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Sandra Victor Benfica

Avaliação da Eficácia de Três Diferentes Formas de Controlo de Roedores Sinantropicos


Comensais Aplicados no Distrito de Montepuez, na Aldeia de Namitil (2018-2019)

Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilidades em Gestão de Laboratório

Universidade Rovuma

Extensão cabo delgado

2020
Sandra Victor Benfica

Avaliação da Eficácia de três Diferentes Formas de Controlo de Roedores Sinantropicos


Comensais Aplicados no Distrito de Montepuez, na Aldeia de Namitil (2018-2019)

Monografia cientifica a ser apresentado no


departamento de ciências naturais e
matemática para obtenção do grau académico
de licenciatura em ensino de biologia com
habilidades em gestão de laboratório

Supervisor Eng Badrodino António


Adamuge

Universidade Rovuma

Extensão cabo Delgado

2020
ii

Índice

Lista de tabela............................................................................................................................iv

Lista de Gráficos........................................................................................................................vi

Lista de símbolos e abreviaturas...............................................................................................vii

Declaração...............................................................................................................................viii

Dedicatória.................................................................................................................................ix

Agradecimentos..........................................................................................................................x

Epígrafe......................................................................................................................................xi

Resumo.....................................................................................................................................xii

Abstract.....................................................................................................................................xii

Introdução.................................................................................................................................12

 Delimitação e enquadramento do tema................................................................................13

 Problematização...................................................................................................................13

 Justificativa..........................................................................................................................14

 Objectivos do trabalho.........................................................................................................15

 Hipóteses do trabalho...........................................................................................................15

 Estrutura do trabalho............................................................................................................16

CAPÍTULO I: REVISÃO DA LITERATURA........................................................................17

1.2. Características gerais dos roedores....................................................................................17

1.3. Classificação dos roedores.................................................................................................18

1.3.1. Roedores sinantrópicos comensais.................................................................................18

1.3.2. Roedores sinantrópicos não comensais...........................................................................21

1.3.2.1.Comportamento e principais características dos roedores sinantrópicos não


comensais……………………………………………………………………………………. 21

1.4. Problemas causados por roedores......................................................................................24

1.5. Classificação científica da ratazana...................................................................................25


iii

1.6. Características básicas da ratazana (Rattus norvegicus)....................................................26

CAPÍTULO II: METODOLOGIA...........................................................................................29

2.1. Descrição da área de estudo...............................................................................................29

2.2. Classificação da pesquisa...................................................................................................30

2.3. Métodos de trabalho...........................................................................................................30

2.4. Técnicas e instrumentos de colecta e análise de dados......................................................31

2.5. Técnicas de análise de dados.............................................................................................32

2.8. Universo e amostra............................................................................................................33

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DE


DADOS.....................................................................................................................................34

3.1. Apresentação dos resultados da observação......................................................................34

 Vestígios de ocorrência de roedores....................................................................................34

 Tipo de método usado..........................................................................................................35

 Método mais rentável...........................................................................................................36

Resultados da entrevista dirigida aos agricultores....................................................................36

Perdas de culturas ou produtos sofridas por acção de roedores................................................37

Adopção de mecanismos de minimização de PCPR.................................................................37

Opinião dos agricultores sobre a eficácia dos MCR.................................................................38

3.2. Verificação das hipóteses...................................................................................................39

Conclusões................................................................................................................................41

Sugestões...................................................................................................................................42

Bibliografia..........................................................................................................................XLIII

APÊNDICES..............................................................................................................................L

ANEXOS.................................................................................................................................LII
iv

Lista de figuras

Figura 1. Morfologia comparativa das espécies de roedores sinantrópicos ………….……... 19


Figura 3. Característica da ratazana …………………………………………………..…….. 26
Figura 2. Ratazana …………………………………………………………………….…..… 27
v

Lista de tabela

Tabela 1. Características e comportamento das principais espécies de roedores sinantrópicos


comensais ………………………………………………………………………………….... 20

Tabela 2. Nomenclatura científica de Rattus norvegicus (ratazana) ……………….…….…. 25


vi

Lista de Gráficos

Gráfico 1. Resultados sobre ocorrência de roedores ………………………………..………. 35


Gráfico 2. Tipos de métodos usados ……………………………………………………...… 36
Gráfico 3. Rentabilidade dos métodos ………………………………………...……………. 36
Gráfico 4. Adopção de mecanismos de minimização de PCPR …………………...……….. 37
Gráfico 5. Opinião dos agricultores sobre a eficácia dos MCR …………………….………. 38
vii

Lista de símbolos e abreviaturas

% - Percentagem;
& - e;
Ag. – Agricultor;
MB – Método Biológico;
MCR – Métodos de Combate a Roedores
MI – Método Integrado;
MM – Método Mecânico;
MQ – Método Químico;
No – Número;
PCPR – Perda de Culturas e/ou Produtos por Roedores.
viii

Declaração

Declaro que esta monografia científica é fruto da minha investigação pessoal sob orientações
do meu supervisor. O conteúdo deste trabalho é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente citadas ao longo do desenvolvimento do trabalho, e suas respectivas
bibliografias estão patentes na página de bibliografia final deste trabalho.

Declaro ainda, que este trabalho não foi apresentado para obtenção de qualquer grau
académico em nenhuma outra instituição.

Montepuez, ______ de _________________de 2020

____________________________

(Sandra Victor Benfica)


ix

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais (Victor Benfica e Alzira Mário) e ao meu tio (Paulo
Mário) que sempre têm estado em todos os momentos da minha vida.
x

Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pelo dom da vida, saúde e protecção que me dá durante
toda a minha vida. De seguida agradeço a minha família, especialmente aos meus pais, meus
irmãos e ao meu tio que estão sempre ao meu lado para compartilhar todos momentos da
minha vida. E sem se esquecer da família Cipriano pelo amor incondicional.

Igualmente os agradecimentos vão para o Eng˚. Badrodino, o supervisor do trabalho, pelo


apoio durante a elaboração do trabalho e toda a paciência, atenção e humildade que
incansavelmente transmitiu, os seus conhecimentos.

Agradeço a estrutura da aldeia de Namitil e a todos agricultores que deram o seu contributo na
colecta de dados desta pesquisa.

Os meus gratos são extensivos para tos os meus colegas, amigos e de igual modo a todos que
de forma directa ou indirectamente deram o seu contributo em prol da minha formação
académica.

O meu muito obrigado a todos.


xi

Epígrafe

“Se os valores sobre o meio ambiente


contaminarem a sociedade e as empresas,
todas as transacções comerciais, industriais
e normas governamentais serão afectadas.
Cada vez mais as empresas responderão
às demandas comunitárias
sobre a preservação do meio ambiente
e se responsabilizarão legalmente
por obrigações ecológicas.”
xii

MOTTA.

Resumo

Palavras-chave:

Abstract

Keywords:
Introdução

Historicamente, a fixação do homem à terra, gerando excedentes alimentares a partir do


advento da agricultura, e o desenvolvimento dos povoados, cidades até as megalópoles,
criaram condições ideais à ligação comensal dos roedores com o homem, originando um
processo de sinantropia1 (POTENZA & ZORZENON, 2006).

Data-se que a convivência entre o Homem e o rato começou há muito tempo. Alguns achados
arqueológicos na Europa demonstraram a presença de roedores já no período Pleisto-
pliocênico, juntamente com restos humanos inservíveis atirados num mesmo local, formando
montes de lixo. (SOUZA, 2011).

Os Roedores Sinantrópicos Comensais conhecidos popularmente por ratazanas, ratos de


telhado e camundongos geram uma perda anual de cerca de 8% da produção mundial de
alimentos (cerais e grãos principalmente) no campo de produção agrícola e nos locais de
armazenamento dos produtos. Além de causarem prejuízos económicos, estão directamente
associados à Saúde Pública em decorrência de serem reservatórios de agentes de zoonoses
(IBDEM, 2011).

Estratégias de controlo de roedores devem basear-se na constatação simples e objectiva de


que a proliferação destes animais ocorre porque o homem e a sociedade como está
organizada, fornecem, de forma abundante, o que os roedores necessitam para sobreviver:
alimento, água e abrigo proporcionando, consequentemente, um desequilíbrio populacional
destes animais e desta forma geram prejuízos económicos e a transmissão de graves doenças
ao homem e aos animais domésticos ou de criação.

Nesta ordem de ideias, a presente pesquisa tem como tema “Estratégias de controlo de
roedores sinantrópicos comensais: destaque sobre o combate ao Rattus norvegicus (ratazana)
1
Sinantropia - relação homem – animal.
xiii

na aldeia de Namitil – Montepuez (2017 – 2018); a qual visou trazer, para a comunidade da
aldeia em estudo, soluções práticas para o controle de roedores em seus campos de cultivo.

 Delimitação e enquadramento do tema

Esta pesquisa foi realizada na aldeia de Namitil, no Posto Administrativo de Mirate, distrito
de Montepuez – Cabo Delgado, num período de 2017 – 2019 e teve como grupo alvo os
camponeses daquela aldeia. O tema deste trabalho enquadra-se na linha de pesquisa de
Educação Ambiental e Sustentabilidade da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática,
Universidade Rovuma, nas cadeiras de Ecologia Humana e Educação Ambiental e Saúde
Pública.

 Problematização

Um dos maiores problemas causados pelos roedores é a extraordinária perda económica que
eles provocam ao longo de sua vida. Nos campos, destroem as sementes recém-lançadas e
atacam os cereais, tanto na espiga como depois de colhidos e armazenados. Arroz, trigo,
milho, amendoim e produtos da primeira necessidade, são algumas culturas onde a acção dos
roedores pode ser devastadora.

Estima-se que a cada ano 1/5 de toda a produção mundial nunca chega à mesa do Homem,
devido aos danos provocados pelos roedores. Cerca de 4% da produção de arroz e outros
grãos armazenados são destruídos por ratos e outras espécies de roedores (SOUZA, 2011).

Outro problema comum relacionado aos roedores é que muitas vezes não há uma demanda
expressa para fazer algo para controlá-los. Muitos problemas com roedores não são bem
compreendidos pelos agricultores, e os métodos tradicionais de combate raramente são
adequados, o que faz com que os agricultores acabem simplesmente se resignando com a
situação. Assim, pode-se dizer que um dos maiores problemas para desenvolver melhores
estratégias de combate aos roedores é justamente entender e perceber o real impacto na vida e
nos meios de sustento das famílias.

As ratazanas provocam danos e perdas em todas as fases de processamento, produção e


estocagem de géneros alimentícios. Podem comer cerca de 10% de seu próprio peso
xiv

corporal/dia, o que significa alguma coisa entre 10 a 20 Kg/ano. Além disso, os ratos através
de seus pelos, fezes e urina, contaminam muito mais alimentos do que podem comer. Um
único rato pode produzir cerca de 25.000 cíbalas (fezes) num só ano (IBDEM).

Através de relatos informais de agricultores da aldeia de Namitil sobre o ataque de culturas


por roedores (sobretudo ratazanas), a proponente teve conhecimento desta problemática, que
depois confirmou tal problemática quando, em algumas vezes, que se fez presente no campo
de cultivo familiar localizado naquela aldeia.

Os agricultores da aldeia de Namitil têm usado algumas estratégias de controlo dessa praga na
machamba, mas os resultados não são tão satisfatórios. Por esta razão, formulou-se a seguinte
questão de partida:

Que estratégias devem ser adoptadas com vista o controlo adequado de Rattus norvegicus
(ratazana) na aldeia de Namitil?

 Justificativa

A agricultura de subsistência é a principal actividade económica da aldeia de Namitil, uma


vez que envolve a maior parte da população (se não toda) que nela reside. A redução das
perdas da colheita e da contaminação dos alimentos por ratazanas não só pode melhorar a
saúde e a nutrição, como também pode elevar a renda familiar.

A preocupação pela melhoria de saúde, nutrição, bem como a elevação da renda familiar dos
agricultores em geral, da aldeia de Namitil em partícular, através da redução das perdas de
culturas por ratazana fez com que a proponente desenvolvesse esta pesquisa, deste modo,
procurando trazer soluções práticas para o controlo de roedores em seus campos de cultivo.

A escolha Rattus norvegicus (ratazana) deveu-se ao facto dessa espécie de roedores


sinantrópicos comensais ser conhecida como a que mais devasta culturas em campos
agrícolas.

A aldeia de Namitil mereceu especial atenção nesta pesquisa por ser uma aldeia onde está um
dos campos agrícolas da família e lá, a proponente ter constatado este problema durante as
vezes que ela se fez presente. A problemática em estudo foi constatada durante a campanha
agrícola 2017/2018, por esta razão, esse período mereceu especial atenção nesta pesquisa.
xv

Uma vez que existem escassos estudos (se não nenhum) sobre o controlo de roedores na
aldeia de Namitil, então, sob ponto de vista científico, esta pesquisa poderá constituir mais
uma fonte bibliográfica de consulta, a qual poderá ajudar na compreensão e no
desenvolvimento de outras pesquisas relacionadas com o tema. Ou seja, este estudo pretende
aumentar o conhecimento e informação acerca desta problemática.

Do ponto de vista social, esta pesquisa fez-se necessária na medida em que poderá contribuir
na melhoria da saúde e nutrição dos agricultores, em geral e os da aldeia de Namitil em
particular, desta forma, através do consumo de alimentos de boa qualidade.

Sob ponto de vista pedagógico (PEA) esta pesquisa poderá ajudar na leccionação e
compreensão de formas de redução de perdas de culturas agrícolas por roedores nas
disciplinas de Biologia e Agropecuária.

E num âmbito económico, a essência desta pesquisa cinge-se na necessidade de aumento da


renda familiar e posterior crescimento económico dos agricultores, em geral e os da aldeia de
Namitil em particular através da redução da perda de culturas agrícolas por roedores.

 Objectivos do trabalho

Geral:

 Avaliar a eficácia de três (3) diferentes formas de controlo de roedores sinantrópicos


comensais aplicados no distrito de Montepuez, aldeia de Namitil (2017 – 2018).

Específicos:

 Comparar as três (3) formas de controlo de roedores (mecânico, químico e biológico);

 Identificar a melhor forma de aplicar de forma experimental as três (3) formas de


controlo de roedores (mecânico, químico e biológico);

 Determinar as diferenças estatísticas das três (3) formas de controlo de roedores


(mecânica, química e biológica).

 Hipóteses do trabalho
xvi

H0 – Todas as formas de controlo de roedores não apresentam diferenças estatisticamente


significativas.

H1 – Apenas uma das formas de controlo de roedores apresenta diferenças estatisticamente


significativas

 Estrutura do trabalho

Quanto a organização deste trabalho, importa referir que, para além dos elementos pré-
textuais e pós-textuais, este apresenta três (3) capítulos, sendo o 1º, revisão da literatura, onde
se fez o levantamento e apresentação de ideias de outros autores referentes ao tema em
destaque; o 2º, metodologia, no qual se fez menção dos procedimentos e técnicas usadas para
a recolha de dados e a elaboração do trabalho em geral; e o 3º capítulo é referente à
apresentação, análise e interpretação de dados; nesse capítulo são apresentados os dados
colhidos e fez-se a análise e discussão dos mesmos. No fim do 3º capítulo, tem conclusão,
sugestões.
xvii

CAPÍTULO I: REVISÃO DA LITERATURA

Neste ponto são apresentados aspectos como conceitos básicos, características gerais dos
roedores, classificação dos roedores, Problemas causados por roedores, classificação
científica da ratazana (Rattus norvegicus) e características básicas da ratazana (Rattus
norvegicus).

1.1. Conceitos básicos


 Roedores

Segundo NAGANO (2011), os roedores pertencem à ordem Rodentia, cujo nome deriva da
palavra latina rodere que significa roer. A principal característica que os une é a presença de
dentes incisivos proeminentes que crescem continuamente. Rato é o nome comum dado a
diferentes espécies de mamíferos da ordem dos Roedores.

Existem cerca de 2.000 espécies de roedores no mundo, representando em torno de 40% de


todas as espécies de mamíferos existentes (BRASIL, 2002). Os roedores pertencem a Ordem
Rodentia, que contém mais de 3.000 espécies.

De acordo com GIORDANO (2006), o nome rato pode ser correctamente aplicado a cerca de
500 espécies, mas apenas duas delas têm significado universal, Rattus norvegicus e o Rattus
rattus. No gênero Mus, há mais de 130 espécies de camundongos, embora apenas uma tenha
se adaptado totalmente à vida urbana, o Mus musculus.

1.2. Características gerais dos roedores

Os ratos são animais que possuem grande capacidade de reprodução. Regra geral, uma fêmea
produz cerca de 3 a 7 ninhadas por ano, com um período de gestação de 25 dias, nascendo 6 a
14 filhotes, que por sua vez alcançam a fase de reprodução após um período de 3 a 4 meses de
idade. (PUZZI, 1986).

Para compensar a má visão, os ratos possuem excelente olfacto, audição e tacto (localizado
nos seus longos bigodes e em pelo maiores distribuídos em toda extensão do corpo). Possuem
também, dentes incisivos, que crescem até 3 milímetros por semana, que os permitem roer e
abrir orifícios em madeira, sacarias, tijolos, tubos de cobre e romper fios de condução
eléctrica, a fim de desgastar os dentes; possuem grande agilidade podendo passar de um local
xviii

ao outro por cordas e até mesmo saltar; podem cavar extensivos túneis horizontais e buracos;
apresentam facilidade em nadar desde o segundo mês de vida, podendo nadar de 500 a 800
metros contra corrente em redes de esgoto. (ENCOPPRAGAS, 2019).

Vivem em colónias, onde acumulam comida recolhida nos locais, migram em massa por
motivo de inundações, incêndios, falta de alimentos disponíveis, além da migração sazonal
(PUZZI, 1986). São activos durante a noite, porém se o nível populacional está muito elevado
ou o alimento disponível é insuficiente para a colónia, eles saem de seus abrigos durante o dia
(ZUBEN, 2006).

Os ratos podem fazer comunicação química através de uma substância secretada pelo próprio
organismo, que influenciam no comportamento de outro da mesma espécie, chamada de
feromónios. Os feromónios podem envolver diversas mensagens específicas, quase sempre
relacionadas com a preservação da espécie (PUZZI, 1986).

1.3. Classificação dos roedores

De acordo com MATIAS (2007) no mundo existem cerca de 2.000 espécies de roedores,
representando cerca de 40% de todas as espécies de mamíferos existentes.

Os roedores vivem em qualquer ambiente terrestre que lhes dê condições de sobrevivência.


As diversas espécies de roedores estão separadas em Roedores Sinantrópicos Comensais, isto
é, aqueles que dependem unicamente do ambiente do homem e Sinantrópicos não Comensais
ou Silvestres, ainda não inteiramente dependentes do ambiente antrópico. (SOUZA, 2011:
37).

1.3.1. Roedores sinantrópicos comensais

De acordo com SANTIAGO e SOARES, (2012), os animais sinantrópicos “são aqueles que
se adaptaram á viver junto com o homem no ambiente urbano, destacando-se entre esses
animais os ratos, pertencentes à ordem rodentia”.

São considerados roedores sinantrópicos comensais ratos e


camundongos que dependem unicamente do homem para sua
sobrevivência, em virtude de terem seus ambientes naturais
prejudicados pelo próprio homem, entre as espécies comensais
encontramos a ratazana (Rattus norvegicus), o rato do telhado
(Rattus rattus) e o camundongo (Mus musculus). Apesar de
existência de mais de 2.000 espécies na natureza, apenas 03 espécies
apresentam relação com o homem: Mus musculus, Rattus
novergicus e Rattus rattus, (ZUBEN, 2006: 89).
xix

Figura 1. Morfologia comparativa das espécies de roedores sinantrópicos

Fonte: ISHIZUKA, 2008.

Tabela 1. Características e comportamento das principais espécies de roedores sinantrópicos


comensais.

Comportamento e Rattus norvegicus Rattus rattus (Rato Mus musculus


características (Ratazana) do telhado) (Camundongo)
xx

150 a 600g 100 a 350g 10 a 21g


Peso
Corpo Robusto Esguio Esguio
Comprimento corpo 22cm 20cm 9cm
+ cabeça
Cauda 16 a 25 cm 19 a 25 cm 7 a 11 cm
Relativamente Grandes e Proeminentes,
pequenas; proeminentes, finas grandes para o
Orelhas normalmente meio sem pêlo: 25 a 28 mm tamanho do animal:
enterradas no pêlo: 20
10mm
a 23 mm
Focinho Rombudo Afilado Afilado
Em formas de cápsulas Fusiformes Em forma de basto
Fezes com extremidades
rombudas
Tocas e galerias no Comummente no Comummente no
Habitat subsolo, comummente interior do domicílio interior do
fora do domicílio domicílio

Cavar tocas Hábil escalador; Hábil escalador;


Habilidades físicas raramente cava tocas pode cavar tocas
Raio de acção Cerca de 50 m Cerca de 60 m Cerca de 3 a 5 m
Omnívoro, prefere Omnívoro de Omnívoro de
Alimentação grãos, carne, ovos e preferência legumes, preferência grãos e
frutas frutas e grãos sementes
Neofobia Marcada em lugares Marcada Hábito exploratório
pouco movimentados (neofilia)
Junto ao solo, São de difícil
próximos das paredes, Manchas de gordura visualização, mas
sob forma de manchas junto ao madeirame de podem ser
de gordura Formam telhados, tubos e observadas
trilhas no solo cabos. Presença de manchas de gordura
Trilhas causando o desgaste pêlos fezes junto aos rodapés,
da vegetação. paredes e orifícios
Presença de pegadas, por onde passam
fezes e pêlos.
Gestação 22 a 24 dias 20 a 22 dias 19 a 21 dias
Ninhadas por ano 8 a 12 4a8 5a6
Filhotes por ninhada 7 a 12 7 a 12 3a8
Idade de desmame 28 dias 28 dias 25 dias
Idade de maturidade 60 a 90 dias 60 a 75 dias 42 a 45 dias
sexual
Vida média 24 meses 18 meses 12 meses
Fonte: BRASIL, 2002:21.

1.3.2. Roedores sinantrópicos não comensais


xxi

Na óptica de SOUZA (2011), roedores sinantrópicos comensais caracterizam-se por formarem


colónias no ambiente silvestre longe do contacto com o homem, contudo em função das
modificações ambientais decorrentes dos processos de urbanização e de transformação de
ecossistemas naturais em áreas de plantio a divisão em silvestres, sinantrópicos comensais e
não comensais não é permanente; visto que, pela escassez de alimentos, os roedores acabam
expandindo suas colónias por entre e ao redor das plantações e instalações no peridomicílio,
como tulhas e silos, e no próprio domicílio em busca de alimentos; este fato amplia o contacto
do homem e roedor silvestre.

Algumas espécies, hoje, apresentam populações com elevado grau de sinantropia. Nestas
situações é grande o risco de transferência de agentes infecciosos dessas espécies para os
roedores estritamente comensais (IBDEM).

1.3.2.1. Comportamento e principais características dos roedores sinantrópicos


não comensais

 Akodon spp

Nome popular: rato-do-chão.

Características morfológicas: pêlos longos e macios, de coloração escura no dorso; ventre


mais claro lavado de amarelo sujo; os olhos são pequenos, redondos e encravados nas órbitas
sem o círculo castanho ao redor dos olhos como os Bolomys. A cauda é curta, pilosa, com
anéis visíveis, mais fina do que a dos Bolomys; patas escuras e delgadas, calos proeminentes.
O peso corporal dos adultos varia de 25 g a 58 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos
varia de 105 mm a 125 mm; a cauda mede 85 mm a102 mm; o pé posterior 22 mm a 25 mm e
a orelha 15 mm a 18 mm. (NAGANO, 2011).

Comportamento: são muito comuns nas matas e terras cultivadas do país. Vivem geralmente
em galerias constituídas quase que totalmente de camadas de folhas em decomposição que se
depositam sobre raízes tabulares. Possuem hábitos nocturnos, entretanto também podem ser
encontrados durante o dia (IBDEM).

Reprodução: o número de crias por gestação varia de 1-6 e média de 3.

Principais espécies: A. cursor, A. arviculoides e A. montensis.


xxii

 Bolomys spp

Nome popular: pixuna, calunga, caxexo, rato-do-capim.

Características morfológicas: pêlos curtos, ligeiramente ásperos e de coloração castanho


acinzentado no dorso; parte ventral esbranquiçada; pêlos claros formando um círculo castanho
em redor dos olhos; cauda curta, pilosa, mais escura na parte dorsal e esbranquiçada na parte
ventral. O peso corporal dos adultos varia de 26 g a 64 g; o comprimento da cabeça e corpo
juntos varia de 86 mm a 124 mm; a cauda mede 65 mm a 94 mm; o pé posterior 20 mm a 24
mm e a orelha 12 mm a 15 mm. (GRINGS, 2006).

Comportamento: suas populações são normalmente formadas por pequeno número de


indivíduos com capacidade de multiplicação rápida.

Reprodução: a reprodução do B. lasiurus ocorre durante o ano todo, principalmente nos


meses de Abril a Junho. O número de crias por gestação é de 1 a 11 e média de 4 (IBDEM).

Principal espécie: B. lasiurus

 Calomys spp

Nome popular: rato-de-algodão.

Características morfológicas: pelagem curta, macia, de coloração castanho claro na parte


dorsal, parte ventral branca, as vezes avermelhada; forma delicada; cauda curta; pés delgados;
calos nus e em número de 5 ou 6. O peso corporal dos adultos varia de 12 g a 39 g; o
comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 70 mm a 110 mm; a cauda mede 60 mm a 80
mm; o pé posterior 15 mm a 20 mm e a orelha 13 mm a 17 mm. (ZUBEN, 2006).

Reprodução: o número de filhotes por gestação é de 1 a 10 e média de 4 a 5.

Espécies Principais: C. callosus, C. bimaculatus, C. leucodactylus e C. tener.

 Delomys spp

Nome popular: rato-do-mato.

Características morfológicas: superfície dorsal agrisalhada de acinzentado e dourado,


acentuando-se nos lados do corpo; superfície ventral branca tendendo ao dourado. O peso
xxiii

corporal dos adultos varia de 25 g a 35 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 95


mm a 135 mm; a cauda mede 111 mm a 181 mm; o pé posterior 27 mm a 29 mm (BDEM).

Comportamento: possuem hábitos terrestres formando seus ninhos sob folhas que caem das
árvores.

Reprodução: a procriação começa em Agosto parecendo estender-se até Fevereiro, embora


se possam encontrar animais em reprodução ainda no mês de Abril. (SOUZA, 2011).

Principais espécies: D. sublineatus e D. dorsalis.

 Echimys spp

Nome popular: rato-rabudo, rato-vermelho, rato-coandu, rato-de-espinho.

Características morfológicas: roedor grande, cauda de comprimento menor ou maior do que


o da cabeça e corpo reunidos, escassa ou densamente revestida de pêlos; pés pequenos e
largos; orelhas pequenas e largas; de coloração cinza claro, apresentam uma faixa branca que
vai se estreitando em direcção aos olhos, focinho e fronte ferruginosos (POTENZA &
ZORZENON, 2006).
O peso corporal dos adultos varia de 180 g a 250 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos,
varia de 192 g a 200 mm; a cauda mede 195 mm a 330 mm; o pé posterior 30 mm a 33 mm e
a orelha 11 mm a 20 mm (IBDEM).

Comportamento: hábito nocturno e arvícola; geralmente solitários.

Espécies mais comuns: E. pictus e E. spinosus.

 Oligoryzomys spp

Nome popular: rato-de-fava ou rato-de-cacau.

Características morfológicas: anteriormente pertencente ao género Oryzomys, este novo


género inclui mais de 10 espécies, todas muito parecidas o que dificulta a distinção entre elas
no campo (MATIAS, 2006).

A pelagem é alaranjada-escura, tracejada por numerosos pêlos negros; mais amarelado nos
lados do corpo; superfície ventral branco-acinzentada com tonalidades canela. O peso
xxiv

corporal dos adultos varia de 14 g a 35 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 83


mm a 110 mm; a cauda mede 112 mm a 140 mm; o pé posterior 22 mm a 26 mm e a orelha 13
mm a 26 mm (IBDEM).

Comportamento: são arvícolas, entretanto constroem seus ninhos em amontoados de folhas,


pequenos buracos no solo e até mesmo tocos secos caídos ao chão, nas matas e nos campos.
São encontrados em culturas de milho, arroz e cacau (IBDEM).

Reprodução: a procriação ocorre durante todo o ano, produzindo dois a quatro filhotes por
gestação.

Principais espécies: O. microtis e O. nigripes (sinonímia Oryzomys eliurus)

1.4. Problemas causados por roedores

Os roedores competem directamente com o homem por alimentos, estima-se uma perda anual
de até 8% da produção mundial de cereais e raízes, a perda pode ser maior se for considerado
contaminação dos alimentos, farelos e rações para animais, por urina e fezes e o desperdício
pelo rompimento de sacarias e outras embalagens (NAGANO, 2011).

Dentre os problemas económicos podemos destacar as grandes perdas na produção de


alimentos, desde a lavoura até armazenagem, através da destruição directa dos mesmos ou
contaminação por fezes e urina. Podem também danificar máquinas, equipamentos,
tubulações e fiações eléctricas, causando prejuízo e acidentes (GRINGS, 2006).

Além de causarem prejuízos económicos, estão directamente associados à Saúde Pública em


decorrência de serem reservatórios para agentes de zoonoses (doenças transmitidas do animal
para homem), entre elas: Coriomeningingite Linfocitária, Hantavirose, Leptospirose, Tifo
Murino, Salmonelose, Peste, Raiva, Triquinelose e toxoplasmose (ZUBEN, 2006).

Muitas delas são reservatórios naturais de doenças, como a peste, tularemia, sodoquiose,
leishmaniose, doença de Chagas, esquistossomose, febres hemorrágicas, hantaviroses e
outras. Estas espécies mantêm e fazem circular os agentes infecciosos, por longo período de
tempo e, ao entrarem em contacto com roedores comensais de zonas rurais, podem a eles
transferir esses agentes, de forma directa ou por insectos vectores. Quando esse intercâmbio
ocorre, observam-se surtos epizoóticos e epidémicos destas zoonoses.
xxv

Entre esses, a espécie Bolomys lasiurus (Zygondontomys lasiurus pixuna)


desempenha importante papel no ciclo epidemiológico da peste, destacando-
se na epizootização da peste no nordeste do Brasil. É um roedor silvestre
muito prolífero e se desenvolve com relativa facilidade em quase todos os
focos de peste. É extremamente sensível à infecção sendo a espécie mais
importante de sua família em termos epidemiológicos, em virtude de sua
densidade populacional, susceptibilidade à infecção e proximidade do
homem. Entretanto, outras espécies de roedores também são responsáveis
pela ocorrência da enfermidade na região, incluindo espécies de roedores
sinantrópicos comensais (NAGANO, 2011: 270.

1.5. Classificação científica da ratazana

Tabela 2. Nomenclatura científica de Rattus norvegicus (ratazana)


Reino Animalia
Filo Chordata
Subfilo Vertebrata
Classe Mammalia
Ordem Rodentia
Família Muridae
Subfamília Murinae
Género Rattus
Espécie Rattus norvegicus
Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Rattus_norvegicus.

1.6. Características básicas da ratazana (Rattus norvegicus)

Conhecida também como rato de esgoto é considerada a maior e mais pesada das espécies dos
roedores sinantrópicos comensais. Apresenta coxas robustas, orelhas pequenas, cauda menor
que o corpo, podendo pesar 150 a 600 gramas, com um comprimento podendo chegar a 22
centímetros (BRASIL, 2002).

A ratazana (Rattus norvegicus) é uma espécie de roedor originário do Leste da Ásia (Norte da
China e Mongólia), mas actualmente naturalizada em quase todas as regiões povoadas do
planeta (IBDEM0.

Figura 2. Ratazana
xxvi

Fonte: BRASIL, 2002.

É uma espécie de hábito fossorial (hábito de cavar) (ISHIZUKA, 2008). Abriga-se


preferencialmente abaixo do solo, por isso cava tocas e forma túneis, procriando nestes locais.
Pode causar dano à estrutura do terreno.

Tem olhos e orelhas pequenos em relação à cabeça e cauda grossa com pêlos. O território ou
raio de acção raramente ultrapassa 50 metros, este é activamente defendido de intrusos, que
são expulsos pelos indivíduos dominantes da colónia (BRASIL, 2002).

A ratazana possui vida média de 24 meses, chegando a sua maturidade sexual entre 60 a 90
dias de idade, quando fertilizada, a fêmea tem sua gestação em média de 22 a 24 dias,
podendo dar uma ninhada entre 7 a 12 filhotes. Agrupam-se em colónias, com divisões
hierárquicas (dominados e dominantes). (IBDEM).

Apresentam neofobia marcante, caracterizada pela desconfiança por objectos e/ou alimentos
novos colocados no seu território, embora este comportamento apresente variação individual e
ou populacional, sendo mais acentuado nos locais de pouco movimento de pessoas e objectos.

As medidas de controlo são de difícil aplicação e os resultados são obtidos a longo prazo, em
decorrência da natural aversão inicial por iscas, porta-iscas e armadilhas colocadas no
ambiente. (ISHIZUKA, 2008).

Em locais de movimento contínuo de pessoas, objectos e mercadorias, a neofobia é menos


acentuada ou inexistente e os novos alimentos (iscas) e objectos (armadilhas) despertam
imediata atenção, facilitando o controlo (IBDEM).
xxvii

A dispersão das ratazanas ocorre por razões diversas e atribui-se, principalmente, à redução da
disponibilidade de alimento e de abrigo por alterações ambientais, mas também podendo
ocorrer passivamente, sendo transportadas em caminhões, navios, trens e contentores.
(ZUBEN, 2006).

Figura 3. Característica da ratazana

Fonte: ISHIZUKA, 2008.

1.7. Condições que favorecem a proliferação de roedores

De acordo com PAPINI (2006), a presença e proliferação dos ratos são favorecidas por um
conjunto de factores físicos (topográficos e climáticos), humanos (antropomorfização da
paisagem e uso do solo) e biológicos (baixo grau de predação e competição). Porém, fatores
como a temperatura ou fotoperíodo também podem estar relacionados à flutuações
populacionais de roedores (SCHMID-HOLMES & DRICKAMER 2001), principalmente em
regiões em que a precipitação é uniformemente distribuída ao longo do ano.

O clima ameno, a natureza vulcânica das ilhas, a actividade agro-pecuária,


certos comportamentos menos correctos por parte de algumas empresas/
cidadãos, a existência de zonas com algumas deficiências a nível do
saneamento básico, da recolha e tratamento dos resíduos sólidos urbanos e
das habitações (alimentos em condições erradas de armazenamento; acúmulo
de materiais, embalagens e entulhos dentro de casa e, também, nas áreas
xxviii

próximas e as áreas próximas à residência com vegetação alta), entre outros


aspectos, proporcionam aos ratos excelentes condições, quer de alimento,
quer de abrigo, que potenciam a respectiva capacidade de reprodução,
dispersão e adaptação. (PRIMAVESI, 1990:47).

1.8. Épocas com maior ocorrência de roedores

Os roedores são um tipo de praga que ocorre em todas epocas do ano. Porem, de acordo com
CADEMARTORI et al. (2004) constata-se que há altos índices de abundância de roedores
durante o inverno.

CAPÍTULO II: METODOLOGIA

Com o intuito de concretização da presente pesquisa, usou-se várias estratégias para a sua
elaboração e execução e para garantir a confiabilidade dos resultados a serem obtidos. Deste
modo, ao longo deste capítulo é apresentada e descrita a área de estudo, classificação da
pesquisa, os métodos e técnicas de recolha de dados, o universo e a amostra da pesquisa.

2.1. Descrição da área de estudo

Do ponto de vista geográfico, o distrito de Montepuez está situado no Sul da Província de


Cabo Delgado a 210 km da capital provincial - Pemba, confinando a Norte com o distrito de
Mueda, a Sul com os distritos de Namuno e Chiúre, a Leste com os distritos de Ancuabe e
Meluco e a Oeste com os distritos de Balama e Mecula; este último da Província do Niassa.
(MAE, 2014:1).

“A superfície do distrito é de 17.874 km 2 e a sua população está


estimada em 218 mil habitantes à data de 1/7/2012. Com uma
densidade populacional aproximada de 12,2 hab/km2, prevê-se que
xxix

o distrito em 2020 venha a atingir os 249 mil habitantes… A


agricultura é a actividade dominante e envolve quase todos os
agregados familiares. De um modo geral, a agricultura é praticada
manualmente em pequenas explorações familiares em regime de
consociação de culturas com base em variedades locais. A
produção agrícola é feita predominantemente em condições de
sequeiro, nem sempre bem sucedida, uma vez que o risco de perda
das colheitas é alto, dada a baixa capacidade de armazenamento de
humidade no solo durante o período de crescimento das culturas .”
(IBDEM).

Namitil é uma aldeia pertencente ao Posto Administrativo de Mirate. Esta aldeia dista a cerca
de 15 km da sede do distrito de Montepuez.

De acordo com a estrutura da aldeia, numa pré-pesquisa feita em Dezembro de 2018, a


população de aldeia de Namitil é estimada em três mil, cento e vinte e seis (3126) habitantes
que vivem em cerca de quinhentas e vinte e uma (521) famílias com uma média de agregado
estimada em seis (6) indivíduos por família.

Na aldeia de Namitil vivem grupos populacionais de diferentes etnias com línguas diferentes,
destacando-se a língua Emakhua-metto, a mais falada em todo distrito, seguindo-se das
pequenas etnias como a Makonde e Ngoni. A agricultura de subsistência é a principal
actividade económica dessa aldeia, uma vez que envolve a maior parte da população que nela
reside.

2.2. Classificação da pesquisa

Como forma de alcançar os objectivos propostos nesta pesquisa, foi realizado um estudo de
campo, aplicado, descritivo e com abordagem quantitativa.

 Quanto a abordagem

No que tange a abordagem, esta pesquisa é quantitativa, uma vez que, os dados a serem
colhidos foram traduzidos em números baseando-se em técnicas estatísticas, como
percentagem, frequências.

 Quanto aos objectivos


Quanto aos objectivos esta pesquisa é descritiva, visto que, ela visou elucidar/descrever as
estratégias adequadas no controlo de Rattus norvegicus (ratazana) na aldeia de Namitil –
Montepuez.
xxx

 Quanto a natureza

Este estudo baseou-se na resolução de um certo problema, isto é, a problemática da perda de


culturas agrícolas decorrente a acção de roedores na aldeia de Namitil - Montepuez, então por
esta razão, esta pesquisa quanto a natureza é aplicada.

2.3. Métodos de trabalho

 Bibliográfico

Este método visa buscar bases de sustentação teórica para o tema em estudo. A proponente
usou este método na medida em que foi se apoiar de ideias de alguns autores para o sustento
teórico desta pesquisa. Essas ideias foram colhidas através da leitura de diferentes autores e
obras literárias.

O método bibliográfico foi útil também, na medida em que a proponente necessitaou de


algumas informações de diferentes obras literárias para a confrontação dos resultados que
foram apresentados nesta pesquisa.

 Estatístico

O método estatístico foi útil para a proponente, pois colocou a trabalhar com algumas
medidas de tendências, como é o caso da frequência e da percentagem, na fase de análise e
interpretação de dados. Com ajuda do programa SPSS (StatisticalPackage for the Social
Sciences) e Excel serão construídos os gráficos e tabelas de resultados desta pesquisa.

 Indutivo

O método indutivo permitiu a proponente generalizar os resultados dos dados recolhidos dos
elementos que fizeram parte da amostra deste trabalho.

2.4. Técnicas e instrumentos de colecta e análise de dados

 Observação
A aplicação experimental dos três métodos será feita em nove (9) casas (locais de
armazenamento de produtos agrícolas) e nove (9) machambas, nas quais cada forma de
controlo foi aplicada em três (3) casas e em três (3) machambas.
xxxi

Depois da aplicação experimental das três (3) formas de controlo de roedores na aldeia de
Namitil foi realizada a observação dos resultados das mesmas de três (3) em três (3) dias
através de uma grelha de observação. Esta técnica foi útil nesta pesquisa na medida em que a
proponente verificou e registou aspectos relevantes relacionados às formas de controlo de
roedores na aldeia de Namitil.

 Entrevista

A entrevista permitiu a proponente estar em contacto directo com o entrevistado e colher


informações relevantes para o desenvolvimento desta pesquisa.

Esta técnica foi apoiada de um guião de entrevista estruturado com perguntas abertas e
fechadas previamente estabelecidas que levaram o entrevistado a responder livremente, sem
reservas, para melhor ouvir os sentimentos das pessoas e as suas reacções acerca das
estratégias de controlo de roedores.

Esta técnica foi dirigida à quarenta (40) do cinquenta e três (53) agricultores que fizeram parte
da amostra desta pesquisa. E pela natureza da maioria do grupo alvo desta pesquisa
(agricultores que provavelmente têm baixo nível de escolaridade), a proponente usou esta
técnica em detrimento do questionário, visto que, segundo GIL (2008:129) a entrevista não
exige que a pessoa entrevistada saiba ler e escrever.

2.5. Técnicas de análise de dados

Para a versificação e apresentação das diferenças estatísticas das três (3) formas de controlo
de roedores (mecânica, química e biológica) aplicadas, a proponente usou técnicas
estatísticas, como é o caso de frequência e percentagem. Através de alguns programas
estatísticos, tais como SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) e Excel foram
construídos os gráficos e tabelas na fase de análise e interpretação de dados.

2.6. Parâmetros ou variáveis avaliados

Nesta pesquisa constituíram parâmetros ou variáveis a avaliar os seguintes:

 Número médio de roedores mortos;


 Perdas de produto armazenado através de roedores;
 Frequência/ocorrência de roedores após a aplicação das formas de controlo de
roedores;
xxxii

 Situação final dos danos.

2.7. Caracterização das actividades desenvolvidas

Para a colecta de dados no campo a proponente desenvolveu as seguintes actividades:

 Identificação de casas (locais de armazenamento de produtos agrícolas) e machambas


afectadas pelos roedores;
 Aplicação das formas de controlo de roedores nas tais casas e machambas;
 Registo dos resultados das formas de controlo de roedores;
 Entrevista com os proprietários das casas e das machambas.

2.8. Universo e amostra

O universo desta pesquisa foi constituído por quinhentos e vinte e um representantes de


quinhentas e vinte e uma (521) famílias. Em suma, esta pesquisa tem como universo
quinhentos e vinte e um indivíduos (521).

Para a significância e representatividade da amostra foram retirados, de forma aleatória


simples, cinquenta e três representantes de (52) famílias. Sendo que para dezoito (18) famílias
foi feita a aplicação experimental dos três métodos em nove (9) casas familiares (locais de
armazenamento de produtos agrícolas) e nove (9) machambas familiares, nas quais cada
forma de controlo foi aplicada em três (3) casas e em três (3) machambas. E para os restantes
trinta e sete (37) dos cinquenta e três (53) agricultores foi aplicado a técnica de entrevista.
xxxiii

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO


DE DADOS

Neste capítulo são apresentados, analisados e interpretados os resultados desta pesquisa,


obtidos através das técnicas aplicadas obedecendo a seguinte sequência

A apresentação dos resultados foi feita com base em gráficos ou tabelas de acordo com as
diversas variáveis em estudo. Importa referir, ainda, que essa apresentação é acompanhada de
base teórica de alguns autores devidamente citados ao longo deste capítulo e de algumas
ilações dos autores da pesquisa.

3.1. Apresentação dos resultados da observação

Usou-se uma grelha de observação (vide o apêndice), de forma a fazer acompanhamento de


todos os factos da pesquisa e facilitar a proponente proceder a observação do fenómeno real.
Nessa grelha, verificou-se e foram registados os factos julgados pertinentes para a pesquisa.
Para além da grelha de observação usou-se também a máquina fotográfica que auxiliou na
colecta de imagens.

A técnica de observação teve dois (2) momentos, nos quais o primeiro consistiu na verificação
de aspectos como vestígios de ocorrência de roedores; tipo de método usado e existência de
culturas ou produtos danificados pelos roedores, antes da aplicação experimental. E o segundo
momento consistiu na verificação da rentabilidade dos métodos de combate de roedores após
a aplicação experimental. Para tal, segue-se a apresentação dos resultados da observação.

 Vestígios de ocorrência de roedores


Através da técnica de observação, a proponente constatou a existência de vestígios de
ocorrência de roedores nos campos de produção agrícola e nos locais de armazenamento de
produtos agrícolas assim como ilustra o gráfico 1 abaixo.
xxxiv

Gráfico 1. Resultados sobre ocorrência de roedores.

Fonte: Autora, 2019.

Os resultados do gráfico 1 acima revelam que há incidência de ocorrência de roedores nos


campos de produção agrícola e nos locais de armazenamentos de produtos agrícolas. Esse
facto que preocupa, não só os próprios agricultores, mas também a entidade governamental
que vela por este sector da sociedade.

 Tipo de método usado


Em relação aos tipos de métodos de combate de roedores, constatou-se que nas (9) casas
(locais de armazenamento de produtos agrícolas) e nove (9) machambas os agricultores optam
mais em usar o método mecânico. Assim como ilustra o gráfico 2 a seguir.
xxxv

Gráfico 2. Tipos de métodos usados.

Fonte: Autora, 2019.

Factores como falta de recursos financeiros para a aquisição de raticidas, e difícil controle de
predadores de roedores podem condicionar o uso dos métodos químico e biológico,
respectivamente.

 Método mais rentável


Após a aplicação experimental dos métodos de combate de roedores nas nove (9) casas (locais
de armazenamento de produtos agrícolas) e nove (9) machambas, foi contatado que
combinação dos métodos mecânicos, químico e biológico (método integrado) é a forma mais
rentável de combate de roedores.

Gráfico 3. Rentabilidade dos métodos

Fonte: Autora, 2019.

Resultados da entrevista dirigida aos agricultores

A entrevista dirigida aos agricultores teve como objectivo colher informações relativas ao uso
de métodos de combate de roedores na comunidade de Namitil. Importa referir que a
xxxvi

entrevista foi realizada com auxílio de um guião que facilitou no acto da recolha dessas
informações que se julgam serem pertinentes para a pesquisa em causa.

Em entrevista, os agricultores afirmaram que estão praticando essa actividade quase desde a
sua infância. Dessa prática os agricultores afirmam cultivar diversos produtos mas com
destaque para o milho, mandioca, amendoim, feijões e a mapira. Essa actividade é a base de
sustento de suas famílias.

Perdas de culturas ou produtos sofridas por acção de roedores

De forma unânime os agricultores afirmaram que nas épocas de campanha agrícola têm
sofrido grandes perdas de culturas e produtos agrícolas por acção dos roedores. Os
entrevistados ainda, unanimemente, afirmaram que tais perdas têm sido registadas
maioritariamente logo após a sementeira e antes da colheita.

Adopção de mecanismos de minimização de PCPR

Trinta e quatro (34) agricultores (correspondente a 85%) do universo dos entrevistados


quando questionados se aodptam mecanismos de para a minimização de PCRP responderam
que não e os restante seis (6) entrevistados (correspondente a 15%) afirmaram que têm
adoptado certos mecanismos, (gráfico 4).

Gráfico 4. Adopção de mecanismos de minimização de PCPR

Fonte: Autora, 2019.

Dos que afirmaram terem adoptados mecanismos de PCPR apontaram o uso dos três (3) MCR
mas com maior destaque para o MM. E da maioria que respondeu que não tem aoptado tais
mecanismos justificaram-se de várias formas mas a falta de condições financeiras foi
xxxvii

apontada como a principal causa para a não adopção de mecanismos de PCPR, assim como
mostram alguns dos depoimentos a seguir:

 “Não tenho dinheiro para comprar raticida” (Ag. 6);


 “As condições não favorecem a aquisição de produtos para eliminação dessa praga”
(Ag.14);
 “Não dinheiro para tal” (Ag. 22);
 “Não é fácil combater” (Ag. 38).

Opinião dos agricultores sobre a eficácia dos MCR

Ao longo da entrevista os agricultores quando indagados sobre o qual dos MCR, na sua
opinião, é mais eficaz, 22 deles (correspondente a 55%) apontaram o MQ como sendo o MCR
mais eficaz; 12 (30%) apontaram o MM; 6 (15%) indicaram o MI e sendo que nenhum deles
apontou para o MB e o MI. (gráfico 5).

Gráfico 5. Opinião dos agricultores sobre a eficácia dos MCR

Fonte: Autora, 2019.


Vantagens e desvantagens de cada MCR

Os agricultores entrevistados ao justificarem as suas opiniões relativamente a eficácia do MQ


apontaram para a rápida acção e reacção dos raticidas, assim como mostram os depoimentos a
seguir:
xxxviii

 “Mata muitos ratos.” (Ag. 3);


 “Porque é o método químico é melhor.” (Ag. 8);
 “Porque mata em maior quantidade.” (Ag. 23);
 “Porque é mais rápido e traz melhores resultados.” (Ag. 31).

Alguns agricultores apontaram o baixo custo dos materiais para a montagem do MM, de
acordo com as declarações a seguir:

 “Porque é fácil fazer as armadilhas.” (Ag. 7);


 “Porque não necessita de custos.” (Ag. 19);
 “É de fácil execução.” (Ag. 38).

Outros agricultores entrevistados ao justificarem as suas opiniões relativamente a eficácia do


MI apontaram a boa combinação dos diferentes métodos, assim como demostram o
depoimentos a seguir:

 “A combinação dos métodos traz resultados satisfatórios.” (Ag. 2);


 “Todos métodos usadas de uma única vez diminui os ratos.” (Ag. 9);
 “Porque quando são usados vários métodos os ratos morrem bastantes.” (Ag. 29).

3.2. Verificação das hipóteses

O objectivo desta pesquisa foi avaliar a eficácia de três (3) diferentes formas de controlo de
roedores sinantrópicos comensais aplicados no distrito de Montepuez, aldeia de Namitil (2017
– 2018). Este objectivo foi auxiliado pela seguinte questão de partida: Que estratégias devem
ser adoptadas com vista o controlo adequado de Rattus norvegicus (ratazana) na aldeia de
Namitil?

Com base nos resultados obtidos, valida-se a hipótese alternativa (H1) segundo a qual apenas
uma das formas de controlo de roedores apresenta diferenças estatisticamente significativas,
em detrimento da hipótese nula (H0) que defende que a todas as formas de controlo de
roedores não apresentam diferenças estatisticamente significativas.
xxxix

Conclusões

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que:

 Os roedores são animais que preocupam toda a população de Namitil, pois transmitem
doenças e causam danos as residências, locais onde se armazena comida e onde se
manipula alimentos;

 O método Integrado apresenta diferenças estatísticas significativas comparativamente


aos demais métodos de combate contra os roedores;
xl

 O método Integrado é mais eficaz comparativamente aos outros métodos;

 De modo a minimizar os problemas causados pelos roedores é preciso adoptar


medidas de antiratização criar barreiras físicas, eliminar fontes de água e alimento,
bem como locais propícios para reprodução desses animais, mas principalmente
realizar um trabalho educativo com a população.

Sugestões

É fundamental que os verdadeiros prejuízos provocados pelos roedores sejam explicitados


para que as comunidades possam avaliar o quanto devem investir no controle da praga. Além
disso,

É importante proporcionar as ferramentas e conhecimentos apropriados para que as


comunidades possam manejar os roedores numa relação custo-benefício favorável.

É necessário, então, estabelecer um programa permanente de controlo de roedores a partir de


um diagnóstico da ocorrência de doenças, prejuízos econômicos e incômodos na área
geográfica considerada.
xli

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APÊNDICES
xliv

ANEXOS

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