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O MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO SOB O PRISMA DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA

André de Jesus Silva e Silva1


Silvia Nonna2
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RESUMO

O presente trabalho tem como objeto a análise o meio ambiente ecologicamente equilibrado
sob o prisma da Constituição Federal Brasileira, posto a dificuldade em se aplicar a
responsabilidade legal aos agentes causadores do dano ambiental, é relevante a
conscientização de toda a sociedade para que sejam adotadas medidas preventivas e corretivas
para minimizar os efeitos desses danos. Sendo assim, foi necessário analisar o conceito de
meio ambiente, juntamente com a área de atuação do direito ambiental, adentrando na questão
dos princípios norteadores do direito ambiental conforme a Constituição Federal de 1988,
estabelecendo sua aplicação e a dificuldade encontrada na não observância destes. Desse
modo, o mérito do presente estudo é dar fundamentos para a identificação do dano do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, observando quem é o agente causador do prejuízo, para
que haja a prevenção do dano, mas caso o dano já tenha ocorrido, que o mesmo seja reparado,
mostrando a dificuldade encontrada para que ocorra a prevenção como também o equilíbrio e
a restauração do ambiente degradado.

Palavras Chave: Meio Ambiente. Constituição Federal Brasileira. Dano Ambiental.

1. INTRODUÇÃO

É direito de todos viverem em um meio ambiente ecologicamente equilibrado. O


equilíbrio ecológico pode ser definido como sendo uma condição de convivência harmoniosa
entre todos os elementos formadores do ecossistema. Equilíbrio, entretanto, não constitui
inalterabilidade dos componentes naturais (MUKAI, 2002).
Ressalte-se que, o meio ambiente é alterável, suas formas de vida tendem a se adaptar
a novas condições à medida que vão evoluindo temporalmente, e o homem, em decorrência
de sua natureza criacionista, estabelece inesperadas e intensas transformações ao estado
natural do ambiente em que habita.

1
Aluno do curso do Programa para o Doutorado em Direito Constitucional da Faculdade de Direito da
Universidade de Buenos Aires.
2
Professora da matéria Direito Ambiental do Programa para o Doutorado em Direito Constitucional da
Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires.
2

Diante disso é preciso suscitar algumas questões, é preciso observar como se


apresentam as concepções educativas acerca do meio ambiente, bem como quais os
investimentos focados nesta direção, além de levar em conta a prevenção como a melhor
forma de conservação do meio ambiente conforme a Constituição Federal Brasileira de 1988.
Outra questão a se fazer é se a responsabilização aplicada aos poluidores tem sido eficaz
como forma de prevenção e redução dessas atividades de forma significativa para reverter a
atual situação catastrófica em que o meio se encontra hoje.
Deste modo, um direito instituído como essencial para o desenvolvimento da vida em
condições adequadas não pode ser alvo de mudanças humanas que impliquem em dano de sua
sustentabilidade, ou seja, ações que cominem um estado de desiquilíbrio natural irreversível e
adversa aos preceitos ambientais estabelecidos.
Com vistas a isso, o presente estudo objetiva tecer breves considerações acerca do o
meio ambiente ecologicamente equilibrado sob o prisma da constituição federal brasileira,
objetivando alcançar, de forma sucinta, melhor entendimento das mudanças ambientais que o
homem é capaz de causar ao longo de seu desenvolvimento.
O método utilizado para realização deste estudo foi de Revisão Bibliográfica de
natureza descritiva, onde foi desenvolvida a fundamentação teórica a partir da literatura
existente: livros, Doutrina e artigos. De acordo com Gil (2010, p. 42) “as pesquisas descritivas
têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou
fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.
O objetivo da presente pesquisa consiste em analisar o meio ambiente ecologicamente
equilibrado sob o prisma da constituição federal brasileira.

2. O DIREITO AO MEIO AMBIENTE

Desde o início da humanidade que o meio ambiente influi significativamente na vida


em sociedade. O homem se aproveitava dos recursos naturais, sem pensar em uma possível
degradação, apenas utilizava o que a natureza lhe dispunha de uma forma cada vez mais
rápida e mais degradante.
O crescimento acelerado da sociedade e o brutal avanço tecnológico são pontos
cruciais para uma maior preocupação do homem para com o meio ambiente e são os reais
motivos para que a Constituição Federal Brasileira criasse uma estrutura para tutelar os
valores ambientais.
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A sociedade vem se desenvolvendo ao longo dos séculos e junto com esse


desenvolvimento veio a criação de automóveis, indústrias baseadas na exploração da mão de
obra humana e de recursos naturais, dentre o surgimento de inúmeros fatores que vem
contribuindo significativamente para essa degradação progressiva. Nenhuma análise entre os
benefícios e os malefícios foram observadas durante todo esse tempo de exploração
inconsciente, não se tinha uma ponderação entre os benefícios e os malefícios, acarretando um
aviltamento do meio, seja diretamente ou indiretamente, com consequências imediatas ou
futuras.
No texto da Constituição Federal de 1988, o meio ambiente foi disposto ao grupo de
bem difuso, por tratar-se de um bem de uso comum a população, a todos pertencente sem
qualquer distinção. Assim sendo, é dever de todos zelar pela sua efetiva conservação:
Em razão da alta relevância do bem jurídico tutelado, a Lei Fundamental estabeleceu
a obrigação do Poder Público e da Comunidade de preservá-lo para as presentes e
futuras gerações. Foram criadas duas situações distintas: a primeira, de não
promover degradação; a segunda, de promover a recuperação de áreas já
degradadas. A Constituição fez uma escolha clara pela conservação que,
necessariamente, tem de ser interpretada de maneira dinâmica (ANTUNES, 2014, p.
69).

Felizmente, hoje já há uma consciência em alguns indivíduos da sociedade de que


todos os recursos oferecidos pelo meio não são eternos, eles ser extintos a depender das
atividades humanas, porém, outros indivíduos ainda não tomaram essa consciência, agindo de
forma insensata e degradando o meio sem se preocupar com as gerações futuras.
Para um melhor estudo acerca do Direito Ambiental é necessário inicialmente fazer
uma breve análise sobre o termo meio ambiente e conceitua-lo para depois adentrar
especificamente nessa área ainda em desenvolvimento que é o Direito Ambiental
propriamente dito.
A palavra ambiente é derivada da expressão em latim entis, que significa rodear,
envolver, no minidicionário da língua portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
(2001), o termo ambiente é definido como sendo “aquilo que cerca ou envolve os seres vivos
e/ou as coisas”, enquanto que termo meio é definido em seu sentido figurado como “lugar
onde se vive; ambiente”, desta forma fica clara a redundância existente no termo Meio
Ambiente, já que a palavra ambiente traz em seu conteúdo todo o significado da expressão.
Estabelecendo o conceito normativo, a Lei 6.938 de 1981que dispõe sobre a política
nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências, traz em seu artigo 3º, inciso I, o conceito de meio ambiente como sendo “o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
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De acordo com este conceito normativo são elementos essenciais do meio, a vida em
todas as suas formas e tudo aquilo que está ligado ou relacionado direta ou indiretamente com
ela, analisando sempre a forma como se dá essa interação e os fatores que influenciam nessa
relação.
No entendimento de Reichardt (apud ANTUNES, 2006, p. 64) o meio ambiente é
conceituado da seguinte forma:
Definimos o ambiente de uma dada população de seres humanos como o sistema de
constantes espaciais e temporais de estrutura não-humanas, que influencia os
processos biológicos e o comportamento dessa população. No ‘ambiente’
compreendemos os processos sociais diretamente ligados a essas estruturas, como
sejam o trajeto regular dos suburbanos, ou o desvio comportamental em correlação
direta com a densidade da população ou com as condições habitacionais. Excluímos,
no entanto, os processos que se desenvolvem principalmente no exterior do sistema
social. É evidente que tal distinção, em certa medida, é arbitrária, pois num sistema
social cada elemento se acha vinculado a todos os outros.

São diversos os conceitos encontrados na Doutrina Brasileira sobre o termo meio


ambiente, mas é importante frisar que a maioria deles traz os mesmos elementos essenciais, os
quais são: a vida em todas as suas formas, sua interação com o meio que a circunda e a
influência dos elementos externos nessa relação.
Após observar todas estas definições de meio ambiente, se faz mister analisar a
recepção destes conceitos pela Constituição Federal de 1988.
A Constituição Federal não traz uma definição explícita de meio ambiente, mas as
formas de proteção dada a este moldam uma conceituação, ela traz um capítulo especialmente
destinado a tutela do meio ambiente o Capítulo VII do Título VIII, composto pelo artigo 225 e
parágrafos. A Constituição além de recepcionar o conceito de meio ambiente trazido pela Lei
da Política Nacional do Meio Ambiente, tutela também o meio ambiente cultural, artificial e
do trabalho.
O meio ambiente cultural é aquele que está em conformidade com os artigos 215 e 216
da Carta Magna; o meio ambiente artificial é aquele que está de acordo com os artigos 21,
inciso XX, 182 e seguintes e 225 da Constituição Federal; já o meio ambiente do trabalho é
aquele em conformidade com os artigos 200, incisos VII e VIII e artigo 7º, inciso XXII da
Carta Magna.
Algumas definições de meio ambiente se limitam a trazer apenas os elementos
naturais, porém, outras definições trazem uma concepção mais ampla reunindo outros fatores
como a economia, a cultura, onde dado de maior relevância é o modo de vida dos seres
humanos. O conceito de meio ambiente é complexo, composto por uma série de elementos,
onde a proposta para uma conceituação mais completa é a reunião de todos esses elementos,
levando-se em conta a influência destes fatores.
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Após observar e analisar minuciosamente todas as informações trazidas acerca do


meio ambiente, se faz mister falar do Direito Ambiental, uma ciência autônoma que se
preocupa com a preservação do meio ambiente e destina-se a impedir a degradação dos
elementos naturais.
O Direito Ambiental também recebe outras denominações, como Direito do Ambiente,
Direito ecológico, Direito do Meio Ambiente, estas denominações são trazidas pelos diversos
doutrinadores em todo o mundo que se preocupam com o estudo deste ramo do direito
destinado a proteger o meio ambiente.
Para Antunes (2006, p.9) a definição do Direito Ambiental:
[...] Direito Ambiental pode ser definido como um direito que tem por finalidade
regular a apropriação econômica dos bens ambientais, de forma que ela se faça
levando em consideração a sustentabilidade dos recursos, o desenvolvimento
econômico e social, assegurando aos interessados a participação nas diretrizes a
serem adotadas, bem como padrões adequados de saúde e renda.

Em outras palavras o autor quis dizer que Direito Ambiental é a reunião de normas e
institutos jurídicos com o único e exclusivo intuito de impor uma ordem ao comportamento
humano em relação ao meio ambiente em que vivem, ou seja, acima de tudo está a
preocupação com o meio ambiente, objetivando garantir a sobrevivência das gerações futuras.
É necessária a imposição desta ordem para que haja uma interação na sociedade que hoje é
dividida em classes e que assim cada indivíduo saiba o seu papel.
Diante de todas estas conceituações fica claro o papel do Direito Ambiental de
interagir com a sociedade, seja reprimindo, prevenindo ou intervindo nas suas atividades ou
mesmo estabelecendo formas de punições a estas atividades, bem como interpretar as diversas
situações fáticas existentes entre o homem e sua relação com o meio para que assim possa
desenvolver métodos eficientes para uma reparação eficaz do dano gerado, portanto este
assume um papel regulador, tanto de forma preventiva como de forma repressiva aos danos já
causados.
Frente a esse conceito, surge as importantes indagações suscitadas por Fiorillo (2009,
p. 15) em sua doutrina, as quais seriam: “A quem o Direito Ambiental serve? Ao homem ou a
toda e qualquer forma de vida?”.
Conforme o ensinamento desse ilustre doutrinador levando-se em conta o ponto de
vista antropocêntrico explicitamente adotado pela Constituição Federal de 1988, é possível
afirmar que o Direito Ambiental serve ao homem e que apenas como que por uma
consequência é que essa proteção recai sobre as demais espécies.
Essas questões são fáceis de ser respondidas se observada a parte final do preceito
legal disposto no artigo 225 da Carta Magna, quando fala da defesa do meio ambiente para as
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presentes e futuras gerações, como o homem definitivamente depende dos elementos da


natureza é preciso preservá-los pelo bem da própria sobrevivência do homem.

3 O MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO SOB O PRISMA DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA

A partir do advento da republica, pode-se dividir o Direito Ambiental em três


momentos:

a) Momento de evolução do Direito Ambiental, de 1889 a 1981;


b) Momento de consolidação do Direito Ambiental, 1981 a 1988;
c) Momento de aperfeiçoamento do Direito Ambiental.
Segundo Juraci Perez Magalhães (2002), o primeiro momento, que vai de 1889 a
1981, pode ser considerado como o do progresso do Direito Ambiental, devido às
transformações significativas na legislação ambiental.
Essa legislação num primeiro momento demonstrava inquietação com a defesa das
florestas, pois, elas representavam um precioso valor econômico.
Ao longo do tempo essa legislação foi se amadurecendo e desenvolvendo. Pode-se
observar que a preocupação do legislador já não se direciona somente para o aspecto sócio
econômico, mas também para aspecto ecológico onde se nota as mudanças por meio das
Constituições que já tiveram no Brasil.
Entre todos estes novos direitos reconhecidos pela Constituição Federal de 1988, o
presente estudo destinar-se-á à análise de alguns aspectos de efetivação do direito ao meio
ambiente, disposto no art. 225 da Constituição Federal.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas.
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; (Regulamento) .
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade; .
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V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e


substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,


conhecida de maneira geral como Rio-92 ou Eco-92, foi um evento que estabeleceu um
simulacro espacial cuja finalidade foi a instituição das diretrizes estabelecidas sobre a questão
do meio ambiente ecologicamente equilibrado sob o prisma da Constituição Federal de 1988
que contempla enfaticamente o Desenvolvimento Sustentável (ANDRADE, 1993).
Benjamin (1998) enfatiza que, o andamento para a implementação do
Desenvolvimento Sustentável, que objetivou fundamentalmente a correlação na busca da
aproximação entre desenvolvimento sustentável e o meio ambiente ecologicamente
equilibrado, só atingiu seu desígnio quando as discussões para uma melhor utilização do meio
ambiente inseriu-se na categoria econômica vigente, conforme com o contexto político-
econômico mundial durante o período da ocorrência da conferência das Nações Unidas, a
Rio-92 ou Eco-92.

Compreende-se que, o dever de preservação e dever do meio ambiente ecologicamente


equilibrado incumbe a todos, sociedade e poder público, uma vez que é o nele que o povo
desenvolve suas atividades com embasamento naquilo que dispõe para progredir no âmbito
social:
Definimos o meio ambiente de uma dada população de seres humanos como o
sistema de constantes espaciais e temporais de estruturas não-humanas, que
influencia os processos biológicos e o comportamento dessa população. No
ambiente compreendemos os processos sociais diretamente ligados a essas
estruturas, como sejam o trajeto regular dos suburbanos, ou o desvio
comportamental em correlação direta com a densidade da população, ou com as
condições habitacionais (REICHARDT apud ANTUNES, 2014, p. 67).

A Constituição Federal de 1988, com o desígnio de tornar efetivo o cumprimento do


direito ao meio ambiente equilibrado, instituiu uma gama de obrigações ao Poder Público,
dispostas nos incisos I ao VII do 1° parágrafo (“... atribui ao poder público.”) do artigo
mencionado, que instituem em direitos públicos exigíveis a qualquer momento. Nesses incisos
estão dispostas as atribuições para o legislador e para os empresários e administradores. Tais
atribuições são de natureza imperativa (obrigação de fazer) e não podem ser negligenciados
pelos destinatários.
Um dos incisos mais relevantes do paragrafo 1° do referido artigo, é o IV, que trata da
análise prévia de impacto ambiental, materializando, deste modo, o princípio da prevenção e o
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da precaução e o da publicidade ou informado mesmo assegura e determina a realização de


um relatório, que deve ser bem organizado, na finalidade de avaliar os impactos sociais,
econômicos e ambientais que a disposição da obra ou atividade poderá ocasionar àquela
região.
A autora Leila Devia (2016) enfatiza que, o Direito Ambiental, atualmente, apresenta
muitos desafios ao estabelecer políticas estaduais. A partir do desenvolvimento do quadro
internacional que implementou acordos ambientais internacionais com novas especificidades,
como o debate sobre a apreciação de danos ambientais, suas implicações e medidas para sua
reparação e equilíbrio, nas discussões subjacentes sobre o federalismo conforme as leis dos
orçamentos mínimos e o direito de ser informado e participar plenamente do processo de
tomada de decisão.
Entende-se que, a divisão do meio ambiente ecologicamente equilibrado em aspectos
que permite a sociedade fazer uma análise entre o nível de desenvolvimento socioeconômico
obtido e a qualidade de vida descoberta em cada um dos ambientes de que depende para
permanecer evoluindo. Ressalte-se que, todos os quatro aspectos do meio ambiente (meio
ambiente artificial, natural, cultural e do trabalho) constituem uma “relação de inter-relação e
dependência entre si, mas todos dependem, para a existência de uma equilibrada que promova
a qualidade de vida, que seus elementos estejam em conformidade tanto na relação interna
quanto em relação aos demais” (ANTUNES, 2014, p. 165).
Ainda segundo Leila Devia (2016) o modelo institucional de gestão ambiental
conforme a evolução dos quadros regulatórios, a integração das políticas públicas, o uso de
instrumentos econômicos na gestão ambiental, sobretudo a participação cidadã e
desenvolvimento sustentável estão intimamente integrados com distintas perspectivas do que
se propõe nas politicas públicas para a conservação do meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
Assim, a vida com qualidade, dignidade e bem-estar necessita que toda a sociedade
desenvolva, valorize e conserve cada um dos aspectos que envolvem o meio ambiente, haja
vista, sob o prisma constitucional, a vida em um meio ambiente equilibrado é direito de todos,
sendo imprescindível o também o dever de conservá-lo e defendê-lo a ser comum entre o
poder público e sociedade, de modo que a humanidade possa continuar progredindo de forma
sustentável e segura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado um bem de uso comum do


povo, instituído por normas constitucionais, que tem por finalidade a preservação e a
reparação do dano ambiental, um dos principais princípios concernente a esta preservação é o
princípio da precaução, expresso na Constituição Federal Brasileira de 1988, também versado
como princípio da prudência ou cautela, onde toda atividade potencialmente danosa ao meio
ambiente deve gerar uma obrigação ao agente.
Verificou-se que, o meio ambiente não pode ficar desamparado, não pode em hipótese
alguma ser prejudicado, ainda que não se identifique isoladamente o agente causador do dano,
ou pior, não pode este agente se isentar da obrigação de reparar, simplesmente pelo fato de
que determinado bem não possui um determinado valor, essa obrigação deve ser imposta ao
agente de tal forma que este reflita se os lucros obtidos com tal exploração compensam as
despesas com reparação que este tem que custear, quando um determinado prejuízo é causado
ao meio sem que seja possível a identificação direta de seu autor, aquele prejuízo é suportado
pela sociedade, bem como pelo poder público.
Portanto, um ponto importante a ser considerado é que em muitos casos, as atividades
que exploram os recursos naturais do meio ambiente ecologicamente equilibrado, possuem
suas devidas autorizações assinadas pelos órgãos competentes, então não se pode ater-se ao
fato de que as condutas lesivas derivam sempre de um ato ilícito, o que se deve observar
sempre é que havendo um nexo entre a atividade e o dano já se pressupõe o dever de
indenizar.
Mas as formas de proteção não residem apenas no papel do poder público enquanto
protetor do meio ambiente, todo indivíduo tem por obrigação o dever de se fiscalizar
diariamente para observar se suas próprias atividades não são lesivas ao meio, se cada
indivíduo fizer essa fiscalização na área de seu alcance, como no trabalho, em casa, na
academia, dentre outros espaços a que tem acesso, essa proteção se dará de forma mais
consistente, posto que, contará com a ajuda de cada um e mais ampla, tendo em vista os
milhares de pessoas que usufruem diretamente do meio e que passaram a fiscaliza-los como
forma de preservação da sua própria utilização, ou seja, se este não preservar, não poderá mais
utiliza-lo um dia.

REFERÊNCIAS

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ANDRADE, T. H. N. de. Considerações sobre a cobertura da imprensa paulista da Rio-


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