo da Sua parte, perdendo a grande
obra do Seu eterno propósito em nossas vidas.

Segundo erro: Amortecer o Espírito dentro de nós e ignorá-Lo completamente,


acreditando que Ele é misterioso e sua presença é algo que temos que aceitar pela fé e
jamais entender.

A triste verdade é que a Igreja é via de regra culpada destes dois graves erros. Nós nos
satisfazemos com um ou dois de Seus dons, como se Sua obra fosse meramente isso.
Nós pensamos: "Eu devo estar andando no Espírito porque Seus dons se manifestam
em mim". Mas nós podemos operar os dons sem andar no Espírito. Paulo diz que
podemos profetizar, curar e falar em línguas, mas se não tivermos amor, nada somos.
Nós não estamos operando no Espírito!
IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 89
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Muitos cristãos de hoje estão convencidos que andam no Espírito simplesmente porque
oram em línguas. Eles raciocinam assim: "Como posso orar em línguas e não estar
andando no Espírito?". Mas orar em línguas não é necessariamente orar no Espírito.
Muitos que desejam orar no Espírito imediatamente disparam a falar em línguas, mas
suas mentes estão totalmente em outro lugar.

A Bíblia diz que se você está falando em línguas, o seu entendimento não é frutífero. Se
nós falamos em línguas, oremos também com o nosso entendimento. Orar no Espírito
pode incluir orar em línguas, mas é muito mais que isso!

Quantos crentes têm sido atrofiados no seu crescimento espiritual porque estão
concentrados em um ou dois dons específicos do Espírito, e não foram além disto? Eles
estão convencidos, de alguma forma, que a única obra do Espírito Santo é distribuir dons.

Contudo, muitos outros cristãos experimentam o segundo erro: O Espírito Santo está
amortecido dentro deles, é raramente reconhecido e consultado, e é incapaz de realizar
neles o que Deus O enviou para fazer.

Nós nos conscientizamos da obra de Jesus Cristo na Cruz, cremos que Ele está em nós
e reconhecemos Sua presença. Mas não tomamos conhecimento da obra e ministério
do Espírito Santo dentro de nós. Eu pergunto: Você fala com o Espírito Santo como faz
com Jesus? Você toma conhecimento dele diariamente?

Precisamos desenvolver uma sensibilidade espiritual mais aguçada. O Espírito Santo


fala. Não podemos deixá-lo num canto escuro da mente ou do coração. Precisamos
reconhecer quando ele está se manifestando a nós, no exato momento em que ele o
faz!.

Tem que chegar um tempo no qual nós devemos encarar seriamente o porquê do
Espírito Santo nos ter sido. Precisamos estar prontos a dizer: "Espírito Santo, a Bíblia
diz que foste enviado a mim como um dom do Pai celestial. A Palavra diz que Tu vives
em mim. Diga-me: por que Tu vieste? Qual é o teu propósito eterno? O que estas
tentando cumprir em mim?”

O Eterno Propósito do Espírito Santo é nos levar para Jesus Cristo


como Sua Eterna e Imaculada Noiva.

O Espírito Santo veio habitar em você e em mim para selar, santificar, fortalecer e nos
preparar – tudo que vem do Espírito Santo foi enviado ao nosso mundo para preparar
uma noiva para o casamento com Cristo!

Um tipo de relacionamento do Velho Testamento entre crentes e o Espírito Santo é


encontrado em Gênesis 24. Abraão enviou seu servo mais velho Eliezer para encontrar
uma noiva para o seu filho Isaque. O nome Eliezer significa "poderoso, divino auxiliador"
- um tipo do Espírito Santo. E tão certo como este poderoso auxiliador trouxe Rebeca
para presenteá-la como noiva a Isaque, assim o Espírito Santo não vai falhar em trazer
uma noiva para o nosso Senhor Jesus Cristo.

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 90


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Deus escolheu Rebeca como noiva de Isaque – e o Senhor dirigiu Eliezer exatamente a
ela. Toda missão e o propósito do servo estão concentrados em uma coisa: trazer
Rebeca para Isaque - levá-la a deixar tudo o que ela possuía, se enamorar de Isaque e
esposá-lo. Os pais de Rebeca disseram para Eliezer: "Isto é do Senhor. Tome-a e vá -
deixe-a ser a esposa do filho do mestre" (veja Gênesis 24.50-51).

Não pense por um só momento que você escolheu Cristo primeiro. Você era um
estranho, um estrangeiro - e Deus escolheu você. "Não fostes vós que me escolhestes
a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros..." (João 15.16). "...dele (do mundo)
vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia" (verso 19). "(Deus) nos escolheu, nele, antes
da fundação do mundo" (Efésios 1.4); "Deus vos escolheu desde o princípio para a
salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (II Tessalonicenses 2.13).

Moisés disse a Israel que eles eram um povo especial, escolhido: "Porque tu és povo
santo ao Senhor teu Deus: O Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu
povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra" (Deuteronômio 7.6).

Como os israelitas amaram esta mensagem! Eles amaram ser escolhidos, ser especiais
diante dos olhos de Deus. Mas eles queriam aproveitar os benefícios disso sem ter as
obrigações e a disciplina para se tornarem merecedores do seu Senhor!

Eliezer disse para Rebeca: "Você foi escolhida. Agora vou abençoá-la com muitas
bênçãos!". E Rebeca se revestiu de braceletes e brincos de ouro, jóias, prata e roupas
caras que ele havia providenciado para ela. Então Eliezer disse: "Venha, venha comigo!".

Suponha que Rebeca tivesse respondido: "Obrigada por me escolher e por todas essas
bênçãos. Mas eu não posso ir agora. Eu estou muito bem aqui e este lugar me satisfaz
plenamente".

Agora vem a pergunta: não estamos respondendo da mesma forma? Nós ficamos com
todas as bênçãos – todo ouro e prata – e aceitamos o sermos escolhidos. Mas chega
uma hora que nós precisamos levantar e ir! Nós precisamos ir com o nosso Eliezer, o
Espírito Santo. Ele nos diz: "Eu tenho um propósito divino. Eu vim com uma missão de
Deus – e eu vou completá-la!" E assim como Eliezer voltou para casa com uma noiva
para Isaque, o Espírito Santo não vai voltar de mãos vazias.

A nação de Israel nunca se levantou e seguiu a direção do Senhor para a Terra


Prometida. Eles nunca seguiram o Espírito cegamente. Continuaram em teimosa
rebelião, apostasia, prostituição espiritual e idolatria. Eles eram escolhidos, mas não
purificados! Eles eram especiais, mas eles nunca se separaram para Ele. E quando
chegou a hora de entrar em Canaã, não estavam prontos.

Este é um verdadeiro quadro do cristianismo dos tempos modernos. Nós exultamos por
sermos escolhidos e chamados por Deus, mas não queremos a disciplina do Espírito
Santo para nos preparar para a santidade do noivado. Nós ficamos com todas as
bênçãos, Seu ouro e prata e Sua grande provisão. Mas quando o Espírito Santo diz:
"Vamos levantar e caminhar, é tempo de se preparar como noiva do Mestre" – então, a
história é diferente!

Se você me dissesse que está salvo, que você foi escolhido em Cristo e que você O
ama, eu teria que perguntar: "Você tem um coração de Rebeca? Jesus é o amor da sua

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 91


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Alma? O seu amor por Ele está crescendo e consumindo seu coração?" Perguntaram a
Rebeca: "Irás tu com este varão? Ela respondeu: Irei" (Gênesis 24.58).

Tudo que o Espírito Santo faz em nós está relacionado com a sua
missão.

O Espírito Santo não desempenha Seu trabalho em nós de uma maneira desconexa e
desorganizada. Ele não existe apenas para nos ajudar a encarar a vida, fazer-nos
atravessar as crises e nos dar assistência nas noites solitárias. Ele não está aqui apenas
para nos levantar e injetar um pouco mais de força antes de nos colocar de volta na
corrida.

Não, tudo que o Espírito Santo faz está relacionado com o Seu motivo para ter vindo –
para nos levar ao lar como uma noiva preparada. E Ele atua apenas para manter esta
missão! Sim, Ele é o nosso Guia, nosso Confortador, nossa Força em tempos de
necessidade. Mas Ele usa todos atos de livramento - todo toque, toda Sua manifestação
em nós - para nos tornar mais apropriados como noiva.

Também, o Espírito Santo não está aqui para dar dons ao mundo. Não, todos os seus
dons têm um propósito por trás. Se você profetiza, esta profecia tem um propósito:
glorificar Cristo e fazer o mundo e Sua igreja se apaixonarem por Ele! Toda vez que
alguém é curado, o Espírito Santo está dizendo: "Dê uma olhada. Este é o seu Jesus!
Ele não é maravilhoso? Ele está curando - e você está apenas vendo a manifestação
de quem Ele é!".

Estes dons são o nosso Eliezer dizendo: "Você O ama? Veja o que Ele fez por você!"
Tudo o que Ele faz aponta para Jesus "não falará por si mesmo" (João 16.13). "Mas
quando o Confortador vier, que Eu vos enviarei da parte do Pai... Ele testificará de mim"
(João 15.26).

O Espírito Santo tem apenas uma mensagem; tudo que Ele ensina leva a uma única
verdade central. Ele pode brilhar em nós como uma jóia esplendorosa, mas cada raio de
verdade existe para nos levar a uma verdade singular, que é:

“Você não é de você mesmo - você foi comprado por um preço. Você foi escolhido para
ser a esposa de Cristo. E Eu, o Espírito de Deus, fui enviado para revelar a verdade que
lhe libertará de todos os outros amores. Minha verdade quebrará toda escravidão ao
pecado e vai tratar de toda descrença. Porque você não é deste mundo; você está
direcionado para um encontro glorioso com o seu esposo e está sendo preparado para
a ceia do Seu casamento. Todas as coisas estão prontas e Eu estou preparando você!
Quero lhe apresentar sem máculas, com um amor apaixonado por Ele no seu coração".

Esta é a obra do Espírito Santo - manifestar Jesus para a igreja, de forma que nos
apaixonemos por Ele. E este amor vai nos conservar! A Bíblia diz que se você andar
nesta forma de espírito, não satisfará a concupiscência da carne. Por quê? Porque o
Espírito está fazendo seu coração apaixonar-se por Jesus. O Espírito Santo vem para
desvendar Jesus para nós – para nos mostrar a beleza de Sua santidade.

Nós falamos bastante sobre o Espírito Santo nos guiar - clamamos: "Guia-me, Senhor.
Mostra-me o caminho a seguir". Mas não nos rendemos à Sua direção! Ao invés disso,

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passamos o tempo decidindo: "Eu ouvi a voz certa? Ou equivoquei-me? Teria sido a
minha carne? Por que não aconteceu do jeito que eu pensei que deveria?" Ficamos tão
preocupados em "receber corretamente", que acabamos não confiando no Espírito
Santo! Nós não cremos que Ele está em nós, que Ele tem um propósito eterno, que se
nos rendermos a Ele, Ele nos guiará no plano de Deus.

Eu lhe pergunto: Por que as manifestações e dons do Espírito são dados? Paulo disse
que são para o nosso proveito: "A manifestação do Espírito é concedida a cada um, para
o que for útil" (I Coríntios 12.7). O dom da sabedoria não tem nada a ver com a sabedoria
deste mundo. E sim, a sabedoria das coisas de Cristo. Fé, cura, milagres,
profecia, discernimento de espíritos, línguas, interpretação - qual é o proveito desses
dons, "além disso"? É nos levar a Cristo como noiva!

Tudo que Ele faz leva à esta direção – e apesar de nos esquecermos disso, o Espírito
Santo nunca esquece. Nenhum desses dons tem qualquer significado, qualquer que
seja, se estiver separado do eterno propósito do Espírito Santo. Ao invés, torna-se um
"címbalo que retine". A operação dos dons espirituais tem significado apenas quando
eles nos moldam à semelhança de Jesus Cristo!

Você já esteve numa reunião de cura ou de milagres? O que você viu humilhou você?
Mostrou-lhe a permissividade excessiva do pecado? Inundou a sua alma com amor por
Jesus? Fez com que você desejasse a Sua volta? Se não, o Espírito Santo não estava
presente - porque esta é a função Dele!

Seu propósito é atrair a noiva para perto do Noivo. E se isso não aconteceu, então o que
você viu foi da carne!

O Espírito Santo não vem para entreter, para providenciar sinais, maravilhas e milagres
apenas para nos emocionar ou para nos fazer sentir bem. Não, cada uma de suas obras
tem esse propósito divino: "Estou preparando uma noiva".

A obra, ministério e missão do Espírito Santo é singular: é nos desmamar deste mundo...
criar em nós um desejo pelo breve aparecimento de Jesus... fazer-nos convictos de tudo
que nos mancha... tirar os nossos olhos de tudo, exceto de Jesus... nos adornar com os
ornamentos de um desejo apaixonado de estar com Ele como Sua noiva!

Em cada cura, profecia e manifestação da glória de Deus em Sua casa, o Espírito Santo
está trabalhando, nos dizendo: "Este é o amor do seu esposo – Ele é assim. Ele não é
maravilhoso? Ele não é bondoso, gentil, prudente e misericordioso? Todavia você está
vendo apenas um reflexo Dele, a Quem estou levando!".

Se o Espírito Santo está operando numa igreja, então toda música, toda palavra de
oração, toda nota de cada instrumento, tudo é unção dada pelo Espírito para exaltar
Cristo. O Espírito está fazendo aquilo que Ele foi chamado para fazer – nos apresentar
para o Noivo em toda Sua glória e majestade.

Agora, vejamos uma das mais gloriosas obras do Espírito Santo:

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O Espírito Santo foi enviado para nos dar uma amostra de Cristo.

Uma amostra é uma experiência ou realização antecipada. A Bíblia chama isso um


penhor - "o penhor da nossa herança " (Efésios 1.14). Significa trazer uma amostra do
todo antes de termos o todo. Nossa herança é Jesus Cristo em Pessoa - e o Espírito
Santo nos leva até Sua verdadeira presença como uma amostra de sermos recebidos
como Sua noiva, experimentando amor eterno e comunhão com Ele.

Paulo descreve um povo de Deus que é "selado(s) com o Santo Espírito" (Efésios 1.13).
Isto se refere a um povo especialmente marcado por uma obra do Espírito. O Espírito
Santo produziu neles uma marca distinta, um trabalho interior glorioso – algo
sobrenatural que os mudou para sempre.

Eles não são mais crentes comuns. Eles já não são "deste mundo", desde que colocaram
seu afeto nas coisas do alto, não nas coisas desta terra; antes, são inabaláveis. Não são
mais mornos ou meio apaixonados. Ao invés, seus corações clamam noite e dia: "Venha
depressa, Senhor Jesus...".

O que aconteceu para mudá-los? O que o Espírito Santo fez nestes crentes? O que os
marcou e selou para sempre como posse do Senhor? Simplesmente isso: O Espírito
Santo deu uma amostra a eles da glória de Sua presença! Veio a eles, descortinou o céu
– e eles experimentaram uma manifestação sobrenatural de Sua suprema grandeza!

Esta é a razão de a casa de Deus necessitar ser santa – este é o motivo de nossos
corações e mãos precisarem estar limpos, a razão de não poder haver nada em nós que
impeça a obra do Espírito. É porque o Espírito de Deus deleita-se em retirar o véu, para
nos dar uma amostra do que está por vir!

Agora mesmo o Espírito Santo está abrindo os olhos de Seus escolhidos - "iluminados
os olhos do vosso coração" (Efésios 1.18). O Espírito Santo vem para uma igreja que O
quer e está orando... para pastores que estão quebrantados diante de Deus... para
crentes que não têm outra preocupação senão a de ver o corpo de Cristo conformado à
imagem do céu.

Deus está selando estas pessoas agora mesmo! Você pode ir a reuniões onde Jesus é
tão real que você pode experimentar um pouco do céu na sua alma. Você sai de lá com
tamanho sentimento da realidade eterna, que os seus problemas não mais lhe
atormentam, a queda da economia não o abala, e você fica, especialmente, sem medo
do diabo. Deus coloca um fogo santo na sua alma, e você diz: "Isto é sobrenatural. Isto
não sou eu - isto é o Espírito de Deus trabalhando em mim!".

Ele nos dá um "pequeno céu" para levarmos para o céu - um estímulo para o nosso
apetite. Ele abre as janelas do céu e nos deixa ver a glória que será nossa. Nós
experimentamos Sua santidade, Sua paz, Seu descanso, Seu amor - e ficamos para
sempre em desajuste com esta terra, porque ansiamos pela totalidade do que
experimentamos.

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A missão do Espírito Não é Completa Até Que Ele Crie Em Nós Uma
Apaixonada e Sempre Crescente Ansiedade Por Cristo!

Que tipo de noiva você acha que o Espírito vai apresentar para Jesus Cristo no dia da
Revelação? Uma que é meio apaixonada? Cujo amor é morno, ou frio? Que não é
devotada a Jesus? Que não quer intimidade com Cristo?

Se você verdadeiramente ama Jesus, Ele nunca está fora da sua mente. Ele está
presente todas as vezes que você acorda. Alguns cristãos pensam: "Isto vai acontecer
depois que eu morrer. Quando eu for para o céu, tudo vai mudar. Serei, então, a noiva
especial do Senhor." Não, morrer não santifica ninguém ! O Espírito Santo está aqui hoje,
Ele está vivo e trabalhando em você - para produzir em você um amor apaixonado por
Cristo deste lado da morte!

Romanos 8.26 descreve uma das mais poderosas obras do Espírito Santo no coração
do crente: "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;
porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós
sobremaneira com gemidos inexprimíveis".

O que é este gemido do Espírito Santo no fundo do coração? Que emoção é esta que
de tão profunda não existem palavras para expressá-la?

A palavra em hebraico usada para gemido significa “uma saudade viva” – “um desejo
ardente por mais de Cristo”. Você pode desejar Jesus de tal maneira que você fica em
Sua presença e não expressa nada além de um profundo gemido - algo inexprimível.
Este, diz: "Jesus, És a única alegria que existe neste mundo. Eu experimentei e vi que
Tu és bom – e eu Te quero por inteiro".

Este é o clamor profundo, interior, de alguém faminto por santidade e angustiado por
causa de sua iniqüidade. Porém, ele admite: "Não sei como orar. Não sei em favor do
que devo orar, ou como deveria orar". O clamor do seu coração é: "Venha, Espírito Santo!
Tu conheces a mente de Deus. Tu sabes como orar de acordo com a vontade do Pai.
Ande comigo – assuma o controle!".

Esta é a marca de quem anda no Espírito: ele tem um insaciável apetite por Jesus. Não
porque esteja cheio de todo o lixo que vê no mundo – toda sujeira, crime, drogas e
desemprego. Não, antes, é algo muito positivo. Como Paulo, ele está somente ansioso
para partir e estar com o Senhor!

Esta pessoa está sendo movida pelo Espírito para seguir Cristo com tamanha paixão e
emoção que fica prostrada. Seu coração deseja Cristo tão ardentemente, que não
existem palavras para expressar sua fome e seu amor. É uma experiência poderosa e
maravilhosa - mas, também é dolorosa, porque a pessoa não pode ainda entrar na
plenitude que a espera!

Infelizmente, poucos hoje têm este gemido apaixonado por Cristo. Não existe fome ou
sede, e muito pouca paixão. Cada domingo as igrejas estão abarrotadas de cristãos que
nunca questionam ou examinam seu amor por Cristo!

Mas o Espírito Santo encontrou o Seu povo! Eles estão permitindo que o Espírito assuma

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o controle. Eles estão começando a se submeter a Ele – e quanto mais eles se


submetem, mais presente se torna o Seu gemido interno.

Querido santo, o que aconteceu na sua vida desde que você foi salvo? Você está apenas
seguindo uma rotina? Você está morno? Está com medo de entrar "no fogo" do Senhor
porque será considerado fanático?

Peça ao Espírito Santo para revelar Jesus ao seu coração de tal maneira que você seja
totalmente desmamado deste mundo. Foi isso que aconteceu a Abraão. Ele disse: "Estou
apenas passando por aqui." Ele estava procurando uma cidade cujo construtor e
edificador fosse Deus. Ele tinha uma visão, e os seus olhos estavam abertos para a
eternidade.

Você pode dizer agora mesmo que você está pronto para estar com Ele, que você O
quer mais do que a sua própria vida? Você pode dizer isso freqüentemente - mas você
realmente expressa seu verdadeiro sentimento quando canta: "Ele é mais do que a vida
para mim”? Você está amando Jesus mais apaixonadamente do que quando teve o
primeiro encontro com Ele?

Agora mesmo, o Espírito Santo está atiçando as cinzas desfalecidas do seu amor. É
porque Ele deseja colocar fogo no seu coração. Você está permitindo que o Espírito de
Deus lhe traga convicção do pecado e da incredulidade ? Se sim, regozije-se! Ele quer
que você esteja purificado de toda mancha ou ruga para o dia do encontro com o seu
Noivo!

Então submeta-se à Sua direção. Deixe Ele fazer a Sua obra completa em você – e você
saberá verdadeiramente o que significa andar no Espírito!

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Capítulo 11: ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO:


DOIS MODOS DE ANDAR NA VIDA

INTRODUÇÃO
Em Romanos 8.1, São Paulo fala de duas formas divergentes de a pessoa orientar a sua
vida: vivê-la segundo a carne ou segundo o Espírito. Neste artigo procurarei meditar
sobre o que caracteriza cada um desses modos de andar na vida.

A tradução da Bíblia por Ferreira de Almeida, chamada versão tradicional, em Romanos


8,1, escreve: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito”. A segunda parte do
versículo, que sublinho, é de duvidosa legitimidade, pois não aparece nos melhores
manuscritos, mas no contexto de toda a Epístola, e especialmente neste capítulo oitavo,
a explicação é consequente. No desenvolvimento do capítulo 8 vê-se que os dois
caminhos alternativos são, de fato, “viver segundo a carne” ou “viver segundo o Espírito”,
grafado com maiúscula por se referir ao Espírito divino.

É do ser humano que o apóstolo fala, quando fala da carne (sarx), como o faz em
Romanos 3.20 e noutros lugares Gálatas 2.20, Filipenses 1.22, etc. No Novo
Testamento, o ser humano é apresentado como sendo tridimensional:

 (sôma) Corpo 


 (psyché) Alma
 (pneuma) Espírito

Sendo o (Sôma) a sua dimensão material, a  (psyché) a sede do


pensamento e dos sentimentos, e o  (pneuma) o elemento vital. Algumas vezes
fala-se apenas do corpo e do espírito, associando no corpo os valores da 
(psyché = alma), como neste capítulo 8 no versículo 13: “Se viverdes segundo a
carne, morrereis; mas se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”.

Este versículo mostra também que as palavras “carne” e “corpo” podem ser usados como
sinónimos e incluir uma e outra a ideia de “alma” ou mente. As obras do corpo não são
apenas acções mas são também os pensamentos e os sentimentos que dão origem a
tais acções. De resto, com a liberdade com que os semitas usam as palavras, em que
conta mais o contexto que a lógica rigorosa, até a palavra corpo (soma) pode significar
o homem completo (corpo, alma e espírito) como em Mateus 5.29; Romanos 12.1 e Tiago
3.6.

Um ponto é claro: ao contrário do que alguma teologia cristã fez depois, no pensamento
bíblico não há um dualismo matéria-espírito ou corpo-espírito em que o primeiro
elemento seria totalmente negativo e o segundo positivo. O homem na visão bíblica é
uma unidade corpo-alma-espírito e a esperança cristã não é, como nos gregos, que o
espírito será um dia liberto da prisão do corpo, mas o cristão espera a ressurreição da
pessoa integral. Jesus disse em João 6.40: “A vontade d’Aquele que me enviou é esta:
que todo aquele que vê o Filho e crê n’Ele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no
último dia”.
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O Credo dos Apóstolos, que traduz bem o ensino bíblico, diz: “Creio na ressurreição da
carne (sarkx) e na vida eterna”. Esperamos viver eternamente na nossa entidade integral.
Este corpo que agora temos será transformado (corpo glorioso), mas será o nosso corpo,
como Jesus ressuscitado tinha o seu corpo (I Coríntios 15,53,54).

DUAS ORIENTAÇÕES

Há, pois, duas formas de orientar a vida: uma em que o homem se guia segundo as
exigências, as apetências e as possibilidades do seu corpo e da sua mente; e outra em
que o homem entrega a orientação da sua vida ao Espírito. No mesmo texto de Romanos
8.1 o apóstolo usa a expressão “estar em Cristo”. São esses que não andam segundo a
carne, mas “segundo o Espírito”.

“Estar em Cristo” é, em termos práticos, estar convertido a Cristo e ao seu Evangelho,


ter comunhão com Ele no Espírito, e estar integrado no Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Sem nos determos ainda no sentido de “viver segundo o Espírito”, avançamos já que,
obviamente, não se entra na “vida segundo o Espírito” de forma automática pelo fato de
a pessoa ser baptizada e fazer parte da membresia da igreja. Ser cristão é ter nascido
de novo, em Cristo, mas é um fato que no cristão continua presente o “homem velho”.
Na verdade, mesmo os melhores cristãos andam repetidamente segundo a carne. Como
lembrou Lutero, o cristão é simultaneamente justo (anda segundo o Espírito) e pecador
(anda segundo a carne). Paulo diz de si mesmo que é carnal (Romanos 7.14), embora
seja, acima de tudo, alguém que vive em Cristo. (II Coríntios 5.14,19). Mas o apóstolo
lembrou: “embora andando na carne, não militamos segundo a carne” (II Coríntios 10.3).

O HOMEM DO CONHECIMENTO
Há a tendência de se pensar que “andar segundo a carne” é uma forma de falar do
homem sem religião ou moralmente condenável, mas devemos sublinhar que falar do
homem “carnal” não implica forçosamente um julgamento moral. Jean de Saussure,
teólogo suíço, num comentário ao Credo dos Apóstolos, escrevia: “A Bíblia chama
«carne» a tudo o que é humano, tudo o que é terrestre, e designa exclusivamente como
«Espírito», o Espírito divino, o Espírito Santo. Segundo a Escritura, o nosso ser inteiro é
carnal, a nossa inteligência, tanto como o nosso corpo, a nossa alma, o nosso espírito é
carnal. A «carne» é todo o nosso ser terrestre”.

Assim, mesmo na religião, podem distinguir-se os aspectos da orientação “carnal”. Há


pessoas que praticam muita religião, mas vivem segundo a carne. A sua adesão é a
doutrinas, é apenas um assentimento intelectual, mesmo que as doutrinas em questão
não sejam inteligentes.

Essa orientação da vida, que mais adiante se verá melhor em que consiste, manifesta-
se em ateus e agnósticos, mas está muito presente na vida de seguidores de diferentes
religiões, é muito bem tipificada no comportamento dos fariseus do Novo Testamento
mas continua para além do Novo Testamento e chega até aos nossos dias.

O famoso teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer dedicou na sua Ética algumas páginas
muito expressivas ao fenômeno fariseu, páginas que começam com este período:

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“É no encontro de Jesus com o fariseu que a antiga e a nova situação são mais bem
esclarecidas. A boa interpretação deste encontro é da maior importância para a compreensão
do Evangelho em geral. O fariseu não é um acidente histórico e acidental, mas o homem para
quem apenas o conhecimento do bem e do mal se torna o tema de maior importância para a
sua vida. Por outras palavras, ele é simplesmente o homem da divisão. Todo o retrato
distorcido dos fariseus rouba a seriedade da discussão de Jesus com eles. O fariseu é esse
homem extremamente admirável que subordina toda a sua vida ao seu conhecimento do bem
e do mal e é um juiz tão severo de si próprio como do seu próximo para glória de Deus, a
quem ele humildemente agradece pelo seu conhecimento” (Ethics, p.26-27).

O farisaísmo foi o movimento que maior combate mereceu da parte de Jesus. A razão
por que Jesus tanto combateu o farisaísmo está no carácter profundamente nocivo que
o farisaísmo é para o ser humano, anulando de forma subtil a graça de Deus. É o facto
de o farisaísmo ser um caminho “segundo a carne” mas que dá a ilusão ao homem de
estar no “caminho segundo o Espírito” que o torna mais perigoso.

Viver segundo a carne é, essencialmente, viver segundo os padrões humanos,


estabelecer os valores que o homem aceita para sua orientação, a direcção que quer
tomar, os interesses que decide servir, o projecto ou projectos que escolhe para si. Aquilo
que o homem pensa, é aquilo que ele é: “Como o homem imagina em sua alma, assim
ele é” (Provérbios 23.7). Viver segundo a carne não é algo que tenha uma conotação
moral ou especialmente relacionado com baixos pecados, mas tem de ver com uma
orientação geral em que o homem quer ter firme condução da sua vida.

TRADIÇÕES E LEIS
Saulo de Tarso, o fariseu, era uma boa ilustração, antes de se tornar cristão, do que é
viver segundo o pensamento carnal. É o crente temente a Deus que “respira ameaças”
contra os cristãos, porque lhe parece que essa seita blasfema contra Deus. Podia dizer-
se que Saulo é um homem coerente. É fariseu e está convencido na sua própria mente
(razão) de que conhece a verdade, que sabe o que é certo e errado acerca de Deus, por
isso quer livrar o mundo dessa peste, desse mal, que é o Cristianismo nascente. Na sua
perspectiva, trata-se de uma luta do Bem (representado na sua facção) contra o Mal
(representado pelos cristãos). Não devemos ser fiéis à nossa própria consciência? Ora
a consciência de Saulo, formada no Judaísmo farisaico, lavava-o a ver nos cristãos
inimigos de Deus.

O Cristianismo surgia aos olhos do fariseu como uma corrente perigosa, que desprezava
as tradições e as leis, e para o homem na carne umas e outras são indispensáveis. O
homem religioso, fariseu ou de outra religião, vivendo “segundo a carne”, é radical porque
precisa de verdades “palpáveis”, afirmações muito concretas, nada de meios-termos.
Tudo tem de ser cumprido escrupulosamente. A parábola do Bom Samaritano, que Jesus
contou, denuncia esse tipo de religião do “homem segundo a carne”. O sacerdote o e
levita passam e não socorrem o homem que fora assaltado e jazia quase morto. O que
eles fazem, vendo o ferido e passando ao lado, fazem-no para não ficarem impuros caso
o homem estivesse morto. Ficariam impedidos de desempenhar as suas funções no
templo (Números 19.13,14). O samaritano também, em princípio, aceitava o livro de
Números (Os samaritanos só aceitavam os cinco primeiros livros da Bíblia), mas a
compaixão levou-o a arriscar a sua pureza. A parábola condena os homens que põem
as regras, mesmo quando sagradas, à frente do próximo (Lucas 10.25-37). Aliás, um
episódio também do Evangelho de Lucas, em que se pode ver igualmente sério aviso à
mesma tendência de pôr as leis à frente do acolhimento da pessoa é o que tem como
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protagonistas as irmãs Marta e Maria (Lucas 10.38-42). Marta está ocupada com muitas
coisas mas Maria escolheu a boa parte: escolheu dar atenção pessoal, ouvir, o hóspede
que estava em sua casa. A generalidade das pessoas vive em obediência a padrões de
pensamento e sentimentos que encontrou na sua família ou a que aderiu, mesmo que a
maioria, felizmente, não tome todos os dias atitudes radicais.

O que leva à preferência por regras e tradições é o medo que as pessoas têm do caos,
e Jesus, apresentando-se como o Messias que põe em questão esse modo de viver, é
um perigo. Também Pedro, o pescador, teve medo de caminhar sobre o mar. Mar que
representa na simbologia judaica a insegurança total. Pedro sabe que no mar a pessoa
afoga-se. O homem, no estágio em que Pedro então se encontrava, habituou-se a um
sistema de pensamento, associou esse sistema à segurança, e tudo quanto ameace
mexer com tal sistema faz nascer nele o medo. Nas religiões e na política, a
predominância desta orientação carnal tem como consequência a dificuldade em aceitar
a mudança. No nível popular conhecemos esta reação: “nasci nesta lei e nela vou
morrer”. A “lei” é a religião dos seus pais, e quem assim fala, geralmente, não tem
argumentação forte em favor dessa religião, senão apenas o fato de ser a religião que
aqui encontrou. Os adversários de Jesus também lhe diziam, para recusarem a sua
mensagem: “Somos filhos de Abraão!”, como que a dizerem-lhe: “Seguimos a religião de
Abraão!”. Mas Jesus respondia: Se vocês fossem filhos de Abraão, faziam aquilo que
Abraão fez! (João 8.39). Ora Abraão é o homem que se destaca por obedecer à chamada
que recebeu de Deus. “Partiu, sem saber para onde ia” (Hebreus 11.8). Abraão é o
homem que rompe com a segurança, que aceita a mudança, que dá o “salto da fé”.

NA BUSCA DE PODER E GLÓRIA


Na orientação “segundo a carne”, o homem busca o poder e a glória. Justamente porque
se sente inseguro, porque tem medo da vida, busca ter poder. Jesus denunciou essas
pretensões de poder e glória nos chefes religiosos do seu tempo: “

“Na cadeira de Moisés estão sentados os escribas e fariseus. Observai, pois,


e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com
as suas obras, porque dizem e não praticam. Eles atam fardos pesados e
difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem
com o dedo querem movê-los. E fazem todas as obras a fim de serem vistos
pelos homens” (Mateus 23.2-5).

Os fariseus buscavam poder e glória. De outra vez, Jesus disse: “Sabeis que os que
julgam ser príncipes das gentes, delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de
autoridade sobre elas: Mas entre vós não será assim. Antes, qualquer que entre vós
quiser ser grande, será vosso serviçal. E qualquer que entre vós quiser ser o primeiro,
será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido mas
para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. (Marcos 10.42-45).

Dirigentes religiosos e dirigentes políticos, ou mesmo qualquer um que não se pode


considerar dirigente seja do que for, mas vive a nível “da carne”, procura impor-se,
dominar, mandar. Quando duas pessoas entram em relação, não é difícil perceber
que desde o primeiro encontro começam por se “medir” para saber quem é que manda
e quem deve sujeitar-se. Não são apenas os chimpanzés, nem os leões, nem os
elefantes, nem outros animais irracionais que, quando se encontram, têm de decidir
quem é o chefe: essa exigência é mais sutil entre os humanos, mas faz-se também. O

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mais forte entre os humanos impõe-se, pode não ser pela força física, mas pela astúcia,
pelo dinheiro que possui, pelos apoios que tem, pela arte de seduzir, pela intriga. Em
algumas igrejas até há tentativas de dominar por aparentar maior santidade! O domínio
do homem sobre a mulher é resultado desta forma de viver segundo a carne: os textos
bíblicos que alguns usam para justificar o domínio são astúcia inconsciente.

No sistema de pensamento mais generalizado, com mais de cinco mil anos de história,
a orientação é esta: Todo o homem que encontramos é em princípio um inimigo e se não
dominarmos o inimigo seremos dominados por ele. “Quem o seu inimigo poupa, morre-
lhe nas mãos”. É a vida segundo a carne que explica, pois o domínio do homem sobre a
mulher, o colonialismo, o escravagismo, as formas de exploração do homem pelo
homem, o autoritarismo nas Igrejas. Quando muito, só se poupa o fraco, o pobre diabo
que não é ameaça.

Um cínico disse de um homem que morreu: “Era tão pobre, tão destituído de méritos, tão
apagado, que nem sequer tinha um inimigo”. Não é caso para procurarmos fazer
inimigos, mas dá para perceber que a vida dos seres humanos pode ser dolorosa, e isso
quando o homem em geral inscreve nos diversos sistemas de pensamento ideais muito
nobres. A nível da ideologia escrita há ideais muito belos – mas na prática descobre-se
como tais ideologias podem ser monstruosas. Um dia, ainda existia em Portugal a
ditadura corporativista, um amigo nosso, na Suíça, disse-nos: “Por curiosidade, escrevi
ao vosso Secretariado Nacional de Informação pedindo que me enviasse algum texto
sobre o Estado Novo. Mandaram-me e fiquei espantado: aquilo no papel é maravilhoso”.
Sim, no papel. O papel consente tudo. O capítulo 7 da Carta aos Romanos diz: o homem
pode desejar fazer coisas boas, mas é o mal que acaba por fazer.

PENSAR E AGIR
Não é por falta de ideias elevadas que a humanidade tem problemas. Na filosofia, na
política, na religião, há sistemas cheios de atração, cheios de lógica, muito generosos.
O mal é que não são aplicados. Um homem bem intencionado que conheço tem o sonho
de publicar um livro que está a escrever e que, na sua opinião, tornará tão evidente a
existência de um Deus Criador que, por assim dizer, obrigará “todos os homens de boa-
vontade” a verem a humanidade como uma família de irmãos e de irmãs e a tratá-los
assim. Esse homem é uma pessoa simpática, mas está a ser demasiado confiante na
sua capacidade de converter os homens. A conversão das pessoas ao Deus Supremo
não se faz com mais uma elaboração teórica, embora, obviamente, seja da maior
necessidade que nos aproximemos de Deus com inteligência.

Mesmo dentro das Igrejas não é difícil encontrar homens e mulheres que pregam e
ensinam comportamentos elevados, mas todos os dias os desmentem com suas vidas.
Não estou a falar de falhas que os próprios lamentam e de que se arrependem, mas de
frias traições ao Evangelho. E provavelmente todos os dias pessoas humildes, que nunca
precisaram das provas da existência de Deus, atuam com elevação.

O que acontece, e em certo sentido estamos a repetir-nos, é que na maior parte dos
casos as doutrinas, os princípios, os valores que são anunciados – na política, na
filosofia, na religião – são meros sistemas de pensamento que servem como uma veste
que a pessoa põe sobre si, mas sem ter alguma coisa de ver com o “coração” do seu
autor.

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Um político rodeia-se de uma comissão que o ajudará a escrever o seu programa


eleitoral. Cada pessoa da comissão dá a sua sugestão, talvez com sinceridade, sobre
medidas que devem ser postas em prática se o político for eleito. Mas as ideias sinceras
não têm nada de ver com o próprio candidato e assim, se eleito, ele actuará sem ter em
conta as promessas eleitorais. Um pregador prepara o seu sermão. Fechado na sua
biblioteca, busca neste autor, naquele, ideias que tornam atraente o sermão. Mas as
ideias pouco têm de ver com o pregador, ou saem-lhe apenas da cabeça, como um
dramaturgo inventa um discurso para uma personagem piedosa – e o que é dito será
ouvido pela assembleia com a atenção com que se ouve um poema.

Sabemos o que fez e disse Jesus; o que disse Paulo de Tarso; o que disse o vidente de
Patmos; mas sabemo-lo como sabemos o que disse o rei D. Dinis ou o que disse Pedro
I do Brasil: são coisas da história, do passado, de outros, que constituem um saber e
pouco mais do que isso. Quando a nossa ação se faz de conhecimentos desse tipo pode
inspirar-nos uns traços de ética, um interesse religioso, uma estética – mas dificilmente
nos transforma. Há pouco, numa intervenção, um pastor brasileiro dizia que o fracasso
de uma Igreja mede-se pela ausência nela de fraternidade entre os crentes. Tem toda a
razão – embora nas Igrejas se proclame que somos irmãos e irmãs; os cultos são
fastidiosos – embora os hinos falem muito de alegria; a mobilização dos crentes é quase
nula, ainda que se proclame a evangelização como a Grande Comissão. A vida segundo
a carne é inclinação para a morte (Romanos 8.6).

VIVER NO ESPÍRITO
A alternativa à vida segundo a carne é a vida segundo o Espírito. Mas haverá vantagem
em procurar alternativa? O homem segundo a carne sente que sim, só não vai muito
longe na busca da alternativa que lhe é proposta no texto porque a alternativa
apresentada lhe parece um disparate, uma loucura. São Paulo comentou: A palavra da
cruz é loucura para os que perecem. (I Coríntios 1.18). Na verdade, o homem carnal
procura sempre alternativas aos seus sistemas de pensamento – e acaba sempre por
criar mais um novo sistema de pensamento, mais doutrinas, mais dogmas, que
combatem outras doutrinas e outros dogmas. Mas a adesão que o Novo Testamento
requer não é a doutrinas e a dogmas mas a uma Pessoa, Jesus Cristo, que só
conhecemos segundo o Espírito (II Coríntios 5.16).

Se conhecemos Cristo segundo a carne, limitamo-nos a fazer do seu Caminho apenas


mais um “ismo” na História das Religiões. Tal como quando um sistema político, posto
em prática, mostra-se ruinoso para a sociedade e pensadores sérios fazem nascer um
outro “ismo” em alternativa. Mas esta alternativa acaba por causar tanto sofrimento como
o que existira antes. Um sistema religioso revela-se opressivo e desumanizante, e os
homens criam uma alternativa, mas também aí a alternativa acaba por causar sofrimento
e impede o desenvolvimento do homem. Vê-se isso com a história do Cristianismo.
Nasceu para denunciar a religião formalista e opressiva dos judeus e tem passado, ao
longo de dois mil anos por inúmeras fases de formalismo e opressão.

Se conhecemos Cristo segundo a carne, limitamo-nos a fazer do seu


Caminho apenas mais um “ismo” na História das Religiões.

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O que o homem pode encontrar como resultado das suas buscas – os seus projectos,
as suas ideologias, as suas religiões – mostra-se sempre frustrante. Isso não significa
que tudo o que o homem produz seja inútil ou que tudo é inútil ao mesmo nível. Há
produtos do pensamento humano que são generosos e acabam mal ou de forma
frustrante porque é da sua natureza assim acabarem. E há produções humanas que são
já à nascença expressões de maldade. Reconheçamo-lo: há ideologias e religiões piores
do que outras. Temos de viver com pensamentos – mas com a certeza de que todo o
pensamento humano tem de ser confrontado constantemente pela forma alternativa de
viver – que é viver segundo o Espírito.

A alternativa a “viver segundo a carne” é simples, tão simples que, ansioso como o ser
humano é pela complexidade, tem dificuldade em aceitá-lo. Lembramos a história de
Naamã, o chefe dos exércitos da Assíria que ficou leproso. Foi aconselhado a consultar
o profeta Eliseu e seguiu para Israel, mas Eliseu mandou-o lavar-se sete vezes no rio
Jordão e Naamã achou a ideia doida ou simples demais. Para mergulhar num rio teria
ficado na sua terra. Um criado foi sensato: “Se o profeta tivesse exigido algo difícil não o
farias? Então por que te recusas a fazer uma coisa simples?” (II Reis 5.10,14). Naamã
seguiu o conselho, mergulhou no Jordão e ficou limpo.

ALGUNS SEGUNDOS PARA A MUDANÇA


Não é preciso fazer nenhum curso complicado para a pessoa mudar da orientação
segundo a carne para a orientação segundo o Espírito. Alguns cristãos, pensando no
que aconteceu no Pentecostes, quando os discípulos receberam o dom do Espírito
Santo, pensam que é preciso esperar um tempo até que se opere um milagre. Pensam
alguns em jejuns, em longos tempos de oração e súplicas para que o Espírito venha.
Mas há um ponto que deve ser realçado: o Espírito Santo já foi dado, justamente no
primeiro Pentecostes cristão. Todos os que confessam com sinceridade que Jesus Cristo
é o Senhor, já são habitados pelo Espírito (I Coríntios 12.3). O sobrenatural já está no
crente, ainda que a opção do crente por viver segundo a carne impeça o Espírito de
dirigir. Agora, o crente sente a insatisfação, que é sinal de estar a viver na luta entre a
carne e o Espírito (Romanos 8.7).

Se fosse complicado alcançar a via do Espírito, Deus seria injusto e o apóstolo Paulo
pouco sábio. Deus seria injusto porque daria oportunidade só a alguns, os que
encontrassem um professor hábil para os ensinar ou tivessem tempo e dinheiro para
seguir algum retiro. E Paulo, que faz tantas referências à vida segundo o Espírito, não
devia ser mais concreto, dizer em pormenor em que consiste isso?

Insistindo: viver segundo o Espírito é simples. Basta renunciar aos objetivos da vida
segundo a carne. O homem segundo a carne, como vimos, é o homem do sistema de
pensamento, das leis, das tradições - viver segundo o Espírito é deixar de referenciar
tudo a um sistema, mas ficar aberto à novidade, àquilo que o Espírito vai trazendo à
nossa vida. Entregar a nossa vida ao Espírito é entregá-lo à liberdade: “O Senhor é
Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. (II Coríntios 3.17). Deixar de
querer viver exclusivamente segundo as directivas da nossa razão, de um sistema de
pensamento que herdámos da família ou a que aderimos, e passar a estar atento ao que
o Espírito de Deus diz ao nosso espírito.

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Não vimos nós que o “homem segundo a carne” vive em busca de poder e glória? Pois
viver segundo o Espírito é também renunciar ao poder e à glória. Colocar-se na vida
como um servo (Marcos 10.45). Não ter a obsessão de um novo conjunto de regras, de
um discurso ideológico fechado (“os gregos buscam sabedoria” – I Coríntios 1.22), mas
assumir-se como Abraão, o peregrino, partindo à aventura com Deus.

DESPOJAMENTO EM CRISTO
Conclui-se que a vida segundo a carne é a vida a nível natural e que a vida segundo o
Espírito é a vida a nível sobrenatural. O homem será naturalmente egoísta, mau, lobo do
homem, e precisa de “morrer” e nascer de novo em Cristo. Essa interpretação tem muitos
textos bíblicos a apoiá-la e é a mais adotada pelo Protestantismo – mas essa visão
negativa, muito calvinista, do “homem natural”, que muitos de nós têm adotado desde a
juventude, deve ser repensada.

O Catolicismo tem uma concepção menos negativa do homem, assim como as Igrejas
Ortodoxas, o Anglicanismo e o Metodismo. O movimento Quaker fala mesmo da
“centelha divina que existe em cada homem” e talvez por isso tem uma admirável ação
em favor da paz e da amizade entre os povos. Mais importante do que especular se o
homem é um ser que nasce naturalmente mau ou nasce bom é percebermos que aquilo
que nos leva a tornar infeliz a vida são atitudes ou valores adquiridos, são como que
“armas” de que nos munimos para a “guerra da vida”. No fundo, os “saberes” que vou
organizando sobre a vida, incluindo este “saber” que o homem é um ser depravado
(Calvino), torna-se um saber de homem carnal (I Coríntios 1.26).

A libertação acontece quando nos despojamos dos nossos “saberes”. Em Cristo eu terei
de me despojar de tudo o que eu acreditava ser “sabedoria”, porque, na verdade, a única
sabedoria que conta é a de Deus (Daniel 2.20). Mas a sabedoria de Deus não se faz
coisa, não se faz código que eu possa manusear. Ela é sempre o mais além, e enquanto
caminho nesta dimensão da vida eu conheço apenas “em parte” (I Coríntios 13.9). A
causa de muitos dos fracassos das Igrejas e dos obreiros deve-se sem dúvida ao facto
de a sua preocupação maior ser apresentarem-se diante dos homens com “sabedoria
carnal” (II Coríntios 1.12) e não se limitarem a ser servidores da “sabedoria de Deus”,
que sempre pode ser objeto das nossas petições (Tiago 1.5), mas nunca do nosso
orgulho. O trabalho da teologia não é dizer o que Deus e o Seu mundo são, mas afastar
os saberes errados que sobre Deus e o Seu mundo foram sendo construídos.

HABITADOS PELO ESPÍRITO


A promessa que Jesus fez aos seus discípulos foi de que, após a sua ascensão, o Pai
enviaria o Espírito Santo. Chama-lhe o Espírito de verdade, que os discípulos
conheceriam “porque habita convosco e estará em vós” (João 14.17). Não temos que O
procurar fora de nós, mas dentro de nós. Isto não significa que o Espírito esteja
aprisionado em nós, porque Ele é o Espírito de Deus e Deus está em todo o lado. Mas é
preciso acentuar este ensino do Novo Testamento da presença em nós do Espírito de
Deus, para que a nossa relação com Deus se não veja apenas como uma relação de
busca do Todo-Poderoso que está algures “lá em cima”, mas é também o encontro com
o Deus mais íntimo que um amigo, o Emanuel, Deus connosco.

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Viver no Espírito é viver numa comunhão tranquila com o Espírito de verdade que nos
habita. É portanto um caminho místico, de atenção ao mais próximo de nós, e não mais
um caminho de leis, de regras, de rituais exteriores. A exterioridade só merece ser
exercida se não for obstáculo à acção do Espírito. É por isso que entre os Quakers não
há um conjunto de artigos de fé escritos ao qual todos os crentes se devam submeter
nem uma liturgia fixa que se deva cumprir. E no entanto há profunda harmonia entre eles,
porque valorizam acima de tudo a comunhão no Espírito.

O misticismo não está isento de perigos, porque o místico é como um rio que se aproxima
do mar. Num momento, o rio sente tanto o sal do mar que chega a pensar-se oceano.
Por isso Deus providencia a existência da Palavra escrita. Não é uma lei que a Igreja
consulta, mas a margem que limita. O que o Espírito de verdade nos diz tem eco na
Escritura ou não é palavra divina. O Espírito não deixa de falar, mas a sua fala não
contradiz o que já foi inspirado; as coisas novas que diz são novas apenas na aplicação
dos casos, porque a vontade de Deus está formada desde o começo dos tempos.

Na comunhão com o Espírito, o homem será guiado pacientemente, mas com humildade
não saberá mais do que convém saber (Romanos 12.3), isto é, não se apresentará com
sabedoria humana perante o mundo, mas viverá da sabedoria de Deus. O
Protestantismo sublinhou o princípio da “Sola Scriptura” (é apenas na Escritura que
encontramos a revelação de Deus), e fez bem, porque a crença medieval de que o papa
e os concílios (a Tradição) são veículo da revelação salvífica trouxe dogmas, doutrinas
e práticas perturbadoras. Mas um perigo desse princípio protestante, retirado do seu
contexto histórico, é cair-se no fundamentalismo, que é a pretensão de aceitar a Bíblia
exclusivamente ao pé letra. A prioridade dada ao Espírito Santo corrige esse perigo.
Deus revela-se ao crente, mas nenhuma revelação pessoal contradiz a revelação
canônica das Escrituras. A atividade principal do crente é a oração – e o estudo da Bíblia,
que é lida na comunhão do Espírito, é a sua grande necessidade. Os que são guiados
pelo Espírito encontram nas páginas da Escritura a Voz do Bom Pastor.

AMOR, ARREPENDIMENTO E GRATIDÃO


“O amor de Deus está derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi
dado” (Romanos 5.5). Não há outra “pedra de toque” para se saber se um homem ou
uma mulher está, de fato, habitado/a pelo Espírito Santo do que o amor que ele ou ela
manifestar. Qualquer que ama conhece Deus (I João 4.7). Ama a Deus e ao próximo:
“Se alguém diz: Eu amo a Deus mas não ama a seu irmão, é mentiroso. Pois, quem não
ama o seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (I João 4.20).
Mas atenção: o amor de Deus foi derramado nos nossos corações. É dádiva: é o primeiro
fruto do Espírito Santo (Gálatas 5.22). Não é produto do esforço humano, é espontâneo.
Alguns fingem amar, mas aquele que sabe discernir espiritualmente conhece bem qual
é o amor autêntico.

Quando o crente sente o amor de Deus dentro de si, Deus amando através de si, toma
consciência das suas faltas, reconhece o seu pecado. O arrependimento que o discurso
moralista e farisaico não consegue, nasce naturalmente naquele que tomou o sabor do
amor do Pai, pronto a perdoar. O arrependimento não é uma boa obra que fazemos para
merecermos o amor de Deus, como crê o homem na carne religioso, mas é ele mesmo
o resultado do amor de Deus derramado no crente. Deus toma a iniciativa. Se nem todos
se arrependem é porque muitos rejeitam o amor de Deus.

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A Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15.11-32), ilustra esse ensino. O filho perdido não
se arrepende por lhe terem chamado a atenção para o seu pecado ou por, por si só, ter
tomado consciência do seu pecado, mas o arrependimento veio-lhe de ter tido
consciência de que podia ir bater à porta da casa do Pai, onde havia fartura de comida.
Sabia que o Pai o receberia. Se o amor do Pai não fosse evidente para o filho, este não
teria chegado ao arrependimento. Se Jesus não se tivesse manifestado como sendo o
rabi que amava, Maria de Magdala não teria tido a ousadia de se aproximar dele, não se
teria arrependido e ficado grata, tornando-se uma das mais devotadas das suas
seguidoras.

Ao arrependimento segue-se a vida em gratidão, e esta torna-se o sentimento central da


vida. Não há discipulado cristão feliz que não seja um discipulado fortemente marcado
pela gratidão. É a gratidão que leva a dizer: “A vida que agora vivo, na carne, vivo-a na
fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2.20).

Infelizmente, não é fácil ao ser humano cultivar a gratidão. Temos a tendência de passar
indiferentes pelas muitas bênçãos que recebemos na nossa vida. Mas a alma crente tem
de aprender com o salmista e proclamar: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o
que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te
esqueças de nenhum dos seus benefícios” (Salmo 103.1,2).

Um velho hino protestante exorta também:

Conta as bênçãos, conta quantas são,


Recebidas da divina mão.
Vem dizê-las, todas de uma vez,
E verás surpreso quanto Deus já fez.

É preciso aprendermos a descobrir em cada acontecimento os aspectos que cooperam


para enriquecer a nossa personalidade e tornar-nos mais felizes. A gratidão é a essência
da felicidade. Estar grato a Deus ou à Vida e “contar as bênçãos recebidas da divina
mão” é o mesmo que dizer: “Sou feliz”.

ESPÍRITO E EUFORIA
O movimento dentro das Igrejas que, com maior visibilidade, a partir do século XVIII, tem
procurado sublinhar a necessidade de os cristãos terem a experiência da ação do
Espírito Santo na sua vida, tem sido, em geral, de muito benefício. Foi o movimento
metodista de Wesley; o movimento pentecostal; o movimento carismático mais recente.
No entanto, há entre muitos cristãos alguns exageros e os exageros têm, por vezes,
resultados perversos. Um dos exageros é querer fazer passar a ideia de que “viver no
Espírito” é sempre viver em estado de euforia, isto é, em grande contentamento e
animação. Aos que vivem em constante animação é costume chamar “entusiastas”,
vindo esta palavra do grego “en Theos”, em Deus, salientando que a animação vem da
presença de Deus nessas pessoas. Mas é preciso lembrar que Deus é também Paz e a
Sua presença muitas vezes traduz-se numa grande serenidade no crente.

Não há nas Escrituras sinais de que a euforia permanente exista, e a razão mostra que
a verdade tem de ser diferente. O que, por exemplo, lemos sobre São Paulo, no Livro
dos Actos dos Apóstolos, e o que dele lemos nas suas epístolas torna claro que ele é
alguém que, no essencial, vive “no Espírito”. Paulo diz de si mesmo: “Já estou crucificado

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com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo, na
carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”
(Gálatas 2.20).

Quando Paulo fala em “agora”, está a referir-se ao tempo que decorre desde a sua
conversão – e no entanto, não faltam textos escritos pela mão do mesmo apóstolo em
que ele está longe de se expressar com euforia, mas antes fala, sem queixume, da sua
fraqueza como homem, das suas lágrimas, do seu sofrimento, das suas provações. Os
discípulos, no dia de Pentecostes, ao receberem o Espírito Santo, ficaram, sem dúvida,
eufóricos, até levarem os seus detratores a dizerem que estavam embriagados – mas
essa euforia não esteve permanentemente com eles, pois vieram horas de recolhimento,
de dor mesmo, de sério confronto com problemas concretos.

Pensemos também que os cristãos, como todas as pessoas, têm de passar pela morte.
Mesmo que vivam na maior segurança, rodeados do maior bem-estar, chega o dia em
que terão de ir “pelo caminho de toda a terra” (I Reis 2.2), uns ainda jovens, outros menos
jovens e alguns ainda com muita idade. É natural então, quando o tempo da partida se
aproxima, que as forças vão faltando, tanto físicas como mentais. E que acontecerá
àqueles que vivem no Espírito? O que tem acontecido a grandes servos de Deus quando
a doença toma os seus corpos é manterem-se serenamente na submissão ao Espírito,
e terminarem tranquilamente a sua carreira. Nas horas do declínio, nem por isso deixam
de ter a bênção de Deus, mas já com voz fraca e corpo em sofrimento.

Mas nem precisamos de pensar nesses tempos de fraqueza natural que estão perto da
morte. Basta reflectirmos no facto de que também os crentes têm aflições na vida e a
doença de um ente querido ou a separação pela morte há-de reflectir-se na sua vida. O
Espírito estará bem presente e desempenhará a Sua missão de Consolador, co-
existente, por certo, com a lágrima discreta, a mágoa furtiva. E também os crentes são
susceptíveis de um vírus de gripe, de uma pneumonia, que lhes tiram as forças e os
deixam fisicamente cambaleantes, não obstante o Espírito de Deus os habitar. Também
isso faz parte desta verdade: “No mundo tereis aflições” (João 16.33). Só quando o
Reino de Deus chegar à sua plenitude, no fim dos tempos, é que o crente viverá também
na plenitude da sua libertação.

GUIADOS PELO ESPÍRITO


Foi pelo Espírito Santo que a Palavra de Deus guiou o povo israelita (Números 24.2; I
Samuel 16.13; Isaías 61.1; Ezequiel 11.5; Ezequiel 36.27; Mateus 22.43; Atos 1.16; I
Pedro 1.11; II Pedro 1.21).

Na Nova Aliança, feita na cruz por Jesus Cristo, a promessa é de que a direção do
Espírito é agora acessível a todos os crentes. Disto já falava o Antigo Testamento quando
ficou escrito: “Este é o concerto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz
o Senhor: porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração. E eu serei o
seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31.33).

A diferença fundamental entre o Antigo e o Novo Testamento era que, com a vinda do
Messias todo o crente nele passaria a receber a direcção interna de Deus. É assim
também que se entende a promessa feita em Joel 2:28: Derramarei o meu Espírito sobre
toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos e os

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vossos mancebos terão visões. Essa promessa, concluíram os primeiros cristãos,


cumpriu-se no dia do primeiro Pentecostes cristão (Atos 2.1-11).

Jesus confirmou a promessa anunciada pelos profetas do Antigo Testamento e anunciou


que depois da sua “ida para o Pai” os discípulos seriam habitados pelo Espírito, que lhes
ensinaria “todas as coisas” (João 14.26). A Igreja primitiva atuou com a convicção que o
Espírito a guiava. O Livro de Atos conta-nos este episódio significativo: Paulo e seus
companheiros viajavam uma vez para proclamar o Evangelho na Frigia e na província
da Galácia. Aparentemente planeavam pregar na Ásia mas, diz o autor do livro, “foram
impedidos pelo Espírito Santo de anunciarem a Palavra na Ásia” (Atos 16.6).

“Sim”, objetarão alguns, “mas isso deu-se com Paulo, que tinha uma chamada especial”.
Não encontramos fundamente bíblico para tal ideia. O Espírito é para toda a Igreja, para
todos os que são chamados filhos de Deus. É o próprio Paulo quem o diz: “Todos os que
são guiados pelo Espírito, esses são filhos de Deus (Romanos 8.14). Como todos os que
crêem são filhos de Deus (João 1.12), segue-se que a todos é dada a oportunidade de
serem guiados pelo Espírito.

É menos difícil do que pode supor receber a orientação do Espírito de Deus. Já


lembrámos que o ser humano é tridimensional – corpo, alma e espírito. É no nosso
espírito que recebemos a comunicação do Espírito de Deus. Ou seja, não é de uma
forma material, física, através dos ouvidos ou através dos olhos, que o Espírito nos guia.
Nem é através da alma (mente, sentimentos), mas pelo espírito. Não é pensando muito,
pensando melhor, que recebemos a orientação do Espírito, mas é adoptando uma atitude
receptiva.

Muitos de nós certamente já tivemos esta experiência: estávamos preocupados com um


problema na nossa vida e por muito que pensássemos não encontrávamos solução.
Oramos, meditamos, mas nada nos mostrou uma saída. Então, paramos de pensar – e
subitamente surgiu-nos uma idéia que, sentimos bem, ia além da nossa compreensão.
Não desprezamos a razão humana; não dizemos inútil a reflexão sobre os nossos
problemas, mas defendemos que há uma luz diferente que nasce no silêncio e que é
mais forte do que nós. É grande a alegria de poder receber uma palavra vinda
diretamente do Espírito Santo ainda que, humanamente falando, nem não possamos
prová-la, mas nada tira a alegria de saber que não se trata de sabedoria nossa.

Quando ouvimos um sermão ou uma conferência; quando lemos um livro ou um artigo e


sentimos que estamos diante de algo verdadeiramente inspirado, acontece-nos o mesmo
que aos discípulos de Emaús que caminharam com o Senhor na primeira Páscoa. Já em
casa, depois do Partir do Pão, eles disseram: “Porventura não ardia em nós o nosso
coração quando, pelo caminho nos falava e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas
24.32).

Outra vez Paulo e outra vez em Romanos 8.16: “O mesmo Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus”.

FILHOS POR ADOÇÃO


Os dois modos de andar na vida, de que nos ocupamos hoje, podem ser ilustrados com
a analogia que se segue. Um jovem, órfão de pai e mãe, trabalha já há alguns anos para

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um casal generoso. Nenhum mérito distingue esse jovem, mas um dia o patrão diz-lhe:
“Eu e a minha mulher gostaríamos de te adotar como filho”. O jovem aceita com alegria
e, cumpridas as formalidades, passa a viver com seus pais adotivos, não deixando,
contudo, de manter o seu emprego. Continua a ser a mesma pessoa, mas agora é filho
e isso faz a diferença.

Os que nasceram numa família religiosa, cumpriram as regras e confessaram as


doutrinas de uma Igreja, mas vieram a fazer uma entrega pessoal a Jesus Cristo sabem
qual é a diferença entre ser apenas empregado de um patrão ou ser filho – supondo,
claro, que falamos de um filho adotivo grato e de um pai que inspira gratidão.

É ainda São Paulo, no mesmo capítulo 8 da Carta aos Romanos, que usa justamente o
conceito de adoção para explicar a situação do crente. Na versão francesa ecumênica
da Bíblia, lemos assim, em Romanos 8.15: “Vós não recebestes um espírito que vos
torna escravos e vos conduz ao medo, mas um Espírito que faz de vós filhos
adotivos e pelo qual nós clamamos: Abba, Pai”. O contexto mostra que é bem do
Espírito Santo, Espírito de Deus, que se trata.

Não é expressão de orgulho os cristãos dizerem-se “filhos de Deus”, sabendo que o não
são naturalmente mas por adopção, mas o modo altivo como muitos religiosos, também
cristãos, usam esse título aconselha a não o proclamar, pois do mal devemos evitar até
a aparência.

O Espírito de Deus concede dons para o serviço de Deus (I Coríntios 12.4-30; Efésios
4.1-16) e é como servos humildes e atuantes que os cristãos se devem apresentar ao
mundo, não com títulos.

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Capítulo 12: CONCLUSÃO


Depois de toda essa maratona de alma, feridas, restauração, cura, só nos resta dizer
que você é um campeão, um homem (uma mulher) curado/a pela ação transformadora
do Espírito de Deus. Como nova criatura, recriado pelo Espírito Santo e destinado a
manifestar as virtudes de Deus na terra, você está apto a desenvolver relacionamentos
profundos e significativos, tanto consigo mesmo como com Deus e com seus
semelhantes.

Você pode viver cheio do Espírito, pois você crê em Jesus como Salvador e o confessa
como Senhor, tendo recebido o dom do Espírito Santo e sido por Ele selado.

Não há outro segredo, não há outro caminho. Mas nem todos os crentes vivem cheios
do Espírito, pois há a possibilidade de entristecer, apagar e resistir ao Espírito Santo.
Sabendo que quando isso acontece o crente fica fraco, insatisfeito, vazio por dentro e
sujo por fora, não vamos deixar que o inimigo nos prenda em suas armadilhas.

Depois de ter a alma curada e transformada pela ação do Espírito Santo, devemos viver
uma vida de louvor e adoração ao Senhor, agradecendo-Lhe por tudo e sujeitando-nos
uns aos outros no temor de Cristo.

Augusto Cury diz que, freqüentemente, o homem é o maior algoz de si mesmo, e nisso
ele está certo. Ele diz que Muitos sofrem por antecipação, fazem o “velório antes do
tempo”. Os problemas ainda não ocorreram, e eles já sofrendo. Outros ruminam o
passado e mergulham numa esfera de sentimento de culpa. O peso da culpa está
sempre a feri-los. Outros, ainda, autodestroem-se devido à sua hipersensibilidade
emocional; pequenos problemas têm um eco intenso dentro deles. As pessoas
hipersensíveis costumam ser ótimas para os outros, mas péssimas para si mesmas.

Mas este não é o nosso caso, pois já aprendemos como lidar conosco mesmos e com
as situações que nos rodeiam. Já saímos dos porões escuros da alma.

Cury diz ainda que se não reciclarmos as idéias de conteúdo negativo, não trabalharmos
o sentimento de culpa e repensarmos a hipersensibilidade emocional, facilmente
entraremos num estado depressivo ou estressante acompanhado de sintomas
psicossomáticos. Pensar não é uma opção do homem... Se o homem não for o agente
modificador da sua história, se não a reescrever com maturidade, certamente será vítima
dos invernos existenciais.

Felizmente, para aqueles que amam e obedecem ao Senhor, há o verão da


prosperidade, a primavera das bênçãos. A experiência da plenitude do Espírito não é
para acontecer somente em ocasiões especiais, mas ser uma constante, um estilo de
vida para o cristão.

A grande lição que fica é que podemos viver continuamente cheios do Espírito Santo,
curados, vencendo o mundo, a carne e o diabo, e transbordando de louvor, gratidão e
serviço a Deus e aos irmãos.

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BIBLIOGRAFIA

ANDAR NO ESPÍRITO. Texto de um irmão de Moçambique. Publicado no site:


http://www.desfrute.net/artigos.php?t=102. Capturado em 23 de maio de 2008.

CARDOSO, Manuel Pedro. Andar segundo o Espírito (MC): dois modos de andar
na vida. Figueira da Foz: Portugal, 2006.

CRUZADA ESTUDANTIL E PROFISSIONAL PARA CRISTO. Você Já Fez a


Maravilhosa Descoberta da Vida Cheia do Espírito? São Paulo: SP. 2006.

CTL DA IGREJA DA PAZ SEDE REGIONAL SANTARÉM. Transformação da alma. Esta


apostila foi condensada (transcrita com cortes e revisões do livro “Personalidades
Restauradas” de Valnice Milhomens, publicado pelo Ministério Palavra da Fé.

______. Vida no Espírito. Santarém: Igreja da Paz, 2003.

WILKERSON, David. Andando no espírito. Lindale, TX, USA. Usado através de


permissão concedida por World Challenge. In site: http://www.tscpulpitseries.org/
portuguese/ts911230.htm. Capturado em 23 de maio de 2008.

A Igreja Batista da Glória, com autorização da Igreja da Paz, faz a impressão do material.

Com autorização da Igreja da Paz

Igreja Batista da Glória


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R. Serra da Tabatinga,205 (escritório)
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IGREJA BATISTA DA GLÓRIA 111

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