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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
VOCÊ SABIA...
MÁQUINAS HIDRÁULICAS 03
1 INTRUDUÇÃO 03
2 HIDROSTÁTICA 04
2.1 Densidade e massa específica 05
2.2 Pressão 06
2.3 Pressão atmosférica 07
2.4 Lei de Stevin 08
2.5 Princípio de Pascal 10
2.6 Princípio de Arquimedes 10
3 HIDRODINÂMICA 17
3.1 Linhas de Fluxo 18
3.2 Vazão 19
3.3 Classificação dos Movimentos 19
3.4 Conservação da Massa e Equação da continuidade 20
3.5 Equação de Bernoulli 21
4 TIPOS E REGIMES DOS ESCOAMENTOS 21
5 MÁQUINAS DE FLUXO 23
5.1 Características Principais 25
5.2 Classificação das máquinas de fluido 26
5.3 Resumo da classificação das bombas hidráulicas 31
5.4 Bombas Hidráulicas 32
5.5 Bomba de Arquimedes (bomba de parafuso) 32
5.6 Ventiladores 33
5.7 Potências e rendimentos 34
6. PERDAS DE CARGA (hf) 35
6.1 Fatores que influenciam nas perdas de carga 35
6.2 Número de Reynolds (re) 36
6.3 Velocidade de escoamento (V) 37
6.4 Diâmetro dos tubos 37
6.5 Altura manométrica total (AMT) 38

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Prezados estudantes,
Sejam bem vindos de volta ao curso Técnico em Mecânica, sou o professor Fábio e estaremos
mais uma vez juntos nesta última etapa. Fim da linha! The End! E desta vez com a maravilhosa
disciplina: Máquinas Hidráulicas.
O Curso Técnico de Mecânica tem por objetivo habilitar profissionais para planejar e controlar
processos de produção mecânica, planejar e executar a manutenção mecânica, coordenar equipes de
trabalho e participar do desenvolvimento de projetos mecânicos, de acordo com a gestão tecnológica
da empresa e com normas técnicas, ambientais, de qualidade e de saúde e segurança.
O conteúdo da disciplina de Máquinas Hidráulicas foi elaborado de forma simples, objetiva,
ilustrativa e didática para facilitar seu aprendizado. Você desenvolve o raciocínio, a proatividade, a
organização e a capacidade de entender as várias e importantes máquinas hidráulicas.
Os conteúdos serão abordados a partir do material didático apresentado, buscando unir os
conceitos e exercícios a realidades existentes no dia-a-dia, apontando uma linha interativa de bate-
papo que possibilite a montagem gradual dos conhecimentos.
Vamos nessa!

VOCÊ SABIA...

Trabalho realmente pesado: esse é o assunto da


gigantesca PC8000, que é a uma das maiores
escavadeiras hidráulica já produzida. É fabricada por uma
tradicional empresa japonesa. Possui dois motores turbo
diesel, cada um com 2.038 cv a 1800 RPM. Dessa forma,
a sua potência combinada supera o incrível número de
4.000 cv (Curiosidade: Um famoso carro popular brasileiro
dos anos 90 tinha somente 54 CV de potência, isso
significa que este monstro hidráulico japonês, tem apenas
75 vezes mais potência que o pequeno popular brasileiro,
ou seja, são 75 carrinhos juntos para ter a mesma força desta maravilha hidráulica. UAL!!!

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MÁQUINAS HIDRÁULICAS

1 INTRUDUÇÃO

A Hidráulica consiste no estudo das características e usos dos fluidos. Desde o início dos
tempos, o homem serviu-se dos fluidos para facilitar o seu trabalho. Não nos é difícil imaginar um
homem das cavernas, com sua mulher, sentados em um tronco flutuando no rio e rebocando seus
filhos e outros pertences num outro tronco com uma corda e um cipó.
A história antiga registra que dispositivos engenhosos, como bombas e rodas d'água já eram
conhecidos desde épocas bem remotas. Entretanto, só no século XVII, o ramo da hidráulica que nos
interessa, foi utilizado. O cientista francês Blaise Pascal formulou enunciado que viria a mudar
totalmente o futuro das máquinas e equipamentos hidráulicos.
Somente, no princípio da revolução Industrial é que um mecânico britânico, Joseph Bramah
veio a utilizar a descoberta de Pascal para desenvolver uma prensa hidráulica.
Com a constante evolução tecnológica, tem-se no mercado a intensa necessidade de se
desenvolverem técnicas de trabalho que possibilitem ao homem o aprimoramento dos processos
produtivos e a busca da qualidade. Para se buscar a otimização de sistemas nos processos industriais,
faz-se o uso da junção dos meios de transmissão de energia, sendo estes:
1. Mecânica
2. Elétrica
3. Eletrônica
4. Pneumática
5. Hidráulica
Experiências têm mostrado que a Hidráulica vem se destacando e ganhando espaço como um
meio de transmissão de energia nos mais variados segmentos do mercado, sendo que a Hidráulica
aplicada na indústria e a Hidráulica aplicada às máquinas as que apresentam um maior crescimento.
Porém, pode-se notar que a hidráulica está presente em todos os setores industriais. Amplas
áreas de automatização foram possíveis com a introdução de sistemas hidráulicos de transmissão de
energia e controle de movimentos.
Para um conhecimento detalhado e estudo da energia hidráulica vamos inicialmente entender o
termo hidráulica. O termo hidráulica derivou-se da raiz grega Hidro, que tem o significado de água, por
esta razão entendem-se por hidráulica todas as leis e comportamentos relativo a água ou outro fluido,
ou seja, hidráulica é o estudo das características e uso dos fluidos sob pressão.

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Máquinas Hidráulicas são máquinas que trabalham fornecendo, retirando ou modificando a
energia do líquido em escoamento e podem ser classificadas em:
● Máquinas operatrizes - introduz no líquido em escoamento a energia externa, ou seja,
transformam energia mecânica fornecida por uma fonte (um motor elétrico, por exemplo) em energia
hidráulica sob a forma de pressão e velocidade (exemplo: bombas hidráulicas);
● Máquinas motrizes - transformam energia do líquido e a transferem para o exterior, isto é,
transformam energia hidráulica em outra forma de energia (exemplos: turbinas, motores hidráulicos,
roda d‟água);
● Mistas - máquinas que modificam o estado da energia que o líquido possui (exemplos: os
ejetores e carneiros hidráulicos).
As máquinas hidráulicas trabalham com um segmento da física que estuda o efeito das forças
em fluídos que é conhecido como a mecânica dos fluídos. Esse estudo é dividido em hidrostática –
quando os fluídos estão em equilíbrio estático – e hidrodinâmica quando os fluídos estão sujeitos a
forças externas diferentes de zero.
Consideramos como fluídos todas as substâncias que estejam em estado líquido ou gasoso.
Com isso, direcionamos nosso estudo às duas áreas da Mecânica dos fluídos.

2 HIDROSTÁTICA

Um barco no mar, por que não afunda? Por que não podemos mergulhar em grandes
profundidades? O que ocorre com nossos ouvidos ao subirmos ou descermos a serra? Como um carro
é erguido num posto de gasolina? Essas e outras dúvidas serão respondidas neste capítulo, chegou o
momento de descrevermos o comportamento dos fluídos, para isso falaremos de temas como
densidade, pressão, empuxo e outros temas que nos levarão a um aprofundamento na Hidrostática.
É a parte da hidráulica que estuda os líquidos em repouso, bem como as forças que podem ser
aplicadas em corpos neles submersos. É a área da mecânica dos fluídos responsável pela análise das
substâncias fluídas em condições de repouso.

2.1 Densidade e massa específica

Massa específica de uma substância é a razão entre determinada massa desta substância e o
volume correspondente.

Temos então:
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Densidade relativa ou simplesmente densidade de uma substância é a relação entre a massa
específica desta substância e massa específica de outra substância adotada como padrão.
Temos então:

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É comum utilizar o conceito de densidade como massa específica, pois um segundo tipo de
densidade seria a densidade absoluta.

2.2 Pressão

Pressão é a Força por unidade de área. Podemos representar matematicamente por:

2.3 Pressão atmosférica

Pressão exercida pelo peso da camada de ar existente sobre a superfície da Terra. Ao nível do
mar, à temperatura de 0 oC é igual a 1 atm.

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É comum o uso de unidades de pressão não pertencentes ao SI: atmosfera (atm) e milímetros
de mercúrio (mmHg).

1 atm = 760 mmHg = 1,01 x 105 Pa

No estudo da hidrostática, que faremos a seguir, vamos considerar o líquido ideal, isto é,
incompressível e sem viscosidade.
Suponhamos um recipiente cilíndrico de área de base A, contendo um líquido de massa
específica μ. Qual a pressão que o líquido exerce no fundo do recipiente?
Da definição de massa específica, temos:

Por outro lado, a força que o líquido exerce sobre a Área A é o seu peso.

Pela definição de pressão, temos:

Substituindo as considerações anteriores, temos:

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A pressão que o líquido exerce no fundo do recipiente depende da massa específica do líquido,
da aceleração da gravidade local e da altura do líquido acima do ponto considerado.

2.4 Lei de Stevin

Importantes contribuições para a física mecânica. Foi ele quem explicou o paradoxo da
hidrostática, onde a pressão de um líquido depende, independentemente da forma do recipiente, da
altura da coluna líquida, conforme demonstrado na equação: ∆P = r.g.h. Considere que ∆P é a
variação da pressão que varia de acordo com o comprimento da coluna, r é a massa específica do
fluído e h é o desnível.
Consideremos um recipiente contendo um líquido homogêneo em equilíbrio estático. As
pressões que o líquido exerce nos pontos A e B são:

A diferença de pressão entre os pontos A e B será:

A lei diz que diferença entre dois níveis diferentes, no interior de um líquido, é igual ao produto
da sua massa específica pela aceleração da gravidade local e pela diferença de nível entre os pontos
considerados.
Na realidade temos que dividir a pressão num determinado ponto do líquido em dois tipos:
a) pressão hidrostática: aquela que só leva em consideração o líquido:

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b) pressão absoluta: aquela que leva em consideração o líquido e o ar sobre o líquido:

Consequências da Lei de Stevin no interior de um líquido em equilíbrio estático:


(a) Pontos de um mesmo plano horizontal suportam a mesma pressão;
(b) a superfície de separação entre líquidos não miscíveis é um plano horizontal;
(c) Em vasos comunicantes quando temos dois líquidos não miscíveis temos que a altura de cada
líquido é inversamente proporcional às suas massas específicas.

2.5 Princípio de Pascal

Pascal buscou, por meio de seu princípio, verificar a validade da experiência de Torricelli – ele
enuncia o princípio da constância de transmissão de pressão no interior dos líquidos, fez estudos em
fluídos e enunciou o seguinte princípio:
A pressão aplicada a um fluído num recipiente transmite-se integralmente a todos os pontos do
mesmo e às paredes do recipiente que o contém.
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Uma das aplicações deste princípio é a prensa hidráulica como mostramos a seguir:

Isso mostra que uma força pequena F1 é capaz de suportar no outro êmbolo um Peso muito
grande (F2), isso é muito utilizado, como por exemplo, em posto de gasolina.

2.6 Princípio de Arquimedes

Ao ter que calcular se a coroa de um rei havia sido feita apenas com ouro ou se dentro possuía
uma parte de prata sem estragar a peça, Arquimedes desenvolveu esse princípio. Por meio da
equação E = r.V.g, ele conseguiu descobrir que os fluídos exercem o empuxo nos objetos nele imersos
e que a formula traria esse resultado. (considere que “r” é a massa específica do fluído, “V” é o volume
do objeto imerso no fluído e “g” é a aceleração da gravidade no local).
Arquimedes, há mais de 200 anos a.C., estabeleceu a perda aparente do peso do corpo,
devida ao empuxo, quando mergulhado num líquido.
Os corpos mergulhados totalmente ou parcialmente, num fluido, recebem do mesmo uma força
de baixo para cima, na vertical, denominada Empuxo: E.
Se um corpo está mergulhado num líquido de massa específica “μ L“ e desloca volume “VD“ do
líquido, num local onde a aceleração da gravidade é “g”, temos:
- peso do líquido deslocado:
PD = mD . g
- como

- portanto:
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De acordo com o Princípio de Arquimedes:
E = PD,
logo,

Exercícios

1) Massa de 1kg de água ocupa um volume de 1 litro a 40 oC. Determine sua massa específica em
g/cm3, kg/m3 e kg/l.

2) Determine a massa de um bloco de chumbo que tem arestas de 10 cm. Dado que a massa
específica do chumbo é igual 11,2 g/cm3.
3) Uma esfera oca, de 1200 g de massa, possui raio externo de 10 cm e raio interno de 9 cm. Sabendo
3, determine:
(a) a densidade da esfera;
(b) a massa específica do material de que é feita a esfera.
Use π = 3.

4) O impacto da partícula de lixo que atinge a nave espacial Columbia produz uma pressão da ordem
de 100 N/cm2. Nessas condições e tendo a partícula 2 cm2, a nave sofre uma força de:
(a) 100 N; (b) 200 N; (c) 400 N; (d) 800 N; (e) 1600N.
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5) Um cubo maciço de alumínio (massa específica = 2,1 g/cm 3), de 50 cm de aresta, está apoiado
sobre uma superfície horizontal. Qual é a pressão, em Pa e em atm, exercida pelo cubo sobre a
superfície?

6) Existe uma unidade inglesa de pressão - libra-força por polegada quadrada - que se abrevia Lb/pol2,
a qual é indevidamente chamada de libra. Assim, quando se calibram os pneus de um automóvel,
muitas pessoas dizem que colocaram 26 "libras"de ar nos pneus. Agora responda: por que num pneu
de automóvel se coloca mais ou menos 25 Lb/pol2 enquanto no de uma bicicleta de corrida ( cujos
pneus são bem finos) se coloca aproximadamente 70 Lb/pol2?
(Curiosidade: 1 Lb/pol2 = 0,07 atm)

7) Uma piscina com 5,0 m de profundidade está cheia com água. Determine:
(a) a pressão hidrostática a 3,0 m de profundidade;
(b) a pressão absoluta no fundo da piscina;
(c) a diferença de pressão entre dois pontos separados, verticalmente, por 80cm.
Considere: g = 10 m/s2 e patm = 1,0 x 105 Pa

8) Considere que os 3 recipientes abaixo contêm o mesmo líquido.

A pressão exercida no fundo dos recipientes é:


(a) maior em I;
(b) maior em II;
(c) maior em III;
(d) igual nos três;
(e) n.d.a.

9) A pressão absoluta no fundo de uma piscina é de 1,4 atm. Logo a profundidade da piscina é de
aproximadamente:
(a) 14 m; (b) 0,4 m; (c) 4 m; (d) 0,70 m; (e) n.d.a.
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10) A figura mostra um tubo contendo mercúrio e um líquido de massa específica desconhecida.
Calcule a massa específica do líquido sabendo que a massa específica do mercúrio é 13,6 g/cm 3.

11) Para determinar a pressão atmosférica, Torricelli fez a seguinte experiência: um tubo de vidro, de
1m de comprimento, foi cheio de mercúrio e depois o mesmo emborcado num recipiente contendo
mercúrio; constatou que, ao nível do mar, o mercúrio no tubo desce até à altura de 760 mm (0,76m).
Se a massa específica do mercúrio é 13,6 g/cm3 = 13,6 x 10 3 kg/m3 e a aceleração da gravidade local
é de 9,8 m/s2, qual a pressão atmosférica constatada por Torricelli?
12) Determine aproximadamente a altura da coluna de água que exerce pressão de 1 atm. Considere g
= 10 m/s2.

13) Você possui dois líquidos não miscíveis, mercúrio e água, desenhe um vaso comunicante e
coloque mais água do que mercúrio e mostre um esquema de como ficariam dispostos os dois líquidos.
Explique o seu esquema.

14) Determine o desnível H, nos vasos comunicantes figurados. O líquido A tem densidade 0,6 e o
líquido B densidade igual a 1. Dado há = 20 cm.

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15) Água e óleo de densidades 1,0 e 0,8, respectivamente, são colocados em um sistema de vasos
comunicantes. Sendo 16 cm a altura da coluna de óleo, determine a altura da coluna de água medida
acima do nível de separação entre os líquidos.

16) Num posto de gasolina, para a lavagem de um automóvel de massa 1000kg, o mesmo é erguido a
uma certa altura. O sistema utilizado é uma prensa hidráulica. Sendo os êmbolos de áreas 10 cm2 e
2000 cm2 e a aceleração da gravidade local de 10 m/s2, qual a força aplicada no êmbolo menor para
equilibrar o automóvel ?

17) As áreas dos pistões do dispositivo hidráulico da figura mantêm a relação 50:2. Verifica-se que um
peso P, colocado sobre o pistão maior é equilibrado por uma força de 30 N no pistão menor, sem que o
nível de fluido nas duas colunas se altere. De acordo com o Princípio de Pascal, o peso P vale:
(a) 20 N; (b) 30 N; (c) 60 N; (d) 500 N; (d) 750 N.

18) A prensa hidráulica representada na figura está em equilíbrio. Os êmbolos formam áreas iguais a
2a e 5a. Qual a intensidade da Força F ?
(a) 40 kgf; (b) 60 kgf; (c) 70 kgf; (d) 50 kgf; (e) 45 kgf.

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19) Prensa Hidráulica é um dispositivo multiplicador de:
(a) força e trabalho;
(b) potência e trabalho;
(c) energia e força;
(d) força;
(e) n. d. a.
Uma prensa tem pistões de áreas iguais a 4 cm2 e 200 cm2. Aplica-se ao êmbolo menor uma força de
20 N. Este enunciado vale para as questões 20, 21 e 22.

20) A pressão no êmbolo menor é, em N/cm2:


(a) 5; (b) 10; (c) 20; (d) 40; (e) n.d.a.

21) A força que atua sobre o êmbolo de maior área é:


(a) 100 N; (b) 500 N; (c) 1000 N; (d) 20000 N; (e) n.d.a.
22) Se o êmbolo menor descer de 120 cm, de quanto sobe o êmbolo maior ?
(a) 1,2 cm; (b) 2,4 cm; (c) 4,8 cm; (d) 6,0 cm; (e) n.d.a.

23) Um objeto com massa de 10 kg e volume 0,002 m3 é colocado totalmente dentro da água.
(a) Qual o valor do peso do objeto ?
(b) Qual a intensidade da força de empuxo que a água exerce no objeto ?
(c) Qual o valor do peso aparente do objeto ?
(d) Desprezando o atrito com a água, determine a aceleração do objeto.
Considere g = 10 m/s2

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24) Um bloco cúbico de madeira (dc = 0,65 g/cm3), com 20 cm de aresta flutua na água. Determine a
altura do cubo que permanece dentro da água.
25) Um cubo de madeira (massa específica = 0,80 g/cm3) flutua num líquido de massa específica 1,2
g/cm3. A relação entre as alturas emersa e imersa é de:
(a) 2/3; (b) 2; (c) 1,5; (d) 0,5; (e) 3/2.

26) Uma bola com volume de 0,002 m3 e densidade 200 kg/m3 encontra-se presa ao fundo de um
recipiente que contém água, através de um fio conforme a figura. Determine a intensidade da tração no
fio que segura a bola. (Considere g = 10 m/s2)

27) Uma esfera tem 6,0 g de massa e sua massa específica vale 0,80 g/cm3. Calcule o empuxo sobre
ela exercido quando estiver totalmente imersa num líquido de massa específica igual a 0,90 g/cm 3, num
local em que g = 9,8m/s2.

28) Um corpo pesa 70 kgf. Mergulhado em égua, seu peso aparente é de 40kgf. Qual a densidade do
material do corpo em questão ?
29) Uma peça feita de alumínio e cobre pesa 76 gf. Mergulhada em água, seu peso aparente é de 56
gf. Qual o peso do alumínio contido na peça, sabendo que d Al = 2,5 e dCu = 9,0 ?
30) Os icebergs são grandes blocos de gelo que vagam em latitudes elevadas, constituindo um sério
problema para a navegação, sobretudo porque deles emerge uma pequena parte do total. Sendo V o
volume total do iceberg e μg = 0,92 g/cm3 a massa específica do gelo, determinar a porcentagem do
iceberg que aflora à superfície livre da água, considerada com massa específica igual a μL = 1 g/cm3.
Gabarito

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3> (a) 0,3
1> 1g/cm3;
g/cm3
103kg/m3; 2> 11,2 kg 4> letra b
(b) 1,1
1 kg/l
g/cm3
7>(a) 3,0 x 104 Pa
5> 1,05 x 104 Pa;
(b) 1,5 x 105 Pa 8> letra d 9> letra c
0,1 atm
(c) 8,0 x 103 Pa
11> 1,01 x 105 Pa ou
10> 1,36 g/cm3 1 atm ou 12> 10 m 14> 8cm
760 mmHg
15>12, 8 cm 16> 50 N 17> letra e 18> letra c
19> letra d 20> letra a 21> letra c 22> letra b
23> (a) 100 N;
(b) 20 N;
24> 13 cm 25> letra d 26> 16 N
(c) 80 N;
(d) 8 m/s2.
27> 0,66 N 28> 2,33 29> 40 gf 30> 8%

3 HIDRODINÂMICA

As leis teóricas da Hidrodinâmica são formuladas admitindo-se que os fluidos sejam ideais, isto
é, que não possuam viscosidade, coesão, elasticidade, etc. de modo que não haja tensão de
cisalhamento em qualquer ponto da massa fluida. Durante a movimentação, as partículas fluidas
deslocam-se de um ponto a outro continuamente, sem que a massa do fluido sofra desintegração,
permanecendo sempre contínua, sem vazios ou solução de continuidade.

3.1 Linhas de Fluxo

As linhas de fluxo são linhas imaginárias tomadas através do fluido para indicar a direção da
velocidade em diversas seções do escoamento. Gozam da propriedade de não serem atravessadas
por partículas de fluido.

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Em cada ponto de uma linha de fluxo existe, em cada instante t, uma partícula animada de uma
velocidade “v”. As linhas de fluxo são, portanto, as curvas que, no mesmo instante t considerado, se
mantém tangentes em todos os pontos às velocidades “v1”.
Em geral as linhas de fluxo são instantâneas porque as sucessivas partículas que passam pelo
mesmo ponto no espaço têm velocidades diferentes nesse ponto. Também, partículas que passam por
A no decorrer do tempo, podem ir para B, para C etc., mesmo com velocidade “v 1”; ainda mais, uma
partícula que esteja em A no instante t, com velocidade “v1” poderá, no instante t+dt, estar com
velocidade “v2” em outro ponto. Nestes casos vistos, a trajetória de cada partícula difere da linha de
fluxo.
Se todas as partículas que passam por “A” tem, nesse ponto, velocidade “v1”, o regime de
escoamento é dito “permanente” e se ao longo da trajetória, a velocidade se mantém constante, o
movimento é dito uniforme e a trajetória coincide com a linha de fluxo, veja figura abaixo.

Admitindo-se que o campo da velocidade “v” seja contínuo, pode-se considerar como tubo de
fluxo, o tubo imaginário limitado por linhas de fluxo e que constitui-se em uma seção de área
infinitesimal, na qual a velocidade de escoamento no ponto médio é representativa da velocidade
média na seção.

3.2 Vazão

Cortando-se o tubo de fluxo da Figura anterior, por um plano normal às linhas de fluxo, essa
seção é atravessada no instante t, por um volume de fluido dado por:

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Sendo Q a vazão, isto é, o volume escoado com velocidade “v” na seção de área “A” e na
unidade de tempo. A superfície do tubo de corrente pode estar em contato com uma parede sólida,
como no caso dos condutos forçados ou sob pressão, ou pode estar em contato com outro fluido, como
nos canais, onde o líquido tem uma superfície em contato com a atmosfera.

3.3 Classificação dos Movimentos

Nas massas fluidas em movimento é possível distinguir os seguintes tipos de escoamento:


a) Escoamento não-permanente: os elementos que definem o escoamento variam em uma
mesma seção com o passar do tempo. No instante t1 tem-se a vazão Q1 e no instante t2 tem-se a
vazão Q2, sendo uma diferente da outra. Nas ondas de cheia, por exemplo, tem-se este tipo de
escoamento.
b) Escoamento permanente: é aquele em que os elementos que o definem (força, velocidade,
pressão) em uma mesma seção permanecem inalterados com o passar do tempo. Todas as partículas
que passam por um determinado ponto no interior da massa líquida terão, neste ponto, a qualquer
tempo, velocidade constante. O movimento permanente pode ser ainda:
- Uniforme: quando a velocidade média do fluxo ao longo de sua trajetória é constante. Neste
caso, v1 = v2 e A1 = A2;
- Variado: a velocidade varia ao longo do escoamento. Pode ser acelerado ou retardado.
A hidrodinâmica fundamenta-se em dois princípios e é o ramo que estuda os líquidos quando
em movimento.

3.4 Conservação da Massa e Equação da continuidade

A equação da continuidade é a equação da conservação da massa expressa para fluidos


incompressíveis (massa específica constante).
A vasão de fluído de um sistema com um determinado sistema hidráulico que seja fonte e
tenha sumidouro e fluído. As leis teóricas da Hidrodinâmica são formuladas admitindo-se que os fluidos
sejam ideais, isto é, que não possuam viscosidade, coesão, elasticidade, etc. de modo que não haja
tensão de cisalhamento em qualquer ponto da massa fluida. Durante a movimentação, as partículas
fluidas deslocam-se de um ponto a outro continuamente, sem que a massa do fluido sofra

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desintegração, permanecendo sempre contínua, sem vazios ou solução de continuidade. Em um tubo

seção A1, com velocidade média v1, na unidade de tempo é:

Por analogia, tem-se:

Em se tratando de regime permanente a massa contida no interior do tubo é invariável, logo:

Esta é a equação da conservação da massa. Tratando-se de líquidos, que são praticamente


incompressíveis, ρ1 é igual a ρ2. Então:

Q = v. A

A equação da continuidade mostra que, no regime permanente, o volume de líquido que, na


unidade de tempo, atravessa todas as seções da corrente é sempre o mesmo.

3.5 Equação de Bernoulli

O físico á autor da equação de Bernoulli – Lei da Conservação da Energia, aplicadas aos locais
com deslocamento de fluído.

Nessa equação, considere que „P‟ é a pressão absoluta, „r‟ massa específica do fluído, „g‟ é a
aceleração da gravidade no local, „v‟ é a velocidade em que o fluído desloca-se, e „y‟ é o desnível.
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4 TIPOS E REGIMES DOS ESCOAMENTOS

De modo geral, os escoamentos de fluidos estão sujeitos a determinadas condições gerais,


princípios e leis da Dinâmica e à teoria da turbulência. No caso dos líquidos, em particular da água, a
metodologia de abordagem consiste em agrupar os escoamentos em determinados tipos, cada um dos
quais com suas características comuns, e estuda-los por métodos próprios.
Na classificação hidráulica, os escoamentos recebem diversas conceituações em função de
suas características, tais como: laminar, turbulento, unidimensional, bidimensional, rotacional,
irrotacional, permanente, variável, uniforme, variado, livre, forçado, fluvial, torrencial, etc.
O escoamento é classificado como laminar quando as partículas movem-se ao longo de
trajetórias bem definidas, em lâminas ou camadas, cada uma delas preservando sua identidade no
meio. Neste tipo de escoamento, é preponderante a ação da viscosidade do fluido no sentido de
amortecer a tendência de surgimento da turbulência.
Em geral, este escoamento ocorre em baixas velocidades e ou em fluidos muito viscosos.
Como na Hidráulica o líquido predominante é a água, cuja viscosidade é relativamente baixa, os
escoamentos mais frequentes são classificados como turbulentos. Neste caso, as partículas do líquido
movem-se em trajetórias irregulares, com movimento aleatório, produzindo uma transferência de
quantidade de movimento entre regiões da massa líquida. Esta é a situação mais comum nos
problemas práticos da Engenharia. O escoamento unidimensional é aquele em que as suas
propriedades, como pressão, velocidade, massa específica, etc., são funções exclusivas de somente
uma coordenada espacial e do tempo, isto é, são representadas em termos de valores médios da
seção.
Quando se admite que as partículas escoem em planos paralelos segundo trajetórias idênticas,
não havendo variação do escoamento na direção normal aos planos, o escoamento é dito
bidimensional. Se as partículas do líquido, numa certa região, possuírem rotação em relação a um eixo
qualquer, o escoamento será rotacional ou vorticoso; caso contrário, será irrotacional.
No caso em que as propriedades e características hidráulicas, em cada ponto do espaço,
forem invariantes no tempo, o escoamento é classificado de permanente; caso contrário, é dito ser não
permanente ou variável.
Escoamento uniforme é aquele no qual o vetor velocidade, em módulo, direção e sentido, é
idêntico em todos os pontos, em um instante qualquer, ou, matematicamente, ∂V/∂s = 0, em que o
tempo é mantido constante e ∂s é um deslocamento em qualquer direção. No escoamento de um fluido
real, é comum fazer uma extensão deste conceito, mesmo que, pelo princípio de aderência, o vetor
velocidade seja nulo nos contornos sólidos em contato com o fluido. De forma mais prática, o
22
escoamento é considerado uniforme quando todas as seções transversais do conduto forem iguais e a
velocidade média em todas as seções, em um determinado instante, for a mesma. Se o vetor
velocidade variar de ponto a ponto, num instante qualquer, o escoamento é dito não uniforme ou
variado.
O escoamento é classificado em superfície livre, ou simplesmente livre, se, qualquer que seja a
seção transversal, o líquido estiver sempre em contato com a atmosfera. Esta é a situação do
escoamento em rios, córregos ou canais. Como característica deste tipo de escoamento, pode-se dizer
que ele se dá necessariamente pela ação da gravidade e que qualquer perturbação em trechos
localizados pode dar lugar a modificações na seção transversal da corrente em outros trechos.
O escoamento em pressão ou forçado ocorre no interior das tubulações, ocupando
integralmente sua área geométrica, sem contato com o meio externo. A pressão exercida pelo líquido
sobre a parede da tubulação é diferente da atmosférica e qualquer perturbação do regime, em uma
seção, poderá dar lugar a alterações de velocidade e pressão nos diversos pontos do escoamento,
mas sem modificações na seção transversal.
Tal escoamento pode ocorrer pela ação da gravidade ou através de bombeamento. O
escoamento turbulento livre costuma ser subdividido em regime fluvial, quando a velocidade média, em
uma seção, é menor que um certo valor crítico, e regime torrencial, quando a velocidade média, em
uma seção, é maior que um certo valor crítico.

5 MÁQUINAS DE FLUXO

É o equipamento que promove a troca de energia entre um sistema mecânico e um fluido,


transformando energia mecânica (trabalho) em energia de fluido ou energia de fluido em energia
mecânica.
As máquinas de fluido podem ser divididas em dois grupos, as máquinas de deslocamento
positivo e as máquinas de fluxo (ou turbo máquinas). A diferença entre estes dois grupos é que no
primeiro o fluido fica confinado em alguma região do equipamento, enquanto no segundo grupo isto
não ocorre, havendo fluxo contínuo através da máquina. Uma bomba de pistão, por exemplo, é uma
máquina de deslocamento positivo, pois o fluido fica contido dentro do conjunto pistão/cilindro sendo
submetido à variação de pressão pela variação do volume do recipiente. Já bombas centrífugas são
máquinas de fluxo, pois o fluido escoa pelo rotor, onde recebe energia. No primeiro grupo, ao desligar o
equipamento, o fluido fica confinado em seu interior, no segundo grupo isto só ocorrerá se houver
algum sistema externo que o mantenha nesta condição, caso contrário escoará para fora da máquina.

23
Tanto as máquinas de fluxo como as máquinas de deslocamento positivo podem ser divididas
em duas classes, as máquinas hidráulicas e as máquinas térmicas. Nas máquinas hidráulicas o
processo ocorre com variação pouco sensível da massa específica (volume específico) do fluido que
está sendo usado, ou seja, processos que podem ser modelados como incompressíveis. Já nas
máquinas térmicas o fluido tem variação significativa de sua massa específica durante o processo de
troca de energia (ex. compressores, turbinas a gás, turbinas a vapor, etc) não possibilitando a hipótese
de fluido incompressível.
As máquinas hidráulicas trabalham geralmente com água, óleo, e outros líquidos, considerados
como incompressíveis nas aplicações normais. Trabalham também com o ar, que será tratado como
incompressível para pressões até 1 mca1, sendo neste caso chamadas de ventiladores.
Alguma variação pode ser encontrada nas classificações das máquinas de fluido dada pela
literatura. A classificação mostrada na Figura 1.1 é a que será usada neste texto. A apostila tratará
somente das máquinas de fluxo hidráulicas.

Figura 1.1 ‐ Classificação das máquinas de fluido [adaptado de BRASIL, 2010, p.21]

As máquinas de fluido, por sua vez, se subdividem em:


a) Exemplos de máquinas de fluxo:

Fluido de trabalho Designação


líquido turbina hidráulica e bomba centrífuga
gás (neutro) ventilador, turbo compressor

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vapor (água, freon, etc) turbina a vapor, turbo compressor frigorífico
gás de combustão turbina a gás, motor de reação

b) Exemplos de máquinas de deslocamento:

Fluido de trabalho Designação


bomba de engrenagens, de cavidade progressiva, de
líquido
parafuso
gás (neutro) compressor alternativo, compressor rotativo
vapor (freon, amônia, etc) compressor alternativo, compressor rotativo
gás de combustão motor alternativo de pistão

5.1 Características Principais

Máquinas de fluxo Máquinas de deslocamento


alta rotação baixas e médias rotações
potência específica elevada potência específica média p/ baixa
(potência/peso) (potência/peso)
não há dispositivos com movimento várias têm dispositivos com movimento
alternativo alternativo
médias e baixas pressões de trabalho altas e muito altas pressões de trabalho
não operam eficientemente com fluidos de adequadas para operar com fluidos de
viscosidade elevada viscosidade elevada
vazão contínua na maior parte dos casos, vazão intermitente
energia cinética surge no processo de energia cinética não tem papel significativo
transformação de energia no processo de transformação de energia
na maioria dos casos, projeto na maioria dos casos, projeto hidrodinâmico
hidrodinâmico e características construtivas e características construtivas mais simples
mais complexas que as máquinas de que as máquinas de fluxo
deslocamento

25
5.2 Classificação das máquinas de fluido

a) Quanto ao sentido da transmissão de energia, pode‐se classifica‐las como:


- Geradora (geratriz): a máquina transforma energia mecânica em energia de fluido (ex. bombas e
ventiladores).
- Motora (operatriz): a máquina transforma energia de fluido em energia mecânica (ex. turbina, gerador
eólico, moinho de vento e rodas d‟água).

b) Quanto ao tipo de energia envolvido no processo pode‐se classificá‐las como


- Máquinas de deslocamento positivo: nestes equipamentos uma quantidade fixa de fluido de trabalho é
confinada durante sua passagem através da máquina, sendo submetido a trocas de pressão em razão
da variação no volume do recipiente em que se encontra contido. O fluido tem que mudar seu estado
energético. Caso a máquina pare de funcionar, o fluido de trabalho permanecerá no seu interior
indefinidamente. Também chamada máquina estática. Nestas máquinas a energia transferida é
substancialmente de pressão, sendo muito pequena a energia cinética transferida, podendo ser
desprezada. Podem ser máquinas rotativas como a bomba de engrenagens, e máquinas alternativas
como o compressor de pistão.
- Máquinas de Fluxo ou Turbo máquinas: ou máquinas dinâmicas, o fluido não se encontra em
momento algum confinado dentro da carcaça da máquina, mas sim num fluxo continuo através dela,
estando sujeito a variações de energia devido aos efeitos dinâmicos da corrente fluida. Nestas
máquinas o escoamento do fluido é orientado por meio de lâminas ou aletas solidárias a um elemento
rotativo (rotor). A energia transferida é substancialmente cinética, através da variação da velocidade do
fluido entre as pás, desde a entrada até a saída do rotor, a baixa pressão ou baixos diferenciais de
pressão. Como exemplos podem ser citados as turbinas hidráulicas e ventiladores centrífugos.

c) Quanto à direção do escoamento do fluido


- Axiais: escoamento predominantemente na direção do eixo. O fluido entra e sai do rotor na direção
axial. Recalca grandes vazões em pequenas alturas. A força predominante é de sustentação.
- Radiais: escoamento predominante na direção radial. O fluido entra no rotor na direção axial e sai na
direção radial. Tem como característica o recalque de pequenas vazões a grandes alturas. Sua força
predominante é a centrífuga.
- Mista ou diagonal: escoamento predominantemente na direção diagonal, parte axial e parte radial.
- Tangencial: escoamento tangente ao rotor.

26
Figura – Tipos quanto à direção do escoamento

d) Quanto à forma dos canais entre as pás do rotor


- Máquinas de Ação (ou de impulsão): nesta máquina toda energia do fluido é transformada em energia
cinética, antes da transformação em trabalho mecânico processado pela máquina. A pressão do fluido,
ao atravessar o rotor, permanece constante. Um exemplo são as turbinas Pelton, onde um ou mais
bocais (separados do rotor), aceleram o fluido resultando em jatos livres (a pressão atmosférica) de alta
velocidade, que transferem movimento para o rotor, que gira mesmo sem estar cheio de fluido.
- Turbo máquinas de ação (motoras): turbinas Pelton (tangencial) e Michell (duplo efeito radial)
- Turbo máquinas de ação (geradoras): não existe aplicação prática

Figura 1.3 – Turbina Pelton

- Máquinas de Reação: nesta máquina tanto a energia cinética quanto a de pressão são transformadas
em trabalho mecânico e vice‐versa. Parte da energia do fluido é transformada em energia cinética
antes da entrada do rotor, durante sua passagem por perfis ajustáveis (distribuidor), e o restante da

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transformação ocorre no próprio rotor. A pressão do fluido varia ao atravessar o rotor, que fica
preenchido pelo líquido.
- Turbo máquinas de reação (motoras): turbinas Francis (radial ou diagonal), Kaplan e Hélice
(axiais)
- Turbo máquinas de reação (geradoras): bombas e ventiladores (radiais, diagonais e axiais)

Figura 1.4 – Turbina Schwankrug

Figura 1.5 – Turbina Kaplan

28
Figura 1.6 – Turbina Francis

Figura: Bomba centrífuga

e) Quanto ao número de entradas para aspiração (sucção)


- Sucção Simples (entrada unilateral): há somente uma boca de sucção para entrada do fluido.
- Dupla Sucção: fluido entra por duas bocas de sucção paralelamente ao eixo de rotação. Como se
fossem dois rotores simples montados em paralelo. Tem como vantagem a possibilidade de
proporcionar equilíbrio dos empuxos axiais, que melhora o rendimento da bomba, eliminando a
necessidade de rolamento de grandes dimensões para suporte axial sobre o eixo.
f) Quanto ao número de rotores

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- Simples estágio: bomba com um único rotor dentro da carcaça. Pode‐se teoricamente projetar uma
bomba de simples estágio para qualquer situação de altura manométrica e de vazão, porém,
dimensões excessivas e baixo rendimento fazem com que os fabricantes a limitem a alturas
manométricas de 100 [mca].
- Múltiplo estágio: a bomba tem dois ou mais rotores associados em série dentro da carcaça. Permite a
elevação do líquido a grandes alturas manométricas (>100 [mca]), sendo o rotor radial o indicado para
esta aplicação.

Figura: Bomba múltiplo estágio

g) Quanto ao posicionamento do eixo.


- Eixo horizontal: é a forma construtiva mais comum.
- Eixo vertical: Usada, por exemplo, para extração de água de poços.

h) Quanto ao tipo de rotor


- Aberto: para bombas de pequenas dimensões. Têm pequenas dimensões, baixa resistência estrutural
e baixo rendimento. Como vantagem dificulta o entupimento, podendo ser usado para bombear líquidos
sujos.
- Semi aberto: tem apenas um disco, onde são fixadas as aletas.
- Fechado: usado para bombear líquidos limpos. Possui dois discos com as palhetas fixadas em
ambos. Evita a recirculação de água, ou seja, o retorno da água à boca de sucção.

30
Rotor Aberto Rotor Semi aberto Rotor Fechado

Figura 1.9 – Tipos de rotors

i) Quanto à posição do eixo da bomba em relação ao nível da água


- Não afogada (sucção positiva): o eixo da bomba está acima do nível d‟água do reservatório de
sucção.
- Afogada (sucção negativa): eixo da bomba está abaixo do nível d‟água do reservatório de sucção.
Bomba afogada Bomba não‐afogada

Figura 1.10 – Tipo de instalação

31
5.3 Resumo da classificação das bombas hidráulicas:

5.4 Bombas Hidráulicas

Bombas são máquinas destinadas a promover o transporte de líquidos. De acordo com nossas
classificações iniciais, são máquinas de fluxo, semelhantes, em termos dos princípios operacionais, aos
ventiladores e, de certa forma, às turbinas hidráulicas. As bombas promovem o deslocamento de
líquidos, os ventiladores propiciam a movimentação de gases, ambos transferindo energia a estes
fluidos de trabalho. As turbinas hidráulicas retiram energia do fluido de trabalho. Neste sentido, os
ventiladores não deixam de ser bombas de gases. Entretanto, a designação corrente no meio
profissional discrimina bombas de ventiladores, de acordo com o fluido de trabalho de cada um.

32
5.5 Bomba de Arquimedes (bomba de parafuso)

Arquimedes, matemático grego, viveu entre 298 AC e 212 AC. Considerado o maior
matemático dos tempos antigos. Inventou a catapulta e também a bomba mostrada nas figuras abaixo,
quando estava no Egito. Arquimedes fez contribuições originais à geometria, no cálculo das áreas de
figuras planas, e no cálculo das áreas e volumes de superfícies curvas. Ele fez uma aproximação para
o número Pi, entre 310/71 e 31/7. Na Mecânica Teórica Arquimedes é responsável por teoremas
fundamentais sobre o centro de gravidade de corpos. Tornou-se famoso também por ter anunciado o
Princípio de Arquimedes.

Bomba de Arquimedes em uma estação de tratamento de água.

5.6 Ventiladores

Ventiladores são máquinas que produzem fluxos de ar ou outros gases, com vazões
relativamente altas e pressões baixas. A utilização é ampla. Há uma variedade de aplicações
domésticas, comerciais e industriais.
Embora possam ser usados com qualquer gás, na prática o ar está quase sempre presente, seja na
forma natural como climatização e ventilação, seja misturado com outros gases como exaustão de
fornos e outros. Assim, nesta página, o ar será o gás considerado.
Teoricamente um ventilador pode ser considerado um compressor de ar. Mas a distinção
ocorre porque, sendo baixas as pressões de saída, os aspectos termodinâmicos da compressão
podem ser desprezados sem grandes erros e a análise pode ser feita apenas com a equação de
Bernoulli.

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No esquema acima, desprezando a compressibilidade, a vazão volumétrica (caudal) Q é a
mesma na entrada (e) e na saída (s).
Se entre os pontos (e) e (s) houvesse um simples escoamento e desprezando as alturas físicas
dos mesmos pois a diferença é muito pequena, a equação de Bernoulli em parcelas de alturas seria:

Pe / (µ g) + Ve2 / (2 g) = Ps / (µ g) + Vs2 / (2 g),

Onde “P” são pressões, “V” velocidades e “µ” a massa específica do ar.

Mas o ventilador fornece energia ao fluxo. Assim deve ser considerada uma parcela de altura
Hef que corresponde à essa energia fornecida:

Pe / (µ g) + Ve2 / (2 g) + Hef = Ps / (µ g) + Vs2 / (2 g)

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Isto significa que a energia fornecida é igual à soma das variações de pressões estática e
dinâmica do ar.
Notar que Hef corresponde à energia efectivamente adicionada ao fluxo. Não corresponde à
energia consumida pelo motor, uma vez que, conforme princípios da Termodinâmica, a eficiência das
máquinas é sempre menor do que 100%.

E, rearranjando a equação anterior,


Hef = (Ps - Pe) / (µg) + (Vs2 - Ve2) / (2g)

5.7 Potências e rendimentos

A potência efetiva pode ser obtida pelo produto da altura efetiva, vazão volumétrica e peso
específico do ar:

Potef = µ g Q Hef

A potência mecânica é a potência fornecida pelo motor ao eixo do ventilador. É conhecida


também pela expressão usual inglesa BHP (break horse power). É dada por:

Potmec = Potef / η

Onde η (0 < η < 1) é o rendimento do ventilador (é o rendimento do ventilador somente. O


motor também tem o seu rendimento e, para o conjunto, ele deve ser considerado. Mas esta página
trata apenas do ventilador).
O rendimento é um fator importante. Afinal, trata-se de consumir mais ou menos energia. Ele
depende do tipo de ventilador, das características construtivas e das condições de operação, de forma
similar às bombas para líquidos. Tais aspectos são comentados nos próximos tópicos.

6. PERDAS DE CARGA (hf)

Denomina-se perda de carga de um sistema, o atrito causado pela resistência da parede


interna do tubo quando da passagem do fluído pela mesma. As perdas de carga classificam-se em:
- Contínuas: Causadas pelo movimento da água ao longo da tubulação. É uniforme em qualquer trecho
da tubulação (desde que de mesmo diâmetro), independente da posição do mesmo.
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- Localizadas: Causadas pelo movimento da água nas paredes internas e emendas das conexões e
acessórios da instalação, sendo maiores quando localizadas nos pontos de mudança de direção do
fluxo. Estas perdas não são uniformes, mesmo que as conexões e acessórios possuam o mesmo
diâmetro.

6.1 Fatores que influenciam nas perdas de carga

A natureza do fluído escoado (peso específico, viscosidade): Como as bombas são fabricadas
basicamente para o bombeamento de água, cujo peso específico é de 1.000 Kgf./m3, não há
necessidade de agregarem-se fatores ao cálculo de perdas de carga, em se tratando desta aplicação;
O material empregado na fabricação dos tubos e conexões (PVC, ferro) e tempo de uso:
comercialmente, os tubos e conexões mais utilizados são os de PVC e Ferro Galvanizado, cujas
diferenças de fabricação e acabamento interno (rugosidade e área livre) são bem caracterizadas, razão
pela qual apresentam coeficientes de perdas diferentes.
O diâmetro da tubulação: O diâmetro interno ou área livre de escoamento é fundamental na
escolha da canalização já que, quanto maior a vazão a ser bombeada, maior deverá ser o Ø interno da
tubulação, a fim de diminuírem-se as velocidades e, consequentemente, as perdas de carga. São
muitas as fórmulas utilizadas para definir-se qual o diâmetro mais indicado para a vazão desejada.
Para facilitar os cálculos, todas as perdas já foram tabeladas pelos fabricantes de diferentes tipos de
tubos e conexões. No entanto, para efeito de cálculos, a fórmula mais utilizada para chegar-se aos
diâmetros de tubos é a Fórmula de Bresser, expressa por:
D = K√ Q
Onde: D = Diâmetro interno do tubo, em metros;
K = 0,9 - Coeficiente de custo de investimento x custo operacional. Usualmente aplicasse um valor
entre 0,8 e 1,0;
Q = Vazão, em m³/ s; A Fórmula de Bresser calcula o diâmetro da tubulação de recalque, sendo que,
na prática, para a tubulação de sucção adota-se um diâmetro comercial imediatamente superior;
O comprimento dos tubos e quantidade de conexões e acessórios: Quanto maior o
comprimento e o nº de conexões, maior será a perda de carga proporcional do sistema. Portanto, o uso
em excesso de conexões e acessórios causará maiores perdas, principalmente em tubulações não
muito extensas;
Regime de escoamento (laminar ou turbulento): O regime de escoamento do fluído é a forma
como ele desloca-se no interior da tubulação do sistema, a qual determinará a sua velocidade, em
função do atrito gerado. No regime de escoamento laminar, os filetes líquidos (moléculas do fluído
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agrupadas umas às outras) são paralelos entre si, sendo que suas velocidades são invariáveis em
direção e grandeza, em todos os pontos. O regime laminar é caracterizado quando o nº de Reynolds
(Re) for inferior a 2.000.
No regime de escoamento turbulento, os filetes movem-se em todas as direções, de forma
sinuosa, com velocidades variáveis em direção e grandeza, em pontos e instantes diferentes (figura 8).
O regime turbulento é caracterizado quando o nº de Reynolds (Re) for superior a 4.000 Obviamente, o
regime de escoamento mais apropriado para um sistema de bombeamento é o laminar, pois, acarretará
menores perdas de carga por atrito em função do baixo número de interferências existentes na linha.

6.2 Número de Reynolds (re)

É expresso por:
Re =

Onde: Re = Nº de Reynolds;
V = Velocidade média de escoamento, em m/s;
D = Diâmetro da Tubulação, em metros;
ν = Viscosidade cinemática do Líquido, em m2 /s;
Para a água doce, ao nível do mar e a temperatura de 25ºC, a viscosidade cinemática (υ) é
igual a 0,000001007 m²/s; O escoamento será:
- (Laminar: Re < 2.000) (Turbulento: Re > 4.000)
- Entre 2.000 e 4.000, o regime de escoamento é considerado crítico. Na prática, o regime de
escoamento da água em tubulações é sempre turbulento;

6.3 Velocidade de escoamento (V)

Derivada da equação da continuidade, a velocidade média de escoamento aplicada em


condutos circulares é dado por:

Onde: V = Velocidade de escoamento, em m/s;


Q = Vazão, em m³/s;
π (Pi) = 3,1416, (constante);
D = Diâmetro interno do tubo, em metros;

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Para uso prático, as velocidades de escoamento mais econômicas são:
Velocidade de Sucção ≤ 1,5 m/s (limite 2,0 m/s)
Velocidade de Recalque ≤ 2,5 m/s (limite 3,0 m/s)

6.4 Diâmetro dos tubos

Tubulação de Recalque: Pelas Tabelas 6 e 8, podemos escolher o diâmetro mais adequado


para os tubos de recalque, observando a linha grifada, em função da melhor relação custo benefício
possível. (custo de investimento x custo operacional);
Custo de Investimento: Custo total dos tubos, bomba, conexões, acessórios, etc. Quanto
menor o diâmetro dos tubos, menor o investimento inicial, e vice-versa;
Custo Operacional: Custo de manutenção do sistema. Quanto maior o diâmetro dos tubos,
menor será a altura manométrica total (AMT), a potência do motor, o tamanho da bomba e o gasto de
energia. Consequentemente, menor será o custo operacional, e vice-versa;
Tubulação de Sucção: Na prática, define-se esta tubulação usando-se o diâmetro comercial
imediatamente superior ao definido anteriormente para recalque, analisando-se, sempre, o NPSHd do
sistema.

6.5 Altura manométrica total (AMT)

A determinação desta variável é de fundamental importância para a seleção da bomba


hidráulica adequada ao sistema em questão. Pode ser definida como a quantidade de trabalho
necessário para movimentar um fluído, desde uma determinada posição inicial, até a posição final,
incluindo nesta “carga” o trabalho necessário para vencer o atrito existente nas tubulações por onde se
desloca o fluído. Matematicamente, é a soma da altura geométrica (diferença de cotas) entre os níveis
de sucção e descarga do fluído, com as perdas de carga distribuídas e localizadas ao longo de todo o
sistema (altura estática + altura dinâmica). Portanto:

Hman = Hgeo + hf
A expressão utilizada para cálculo é:
AMT = AS + AR + Perdas de Cargas Totais (hfr + hfs)

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Para aplicações em sistemas onde existam na linha hidráulica, equipamentos e acessórios
(irrigação, refrigeração, máquinas, etc.) que requeiram pressão adicional para funcionamento, deve-se
acrescentar ao cálculo da AMT a pressão requerida para o funcionamento destes equipamentos.

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