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Patologias devido a dosagem e cura do concreto

Bruno Hugo, Pedro Xavier, Rayara Macêdo, Thiago Paiva, Yara Suyanny

Resumo
O concreto é um dos materiais mais usados na história da humanidade. Este material é composto,
consiste basicamente de um meio aglomerante aonde está aglutinadas partículas ou fragmentos
(Mehta, 2008). Este artigo tem como intuito estudar as patologias que podem ocorrer devido erros no
processo de cura e dosagem do concreto. Dentro do contexto da engenharia civil o termo patologia
atribui-se ao estudo dos danos ocorridos em edificações, manifestando-se das mais diversas formas
como: trincas, fissuras, rachaduras, entre outras (FONSECA,2013). Essa área da engenharia observa
os mecanismos, sintomas, causas e origens dos defeitos das obras.

Palavra-chave: Patologia, cimento, cura, concreto, dosagem;

Patologias devido cura e dosagem do concreto


1 Introdução
O concreto é um dos materiais mais usados na história da humanidade. Este material é
composto, consiste basicamente de um meio aglomerante aonde está aglutinadas
partículas ou fragmentos (Mehta, 2008). O meio aglomerante é formando por cimento e
água, que quando misturados, desenvolvem um processo de hidratação, e assim se forma
a pasta aglomerante (Loureiro, 2013). Já a fase “agregado” é composta de agregados
miúdos (areia) e agregados graúdos(brita).
O cimento Portland é o aglomerante utilizado no concreto, hidráulico e é obtido pela
moagem do clínquer Portland, que durante a fabricação se adiciona um ou mais formas de
sulfato de cálcio. Além disso, durante a moagem pode ser adicionado: materiais pozolânicos,
escórias granuladas de alto-forno e/ou materiais carbonáticos (Loureiro, 2013).
Porem para que ocorra a reação de endurecimento da pasta aglomerante, é necessária água,
assim a hidratação é caracterizada por uma reação exotérmica que resulta no endurecimento
da pasta (Loureiro, 2013). Quando o cimento Portland entra em contato com a água formam
uma suspensão concentrada, nessa etapa, cada partícula de cimento atua como um núcleo de
formação de cristais (figura 01), com aumento da concentração de cristais dificulta a
passagem da água até as frações de cimento não hidratadas, no entanto, uma quantidade
maior de água não significa maior hidratação do cimento. A relação água/cimento (a/c) nas
características pasta de cimento, pois o excesso de água compromete as propriedades
mecânicas e reológicas (Oliveira,2013).

Figura 1- Processos envolvidos na hidratação do cimento (Oliveira,2013)

Além disso, outra fase importante na composição do concreto são os agregados. Estes
são tratados como material de enchimento inerte do concreto e compõe de 70% a 80% do
volume do concreto (Loureiro, 2013). Os agregados são considerados materiais
granulares como a areia, pedregulho, pedrisco, rocha britada, escória de alto-forno ou

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resíduos de construção e de demolição (Mehta, 2008). Para agregados graúdos as
partículas do material devem ser maiores 4,75 mm, já os miúdos devem ser menores que
4,75mm. Essa fase é a principal responsável pela massa unitária, pelo módulo de
Microestrutura do Concreto, elasticidade e pela estabilidade dimensional do concreto.
Essas propriedades do concreto dependem, principalmente, da densidade e resistência
do agregado, ou seja, suas características físicas são muito importantes (Mehta, 2008).
Mesmo sendo a fase mais resistente do concreto, a fase agregada normalmente não tem
influência direta na resistência do concreto normal.

2.0 Cura
A cura do concreto são medidas tomadas para que se evite a evaporação precoce da água
necessária para a reação de hidratação do cimento, que é responsável pela pega e
endurecimento do concreto (Bardella et al, 2005). Dessa forma mantendo o concreto o mais
saturado possível, até que os espaços inicialmente ocupados por água sejam depois ocupados
pelos produtos da hidratação do aglomerante (Bardella et al, 2005).
A perda de água abrupta para o ambiente faz com que o concreto retraia de forma rápida,
assim acarretando o surgimento de fissuras (Loureiro, 2013). Assim, a cura adequada
reduz a porosidade, e propicia o alcance do melhor desempenho do composto, portanto a
cura contribui para aumentar a durabilidade das estruturas (Bardella et al, 2005).
Existem várias técnicas empregadas no controle de evaporação da água. A cura em câmera,
por exemplo, consiste em manter a superfície do concreto úmida, por meio da aplicação
direta da água ou manter uma camada de agua ou até totalmente submerso (Loureiro, 2013).
Também há a cura ao ar, nesse caso não se toma nenhum cuidado especial para se evitar a
evaporação da agua, simplesmente o concreto é exposto ao tempo. Este método de cura é o
mais simples e não demanda qualquer esforço (Loureiro, 2013).

3.0 Dosagem
A dosagem é um aspecto fundamental do concreto, nele ocorre a seleção dos materiais
componentes apropriados, bem como as proporções, para que assim se atinja a
resistência desejada (Mehta, 2008). São considerados para a obtenção do traço três
parâmetros básicos, dois que podem ser considerados objetivos, quantificáveis. O
primeiro é a relação água/cimento e o segundo e o teor de água sobre os materiais secos,
o terceiro parâmetro é subjetivo que é o teor de argamassa (Piazza, 2011).
A relação água/cimento tem uma relação direta com a resistência do concreto (Livro 01).
Essa relação é descrita empiricamente, sendo equacionada pela lei Abrams, de acordo com
a equação 01:
K1
fc= a
K2b
Equação 01;

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Onde a/c representa a relação água/cimento da dosagem do concreto, e KI e K 2são
constantes empíricas. Podem ser expressas curvas típicas que caracterizam a relação
água/cimento e a resistência a uma certa idade de cura (figura 02).

Figura 02- Curvas típicas (LIVRO 01)

Nota-se a vertiginosa queda da resistência com o aumento da relação água/cimento. Isso é


consequência natural do enfraquecimento progressivo da matriz causado pelo aumento da
porosidade com o aumento da relação água/cimento.

4.0 Patologia

Dentro do contexto da engenharia civil o termo patologia atribui-se ao estudo dos danos
ocorridos em edificações, manifestando-se das mais diversas formas como: trincas,
fissuras, rachaduras, entre outras (FONSECA,2013). Essa área da engenharia observa os
mecanismos, sintomas, causas e origens dos defeitos das obras, podendo se fazer o
diagnóstico através apenas da visualização, no entanto, em alguns casos são necessárias
técnicas laboratoriais, com equipamentos sofisticados, observar o projeto e a maneira que
foi executada a estrutura. Sendo assim a patologia tem a finalidade de encontrar
explicações técnicas para as irregularidades, e suas possíveis soluções
subsequentemente.

4.1 Manifestações Patológicas


4.1.1 Manifestações Patológicas da Cura

Uma patologia pode ter diversas causas, as vezes duas ou mais contribuem para a
manifestação de uma certa patologia. A retração do concreto, por conta de perda de água
abrupta, pode causar e contribuir com várias patologias. Essa retração é caracterizada
pela diminuição do volume do concreto, assim como as peças estão interligadas umas as
outras são impedidas parcialmente de se movimentarem, assim as tensões de tração

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provenientes da retração são distribuídas (Olivare, 2003).Se estas tensões forem superiores
a resistência de tração do concreto, no momento em que elas ocorrem, tem o surgimento
fissuras (Olivare, 2003).
Vale ressaltar que esse fenômeno ocorre também por causa de:
Retração química provocada pela redução da água quando ocorre a reação de
hidratação, devido a forças internas de coesão;
Retração térmica causada pela elevação da temperatura do concreto durante a hidratação do
cimento.

4.1.2 Manifestações Patológicas da Dosagem

A carbonatação é uma reação química que ocorre no concreto com o passar do tempo, no
entanto de acordo com a dosagem do concreto pode haver a aceleração ou retardamento
desse fenômeno.
Durante a preparação do concreto há a geração de hidróxido de cálcio, que tem origem
na hidratação dos silicatos e da cal existentes no cimento (Olivare, 2003). Descrita pela
reação a baixo:
CaO+ H 2 O≫ Ca(OH )
No passar do tempo, o hidróxido de cálcio reage com o com o gás carbônico presente na
atmosfera, formando então carbonato de cálcio insolúvel:

Ca (OH ) 2+CO 2 ≫ CaCO 3+ H 20


Essa reação é catalisada pela umidade relativa do ar, se manifestando do exterior para o
interior do concreto, assim há uma diminuição progressiva da alcalinidade da estrutura,
sendo causada pelo “consumo” do hidróxido de cálcio presente (Olivare, 2003).
Posteriormente o pode vim a ocorrer o ataque do gás carbônico presente no ar e na água,
sobre o hidróxido de cálcio e o carbonato de cálcio, gerando assim o bicarbonato de cálcio
(Olivare, 2003). Dessa forma, levando em conta que o bicarbonato é solúvel em água, a
exposição do concreto à água com altos teores de gás carbônico, acarretara a lavagem e
fissuras ao longo do tempo (Olivare, 2003).
A velocidade da carbonatação é afetada por diferentes fatores, no entanto vale ressaltar os
efeitos característicos da dosagem.
A dosagem do cimento é um dos fatores que está diretamente ligado a velocidade de
carbonatação. Quanto maior a dosagem de cimento no concreto, menor a profundidade de
carbonatação, isso ocorre pois haverá mais cal a carbonatar, aumentando a
impermeabilidade a penetração de CO2 (Olivare, 2003).
Outro fator de dosagem a ser levado em conta é o fator água/cimento. O fator água/cimento
alto, representa uma maior quantidade de água com o aumento da profundidade da
carbonatação. A água propicia a aparição de vazios assim o concreto fica mais poroso,
facilitando a penetração de CO2.

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5 Referências
MEHTA, P.; Monteiro, P. Concreto Microestrutura, Propriedades e Materiais:1.ed. São
Paulo: Editora IBRACON, 2008;
Piazza, A. Dosagem e Controle da Qualidade de Concretos Convencionais de Cimento
Portland:3.ed.Porto Alegre: Editora EdipucRS, 2011;
Olivare, G. PATOLOGIA EM EDIFICAÇÕES. 2003. 83f. Monografia – Universidade
Anhembi Morumbi, São Paulo, 2003;
Fonseca, A. PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO: ESTUDO DE CASO.
2013. 62f. Monografia - Universidade Regional do noroeste do estado do rio grande do
sul, Ijuí, 2013;
Bardella, et al. Sistemas de Cura em Concretos Produzidos com Cimento Portland de Alto-
Forno com Utilização de Sílica Ativa. 1o Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto- Produção
em Concreto pré-moldado. São Carlos.Volume 01.04.Nov;
Loureiro, N. SZEREMETA, A. ESTUDO DA VARIAÇAO NA RESISTÊNCIA A
COMPRESSÃO DE CONCRETOS CONVENCIONAIS DEVIDO AOS DIFERENTES
TIPOS DE CURA. 2013.53f. Monografia - Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba, 2013;
Oliveira, M. Avaliação dos efeitos da adição de nanossílicas em pó e coloidal em pastas
de cimento Portland. 2013.98f.Tese de Mestrado - Universidade Federal de Pernambuco,
Caruaru, 2013.

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