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Cálculo C
2ª edição
Brazcubas
2018
Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar
Sumário
Apresentação 5
O Professor 7
Introdução 9
1Unidade I
Funções de várias variáveis 11
1.1 Visão Geral 11
1.1.1 Curvas de Nível 14
1.1.2 Limite e continuidade 16
1.2 Funções compostas 22
Referências da unidade I 23
2Unidade II
Derivadas parciais 25
2.1 Ampliando o conceito de derivada 25
2.1.1 Interpretação geométrica das derivadas parciais 30
2.2 Diferenciabilidade e derivada total 33
2.3 A regra da cadeia 36
2.3.1 Derivada implícita 38
2.4 Derivadas direcionais 39
2.5 Plano tangente e a normal à superfície 42
2.6 Uma aplicação simples à engenharia 43
3Unidade III
Equações diferenciais 47
3.1 O que são EDOs? 47
3.2 Equações diferenciais de 1ª ordem 48
3.2.1 Equações diferenciais homogêneas lineares 53
3.2.2 Equações diferenciais lineares 54
3.2.3 Aproximação 58
3.3 Equação homogênea de 2ª ordem 63
3.3.1 Equação linear de 2ª ordem 66
3.4 Aplicações à engenharia 69
3.4.1 Vibração de um prédio sob uma força externa 69
3.4.2 Circuitos elétricos 70
3.4.2.1 Circuitos RC 70
3.4.2.2 Circuito RLC em série 71
4Unidade IV
Integrais múltiplas 73
4.1 Integrando conceitos 73
4.2 Integrais duplas 76
Sumário
Apresentação
Caro(a) aluno(a),
5
Apresentação
Bons Estudos!
Objetivos da Unidade:
6
O Professor
O Professor
7
Introdução
Introdução
Até agora, nas disciplinas de Cálculo, estávamos utilizando funções com uma
única variável, do tipo . A partir de agora, começaremos a introduzir funções
de várias variáveis, nas quais as funções terão a forma , podendo ter
duas ou mais variáveis.
Um pré-requisito para esta disciplina seria uma boa base no Cálculo de uma
variável e em Geometria Analítica. Então, vale a pena dar uma boa revisada nos con-
ceitos vistos nos Cálculos A e B, e sua relação com a Geometria Analítica. Para tanto,
sugiro uma boa releitura do volume 1 do livro “O Cálculo com Geometria Analítica”
de Louis Leithold (mais informações nas referências da Unidade I).
Já na Unidade II, nos ocuparemos das relações entre a função de várias variá-
veis e as suas variáveis de forma independentes. Através das derivadas parciais ve-
remos como é a inclinação local, com relação a cada um de seus eixos coordenados,
de uma superfície gerada por uma função de várias variáveis.
9
Introdução
lam sistemas físicos corriqueiros na Engenharia Elétrica e Civil, como circuitos elé-
tricos e deslocamento de vigas, por exemplo. Sendo uma ferramenta fundamental
para a atividade do engenheiro
Espero que você aprecie este livro que foi feito com carinho para guiar seus
estudos. O Cálculo C será uma importante ferramenta de trabalho cujo domínio fará
de você o excelente profissional.
Aproveite e sucesso!
10
Funções de várias variáveis unidade I
1 Unidade I
11
Unidade I Funções de várias variáveis
Dica de Leitura:
Exemplo 1.1
12
Funções de várias variáveis unidade I
Exemplo 1.2
ente é
a 1.3. Tal função som
, apresentada na Figur
Veja a função os negativos,
iz quadrada de númer
, já que não existe ra
definida para na Figura 1.2.
. Como apresentado
ou seja,
13
Unidade I Funções de várias variáveis
Algumas vezes você perceberá que será necessário examinar uma função em
regiões restritas do plano , como por exemplo, linhas. Isto seria como “fatiar” a
superfície tridimensional , ao longo de uma linha, representada por .
Também poderá ser útil identificar pares que compartilham um valor de z co-
mum.
Um gráfico que mostra curvas de nível pode dar uma boa ideia da forma da
superfície, e é muitas vezes utilizado para representar mapas topográficos, como o
da figura que ilustra esta unidade. Note que, naquele mapa topográfico, as curvas
de nível correspondente às alturas são igualmente espaçadas, e ficam mais e mais
próximas à medida que a superfície se torna mais íngreme.
14
Funções de várias variáveis unidade I
Exemplo 1.3
Dica de Leitura:
15
Unidade I Funções de várias variáveis
Exemplo 1.4
16
Funções de várias variáveis unidade I
Agora, para o caso de duas variáveis, podemos fazer uma analogia com um
ponto desenhado em uma folha de papel. Há inúmeras formas de se aproximar de
tal ponto, não só pela direita e pela esquerda, concorda? Há um número infinito de
linhas, um número infinito de parábolas, um número infinito de senoides, e assim
por diante, que podemos percorrer para nos aproximarmos de um ponto .
Podemos ascender uma esperança de que as coisas não são tão ruins quanto
parecem, e independente do caminho que eu tome, desde que passando por ,
o valor de se aproxima de , a medida que se aproxima de . Infeliz-
mente, isto não é verdade.
Exemplo 1.5
E o limite de será ? Observe pela Figura 1.5 que este caminho cor-
responde a uma borda na parte superior da superfície definida por . Po-
rém, quando esta borda se aproxima da origem ela mergulha para zero na ori-
gem, contudo ao longo da borda a função tem valor constante. Lembre-se que
para existir o limite em um ponto, ele deve ser único, portanto o limite em (0,0)
não existe.
17
Unidade I Funções de várias variáveis
Isto quer dizer que podemos encontrar um valor para ε tão pequeno quanto se
queira de tal forma que , não importando quão pequeno seja o
ε, fazendo a distância entre e seja “pequena o suficiente” para dizermos
que é o mesmo ponto. Observe que define uma circunfe-
rência centrada em com raio , como mostra a Figura 1.6.
18
Funções de várias variáveis unidade I
Exemplo 1.6
Vamos forçar o produto a ser menor que o ε que escolhemos. Se fizermos que
o seja muito pequeno e menor que , digamos .
Ou seja,
19
Unidade I Funções de várias variáveis
De forma geral, esta metodologia pode ser estendida a todos os testes de limi-
tes para funções de duas ou mais variáveis. Experimente usar outro valor para o limi-
te, como por exemplo , e verá que chegará a uma inconsistência do tipo .
Conheça mais:
20
Funções de várias variáveis unidade I
Exemplo 1.7
Só podemos fazer isso por que o limite existe para qualquer , inclusive
. O mesmo não é verdade para a superfície do Exemplo 1.5. Não importa o valor
que atribuímos a , a superfície sempre terá um “pulo” lá.
21
Unidade I Funções de várias variáveis
TEOREMA 1.1
Exemplo 1.8
Então,
Logo,
22
Funções de várias variáveis unidade I
Aprendemos que:
Referências da unidade I
LARSON, Ron; ALLTASKS (Trad.). Cálculo aplicado. São Paulo, SP: Cengage Learning,
2011. 633 p. ISBN 978-85-221-0734-6.
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. vol. 1. 3. ed. São Paulo, SP:
Harbra & Row, 1990. 1-908.
______. O cálculo com geometria analítica. vol. 2. 3. ed. São Paulo, SP: Harbra &
Row, 1990. 909-1174.
LIMA, Elon Lages (2013). Análise Real - Funções de uma variável. Col: Coleção Mate-
mática Universitária. 12. ed. [S.l.]: IMPA. 198 páginas. ISBN 978-85-244-0048-3.
STEWART, James; MORETTI, Antonio Carlos; MARTINS, Antonio Carlos Gilli (Trad.).
Cálculo. vol 2, São Paulo, SP: Cengage Learning, 2011. Cap. 14. 536 - 1077 p. ISBN
978-85-221-0660-8.
23
Derivadas parciais unidade II
Unidade II
2
Derivadas parciais
Lembre-se de que para uma dada função de uma variável , sua derivada,
ou representa a taxa com que a função muda à medida que varia. Pode-
mos estimar a taxa de variação em um ponto , aplicando o conceito de dife-
renciabilidade da função, ou seja,
25
unidade II Derivadas parciais
Dica de Leitura:
Este é um conceito muito importante e não iremos perdê-lo para o caso de fun-
ção de mais de uma variável. A diferença é que há mais de uma variável. Em outras
palavras, temos que pensar se só uma ou outra variável está mudando enquanto a
outra permanece fixa ou se ambas estão mudando. E, como vimos para o caso do
limite, há infinitas formas dessa variação ocorrer, dependo do caminho que você
tomar para calculá-la. Por exemplo, uma variável pode mudar mais rápido que outra
(ou outras) na função.
26
Derivadas parciais unidade II
Precisamos então desenvolver formas de lidar com todos esses casos, e esti-
mar qual a variação de uma função com relação as suas variáveis. Vamos nos fixar
em um caso especial com duas variáveis, ou seja, uma , onde uma variável
é mantida fixa, enquanto deixamos a outra variar, com uma função relativamente
simples.
27
unidade II Derivadas parciais
E,
É fácil perceber que tomar a derivada parcial de uma função com mais de uma
variável é o mesmo procedimento que utilizávamos para a derivada de uma função
de uma variável. Só o que temos que fazer é considerar as demais variáveis como
constantes. Ou seja, se formos calcular , será considerada constante; e se
formos calcular a , será considerada constante.
28
Derivadas parciais unidade II
Exemplo 2.1
Da mesma forma,
Logo,
29
unidade II Derivadas parciais
Exemplo 2.2
Logo,
das parciais.
Veja que como a função depende de três variáveis, temos três deriva
30
Derivadas parciais unidade II
Que em
31
unidade II Derivadas parciais
Após uma rápida olhada no material auxiliar, você será capaz de perceber que
a equação do plano tangente à superfície no ponto B, será dada por:
32
Derivadas parciais unidade II
Exemplo 2.3
, no ponto . Note
Encontre o plano tangente à
2.4, (lembre-se
que a equação descreve uma esfera, como mostra a Figura
podemos usar
das quádricas!) e o ponto A está no hemisfério superior, então
or, se torna:
Assim, a equação do plano tangente à esfera, no hemisfério superi
Adotando , encontramos:
negativo em
*Se o ponto estivesse no hemisfério inferior utilizaríamos o sinal
frente ao radical.
À primeira vista, parece que para encontrarmos o plano tangente a uma su-
perfície basta encontrar as duas derivadas parciais, e . E, isso é verdade se o
plano tangente existe. Mas, infelizmente, nem sempre que e existem, o plano
tangente existirá.
33
unidade II Derivadas parciais
O que precisamos mesmo para definir um plano tangente (da mesma forma
que uma reta tangente) em um ponto é a possibilidade de conseguir uma boa apro-
ximação dele próximo daquele ponto.
Definição 2.1
onde e são números muito pequenos e próximos de zero, que ficam ainda
menores quando se aproxima de .
A Definição 2.1 pode levar um tempo para ser absorvida, então vamos discutir
um pouco sobre ela. Vamos começar reescrevendo a equação usando a asserção
inicial que diz que , então:
34
Derivadas parciais unidade II
Por isso, não existe o plano tangente em para a função do exemplo 1.5,
mesmo que forcemos um valor para , a transição dos planos tangentes aos
pontos próximos a , que no caso possuem grandes derivadas, para um ponto
com derivada nula, não se dá continuamente.
35
unidade II Derivadas parciais
Em outras palavras, o Teorema 2.1 nos diz que os limites que definem a conti-
nuidade da função em e suas derivadas parciais devem existir para garantir que
a função seja diferenciável lá.
A qual nos diz explicitamente como depende de (a qual pode ser o tempo,
por exemplo).
Se você quiser calcular de forma mais direta, pode ser mais simples usar a
regra da cadeia, pois:
36
Derivadas parciais unidade II
Teorema 2.2
O Teorema 2.2 é uma extensão da regra da cadeia para funções com duas
variáveis, e sua extensão a funções com mais de duas variáveis torna-se intuitiva,
bem como sua relação com a derivada total que vimos há pouco. Se e
é também uma função de e , então:
Exemplo 2.4
com , para a
Considere a função
, ou seja,
qual deseja-se determinar a taxa de variação com relação ao tempo
. Pela regra da cadeia:
37
unidade II Derivadas parciais
Recorde-se que podemos utilizar a regra da cadeia para definir a derivada im-
plícita, e aqui podemos fazer o mesmo. Isso será muito útil logo mais quando abor-
darmos equações diferenciais.
Note que a variação de uma variável com relação à outra depende da razão das
derivadas parciais da função implícita, a qual define a relação entre elas. O que de
certa forma parece intuitivo.
Exemplo 2.5
da cadeia
38
Derivadas parciais unidade II
E de forma similar,
Mas, não respondemos ainda uma questão importante sobre uma superfície:
Começando em um ponto da superfície, dada por uma f(x,y), e a percorrendo em
uma direção particular, quão íngreme é a superfície? Agora, temos as ferramentas
para fazê-lo.
39
unidade II Derivadas parciais
Acontece que podemos fazer isso definindo um único vetor que varia ao lon-
go do caminho que estamos percorrendo a partir de . Suponha um
vetor unitário . A forma vetorial do caminho tomado será descrita por
sendo a distância entre os pares e
ao longo do caminho tomado. Isso significa que a linha tem um eixo efetivo com
40
Derivadas parciais unidade II
derivadas parciais com relação a cada um dos eixos coordenados. Por exemplo, para três
Agora, sabemos que dado um caminho e sua direção, podemos calcular a incli-
nação do plano tangente em qualquer ponto da superfície (se ele existe). A inclinação
de uma superfície na direção de um dado vetor unitário u é chamada
de derivada direcional, e comumente simbolizada por .
Exemplo 2.6
do vetor .
41
unidade II Derivadas parciais
E a inclinação será
Portanto,
Exemplo 2.7
do vetor .
42
Derivadas parciais unidade II
Conheça mais:
Com
43
unidade II Derivadas parciais
Muitas leis naturais são melhor expressas como relação entre derivadas par-
ciais de uma ou mais quantidades. Por exemplo, a equação de Schrödinger descreve
todas as leis da química e o comportamento de partículas atômicas
Onde
44
Derivadas parciais unidade II
Exemplo 2.8
e raio ,
A Figura 2.7 mostra uma barra cilíndrica de comprimento inicial
duas variáveis
sujeito a algumas forças. O volume do cilindro é uma função das
independentes l e r
Note que as forças e farão com que a barra deforme. Podemos calcular
s elásticas da
a deformação linear em cada direção a partir das propriedade
barra?
barra, mas como estão relacionadas à mudança de volume da
o como a varia-
Primeiro, podemos definir a deformação em uma dada direçã
, teremos:
ção de comprimento dividida pelo comprimento original. Assim
Deformação longitudinal:
Deformação radial:
simplesmente a
Então, a mudança de volume, ou deformação volumétrica, é
raios perpen-
soma das deformações nas três direções perpendiculares (dois
diculares mais comprimento).
45
unidade II Derivadas parciais
Aprendemos que:
Referências da unidade II
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. vol. II. 3. ed. São Paulo, SP:
Harbra&Row, 1990.
STEWART, James; MORETTI, Antonio Carlos; MARTINS, Antonio Carlos Gilli (Trad.).
Cálculo. vol II. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2011.
WREDE, Robert; SPIEGEL, Murray. Cálculo Avançado. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2004.
46
Equações diferenciais unidade III
Unidade III
3
Equações diferenciais
47
unidade III Equações diferenciais
Exemplo 3.1
erem que a tem-
Evidências observacionais sug
(ou outro líquido) em
peratura de uma xícara de café
stante diminui ao lon-
uma sala com temperatura con
porcional à diferença
go do tempo com uma taxa pro
e a sala. Em símbolos,
de temperatura entre o líquido
ra da sala, e f(t) é a
se t é o tempo, T é a temperatu
a função do tempo, então
temperatura do líquido como um
r do café (ou,
caracteriza a transferência de calo
onde k > 0 é uma constante que
em si, não da
ger al, do líqu ido ) par a a sala , e depende apenas do líquido
em
n, e é descrita
a Lei de Resfriamento de Newto
temperatura ou da sala. Essa é
inária.
por uma equação diferencial ord
Dica de Leitura:
48
Equações diferenciais unidade III
DEFINIÇÃO 3.1
Veja que F é uma função de três variáveis: t, f(t) e f’ (t). E, é entendido que
aparece explicitamente na equação, mas t e y não precisam aparecer. A Equação de
Resfriamento de Newton é um exemplo de equação diferencial de 1ª ordem, pois
Pois
DEFINIÇÃO 3.2
A solução para o PVI é uma função F(t) que também satisfaz a condição
inicial f(t0) = y0.
Parece simples neste caso, mas as equações de 1ª ordem são muito gerais e é
complicado descrever um único método para solucionar todas elas, ou que mesmo
49
unidade III Equações diferenciais
funcione para grande parte delas. Imagine que , onde é uma função que
depende de duas variáveis t e y. Em geral, podemos pensar em uma função que sirva
de solução para um PVI, no entanto, nem sempre isso é trivial e pode ser impossível
analiticamente.
Exemplo 3.2
sidere o seguinte
Voltando ao Exemplo 3.1, con
temperatura da xícara
problema do valor inicial para a
de café em uma sala
,
Note que se tomarmos
s não
ciona a equação diferencial ma
uma função constante, ela solu
os reescrever a
s y(0)≠40. Como y(t)≠25, podem
soluciona a condição inicial, poi
equação como
então
suas cons-
devem ser iguais, exceto pelas
Ou seja, as duas antiderivadas
, obtemos
tantes. Calculando as antiderivadas
50
Equações diferenciais unidade III
DEFINIÇÃO 3.3
Para soluções não constantes, note que a função 1/g(y) é contínua para g≠0,
então 1/g(t) tem antiderivada G(y). Seja F(t) a antiderivada de f(t), podemos escrever
Ou seja,
51
unidade III Equações diferenciais
Exemplo 3.3
um caso
Veja que a solução permite A = 0, que é a solução constante. Em
particular seria
particular, para o PVI em t = 0, y(0) = y0, temos que a solução
y = y0 ekt.
reproduz
*Isto quer dizer, que cada organismo de uma população se
duas, e assim
com taxa constante. Por exemplo, cada bactéria se divide em
ção é válida por
por diante. Apesar de ser simples para modelar uma popula
da população, e
um intervalo curto. Se k<0 a equação descreve o decréscimo
cada porção do
pode ser usada para modelar o decaimento radiativo, em que
material decai à taxa constante, por exemplo.
52
Equações diferenciais unidade III
DEFINIÇÃO 3.4
Exemplo 3.4
Portanto,
53
unidade III Equações diferenciais
Como você deve ter imaginado, algumas EDO são lineares, mas não homogê-
neas. Elas possuem a forma . Podemos utilizar o que sabemos de
EDO homogêneas lineares para solucionar esse tipo de equação.
54
Equações diferenciais unidade III
Nada melhor do que um exemplo para clarificar as coisas. Veja o Exemplo 3.5.
Exemplo 3.5
Portanto,
E a solução é
É fácil notar que o lado esquerdo da equação torna-se semelhante a uma deri-
vada obtida pela regra do produto
55
unidade III Equações diferenciais
Se você olhar com atenção, verá que esta é a mesma solução obtida pelo mé-
todo da variação de parâmetros, uma vez que .
Vamos resolver novamente o Exemplo 3.5, mas agora utilizando esse método.
Exemplo 3.6
, ,
Considere novamente o problema do valor inicial
assumindo t >0.
56
Equações diferenciais unidade III
Dicas:
Algumas pessoas acham mais fácil lembrar como utilizar o método do fa-
tor integrador do que o da variação de parâmetros. Sendo que ambos re-
querem a mesma quantidade de cálculo para resolver uma EDO, e ambos
chegam ao mesmo resultado, qual método aplicar é uma questão de esco-
lha pessoal. Portanto, escolha sempre o que lhe faz se sentir mais confor-
tável. Existem outros métodos e livros inteiros dedicados a cada um deles,
então sempre vale pesquisar mais sobre o assunto.
57
unidade III Equações diferenciais
3.2.3 Aproximação
Vimos como resolver uma coleção bem restrita de EDOs. Para ser mais pre-
ciso, vimos como tentar resolvê-las, pois pode acontecer de sermos incapazes de
encontrar a antiderivada (ou primitiva) necessária para tal. Então, não seria surpresa
se equações não-lineares fossem ainda mais difíceis. Mesmo assim, sabemos como
resolver algumas equações mais gerais.
Suponha uma função de duas variáveis . Uma forma mais geral de equa-
ções diferenciais de 1ª ordem tem a forma . Note que isso não implica em
uma equação linear, uma vez que relação entre e y pode ser mais complicada.
Contudo, a relação com é simples.
58
Equações diferenciais unidade III
guir usando essas aproximações até o para um tempo tn que desejamos. Para
cada passo, i + 1, realizamos essencialmente o mesmo cálculo
Exemplo 3.7
Onde , obtemos
Então, y(1) ≈ 0.3856. O que não é correto nem na primeira casa decimal.
O Gráfico 3.1 mostra tais pontos conectados por linhas (curva inferior com
pontos) e a solução obtida por outro método mais preciso. Note que a forma das cur-
vas é aproximadamente a mesma apesar dos pontos estarem um pouco afastados.
59
unidade III Equações diferenciais
0 0 0 0 0.2 0
0.2 0 0.2 0.04 0.4 0.04
0.4 0.04 0.3984 0.07968 0.6 0.11968
0.6 0.11968 0.585676... 0.117135... 0.8 0.236815...
0.8 0.236815... 0.743918... 0.148783... 1.0 0.385599...
60
Equações diferenciais unidade III
O Método de Euler está relacionado à outra técnica que pode ajudar melhor
a entender uma equação diferencial de forma qualitativa. É baseada na habilidade
de se calcular a inclinação da função solução em cada ponto do plano ty, ou seja, de
calcular o valor de . Se calcularmos o valor de para vários pontos, diga-
mos usando uma grade de valores para t e y, e desenharmos uma pequena linha, ou
seta, em cada ponto, podemos ter um ideia de como a curva solução deve parecer.
Tal gráfico é chamado de campo de direções, que é o tipo de gráfico que ilustra esta
unidade.
Com um pouco de prática você será capaz de rabiscar a curva solução para a
EDO, e em essência estará aplicando o método de Euler visualmente.
61
unidade III Equações diferenciais
Dicas:
Até mesmo quando uma equação diferencial pode ser resolvida de maneira
explícita, o campo de direções pode ajudar a entender como as soluções se parecem
para diversos valores iniciais.
62
Equações diferenciais unidade III
Conheça mais:
Exemplo 3.8
63
unidade III Equações diferenciais
A esta altura você deve estar pensando se existem outras soluções. A respos-
ta é “não”. Não vamos provar isso aqui, mas veremos um teorema que precisamos
conhecer.
TEOREMA 3.1
b) , se r = s é real.
Exemplo 3.9
64
Equações diferenciais unidade III
Logo, .
Reescrevendo
Isto quer dizer que a função cosseno é deslocada para a direita por um
ângulo β, ângulo de fase e tem a função de diminuir a amplitude à
medida que o tempo avança.
Exemplo 3.10
65
unidade III Equações diferenciais
Para tanto, é necessário que saibamos um método para encontrar a solução y2.
Isto acaba sendo um pouco mais difícil que o caso de 1ª ordem, mas, se a função f(t)
tem certas características, podemos utilizar o método dos coeficientes a determinar,
também conhecido como método dos coeficientes indeterminados.
A ideia do método é obter uma solução particular yp (t) que possa ser escrita
como uma combinação linear de um conjunto linearmente independente de fun-
ções. O problema fica bem mais simples quando esta função f(t) tem alguma das
formas abaixo:
66
Equações diferenciais unidade III
Exemplo 3.11
Portanto,
67
unidade III Equações diferenciais
Então, o “chute consciente” é sempre uma função com a mesma forma de f(t),
mas com coeficientes indeterminados. Isso funciona sempre que f(t) é um polinômio.
E, funciona quase sempre que f(t) tem uma forma conhecida.
Exemplo 3.12
Quando C = 1/40 isto é igual a f(t) = e3t, logo a solução geral será
Exemplo 3.13
68
Equações diferenciais unidade III
Figura 3.1- Viga sustentada por colunas oscilando sob ação de uma força externa .
69
unidade III Equações diferenciais
Que é uma equação diferencial não homogênea linear, a qual aprendeu a so-
lucionar há pouco.
Circuitos elétricos são sistemas dinâmicos que apresentam grandezas que va-
riam com o tempo, como corrente e/ou tensão. Então, nada mais natural que os
mesmos sejam modelados por EDOs.
3.4.2.1 Circuitos RC
Em série: a Lei de Kirchhoff para voltagem nos diz que a soma das tensões nos
componentes do circuito é nula, então
ou
70
Equações diferenciais unidade III
Em paralelo: a Lei de Kirchhoff para corrente nos diz que a soma das correntes
que entram e saem dos nós é nula, então
ou
Sendo .
71
unidade III Equações diferenciais
Aprendemos que:
NAGLE, R. Kent. Equações Diferenciais. São Paulo, SP: Pearson - Longman, 2013.
579 p.
STEWART, James; MORETTI, Antonio Carlos; MARTINS, Antonio Carlos Gilli (Trad.).
Cálculo. vol 2, São Paulo, SP: Cengage Learning, 2011. Cap. 9. 536 - 1077 p.
Xie, Wei-Chau. Differential Equations for Engineers. New York: Cambrigde University
Press. 2010. 568 p.
72
Integrais múltiplas unidade IV
4 Unidade IV
Integrais múltiplas
Recorde-se que a integral de uma função de uma variável determina a área sob
a curva descrita pela função. Melhor dizendo, a área da região entre a curva e o eixo
x, em certo intervalo de valores. A motivação para as integrais duplas é encontrar o
volume entre a superfície descrita pela função z = f (x, y) e o plano xy, delimitado por
73
unidade IV Integrais múltiplas
uma região D. Tal região você pode entender como sendo um subconjunto do plano
xy, ou seja, uma área fechada do plano xy sobre a qual a função z = f (x, y) se projeta.
Veja a Figura 4.1.
Figura 4.1 - Função f (x, y) = 0.2 (x2 + y2 -1) projetada sobre uma região D do plano xy e como o
cálculo do volume sob a curva é feito pela soma de Riemann.
Suponha que a região D é um retângulo [a, b] x [c, d]. Podemos dividir o retân-
gulo em uma grade com m divisões em uma direção (digamos x) e n na outra (diga-
mos y), como mostra a Figura 4.2.
74
Integrais múltiplas unidade IV
75
unidade IV Integrais múltiplas
Você deve estar se perguntando: “Mas, como iremos calcular esta integral du-
pla?”, e imaginando que precisará de uma versão bidimensional do Teorema Funda-
mental do Cálculo, mas, na verdade, basta aplicar o que aprendemos para as funções
de uma variável duas vezes.
Sabemos que:
76
Integrais múltiplas unidade IV
Para deixar mais claro o que faremos, imagine que primeiramente calculare-
mos a integral interna, temporariamente tratando y como uma constante. Iremos
encontrar a antiderivada com respeito à x, então substituiremos x = a e x = b, ava-
liando a antiderivada nos pontos e então subtraímos como de costume. O resultado
não terá mais x como variável e será uma função somente de y. Finalmente, a integral
externa se reduz a um problema de uma única variável, y.
Exemplo 4.1
A Figura 4.3 mostra a função sin (xy) + 6/5 sobre [0.5, 3.5] x [0.5, 2.5]. O
volume sob a superfície é
Infelizmente, esta função G (y) não possui uma antiderivada simples. Para
resolver o problema podemos utilizar um método numérico para encontrar
a integral. Fazendo isso, teremos que o volume é aproximadamente 8.84. E a
altura média da superfície será 8.84/6 ≈ 1.47.
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unidade IV Integrais múltiplas
Figura 4.3 - Aproximação da função sin (xy)+6/5 por prismas retangulares (m = n = 10).
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Integrais múltiplas unidade IV
TEOREMA 4.1
O que o Teorema de Fubini nos diz é que não existe ordem preferencial para
resolver uma integral dupla (ou tripla, ou múltipla de forma geral). Normalmente, es-
colhemos a ordem que torna mais prática a sua resolução, mas não existe uma regra
para isso e somente a experiência lhe dirá qual variável integrar primeiro.
Exemplo 4.2
Vamos calcular
Integrando primeiro em y,
E, integrando primeiro em x,
Em alguns casos, uma direção pode ser mais fácil de resolver do que a outra,
então será interessante considerar ambas as possibilidades.
79
unidade IV Integrais múltiplas
A princípio não há nada de difícil sobre esse problema. Se você imaginar no-
vamente a fatia de pão, só que agora, ao invés de fatiarmos em retângulos, iremos
cortar fatias perpendiculares a x, mas cuja altura em y segue uma forma parabólica
(Figura 4.4), as quais irão somar para o volume total.
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Integrais múltiplas unidade IV
Note que tivemos que trocar os limites de integração, uma vez que alteramos
a ordem da mesma. Pois se, 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ x2, teremos, para conservar os valores
numéricos, que 0 ≤ y ≤ 1 e √y ≤ x ≤ 1.
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unidade IV Integrais múltiplas
Exemplo 4.3
Então,
82
Integrais múltiplas unidade IV
coordenadas cilíndricas.
Mas, como podemos aproximar o volume sob uma superfície e sobre uma
região de forma a utilizar coordenadas cilíndricas diretamente? A ideia básica é a
mesma usada anteriormente: dividir a região em pequenos pedaços, multiplicar a
área de cada pequena região pela altura da superfície que se encontra sobre ela e
somá-las. O que muda é a forma das “pequenas regiões”. Para fazer uma boa repre-
sentação em r e θ, utilizamos pequenas áreas em forma de anel, como representado
na Figura 4.5.
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unidade IV Integrais múltiplas
Exemplo 4.4
Exemplo 4.5
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Integrais múltiplas unidade IV
As integrais duplas também são úteis para se calcular a área de uma região.
Considere uma superfície z = 1, um plano horizontal. O volume sob esta superfície e
acima do plano xy é simplesmente 1 multiplicado pela área da região limitante. En-
tão, na verdade, calculando-se o volume sob esta superfície estaremos calculando a
área da região limitante.
Exemplo 4.6
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unidade IV Integrais múltiplas
Não só a área de uma região pode ser calculada pela integral dupla.
Assim, o momento dessa lâmina com relação a cada um dos eixos será:
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Integrais múltiplas unidade IV
Exemplo 4.7
Essa integral pode ser resolvida, mas é bastante trabalhosa. Como todo o
problema está relacionado com um círculo, vamos voltar atrás e experimentar
com coordenadas polares, onde e os limites de integração se res-
tringirão a , portanto:
Finalmente, .
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unidade IV Integrais múltiplas
Podemos utilizar a integral dupla também para calcular a área de uma superfí-
cie acima ou abaixo de uma região no plano xy. Podemos começar dividindo a região
em uma grade de pequenos retângulos como fizemos até agora. Queremos apro-
ximar a área da superfície sobre um desses pequenos retângulos. A área é muito
próxima da área do plano tangente sobre o pequeno retângulo. Se o plano tangente
for horizontal, por exemplo, esta área é simplesmente a área do retângulo. Para um
plano tangente típico, esta área será um paralelogramo, como indicado na Figura 4.6.
Note que a área do paralelogramo torna-se maior conforme o plano tangente fica
“mais inclinado” (veja figura_4.6.ggb da Midiateca).
Recorde-se que a área deste paralelogramo pode ser calculada pela norma
do vetor normal no ponto (veja a Unidade II), , aqui multiplicado por
∆x∆y para diminuir de tamanho. Assim, seu comprimento se torna .
Logo, a área da superfície sobre uma região será dada por:
Onde, como anteriormente, esses limites de integração não precisam ser cons-
tantes.
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Integrais múltiplas unidade IV
Exemplo 4.8
89
unidade IV Integrais múltiplas
Assim como fizemos para duas dimensões, podemos usar a integral tripla para
calcular a massa, o centro de massa, e várias outras quantidades que dependem da
média.
Exemplo 4.9
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Integrais múltiplas unidade IV
Assim:
Exemplo 4.10
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unidade IV Integrais múltiplas
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Integrais múltiplas unidade IV
Exemplo 4.11
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unidade IV Integrais múltiplas
Exemplo 4.12
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Integrais múltiplas unidade IV
Exemplo 4.13
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unidade IV Integrais múltiplas
Isto nós já sabemos e temos usado com frequência para resolver integrais
simples.
No caso de uma integral simples, há tipicamente uma única razão para mudar
as coordenadas: fazer com que a integral torne-se mais fácil e, encontrar a antide-
rivada mais trivial. No caso da integral dupla há uma razão adicional: a região bidi-
mensional sobre a qual se está integrando pode também parecer bastante compli-
cada, e queremos escrever tal região em termos de u e v para que a mesma também
aparentemente seja mais simples de integrar, como um retângulo, por exemplo. É
ideal que após a troca de variáveis a nova função e a nova região de integração sejam
mais simples de resolver.
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Integrais múltiplas unidade IV
Considere:
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unidade IV Integrais múltiplas
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Integrais múltiplas unidade IV
Exemplo 4.14
E a integral se torna:
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unidade IV Integrais múltiplas
Aprendemos que:
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Integrais múltiplas unidade IV
Referências da unidade IV
LARSON, Ron; ALLTASKS (Trad.). Cálculo aplicado. São Paulo, SP: Cengage Learning,
2011. 633 p.
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. vol.1. 3. ed. São Paulo, SP:
Harbra&Row, 1990. 1-908.
______. O cálculo com geometria analítica. vol. 2. 3. ed. São Paulo, SP: Harbra&Row,
1990. 909-1174.
STEWART, James; MORETTI, Antonio Carlos; MARTINS, Antonio Carlos Gilli (Trad.).
Cálculo. vol 2. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2011.
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