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CDU:615.851.3
Aluna:
Banca Examinadora
Aos profissionais de áreas afins, pela contribuição dada a este trabalho e que
isto sirva de início para uma caminhada de construções coletivas, mesclando-se
conhecimentos.
À professora Roselena Faez colaboradora deste trabalho, pela sua atenção e ensinamentos
no meio de seu dia-a-dia atarefado.
À dona Yara P. F. Pascotto que concedeu algumas horas de seu dia-a-dia ocupado para
fazer as correções deste trabalho. À sua filha Naya P. F. Francisco, aprendiz e colega de
trabalho, pelas muitas conversas e trocas sobre o assunto. Desejo que continuemos nesta
caminhada realizando trabalhos juntas.
Ao Prof. José Augusto Agnelli pela colaboração na realização dos testes mecânicos.
A todas as pessoas amigas que contribuíram com apoio “moral” nesta trajetória.
À meus pais (in memóriam) pela formação como ser humano que hoje sou e por sempre
apostarem e auxiliarem nesta trajetória profissional. Tenho certeza que estariam felizes com
mais esta conquista.
Em fim, à Deus, energia maior, que me permitiu esta possibilidade e me concede saúde
física e emocional para caminhar nesta vida.
“Só existem dois dias do ano que nada
pode ser feito. Um se chame
ONTEM
e outro AMANHÃ.
Portanto, HOJE é o dia certo para
AMAR, ACREDITAR, FAZER
e
Principalmente VIVER..”
(Dalai Lama)
RESUMO
The purpose of this research was a study and an evaluation of five low temperature
thermoplastic materials, which are used in upper limb orthoses confection and to relate
them with their practical application. Compositional, structural and mechanical proprieties
associated with the particularity that the confection of an orthoses stipulates were examined
in order to extent our knowledge on these five low temperature thermoplastics. Another
intention was to show advantages and disadvantages of useful this kind of materials among
people with spastic condition for the occupational therapists. It was noticed that
occupational therapists have been choosing empirically this kind of material due their
clinical practice and by the description offered by catalogues. There were no clear objective
criteria between thermoplastic material choice and patient necessity. Intenting help
professionals to the best choice three quantitative and two qualitative tests had been carried
through. I) Infrared and Raman spectroscopes was perform in order to know the
composition and structure of these materials; ii) Resistance the traction and along to the
rupture tests was perform for the mechanical properties and iii) memory and along
qualitatively test was also studied.The results analyses involved the correlation between the
spectroscopes test and the splinting. In this sense was observed that the necessity of three
confection characteristics to used in spastic clientele, memory, along resistance and rigidity.
Also was observed that three of five materials (Omega, Ezeform and Aquaplast) would be
used to this propose. The analyses gave a better knowledge on the daily useful
thermoplastic materials becoming possible to do suggestion of best usage of them. Finally,
in conclusion the research could show that Omega and Ezeform congregated the great
number of appropriated characteristics of orthoses confection for spastic patients.
Capítulo 4 Resultados.....................................................................................27
4.1. Análise de Composição Estrutural.........................................................27
4.1.1. Espectroscopia na região do Infravermelho.......................................27
4.1.2. Espectroscopia Raman......................................................................29
4.2. Ensaio de Propriedades Mecânicas.......................................................30
4.3. Testes qualitativos sobre aplicabilidade do material............................35
4.3.1. Teste de Alongamento.......................................................................35
4.3.2. Teste de Memória..............................................................................38
Capítulo 5 Discussão.......................................................................................41
Considerações Finais........................................................................................45
Referências.......................................................................................................47
Anexos..............................................................................................................52
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
INTRODUÇAO
1
cinestesia: a sensibilidade proprioceptiva,o sentido da percepção de movimento, peso, resistência e posição.
2
propriocepção: apreciação da posição, do equilibro e de suas modificações por parte do sistema muscular,
especialmente durante o movimento.
- conforto: permitir conforto ao cliente para que possa ser utilizada pelo tempo indicado;
- higiene: o material deve permitir a sua limpeza diária; e
- uso: fácil colocação e retirada da órtese.
Após a confecção há o acompanhamento deste cliente pelo terapeuta ocupacional e
o profissional que solicitou a órtese. O cliente será devidamente orientado sobre os motivos
de utilizar este aparelho, sua adaptação, uso, limpeza, cuidado com o material e possíveis
dificuldades que poderão aparecer.
1.2. ESPASTICIDADE
Dentro das disfunções físicas que fazem uso de órtese destaca-se a espasticidade. A
palavra espasticidade é derivada do grego spastikos, que significa encolher, retrair, é
resultante de uma lesão do sistema motor no cérebro, no tronco encefálico ou na medula,
por lesões compressivas ou trauma.
No cotidiano dos profissionais que trabalham com reabilitação neurológica e
atendem clientes com seqüelas de lesão no sistema nervoso central (SNC), a espasticidade é
um dos componentes que exige atenção especial e estudo devido ás dificuldades e
incapacidades que interferem no restabelecimento do cliente atingindo os momentos mais
simples como o ato de comer, caminhar, banhar-se, etc, mobilizando desde conteúdos
emocionais até a sua preocupação com a aparência. A confecção de órtese para um cliente
que possui espasticidade requer habilidade para lidar com a pessoa e com o material e
reavaliações constantes do caso.
A espasticidade é uma desordem motora secundária à lesão do neurônio motor
superior3, estudada intensivamente desde o final do século passado por diversos autores.
Caracteriza-se pela hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento com exacerbação dos
reflexos profundos e aumento do tônus muscular, levando a um desequilíbrio na
musculatura que causará uma diminuição (paresia) ou perda do movimento (plegia).
3
neurônio motor superior: neurônio que conduz impulsos do córtex motor até um músculo
Segundo LIANZA (1995), a espasticidade é um fenômeno resultante de lesão no
1º neurônio ou da interrupção de suas vias descendentes (feixes corticoespinais 4)
de liberação neuromuscular, pelo qual o equilíbrio entre o nível excitatório
5
superior e os impulsos inibitórios no arco reflexo da coluna vertebral são
perturbados por uma liberação de impulsos excitatórios.
4
feixes corticoespinhais: feixes nervosos descendentes do córtex para a medula
5
arco reflexo: via de transporte de um impulso durante a ação reflexa, que vai do receptor a um efetor.
RÉMY-NÉRIS et al. (1997), define várias conseqüências da espasticidade como
hipertonia muscular do agonista6 e diminuição da resistência do músculo antagonista7,
levando a retrações e atrofias musculares e com o tempo provocam luxações nas
articulações e conseqüentemente deformidades. Caso não haja tratamento se desenvolverá
rigidez nestas articulações. As deformidades articulares desenvolvem posturas inadequadas
nas articulações adjacentes e dores. Como conseqüência aparece à diminuição de amplitude
de movimento, diminuição do fluxo sangüíneo, a pele tende a tornar-se fina e podem
aparecer as ulceras de decúbito 8. Estas posturas, muitas vezes não funcionais, levam a
dificuldades de higiene, alimentação, vestuário e locomoção.
6
músculo agonista: músculo referido.
7
músculo antagonista: músculo que atua em oposição ao referido.
8
úlcera de decúbito: ferimento com base inflamada decorrente de pressão sobre a pele.
9
sinergia: ação ou efeito combinado de dois ou mais órgãos freqüentemente superior à soma de seus efeitos.
eletromiografia dinâmica a qual identifica as características da motricidade voluntária e da
espasticidade.
No caso dos clientes que apresentam espasticidade dos grupos musculares flexores,
mas seus antagonistas são levemente paréticos, ou seja, a musculatura extensora consegue
vencer a espasticidade em alguns momentos proporcionando uma funcionalidade para esta
mão. SAURON (1990), indica uma órtese de posicionamento funcional (fig. 03) noturna
para o melhor alinhamento das articulações, mesmo que este braço relaxe durante o sono.
E, para durante o dia, dependendo do grau de funcionalidade, pode-se fazer uso de uma
órtese funcional de posicionamento de punho ou de polegar (figs. 02 e 01) respectivamente.
10
cinesioterapia: terapia que se utiliza de movimentos.
Estes graus menores de espasticidade, os quais não impedem a funcionalidade da
mão, mas muitas vezes devido o desequilíbrio muscular levam a deformidades como
pescoço-de -cisne 11 e se beneficiariam com o uso precoce da órtese, pois pode prevenir que
estas deformidades se tornem fixas. Este é um dos objetivos do dispositivo, buscar a
harmonia entre musculatura agonista e antagonista, melhorando a estética e a
funcionalidade da mão.
1.3. POLÍMERO
11
Pescoço-de-cisne: deformidade decorrente de lesão nos tendões extensores, levando a hiperextensão da
interfalangiana proximal e flexão da interfalangiana distal.
origem grega de meros, que significa partes; o termo polímero foi criado para significar
muitos meros. Um único mero é chamado de monômero. O mero representa uma unidade
repetitiva esta estrutura repetindo-se muitas vezes forma a cadeia do polímero. Outros
materiais poliméricos do nosso cotidiano são: borracha, fibra, adesivo e plástico.
12
Ponto de fusão: temperatura em que as regiões ordenadas dos polímeros se desagregam e se fundem.
constituída por cadeias principais, muito longas, de átomos de carbono ligados
covalentemente, estas estão ligadas umas as outras através de ligações
secundárias. Os termoplásticos sofrem amolecimento gradual à medida que a
temperatura aumenta e as forças de ligações secundárias entre as cadeias
moleculares tornam-se mais fracas e consequentemente a resistência mecânica
do termoplástico diminui.
b) Termoendurecíveis: fundem-se quando aquecidos, porém nesse estado sofrem
reação química que causa a formação de ligações cruzadas intermoleculares
resultando uma estrutura reticulada, infusível e insolúvel.
A viscosidade de um polímero, sua capacidade de fluir quando fundido depende do
comprimento da cadeia. Quanto mais longas as cadeias mais emaranhadas elas podem estar,
portanto seu fluxo é mais lento. Mas o aumento do comprimento da cadeia aumenta a
resistência e a viscosidade do mesmo.
A elasticidade de um polímero é sua capacidade de voltar a sua forma original após
ser esticado, em temperatura ambiente. A borracha natural tem baixa elasticidade e é
facilmente amolecida pelo aquecimento. A borracha vulcanizada é mais resistente à
deformação quando esticada, porque as ligações cruzadas a puxam de volta. Quanto mais
ligações entre as cadeias menos o material se estica.
Segundo MANO (1991), o desempenho dos materiais se relaciona com uma série de
características significativas, que podem ser distribuídas em três grandes grupos: as
propriedades físicas (mecânica, elétrica e térmica), as propriedades químicas e as
propriedades físico-químicas. Neste trabalho serão abordadas duas propriedades mecânicas
dos polímeros, a resistência à tração e o alongamento na ruptura realizado dentro de um
ensaio completo de tração.
As propriedades físicas de um polímero dependem não apenas da sua massa molar e
de sua forma, mas também das diferenças na estrutura das cadeias moleculares. Sua
estrutura pode compreender cargas inorgânicas para melhorar estas propriedades. Esta
situação gera características que os diferenciam em aparência, rigidez, transparência, e
resistência.
. As propriedades dos polímeros dependem bastante dos materiais de partida, do tipo
de reação empregada na sua obtenção e da técnica de preparação. Dentro das propriedades
que os caracterizam, segundo MANO (1991),
3,2 70 a 75 / 60 4a6
.
AQUAPLAST, marca Sammons Preston, descrição segundo BREGER-LEE et al,
(1991), material plástico emborrachado, amolecendo em temperatura de 70 a 80°C, possui
boa resistência , pode absorver as digitais, possui muita elasticidade e alongamento
permitindo boa memória, possui boa capacidade de moldagem e de aderência, necessita ser
trabalhado nas bordas e requer experiência.
Descrição segundo o catálogo da importadora: “o material possui uma excelente
combinação de conformabilidade íntima e resistência ao alongamento, boa adaptação e
100% de memória permitindo ajustes nas órteses e seriá-las, quando aquecido fica
transparente facilitando a visualização dos pontos de pressão, adesão permanente quando
quentes, disponível em placas perfuradas e sólidas, nas cores branca, bege e azul, medindo
46x61cm. É recomendado para órteses de mão, punho e dedos, serve de suportes dinâmicos
e sua espessura máxima é para grande resistência. Material a base de policaprolactama”.
Cuidados e limpeza como a descrição do material Ezeform.
Tabela 02 Características do material segundo a importadora.
Espessura (mm) Aquecimento/Tempo (°C/s) Tempo de trabalho (min.)
1,6 70 a 75 / 35 1a2
2,4 70 a 75 / 60 2a3
3,2 70 a 75 / 60 4a6
tm
ÔMEGA marca North Coast, este material não foi escrito por BREGER-LEE et
al. Descrição da importadora: “este material combina rigidez com grande resistência ao
estiramento e conformabilidade controlada, além de grande memória”(tabela 03).
Apresenta- se em placas lisas, com medidas de 46x61cm e 3,2 mm de espessura, na cor
branco amarelada.
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS
80
Transmitância (%)
60
40
20
0
400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000
-1
Número de Onda (cm )
40
prefered
35 omega
30
Transmitância (%)
25
20
15
10
0
400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000
-1
Número de Onda (cm )
Transmitância (%)
4
0
400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000
120
aquaplast clinic ezeform omega prefered
100
Transmitância (%)
80
60
40
20
0
400 800 1200 160 0 2000 2400 2800 320 0 3600 4 00 0
4.1.2.Espectroscopia Raman
Nos espectros de Raman observa-se que os materiais da marca North Coast são
semelhantes e possuem picos até a intensidade de 3500 u.a. e os materiais da Sammons
Preston possuem picos de no máximo 1500 u.a.,
4000
Aquaplast
3500 Ezeform
nomclinic
3000
Intensidade (u.a.)
2500
2000
1500
1000
500
0 400 800 1200 1600 2000
-1
Raman Shift (cm )
30000
omega
north coast
25000
Intensidade (u.a.)
20000
15000
10000
5000
-1
Raman Shift (cm )
Observa-se como resultado desta tabela no item resistência a uma carga e a uma
tensão que os materiais Ômega juntamente com o Aquaplast possuem valores maiores
conferindo uma melhor resistência dos mesmos nos testes e isto aparece no uso diário dos
materiais. Já no alongamento até sua ruptura o que confere a deformação sofrida pelo
material o Ômega e o Aquaplast apresentam valores distintos, verificando-se um
comportamento diferenciado entre estes. Os valores do item de alongamento foram
menores nos materiais da North-Coast, principalmente o Preferred e em segundo o Ômega.
E maiores nos materiais da Sammons Preston. No módulo secante a 1% verifica-se a
rigidez do material e o material Preferred apresentou o maior valor, portanto é o material
mais rígido mesmo tendo a espessura menor . Isto demonstra um comportamento com
maior plasticidade. O plástico possui menor maleabilidade e tende a se quebrar no uso
diário.
O material Ezeform demonstra no teste de tração a sua combinação de rigidez com
maleabilidade o que já havia sido descrito pelo catálogo (capítulo 3) e no teste de
alongamento, mas diferencia-se destas descrições no item de resistência a carga e tensão,
pois apresentou a menor resistência de todos os materiais.
Descrição dos Gráficos
4.3.1.Teste de Alongamento
Resultados do teste estão nas tabela 05, procedimentos 1 e 2 e tabela 06 demais
procedimentos e após os comentários comparativos.
13
Esticar: alongamento provocado no material aquecido.
14
Enrijecer: condição do material quando este vai perdendo a energia do calor.
15
Amolecer: condição do material quando este vai ganhando a energia do calor.
16
Tamanho natural (tn): forma e tamanho inicial do material antes de ser colocado em contato com o calor..
17
Recuperar: relacionado ao tamanho do material, comportamento de encolher observado no material quando
este foi colocado na água aquecida.
Como já foi explicado, o comportamento borrachoso é importante para as
características de confecção de órtese, pois confere aos materiais elasticidade e
maleabilidade. Na caraterística de resistência ao estiramento o material aquecido durante a
confecção de órtese normalmente estica e altera o seu tamanho por centímetros devido o
manuseio. Para a clientela espástica o material necessita ter alto grau de resistência ao
estiramento devido à gravidade e a força exercida pela espasticidade auxiliarem na
deformação do material. No caso, as amostras sofreram um alongamento e alteraram o seu
tamanho, mas as duas amostras, Ômega e Aquaplast, resistiram ao estiramento ou a uma
deformação elástica (deformação que é totalmente recuperada quando da liberação de uma
tensão aplicada) quando o material ainda está quente, permitindo-o melhor na fase de
enrijecimento (perdendo a energia do calor). Ao serem colocados na água quente
retornavam ao seu tamanho natural.
Quimicamente, a elasticidade de um polímero é sua capacidade de voltar à sua
forma original após ser esticado, isto porque na sua estrutura química as ligações cruzadas
puxam-no de volta. No caso das amostras isto só acontece com o auxílio da temperatura. As
amostras de Ezeform, Preferred e Clinic demonstram uma deformação plástica (deformação
permanente ou não recuperável após a liberação da carga aplicada). O que diferenciou o
material Ômega e o Aquaplast foram às rupturas verticais sofridas já inicialmente pelo
Ômega, apesar de sempre permitir serem fechadas novamente devido a sua aderência
(grudento). E esta é uma das características de confecção que para um principiante
atrapalha o manuseio, mas com a prática é importante para realizar as dobras e permitir que
o material fique aderido à pele conferindo um melhor acabamento. Este material foi o
melhor nesta característica. A amostra de Ezeform, pareceu intermediária, média resistência
ao estiramento, pois esticou pouco e retornava pouco na água quente. As demais amostras
demonstraram baixa resistência ao estiramento, pois esticaram muito.
Outra característica importante para a clientela espástica é a memória, capacidade
do material de retornar ao seu estado natural assim que devolvido na água quente,
permitindo remodelá-lo em uma órtese seriada ou realizar ajustes para clientes com maior
grau de espasticidade. Novamente as amostras de Ômega e Aquaplast são melhores, a
amostra de Ezeform intermediária e para a amostra de Clinic, conforme já colocado pelo
fabricante (capitulo 2), é mínima a memória. A amostra de Preferred foi colocado como
tendo média memória pelo fabricante, mas durante a observação demonstrou mínima.
O material Aquaplast, apesar de conferir duas características para a aplicabilidade,
não é sugerido devido o seu tempo demorado de enrijecimento, exigindo um tempo de
espera muito grande para o cliente. Os demais materiais possuem um tempo recomendado
de enrijecimento e todos possuem temperatura de amolecimento semelhantes e compatíveis
com a aplicabilidade. Para a característica de acabamento, apenas a amostra de Preferred
ficou com as marcas das digitais. Observa-se que quanto mais se repetia as etapas do teste
de alongamento mais os materiais se esticavam, menos a amostra do Ômega que sempre
tinha o mesmo comportamento e o Preferred que apesar de alongar bastante logo rompeu-
se em uma extremidade
A característica de rigidez é a capacidade do material suportar as agressões diárias,
para isto o material precisa ter uma certa maleabilidade. Estas agressões estão relacionadas
com a espasticidade apresentada pela clientela, portanto, o material Ezeform apresento-se
melhor neste item.
Sugere-se que os materiais Ômega, Ezeforme e o Aquaplast sejam os mais
adequados para a clientela espástica conforme observado na prática clinica e sugerido pelos
fabricantes (capítulo 2). Eles reúnem algumas das características descritas como essenciais
para a confecção de órtese para a clientela espástica, mas nenhum destes materiais possuem
propriedades químicas que contemple todas as características.
DISCUSSÃO
Tabela 08: Comparação dos cinco materiais com os resultados dos testes.
Tempo Tempo de
Material T° de amoleci- Ensaio de Tração Memória Marcas/ Alongamento
(°C) Enrijeci- mento, digitais
mento
(s)
Maior plasticidade Permitiu 3 alonga-
68 a 90 a 75 Mat. + maleável, com Média para Não mentos, rompeu-se
Ezeform 70 180 Menor resistência e mínima assimila no meio.Mínima
permite médio elasticidade.
alongamento.
Maior elasticidade, Assimi- Oferece resistência
70 a 60 a 45 e 75 mat. média rigidez, Muita la e per- ao alongamento,
Ômega 72 135 resistente as de com permitiu pouco.
deformações, permite novo rompeu-se e
pequeno alongamento amoleci quando aquecido
mento fechava-as. Média
elasticidade.
Maior plasticidade, Mat. alongou
60 120 a 25 e 75 Mat. maleável, Muita Não várias vezes,
Aquaplast a 270 permitindo um grande assimila oferece resis -
62 alongamento e tência quando
resistência. aquecido Não
apresentou
rupturas. Maior
elasticidade.
Maior elasticidade. Alongou 2 vezes e
Preferred 60 60 a 15 e 50 Mat. mais rígido Mínima Assimi- rompeu-se na
2,4mm a 120 permitiu pouco la ponta. Material
62 alongamento e quente tem
média
resistência. comportamento de
chiclete.
Maior elasticidade. Permitiu 5 alonga-
65 45 a 25 e 80 Possui média rigidez Mínima Assimi- mentos, retornando
Clinic a 105 e resistência e la um pouco e
70 proporcionou média esticando cada vez
deformação. mais. Não rompeu-
se.
Este trabalho teve como objetivo principal a correlação das propriedades químicas e
mecânica de cinco materiais poliméricos termoplásticos de baixa temperatura com as
características de confecção de órtese de membro superior para a clientela espástica. Com o
desenvolvimento do trabalho percebeu-se que dentre as cinco características analisadas, três
delas são prioritárias durante a confecção de órtese para esta clientela. São a características
de memória, resistência ao estiramento e rigidez. Após os testes realizados conclui-se que
os materiais ômega e ezeform são os mais indicados para a clientela espástica pelo conjunto
de características necessárias. Este resultado está de acordo com os catálogos e a literatura
encontrada, sendo que o material aquaplast que, apesar de ter a mesma indicação, não foi
considerado apropriado devido a demora no enrijecimento.
O conhecimento das propriedades químicas e mecânica aliado as necessidades de
comportamento do material durante a confecção de órtese, leva à sugestão de se elaborar
um material nacional, dentro da nossa realidade, ecológico e contemplando um maior
número de características, visto que lidamos apenas com termoplásticos de baixa
temperatura importados e que contemplam apenas algumas das características para a
aplicabilidade descrita. A produção de um nacional será importante para os profissionais
que confeccionam as órteses pois, alem de baixar os custo para a clientela, também teria-se
mais informações técnicas e acessíveis sobre o material estimulando um envolvimento
maior por parte dos profissionais clínicos o que não acontece com os catálogos
estrangeiros.
Este estudo permitiu alcançar um conhecimento maior sobre os materiais,
proporcionando habilidade para criar e tirar o máximo aproveito de suas características. Isto
leva ao pensamento do quanto é necessário e importante esta compreensão para poder
atender melhor a necessidade do cliente, seja ela clinicamente, esteticamente ou
funcionalmente e não simplesmente confeccionar órteses. Como coloca a autora BREGER-
LEE na descrição de seu artigo no início dos anos 90, “expandir nosso conhecimento sobre
os materiais usados para a confecção de órtese é importante para conhecer a performance
dos materiais termoplásticos de baixa temperatura. As múltiplas escolhas destes materiais
com suas propriedades básicas similares, com suas características básicas diferentes, fazem
criar um desafio para os terapeutas e a escolha do material adequado torna-se uma tarefa
árdua”.
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ANEXOS
Anexo 01